o neto de nanà _ osair manassan

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  • 7/23/2019 O NETO DE NAN _ Osair Manassan

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    O NETO DE NAN

    Conto

    UM

    Nasci com todas as prerrogativas para dar errado na vida.Todos, no, alguns adquiri com o tempo. Mas, a princpio, negro, favelado,sem pai conhecido e me umbandista. Depois, j na juventude, semialfabeti!ado, assaltante com ficha policial e"tensa, homosse"ual, #rfo efavelado como antes$ o que mudou um pouco foi a apar%ncia.

    & princpio di!iam que no chegaria ' adolesc%ncia e cheguei para atriste!a geral, menos de minha me, pela f( que eu era filho de )"umar%.*u no tinha pai, mas tinha um ori" como padrasto, que ( filho de )"al eNan. )"umar% representa o feminino e o masculino ao mesmo tempo, daeu achar muito natural a minha homosse"ualidade. *m sua homenagem,minha me colocoume o nome de +artolomeu, que ( sua representaocrist. -uem no me viu passar da adolesc%ncia para a fase adulta, foi aminha me. &ntes de morrer, por causa de uma pneumonia, me deu umcolar de quart!o rosa que ( meu amuleto e desde ento, nunca o tirei dopescoo.

    o!inho, sem ningu(m no mundo, cheguei aos vinte e dois anos deidade, repleto de sa/de e cuspi em todos que achavam que eu nocompletaria a maioridade. 0raas ao tempo, fui dei"ando a feiura para trs

    e torneime um negro de uma bele!a simples, por(m e"#tica, mas comtodos os atributos j citados. 1adado a ser !(ningu(m na vida, eu j meconformara com essa sina. * como tal, cresci, sob o signo da desconfiana,do preconceito, segregado em meio aos membros da mesma comunidade.Tinha que me virar, procurar meu lugar no mundo, contudo no havia lugarpara mim. e ainda me encontrava por aqui, agradeo ao meu pai)"umar%, que me deu ast/cia.

    2omo ( comum, muito cedo descobri a minha homosse"ualidade. #no foi comum a circunst3ncia em que ela se mostrou a mim, como opose"ual. &pesar de procurar viver em harmonia com todos, ningu(m pareciaquerer se harmoni!ar comigo. *, se algu(m me ofendia, tentava me

    segurar, por(m o mais certo ( que eu partisse para a briga. No aceitavadesaforos e como eram em abund3ncia, vivia brigando com a molecada dafavela. Destemido e forte para os meus tre!e anos, jogava capoeira muitobem e quem me ensinou foi o mestre aul, famoso capoeirista que gostavade fa!er trabalhos sociais com as crianas da comunidade.

    2ansados de me insultar e apanhar, tr%s adolescentes, quetrabalhavam para o trfico, surpreenderamme num beco escuro, bateramem minha cabea com algo muito duro, do contrrio eu no cairiadesacordado. &cordei minutos depois e vi minhas mos amarradas comuma corda de sisal, presa a um poste de madeira. *stava nu e dois dosrapa!es seguravam as minhas pernas abertas enquanto o terceiro meestuprava. 1i!eram um rod!io e, ap#s toda essa viol%ncia, me levaram at(um barraco no alto do morro e me dei"aram ali, entre !ombarias e chutes

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    pelo corpo. Todo dolorido, consegui desatar a corda, usando os fortesdentes que a nature!a me deu, improvisei uma roupa com alguns trapos depanos que havia l e cheguei ' minha casa ao amanhecer.

    2ontrariando a inteno dos pequenos marginais, eu havia gostado deter sido comido pelos tr%s. entira pra!er em vrios momentos e, disfarcei.

