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O Modelo Familiar Profa. Fernanda Vaz Hartmann

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Page 1: O Modelo Familiar Profa. Fernanda Vaz Hartmann. A família é uma unidade social que enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento. Estas diferem junto

O Modelo Familiar

Profa. Fernanda Vaz Hartmann

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• A família é uma unidade social que enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento. Estas diferem junto com parâmetros de diferenças culturais, mas possuem raízes universais.

• As funções da família atendem a dois objetivos: – interno: a proteção psicosocial de seus membros;– Externo: acomodação a uma cultura e a transmissão

dessa cultura.

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Família: a matriz da identidade

• Em todas as culturas, a família dá a seus membros, o cunho da individualidade. A experiência humana de identidade tem dois elementos: um sentido de pertencimento e um sentido de ser separado. O laboratório em que estes ingredioentes são misturados e administrados é a família, a matriz da identidade.

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Família

• Ocorre a partir de 3 componentes: – Primeiro: a família é um sistema sócio-cultural

aberto em transformação.– Segundo: a família passa por um

desenvolvimento, atravessando certo número de estágios, que requerem reestruturação.

– Terceiro: a família se adapta a circunstâncias modificadas, de maneira a manter a continuidade e a intensificar o crescimento psicossocial de cada membro.

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Estrutura Familiar• A estrutura familiar é um conjunto invisível de exigências

funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da família interagem.

• Uma família opera através de padrões transacionais. Transações repetidas estabelecem padrões de como, quando e com quem se relacionar e estes padrões reforçam o sistema.– Ex: Quando uma mãe diz a seu filho para tomar o suco e ele

obedece, esta interação define quem ela é em relação a ele e quem ele é em relação a ela, naquele contexto e naquele momento. Operações repetidas, nestes termos, constituem um padrão transacional.

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• Os padrões transacionais regulam o comportamento dos membros da família e são mantidos por dois sistemas de repressão. O primeiro é genérico e estão relacionados as regras universais que governam a organização familiar. O segundo sistema de repressão é idiossincrático, envolvendo as expectativas mútuas de membros específicos da família. A origem destas expectativas está mergulhada em anos de negociações explícitas e implícitas entre os membros da família.

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A resistência a mudança• Quando surgem situações de desequilíbrio do sistema, é

comum que os membros da família achem que os outros membros não estão cumprindo as suas obrigações. Então, aparecem reinvindicações de lealdade familiar e manobras que induzem culpa.

• A estrutura familiar deve ser capaz de se adaptar, quando as circunstâncias mudam. A existência continuada da família como um sistema, depende de uma extensão suficiente de padrões transacionais alternativos e da flexibilidade para mobilizá-los, quando necessário.

• A família deve responder às mudanças internas e externas, deve ser capaz de transformar-se de maneira que atendam às novas circunstâncias, sem perder a continuidade, que proporciona um esquema de referência para seus membros.

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Família: um sistema formado por subsistemas

• O sistema familiar diferencia e leva a cabo suas funções através de subsistemas. Os indivíduos são subsistemas dentro de uma família. Díades como mãe esposo-esposa e mãe-filho, podem ser subsistemas. Os subsistemas podem ser formados por geração, sexo, interesse ou por função.

• Cada indivíduo pertence a diferentes subsistemas, nos quais tem diferentes níveis de poder e onde aprende habilidades diferenciadas.

• A organização de subsistemas de uma família fornece treinamento valioso no processo de manutenção do “eu sou” diferenciado, ao mesmo tempo que oferece habilidades individuais em diferentes níveis.

• Exemplos de sibsistemas: parental, executivo, fraternal, conjugal

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Fronteiras

• As fronteiras de um subsistema são as regras que definem quem participa e como.

• A função das fronteiras é de proteger a diferenciação do sistema. Cada subsistema familiar tem funções específicas a seus membros, e o desenvolvimento de habilidades interpessoais, conseguidas nestes subsistemas está baseado na liberdade do subsistema de interferências de outros subsistemas.

