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O MUSEU COMO PRODUÇÃO DE SABERES CURITIBA 2009

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O MUSEU COMO PRODUÇÃO DE SABERES

CURITIBA

2009

Regiane Cazubek Pires

O MUSEU COMO PRODUÇÃO DE SABERES

Monografia apresentada ao Curso de Arte Contemporânea – Prática, Teoria e História da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de especialista. Prof.a. Ms. Denise Cristina Wendt

CURITIBA

2009

TERMO DE APROVAÇÃO Regiane Cazubek Pires

O MUSEU COMO PRODUÇÃO DE SABERES

Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do grau de especialista no Curso de Arte Contemporânea – Prática, Teoria e História da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 15 de outubro de 2009.

______________________________________________

Arte Contemporânea – Prática, Teoria e História

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: Profª. Ms Denise Cristina Wendt

Universidade Tuiuti do Paraná

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................... 4

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 5

2 ESPAÇOS MUSEAIS: MEMÓRIA CULTURAL E EDUCAÇÃO ...................... 7

2.1 ESPAÇOS MUSEAIS, FORMAÇÃO DA MEMÓRIA CULTURAL ................... 7

2.2 ESPAÇOS MUSEAIS E EDUCAÇÃO.............................................................. 11

3 MUSEU, UMA BREVE DEFINIÇÃO.................................................................. 17

4 PROJETO “NOSSO MUSEU”.......................................................................... 30

4.1 REALIZAÇÃO DO PROJETO ......................................................................... 31

4.2 LOCAL PARA EXECUÇÃO DO PROJETO .................................................... 31

4.2.1Instituição Casa do Caminho ........................................................................ 31

4.3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO “NOSSO MUSEU” .............................. 32

4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO “NOSSO MUSEU” NA ESCOLA SEGUNDO O ESTUDO MONOGRÁFICO...................................................... 42

5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 49

APÊNDICE 1 – QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DO “NOSSO MUSEU” ............ 52

APÊNDICE 2 – DVD CONTENDO APRESENTAÇÃO VISUAL DO PROJETO “NOSSO MUSEU” ...................................................................... 53

RESUMO

O objetivo desta monografia foi o de pesquisar a relação da instituição museológica como espaço de educação em arte. Na sequencia, estudou-se a definição de memória cultural e o museu como espaço educacional. No qual, se percebeu que para a instituição museológica tornar-se um espaço educativo haveria necessidade de elaboração de propostas pedagógicas por parte de entidades museais e escolas, a fim de, repensar os conteúdos teóricos e as práticas desenvolvidas na aquisição do conhecimento em arte. Em seguida, descreveu-se o projeto “Nosso museu”, que se desenvolveu no Centro de Estudos Integrados Epaminondas Xavier de Barros, na cidade de Almirante Tamandaré, e que apresentava como proposta de educação a utilização do espaço museal no ensino aprendizagem. Concluindo, por meio da experiência realizada na instituição, que museu e escola, podem sim, em parceria promover uma educação eficaz, rica, positiva tanto para educandos como para educadores. Neste sentido, percebeu-se, através do projeto, que tal união para o ensino em arte provoca mudanças nos indivíduos e na sociedade, despertando desta maneira à consciência de preservação da memória e o desenvolvimento da identidade do aluno. E finalizando os estudos, considerou-se a pesquisa monográfica, uma reflexão sobre as práticas pedagógicas museu e escola e asseverou-se que para promover mudanças significativas, far-se-á necessário um trabalho mais aprofundado sobre a questão.

Palavras-chave: Arte, Memória cultural, Ensino de arte, Museu, Transposição didática, Projeto “Nosso museu”.

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico teve a intenção de pesquisar a relação museu/

escola ensino e a possibilidade de trabalharem juntos a educação em arte. Estudou-

se a importância da memória cultural e das exposições artísticas para a educação

em arte. Pesquisou-se teóricos que citam o museu como sujeito mediador do

conteúdo apresentado em espaços expositivos, em relação aos conteúdos

curriculares de sala de aula. E por fim, apresentou-se o Projeto “Nosso Museu”, que

foi realizado na Instituição “Casa do Caminho”.

Tal pesquisa deu continuidade ao projeto iniciado no curso de Licenciatura

em Artes Visuais, onde se estudou o conceito de patrimônio artístico e os

argumentos para sua preservação, o qual se abordou a relação da preservação do

patrimônio com a educação em arte/ museu e a formação do professor, no curso de

Licenciatura em Artes Visuais, enfocando a disciplina Princípios Museológicos e

Conservação de Obras de Artes.

No primeiro capítulo deste estudo, explanou-se de maneira concisa o

conceito de memória e a importância de trabalhar com as exposições depositadas

nos espaços museais na educação, para a formação da memória cultural.

No capítulo dois apresentou-se uma breve definição de memória, que para a

fundamentação teórica do mesmo, houve a necessidade de pesquisar autores como:

Bosi (2001), Le Goff (1996), Kujavski (2005) e Luporini (2000). No mesmo tópico

abordou-se a utilização de exposições de arte na educação, apoiando-se no

conceito de transposição didática de Yves Chevallard. Para o estudo sobre espaços

museais e educação em arte, sustentou-se em teóricos como: Almeida (2009), Freire

(2003-2006-2008), Leite (2005), Leite (2007), Marandino (2007- 2009), Machado

(2005), Meneses (2000), Thistlewood (1997). No capítulo três, estudou-se sobre o

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museu, sua história e importância como espaço educativo no ensino da arte e

alicerçou-se em teóricos como: Almeida (2009), Argolo (2005), Canclini (2000),

Carvalho (2005), Castro (2009), Choay (2006), Corsino (2000), Dal Bó e Machado

(2000), Leite (2005), Martins (2005), Marandino (2007), Machado (2005), Meneses

(2000), Santos (2000), Segall (2001) e Vasconcellos (2006).

Prosseguiu-se no capítulo quatro com uma pesquisa de campo e com

aplicação prática, no qual se descreveu o projeto vivenciado no Centro de Estudos

Integrados Epaminondas Xavier de Barros – “Casa do Caminho” –, situado na

cidade de Almirante Tamandaré. Uma experiência positiva, tanto para os educandos

como para os educadores, que apresentou o museu, sua estrutura, objetos e

profissionais à escola como educação em arte. E concluiu-se o trabalho monográfico

explanando-se sobre o resultado obtido a partir dos referenciais teóricos

pesquisados e o projeto “Nosso museu”, com o intuito de refletir sobre a mediação

museu e escola. Constatando-se, por meio da reflexão, que seria possível as

instituições museológicas e educacionais trabalharem juntas na educação em arte,

promovendo desta maneira, um ensino aprendizagem muito mais eficaz.

Percebendo-se, com isso, que há a necessidade de planejamento do espaço museal

como espaço educacional. De repensar e programar conteúdos escolares, ou seja,

articular propostas pedagógicas que visem à inter-relação, ensino formal e não

formal. Por fim, organizar ações que promovam o desenvolvimento do discente em

sujeito crítico-reflexivo.

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2 ESPAÇOS MUSEAIS: MEMÓRIA CULTURAL E EDUCAÇÃO

Neste capítulo apresenta-se de maneira concisa o conceito de memória e a

importância de trabalhar com as exposições depositadas nos espaços museais na

educação, para a formação da memória cultural.

O valor de utilizar as exposições de arte nas instituições de ensino por meio

de experiências e registros culturais adquiridos no contato com os objetos artísticos

nos espaços museológicos.

E por fim, encerra-se com estudos sobre a teoria de Yves Chevallard –

transposição didática – para compreender como transformar o conhecimento

científico – exposições depositadas em entidades museológica – na sala de aula, a

fim de produzir conteúdos significativos ao ensino-aprendizagem.

2.1 ESPAÇOS MUSEAIS, FORMAÇÃO DA MEMÓRIA CULTURAL

O espaço museológico pode ser um espaço de aprendizagem, aliado ao

sistema educacional, assim, observa-se que a relação museu/ escola desempenha

um papel de suma importância no fortalecimento da preservação da memória

individual e social do ser humano, ambos seriam “espaços de memória”, onde

preservam o passado para entender e participar do presente e onde se estuda o

passado e o presente. Neste primeiro capítulo conceitua-se o termo memória,

conforme o autor:

A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia.(LE GOFF, 1996, p.477, grifo do autor).

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Se, memória é essencial, uma sociedade que a possui seria formada por

indivíduos que são sujeitos ativos e críticos, participantes das transformações e do

desenvolvimento do meio que estão inseridos. Conforme os autores:

Le Goff diz que memória coletiva é não somente uma conquista é também instrumento e um objeto de poder. São as sociedades cuja memória social e, sobretudo oral ou que estão em vias de constituir uma memória coletiva escrita que melhor permitem compreender esta luta pela dominação da recordação e da tradição, esta manifestação da memória. (1994, p. 476).

