o moinho e a cruz -...

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com RUTGER HAUER, MICHAEL YORK e CHARLOTTE RAMPLING UM FILME DE LECH MAJEWSKI O MOINHO E A CRUZ THE MILL & THE CROSS

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com RUTGER HAUER, MICHAEL YORK e CHARLOTTE RAMPLING

UM FILME DE LECH MAJEWSKI

O MOINHO E A CRUZTHE MILL & THE CROSS

INTRODUÇÃOEm 2005, o escritor e crítico de arte Michael Francis Gibson viu “Angelus” de Lech Majewski numa sala de cinema em Paris. Fascinado pela visão pictórica do realizador, ofereceu-lhe uma cópia do seu livro “The Mill and the Cross”, uma análise do quadro “Subida ao Calvário” de Pieter Bruegel. Majewski, cujo percurso criativo se tinha iniciado na pintura e na poesia, admirou a profundidade da compreensão que Gibson demonstrou acerca do quadro de Bruegel, e aceitou o desafio de criar o equivalente visual da obra do mestre flamengo.

Este não era um desafio inteiramente inédito para Lech Majewski, já que antes baseara vários dos seus filmes em quadros e pintores. Foi ele o autor do argumento original de “Basquiat” e também quem encontrou Julian Schnabel para dirigi-lo; o seu filme “The Garden of Earthly Delights”, com o famoso quadro de Bosch como pano de fundo, foi aclamado como obra-prima pela Sight & Sound; as suas peças de video-arte foram exibidas no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e na Bienal de veneza.

Majewski levou três anos a completar o filme. Foi uma obra que exigiu paciência e imaginação, bem como o recurso à tecnologia CG e efeitos em 3D; foram três anos passados a tecer uma gigantesca tapeçaria digital composta por camadas sobre camadas de perspectiva, fenómenos atmosféricos e pessoas.

SINOPSE CURTA“Subida ao Calvário”, a extraordinária obra-prima de Pieter Bruegel, retrata a história da Paixão de Cristo passada na Flandres durante a brutal ocupação espanhola no ano de 1564, o mesmo ano em que Bruegel criu o quadro.

De entre as mais de 500 figuras que preenchem a notável tela de Bruegel, O MOINHO E A CRUZ foca-se numa dúzia de personagens cujas histórias se revelam e entrelaçam numa paisagem panorâmica povoada por aldeões e cavaleiros em túnicas vermelhas. Entre eles, estão também o próprio Bruegel (interpretado por Rutger Hauer), o seu amigo e coleccionador de arte Nicholas Jonghelinck (Michael York), e a Virgem Maria (Charlotte Rampling).

SINOPSE“Subida ao Calvário”, a extraordinária obra-prima de Pieter Bruegel, retrata a história da Paixão de Cristo passada na Flandres durante a brutal ocupação espanhola no ano de 1564, o mesmo ano em que Bruegel criu o quadro. De entre as mais de 500 figuras que preenchem a notável tela de Bruegel, O MOINHO E A CRUZ foca-se numa dúzia de personagens cujas histórias se revelam e entrelaçam numa paisagem panorâmica povoada por aldeões e cavaleiros em túnicas vermelhas. Entre eles, estão também o próprio Bruegel (interpretado por Rutger Hauer), o seu amigo e coleccionador de arte Nicholas Jonghelinck (Michael York), e a Virgem Maria (Charlotte Rampling).

A primeira parte do filme mostra um jovem que vai com a mulher vender um bezerro ao mercado. Inesperadamente, é capturado pela milícia espanhola, que o espanca brutalmente e o enforca numa roda. O acontecimento dá-se sem aviso, mas porquê? – as perguntas começam a surgir. Contudo, quantos jovens são hoje em dia capturados nas ruas, espancados e frequentemente mortos em países oprimidos?

O MOINHO E A CRUZ convida o público a reconstruir, a partir dos esboços preparatórios de Bruegel, o significado mais profundo destas cenas. Seguindo as informações que o pintor desenha no papel, o espectador junta as peças de uma história de coragem, oposição e sacrifício, e, qual detective em busca de pistas, consegue interpretar a linguagem escondida dos símbolos.

O filme abrange temas de índole cultural, religiosa e filosófica, comunicando, todavia, ao nível da simples linguagem do coração. Todos estão familiarizados com as cenas da Crucificação, mas a surpresa surge da justaposição de tarefas domésticas e tortura de hereges anónimos. Somos testemunhas de um oxímoro religioso: um homem é crucificado enquanto os torturadores lhe mostram o Crucifixo. Que perversão: ao copiarem a tortura de Cristo, os carrascos fazem-no em Seu nome. E este paradoxo religioso é repetido várias vezes ao longo da história da humanidade.