    ) que no gostara foi da forma covarde que me atacaram. +eijei meuamuleto de quart!o rosa e fui atrs deles. 4m, dei"ei com os dois braosquebrados, outro ficou sem vrios dentes e com as costelas partidas e, oterceiro, fugiu e fiquei sem v%lo por duas semanas. # voltei a encontrlotarde demais 5 tinha sido morto pela polcia. )s outros dois deviamagradecerme, pois o estado em que os dei"ei, foi fundamental para asobrevida de dois ou tr%s anos que tiveram. Nessa (poca eu j reali!avapequenos roubos para garantir uma grana e comprar comida, roupas, t%nise outros itens menos essenciais. 4m dia achei um rev#lver junto a umhomem morto, com quem me deparara por acaso, no mato pr#"imo dobarraco em que morava com a minha me. *"aminei a arma e no havia

    nenhuma bala detonada 5 era o mesmo que di!er que seu inimigo tinhamenos munio agora. 2om esse rev#lver, comecei a praticar meusprimeiros assaltos. &gia so!inho$ primeiro por falta de amigos e, por /ltimo,assim era bem melhor, pois no havia necessidade de discutir tticas deabordagem e conduo do assalto. &s minhas a6es tinham o que sepoderia chamar de 7(tica de conduta8. 9rocurava no amedrontar as vtimase nunca usar de viol%ncia. 2omo j disse, eu gostava de viver em harmoniacom as pessoas.

    9reso tr%s ve!es quando ainda era menor, cumpri minhas 7medidassocioeducativas8 na 1ebem. : adulto, fui pego duas ve!es. 4ma pordelao e outra por acaso. &o todo, pu"ei dois anos de cadeia. *stas pris6esme renderam certo respeito na favela, al(m de convites para a6es comalguns assaltantes da regio, recusados por mim. 9referia continuaraut;nomo. ) pessoal do trfico me ignorava e havia recproca. 9or(m, nodesgrudavam os olhos das minhas a6es 5 penso que imaginavam que eupoderia serlhes /til no futuro. & verdade era que no admitiam iniciativasconcorrentes e, como nunca pretendi entrar para o ramo deles, fui dei"adoem pa!.

    2om o fruto do meu 7trabalho8, consegui transformar o barraco emuma casa com dois pisos e uma laje. 9ossua m#veis de qualidade eeletrodom(sticos sempre atuais. )s filhos de )"umar% so dotados de bom

    gosto e vaidade. No iria, jamais, decepcionar meu pai. arava< Meu quartoera o maior c;modo da casa, abrigava uma cama =ing si!e, banheiroe"clusivo com uma jacu!!i deliciosa. &li era o meu recanto de amor e derepouso.Tive o meu primeiro namorado, s(rio, aos de!esseis anos. *ra um cara doasfalto e ficamos juntos por seis meses at( que o abandonei por causa dosseus ci/mes. 2om a minha boa lbia, conseguia muitos 7ficantes8 e algunsnamoricos e nada havia o que reclamar da minha vida se"ual. ) meusegundo namoro s(rio foi com >;mulo, um mulato belo, dois anos maisvelho e cheio de teso, repleto de sensualidade. 9ela primeira ve! me viapai"onado de tal forma que s# de ouvilo pronunciar o meu nome, sentia

    calafrios na espinha. *le me chamava de +art;. &dorava< *ra t(cnico eminformtica e pretendia fa!er curso superior. *u o apoiava, pois se eu no

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    estudara o suficiente, ele teria essa oportunidade, no que dependesse demim.&mando, feli! da vida e 7trabalhando8 muito, com tudo para dar errado, derepente aconteceu de minha vida dar uma reviravolta total. 4ma mudanato radical quanto inacreditvel. # poderia ter sido obra de )"umar% com a

    ajuda dos meus av#s, )"al e Nan.

    D)?

    No meu ramo de neg#cios, tem sempre um policial querendo umaparte de tudo que consegue com o nosso suor. No meu caso, um safado dadelegacia de 1urtos e >oubos estava sempre no p(. 4m agente compretens6es a delegado e para isso estudava direito numa faculdadeparticular. Delciocr(cio, esse era o seu nome 5 nada contra o mal gosto deseus pais, mas preferia chamlo de Del. &cho que todos o chamavamassim.

