o pâo nosso de cada dia e não se preocupe

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O Pão Nosso de Cada Dia – Não se Preocupe Título original: Our Daily Bread - Don't Worry! Por J. R. Miller (1840-192) Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra Out/2016

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Page 1: O pâo nosso de cada dia e não se preocupe

O Pão Nosso de Cada Dia – Não se

Preocupe

Título original: Our Daily Bread - Don't Worry!

Por J. R. Miller (1840-192)

Traduzido, Adaptado e

Editado por Silvio Dutra

Out/2016

Page 2: O pâo nosso de cada dia e não se preocupe

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M647

Miller, J. R. – 1840-1912

O pão nosso de cada dia – não se preocupe / J.R. Miller Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2016. 25p.; 14,8 x 21cm

Título original: Our Daily Bread - Don't Worry!

1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230

Page 3: O pâo nosso de cada dia e não se preocupe

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Sumário

O Pão Nosso de Cada Dia......................................

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Não se Preocupe......................................................

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Page 4: O pâo nosso de cada dia e não se preocupe

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"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." (Mateus 6:11)

Estamos a meio caminho através da Oração do Senhor, e chegamos agora à primeira petição de

algo para nós mesmos. Nós aprendemos que Deus deve ser sempre colocado em primeiro

lugar; a honra do seu nome, que venha o seu reino, e se faça a sua vontade devem sempre ser

pensados e procurados antes de qualquer coisa de nosso próprio e particular interesse.

No entanto, é um grande conforto saber que podemos trazer nossas necessidades físicas a

Deus em oração. Ao longo das Escrituras, somos ensinados que nada que diz respeito à nossa

vida, de alguma forma é muito pequeno para ser de interesse para o nosso Pai celestial. Enquanto

a oração específica aqui, é para o pão, todas as nossas necessidades físicas estão incluídas. Em

uma passagem excelente no mesmo sermão de Jesus, somos ensinados que nosso Pai celestial

cuida das aves provendo para elas, bem como da roupagem das flores em sua beleza

deslumbrante que dura apenas um dia. Em seguida, somos ensinados, que o mesmo amor

que provê, portanto, para os pássaros e os lírios vai cuidar muito mais de nós! Nada necessário

para a nossa vida é muito pequeno ou muito terreno para ser posto no coração por uma

oração.

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Esta petição para o pão de cada dia, como todos os ditos de Cristo, é cheia de significado

profundo. Cada palavra tem sugestões ricas.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." Pedimos a Deus para nos dar o pão. Reconhecemos assim,

a nossa dependência dele para isso. É difícil oferecer esta petição com significado real, quando temos abundância em nossas mãos,

sem temer qualquer necessidade. Podemos conceber os muito pobres, sem pão, à beira de

morrer de fome, proferindo a oração e colocando todo o seu coração nisto. O

sentimento amargo da necessidade faz o clamor ser real para eles. Mas, para aqueles que nunca

sentiram uma pontada de fome real, não é fácil perceber o sentido de dependência, que a

petição implica. Esta é uma das palavras de Cristo, cujo pleno significado, somente a

experiência pode ensinar.

No entanto, é verdade que qualquer que seja a abundância que possamos ter, na verdade,

dependemos de Deus para o pão de cada dia! A história do milagre do maná, nos quarenta anos

no deserto, não é senão uma parábola de um outro milagre incomensuravelmente maior; o

fornecimento de pão para bilhões de pessoas em toda terra, para todos os dias, de todos os

séculos!

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O que nós chamamos de leis da natureza são apenas maneiras comuns de nosso Pai

trabalhar. A regularidade dessas leis é senão a prova da fidelidade divina. Suponha que, para

um único ano, ou, até mesmo por uma semana o milagre do pão provido por Deus cessasse em

toda a terra; quais seriam as consequências?

A continuidade ininterrupta da misericórdia de Deus em fornecer alimento dificulta a nossa

apreciação da sua grandeza, e sua necessidade para nós.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." Esta oração implica também, que todo o pão do

mundo é de Deus! "A terra é do Senhor, e a sua plenitude." O pão pertence a ele, e o que

precisamos pode se tornar nosso, somente através de seu dom para nós. Podemos ter isto e

usá-lo, sem pedir a ele, mas, se assim o fizermos, vamos pegar aquilo a que não temos direito. Até mesmo o alimento que está na nossa mesa,

pronto para ser comido ainda não é nosso até que o peçamos a Deus, porque, na verdade,

pertence a ele.

No entanto, aqueles que não oram, nem sequer pensam em Deus parecem estar alimentados, tanto quanto o justo, e às vezes, mais

abundantemente. Deus "faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre os justos

e os injustos".

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Mas há uma diferença. Aqueles que pedem a Deus o seu pão, o obtêm como seu dom e com a

sua bênção sobre ele; enquanto que aqueles que o tomam sem pedir e sem agradecer por ele, o

obtêm, e podem ser alimentados, mas perdem a bênção de Deus que enriquece e dá valor a

tudo o que temos. Isto sugere o verdadeiro significado e o acerto do costume cristão de pedir uma bênção, ou "dar graças" antes de uma

refeição.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." A forma da oração ensina a lição da abnegação. Não é "Dê-me", mas "Dê-nos." Nós não podemos chegar

a Deus para nós mesmos. Devemos pedir pão para os outros, para todos, até mesmo para os

nossos inimigos, se temos inimigos. Especialmente devemos pensar nos

necessitados, nos destituídos, pedindo a Deus para dar-lhes pão. Se formos sinceros devemos

estar prontos também, até onde tenhamos oportunidade, e tanto quanto somos capazes,

para ajudar, oferecendo a nossa oração para os outros, compartilhando a nossa abundância

com aqueles que nada têm. "Quem tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão em necessidade, e

fechar o seu coração para ele, como é que o amor de Deus pode permanecer nele?"

Um dos mais belos comentários sobre este ensinamento está na forma como o povo da

Igreja Primitiva vivia tendo tudo em comum.

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Após o dia de Pentecostes, no brilho do recém-nascido amor dos discípulos, aqueles que

tinham abundância, davam para aqueles que eram pobres, de modo que havia igualdade e

ninguém tinha falta. Só assim pode qualquer seguidor de Cristo cumprir o ensinamento do

Mestre. Devemos estar prontos para partilhar nosso pão com nosso irmão que não o tem.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." Há uma limitação nesta petição. Na outra forma desta oração, em Lucas, as palavras variam um pouco,

"Dá-nos dia a dia o nosso pão de cada dia." Em Mateus, é uma oração apenas para um dia sem

pensar no amanhã. Em Lucas, a oração abrange outros dias, mas apenas como eles vêm, um dia

de cada vez. Em ambas as formas, somos ensinados a orar apenas para o pão de um dia.

Há uma lição profunda neste ensinamento. A vida não nos é dada para o ano ou para o mês,

mas para dias individuais. A noite é o horizonte que limita nossa visão; nós não vemos o dia

seguinte, e confinamos o nosso pensamento e preocupação, ao pouco espaço entre o nascer e

o pôr-do-sol. Isto não proíbe o planejamento, pois a Bíblia incentiva o cuidado sábio e bom

para o futuro. Mas todos nós somos ordenados a pedir a Deus para nos dar o que é suficiente para

os dias atuais. Mesmo à noite, quando a última migalha é comida e não há nada na loja para

amanhã, não precisamos ter medo, nem pensar

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que Deus se esqueceu de nós. Quando o amanhã chegar, podemos pedir a Deus o nosso pão de

cada dia e saber que Deus vai nos ouvir e responder a nossa oração do modo certo.

Aqui, novamente, nos é ensinada a lição maravilhosa de viver um dia de cada vez; uma lição que percorre toda a Bíblia. Isto nos

libertaria de uma imensa quantidade de preocupação e ansiedade se pudéssemos

realmente aprender esta lição.

