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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PORTOS DE AREIA DA BACIA DO RIO CORUMBATAÍ COMO INSTRUMENTO PARA A RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ELISA HARDT ALVES VIEIRA Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção de título de Mestre em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais. P I R A C I C A B A Estado de São Paulo – Brasil Junho – 2005

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PORTOS DE AREIA

DA BACIA DO RIO CORUMBATAÍ COMO INSTRUMENTO PARA A

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

ELISA HARDT ALVES VIEIRA

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção de título de Mestre em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais.

P I R A C I C A B A

Estado de São Paulo – Brasil

Junho – 2005

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PORTOS DE AREIA

DA BACIA DO RIO CORUMBATAÍ COMO INSTRUMENTO PARA A

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

ELISA HARDT ALVES VIEIRA

Biólogo

Orientador: Prof. Dr. WALTER DE PAULA LIMA

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção de título de Mestre em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais.

P I R A C I C A B A

Estado de São Paulo – Brasil

Junho – 2005

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Vieira, Elisa Hardt Alves O licenciamento ambiental de portos de areia da bacia do Rio Corumbataí como

instrumento para a recuperação de áreas de preservação permanente / Elisa Hardt Alves Vieira. - - Piracicaba, 2005.

186 p. : il.

Dissertação (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2005. Bibliografia.

1. Areia 2. Bacia hidrográfica 3. Legislação ambiental 4. Licenciamento 5. Mata ciliar – Áreas de conservação 6. Mineração 7. Reabilitação de áreas degradadas 8. Rio Corumbataí I. Título

CDD 634.9224

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Dedico esse trabalho ao Erico e à minha mãe

que sempre me apoiaram em tudo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor Dr. Walter de Paula Lima pela oportunidade, pela

confiança e pelos ensinamentos;

Á Dra. Maria José Brito Zakia pela amizade, pela disposição, pela confiança e

pela orientação;

Ao professor Dr. José Salatiel Rodrigues Pires, a quem devo a escolha e a criação

da temática desse trabalho;

Ao Msc. Erico Fernando Lopes Pereira-Silva pelo companheirismo, pela

paciência, pelos ensinamentos e pelas essenciais colaborações à esse trabalho;

À Dra. Lucia Vidor de Sousa Reis pela presteza no acesso aos arquivos da Cetesb

e pela participação na banca de qualificação com suas sugestões e correções;

À Dra. Giselda Durigan pela participação na banca de qualificação, com suas

essenciais contribuições;

À Dra. Carla Daniela Câmara pela disposição em participar da banca de

qualificação;

À Eliete Nunes Secamilli pela amizade e essencial colaboração na intermediação

dos contatos com os empreendedores;

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Aos professores Dr. Sergius Gandolfi e Dr. Vinícius Castro Souza e à MSc.

Juliana de Paula Souza pelas sugestões e revisões de nomenclatura das listagens

florísticas;

Ao Dr. Fernando F. Barros Ferraz pela ajuda na confecção dos mapas digitais da

bacia;

À todos os funcionários da CETESB, DEPRN, DNPM, DAEE e da Polícia

Ambiental que fizeram parte deste trabalho respondendo aos questionários. Em especial,

ao tenente André Vianna da Polícia Ambiental de Rio Claro, à engenheira Irene do

DEPRN Rio Claro, à Lucíola da CETESB Piracicaba e ao geólogo José Teodorico de

Melo Ribeiro do DNPM de São Paulo;

À todos os empreendedores e funcionários que colaboraram com a permissão de

acesso aos portos de areia visitados e que prontamente participaram das entrevistas. Em

especial ao empresário e diretor regional do Sindareia José Edvaldo Tietz, pela

confiança e atenção;

À CAPES pela bolsa de estudo concedida.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS........................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS .......................................................................................... xi

RESUMO .............................................................................................................. xv

SUMMARY .......................................................................................................... xvii

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

1.1 Objetivos ......................................................................................................... 3

2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 5

2.1 Mineração de areia no Estado de São Paulo ................................................... 5

2.2 Histórico da legislação ambiental da mineração............................................. 6

2.3 Licenciamento ambiental da mineração de areia no Estado de São

Paulo...................................................................................................................... 9

2.4 Impactos ambientais da mineração de areia.................................................... 12

2.5 Recuperação de matas ciliares ........................................................................ 17

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 24

3.1 Área de estudo................................................................................................. 24

3.1.1 Caracterização edafoclimática ..................................................................... 27

3.1.2 Caracterização do uso e da cobertura do solo .............................................. 31

3.1.3 Caracterização fitogeográfica....................................................................... 33

3.1.4 Caracterização sócio-econômica.................................................................. 34

3.2 Estratégia de estudo ........................................................................................ 36

3.2.1 Análise dos processos de licenciamento ...................................................... 36

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3.2.2 Análise de campo ......................................................................................... 38

3.2.2.1 Caracterização florística............................................................................ 40

3.2.2.2 Zoneamento dos plantios........................................................................... 41

3.2.2.3 Análise dos plantios .................................................................................. 42

3.2.2.4 Análise visual dos plantios........................................................................ 44

3.2.2.5 Integridade das margens dos corpos d’água ............................................. 44

3.2.2.6 Avaliação final da recuperação das APPs................................................. 46

3.2.3 Entrevistas .................................................................................................... 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 48

4.1 Atividade de extração de areia na Bacia do Corumbataí ................................ 48

4.2 Análise da recuperação das APPs ................................................................... 56

4.2.1 Caracterização florística............................................................................... 56

4.2.1.1 Composição florística dos plantios ........................................................... 56

4.2.1.2 Composição florística dos projetos ........................................................... 77

4.2.1.3 Similaridade florística ............................................................................... 98

4.2.2 Zoneamento dos plantios ............................................................................. 104

4.2.3 Cobertura do solo por sombreamento da copa nas zonas de plantios .......... 110

4.2.4 Caracterização visual da vegetação das zonas de plantio ............................ 115

4.2.5 Integridade das margens dos corpos d’água................................................. 122

4.2.6 Avaliação final da recuperação das APPs.................................................... 124

4.3 Percepção ambiental e legal dos mineradores................................................. 126

4.4 Condições e recursos dos órgãos ambientais públicos envolvidos na

mineração .............................................................................................................. 139

5 CONCLUSÕES ................................................................................................. 151

5.1 Recomendações............................................................................................... 154

ANEXOS .............................................................................................................. 155

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 163

APÊNDICES......................................................................................................... 183

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LISTA DE FIGURAS

Página

1 Localização e limites da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí e sua

divisão em cinco sub-bacias ........................................................................... 25

2 Rede hidrográfica principal da Bacia do Rio Corumbataí, destacando

o Rio Corumbataí e o seu principal tributário, o Rio Passa Cinco................. 26

3 Municípios abrangidos pela Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí,

com destaque daqueles que fazem parte da APA Corumbataí-

Botucatu-Tejupá ............................................................................................ 27

4 Erodibilidade dos solos da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí .............. 30

5 Uso e ocupação do solo da Bacia do Corumbataí .......................................... 31

6 Distribuição das linhas de amostragem dos plantios nas terceiras e

quartas linhas paralelas ao corpo d’água nos sentidos interior-margem

e margem-interior ........................................................................................... 42

7 Desenho esquemático da cobertura do solo das áreas de plantio, obtida

pelo sombreamento da copa (m2) sobre a área da parcela, representada

pelo espaçamento entre as mudas................................................................... 43

8 Planilha utilizada em campo na análise visual quali-quantitativa da

APP em recuperação nos portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí,

SP.................................................................................................................... 45

9 Avaliação final da recuperação das APPs dos portos de areia da Bacia

Hidrográfica do Rio Corumbataí .................................................................... 46

10 Registros do DNPM dos pedidos de diplomas legais para exploração e

aproveitamento mineral no período de 1973 a 2004 para a Bacia do

Rio Corumbataí, SP........................................................................................ 48

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11 Apresentação da distribuição dos 36 empreendimentos de extração de

areia na Bacia do Rio Corumbataí, SP ........................................................... 50

12 Distribuição dos empreendimentos de extração de areia da Bacia do

Rio Corumbataí, SP, em seus municípios ...................................................... 51

13 Produção máxima, mínima e média de areia (m3/mês) dos

empreendimentos da Bacia do Rio Corumbataí, SP....................................... 54

14 Tempos máximo, mínimo e médio de obtenção dos diplomas legais de

exploração mineral junto ao DNPM para os empreendimentos da

Bacia do Rio Corumbataí, SP. TAP – Tempo de Aproveitamento de

Pesquisa, TCL – Tempo de Concessão de Lavra e TL – Tempo de

Licenciamento ................................................................................................ 54

15 Tempos máximo, mínimo e médio de obtenção das Licenças

Ambientais junto à CETESB para os empreendimentos da Bacia do

Rio Corumbataí, SP. TLI – Tempo de Licença de Instalação e TLO –

Tempo de Licença de Operação ..................................................................... 55

16 Distribuição do número de espécies por família para as 19 áreas de

plantio dos portos de areia de leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí,

SP.................................................................................................................... 65

17 Distribuição do número de espécies por família para os 23 projetos de

reflorestamento dos portos de areia de leito de Rio da Bacia do Rio

Corumbataí, SP............................................................................................... 78

18 Dendrograma de similaridade de Jaccard entre área natural e 19 áreas

de plantio de portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP. A linha

tracejada indica o valor mínimo de similaridade (Mueller-Dombois &

Ellenberg, 1974) ............................................................................................. 100

19 Dendrograma de similaridade de Jaccard entre área natural e 23

projetos de plantio de portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP.

A linha tracejada indica o valor mínimo de similaridade (Mueller-

Dombois & Ellenberg, 1974) ......................................................................... 101

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20 Imagens do zoneamento das áreas de plantio dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí. As zonas estão indicadas pelas letras “a”,

“b” e “c”, de acordo com um gradiente decrescente de altura e de

mortalidade dos plantios................................................................................. 106

21 Taxa de mortalidade das mudas nas zonas de plantio dos 19 portos de

areia de leito de rio estudados na Bacia do Rio Corumbataí, SP ................... 107

22 Altura máxima, mínima e média das mudas nas zonas de plantio dos

19 portos de areia de leito de rio estudados na Bacia do Rio

Corumbataí, SP............................................................................................... 107

23 Distribuição das classes de altura dos indivíduos amostrados nas

linhas de plantio dos 19 portos de areia de leito de rio estudados na

Bacia do Rio Corumbataí, SP......................................................................... 109

24 Percentagem de recobrimento do solo com gramíneas ou serapilheira

nas zonas de plantio dos 19 portos de extração de areia por dragagem

em leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP............................................ 118

25 Imagens da avaliação da recuperação das APPs de portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí. Categorias de classificação: ótimo (A), bom

(B), regular (C) e ruim (D) ............................................................................. 125

26 Histórico de uso do solo de portos de areia de leito de rio da Bacia do

Rio Corumbataí, SP. Informações obtidas em entrevistas junto aos

proprietários.................................................................................................... 127

27 Plano de uso futuro do solo de portos de areia de leito de rio da Bacia

do Rio Corumbataí, SP. Informações obtidas em entrevistas junto aos

proprietários.................................................................................................... 129

28 Freqüência de visitas dos órgãos ambientais nas minerações de areia

da Bacia do Rio Corumbataí, SP. Informações obtidas em entrevistas

com os proprietários ....................................................................................... 134

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LISTA DE TABELAS

Página

1 Área total (ha) da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí e de suas

divisões em cinco principais sub-bacias......................................................... 26

2 Classes de declividade da Bacia do Rio Corumbataí ..................................... 28

3 Valores em área (ha) e valores relativos (%) das classes de solos

predominantes na Bacia do Rio Corumbataí .................................................. 29

4 Modificações no uso e na cobertura do solo da Bacia do Corumbataí

no período de 1991-2001................................................................................ 32

5 Apresentação dos 23 portos de extração de areia de leito da Bacia do

Rio Corumbataí, entre eles os 19 portos que tiveram seus plantios

estudados ........................................................................................................ 39

6 Caracterização dos empreendimentos de extração de areia por cava e

leito na Bacia do Rio Corumbataí, SP, em relação à área de lavra (ha),

tipo de autorização e destino da areia produzida............................................ 52

7 Percentagem de pequenos, médios e grandes empreendimentos de

extração de areia por cava e leito na Bacia do Rio Corumbataí, SP .............. 53

8 Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos

portos de areia de leito de rio da Bacia do rio Corumbataí, SP...................... 58

9 Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas

identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP............................................................................................... 67

10 Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de

reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP........... 79

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xii

11 Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas

nos projetos de plantios dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP............................................................................................... 87

12 Número de espécies, espécies comuns e percentagem de

aproveitamento das listagens florísticas dos projetos teóricos de

recuperação nas implantações florísticas dos plantios dos portos de

areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP ........................................................... 97

13 Zoneamento das áreas de plantio dos 21 portos de areia visitados na

Bacia do Rio Corumbataí, SP. As zonas estão indicadas pelas letras

“a”, “b” e “c”, de acordo com um gradiente decrescente de altura e de

sobrevivência dos plantios. Plantio: EF – efetivado; NEF – não

efetivado; T – tentativa................................................................................... 105

14 Espaçamento e densidade apresentados nos projetos e observados nos

plantios dos 19 portos de areia visitados na Bacia do Rio Corumbataí,

SP.................................................................................................................... 111

15 Espaçamento e densidade apresentados nos projetos e observados nos

plantios dos 19 portos de areia visitados na Bacia do Rio Corumbataí,

SP.................................................................................................................... 112

16 Valores de percentagem de cobertura da copa por área de plantio e

idade dos plantios dos 21 portos de areia visitados na Bacia do Rio

Corumbataí, SP............................................................................................... 113

17 Análise visual das zonas de plantio dos 19 portos de areia de leito de

rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP............................................................... 117

18 Valores médio, mínimo e máximo referentes aos custos e benefícios

dos portos de areia de leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP.

Custos com plantio de mudas, legalização do empreendimento e

aquisição de equipamentos. Benefícios referentes a venda de areia no

porto. Informações obtidas em entrevistas junto aos proprietários ................ 129

19 Respostas dos proprietários dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP, quanto à necessidade de uma cartilha informativa a

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xiii

respeito dos procedimentos legais e ambientais para o licenciamento

mineral............................................................................................................ 134

20 Participação dos órgãos na prestação de assistência durante as visitas

às mineradoras de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP. Informações

obtidas em entrevistas..................................................................................... 135

21 Respostas dos proprietários entrevistados a respeito da importância do

reflorestamento das margens dos rios da Bacia do Rio Corumbataí, SP........ 136

22 Respostas dos proprietários entrevistados a respeito da necessidade de

diversidade de espécies no reflorestamento das matas ciliares da Bacia

do Rio Corumbataí, SP................................................................................... 138

23 Respostas dos proprietários dos portos de areia da bacia do Rio

Corumbataí, SP a respeito dos benefícios da atividade de extração de

areia ao meio ambiente................................................................................... 139

24 Qualificação e atualização dos técnicos dos órgãos envolvidos no

licenciamento de portos de areia em relação às questões ambientais e

legais da extração mineral. Informações obtidas em entrevistas com os

funcionários .................................................................................................... 141

25 Respostas dos funcionários entrevistados a respeito se os recursos

materiais, humanos e financeiros disponíveis aos seus órgãos estão

assegurando suas atribuições no licenciamento das atividades de

extração de areia em leito de rio na Bacia do Rio Corumbataí ...................... 142

26 Carência de recursos materiais, humanos e financeiros dos órgãos

envolvidos no licenciamento da extração de areia. Informações

obtidas em entrevistas com os funcionários ................................................... 142

27 Procedimentos, recursos e critérios não aplicados e que seriam

importantes na avaliação do impacto da atividade de extração de areia

em leito de rio. Informações obtidas em entrevistas com os

funcionários .................................................................................................... 145

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xiv

28 Principais leis e normas legais aplicadas pelos órgãos entrevistados no

que tange a extração de areia em leito. Informações obtidas em

entrevistas com os funcionários...................................................................... 146

29 Respostas dos funcionários entrevistados a respeito da possibilidade

do licenciamento ambiental de portos de areia trazer contribuições

ambientais....................................................................................................... 147

30 Contribuições ambientais do licenciamento ambiental de portos de

areia. Informações obtidas em entrevistas junto aos funcionários dos

órgãos envolvidos........................................................................................... 147

31 Principais causas da demora na obtenção das licenças ambientais

necessárias para a implantação dos portos de areia. Informações

obtidas em entrevistas com os funcionários ................................................... 149

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PORTOS DE AREIA

DA BACIA DO RIO CORUMBATAÍ COMO INSTRUMENTO PARA A

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Autora: ELISA HARDT ALVES VIEIRA

Orientador: Prof. Dr. WALTER DE PAULA LIMA

RESUMO

Este trabalho avaliou se os instrumentos legais do licenciamento

ambiental da extração de areia contribuem para a recuperação das Áreas de Preservação

Permanente (APP), além disso, investigou as condições e os recursos dos órgãos

envolvidos e o grau de informação dos proprietários. A área de estudo foi a Bacia

Hidrográfica do Rio Corumbataí, localizada no Estado de São Paulo. A estratégia de

estudo se baseou: a) na análise dos processos de licenciamento ambiental e mineral dos

36 empreendimentos existentes na bacia; b) na análise de campo dos plantios em APP de

21 portos de extração de areia de leito de rio; c) em entrevistas com 15 empreendedores

e 15 funcionários dos cinco principais órgãos envolvidos. Foi verificado que a maioria

dos órgãos envolvidos apresentam alguma dificuldade na atribuição de suas funções

dentro do licenciamento, o que reside principalmente da carência de recurso humano,

além da carência de recursos financeiros e materiais e de condições de preparo dos

técnicos envolvidos. As irregularidades ambientais e legais dos portos de areia são

função de uma soma de fatores, entre eles, a falta de informação e negligência dos

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xvi

empreendedores e a lentidão e os elevados custos do licenciamento ambiental e mineral.

A avaliação final mostrou que 52% dos plantios podem ser classificados como ruins,

38% como regulares e somente 10% puderam ser considerados como bom e ótimo. Na

maioria das vezes, as técnicas de reflorestamento utilizadas não atenderam aos critérios

mínimos para o restabelecimento da estrutura e da função de uma floresta. Foi

evidenciado ainda uma situação preocupante de perda de biodiversidade, uma vez que a

maioria dos plantios e projetos de reflorestamento possui baixa diversidade em espécies

e uma tendência à homogeneidade florística quando comparado com áreas naturais.

Chama a atenção o insucesso dos plantios efetivados. Grande parte deles apresentou alta

mortalidade, baixa densidade, baixa cobertura do solo por sombreamento da copa,

fisionomia florestal sem estrutura vertical bem definida, serapilheira ausente ou escassa

e regeneração ausente ou de baixas quantidade e qualidade. Os projetos de recuperação

por reflorestamento não são satisfatoriamente cumpridos pelos empreendedores e a

maioria mostrou uma listagem florística idêntica a de outros projetos. Além disso, se

fossem implementados, na sua maioria, não garantiriam a manutenção da biodiversidade

natural das matas ciliares. De acordo com os resultados, pode-se inferir que os atuais

instrumentos legais do licenciamento ambiental dos portos de areia não estão

contribuindo para a recuperação das APP da Bacia do Rio Corumbataí. Entretanto, o

licenciamento ambiental da atividade parece estar contribuindo com a conservação das

matas naturais ainda existentes na bacia, em função da atual política ambiental de não

desmatamento de novas matas em APP.

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EVALUATING THE EFFICIENCY OF THE LICENSING PROCESS OF

SAND MINING SITES IN THE CORUMBATAI RIVER BASIN AS A

EXTRATEGY FOR THE RESTORATION OF RIPARIAN VEGETATION

Author: ELISA HARDT ALVES VIEIRA

Adviser: Prof. Dr. WALTER DE PAULA LIMA

SUMMARY

The purposes of this work were to evaluate whether the environmental

licensing legislation for sand mining contributes to the recovery of the riparian

vegetation of the Permanent Preservation Areas (river buffer zones), as well as the

conditions and resources availability of the involved agencies, and the land owners’

information level. The study area was the Corumbatai River basin, located in the State

of São Paulo. The study strategy involved: a) the analysis of the environmental licensing

procedures of the 36 existing mining sites in the river basin; b) field analysis of the

seedlings growth in the revegetated areas in the 21 sand mining sites; c) interviews with

15 entrepreneurs and 15 officers of the five main agencies involved. It was observed that

most agencies have problems with their own attributions in the licensing process, mainly

owing to human resource deficiencies, lack of financial and material resources, and poor

conditions for the adequate technical capacitating of the responsible officers. The

environmental and legal irregularities of the sand mining sites are due to several factors,

such as entrepreneurs’ misinformation and negligence, slowness and high costs involved

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in the environmental and mineral licensing. A final evaluation showed that 52% of the

revegetation areas could be classified as bad, 38% as regular, and only 10% could be

considered good or excellent. Generally, the revegetation techniques used did not meet

the minimal criteria for reestablishing the riparian forest structure and function. A

worrying situation regarding biodiversity loss was also evidenced, since most of the

revegetation projects presented low species diversity and a tendency to floristic

homogeneity, as compared to what is observed in natural areas. Most of the revegetated

areas showed high mortality rate, low density, little soil cover due to canopy shading,

poorly defined vertical structure, absense or inadequate litter and absence or low

regeneration quantity and quality. Revegetation projects are not succesfully

accomplished by the entrepreneurs and most of them showed an identical floristic list of

species to those found in previous projects. Moreover, if such projects were

implemented, they would probably not guarantee the maintenance of the natural

biodiversity of riparian forests. According to the results, it can be inferred that the

current environmental licensing legislation of sand mining sites are not contributing to

the recovery of the riparian vegetation in the Corumbatai River basin. However, the

environmental licensing of the sand mining activity may seem to be contributing to the

conservation of the remaining natural forests in the basin, due to the current

environmental policy that prohibities the cutting of riparian forests.

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1 INTRODUÇÃO

Embora a própria Constituição Federal de 1988 considere a mineração uma

atividade degradadora do meio ambiente e o Conselho Nacional do Meio Ambiente

(Resolução CONAMA 01/86) determine a realização de Avaliação de Impacto

Ambiental (AIA) a todas atividades minerárias potencialmente causadoras de

significativa degradação ambiental, as mineradoras de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, a maioria de leito de rio, se isentam da apresentação do AIA, por atenderem

aos critérios de dispensa estipulados pela Resolução CONAMA 10/90, que norteia, junto

com as Resoluções SMA 42/94 e 04/99, o licenciamento ambiental dos minérios de

classe II (jazidas de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil) no

Estado de São Paulo.

Nesse contexto de ausência de AIA, cabe ao licenciamento o importante papel de

controle da degradação ambiental da mineração de areia e fica a cargo dos órgãos

ambientais competentes a responsabilidade de avaliar as condições ambientais dos

empreendimentos e permitir ou não as suas atividades.

Incontestavelmente a atividade de mineração de areia é essencial ao

desenvolvimento econômico da sociedade capitalista atual. Muitos defendem que a

atividade é também essencial no dessassoreamento de rios já degradados, mas,

infelizmente essa atividade traz junto com esses benefícios uma série de prejuízos ao

ambiente.

Os processos operacionais nas atividades de mineração implicam em diferentes

formas de degradação ao meio ambiente, sendo que as mais comuns estão associadas

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com a retirada da vegetação (Almeida, 2002). Carpi Junior (2001), avaliando os riscos

ambientais e os processos erosivos sobre os recursos hídricos de uma bacia hidrográfica

do Estado de São Paulo, identificou diversas inconformidades e impactos ambientais

relacionados à atividade de extração de areia, dos quais se destacaram a instalação dos

portos de areia em Áreas de Preservação Permanente (APP), a destruição e o

soterramento da mata ciliar remanescente pela areia extraída e depositada nas margens,

quedas de árvores, o desbarrancamento e a descaracterização das margens, além de

alterações do fluxo natural do rio.

Embora os impactos da extração da areia em leito de rio sejam menos visíveis a

olho nu, são de grande magnitude, já que é uma atividade causadora de grande

desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos (Brigante et al., 2003a), causando alterações na

qualidade da água em virtude da redisponibilização de metais provenientes da

ressuspensão do sedimento (Espíndola et al., 2003; Silvério, 1999), do aumento da

turbidez (Brigante et al., 2003b) e da diminuição do pH (Christensen, 1998, citado por

Espíndola et al., 2003), além de outros fatores.

A exploração de areia em leito de rio também afeta as margens desses corpos

d’água, com a desestabilização dos taludes, o aumento da erosão (Bacci, 1994), o

desbarrancamento das margens, o alargamento e aprofundamento da calha do rio

(Martos, 1992), o assoreamento e a inundação das áreas de várzea (Almeida, 2002).