    4m dia estava eu, tranquilo, fa!endo a minha aposta corriqueira namega ena numa lot(rica perto da favela quando ele chegou. 9erguntoucom ironia se eu estava estudando o local para assaltar. ) ignorei,continuando a marcar a minha aposta. *le pegou uma cartela e copiou osmeus n/meros, e"ceto o /ltimo, o @A. )u seja, no confiava nem nasminhas apostas e marcou o BC. amos da loja e ele me chamou at( ocarro. Disse que estava precisando de grana e me deu uma dica. 1oiembora prometendo voltar para pegar o 7seu dinheiro8.

    *ra assim que as coisas aconteciam o policial dava a dica, o otrioaqui fa!ia o servio, a vtima dava quei"a na delegacia e ele vinha pegar asua parte. 1ingia investigar e, algumas ve!es, para dar a impresso de quetrabalhava, prendia alguns batedores de carteira. -uando eu agia sem assuas indica6es, aparecia puto da vida e"igindo que lhe entregasse parte dovolume arrecadado. Muitas ve!es nem mesmo fora eu quem praticara oassalto. Mas ele acreditavaE 2laro que no.

    & dica de Del naquele dia era uma barbada. : tnhamos feito antes.9assoume a informao olhando para os lados, como sempre, num ridculojeito conspirat#rio. ) dono de uma rede de mot(is iria fa!er uma retirada de

    du!entos mil reais, em esp(cie, para concreti!ar a compra de uma fa!enda.) infeli! contratara o Del para acompanhlo e fa!er a sua segurana e dodinheiro, #bvio. *le acompanharia o carro do empresrio de moto. ) planoera que eu chegaria, tamb(m de moto, abordaria o homem no sinal pelajanela do carro e partiria com a maleta pelo meio do tr3nsito. ) Del fingiriaatirar, atirando numa direo distante de mim e me perseguiria. *ssa parte,da perseguio, sempre era verdadeira, com evidente receio de no ver asua fatia do bolo.

    No dia seguinte, com o horrio e itinerrio em mente, fui trabalhar.2omo tratado, depois de alguns minutos de espera, vi o carro delatado sairda garagem do banco, seguido pela moto. &bai"ei a viseira do capacete e

    fui atrs, mantendo uma dist3ncia segura, esperando o melhor momento.&gi como sempre, com discrio e firme!a delicada. ) homem assustado

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    ainda olhou para trs, ao me passar a maleta, procurando pelo Del.2oloquei a pasta no colo e acelerei. )uvi o primeiro tiro e o barulho demetal contra metal na placa da moto. 9elo retrovisor deu para ver que eleacelera e estava bem mais perto, apontando o rev#lver. *u estava sobre acalada e senti a moto dar uma rabeada e, sem controle, me estatelei no

    piso. ) filho da puta tinha acertado no pneu. No compreendi a atitudedele, no entendi a pontaria certeira, no percebi onde estava de to longeque fui arremessado pela queda.

    &bri os olhos e l estava ele com a arma apontada para mim enquantorecolhia a maleta. Tirou o capacete e vi que no era o Del. *ra o c/muloealmente, eu nascera e crescera com tudo predeterminado a no darcerto, se ainda vivia, talve! fosse devido a muita sorte e a proteo de)"umar%. Todavia, ele ( o enhor da dualidade, da interao de energias e

    ( quem fa! a vida girar incessantemente. &pegueime a ele, colocando ocristal de quart!o em minha testa, pedi proteo, que iluminasse o meucaminho, onde eu poderia encontrar meios para ter um pouco de pa!, desossego e harmonia. >;mulo ainda no sabia da minha priso. *u desejeique nunca ficasse sabendo, e isso, obviamente no aconteceu, pois o caraque tentar assaltar, o dono de mot(is e comprador de fa!endas, viu aliuma boa oportunidade de promoo gratuita. Girei notcia no :ornalNacional e apareceria em vrios outros, sem contar os da manh seguinte,os impressos.