Há uma estranha simetria entre os dois homens vitimizados no filme – o que é enforcado na roda e o crucificado: a morte de um deles é anónima, a do outro é famosa. Será um privilégio

ser torturado como Cristo? A história parece ser subversiva, tal como o próprio quadro de Pieter Bruegel. Será ele religioso ou anti-religioso? Será contra ou a favor da Igreja? Nenhuma das hipóteses, pois tenta ir mais longe: que lei é esta que é usurpada por uns para castigar outros em nome do entendimento e interpretações diferentes da ideia abstracta de Deus? Eis, infelizmente, a triste resposta: qualquer lei em nome da qual se pode escravizar e abusar dos outros. Os conceitos de Verdade, Justiça e Beleza podem facilmente ser transformados em instrumentos de tortura.

Bruegel era, e continua a ser, o mais sensato dos filósofos entre os pintores. Na maioria dos seus quadros, esforçou-se por esconder o óbvio, colocando distracções noutros sítios. O que está escondido deve ser palpável – era esse o seu estratagema para mostrar a quintessência do sofrimento. Nomeadamente, que ninguém quer saber dele. O sofredor é deixado à sua sorte, é abandonado, esquecido... Os outros têm de viver as suas vidas e tentar tirar partido delas como conseguirem.

Há, também, outros temas em O MOINHO E A CRUZ: que apenas um artista pode parar o tempo, captar o momento e imortalizá-lo. Ou que os elementos que constroem uma única imagem pendurada num museu podem ser plenos de significado... Mas o mais importante é que aquilo que está escondido é a essência da Verdade.

Lech Majewski, um dos mais inspirados e aventureiros artistas e realizadores polacos, transpõe “A Subida ao Calvário” para o cinema, convidando o espectador a viver dentro do universo estético do quadro enquanto o vemos a ser criado. À medida que várias vidas se desenvolvem no filme, observamos Bruegel a captar pedaços das suas histórias desesperadas no quadro que está a ser criado.

Ao confrontar a repressão sanguinária Reforma Protestante nos Países Baixos levada a cabo pela Inquisição espanhola, o filme dá-nos uma meditação vibrante sobre a arte e a religião enquanto processos contínuos e dispostos por camadas de narrativas colectivas e reinterpretação. O MOINHO E A CRUZ é ainda um festim de espantosos efeitos visuais, uma alegoria provocadora e um tour de force cinematográfico sobre a liberdade religiosa e os direitos humanos.

FILMOGRAFIA de LECH MAJEWSKIO MOINHO & A CRUZ (Angelus Silesius, 2010)argumento/realização/produção/fotografia/montagem/música

GLASS LIPS (Angelus Silesius, 2007) argumento/realização/produção/fotografia/montagem/música

THE GARDEN OF EARTHLY DELIGHTS (Mestiere Cinema - Metaphysics Ltd, 2004) argumento/realização/produção/fotografia/montagem/música

ANGELUS (Filmcontract, 2000) - argumento/realização/direcção artística/música/montagem

WOJACZEK (Filmcontract, 1999) - argumento/realização/montagem

BASQUIAT (Miramax, 1996) - argumento/produção

GOSPEL ACCORDING TO HARRY (Propaganda Films, 1992)argumento/realização/produção

PRISONER OF RIO (Columbia TriStar, 1988) - argumento/realização/produção

FLIGHT OF THE SPRUCE GOOSE (SGF - USA, 1986) - argumento/realização/produção

IMPRENSAVariety, 11-01-27, por Dennis Harvey

O MOINHO E A CRUZ, extraordinário contributo original de Lech Majewski, mistura velhas e novas tecnologias permitindo ao espectador viver no interior de um quadro – “A Subida ao Calvário” do mestre flamengo Pieter Bruegel, a extraordinária tela de 1564 que retrata a crucificação de Cristo e a brutal ocupação da pátria do artista pelos espanhóis.Sem ser um filme de época convencional nem um objecto artístico abstracto, esta é uma aposta visualmente bela e surpreendentemente interessante que não encaixará num qualquer nicho de arte e ensaio. Contudo, poderá marcar o reconhecimento internacional do realizador polaco, sobretudo se for vendido como uma experiência única e absorvente, onde o cinema se cruza com o museu, à maneira de Alexander Sokurov em “A Arca Russa”.

A cena de abertura reconstitui a complexidade do quadro através da combinação de actores reais (e cavalos), efeitos cromáticos e fundos em 2D. Numa paisagem à pinha, encontramos cerca de 500 figuras históricas, religiosas, contemporâneas e simbólicas, trabalhos bíblicos retratados juntamente com o sofrimento de cidadãos flamengos preseguidos por representantes da inquisição espanhola. Revisitamos constantemente este quadro, no todo ou em parte, enquanto outras cenas são frequentemente trabalhadas em muitos outros quadros de Bruegel o Velho. Representando Deus no alto de uma enorme torre de moinho está o moleiro (Marian Makula), observando impavidamente várias cenas a partir do seu superior refúgio. Entre elas inclui-se a captura, pelas mílicias em túnica vermelha, de um camponês (Mateusz Machnik) que é torturado e morto por alegada heresia. Mais tarde, outra pobre alma é literalmente crucificada por outro crime qualquer.

