o misterio da estrada da praia

22
O O M M i i s s t t é é r r i i o o d d a a E E s s t t r r a a d d a a d d a a P P r r a a i i a a 9 9 º º D D

Upload: ana-ribeiro

Post on 26-Mar-2016

225 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

narrativa criada pelos alunos do 9º D do Agrupamento de Escolas de Montenegro, no ano lectivo 2010/2011

TRANSCRIPT

OO MMiissttéérriioo ddaa

EEssttrraaddaa ddaa PPrraaiiaa

99ºº DD

2

Numa noite escura, junto à

rotunda do aeroporto de Faro,

alguns adolescentes procuram

ansiosamente pistas que lhes

permitirão descobrir um valioso

tesouro.

Julgam-se sozinhos, mas alguém

está a vigiá-los...

3

O Mistério da Estrada da Praia

4

5

O Mistério da Estrada da Praia

AUTORES (9º D):

Ana Soares

Beatriz Mestre

Bernardo Brito

Bruno Mendonça

Carlos Fonseca

Denisa Craciun

Filipa Guerreiro

Francisco Sebastião

Inês Guerreiro

Ioan Risnoveanu

Joana Soares

João Modesto

João Rodrigues

Maria Vilhena

Marina Nãstãsutã

Matheus Rocha

Mickael Morgado

Miguel Santos

Nuno Pires

Soraia Pereira

Vítor Martins

Daniela Vicente

COORDENAÇÃO:

Ana Ribeiro

Ano Lectivo 2010/2011

Escola EBI/JI de Montenegro

6

7

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”

Fernando Pessoa

É desejo de qualquer professor de Língua Portuguesa incutir nos seus

alunos o prazer pela leitura e pela escrita. Eu não fujo à regra e há muito que

alimento o sonho de criar leitores e (quem sabe...?) escritores entre os meus

alunos. Desse sonho nasceu O Mistério da Estrada da Praia.

Tudo começou sob a forma de um desafio: inspirados no mano a mano de

Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, de que resultou O Mistério da Estrada de Sintra,

os alunos teriam de escrever uma narrativa protagonizada por eles próprios, onde

o mistério fosse o principal ingrediente.

A receptividade foi imediata e depois da leitura do primeiro capítulo, escrito

por mim, formaram-se grupos e os alunos puseram mãos à obra, escrevendo cada

grupo na sua vez. E assim, de mão em mão, a história foi crescendo, capítulo a

capítulo.

Porque cada grupo conduzia a história como bem entendia, a certa altura a

imaginação traduziu-se em alguma descoordenação. Com o entusiasmo de criar

uma história verdadeiramente misteriosa, multiplicavam-se as peripécias e o

desfecho parecia cada vez mais distante.

Mas, no final, o objectivo foi alcançado e o resultado deste sonho feito obra

está aqui para que todos o possam apreciar.

ANA RIBEIRO

8

9

I

Sr. Redactor do jornal O Camaleão:

Venho pôr nas suas mãos a narração de um caso verdadeiramente

extraordinário, em que intervim como testemunha, pedindo-lhe que, pelo modo

que entender mais adequado, publique no seu jornal a substância, pelo menos, do

que vou expor.

Os acontecimentos a que me refiro são tão graves, cerca-os um tal mistério

que a divulgação do que testemunhei será, sem dúvida, importante para o

desvendar de um drama que suponho terrível, embora não conheça dele senão um

só acto e ignore inteiramente quais foram as cenas precedentes e quais venham a

ser as últimas.

Há três dias vinha eu a passar junto à rotunda do aeroporto, quando vi dois

rapazes a olhar atentamente para uma das esculturas expostas na rotunda. Era

noite e a escuridão impediu-me de ver os seus rostos. Pude aperceber-me, no

entanto, que um era alto e muito moreno. O outro, bastante mais baixo, parecia

inquieto. Olhava constantemente para o telemóvel. A dada altura, o telefone deste

tocou e de tudo o que disse com a sua voz rouca apenas consegui perceber

qualquer coisa como «Mestre, tens de vir ver isto!». Na tentativa de ver e ouvir

melhor, aproximei-me sem que ninguém me visse e pus-me à espreita. Os dois

rapazes continuavam a olhar insistentemente para a escultura.

Entretanto, surgiu uma rapariga de cabelo aloirado. Ao aproximar-se da

rotunda, assustou-se e gritou:

- Oh não!

