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    OOMMooddeellooddeeHHeecckksshheerr--OOhhll iinn

    KRUGMAN & OBSTFELD, CAP. 4; WTP, CAP. 7

    OBS.:ESTAS NOTAS DE AULA NO FORAM SUBMETIDAS A REVISO,TENDO COMONICA FINALIDADE A ORIENTAO DA APRESENTAO EM CLASSE.COMENTRIOS SO BEM VINDOS E PODEM SER ENVIADOS [email protected]. REPRODUO SOB QUAISQUER MEIOSOU DISTRIBUIO PROIBIDA SEM AUTORIZAO PRVIA DO AUTOR.

    Roland Veras Saldanha Jr Pgina 1 03/04/2007

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    INTRODUO

    o O modelo Hecksher-Ohlin (H-O) um clssico do comrcio internacional,incorporando explicao do comrcio internacional, entre outras coisas, aimportncia das diferenas nas dotaes de fatores entre os pases. EliHecksher e Bertil Ohlin so suecos, este ltimo tendo recebido o Nobel em1977.

    o Posto de forma simples, o comrcio internacional influenciado pelasdotaes relativas de fatores, vale dizer, o pas que tem mais terra (emcomparao aos outros pases), costuma ter uma vantagem na produo debens que usem este insumo de forma intensiva. O tratamento explcito da

    importncia das propores de fatores fez com que este modelo tambmficasse conhecido como o modelo de propores de fatores.

    o Em sua verso mais simples, aqui analisada, o modelo H-O supe 2economias, cada qual produzindo 2 bens e usando 2 fatores. Um terceiro nomeidentificado com o modelo H-O o de modelo 2 x 2 x 2 de H-O.

    o Diversos teoremas importantes decorrem do modelo H-O. Eles seroapresentados agora e derivados a seguir:

    a) Um pas exporta os bens cuja produo intensiva na utilizao dos

    fatores de produo que lhe so relativamente abundantes.b) Se as tecnologias e produtos nos dois pases forem idnticos e todos os

    produtos forem produzidos em todos os pases (especializaoincompleta), os preos dos fatores sero iguais nos dois pases (teoremada equalizao dos preos dos fatores). - Teorema da Equalizao dosPreos dos Fatores

    c) Qualquer efeito do comrcio que eleve o preo local do produtoimportado beneficia os detentores do fator produtivo usadointensivamente na produo do bem concorrente do importado.

    Teorema de Stolper Samuelson.

    Estrutura Bsica do Modelo

    o Cada uma das 2 economias produz 2 bens: vestimentas (V) e alimentos (A)usando 2 insumos, Terra (T) e trabalho (L). As tecnologias empregadas nos

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    dois pases so idnticas e esto sujeitas lei dos rendimentos marginaisdecrescentes.

    o Supe-se que ambos os fatores sejam utilizveis na produo dos doisbens: os fatores so inespecficos e, assim, precisam receber a mesmaremunerao quer estejam sendo usados em um ou outro setor. Os insumos,entretanto, no podem ser transferidos entre os pases, apenas os bens eservios finais esto, neste modelo, sujeitos ao comrcio.

    o Para a economia domstica, as funes de produo so:

    ( LTQQ VV ,= )

    )

    , ;0;0 ' LVLV PMgPMg 0;0'

    TVTV PMgPMg

    ( LTQQ AA ,= , ;0;0'

    LALA PMgPMg 0;0'

    TATA PMgPMg

    Isoquantas e escolha tima de insumos

    o Uma curva til nesta apresentao a ISOQUANTA, uma curva que d ascombinaes entre diferentes quantidades utilizadas de insumos queproduzem uma mesma quantidade de um bem ou servio.

    o As isoquantas podem ser obtidas a partir da funo de produo. Para aproduo de alimentos na economia domstica, por exemplo, a quantidade

    produzida de alimentos funo da quantidade de insumos, terra e trabalho,utilizadas por intervalo de tempo.

