o panorama nacional das redes estratégicas: produção acadêmica e dinâmica de mercado

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 O PANORAMA NACIONAL DAS REDES ESTRATÉGICAS: PRODUÇÃO ACADÊMICA E DINÂMICA DE MERCADO Gustavo Henrique Silva de Souza, Nilton Cesar Lima, Claudia Maria Milito, Jamerson Viegas Queiroz (Universidade Federal de Alagoas; Universidade Federal de Uberlândia; Universidade Federal do Rio Grande do Norte)   Resumo: O presente estudo tem como objetivo levantar a produção acadêmica das redes estratégicas e confrontar com dados da realidade mercadológica no Brasil, estruturando um  panorama entre os anos de 2005 a 2010, com propósitos de aferir relações significativas entre o  âmbito acadêmico e o mercado. Assim, evidenciou-se confluência entre as características das  produções acadêmicas e as tendências do mercado, se limitando ao ponto que as informações  sobre as redes tornam-se escassas. Ainda, depreende-se que o nível educacional, o número de  habitantes e a maturidade empresarial têm sido fatores determinantes na formação de redes estratégicas. Palavras-chaves:  Redes estratégicas; P rodução acadêmica; Dinâmica de mercado;  Regiões do Brasil.  ISSN 1984-9354

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O presente estudo tem como objetivo levantar a produção acadêmica das redes estratégicas e confrontar com dados da realidade mercadológica no Brasil, estruturando um panorama entre os anos de 2005 a 2010, com propósitos de aferir relações significativas entre o âmbito acadêmico e o mercado. Assim, evidenciou-se confluência entre as características das produções acadêmicas e as tendências do mercado, se limitando ao ponto que as informações sobre as redes tornam-se escassas. Ainda, depreende-se que o nível educacional, o número de habitantes e a maturidade empresarial têm sido fatores determinantes na formação de redes estratégicas.

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  • O PANORAMA NACIONAL DAS REDES ESTRATGICAS: PRODUO ACADMICA E DINMICA DE MERCADO

    Gustavo Henrique Silva de Souza, Nilton Cesar Lima, Claudia Maria Milito, Jamerson

    Viegas Queiroz (Universidade Federal de Alagoas; Universidade Federal de Uberlndia; Universidade

    Federal do Rio Grande do Norte)

    Resumo: O presente estudo tem como objetivo levantar a produo acadmica das redes estratgicas e confrontar com dados da realidade mercadolgica no Brasil, estruturando um panorama entre os anos de 2005 a 2010, com propsitos de aferir relaes significativas entre o mbito acadmico e o mercado. Assim, evidenciou-se confluncia entre as caractersticas das produes acadmicas e as tendncias do mercado, se limitando ao ponto que as informaes sobre as redes tornam-se escassas. Ainda, depreende-se que o nvel educacional, o nmero de habitantes e a maturidade empresarial tm sido fatores determinantes na formao de redes estratgicas.

    Palavras-chaves: Redes estratgicas; Produo acadmica; Dinmica de mercado; Regies do Brasil.

    ISSN 1984-9354

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    1 INTRODUO

    O estabelecimento de altos padres de inovao e de diferenciais competitivos passou a exigir cooperaes interempresariais, impelindo organizaes em redes promoverem o compartilhamento de informaes e recursos, similar a um processo de aprendizagem, em uma perspectiva de empresas obterem melhores posicionamentos no mercado. Nesse sentido, a cooperao tem sido construda em bases de aprendizagem, em que a experincia de uma empresa pode ser transformada em um conhecimento para toda a rede (VERSCHOORE & BALESTRIN, 2008; LOPES & CARVALHO, 2012).

    Atualmente, os ganhos produtivos dentro das redes dos mais diversos tipos tm sido baixo, advindo de uma viso atrasada e at mope de muitos empresrios e gestores, que pem em relevncia ganhos imediatos ou financeiros, deixando de lado diversos fatores estratgicos (OLAVE & AMATO NETO, 2001; SOUZA, 2012). Mesmo observada tal fragilidade nesses organismos de cooperao, Partanen e Mller (2012) defendem que, mesmo nesses ambientes existem fatores de cooperao que desenvolvem as organizaes pertencentes a essas redes.

    Alm disso, diversos pesquisadores ressaltam de modo incisivo a relevncia de estratgias de cooperao para a competitividade e sobrevivncia organizacional (OLAVE & AMATO NETO, 2001; VERSCHOORE & BALESTRIN, 2008), o que tem estimulado discusses nesse mbito e at estimulado a formao de novas redes.

    Por sua vez, o mercado competitivo brasileiro, atravs de uma tendncia globalizao, tem levado ao tema de negcios, discusses sobre redes interempresariais, seja em mbito acadmico ou mercadolgico, confluindo em uma alta produo acadmica nesse campo, segundo Lopes e Carvalho (2012). Ou seja, ao passo que estudos e pesquisas incentivam a formao de redes estratgicas, a tendncia global de cooperao estimula o desenvolvimento de pesquisas na rea, tal como uma via dupla.

