at revista - não se preocupe tanto

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Um mal dessa era é o excesso de preocupação com nossa relação amorosa, saúde, trabalho, família, amigos, pet, nossas coisas (adquiridas com um senhor esforço). Pensar que em algum momento podemos perder uma grande conquista ou falhar num projeto ou ainda ter uma surpresa desagradável, especialmente quando vemos acontecer com pessoas próximas, é motivo de medo, ansiedade, preocupação. Em maior ou menor grau – dependendo da propensão de cada um para sofrer por antecedência. Achamos que, ficando em estado de alerta 24 horas, procurando prever os próximos passos de tudo e de todos, conseguiremos evitar os erros e, pior, os machucados. Mas muitas vezes encanamos com questões que nem existem ou que jamais passariam de fantasias. Vamos relaxar um pouco, hein? Como diziam nossas sábias avós, muito mais calmas em relação ao próprio destino e entretidas com o final da história das novelas, “ninguém morre na véspera, só peru de Natal”. Verdade que as gerações passadas não conviviam com tantas transformações, tecnologias, pressão para inovar e ter sucesso, perigos. Mas vale a pena prestar atenção ao que diz o psiquiatra e psicoterapeuta, conferencista e escritor Flavio Gikovate, apresentador do programa No Divã do Gikovate (rádio CBN): “O único meio de atenuarmos a insegurança diante dos riscos do futuro consiste em desenvolvermos força para suportar qualquer adversidade. Estamos mais sujeitos ao acaso do que gostaríamos”. O médico até gravou um vídeo para mostrar como podemos nos preocupar menos com tudo e o futuro. “Existem pessoas que naturalmente se preocupam menos, são as chamadas cucas frescas. Mas a maioria procura usar suas inteligências para antever e prever todas as variáveis ligadas ao futuro. E é sempre um desafio mudar isso, sendo que algumas questões filosóficas podem ajudar”, orienta o psiquiatra, citando o filósofo Epiteto, que já defendia no século 1 depois de Cristo que o caminho para a felicidade é pararmos de nos preocupar com o que está além do nosso poder. “É importante nos concentrarmos naquilo que depende de nós e deixar de lado o que não está ao nosso alcance, ou seja, a maneira de ser, pensar e agir dos outros. E, ainda assim, em nós mesmos, apesar de cuidarmos do corpo e da saúde, alguma doença pode nos acometer... Aquilo que depende mesmo da gente são nossos comportamentos, atitudes, reflexão moral e posturas diante da vida. Para essa parte, temos que olhar com zelo e responsabilidade. Quanto ao resto... deveríamos aprender a não dar muita bola. Até porque o futuro é imprevisível”, avisa o médico. Um exemplo clássico é quanto à escolha da carreira. É cada vez mais comum professores universitários serem abordados por alunos querendo saber se aquele curso “dá bastante dinheiro”. Só que essa questão é relativa – o resultado em parte é responsabilidade do profissional e em parte de outras variáveis que escapam. Além disso, não faltam adolescentes atolados de aulas com o intuito de prepará-los para o mercado. “Há essa busca pela antecipação, seja da nossa vida, seja da vida de nossos filhos”, reforça a psicóloga e especialista em branding Cecília Russo, mãe de um adolescente e de uma moça. “Veja como cada vez mais pais querem que suas crias, precocemente, se tornem fluentes em inglês, campeãs em matemática etc. A vida corrida parece que alterou algo em nossas mentes”, alerta ela, aconselhando que pais e mães tirem da cabeça que a medida do sucesso dos filhos passa pelo mantra “quanto antes, melhor”. Para que pular “Nãopodemosprevero futuro,massiminfluenciá-lo” DANIEL EGGER, CONSULTOR FOTO SHUTTERSTOCK NÃO SE PREOCUPE TANTO! A realidade de hoje é um convite a encher a cabeça de minhocas e de ansiedades. Saber lidar com o futuro – quando nos sentimos em um trem a toda velocidade – é preciso AT REVISTA 19