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Tipos de fronteiras:

• Fronteiras nítidas: - - - - - - - -• Fronteiras difusas: . . . . . . . . .• Fronteiras rígidas:_________

__________ _ _ _ _ _ _ _ _ _ . . . . . . . . . . .Desligada nítidas emanharadas(fronteiras rígidas) (limites normais) (fronteiras difusas)

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Outros sinais a serem considerados:

Associação:

Superenvolvimento:

Conflito

Coalisãoi

Desvio:

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Famílias Desligadas• Os membros de famílias desligadas podem funcionar

autonomamente, mas tem um sentido distorcido de independência e carecem de sentimentos de lealdade e de pertencimento, bem como de capacidade de interdependência e para solicitação de apoio, quando necessário.

• Um sistema voltado para o limite extremo do desligamento tolera uma larga amplitude de variações individuais em seus membros , porém os estresses num membro da família não ultrapassam suas fronteiras, somente um nível muito muito elevado de estresse individual irá ativar o sitema de apoio da família.

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Famílias Emanharadas• Os membros de famílias emanharadas podem se

prejudicar em razão do incremento do sentimento de pertencimento, que por requerer o máximo acaba por exigir a renúncia da autonomia. A falta de diferenciação dos subsistemas desencoraja a exploração autônoma e o domínio dos problemas, desse modo as habilidades cognitivo-afetivas são inibidas.

• O comportamento de um membro afeta imediatamente aos outros, e o estresse num membro individual repercute fortemente através das fronteiras e ressoa rapidamente nos outros subsistemas.

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Fronteiras Nítidas e o funcionamento familiar

• Para o funcionamento apropriado da família, as fronteiras dos subsistemas devem ser nítidas. Devem ser definidas suficientemente bem para permitir que os membros do subsistema levem a cabo as suas funções, sem interferência indevida, mas devem admitir contato entre os membros do subsistema e outros.

• A nitidez das fronteiras dentro de uma família é um parâmetro útil para avaliação do funcionamento familiar.

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Má organização das fronteiras = disfuncionalidade familiar

• A família emaranhada responde a qualquer variação do habitual, com excessiva rapidez e intensidade.

• A família desligada tende a não responder, quando uma resposta é necessária.

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Ação Terapêutica• A ação terapêutica agirá no processo e não nos

motivos trazidos pela família.• A avaliação dos subsistemas familiares e do

funcionamento das fronteiras proporciona um rápido quadro diagnóstico da família, que orienta a intervenção terapêutica.

• O terapeuta muitas vezes funciona como um criador de fronteiras, tornando nítidas as fronteiras e abrindo as inadequadamente rígidas.

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O Subsistema Conjugal

• A principal habilidade a se desenvolver neste subsistema é a complementaridade e a acomodação mútua, isto é, o casal deve desenvolver padrões em que cada um apóia o funcionamento do outro em muitas áreas. Devem desenvolver padrões de complementaridade, que permitem a cada um “entregar”, sem a sensação de que renunciou. A aceitação de uma interdependência mútua para criar uma relação simétrica.

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O subsistema conjugal• O subsistema conjugal pode se tornar um

refúgio para os estresses externos e a matriz para o contato com outros sistemas sociais. Pode favorecer a aprendizagem, a criatividade e o crescimento a partir do processo de acomodação. Mas os casais também podem estimular aspectos negativos um do outro, um dos membros pode insistir em aperfeiçoar ou salvar o seu parceiro e, por este processo, desqualificá-lo; ao invés de aceitá-lo, impõe novos padrões a serem atingidos .

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Ação terapêutica• Se um terapeuta deve desafiar um padrão

disfuncional, deve lembrar de desafiar o processo, sem atacar a motivação dos participantes. Um terapeuta orientado para sistemas deveria oferecer interpretações que sublinhem a mutualidade, como: Você protege a sua esposa de uma maneira que a inibe, e você traz à tona uma proteção desnecessária por parte de seu esposo, com grande habilidade. Uma interpretação atrás da outra deste tipo enfatiza a complementariedade do sistema, reúne o positivo e negativo em cada esposo e elimina as implicações de julgamento da motivação.