E Bosi complementa que, a memória permite a relação do corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo, interfere no processo “atual” das representações. Pela memória, o passado não só vem à tona das águas presentes, misturando-se com as percepções imediatas, como também empurra, “desloca” estas últimas, ocupando o espaço todo da consciência. (2001, p.39).

Assim, entende-se que memória seria a condição do ser humano de

conservar resquícios de vivências/ experiências do passado que possuem maior

significação, e que interferem e se inter-relacionam com percepções atuais,

propiciando transformações no meio em que o ser humano está inserido. Neste

contexto, Bosi complementa que “a memória é um cabedal infinito do qual só

registramos um fragmento.” (id., 2001, p. 39). Le Goff descreve que a memória

remete “em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o

homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa

como passadas.” (1996, p. 423). E, Bosi, narra que: “hoje, a função da memória é o

conhecimento do passado que se organiza. Ordena o tempo, localiza

cronologicamente.” (2001, p. 89). Percebe-se que a memória individual se nutre da

relação tempo – passado/ presente –, um espaço de relacionamentos coletivos,

propiciando a construção da identidade do ser humano, promovendo a este uma

maior interação com as práticas sociais, culturais, simbólicas e históricas da

sociedade.

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A memória social ou coletiva nasce da integração das inúmeras memórias

individuais, que para Kujavski (2005), à medida que o individuo se relaciona com a

memória social, ou, coletiva, este se reconhece em seu passado e se identifica com

sua herança cultural.

Diante dos escritos de Le Goff, Bosi, e Kujavski, entende-se que a

identidade do ser humano pode ser transformada projetando o para o futuro.

Percebe-se que tal memória seria um conjunto de símbolos, a qual seria formada

por lembranças sócio-culturais coletivas, relacionando-se com o espaço e o tempo,

apresentando desta maneira, um caráter essencial, determinante para a sociedade.

Em relação à memória coletiva nota-se que, se desenvolve por meio das

representações sociais, discursos orais, fontes documentais, museus, institutos

históricos, que caracterizam certo significado para a formação da identidade do ser

humano.

Quanto à questão de identidade Luporini descreve que “a memória é um

elemento fulcral da identidade, seja individual, seja coletiva, cujo resgate/

determinação se constitui numa das tarefas fundamentais para os indivíduos e para

diferentes sociedades.” (2000, p.212). Para a autora, a identidade está vinculada e

se forma por meio de espaços que estabelecem conexão com a memória. Tais

“lugares de memória”, segundo a escritora, seria um espaço onde se reorganiza,

resgata, revive e traduz por meio do contato com objetos, instrumentos, produções

artístico-culturais, documentos, saberes e fazeres necessários para a construção da

identidade.

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Luporini narra que tais áreas nascem da “aceleração da história, em meio aos

fenômenos do mundo contemporâneo, como a mundialização, a massificação e a

mediatização” e que “é esta ânsia de ir em de busca de suas origens, de sua

identidade que move diferentes atores sociais na recuperação de memórias

particulares.” (id., p.212). Entende-se, desta maneira, que “espaços de memória”

tornam-se importantes à educação, como apoio para o desenvolvimento da memória

individual e coletiva. E que ensinar por meio de exposições de arte nos espaços

museais, parece ser a fonte para o aprimoramento da memória social. Percebe-se

que a partir do instante que o sujeito se identifica desenvolve sua memória

individual, por meio do espaço museal, torna-se um sujeito reflexivo e crítico sobre

seu eu e sobre seu mundo, produzindo desta maneira, mudanças necessárias para

sua evolução e da sociedade. Diante desta questão quando Freire discorre sobre

educação e mudança aborda que “todo amanhã se cria num ontem, através de um

hoje. De modo que o nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no

presente. Temos que saber o que fomos e o que somos para saber o que seremos.”

(2006, p. 11). Porém, cabe frisar que esta atitude somente será possível, através da

educação planejada, onde o indivíduo tenha base para buscar no contato com a arte

em espaços museais, sua auto-afirmação. Segundo o autor, somente através da

democratização da cultura, por meio da alfabetização que o ser humano será

inserido no mundo como sujeito crítico e atuante, construirá sua memória, deixando

de ser um mero objeto, integrando-se a realidade que o circunda e se descobrirá

como parte do todo, “como fazedor deste mundo de cultura”. (id., 2007, p.117 - 118).

Em suma, como descreve Gadotti “a alfabetização não é uma extensão da

possibilidade de ler e escrever para todos, mas possibilitar a todos o acesso ao

mundo poder construí-lo com liberdade”. (2006, p. 163).

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2.2 ESPAÇOS MUSEAIS E EDUCAÇÃO

Se pesquisarmos, nos diversos movimentos que já surgiram da história da

arte, verificamos que a arte acompanha o homem e sua história, consequentemente,

observamos que reflete normalmente o contexto social de cada época. Partindo da

premissa de que arte pode ser compreendida como memória cultural, o estudo de

obras artísticas, seria um potencial referencial aos acontecimentos sociais, políticos

e econômicos de cada época.

Diante desta questão, Freire escreve que “não há educação fora das

sociedades humanas e não há homens isolados. (2006, p.61). O autor descreve que

ler o mundo procede a ler palavras, que a vida e a educação estão entrelaçadas,

envolvidas no desenvolvimento do aluno crítico. (id., 2008, p.11). Se apropriar da

arte como uma ferramenta didática proporciona ao sistema de ensino, exemplos

concretos, que associados ao conteúdo curricular, podem propiciar o

desenvolvimento do conhecimento cultural do aluno, fazendo com que este aprenda

através de modelos significativos e práticos e torne-se um sujeito crítico, autônomo e

atuante na sociedade que está inserido. Como aponta Freire (2006), quanto mais o

sujeito for levado à reflexão sobre sua situação no mundo, mais desenvolverá sua

consciência e envolver-se-á com a realidade que o cerca.

Neste pensamento Meneses complementa que:

educar é promover autonomia do ser consciente que somos – capazes de proceder escolhas, hierarquizar alternativas, formular e guiar-se por valores e critérios éticos, definir conveniências múltiplas e seus efeitos, reconhecer erros e insuficiências, propor e repropor direções. (2000, p. 94).

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Percebe-se que o ensino em arte, por meio de uma educação em museus,

seria a base para o entendimento da cultura atual. O contato com a obra produziria

significados que poderiam ser interpretados e assimilados pelos indivíduos para

compreensão e interferência no mundo que os cerca. Desta maneira, inserir

conteúdos sobre arte na educação seria refletir sobre trabalhos que envolvem

diferentes linguagens e diferentes materiais fugindo aos ditos “padrões estéticos”

habituais que até então conceituavam o termo arte. Seria reflexionar sobre em como

a educação e o museu poderiam articular a idéia da arte muitas vezes tão efêmera,

tão conceitual.

Neste sentido, Leite complementa que “o que vigora hoje, na arte não é

apenas o conhecimento sensível ou mesmo a beleza – é a inteireza, a significação.

É um campo privilegiado da experiência estética.” (2005, p.23). Percebe-se que para

a autora a obra de arte propiciaria ao educando não uma experiência estética que

envolva o belo, mas sim, experiências visuais, conceitos e idéias, capazes de moldar

o conhecimento anterior, reconstruir novos significados, compreender, ampliar e

transmitir o conhecimento apreendido a outros discentes, a sociedade.

No entanto, Machado argumenta que:

a educação estética de uma pessoa só acontece ao longo do tempo, a partir do momento em que ela toma gosto por dialogar com obras, assistir a filmes, ouvir a músicas, ler sobre arte, história, cultura, ver imagens, assistir a espetáculos de dança e teatro – por experimentar, enfim, as diversas possibilidades de cultura. (2005, p.113).

Verifica-se que o educando aprimora o senso estético somente pelo contato

frequente com a obra de arte. Neste caso, não seria um único “passeio” ao museu

que poderia despertar no discente o gosto pela arte, e sim, como aponta a autora,

algumas ações educacionais que possibilitariam este desenvolvimento.

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Quanto à assimilação do conhecimento, Freire diz que “o educando aprende na

medida em que apreende o objeto que a educadora lhe está ensinando”. (2003, p.

123). Em suas considerações, se reflete sobre encontros de arte na escola que

envolva o saber e a prática, associadas às visitas a instituições museológicas, a fim

de, complementar o conhecimento sobre arte. Tais práticas podem possibilitar uma

relação ensino/ aprendizagem efetiva, promover habilidades intelecto-criativas e

permitir ao discente autonomia no processo de aquisição do conhecimento,

independência de pensamento e a formação de sua identidade individual e social.

Em face disso, Freire complementa que “toda informação traz em si a possibilidade

de seu alongamento em formação, desde que os conteúdos constituintes da

informação sejam assenhoreados pelos informados e não por ele engolidos ou a ele

simplesmente justapostos.” (2003, p. 136, grifo do autor).