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Contribuimos na AT Revista com reflexões sobre o medo e o futuro. A realidade de hoje é um convite a encher a cabeça de minhocas e de ansiedades. Saber lidar com o futuro – quando nos sentimos em um trem a toda velocidade – é preciso

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Ummal dessa era é o excessode preocupação com nossarelação amorosa, saúde,trabalho, família, amigos,pet, nossas coisas (adquiridascom um senhor esforço).Pensar que em algummomentopodemos perder uma grandeconquista ou falhar numprojeto ou ainda ter uma surpresadesagradável, especialmentequando vemos acontecercom pessoas próximas, émotivo demedo, ansiedade,preocupação. Emmaior oumenor grau – dependendo dapropensão de cada um para sofrerpor antecedência.

Achamos que, ficando emestado de alerta 24 horas,procurando prever os próximospassos de tudo e de todos,conseguiremos evitar os erros e,pior, osmachucados. Masmuitasvezes encanamos com questõesque nem existem ou que jamaispassariam de fantasias. Vamosrelaxar um pouco, hein? Comodiziam nossas sábias avós,muitomais calmas em relaçãoao próprio destino e entretidas como final da história das novelas,“ninguémmorre na véspera, sóperu de Natal”.

Verdade que as geraçõespassadas não conviviam comtantas transformações, tecnologias,pressão para inovar e ter sucesso,perigos. Mas vale a pena prestaratenção ao que diz o psiquiatrae psicoterapeuta, conferencistae escritor Flavio Gikovate,apresentador do programaNo Divã do Gikovate (rádio CBN):

“O únicomeio de atenuarmosa insegurança diante dos riscos dofuturo consiste em desenvolvermosforça para suportar qualqueradversidade. Estamosmais sujeitosao acaso do que gostaríamos”.

Omédico até gravou umvídeo paramostrar como podemosnos preocupar menos com tudoe o futuro. “Existem pessoas quenaturalmente se preocupammenos, são as chamadas cucasfrescas. Mas amaioria procurausar suas inteligências paraantever e prever todas as variáveisligadas ao futuro. E é sempreum desafio mudar isso, sendoque algumas questões filosóficaspodem ajudar”, orienta o psiquiatra,citando o filósofo Epiteto, quejá defendia no século 1 depoisde Cristo que o caminho paraa felicidade é pararmos de nospreocupar com o que está além donosso poder.

“É importante nos concentrarmosnaquilo que depende de nóse deixar de lado o que não estáao nosso alcance, ou seja, amaneirade ser, pensar e agir dos outros.E, ainda assim, em nósmesmos,apesar de cuidarmos do corpoe da saúde, alguma doença podenos acometer... Aquilo quedependemesmo da gente sãonossos comportamentos, atitudes,reflexãomoral e posturas diante

da vida. Para essa parte, temosque olhar com zelo eresponsabilidade. Quanto ao resto...deveríamos aprender a não darmuita bola. Até porque o futuro éimprevisível”, avisa omédico.

Um exemplo clássico é quantoà escolha da carreira. É cada vezmais comum professoresuniversitários serem abordados poralunos querendo saber se aquelecurso “dá bastante dinheiro”.Só que essa questão é relativa –o resultado em parte éresponsabilidade do profissionale em parte de outras variáveisque escapam. Além disso, nãofaltam adolescentes atoladosde aulas com o intuito deprepará-los para omercado.

“Há essa busca pela antecipação,seja da nossa vida, seja da vidade nossos filhos”, reforça apsicóloga e especialista embranding Cecília Russo, mãede um adolescente e de umamoça. “Veja como cada vezmaispais querem que suas crias,precocemente, se tornem fluentesem inglês, campeãs emmatemáticaetc. A vida corrida parece quealterou algo em nossasmentes”,alerta ela, aconselhando quepais emães tirem da cabeça queamedida do sucesso dos filhospassa pelomantra “quantoantes, melhor”. Para que pular

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etapas, fazer tudo num ritmofrenético? Para entrar na ondados outros? “Paciência, tempoe educação devem caminhardemãos dadas”, sugere(e pratica na vida pessoal) apsicóloga Cecília.

