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ISSN: 1984 -3615 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO & IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA 2010 227 O MITO DO SONO NA GRÉCIA ANTIGA Marina Leonhardt Palmieri 1 3Upnov (Hýpnos) é a divindade que personifica o sono na mitologia grega. Nosso escopo é investigar a genealogia e a morada do Sono, tratar da sua relação com os deuses, bem como da atuação desse deus sobre os olímpicos e de sua intervenção na vida dos mortais. Partindo do geral para o particular, primeiro abordaremos ainda que sumariamente tanto a questão do mito em sua essência quanto a da conservação dos mitos gregos, para em seguida examinar o mito do Sono, sobretudo tal como nos é apresentado nas obras de Homero e Hesíodo. Atentaremos, inclusive, para o modo como o sono não personificado é tratado nos poemas homéricos e para sua relação com os deuses. Assim, com base nos assuntos tratados, poderemos, por fim, concluir em que medida o estatuto do mito aproxima-se e afasta-se do estatuto da poesia. A tradição cultural da Grécia Antiga, bem como toda e qualquer outra, é veiculada pelos seus mitos. O termo grego mu~qov (mýthos) tem o significado de „palavra‟, „fala‟, „discurso‟, „narração‟, „concepção‟, dentre outros. Os mitos, tais como conhecemos, poderiam ser definidos como narrativas, contudo, essencialmente, além das narrativas, os mitos detêm uma tradicionalidade. Por um lado, devido ao seu caráter de narração, o mito não surge como um texto fixo ligado a formas literárias determinadas, mas comporta várias espécies de variantes e pode ser artisticamente desenvolvido ou secamente resumido, seja em prosa, verso ou canção, ou até mesmo ultrapassando-se as fronteiras lingüísticas. Por outro lado, as narrativas míticas seriam tão antigas e mutáveis como a própria linguagem da humanidade e possuiriam estruturas de sentido enraizadas em modelos de comportamento ainda mais antigos (BURKET, 2001: 15-20). Os mitos gregos são, assim como os outros, narrativas que se constituíram dotadas de estruturas de sentido; relatos que foram estabelecidos, transmitidos e conservados. No 1 Aluna de graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientador: Jacyntho Lins Brandão. Título da pesquisa: O sono e os sonhos em Aristóteles. E-mail: [email protected]

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ISSN: 1984 -3615 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO

MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO

& IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA

2010

227

O MITO DO SONO NA GRÉCIA ANTIGA

Marina Leonhardt Palmieri1

3Upnov (Hýpnos) é a divindade que personifica o sono na mitologia grega.

Nosso escopo é investigar a genealogia e a morada do Sono, tratar da sua relação com os

deuses, bem como da atuação desse deus sobre os olímpicos e de sua intervenção na vida

dos mortais. Partindo do geral para o particular, primeiro abordaremos – ainda que

sumariamente – tanto a questão do mito em sua essência quanto a da conservação dos

mitos gregos, para em seguida examinar o mito do Sono, sobretudo tal como nos é

apresentado nas obras de Homero e Hesíodo. Atentaremos, inclusive, para o modo como o

sono não personificado é tratado nos poemas homéricos e para sua relação com os deuses.

Assim, com base nos assuntos tratados, poderemos, por fim, concluir em que medida o

estatuto do mito aproxima-se e afasta-se do estatuto da poesia.

A tradição cultural da Grécia Antiga, bem como toda e qualquer outra, é veiculada

pelos seus mitos. O termo grego mu~qov (mýthos) tem o significado de „palavra‟, „fala‟,

„discurso‟, „narração‟, „concepção‟, dentre outros. Os mitos, tais como conhecemos,

poderiam ser definidos como narrativas, contudo, essencialmente, além das narrativas, os

mitos detêm uma tradicionalidade. Por um lado, devido ao seu caráter de narração, o mito

não surge como um texto fixo ligado a formas literárias determinadas, mas comporta várias

espécies de variantes e pode ser artisticamente desenvolvido ou secamente resumido, seja

em prosa, verso ou canção, ou até mesmo ultrapassando-se as fronteiras lingüísticas. Por

outro lado, as narrativas míticas seriam tão antigas e mutáveis como a própria linguagem

da humanidade e possuiriam estruturas de sentido enraizadas em modelos de

comportamento ainda mais antigos (BURKET, 2001: 15-20).

Os mitos gregos são, assim como os outros, narrativas que se constituíram dotadas

de estruturas de sentido; relatos que foram estabelecidos, transmitidos e conservados. No

1 Aluna de graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientador: Jacyntho

Lins Brandão. Título da pesquisa: O sono e os sonhos em Aristóteles. E-mail: [email protected]

ISSN: 1984 -3615 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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caso grego, os mitos chegaram até nós no que seria o fim de seus percursos, ou seja, em

uma fixação durável (VERNANT, 2003: 9-17). Estes mitos foram conservados tanto sob a

forma de textos escritos, dos quais os mais antigos pertencem a obras literárias de todos os

tipos – epopéia, poesia, tragédia, história, filosofia – quanto através das artes plásticas, que

comportam desde as ditas artes menores – gravuras de alfinetes de roupa e em utensílios de

bronze e cerâmica pintada – até as monumentais. O que se convencionou chamar de

mitologia grega construiu-se em uma época tardia. Apenas no início de nossa era os

eruditos reuniram, para apresentá-las num mesmo corpo, essas tradições múltiplas, mais ou

menos divergentes.

As obras de Homero e de Hesíodo, em especial a Ilíada, a Odisséia e a Teogonia,

destacam-se como o grande reservatório da assim chamada mitologia grega e como o

sistema de referências de toda tradição posterior. O grande historiador Heródoto nos

fornece um testemunho deste fato:

„Hsi/odon ga_r kai\ 3Omhron h(liki/hn

tetrakosi/oisi e1tesi doke/w meu

presbute/rouj gene/sqai kai\ ou) ple/osi:

ou{toi de\ ei0si\ oi9 poih&santej qeogoni/hn

3Ellhsi kai\ toi=si qeoi=si ta_j e0pwnumi/aj

do&ntej kai\ tima&j te kai\ te/xnaj

dielo&ntej kai\ ei1dea au)tw~n shmh&nantej.

Parece-me que Hesíodo e Homero, quanto à idade, foram mais

velhos do que eu em quatrocentos anos, e não mais. Eles são os

que compuseram teogonia para os gregos, deram os nomes aos

Deuses, distinguiram-lhes honras e artes, e indicaram suas

figuras2(HERÓDOTO, História, II, 53, 2-3).

Por esta razão nos deteremos na investigação de como é apresentado o mito do

Sono nas supracitadas obras. Começaremos por sua genealogia apresentada pelo mais

2 Tradução de Jaa Torrano. In.: HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Trad. Jaa Torrano. 7ª ed. São

Paulo: Iluminuras, 2007.

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antigo escritor grego que surge como indivíduo: Hesíodo. Em sua Teogonia, o Sono figura-

se como filho de Nu/c (Nýx) a Noite, gerada a partir do Xa/ov (Cháos), o Caos, aquele

que primeiro existiu3. Unindo-se com amor ao Érebo, seu irmão, a Noite deu à luz o Éter e

o Dia. O Sono, por sua vez, não veio a ser a partir de uniões amorosas, nem tanto seus

irmãos Qa/natov (Thánatos), a Morte, e a raça dos Sonhos, fu~lon 0Onei/rwn

(phílon Oneíroon), conforme veremos no excerto abaixo4, que inclusive nos dá a conhecer

todos os outros irmãos de Hýpnos os quais também nasceram partenogenesicamente:

A Noite deu à luz o Destino assustador e o negro Fim

e a Morte, e deu à luz também o Sono, e ainda toda a raça dos

Sonhos.

Depois deu à luz o Sarcasmo e o Lamento doloroso,

a Noite tenebrosa, sem se ter unido a nenhum dos deuses,

e as Hespérides, que, para lá do Oceano ilustre, guardam maçãs

de ouro, belas, e as macieiras onde elas nascem.