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Prevenção

• O subsistema conjugal deve conseguir uma fronteira que o proteja da interferência das exigências e necessidades de outros subsistemas. O casal tem que criar um território psicosocial próprio, um abrigo no qual possam dar apoio emocional um ao outro.

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Subsistema Parental

• O subsistema parental surge com o nascimento do primeiro filho. O subsistema conjugal deve se diferenciar, para desempenhar a tarefa de socialização de uma criança, sem perder o apoio mútuo, que deve caracterizar o subsistema conjugal. Deve ser delineado uma fronteira, que permite o acesso da criança a ambos os pais, embora excluindo-a das funções conjugais.

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Subsistema Parental• Alguns casais que procedem bem como um

grupo de dois, jamais são capazes de fazer uma transição satisfatória para as interações de um grupo de três.Em algumas famílias, o filho pode ser atraído para dentro dos problemas do subsistema conjugal.

• A autoridade, característica do subsistema parental, deve ser uma autoridade flexível e racional. Espera-se que os pais compreendam as necessidades de desenvolvimento dos filhos e expliquem as regras que impõem.

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Subsistema Parental

• O processo parental difere dependendo da idade dos filhos. Quando as crianças são muito pequenas, predominam as funções de nutrição. O controle e a orientação assumem mais importância mais tarde. A medida que a criança amadurece, especialmente durante a adolescência, as exigências feitas pelos pais começam a colidir com as exigências dos filhos quanto autonomia apropriada a idade.

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Subsistema Parental• Os pais não podem proteger e guiar, sem, ao mesmo

tempo, controlar e reprimir. Os filhos não podem crescer e se tornarem individualizados, sem rejeitar e atacar. O processo de socialização é inerentemente conflitante.

• O funcionamento eficiente requer que pais e filhos aceitem o fato de que o uso diferenciado de autoridade é um ingrediente necessário para o subsistema parental. Este se torna um laboratório de treinamento social para as crianças, que necessitam saber negociar em situação de poder desigual.

• A tarefa do terapeuta é a de ajudar os subsistemas a negociarem e a se acomodarem entre si.

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Subsistema Fraternal

• O subsistema fraternal é o primeiro laboratório social, no qual as crianças podem experimentar as relações entre iguais; as crianças aprendem a negociar, cooperar e competir, aprendem como fazer amigos e aliados, como ter prestígio.

• A significação do sistema fraternal é observada muito claramente na sua ausência. Filhos únicos desenvolvem um padrão precoce de acomodação ao mundo adulto, que pode ser manifestada em desenvolvimento precoce. Ao mesmo tempo, podem apresentar dificuldade no desenvolvimento da autonomia e na capacidade de compartilhar, cooperar e competir com os outros.

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Família e Adaptação

• A grande maioria das famílias quando procura tratamento, está enfrentando dificuldades inerentes ao processo de acomodação despertado pelas transformações exigidas por forças externas ou forças internas.

• O rótulo da patologia deveria ser reservado para famílias que, em face do estresse, aumentam a rigidez de seus padrões transacionais e de suas barreiras, e evitam ou resistem a qualquer exploração de alternativas.

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Modelo estrutural para diferentes etapas da vida

• Família com filhos pequenos:M P- - - -crianças

• Família com 1 filho adolescente:M P - - - - - - -irmão - - - adolescente

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Inclusão ou perda de um membro na família = estresse

• Tipos de aumento de membros: o nascimento de uma criança, o casamento de um membro da família ampla, a fusão de duas família através do casamento dos pias ou a inclusão de um parente, amigo ou de uma criança adotada.

• Diminuição dos membros numa família: morte de um membro da família, separação ou divórcio, encarceiramento, institucionalização ou afastamento do filho por causa da escola

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Revisão Bibliográfica

• Minhuchin, S. (1982). Famílias: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas.