misterio da estrada de faro
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Trabalho realizado por alunos do Agrupamento de Escolas de Montenegro (Faro)TRANSCRIPT
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99ºº BB
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Numa noite escura, dois
rapazes e duas raparigas
olham insistentemente
para o chão numa atitude
suspeita.
Julgam-se sozinhos, mas
alguém está a vigiá-los...
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O Mistério da Estrada de Faro
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O Mistério da Estrada de Faro
AUTORES (9º B):
Alexandre Mendes
Alexandru Vacarciuc
Ana Oliveira
Bruno Santos
Catarinha Brito
David Miranda
Diogo Nunes
Emanuel Noivo
Filipa Amaral
Hugo Pisco
Inês Santos
Lara Santos
Laura Viegas
Beatriz Fernandes
Patrícia Pacheco
Raquel Oliveira
Rita Amaral
Tiago Relvas
Gaspar Neves
COORDENAÇÃO:
Ana Ribeiro
Ano Lectivo 2010/2011
Escola EBI/JI de Montenegro
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“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Fernando Pessoa
É desejo de qualquer professor de Língua Portuguesa incutir nos seus
alunos o prazer pela leitura e pela escrita. Eu não fujo à regra e há muito que
alimento o sonho de criar leitores e (quem sabe...?) escritores entre os meus
alunos. Desse sonho nasceu O Mistério da Estrada de Faro.
Tudo começou sob a forma de um desafio: inspirados no mano a mano de
Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, de que resultou O Mistério da Estrada de Sintra,
os alunos teriam de escrever uma narrativa protagonizada por eles próprios, onde
o mistério fosse o principal ingrediente.
A receptividade foi imediata e depois da leitura do primeiro capítulo, escrito
por mim, formaram-se grupos e os alunos puseram mãos à obra, escrevendo cada
grupo na sua vez. E assim, de mão em mão, a história foi crescendo, capítulo a
capítulo.
Porque cada grupo conduzia a história como bem entendia, a certa altura a
imaginação traduziu-se em alguma descoordenação. Com o entusiasmo de criar
uma história verdadeiramente misteriosa, multiplicavam-se as peripécias e o
desfecho parecia cada vez mais distante.
Mas, no final, o objectivo foi alcançado e o resultado deste sonho feito obra
está aqui para que todos o possam apreciar.
ANA RIBEIRO
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I
Sr. Redactor do jornal O Camaleão:
Venho pôr nas suas mãos a narração de um caso verdadeiramente
extraordinário, em que intervim como testemunha, pedindo-lhe que, pelo modo
que entender mais adequado, publique no seu jornal a substância, pelo menos, do
que vou expor.
Os acontecimentos a que me refiro são tão graves, cerca-os um tal mistério
que a divulgação do que testemunhei será, sem dúvida, importante para o
desvendar de um drama que suponho terrível, embora não conheça dele senão um
só acto e ignore inteiramente quais foram as cenas precedentes e quais venham a
ser as últimas.
Há três dias vinha eu a passar junto à rotunda do Centro Comercial Fórum,
quando vi dois rapazes curvados a olhar atentamente para o chão. Era noite e a
escuridão impediu-me de ver os seus rostos. Pude aperceber-me, no entanto, que
um deles andava com o pescoço inclinado (estranha posição...) e trazia umas calças
de ganga que insistiam em cair, revelando uns boxers coloridos. O outro, mais
baixo e de cabelo loiro, parecia inquieto. Gesticulava e sussurrava furiosamente. De
tudo o que dizia, apenas consegui perceber qualquer coisa como «PANDA PÁ». Na
tentativa de perceber o que se estava a passar, aproximei-me sem que ninguém me
visse e pus-me à espreita. Os dois rapazes continuavam a olhar insistentemente
para o chão.
Subitamente, do outro lado da estrada, duas raparigas gémeas gritaram em
uníssono:
- Não é possível!
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II
Assustado, o rapaz loiro sussurrou ao outro:
- Estamos tramados, Panda!
- Não te preocupes, eu resolvo isto! – disse o rapaz de cabeça inclinada para
o lado.
Com um ar irritado, as duas raparigas gémeas atravessaram a estrada para
ir ao encontro dos dois rapazes.