E a partir deste entendimento, Thistlewood considera que o contato com a

arte oportuniza a formação de novos conceitos na vida do ser humano “dando-lhes

forma, tangibilidade e uma força memorável.” Segundo o autor, tal experiência

conduz o individuo a reavaliação de si mesmo em “relação ao passado, presente e

futuro, e simbolizam suas emoções e crenças ao fixá-las em formas concretas.”

(2008, p. 125).

A partir destes estudos, percebe-se que o desenvolvimento do

conhecimento, da educação se dá pela mediação do sujeito com o meio. Portanto,

em contato com as idéias de Freire e de Thistlewood, compreende-se que o

encontro com obras de arte, a mediação, propicia a complementação de uma

educação que transforma o ser humano num sujeito ativo, reflexivo, e crítico, que se

auto-analisa, investiga e indaga o seu dia-a-dia.

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O que complementa Meneses, quando descreve sobre a educação baseada

na formação crítica que seria:

a capacidade crítica de separar, distinguir, circunscrever, levantar diferenças e avaliá-las, situar e articular os inúmeros fenômenos que se entrelaçam na complexidade da vida de todos os dias e nas transformações mais profundas de tempo rápido ou lento” (2000 p. 94 - 95).

Verifica-se pelas palavras da autora, que à escola, como instituição social,

cabe-lhe o papel de gerar situações que envolvam propostas pedagógicas de

aprendizagens que provoquem mudanças na vida do educando, o transformando em

indivíduo crítico. Porém, como promover um encontro de arte que vise à integração

do conteúdo curricular à experiência concreta?

Observa-se que, uma das primeiras atitudes para tal indagação, poderia ser

a estruturação de propostas pedagógicas, onde instituições escolares e

museológicas se transformem em espaços que se complementam para aprimorar a

educação em arte.

Numa linha similar de pensamento Almeida argumenta que:

planejar é um ato de respeito, acima de qualquer coisa. Quando se planejam políticas e ações para uma escola ou para um sistema de ensino, tem-se a esperança de que o respeito por aquele que será o beneficiário do planejamento seja preservado com muito cuidado, resultando, como consequência, em algo muito bem edificado. (2007, p.16).

Desta forma, museus de arte, quando bem empregados pela escola para

promover a educação, constituem-se em uma alternativa bastante promissora para

aprendizagem que vise à formação crítica. Verifica-se que obras de arte podem ser

utilizadas para o desenvolvimento do conhecimento do educando, como

instrumentos, ferramentas, a fim de, desenvolver mudanças significativas no ensino-

aprendizagem.

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O que se entende por “transposição didática” conforme Yves Chevallard seria

quando determinado conhecimento sofre alterações imprescindíveis – no campo da

didática – para que um objeto do saber museal transforme-se num objeto do saber

dos educandos, por meio do saber do professor. (ALMEIDA, 2007, p.43, grifo do

autor).

Diante de tais pensamentos, percebe-se a importância, por parte de museus

e instituições de ensino, de elaborarem propostas educacionais que visem à

integração das exposições às práticas pedagógicas.

Marandino complementa que:

dessa forma, para Chevallard, os conteúdos de saber designados como aqueles a ensinar são verdadeiras criações didáticas, suscitadas pelas necessidades do ensino. Esse trabalho de transformação de um objeto de saber em um objeto de ensino é o que ele chama de transposição didática. (2007, p.6)

Almeida (2007), completa que para Chevallard tais conteúdos não possuem

diferenças conceituais, mas sim textuais, cabendo a estes passarem pela didática

para transformarem-se em objeto de aprendizado. Como descreve o autor, para o

teórico francês Chevallard existem diferenças entre o conhecimento que está nos

museus, o qual chama de “saber científico”, do que aquele que está presente nos

espaços educativos, o qual denomina de “saber a ensinar”, devendo neste sentido,

transpor pela didática, adaptações necessárias para que ocorra o processo de

aprendizagem, “saber ensinado”. Marandino quando apresenta a teoria de

Chevallard cita que,

para fins de aprendizagem, modifica-se o saber, e isso pode ser feito de uma forma simplista de transposição didática – suprimindo a dificuldade quando ela aparece – ou através de uma reorganização do saber, de uma verdadeira refundação dos conjuntos de conteúdos. (2007, p.5).

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Entretanto, Leite (2007) assevera que para Chevallard a aprendizagem

torna-se inviável quando o aluno não se reconhece, ou não se identifica com o

objeto de ensino pelos saberes que domina. Percebe-se pela autora, que por meio

do pensamento de Chevallard, o desenvolvimento do conhecimento, na educação se

dá através da mediação do sujeito com o meio e o objeto estudado. À medida que o

individuo se relaciona com o conhecimento científico e contata sua herança cultural,

como resultado, seu conhecimento se transforma, se desenvolve, produzindo desta

forma, mudanças necessárias à sua evolução.

Portanto, isto denota refletir como inter-relacionar conteúdos existentes nas

instituições museológicas de arte a escolas de ensino formal. Neste contexto, o item

seguinte dessa monografia dedica-se a uma breve pesquisa sobre a história do

espaço museológico e sua função complemento educacional das instituições formais

de ensino.

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3 MUSEU, UMA BREVE DEFINIÇÃO

O homem tem por hábito como forma de demonstração do poder social, ou

valor mágico, ou como objeto de pesquisa, desde as mais remotas civilizações –

egípcios e romanos –, o colecionismo. Como descreve Bazin (1967 citado por

CASTRO, 2009, p.45) “[...] as coleções de obras de arte, metais preciosos e

espécimes raros e exóticos eram expressões de poder, sendo encontradas

referências a coletas de relíquias pré-históricas em Homero, século IX a.C., e em

Plutarco, 50 d.C.” Tais coleções eram restritas ao povo, o acesso limitava-se a

personalidades políticas, religiosas e a nobreza. Com o passar do tempo os

romanos produzem réplicas, “cópias de obras helênicas encomendadas em ateliês

de artistas e artesãos renomados” e com isso surgem às práticas de

comercialização. No entanto, a partir da Idade Média as grandes coleções são

privatizadas e passam a ser inacessíveis ao público. Como a igreja torna-se

detentora de extensos tesouros, e utiliza-os a fim de efetuar pactos políticos e

alianças econômicas a favor do poder do papa. Posteriormente, com “o

fortalecimento das cidades-estados italianas, a nobreza reacende o hábito de

colecionar, já nem tanto por valor material, mas por motivações culturais e

científicas.” (CASTRO, 2009, p.45). A partir do Iluminismo o homem transforma-se

no centro “das preocupações artísticas, filosóficas e morais”, desta forma, nasce um

interesse pelo resgate e preservação da história social e cultural da humanidade,

passando os objetos e documentos adquiridos a ocupar salas para admiração e

estudo de artistas e eruditos. (id., 2009, p. 47).

Com o intuito de preservar sua história, o saber enciclopédico, os egípcios,

dinastia de Ptolomeus – século II a.C., constroem Alexandria, que se constitui em

um ativo centro de pesquisas e informação cultural.

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Desta forma, se vincula a palavra museu ao conhecimento humano, em

publicações enciclopédicas que espalhavam por toda Europa (id., 2009). Segundo a

autora “o movimento enciclopédico marcaria de forma indelével o processo

constitutivo museológico que começa a se estruturar desde o final do século XVIII”

(id., 2009, p. 40). Com isso, observa-se a instituição de fundos públicos destinados

primeiramente às bibliotecas e na sequência, aos museus. (MUSEU: histórico,

2009).

O que complementa Choay (2006), que no ano de 1790 com a preocupação

de inventariar e tombar os bens pertencentes à nação surge os primeiros espaços –

depósitos –, denominados museum, destinados a armazenar os diversos objetos de

Arte. Estes tinham por objetivo o deleite estético e a instrução da nação.

O verbete museu, pela definição, vem da palavra grega Mouseion, que

significa “templo das musas”. As quais na mitologia eram consideradas “filhas da

memória”. (MUSEU: histórico, p. 1, 2009).

Brandão (1993 citado por CASTRO, 2009, p. 38) descreve que:

o Mouseion grego era um prédio localizado em Atenas, destinado aos eruditos que cultivavam a poesia, música, estudos filosóficos e apreciavam exposições de artes, constituindo-se em uma irmandade religiosa dedicada a meditações sob a inspiração das Musas, divindades de memória absoluta, que, com corais regidos por sua mãe, alegravam o coração dos deuses e dos homens, trazendo-lhes paz para o pensamento criar, o corpo descansar e a memória serenar as inquietações.

Castro descreve que ao do final do século XVIII inicia-se a classificação

organizada e cronológica de objetos museológicos e “se completa a acepção

moderna de museu”. Desta forma, por todo século XIX, por meio do levantamento de

acervo, há o avanço da pesquisa científica tendo como principal fonte de pesquisa

museus etnográficos. (2009, p. 40 - 41).