    Surge ento o problema de compreender a formao das redes e as variveis de influncia para sua formao. Para isso, cabe analisar as redes interempresariais em linhas acadmicas e mercadolgicas, como forma de se obterem resultados inovadores e esclarecedores para esse problema. Assim, no intuito de aferir relaes de fato significativas entre o mbito acadmico e o mercado, e ampliar discusses sobre a formao de redes, o presente artigo tem como objetivo levantar a produo acadmica sobre as redes interempresariais e confrontar com dados da realidade mercadolgica no Brasil, estruturando um panorama entre os anos de 2005 a 2010. Ao

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    se verificar as formas de abordagem delineadas nos estudos acadmicos e da dinmica de mercado, objetiva-se uma anlise regional das redes no Brasil. 2 REDES INTEREMPRESARIAIS NO BRASIL

    As questes relacionadas s redes interempresariais, seu crescimento no Brasil e impacto no desenvolvimento econmico do pas, tm sido alvo de muitas investigaes e discusses na atualidade. Resultados obtidos por Souza (2012) apontam que microempreendedores maiores em concentrao no Brasil , tm tido dificuldades em manter articulaes em redes, em que, suas atividades organizacionais tm partido de iniciativas individualizadas, com baixo potencial de ganhos em termos de resultados empresariais.

    Diversos autores alegam que, no Brasil, a base para a formao de redes est relacionada sobrevivncia organizacional, consequente de uma competitividade acirrada do mercado (OLAVE & AMATO NETO, 2001; SOUZA, 2012). O aquecimento do mercado brasileiro por inovaes vem impulsionando o aprimoramento de tecnologias, o que tem tornado o ambiente mercadolgico ainda mais competitivo. Essa busca por estabilidade econmica e pela prpria sobrevivncia por parte das empresas tornou as parcerias empresariais essenciais (BARROS & PEREIRA, 2008; DANTAS & BELL, 2011). Com efeito, a complementaridade dentro das redes pode vir a interferir nos meios de produo, de distribuio, de marketing, a um patamar elevado de desenvolvimento (DANTAS & BELL, 2011; VARRICHIO et al., 2012).

    Mellat-Parast e Digman, (2008) propem que essa caracterstica atenua, e at elimina rivalidades, medida que se criam relaes em nveis estratgicos cada vez mais altos, gerando capacitaes produtivas e avanos tecnolgicos s empresas, fortalecendo a ideia de cooperao como fator de competitividade e produtividade. Ainda, resultados profcuos so comumente visualizados em redes interempresariais, por uma maior facilidade para a troca de informaes, pelo compartilhamento de recursos e pela tomada de decises em conjunto (BORGATTI & FOSTER, 2003; MELLAT-PARAST & DIGMAN, 2008).

    Na atualidade, em que o conhecimento passou a ser um dos ativos mais importantes de uma organizao, as empresas precisam estar conectadas a redes formais ou informais, presenciais ou virtuais, segundo Carvalho (2009, p. 56). Para a autora, a atividade inovadora por natureza um processo social e coletivo, no qual o aprendizado se d atravs das interaes, demandando articulao e cooperao.

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    Para as redes interempresariais, a aprendizagem interorganizacional tem colaborado de forma expressiva como veculo de adaptao s mudanas, formao e unio de conhecimentos e desenvolvimento empresarial (LOPES & CARVALHO, 2012). Tambm, esse tipo de cooperao voltada ao compartilhamento de recursos e conhecimentos organizacionais depende da constituio da rede e do ambiente em que as componentes esto inseridas, face aos diversos modelos de redes e alianas (CARVALHO, 2009).

    Em termos nacionais, as perspectivas de aprendizagem interorganizacional e cooperao atravs do compartilhamento de informaes e recursos so diminutas e limitadas, pois a formao de diversas redes tem sido estritamente em prol de apoio a empresrios, sintomaticamente, focada na sobrevivncia das empresas, como aponta Souza (2012). Compreende-se ento rede interempresarial, aquela que apresente total ou alguma estrutura que encoraje relaes de compartilhamento de recursos e/ou conhecimentos interorganizacionais, tais como as cooperativas (considerando aqui os microempreendedores individuais), associaes, arranjos produtivos locais e joint-ventures, segundo definies de Ribault; Martinet e Lebidois (1995), Grandori e Soda (1995) e do Sebrae (2012). 3 METODOLOGIA

    Os mtodos de pesquisa do estudo nortearam-se para o desenvolvimento de evidenciaes empricas que corroborem e complementem as teorias levantadas. Segundo Gil (2012), as concepes tericas formam-se do confronto entre os dados coletados do ambiente real, as evidenciaes empricas e hipteses de uma literatura corrente.

    Nesse sentido, este estudo parte da anlise das caractersticas tericas e empricas que concernem s redes interempresariais, ao ponto que se formem novas proposies a cerca do tema em foco. Este estudo adotou uma estrutura analtica que parte de um processo de anlise e reflexo contnua, dentro das discusses tericas, resultados e consideraes finais. Com isso, os resultados colhidos se complementam com a literatura, medida que o estudo se aprofunda, partindo-se de um formato terico-emprico de anlise. 3.1 Concepo metodolgica da pesquisa

    Em um carter exploratrio, a primeira fase do estudo adotou uma abordagem qualitativa de anlise das questes relacionadas s redes interempresariais no Brasil, atravs de dados secundrios. Esta fase do estudo configurou-se por um estudo documental em fontes comerciais, governamentais e acadmicas sobre a dinmica de mercado das redes.

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    Estruturou-se um roteiro de estudos que norteasse os pontos a serem investigados. Partiu-se da anlise de trs pontos especficos a cerca da dinmica de mercado das redes estratgicas: (1) estatsticas em mbito nacional; (2) informaes sobre objetivos, organizao, papel socioeconmico e evidncias de formao de redes; e, (3) projetos realizados pelas redes.