E gerou as Moiras e as Keres, que castigam, impiedosas

[Cloto, Láquesis e Átropo, que aos mortais,

à nascença, concedem o que é bom e o que é mau],

que perseguem os delitos dos homens e dos deuses,

3 Vale aqui notar que o sentido grego de Xa/ov é antes o de um „abismo hiante‟ ou „espaço aberto‟

preexistente do que o de „desordem‟, noção consagrada a partir de autores latinos como Ovídio

(Metamorfoses, I, 5-7). O seu significado pode ser melhor compreendido pela sua relação etimológica com o

verbo xa/skw (cháscoo), „estar boquiaberto‟, „abrir a boca para gritar‟(cf. PEREIRA, 2006, p.158).

4 Tradução de Ana Elias Pinheiro. In.: HESÍODO, Teogonia. Trabalhos e Dias. Trad. Ana Elias Pinheiro e

José Ribeiro Ferreira. Imprensa Nacional – Casa da Moeda: Lisboa, 2005.

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deusas cuja cólera terrível não cessa

até infligirem um castigo ao culpado, seja ele quem for.

Deu à luz também Némesis, flagelo para os homens mortais,

a Noite funesta; e depois deu à luz a Traição e o Amor,

a Velhice funesta e gerou a violenta Discórdia (HESÍODO,

Teogonia, vv. 212-225).

Também se encontram em Homero referências ao Sono - para o qual encontramos o

epíteto: „soberano de todos os deuses e de todos os homens‟, a/nac pa/ntwn te

qew~n pa/ntwn t‟a0nqrw/pwn (ánax pántoon te theóòn pántoon t’anthróopoon) -

como irmão kasi/gnhtov (kasígneetos) da Morte (HOMERO, Ilíada, XIV, 231-233).

Há inclusive, na Ilíada, uma fórmula que ocupa dois versos na qual Sono e Morte são

qualificados pelo adjetivo di/dumoi (dídymoi), isto é, irmãos gêmeos (HOMERO,

Ilíada , XVI, 671-672 e 681-682). Neste aspecto, portanto, poderíamos dizer que há uma

confluência das tradições, porém, o mesmo não nos parece evidente ocorrer com relação ao

lugar onde habita „o doce filho da noite‟.

Hesíodo situa a morada do Sono, de sua progenitora que o traz pela mão e da

Morte, dentre outros, no Tártaro, divindade e lugar „no fundo da terra‟, o qual pode ser

considerado como o terceiro deus primordial (HESÍODO, Teogonia, v. 119), e é descrito

como um xa/sma me/ga (chásma méga), „uma garganta enorme‟ ou um „vasto

abismo‟, um espaço aberto que remete ao Caos:

Diante dessa morada que o filho de Jápeto segura o vasto céu,

de pé, com a cabeça e as mãos incansáveis,

sempre firme, lá onde Noite e Dia, mãe e filha, se encontram

e se saúdam uma à outra, cruzando-se no grande caminho

de bronze; uma recolhe ao interior, na altura em que a outra cruza

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a porta, e nunca se encontram ambas ao mesmo tempo em casa:

sempre que uma, fora de casa,

percorre a terra, a outra, por sua vez, dentro de casa

espera a hora de sua viagem, até que ela chegue;

uma oferece aos habitantes da terra a sua luz penetrante,

a outra traz pela mão o Sono, irmão da Morte,

a Noite funesta, encoberta por uma nuvem de bruma.

Lá têm sua morada os filhos da Noite escura,

o Sono e a Morte, deuses terríveis. Nunca

o Sol brilhante lhes dirige os seus raios,

nem quando sobe ao céu nem quando do céu desce.