Embora os órgãos ambientais competentes realizem uma série de exigências para

o licenciamento dessa atividade, não há uma definição clara das atribuições de cada

órgão licenciador no controle de todos os problemas de degradação promovidos por essa

extração mineral. Na prática, a maior exigência está no plantio de espécies nativas nas

matas ciliares, protegidas pelo Código Florestal Brasileiro (Lei Federal 4.771/65) como

APP.

O que se tem constatado é que os projetos para restauração florestal não têm

atendido aos requisitos mínimos necessários para o restabelecimento dos processos

ecológicos nas áreas de recuperação, requisitos esses relacionados principalmente com

as diversidades florística e genéticas das florestas implantadas (Barbosa, 2002,

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Kageyama & Gandara, 2001, Parrota et al., 1997; Souza et al. 1992 e Vencovsky, 1987

citados por Rozza et al., 2003).

Em trabalhos de políticas públicas desenvolvidos pelo Instituto de Botânica de

São Paulo com o objetivo de avaliar a eficácia de projetos de reflorestamento com

espécies nativas, ficou constatada uma significativa perda de diversidade biológica e o

declínio de reflorestamentos realizados nos últimos quinze anos (Barbosa & Potomati,

2003).

As causas da não recuperação das áreas alteradas são decorrentes de diversos

fatores, muitas vezes externos à vontade dos mineradores (Martos, 1992), embora outras

vezes decorrentes da falta de responsabilidade desses empreendedores pelos danos

(Mueller, 1998), por completo distanciamento e desconhecimento da necessidade e da

função desses plantios. Segundo Brugnaro (2000), o desinteresse na reposição de matas

ciliares pode ser explicado, sob a ótica do setor privado, pela interferência no direito de

propriedade e pelo fato da reposição representar uma externalidade de mercado.

1.1 Objetivos

O objetivo central deste trabalho foi o de avaliar se os instrumentos legais do

licenciamento ambiental da extração de areia contribuem efetivamente para a

recuperação das APPs. No âmbito dessa proposta, esse trabalho teve como objetivos

secundários:

i. Investigar as condições e os recursos dos órgãos responsáveis pelo

licenciamento ambiental e mineral da extração de areia;

ii. Verificar o grau de informação dos proprietários desses empreendimentos

a respeito das questões ambientais e legais que norteiam o licenciamento

ambiental dessa atividade mineradora.

Com esse trabalho, deverão ser respondidas as seguintes questões:

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1. Os projetos de recuperação por reflorestamento são satisfatórios na

reabilitação das Áreas de Preservação Permanente e são devidamente cumpridos pelos

empreendedores?

2. Os órgãos competentes possuem condições e recursos necessários para

análise dos projetos de recuperação e de instalação dos empreendimentos e para

monitoramento de seus cumprimentos?

3. As irregularidades ambientais e legais dos portos de areia ocorrem por

negligência dos proprietários, por falta de informação desses empreendedores a respeito

das questões ambientais e legais do licenciamento ou por entraves burocráticos do

processo de licenciamento?

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Mineração de areia no Estado de São Paulo

O Estado de São Paulo é o maior produtor e consumidor de areia no Brasil. O

estado é responsável por 32% da produção de agregados para construção civil do País.

Em 2000, o País produziu em torno de 380 milhões de toneladas de agregados, e deste

montante, 226 milhões de toneladas corresponderam à produção de areia. Das 2000

empresas dedicadas à extração de areia no País, 60% tem produção inferior a

6000m3/mês e são em grande parte pequenas empresas de cunho familiar (Coelho,

2001).

Depois de longos anos de clandestinidade, retratada nas últimas décadas, de

milhares de pequenos portos de areia espalhados por todo o Estado de São Paulo

(Hermann, 1992), hoje as principais regiões produtoras de areia do estado atingiram o

importante objetivo de regularização ambiental e mineral perante os órgãos envolvidos

com essa atividade (Akimoto, 2001).

Atualmente, o setor produtivo de areia no estado pode ser polarizado em dois

grandes grupos: o setor que abastece a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP),

maior centro consumidor do produto no País, com consumo mensal de 1,5 milhão de

metros cúbicos, e aquele que abastece o interior do estado e a Baixada Santista, que

atualmente vem alcançando magnitude semelhante à existente na capital paulista

(Akimoto, 2001).

Uma das regiões de maior produção de areia para a RMSP é a região do Vale do

Paraíba que, em 1998, produzia em torno de 800 mil m3 mensais deste bem mineral

(Silva, 1998), fornecendo em torno de 50% da areia consumida na Capital e na Grande

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São Paulo. Outros centros produtores para a RMSP de destaque são as regiões de Mogi

das Cruzes, de Itaquaquecetuba, de Araçariguama, do Vale do Ribeira, a zona sul do

município de São Paulo e os municípios de Sorocaba e Bofete (Akimoto, 2001).

O setor que abastece o interior do estado e a Baixada Santista concentra-se no

aproveitamento de reservas existentes nos leitos das principais drenagens que banham

essas regiões, com destaque para os rios Tietê, Paraná, Grande, Mogi-Guaçu, Piracicaba,

Ribeirão do Iguape e Paranapanema (Akimoto, 2001).

2.2 Histórico da legislação ambiental da mineração

O Código de Mineração de 1967 não estabelece padrões ambientais de execução

da atividade mineral, além de não mencionar a recuperação ambiental das áreas alteradas

(Toy & Griffith, 2002).

Somente com a promulgação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA),

Lei 6.938/81, foi que a manutenção da integridade ambiental do ecossistema explorado

passou a fazer parte de uma nova política ambiental, extremamente influenciada pelos

princípios do direito ambiental internacional.

Essa nova política ambiental instituiu, entre outras coisas, o licenciamento

ambiental na esfera federal, grande marco na legislação ambiental brasileira. No entanto,

para o Estado de São Paulo, antes mesmo da PNMA, o licenciamento ambiental já era

previsto desde 1976, com a promulgação da Lei 997/76, regulamentada pelo Decreto

8.468, que atribuiu à Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Básico

(CETESB) o papel de aplicá-la (Dias, 2001).

Outra grande contribuição da PNMA foi o estabelecimento da recuperação de

áreas degradadas como um de seus princípios, a partir da aplicação de responsabilidade

civil objetiva ao poluidor que fica obrigado, independentemente da culpa, a indenizar ou

reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade,

bastando a prova de nexo causal, ou seja, a relação de causa e efeito.

Esse princípio de recuperação de áreas contido na PNMA foi regulamentado no

Estado de São Paulo pelo Decreto 97.632/89 (Dias, 2001), em que os empreendimentos

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que se destinam à exploração de recursos minerais devem incluir, quando da

apresentação de seus estudos ambientais, um Plano de Recuperação de Área Degradada

(PRAD) para a aprovação do órgão técnico competente. A Secretaria do meio Ambiente

(SMA) do Estado de São Paulo editou neste mesmo ano a Resolução SMA 18/89, com

um roteiro básico para elaboração do PRAD, que prevê, entre outras coisas, a

identificação e quantificação das espécies vegetais a serem utilizadas na recomposição

da paisagem.

No final da década de 80 a Constituição Federal de 1988 consolida os princípios,

as diretrizes e os instrumentos adotados pela PNMA, defendendo o princípio básico de

que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”

(Art. 225).

Um avanço considerável da Constituição Federal de 1988 foi identificar a

mineração como atividade degradadora do ambiente pelo simples fato dessa atividade

existir, definindo no parágrafo 2o do artigo 225 que “aquele que explorar recursos

minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a

solução técnica exigida pelo órgão público competente”. Com isso, o explorador de

bens minerais passou a ter caracterizada constitucionalmente a sua obrigação de

recuperar o ambiente degradado em razão de sua atividade (Machado, 2003).

Os procedimentos necessários para essa recuperação prevista

constitucionalmente nem sempre apresentaram regras claras, principalmente quando se

trata de normas para revegetação. Por isso, no Estado de São Paulo, a Resolução SMA

42 de 1996 representou um grande avanço nesse sentido, ainda que seja aplicada apenas

às atividades de mineração de areia na Bacia do Paraíba do Sul.

Essa resolução SMA reuniu várias medidas obrigatórias para a revegetação,

servindo como referência na avaliação do desempenho de revegetações, como a sua

determinação de que uma área só pode ser considerada revegetada e estar isenta de

cuidados com a manutenção (plantio estabelecido) quando alcança o sombreamento total

da área e quando as árvores atingem três metros de altura. Essa resolução também

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inovou com o condicionamento do licenciamento à prévia definição de áreas aptas a

mineração de areia, preconizando o zoneamento ambiental minerário da bacia, que só

veio a se tornar realidade em 1999, com a Resolução SMA 28.

Segundo CONSEMA (1998), essa idéia de um instrumento de gestão e

planejamento regionalizado se fortaleceu em meados da década de 90, quando os

Estudos de Impacto Ambiental (EIA) já se mostravam ineficazes ao longo dos anos no

efetivo controle da atividade minerária.

No Estado de São Paulo, mesmo com as normas reguladoras da atividade

minerária (Resolução SMA 66/95, substituída pela SMA 04/99) e com as sansões já

previstas para os empreendimentos irregulares (Decreto 8.468/76), a Lei de Crimes

Ambientais (Lei Federal 9.605/98) teve papel fundamental na adequação do seu

licenciamento minerário. Uma das inovações dessa lei foi a adoção de responsabilidade

penal de pessoas jurídicas, permitindo a condenação de empresas (Machado, 2003).

O art. 55 dessa lei menciona que “executar pesquisa, lavra ou extração de

recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou

em desacordo com a obtida” configura a pena de detenção, de seis meses a um ano, e

multa. O dever de recuperação na exploração mineral, já imposto expressamente pela

Constituição Federal de 88, foi tutelado penalmente por esse mesmo artigo (Machado,

2003), que diz que “incorre nas mesmas penas quem deixa de recuperar a área

pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou

determinação do órgão competente”.

Mesmo incorrendo em penalidades, nem sempre as áreas exploradas são

recuperadas. Além disso, quando as recuperações envolvem a revegetação dessas áreas,

segundo Barbosa & Martins (2005), a diversidade vegetal empregada é muito baixa. Isso

levou a Secretaria do Meio Ambiente do estado a promulgar a Resolução SMA 21/01,

alterada e ampliada pela Resolução SMA 47/03. Essas resoluções fixam, entre outras

orientações, o número de espécies arbóreas nativas a serem utilizadas nos

reflorestamentos heterogêneos e prioriza o uso de espécies ameaçadas de extinção, além

de enfatizar o uso de medidas de recuperação baseadas no processo de sucessão

ecológica.

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9

2.3 Licenciamento ambiental da mineração de areia no Estado de São Paulo

Embora o licenciamento ambiental em área de extração mineral seja previsto em

lei desde 1976 no Estado de São Paulo, até o início da década de 90 poucas empresas

tinham sua situação regularizada junto aos órgãos ambientais estaduais, ou mesmo no

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Ao lado das enormes dificuldades burocráticas impostas para a regularização do

empreendimento minerário figurava um sistema de fiscalização tão precário que a

operação de minas em situação irregular era a situação mais comum. (Dias, 2001).

Segundo Martos (1992), essa situação pôde ser justificada pelo fato do minerador

interessado em legalizar suas atividades junto aos órgãos responsáveis se enveredar por

caminhos longos e complicados, pois tem que passar pelo crivo de pelo menos cinco

órgãos (DEPRN, CETESB, SMA, DNPM e Prefeitura Municipal da área da jazida),

além do fato da legalização ser um processo caro, demorado e trabalhoso que acaba

levando o pequeno empreendedor ao desânimo.

A partir do final da década de 90, com a Lei de Crimes Ambientais, o número de

portos de areia licenciados ficou bem próximo do total de empresas mineradoras,

embora as dificuldades de legitimação desses empreendimentos não tenham mudado.

Ainda que nos dias de hoje a maioria dos portos de areia estejam licenciados

(legalmente regularizados), é freqüente a ocorrência de alguma irregularidade ambiental

nas áreas de extração, como a degradação da mata ciliar, ecossistema marginal ao rio de

reconhecida importância ecológica.

Um dos marcos da legislação ambiental no Brasil foi a Resolução CONAMA

001/86, que definiu os empreendimentos passíveis de aprovação de AIA para o seu

licenciamento, previsto desde 1981, pela PNMA na esfera federal, e desde 1976, no

Estado de São Paulo.

Essa resolução definiu, em 1986, a mineração como uma atividade modificadora

do meio ambiente e, por isso, passível de AIA; no entanto, as normas e os

procedimentos de licenciamento ambiental para o setor mineral só foram

regulamentados em 1990, com as Resoluções CONAMA 009/90 e 010/90.

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Embora esteja prevista pela Resolução CONAMA 10/90 a realização de EIA e

seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para que os empreendimentos

minerários, inclusive os de classe II1, obtenham Licença de Instalação (LI), isto, no

entanto, não é observado na prática. Essa resolução entendeu que nem sempre as

atividades minerárias são potencialmente causadoras de significativa degradação ao

meio ambiente, ficando a critério do órgão ambiental competente a dispensa de alguns

empreendimentos de apresentação de EIA/RIMA em função de sua natureza,

localização, porte e demais peculiaridades.

Nessas condições, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a fim

de disciplinar os procedimentos para o licenciamento ambiental dos empreendimentos

minerários em âmbito estadual, além de uniformizar as interpretações dos diversos

diplomas legais incidentes sobre a atividade, editou a Resolução SMA 04/99 que

determinou, entre outras coisas, que a CETESB só pode dispensar um empreendimento

da apresentação de EIA/RIMA quando este atender, simultaneamente, a uma série de

requisitos. Entre esses requisitos se destaca a extração de materiais de utilização

imediata na construção civil, com área total licenciada inferior a 100 hectares e produção

mensal inferior a 5.000 metros cúbicos. Com isso, no intuito de não serem obrigados a

apresentar EIA, o qual tem um custo financeiro considerável, a grande maioria das

empresas de extração de areia possui porte menor ou igual a 100 ha e relatam extração

mensal inferior a 5.000 m3.

Portanto, na ausência de elaboração de AIA, cabe ao licenciamento o importante

papel de controle da degradação ambiental da mineração de areia, ficando a cargo dos

órgãos ambientais competentes a responsabilidade de avaliar as condições ambientais

dos empreendimentos e permitir ou não as suas atividades.

Segundo o art. 1o da Resolução SMA 04/99, “o licenciamento ambiental das

atividades de extração mineral será realizado de forma integrada pelos órgãos do

SEAQUA2 e em articulação com os órgãos federal, estaduais e municipais responsáveis

pelo licenciamento e concessão para exploração mineral”. Com isso, o 1 Minérios de classe II - Jazidas de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil. 2 SEAQUA – Secretaria Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção Controle,

Desenvolvimento e Uso Adequado dos Recursos Naturais.

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desenvolvimento das atividades minerárias, nas suas diversas etapas, depende da

avaliação e anuência prévia de órgãos vinculados aos diferentes níveis de governo com

atribuições específicas, porém, muitas vezes interdependentes, o que implica numa

grande complexidade de procedimentos de regularização dos empreendimentos

minerários frente à legislação vigente (São Paulo, 1999).

Os pedidos de licença ambiental de empreendimentos de extração de areia para

utilização imediata na construção civil são protocolados nas agências ambientais da

CETESB mediante a apresentação de Relatório de Controle Ambiental (RCA) e Plano

de Controle Ambiental (PCA) (Art. 4º SMA 4/99).

O PCA é uma exigência adicional ao EIA/RIMA prevista pela Resolução

CONAMA 009/90 para concessão de LI, enquanto que o RCA está previsto pela

Resolução CONAMA 010/90 na hipótese de dispensa do EIA/RIMA de atividade de

extração mineral da classe II.

Outro documento muitas vezes apresentado pelo empreendedor com área já

lavrada e não contemplada no licenciamento é o Plano de Recuperação de Área

Degradada (PRAD). Esse documento, assim como o PCA, formaliza o compromisso do

empreendedor em recuperar a área explorada, apresenta projetos, como por exemplo, o

de recomposição de áreas degradadas e as plantas finais de como ficará a área após o

término da extração mineral, além de apresentar os prazos e cronogramas que permitam

aos órgãos ambientais licenciadores e fiscalizadores o acompanhamento da recuperação

devida e prometida (Ribeiro, 2004).

Infelizmente, os planos de recuperação podem deixar de ser esse plano de ação e

se tornarem apenas mais uma exigência burocrática, como acontece com muitos dos

projetos teóricos exigidos. Segundo Dias (2001), há evidências de um grande

deslocamento entre o projeto teórico proposto (discutido, negociado e aprovado) e a

realidade instalada e em operação. Em geral, o proponente não implementa as medidas

mitigadoras ou a implementa de maneira inadequada ou insuficiente.

A mesma autora evidencia a necessidade de uma etapa de acompanhamento dos

empreendimentos licenciados, etapa representada por um conjunto de atividades

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desenvolvidas durante e após a implementação do projeto, depois de tomada a decisão

de prosseguir.

Por mais bem elaborados que sejam os projetos de licenciamento e por mais bem

conduzido que seja o processo decisório, de nada valerá o esforço se os compromissos

assumidos não forem cumpridos, o que pode ser garantido com a fiscalização.

2.4 Impactos ambientais da mineração de areia

É inegável que no mundo moderno a mineração assume contornos de

importância decisiva para o desenvolvimento, pois se observa que o minério extraído da

natureza está em muitos produtos utilizados. Entretanto, esta dependência gera um ônus

para a sociedade, com o surgimento de áreas degradadas que ao final da exploração, na

maioria das vezes, não podem mais ser ocupadas racionalmente (Kopezinski, 2000).

O custo dessa degradação ambiental nada mais é do que uma externalidade

sócio-ambiental da atividade, ou seja, efeito negativo resultante da produção mineral que

não foi arcado pelas entidades geradoras, mas que foi imposto a terceiros.

A não incorporação das externalidades negativas ao processo de produção e

desenvolvimento mineral gera passivos ambientais, que, no futuro, podem ser imputados

aos empreendedores por possuírem legalmente o dever de recuperar o meio ambiente

degradado.

O conceito de passivo ambiental ainda é controverso, não havendo consenso

quanto à definição do termo. Segundo Milaré (2001), é um valor monetário decorrente

de inobservância a requisitos legais, custos de adequações operacionais e de recuperação

ambiental. Já Trigueiro (2003) define passivo como o “conjunto de obrigações,

contraídas de forma voluntária ou involuntária, que exigem a adoção de ações de

controle, preservação e recuperação ambiental”. Entretanto, para a realização do

presente trabalho foi adotado o conceito de passivo ambiental costumeiramente utilizado

no âmbito de sistema de gestão ambiental, o qual define como “um dano ambiental

presente, decorrente de atividades do passado ou de um acidente” (Moreira, 2004).

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Nesse contexto, um dano ou passivo ambiental pode ser evitado pela aplicação de

alguns princípios do direito ambiental, como os princípios da precaução e da prevenção,

descritos por Machado (2003), em relação aos impactos ambientais negativos, durante a

fase de planejamento do empreendimento.

O CONAMA define impacto ambiental, na sua Resolução 01/86, como

“...qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas, que, direta ou indiretamente, afetam:

I – a saúde, a segurança e o bem estar da população;

II – as atividades sociais e econômicas;

III – a biota;

IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V – a qualidade dos recursos ambientais”.

A extração de minerais, como qualquer outra atividade humana, interfere no

meio ambiente, inclusive alterando outros recursos naturais, o que justifica a necessidade

de uma avaliação prévia da compatibilidade do seu desenvolvimento com a preservação

ambiental.

Os danos ambientais da atividade de mineração, quando comparados aos danos

de demais agentes degradadores, como as atividades agrosilvopastoris, podem ser

considerados locais e de grande intensidade (Kobiyama et al., 2001), e na sua maioria

das vezes quando previstos e avaliados, podem ser reversíveis.

A proximidade entre as áreas de extração de areia e os centros urbanos tem

trazido uma série de conflitos de uso do solo e da água (Almeida, 2002). Essa

proximidade pode ser explicada pelo fato da areia ser um bem mineral de uso in natura

pela construção civil e do preço dos produtos minerais ser bastante influenciado pela

distância entre a mina e o local de consumo (Bitar, 1997). Essa relação de proximidade

tem como conseqüências a desvalorização imobiliária das propriedades vizinhas às

minerações e os transtornos que o transporte de produção mineral promove no tráfego

urbano. O estabelecimento de relações entre a atividade mineral e outras formas de uso

do solo tem ocorrido de maneira conflituosa e a ausência de soluções negociadas,

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mediadas e institucionalizadas, tem levado ao fechamento das minerações ou à

manutenção de riscos às populações das áreas circunvizinhas (Bitar et al., 1990).

As minerações de areia têm sido grandes causadoras de impactos ambientais

negativos para o meio físico, como o assoreamento e a mudança do percurso dos rios,

mudanças dos sistemas de drenagens, erosão, movimentos de massa (Kopezinski, 2000),

alteração da superfície topográfica e da paisagem e, com o transporte dos materiais

extraídos, problemas como o excesso de poeira e de vibrações e a compactação do solo

(Bitar et al., 1990). Outros impactos ao meio físico de menor intensidade são os resíduos

sólidos resultantes do processo de peneiramento e os ruídos provocados principalmente

pelos equipamentos de extração, carregamento e transporte (Godoy, 2002).

Os principais impactos dessa atividade no meio biológico são a supressão da

vegetação, a perda e destruição de solos superficiais férteis (Bitar et al., 1990) e

conseqüente perda de hábitat e de biodiversidade.

O desmatamento de áreas para a implantação do porto e de outras instalações

como bacias de decantação, pátios de manobra e vias de circulação, resulta não só na

perda direta de espécies da flora, como também na perda indireta de espécies da fauna e

flora afetadas pela perda de condições e recursos outrora disponíveis no hábitat, além da

inestimável perda de diversidade genética.

Além disso, a atividade é potencialmente causadora de poluição atmosférica por

queima de combustível, de contaminação de água e solo por óleos e graxas utilizados

nos motores dos equipamentos e de alterações na qualidade da água.

O tipo de lavra utilizado na exploração mineral é um dos principais

determinantes do nível de impacto acarretado ao ecossistema (Silva, 1997). Existem dois

métodos principais de extração de areia, a dragagem em leito de rio e a cava a céu

aberto.

A lavra a céu aberto permite um maior aproveitamento do corpo mineral, mas

produz uma maior quantidade de estéril, de poeira, de vibrações, de poluições da água,

no caso de não serem adotadas técnicas de controle de poluição (Silva, 1997).

Embora a extração de areia pelo método de cava tenha pouca interferência direta

no meio hídrico, é considerada pela legislação uma atividade predatória, já que instala-se

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nas margens do rio com freqüente retirada da vegetação ciliar nativa. O desmatamento

em grandes dimensões, somado ao desmonte de encostas por jateamento hidráulico ou

escavadeiras e a deposição de grandes quantidades de material estéril (bota-fora) tem

como conseqüência o aumento do potencial de erosão da área (Bacci, 1994).

A extração em leito de rio consiste na dragagem de material das camadas de

sedimentos arenosos no fundo dos rios através de um sistema de bombeamento (draga).

Bombas de sucção, instaladas sobre flutuadores, são acopladas às tubulações que

efetuam o transporte da areia na forma de polpa (mistura de material arenoso e água) até

as peneiras de separação do minério dos outros materiais. No processo de lavagem e

peneiramento das areias são liberadas, como rejeito, as frações finas (argilosa) que

costumam ser dispostas em tanques de decantação, nos quais sofrem um processo de

clarificação natural e retornam ao corpo d’água.

A exploração de areia em leito de rio afeta principalmente as margens desse

corpo d’água. Com a retirada da mata ciliar para implantação dos portos de areia, os

taludes muitas vezes se desestabilizam e geram um maior aporte de sedimentos,

aumentando assim as chances de erosão ao redor do estabelecimento (Bacci, 1994). Essa

atividade pode provocar ainda o desbarrancamento das margens, alargamento e

aprofundamento da calha do rio, e, em caso de cursos fluviais de pequeno porte, é

relativamente comum o desvio do curso mediante diques de contenção (Martos, 1992).

De modo geral, as alterações na calha do rio são resultado da má operação das

dragas. Os operadores das máquinas não possuem a formação necessária para o

conhecimento das conseqüências do aprofundamento das dragas nas margens e no fundo

do corpo d’água.

Se existirem focos de erosão ou má drenagem também haverá aumento na carga

de sedimentos nos cursos de água, causando o seu assoreamento e favorecendo a

ocorrência de inundações. Isto pode acontecer quando rejeitos são depositados em pilhas

de bota-fora e ficam expostos principalmente ao efeito da chuva (Almeida, 2002).

Outro possível impacto causado pela extração em leito de rio é a contaminação

das águas superficiais e subterrâneas pelos efluentes líquidos e pelos produtos químicos

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utilizados no processo de lavagem do material (Oliveira, 2000), além da possibilidade de

vazamento de óleo das dragas.

Segundo Espíndola et al. (2003), a extração de areia em leito de rio não é

considerada poluidora, mas sim degradadora do meio ambiente. Apesar de não ser

geradora direta de metais além das concentrações naturais presentes no solo local, essa

atividade pode contribuir indiretamente para a introdução de metais nas águas

intersticiais e no hipolíminio da coluna d’água, uma vez que, promovendo a

ressuspensão de sedimentos, ocorre a reoxidação dos mesmos, podendo ocasionar a

mobilização de metais para a fase aquosa, ou seja, ocorre redisponibilização dessas

substâncias em níveis potencialmente tóxicos (Christensen, 1998 citado por Espíndola et

al., 2003).

Silvério (1999), trabalhando com microcosmos de sedimentos submetidos à

aeração natural dos ventos, bioturbação e condições artificiais de dragagem e aeração,

observou que a aeração artificial dos sedimentos promove aumento na mobilização de

metais potencialmente biodisponíveis e conseqüente aumento nas respostas de

toxicidade.

Outra conseqüência da aeração e oxidação dos sedimentos durante as operações

de dragagem é a possibilidade de redução do pH em níveis letais para a vida aquática,

diretamente, ou pela liberação de metais (Christensen, 1998, citado por Espíndola et al.,

2003).

O principal e mais visível efeito impactante da dragagem sobre a água é o

aumento da turbidez decorrente do aumento dos sólidos totais suspensos. A turbidez,

quando é alta, afeta a qualidade da água, reduzindo a transparência e diminuindo a

capacidade das plantas aquáticas de realizar a fotossíntese, além de provocar a obstrução

das guelras dos peixes, danificar os ovos e afetar a população de macroinvertebrados

(Brigante et al., 2003b)

Brigante et al. (2003a) afirmam que a atividade de extração de areia em leito de

rio causa desequilíbrios nos sistemas aquáticos. Em um trecho do Rio Mogi-Guaçu,

considerado crítico pela intensidade da atividade de mineração, as análises químicas e

toxicológicas da água e do sedimento revelaram condições de distúrbios e contaminação

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desses compartimentos por metais e efeitos tóxicos agudos provocados especialmente

pelo sedimento.

2.5 Recuperação de matas ciliares

Embora a atividade de mineração de areia em leito de rio seja responsável por

muitos impactos ao ambiente, o impacto ambiental mais perceptivo é o desmatamento

das florestas ciliares dos corpos de água em que estes empreendimentos estão inseridos.

A conceituação de florestas ciliares abrange todos os tipos de vegetação

arbórea vinculada à beira dos rios. Trata-se de uma vegetação florestal ocorrente nas

margens dos cursos d’água, independente de sua região de ocorrência e de sua

composição florística (Ab’Saber, 2000). O conceito de ecossistema ripário engloba a

mata ciliar e o conjunto de interações ripárias, compondo uma unidade geoecológica da

paisagem que apresenta extrema dinâmica, diversidade e complexidade (Lima, 2003).

As zonas ripárias constituem a interface entre os ecossistemas terrestre e

aquático e caracterizam um ecótono que desempenha importante papel ambiental de

manutenção dos recursos hídricos, em termos de vazão, de qualidade da água e

equilíbrio das interações ecológicas (Lima, 2003).

Além disso, as matas ripárias desempenham controle significativo nos

processos que mantêm a saúde da microbacia hidrográfica e do ecossistema aquático,

mantendo a estabilidade das margens dos rios, a dinâmica e hidráulica dos canais, e o

controle da temperatura da água através do sombreamento que proporcionam, além de

permitirem a dissipação de energia e a criação de micro hábitats diversificados (Lima,

2003). Também regulam a capacidade de armazenamento de água na bacia e retêm a

poluição difusa com a contenção do fluxo de nutrientes e sedimentos deslocados dos

ecossistemas terrestres (Simões, 2001).

A mata ciliar apresenta uma alta variação em termos de estrutura, composição

e distribuição espacial das espécies (Lima & Zakia, 2000), constituindo um mosaico de

condições ecológicas distintas, cada qual com suas particularidades fisionômicas,

florísticas e estruturais (Rodrigues, 2000). Segundo Rodrigues & Nave (2000), essas

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formações possuem baixos valores de similaridade florística, mesmo entre áreas de

grande proximidade espacial, o que torna muito complexa a definição de sua

composição florística.

Essa heterogeneidade é função da complexa integração de diversos fatores,

como o tamanho da faixa florestal, a performance diferencial das espécies na dinâmica

sucessional, o estado de conservação ou degradação dos remanescentes existentes, o

acaso da chegada de propágulos no processo de estabelecimento dessas formações

florestais (Rodrigues & Shepherd, 2000; Rodrigues & Nave, 2000), a interação entre a

hidrologia e a geologia local, especialmente na escala de microbacia (Lima, 2003), bem

como a heterogeneidade espacial e temporal das características físicas do ambiente, além

de outros fatores que atuam na seletividade das espécies (Rodrigues, 2000).

As variações espaciais das características físicas do ambiente podem estar

embasadas no gradiente topográfico típico da condição ribeirinha, que permite a

existência de gradientes de umidade, de fertilidade e de constituição física do solo

(Rodrigues, 1992; Durigan & Leitão Filho, 1995). Já as variações temporais importantes

para a heterogeneidade vegetacional podem estar relacionadas com as flutuações

climáticas do Pleistoceno-Holoceno (Oliveira-Filho & Ratter, 1995) e com as

fragmentações e perturbações antrópicas atuais e passadas (Lima, 1989; Behling, 1995).

As alterações antrópicas que mais ocasionam o desmatamento das formações

ciliares envolvem processos de ocupação e abertura de terras, marcados pela perspectiva

temporal de ganho econômico em curto prazo (Mueller, 1998).

Esse processo de ocupação, não só para a agricultura, mas para outras

atividades como a de mineração, tem acarretado prejuízos ambientais irreversíveis que

dificilmente serão absorvidos pelos agentes que os ocasionaram, simplesmente por não

assumirem a responsabilidade pelos danos (Mueller, 1998). Segundo Martos (1992), as

principais causas da não recuperação das áreas alteradas por portos de areia são externas

à vontade dos mineradores, já que a crise econômica do País, a falta de culturas geral e

ambiental e a inadequação da legislação para este tipo de atividade são as reais

responsáveis pela não restauração e não reabilitação das áreas degradadas pela atividade

minerária.

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Outro motivo que leva ao desinteresse na reposição de matas ciliares é que essa

atividade de recuperação afeta diretamente as empresas que exploram economicamente

essas áreas e, sob a ótica privada, representa uma interferência no direito de propriedade.

A análise do custo-benefício da reposição e da manutenção dessas áreas consiste em

uma tarefa complexa, em que, de um lado há um aparente interesse social em dispor de

mais qualidade ambiental, ao passo que por outro lado benefícios ou danos ambientais

são externalidades não captadas pelo mercado e não são adequadamente incluídos no

processo de decisão empresarial (Brugnaro, 2000).

A reposição de matas ciliares consiste em uma perspectiva que pode vir do

consenso, da decisão política ou por força legal (Brugnaro, 2000). Na prática a reposição

tem ocorrido por força legal. A principal exigência dos órgãos ambientais competentes

tem sido a adoção do reflorestamento como medida mitigadora dos impactos da

ocupação das matas ciliares, as quais são reconhecidas por lei (Código Florestal

Brasileiro - Lei Federal 4.771/65) como APPs. No entanto, as atividades de recuperação

exigidas pelos órgãos ambientais não devem se resumir no plantio de algumas árvores

nas margens do rio (Bacci, 1994), sendo necessário que os órgãos monitorem a

obrigatória adoção de medidas e técnicas que assegurem a efetiva proteção e

manutenção das funções ecológicas destas áreas.

A ocupação das áreas de mata ciliar pelas atividades de mineração tem

conduzido à perda irreversível de parte da biodiversidade. Segundo Kageyama et al.

(1989), a recomposição dessas áreas degradadas é importante para a restauração das

funções básicas de manutenção da diversidade animal e vegetal, do restabelecimento do

regime hídrico e de nutrientes e da contenção da erosão. Tanto na recuperação como na

restauração de áreas degradadas devem ser considerados detalhes da ecologia básica,

sendo muito significativa a preocupação com os processos e interações ecológicas (Reis

& Kageyama, 2003).

Para se avaliar o perfil de alteração em matas ciliares devem ser levados em

consideração os fatores externos que estão interligados aos processos degradantes

(Chesworth, 1992, citado por Kopezinski, 2000). Estudos para recuperação paisagística

de áreas de extração de areia mostraram que em alguns casos é necessário desassorear

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corpos d’água próximos à área de extração para depois reiniciar o processo de

recuperação da área através de revegetação (Srishendruder et al., 1984, citado por

Kopezinski, 2000).

A recuperação através da regeneração artificial, respaldada pelo plantio de

espécies vegetais, é considerada uma ação essencial à reestruturação de parte da

diversidade perdida, pois acelera o processo de sucessão natural (Lourenzo, 1991).

Dias & Griffith (1998) destacam que o processo de recuperação dessas áreas,

além de complexo, demanda tempo, devendo ser iniciado no planejamento do

empreendimento e finalizado após o encerramento das atividades minerárias, para que

haja o restabelecimento das condições de equilíbrio e da sustentabilidade que existiam

no sistema natural.

No Brasil, importantes subsídios para a recuperação de áreas degradadas têm

surgido de estudos da ecologia florestal dos diferentes ecossistemas impactados. Existem

várias atividades recomendadas para a recuperação de formações ciliares, como o

simples isolamento da área nos casos em que a resiliência foi mantida. Quando a

degradação resulta numa baixa resiliência, são necessárias ações complementares como

a identificação e a retirada de fatores de degradação da floresta ciliar (Rodrigues &

Gandolfi, 2000), como acontece nos processos de degradação promovida pela extração

de areia.

Com o objetivo de estabelecer normas para recuperação de áreas degredadas do

Estado de São Paulo, foi promulgada a Resolução SMA 21/01 que estabeleceu um

número mínimo de espécies vegetais a serem plantadas por hectare reflorestado.

O modelo de recuperação de mata ciliar degradada mais empregado atualmente

é o de plantio de espécies nativas. Para aplicação desse modelo são necessários alguns

cuidados prévios, como a utilização de vegetação heterogênea com ocorrência regional e

seleção de espécies mais adaptáveis às condições de umidade do solo (Barbosa, 2000).

A recuperação de matas ciliares tem se baseado em critérios de distribuição das

espécies, determinados através de levantamentos florísticos e estudos fitossociológicos

de áreas naturais adjacentes e combinados às categorias de grupos ecofisiológicos de

sucessão. Botelho et al. (1995) consideram o critério sucessional como o de maior êxito

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devido ao rápido recobrimento do solo e à garantia de auto-renovação da floresta.

Contudo, sabe-se que a carência de inventários florestais somada à baixa diversidade de

espécies disponíveis nos viveiros é uma realidade a ser transposta para que aumentem os

casos de recuperações bem sucedidas.

Um outro critério recomendado para recuperação de áreas é a formação de um

substrato no local que daria condição ao solo degradado de receber e de sustentar as

espécies vegetais (Williams et al., 1990), conduzindo o processo de regeneração e

consolidando uma nova camada de solo fértil, que acaba por controlar a erosão e evitar a

poluição de águas, além de promover o retorno de vida ao solo.

No caso da restauração de áreas mineradas esse critério pode ser aplicado pela

transferência ou transplante de propágulos alóctones, aproveitando-se a camada

superficial do solo antes da eliminação da floresta e espalhando-a na área degradada,

constituindo um banco de sementes. Segundo Rodrigues & Gandolfi (2000) dados

mostram que este procedimento é eficiente devido aos seus baixos custos e fácil

operacionalização.

Apesar da grande variedade de métodos de recuperação, ainda é necessário o

estabelecimento de indicadores de avaliação e monitoramento que possibilitem análises

periódicas das propostas de recuperação e assim verificar se os objetivos estão sendo

alcançados. O uso de indicadores tem sido largamente discutido na literatura (Van der

Haveren et al, 1997; Andersen, 1997; Janzen, 1997; Sautter, 1998; Rodrigues &

Gandolfi, 1998) e, devido à grande diversidade de ambientes e de situações de

recuperação, é pouco provável que sejam eleitos critérios ou indicadores de uso

universal (Rodrigues & Gandolfi, 2000).

Segundo Lima & Zakia (1998), para análise dos possíveis efeitos de uma

atividade florestal sobre os recursos hídricos, devem ser utilizados indicadores

hidrológicos, os quais inclusive operam em diferentes escalas, envolvendo aspectos tais

como a inadequação de estradas, a compactação do solo, a erosão, variações na turbidez

e no oxigênio dissolvido da água e inclusive a adequação da atividade frente à

representatividade da área como ecossistema. Neste sentido, a extensão e a condição da

mata ciliar podem ser consideradas indicadores hidrológicos pertencentes à escala meso,

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dentro do conjunto de escalas proposto por Lima & Zakia (1998). Todavia, essa

condição por si só, não garante a manutenção da saúde hidrológica do corpo d’água

(Lima3). Essa saúde hidrológica, por sua vez, seria uma condição viável e compatível

com o uso dos recursos naturais.

Nesse contexto, a degradação das formações ciliares não deve ser discutida

sem antes considerar a sua inserção no contexto do uso e ocupação do solo, uma vez que

o uso incorreto da paisagem e fundamentalmente dos solos (Rodrigues & Gandolfi,

2000) prejudica a função de proteção física da mata ciliar.

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com o objetivo de

desenvolver um programa de repovoamento florestal, realizou o levantamento dos

projetos de plantio em matas ciliares bem sucedidos no estado, com bons resultados no

que diz respeito ao desempenho de indicadores de medidas, mais especificamente,

parâmetros biométricos, como altura das árvores, tamanho das copas e fechamento do

dossel, bem como indicadores de restabelecimento dos processos ecológicos nessas

florestas plantadas (São Paulo, 2002).

Muitos desses projetos de recuperação têm atribuído seu sucesso à presença de

fragmentos florestais contíguos que possibilitam a ação de agentes dispersores, facilitam

e aumentam o aporte de propágulos e permitem uma otimização do processo de

regeneração das áreas plantadas.

Outro fator importante para o sucesso dos plantios é o automonitoramento

proposto por Prado Filho & Souza (2002a; b), que consiste em uma ferramenta para a

gestão de empreendimentos através do acompanhamento das áreas degradadas que

passaram por intervenções de recuperação. Oliveira & Ribeiro Junior (2000) sugerem o

acompanhamento de variáveis físicas, químicas e biológicas do substrato, bem como da

evolução da cobertura vegetal implantada e da fauna local que sofreu algum tipo de

impacto decorrido da degradação e que estaria em processo de recuperação. O

automonitoramento serviria, inclusive, como respaldo da sociedade a respeito do

3 LIMA, W.P. (Universidade de São Paulo. Departamento de Ciências Florestais). Anotações de aula,

2004.

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desempenho ambiental de um empreendimento passível de impacto sobre o meio

ambiente (Prado Filho & Souza, 2002a).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

A Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí (BHC) compõe uma das sub-bacias do

Rio Piracicaba e está localizada no centro do Estado de São Paulo, em sua maior parte

na Depressão Periférica Paulista, mais especificamente na região do Médio Tietê, entre

as latitudes 22°04’46’’S e 22°41’28’’S e longitudes 47°26’23’’W e 47°56’15’’W

(Figura 1).

Essa bacia hidrográfica possui 170.775,6 ha, divididos em cinco sub-bacias de

menores dimensões: Alto Corumbataí, Médio Corumbataí, Baixo Corumbataí, Passa

Cinco e Ribeirão Claro (Valente, 2001) (Tabela 1).

O principal corpo d’água dessa bacia é o Rio Corumbataí, um rio de classe II

(Decreto Estadual 20/77), que tem sua origem na Serra do Cuscuzeiro, a 1058 m de

altitude, no município de Analândia e sua foz no Rio Piracicaba, já no município de

Piracicaba (Brugnaro, 2000). Juntamente com seus principais tributários (ribeirão

Cabeça, ribeirão Passa Cinco e ribeirão Claro) o rio Corumbataí é essencial no

abastecimento em quantidade e qualidade de água de oito municípios da bacia, o que

equivale a uma população de 500.000 habitantes aproximadamente (IPEF, 2001) (Figura

2).

A bacia hidrográfica em estudo compõe efetivamente os limites dos municípios

de Corumbataí, Ipeúna, Rio Claro e Santa Gertrudes e parte dos limites de Analândia,

Charqueada, Itirapina e Piracicaba (Mendes, 2004) (Figura 3). As principais atividades

econômicas dessa região estão cunhadas no cultivo da cana-de-açúcar, na pastagem, na

fruticultura e nos reflorestamentos comerciais (Garcia 2005).

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Figura 1. Localização e limites da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí e sua divisão

em cinco sub-bacias. Fontes: banco de dados do Plano diretor da Bacia do Rio Corumbataí elaborado por

IPEF (2001) e Projeto piracena (2005) Tabela 1. Área total (ha) da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí e de suas divisões

em cinco principais sub-bacias

Figura 1 - Localização e limites da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí e sua divisão

em cinco sub-bacias. Fontes: banco de dados do Plano diretor da Bacia do Rio Corumbataí elaborado por

IPEF (2001) e Projeto piracena (2005)

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Tabela 1. Área total (ha) da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí e de suas divisões

em cinco principais sub-bacias

Sub-bacias Área (ha) Alto Corumbataí 31801,68 Médio Corumbataí 29316,60 Baixo Corumbataí 28724,84 Passa Cinco 52757,60 Ribeirão Claro 28174,90 Total 170775,62

Figura 2 - Rede hidrográfica principal da Bacia do Rio Corumbataí, destacando o Rio

Corumbataí e o seu principal tributário, o Rio Passa Cinco. Fonte: banco de dados do

Plano diretor da Bacia do Rio Corumbataí elaborado por IPEF, 2001

Pelo fato da região ter crescente expansão urbana aliada ao desenvolvimento

expressivo do setor primário e ainda, por possuir características importantes do relevo,

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como as cuestas basálticas de grande fragilidade ambiental, e manter áreas ocupadas por

vegetação remanescente (Camargo, 1995 e Gross, 1995, citados por IPEF, 2001), foi

instituída pelo Decreto no. 20.960, de 8 de junho de 1983, a Área de Proteção Ambiental

(APA) Corumbataí-Botucatu-Tejupá (IPEF, 2001), com o intuito de preservar a

diversidade biológica e os recursos naturais e permitir o uso sustentável de parte desses

recursos (Camargo, 1995, citado por IPEF, 2001) (Figura 3).

Figura 3 - Municípios abrangidos pela Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí, com

destaque daqueles que fazem parte da APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá. Fonte: banco de dados do Plano diretor da Bacia do Rio Corumbataí elaborado por IPEF, 2001

3.1.1 Caracterização edafoclimática

As condições climáticas da região podem ser classificadas, segundo Köppen

(1948), como clima Cwa, subtropical, de inverno seco, verão quente e chuvoso com

temperatura média do mês mais quente superior a 22°C.

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Os dados climáticos do município de Piracicaba no período de 2000 a 2004

(CIIAGRO, 2005) indicam a ocorrência de duas estações climáticas bem definidas, uma

chuvosa, entre outubro e março, que corresponde a 72,2% da precipitação anual e outra

seca, entre abril e setembro, correspondendo a 27,8% da precipitação anual. A

precipitação anual média do município nesse período foi de 1.266,8mm, com maior

precipitação em janeiro (264,84mm) e menor precipitação em junho (23,16mm).

O relevo da bacia em estudo é muito heterogêneo, variando entre áreas planas e

muito íngremes (Tabela 2). Predominam terrenos fortemente inclinados nas sub-bacias

do Rio Passa Cinco e do Alto Corumbataí, enquanto que nas sub-bacias do Médio

Corumbataí e do Ribeirão Claro predominam extensas áreas planas e pouco íngremes

(Valente, 2001).

Tabela 2. Classes de declividade da Bacia do Rio Corumbataí

Classe de declividade (%) Área (ha) Área (%) <2 684,38 40,08 2-5 14649,08 8,58 5-10 30521,40 17,87 10-15 25409,24 14,88 15-45 29474,44 17,26 45-70 1657,64 0,97 >70 625,00 0,37 Total 17775,62 100,00

A Bacia do Corumbataí é composta pelas formações geológicas Rio Claro,

Pirambóia, Corumbataí e Iratí. A formação Corumbataí é a de maior expressão na área

de estudo pelo fato de representar o substrato dos leitos dos principais rios da bacia.

Entretanto, o predomínio de areia fina em todo o leito do Rio Corumbataí pode estar

relacionado à grande área ocupada pelas formações Pirambóia e Botucatu, uma vez que

a fração arenosa encontrada no leito desse rio é muito semelhante à dessas formações

(Bacci, 1994).

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A formação Botucatu pode ocorrer eventualmente em faixas amplas, com

espessura média de 50 a 70m, não ultrapassando 150m (Soares, 1972, citado por Bacci,

1994) e podendo se apresentar coberta por extensos areais aluvionares ou coluviais,

provindos de áreas mais altas da bacia (Bacci, 1994).

A ocorrência de fração de areia média associada a uma fração mais grosseira,

pode representar influência da formação Rio Claro ou influência de frações mais

grosseiras de eventuais afloramentos da formação Pirambóia, que podem ser

visualizados em regiões onde ocorrem voçorocas e extração de cascalho do leito de rios

(Bacci, 1994).

A heterogeneidade do relevo, associada às condições climáticas e geológicas da

bacia e influenciada por outros fatores, condiciona a grande variedade de solos

ocorrentes nessa área. Os grandes grupos de solos encontrados são os Latossolos,

Argissolos, Nitossolos, Gleissolos, Chernossolos e Neossolos (Valente, 2001).

Os Latossolos e os Argissolos predominam na bacia, com 76,32% da área total,

sendo seguidos pelos Neossolos, com 22,43% e os Gleissolos, Nitossolos e

Chernossolos em menor percentagem (Tabela 3).

Tabela 3. Valores em área (ha) e valores relativos (%) das classes de solos

predominantes na Bacia do Rio Corumbataí

Tipo de Solo Sigla Área (ha) Área (%) Latossolo Roxo LR 11476,52 6,72 Latossolo VermelhoEscuro LE 3016,56 1,77 Latossolo Vermelho Amarelo LV 36838,04 21,58 Podzólico Vermelho Amerelo PV 74198,24 43,46 Podzólico Vermelho Escuro PE 4769,60 2,79 Terra Roxa Estruturada TE 691,80 0,41 Areia Quartzosa AQ 15067,24 8,83 Solos Litólicos Li 23224,28 13,6 Solos Hidromórficos Hi 689,36 0,4 Brunizem Avermelhado BV 312,12 0,18

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Quanto ao potencial de erodibilidade, há a predominância de solos com alto valor

dessa variável na bacia. Cerca de 56,7% dos solos da área são classificados como de

erodibilidade muito alta e 31,6% como de erodibilidade alta (Figura 4), o que influi

diretamente na turbidez dos corpos d’água (IPEF, 2001), sendo essa suscetibilidade

maior nos terrenos mais arenosos e naqueles mais escarpados, independentemente do

tipo de substrato (Reis, 2004).

Na região que abrange os municípios de Analândia, Corumbataí e Itirapina,

ocorre elevada erosividade dos solos e valores médios dessa variável ocorrem na região

dos municípios de Santa Gertrudes e Rio Claro. Confrontando essa erosividade com a

elevada erodibilidade da bacia, fica evidente que as regiões com os valores mais

elevados e médios de erosividade têm maior predisposição à ocorrência de erosão (IPEF,

2001).

Figura 4 - Erodibilidade dos solos da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí. Fonte: banco de

dados do Plano diretor da Bacia do Rio Corumbataí elaborado por IPEF, 2001

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3.1.2 Caracterização do uso e da cobertura do solo

Com relação ao uso do solo da bacia, podem ser atribuídos 10 tipos principais de

uso apresentados na Figura 5. A maior parte da área da bacia está ocupada pela

pastagem, sendo seguida pela monocultura de cana-de-açúcar, florestas nativas e

plantadas, fruticultura e áreas urbanas.

Na sub-bacia do Alto Corumbataí predomina a atividade de pastagem, enquanto

que no Médio Corumbataí estão concentradas as principais fontes de poluição industrial

e urbana. No trecho que corresponde à sub-bacia do Baixo Corumbataí predominam as

atividades de extração de areia em leito de rio e a monocultura da cana-de-açúcar

(Fischer, 2003).

Figura 5 - Uso e ocupação do solo da Bacia do Corumbataí. Fonte: banco de dados do Plano diretor da

Bacia do Rio Corumbataí elaborado por IPEF, 2001

Das Áreas de Preservação Permanente (APP), 6,10% são classificadas como de

alta prioridade para a recuperação e conservação e 14,7% são classificadas como de alta

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prioridade de recuperação. As APPs destinadas à pastagem correspondem a 56,49% da

área da bacia, havendo ainda outros usos como monocultura de cana-de-açúcar,

fruticultura com predominância de cítricos, culturas anuais, florestas plantadas e áreas

urbanas (Mendes, 2004).

A bacia do Rio Corumbataí deveria possuir, em termos legais, cerca de 35% de

cobertura florestal, representada por 20% de reserva legal e cerca de 15% de APP,

representadas, principalmente, pelas matas ciliares (IPEF, 2001). No entanto, a

percentagem total de cobertura florestal ocorrente na bacia representa 12,26% da área

total, o que significa, portanto, um déficit de cerca de 23% de cobertura florestal (IPEF,

2001).

A evolução da paisagem da bacia, de acordo com resultados obtidos por Koffler

(1993), Brugnaro (2000) e Valente (2001), válidos para os anos de 1991, 1998 e 2001,

respectivamente, demonstra que a bacia possui uma matriz de uso e cobertura

predominantemente agrícola (Valente, 2001) e que os principais usos do solo da bacia

apresentaram ligeira variação, como no caso das pastagens, bem como da monocultura

de cana-de-açúcar, que teve um leve decréscimo, e um incremento significativo na

cobertura florestal nativa (Tabela 4).

Tabela 4. Modificações no uso e na cobertura do solo da Bacia do Corumbataí no

período de 1991-2001

Uso e cobertura do solo (%) 1991 1996 1998 2001 Pastagem 47,0 39,7 40,8 43,7 Cana-de-açúcar 31,8 35,2 26,7 25,6 Floresta Plantada 6,9 10,3 16,5 7,3 Floresta Nativa 4,9 7,2 9,6 11,1 Fruticultura 2,1 - 0,8 2,8 Cultura Anual 0,4 2,7 2,3 1,0 Mineração - - 0,1 0,1

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3.1.3 Caracterização fitogeográfica

A distribuição da cobertura vegetal original da região esteve condicionada às

características relacionadas ao clima, ao tipo de solo e principalmente ao relevo da BHC

(Oliveira & Prado, 1984, citado por Valente, 2001).

As características dos solos e do clima favoreceram a existência de florestas e

formações savânicas que naturalmente recobriam a área da bacia (Koffler, 1993). Essa

relação entre vegetação original e solos possibilitou o desenvolvimento de

fitofisionomias savânicas sobre solos muito profundos, permeáveis e de baixo potencial

nutricional e de floresta tropical subcaducifólia sobre solos profundos de textura argilosa

com maior teor de nutrientes (Oliveira & Prado 1984, citado por Valente, 2001).

Entretanto, essas características edáficas e climáticas também favoreceram a expansão

agrícola, o que desencadeou o processo de fragmentação da vegetação original (Koffler,

1993) atualmente distribuídas em 5.828 fragmentos aproximadamente (Valente, 2001).

Os trabalhos de Troppmair (1969) e Camargo et al. (1971) mostram que a

expansão da cultura cafeeira, nos meados do século XIX, foi o fator responsável pela

devastação da cobertura vegetal original da bacia do rio Corumbataí. Segundo Garcia

(2005), além das atividades de cafeicultura, o avanço das ferrovias com máquinas a

vapor e as numerosas olarias e serrarias que se instalaram na região no século XIX,

teriam sido responsáveis pelo desaparecimento da vegetação original, restando

atualmente apenas fragmentos de diversos tamanhos e condições de conservação.

Atualmente, restam pequenos fragmentos da paisagem original da bacia, em sua

maioria inferiores a cinco hectares (Brito, 2001). De acordo com Rodrigues (1999), os

remanescentes ainda existentes representam as formações da floresta estacional

semidecidual, floresta ripária, floresta paludosa, floresta estacional decidual e as formas

fitofisionômicas da savana (cerrado lato sensu).

Esse predomínio de pequenos fragmentos florestais é comum em paisagens de

Floresta Atlântica (Rodrigues, 1992) em virtude do histórico de exploração e evolução

do uso da terra que esse bioma vem sofrendo. Nesse contexto de devastação, o principal

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problema deste padrão é que, quanto mais área florestada estiver contida em pequenos

fragmentos, mais intensamente estariam sujeitas aos efeitos de borda (Rodrigues, 1992).

Rodrigues (1999) destaca a importância da preservação dos poucos

remanescentes de vegetação natural ainda existentes na região, especialmente em virtude

do pouco conhecimento acumulado a respeito dessas unidades fitogeográficas e a

elevada diversidade regional, com um grande número de espécies em estreita relação

com a diversidade de ambientes ainda existentes.

3.1.4 Caracterização sócio-econômica

Segundo estimativas populacionais apresentadas por Brugnaro (2000), a

população da bacia gira em torno de 493 mil habitantes, com maior número nos

município de Piracicaba (302.886 habitantes) e Rio Claro (153.389 habitantes). Do total

de habitantes da bacia, 4,6% estão presentes na zona rural, o que é baixo se for

considerado que, no Estado de São Paulo, 6,9% da população vive fora das cidades.

Segundo Garcia (2005), o desenvolvimento industrial da região se encontra

estagnado economicamente e tem pouca expressividade, apesar dessa região apresentar

inúmeras condições favoráveis ao desenvolvimento industrial, como privilegiado

posicionamento geográfico, proximidade da capital, infraestrutura ferroviária e

rodoviária, contingente de mão-de-obra, etc. Segundo o autor, os municípios que

compõem a bacia, em sua maioria, têm uma industrialização baseada em pequenas e

médias indústrias, com destaque para o município de Rio Claro, que pode ser

considerado de importância secundária no cenário industrial paulista.

Ainda segundo o autor supracitado, as principais atividades econômicas da bacia

estão ligadas ao setor primário, destacando-se a monocultura da cana-de-açúcar, a

produção de Pinus spp. e Eucalyptus spp., a pastagem e a fruticultura. As atividades de

mineração têm um papel tradicional na estrutura industrial da região, com

desenvolvimento mais acentuado da extração de calcários silicosos, argila e barro, bem

como da extração de areia, concentrada nas sub-bacias do Alto e Médio Corumbataí

(Garcia, 2005).

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A principio, a atividade ceramista da região se baseava no fabrico de lajotas

coloniais e telhas francesas e paulistas. A partir de meados da década de 80 foram

deixados de lado os métodos artesanais de produção que passaram a ser substituídos pelo

método de monoqueima. Essa tecnologia melhorou a qualidade dos produtos, otimizou o

abastecimento interno e possibilitou a exportação para o Mercosul, colocando a região

como importante pólo ceramista do País. A abundância de argila, principal matéria

prima para essas empresas, aliada à tecnologia avançada, permite que a produção

regional chegue a 5,5 milhões de metros quadrados de pisos e revestimentos e gere, em

17 indústrias de cerâmica, 4.800 empregos diretos e indiretos (Garcia, 2005).

Quanto à mineração de areia, Bacci (1994) relata que essa atividade começou a

aparecer na bacia a partir da segunda metade de o século XIX, quando as suas

cabeceiras, sem a proteção natural da mata, começaram a perder a areia do paleo-deserto

Botucatu. Um dos primeiros relatos de exploração de areia na região foi em 1895,

quando foi utilizado esse mineral para a construção da Usina Corumbataí. No entanto,

somente em 1967, com a publicação do Código de Mineração, os portos de areia

passaram a ser regulamentados. Embora os primeiros pedidos de licenciamento no

DNPM surjam apenas em 1973.

Ainda segundo Bacci (1994), no final da década de 80, a produção de areia da

bacia decaiu, resultando no abandono dos trechos de extração. Este declínio na produção

foi atribuído principalmente às mudanças morfológicas do relevo e de aproveitamento

dos solos agrícolas em toda a bacia. Além disso, a recessão econômica e a pressão

burocrática das prefeituras e dos órgãos ambientais também contribuíram para o

fechamento de algumas mineradoras.

Em meados da década de 90, os estudos de Bacci (1994) identificaram sete

empresas de extração de areia licenciadas na bacia, e muitas dessas empresas ainda se

mantêm ativas juntamente com outras que surgiram e se regularizaram legalmente.

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3.2 Estratégia de estudo

Com o intuito de alcançar os objetivos propostos anteriormente, esta pesquisa

teve como estratégia de estudo a execução de três etapas de trabalho detalhadas a seguir

na seqüência cronológica em que foram desenvolvidas.

1ª Etapa: Análise dos processos de licenciamento.

2ª Etapa: Análise de campo.

3ª Etapa: Entrevistas.

O cumprimento dessas etapas permitiu caracterizar:

a) a atividade de extração de areia na bacia do Rio Corumbataí Etapa 1

b) a recuperação das Áreas de Preservação Permanente Etapa 2

c) a percepção ambiental e legal do setor privado Etapa 3

d) as condições e recursos dos órgãos ambientais públicos envolvidos

3.2.1 Análise dos processos de licenciamento

Durante o período de maio de 2003 a agosto de 2004, foram consultados os

documentos presentes nos processo de licenciamento ambiental das empresas

mineradoras de areia a céu aberto e em leito de rio da bacia, encontrados na CETESB

Piracicaba, unidade responsável pelos empreendimentos da bacia hidrográfica em

estudo.

Os processos de licenciamento possuem importantes instrumentos legais de

controle da degradação ambiental, como o PCA e o RCA.

Os planos de recomposição vegetal apresentados pelo empreendedor foram

analisados e aprovados pelo DEPRN como medida compensatória e de pré-requisito

para a obtenção de licença de instalação do empreendimento. Além disso, o responsável

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pela atividade assina junto a esse órgão um Termo de Compromisso em que se

compromete a cumprir as medidas de recuperação acordadas.

Durante as consultas aos processos de licenciamento, foram analisados os planos

de recuperação vegetal de todos os portos de areia de extração por dragagem em leito de

rio ou de córrego, em que foram obtidas as informações de área e idade dos plantios,

espaçamento e densidade das mudas, espécies plantadas, números de espécies plantadas,

distribuição das espécies por estádio sucessional e empresas responsáveis pelos projetos.

Os dados levantados nesses documentos foram apresentados em paralelo aos estudos de

campo realizados nas áreas de plantios com o intuito de facilitar a apresentação dos

resultados e das discussões.

Além dos documentos já relacionados, os processos de licenciamento contêm o

Memorial de Caracterização do Empreendimento (MCE), que apresenta em formulário

padrão as principais características do empreendimento, como a área objeto de pedido de

licença e os produtos e rejeitos finais; registro de contatos entre a CETESB, o solicitante

e diversos órgãos envolvidos; laudos de vistorias da CETESB, do DEPRN e da Polícia

Ambiental; solicitações e concessões de licenças de instalação e funcionamento dos

empreendimentos.

Em consulta aos processos da CETESB, foi utilizado um roteiro de coleta de

dados com informações pertinentes ao trabalho. Somam-se a esses dados, as

informações coletadas, em junho de 2004, em consulta ao Cadastro Mineiro do DNPM,

sistema de acesso on line aos arquivos de cadastro das empresas, atualizados no mínimo

semanalmente, segundo informações obtidas junto ao órgão (Apêndice 1).

O conjunto de informações obtidas foi reunido em um banco de dados em

Excel® for Windows® que permitiu a caracterização da atividade de extração de areia

dessa bacia em relação à sua produção, extensão, perspectivas futuras, destino de

consumo, tempo médio para as concessões de licenças ambientais junto à CETESB e

para a autorização de pesquisa, concessão de lavra e registro de licença, junto ao DNPM.

Embora nem sempre seja fácil a identificação, nos arquivos da CETESB, dos

empreendimentos existentes em uma bacia hidrográfica, conforme verificado por Dias

(2001), que cita as constantes alterações das razões sociais das empresas e a existência

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de vários projetos de uma empresa em um mesmo município, neste estudo conseguiu-se

concretizar a consulta à quase totalidade, ou talvez á totalidade, de processos da bacia

registrados na CETESB, o que permitiu o tratamento dos dados com generalização

estatística na contextualização da atividade de extração de areia na bacia.

3.2.2 Análise de campo

Foram selecionados para análise de campo os 23 portos de dragagem de areia em

leito de rio ocorrentes na bacia (Tabela 5), já que esse é o principal método de extração

de areia na Bacia do Rio Corumbataí, conforme constatado no levantamento dos

processos de licenciamento.

No período de junho a setembro de 2004, foram realizadas visitas a 21 portos de

areia de extração em leito de rio ativos no cadastro do DNPM, dentre esses, 19 foram

estudados em relação à qualidade de seus plantios (Tabela 5).

Esta etapa do trabalho foi dificultada pela dependência da colaboração voluntária

e irrestrita dos mineradores que determinavam as datas e o tempo de permanência

disponível, uma vez que as visitas, com duração média de quatro horas, foram, na

grande maioria das vezes, obrigatoriamente acompanhadas pelos proprietários ou seus

sócios.

Depois de algumas visitas de observação de campo, ainda em caráter de

reconhecimento preliminar, realizadas no início do desenvolvimento deste trabalho,

ficou constatado que a totalidade dos empreendimentos analisados utiliza o plantio de

mudas como método de revegetação. Por isso, foram selecionados modelos de avaliação

condizentes com esse método, com avaliação de alguns parâmetros a partir das linhas de

plantio.

As 19 áreas de plantio analisadas foram avaliadas sob dois aspectos. O primeiro

considerou se o projeto de recuperação concordado é satisfatório e foi efetivamente

implantado, de modo quantitativo e qualitativo. O segundo avaliou se a revegetação

representou a recuperação ambiental dessas áreas degradadas. Isso responde se o

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licenciamento de portos de areia contribuiu na recuperação de Áreas de Preservação

Permanente.

Tabela 5. Apresentação dos 23 portos de areia de leito da Bacia do Rio Corumbataí,

entre eles os 19 portos que tiveram seus plantios estudados

Porto Município Corpo d' água Coordenadas Projeto Plantio Idade (ha) (ha) (anos)

1 Charqueada Rio Corumbataí 22°35’30,4”; 47°42’14,7” 0,2 0,022 16

2 Charqueada Rio Corumbataí 22°34’51,5”; 47°41’1,2” 1,75 1,75 2-5

3 Charqueada Rio Corumbataí 22°34’56”; 47°41’43” 1,8 1,8 4

4 Charqueada Rio Corumbataí 22°33’41,4”; 47°40’59,9” 0,9 0,9 7

5 Charqueada Rio Corumbataí 22°33’41,4”; 47°40’59,9” 0,6 0,6 7

6 Charqueada Rio Corumbataí 22°32’20,4”; 47°40’8,6 ” 4,24 4,24 6-7

7 Charqueada Rib.Fregadoli/Charqueadinha 22°31’6,3”; 47°45’16,6” 0,86 0,18 6

8 Charqueada Ribeirão Fregadoli 22°31’6,3”; 47°45’16,6” 0,36 0,12 6

9 Corumbataí Cór. Doria/Rio Corumbataí 22°12’42,6”; 47°37’38,4” 0,57 0,57 7

10 Corumbataí Córrego do Jacú 22°13’55,1”; 47°28’29,4” 0,05 0,05 8

11 Corumbataí Córrego Cachoeirina 22°15’29,4”; 47°35’21,8” 0,274 0,274 3

12 Corumbataí Rio Corumbataí 22°20’3,2”; 47°40’16,5” 0,15 0,15 14

13 Ipeúna Rio Passa Cinco 22°26’57,7”; 47°39’27,7” 0,27 0,27 5

14 Ipeúna Rio Passa Cinco 22°25’7,5”; 47°42’45,6 ” 0,79 0,79 4

15 Ipeúna Rio Passa Cinco 22°’52,7”; 47°42’27,4” 0,87 0,652 4

16 Ipeúna Rio Passa Cinco 22°23’16,2”; 47°45’9,6” 1,3 1,3 6

17 Rio Claro Rio Corumbataí 22°16’14”; 47°34’41,8” 0,665 0,665 4

18 Rio Claro Rio Corumbataí 22°16’14”; 47°34’41,8” 0,25 0,25 3

19 Rio Claro Rio Cabeça 22°20’3,2”; 47°40’16,5” 0,303 0,1 6

20 Corumbataí Rio Corumbataí 22°12’42,6”; 47°37’38,4” 0,975 0 -

21 Charqueada Ribeirão Fregadoli 22°30’22,8”; 47°46’24,7” 0,817 0 -

22 Rio Claro Rio Corumbataí 22°31’21,5”; 47°39’5,5” 0,15 ? ? 23 Ipeúna Rib. Monjolo Grande 22°22’24,7”; 47°43,4’41,9” 0,256 ? ? Total 18,4 ≥14,68

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3.2.2.1 Caracterização florística

No levantamento florístico das 19 áreas de plantio analisadas foram registradas

as espécies arbóreas encontradas nas linhas de plantio através de caminhamento, método

expedito de levantamento florístico qualitativo (Figueiras et al., 1994). Não foram

incluídos na amostragem indivíduos arbustivo-arbóreos regenerantes.

As espécies foram identificadas em campo e o material não identificado foi

coletado para posterior identificação através de comparações com as coleções de

exsicatas do Herbário da Universidade Estadual de Campinas, através de consultas à

bibliografia especializada e, quando necessário, de auxílio de especialistas.

Foram elaboradas duas listas de espécies arbóreas, uma a partir do levantamento

florístico das 19 áreas de plantio analisadas e outra a partir de 23 listagens florísticas dos

projetos de plantio aprovados pelo DEPRN.

Essas listas foram organizadas em famílias de acordo com o sistema proposto por

Cronquist (1988). A nomenclatura das espécies foi sinonimizada de acordo com a base

de dados W3 Tropicos do Missouri Botanical Garden (Missouri Botanical Garden, 2004)

e de revisões taxonômicas recentes, adotando o sistema de autores proposto por

Brummit & Powell (1992).

Foram utilizados dois tipos de classificação sucessional. As espécies foram

agrupadas em pioneiras (P) e não-pioneiras (NP), segundo os critérios adotados pela

Resolução SMA 21/01, e em pioneiras (Pi), secundárias iniciais (Si), secundárias tardias

(St) e não-caracterizadas (Nc), segundo os critérios de classificação sucessional

propostos por Gandolfi et al. (1995), modificado por Gandolfi (2000).

Segundo Gandolfi (2000), são classificadas como Nc as espécies com pouca

informação ou que ocorrem em baixa densidade e de forma bastante dispersa,

representando um resíduo do processo de classificação sucessional.

A classificação de grande parte das espécies amostradas nos plantios foi obtida

em Leitão Filho et al. (1993), Gandolfi et al. (1995), Bernacci & Leitão Filho (1996),

Ivanauskas et al. (1999) e Fonseca & Rodrigues (2000). As espécies não citadas nesses

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trabalhos foram classificadas com base na observação de seu comportamento e hábito no

campo e por consulta a especialistas.

As listas florísticas também foram organizadas numa matriz binária de presença

e ausência que serviu de base para comparação florística por similaridade, quantificada

através do Índice de Similaridade de Jaccard (Magurran, 1988), onde:

cbac−+

= ISJ

Sendo: ISJ = Índice de Similaridade de Jaccard

a = número total de espécies presentes no local A;

b = número total de espécies presentes no local B;

c = número de espécies comuns aos locais A e B.

As relações de similaridade foram estabelecidas através de análise multivariada

de classificação, realizada no programa FITOPAC, elaborado por Shepherd (1995).

Na classificação por agrupamento foi elaborado dendrograma em modo Q

(agrupamento de objetos), a partir do coeficiente de associação de Jaccard e do método

de Agrupamento de Associação Média, conhecido em inglês pelo nome de “Arithmetic

Average Clustering” ou UPGMA (Sneath & Sokal, 1973). A escolha de UPGMA como

método de agrupamento teve como critério a capacidade de melhor evidenciar a

estrutura dos dados e o menor grau de distorção ou maior coeficiente cofenético (CC),

conforme estabelece Valentin (2000).

3.2.2.2 Zoneamento dos plantios

O desenvolvimento das mudas no campo varia em função de uma série de fatores

ambientais, ecofisiológicos e edáficos, como geadas, condições de luminosidade na copa

e disponibilidade de água e nutrientes no solo (Mäkinen, 1999). Além disso, seu

desenvolvimento varia em função das condições de implementação, como a qualidade e

o espaçamento das mudas, além da idade, da condução e da manutenção dos plantios.

Considerando a existência dessas variações dentro de uma mesma área de

plantio, foi necessária a divisão dessas áreas em subunidades homogêneas, zoneadas

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visualmente em campo a partir de variações no tamanho (altura) e na mortalidade das

mudas. Além disso, as zonas foram classificadas em áreas de plantio efetivado (presença

de mudas), não efetivado (ausência de plantio) e áreas de tentativa (ausência de mudas e

presença de covas) em que o plantio efetuado fracassou.

3.2.2.3 Análise dos plantios

Os parâmetros ou indicadores da qualidade dos plantios foram obtidos a partir da

análise de quatro linhas de 50 metros de plantio. Ou, quando necessário o zoneamento, a

partir da análise de duas linhas de 50 metros por zona de plantio identificada.

A distribuição das linhas de amostragem no campo teve como critério a seleção

das terceiras e quartas linhas paralelas ao corpo d’água nos sentidos interior-margem e

margem–interior, minimizando assim as influências dos efeitos de borda das primeiras

linhas de plantio (Figura 6).

Figura 6 - Distribuição das linhas de amostragem dos plantios nas terceiras e quartas

linhas paralelas ao corpo d’água nos sentidos interior-margem e margem–

interior

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Em cada linha eram registradas as espécies ocorrentes e estimados os valores de

altura, de mortalidade e de cobertura da copa dos indivíduos. A altura dos indivíduos foi

medida com o auxílio de vara graduada, a mortalidade estimada pela ausência de

indivíduos nas linhas a partir do espaçamento observado em campo e a cobertura da

copa estimada pela projeção do diâmetro da copa sobre uma trena.

A partir dos valores lineares de diâmetro (D) das copas foram obtidas as áreas de

circunferência (C) (eq. 1), o que permitiu quantificar uma medida em área do

sombreamento da copa (m2) sobre a área da parcela, representada pelo espaçamento

entre as mudas do plantio, conforme apresentado na Figura 7.

C = π . (D/2)2 (1)

Onde: π = 3,14; C = circunferência; e D = diâmetro.

Figura 7 - Desenho esquemático da cobertura do solo das áreas de plantio, obtida pelo

sombreamento da copa (m2) sobre a área da parcela, representada pelo

espaçamento entre as mudas

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3.2.2.4 Análise visual dos plantios

As zonas de plantio foram submetidas a um diagnóstico fitofisionômico e do seu

estado de conservação, com documentação fotográfica. A fitofisionomia foi

caracterizada a partir de análises visuais de campo baseadas na presença e na ausência

de dossel, sub-bosque, serapilheira, diásporos, clareiras naturais e de regeneração

natural. Além disso, essas zonas de plantio foram avaliadas quanto ao seu entorno

imediato, recobrimento do solo, limpeza do plantio e quanto ao vigor, presença de gado,

evidência de injúrias e dominância das suas plantas matrizes.

Algumas dessas características foram classificadas subjetivamente em categorias

qualitativas (bom, regular e ruim) e quantitativas (abundante, regular e escasso),

conforme apresentado na planilha de campo (Figura 8).

O recobrimento do solo foi estimado pela análise visual do índice de

preenchimento de um quadrado metálico vazado de 40 x 40 cm (Martim & Coker,

1992), lançado aleatoriamente entre as linhas de plantio, em número médio de seis

vezes, variando de acordo com o tamanho da área amostrada. Nessa análise, foram

considerados como componentes do recobrimento do solo a presença de gramíneas e de

serapilheira.

3.2.2.5 Integridade das margens dos corpos d’água

Durante as visitas de campo, juntamente com a avaliação visual da vegetação,

diagnosticou-se a integridade das margens dos locais de circulação das dragas de

extração de areia, que foi classificada subjetivamente em três categorias qualitativas

(boa, regular e crítica), baseadas na condição de cobertura e de erosão do solo (Figura

8).

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45

Figura 8 - Planilha utilizada em campo na análise visual quali-quantitativa da APP em

recuperação nos portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP

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46

3.2.2.6 Avaliação final da recuperação das APPs

A reunião dos resultados de caracterização florística, fitofisionômica e de

cobertura do solo permitiu uma classificação final da recuperação das APPs revegetadas

em quatro categorias qualitativas (ótimo, bom, regular e ruim) (Figura 9).

Porto Ruim Regular Bom Ótimo ND ( ) OE ( ) FF ( ) FI ( ) PE ( ) RI ( ) DF ( )

ND (Nada) = Ausência de plantio; OE (Ocupação do espaço) = Plantio implantado; PE (Proteção do entorno) = Presença de florestas naturais ou artificiais próximas ao plantio; FF (Fisionomia florestal) = Ocorrência de estratos na vegetação e presença de serapilheira; FI (Florística implantada) = Implantação do número mínimo de espécies previstas pelas Resoluções SMA 21/2001 e 47/2003; RI (Regeneração interna) = Presença de diásporos e indivíduos regenerantes; DF (Dinâmica florestal) = Presença de clareiras naturais e regeneração interna

Figura 9 - Avaliação final da recuperação das APPs dos portos de areia da Bacia

Hidrográfica do Rio Corumbataí Essa classificação utilizou como critério o enquadramento ou não dos plantios

avaliados em características fundamentais para o desenvolvimento de um plantio bem

sucedido, como a presença de uma fisionomia florestal, a implantação de diversidade

florística adequada (Resoluções SMA 21/2001 e 47/2003), a ocorrência de regeneração e

dinâmica florestal e a proteção do entorno. Essas características foram selecionadas de

acordo com Gandolfi4.

3.2.3 Entrevistas

Foram realizados diagnósticos da percepção ambiental e legal dos mineradores

de areia através de um modelo de investigação baseado em análises qualitativas

4 GANDOLFI, S. (ESALQ-USP. Laboratório de Restauração Florestal, Piracicaba). Comunicação pessoal,

2004.

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47

realizadas através de questionários respondidos em entrevistas (Apêndice 2). Essa

investigação teve como objetivo identificar as causas das irregularidades ambientais e

legais comumente encontradas nesses tipos de empreendimentos. Pressupõem-se, entre

outras causas, a negligência e a falta de informação dos proprietários e funcionários, os

altos custos e a demora dos processos de licenciamento, e a excessiva burocracia dos

órgãos ambientais.

A caracterização das condições e dos recursos dos órgãos ambientais públicos

envolvidos na atividade de extração de areia foi baseada no mesmo modelo de

investigação anterior, com a variação no modo de resposta dos questionários,

respondidos por carta ou e-mail enviados aos funcionários da CETESB, do

Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do DEPRN, do DNPM e da Polícia

Ambiental (Apêndice 3). Essa investigação buscou analisar as condições dos

funcionários no que tange à atividade de mineração, analisando o grau de esclarecimento

e as disponibilidades de acesso às informações pelos funcionários a respeito de conceitos

legais e ambientais da extração de areia, além de considerar os recursos materiais e

financeiros disponíveis e a capacidade de suporte do órgão no monitoramento e na

fiscalização das áreas mineradoras.

As respostas obtidas nesta etapa de entrevistas colaboram muito na interpretação

das razões da contribuição ou da não contribuição do licenciamento ambiental na

recuperação e conservação das APPs, além de serem indispensáveis à inserção das

incertezas cognitivas e éticas derivadas dos valores conflitivos entre os interesses dos

órgãos ambientais, dos empreendedores e do ambiente.

Segundo o novo paradigma da ciência pós-normal (Funtowicz & Ravetz, 1993),

essas incertezas cognitivas e éticas são importantes para as tomadas de decisão, que

devem ser no âmbito das comunidades estendidas de pares, com a participação dos

sujeitos implicados no processo, o que é indispensável na democratização da produção e

circulação do conhecimento (Gomes, 1999).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Atividade de extração de areia na Bacia do Rio Corumbataí

Os primeiros pedidos de diplomas legais para exploração e aproveitamento da

areia na Bacia do Rio Corumbataí datam de 1973, conforme registros do DNPM, em que

constam seis pedidos para essa década. Na década de 80, esses pedidos aumentaram em

1/3, mas somente na década de 90 houve uma grande busca pela legalização da

atividade, quando o número de pedidos triplicou em relação há 20 anos atrás (Figura

10).

69

18

3

048

121620

1973-1979 1980-1989 1990-1999 2000-2005

Período (anos)

Núm

ero

de p

edid

os

Figura 10 - Registros do DNPM dos pedidos de diplomas legais para exploração e

aproveitamento mineral no período de 1973 a 2004 para a Bacia do Rio

Corumbataí, SP

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49

A maioria dos pedidos foi formalizada entre os anos de 1998 e 1999, quando

aumentaram as pressões para a regularização ambiental e mineral da atividade, conforme

relatado pelos próprios empreendedores da bacia. A regulamentação da Lei de Crimes

Ambientais contribuiu para a consolidação desse novo cenário.

Segundo Akimoto (2001), a regularização mineral nesse período foi influenciada

pela possibilidade das empresas optarem, junto ao DNPM, a partir de 1995, pelo regime

de autorização e concessão. Isso proporcionou às empresas a visão de longo prazo e de

planejamento de seus investimentos, livrando-as dos sobressaltos que as flutuações

políticas municipais proporcionavam a cada eleição ou desavença política.

O autor acrescenta ainda que as regularizações desse período também foram

conseqüências de uma legislação mais clara para o setor, com o surgimento das

Resoluções SMA 26/93, 50/95, 04/99 e 28/99.

Estudos de Bacci (1994) da primeira metade da década de 90 registraram apenas

sete portos de areia com autorização de exploração junto ao DNPM na bacia do Rio

Corumbataí, uma vez que muitos dos pedidos de exploração cadastrados não haviam

ainda sido aprovados.

A atividade de extração de areia na bacia está atualmente representada por 36

empreendimentos ativos no cadastro do DNPM (Anexo A, Figura 11), sendo a maioria

por dragagem em leito de rio (67% dos empreendimentos).

Embora, atualmente, as empresas ilegais com endereço fixo tenham diminuído

significativamente na bacia, ou, muito provavelmente, tenham acabado, em função de

maiores pressões legais, ainda são registrados pela Polícia Ambiental alguns Autos de

Infração por atividade extrativa não autorizada.

Segundo a Polícia Ambiental5, existem os chamados “portos de areia móveis”,

que funcionam no período da cheia e que utilizam bombas e dragas transportada via

terrestre até as margens dos rios e córregos. Esses extratores ilícitos de areia removem o

minério durante um pequeno intervalo de tempo, sem possibilidade de flagrante e essa

areia extraída é comercializada sem qualquer retorno tributário ou garantia da

manutenção da integridade ambiental da área explorada. Infelizmente existe maior 5 Polícia Ambiental de Rio Claro. Comunicação pessoal, 2004.

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dificuldade em fiscalizar essas atividades esporádicas e muitas vezes a Polícia

Ambiental conta com as denúncias de moradores da região para aplicar as punições

necessárias.

Figura 11 - Apresentação da distribuição dos 36 empreendimentos de extração de areia

na Bacia do Rio Corumbataí, SP

As empresas mineradoras de areia se distribuem em seis municípios da bacia e

concentram seus empreendimentos em Charqueada e Corumbataí (55% dos

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51

empreendimentos) (Figura 12). No município de Charqueada, a maioria dos portos extrai

areia em leito, enquanto que em Analândia todos os empreendimentos mineram em

cava.

Analândia11%

Charqueada27%

Corumbataí28%

Ipeúna17%

Rio Claro17%

Figura 12 - Distribuição dos empreendimentos de extração de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP, em seus municípios

Quando se leva em consideração apenas a mineração em leito de rio, existem 24

concessões ativas no DNPM, que corresponde 23 unidades produtivas licenciadas na

CETESB, denominadas portos de areia. Algumas dessas concessões se referem a uma

mesma unidade produtiva, enquanto outras são referentes a mais de um

empreendimento. Por essa razão, o número de portos em leito de rio (23 portos) não é

obrigatoriamente o número de autorizações concedidas (24 portos).

A maioria dos portos de areia com esse tipo de extração (65%) são áreas

arrendadas, o que pode representar um menor comprometimento do minerador na

recuperação da área explorada.

Os empreendimentos ativos no DNPM possuem autorização de exploração por

três diferentes diplomas legais, os regimes por concessão de lavra, por licenciamento e

por guia de utilização (na fase de autorização de pesquisa ou de requerimento de lavra).

Nas extrações por cava predominam os diplomas legais de concessão e de guia de

utilização da lavra, enquanto que em leito, o licenciamento é o tipo de autorização de

exploração predominante (Tabela 6).

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52

Tabela 6. Caracterização dos empreendimentos de extração de areia por cava e leito na

Bacia do Rio Corumbataí, SP, em relação à área de lavra (ha), tipo de

autorização e destino da areia produzida

Tipo de Área de lavra (ha) Concessão Licenciamento Guia de Construção Uso extração Máx. Mín. Med. de lavra utilização Civil Industrial

Cava 655 9,91 125 42% 16% 42% 50% 50%

Leito 257 0,71 42 30% 43% 26% 78% 22%

O licenciamento é um regime que depende da autorização do proprietário do solo

para exploração, além de depender, segundo PEQUENA e média mineração... (1997), de

um bom relacionamento nas prefeituras, já que cabe às autoridades municipais da jazida

a outorga da licença específica que será posteriormente avaliada junto ao DNPM.

Além disso, o regime de licenciamento é exclusivo aos empreendimentos de

produção de areia de emprego imediato na construção civil, que é o caso de 78% dos

empreendimentos de leito da bacia e apenas de 50% dos de cava (Tabela 6). Também é

exclusivo aos empreendimentos com área máxima de 50 ha, como são os casos de 83%

dos empreendimentos de leito e de 58% dos de cava.

As areias de uso industrial, que correspondem a 50% da produção dos

empreendimentos de cava e apenas 22% dos de leito (Tabela 6), contrariamente daquelas

utilizadas na construção civil, vinculam-se ao regime de autorização e concessão de

lavra, em que estão previstas duas fases distintas, a de autorização de pesquisa e a de

concessão de lavra.

A maioria da areia de uso industrial da bacia está destinada a confecção de

moldes para fundição de ferro, aço e outros metais (Anexo A) em função da

predominância de areia de granulometria fina na bacia.

Atualmente, está autorizada pelo DNPM a exploração de 2476,87 ha de lavra na

bacia, sendo que pouco mais que um terço dessa área está destinada à extração de areia

por dragagem. As unidades de extração por cava possuem área média de lavra três vezes

maior que as unidades de leito (Tabela 6).

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53

Considerando as definições da Resolução SMA 26/93, observou-se que enquanto

os empreendimentos de cava são em sua maioria de médio a grande porte, os

empreendimentos de leito são de pequeno a médio porte (Tabela 7).

Tabela 7. Percentagem de pequenos, médios e grandes empreendimentos de extração de

areia por cava e leito na Bacia do Rio Corumbataí, SP

Tipo de Tamanho extração Pequeno Médio Grande

Cava 8% 67% 25%

Leito 22% 74% 4%

A Resolução SMA 26/93 considera como pequeno empreendimento aquele com

área inferior a 10 ha e produção menor que 1000m3/mês; médio empreendimento, aquele

com área entre 10 e 100 ha e produção entre 1000 e 5000m3/mês e grande

empreendimento aquele com área superior a 100 ha e produção superior a 5000m3/mês.

A bacia em estudo produz um total de cerca de 70.000.000 m3/mês de areia, com

produção bastante variável entre as unidades de extração. A produção dos

empreendimentos de cava é, assim como as áreas de lavra, superior em um terço a

produção em leito (Figura 13).

Quando comparada com a produção de grandes centros produtores, como o Vale

do Paraíba, a produção da bacia não é tão significativa, pois representa cerca de 10%

dessa produção, segundo valores apresentados por Bauermeister et al. (1997) e Akimoto

(2001).

De acordo com a opção do minerador em relação ao regime de exploração

mineral, há uma diferença no tempo de obtenção dos diplomas legais. O regime por

licenciamento, apesar de ser mais ágil na sua obtenção, representa uma menor segurança

ao proprietário, uma vez que essa licença é normalmente concedida por um ano.

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60005000

26431796

800120

01000200030004000500060007000

CAVA LEITOProd

ução

(m

etro

cúb

ico/

mês

) Máximo Média Mínimo

Figura 13 - Produção máxima, mínima e média de areia (m3/mês) dos empreendimentos

da Bacia do Rio Corumbataí, SP

Os empreendimentos da bacia regularizados pelo regime de licenciamento

aguardaram em média dois anos para a obtenção desse diploma legal, enquanto que os

regularizados pelo regime de concessão aguardaram em média seis anos, o

correspondente a três para obtenção da autorização de pesquisa e outros três para

concessão de lavra (Figura 14). Isso sem contar o tempo de pesquisa mineral da jazida.

12

5

8

3 2,6 21

0 00

3

6

9

12

15

TAP TCL TL

Autorizações DNPM

Tem

po (a

nos)

Máximo Média Mínimo

Figura 14 - Tempos máximo, mínimo e médio de obtenção dos diplomas legais de

exploração mineral junto ao DNPM para os empreendimentos da Bacia do

Rio Corumbataí, SP. TAP – Tempo de Aproveitamento de Pesquisa, TCL

– Tempo de Concessão de Lavra e TL – Tempo de Licenciamento

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O tempo médio de concessão de lavra é ainda maior quando se considera o

período de pesquisa mineral, que normalmente gira em torno de dois anos.

Ao contrário do normalmente relatado pelos empreendedores, o tempo para

obtenção das licenças ambientais junto à CETESB não parece ser o único e principal

responsável pelo impasse no processo de regularização da atividade, já que foi, na

maioria das vezes, inferior ao necessário à obtenção das autorizações minerais. Em

média, as licenças foram obtidas no prazo de dois anos; um ano para obtenção da

Licença de Instalação (LI) e outro para a Licença de Operação (LO) (Figura 15).

53

132

11 171 1

025

5075

100125

150

TLI TLO

Licenças CETESB

Tem

po (

mes

es)

Máximo Média Mínimo

Figura 15 - Tempos máximo, mínimo e médio de obtenção das Licenças Ambientais

junto à CETESB para os empreendimentos da Bacia do Rio Corumbataí,

SP. TLI – Tempo de Licença de Instalação e TLO – Tempo de Licença de

Operação

No entanto, o tempo para obtenção dessas licenças, em 68% dos casos, ainda está

acima do prazo determinado pela Resolução CONAMA 237/97, em que a LI deve ser

obtida no prazo de dois a seis meses. Na maioria das vezes, o atraso esteve relacionado

com a falta de documentações para a continuidade do processo ou com a espera da

obtenção de respostas de órgãos inter-relacionados.

De acordo com os registros do Cadastro Mineiro do DNPM, existem atualmente

16 empresas solicitando Requerimento de Pesquisa, 43 estão em fase de Autorização de

Pesquisa e 21 em fase de solicitação de Requerimento de Lavra. Essas constatações

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mostram que na construção de um cenário futuro para a bacia, a extração de areia tem

boas perspectivas de continuidade, embora muitos empreendedores estejam prevendo o

abandono das áreas pela pouca rentabilidade das jazidas.

4.2 Análise da recuperação das APPs

Do total de 23 empreendimentos de extração de areia de leito de rio encontrados

na Bacia do Rio Corumbataí, apenas dois (Portos 22 e 23) não foram visitados, por

recusa dos proprietários na autorização da pesquisa. Nesses dois casos, a coleta de dados

se restringiu aos projetos de revegetação disponíveis na CETESB, que são de livre

consulta pública.

Durante a visita aos empreendimentos, foi constatado que dois portos (Portos 20

e 21) não tinham as áreas de plantio previstas pelo projeto apresentado aos órgãos

ambientais nos anos de 1999 e 2002, respectivamente. Na verdade, o Porto 21 chegou a

implementar um plantio, fracassado pelas inundações recorrentes no local.

Todas as outras empresas visitadas (Porto 1 ao 19) possuíam alguma faixa de

APP revegetada por plantio de espécies arbóreas, na sua maioria dispostas em linhas.

Essas áreas de plantio foram caracterizadas quanto à sua diversidade florística e, após

zoneamento, quanto à sua fitofisionomia florestal e cobertura da copa.

4.2.1 Caracterização florística

Além das 19 áreas de plantio estudadas, foi realizada a caracterização florística

das 23 listas de espécies dos projetos de recuperação, o que permitiu verificar se esses

projetos foram satisfatórios e efetivamente implantados pelo empreendedor.

4.2.1.1 Composição florística dos plantios

Através do levantamento florístico por caminhamento nas 19 áreas de plantio,

que juntas somaram 14,68 ha (Tabela 5), foram registradas 137 espécies arbóreas,

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pertencentes a 88 gêneros e 41 famílias. Do total de espécies registradas, cinco foram

indicadas apenas como gênero, 11 como família e 11 como morfoespécie (Tabela 8). A

não identificação de todos os indivíduos como espécie pode ser atribuída a falta de

material adequado para identificação, como folhas, flores e frutos.

Segundo a classificação sucessional apresentada na Resolução SMA 21/01, das

137 espécies registradas nas áreas de plantio, 62 espécies não foram classificadas por

essa resolução; 50 espécies (66%) são pioneiras (P) e 26 (34%) não-pioneiras (NP)

(Tabela 8).

De acordo com a classificação sucessional descrita na literatura consultada e nas

observações de campo, 32 espécies (35%) são pioneiras (Pi), 33 (37%) secundárias

iniciais (Si), 25 (28%) secundárias tardias (St) e 48 não foram caracterizadas (Nc);

(Tabela 8). Deve-se salientar que essa distribuição em categorias de sucessão está

baseada apenas na riqueza de espécies, tendo sido desconsiderada a densidade de

indivíduos nos plantios.

As famílias Fabaceae (21 espécies), Caesalpiniaceae (14 espécies), Mimosaceae

(14 espécies), Myrtaceae (10 espécies) e Bignoniaceae (7 espécies) apresentaram as

maiores riquezas em espécies (Figura 16) e juntas representaram 12% de todas as

famílias registradas e suas espécies corresponderam a 48% do total de espécies

amostradas nesse levantamento.

Embora a divisão em famílias deste trabalho siga o sistema de Cronquist (1988),

segundo o sistema de Engler (1954) citado por Joly (1993), as três famílias mais

abundantes dessas áreas de plantio, Caesalpiniaceae, Fabaceae e Mimosaceae, formam a

grande família Leguminosae, com 49 espécies.

A família Leguminosae é uma das mais freqüentes em ecossistemas tropicais e é

uma das mais importante do estrato superior das matas ciliares do Estado de São Paulo

(Leitão Filho, 1982). Muitas espécies dessa família fixam nitrogênio através de

associações simbióticas e são importantes sob o ponto de vista econômico e ecológico,

pois podem dispensar o uso total ou parcial de fertilizantes à base de nitrogênio,

contribuindo para a viabilização de reflorestamentos e minimizando possíveis impactos

ambientais decorrentes da utilização de insumos dessa categoria (Barberi et al., 1998).

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

ANACARDIACEAE Astronium sp. Nc

Schinus molle L. aroeira-salsa Pi

Schinus terebinthifolius Raddi aroeira-pimenteira RES/FOD/FES/MC/MP/CER P Pi (1)

ANNONACEAE Xylopia brasiliensis Spreng. pindaíba RES/FOD/FES/MC/MP NP Si (3)

APOCYNACEAE Tabernaemontana hystrix Steud. leiteiro RES/FOD/FES/MC/CER P Nc

Thevetia peruviana (Pers.) K. Schum.* chapéu-de-napoleão Nc

ASTERACEAE Asteraceae sp. Nc

Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera candeia FOD/FOM/FES/MC/MP/CER P Pi (4)

BIGNONIACEAE Jacaranda sp. Nc

Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb. ipê-roxo RES/FOD/MC/CER St

Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A. DC.) Standl. ipê-amarelo-cascudo FOD/FES/MP NP St

Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith ipê-branco FES/FED NP St

Tabebuia sp. Nc

Tabebuia vellosoi Toledo ipê-amarelo-liso FOD/FES/MC NP St (2)

Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ipê-bolsa-de-pastor FOD/FES/MC/CER P Si

BIXACEAE Bixa orellana L.* urucum Nc

BOMBACACEAE Bombacopsis glabra (Pasquale) Robyns* castanha-de-praia Si

Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna paineira FOD/FES/MC/MP/FED P Si (3)

BORAGINACEAE Cordia superba Cham. baba-de-boi FOD/FES/MC P Si

Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. louro-pardo FOD/FES/MC/CER NP Si (5)

BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand almecega FOD/FES/MC/MP/CER NP Si

CAESALPINIACEAE Bauhinia bongardii Steud. pata-de-vaca Si

58

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

Bauhinia forficata Link pata-de-vaca FOD/FES/MC P Pi (3)

Caesalpinia echinata Lam.* pau-brasil St

Caesalpinia ferrea Mart.* pau-ferro St

Caesalpinia pluviosa DC.* sibipiruna Nc

Caesalpinia sp. Nc

Cassia ferruginea (Schrader) Schrader ex DC. chuva-de-ouro FOD/FES/MC P St (3)

Cassia sp. Nc

Copaifera langsdorffii (Desf.) Kuntze óleo-de-copaíba FOD/FES/MC/MP/FED/CER NP St (1)

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Y.T. Lee & Langenh. jatobá FOD/FES/MC NP St (2)

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. canafístula FOD/FES/MC/FED/CER P Si (5)

Pterogyne nitens Tul. amendoin-do-campo FOD/FES/MC P Pi

Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake ficheira RES/FOD/FES/MC P Pi (3)

Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby cassia-do-nordeste FES Pi

CARICACEAE Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. jaracatiá FOD/FES/MC P Pi (5)

CECROPIACEAE Cecropia glaziovi Snethlage embaúba-vermelha RES/FOD/FES/MC Pi (2)

Cecropia pachystachya Trécul embaúva-branca RES/FOD/FES/MC/MP/CER P Pi (1)

CHRYSOBALANACEAE Licania tomentosa (Benth.) Fritsch* oiti Nc

CLUSIACEAE Calophyllum brasiliense Cambess. guanandi RES/FOD/FES/MC/MP NP Nc

COMBRETACEAE Terminalia brasiliensis (Cambess. ex A. St.-Hil.)

Eichler capitão-do-campo FOD/FES/MC/MP/CER NP St

EUPHORBIACEAE Alchornea glandulosa Poepp. tapiá-guaçu RES/FOD/FES/MC/MP P Pi (3)

Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. tapiá RES/FOD/FOM/FES/MC/MP/CER Pi (1)

Croton floribundus Spreng. capixingui FOD/FES/MC/MP/CER P Pi (1) 59

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

Croton urucurana Baill. sangra-d´água FOD/FES/MC P Pi

Sapium glandulatum (Vell.) Pax leiteira RES/FOD/FOM/FES/MC/MP/CER P Pi (1)

FABACEAE Centrolobium tomentosum Guillemin ex Benth. araribá RES/FOD/FES/MC/CER P Si (4)

Clitoria fairchildiana R. A. Howard* sombreiro Nc

Dalbergia brasiliensis Vogel caroba-brava FOD/FES/MC St (1)

Dalbergia sp. Nc

Erythrina crista-galli L. crista-de-galo FOD/FES/MC P Si

Erythrina falcata Benth. suinã FOD/FOM/FES/MC/MP P Si

Erythrina mulungu Mart. mulumgu FES P Nc

Erythrina speciosa Andrews suinã-vermelho RES/FOD P Si

Erythrina velutina Willd. corticeira Nc

Erythrina verna Vell. mulungu-coral FES P Nc

Lonchocarpus guillemineanus (Tul.) Malme embira-de-sapo RES/FOD/FES/MC P Si (3)

Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. feijão-cru FOD/FES/MC P Si (5)

Machaerium acutifolium Vogel bico-de-pato FOD/MC/CER NP Pi

Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. bico-de-pato RES/FOD/FES/MC/MP/FED P Si (1)

Machaerium opacum Vogel* jacarandá-do-cerrado Nc

Macherium sp. Nc

Myroxylon peruiferum L. f. (VU) cabreúva FOD/FES/MC/MP/FED NP St (3)

Ormosia arborea (Vell.) Harms olho-de-cabra RES/FOD/FES/MC/CER NP St (3)

Platypodium elegans Vogel amendoim-do-campo FOD/FES/MC/MP/CER NP Si (4)

Poecilanthe parviflora Benth. coração-de-negro FES/MC NP St

60

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

FLACOURTIACEAE Casearia gossypiosperma Briq. pau-espeto FOD/FES/MC/CER NP Si (3)

Casearia sylvestris Sw. guaçatonga RES/FOD/FES/MC/MP/CER P Pi (1)

LAURACEAE Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez canela FOD/FES/MC NP Pi

LECYTHIDACEAE Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze jequitibá-branco RES/FOD/FES/MC/MP/CER NP St (1)

LYTHRACEAE Lafoensia pacari A. St.-Hil. dedaleiro RES/FOD/FOM/FES/MC/MP/FED/CER P Si (4)

MELIACEAE Cabralea canjerana (Vell.) Mart. canjerana RES/FOD/FOM/FES/MC/MP/CER NP St (2)

Cedrela fissilis Vell. cedro FOD/FOM/FES/MC/MP/CER P Si (1)

Guarea guidonia (L.) Sleumer marinheiro FOD/FES/MC/MP P St

Meliaceae sp. Nc

Trichilia sp. Nc

MIMOSACEAE Acacia mangium Willd.* acácia Nc

Acacia polyphylla DC. monjoleiro RES/FOD/FES/MC/FED/CER P Pi (3)

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan angico-branco FOD/MC/CER P Pi

Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan angico-vermelho FES/MC P Pi

Anadenanthera peregrina (L.) Speg. angico-vermelho FOD/FES/CER Pi

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong orelha-de-negro FOD/FES/MC P Si (4)

Inga laurina (Sw.) Willd. ingá RES/FOD/FES/MC/MP NP Si (3)

Inga marginata Willd. ingá-feijão RES/FOD/FES/MC/MP P Si

Inga vera Willd. ingá FOD/FES/MC P Si (4)

Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit* leucena Nc

Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze maricá RES/FOD/FES/MC P Nc

Mimosa caesalpiniifolia Benth.* sansão-do-campo Pi

61

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J. F. Macbr. pau-jacaré RES/FOD/FES/MC/MP/CER P Si (1)

Plathymenia reticulata Benth. candeia FOD/CER Nc

MORACEAE Ficus guaranitica Chodat figueira RES/FOD/FES/MC/MP/FED/CER P St (3)

Morus alba L.* amoreira Nc

MYRSINACEAE Rapanea sp. Nc

MYRTACEAE Calyptranthes lucida DC. goiabinha St

Eucalyptus citriodora Hook* eucalipto-cheiroso Nc

Eugenia brasiliensis Lam. (VU) grumixama RES/FOD/FOM/FES NP St

Eugenia involucrata DC. cerejeira FOD/FOM/FES/MC NP Si (3)

Eugenia pyriformis Cambess. uvaia FOD/FES/MC/CER NP St

Eugenia sp. Nc

Eugenia uniflora L. pitanga FOD/FOM/FES/MC/FED NP St (5)

Psidium cattleyanum Sabine araça RES/FOD P Si (1)

Psidium guajava L. goiaba Pi

Syzygium cumini (L.) Skeels* jambolão Nc

OLEACEAE Ligustrum japonicum Thunb.* alfeneiro Nc

PINACEAE Pinus taeda L.* pinheiro Nc

POLYGONACEAE Triplaris americana L. pau-formiga Si

RHAMNACEAE Rhamnidium elaeocarpum Reissek saguaraji FOD/FES/MC P Si (3)

ROSACEAE Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.* ameixa Nc

Prunus myrtifolia (L.) Urb. pessegueiro-bravo RES/FOD/FOM/FES/MC/MP/CER P Si (1)

RUBIACEAE Genipa americana L. genipapo FES/MC NP St

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

Rubiaceae sp. Nc

RUTACEAE Metrodorea nigra A. St.-Hil. carrapateiro FOD/FES/MC/MP/FED Si (3)

Rutaceae sp. Nc

Zanthoxylum rhoifolium Lam. mamica-de-cadela FOD/FOM/FES/MC/MP/FED/CER P Pi (1)

Zanthoxylum sp. mamica-de-porca Nc

SALICACEAE Salix humboldtiana Willd. salgueiro MC Pi

SAPINDACEAE Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A. Juss.)

Radlk. chau-chau FOD/FOM/FES/MC/MP/CER P Pi (1)

Sapindaceae sp. Nc

SAPOTACEAE Pouteria torta (Mart.) Radlk. abiu-piloso FOD/FES/CER NP St

SOLANACEAE Solanum paniculatum L. jurubeba FOD/FES/MC/FED/CER Pi

STERCULIACEAE Guazuma ulmifolia Lam. mutambo FOD/FES/MC/CER P Pi

TILIACEAE Heliocarpus popayanensis Kunth algodoeiro FES/MC P Pi

Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo-miúda FOD/FES/MC/MP/FED/CER P Si (1)

Luehea grandiflora Mart. açoita-cavalo-graúdo FOD/FES/MC/CER P Si (4)

ULMACEAE Trema micrantha (L.) Blume pau-pólvora RES/FOD/FES/MC/CER P Pi (1)

VERBENACEAE Citharexylum myrianthum Cham. pau-viola RES/FOD/FES/MC/MP P Pi (1)

MORFOESPÉCIES Indeterminada 1 Nc

Indeterminada 2 Nc

Indeterminada 3 Nc

Indeterminada 4 Nc

Indeterminada 5 Nc

Indeterminada 6 Nc 63

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Tabela 8. Lista de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas de plantios dos portos de areia de leito de rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome Popular Ecossistema/Bioma** CS***

SMA Lit.

Indeterminada 7 Nc

Indeterminada 8 Nc

Indeterminada 9 Nc

Indeterminada 10 Nc

Indeterminada 11 Nc * Espécie exótica para o Estado de São Paulo. ** Ocorrências naturais nos biomas/ecossistemas do Estado de São Paulo (Resolução SMA 47/2003). RES = Vegetação de Restinga; FOD = Floresta Ombrófila Densa; FON = Floresta Ombrófila Mista; FES = Floresta Estacional Semidecidual; MC = Mata Ciliar; MP = Mata Paludosa; FED = Floresta Estacional Decidual; e CER = Cerrado. *** Classificações sucessionais segundo literatura disponível e Resolução SMA 21/2001. P = pioneira ou secundária inicial; NP = secundária tardia ou clímax; Pi = pioneira; Si = secundária inicial; e St = secundária tardia. (1) - Gandolfi et al. (1995); (2) - Leitão Filho et al. (1993); (3) - Bernaci e Leitão Filho (1996); (4) Ivanauskas et al. (1999); e (5) Fonseca et al. (2000). VU - categoria Vulnerável das espécies ameaçadas de extinção para o Estado de São Paulo de acordo com a Resolução SMA 48/2004.

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4133

455

710

1414

21

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Outas famíliasTiliaceae

AnacardiaceaeRutaceae

MeliaceaeEuphorbiaceae

BignoniaceaeMyrtaceae

MimosaceaeCaesalpiniacea

Fabaceae

Fam

ílias

Número de espécies

Figura 16 - Distribuição do número de espécies por família para as 19 áreas de plantio

dos portos de areia de leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP

O uso de Leguminosae consiste em uma estratégia importante nos processos de

restauração e recuperação. Por isso, espécies deste grupo têm sido largamente utilizadas

nos projetos de revegetação de áreas degradadas. Essa estratégia pode garantir a

sustentabilidade do ecossistema através dos seus efeitos diretos na matéria orgânica,

aumentando a retenção de água, a estabilidade dos agregados do solo, a disponibilidade

de nitrogênio no sistema e a diversidade e atividade biológicas no solo, além de reduzir a

lixiviação e os processos erosivos (Maschio et al., 1992 e Parrota, 1992 citados por

Barberi et al., 1998).

Embora Myrtaceae não seja uma família de importância na fixação de nitrogênio,

essa família assume grande importância ecológica em ambientes de vegetações ripárias

naturais. Rodrigues & Nave (2000) apresentaram os resultados de quarenta e três

trabalhos realizados em florestas ciliares do Brasil extra amazônico em que Myrtaceae

foi família de maior riqueza florística, com 106 espécies arbustivo-arbóreas. A riqueza

florística dessa família em matas ciliares naturais tem sido verificada por diversos

autores (Bertani et al., 2001; Sanchez et al., 1999; Sampaio et al., 1997; Felfili, 1994;

Salis et al., 1994).

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Apesar do grande número de espécies arbóreas registradas nas 19 áreas (137

espécies), houve uma má distribuição delas nos plantios, com ocorrência de poucas

espécies na maioria das áreas (Tabela 9). Em média, foram identificadas 25 espécies por

área de plantio. Há casos em que a diversidade foi inferior a 10 espécies, como o Porto

1, em que foi plantada apenas a espécie Salix humboldtiana, e os Portos 7 e 10. Em

contrapartida, foram registradas 62 espécies no Porto 6 em uma área de 4,24 ha, e 43

espécies no Porto 13 em 0,27 ha.

Além disso, 59 espécies (39% das listadas) foram amostradas em apenas uma das

áreas de plantio e 26 espécies (58%) em uma ou duas das áreas de plantio. Foram

utilizadas as mesmas 11 espécies (8%) em quase metade das áreas de plantio (47%)

(Tabela 9).

Resultados semelhantes foram encontrados por Barbosa et al. (2003) na

investigação de 98 áreas de recuperação florestal no Estado de São Paulo a partir de

plantio de espécies nativas. Os referidos autores ressaltam, entre outras condicionantes, a

aplicação de um maior número de espécies (maior riqueza) como condição para o

sucesso do plantio.

A biodiversidade das matas ciliares é um aspecto muito importante a ser

considerado na recuperação dessa formação (Barbosa, 2000). Desta forma, a diversidade

de espécies arbóreas de uma floresta implantada deve ser o mais semelhante possível à

que ocorre naturalmente.

O número de espécies arbóreas encontradas em matas ciliares naturais da região é

muito superior ao registrado nessas áreas de plantios. Bertani et al. (2001) registraram

107 espécies em 0,36 ha de um fragmento de floresta ribeirinha do Rio Passa Cinco,

Ipeúna, SP e; Salis et al. (1994) encontraram 81 espécies em 0,30 ha de um

remanescente de mata ciliar do Rio Jacaré-Pepira, Brotas, SP.

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Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie*** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Croton urucurana x x x x x x x x x x x x x x x 15 79

Enterolobium contortisiliquum x x x x x x x x x x x x x x x 15 79

Inga vera x x x x x x x x x x x x x x x 15 79

Citharexylum myrianthum x x x x x x x x x x x x x 13 68

Schinus terebinthifolius x x x x x x x x x x x x 12 63

Ceiba speciosa x x x x x x x x x x x x 12 63

Peltophorum dubium x x x x x x x x x x x x 12 63

Schizolobium parahyba x x x x x x x x x x x x 12 63

Psidium guajava x x x x x x x x x x x 11 58

Syzygium cumini* x x x x x x x x x x 10 53

Luehea divaricata x x x x x x x x x 9 47

Gochnatia polymorpha x x x x x x x x 8 42

Tabebuia avellanedae x x x x x x x x 8 42

Cordia superba x x x x x x x x 8 42

Pterogyne nitens x x x x x x x x 8 42

Alchornea triplinervia x x x x x x x x 8 42

Croton floribundus x x x x x x x x 8 42

Genipa americana x x x x x x x x 8 42

Trema micrantha x x x x x x x x 8 42

Eugenia uniflora x x x x x x x 7 37

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa x x x x x x 6 32

Centrolobium tomentosum x x x x x x 6 32

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Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Erythrina mulungu x x x x x x 6 32

Luehea grandiflora x x x x x x 6 32

Cecropia pachystachya x x x x x 5 26

Machaerium nyctitans x x x x x 5 26

Acacia polyphylla x x x x x 5 26

Psidium cattleyanum x x x x x 5 26

Triplaris americana x x x x x 5 26

Metrodorea nigra x x x x x 5 26

Guazuma ulmifolia x x x x x 5 26

Heliocarpus popayanensis x x x x x 5 26

Bombacopsis glabra* x x x x 4 21

Protium heptaphyllum x x x x 4 21

Caesalpinia ferrea* x x x x 4 21

Licania tomentosa* x x x x 4 21

Lonchocarpus guillemineanus x x x x 4 21

Casearia sylvestris x x x x 4 21

Cabralea canjerana x x x x 4 21

Anadenanthera colubrina x x x x 4 21

Eugenia pyriformis x x x x 4 21

Rhamnidium elaeocarpum x x x x 4 21

Eriobotrya japonica* x x x x 4 21

Solanum paniculatum x x x x 4 21

68

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69 Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Schinus molle x x x 3 16

Jacaranda sp. x x x 3 16

Cordia trichotoma x x x 3 16

Bauhinia bongardii x x x 3 16

Erythrina crista-galli x x x 3 16

Erythrina verna x x x 3 16

Myroxylon peruiferum (VU) x x x 3 16

Ormosia arborea x x x 3 16

Poecilanthe parviflora x x x 3 16

Anadenanthera macrocarpa x x x 3 16

Inga marginata x x x 3 16

Morus alba* x x x 3 16

Eugenia brasiliensis (VU) x x x 3 16

Rutaceae sp. x x x 3 16

Tabebuia sp. x x 2 10

Tabebuia chrysotricha x x 2 10

Zeyheria tuberculosa x x 2 10

Bixa orellana L.* x x 2 10

Bauhinia forficata x x 2 10

Caesalpinia pluviosa* x x 2 10

Cassia sp. x x 2 10

Copaifera langsdorffii x x 2 10

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Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Erythrina speciosa x x 2 10

Lonchocarpus muehlbergianus x x 2 10

Lafoensia pacari x x 2 10

Guarea guidonia x x 2 10

Trichilia sp. x x 2 10

Acacia mangium* x x 2 10

Inga laurina x x 2 10

Leucaena leucocephala* x x 2 10

Mimosa caesalpiniifolia* x x 2 10

Piptadenia gonoacantha x x 2 10

Plathymenia reticulata x x 2 10

Ficus guaranitica x x 2 10

Eucalyptus citriodora* x x 2 10

Eugenia involucrata x x 2 10

Ligustrum japonicum* x x 2 10

Prunus myrtifolia x x 2 10

Zanthoxylum rhoifolium x x 2 10

Zanthoxylum sp. x x 2 10

Astronium sp. x 1 5

Xylopia brasiliensis x 1 5

Tabernaemontana hystrix x 1 5

Thevetia peruviana* x 1 5

70

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Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Asteraceae sp. x 1 5

Tabebuia roseoalba x 1 5

Tabebuia vellosoi x 1 5

Caesalpinia echinata* x 1 5

Caesalpinia sp. x 1 5

Cassia ferruginea x 1 5

Senna spectabilis x 1 5

Jacaratia spinosa x 1 5

Cecropia glaziovi x 1 5

Calophyllum brasiliense x 1 5

Terminalia brasiliensis x 1 5

Alchornea glandulosa x 1 5

Sapium glandulatum x 1 5

Clitoria fairchildiana* x 1 5

Dalbergia brasiliensis x 1 5

Dalbergia sp. x 1 5

Erythrina falcata x 1 5

Erythrina velutina x 1 5

Machaerium acutifolium x 1 5

Machaerium opacum* x 1 5

Macherium sp. x 1 5

Platypodium elegans x 1 5

71

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Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Casearia gossypiosperma x 1 5

Nectandra megapotamica x 1 5

Cariniana estrellensis x 1 5

Cedrela fissilis x 1 5

Meliaceae sp. x 1 5

Anadenanthera peregrina x 1 5

Mimosa bimucronata x 1 5

Rapanea sp. x 1 5

Calyptranthes lucida x 1 5

Eugenia sp. x 1 5

Pinus taeda* x 1 5

Rubiaceae sp. x 1 5

Salix humboldtiana x 1 5

Allophylus edulis x 1 5

Sapindaceae sp. x 1 5

Pouteria torta x 1 5

Indeterminada 1 x 1 5

Indeterminada 2 x 1 5

Indeterminada 3 x 1 5

Indeterminada 4 x 1 5

Indeterminada 5 x 1 5

Indeterminada 6 x 1 5

72

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Tabela 9. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas identificadas nas áreas de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie** Porto de Areia N Fa (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Indeterminada 7 x 1 5

Indeterminada 8 x 1 5

Indeterminada 9 x 1 5

Indeterminada 10 x 1 5

Indeterminada 11 x 1 5

Número de espécies plantadas 01 22 25 31 22 62 9 10 22 8 30 14 43 37 21 41 24 31 13 * Espécie exótica para o Estado de São Paulo;

** Espécies organizadas em ordem decrescente de freqüência absoluta (Fa) e de Número de portos (N) com ocorrência da espécie;

VU = espécie vulnerável (Resolução SMA 48/04).

73

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Ainda não se tem consenso científico sobre o número mínimo de espécies a ser

utilizado nesses projetos de recuperação ciliar, mas se aceita que quanto maior o grau de

fragmentação das formações naturais da região, maior deve ser o número de espécies

usadas, tendo como base o número total de espécies amostradas em levantamentos

florísticos de remanescentes florestais da região (Rodrigues & Nave, 2000).

Contudo, a Resolução SMA 21/01, alterada e ampliada pela Resolução SMA

47/03, considerando a baixa diversidade vegetal das áreas reflorestadas com espécies

nativas, nas quais têm sido utilizadas menos de 33 espécies arbóreas, fixa, entre outras

orientações, o número de espécies arbóreas nativas a serem utilizadas nos

reflorestamentos heterogêneos.

A partir da Resolução SMA 21/01, ficou estabelecido que, em áreas de até 1,0

hectare, devem ser utilizadas no mínimo 30 espécies distintas e, em áreas de até 20

hectares, 50 espécies.

Ainda que os plantios de reflorestamento estudados tenham sido elaborados em

data anterior, se aplicada a premissa dessa resolução, 12 dessas áreas (63%) não

cumprem com o número mínimo de espécies proposto (Tabela 9). Das 19 áreas

estudadas, 15 são inferiores a um hectare, com extensão média de 0,37 ha e com número

médio de 21 espécies. As outras quatro áreas de plantio maiores do que 1,0 hectare

tiveram extensão média de 2,27 ha e utilizaram, em média, 37 espécies (Tabelas 5 e 9).

Em estudos efetuados pela SMA foi verificado que poucas espécies vêm sendo

utilizadas nos diferentes modelos de repovoamento florestal em todo o Estado de São

Paulo, muitas vezes com recomendações errôneas, quanto à sua ocorrência natural nos

respectivos biomas (Barbosa & Martins, 2005).

O uso de poucas espécies, em especial, na recuperação de matas ciliares tem

comprometido a principal característica dessas áreas, que é a de eficiente detentora da

biodiversidade. Conforme considera as próprias Resoluções SMA 21/01 e 47/03, a perda

de diversidade biológica significa a redução de recursos genéticos disponíveis ao

desenvolvimento sustentável, na forma de madeira, frutos, forragem, plantas

ornamentais e produtos de interesse alimentar, industrial e farmacológico.

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Segundo estudos de Melo (2004), a opção por plantios com baixa riqueza (até 11

espécies) e baixa densidade (até 1240 plantas/ha) não interfere no desempenho do

reflorestamento quanto à produção de biomassa. Contudo, não se pode negar que esses

modelos podem estar interferindo na biodiversidade natural das matas ciliares.

Um fator fundamental para o sucesso dos plantios consiste na escolha das

espécies mais apropriadas a serem utilizadas. Devem ser priorizadas as espécies do

próprio ecossistema e da região do plantio, pois estas terão muito mais oportunidade de

adaptação ao ambiente, além de garantir a conservação da diversidade regional (Barbosa

& Martins, 2005). O uso de espécies nativas é importante na manutenção de condições e

recursos para a fauna e flora local, reestruturando ou mantendo as interações ecológicas

dentro do ecossistema.

Segundo Kageyama & Gandara (2000), a recomendação para o uso de espécies

nativas em APPs também se deve ao fato de que as espécies que evoluíram naquele local

têm maior probabilidade de ter aí os seus polinizadores, dispersores de sementes e

predadores naturais, sendo importantes para que as populações implantadas tenham sua

reprodução e regeneração natural normais.

Entre as 137 espécies identificadas, 86 (62%) fazem parte da listagem da

Resolução SMA 47/03. Dessas, 87% são indicadas pela resolução como de ocorrência

natural nas matas ciliares do Estado de São Paulo e 18 espécies (13% do total registrado)

são freqüentemente consideradas pela literatura como exóticas para os biomas do estado

(Tabela 8).

Embora não seja recomendado o uso de espécies exóticas na recuperação de

APPs, foi registrada nas áreas de plantio uma alta freqüência de espécies de alguma

importância econômica que, no entanto, não contribuem com a manutenção da

diversidade de espécies nativas do estado, como Syzygium cumini (53% dos plantios),

Bombacopsis glabra (21%), Caesalpinia ferrea (21%), Licania tomentosa (21%) e

Eriobotrya japonica (21%) (Tabela 9).

As Resoluções SMA 21/01 e 47/03 também fixam o uso prioritário das espécies

ameaçadas de extinção, que devem ser, segundo a SMA 21/01, no mínimo cinco em

projetos de até 1,0 hectare e 10 em até 20 hectares. Mais uma vez, considerando a

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76

ressalva da data desses reflorestamentos, esses não cumpriram com a proporção

atualmente estipulada. De todas as espécies utilizadas nos plantios (137), apenas três

(2%) estão ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, segundo a lista oficial

publicada pela Resolução SMA 48/04 (Tabelas 8 e 9).

As espécies mais ocorrentes nas áreas de plantio foram Croton urucurana,

Enterolobium contortisiliquum e Inga vera, em 79% dos portos; Citharexylum

myrianthum, em 68% e; Schinus terebinthifolius, Ceiba speciosa, Peltophorum dubium e

Schizolobium parahyba em 63% dos portos.

Provavelmente essas espécies foram largamente utilizadas em função da

facilidade de obtenção de suas mudas em viveiros florestais do Estado de São Paulo. Na

listagem de espécies arbóreas nativas encontradas em 43 viveiros de mudas do estado,

elaborada por Barbosa & Martins (2005), C. urucurana está disponível em 70% desses

viveiros, E. contortisiliquum (77%), I. vera (65%), C. myrianthum (72%), S.

terebinthifolius (86%), C. speciosa (84%), P. dubium (79%) e S. parahyba (77%).

Além disso, com exceção de P. dubium e S. parahyba, a biologia dessas espécies

possui mecanismos adaptativos como estratégia de ocupação e sobrevivência em áreas

de mata ciliar de terrenos úmidos e periodicamente inundados.

C. urucurana é uma planta pioneira adaptada a terrenos muito úmidos e brejosos,

e é indicada para plantios mistos em áreas ciliares degradadas (Luchi, 2004).

E. contortisiliquum é uma espécie de ampla ocorrência nas matas ciliares (Joly,

1982) que suporta terrenos úmidos ou inundáveis periodicamente, sendo indicada

especialmente para recuperação de áreas degradadas (Durigan et al., 2002).

I. vera é uma espécie típica de mata ciliar (Rodrigues, 1992) que é muito

utilizada em projetos de reflorestamento, já que, conforme descrito por Lieberg & Joly

(1993), não tem seu crescimento inibido pelo alagamento e suas sementes, além de não

serem fotoblásticas, germinam mesmo submersas, originando plântulas capazes de se

desenvolver sob a água.

C. myrianthum é uma espécie recomendada para a recomposição de matas

ciliares em regiões de terra roxa, mesmo em várzeas permanentemente encharcadas

(Durigan, et al., 2002).

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77

S. terebinthifolius é uma espécie que suporta inundações e encharcamento do

solo e geralmente coloniza áreas abertas como margens de rios e terrenos aluviais

(Durigan et al., 2002). Essa espécie é recomendada na recuperação de áreas degradadas

pela extração de areia pelo seu promissor crescimento em altura e desenvolvimento da

copa (Souza et al., 2001).

C. speciosa é uma espécie cujo crescimento também não é inibido pelo

alagamento e que apresenta hipertrofia de suas lenticelas, as quais servem como pontos

de entrada de ar durante períodos de submersão de suas raízes. Ocorre em áreas sujeitas

à inundação esporádicas e na faixa de transição para florestas ciliares (Joly, 1982; Joly &

Crawford, 1982).

4.2.1.2 Composição florística dos projetos

Através da análise dos 23 projetos de plantio das APPs de portos de areia da

bacia hidrográfica em estudo, que juntos somaram 18,4 ha (Tabela 5), foram registradas

177 espécies arbóreas, pertencentes a 112 gêneros e 43 famílias. Do total de espécies

registradas, 11 foram indicadas apenas como gênero. (Tabela 10).

Ao contrário da lista de espécies dos plantios, o número de espécies não-

pioneiras (58%) indicadas nas listagens florísticas dos projetos foi superior ao de

espécies pioneiras (42%) (Tabela 10).

As listagens florísticas dos projetos dos 19 plantios analisados em campo

previam a implantação de plantios com 18% a mais de diversidade em espécies e em

gêneros, além de 9% a mais de áreas recuperadas (16,2 ha).