Tentar levar a carga de amanhã, juntamente com os fardos de hoje coloca as pessoas para

baixo! Qualquer um pode fazer tarefas de um dia em um único dia, ou suportar a luta de um dia;

mas isso é o suficiente para qualquer um! Isso é tudo que Deus pretende para qualquer um

carregar: apenas a carga de um dia.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." Há uma

sugestão especial na palavra NOSSO. “Dê-nos o nosso pão.”

Primeiro, ele se torna nosso somente através de um dom de Deus para nós. Mas, há algo mais também implicado; o pão deve ser conquistado

por nós antes que seja adequadamente nosso. É evidente que é ensinado nas Escrituras que

todos devem trabalhar para o seu próprio pão. Esta foi a lei do estado não caído no Jardim do

Éden, e não é menos lei no reino da redenção.

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Claro que isto não se aplica à crianças que são demasiado jovens para o trabalho; ou para os

velhos que são demasiado fracos; ou para os doentes que estão incapacitados para o

trabalho; todos esses estão sob o cuidado especial de Deus e não serão esquecidos. Mas

todos os que são capazes de trabalhar devem fazê-lo, ou o pão que eles comem não é legitimamente seu. "Se alguém não trabalhar",

diz o apóstolo Paulo, "também não coma!"

O pão deve ser obtido também, de forma que tenham a aprovação divina. Se um homem rouba seu pão de cada dia, este não é seu, ele

tem roubado a Deus e a seu semelhante, e há uma maldição sobre o que ele come! O dinheiro

obtido nas transações fraudulentas, ou por quaisquer meios desonestos, não foi justamente

merecido, e a bênção de Deus não pode ser invocada sobre ele por qualquer forma de

oração.

Imagine o preguiçoso, por exemplo, vivendo com os frutos do seu pecado, pedindo a Deus

para dar-lhe, como uma bênção, o pão na sua mesa! Imagine um dono de bar, que ganhou seu

pão com a venda de bebida forte, trazendo ruína sobre vidas e casas, pedindo a Deus para

abençoar o seu pão de cada dia! O pão de Deus pode se tornar nosso com uma bênção, somente

quando é ganho de forma honesta. Enquanto

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trabalhamos para ganhar o pão, devemos nos guardar da corrupção do mundo.

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje." Existe ainda uma outra limitação na petição, na palavra “diariamente”, que significa

“procurado para o dia - a provisão diária”.

Não é, portanto uma oração para uma grande oferta. Nós não somos autorizados a pedir luxos.

Não precisamos inferir que é errado para nós termos mais do que nossa real necessidade que

o dia requer, mas o "pão de cada dia" é tudo o que é prometido.

Paulo diz: "O meu Deus, deve satisfazer todas as vossas necessidades, segundo as suas riquezas

na glória." Isto nos assegura uma disposição muito abundante. Nosso Pai faz tudo

generosamente. Ele nunca é mesquinho em cuidar de seus filhos. Com frequência ele

fornece suas provisões mais abundantemente, dando-lhes muito mais do que precisam. Mas,

nós somos ensinados a pedir apenas o "pão de cada dia", o suficiente; e não podemos

reivindicar a promessa de mais.

(Nota do tradutor: Com esta oração pelo pão diário somos ensinados a não sermos cobiçosos,

vivendo com a ganância e avareza em nosso coração. Portanto, a oração diária é um

lembrete de que devemos estar satisfeitos com

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o que tivermos, seja pouco ou muito, pois a nossa satisfação não deve depender do quanto

possuímos de bens deste mundo, mas da nossa comunhão real com Deus.)

Esta oração parece proibir a extravagância. O pão de Deus nunca deve ser desperdiçado! Há uma história de Carlyle, que um dia foi visto

indo para o meio da rua pegar um pedaço de pão que viu no chão. Pegando-o com sua mão

suavemente, como se fosse algo muito valioso, ele limpou a sujeira e, em seguida, levou-o até o

meio-fio e colocou-o sobre ele, dizendo: "Eu fui ensinado por minha mãe a nunca desperdiçar

nada, muito menos pão, o mais precioso de todos os dons de Deus. Este pedaço de pão pode

alimentar um cão com fome ou um pequeno pardal."