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Ao longo da história, cabe ressaltar que por muito tempo estas entidades

museológicas, permaneceram aos olhos de muitos, somente como espaços

depositários ou de sacralização dos objetos artísticos. No entanto, a partir do século

XX, há a preocupação de transformar o museu, aproximá-lo do povo e inseri-lo no

contexto educacional. Percebe-se, então, que acervos ou exposições de entidades

museológicas apresentam uma função pedagógica para o ensino da arte, portanto,

neste capítulo, apresentar-se-á a instituição utilizada pelo ensino formal, como um

espaço educativo, didático e pertinente para o conhecimento em arte. A partir do

século XX, surgiu à preocupação de reformular as funções do museu, sendo uma

das ações, aliá-lo a educação formal, a fim de aproximá-lo da sociedade. Como

descreve Leite, “o museu é, então, uma das instâncias educativas da sociedade –

entendendo educação como indissociável de cultura.” (2005, p. 28). Autores e

pesquisadores discorrem sobre as funções museológicas, referente aos papéis que

exercem os museus no século XXI, como Leite destaca a seguir:

o que se vê neste século que é que o próprio espaço físico dos museus está menos imponente e intimidador – tem se tornado, cada vez mais, espaço de educação informal, de troca de opiniões e emoções, de convivência. A palavra de ordem parece ser acessibilidade arquitetônica, física, cultural e intelectual – esta última procurando favorecer, ao visitante, melhor compreensão das obras. Nesse bojo, os espaços de circulação se tornam novos espaços de lazer, com livrarias, restaurantes, lojas, etc. (2005, p.31).

Observa-se que arquitetonicamente, algumas instituições se tornaram de

fácil acesso aos visitantes, com lojas, cafeterias, bibliotecas, etc. Porém, salienta-se

que antes de ser um lugar agradável de visitação e descontração, o museu

apresenta uma função determinante, a probabilidade de se transformar em agente

de comunicação de cultura, de educação do olhar.

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Penso que para educar o olhar é preciso aprender a ver, e isso é exercício contínuo de construção e desconstrução por toda a vida, que parte de experiências estéticas que, somadas, trazem novas camadas de significações e sentidos, associando e modificando informações. (MACHADO, 2005, p. 107)

Verifica-se pelas palavras de Machado que estas instituições têm a

possibilidade de atuar por meio de ações pedagógicas que venham somar à

educação trabalhada pelo sistema de ensino formal, contribuindo neste sentido, na

construção do conhecimento em arte.

A marca distintiva da museologia do século XIX é a especialização dos museus e, fundamentalmente, a separação entre "beleza" e "instrução", que resulta na criação de museus que lidam com artefatos científicos - os museus de história natural - e os que lidam com objetos estéticos, os museus de arte. Nota-se também a emergência de museus de artes decorativas e aplicadas e a forte inclinação didática dessas instituições, pensadas em estreita relação com as escolas de arte. (MUSEU: histórico, 2009, p. 3).

O museu torna-se então espaço que produz conhecimento de diferentes

saberes, uma instituição pedagógica que através de suas exposições comunica as

mais diversas manifestações culturais, cívicas, religiosas e históricas, como

consequência, torna-se responsável pela preservação da memória e comprometido

com a mediação conhecimento/ público.

Neste sentido, entende-se que a educação em arte, através do espaço

museológico, além de propiciar ao ser humano, olhar as obras artísticas in loco,

possibilita a compreensão do processo de criação e apreensão do desenvolvimento

histórico-cultural de um povo.

Canclini complementa que:

muitos museus retomam o papel que lhes foi atribuído desde o século XIX, quando foram abertos ao público, complementando a escola, para definir, classificar e conservar o patrimônio histórico, vincular as expressões simbólicas capazes de unificar as regiões e classes de uma nação, organizar a continuidade entre o passado e o presente, entre o típico e o estrangeiro. (2000, p. 170).

21

Percebe-se que as entidades museais como pólos de comunicação, como

complemento da escola, possibilitam integrar socialmente seres humanos ao meio,

que como sujeitos críticos e ativos, podem contribuir para evolução individual e

coletiva ao longo dos tempos.

Ainda, no debate acerca da função do espaço museal, para Meneses:

o museu não é uma instituição natural, mas criada, histórica, circunstancial. A exposição museológica não pode ser tomada como um enunciado universal e atemporal, auto-evidente, mas como um sistema lingüístico que é preciso aprender: tal como aprendemos a linguagem falada, a linguagem escrita e a linguagem visual (embora entre nós, é claro, predominem, ainda, o analfabetismo da escrita e da imagem). (2000, p. 96).

Da mesma maneira, Canclini assevera que “os museus, como meio de

comunicação de massa, podem desempenhar um papel significativo na

democratização da cultura e na mudança do conceito de cultura.” (2000, p. 169).

Corsino diz que o papel do museu é “integrar e identificar com os anseios da

comunidade, estimulando sua participação no processo educativo-cultural e se

tornando pólo de convivência”. (2000, p. 130).

Leite completa que:

é no diálogo com o outro e com a cultura que cada um é constituído, desconstruído, reconstruído, cotidianamente. O acesso aos bens culturais é meio de sensibilização pessoal que possibilita, ao sujeito, apropriar-se de múltiplas linguagens, tornando-o mais aberto para a relação com o outro, favorecendo a percepção da identidade e de alteridade. (2005, p.23).

No entanto, será possível criar propostas pedagógicas a fim de utilizar a

instituição museal como complemento da educação em arte? O conteúdo abordado

em sala de aula poderá ser transposto didaticamente para o espaço museológico, e

vive-versa?

22

Na tentativa de responder tais indagações, verifica-se que ao pesquisar as

relações entre escola e museu, Almeida descreve a importância da transposição

didática e seu papel na mediação do conhecimento, e reflete que:

para a experiência de um ambiente educativo é necessário que o professor saiba reconhecer cada potencialidade daquele espaço. É preciso fazer uma visita técnica ao local, percorrê-lo por completo com olhar técnico, com olhar explorador. Só assim será possível perceber quanto pode ser absorvido dali e qual é a melhor abordagem para que essa absorção aconteça. Isso é transposição didática. (2007, p. 30- 31).

Segundo o autor o educando habitua-se a ver o óbvio cotidianamente,

contudo, a transposição didática propicia ao educador e aos alunos a irem além,

neste sentido, proporciona um maior entendimento do ambiente museográfico como

espaço de “junções de estruturas, das pessoas, dos atos e dos objetivos que

permeiam tudo”. (2007, p. 30).

Desta forma, o museu torna-se um ambiente exploratório e humano o qual

as atividades desenvolvidas não se restringem a educandos, através da orientação

dos professores como copiarem legendas, etiquetas e textos de painéis. Para

Almeida, contextualizar por meio do museu garante que conteúdos abordados sejam

compreendidos e assimilados pelo aluno, que passa a entender que: “o saber é

sempre mais complexo do que aquilo que está sendo apresentado naquele

momento”. (2007, p. 39).

Porém, a escola oferece, por meio de uma linguagem mais próxima do

aluno, a contextualização nos espaços museais, e promove desta forma a

transformação daquelas instituições em ambientes educacionais ativos, que

educandos despertam a “multiplicidade na forma de ver e de encarar o mundo”. (id.,

2007, p. 39).

23

Em vista disso, Marandino complementa que o museu através das exposições,

desenvolveria:

uma pedagogia museal, que seria determinada, entre outros elementos, pela relação entre os diferentes saberes que estão em jogo na construção do discurso expositivo. Esses saberes passariam por um processo de transposição didática/ museográfica, realizado pelos mediadores (equipe interdisciplinar nos museus) os quais, através de um processo de musealização, tornariam tais saberes comunicáveis, constituindo a temática concretizada na forma de exposição, no discurso expositivo. (2007, p. 2).

Neste sentido, Meneses (2000) acrescenta que se percebe a entidade

museal como espaço científico-documental, cultural e educacional. Muito mais que

informações, respostas prontas, o patrimônio artístico que ali se encontra pode

produzir reflexões, indagações, dúvidas. Autora destaca que:

aceitar que o conhecimento faz parte integrante do campo de atuação do museu garante que ele se transforme num dos espaços mais fecundos de exploração do simulacro, como parte integrante de nossa realidade e cuja autonomia, fisiologia e semântica podem ser objeto de consciência – em lugar de apenas anestesiarem ou confundirem. (2000, p. 101).

A afirmação apresentada por Meneses permite refletir a função da instituição

como instrumento educacional, como instrumento de pesquisa. Observa-se que, em

sua especificidade, o museu contribui para que o ser humano perceba-se como

parte integrante da história. Portanto, como salienta Segall (2001) compreende-se

que a ação educativa, embora esteja em processo de desenvolvimento, pode ser de

suma importância que o museu que se volte a práticas pedagógicas. O autor aponta

que na maioria das instituições as práticas se constituem de atividades educacionais

informais, “que tematizam a relação homem-objeto no contexto museológico,

centradas nos seus acervos, numa atividade pedagógica não só complementar, mas

também paralela ao sistema formal de ensino e, especialmente, na formação de

professores de arte.” (2001, p. 124).