Ainda que o número de espécies indicadas pelos projetos de plantio seja superior

ao implantado, esse número pode ser considerado insatisfatório. Em média, foram

identificadas 31 espécies por área de plantio, com variação entre 4 e 64 espécies e, se

considerada a Resolução SMA 21/01, 43% (13) dos 23 projetos não cumprem com o

número mínimo de espécies (Tabela 11).

As áreas de 19 projetos são inferiores a 1,0 hectare, com extensão média de 0,49

ha e com número médio de 30 espécies. Embora, na média esses projetos estejam de

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78

acordo com a resolução, mais da metade desses portos (10) não cumprem com o mínimo

em discussão. Os outros projetos de plantio de áreas maiores do que 1,0 hectare tiveram

extensão média de 2,27 ha e indicaram, em média, 45 espécies (Tabelas 5 e 11).

As famílias Fabaceae (21 espécies), Caesalpiniaceae (16 espécies), Mimosaceae

(16 espécies), Myrtaceae (13 espécies) e Lauraceae (12 espécies) apresentaram as

maiores riquezas em espécies (Figura 17) e juntas representaram apenas 8% de todas as

famílias registradas nos projetos e suas espécies corresponderam a 44% do total de

espécies.

2633333

444

55555

77

812

131616

21

0 5 10 15 20 25 30

Outras famíliasVerbenaceae

TiliaceaeSolanaceaeSapotaceae

CecropiaceaeLecytidaceaeBombacaceae

ArecaceaeRutaceae

MoraceaeBoraginaceaeApocynaceae

AnacardiaceaeMeliaceae

BignoniaceaeEuphorbiaceae

LauraceaeMyrtaceae

MimosaceaeCaesalpiniaceae

Fabaceae

Fam

ílias

Número de espécies

Figura 17 - Distribuição do número de espécies por família para os 23 projetos de

reflorestamento dos portos de areia de leito de Rio da Bacia do rio

Corumbataí, SP

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79

Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

ANACARDIACEAE Astronium graveolens Jacq. guaritá NP

Lithraea molleoides (Vell.) Engl. aroeira-mansa P

Myracrodruon urundeuva Allemão (VU) aroeira NP

Schinus terebinthifolius Raddi aroeira-pimenteira P

Tapirira guianensis Aubl. peito-de-pomba P

ANNONACEAE Annona cacans Warm. araticum-cagão P

Duguetia lanceolata A. St.-Hil. corticeira NP

APOCYNACEAE Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg. peroba-poca NP

Aspidosperma parvifolium A. DC. guatambu-oliva NP

Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. peroba-rosa NP

Aspidosperma ramiflorum Müll. Arg. guatambu NP

Rauvolfia sellowii Müll. Arg. casca d´anta P

ARALIACEAE Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. maria-mole NP

ARECACEAE Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. macaúba NP

Euterpe edulis Mart. (VU) palmito-juçara NP

Euterpe oleracea Mart.* açaí

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman gerivá P

ASTERACEAE Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera candeia P

BIGNONIACEAE Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb. ipê-roxo

Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A. DC.) Standl. ipê-amarelo-cascudo NP

Tabebuia dura (Bureau ex K. Schum.) Sprague & Sandwith ipê-do-brejo

Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. ipê-rosa NP

Tabebuia sp.

79

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

Tabebuia umbellata (Sond.) Sandwith ipê-da-várzea NP

Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ipê-bolsa-de-pastor P

BOMBACACEAE Bombacopsis glabra (Pasquale) Robyns* castanha-de-praia

Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna paineira P

Eriotheca candolleana (K. Schum.) A. Robyns paineira P

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns imbiruçu P

BORAGINACEAE Cordia ecalyculata Vell. café-de-bugre P

Cordia sellowiana Cham. chá-de-bugre P

Cordia superba Cham. baba-de-boi P

Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. louro-pardo NP

Patagonula americana L. guaiuvira P

BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand almecega NP

CAESALPINIACEAE Bauhinia bongardii Steud. pata-de-vaca

Caesalpinia echinata Lam.* pau-brasil

Caesalpinia ferrea Mart.* pau-ferro

Cassia ferruginea (Schrader) Schrader ex DC. chuva-de-ouro P

Cassia fistula L.* cassia-fístula P

Copaifera langsdorffii (Desf.) Kuntze óleo-de-copaíba NP

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Y.T. Lee & Langenh. jatobá NP

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne jatobá-do-cerrado

Holocalyx balansae Micheli alecrim-de-campinas

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. canafístula P

Pterogyne nitens Tul. amendoin-do-campo P

80

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake ficheira P

Senna alata (L.) Roxb. mata pasto

Senna bicapsularis (L.) Roxb. canudo-de-pito

Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby manduirana P

Senna multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby pau-cigarra P

CARICACEAE Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. jaracatiá P

CECROPIACEAE Cecropia glaziovi Snethlage embaúba-vermelha

Cecropia pachystachya Trécul embaúva-branca P

Cecropia sp. embaúva

CLUSIACEAE Calophyllum brasiliense Cambess. guanandi NP

COMBRETACEAE Terminalia brasiliensis (Cambess. ex A. St.-Hil.) Eichler capitão-do-campo NP

ELAEOCARPACEAE Muntingia calabura L. calabura

EUPHORBIACEAE Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. tapiá

Croton floribundus Spreng. capixingui P

Croton salutaris Casar. caixeta-mole

Croton urucurana Baill. sangra-d´água P

Joannesia princeps Vell. andá-assú

Sapium marginatum Müll. Arg. mata-olho

Savia dictyocarpa Müll. Arg. guaraiuva NP

Sebastiania serrata (Baill. ex Müll. Arg.) Müll. Arg. sebastiana

FABACEAE Centrolobium tomentosum Guillemin ex Benth. araribá P

Clitoria fairchildiana R. A. Howard* sombreiro

Cyclolobium vecchii A. Samp. ex Hoehne louveira NP

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

Dalbergia brasiliensis Vogel caroba-brava

Erythrina crista-galli L. crista-de-galo P

Erythrina falcata Benth. suinã P

Erythrina mulungu Mart. mulumgu P

Erythrina speciosa Andrews suinã-vermelho P

Erythrina verna Vell. mulungu-coral P

Lonchocarpus guillemineanus (Tul.) Malme embira-de-sapo P

Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. feijão-cru P

Lonchocarpus sp. embira-de-sapo

Machaerium acutifolium Vogel bico-de-pato NP

Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. bico-de-pato P

Myrocarpus frondosus Allemão cabreúva-preta NP

Myroxylon peruiferum L. f. (VU) cabreúva NP

Ormosia arborea (Vell.) Harms olho-de-cabra NP

Poecilanthe parviflora Benth. coração-de-negro NP

Pterocarpus rohrii Vahl aldrago P

Pterodon pubescens (Benth.) Benth. faveiro NP

Sesbania virgata (Cav.) Pers. sarãnzinho

FLACOURTIACEAE Casearia sylvestris Sw. guaçatonga P

LAURACEAE Cryptocarya aschersoniana Mez canela-pururuca NP

Cryptocarya moschata Nees & C. Mart. canela

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez canela NP

Nectandra membranacea (Sw.) Griseb. canela-do-brejo

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

Nectandra oppositifolia Nees & Mart. canela amarela

Nectandra rigida (Kunth) Nees canela-ferrugem

Ocotea odorifera (Vellozo) Rohwer canela-sassafrás NP

Ocotea oppositifolia S. Yasuda canela

Ocotea sp.

Persea major (Nees) Kopp canela-do-brejo

Persea pyrifolia (D. Don) Spreng. maçaramduba NP

LECYTHIDACEAE Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze jequitibá-branco NP

Cariniana legalis (Mart.) Kuntze jequitibá-rosa NP

Couroupita guianensis Aubl.* abricó-de-macaco

Lecythis pisonis Cambess. sapucaia

LYTHRACEAE Lafoensia pacari A. St.-Hil. dedaleiro P

MALVACEAE Hibiscus pernambucensis Arruda agodão-de-praia

MELASTOMATACEAE Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. quaresmeira

Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. quaresmeira

MELIACEAE Cabralea canjerana (Vell.) Mart. canjerana NP

Cedrela fissilis Vell. cedro P

Cedrela odorata L. cedro P

Guarea guidonia (L.) Sleumer marinheiro P

Guarea kunthiana A. Juss. cajambo

Swietenia macrophylla King* mogno

Trichilia pallida Sw. catiguá

MIMOSACEAE Acacia polyphylla DC. monjoleiro P

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan angico-branco P

Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. angico-preto P

Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan angico-vermelho P

Anadenanthera peregrina (L.) Speg. angico-vermelho

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong orelha-de-negro P

Inga edulis Mart. ingá-mirim P

Inga marginata Willd. ingá-feijão P

Inga sessilis (Vell.) Mart. ingá NP

Inga sp. ingá

Inga vera Willd. ingá P

Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit* leucena

Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze maricá P

Mimosa sp. bragatinga

Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan angico-da-mata P

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J. F. Macbr. pau-jacaré P

MORACEAE Ficus glabra Vell. figueira

Ficus nymphaeifolia Mill.* figueira-branca

Ficus sp. figueira

Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud taiúva P

Morus sp. amoreira

MYRSINACEAE Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez capororoca P

Rapanea sp.

MYRTACEAE Campomanesia phaea (O. Berg) Landrum cambuci NP

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

Campomanesia sp. grumixama

Eugenia brasiliensis Lam. (categoria VU) grumixama NP

Eugenia involucrata DC. cerejeira NP

Eugenia leitonii Legrand araçaramduba NP

Eugenia pyriformis Cambess. uvaia NP

Eugenia sp.

Eugenia uniflora L. pitanga NP

Hexachlamys edulis (O. Berg) Kausel & D. Legrand cereja-do-rio-grande

Myrciaria trunciflora O. Berg jabuticabeira

Psidium cattleyanum Sabine araça P

Psidium guajava L. goiaba

Syzygium cumini (L.) Skeels* jambolão

PHYTOLACACEAE Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms pau d´alho P

POLYGONACEAE Triplaris sp. pau-formiga

RHAMNACEAE Rhamnidium elaeocarpum Reissek saguaraji P

ROSACEAE Prunus myrtifolia (L.) Urb. pessegueiro-bravo P

RUBIACEAE Genipa americana L. genipapo NP

RUTACEAE Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. pau-marfim NP

Esenbeckia febrifuga (A. St. Hil.) A. Juss. ex Mart. limãozinho

Esenbeckia leiocarpa Engl. guarantã NP

Metrodorea nigra A. St.-Hil. carrapateiro

Zanthoxylum sp. mamica-de-porca

SAPINDACEAE Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A. Juss.) Radlk. chau-chau P

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Tabela 10. Lista de espécies arbóreas indicadas nos 23 projetos de reflorestamento dos portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Família Espécie Nome popular CS**

SAPOTACEAE Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl. aguaí NP

Pouteria sp. guapeba

Pouteria torta (Mart.) Radlk. abiu-piloso NP

SOLANACEAE Solanum granuloso-leprosum Dunal gravitinga P

Solanum pseudoquina A. St.-Hil. cuivira

Solanum sp.

STERCULIACEAE Guazuma sp.

Guazuma ulmifolia Lam. mutambo P

TILIACEAE Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo-miúda P

Luehea grandiflora Mart. açoita-cavalo-graúdo P

Luehea sp. açoita-cavalo

ULMACEAE Trema micrantha (L.) Blume pau-pólvora P

VERBENACEAE Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. lixa P

Citharexylum myrianthum Cham. pau-viola P

Vitex polygama Cham. tarumã NP

VOCHYSIACEAE Callisthene major Mart. pau-de-pilão

* Espécie exótica para o Estado de São Paulo ** classificações sucessionais segundo Resolução SMA 21/01. P = pioneira ou secundária inicial; NP = secundária tardia ou clímax; VU - categoria Vulnerável das espécies ameaçadas de extinção para o Estado de São Paulo de acordo com a Resolução SMA 48/200.

86

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Croton urucurana x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 19 83

Croton floribundus x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18 78

Psidium guajava x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18 78

Genipa americana x x x x x x x x x x x x x x x x x x 18 78

Copaifera langsdorffii x x x x x x x x x x x x x x x 15 65

Eugenia pyriformis x x x x x x x x x x x x x x 14 61

Luehea divaricata x x x x x x x x x x x x x x 14 61

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa x x x x x x x x x x x x x 13 56

Inga sp. x x x x x x x x x x x x x 13 56

Cariniana legalis x x x x x x x x x x x x 12 52

Eugenia uniflora x x x x x x x x x x x x 12 52

Peltophorum dubium x x x x x x x x x x x 11 48

Cariniana estrellensis x x x x x x x x x x x 11 48

Anadenanthera macrocarpa x x x x x x x x x x x 11 48

Trema micrantha x x x x x x x x x x x 11 48

Tapirira guianensis x x x x x x x x x x 10 43

Aspidosperma polyneuron x x x x x x x x x x 10 43

Acacia polyphylla x x x x x x x x x x 10 43

Inga vera x x x x x x x x x x 10 43

Psidium cattleyanum x x x x x x x x x x 10 43

Schinus terebinthifolius x x x x x x x x x 9 39

Ceiba speciosa x x x x x x x x x 9 39

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Cordia superba x x x x x x x x x 9 39

Cecropia sp. x x x x x x x x x 9 39

Erythrina falcata x x x x x x x x x 9 39

Casearia sylvestris x x x x x x x x x 9 39

Cedrela fissilis x x x x x x x x x 9 39

Myrciaria trunciflora x x x x x x x x x 9 39

Centrolobium tomentosum x x x x x x x x 8 35

Myroxylon peruiferum (VU) x x x x x x x x 8 35

Enterolobium contortisiliquum x x x x x x x x 8 35

Ficus sp. x x x x x x x x 8 35

Gochnatia polymorpha x x x x x x x 7 30

Pseudobombax grandiflorum x x x x x x x 7 30

Lonchocarpus guillemineanus x x x x x x x 7 30

Eugenia involucrata x x x x x x x 7 30

Esenbeckia leiocarpa x x x x x x x 7 30

Syagrus romanzoffiana x x x x x x 6 26

Tabebuia avellanedae x x x x x x 6 26

Cecropia pachystachya x x x x x x 6 26

Erythrina mulungu x x x x x x 6 26

Lonchocarpus muehlbergianus x x x x x x 6 26

Nectandra megapotamica x x x x x x 6 26

Ocotea puberula x x x x x x 6 26

88

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Luehea grandiflora x x x x x x 6 26

Annona cacans x x x x x 5 22

Aspidosperma cylindrocarpon x x x x x 5 22

Alchornea triplinervia x x x x x 5 22

Ormosia arborea x x x x x 5 22

Cryptocarya aschersoniana x x x x x 5 22

Nectandra rigida x x x x x 5 22

Ocotea odorifera x x x x x 5 22

Syzygium cumini* x x x x x 5 22

Zanthoxylum sp. x x x x x 5 22

Citharexylum myrianthum x x x x x 5 22

Duguetia lanceolata x x x x 4 17

Euterpe edulis (VU) x x x x 4 17

Cordia trichotoma x x x x 4 17

Protium heptaphyllum x x x x 4 17

Cassia ferruginea x x x x 4 17

Schizolobium parahyba x x x x 4 17

Calophyllum brasiliense x x x x 4 17

Muntingia calabura x x x x 4 17

Cyclolobium vecchii x x x x 4 17

Erythrina verna x x x x 4 17

Nectandra oppositifolia x x x x 4 17

89

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Ocotea sp. x x x x 4 17

Hibiscus pernambucensis x x x x 4 17

Guarea guidonia x x x x 4 17

Trichilia pallida x x x x 4 17

Maclura tinctoria x x x x 4 17

Rapanea sp. x x x x 4 17

Eugenia brasiliensis (VU) x x x x 4 17

Eugenia leitonii x x x x 4 17

Chrysophyllum gonocarpum x x x x 4 17

Pouteria sp. x x x x 4 17

Pouteria torta x x x x 4 17

Guazuma ulmifolia x x x x 4 17

Astronium graveolens x x x 3 13

Myracrodruon urundeuva (VU) x x x 3 13

Aspidosperma ramiflorum x x x 3 13

Tabebuia umbellata x x x 3 13

Patagonula americana x x x 3 13

Holocalyx balansae x x x 3 13

Savia dictyocarpa x x x 3 13

Myrocarpus frondosus x x x 3 13

Tibouchina granulosa x x x 3 13

Cabralea canjerana x x x 3 13

90

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Anadenanthera colubrina x x x 3 13

Piptadenia gonoacantha x x x 3 13

Eugenia sp. x x x 3 13

Triplaris sp. x x x 3 13

Prunus myrtifolia x x x 3 13

Allophylus edulis x x x 3 13

Luehea sp. x x x 3 13

Lithraea molleoides x x 2 9

Aspidosperma parvifolium x x 2 9

Acrocomia aculeata x x 2 9

Tabebuia dura x x 2 9

Tabebuia impetiginosa x x 2 9

Cordia ecalyculata x x 2 9

Bauhinia bongardii x x 2 9

Hymenaea stigonocarpa x x 2 9

Terminalia brasiliensis x x 2 9

Erythrina crista-galli x x 2 9

Poecilanthe parviflora x x 2 9

Nectandra membranacea x x 2 9

Tibouchina stenocarpa x x 2 9

Cedrela odorata x x 2 9

Swietenia macrophylla* x x 2 9

91

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Inga marginata x x 2 9

Ficus nymphaeifolia* x x 2 9

Morus sp. x x 2 9

Balfourodendron riedelianum x x 2 9

Rauvolfia sellowii x 1 4

Dendropanax cuneatus x 1 4

Euterpe oleracea* x 1 4

Tabebuia chrysotricha x 1 4

Tabebuia sp. x 1 4

Zeyheria tuberculosa x 1 4

Bombacopsis glabra* x 1 4

Eriotheca candolleana x 1 4

Cordia sellowiana x 1 4

Caesalpinia echinata* x 1 4

Caesalpinia ferrea* x 1 4

Cassia fistula* x 1 4

Pterogyne nitens x 1 4

Senna alata x 1 4

Senna bicapsularis x 1 4

Senna macranthera x 1 4

Senna multijuga x 1 4

Jacaratia spinosa x 1 4

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Cecropia glaziovi x 1 4

Croton salutaris x 1 4

Joannesia princeps x 1 4

Sapium marginatum x 1 4

Sebastiania serrata x 1 4

Clitoria fairchildiana* x 1 4

Dalbergia brasiliensis x 1 4

Erythrina speciosa x 1 4

Lonchocarpus sp. x 1 4

Machaerium acutifolium x 1 4

Machaerium nyctitans x 1 4

Pterocarpus rohrii x 1 4

Pterodon pubescens x 1 4

Sesbania virgata x 1 4

Cryptocarya moschata x 1 4

Persea major x 1 4

Persea pyrifolia x 1 4

Couroupita guianensis* x 1 4

Lecythis pisonis x 1 4

Lafoensia pacari x 1 4

Guarea kunthiana x 1 4

Anadenanthera falcata x 1 4

93

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Anadenanthera peregrina x 1 4

Inga edulis x 1 4

Inga sessilis x 1 4

Leucaena leucocephala* x 1 4

Mimosa bimucronata x 1 4

Mimosa sp. x 1 4

Parapiptadenia rigida x 1 4

Ficus glabra x 1 4

Rapanea ferruginea x 1 4

Campomanesia phaea x 1 4

Campomanesia sp. x 1 4

Hexachlamys edulis x 1 4

Gallesia integrifolia x 1 4

Rhamnidium elaeocarpum x 1 4

Esenbeckia febrifuga x 1 4

Metrodorea nigra x 1 4

Solanum granuloso-leprosum x 1 4

Solanum pseudoquina x 1 4

Solanum sp. x 1 4

Guazuma sp. x 1 4

Aloysia virgata x 1 4

Vitex polygama x 1 4

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Tabela 11. Matriz binária de presença e ausência das espécies arbóreas indicadas nos projetos de plantios dos portos de areia da

Bacia do Rio Corumbataí, SP

Espécie Porto de Areia N Fa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 (%)

Callisthene major x 1 4

Número total de espécies 04 35 35 19 19 47 31 31 18 21 48 13 49 56 24 64 48 21 15 47 30 42 24

* Espécie exótica para o Estado de São Paulo;

** Espécies organizadas em ordem decrescente de freqüência absoluta (Fa) e de Número de portos (N) com ocorrência da espécie;

VU = espécie vulnerável (Resolução SMA 48/04).

95

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Embora os projetos prescrevam um maior número de famílias, a proporção de

espécies por família é muito semelhante ao aplicado em campo, com exceção de

Lauraceae, que está representada por uma única espécie nos plantios analisados.

Conforme estudos de Sanchez et al. (1999) em áreas ripárias de Mata Atlântica, a

maioria dos indivíduos dessa família é de categorias sucessionais mais avançadas. Essa

seria uma primeira explicação para a baixa ocorrência de indivíduos dessa família nas

áreas de plantio, já que as espécies plantadas são, na sua maioria, de estágios

sucessionais iniciais. Outra explicação plausível é a dificuldade de encontrar mudas de

Lauraceae em viveiros da região, já que estudos de Barbosa & Martins (2005)

mostraram que poucos viveiros têm mudas de Lauraceae disponíveis.

A comparação entre as listas de espécies observada (campo) e esperada (projeto)

(Tabela 8 e 10) permitiu avaliar a percentagem de aproveitamento das listagens

florísticas dos projetos teóricos de recuperação nas implantações florísticas dos plantios

em campo. (Tabela 12).

As espécies utilizadas no campo são consideravelmente diferentes das propostas,

já que, em média, os plantios utilizaram 28% das espécies listadas nos projetos. O

plantio com maior número de espécies comuns ao seu projeto, apresentou 68% de

aproveitamento (Tabela 12).

Considerando que o DEPRN tem dificuldades em vistoriar todas as áreas de

plantio compromissadas e de reconhecer em campo a diversidade de espécies previstas

nos projetos (Beltrão, 2003), não há uma constatação segura de que as espécies que

estão sendo utilizadas em campo sejam adequadas às estruturas e às diversidades

vegetacionais locais. Com isso, mesmo que o projeto de revegetação tenha sito bem

elaborado e rigorosamente analisado pelo DEPRN, não é garantia de efetivação ou de

ganho ambiental.

Além disso, os esforços dos últimos anos, com a publicação das Resoluções

SMA 21/01 e 47/03 que estabeleceram os procedimentos a serem adotados pelo DEPRN

na análise dos projetos de revegetação, podem estar sendo desperdiçados.

A habilitação dos técnicos do DEPRN, no reconhecimento da diversidade de

espécies, exigiria uma especialização técnica acadêmica na área de botânica que nem

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97

sempre é viável em função das inúmeras outras habilidades necessárias às funções que

desempenham (Beltrão, 2003).

Tabela 12. Número de espécies, espécies comuns e percentagem de aproveitamento das

listagens florísticas dos projetos teóricos de recuperação nas implantações

florísticas dos plantios dos portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP

Número de espécies Aproveitamento Portos Projeto Campo Comuns do projeto (%)

1 4 1 0 0,0 2 35 22 11 31 3 35 25 10 29 4 19 31 12 63 5 19 22 9 47 6 47 62 32 68 7 31 9 3 10 8 31 10 4 13 9 18 22 4 22

10 21 8 3 14 11 48 30 11 23 12 13 17 3 23 13 49 43 21 43 14 56 37 16 29 15 24 21 5 21 16 64 41 23 36 17 48 24 8 17 18 21 31 7 33 19 15 13 1 7

Média 31,5 24,7 9,6 28 Mínimo 4 1 0 0,0 Máximo 64 62 32 68

A listagem dos projetos tem apenas quatro espécies (2%) em extinção e

apresentam 6% exóticas (11), com destaque para S. cumini que aparece com freqüência

nos projetos (22%) (Tabela 11). Embora o número de exóticas indicadas nos projetos

seja menor que o observado em campo, ainda assim, o uso de espécies nativas em

projetos de reflorestamento em APP deve ser prioritário, conforme preconiza a

Resolução SMA 21/01, que recomenda o uso de nativas sempre que possível.

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98

As espécies mais ocorrentes nos projetos foram C. urucurana em 83% dos

portos; C. floribundus, Psidium guajava, Genipa americana e Copaifera langsdorffii em

78% e; Eugenia pyriformis e Luehea divaricata em 61% (Tabela 11).

Com exceção de C. urucurana, que foi a espécie de maior ocorrência nos

projetos e plantios, todas as outras espécies, embora sejam de ocorrência natural em

matas ciliares, podem não ter se adaptado bem às condições particulares dessas áreas, ou

ainda, podem simplesmente não ter sido implantadas no campo conforme previsto pelos

seus projetos, o que é mais provável.