Quando a primeira gémea chegou ao pé do rapaz de cabeça inclinada, deu-
-lhe um estalo na cara e começou a gritar:
- Como pudeste perdê-lo?! Como?
- Foi sem querer. – disse o rapaz intimidado. – Juro que foi sem querer.
Aproximou-se a outra gémea:
- E tu, o que fazes aqui? Não tinhas dito que estavas no hospital?
- Tinha? Não me lembro! Eu só vim ajudar o Panda. – disse o rapaz baixo.
- Ajudá-lo a fazer o quê? – disse a segunda gémea, muito irritada.
- A encontrá-lo! Vê lá se tens calma, Rita! – exclamou o rapazinho mais
baixo.
- É bom que o encontrem, senão estão metidos num sarilho ainda maior do
que aquele em que já estão metidos neste momento!
- Vá lá! – disse o Panda, muito confiante. – Vamos encontrá-lo, vai ser canja,
vão ver!
- Esperemos bem que sim! Senão vocês estão tão feitos…! – disse a Rita,
irritada.
Depois, foi ao encontro da irmã e disse:
- Vamos embora, Filipa! Não quero estar mais com estes idiotas! Eles
estragam tudo! É incrível!
- Sim, vamos embora, os pais já devem estar a perguntar por nós! E vocês, –
disse a Filipa aos dois rapazes – encontrem-no!
(Alexandre Mendes e Ana Patrícia)
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III
Ao assistir a este confronto, deparei-me com a enorme cara de espanto dos
dois rapazes ao repararem que do outro lado da rua vinham uns rapazes, um meio
cheiinho a quem os colegas chamavam de “Gordo”, outro que era bastante alto e
tinha um ar meio maluco e outro ainda que, para dizer a verdade, tinha um ar de
“chunga” a quem chamavam de Diogo.
De repente o Panda disse:
- Fogo! Estamos feitos, man. Oh, pá! Agora que eles apareceram vamos ser
envergonhados!
O outro rapaz loiro e baixo perguntou cheio de confiança:
- Qual é a preocupação? Eu trato deste assunto com eles.
Quando chegou o grupo de amigos ao local onde se encontravam os dois
rapazes, o “Gordo” perguntou:
- Então, Panda, parece que andam { procura de alguma coisa… Pode-se
saber o que é?
Foi aí que o rapaz loiro agiu em defesa do Panda:
- Pessoal, hoje há festança em minha casa, levem bebidas que eu trato do
resto. Vá, agora pisguem-se que estamos em missão humanitária!
- Ok. Vemo-nos em tua casa. Fiquem bem.
(Hugo Pisco e Bruno Santos)
IV
Após este episódio, o rapaz baixo e loirinho, decidiu acalmar o cúmplice:
- Agora não vale mais a pena procurarmos, pois já é tarde e esta escuridão
não nos permite encontrá-lo. Vamos mas é preparar as coisas para a festa na minha
casa. Amanhã logo voltamos para continuar a procura.
Como este caso era de verdadeiro fascínio, não tive meias medidas e resolvi
segui-los. Passados uns bons vinte minutos, entraram numa casa que, pelo que me
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pareceu, não tinha nada de suspeito. Já que queria seguir este acontecimento por
completo, decidi ficar à espreita numa janela que, por sorte, estava aberta.
Como percebi que aquela festa não tinha nada de importante que ajudasse a
perceber o que se tinha passado com os dois rapazes na rotunda, decidi descansar
um pouco, mas passado um bocado acordei sobressaltado, pois ouvi uns gemidos
vindos lá de dentro e alguém a gritar algo como “Sai de cima de mim, Panda!”.
Sendo uma voz feminina, pensei que tivesse alguma coisa que ver com o caso, mas
passado um pouco percebi que não. Olhando atentamente pela janela, percebi que
não iria descobrir nada naquele dia, visto que o rapazola de nome Panda estava a
divertir-se com três raparigas, enquanto o outro estava estatelado no meio do chão
e, pelo que reparei, estava todo vomitado.
Visto que não iam sair dali tão cedo, resolvi ir rapidamente a casa para
mudar de roupa e tomar um banho.
(Catarina e Tiago Relvas)
V
A vida pode mudar de um momento para o outro. Sempre o soube, e este
caso era a prova viva desta afirmação.