24

Neste sentido, Segall descreve o museu não somente como espaço

depositário de objetos, mas, um ambiente com função social que propicia a

alfabetização, onde atua como complemento da educação formal. O espaço museal,

tanto para o educando como para professor, propicia uma educação que os

transforma em sujeitos ativos, sensíveis e conscientes em relação ao conhecimento

em arte. Observa-se que no passado ir ao museu resumia-se em visitas

monitoradas, em geral, classificadas como passeios, e hoje se transforma em um

lugar de investigação histórico-cultural do acervo, em alguns casos “lugar de

memória”. Neste caso, surge à possibilidade de estudar o tempo, o espaço, a origem

dos objetos, como e qual a razão de se perpetuarem naquele meio e outras

questões pertinentes, além da escolha de obras como representação de uma

sociedade. De acordo com Dal Bó e Machado, pode-se afirmar que: “o foco central

da ação é transformar o objeto-testemunho em objeto-diálogo, pautando a visita na

reflexão sobre o passado através da sua representação no momento presente.”

(2000, p. 270).

Segundo Martins, ao visitar espaços museais deve-se adotar uma postura

de sujeitos investigativos. A autora frisa que “é com nosso olhar sensível e pensante,

com a pele antenada, com o corpo receptivo, que nos deixamos capturar para o

diálogo com que o museu nos presenteia.” (2005, p. 14). Desta maneira, verifica-se

através dos estudos dos autores citados na presente monografia, que museus de

arte transformam-se num importante pólo pedagógico para a educação, capazes de

contribuírem para mudanças significativas no ensino/ aprendizagem.

Mas, como indaga Carvalho “porque as instituições culturais, (museus,

centros culturais, casas de leituras, bibliotecas, etc.) não têm sido mais

freqüentemente pensadas como espaço de formação?”

25

A autora também questiona porque a escola não estende sua educação em arte

além de seus muros, expandindo até os espaços museológicos? (2005, p. 134).

Diante destas perguntas, observa-se que visitar alguns espaços

museológicos, nos dias atuais, em alguns casos, ainda aparenta-se como uma

atividade de lazer para os educandos. Em certas visitações percorrem-se

exposições, sem compreender ou assimilar o que se contempla. Naquele contexto,

percebem-se falhas na apropriação do conhecimento, ou seja, tais objetos

apresentam-se muitas vezes alienados da realidade do aluno e do conteúdo

abordado em sala. Neste sentido, o educando não consegue detectar o espaço

museológico como ambiente pedagógico, de alfabetização cultural, de memória.

Pouco ou quase não se percebe a instituição, como lugar de aquisição do

conhecimento, onde peças artísticas no presente funcionam como modelos

concretos, a fim de, propiciar um processo dinâmico de aprendizagem em arte com o

intuito de formar sujeitos críticos, capazes de transformar o mundo em que vivem.

Está posto, portanto, um grande desafio para os espaços educativos: acreditar na sensibilidade e no afeto como produtores de conhecimento; na ordem e na desordem como possíveis caminhos de aprendizagem; nas diferenças, nas diversidades da vida e na problematização como fontes de descobertas. (ARGOLO, 2005, p.82).

Marandino diz que a educação não compreende o museu como suplementar

dos conteúdos abordados em sala de aula, como mediador do conhecimento. A

autora salienta que a relação museu e escola podem ser como uma rede de fios que

se complementam, e se alteram à medida que se inter-relacionam. No entanto,

acrescenta que “os fios devem ser considerados na totalidade da rede e não

separadamente, embora cada um tenha sua singularidade.” (2009, p.5).

26

Averigua-se que este intercâmbio museu e escola no processo de ensino

aprendizagem, pode ser um sistema único de apreensão do conhecimento, onde

essa relação entre teoria e prática promove uma ampliação cultural. Todavia, como

reforça Marandino, ambos apresentam conteúdos inerentes, intrínsecos ao seu

propósito de existência, mas que por meio de uma adequação da proposta

pedagógica da escola à temática e o acervo do museu, estes se transformam em

uma rede de elementos formativos, em instrumentos de alfabetização cultural. De

forma similar Leite complementa que:

mais de que oficinas pedindo que as crianças desenhem, na melhor das hipóteses, “a seu modo”, aquilo que contemplaram, seria importante nos preocuparmos em investir na continuidade de propostas ricas em experiências visuais, estéticas e de criação. (2005, p.49).

Percebe-se a importância de uma sistematização, de um planejamento e

preparo das visitas pela instituição de ensino e museológica, para que haja uma

melhor assimilação do conteúdo a ser trabalhado. Para explicitar essa organização

do museu como espaço educacional, Vasconcellos (2006) quando descreve

atividades do setor educativo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP,

argumenta que há um envolvimento de todo corpo técnico, administrativo e

educativo do espaço museal. Posteriormente, cita que uma das ações da referida

instituição seria a realização de encontros para professores que desejam levar seus

alunos às exposições. Tais treinamentos abordam conceitos da exposição, oferecem

como apoio materiais didáticos e atividades a serem realizadas com os alunos pré-

visitação. O autor salienta que antes das “visitas orientadas”, efetua-se por parte da

equipe do museu, uma pesquisa sobre faixa etária, escolaridade, conhecimento a

respeito do tema, tendo esta o objetivo de tornar compreensível o conteúdo da

exposição e estabelecer relações com o aluno visitante.

27

Complementa que no encerramento da visitação, para que a ida ao museu

adquira significado no contexto educacional, realiza-se um estudo com os alunos e

professores indagando-os sobre como foi, o que poderia ter sido esclarecido,

acrescentado. Relata que tal investigação faz-se necessária para o aprimoramento

das ações educativas proporcionadas pela instituição.

Certamente percebe-se que tais procedimentos contribuem de forma

significativa para entidade museal planejar atividades educativas específicas e

adequadas, antes e durante visitação. A partir da coleta de tais informações se

estabelece didaticamente o roteiro e o conteúdo que será abordado, proporcionando

desta maneira, um verdadeiro intercâmbio educacional entre a escola e o museu. Na

busca de um melhor aproveitamento da instituição museológica como produtora de

conhecimento, Leite descreve que museus possuem espaços centrais vazios, que

podem ser repensados como espaços de significação e criação. Possuindo:

“cavaletes, almofadas, mesas, cadeiras, chão –, materiais diferentes – papéis, grafite, carvão pastel, hidrocor, lápis de cera, sucatas, argila, massa de modelagem, entre outros – encaminhamentos diversos – desenhos, pintura, colagem, escultura –, de forma que a vontade de realizar/ produzir pudesse ser mais respeitada, ampliada, incrementada, pudesse ter mais sentido? (2005, p.49).

Compreende-se, que as diversas interações com exposições e atividades

que utilizem diferentes materiais artísticos aumentam a curiosidade e estimula o

comportamento investigativo, o que pode ser à base de idéias e de atividades para o

aprimoramento do conhecimento e compreensão da arte em sala de aula.

No entanto, percebe-se que nem sempre algumas instituições educacionais

conseguem chegar às entidades museais e interagir com o acervo ali situado, como

é o caso da Instituição “Casa do Caminho”, experiência relatada no capítulo quatro.

Neste sentido, surgem questionamentos de como proceder diante desta situação.

28

Dúvidas de como realizar um trabalho museológico fora do espaço museal. Como

trabalhar o museu na escola se apropriando de imagens de reproduções, de pensar

como o espaço escolar não reproduz o museu por completo e como suprir estas

“ausências”. Enfim, como transpor o conhecimento museológico para o ambiente

escolar. Diante de tais questões, Santos argumenta que há diferentes maneiras de

por em prática o conteúdo museal e aponta que as práticas museológicas se

aprimoram e desenvolvem-se desde que se tenha iniciativa e determinação na

procura de novos caminhos. (2000, p.118).

A autora descreve que: aprendemos, na interação como o outro, a lançar um olhar museológico sobre nossa cidade, a sair do museu para entrar no museu e musealizar fora dos museus. Neste contexto, portanto, a museologia já está sendo aplicada na relação com o homem, criador e transformador de cultura. (2000, p.108).

Pensando nos questionamentos apresentados durante esta pesquisa, que

cabe ao museu e a escola, enquanto facilitadores e estimuladores, elaborarem

programas educativos permanentes que se inter-relacionem. De planejarem ações

que visem experimentar, observar, analisar, desconstruir e reconstruir a arte,

transformando assim museus e escolas em lugares ativos de educação, na

construção de novos sentidos sobre a arte.

