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Fabiana Rezende Poliana Alessandra Lorena Yoshiko O papel do estado na afirmação da segregação O papel do estado no urbano

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Fabiana Rezende

Poliana Alessandra

Lorena Yoshiko

O papel do estado na

afirmação da segregação

O papel do estado no

urbano

A segregação no espaço urbano pode

ser encontrada em várias esferas, iremos

analisar as seguintes

A segregação espacial, que passa pelo

direito a moradia e valor do solo.

A segregação de renda, fruto das

oportunidades de empregos geradas para

cada faixa de renda.

A segregação intelectual, originada pelo

acesso fácil a educação de qualidade e o

seu aprimoramento.

A discussão a respeito da segregação espacial

deve ter como norte o direito a moradia assegurado

pela constituição.

“Art.6ºSão direitos sociais a educação, a saúde, o

trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a

previdência social, a proteção à maternidade e à

infância, a assistência aos desamparados, na forma

desta Constituição.”

Historicamente a segregação espacial no

espaço urbano se deu após a abolição da escravatura

em 1888, a partir desse momento ocorreu uma forte

migração dos ex escravos do campo para o espaço

urbano. A ocupação dessa nova população se deu

nas áreas periféricas já que a área central já estava

valorizada e o solo com um alto valor forçando essa

forma de ocupação. Essa ocupação faz parte das

bases espaciais formadoras dos investimentos no

espaço presentes no texto (MARQUES, Eduardo C.,

BICHIR, Renata M., Estado e espaço urbano –

Revisitando criticamente as explicações correntes

sobre as políticas estatais urbanas, páginas 12 e 13.)

Com o decorrer dos anos as diferenças foram

se aprofundando criando assim dois conceitos de

cidade legal e ilegal, a cidade ilegal é fruto da

ocupação desordenada gerando assim as favelas,

elas que tem como característica esse tipo de

ocupação sem regularização “O planejar cidade no

Brasil tornou-se um exercício técnico da cidade legal

para a cidade legal, negando-se a cidade ilegal,

aquela que não possui regularização da propriedade,

controle, uso e ocupação do solo ou, ainda,

exemplificando, a ocupação ilegal e favela”(JUNIOR,

Enio M., A Afirmação Dissimulada: o papel do Estado

no desenvolvimento urbano brasileiro, pag 34.)

A questão da habitação esta consolidada em

três pontos para análise.

Porque?

Para quem?

Onde?

O primeiro ponto, tem como resposta a

transformação do solo em mercadoria, porém ela é

uma mercadoria indispensável agregando valor ao

solo, outro valor que também agrega valor é o direito

a propriedade privada.

O capitalista é a resposta para o segundo ponto,

já que a moradia a essencial para a reprodução da

classe trabalhadora que é a base para o sistema, já

que é a classe que sustenta o sistema produtivo e tem

poder de compra.

O terceiro ponto é respondido com o fato da

moradia ser constituída com articulação como sistema

espacial.

As áreas periféricas vem com problemas de infra

estrutura urbana como falta de saneamento básico,

transporte público, asfaltamento, água tratada e luz, o

que faz cair a valor do solo e possibilitando um mais fácil

acesso dessa população com menor renda. Porém é

preciso ressaltar a necessidade da intervenção do

Estado para suprir essas necessidades, “Assim, os

municípios apresentam seus potenciais ao mercado:

qualidade de vida, infra-estrutura e proximidade e

consumidores, a fim de manter seus negócios e trair

novos investimentos, com co-participação da

comunidade. Nessa direção, as parcerias entre o poder

público e o privado são condições essenciais pra o

empresariamento urbano.” (JUNIOR, Enio M., A

Afirmação Dissimulada: o papel do Estado no

desenvolvimento urbano brasileiro, pag 40.)

O trecho acima demonstra que as necessidades

só foram supridas a partir do momento que essas áreas

periféricas passam a ser foco de interesse do capital, e

não foram supridas pelo Estado para beneficiar a

população local. Esse interesse do capital privado gera

um enobrecimento das áreas periféricas, esse processo

leva a uma descaracterização da área e a um

desalojamento quando não físico cultural da população

local.

Colocando em pauta a segregação intelectual,

temos quatro níveis de ensino para analise:

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Técnico

Ensino Superior

O ensino fundamental e médio tem

basicamente o mesmo viés de análise, já que

possuem o mesmo nível educacional as diferenças

estão na comparação do ensino público e privado.

Hoje no Brasil o ensino fundamental tem um

acesso mais amplo apesar das dificuldades ainda

encontradas como a mobilidade em algumas

regiões, e abandono do ensino antes da sua

conclusão para se inserir no mercado de trabalho

sendo ele muitas vezes o informal. Porém quando

o questionamento passa a ser a qualidade do

ensino as escolas públicas são duramente

questionáveis, comprovadamente tendo um nível

inferior as privadas.