Um deles a terra e o vasto dorso mar

percorre, tranqüilo e doce para os homens;

do outro, contudo, é de ferro o coração e de bronze o ânimo,

implacável no seu peito; assenhoreia-se do primeiro homem

que encontra e é odioso até para os deuses imortais (HESÍODO,

Teogonia, vv.746-766).5

Digno de nota é o fato de reencontrarmos no verso 756 do excerto supracitado o

termo homérico kasi/gnhtov (kasígneetos), isto é, como vimos, „irmão‟, composto de

ka/siv (kásis) e gi/gnomai (gígnomai), com qual Hesíodo também designa o Sono

em relação à Morte. Em Homero, mais precisamente, no canto XIV da Ilíada, vv. 225-269,

5 Idem ao anterior.

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é narrado um encontro de Hera com Hýpnos na ilha de Lemnos, o que, a nosso ver,

provavelmente foi o que levou alguns mitógrafos a difundirem tal ilha como a morada do

deus6. O episódio é aquele em que ocorre o assim chamado dolo de Zeus Dio\v

a0pa/th (Diòs apátee). Para que Poséidon possa socorrer os Aqueus, os quais estavam

em grande desvantagem na luta contra os troianos, Hera planeja seduzir e adormecer o

Crónida, de modo a afastar suas atenções do campo de batalha, uma vez que este favorecia

os Troianos a pedido de Tétis. A irmã e esposa de Zeus recebe a ajuda de Afrodite para

seduzi-lo. E vai ter com o Sono em Lemnos, tendo em vista pedir-lhe persuasivamente que

adormeça seu divino consorte, assim que ela se deitar ao lado dele em amor. O Sono, a

princípio, recusa, receoso do que lhe pode acontecer caso conceda atendê-la, lembrando-se

de um episódio anterior em que satisfizera semelhante pedido e por pouco escapara da

cólera de Zeus, tendo-se refugiado junto à Noite, que o salvara. Este incidente pode nos

indicar um parentesco entre a Noite e o Sono, consoante a Hesíodo, uma vez que Hýpnos,

assim como um filho em perigo, ampara-se nos braços da mãe, que o protege. Não há,

contudo, na Ilíada, nenhuma indicação explícita de que a ilha seja a sua morada

permanente, isto não nos parece evidente através da leitura da referida passagem na qual é

narrado o encontro de Hera com o Sono, a qual transcreveremos:

(...) Hera deixou apressada o píncaro do Olimpo:

aterrou na Piéria e na agradável Emácia e apressou-se

por cima das serras nevadas dos cavaleiros da Trácia,

sobre os píncaros mais altos, sem tocar a terra com os pés.

Do monte Ato pisou o mar a espumar de ondas

e chegou a Lemnos, cidade do divino Toante.

6 Cf. GRIMAL (2005, p. 231) s.v. Hipno (vale ressaltar que as fontes de Grimal são várias e não só gregas) e

BRANDÃO (1993, p. 571), o qual explicitamente escreve: “Nos poemas homéricos [Hipno] habita a ilha de

Lemnos.

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Aí encontrou o Sono, irmão da Morte;

E acariciando-o com a mão assim lhe disse e falou pelo nome:

“Sono, soberano de todos os deuses e de todos os homens!

Se alguma vez ouviste palavra minha, obedece-me então

agora; e dever-te-ei gratidão durante todos os meus dias.

Adormece sob as sobrancelhas os olhos brilhantes de Zeus,

assim que eu me tiver deitado ao lado dele em amor.

Dar-te-ei presentes, um belo trono imperecível para sempre,

dourado: Hefesto, meu filho ambidestro, fá-lo-á

com perícia e por baixo colocará um banco para os pés,

onde poderás descansar os pés luzentes quando bebes o teu vinho.”

Respondendo-lhe assim falou o Sono suave:

“Hera, deusa veneranda, filha do grande Crono!

A outro dos deuses que são para sempre facilmente

eu adormeceria, nem que fossem as correntes do rio

Oceano, ele que é a origem de todos os deuses.

Mas de Zeus Crónida eu não me aproximaria,

nem adormeceria, a não ser que ele próprio mo ordenasse.