No ano de 2007, surge a oportunidade de colocar em prática as idéias

apresentadas no decorrer desta pesquisa. Elabora-se juntamente com a aluna Vânia

Machado, o projeto “Nosso museu”, a fim de, cumprir o último período de estágio do

curso de Licenciatura em Artes Visuais, da Faculdade de Artes do Paraná. Este a

ser executado no Centro de Estudos Integrados Epaminondas Xavier de Barros,

apresentando como objetivo principal trabalhar com os alunos sobre o que é um

museu: a estrutura, o acervo, a função social, qual a importância...

29

E como proposta de encerramento deveria proporcionar aos educandos uma visita a

um dos espaços estudados. No entanto, durante a observação da escola, constata-

se por meio dos diálogos com a coordenadora da “Casa do Caminho” que levar as

crianças até o museu, implicaria em levar toda a escola. No contato, verificou-se que

a instituição prima por uma educação humana, voltada à moral e virtudes, onde

alunos aprendem que, direitos, deveres e respeito são iguais a todos, sendo esta

educação, peça fundamental para o desenvolvimento do ser humano.

Diante da realidade que se apresenta: espaço de tempo reduzido para

execução do trabalho com todas as turmas – de maneira que atingisse os objetivos

propostos – e da equipe que se resumia em duas pessoas para executar com

exatidão as atividades para toda a escola, sente-se a necessidade de reformular e

direcionar o projeto apresentado. Neste sentido, no lugar de levar todos os discentes

a instituição museal, decide-se criar um museu – temporário – para a escola, onde

todas as crianças tivessem a oportunidade de presenciá-lo, vivenciá-lo.

30

4 PROJETO “NOSSO MUSEU”

O projeto tem como objetivo utilizar a instituição museal como espaço

educativo. Visa, por meio de exemplos concretos, que o discente aprimore sua

capacidade de analise e interpretação dos aspectos estruturais e funcionais de

alguns espaços museológicos que existem em nossa cidade, como meio de

desenvolver seu pensamento crítico, criativo e sua identificação como sujeito

integrante desta cultura. Trata de coletar, através dos educandos, parte da história e

da vida local com o objetivo de valorização da memória e de unir o conhecimento

científico ao conhecimento do aluno, a fim de, transformar e fortalecer a identidade

cultural do discente. Além disso, a proposta tem a preocupação de envolver a

professora responsável pelo Reforço II na participação de todas as atividades

desenvolvidas, afim de, fornecer-lhes condições para executar o mesmo trabalho

com alunos do período matutino. Para o projeto selecionam-se quatro instituições,

tal escolha está vinculada as práticas que seriam desenvolvidas intra e extra-sala de

aula como: Museu Paranaense – pela pesquisa, efetuada por alunos, referente a

objetos históricos importantes para a construção da memória local e valorização do

indivíduo como parte de uma sociedade e de uma cultura –, Museu da gravura –

Solar do Barão –, pelo estudo da técnica de gravura, devido à atividade ser

desconhecida pelas crianças, acredita-se que seria uma ferramenta importante a

favor da assimilação e fixação dos conteúdos abordados –, Museu da Imagem e do

Som – MIS-PR – pela pesquisa, do aluno, de fotografias que remontam a sua

história e de sua comunidade e também por que a imagem está muito próxima da

realidade do educando, muito presente no seu cotidiano –, e o Museu Alfredo

Andersen – pelo estudo de pintura: óleo, guache, aquarela e acrílica e pela simples

alegria do discente em saber que iria pintar.

31

4.1. REALIZAÇÃO DO PROJETO

Programou-se a execução do estágio para o período de 11 de setembro a 05

de outubro de 2007, em turma multiseriada – Reforço Escolar II, pertencente à

professora Marialva do Rocio Pinto. A carga horária foi das 13h00min às 17h00min,

terças e sextas-feiras. Sendo três dias do mês de setembro destinados a

observação da rotina da escola, análise da turma e das aulas da referida professora

e aplicação de um questionário, a fim de, pesquisar o que significava o termo arte

para alunos e professores da referida instituição. E por fim, quatro dias para a

prática das atividades planejadas, e o último dia destinado a criação do museu.

4.2. LOCAL PARA EXECUÇÃO DO PROJETO

Escolheu-se para desenvolvimento do projeto o Centro de Estudos

Integrados Epaminondas Xavier de Barros – “Casa do Caminho”, situado a Rua

Tereza Fonseca Camargo, 61 – Jardim Dourados – Almirante Tamandaré.

Compreende-se que esta escolha vem em decorrência de trabalhos desenvolvidos

ao longo dos anos com a instituição e que está sempre de portas abertas a

experiências que enriqueçam a vida educacional dos discentes.

4.2.1 Instituição Casa do Caminho

A instituição filantrópica “Centro de Estudos Integrados Epaminondas Xavier

de Barros”, ou, como é popularmente conhecida “Casa do Caminho” foi fundada em

07 de setembro de 1984, por Vanessa Barreto Mezzomo de Azevedo e Clóvis

Romeu Kampe de Azevedo. Desenvolve atividades, no Centro de Educação Infantil

“Joana de Angelis” – período integral, com crianças de três anos e quatro anos, o

qual se subdivide em Maternal II – crianças de três anos e Jardim I – crianças de

quatro anos.

32

A Guarda Mirim ”Epaminondas Xavier de Barros”, trabalha com alunos de seis

anos a quatorze anos, totalizando, no ano de 2007, cento e cinquenta crianças, que

se divide em duas turmas multiseriadas: Reforço I – crianças de seis a oito anos – e

Reforço II – crianças de nove a quatorze anos. Além destas atividades, possui o

grupo de costura e bordados “Amélia Rodrigues” e a escola profissionalizante de

informática “Jesus de Nazaré”. A instituição funciona de segunda a sexta-feira no

período matutino das 8h00min às 12h00min e no vespertino das 13h00min às

17h00min. É mantida através de dois convênios, um com a Prefeitura de Almirante

Tamandaré que cede 16 funcionários qualificados e outro com a Associação de

Proteção ao Menor e a Infância – APMI, complementado seu orçamento com as

doações esporádicas. (CASA DO CAMINHO, 2007).

Nas aulas de arte na Casa do Caminho constatou-se que a instituição

ministrava somente conteúdos que se resumiam a exercícios de Português,

Matemática e valores, que complementavam o ensino formal que os discentes

frequentavam em contraturno. Até o ano de 2007, nenhuma das educadoras era

formada em Arte, e tão pouco, a disciplina existia nos projetos da escola. No

entanto, se observava no diário de algumas professoras um número bem reduzido

de atividades registradas de desenho, porém, deslocadas dos conteúdos abordados

e sem fundamentação teórica.

4.3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO “NOSSO MUSEU”

No desenvolvimento do projeto decidiu-se que na primeira aula iria abordar

por meio de: maquete, texto e imagens fotográficas, o que seria um museu: estrutura

física, acervo e quadro funcional.

33

Como exemplo prático, escolheu-se exibir imagens fotográficas sobre o Museu

Paranaense, em seguida explanou-se sobre sua importância como museu histórico.

Posteriormente, exibiram-se alguns objetos históricos e antigos, como fotos,

utensílios domésticos, e houve uma discussão referente à necessidade de

preservação da memória de nossos antepassados. Na sequência, se propôs aos

alunos uma pesquisa na região que estavam inseridos, a fim de coletarem alguns

dados e materiais histórico-culturais, que contassem um pouco da identidade da sua

família, da sua comunidade. Tal solicitação teve o intuito de fazê-los vivenciar a

cultura e a elaboração de uma exposição, que faria parte do museu didático

organizado na “Casa do Caminho”, no último dia de aula.

Elaborou-se a segunda aula sobre: o Museu da Gravura, a técnica Gravura e

alguns gravuristas paranaenses, como Napoleon Potiguara Lazarotto. Explorou-se,

através de imagens, o museu da Gravura – Solar do Barão, seu espaço interno,

suas salas de atividades e por fim, as salas de exposição.

Analisou-se detalhadamente por meio de exemplos concretos – imagens

fotográficas –, o que compõe uma exposição, sua montagem, monitoria, abertura,

vernissage, etc. Para uma melhor compreensão dos discentes do que seria uma

gravura do Museu da Gravura, exibiu-se um vídeo sobre a técnica e apresentaram-

se algumas matrizes e impressões.

Planejou-se a atividade de fixação a qual os educandos deveriam criar uma

gravura, tendo como objetivo recordar o conteúdo abordado durante a aula e

reforçar o tema Museu da Gravura – este trabalho faria parte do “Nosso Museu” (ver

figura1).

34

FIGURA 1 – FOTOGRAFIA DA ATIVIDADE DE GRAVURA PARA A EXPOSIÇÃO

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Neste dia, programou-se a atividade extraclasse: os educandos deveriam

pesquisar fotos antigas, suas histórias e trariam para próxima aula, para melhor

compreensão do que seria o Museu da Imagem e do Som – MIS-PR.