    o Deseja-se conhecer as outras combinaes de T e L que produzemexatamente QA0unidades de alimentos. Para tanto, faz-se uma diferenciaototal da funo de produo. O raciocnio simples:

    a) Para uma tecnologia dada, a variao na quantidade produzida (dQA)ocorre apenas se houver variao na utilizao de insumos , dL e/ou dTdiferente(s) de zero .

    b) A relao entre a variao na utilizao de cada insumo e a variao naquantidade produzida dada pelas produtividades marginais dosinsumos. Lembre-se que no clculo da PMg de um insumo, supe-seque a quantidade utilizada do outro esteja constante. Assim, pode-seexpressar a variao na quantidade produzida por:

    A AA TA

    Q QdQ dT dL PMg dT PMg dL

    T L

    = + = +

    LA

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    c) Numa isoquanta, a quantidade produzida no varia, ou seja, dQA =0,logo:

    TA

    LALATA

    PMgPMg

    dLdTdLPMgdTPMg =+=0

    d) A razo pela qual se precisam substituir um insumo pelo outro paramanter a produo constante conhecida como Taxa Marginal deSubstituio Tcnica (TMST) entre os insumos, sendo esta a inclinaoda isoquanta, obtida acima:

    TA

    LA

    PMg

    PMgTMST =

    e) Note que:

    o H infinitas isoquantas, uma para cada nvel de produo, QA.

    o Se a PMg dos fatores decrescente, medida que se usa mais deum fator e menos do outro a inclinao da Isoquanta (no ponto) varia. Oformato da isoquanta, neste caso, cncavo em relao origem.

    f) Pode-se usar as isoquantas para conhecer a combinao tima deinsumos a ser utilizada. Para tanto, falta conhecer apenas o custo deutilizao dos fatores, o salrio, w, e a renda da terra, r. Supondo queestes sejam conhecidos e dados (uma hiptese que ser relaxada maisadiante, mas que no prejudica este raciocnio), basta encontrar acombinao de insumos que, para uma tecnologia dada, maximiza oslucros.

    g) Se os preos dos bens so dados, escolher a combinao de insumosque maximiza os lucros ou que minimiza os custos so problemas quegeram solues idnticas (por qu?). H dois caminhos para estruturar oproblema:

    (1) Encontrar a combinao entre T e L que minimiza os custos paraproduzir uma determinada quantidade, QA0; ou,

    (2) Encontrar a combinao entre T e L que produz a quantidademxima (lucro mximo) para um custo dado (CT0).

    o Estes so problemas chamados duais, duas formas para se obter asmesmas condies timas. Abaixo a estrutura analtica do primeiro:

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    ( )

    ,

    0

    min

    .

    ,

    T L

    A A

    CT rT wL

    s a

    Q Q T L

    = +

    =

    h) A soluo analtica pode ser obtida atravs da construo de uma funoauxiliar, o lagrangeano.

    o Este um truque matemtico para combinar a funo objetivo (minCT) com a restrio, colocando-as numa nica expresso, F, a funo deLagrange.

    ( )( )0,A AF rT wL Q T L Q= +

    o A empresa procura os custos mnimos e, para encontr-los, consideravariaes nas quantidades utilizadas de T e L. Quando estasquantidades forem timas, ou seja, compatveis com os custos mnimos,o grfico da funo lagrangena estar no fundo de um vale (customnimo, dadas as restries). Neste ponto, a tangente curva querepresenta a funo de Lagrange ser horizontal, ou seja, ter inclinaoigual a zero. Em termos formais, para que a escolha de insumos sejatima necessrio que:

    00 ==

    TAPMgr

    T

    F

    00 ==

    LAPMgw

    L

    F

    ( ) 0.00 ==

    LTQQ

    FAA

    o Dividindo a segunda condio pela primeira, percebe-se que para quea escolha de insumos seja tima, a TMST entre T e L, precisa ser igualao preo relativo dos respectivos insumos:

    TA

    LA

    PMg

    PMg

    r

    w=

    o A ltima condio, a derivada da funo de Lagrange em relao alambda, apenas exige que a restrio de quantidade seja respeitada, ouseja, que:

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    ( )LTQQ AA ,0 =

    o Note que se w/r aumentar (diminuir) a razo PMgLA/PMgTA tambm

    precisa aumentar (diminuir), para que os lucros continuem mximos. Istosignifica que um aumento na razo salrio/aluguel aumentar a razoT/L utilizada, pois esta a forma pela qual a PMgLAaumenta em relaoa PMgTA(usando menos L a PMg deste insumo aumenta e usando maisT, a PMg deste insumo diminui).

    i) A soluo grfica bastante intuitiva, mas exige que se construa umanova funo, a ISOCUSTO, que mostra as combinaes entre utilizaesde T e L que implicam um mesmo custo total de produo.

    o Seja CT0um determinado nvel de custos, a isocusto associada a estenvel de custos :

    AA

    AA

    Lr

    w

    r

    CTT

    ou

    wLrTCT

    =

    +=

    0

    0

    o Diversas curvas de isocusto podem ser construdas, uma para cada

    nvel de custos. No grfico, observa-se que isocustos mais altas (maisdistantes da origem) implicam custos mais altos. Note que a inclinaoda isocusto num determinado ponto dada por (w/r).

    o Escolha, agora, como no exerccio analtico, uma determinadaquantidade de alimentos a ser produzida, representando-a graficamentepela isoquanta associada. O problema encontrar, no grfico, a formamais barata (tima) para produzir esta quantidade de alimentos. simples perceber que a combinao tima de insumos ser aquela emque a isocusto mais baixa tangencia a isoquanta, ou seja, o ponto 1 nafigura. (Desconsidere, para esta explicao, o uso de aTFe aLFnos eixos

    do grfico abaixo, entendendo que no eixo horizontal mede-se asquantidades de trabalho usadas em valores absolutos, e no eixo vertical,as quantidades absolutas de terra usadas veja obs. no incio daapostila )

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    o Sabendo que a inclinao da isocusto igual a (w/r) e que a

    inclinao da isoquanta num ponto dada porTA

    LA

    PMg

    PMgTMST = , percebe-

    se que no ponto de tangncia entre as curvas, a primeira condio deminimizao de custos encontrada na soluo analtica satisfeita:

    r

    w

    PMg

    PMg

    TA

    LA=

    o Como a soluo encontra-se na isoquanta, a segunda condiotambm satisfeita:

    ( )LTQQ AA ,0 =

    j) Note, novamente, que um aumento em w/r faz com que a Isocusto fiquemais inclinada (em termos absolutos). Isto leva a isoquanta a tangenciaruma nova linha de isocustos, num ponto em que se utilizar menos L emais T para que o custo seja mnimo, como j foi visto, a razo T/Ltima aumenta. [faa um grfico e cheque este raciocnio!]

    Classificao das tecnologias segundo a intensidade de utilizao dos fatores

    o Um setor A dito relativamenteintensivo na utilizao de um fatorde produo jem relao ao setor V quando, para cada e todo preorelativo do insumo j, a utilizao tima de insumos indique que o usodo insumo j em relao ao uso dos outros insumos, k, seja maior e A doque em V:

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    V

    V

    A

    A

    k

    j

    k

    j>

    o Se a produo de A intensiva na utilizao de terra em relao produo de V, e os nicos insumos utilizados sejam T e L, asutilizaes relativas timas de insumos no setor que produz A seriaexibida pela curva AA e no setor V, por VV:

    T/L

    AA

    VV

    t0

    t2

    t1

    Grfico 1

    No Grfico 1 acima, fica claro que a produo de alimentos semprerelativamente intensiva em terra e que, alternativamente, a produo devestimentas sempre intensiva em trabalho, quando comparada produo de alimentos. Evidente que este comportamento uniformepode ser diferente conforme as circunstncias empricas, como ocorreriase as curvas AA e VV se cruzassem em determinado ponto. Se estecruzamento ocorresse, as intensidades seriam invertidas a partir dainterseco, um fenmeno conhecido na literatura como reverso daintensidade de fatores (factor intensity reversal).

