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1 Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377 Curso de Educação Física - N. 17, JUL/DEZ 2014 O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM ESCOLAR Priscila Gonçalvez Soares 1 RESUMO Através do brincar, a criança percebe o mundo ao seu redor e desenvolve sua capacidade de criar. O brincar proporciona o desenvolvimento das habilidades motoras de forma natural e agradável e é fundamental para um bom desenvolvimento global do indivíduo. O objetivo do presente estudo é verificar a utilização do lúdico no processo de ensino- aprendizagem, por professores das séries iniciais, até o quinto ano. Este trabalho tem como finalidade mostrar que o lúdico pode ser instrumento educacional que possibilita o aprender de forma mais prazerosa. É uma pesquisa qualitativa com uso de questionários para obtenção dos dados necessários. Foi verificado que a maioria dos professores atribui grande importância ao lúdico e utiliza esse recurso nas suas aulas. Palavras - chave: brincadeira, lúdico, educação. THE PLAYFUL IN THE PROCESSO OF TEACHING – LEARNING SCHOOL ABSTRACT Throug play, the child perceives the world around them and develop their ability to create. The play provides the development of motor skills in a natural and pleasant and is essential for a good overall development of the individual. the aim of this study is verify is to verify the use od leisure in the process os teaching and learning, for teachers of early grades, by the fifth year. this study aimed to show that the play can be an educacional tool that enables the learning more enjoyable. it is a qualitative study that uses questionnaires to abtain the necessary data. It was found that most teachers attaches great importance to play and use this resource in their classrooms. Key - words: fun, entertainment, education. 1 Mestre em Educação Física – FAEFID / UFJF.

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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery

http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377

Curso de Educação Física - N. 17, JUL/DEZ 2014

O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM ESCOLAR

Priscila Gonçalvez Soares1

RESUMO

Através do brincar, a criança percebe o mundo ao seu redor e desenvolve sua capacidade

de criar. O brincar proporciona o desenvolvimento das habilidades motoras de forma

natural e agradável e é fundamental para um bom desenvolvimento global do indivíduo. O

objetivo do presente estudo é verificar a utilização do lúdico no processo de ensino-

aprendizagem, por professores das séries iniciais, até o quinto ano. Este trabalho tem

como finalidade mostrar que o lúdico pode ser instrumento educacional que possibilita o

aprender de forma mais prazerosa. É uma pesquisa qualitativa com uso de questionários

para obtenção dos dados necessários. Foi verificado que a maioria dos professores atribui

grande importância ao lúdico e utiliza esse recurso nas suas aulas.

Palavras - chave: brincadeira, lúdico, educação.

THE PLAYFUL IN THE PROCESSO OF TEACHING – LEARNING SCHOOL

ABSTRACT

Throug play, the child perceives the world around them and develop their ability to create.

The play provides the development of motor skills in a natural and pleasant and is

essential for a good overall development of the individual. the aim of this study is verify is

to verify the use od leisure in the process os teaching and learning, for teachers of early

grades, by the fifth year. this study aimed to show that the play can be an educacional tool

that enables the learning more enjoyable. it is a qualitative study that uses questionnaires

to abtain the necessary data. It was found that most teachers attaches great importance to

play and use this resource in their classrooms.

Key - words: fun, entertainment, education.

1 Mestre em Educação Física – FAEFID / UFJF.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo verificar a utilização do lúdico no processo de

ensino-aprendizagem por professores das séries iniciais até o quinto ano, valorizando a

sua importância e necessidade nesse processo.

Segundo Catunda (2005), toda criança precisa brincar, mas muitos adultos não

percebem essa necessidade. É através da brincadeira que a criança começa a colocar

em prática a sua imaginação e criatividade, expressa suas experiências e transmite os

seus conhecimentos.

Quando as vivências da criança se tornam prazerosas, ou seja, quando ela sente

vontade de realizar algo, acaba ocorrendo a possibilidade de usar esse interesse como

um processo educativo, daí a importância do lúdico nas séries iniciais até o quinto ano,

pois este acaba sendo um facilitador para que ocorra a aprendizagem.

O componente lúdico na vida de uma criança representa aquilo que lhe dá prazer,

contribuindo de forma positiva no processo de ensino aprendizagem e nas suas relações

com o outro.

Uma possibilidade de vivência do componente lúdico nas aulas de educação física

é através da abordagem construtivista - interacionista, que, de acordo com Netto

(2006), tem como seu conteúdo brincadeiras populares, jogo simbólico e jogo de regras.

Sua finalidade é a construção do conhecimento através do resgate de conhecimento do

aluno para a solução de problemas. A temática principal fica por conta da cultura popular,

do jogo e do que é lúdico.

Justificativa

Através do lúdico, a criança tem maior propensão a aprender e assimilar os

conteúdos ensinados na escola. Portanto, nas séries iniciais até o quinto ano, o brincar

deve ser fator mobilizador no desenvolvimento dos aspectos cognitivo, físico e motor,

afetivo social e cultural. Isso porque os jogos, os brinquedos e as brincadeiras auxiliam no

desenvolvimento global da criança, tornando-a um adulto capaz de interagir perante a

sociedade.

Nesse contexto, autores como Catunda (2005) e Maluf (2007) defendem o lúdico

como elemento fundamental no processo de ensino-aprendizagem, por ser um fator que

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interfere principalmente na socialização entre as crianças e em suas formas e estilos de

se expressarem.

Objetivos

Verificar a utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem por

professores das séries iniciais até o quinto ano. Examinar a abordagem do lúdico pelo

professor de educação física. Conferir de que maneira o lúdico se manifesta nas aulas de

educação física.

REVISÃO DE LITERATURA

Jogo, brinquedo e brincadeira.

Para se definir lúdico e compreender sua função e importância no desenvolvimento

sócio-afetivo infantil é necessário, antes de tudo, definir os aspectos que permeiam e se

interconectam a ele, como a definição e a distinção de brincadeira, jogo e esporte.

Segundo Helal (1990), existe uma distinção entre essas três atividades que, de

certa forma, se assemelham e se inter-relacionam. Para o autor, o termo “brincadeira” se

refere a práticas com espontaneidade e descontração, em que não existe preocupação

com o tempo, regras fixas; que proporcionam prazer e diversão sem finalidade ou sentido,

além ou fora de si. Ou seja: não existem preocupações com resultados ou recompensas

extrínsecas àquela atividade, pois é uma ação que se esgota em si mesma. O prazer está

no fazer, e não no que se faz. A brincadeira é a mais lúdica das atividades.

Em seus estudos, o autor supracitado, descreve que a principal diferença entre

brincadeira e jogo se resume no fato de que, no jogo, verificamos a existência de regras

fixas, o que não existe na brincadeira. Assim, quando se começa a estipular regras no ato

de brincar, ele se transforma em jogo. Embora o esporte seja considerado jogo, há nele

outras características que não se encontra nesta modalidade, como a organização

burocrática em grande escala e o elemento da disputa física e da competição.

Na concepção de Kishimoto (2002) definir jogo e brincadeira não é uma tarefa fácil,

pois depende da interpretação de cada um. A autora também acredita que a principal

diferença entre jogo e brincadeira é que o primeiro possui uma estrutura de regras; já a

segunda é puro e simples prazer. Para ela, uma mesma conduta pode ser ou não jogo em

diferentes culturas, dependendo do significado a ele atribuído. A pedagoga ainda destaca

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a importância e a definição do brinquedo; segundo ela, o brinquedo é diferente do jogo,

pois tem uma relação íntima com criança, a qual não tem regras quanto ao uso do

brinquedo.

Kishimoto (2002) enfatiza que o brinquedo é um substituto dos objetos reais,

representando reproduções que a criança pode manipular, incentivando a criatividade e

retratando o imaginário da criança. Já o objeto é sempre suporte para a brincadeira, e

nesse sentido brincadeira é a ação. Assim, brinquedo e brincadeira relacionam-se

diretamente com a criança e não se confundem com o jogo.

Nesse contexto, Marcellino (1990) afirma que, quando a criança entra na escola

esta introduz a noção de obrigação nela. Além disso, a especificidade da infância, que é a

possibilidade de viver o lúdico, é trocada pela disciplina do esforço e da aquisição de

responsabilidade. Ao falar de lúdico, falamos de alegria espontaneidade.

A função do lúdico

Maluf (2007) define brincar como uma atividade espontânea e muito prazerosa,

acessível a todo ser humano de qualquer faixa etária, classe social ou condição

econômica. E através dela que se tem comunicação e expressão, associando

pensamento e ação. É um ato instintivo voluntário, atividade exploratória; um meio de

aprender a viver que ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional

e social.

A autora destaca também a importância do brinquedo, segundo ela este

desempenha muitas funções, tais como: o pensamento criativo, o desenvolvimento social

e emocional. As crianças têm prazer em todas as experiências de brincadeiras e

conseguem transmitir sentimentos através delas.

Sobre a diferenciação entre brincadeira e jogo, Maluf (2007, p. 81) apresenta que:

[...] Uma consulta ao dicionário nos fará constatar uma clara diferença entre jogo e brincadeira. No entanto, os dois são sinônimos de divertimento. A diferença entre brincadeira e jogo consolida-se com uso que as pessoas fazem dela.

Santos (1997), em sua obra organizada com vários autores coloca o brinquedo

como objeto e suporte da brincadeira para cuja utilização não há regras. O brinquedo

estimula a criatividade e a representação, além de colocar a criança na presença de

reproduções.

Deve-se entender o lúdico não “em si mesmo”, ou de forma isolada nessa ou

naquela atividade, mas como um componente da cultura historicamente situada; e a

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cultura não somente como produto, mas como processo. Assim, verificamos que o lúdico

também deve ser visto nesta dupla perspectiva: como produto e processo, como conteúdo

e forma (MARCELLINO, 1990).

Marcellino (1990 p. 28-29) acrescenta que “a criança enquanto produtora de cultura

necessita de espaço para esta criação. Impossibilitada, torna-se consumidora passiva”.

Esse espaço deve possibilitar à criança verificar o lúdico na relação com as pessoas das

quais depende para a satisfação de suas necessidades vitais e afetivas.

A esse respeito Catunda (2005, p. 17) comenta: “Vejo o brincar como necessário à

formação de uma sociedade mais feliz criativa saudável; isso mesmo, com uma melhor

qualidade de vida”.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa de campo. Segundo Gil (1996), os estudos de campo

procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas. O planejamento do

estudo de campo apresenta grande flexibilidade: estuda-se um único grupo ou

comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de seus

oponentes.

Para atingir os objetivos, foi analisada uma amostra de oito alunos do oitavo

período de Educação Física – Bacharelado, da Faculdade Governador Ozanam Coelho

de Ubá/MG, licenciados e no exercício da profissão, lecionando para alunos das séries

iniciais, até o quinto ano.

Para coleta de dados foi realizada a aplicação de um questionário estruturado com

seis questões de múltipla escolha.

Os dados foram analisados de forma quantitativa, utilizando a porcentagem

simples.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi verificar a utilização do lúdico, no processo de ensino-

aprendizagem, por professores das séries iniciais, até o quinto ano. E a metodologia

utilizada foi o questionário.

A primeira questão se refere à importância que os professores atribuem ao lúdico

no processo de ensino e aprendizagem.

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Gráfico 1: Importância atibuida ao lúdico no processo de ensino-aprendizagem

Na análise dos dados, podemos observar que a maioria dos professores atribuiu

grande importância ao lúdico. De acordo com Luna (2012), através do brincar e jogar, o

indivíduo é capaz de pensar, imaginar, interpretar e criar. Tais aspectos propiciam

autonomia, iniciativa, concentração e análise crítica para levantar hipóteses acerca dos

fatos como também ensinam a respeitar regras e vivenciar conflitos competitivos.

Na opinião de Costa (2007), a importância da inserção do lúdico na prática

pedagógica pré-escolar é uma realidade que se impõe ao professor. Os brinquedos,

brincadeiras e/ou jogos são necessários para a criança e trazem enormes contribuições

ao desenvolvimento da habilidade de aprender a pensar.

A segunda questão busca identificar as brincadeiras mais utilizadas nas aulas de

Educação Física, e o resultado obtido é representado no Gráfico 2:

Gráfico 2: Brincadeiras mais utilizadas nas aulas de Educação Física

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Os professores responderam que utilizam várias brincadeiras, entre as quais estão:

cantigas (50%), cabra cega (50%), vivo/morto (85%), pular corda (100%), queimada

(85%), brincadeira de roda (100%), corrida de saco (62,3%) e amarelinha (75%).

Na infância, o ideal é proporcionar às crianças as mais diversas experiências

motoras, para que o cérebro possa criar engramas motores, os quais serão utilizados em

atividades mais complexas posteriormente. Isso significa que as aulas de Educação

Física devem conter exercícios – brincadeiras ou jogos, por conta da ludicidade – que

contemplem as mais diversas capacidades motoras, como força, flexibilidade, agilidade,

resistência e velocidade (THOMPSON, 2005; DARTAGNAN, 2007 citados por RAIOL et

al., 2010).

Gráfico 3: Intensidade com que os professores oportunizam momentos para as crianças

construírem brinquedos

Quando questionados se em algum momento da aula, oportunizam às crianças a

contrução de brinquedos a maior parte respondeu que sim, na maioria das vezes .

De acordo com Gonzales e Santos (2010), a construção de brinquedos pode ser

muito explorada na escola, em qualquer disciplina e qualquer espaço físico; tudo vai

depender da criatividade do professor.

A utilização de materiais alternativos nas aulas de educação fisica pode ser uma

estratégia muito interessante, não só para lidar com a falta de materiais, mas também

para trabalhar com o lúdico, a criatividade e a autoestima dos alunos (ASSUMPÇÃO et

al., 2010).

Para Assumpção et al. (2010), os professores têm que exercitar a criatividade por

exercer um importante papel de mediador do aprendizado, direcionando e orientando a

construção do conhecimento.

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Gráfico 4: Frequência de utilização de jogos e brincadeiras nas aulas de Ed. Física

A quarta questão buscou identificar com que frequência os jogos e brincadeiras

são utilizados nas aulas de Educação Física. Observou-se que 37% dos professores

afirmaram trabalhar jogos e brincadeiras em todas suas aulas ou pelo menos uma vez por

semana; outros professores (13%) responderam que utilizam os jogos e brincadeiras mais

de uma vez por semana; e outros 13% alegaram utilizar o lúdico uma ou duas vezes por

mês.

Para Ferreira (2008) brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo,

intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos,

relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal,

reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu

próprio conhecimento.

Brincando, a criança desenvolve potencialidades; ela compara, analisa, nomeia,

mede, associa, calcula, classifica, compõe, conceitua e cria. O brinquedo e a brincadeira

traduzem o mundo para a realidade infantil, possibilitando à criança a desenvolver a sua

inteligência, sua sensibilidade, habilidades e criatividade, além de aprender a socializar-se

com outras crianças e com os adultos (FERREIRA, 2008).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais o lúdico é sinônimo de

ausência de técnica ou, no mínimo, descompromisso com a eficiência. Pode ser usado

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para evitar uma especialização técnica precoce e suas complicações; ou pode ser pré-

requisito para a aprendizagem das habilidades esportivas.

Com relação às vantagens do trabalho com brincadeiras e jogos, foram

encontrados os apontamentos discriminados no Gráfico 5, a seguir:

Gráfico 5: Vantagens do trabalho com brincadeiras e jogos

Os professores quando questionados sobre as vantagens do trabalho com jogos e

brincadeiras foram unânimes em responder que jogos e brincadeiras proporcionam o

desenvolvimento da criatividade e da consciência corporal, promovem diversão,

percepção e integração da noção do tempo, além de melhorar a relação social entre as

crianças. Alguns professores responderam também que os jogos e brincadeiras são

ferramentas importantes de aprendizado, funcionando como uma válvula de escape e

ajuda na exteriorização dos medos e angústias, no aprimoramento do gesto motor e na

precisão dos movimentos

Esse resultado vai ao encontro dos estudos de Santos (2010), o qual alega que o

lúdico proporciona interesse, autonomia, confiança e aprendizagem satisfatória, além de

prazer, curiosidade, responsabilidade e socialização.