    A segunda fase do estudo teve um carter descritivo, de abordagem quantitativa, por uma pesquisa bibliomtrica para levantar caractersticas demogrficas, estruturais e metodolgicas das produes acadmicas sobre redes interempresariais entre 2005 a 2010. Diversos estudos bibliomtricos tm sido realizados nessa linha, visando compreender a temtica de redes a partir da produo cientfica, como Borgatti e Foster (2003), Brunelli et al. (2010), Giglio e Ryngelblum (2010), Bortollossi e Sampaio (2012), e Lopes e Carvalho (2012). Porm, neste estudo a anlise bibliomtrica no assumida como meio de compreenso da produo acadmica em termos de conhecimentos e temticas de redes, mas, como meio de compreenso do delineamento das pesquisas realizadas em compasso dinmica de mercado no Brasil.

    Para esta etapa da pesquisa escolheu-se pontos de anlise que mapeassem as informaes mais relevantes das produes acadmicas. Foi estabelecida uma srie de questes, que identificasse nos artigos: o peridico, o extrato no Qualis Capes, a origem dos autores (universidade em que o primeiro autor estava vinculado na data da publicao do artigo), o local, o ano de publicao, os autores mais encontrados nas referncias bibliogrficas (no considerando a repetio do autor no mesmo artigo); e as abordagens, as caractersticas metodolgicas, e a natureza das pesquisas. 3.2 Coleta de dados 3.2.1 Premissas bsicas

    Para anlise da dinmica de mercado, desenvolveu-se uma pesquisa na rede mundial de computadores (internet), em sites governamentais, comerciais e acadmicos, que disponibilizassem informaes (pesquisas, estatsticas, matrias ou notcias) a cerca do ambiente mercadolgico ligado s redes nos ltimos anos de 2005 at o momento atual. O critrio de seleo dos sites das redes foi de forma a buscar redes de abrangncia nacional, que trouxessem pesquisas relevantes e apresentasse apoio de rgos pblicos ou entidades governamentais, de modo que as informaes coletadas tivessem o mximo de confiabilidade possvel.

    Em seguida, para a seleo dos artigos acadmicos, foram definidos somente peridicos nacionais a serem investigados. Considerando a classificao definida pelo Qualis Capes para a

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    rea de Administrao, Cincias Contbeis e Turismo em 2010, o critrio de escolha dos peridicos a serem analisados foi que estivessem entre o extrato do Qualis A1 e B3 por possurem maior impacto no mbito acadmico nacional , que possuem verses eletrnicas para acesso atravs da Web e que oferecessem a visualizao dos artigos publicados de forma gratuita.

    Assim, foram selecionados volumes relativos aos anos de 2005 a 2010. A seleo dos artigos deu-se atravs de uma busca nos peridicos e em bases de dados cientficas. Tomou-se como premissa que os artigos a serem selecionados, apresentassem no ttulo ou no conjunto de palavras-chaves as expresses: Redes; Interorganizacional; Interfirmas; Arranjos produtivos; Cadeias; Alianas; Parcerias; Associaes e Cooperao. 3.3.2 O universo do estudo

    O universo do estudo teve a totalidade de 131 artigos em 14 peridicos e 12 sites. Os peridicos que participaram do estudo foram os seguintes: Revista de Administrao de Empresas (RAE); Revista de Administrao Contempornea (RAC); Organizaes & Sociedade (O&S); Revista de Administrao (RAUSP); Revista Eletrnica de Administrao (REAd); Revista Gesto & Regionalidade; Revista de Administrao e Inovao (RAI); Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinio e Mdia (PMKT); Revista de Cincias da Administrao (RCA); Revista Eletrnica de Cincia Administrativa (RECADM); Revista de Administrao Mackenzie (RAM); Revista de Administrao Pblica (RAP); Cadernos EBAPE.BR; e Revista Gesto & Produo.

    Os 12 sites em que se procedeu a pesquisa com o roteiro de estudos foram as seguintes organizaes: Associao Brasileira das Empresas de Software (ABES); Associao Comercial de Macei (ACMacei); Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informao em Macei; Associao das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informao (ASSESPRO); Organizao das Cooperativas Brasileiras (OCB); Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no estado de So Paulo (SESCOOP/SP); Federao das Indstrias do Estado do Paran (FIEP/PR); Associao das Micro e Pequenas Empresas (AMPEC); Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC); Servio Brasileiro de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas (SEBRAE); Revista Gesto Cooperativa; e, KPMG (Fuses e Aquisies). 4 DISCUSSO: RESULTADOS VERSUS ANLISE TERICA 4.1 Quantificao da produo em veiculao e crescimento do nmero de redes

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    Distribui-se na tabela 1 a quantificao dos artigos selecionados em relao ao ano e local de publicao e aos peridicos em que foram publicados. Foram selecionados entre os anos de 2005 a 2010 (6 anos) 131 artigos cientficos sobre redes interempresariais, nos principais peridicos nacionais da rea de Administrao, Cincias Contbeis e Turismo.

    Pode-se inferir que a amostra de artigos razoavelmente grande, visto que em estudos bibliomtricos, como o de Loiola e Bastos (2003), a amostra selecionada entre os anos de 1997 a 2001 (5 anos) foram de 43 artigos sobre aprendizagem organizacional, nos principais peridicos nacionais da rea de Administrao, Cincias Contbeis e Turismo; E estudos de Souza e Siqueira (2007), a amostra selecionada entre os anos de 2001 e 2005 (5 anos) foi de 14 artigos sobre a Nova Administrao Pblica, nos principais peridicos nacionais da rea de Administrao, Cincias Contbeis e Turismo.