Comentando regular e tristemente este estado de coisas – sozinho ou em conversa com o artista – está um burguês abastado (Michael York), horrorizado com a injustiça dos invasores, ainda que ele esteja a salvo deste mal. De uma mãe, (Charlotte Rampling) cujo filho foi arrastado para a morte, ouvimos, em voz off, lamentos num tom mais pessoal e poético; ela serve também de modelo da Virgem Maria para o pintor. Entretanto, o próprio Bruegel (Rutger Hauer) explica enigmaticamente os significados escondidos espalhados pela sua obra-prima, frequentemente sob a forma de alegoria religiosa e protesto político.

Todavia, nem tudo é desagradável. De facto, na maior parte do tempo, O MOINHO E A CRUZ delicia, com episódios de humor desbragado protagonizados por campónios preguiçosos e um grupo de crianças enérgicas, barulhentas e cheias de alegria. A vida realmente continua, apesar do clima de medo e crueldade.

Embora não seja um exercício de puro realismo como “A Rapariga do Brinco de Pérola”, o filme retrata a vida rústica da Flandres com muito cuidado, do guarda-roupa à simples maquinaria. O conteúdo narrativo do filme (inspirado no livro homónim não-ficcional do co-argumentista Michael Francis Gibson, que analisa, com graça, o quadro e o seu processo de criação) não é nada linear.

Contudo, o filme nunca é aborrecido, e é frequentemente cativante[...]

Indie Wire, 11-01-27, por Christopher Campbell

[...] Muito mais do que a mera biografia de um artista, foca-se num a única obra dando-lhe vida, como se de um quadro vivo se tratasse, com actores e um belíssimo trabalho em CG.

[...] Documentação é a palavra-chave, porque ocasionalmente pensei no filme como um documentário que reconstroi um dia na vida da Flandres no século XVI.

[...] Algumas das cenas parecem familiares, como que inspiradas noutros quadros flamengos e holandeses daquela e de outras eras mais tardias. Pensei tanto em obras mais obscuras do pós-Renascimento como no trabalho mais luminoso e quase banda-desenhada de Bruegel, o que pode ter sido intencional, já que o filme tem lugar num período artístico de transição. Apesar disso, todos os planos encheram a minha atenção, viajando pela mise-en-scène tão pormenorizadamente como faria perante um quadro.

[...] É fã de “Dreams” de Akira Kurosawa, “Frida” de Julie Taymor, “Lunacy” de Jan Svankmajer, “A Rapariga de Brinco de Pérola” de Peter Webber, e da generalidade da obra de Peter Greenaway (bem como de tuodo o resto que incorpore alguma forma de quadro vivo de que me estou a esquecer)? Então, vá ver O MOINHO E A CRUZ.

ACTORESPieter Bruegel RUTGER HAUER | Mary CHARLOTTE RAMPLING | Nicholas Jonghelinck MICHAEL YORK

FICHA TÉCNICARealização e produção LECH MAJEWSKI

Argumento MICHAEL FRANCIS GIBSONLECH MAJEWSK

Inspirado no livro THE MILL AND THE CROSS de MICHAEL FRANCIS GIBSON

Produtor executivo ANGELUS SILESIUS

Co-produtor FREDDY OLSSON

Chefes de produção MAłGORZATA DOMINPIOTR LEDWIG

Filme co-financiado por POLISH FILM INSTITUTEAGNIESZKA ODOROWICZ

Co-produtores TELEWIZJA POLSKA, BOKOMOTIV FILMPRODUKTION AB, ODEON STUDIO, SILESIA FILM, 24 MEDIA, SUPRA FILM, ARKANA STUDIO, PIRAMIDA FILM

Directores de fotografia LECH MAJEWSKIADAM SIKORA

Guarda-roupa DOROTA ROQUEPLO

Directores de produção KATARZYNA SOBAńSKA MARCEL SłAWIńSKI

Música LECH MAJEWSKI, JóZEF SKRZEK

Montagem ELIOT EMS, NORBERT RUDZIK

1ºs assistentes de realização KRZYSZTOF łUKASZEWICZDOROTA LIS

Direcção artística STANISłAW PORCZYK

Animação 3D MARIUSZ SKRZYPCZYńSKI

Som LECH MAJEWSKI

Polónia/Suécia, 35 mm, 1.85, 91’, Dolby Digital SRDMais informação em: www.themillandthecross.com