10

II

Os rapazes olharam para trás e ela estava apavorada. Perguntaram o que se

passava. Ela afirmou ter visto um vulto por trás do mais alto, mas que

desaparecera em seguida.

Entretanto, chegou um rapaz de estatura média, magro, cabelo castanho e

espetado, pelo que me pareceu seria o Mestre.

Chamou o mais alto. Ele perguntou quem era ela e porque estava assim. O

mais alto explicou tudo o que acontecera.

Logo depois, o mais pequeno, em voz alta, disse:

- É a maldição do tesouro.

Os outros dois mandaram-no falar baixo.

O que chegara há pouco exclamou:

- Qual maldição qual quê! Os espíritos não existem! Não é uma historiazinha

de fantasmas que as pessoas inventam que me vai impedir de encontrar o tesouro.

A rapariga a soluçar disse:

- Essa história não é inventada, é pura realidade.

Eu próprio conheço a história, pensei eu. É muito conhecida entre as

pessoas, é a história de uma velha bruxa que viveu aqui perto da estrada numa

casa branca há mais ou menos cinquenta anos. As pessoas de mais idade que vivem

ali perto afirmam que ela tinha herdado um tesouro muito valioso. Dizem que ela,

antes de morrer, o escondeu algures perto da estrada e lançou um feitiço para que

o seu espírito o protegesse. Por baixo de uma estátua da rotunda está escondida

uma das pistas que levavam até o mapa do tesouro.

(Nuno Pires e Vítor Martins)

11

III

Com a curiosidade de descobrir o que se estava a passar, no dia seguinte

voltei ao local. Qual foi o meu espanto quando vi lá duas raparigas, de alturas

diferentes em que uma tinha o cabelo castanho e comprido e a outra tinha o cabelo

castanho bastante mais curto. Vinham com ar de quem tinha saído da manicure há

pouquíssimo tempo.

Andavam as duas a passear por ali, quando decidiram fazer corta-mato

através da rotunda para chegarem ao outro lado da estrada. Iam muito animadas a

falar e a rir bastante alto, quando uma tropeça numa estátua e grita:

- ‘MIGA! Ajuda-me! Parti a minha unha de gel!

Quando estavam as duas raparigas debruçadas à procura da unha, a mais

pequena repara num papel que estava debaixo de uma das estátuas. Com um ar

curioso pegou nesse papel e foi mostrá-lo à sua amiga que continuava furiosa por

ter partido a sua unha. Ficaram as duas intrigadas com tal situação. Guardaram

imediatamente o misterioso papel dentro da mala.

A mais pequena aconselhou a sua amiga, já recuperada da perda da sua

unha, a ligar a alguém. Pelo que percebi era um indivíduo conhecido por “Cagaita”.

Ambas continuaram o seu caminho e eu fui dar uma volta pelas redondezas.

Meia hora mais tarde, quando estava de regresso a casa, passei novamente pelo

local e encontrei as mesmas raparigas e um rapaz com algo perto da sobrancelha.

(Beatriz Mestre e Joana Soares)

IV

Vi outra vez, então, dois rapazes caminhando à beira da estrada meio

embriagados. Pelo que eu vi não diziam coisa com coisa, apenas emitiam uns sons

esquisitos imitando vacas.

- UUUUUUUUUUUUUHHHHHHHHHH.

De repente, ao estar a observá-los, reparei num vulto atrás deles que tinha

algo perto da sobrancelha e dizia:

- Bruno e Brito, eu sou a assombração do Cagaita.

12

O vulto tentou agarrá-los, mas eles puxaram-no e desmascararam-no. Afinal,

era o Cagaita que apenas queria que eles se fossem embora. Explicou-lhes que os

espíritos que guardavam o tesouro matavam quem se intrometesse.

Então, o Cagaita disse:

- Por favor, vão-se embora!

- Nós vamos, mas para a próxima tem cuidado. - disseram o Bruno e o Brito

apontando uma arma à cabeça do Cagaita.

Ele explicou que estava apenas tentar proteger o tesouro da família e que

pensava que eles iriam roubá-lo.

De seguida apareceu um grupo de rapazes com mau aspecto. Pelo que me

apercebi, o Bruno e o Brito conheciam-nos, pois cumprimentaram-se e começaram

a falar num tom de voz baixo e, por isso, não consegui entender o que diziam.