    Tabela 1 - Artigos sobre redes interempresariais encontrados por Peridico e Ano

    Fonte: Dados da pesquisa. Na rea das redes interempresariais, o ano de 2010 foi o de maior veiculao de artigos,

    com 29 (22,14%) dos 131 trabalhos, no qual segue um crescimento regular, como visto na tabela 1. Esse crescimento pode ser justificado a partir da evidenciao de Verschoore e Balestrin (2008), de que as polticas de promoo e apoio s iniciativas de redes tiveram impulso no Brasil aps os anos 2000, tornando a primeira dcada do sculo XXI o momento propulsor dos estudos sobre redes interempresariais no pas. Ainda, segundo o IBGE (2012), a maior parte das redes no Brasil

    PUBLICAES QUANTIDADE DE ARTIGOS POR ANO 2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    TOTAL

    REVISTA

    LOCAL

    EXTRATO Gesto & Produo So Paulo A2 2 3 2 3 3 4 17 RAC Rio de Janeiro A2 1 1 2 Cadernos EBAPE.BR Rio de Janeiro B1 3 1 1 4 1 2 12 RAM So Paulo B1 2 3 2 7 Organizaes & Sociedade Bahia A2 1 1 2 RAUSP So Paulo B1 2 4 3 2 1 1 13 Gesto & Regionalidade So Paulo B3 1 1 ERA So Paulo A2 2 5 6 3 4 20 RAI So Paulo B1 1 3 1 5 10 RAP Rio de Janeiro A2 3 2 3 8 3 19 REAd Rio Grande do Sul B1 1 3 1 2 3 2 12 PMKT So Paulo B3 1 1 RCA Santa Catarina B1 2 2 3 3 10 RECADM Paran B2 1 1 1 1 1 5 TOTAL 15 18 22 24 23 29 131

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    foi criada no perodo de 2001 a 2010, sendo as quais metade desse nmero com seu surgimento nos ltimos anos, dentro de um crescimento regular.

    Esse momento propulsor aos estudos sobre redes parte de uma perspectiva de promoo e fomento formao de redes. Para Souza (2012), questes relacionadas s dificuldades das empresas em desenvolver estratgias de mercado e s muitas iniciativas individualizadas, levaram muitas delas fracassos empresariais. Isso sugere as empresas tentar manter relaes de parceria e cooperao com outras organizaes, ainda que haja baixo potencial de obteno de ganhos em termos financeiros.

    Tambm, segundo Hagedoorn (1993), Achrol (1997) e Gulati (1999), a globalizao e a competitividade tornaram-se variveis definitivas para o crescimento crnico das redes entre empresas. A necessidade por auxlios no mbito organizacional passou a ser uma questo retrica, tornando-se o ponto bsico compreenso deste sintoma mercadolgico.

    Aspectos mercadolgicos, como apontam Loiola e Bastos (2003) podem interferir nos estudos realizados em grupos acadmicos de pesquisa e at desenvolver novas linhas de pesquisas. Logo, fatores que podem levar ao crescimento de estudo no mbito das redes esto relacionados ao grande nmero de redes em determinada regio. Considerando apenas as Associaes, Cooperativas, Joint Ventures, Franchisings e Arranjos Produtivos, o Brasil, possui em torno de 304.510 redes (tabela 2) um nmero consideravelmente elevado, que demonstra o porqu da alta demanda por produes acadmicas sobre redes interempresariais.

    Tabela 2 - Nmero de redes no Brasil Tipos de redes Quantidade Associaes (Fundaes privadas e sem fins lucrativos) 290.692 Cooperativas 7.261 Joint Ventures 3.021 Franchisings 2.426 Arranjos Produtivos Locais (APLs) 957 TOTAL 304.510

    Fonte: IBGE (2012), OCB (2010), MACHADO (2005), ABF (2012), MDIC (2011). Outro aspecto relevante aponta maior veiculao do tema nos peridicos advindos da

    regio Sudeste, no quais 10 dos peridicos selecionados (total de 14) tem seu local de publicao em So Paulo e no Rio de Janeiro (Sudeste). Sendo este o centro empresarial do pas, torna-se um ambiente favorvel e propcio a maiores formaes de redes estratgicas (Carvalho, 2005).

    Tambm, nota-se que no estado de So Paulo concentram-se os maiores centros de estudos organizacionais, como evidenciam resultados de Rossoni e Hocayen-da-Silva (2008), Rossoni,

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    Hocayen-da-Silva e Ferreira Jr. (2008) e Bortollossi e Sampaio (2012), o que pode justificar a maior veiculao do tema na regio Sudeste, do que em outras regies do Brasil. Ainda, Borgatti e Foster (2003) justificam que a elevao na formao de redes aponta a uma necessidade aos estudos sobre esta evidncia. 4.2 Origem da produo acadmica e nmeros de redes por estado

    A origem da produo acadmica foi dada a partir da evidenciao da universidade ou faculdade (estado e regio) que o primeiro autor de cada artigo estava vinculado na data da publicao do artigo. Verifica-se na Figura 1, que 56,48% (74) dos artigos foram de autores originados da regio Sudeste, dos quais 35,87% (47 artigos) so originados do estado de So Paulo. Em seguida, tem-se a regio Sul, como segundo local de origem dos autores dos artigos, com 23,66% dos artigos. Percebe-se assim, que existe uma confluncia entre a origem das publicaes e os locais de publicaes. Para alguns autores, como Borgatti e Foster (2003), Carvalho (2005) e Bortollossi e Sampaio (2012), tal configurao das produes acadmicas em redes originadas no Sudeste e no Sul do pas, pode estar relacionada, tanto ao nmero de formao de redes nessas regies, quanto tradio cientfica.