Já antes me prejudicou uma tua recomendação,

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no dia em que aquele magnânimo filho de Zeus

navegou de Ílion, tendo saqueado a cidade dos Troianos.

Enfeiticei a mente de Zeus detentor da égide, derramando-me

suavemente à volta dele. E tu congeminaste maldades no ânimo,

levantando ventos ferozes sobre a superfície do mar;

e daí levaste-lo para a bem habitada Cós, para longe

de todos os amigos. Mas Zeus ao acordar encolerizou-se

e atirou com os deuses pelo palácio, à procura de mim

acima de todos. E do éter me teria lançado invisível ao mar,

se me não salvara a Noite, subjugadora dos deuses e dos homens.

Cheguei junto dela na minha fuga; e Zeus refreou-se,

embora furioso, pois coibia-se de desagradar à Noite veloz.

Agora de novo me pedes outra coisa impossível de cumprir.”

Respondeu-lhe Hera rainha com os olhos de plácida toura:

“Sono, por que razão remóis estas coisas no teu espírito?

Julgas que aos Troianos quer auxiliar Zeus que vê ao longe,

da maneira como se encolerizou por causa de Héracles, seu filho?

Mas vá: dar-te-ei uma das jovens Graças para desposares,

E ela chamar-se-á a tua esposa – Pasítea,

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que tu sempre desejaste durante todos os teus dias” (HOMERO,

Ilíada, XIV, vv. 225-269)7.

Portanto, o que está nitidamente expresso na Ilíada é que a ilha seja a „cidade do

divino Toante‟, pó/lin qei/oio Qo/antov (pólin theíoio Thóantos), v. 230, e que

lá tenha ocorrido o encontro dos dois deuses, v. 231. O verbo utilizado para designar que

Hera „encontrou‟ o Sono é cu/mblhto (xýmbleeto), terceira pessoa do singular do

aoristo 2, voz média, de sumba/llw (symbálloo), cujo sentido geralmente é „unir-se‟, ou

„encontrar-se‟, mas curiosamente pode também designar o fechar dos olhos ao dormir ou

ao morrer8.

Encontramos no mesmo passo a referência àquela que é difundida pelos mitógrafos

como a esposa do Sono, Pasítea, uma das jovens Graças, concedida ao deus por Hera em

troca do seu favor.

Ainda nesta passagem valeria destacar o verso 246: )Okeanou~, o3v per

ge/nesiv pa/ntessi te/tuktai (Okeanoû, hós per génesis pántessi tétyktai),

„Oceano, o que, com efeito, deu origem a tudo‟9, passo particular em Homero pelo fato de

nele ressoarem tradições cosmogônicas. Tal afirmação parte do Sono e revela uma

cosmogonia diferente daquela que encontramos em Hesíodo, segundo a qual o Cháos e os

outros deuses primordiais são a origem de tudo. Por outro lado, aproxima-se da concepção

dos primeiros pré-socráticos, podendo até mesmo ser uma antecipação da filosofia de

Tales, segundo a qual tudo teve origem na água.

O texto homérico evidencia que Hýpnos pode atuar sobre os olímpicos. O episódio

supracitado retrata a sua relação com Hera e sua intervenção no relacionamento desta com

7 Tradução de Frederico Lourenço. In HOMERO, Ilíada. Trad. Frederico Lourenço. Edições Cotovia: Lisboa,

2009.

8 Cf. LIDDEL & SCOTT, Greek- English Lexicon. Oxford University Press, s.v. sumba/llw.

9 Tradução de nossa autoria.

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Zeus. Por meio da fala do „gêmeo da Morte‟, fica-nos explícito que não é a primeira vez

em que isso acontece. O relato de outra ocasião em que Hera solicitou que o Sono

adormecesse Zeus a fim de se vingar de Héracles, que retornava de Tróia, assinala uma

recorrência.