    ) pior de tudo ( que eu fui entrevistado por um rep#rter do qual eratiete, lindssimo$ o cara era tudo de bom< 1iquei com vergonha dele, quase

    lhe pedi desculpas. No poderiam ter enviado uma daquelas rep#rteres davelha guarda, cheia de maquiagem e plsticasE Tinha que ser logo o meurep#rter preferido, meu gato da telinhaE

    1iquei numa cela com de! outros presos. No final da tarde eramquator!e$ ' noite, do!e. 2ela de delegacia ( assim, alta ta"a de rod!io.&lguns so soltos por habeas corpus, outros so transferidos para presdios,e novos prisioneiros caem nas mos da lei 5 chegam com cara de cachorroque caiu do caminho de mudana. Fogo que anoiteceu meu namorado veiome visitar e chorou, o que no pegou nada bem, mas ningu(m se atreveu ame di!er gracinhas$ acho que ficaram sabendo quem eu era. 9or outro lado,

    isso me dei"ou ainda mais apai"onado. *le ( um cara sensvel e procureitranquili!lo, di!endo que, breve, estaria de volta para tomarmos umbanho na jacu!!i e namorar na nossa gostosa cama. H noite, novo

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    interrogat#rio, desta ve!, oficialmente. )s tiras me apertaram durante tr%shoras, se reve!ando entre si. -ueriam saber de assaltos no praticados pormim e outros que praticara, mas di!ia que no fora eu. *les se deram porvencidos, sem admitir o fato, claro. 9ara compensar a frustrao, me davamtapas e chutes durante todo o tempo. &t( o Del fe! o teatro dele, miservel.

    -uando sair vou dar uma surra no cretino que ele jamais vai esquecer.Por volta das dez da noite, o Del chegou afobado at a cela e me

    arrastou para um canto dizendo: ns ganhamos, !art"# $s ganhamos,

    tamo rico, cara# %ico#&, falava e ria, suava e faltava'lhe a voz(

    ) *ai com calma, fala devagar#((( + u- ue ns ganhamos.((( /ue

    histria essa de ficar rico, pirou geral.

    ) 0ui conferir a minha ega ena e fiz a uina# voc- acertou todos

    os nmeros, !art"# 5amos rico#((( %ico, entendeu.

    ) $6o entendi((( e voc- fez a uina e eu acertei todos os nmeros(((nt6o eu ue fiuei rico# $6o ns

    TRS

    $em preciso dizer ue n6o dormi 7 noite( u ria sozinho no meu

    canto, dava uma baita vontade de gritar, mas tinha ue me conter( $6opodia dar bandeira ali, nauele covil esfomeado( 8gora eu estava rico e

    com um problema srio( + problema eu assimilara bem, faltava pensar

    numa solu96o, porm estar rico& ou ser rico&, eu, milionrio((( ;sso n6o

    dava para assimilar( 8 ficha demoraria a cair, se ca=(

    $s dois fizemos a uina(((& ) le n6o acreditou, claro( Dizia ter certeza

    ue eu marcara o 4= e ?ogara tr-s nmeros acima do meu( sperto, ele( 56o

    esperto ue pediu para ver o bilhete, o meu bilhete# 8chava o neg6o auipassado, otrio( le se engana comigo, vai ver s( 0alei ue o bilhete estava

    na minha casa e, uando ele conseguisse me soltar, verificar

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    agora poderia pagar. * com essa inteno chamei o agente Del. Disse aocarcereiro que o chamasse, pois tinha uma confisso a fa!er, e s# faria aele.

    7?negocivel;mulo, ele estava possudo e, entregritos, "ingamentos e ofensas pessoais, ainda batera nele. 2horoso, disseque no aguentava mais aquela vida, que desejava mudar, etc, etc. 2ommuita calma, que estava longe de sentir, fui tentando dei"lo maistranquilo ) desgraado do Del estava mesmo decidido a ficar com o bilhetepremiado. +om, ele agora teria que suportar as consequ%ncias de suagan3ncia.