O terceiro dia de estagio iniciou-se com a apresentação de algumas imagens

sobre o MIS-PR. Posteriormente, pediu-se que os educandos apresentassem suas

fotos e relatassem suas histórias. A intenção deste encontro seria induzi-los a

explorarem as imagens que pesquisaram, e criarem uma ficha técnica, fazendo uma

leitura sobre as mesmas como: cor, tamanho, contexto, ano, vestuário, (ver figura 2).

FIGURA 2 – FOTOGRAFIA DA FICHA TÉCNICA

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

35

Nesta aula, explanou-se por meio de fotografias, vídeo, algumas máquinas

fotográficas antigas, emprestadas pelo MIS-PR e materiais utilizados para manuseio

e limpeza de retratos – luvas, lupas, máscaras, avental, pincéis –, o que seria um

acervo, como preservá-lo e que importância este teria para a comunidade. Os

alunos foram orientados a observarem detalhadamente cada foto, a perceberem o

tema, a composição, a técnica. A finalidade deste exercício seria apontar que no

acervo encontram-se objetos, principalmente fotos, no caso do MIS-PR, onde o

pesquisador lê as imagens e faz levantamento de todos os dados históricos e

culturais para descobrir o período aproximado, a que e a quem pertencem. Foram

instigados a perceber que materiais ou obras compõem nossos acervos em

determinados museus, e porque se tornam importantes em nosso meio para a

formação da identidade cultural. Os discentes foram direcionados a perceberem que

as imagens que possuíam fazem parte de uma história e que no futuro podem

transformar-se numa partícula histórica de alguma coleção de museu. Enfim, se

propôs para a aula seguinte uma investigação com os vizinhos sobre histórias

interessantes do entorno em que vivem.

O quarto encontro abriu-se com a solicitação de que cada aluno

apresentasse a história pesquisada. Debateu-se sobre a preservação da memória.

Explanou-se que se não fosse à memória de quem fez o relato, nunca saberíamos o

que aconteceu no passado. Explicou-se sobre a importância de registrar os fatos

históricos para construção de identidade de cada ser humano. Seguidamente,

exibiram-se algumas imagens do Museu Alfredo Andersen.

36

Esta explicação teve o intuito de levar os alunos a observarem minuciosamente

quais os temas explorados dentro deste espaço museal, porque aqueles objetos

estão ali, como foram escolhidos para exposição, e porque foram intitulados como

objetos de arte.

Depois se exibiu vários modelos de folders sobre exposições em diversos

espaços museológicos, a fim dos educandos perceberem e compararem o acervo do

Museu Alfredo Andersen aos demais espaços expositivos e entenderem como

museus divulgam acervos e exposições. Escolheu-se como atividade de fixação

explorar os tipos de tintas: acrílica, guache, aquarela e óleo. Para finalizar o

exercício, solicitou-se aos alunos para criarem uma composição visual com guache

(ver figuras 3 e 4) – este trabalho faria parte do museu didático.

FIGURA 3 – FOTOGRAFIA DA ATIVIDADE DE PINTURA PARA A EXPOSIÇÃO

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

FIGURA 4 – FOTOGRAFIA DA ATIVIDADE DE PINTURA PARA A EXPOSIÇÃO

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

37

Posteriormente, cada criança confeccionou um convite (ver figura 5) para

entregar a um amigo da escola. Observou-se aqui que todos da instituição, desde o

pessoal da limpeza até a direção, fizeram questão de participar do evento.

FIGURA 5 – FOTOGRAFIA DO CONVITE

A turma da Profª Marialva

tem o prazer de convidar para a

Exposição "Nosso Museu”

05/10/2007

Casa do Caminho

Rua Tereza Fonseca Camargo, 61

Jardim Dourados – Almirante Tamandaré

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Finalizou-se o dia com a exibição de trechos do filme “Uma noite no museu”,

2006, do diretor Shawn Levy. Neste momento, conduziu-se a turma a observar o

espaço do museu, indagou-se sobre o conteúdo abordado, vivenciado. Como

atividade extraclasse, solicitou-se aos mesmos que trouxessem na aula seguinte,

tendo como objetivo a criação do museu, os materiais histórico-culturais

pesquisados e coletados que contassem um pouco da identidade da família ou da

região.

E para concluir, no quinto e último dia iniciou-se a organização do museu

(ver figura 6). Nesta etapa final, a avaliação, embora processual, encerrou-se com a

análise do comportamento de cada aluno durante a montagem do museu.

38

FIGURA 6 – FOTOGRAFIA DA MONTAGEM DO MUSEU – ZELADORES

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

No dia último dia todo o grupo montou a estrutura do museu com os

trabalhos e objetos coletados (ver figura 7).

FIGURA 7 – FOTOGRAFIA DA MONTAGEM DO MUSEU – SETOR GRAVURAS

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Confeccionou-se uma planilha de cargos (ver apêndice 1) onde todos os

educandos foram responsáveis pela criação e manutenção do museu (ver figura 8).

FIGURA 8 – FOTOGRAFIA DO ASSESSOR JOHN LENON, DA PROFESSORA VÂNIA E

DO ZELADOR WILLIAN

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

39

Primeiramente, foi conversado com os discentes sobre os assuntos

abordados nas aulas anteriores, a fim de lembrá-los sobre o que é um museu. Em

seguida, os educandos foram questionados sobre o material que arrecadaram,

pedindo-se que cada uma apresentasse sua pesquisa, comentasse o porquê da

escolha e elaborasse a etiqueta descritiva para a exposição. Logo depois, se iniciou

a montagem da sala onde abrigaria o museu, neste momento o ponto importante foi

levar que as crianças percebessem a necessidade da organização do espaço e do

material ali depositado: objetos históricos, trabalhos confeccionados ao longo do

estágio e fotos de todo processo de estudo (ver figuras 9, 10 e 11).

FIGURA 9 – FOTOGRAFIA DA MONTAGEM DO MUSEU – ACERVO HISTÓRICO

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

FIGURA 10 – FOTOGRAFIA DA MONTAGEM DO MUSEU E DISTRIBUIÇÃO DE

TAREFAS

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

40

FIGURA 11 – FOTOGRAFIA DA MONTAGEM DO MUSEU E ORGANIZAÇÃO

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Na sequencia houve a pausa para o lanche, este momento foi associado aos

coquetéis que são elaborados para aberturas de exposições. Como toda a escola foi

convidada a visitar o museu, decidiu-se que neste dia, mediante prévio acordo com

a coordenação de ensino, que o lanche seria diferente – cachorro quente

acompanhado de suco, organizado com um toque especial de inauguração de

exposição.

Enfim, ocorreu a abertura do museu para toda escola apreciar e para

felicidade dos educandos (ver figuras 12 e 13 e apêndice 2).

FIGURA 12 – FOTOGRAFIA DO “NOSSO MUSEU” – HISTÓRIA

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

41

FIGURA 13 – FOTOGRAFIA DO “NOSSO MUSEU” – HISTÓRIA

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Organizou-se o agendamento de visitas, a monitoria que foi dividida em

setores (ver figura 14), o guarda que observaria e chamaria a atenção das mãos

curiosas, a simulação da venda de ingressos, o diretor e o assessor que

acompanhariam todos os funcionários, o pessoal da limpeza que em cada momento

oportuno faria a manutenção da sala.

FIGURA 14 – FOTOGRAFIA DO “NOSSO MUSEU” – MONITORIA FOTOGRAFIAS

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Depois da participação de toda a escola no evento, encerrou-se a exposição

por meio de um bate papo com os discentes (ver figura 15) e a professora

responsável, a fim de questionar o trabalho desenvolvido: os pontos positivos e

negativos.

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FIGURA 15 – FOTOGRAFIA DO DIÁLOGO COM ALUNOS REFORÇO II

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)

Foram percorridos todos os caminhos planejados no projeto: a observação de

cada aluno, de cada canto da escola, a troca de conhecimentos entre educandos e

educadores, a concretização do “Nosso museu” e o dialogo do que ficou de bom e

do que poderia ser melhor. Por meio das experiências adquiridas, trocadas,

vivenciadas com os educandos e a professora Marialva, o próximo capítulo dedica-

se a conclusão do projeto executado.

4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO “NOSSO MUSEU” NA ESCOLA

SEGUNDO O ESTUDO MONOGRÁFICO

No desenvolvimento das atividades e a reprodução do museu em sala de

aula verificou-se nos educandos: o empenho na coleta e pesquisa histórica dos

objetos, na monitoria a preocupação em explicar aos visitantes cada item existente

no museu, a participação coletiva e individual no aprendizado e na montagem de

toda a estrutura museológica.