Também é relevante na tradição homérica o papel interventivo do Sono na vida dos

mortais. Por ter estreita relação com a Morte, destaca-se a intervenção do deus, juntamente

com ela, no momento em que a alma e a vida abandonam os „comedores de pão‟. Também

na Ilíada encontra-se exemplo disso, na fala de Hera, em sua discussão com Zeus acerca

do destino de Sarpédon, amado filho do Crónida e chefe do contingente lício , prestes a

morrer pelas mãos de Pátroclo:

„Ao vê-los se compadeceu o Crónida de retorcidos conselhos,

assim dizendo para Hera, que era sua esposa e sua irmã:

“Ai de mim, pois está fadado que Sarpédon, a quem mais amo

dentre os homens, seja subjugado por Pátroclo, filho de Menécio.

Duplamente se me divide o coração enquanto penso:

se arrebatando-o vivo da batalha pródiga em lágrimas

o levarei para a fértil terra da Lícia;

ou se o subjugarei agora às mãos do Menecida.‟

Respondeu-lhe Hera rainha com os olhos de plácida toura:

“Crónida terribilíssimo, que palavra foste tu dizer!

A homem mortal, há muito fadado pelo destino,

queres tu salvar de novo da morte funesta?

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Fá-lo. Mas todos nós, demais deuses, te não louvaremos.

E outra coisa te direi; tu guarda-a no teu espírito:

se tu mandares Sarpédon vivo para casa,

reflecte se em seguida outro deus não quererá

tirar o seu filho amado dos potentes combates.

Pois muitos são os filhos de imortais que lutam em torno

da grande cidadela de Príamo: entre eles raiva terrível porás.

Mas se tu o amas e se sofre no coração,

permite que ele seja subjugado em potente combate

às mãos de Pátroclo, filho de Menécio.

Porém quando a alma e a vida o tiverem deixado,

envia a Morte e o Sono suave para o transportarem,

até que chegem à terra da ampla Lícia.

Aí seus irmãos e parentes lhe prestarão honras fúnebres,

com sepultura e estela; pois essa é a honra devida aos mortos.”

(HOMERO, Ilíada, XVI, 431-457)10

.

A sugestão de Hera de que o Crónida enviasse a Morte e o Sono para

transportarem, fe/rein (phérein), Sarpédon morto a sua terra natal é seguida. Mais

adiante, no mesmo canto XVI, explicita-se novamente o papel dos dois irmãos como

10

Tradução de Frederico Lourenço. In.: HOMERO, Ilíada. Trad. Frederico Lourenço. Edições Cotovia:

Lisboa, 2009.

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condutores dos mortos, função que é enfatizada pela fórmula repetida em versos não muito

distantes, no mesmo contexto:

Foi então que a Apolo disse Zeus que comanda as nuvens:

“Vai tu agora, ó Febo amado, e limpa o negro sangue

de Sarpédon; tira-o do meio dos dardos e depois leva-o

para muito longe. Dá-lhe banho nas correntes do rio

e unge-o com ambrósia; veste-o com roupas imortais.

Entrega-o a dois pressurosos portadores para o levarem,

Sono e Morte, dois irmãos, eles que rapidamente

o porão na terra fértil da ampla Lícia,

Onde seus irmãos e parentes lhe prestarão honras fúnebres,

com sepultura e estela: pois essa é a honra devida aos mortos.”

Assim falou; e a seu pai não desobedeceu Apolo.

Desceu das montanhas do Ida para o fragor tremendo da refrega

e de imediato levantou do meio dos dardos o divino Sarpédon.

Levou-o para muito longe e deu-lhe banho nas correntes do rio;

ungiu-o com ambrósia e vestiu-lhe roupas imortais.

Entregou-o a dois pressurosos portadores para o levarem,

Sono e Morte, dois irmãos, eles que rapidamente

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o puseram na terra fértil da ampla Lícia (HOMERO, Ilíada XVI,

666-683)11

.

O termo u3pnov (hýpnos), „sono‟12

, também é recorrente na Ilíada e na Odisséia

como substantivo masculino, de forma não personificada. Os adjetivos recorrentes os quais

o qualificam em tais obras são: nh/dumov (néedymos), „agradável‟, „profundo‟, o qual

também aparece como epíteto de sua personificação (HOMERO, Ilíada, XIV, v.242 e v.