Eram já 3:15 da manhã quando cheguei a casa. Entrei a correr e fui logo
directamente para o duche. Sentia a adrenalina no corpo e só pensava em
regressar de novo ao local onde eles se encontravam.
Passados trinta minutos estava de volta à casa. Estava decidido a ir pelas
traseiras quando de repente, ouvi um barulho, que parecia vir de um sítio
relativamente próximo de mim. Fiquei imóvel, a tentar perceber o que era, quando
me apercebi, vi o rapaz baixinho que há algum tempo atrás estava estatelado no
chão.
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Estava junto do portão das traseiras com um ar de preocupação. Parecia que
estava à esperava de um telefonema, pois não parava de olhar impaciente para o
telemóvel.
Decidi aproximar-me mais e, com o coração a bater, escondi-me atrás de um
carro que estava muito próximo do portão.
De repente o telemóvel tocou.
- Estou, chefe - disse o rapaz todo a tremer, parecendo um trinca espinhas. -
Eu sei que falh|mos, mas acontece que foi um acidente…
Não percebia tudo o que diziam, mas sem dúvida estavam a discutir e
alguma coisa se passava.
Depois de o rapaz ter desligado o telemóvel, aproximou-se uma carrinha, e
do seu interior saiu uma rapariga alta que usava uma máscara. Reparei num
pormenor invulgar: tinha um piercing na unha.
(Beatriz e Rita)
VI
Aconteceu tudo tão depressa, que simplesmente não consegui reagir. A
rapariga agarrou o rapaz, meteu-o dentro da carrinha e fugiram. Determinado em
resolver este mistério, peguei no meu carro e segui-os.
Cheguei a uma zona cheia de armazéns e, passados alguns minutos, a
carrinha parou. A rapariga saiu da carrinha arrastando o rapaz, que me parecia
estar inconsciente, até um dos armazéns mais próximos e depois fechou as portas
atrás dela.
Estava empenhado a seguir este mistério até ao fim por isso fui até uma das
janelas do armazém, para poder observar o que se estava a passar.
Ao espreitar lá para dentro, consegui observar quatro pessoas: o rapaz, que
estava amarrado a uma cadeira, a rapariga, que estava a falar com o rapaz, um
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rapaz que tinha um ar indiano e estava vestido com um fato que me parecia caro e
lhe dava a aparência de um empresário e outra rapariga muito bonita que tinha um
elegante vestido, que lhe dava um ar de uma pessoa importante.
- Por favor, Sra. Ana e Sr. Emanuel, eu juro que não sei nada. - disse o rapaz
louro. - Por favor, não me façam mal.
- Eu sei que sabes alguma coisa sobre os diamantes! – disse a Ana.
- Mas se não queres falar a bem, temos de recorrer a outros métodos. – disse
o Emanuel. - Beatriz, faz as honras.
Então, a rapariga pegou numa faca e apenas ouvi o pequeno rapaz louro a
gritar.
(Emanuel e Alexandru Vacarciuc)
VII
Mas antes que fosse descoberto, tive que me afastar por um pouco. Foi
então que vi outro carro a chegar, só que desta vez eram três raparigas uma com
um lenço castanho ao pescoço e um ar de ser modelo, outra com uma certa
obsessão por uma cantora chamada “Miley Cyrus”, visto que tinha uma série de
acessórios com o seu nome escrito, e por último vinha uma com, também uma
certa obsessão, pelo que me pareceu, por um rapaz, pois tinha uma camisola com a
mensagem “I Love Ivan”.
As três raparigas entraram no armazém.
- Chefe, não encontrámos os diamantes, procurámos por todo o lado, mas
não os encontrámos! - disse a rapariga com um ar de ser modelo.
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- Não pode ser, encontrem-nos! – ordenou o chefe.
Dito isto o chefe e a sua companheira saíram.
As três cúmplices ficaram no armazém e apenas consegui ouvir:
- Como é que foste dizer ao chefe que ainda não os tínhamos encontrado,
Inês? – perguntou a rapariga da camisola, dirigindo-se à modelo.
- O que é que querias que eu dissesse, Catarina? – perguntou a Inês.
Entretanto, a rapariga com um fascínio pela tal cantora recebeu um
telefonema, mas não consegui ouvir bem ao certo, pois afastou-se. Assim que
acabou o telefonema, a Catarina e a Inês disseram em uníssono:
- Quem era, Laura?