    Figura 1 - Origem (universidade vinculada) do primeiro autor Fonte: Dados da pesquisa.

    Corroborando tais proposies, a tabela 3 mostra um panorama da quantidade de redes no Brasil por regio. Vale mencionar que no h um controle dos dados e informaes sobre redes no Brasil, de modo que a opo por considerar apenas 4 tipos de redes (Cooperativas, Associaes, APLs e Franchisings) deu-se por falta de dados consistentes nas principais fontes de informaes como: relatrios institucionais, pesquisas e sites organizacionais e governamentais.

    Assim, analisando a tabela 3, verifica-se que a regio sudeste a maior em nmero de redes, com 43,73% (133.187) das redes do Brasil, seguido da regio Nordeste (22,67%) e Sul (21,16%). Segundo o IBGE (2012), a distribuio das redes no Brasil, comumente, acompanha a

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    distribuio da populao por nmero de habitantes com as mesmas propores, visto que na regio sudeste concentram-se 42,1% da populao Brasileira e na regio Nordeste concentram-se 27,8% da populao.

    Tabela 3 - Nmero de cooperativas, APLs e Franchising por regio do Brasil (nmeros aproximados) Regio CooperativasI % AssociaesII % APLsIII % FranchisingIV % Sudeste 2.652 36,5% 128.619 44,2% 201 21% 1715 70,7% Nordeste 1.889 26% 66.529 22,9% 430 45% 187 7,7% Sul 1.294 17,8% 62.633 21,5 86 9% 410 16,9% Norte 783 10,8% 14.128 4,9% 192 20% 20 0,8% Centro-Oeste 643 8,9% 18.783 6,5% 48 5% 94 3,9% TOTAL 7.261 100% 290.692 100% 957 100% 2.426 100%

    Fonte: I OCB (2010); II IBGE (2012); III MDIC (2011); IV ABF (2012). Ainda, a regio Sudeste do Brasil apresenta a maior produo acadmica sobre redes, a

    maior populao e maior quantidade de redes do pas, com nfase no estado de So Paulo, e dessa evidenciao emergem trs questes que podem ser discutidas partindo-se desses dados apresentados: nvel educacional, nmeros de habitantes e maturidade empresarial. Isso porque, diversos autores, tais como Courlet (1993), Carvalho (2005) e Souza (2012) levantam proposies que identificam a formao de alianas, parcerias e redes como um fator relacionado a um alto nvel educacional e uma alta maturidade empresarial de uma populao.

    Compreende-se ainda, a partir dessas proposies tericas levantadas e dos resultados encontrados, que a formao de redes interempresariais possui fatores em sua constituio primitiva dentro da seguinte diagramao (Figura 2):

    Figura 2 - Fatores da formao de redes interempresariais Analisando a Figura 2, compreende-se que devido a uma tradio cientfica local, passa a

    coexistir um aumento do nvel educacional (LUCKESI et al., 2010), e paralelamente, um alto nmero de habitantes (significando tambm um alto nmero de empresas) impele necessidade de alianas e parcerias sendo este o ponto crucial para a formao de redes (COURLET, 1993; PORTER, 1998). Por sua vez, alto nvel educacional atrela-se maturidade empresarial (SOUZA,

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    2012) e, somado necessidade de parcerias, permite uma viso estratgica, que tem como resultado a formao de redes, o que chama a ateno de pesquisadores para o desenvolvimento de estudos sobre este tema, visto que a coexistncia de um alto nvel educacional promove alta produo cientfica, e em geral, est em consonncia com as problemticas mais comuns e contemporneas (LUCKESI et al., 2010).

    Ainda, autores como Courlet (1993), Porter (1998) e Carvalho (2005), assumem que formao de redes relaciona-se com a maturidade empresarial dos indivduos, interferindo diretamente na capacidade produtiva e intelectual dentro das organizaes, de forma que os indivduos passam a ter uma viso estratgica, buscando a cooperao como uma estratgia competitiva.

    Assim, a relao entre a maturidade empresarial, o nvel educacional, a tradio cientfica e o nmero de habitantes em uma regio, podem ser as justificativas mais consistentes, para que as regies Sudeste e Sul do Brasil sejam as grandes propulsoras na formao de redes e o ponto de origem para as produes acadmicas sobre o tema. 4.3 Caractersticas da produo acadmica e informaes disponibilizadas no mercado

    Complemento s anlises realizadas anteriormente, v-se que a produo acadmica em redes apresenta informaes que podem corroborar e ampliar algumas concepes sobre a rea no Brasil. Isso porque, comumente, caractersticas das produes cientficas tm acompanhado dinmicas da realidade concernente a essas produes, como evidenciam alguns autores, como Rossoni, Hocayen-da-Silva e Ferreira Jr. (2008) e Brunelli et al. (2010).

    Uma questo relevante de anlise mostrou ser a abordagem das produes acadmicas. Na figura 3, observa-se, que a produo acadmica em redes interempresariais concentrou-se na utilizao de abordagens qualitativas, com 62,60% da produo acadmica e apenas 23,66% de abordagens quantitativas. Com efeito, isso se d face abrangncia do tema e do grande nmero de redes estratgicas no Brasil, como visto na tabela 3.