354), gluk/uv (glykýs), „doce‟ e h9du/v (heedýs), „aprazível‟. Curiosamente verifica-

se, em duas passagens da Odisséia (HOMERO, Odisséia, XX, v.57 e XXIII, v. 343), o

„sono‟ acompanhado pelo epíteto comumente relacionado a Eros, lusimelh/v

(lysimelées), ou seja, que deslaça ou faz amolecer os membros. O dom do sono é ainda, em

tais e outras passagens dos poemas homéricos, aquilo que liberta o coração das

preocupações, que deslaça as angústias (HOMERO, Ilíada, XXIII, v. 63), ou que „quando

cobre as pálpebras, / tudo nos faz esquecer, tanto as coisas boas como as más‟ (HOMERO,

Odisséia, XX, 85-86). O poder do sono é tal que, na Ilíada (HOMERO, Ilíada, XXIV, v.4)

e na Odisséia (HOMERO, Odisséia, IX, v. 372), encontramos a fórmula u3pnov

h|3rei pandama/twr (hýpnos héeirei pandamátoor), „o sono que tudo domina‟.

Nas referidas obras, o sono aparece relacionado à figura de Hermes. Há uma

fórmula em ambas, que ocupa nada menos do que sete versos, na qual é evidenciada a

capacidade do deus de fazer adormecer ou acordar:

Assim falou; e não desobedeceu Hermes, matador de Argos.

Logo de seguida em seus pés calçou as belas sandálias,

douradas, imortais, que com as rajadas do vento

11

Idem ao anterior.

12 O grego u3pnov está por *sup-nos, donde o latim somnus, „o sono‟, e os verbos em sânscrito svapiti ou

svapati, „ele dorme‟, e em inglês antigo swebban, „fazer adormecer, matar‟ (grifo nosso). Vide BRANDÃO,

Junito de Souza. Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega. 2a edição. Vozes: Petrópolis, RJ, 1993,

p. 570.

ISSN: 1984 -3615 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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o levam sobre o mar e sobre a terra ilimitada.

Pegou na vara com que enfeitiça os olhos dos homens

a quem quer adormecer; ou então a outros acorda do sono.

Segurando-a na mão, lançou-se no voo o forte Matador de Argos

(HOMERO, Ilíada XXIV, 343-345 e Odisséia V, 43-49)13

.

Encontramos ainda em outra passagem da Odisséia, na qual alguns dos versos

supracitados ocorrem novamente, a expressão desta faculdade do deus, que é conhecido,

além de tudo, como o deus yuxopompo/v (psychopompós), ‘condutor de almas‟:

As almas dos pretendentes foram chamadas por Hermes,

deus de Cilene, que segurava nas mãos a bela vara

de ouro, com que enfeitiça os olhos dos homens

a quem quer adormecer; ou então outros acorda do sono.

Com esta vara acordou as almas, que o seguiram, guinchando.

Tal como no recesso de uma caverna misteriosa os morcegos

esvoaçam e guincham quando um deles cai da rocha

onde se agarram, enfileirados, uns aos outros –

assim guinchavam as almas à medida que desciam.

E o Auxiliador, Hermes, levou-as por caminhos bolorentos:

chegaram às correntes do Oceano e ao rochedo branco;

13 Tradução de Frederico Lourenço. In.: HOMERO, Ilíada. Trad. Frederico Lourenço. Edições Cotovia:

Lisboa, 2009 e in HOMERO, Odisseia. Trad.Frederico Lourenço. Edições cotovia: Lisboa, 2008.

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passaram além dos portões do Sol e da terra dos sonhos

E chegaram rapidamente às pradarias de asfódelo,

onde moram as almas, fantasmas dos que morreram (HOMERO,

Odisséia, XXIV, 1-14)14

.

Neste aspecto poderíamos também relacionar Hermes, que conduz as almas dos

mortos, com Sono que, juntamente com a Morte, leva o cadáver de Sarpédon para a fértil

Lícia (HOMERO, Ilíada, XVI, 666-683). Ambas divindades estão ligadas à morte por

presidirem os mortais quando estes vão ao encontro desta.