    Suponha que as curvas no se cruzam, como no grfico, e que a

    economia local tem uma relao T/L (abundncia relativa de terra) iguala t1. Neste caso, mesmo sem saber nada sobre a demanda nestaeconomia em autarquia, possvel perceber que a relao w/r estar emdentro do intervalo BC, pois se esta razo fosse maior do que OC ambosos setores tentariam usar uma quantidade maior de T em relao a L doque t1, o que faria r subir em relao a w e reduziria a razo w/r. Damesma forma, se w/r fosse menor do que OB, a demanda por L emrelao a T aumentaria nos dois setores, para baixo de t1, fazendo w/r

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    aumentar. O Grfico 1 permite, assim, determinar um intervalo de razesw/r factveis em cada economia, a depender da abundncia relativa defatores.

    Relao entre os Preos Relativos dos bens e dos fatores

    o At o momento se discutiu apenas as escolhas timas de uso deinsumos dados r e w, ou seja, sem considerar os preos relativos dosprodutos que, em ltima instncia, determinaro quanto de Alimentos equanto de Vestimentas sero produzidos em cada economia.

    o Mantendo a hiptese de autarquia, precisamos agora resolver o

    problema da produo como um todo, ou seja, entender como serotomadas as decises de produo de A e V e o uso de T e Lsimultaneamente.

    o Vamos supor que a produo de alimentos seja relativamenteintensiva na utilizao de terra, quer dizer, para todo o w/r possvel:

    V

    V

    A

    A

    L

    T

    L

    T>

    o Isto significa que, qualquer seja a relao salrio/aluguel, conforme a

    escolha tima de uso de fatores analisada anteriormente, umaquantidade relativamente maior de terra/trabalho estar sendo usada naproduo de alimentos do que na produo de vestimentas, exatamentecomo posto no Grfico 1. O que aconteceria na economia se o preo dasvestimentas aumentasse?

    o Para produzir mais vestimentas, em resposta ao aumento do preorelativo desta mercadoria, ser necessrio deslocar T e L da produode alimentos para a produo de vestimentas. Lembrando que aproduo de alimentos usa relativamente menos L do que T ( terraintensiva) e que a produo de vestimentas usa relativamente mais L doque T ( terra intensiva), haver um descompasso entre a oferta e ademanda dos fatores de produo.

    o Sobra terra e falta mo de obra, uma situao resolvida pelomercado atravs de um aumento na razo w/r.

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    o Assim, um aumento em Pv/Pa faz com que os salrios aumentem emrelao ao aluguel da terra, o que j indica que os trabalhadores tendema ser beneficiados por esta mudana nos preos relativos (=elevao do

    preo relativo do produto que intensivo em mo de obra).o Note que de fato este benefcio ocorre. O custo de produzirvestimentas dado pela soma dos salrios e dos aluguis pagos parasua produo. Como os aluguis diminuem com o aumento do preorelativo das vestimentas, os salrios precisam subir mais do que o preodas vestimentas neste processo. A renda real dos trabalhadoresaumenta, sem qualquer dvida (o salrio nominal sobe mais do que opreo nominal das vestimentas, e o preo nominal dos alimentos semantm o mesmo ou mesmo cai).

    o Digamos que o preo relativo das vestimentas aumente em 10%. Peloraciocnio acima, a razo w/r sobre em mais do que 10%, o que faz ostrabalhadores ficarem definitivamente com uma renda real maior.

    o Da mesma forma, quando o preo relativo das vestimentas aumenta,o preo relativo dos alimentos cai. Neste caso, os detentores dos fatoresde produo usados intensivamente na produo de alimentos soinquestionavelmente prejudicados.

    o O grfico abaixo ajuda a compreender o argumento (C paravestimentas e F para alimentos).