Ao proporcionarmos à criança o acesso às brincadeiras e ao brincar, oferecemos a

ela uma melhor qualidade de vida. Brincando, ela expande uma grande quantidade de

emoções pela variedade entretenimento que vivencia, organizando melhor o seu mundo

interior. E o mais importante: através do brincar, acaba aprendendo de forma prazerosa,

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transformando um simples conhecimento em uma aprendizagem significativa

(KWIECINSK, 2011).

De acordo com Zaffalon Júnior (2009), a utilização do componente lúdico favorece

a capacidade de relacionamento social, a maturidade emocional e motora das crianças,

além de despertar um comportamento sadio.

Gráfico 6: Fontes utilizadas para aumentar o conhecimento sobre jogos e brincadeiras

Quanto às principais fontes utilizadas para aumentar o conhecimento sobre jogo e

brincadeiras, a mais citada foram livros como também a internet, que vêm auxiliando os

professores no aprimoramento do seu trabalho dentro e fora da escola. Os professores

responderam que utilizam também, as brincadeiras que as crianças trazem de casa, há

também uma troca de experiências com os demais colegas professores da área. O

professor deve buscar seu aprimoramento, ou seja, atualizar-se sempre buscando novas

fontes de pesquisa, a fim de ampliar a sua capacidade de docência.

Para Kwiecinsk (2011), é do professor a tarefa de estimular as brincadeiras,

ordenar os espaços da escola, facilitar a disposição dos brinquedos disponíveis, do

mobiliário e demais elementos da sala de aula, de maneira que se torne mais acessível e

confortável tanto para ele como para as crianças.

Quando o professor recorre aos jogos, ele está criando na sala de aula uma

atmosfera de motivação que permite aos alunos participarem ativamente do processo

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ensino-aprendizagem, assimilando experiências e informações, incorporando atitudes e

valores. Para que a aprendizagem ocorra de forma natural, é necessário respeitar e

resgatar o movimento humano, considerando a bagagem espontânea de conhecimento

da criança, seu mundo cultural, movimentos, atitudes lúdicas, criaturas e fantasias

(MARQUES, 2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou verificar a utilização do lúdico no processo de ensino-

aprendizagem, por professores das séries iniciais até o quinto ano. Foi possível perceber

que os docentes valorizam e utilizam o lúdico no processo de ensino-aprendizagem.

O lúdico tem importância fundamental para o desenvolvimento social, emocional e

intelectual do ser humano, ou seja, de forma global. Através do lúdico, as crianças

melhoram aspectos como concentração, criatividade, raciocínio lógico e convivência

social.

Pode-se concluir que o lúdico é uma ferramenta de trabalho muito proveitosa para

o professor, pois através dele é possível introduzir os conteúdos de forma diferenciada e

bastante ativa. Com um simples jogo, o formador poderá proporcionar apreensão de

conteúdos de maneira agradável, e o aluno de forma divertida e prazerosa estará

desenvolvendo seu aprendizado.

Cabe ao educador oferecer o maior número possível de estímulos aos seus alunos.

Através dos jogos, brinquedos e brincadeiras, o educador pode conduzir seus alunos a se

tornarem seres mais críticos e criativos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997, V. 7. CATUNDA, Ricardo, Brincar, criar, vivenciar na escola. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. COSTA, Sabrina Pontes. A importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento motor, cognitivo e sócio afetivo na educação infantil. Nitéroi. 27 de julho de 2007. Disponível em: <http://www.pt.scribd.com> Acesso em: 01 jun. 2012. FERREIRA, Rosalina. A importância de brincar na educação infantil. 27 nov. 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/educacao/> Acesso em: 06 abr. 2012. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas,1996. GONZALES, Érica dos Santos; SANTOS, José Carlos. Brinquedos na educação física: proposta de trabalho para o ensino infantil e fundamental. 25 nov. 2010. Disponível em: <www.slideshare net> Acesso em :01 jun. 2012. HELAL, Ronaldo. O que é sociologia do esporte. Brasiliense,1990. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1999.