Certamente notável é a relação do sono com a morte, verificável mesmo quando

não personificados. Destaca-se, dentre outras15

, a comparação expressa no episódio do

retorno de Ulisses à sua doce Ítaca, no qual o astucioso herói dorme na côncava nau

preparada pelos Feaces para o seu regresso:

Para Ulisses estenderam uma manta e um lençol de linho

no convés da côncava nau, para que dormisse descansado

junto à popa; ele embarcou e deitou-se em silêncio.

Eles sentaram-se nos bancos, cada um no seu lugar,

ordenadamente; e soltaram a amarra da pedra perfurada.

Assim que se inclinaram para trás e o mar percutiram

com os remos, caiu um sono suave sobre as pálpebras de Ulisses;

14 Idem. In HOMERO, Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. Edições cotovia: Lisboa, 2008.

15 Cf. HOMERO, Ilíada, XI, v. 241, no qual a morte é metaforicamente designada por „um sono de bonze‟,

xa/lkeov u3pnov (chálkeos hýpnos).

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um sono do qual se não acorda, dulcíssimo, semelhante à morte

(HOMERO, Odisséia XIII, 73-80)16.

Na Odisséia é sobretudo com figura de Atena que mais recorrentemente se

relaciona o sono. Em diversas passagens é a deusa quem lança o sono a Penélope

(HOMERO, Odisséia I, vv. 363-364 e XVI, v. 188), é ela quem o derrama sobre as

pálpebras de Ulisses (HOMERO, Odisséia, V, v. 492, XX, v. 54) e sobre os olhos dos

pretendentes (HOMERO, Odisséia, II, v. 395).

O sono, personificado ou não, permeia a mitologia grega e tem papel fundamental

em diversos mitos. Investigamos como ele é mitologicamente tratado enquanto relato

literário, levando-se em conta a poesia homérica e hesiódica como o grande manancial e

referência. Resta-nos advertir para o fato de que, em suas manifestações mais antigas,

originarimente, como no caso da epopéia homérica, a elaboração poética se confunde com

mítica. Porém, se, por um lado, o mito liga-se à poesia por poder ser através dela

transmitido e nela fixadamente conservado, e por compartilhar com esta laços íntimos e

funcionais com a memorização, oralidade e tradição, por outro lado, o papel que a palavra

desempenha na atividade mítica e na atividade poética os afasta. O mito em sua essência

não está fixo em uma forma definitiva, não se desenvolve em termos imutáveis nem é

preso a um ritmo ou a um verso. O relato mítico comporta variantes e versões múltiplas,

sempre parcialmente aberto à inovação.

16

Tradução de Frederico Lourenço. In HOMERO, Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. Edições cotovia:

Lisboa, 2008.

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DOCUMENTAÇÃO TEXTUAL

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1920.

HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Trad. Jaa Torrano. 7ª ed. São Paulo:

Iluminuras, 2007.

HESÍODO. Teogonia. Trabalhos e Dias. Trad. Ana Elias Pinheiro e José Ribeiro Ferreira.

Imprensa Nacional – Casa da Moeda: Lisboa, 2005.

HOMERO. Ilíada. Trad. Frederico Lourenço. Edições Cotovia: Lisboa, 2009

HOMERO. Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. Edições cotovia: Lisboa, 2008.

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edição. Vozes: Petrópolis, RJ, 1993.

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Edições 70, 2001.

GRIMAL, Pierre. Dicionário da mitologia grega e romana. Tradução de Victor

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LIDDEL & SCOTT. Greek- English Lexicon With a Revised Supplement. Oxford:

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PEREIRA, Maria Helena da Rocha. Estudos de História da Cultura Clássica. I Volume

– Cultura Grega. 10.a edição revista e atualizada. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,

2006

VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. Rosa Freire d‟Aguiar.

São Paulo: Companhia das Letras, 2000.