    o Admitindo que a produo de alimentos seja relativamente intensivaem terra (ou, o que o mesmo, que a produo de vestimentas sejarelativamente intensiva em mo de obra), um aumento no preo relativodas vestimentas faz com que os salrios aumentem em relao aos

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    aluguis, de (w/r)1 para (w/r)2. Os proprietrios de terras soinequivocamente prejudicados, os assalariados, beneficiados.

    o De forma geral: uma elevao no preo relativo de um bem beneficiaos detentores do fator de produo usado intensivamente na produodeste bem, prejudicando aos demais. Este argumento no depende daespecificidade dos fatores, mas das diferenas nas intensidades deutilizao dos mesmos entre os setores.

    Restrio de Fatores: Pleno Emprego

    o At o momento o raciocnio ligou os mercados de bens e fatores semexigir que estes estivessem plenamente empregados. Vamos incorporaresta restrio usual nos modelos de comrcio internacional.

    o A condio de pleno emprego coloca limites nas capacidades deproduo dos diferentes bens, apenas exige que toda a mo de obraesteja empregada na produo de alimentos ou vestimentas, assimcomo que toda a terra seja plenamente utilizada (na produo de um,outro, ou dos dois bens).

    o Vamos utilizar um diagrama bastante conhecido, chamado Caixa de

    Edgeworth para entender o pleno emprego no modelo H-O. Nesta

    caixa, sero representadas as isoquantas para a produo devestimentas e de alimentos. Inicie construindo um mapa de isoquantaspara cada setor, lembre-se que ele mostra as possveis combinaes deinsumos associadas s diferentes quantidades produzidas de cada bem:

    LV

    TV

    QVQV

    QV

    TA

    LA

    QA

    QA

    QA

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    o Note que as isoquantas na produo de alimentos foram traadas

    mais prximas ao eixo do trabalho, a produo de vestimentas est

    sendo suposta intensiva em trabalho. Da mesma forma, as isoquantasna produo de alimentos foram desenhadas mais prximas ao eixo daterra, pois este um setor intensivo em terra.

    LV

    TV

    TA

    0

    0

    o Agora, vamos manter o grfico das vestimentas como est, apenasfazendo com que seus eixos tenham o tamanho das dotaes totais dosrespectivos insumos. No grfico dos alimentos, faa a mesma coisa, de

    forma que ambos tero as mesmas dimenses. (Este desenho no foifeito aqui, apenas o raciocnio!).

    o Tome o grfico dos alimentos e gire-o em 90o, encaixando-o aogrfico das vestimentas de forma a obter uma caixa: esta a caixa deEdgeworth para a produo..

    o Na caixa, observe que as isoquantas de alimentos esto comconcavidades opostas. Os pontos de tangncia entre isoquantas opostasso pontos em que as inclinaes das isoquantas so idnticas, ou seja,em que a mesma remunerao relativa ao trabalho e terra compatvel com a maximizao dos lucros em ambos os setores, estespontos de tangncia so conhecidos como pontos da curva de contrato,

    a curva que rene todos os pontos para os quais LT

    w PMg

    r PMg= em ambos

    os setores.

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    o Para que as empresas estejam maximizando os lucros em ambos ossetores, necessrio que estejam sobre a curva de contrato.Evidentemente, sobre a curva de contrato a economia est operando em

    pleno emprego, toda a terra e toda a mo de obra disponveisencontram-se alocadas em um ou outro setor.

    o Na curva de contrato, se houver um aumento no preo relativo dasvestimentas, o ponto de tangncia precisar ocorrer a um custo relativow/r mais alto. A produo de vestimentas aumentar e a de alimentos ircair, os salrios aumentaro mais do que os preos e a renda da terradiminuir de forma inequvoca.

    o Outra possibilidade interessante a ser considerada a de umaumento nas dotaes de apenas um fator (ou um aumento nas

    dotaes de um fator superior ao aumento nas demais). Neste caso, acaixa de Edgeworth aumenta desproporcionalmente, implicando umaexpanso desigual das possibilidades de produo de um pas.

    o Na figura abaixo, um aumento nas disponibilidades de terra faz comque a caixa de Edgeworth fique mais alta, tornando a terra um fatorrelativamente mais abundante. Um resultado bsico do modelo que aeconomia tende a aproveitar as vantagens associadas abundnciarelativa de fatores, ou seja, a produo do bem intensivo na utilizao deterra tender a aumentar, como mostra a figura. Ocorre uma reduo na

    produo de vestimentas (intensiva em mo de obra) e um aumento naproduo de alimentos.