(Bruno Mendonça e Bernardo Brito)

V

Mais tarde, do outro lado da rotunda, os dois rapazes que no dia anterior

tinham estado a olhar para as esculturas e aquele que aparentava ser o seu Mestre

decidiram, pelo que ouvi, aniquilar todos os que tinham conhecimento do tesouro

e, para não sujarem as suas mãos, recorreram à ajuda de um tal de “Marroquino”

que apareceu logo de seguida.

Este decidiu aniquilar primeiro as duas raparigas e levou-as para as

traseiras da bomba de gasolina e nunca mais as vi.

Entretanto, os dois rapazes e o Mestre ficaram a conversar com o Brito e

com o Bruno, e pareceu-me que estavam a negociar alguma coisa, talvez o tesouro.

No final da conversa, apertaram as mãos em jeito de acordo.

Logo a seguir, avistei o tal de Marroquino que regressava sozinho da bomba

de gasolina e trazia nas suas mãos o papel que as raparigas tinham achado. Vi o

Marroquino a entregar o papel ao seu Mestre.

Pelo que ouvi o acordo era eles se juntarem para acharem o tesouro,

dividindo-o a meias. Mas o Mestre dos dois rapazes estava com cara de quem não

queria partilhar o tesouro. Ele disse-lhes que teria de arranjar uma maneira de o

ter só para eles.

(Miguel Santos e Ioan Risnoveanu)

13

VI

No dia seguinte voltei bem cedo para junto da rotunda do aeroporto. Foi aí

que vi o Bruno e o Brito a passarem pela rotunda e então decidi segui-los. Quando

dei por mim estava no mato a assistir a uma discussão entre eles e pelo que

percebi diziam:

- Ele enganou-nos! – dizia o Bruno, enquanto tirava um papel do bolso. -

Este papel deve ser falso!

- Não, o tesouro deve estar aqui. Lembra-te que temos um acordo! –

respondeu o Brito.

Vindo do nada, apareceu o Marroquino e matou os dois rapazes. Ainda

consegui ouvir o Marroquino a dizer baixinho:

- Foram bem enganados…

Depois de o Marroquino ter ido embora, aproximei-me dos corpos e recolhi

o papel do qual eles estavam a falar. Ao examiná-lo, reparei que não era o mesmo

que tinha visto as raparigas a tirar da estátua no dia anterior.

Decidi voltar para a rotunda e aí vi o Mestre e os seus dois rapazes a falar:

- Aqueles parvos pensavam que sabiam mais que nós. – dizia o Mestre,

enquanto ria - Mal sabem eles que sou eu que tenho o papel verdadeiro.

Mais tarde, vi o Mestre, os seus rapazes e o Marroquino a cavarem à volta de

uma estátua.

(João Rodrigues e Maria Vilhena)

VII

Tiraram uma caixa, que parecia ser um cofre. Aproximei-me e reparei que

estava escrito por cima o nome “Família Cagaita”. Consegui ouvir a conversa entre

o Mestre, os seus rapazes e o Marroquino:

- O tesouro é todo nosso! Só nós é que vamos ficar com ele, nem o Cagaita

pode saber! – disse o Mestre.

Reparei que estava alguém escondido atrás de uma das estátuas. Como era

de noite, não consegui ver quem era e cuidadosamente aproximei-me: era o

Cagaita, a escutar a conversa. Ele avançou em direcção ao Mestre com uma faca na

14

mão, mas os rapazes repararam, agiram de imediato e seguram-no. O Mestre

perguntou:

- Onde está o próximo tesouro?

- Vocês não vão obtê-lo! Está muito bem escondido! – respondeu o Cagaita.

Logo de seguida, o Mestre esfaqueou o Cagaita com a sua própria arma.

Decidiram que o melhor era aniquilá-lo, pois ele poderia impedi-los de descobrir

mais tesouros.

Foram-se embora numa carrinha, onde levaram também o corpo do Cagaita

e decidi segui-los no meu carro. Pararam numa casa antiga, perto da rotunda.

Suspeitei que era a casa do Cagaita. Logo depois saíram com dois papéis,

semelhantes aos que as raparigas tinham encontrado na rotunda.

(Inês Guerreiro e Francisco Sebastião)

15

VIII

Sr. Redactor do jornal O Camaleão:

Tenho acompanhado cuidadosamente este caso através do seu jornal e

penso possuir alguma informação que poderá ajudar a solucioná-lo. Sou um polícia

reformado e, sendo experiente nesta matéria, decidi dar-vos uma mãozinha.