Na questão do Ensino Médio comparação

entre os ensinos segue o mesmo padrão porém os

incentivos para continuidade acadêmicos são

distintos. Enquanto nas escolas particulares o foco

são as universidades nas públicas visa-se primeiro

o conhecimento técnico.

Já na dimensão do ensino superior,nos

deparamos com diversos incentivos do Estado,tais

como o ProUni e o Fies que são projetos de

financiamento do Estado nas universidades privadas.

Além das cotas para ingresso em universidades

públicas que foi instituído obrigatoriamente em 2012.

Esses projetos visam diminuir a distancia que são fruto

do ensino fundamental e médio. “Entendermos que a

política educacional é parte da redefinição do papel do

Estado, quer dizer, não a entendemos com uma

relação de determinação, mas como

partes de um mesmo movimento deste período

particular do capitalismo.” ( PERONI, Vera Maria V.,

Políticas Públicas e Gestão de Educação em Tempo de

Redefinição do Papel do Estado, pag. 02)

A partir da década de 1980 quando houve

uma intensa migração rural-urbana para os grandes

centros que se juntaram com a já segregação

histórica dos negros, uma parte dessa população foi

obrigada a procurar empregos de baixa qualificação

e baixa renda, de acordo com o nível de

escolaridade baixa do meio rural.

Essa baixa renda inibi ou dificulta o poder de

compra, de obtenção de moradia digna, saúde,

transportes e outros serviços que são oferecidos

pelas vias publicas mas em muitos dos casos não

atende a população com deveria logo a população

se vê obrigada a pagar por esses serviços.

A cidade tida com mercadoria segrega

essas pessoas por conta do alto valor de uso, e o

baixo poder de compra limita as mesmas às

áreas mais periféricas com baixo investimento

governamental.

A questão da habitação é uma das formas

mais perceptíveis dessa segregação,

aglomerando em áreas afastadas e de pouco

valor, enquanto nos lugares mais privilegiados há

loteamentos fechados e condomínios de luxo.

“ O que diferencia o cidadão incluído, pode se

dizer privilegiado, de outro excluído e desprivilegiado é

o acesso a renda e a serviços básicos de manutenção

de vida urbana.”(MATIAS.Valdeir.R.S;Exclusão Social e

Pobreza no Espaço Urbano - O papel do Estado na

Sociedade Capitalista Brasileira: Contribuições para

um debate pag. 178)

O acesso e as condições de inserção no mercado

de trabalho se abate sobre os moradores dessas áreas

pois as informações e o acesso às oportunidades de

trabalho dependem, na maioria dos casos, de contactos

e indicações.

O Estado brasileiro tenta amenizar a questão do

emprego de baixa qualificação criando novos programas

de ensino técnico e de apoio a entrada nas

universidades, no entanto essa educação ainda é

restrita e não atinge a todos causando um segregação

ainda maior sobre essa população.

Há uma supervalorização de alguns empregos e

superdesvalorização de outros causando um grande

indice de empregos informais e uma separação muito

grande na distribuição de renda no país

“ a uniformização de uma massa crescente

da população quanto à posição que

ocupam na produção (assalariados) e

quanto à sua estratificação econômica

segundo o sistema dominante, conduz à

segregação social, não em termos de

classe mas de status, e por fim a

constituição de uma tecnocracia que

vela pela conservação dos interesses do

sistema em longo prazo.”

(MATIAS.Valdeir.R.S;Exclusão Social e Pobreza no

Espaço Urbano-O papel do Estado na Sociedade

Capitalista Brasileira: Contribuições para um

debate pag. 177

Com a dificuldade de oportunidade no

mercado de trabalho e grande índice de emprego

informal nessas áreas segregadas acabam sendo

dominadas pelo tráfico de drogas e do crime

organizado que recrutam jovens pobres para o

consumo de drogas aumentando a insegurança

nessas áreas.

O papel do Estado está na tentativa de

diminuição dessa segregação com investimentos

nos serviços públicos como transporte, saúde,

educação, moradia e outros, sendo acessíveis e de

qualidade a todos para que haja menor disparidade

entre a população e maior igualdade de

oportunidades

Com isso podemos dizer que viver no urbano

não caracteriza ter o Urbano.

Referencias bibliográficas:

-JUNIOR. Enio.M; A Afirmação Dissimulada: o

papel do Estado no desenvolvimento urbano

brasileiro

-MARQUES.Eduardo.C; BICHIR.Renata.M; Estado

e espaço urbano –Revisando criticamente as

explicações correntes sobre as políticas estatais

urbanas

-MATIAS.Valdeir.R.S;Exclusão Social e Pobreza

no Espaço Urbano-O papel do Estado na

Sociedade Capitalista Brasileira: Contribuições

para um debate

-PERONI.Vera Maria.V;PoliticasPublicas e Gestão

da Educação em Tempos de Redefinição do Papel

do Estado.