- Era o chefe. – respondeu ela com um ar inquieto.
(Filipa e Lara)
VIII
Não conseguia parar de matutar sobre quem seria esse tal “chefe” que todos
temiam tanto. Fiquei mais um pouco a “espiar” a conversa misteriosa entre as três
raparigas.
- O que é que ele queria? – perguntou a Catarina.
- Queria saber se já tínhamos o material. – disse a Laura a tremer.
- Porque é que estás tão nervosa? Nós estamos perto de o encontrar, agora
só temos de nos preparar para o ataque!
- Deixa-a falar, Inês!
Catarina mostrava-se impaciente e um tanto assustada.
- É verdade, nós estamos perto, ou pelo menos estávamos.
Um ambiente aterrorizador instalou-se naquele armazém. O que é que a
Inês quis dizer com “agora só temos de nos preparar para o ataque”? Porque é que
já não estão assim tão perto?
- O que é que se passou, Laura? Desembucha!
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- O Gaspar fugiu com ela, ninguém sabe onde é que ele se meteu e o que vai
fazer com a Raquel. – respondeu finalmente Laura, baixando a cabeça, com um ar
de vergonha e embaraço. – Pelos vistos voltámos à estaca zero, não há muito mais
que possamos fazer.
A Inês reparou que ela estava às portas das lágrimas e tentou consolá-la,
dando-lhe um abraço e sussurrando ao seu ouvido:
- Nós vamos encontrá-lo, prometo. Ele não a vai matar.
A Catarina, sobressaltada, gritou para elas:
- Deixem-se dessas lamechices, idiotas! Eles chegaram! Agora é que estamos
tramadas!
(Laura)
IX
Encontrava-me confuso! Estariam todas estas pessoas ligadas?
Enquanto vagueava nas minhas perguntas sem resposta, apercebi-me que
as três raparigas se tinham colocado em fila, como se todas se quisessem esconder,
contendo um medo avassalador.
- Estais com receio de algo? – perguntou o Emanuel.
- Na-a-a-ão, se-nho-nho-nhor! – gaguejou a Laura.
- Então, cumpriram em condições aquilo que vos pedi? – perguntou ele.
- Há uma pequena probabilidade! – afirmou a Catarina com determinação. –
O Panda não nos deu nenhuma pista acerca do paradeiro dos diamantes! Mas bem
que nos esforçámos!
- Não interessa! Alexandre, vamos amarrá-las junto do outro! – ordenou o
Emanuel.
Como eram três raparigas e apenas dois rapazes, houve uma que conseguiu
escapar, a Laura, que pegou numa cadeira e atirou-a à cabeça do Emanuel. Este,
consequentemente, ficou inconsciente! O seu cúmplice tinha feições e atitudes
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estranhas! Ria-se e ria-se, sem se mexer! Com grande excitação, a rapariga
conseguiu soltar as amigas e o rapaz loiro, amarrando os cúmplices.
Com sorrisos maliciosos e trocas de olhares, e depois de os rapazes muito
importunarem, as raparigas decidiram fazer uma pequenina tortura aos aldrabões.
Começaram por partir-lhes os dedos e dar-lhes umas quantas bofetadas, até que se
cansaram.
De seguida, arranjaram os cabelos, as roupas, retocaram as suas
maquilhagens e saíram. Tentei segui-las, mas perdi-as de vista.
Como vê, Sr. Redactor, o caso é estranho…
(Patrícia e Raquel Oliveira)
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X
Sr. Redactor do jornal O Camaleão:
O meu nome é Hugo e tenho sido um leitor atento deste artigo, portanto
fiquei um pouco desiludido por saber que a outra testemunha tinha perdido de
vista os protagonistas deste mistério. A verdade é que também eu presenciei a
tortura que as três raparigas infringiram nos cúmplices.
Eu continuei a observar os cúmplices mesmo depois de as raparigas terem
deixado o armazém. Observei-os durante uns minutos, até que entraram três
pessoas pelo armazém e se dirigiram aos cúmplices.
- Então, já conseguiram recuperar os meus diamantes? – perguntou um
deles.
- Não senhor, as pessoas que contratamos para nos ajudarem não
descobriram nada e ainda nos traíram! - disse o Alexandre, muito assustado.