Outramedida de precauçãoé ter um plano B: alguma saídafora da caixa para a hipótesedos seus planos falharem.“Vale se perguntar: se tudoder errado, o que vou fazer?Sermochileiro pelomundo,embarcar numa aventura...Isso tudo baixa a ansiedade e ajudaa deixar a cabeçamenos aflitae preocupada só com resultadoso tempo todo. Assim comoexplorar recursos de relaxamentotradicionais, tipo ioga, meditação,aeróbica intensiva, alimentaçãofuncional... Hoje se sabe queameditação alivia certas tensõese favorece retomar a vida deuma forma bemmais leve.Você vai continuar a perseguirseus projetos, mas commenosangústia”, explica Gikovate.

A secretária Renata Santostem por hábitomeditar uns15minutinhos diários na praiaem frente ao seu trabalho e aprova:“Afasta os pensamentos tóxicos,pessimistas, esvazia amente dasenergias pesadas”.

NOVASVISÕESDepois de você reconhecer quevive nummundo de incertezas,ficarmais treinado em frearo ímpeto de acelerar as coisase achar seumelhor jeito de relaxar,é hora de olhar o futuro de formasmais estimulantes. “Ele nãoé negativo nem positivo, é neutro.Projetar suas crenças atuaisnuma realidade que ainda nãoconhece só reforça omedo defalhar e não atingir seus sonhos”,opina Daniel Egger, que se

autodenomina um businessfuturist, ou seja, uma pessoaque conecta o hoje com oamanhã, ajudando empresas eempreendedores a encontrarnovas lógicas de negócios eantecipar decisões estratégicaspara influenciar o futuro.

“Cada um faz diferençana sociedade, masmuitas vezesfalta ter a visãomais holísticadisso. Ou então só percebemosnossa participação peloretrovisor”, continua o consultor.“Por isso, olhar para o futuroé tão saudável e necessárioquanto para o passado. Somossempre aprendizes e arqueólogos,combinando o conhecido como não conhecido, na tentativade descobrir como era e comoserá a nossa complexa sociedade.

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“Devemosnosconcentrarnaquiloquedependedenós”FLAVIOGIKOVATE,PSIQUIATRA

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Precisamos reconhecerno passado o que gerou o contextoque estamos vivendo, nosconhecermosmelhor nopresente e explorarmos aspossibilidades futuras paraabraçar aquelas que nosinteressam. Conectando essastrês partes, não necessitamos termedo nem alimentar ansiedadeelevada. Não podemos prevero futuro, mas sim influenciá-lo”,afirma Daniel.

“Olhe para o horizonte ebusque o pote de ouro nofim do arco-íris”, sugeremetaforicamente Gustavo Caetano,que estudou inovação noMIT(Massachusetts Institute ofTechnology), é referência nacionalem empreendedorismo epresidente aos 30 anos daAssociação Brasileira de Startups.“Anos atrás, ao pensar no futuro,a gente imaginou carros voandoe férias na Lua, e não foi nadadisso que aconteceu”, brincasempre nasmuitas entrevistas quedá, para incentivar outros jovens

a seremmenos ansiosos emais curiosos emostrar queo caminho que cada um escolhenão é linha reta.

Aliás, já parou para pensarque há problemas do bem?“Se tivermos respostas e soluções,não há inovação”, decreta ocientista e professor Silvio Meira,que leciona Engenharia deSoftware, preside o conselho dowww.portodigital.org, além deser fundador e batuqueiro do grupodemaracatu A Cabra Alada.