Hoje de manhã, dirigi-me à rotunda na esperança de conseguir descobrir

alguma coisa. E que sorte a minha! Encontrei um rasto de óleo para carro e decidi

segui-lo. Após uma caminhada de 1500 metros, deparei-me com a viatura,

estacionada perto de uma casinha. A janela estava aberta e pus-me à espreita. Qual

foi o meu espanto quando vi o Mestre e os dois rapazes a interrogar o Cagaita,

amarrado a uma cadeira. Pelos vistos não tinha sido morto, como a outra pessoa

que tem estado a relatar este caso afirmou, mas sim, gravemente ferido. Consegui

ouvir a conversa:

- Estes papéis que encontrámos em tua casa, estão escritos em código! Ou

me dizes o que isto significa ou prepara-te para sofrer! – gritou o Mestre.

- Eu não sei de nada! Têm de acreditar em mim! – suplicou o Cagaita.

- Tarde de mais! Se não nos dizes, então vais sofrer! – exclamou o Mestre.

O Mestre ordenou que os rapazes lhe batessem, até que ele falasse. Após

algumas pancadas violentas, o Cagaita não aguentou e explicou-lhes o que estava

nos papéis. Pelo que percebi, os tesouros estavam escondidos algures na Escola

EBI/JI do Montenegro.

(Carlos Fonseca e Matheus Rocha)

16

IX

Estava com sorte, pois aquela era a escola onde trabalho actualmente e

sinto-me como se estivesse em casa.

No dia seguinte resolvi ir trabalhar às seis horas da manhã, pois o primeiro

funcionário chegava às sete. Assim, tinha cerca de uma hora para investigar. Não

dormi toda a noite a pensar por onde havia de começar. De manha lá me dirigi para

a escola sem a mínima ideia do que ia fazer. Mal meti a chave ao portão, apercebi-

me de dois vultos que pulavam o gradeamento, eram nada mais, nada menos do

que os rapazes que vi espancarem o Cagaita. Pela cara deles fiquei com a ideia de

que nada tinham descoberto, mas não tinha muito tempo pois de certeza que iriam

voltar. Percorri toda a escola por dentro e por fora vezes sem conta a tentar ver

alguma coisa em que nunca tivesse reparado antes. Entrei na arrecadação do rés-

do-chão do lado esquerdo. Já sem ânimo nem esperança, encostei-me à parede e

senti-a diferente. Do lado de fora estava colocada a caixa com a mangueira de

incêndio. Vi e revi a parede dos dois lados. Peguei na primeira coisa que estava à

mão, que era uma vassoura, bati com o cabo na parede e percebi que era oca. De

repente senti uma pancada na cabeça e tudo ficou escuro…

(Daniela Vicente e Soraia Pereira)

X

Acordei passadas umas horas, muito zonzo e sem saber onde me

encontrava! Tentei deslocar-me, mas estava imóvel, pois tinham-me amarrado a

um pinheiro no meio do mato. De repente reparei que, um pouco mais à frente, se

aproximavam dois rapazes. Consegui ouvir um pouco da conversa e, pelo que me

apercebi, tentavam arranjar uma maneira de se livrarem de mim, pensando que eu

sabia mais do que devia! A verdade é que não me conseguiram amarrar assim tão

bem e consegui soltar-me e fugir. Mais à frente, encontrei o Mestre a falar com uma

rapariga baixinha, pelo que avistei. Contudo, consegui apanhar algo da conversa.

Ela queria obrigar o Mestre a ir à Escola E.B.I/J.I. de Montenegro para que fosse

desvendar o que estava por detrás da parede oca. Pelo que me apercebi ela era

cúmplice dos dois rapazes que me raptaram e do Mestre.

17

Antes que eles se antecipassem, corri para a escola, de volta ao local onde

se encontrava a parede oca. Agarrei na vassoura que estava no chão, perto da

parede e pensei em derrubá-la, mas resolvi esperar pelo anoitecer, pois estava a

escola cheia de gente e era complicado fazer algo. No entanto, quando saí da escola,

vi um colega a falar muito estranhamente com a rapariga baixinha!

(Ana Soares e Filipa Guerreiro)

XI

Era o Sr. Manuel, um contínuo alto e magro. Estava muito barulho por isso

não percebi a conversa. Quando os alunos se foram embora decidi voltar para a

parede oca. Cheguei lá e estava completamente destruída. Dentro dela não havia

nada a não ser uma pulseira que me pareceu ser de ouro. Alguém já lá tinha ido

buscar o tesouro. Penso que foi o Mestre.