Nosso Senhor ensinou a mesma lição, quando, depois de operar seu grande milagre dos pães, alimentando milhares, ele ordenou que todas as

migalhas fossem ajuntadas, para que nada fosse desperdiçado. O pão que temos como dom de

Deus é sagrado e não deve ser desperdiçado, seja de forma imprudente ou em extravagância

inútil!

Somos ensinados a limitar nossos desejos, e pedir com confiança para todos que possam necessitar a cada dia. Os dias diferem; alguns

trazem suas cargas pesadas, suas grandes

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necessidades, sua tristeza aguda, suas cruzes; outros dias têm menos necessidades. Deus

conhece os nossos dias, e ele é mais capaz do que somos, para medir nossas necessidades

reais para cada dia. Por isso, podemos pedir quotidianamente o pão, com segurança, e deixá-

lo escolher o que deve nos dar. Ele nunca vai dar muito pouco!

É certamente, um grande conforto saber que neste mundo cada cristão é pensado e cuidado por nosso Pai Celestial, que nos ama com um

amor infinito e eterno! Ele não pensa de nós apenas como uma vasta família de indivíduos,

mas como indivíduos. Ele sabe e alimenta todas as aves e nenhuma delas pode cair no chão sem

a permissão da sua vontade.

Mais seguramente e com maior pensamento de

amor, ele conhece seus próprios filhos! Ele conhece os nossos nomes. Cada um de nós é pessoalmente caro para ele. Os cabelos da nossa

cabeça estão todos contados. Nenhum de nós é esquecido por Deus, por um só momento. Não

podemos estar em quaisquer condições ou circunstâncias que não sejam bem conhecidas

por Deus. "O vosso Pai sabe o que você precisa, antes de pedir a ele."

Este ensinamento faz com que a lei da vida seja muito simples. Não estamos vivendo para obter

comida, mas vivemos para Deus. Não temos

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nada a ver diretamente com a provisão de nossas próprias necessidades, porque isto é

assunto de Deus, e não nosso. Há apenas duas coisas com que precisamos nos preocupar; em

primeiro lugar, devemos fazer nosso dever - a vontade de Deus, como é dada a conhecer a nós

dia após dia. Então, devemos confiar em Deus para a provisão do nosso corpo e das nossas necessidades temporais.

Aqueles que aprenderam a viver assim, têm encontrado o caminho da paz. A preocupação é

pecado. Ela desonra a Deus, pois é criada a partir de duvidarmos de sua sabedoria e bondade para

com seus filhos! Causa dor à nossa própria vida, impedindo nosso crescimento espiritual,

estraga a beleza de nosso caráter, e embaça nosso testemunho de Deus aos outros. Se

fielmente fizermos a vontade de Deus, como revelada a nós, e então confiarmos em Deus

perfeitamente, a paz de Deus guardará nossos corações e pensamentos em Cristo Jesus!

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Não se preocupe!

Quando você está inclinado a se preocupar;

não o faça! Essa é a primeira coisa. Não importa

quanta razão pareça haver para se preocupar,

ainda há a regra. Não a quebre, não se preocupe!

O problema pode ser muito confuso, tão

confuso que você não conegue ver como ele

pode ser endireitado; ainda assim, não se

preocupe!

Os problemas podem ser muito reais e muito

dolorosos, e pode não aparecer uma fenda nas

nuvens; no entanto, não se preocupe!

Você diz que a regra é demasiado elevada para

ser observada, que o ser humano mortal não

pode cumpri-la, ou que deve haver algumas

exceções à mesma, pois que há circunstâncias

peculiares em que não podemos deixar de nos

preocupar. Mas espere um momento. O que o

Mestre ensina? "Eu digo a você, não se preocupe

com a sua vida, quanto ao que comer ou beber;

ou sobre o seu corpo, quanto ao que vestir." Ele

disse isto sem exceções.

O que Paulo ensinou? "Não se preocupe com

nada!" Ele não disse uma palavra sobre exceções à regra, mas entregou-a sem reservas e

absoluta.