43

Tudo isto vem comprovar o que Santos, mencionada anteriormente neste trabalho,

descreve que, aprendem-se na relação com o outro, que a partir do momento que se

olha o entorno com um olhar museológico “a museologia já está sendo aplicada na

relação com o homem, criador e transformador de cultura”. (2000, p.108). Observou-

se também que os próprios alunos durante a exposição faziam rodízio, para

perceberem como cada profissional exercia sua função no museu, tal iniciativa

tornou a educação por meio do espaço museal mais rica e ativa. Vem a confirmar

as palavras da autora Meneses onde descreve que por meio da educação o ser

humano torna-se capaz de escolher, “de propor e repropor direções” (2000, p. 94), e

isto ao verificar o resultado do projeto “Nosso Museu”, se percebeu claramente nas

ações dos educandos, no desempenho de cada um em representar o profissional

que fazia parte do quadro funcional da instituição, a autonomia em executar todas as

tarefas e alterá-las quando havia necessidade. Constatou-se que tanto os discentes

bem como a professora, por meio do diálogo e o fazer, finalizaram o processo

cognitivo de forma ativa, ou seja, assimilaram e compreenderam o museu como

conhecimento, o museu como cultura e educação, tal experiência valida às

argumentações de Leite que “é no diálogo com o outro e com a cultura que cada um

é constituído, desconstruído, reconstruído, cotidianamente.” (2005, p.23).

No entanto, retomando os escritos de Machado, que:

a educação estética de uma pessoa só acontece ao longo do tempo, a partir do momento em que ela toma gosto por dialogar com obras, assistir a filmes, ouvir a músicas, ler sobre arte, história, cultura, ver imagens, assistir a espetáculos de dança e teatro – por experimentar, enfim, as diversas possibilidades de cultura. (2005, p.113).

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Percebeu-se que o planejamento, para tornar-se mais eficaz, e que

promovesse com mais embasamento teórico e prático a educação estética de cada

discente, haveria a necessidade de ser desenvolvido em longo prazo, que

envolvesse a comunidade, alguns passeios culturais, mesmo que estes fossem no

entorno da escola, e quem sabe futuramente proporcionasse aos educandos uma

visita ao museu, a fim de, comprovar tudo aquilo que construíram, vivenciaram no

projeto “Nosso museu”.

Naqueles cinco dias observou-se também que os conteúdos foram

aplicados, sem muito aprofundamento. Por exemplo, analisou-se que a aula do

Museu da Gravura, em um só dia tornou-se insuficiente, teria que se retomar o

conteúdo e aplicá-los minuciosamente, pois se verificou que os educandos ficaram

um pouco confusos quando descreviam Gravura e seu processo na monitoria. De

uma maneira geral, a experiência foi muita rica, o desenvolvimento do projeto foi

gratificante. Sentiu-se que os exemplos visuais associados às atividades práticas

contribuíram para apreensão do conhecimento proposto. A receptividade das

crianças e da professora em relação à proposta e todo trabalho executado foi

extremamente satisfatória, (ver apêndice 2). Resgatando os estudos de Leite, o

projeto “Nosso museu” confirma que, mais que oficinas de desenho há a

necessidade de propostas pedagógicas “ricas em experiências visuais, estéticas e

de criação.” (2005, p.49).

Sentiu-se uma imensa satisfação ao ver às crianças desenvolverem na

prática tudo aquilo que estudaram no decorrer do projeto, ao ver o museu, seus

integrantes e o público interagindo, agindo, acontecendo, aprendendo, isto confirma

a idéia de que o museu propicia ao ser humano a oportunidade de se perceber como

parte integrante e fazedor da história.

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A participação em massa de toda a escola, que parou neste dia, a fim de,

visitar o museu foi muito importante para valorização do trabalho dos educandos.

Por meio de visitas pré-agendadas, pelos próprios alunos, para que não ocorresse

tumulto, estes se preocupavam em atendê-los com muito carinho, organização e

responsabilidade.

Segundo Gadotti, para o educador Freire “a alfabetização não é uma

extensão da possibilidade de ler e escrever para todos, mas possibilitar a todos o

acesso ao mundo poder construí-lo com liberdade”. (2006, p. 163). Freire salienta

que o educador dialogue por meio de situações concretas, possibilitando desta

forma a assimilação do conteúdo trabalhado, alertando, que se ater somente a

“cartilhas” a aprendizagem se torna uma “memorização visual e mecânica”

desarticulada do meio e sendo responsável pela formação de “sujeito objeto”. (2007,

p. 118 -119). Diante da pesquisa teórica e do projeto “Nosso museu” percebeu-se o

quão é importante que a escola trabalhe no ensino de arte a instituição museológica

como educação. Verificou-se que as aulas tornam-se ricas, práticas, atrativas e com

sentido de existência.

O projeto constituiu-se pela convicção da necessidade de se formar

educandos críticos, comprometidos, responsáveis e cientes de seus papéis dentro

da sociedade humana em relação à herança cultural, a memória individual e

coletiva. Alunos que futuramente promovessem ações voltadas à preservação e

compreensão do que é e qual a importância do museu para a humanidade. Com

isso, percebeu-se através do desenvolvimento dos trabalhos na “Casa do Caminho”

que realmente a educação formal em parceria com entidades museais pode ser

entendida como fonte de mudanças individuais e sociais.

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Que o ensino por meio de acervos ou exposições museológicas, podem sim

contribuir para uma melhor compreensão e apreensão dos conteúdos sobre arte,

para um aprimoramento da consciência de preservação e para o desenvolvimento

da identidade e memória cultural do ser humano.

47

5 CONCLUSÃO

A presente monografia procurou pesquisar sobre como o espaço

museológico pode ser um espaço educacional, além disso, reuniu breves idéias

sobre o conceito de memória e a arte na educação. Para isso, apresentou-se um

pequeno estudo bibliográfico que possibilitou corroborar com algumas reflexões e

argumentações. No decorrer do capítulo inicial descreveu-se de maneira breve a

definição de memória e sua importância para o desenvolvimento do sujeito crítico e

atuante na sociedade que está inserido. Deste estudo, obteve-se que “espaços de

memória” – museus –, quando utilizados pela educação tornam-se ferramentas

essenciais na formação de uma memória individual e coletiva. Entretanto, observou-

se que seria necessário aprofundar de que forma isso ocorreria e, neste sentido,

desenvolveu-se a pesquisa sobre a educação e a arte. Porém, verificou-se no

desenvolvimento do trabalho ser imprescindível abordar alguns aspectos de como o

espaço museal pode se inter relacionar com o sistema educacional. Como mediar

conhecimentos científicos nos espaços expositivos do museu em relação aos

conteúdos curriculares. Portanto, com base na fundamentação teórica organizada,

verificou-se que ao se pensar arte situada no museu, como conhecimento, à

primeira vista, pensa-se na teoria Yves Chevallard, transposição didática. Transpor o

conhecimento científico – espaço museal – a conteúdos curriculares. Enfim,

percebeu-se a necessidade de propostas pedagógicas, que visem conteúdos e

estratégias direcionadas a uma pedagogia voltada a museus, a fim de contribuir para

uma aprendizagem que envolva conteúdos significados, propiciando aos discentes

uma educação reflexiva e crítica. Neste sentido, decidiu-se que o último capítulo

seria dedicado ao relato da criação de um museu na escola, o projeto “Nosso

museu”, com base nesta experiência percebe-se que a utilização das instituições

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museais pelas instituições educacionais como espaços de alfabetização, de

informação e ensino em arte contribuem de forma positiva para o desenvolvimento

sócio-cognitivo do ser humano, como conseqüência, se obtém uma educação em

arte multicultural ativa e de qualidade. Entretanto, este trabalho monográfico limitou-

se a pequenas meditações sobre o espaço museal e a escola como facilitadores do

conhecimento em arte. Todavia, percebeu-se que para aprofundar a pesquisa sobre

como planejar, utilizar o espaço museal e a escola, para que mudanças positivas

ocorram com o intuito de contribuir para o aprimoramento da educação em arte, há

necessidade de futuramente desenvolver mais investigações de campo e

bibliográficas, dirigidas a esta área do conhecimento.

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________. “Nosso Museu”. 2007. 1fotografia p & b, 5,62 cm x 7,62 cm.

________. “Nosso Museu”. 2007. 1fotografia color, 4,13 cm x 12,82 cm.

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APÊNDICE 1 – QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DO MUSEU

FUNÇÃO NOME

Diretora Marialva

Assessor John Lenon

Agendamento Heloise

Limpeza Willian Santos, Welington e Felipe

Guarda Ketyllin, Lucas L. e Claudia

Segurança Pamela e Rafael

Monitor Pintura: Lucas Manea

Gravura: Airton

Fotografia: Willian Neumann

Objetos: Vanessa

Guia Bruno

Bilheteria Rafaela

Curador Paulo

Montador Janaína, Geovani, Daniele e Lafayete

Monitor Externo Viviane, Camila e Alice

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APÊNDICE 2 – DVD CONTENDO APRESENTAÇÃO VISUAL DO PROJETO “NOSSO MUSEU”

FONTE: Regiane Cazubek Pires (2007)