Desanimado, voltei para a rotunda para ver se descobria alguma coisa.

Estava lá o Mestre e os rapazes. Um deles tinha uma mala preta na mão. Deveria

ser o tesouro. Ele pousou a mala e de repente, saiu o Marroquino de trás de uma

estátua e levou a mala preta. Os rapazes e o Mestre correram atrás dele. O

Marroquino meteu-se dentro de um carro e fugiu. O Mestre e os rapazes roubaram

um carro e seguiram-no. Dirigi-me para o meu carro para os seguir também e já

não tinha gasolina! Por isso, fiquei ali sem poder fazer nada. No dia seguinte, voltei

para a escola e encontrei a rapariga baixinha a falar com o Marroquino.

(Marina Nãstãsutã e Denisa Craciun)

XII

Tentei ouvir a conversa, pois se eu tivesse a possibilidade de escutar e

perceber todo o assunto ao pormenor, seria um passo enorme para descobrir o

que se estava a passar.

E foi o que aconteceu, Sr. Redactor. Consegui ouvir toda a conversa e

descobri que a mala preta estava escondida no carro do Marroquino, que era um

18

carro azul com riscas amarelas e que esse carro estava estacionado ao pé da

rotunda.

Fui logo a seguir para a rotunda à procura de um carro com aquela

descrição e encontrei-o. Porém, o marroquino e a rapariga baixinha tinham sido

mais rápidos do que eu e já tinham tirado a mala preta do carro. Decidido a

resolver aquele mistério, dirigi-me a eles.

- Vai-te embora antes que eu me passe! – disse irritado o Marroquino –

Então, não vais?

(João Modesto e Mikael Morgado)

XIII

Para não parecer suspeito, afastei-me do local, mas fiquei à espreita por

detrás de um arbusto. Então, o Marroquino e a rapariga baixinha entraram no

carro e foram-se embora, e eu, claro, segui-os.

Dirigiram-se para a casa do Cagaita, onde este ainda permanecia refém.

Quando entraram, saí do carro e pus-me à espreita na janela. Então, ouvi um

barulho de um carro e escondi-me do outro lado da casa. Espreitei, e vi que eram o

Mestre e os seus rapazes. Aí pensei que isto ia dar “molho”, uma vez que o

Marroquino possuía a mala com o tesouro que o Mestre tanto queria. De repente,

chegou um indivíduo com uma mota que entrou dentro da casa a correr e a gritar.

Depois, ouvi uma série de disparos e, passados uns dois minutos, esse indivíduo

saiu com a mala preta. Então, apesar do meu receio, entrei na casa para ver como

estavam todos… Estavam mortos, foi um autêntico massacre! Mas quem seria

aquele indivíduo? A única coisa que sei é que tinha escrito “MICKA” nas costas do

seu casaco.

Desanimado, voltei para a rotunda e qual foi o meu espanto quando vi que

tinha havido um acidente. Era aquele tal “MICKA” que se tinha espetado contra um

autocarro que passava, muito provavelmente devido à grande velocidade que

levava. Então, aproveitei o momento e recolhi a mala… A polícia chegou por causa

do acidente e eu fugi. Agora, meus senhores, o tesouro é só meu! Estava farto de

trabalhar naquela escola e por isso isto veio mesmo a calhar… Esta será a última

19

carta que vos mando, porque vou viver para o Brasil com este dinheiro todo!

Obrigadinha!

Do vosso querido polícia reformado,

Carlos

(Carlos Fonseca e Mickael Morgado)

20

21

O 9º D é uma turma

constituída por vinte e

três adolescentes (onze

raparigas e doze

rapazes), com idades

compreendidas entre os

13 e 17 anos.

Embora a leitura não

esteja entre as

preferências da maioria

destes alunos, foi com

muito entusiasmo que

aceitaram o desafio de

escreverem uma

narrativa ao jeito de Eça

de Queirós e Ramalho

Ortigão.

22

Desafiados pela professora de Língua Portuguesa, vinte e dois alunos

da Escola E.B.I./J.I. de Montenegro juntaram-se para criar uma

narrativa colectiva, como outrora fizeram Eça de Queirós e Ramalho

Ortigão. O resultado é uma história divertida, cheia de mistério e

aventura, protagonizada pelos próprios autores, na pacata freguesia

do Montenegro.