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Um pouco de boa prática sábia e caseira, e bom senso, dizem que existem duas classes de coisas

com as quais não devemos nos preocupar: coisas que podemos resolver, e coisas que não

podemos resolver.

Males que podemos resolver; devemos resolver.

Se o telhado vazou, devemos consertá-lo; se o

aquecedor não está funcionando e o quarto está

frio, devemos colocar mais combustível; se a

cerca está caindo e o gado do nosso vizinho pode

entrar em nosso campo de trigo, é melhor

consertar a cerca do que sentar-se e preocupar-

se com os problemas que as vacas possam

causar; se temos dispepsia que nos faz sentir

mal, é melhor cuidar da nossa dieta. Ou seja,

somos muito tolos em nos preocupar com

coisas que podem ser resolvidas. Resolva-as!

Essa é a sabedoria celestial para esse tipo de

males ou cuidados, que é o caminho para se

lançar esse tipo de fardo sobre o Senhor.

Mas há coisas que não podemos resolver.

"Algum de vocês pode acrescentar um só côvado

à sua altura por se preocupar?"

Que loucura, então, que um homem se

preocupe porque não é alto, ou qualquer um que

se preocupe por causa de qualquer

peculiaridade física que ele possa ter.

Estes são os tipos de um grande número de

coisas na vida das pessoas, que nenhum poder

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humano pode mudar. Por que se preocupar com

isso? Preocupar-se produz alguma coisa boa?

Não!

Então, chegamos ao mesmo resultado aplicando

esta regra de senso comum. Coisas que

podemos fazer melhor, devemos fazer melhor, e

não nos preocuparmos com elas! Coisas que não

podemos resolver ou mudar, deveríamos

aceitar como a vontade de Deus para nós, e não

fazer qualquer reclamação sobre elas. Este

princípio muito simples, fielmente aplicado,

eliminaria toda a preocupação de nossas vidas!

Como filhos de nosso Pai Celestial, podemos ir

um passo mais longe. Se este mundo fosse

governado pelo acaso, nenhuma quantidade,

quer de filosofia ou de senso comum poderia

nos impedir de nos preocupar, mas sabemos

que nosso Pai está cuidando de nós! Nenhuma

criança pequena na melhor e mais carinhosa

casa, jamais foi assistida com tanto cuidado ou

segurança no amor dos pais terrenos, como é o

menor dos pequeninos de Deus, no coração do

Pai celestial!

"Portanto, não se preocupem, dizendo: Que vamos comer? Ou que vamos beber? Ou que

vamos vestir? Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês

precisam delas!" Mateus 6: 31-32.

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As coisas que não podemos resolver ou mudar estão na Sua mão divina, e pertencem a "todas as

coisas" que, temos a certeza, que "trabalham em conjunto para o bem daqueles que amam a

Deus."

No meio de toda a grande corrida de eventos e

circunstâncias, em que podemos não ver

qualquer ordem ou desígnio, faríamos bem em

saber que cada crente em Cristo está tão seguro,

como qualquer criança pequena nos braços da

mãe mais amorosa!

Não é a mera fé cega que nós tentamos nutrir

em nossos corações, à medida que procuramos

aprender a nos aquietarmos e a confiarmos em

meio de todas as provas e desilusões da vida:

esta é uma fé que repousa sobre o caráter e a

bondade infinita de Deus, a fé de uma criança

pequena, em um Pai cujo nome é "Amor", e cujo

poder se estende a todas as partes do seu

universo. Então, aqui encontramos a rocha

sólida sobre a qual se apoiar, e uma boa razão

para a nossa lição de que nunca devemos nos

preocupar. Nosso Pai está cuidando de nós!

Mas, se nunca devemos nos preocupar; o que

devemos fazer com as coisas que nos inclinam

para a preocupação?

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Há muitas coisas na vida, mesmo dos mais

confortavelmente abrigados. Há decepções que

deixam as mãos vazias, depois de dias e anos de

esperança e trabalho. Há frustrações

irresistíveis de planos e propósitos feitos com

carinho. Há lutos que parecem varrer toda a

alegria terrena. Há perplexidades através das

quais nenhuma sabedoria humana pode se

manter de pé. Há experiências em cada vida,

cujo efeito natural é a de inquietar o espírito e

produzir ansiedade profunda e dolorosa.