BORAFUTURAROutra sugestão para encarar ofuturo, que não tem nada a vercom angústia, é compará-lo a umaviagem, colocando amente nomodoimaginação. Para a publicitáriaBeia Carvalho, palestrante sobrefuturo e presidente da consultoriade negócios 5 Years FromNow®,as pessoas devem tirar, de vezem quando, os pés do chão efantasiar que aterrissam numespaço onde tudo pode acontecer.

“Onde combinações exóticas,extravagantes, anticonvencionais,alternativas, excêntricas,idiossincráticas, impensáveis,atémesmo infantis, são possíveis”,diz ela, animando a pensarque, no futuro, as nossas crisesdo presente são coisas do passadoe que só existe o que vocêinventar. Essa prática é o queBeia chama de “futurar” – eé grátis: “Você pode futurar ondequiser e quantas vezes quiser.Instiga a criatividade, oxigenao pensamento e provocacombinações inovadoras”. ●

“Paciência,tempoeeducaçãodevemcaminhardemãosdadas”CECÍLIARUSSO,PSICÓLOGA

Simpósio de Farmácia

Natação noMundial

Colégio: Bolsas

Feira de Profissões da Unisanta será dia 11/9

Unisanta realiza o 6º Simulado Enem, dia 14/9Alunos do Ensino Médio, cur-

sinhos pré-vestibulares e demaisestudantes que desejarem testarseus conhecimentos para o exa-me poderão participar do 6º Simu-lado Aberto Enem, dia 14/9.

Descontos deaté 100%aosme-lhores colocados em qualquer cursodaUnisanta. Inscrições gratuitas, até11/9: www.unisanta.br/simulado

O curso de Farmácia realiza,de 26 a 30/8, noAnfiteatro do blo-co E, o V Simpósio de Integraçãoàs Ciências Farmacêuticas. Entreos temas: farmácia hospitalar esaúde indígena. Entrada: lata deleite em pó.Aberto ao público.

Participe do Concurso de Bol-sas doColégio SantaCecília paraalunos novos, que concluirão o 9ºano em 2013 e queiram cursara 1ª série do Ensino Médio combolsas de até 100% de desconto.Inscrições gratuitas: www.colegio.unisanta.br. Inf.: 3202-7136.

Atletas da Unisanta, JacksonCândido Santos, Matheus San-tana e Felipe Ribeiro participarãodo 4º Mundial Júnior de Natação,de 26 a 31/8, emDubai.

Semana de Engenharia

Jogos da Juventude

De 27 a 29/8, a Faculdade deEngenharia promove palestrasvoltadas aos alunos da Instituição,ministradas por profissionais deempresas como a Saipem e DowBrasil. Local: Auditórios e salas deaula, com início às 19h.

Especialização/Mestrado

A Unisanta, por meioda 24ª Feira de Profissões,vai dar dicas sobre comoescolher a carreira profis-sional. Os participantespoderão visitar estandesinterativos com profissio-nais de todos os cursos daUnisanta, conhecer laboratórios, clíni-caseoutrosambientesdoCampuse,ainda, participar de palestras.

Inscrições gratuitaspara o Vestibular 2014 du-rante o evento (pagamen-to somente de R$ 5,00referente ao Manual doCandidato).

Dia 11/9, das 9h às16h e das 19h às 21h.

Sorteio de brindes. Entrada franca.Inf.: 3202-7101 ou www.unisanta.br/feiradeprofissoes

Alunos do Santa Cecília re-presentarão o Estado nos JogosEscolares da Juventude. VitorBibiano, Pedro Rodrigues e Gui-lherme Teodoro conquistaram va-gas no Tênis de Mesa, enquantoMatheus Santana e BrunoCoelhointegram a equipe de Natação.

Inscrições abertas para oscursos de Mestrado em Ecologiae Engenharia Mecânica, Espe-cializaçõeseMBA, presenciais e adistância (EaD), com descontos efinanciamentos. Inf.: 3202-7101ouwww.unisanta.br/posgraduacao