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KWIECINSK, Inez. O desenvolvimento da criança através do brincar. 25 jan. 2011. Disponível em: <http://www.artigonal.com/educacao-infantil/> Acesso em: 06 abr. 2012. LUNA, Danielle Conceição de. A importância do lúdico no processo ensino aprendizagem. 13 fev. 2012. Disponível em: <fabiopestanaramos.blogspot.com/> Acesso em: 08 abr. 2012. MALÚF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e educação. 2. ed. Campinas: Papirus,1990. MARQUES, Soraya M. O lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras na construção do processo ensino aprendizagem na educação. 27 fev. 2012. Disponível em: <http://www.pedagogiaaopedaletra.com/> Acesso em: 06 abr. 2012. NETTO, Américo Valdanha. Abordagens pedagógicas em educação física: corpo como objeto e abordagem cultural como conteúdo. Buenos Aires, abr, 2006.Disponível em: <http://www.efdeportes.com/> Acesso em: 08 abr. 2012. RAIOL, Rodolfo de Azevedo. et al. As aulas de educação física na infância: capacidades motoras, crescimento e princípios do treinamento.Buenos Aires, out. 2010. Disponível em <http://www.efdeportes.com/> Acesso em: 08 abr. 2012. SANTOS, Élia Amaral do Carmo. O lúdico no processo ensino-aprendizagem. Assunção, jan. 2010. Disponível em: <http://need.unemat.br/4_forum/artigos/elia.pdf> Acesso em: 01 abr. 2012. SANTOS, Marli Pires do. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. (Org.) Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997. ZAFFALON JÚNIOR, José Roberto. Jogo e ludicidade: contribuições para o desenvolvimento. Buenos Aires, out. 2009. Disponível em: <http:// www.efdeportes.com/> Acesso em: 01 jun. 2012.

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Questionário

1) Em uma escola, de 0 a 10, que importância você atribui ao lúdico no processo ensino-apendizagem?

( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 2) Quais brincadeiras você costuma trabalhar em suas aulas de educação fisica? ( ) cantigas ( ) cabra-cega ( ) vivo-morto

( ) pular corda ( ) bem-me-quer ( )queimada

( ) brincadeiras de roda ( )corrida de saco ( )amarelinha

( ) outras ____________________________________________ 3) Com que frequência você trabalha jogos e brincadeiras em suas aulas de Educação Fisica: ( ) em todas as aulas ( ) 1 vez por semana ( ) mais de uma vez por semana

( )1 ou 2 vezes por mês ( )1 ou 2 vezes por semestre ( ) não trabalho

4) Como são selecionadas as brincadeiras trabalhadas durante as aulas? ( ) Eu não me interesso pelo trabalho com brincadeiras. ( ) Estimulo que os alunos sugiram jogos e brincadeiras. ( ) Sou sempre eu que proponho as brincadeiras. ( ) Os alunos não demonstram interesse por brincadeiras. 5) São vantagens do trabalho com brincadeiras e jogos: ( ) desenvolvimento das habilidades motoras ( ) melhoria da relação social entre as crianças ( ) aumento da competitividade ( ) precisão de movimentos ( ) aprimoramento do gesto motor ( ) percepção e integração da noção de tempo e espaço ( ) diversão ( ) são ferramentas importantes de aprendizado ( ) desenvolvimento da consciência corporal ( ) desenvolvimento da criatividade ( ) aumento da força muscular ( ) aumento da rapidez ( ) exteriorização de medos angústia ( ) funcionam como válvula de escape ( ) outros ______________________________________ 6) Quais são as principais fontes que você utiliza para aumentar seu conhecimento sobre jogos e brincadeiras? ( ) as crianças, que trazem brincadeiras de casa ( ) os colegas professores da área ( ) livros e outras fontes de pesquisa teórica ( ) minha própria experiência de vida