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    o O efeito de uma mudana desproporcional nas dotaes de fatores deuma pas pode ser visualizado tambm atravs de um deslocamento daFPP. Trata-se de uma deslocamento viesado, com maior expanso na

    capacidade produtiva do bem intensivo na utilizao do insumo cujadotao aumentou proporcionalmente mais. Note que se o preo relativodo bem no diminuir com a expanso dos fatores, a produo deste bemtende a aumentar e a do outro bem tende a cair.

    Efeitos do Comrcio Internacional no Modelo HO

    o Da anlise precedente ficou clara a dependncia entre os preosrelativos e as remuneraes dos fatores, de especial interesse o impactosobre a distribuio de renda quando ocorre uma mudana nos preosrelativos e h diferena na intensidade de utilizao de insumos entre ossetores produtivos domsticos.

    o Os aspectos discutidos at o momento, vale notar, dizem respeito aolado da oferta. Para determinar o preo relativo internacional de um bem,

    entretanto, necessrio tratar tambm dos fatores da demanda. O preorelativo internacional de um bem determinado pela interao das forasde oferta e demanda.

    o No Krugman & Obstfeld, at o momento, o tratamento dado aosaspectos de demanda pouco rigoroso, e nesta apresentao doModelo H-O este problema no diminui. De fato, supe os autores queas preferncias sejam idnticas entre os pases, ou seja, que as curvas

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    de demanda dos dois pases sejam idnticas para todos os bens. Aobteno da curva de demanda internacional, neste caso, bastantesimples: basta somar as demandas domstica e estrangeira para cada

    preo relativo e obtm-se a curva de demanda internacional. Como j sefez nos modelos anteriores medem-se as quantidades nos mercados emtermos relativos, ou seja, o mercado mundial de vestimentas, porexemplo, representado por um grfico em que se tem o preo relativodas vestimentas em termos de alimentos no eixo vertical, e asquantidades relativas mundiais de vestimentas em termos de alimentos,no eixo horizontal. Com uma curva de demanda relativa, as curvas dedemanda domstica, estrangeira e internacional sero idnticas, pois aspropores demandadas no se alteram quando as curvas de demandarelativas so somadas (e as preferncias so idnticas).

    o Se os pases usam tecnologias idnticas e produzem bensexatamente iguais (e comercializveis), diferindo apenas no queconcerne abundncia relativa de fatores, uma simples decorrncia daanlise precedente que o pas com abundncia relativa de mo de obraconseguir ofertar o bem que utiliza este insumo de forma intensiva apreos menores do que o pas relativamente abundante em terras. Nogrfico abaixo, mostram-se as curvas de oferta do pas domstico eestrangeiro para a situao de autarquia, expondo a hiptese de que opas local relativamente abundante em mo de obra, e o pasestrangeiro relativamente abundante em terras. [A abundncia relativa

    depende da comparao entre as dotaes totais de terra e mo de obraentre os pases, nestes termos, supe-se aqui que (L/T) > (L*/T*)]. Sobestas hipteses, em autarquia observa-se preo relativo das vestimentasmaior na economia estrangeira do que na domstica.

    o Com o comrcio internacional, as diferenas internacionais de preostendem a ser eliminadas, pelo que o preo das vestimentas na economiaestrangeira tende a cair e na economia domstica a aumentar. Isto trazrepercusses importantes na distribuio de renda interna aos pases:

    (1) Na economia domstica, relativamente abundante em mo deobra, o setor intensivo na utilizao de trabalho (vestimentas) privilegiado, com aumento dos salrios e reduo da renda daterra na renda agregada.