Se nunca devemos nos preocupar, o que

devemos fazer com essas coisas que

naturalmente tendem a causar a preocupação?

A resposta é fácil; devemos colocar todas essas

coisas perturbadoras nas mãos do nosso Pai!

Claro que se continuarmos a carregá-las, não

podemos deixar de nos preocupar com elas!

Mas não devemos carregá-las; pois não

poderemos se o fizermos! É na medida de nossa

sabedoria e capacidade que devemos calcular

nossas vidas, e moldar nossas circunstâncias. O

que as pessoas, às vezes chamam de confiança,

na verdade é indolência; temos que enfrentar a

vida heroicamente.

Não podemos deter a onda que o mar atira em

cima da praia; não podemos controlar os ventos

e as nuvens, e as outras forças da natureza; não

podemos manter-nos longe das geadas que

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ameaçam destruir nossas frutas de verão; não

podemos manter fora das nossas portas a

doença que traz dor e sofrimento, ou a tristeza

que deixa a sua angústia pungente!

Nós não podemos impedir a infelicidade que

vem através de outros, ou através de calamidade

pública. Na presença de toda essa classe de

males somos totalmente impotentes; eles são

irremediáveis para qualquer sabedoria ou força

nossa! Por que, então, devemos nos esforçar

para carregá-los, apenas para nos maltratarmos

em vão com eles?

Além disso, não há nenhuma razão pela qual

devemos sequer tentar carregá-los! Seria uma

criança pequena muito tola, numa casa de

abundância e amor, se preocupar com a sua

comida e roupa, ou sobre os negócios de seu pai,

e ficar ao mesmo tempo, num estado de

ansiedade e angústia sobre a sua própria

segurança e conforto. A criança não tem nada a

ver com estas questões! Seu pai e sua mãe estão

cuidando delas.

Ou imagine um grande navio no oceano e o filho

do capitão do navio a bordo. A criança fica

ansiosa no navio a respeito de cada movimento,

e preocupada com que algo possa dar errado;

que os motores possam falhar ou que os

marinheiros não façam o seu dever. O que tem o

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filho do capitão a ver com qualquer uma dessas

coisas?

O pai da criança deve cuidar delas! Nós somos

filhos de Deus, vivendo no mundo de nosso Pai, e não temos nada mais a ver com os assuntos do

mundo, como o filho do comandante não tem a ver com a gestão e os cuidados do grande navio

no meio do oceano.

Temos apenas que permanecer em nosso lugar, e atender aos nossos pequenos deveres

pessoais, sem ter qualquer sombra de ansiedade sobre qualquer outra coisa! Isso é o que

devemos fazer, em vez de nos preocupar quando encontrarmos coisas que naturalmente nos

deixam perplexos. Devemos apenas colocá-las nas mãos de Deus, a quem elas pertencem, para

que ele possa cuidar delas, enquanto nós permanecemos em paz, tranquilos,

continuando com nossas pequenas tarefas diárias.

Temos uma alta autoridade bíblica para isso. É o

que Paulo ensina em sua carta da prisão, quando diz: "Não se preocupe com nada, mas em

tudo, pela oração e súplica com ações de graças, sejam as vossas petições conhecidas diante de

Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as

vossas mentes em Cristo Jesus!" Os pontos aqui brilham de forma muito clara. Não devemos nos

preocupar com coisa alguma! Em nenhuma circunstância possível, devemos nos preocupar!

Em vez de nos preocupar, devemos levar tudo a

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Deus em oração. O resultado será a paz: "E a paz de Deus, que excede todo entendimento,

guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus."

O conselho de Pedro é semelhante, embora mais condensado. "Lançando sobre ele toda a

vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós!" 1 Pedro 5: 7.