- Seus atrasados! Não fazem nada como dever ser! A partir de agora vou
resolver as coisas à minha maneira!
- Nós tent|mos, nós tent|mos… Por favor não nos façam mal. – implorou o
Emanuel.
- Quero saber quem foram os vossos cúmplices! Levem-me até eles!
Então, depois disto, as outras duas pessoas desamarraram o Alexandre e o
Emanuel e meteram-nos no seu carro para que os dois cúmplices os levassem às
três raparigas que os tinham traído.
Eu segui-os até uma grande casa, que devia de ser onde se encontravam as
tais raparigas. Eles saíram do carro, arrombaram a porta ao pontapé e a única coisa
que consegui ouvir depois disso foi:
- Onde estão os meus diamantes?
(Inês Santos e Diogo)
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XI
Fui-me aproximando lentamente da casa e ao chegar perto duma janela,
tentei observar o que se passava. Dentro da casa, estavam dois grupos de pessoas
frente a frente, todos eles armados. Reparei que um dos grupos era constituído
pelas gémeas, pelo rapaz loiro, e pelas três raparigas que tinham escapado do
armazém. Do outro grupo consegui identificar o Emanuel, o Alexandre e a Patrícia
que os tinha ido buscar, mas não reconheci os outros dois rapazes que estavam
com eles.
Estava uma grande confusão, mas consegui perceber partes da conversa.
- Dêem-me os diamantes ou juro que não saem daqui vivos! – disse a Patrícia.
- Achas que somos parvos? Mesmo que soubéssemos onde estavam os
diamantes não os entregávamos. Nós somos mais do que vocês e temos armas
maiores! – disse a Filipa, ao apontar para a sua metralhadora.
- Vamos admitir. Vocês precisam de nós. Acham que sobrevivem neste negócio
apenas por terem armas maiores? Baixem as armas e resolvemos isto! Não é
preciso ninguém ficar magoado. – disse o Emanuel.
- Vai sonhando. Quando encontrarmos os diamantes…
A Rita ainda estava a falar, quando de repente rebentaram com a porta da
entrada.
Estava a recuperar da explosão, quando vi duas raparigas a sair do fumo com
metralhadoras nas mãos a disparar sobre tudo e todos. Depois de o tiroteio acabar,
consegui ver que as raparigas eram a Ana e a Beatriz.
Dentro da casa só se viam cadáveres no chão, mas, subitamente, dois rapazes
levantaram-se e o Alexandre disse:
- Estava a ver que não apareciam. Para a próxima, que tal um aviso que vão
rebentar com a porta?!
- Que tal agradeceres por te termos salvo a vida?! – disse a Ana
- Têm os diamantes? – perguntou o Alexandre.
- Claro que sim. Agora é melhor sairmos daqui. – disse a Beatriz.
- Tens razão, a polícia já deve estar a caminho. Já temos as passagens para as
Caraíbas. Metemo-nos no avião e depois de vendermos os diamantes, vamos poder
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gozar duma reforma antecipada. Alexandre, leva o B-52 para destruíres os
armazéns! – disse o Emanuel.
Depois destes acontecimentos, fui logo à polícia, mas lá disseram que os
criminosos tinham fugido e que era impossível apanhá-los. Por isso escrevi para
este jornal, para que as pessoas pudessem saber o que realmente aconteceu.
Não sei se eles vão ser apanhados, mas sei que fiquei com uma história para o
resto da vida.
(Emanuel, Alexandre, Beatriz e Ana)
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O 9º B é uma turma
constituída por dezanove
adolescentes (dez
raparigas e nove
rapazes), com idades
compreendidas entre os
13 e 15 anos.
Embora a leitura não
esteja entre as
preferências da maioria
destes alunos, foi com
muito entusiasmo que
aceitaram o desafio de
escreverem uma
narrativa ao jeito de Eça
de Queirós e Ramalho
Ortigão.
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Desafiados pela professora de Língua Portuguesa, dezanove alunos
da Escola E.B.I./J.I. de Montenegro juntaram-se para criar uma
narrativa colectiva, como outrora fizeram Eça de Queirós e
Ramalho Ortigão. O resultado é uma história divertida, cheia de
mistério e aventura, protagonizada pelos próprios autores, na
cidade de Faro.