    (2) Na economia estrangeira, relativamente abundante em terras, osetor produtor de alimentos privilegiado, aumentando a

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    participao da renda da terra e reduzindo a dos salrios na rendaagregada.

    o Adicionalmente, mantidas as hipteses de tecnologias e produtosidnticos, as remuneraes aos fatores de produo tendero a seigualar! Este o teorema da equalizao dos preos dos fatores. Noteque no h qualquer incongruncia entre este resultado e a explicaopara as diferenas nos salrios (e remunerao a outros fatores)

    apresentadas no modelo de fatores especficos. De fato, nos modelosanteriores supunha-se, para que houvesse a possibilidade de comrciointernacional, que as tecnologias produtivas fossem diferentes entre ospases. Tm-se, portanto, um novo aspecto a ser considerado, que noinvalida os apresentados anteriormente, mas complementa-os.

    o importante notar que esta equalizao pode ocorrer, mas noprecisa acontecer necessariamente. De fato, retornando ao Grfico 1,observa-se que h limites para as razes w/r possveis em cada pas. Set1 a razo T/L domstica e t0a razo T*/L*, existe a possibilidade daequalizao, j que h um intervalo para a razo w/r comum nas duaseconomias, o intervalo DC. Se a razo T*/L* fosse maior, entretanto,como em t2 as razes w/r domstica e estrangeira tendem a seaproximar, mas nunca podero ser iguais, j que neste caso no hsuperposio de w/r possvel entre a economia domstica e aestrangeira.

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    Evidncia Emprica sobre o Modelo H-O

    o O Paradoxo de Leontief um famoso estudo pulicado em 1953 por

    Wassily Leontief, implicou um importante ataque validade do ModeloH-O. Avaliando as evidncias para os EUA, Leontief descobriu que asexportaes norte-americanas eram menos intensivas em capital do quesuas importaes, um resultado diretamente oposto ao previsto pelomodelo H-O quando se considera a relativa abundncia de capital/mode obra dos EUA, quando comparada da maioria dos outros pases.No se tem uma soluo definitiva, at hoje, para o paradoxo observado,mas diversas explicaes tendem a recuperar a validade do modelo H-O:

    (1) As exportaes dos EUA so relativamente intensivas em mo deobra especializada, em que os EUA so relativamente abundantes.

    Tomar a mo de obra sem levar em conta sua qualidade podegerar o paradoxo mencionado;

    (2) As exportaes dos EUA so intensivas em tecnologia, fatorabundante naquele pas, conforme prev o modelo H-O.

    o Testes baseados em dados mundiais tendem a reproduzir o paradoxode Leontief, mas novamente, um maior cuidado em isolar os tipos defatores por sua qualidade podem reabilitar o modelo H-O.

    o Alm da dificuldade emprica em isolar fatores de produo idnticospara testar efetivamente o modelo H-O, outra suposio importante,aquela que se refere utilizao de tecnologias idnticas nos diferentespases apresenta pouca sustentao emprica, o que tambm justifica afragilidade do modelo ao explicar as evidncias do mundo real.

    o Apesar destas dificuldades, entretanto, um modelo que trazimportantes elementos compreenso do impacto do comrciointernacional sobre a distribuio de renda. Deve ser usado conjugadoaos demais modelos para a efetiva compreenso da lgica do comrciointernacional.

    Perguntas

    Problemas do Captulo 4 Krugman & Obstfeld: Todas

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    Bibliografia

    Caves, Richard E., Frankel, Jeffrey A., Jones, Richard W.World, Trade and Payments: An

    Introduction . USA: Addison Wesley, 1999.

    Krugman, Paul R., Obstfeld, Maurice. Economia Makron Books, 1999.

    Roland Veras Saldanha Jr Pgina 18 03/04/2007