Na versão revisada seu significado é mais claro:

"Lançando toda a vossa ansiedade sobre ele,

porque ele cuida de vós!" Deus está cuidando de

você; não se concentre na menor coisa que você

tenha, mas lance todas as suas preocupações e

ansiedades sobre ele e, em seguida, esteja em

paz. Ele está tentando levar nossas

preocupações, que produzem ansiedade!

Nosso dever é lançá-las todas em Cristo,

cabendo-nos apenas pensar sobre o nosso

dever. Este é o segredo de uma vida pacífica.

Há uma sugestão prática que pode ser útil para

aprender esta lição. O coração pressionado de

cuidados ou dor, não pode assim, permanecer

em quietude, pois estará partido. Seu impulso

natural é dar expressão à sua emoção, em gritos

de dor ou irritações, e murmúrios descontentes.

Será um grande alívio para o coração

sobrecarregado, se no momento de dor ou

provação, possa ser dado algum refrigério para

os sentimentos reprimidos, do que expressões

de preocupação ou ansiedade. É mais sugestivo,

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portanto, que nas palavras de Paulo, já citadas,

quando ele diz que devemos levar todas as

nossas ansiedades a Deus em oração, ele

acrescenta "com ações de graças."

As canções de agradecimento devem carregar

consigo a dor reprimida do coração e dar-lhe

alívio. É melhor sempre colocar a dor em

melodia do que em lamentos. É melhor para o

próprio coração, pois isto é um alívio mais doce.

Não há asas como as da música e louvor para

afastar os fardos da vida!

É também melhor para os outros, que possamos

começar a cantar uma canção do que soltar um

grito de angústia.

Lembramo-nos de nosso Senhor Jesus Cristo,

quando foi pregado na cruz, onde seus

sofrimentos devem ter sido insuportáveis; em

vez de um grito de angústia, ele transformou a

aflição do seu coração em uma oração de

intercessão por seus assassinos!

Paulo, também em sua prisão, de costas

rasgadas pelo flagelo e seus pés no tronco, não

proferiu qualquer palavra de reclamação e

nenhum grito de dor, mas deu vazão ao seu

grande sofrimento nos hinos de louvor da meia-

noite que ecoaram por toda a prisão.

Estas ilustrações sugerem um segredo

maravilhoso do coração; paz no tempo de

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angústia, de qualquer causa. Temos de

encontrar alguma saída para nossas emoções

reprimidas; o silêncio é insuportável. Nós não

podemos reclamar nem dar expressão a

sentimentos de ansiedade, mas podemos virar

as ondas de destruição para os canais de louvor

e oração!

Podemos também encontrar alívio, no serviço

de amor para com os outros. Na verdade, não há

segredo mais maravilhoso de resistência alegre

da provação, do que este! Se o coração pode

colocar a sua dor ou o medo em ajudar e

confortar aqueles que estão em necessidade e

apuros, logo se esquece de seu próprio cuidado!

Se toda a história interior de vidas fosse

conhecida, seria descoberto que muitos

daqueles que têm feito o máximo para confortar

a tristeza do mundo, atar suas feridas, e ajudá-lo

em sua necessidade, têm sido homens e

mulheres cujos corações encontraram a saída

para suas dores, cuidados ou tristezas nos

serviços para os outros em nome de Cristo.

Assim, eles encontraram bênção para si

mesmos na paz que governou suas vidas, e se

tornaram bênçãos para o mundo, dando-lhe

canções, em vez de lágrimas, e um serviço útil,

em vez de uma carga de descontentamento e

reclamação!

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Se um pássaro tem que estar em uma gaiola, é

melhor ocupar seu lugar de prisão com uma

canção feliz, do que sentar gemendo dentro das

paredes de arame, em tristeza inconsolável.

Se nós temos que ter cuidados e provas, é

melhor que fôssemos cristãos se regozijando,

iluminando a própria escuridão do nosso meio

ambiente com a luz brilhante da fé cristã, do que

sucumbirmos aos nossos problemas e nada

ganharmos, senão nos preocuparmos com

nossa vida, e não dar nada para o mundo, senão

murmurações e a memória do nosso miserável

descontentamento!