o olhar do observador analise de texto

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O OLHAR DO OBSERVADOR: investigação, teoria e prática _________________________________________ ABIGAIL HOUSEN

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Page 1: O olhar do observador   analise de texto

O OLHAR DO OBSERVADOR: investigação, teoria e prática_________________________________________

ABIGAIL HOUSEN

Page 2: O olhar do observador   analise de texto

ABIGAIL HOUSEN(Psicóloga cognitiva e investigadora na Harvard Graduate School of Education)

- fez uma revisão da TEORIA de PARSONS (formulou a sua teoria dos estádios estéticos):

- entrevista não directiva (apelando ao fluxo da consciência dos entrevistados, de modo a extrair os seus pensamentos e os seus sentimentos sobre a obra de arte):

- duração de 10 a 20 minutos,- perguntas abertas (“o que vê neste quadro?”),- diminuição da intervenção ao longo da entrevista.

ANALISADO e CATEGORIZADO

ESTÁDIOManual de Codificação do Desenvolvimento Estético

(determinado pela quantidade de respostas dadas correspondentes a cada um dos estádios)

Page 3: O olhar do observador   analise de texto

Estádios do Desenvolvimento Estético ________________________________

- cinco estádios em que cada um deles representa diferentes maneiras de interpretar uma obra de arte:

Estádio I – Observadores NarrativosOs observadores são contadores de histórias, fazem observações e associações pessoais de modo a criarem uma narrativa em torno da obra de arte. Os seus julgamentos acerca das obras são baseados no que sabem e no que gostam. As emoções estão presentes na narrativa que constroem sobre a obra, acabando por fazer parte dela.

Estádio II – Observadores ConstrutivosOs observadores estabelecem um marco de referência que enquadra a sua maneira de ver a obra de arte, utilizando o seu próprio conhecimento sobre o mundo e a sua tradição moral e social. Se a obra de arte não se parecer com o que “seria suposto” é entendida como “estranha” ou sem valor. Por outras palavras, o seu sentido de realismo é muitas vezes usado como um padrão para determinar o valor da arte. As emoções começam a colocar-se em segundo plano, distanciando-se da obra de arte de modo a desenvolver o interesse pelas intenções do artista.

Page 4: O olhar do observador   analise de texto

Fase de transiçãoO modo de aproximação ao estádio III varia e divide-se em dois subestádios.

Transição II/III Transição II/IV

Esta transição caracteriza-se por se começarem a desenvolver as bases para descodificar a estrutura dos modelos (estéticos, estilísticos,...) contidos numa obra de arte. Esta pode ser de tipo histórico (nomes de escolas de arte), ou propriedades formais (forma, cor, linhas, técnicas) sendo estes os significados com os quais o observador classifica, cataloga, realiza comparações, utiliza evidências e tira conclusões. Estas estratégias permitem no terceiro estádio realizar a actividade analítica. Para se dar a transição definitiva para o estágio seguinte é necessário o desenvolvimento de capacidades analíticas, habilidades críticas e um marco de referência para análise.

Um sujeito que tenha muito pouca experiência no que respeita à arte tende a inventar as suas próprias distinções. Sabem descodificar símbolos mas não têm um marco de referência estética no qual basear a sua análise. Este marco de referência adquire-se mediante a formação ou a experiência. Noutros aspectos mostram um bom conhecimento técnico e formal, mas carecem de estratégias críticas ou analíticas. Em todo o caso, os espectadores deste grupo não podem assimilar as distinções necessárias para uma análise formal de uma obra de arte.

Page 5: O olhar do observador   analise de texto

Estádio 3 – Observadores ClassificadoresOs observadores neste estádio adoptam uma estratégia analítica e crítica que é comum encontrarmos entre os historiadores de arte. Querem identificar a obra em relação a um lugar, escola, estilo, tempo e origem. Descodificaram a aparência da obra a partir de uma série de indícios utilizando para isso factos e figuras, categorizam o trabalho, e, através disso, explicam e racionalizam o significado da obra de arte.

Estádio 4 – Observadores Interpretativos Os observadores deste estádio procuram um encontro pessoal com a obra de arte. Exploram a obra de arte em busca de significados, tratando de apreciar as subtilezas da linha, da forma, da cor. As habilidades críticas dos observadores precedem os seus sentimentos, permitindo que os símbolos e os sentidos da obra de arte surjam. Cada novo encontro com a obra de arte proporciona uma nova experiência e um novo “insight” aos observadores, reconhecendo que cada novo encontro com a obra sujeita-a a mudanças na sua identidade e valor, permitindo-lhe fazer novas comparações, apreciações e experiências.

Estádio 5 – Observadores Re-criativosOs observadores neste estádio têm uma longa história e tradição de ver e reflectir sobre obras de arte. Uma obra de arte é, por assim dizer, como “um velho amigo” ao qual se conhece íntimamente, mas que por vezes nos reserva surpresas, necessitando que lhe prestemos a devida atenção. O observador, conhecedor profundo que é da obra, traça uma história própria que combina tanto uma contemplação pessoal sobre a obra como a sua adequação a problemas e conceitos mais universais. A sua memória cria uma imagem da obra de arte na qual se combina o pessoal e o universal.

Page 6: O olhar do observador   analise de texto

...algumas conclusões:

- todos os estádios são igualmente importantes e obedecem a uma sequência em que o indivíduo progride;

- cada estádio representa um determinado nível de desempenho das habilidades estéticas acumuladas por cada observador;

- os observadores menos experientes não estão menos aptos a olhar para uma obra de arte, apenas têm um repertório menor de estratégias para as entender e avaliar;

- o desenvolvimento estético e a transição entre os diferentes estádios estão relacionados com a idade, mas não implica necessariamente que o adulto esteja num estádio superior ao da criança simplesmente por causa da idade;

- o contacto com a arte ao longo da vida é a chave para o desenvolvimento, pois sem ele o desenvolvimento estético dos indivíduos não acontece;

Esta teoria coloca ênfase nas estratégias de compreensão dos indivíduos ante as obras de arte, constituindo-se como ponto de referência para investigações posteriores e para o trabalho dos professores.