    Nesse sentido, o grande nmero de redes no Brasil um fator que vem a exigir muito tempo de pesquisas, dificultando a realizao de pesquisas quantitativas, bem como, a necessidade de financiamento, fazendo com que pesquisas qualitativas ganhem espao nos estudos relacionados a temas amplos, como afirma Malhotra (2011), sobre as dificuldades na escolha das abordagens de pesquisa. Tambm, as pesquisas Quali-Quanti, em geral, acompanham a proposio de Malhotra (2011), pois so produes que tiveram uma abordagem qualitativa para

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    desenvolver premissas e hipteses sobre um tema e em seguida tiveram uma abordagem quantitativa para descrever os fenmenos no ambiente estudado.

    Figura 3 - Abordagens da produo acadmica Fonte: Dados da pesquisa.

    Outro fator relevante que corrobora a predominncias de produes acadmicas com abordagens qualitativas a falta de dados especficos, tanto scio-demogrficos e econmico-financeiros, quanto dados organizacionais das prprias redes interempresariais. Dentre os 12 sites de redes investigados na Web, procurou-se investigar os tipos de dados que eram fornecidos. Na tabela 4, possvel visualizar os tipos de dados encontrados nos sites investigados.

    Tabela 4 - Tipos de dados encontrados nos sites das redes Tipos de dados Frequncia de Sites Porcentagem Dados qualitativos 12 100% Dados quantitativos 5 41,66% Dados de pesquisas prprias 3 25% Dados secundrios ou documentos 10 83,33% Dados scio-demogrficos 9 75% Dados econmico-financeiros 3 25% Dados organizacionais 1 8,33%

    Fonte: Dados da pesquisa. O que se verifica que apenas 5 sites forneciam dados quantitativos, e que desses dados,

    sua maioria eram dados scio-demogrficos setoriais, evidenciados em 9 sites. Tambm, percebe-se que apenas 3 sites possuam dados de pesquisa prprias e apenas 1 site possua dados organizacionais. Isso mostra que em termos de dados relevantes para pesquisas acadmicas, a rea das redes interempresariais no Brasil est em defasagem.

    Ainda, a identificao do carter de pesquisa das produes acadmicas mostra como a coleta dos dados e o tratamento dos dados das pesquisas realizadas sobre redes interempresariais tm sido conduzidos, complementando as evidenciaes sobre as abordagens de pesquisa. Isso porque, a maior parte da produo acadmica sobre redes interempresariais tem carter

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    exploratrio, com 58% dos artigos (76 artigos) (figura 4). A pesquisa exploratria, segundo Malhotra (2011), tem o intuito proporcionar maior visualizao do problema, para torn-lo explcito e para a construo de hipteses. Esse tipo de pesquisa, em geral, traz resultados que no podem ser generalizados, embora bastante flexvel, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliogrfica ou levantamento de dados qualitativos, ainda segundo o autor.

    Figura 4 - Carter de pesquisa Fonte: Dados da pesquisa.

    Compreende-se que a produo acadmica em redes interempresariais est em constante busca de explicitao, concretizao e ampliao de resultados. Portanto, essa evidncia paradoxal realidade, pois, como afirma Lopes e Carvalho (2012), o mbito das redes est consolidado no Brasil, em termos mercadolgicos e de inovao; o que Carvalho (2009) aponta como uma tendncia das empresas brasileiras. No entanto, a grande quantidade de estudos qualitativos e exploratrios, bem como, a falta de dados relevantes sobre a rea dentro do mercado, aponta para outro quadro.

    Assim, buscou-se verificar o que os artigos analisados tinham como ponto investigativo: A) O ambiente organizacional de uma ou mais empresas em rede ou dentro de uma rede; B) O ambiente interno de uma rede ou de mais de uma rede; e, C) O mercado externo relacionado a uma rede ou mais de uma rede.

    Com isso, pde-se compreender a dimenso dos estudos, baseando nas propostas de Malhotra (2011). Um estudo em um ambiente organizacional in loco (ponto A), comumente, tem como objetivos conhecer e compreender os processos de gesto que sofrem impacto da rede em que a empresa est inserida.

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    Por sua vez, um estudo em um ambiente interno tambm in loco , de uma rede (ponto B), em geral, visa compreender relaes significativas dentro da dinmica da cooperao. E, um estudo sobre o mercado externo relacionado a uma rede (ponto C), comumente, no necessita de visitas ou estudos in loco, pois expe questes amplas e globais, tais como dados scio-demogrficos e econmicos setoriais.

    Na figura 5 visualiza-se que a produo acadmica circundou em sua maioria em pesquisas sobre o mercado externo relacionado a uma rede. Pode-se acrescentar que muitos desses estudos so puramente tericos, em que, tinha apenas uma rede como foco do estudo.

    Figura 5 - Ambiente estudado pelos artigos analisados Fonte: Dados da pesquisa.

    Tambm, em relao ao tipo de rede em foco, o que teve maior concentrao nos artigos investigados foram as redes sociais (figura 6). Redes sociais, segundo Grandori e Soda (1995), so as que possuem relaes e mecanismos de cooperao sem acordos formais ou contratos. Tais relaes, em geral, visam o compartilhamento de informaes e contribuies de valor intangvel.

    O que pde ser evidenciado que os estudos que abordaram as redes sociais, levantam questes voltadas para redes de contatos entre empresrios, entre pesquisadores ou entre estudantes e pouco abordam questes de fato organizacionais. Isso porque, de acordo com Brown, Broderick e Lee (2007), tem havido uma crescente tendncia nos ltimos anos em torno das redes sociais on-line, devido globalizao e expanso da internet no mundo, estreitando laos entre indivduos de locais diferentes, com o propsito de compartilhamento de informaes e recursos, vias ampliao do conhecimento um determinante ativo intangvel.

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    Figura 6 - Tipo de rede em foco Fonte: Dados da pesquisa.