    Depois de acalmado, contei a >;mulo o que ele queria, dandolhetapas para abafar suas e"clama6es de espanto e alegria. *ntregueilhe obilhete e disse o que deveria fa!er. Depois que ele foi embora pedi aocarcereiro para falar com o delegado, doutor erm#genes &rruda, umsenhor educado e en(rgico. &quele sim, era um sujeito homem, quemerecia o meu respeito. 1ui levado ' sua presena e disselhe haver algomuito s(rio que ele precisava saber, mas era assunto a ser contado s# paraele. No concordou, temendo que eu lhe fi!esse algo, aproveitando daminha compleio fsica, da minha fora, mesmo algemado. ?nsisti que era

    s(rio o assunto, e ele, no vendo alternativa diante da curiosidadedespertada, mandou o escrivo e carcereiro sarem. 2olocou umasemiautomtica na mo, sobre a mesa, como forma de me intimidar a noter ideias erradas.

    &o ver que estvamos s#s, pu"ei uma folha de papel, pedilhe umacaneta e escrevi, empurrando depois em sua direo. 9egou a folha e leu

    74M M?FO) D* >*&F

    P*-4* &D?M?N?T>&T?G48

    Demorou um pouco na leitura, levantou os olhos sobre os #culos eficou observandome. 9or fim, perguntou

    5 *m troca do qu%E...

    @

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    5 Minha liberdade, o desaparecimento desse flagrante e do processo euma ficha limpa... >ecebe o cheque antes.

    2ontinuou a me olhar sem nada di!er e percebi que analisava asituao. Di!iam que era um sujeito incorruptvel, um culto professoruniversitrio, al(m de delegado. Devia ralar muito.

    5 *u no aceito suborno, +artolomeu. Minha vida ( limpa, minha fichapolicial est cheia de honrarias... &cha que essa vida, que constru commuito suor, muita dignidade e estudos, vale somente um milho de reaisE...

    5 Tem ra!o, doutor... Desculpe pela ofensa. 4m milho equinhentos... 5 1alei em tom conspirat#rio, pois as paredes t%m ouvido eas de delegacia, ouvidos treinados. il%ncio, novamente. Mas breve.

    5 Dois milh6es em cheque administrativo ou, do contrrio, voc% podevoltar pra sela como se essa conversa no tivesse e"istido.5 1echado< Mas tem uma condio o Del est no meu p(, querendo omesmo dinheiro... Tem jeito de mandar ele fa!er um servio longe daquiquando tudo estiver no jeito pra eu dar o foraE

    5 em problemas. Dei"a que eu cuido dele$ mas eu tamb(m tenhouma condio vai prometer voltar pra escola... Milionrio tem que saberescrever bem e ler. eno...

    5 *u prometo.

    5 Dentro de dois dias quero o cheque em minhas mos. 4ma hora datarde. H noite, voc% vai ser levado pra sua casa, livre, sem fichas emilionrio...

    5 2omo sabe dessa hist#ria de milionrio, doutorE

    5 9or que sou delegado.

    & promessa foi cumprida. 2om o bilhete em mos, que lhe deranaquele dia, >;mulo abriu uma conta onde foram depositados mais dequarenta e dois milh6es de reais 5 em n/meros e"atos @Q.QRQ,SQB,AS epediu ao gerente da ag%ncia que no gostaria de ter seu nome divulgado.) delegado sabia do montante e contentouse com menos de cinco porcento. 0ente fina ( outra coisa. No tem a gan3ncia do Del que, a estashoras, deve estar querendo se jogar no Tiet%. *u, que nasci com tudo paradar errado na vida, de ficha limpa e passaporte, estou em um avio, naprimeira classe, com o meu gato querido, em direo ao 2aribe para a

    nossa luademel.& beno, )"umar%, meu pai< & beno, minha av# Nan