    Sobre o nmero de estudos voltados para das redes varejistas, o segundo tipo de rede em maior foco envolvendo 13,74% da produo acadmica em redes , percebe-se que ocorre devido o setor varejista ser o maior setor de redes do Brasil. Pois, apesar da no existncia de dados especficos e relevantes sobre a quantidade de redes varejistas no Brasil, segundo o IBGE (2012), no ano de 2006, 84% de cerca de 1,5 bilho de empresas no Brasil, estava dentro do setor varejista, sendo responsvel por 42% do faturamento do comrcio brasileiro, o que pode justificar a sobreposio deste tipo de rede em relao aos outros tipos.

    Por fim, buscou-se analisar os principais autores referenciados na produo acadmica nacional sobre redes interempresariais (tabela 4). Verifica-se que os principais autores referenciados so estrangeiros, dentre os quais Granovetter, M. o mais referenciado, sendo encontrado em 41 artigos. Em sequncia tem-se Gulati, R.; Williamson, O. E.; Burt, R. S.; e, Porter, M. como os mais referenciados. Esses autores, comumente, levantam questes estratgicas no que concerne ao norteamento de estratgias cooperao, demonstrando e incentivando a formaes de redes a partir dos fatores de relevncia, potencial de ganhos organizacionais, inovao integrada e consolidao (e.g., PORTER, 1998; GULATI, 1999).

    Tabela 4 - Autores mais encontrados nas referncias dos artigos AUTORES REFERNCIAS GRANOVETTER, M. 41 GULATI, R. 29 WILLIAMSON, O. E. 25 BURT, R. S. 24 PORTER, M. 21 POWELL, W. W. 19 AMATO NETO, J. 18 COLEMAN, J. S. 16 FREEMAN, L. C. 14

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    CASAROTTO FILHO, N. E. & PIRES, L. H. 14 VERSCHOORE, J. R. & BALESTRIN, A. 13 GRANDORI, A. & SODA, G. 12 BORGATTI, S. 12 FLEURY A. C. C. & FLEURY, M. T. L. 10 NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. 10

    Fonte: Dados da pesquisa. Nota: Conta-se em quantos artigos o autor ou autores aparecem nas referncias, no contando mais de uma referncia

    no mesmo artigo ou referncias diferentes, relevando-se o nome do autor. Dos autores nacionais, apenas 4 deles podem ser encontrados entre as 15 referncias mais

    encontradas na produo acadmica nacional sobre redes interempresariais (tabela 4): Amato Neto, J.; Casarotto Filho, N. E. & Pires, L. H.; Verschoore, J. R. & Balestrin, A.; e, Fleury A. C. C. & Fleury, M. T. L. Esses autores podem ser considerados os balizadores dos principais estudos sobre redes no Brasil, atravs da publicao de artigos e livros na rea, podendo encontra-los tambm dentre muitos dos artigos selecionados para a amostra deste estudo.

    Alm disso, foi evidenciado que grande parte das referncias na produo acadmica nacional sobre redes interempresariais so advindas mais de peridicos do que de livros ou documentos. Isso mostra um cuidado dos pesquisadores brasileiros em desenvolver pesquisas de alto padro acadmico e mostra que esto envolvidos com os estudos recentes sobre as temticas investigadas. Com efeito, a produo acadmica mostra-se relacionada com a atualidade, devido a uma ligao direta com questes do cotidiano empresarial, como forma de acompanhar a dinmica de mercado. 5 CONSIDERAES FINAIS

    Objetivando levantar a produo acadmica sobre redes interempresariais e confrontar com dados da realidade mercadolgica no Brasil, em um panorama entre os anos de 2005 a 2010, encontraram-se resultados profcuos e relevantes para a rea das redes. O que se evidencia uma quantidade de publicaes em redes de interempresariais, que mantm uma proporo direta em compasso quantidade do nmero de redes formadas em cada regio do pas.

    Os resultados que reforam tais proposies mostram que 56,48% dos artigos vieram de autores vinculados a universidades ou faculdades da regio Sudeste e 23,66% dos artigos vieram de autores vinculados a universidades ou faculdades da regio Sul do Brasil. Enquanto, que em relao ao nmero de redes, a regio Sudeste apresenta 43,73% das redes do Brasil e a regio Sul, 21,16% das redes do pas apontando uma proporo consideravelmente relevante.

    Depreende-se que as produes acadmicas tm seguido as realidades locais de mercado, e tem procurado compreender a dinmica dos ambientes empresariais e organizacionais, que por sua

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    vez, tem estado em tendncia formao de redes interempresariais, mantendo confluncia entre o crescimento das publicaes acadmicas e uma maior dinmica voltada para redes nas respectivas regies. Desse modo, percebe-se que a grande contribuio na produo acadmica sobre redes interempresariais das regies Sudeste e Sul do Brasil, pode ser compreendida como um aglomerado de 3 fatores explicativos e determinantes na formao de redes interempresariais, j pontuados anteriormente neste estudo, intrnsecos a essas regies: alto nvel educacional, alto nmeros de habitantes e maturidade empresarial dentro das organizaes.

    Ainda, evidenciou-se que h um decesso de dados quantitativos sobre as redes, devido ao foco das pesquisas aterem-se a abordagens qualitativas e exploratrias, e tambm, devido falta de bancos de dados por parte das prprias redes e de seus rgos gerenciadores, bem como, uma no padronizao de seus dados e informaes. Resulta, ento, que os pesquisadores nacionais em redes interempresariais no possuem acesso a dados e indicadores reais de crescimento, desenvolvimento, ganho monetrio, quantidade de redes, dentre outras informaes que podem ser utilizadas tanto por pesquisadores e estudantes, quanto por empresrios e gestores. Assim, apesar das caractersticas das produes acadmicas estarem seguindo as tendncias do mercado, tambm, tem se limitando ao ponto que as informaes sobre as redes tm se tornadas escassas.

    Outro ponto assume que a produo acadmica vem focando-se em vises estratgicas e questes consolidadas sobre o mbito das redes, o que, no entanto, se mostra contrrio ao que de fato alguns autores vm evidenciando, como Souza (2012). Segundo o autor, os ambientes de mercado, especialmente, no que concerne s micro e pequenas empresas, no tm tido posturas estratgicas e no tm visto a cooperao como uma vantagem competitiva consolidada.

    Isso no fragiliza os resultados aqui levantados, e sim, pontua que ainda h espao para explorao na literatura sobre redes, pois, comumente as produes acadmicas tm se estabelecido em investigaes sobre redes que tem dado certo e que tem resultado em um compndio de conhecimentos relevantes para o desenvolvimento de estudos nesse mbito. A isso, este artigo procura incentivar que novos estudos passem a investigar tambm redes que no tem dado certo em termos mercadolgicos e de cooperao, evidenciando problemticas e falhas na gesto das redes ou nos mecanismos de integrao e cooperao.

    Por sua vez, este artigo se limita medida que outros fatores poderiam ser acrescidos s anlises, como forma de corroborar os resultados encontrados. No entanto, a falta de dados sobre as redes afetou inclusive as anlises aqui realizadas. Nesse sentido, este artigo avana para os pontos explicativos na formao de redes interempresariais. E submerge algumas questes, como

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    os fatores de nvel educacional e maturidade empresarial, as quais deveriam ser levadas em considerao, tanto no mbito das redes, quanto em outras reas da administrao.

    Por fim, ressalta-se que novas pesquisas sobre redes interempresariais devem se preocupar com a quantificao de variveis preditivas ao sucesso ou fracasso das redes em seus modelos de gerenciamento de redes, visando buscar inferncias mais concretas atravs de dados quantitativos, que possam consolidar ainda mais a rea. REFERNCIAS ABF Associao Brasileira de Franchising. Sobre o setor. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 10 Abr. 2013. ACHROL, R. S. Changes in the theory of inter-organizational relations: toward a network paradigm. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 25, n. 1, p. 56-71, 1997. BARROS, A. A.; PEREIRA, C. M. M. A. Empreendedorismo e crescimento econmico: uma anlise emprica. RAC - Revista de Administrao Contempornea, v. 12, n. 4, p. 945-993, 2008. BORGATTI, S. P.; FOSTER, P. C. The network paradigm in organizational research: a review and typology. Journal of Management, v. 29, n. 6, p. 991-1013, 2003. BORTOLLOSSI, L. N.; SAMPAIO, M. A produo acadmica publicada na revista Gesto & Produo de 1999 a 2010: tendncias e direes para pesquisas futuras. Gesto & Produo, v. 19, n. 1, p. 189-201, 2012. BROWN, J.; BRODERICK, A. J.; LEE, N. Word of mouth communication within online communities: conceptualizing the online social network. Journal of Interactive Marketing, v. 21, n. 3, p. 2-20, 2007. BRUNELLI, M. de Q.; MACEDO-SOARES, T. D. L. v. A. de.; ZOUAIN, D. M.; BORGES, A. P. Scientific research in tourism: review of the literature from 2005 to 2009. Revista de Administrao Pblica, v. 44, n. 5, p. 1225-1240, 2010. CARVALHO, M. M. de. Relaes entre empresas, competncias coletivas e tipos de governanas em clusters de alta tecnologia do estado de So Paulo. In: AMATO NETO, J. (Org.). Redes entre organizaes: domnio do conhecimento e da eficcia operacional (p. 39-53). So Paulo/SP: Atlas, 2005. ______. Inovao: estratgias e comunidades de conhecimento. So Paulo: Atlas, 2009. COURLET, C. Novas dinmicas de desenvolvimento e sistemas industriais localizados. Ensaios FEE, v. 14, n. 1, p. 9-25, 1993. DANTAS, E.; BELL, M. The co-evolution of firm-centered knowledge networks and capabilities in late industrializing countries: the case of Petrobras in the offshore oil innovation system in Brazil. World Development, v. 39, n. 9, p. 1570-1591, 2011. EIRIZ, V. Redes de conhecimento: estudo de um caso sobre relao universidade-empresa. RAC - Revista de Administrao Contempornea, v. 1, n. 2, art. 11, p. 172-186, 2007. GIGLIO, E. M.; RYNGELBLUM, A. L. Uma anlise do desenvolvimento dos estudos de estratgia no ramo imobilirio a partir das influncias mais recentes dos stakeholders. Revista de Cincias da Administrao, v. 12, n. 27, p. 86-117, 2010. GIL, A. C. Mtodos e tcnicas de pesquisa social. 6. ed. So Paulo/SP: Atlas, 2012. GRANDORI, A.; SODA, G. Inter-firm network: antecedents, mechanisms and forms. Organization Studies, v. 16, n. 2, p. 183-214, 1995. GULATI, R. Network location and learning: the influence of network resources and firms capabilities on alliances formation. Strategic Management Journal, v. 20, p. 397-420, 1999. HAGEDOORN, J. Understand the rationale of strategic technology partnering: interorganizational modes of cooperation and sectorial differences. Strategic Management Journal, v. 14, p. 371-385, 1993.

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