Esses resultados demonstraram que, de modo geral, tanto os plantios efetivados,

quanto os projetos de reflorestamento não atendem aos critérios mínimos estabelecidos

pelas Resoluções SMA 21/01 e 47/03. Além disso, confirmaram as expectativas iniciais

de que as condições estabelecidas no projeto de licenciamento dos empreendimentos

para aprovação dos projetos propostos não foram, de modo geral, satisfatoriamente

cumpridas.

Essas contradições, entre as propostas iniciais do projeto aprovadas e as

realmente efetivadas, vêm sendo objeto de muitas discussões e reforça a necessidade de

fortalecimento da etapa de acompanhamento, conforme discute Dias (2001).

4.2.1.3 Similaridade florística

A partir da matriz binária de presença e ausência das espécies registradas nos

plantios e seus projetos (Tabelas 9 e 11), foram calculados os valores do índice de

similaridade de Jaccard (ISJ) entre suas espécies, organizados em duas matrizes de

Jaccard, uma para os plantios e outra para os projetos (Anexos B e C).

Os valores de Jaccard calculados variaram entre zero e um. Áreas de plantios ou

projetos totalmente similares entre si tiveram ISJ = 1,0 e áreas com inexistência de

espécies comuns, tiveram ISJ = 0,0. Foram consideradas similares áreas com ISJ ≥ 0,25,

conforme Mueller-Dombois & Ellenberg (1974).

Os dendrogramas (Figuras 18 e 19) baseados na média aritmética dos índices de

similaridade (UPGMA) tiveram um baixo grau de distorção dos seus valores,

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99

evidenciado por altos coeficientes de correlação cofenética (CC = 0,90 para os plantios,

e CC = 0,98 para os projetos).

A Figura 18 mostra a hierarquia entre os grupos formados a partir da similaridade

de Jaccard entre as 19 áreas de plantio e uma área natural próxima. A área natural

comparada foi a de uma floresta ribeirinha às margens do Rio Passa Cinco, em estudos

realizados por Bertani et al. (2001), em que foram registradas 107 espécies em 0,36 ha

de floresta. Essa comparação foi importante na identificação das áreas de plantios com

florística semelhante às matas ciliares naturais da região.

A partir desse dendrograma (Figura 18), verificou-se que nenhuma das 19 áreas

de plantio estudadas é similar à área de mata ciliar natural (ISJ < 0,25), mas que a

maioria dessas áreas (79%) é similar entre si (ISJ ≥ 0,25).

A alta similaridade entre as áreas 11 e 18 (ISJ = 0,53) e entre as áreas 4 e 5 (ISJ

= 0,39), provavelmente é função do fato de pertencerem aos mesmos proprietários. Além

disso, as áreas 4 e 5 possuem o mesmo projeto de plantio (ISJ = 1,0).

A similaridade entre as áreas 2 e 3 (ISJ = 0,31) pode ser atribuída à aquisição de

mudas em uma mesma compra, conforme relatado pelos proprietários, além do fato de

seus projetos de plantio serem idênticos (ISJ= 1,0).

A dissimilaridade entre a área de plantio 1 a as outras áreas (ISJ = 0,0) é

recorrente do uso de apenas uma espécie (Salix humboldtiana) nesse reflorestamento. As

áreas 7 e 8, ainda que pertencentes ao mesmo proprietário, foram dissimilares entre si

(ISJ = 0,12) e entre as demais áreas (ISJ ≤ 0,12), também em função do baixo número de

indivíduos empregados nesses plantios (9 e 10 espécies, respectivamente).

De maneira resumida, o dendrograma apresentou uma tendência à

homogeneidade florística entre as áreas de plantio, ao contrário do verificado em áreas

naturais, em que ocorre alta riqueza em espécies.

As florestas ciliares apresentam uma grande heterogeneidade florística natural, o

que foi confirmado pelos estudos de Rodrigues & Nave (2000), em que 43 áreas naturais

de mata ciliar formaram um grande número de agrupamentos de similaridade florística

através de classificação de UPGMA.

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Figura 18 - Dendrograma de similaridade de Jaccard entre área natural e 19 áreas de plantio de portos de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP. A linha tracejada indica o valor mínimo de similaridade (Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974)

100

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101

Figura 19 - Dendrograma de similaridade de Jaccard entre área natural e 23 projetos de plantio de portos de areia da Bacia do

Rio Corumbataí, SP. A linha tracejada indica o valor mínimo de similaridade (Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974) 101

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A heterogeneidade florística das matas ciliares é atribuída à heterogeneidade

ambiental, proporcionada pela topografia, luminosidade, encharcamento superficial do

solo (Schiavini, 1992) e pelas flutuações do lençol freático e todos esses associados a

diferentes graus de perturbação antrópica (Bertoni & Martins, 1987; Salis et al., 1994).

A similaridade florística observada entre os plantios é função da baixa riqueza

em espécies utilizadas, a qual é função de uma série de fatores. Entre eles, tem-se a

dificuldade na obtenção de mudas em quantidade, com qualidade e diversidade de

espécies (Santarelli, 2000), a priorização de espécies disponíveis no mercado com baixo

custo financeiro, além de, em alguns casos, já mencionados anteriormente, da

coincidência de proprietários ou responsáveis pela compra das mudas.

Não se pode esquecer da influência das semelhanças ambientais dessas áreas no

estabelecimento das espécies, como a proximidade geográfica, a baixa variabilidade das

condições edáficas e o histórico de uso e de exploração semelhante (item 4.3).

Apesar da recomposição de florestas nativas ser uma das prioridades da política

de meio ambiente do País, em que o Estado de São Paulo participa e possui programas

de incentivo a implantação de florestas voltadas a recuperação de matas ciliares,

atualmente, o maior entrave para a produção de mudas nativas com a diversidade

requerida está na obtenção de sementes (Yamazoe & Vilas Boas, 2003). Isso se agrava

com a restrição da coleta de sementes dentro das Unidades de Conservação apenas para

fins de pesquisa científica, de acordo com a Lei do Sistema de Unidades de Conservação

(SNUC).

O dendrograma apresentado na Figura 19 mostra as relações de similaridade

formadas entre os 23 projetos de plantio e a área natural. Verificou-se que nenhum dos

projetos é similar à área de mata ciliar natural (ISJ < 0,25), mas que 35% deles formam

um grande grupo similar entre si (ISJ ≥ 0,25). Os outros projetos (75%) formam quatro

pequenos grupos que não respondem à similaridade mínima de 0,25 entre eles, mas que,

dentro deles possuem alta similaridade (ISJ ≥ 0,96) e muitas vezes são idênticos (ISJ =

1,0).

Os projetos de maior dissimilaridade foram o Projeto 19 (ISJ ≤ 0,08), que

propunha um plantio de espécies muito distinto dos normalmente empregados nas áreas

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103

de plantio da região e o Projeto 1 (ISJ ≤ 0,13), pela baixa riqueza florística dessa

proposta (quatro espécies).

Muitos projetos (52% deles) apresentaram composição florística idênticas à de

um dos outros projetos que foram elaborados pelas mesmas empresas de consultoria,

aqui denominadas, como A, B e C. Isso ficou evidente na formação de pequenos

subgrupos com ISJ = 1,0 entre os projetos 2 e 3, 4 e 5, 7 e 8 (elaborados pela empresa

A), 11 e 17, 10 e 18 (elaborados pela empresa B), e, 15 e 23 (elaborados pela empresa

C).

A empresa A também elaborou os projetos 2, 3, 6, 7 e 8, que formam um

subgrupo bastante similar (ISJ ≥ 0,9). Os projetos 11, 17, 13 e 20 (ISJ ≥ 0,94), que

também compõem um subgrupo similar, foram todos elaborados pela empresa B.

O dendrograma de similaridade entre os projetos mostrou que, na sua maioria

(78%), esses apresentam uma alta similaridade florística com pelo menos um projeto, o

que é resultante da elaboração de listagens florísticas muito parecidas, ou até mesmo

idênticas, pelas empresas A, B e C.

Se esses projetos fossem realmente implementados, as áreas formadas

apresentariam uma homogeneidade florística com baixa riqueza em espécies que não é

característica de áreas naturais, conforme verificado no dendrograma com o isolamento

da área natural em relação aos projetos apresentados.

Essa alta similaridade encontrada em mais da metade dos projetos é preocupante

com relação à perda de biodiversidade, o que inclui não apenas o número de espécies,

mas também a diversidade genética.

As ações de manejo e restauração de florestas ciliares ainda não são passíveis de

generalizações, devendo ser definidas respeitando as particularidades de cada caso, sob o

risco de comprometimento da biodiversidade e do sucesso da proposta (Rodrigues &

Gandolfi, 1996; Silva Junior et al., 1998, citado por Rodrigues & Nave (2000).

Uma recomendação na elaboração das listagens florísticas dos projetos de

recuperação ciliar é de que sejam utilizadas, além das espécies de ampla distribuição em

formações ciliares e de espécies regionais obtidas em listagens florísticas da região

(Rodrigues & Gandolfi, 2000), espécies locais definidas em um momento anterior à

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104

elaboração do projeto através de levantamento florístico das áreas de mata ciliar

contíguas à área a ser revegetada. Esse não é um procedimento comum entre as

empresas ambientais e não parece ser um procedimento facilmente implementado,

embora venha sendo aplicado por alguns consultores ambientais que consideram essa

fase de pré-projeto essencial no sucesso das áreas restauradas.

4.2.2 Zoneamento dos plantios

Variações na altura e na mortalidade das mudas qualificadas visualmente em

campo permitiram o zoneamento da área de plantio de cada porto visitado em duas ou

três zonas, indicadas neste trabalho por letras “a”, “b” e “c” de acordo com um gradiente

decrescente de altura e de sobrevivência dos plantios (Tabela 13). A Figura 20 apresenta

imagens de algumas zonas de plantio a título de exemplo.

Além de qualificadas visualmente, as variáveis mortalidade e altura também

foram mensuradas nas linhas de plantio (Figuras 21 e 22).

Dos 21 portos de areia visitados, nove (43%) apresentaram alguma irregularidade

na área de efetivação do plantio proposto no projeto de revegetação, o que representou

4,74 ha de áreas de APP não revegetadas (26,2% da área de revegetação prevista pelos

seus projetos), dos quais 2,61ha não foram plantados e 2,13ha de plantio foram

totalmente fracassados. Os portos 16, 20 e 21 representaram 60% dessa área de APP não

revegetada.

A não efetivação dos projetos de plantio aprovados pelo DEPRN pode ser

atribuída a diversos fatores externos, entre eles a negligência por parte do empreendedor,

fortalecida pela ineficiente fiscalização dos órgãos ambientais envolvidos; o alto custo

de implementação dos plantios; e ainda a resistência dos empreendedores no uso da APP

para fins que não econômicos. Esses fatores foram melhor investigados nas entrevistas

realizadas em campo com os empreendedores.

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105

Tabela 13. Zoneamento das áreas de plantio dos 21 portos de areia visitados na Bacia do

Rio Corumbataí, SP. As zonas estão indicadas pelas letras “a”, “b” e “c”, de

acordo com um gradiente decrescente de altura e de sobrevivência dos

plantios. Plantio: EF – efetivado; NEF – não efetivado; T - tentativa

Zonas Área Área Plantio Altura média Mortalidade (ha) (%) EF/NEF/T (m) (%)

1a 0,03 10 EF 7,7 79 1b 0,27 90 NEF 2a 0,7175 41 EF 0,9 45 2b 0,7175 41 EF 0,7 69 2c 0,315 18 NEF 3 1,8 100 EF 1,5 73 4 0,9 100 EF 4,7 21 5 0,6 100 EF 4,3 21 6a 1,06 25 EF 2,8 23 6b 2,12 50 EF 2,1 21 6c 1,06 25 EF 1,3 69 7a 0,28 33 EF 3,9 45 7b 0,66 67 T 100 8a 0,12 33 EF 2,3 95 8b 0,24 67 T 100 9a 0,28 50 EF 3,2 20 9b 0,168 30 EF 3,0 50 9c 0,112 20 EF 1,7 25 10 0,05 100 EF 8,2 76 11a 0,137 50 EF 0,9 11 11b 0,137 50 EF 0,8 57 12a 0,05 33 EF 12b 0,1 67 EF 3,9 78 13 0,27 100 EF 4,2 23 14a 0,59 75 EF 5,6 7 14b 0,2 25 EF 2,6 18 15a 0,435 50 EF 3,3 21 15b 0,217 25 EF 4,8 55 15c 0,2175 25 T 100 16a 0,25 19 EF 4,0 37 16b 1,05 81 NEF 17a 0,499 75 EF 3,2 20 17b 0,166 25 EF 1,3 54 18 0,25 100 EF 1,0 3 19a 0,1 33 EF 0,9 68 19b 0,2 67 T 100 20 0,975 100 NEF 21 0,817 100 T 100

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Figura 20 - Imagens do zoneamento das áreas de plantio dos portos de areia da Bacia do

Rio Corumbataí. As zonas estão indicadas pelas letras “a”, “b” e “c”, de

acordo com um gradiente decrescente de altura e de sobrevivência dos

plantios

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107

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1a 2a 2b 3 4 5 6a 6b 6c 7a 8a 9a 9b 9c 1011a11b12b1314a14b15a15b16a17a17b1819a

Portos de areia

Mor

talid

ade

(%)

Figura 21 - Taxa de mortalidade das mudas nas zonas de plantio dos 19 portos de areia

estudados na Bacia do Rio Corumbataí, SP

0123456789

10111213

1a 2a 2b 3 4 5 6a 6b 6c 7a 8a 9a 9b 9c 1011a11b12b1314a14b15a15b16a17a17b1819a

Portos de areia

Altu

ra (m

)

Figura 22 - Altura máxima, mínima e média das mudas nas zonas de plantio dos 19

portos de areia estudados na Bacia do Rio Corumbataí, SP

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108

Já o fracasso dos plantios pôde ser atribuído a falta de instruções técnicas em

relação às adversidades ambientais observadas em campo, como a ocorrência de

inundações periódicas (Portos 7, 8, 15 e 21) e de solos degradados (Porto 7, 15) ou mal

drenados (Porto 19).

O Porto 19 apresenta solos mal drenados por problemas de infra-estrutura

decorrentes da ausência de tubulação entre a lagoa de decantação e o corpo d’água. No

caso dos solos sujeitos a inundações periódicas uma recomendação seria a de plantio em

leiras, o qual melhora as condições de drenagem do solo e evita a morte de mudas e

outros problemas por encharcamento.

Segundo Barbosa (2000), muitos projetos de reflorestamento heterogêneo com

espécies nativas fracassaram devido ao pouco conhecimento dos técnicos e

empreendedores sobre a biologia das espécies utilizadas ou do seu comportamento em

reflorestamentos artificiais, além da falta de critérios técnicos fundamentados em

investigações científicas sobre dinâmica de florestas naturais, tecnologia de colheita de

sementes e produção de mudas.

O autor reforça que a implantação ou recomposição de matas ciliares requer o

emprego de técnicas adequadas, geralmente definidas em função de avaliações

detalhadas das condições locais e da utilização dos conhecimentos científicos existentes.

Hoje, as técnicas recomendadas para a restauração de áreas mineradas não são

adequadas por desconsideram as modificações impostas ao meio físico pela atividade.

Estudos de Kopezinski & Zuquette (1998), em áreas de exploração de bauxita,

areia e brita a céu aberto, mostraram que, mesmo depois de 15 anos de finalizada a

atividade, o processo de recuperação vegetal ainda estava sendo influenciado pela

dinâmica degradacional. A exploração das camadas superiores propiciou a formação de

processos erosivos e de assoreamento, bem como encurtamento do corpo d’água e

surgimento de um escoamento superficial descontrolado, o que dificultou, segundo o

autor, qualquer técnica de recomposição das camadas superficiais.

Na grande maioria dos portos não foi observada a reposição de mudas mortas

prevista nos projetos de recuperação aprovados pelos órgãos. A mortalidade de mudas

nas zonas de plantio foi elevada, com média de 51% e com metade (51%) das zonas com

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mortalidade igual ou superior a 50% das mudas implantadas nas linhas de plantio

(Figura 21).

Embora a Resolução SMA 42/96 seja válida apenas para a bacia hidrográfica do

Paraíba do Sul, segundo essa resolução, um plantio está estabelecido e apto a receber

espécies de estágios sucessionais mais avançados, quando há o sombreamento total da

área ou quando as mudas iniciais atingem a altura média mínima de três metros.

Considerando essa proposta, mais de 60% das zonas de plantio estudadas ainda não

estão estabelecidas, o que implica na necessidade de contínua manutenção dessas áreas

com a limpeza (roçadas e coroamentos periódicos), a reposição de mudas mortas e

danificadas, o controle de pragas e doenças e a adubação e irrigação periódicas.

Contudo, essas práticas não foram comumente observadas em campo.

A distribuição dos indivíduos amostrados nas linhas de plantio por classe de

altura indicou a predominância de mudas (54%) na classe inicial de altura (0-2m)

(Figura 23), o que reafirma que a maioria dos plantios não é auto-suficiente na sua

manutenção.

050

100150

200250

300350

400450

0-2

2-4

4-6

6-8

8-10

10-1

2

Classes de altura

Núm

ero

de in

diví

duos

Figura 23 - Distribuição das classes de altura dos indivíduos amostrados nas linhas de

plantio dos 19 portos de areia de leito de rio estudados na Bacia do Rio

Corumbataí, SP

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110

4.2.3 Cobertura do solo por sombreamento da copa nas zonas de plantios

As medidas lineares de projeção da copa sobre uma trena permitiram a medida

do diâmetro da copa de cada indivíduo sobre as linhas de plantio. A partir desses valores

de diâmetro e considerando o espaçamento e a densidade das mudas em 200m de

comprimento de linha amostrada, foi possível determinar a percentagem ou valor

relativo de cobertura da copa sobre e entre as linhas (área circular), considerando para

tanto que cada copa correspondeu a um círculo perfeito.

O espaçamento e a densidade das mudas nos projetos e observados nas zonas de

plantio estão apresentados na Tabela 14. Em 75% das zonas de plantio analisadas foi

verificado um espaçamento irregular ou com alguma diferença em relação ao proposto

pelos projetos.

O espaçamento geralmente adotado na implantação de um reflorestamento é de

3,0m entre linhas e de 2,0m entre plantas, o que proporciona uma área de 6,0m2/árvore e

uma densidade mínima de 1600ind./ha, propiciando uma situação favorável ao

desenvolvimento das mudas em vários aspectos, entre eles, o rápido recobrimento

vegetal da área a ser recomposta sem que haja concorrência inicial entre as plantas do

reflorestamento.

Esse modelo de implantação obedece ao padrão de florestas conservadas,

aumentando as chances de sustentabilidade do plantio por processo de interação biótica

(Rodrigues, 2004). No entanto, os espaçamentos observados em campo, na maioria das

vezes, não seguiram esse padrão de reflorestamento e de modo geral foram maiores do

que os propostos pelos projetos, o que comprometeu a densidade dos plantios.

A densidade de indivíduos proposta nos projetos foi sempre superior a

1000ind./ha, no entanto, apenas 36% das zonas de plantio analisadas apresentaram

densidade equivalente ou superior a essa e somente em 7% das zonas de plantio foi

verificada a densidade mínima de 1600ind./ha. Essas diferenças de densidade entre os

projetos e os plantios variaram na proporção de uma a quatro vezes, ou seja, alguns

portos chegaram a ter densidade quatro vezes menor do que a densidade proposta no

projeto (Tabela 14).

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Tabela 14. Espaçamento e densidade apresentados nos projetos e observados nos

plantios dos 19 portos de areia visitados na Bacia do Rio Corumbataí, SP

Zonas Projeto Campo de plantio Espaçamento Densidade Espaçamento Densidade

1a 2 X 2 2333 2 X 2 533 2a 2 X 3 1600 2,5 X 3 733 2b 2 X 3 1600 3 X 3 370 3 3 X 2 1322 2 X 3 842 4 não consta 1667 3,5 X 3 718 5 não consta 1667 3,5 X 3 722 6a 3 X 2 1600 2,5 X 2,5 1240 6b 3 X 2 1600 2,1 X 2,5 1508 6c 3 X 2 1600 2,3 X 2,5 526 7a 3 X 3 1289 3 X 3 630 8a 3 X 3 1111 2 X 3 400 9a 2,5 X 2,5 1600 *2,5 X 2,5 1280 9b 2,5 X 2,5 1600 *2,5 X 2,5 800 9c 2,5 X 2,5 1600 *2,5 X 2,5 1200 10 2 X 2,5 2000 *2 X 2,5 480 11a 2 X 3 1668 2,2 X 1,5 2761 11b 2 X 3 1668 2,6 X 3 513 12b não consta 1667 **3 X 2 800 13 2,5 X 2,5 1593 2,5 X 2,5 1240 14a 3 X 2 1709 3 X 2 1605 14b 3 X 2 1709 3 X 2 1364 15a 2 X 3 1609 3 X 3 909 15b 2 X 3 1609 3 X 3 500 16a 3 X 3 1100 3 X 3 713 17a 2,5 X 2,5 1600 2,2 X 3 1279 17b 2,5 X 2,5 1600 2 X 3 767 18 2 X 2,5 2000 *2 X 2,5 1971 19a 2 X 3 1600 2 X 3 533

* Sem definição em campo e baseado no espaçamento do projeto

** Sem definições em campo e no projeto, baseado no espaçamento padrão 3 x 2

A menor densidade de mudas em campo em relação ao projeto, observada em

96% dos plantios, é resultado da não reposição de mudas mortas e do uso de

espaçamento irregular ou maior do que o proposto. Apenas o Porto 11, em sua zona “a”,

apresentou densidade superior à proposta pelo projeto devido à utilização de um menor

espaçamento em campo (Tabela 14).

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A grande maioria das zonas de plantio apresentou sombreamento parcial de suas

linhas (Tabela 15). Apenas a zona “b” do porto 12 e a zona “a” do porto 14

apresentaram cobertura total da linha.

Tabela 15. Espaçamento e densidade apresentados nos projetos e observados nos

plantios dos 19 portos de areia visitados na Bacia do Rio Corumbataí, SP

Zonas Cobertura da copa (%) de plantio Linha Área

1a 30,67 35,60 2a 6,90 2,02 2b 3,00 1,10 3 6,91 2,00 4 75,50 84,12 5 74,50 74,09 6a 64,50 53,64 6b 72,90 68,01 6c 13,30 8,12 7a 54,55 59,52 8a 23,20 28,55 9a 74,20 76,26 9b 38,00 25,76 9c 40,60 21,74 10 68,00 129,43 11a 20,60 8,96 11b 11,25 4,60 12b 104,00 197,9 13 82,20 99,37 14a 112,50 181,32 14b 39,00 36,69 15a 70,00 64,26 15b 53,33 54,98 16a 68,50 78,02 17a 86,00 92,29 17b 21,50 8,84 18 28,43 8,87 19a 6,55 0,87

Já na análise de sombreamento das mudas sobre as áreas de plantio (sobre e entre

as linhas), além dessas zonas, os portos 10 e 13 (não zoneados) também apresentaram

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cobertura total da copa. Lembrando que percentagem de cobertura da copa por área está

diretamente relacionada com a variação no espaçamento entre as linhas de plantio.

A Tabela 16 mostra uma grande amplitude de cobertura da copa, com valores

superiores a 100% resultantes da sobreposição das copas dos indivíduos.

Tabela 16. Valores de percentagem de cobertura da copa por área de plantio e idade dos

plantios dos 21 portos de areia visitados na Bacia do Rio Corumbataí, SP

Porto Cobertura da copa Idade (%) (anos)

1 3,56 16 2 4,06 2-5 3 2,00 4 4 84,12 7 5 74,09 7 6 49,45 6-7 7 19,64 6 8 9,42 6 9 50,21 7 10 129,43 8 11 6,78 3 12 197,9* 14 13 99,37 5 14 145,16 4 15 45,88 4 16 14,82 6 17 71,43 4 18 8,87 3 19 0,29 6 20 0,00 0 21 0,00 0

* Cobertura da copa da zona 12b

Apenas 19% dos portos estudados (4) têm cobertura total do solo (Tabela 16). A

insuficiência na cobertura do solo em 81% dos portos contradiz a proposta da Resolução

SMA 42/96, válida para a bacia hidrográfica do Paraíba do Sul, a qual discute como um

dos requisitos para um plantio estabelecido o sombreamento total da área.

Considerando as estimativas de cobertura do solo e a proposta da Resolução

SMA 42/96, foi possível inferir que a maioria das zonas de plantio ainda não está

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estabelecida e necessita de maiores cuidados quanto à manutenção (roçadas e

coroamentos periódicos, reposição de mudas mortas e danificadas, controle de pragas e

doenças e a adubação e irrigação periódicas).

A Resolução SMA 42/96 discute ainda que na existência de sombreamento total,

no caso os portos 10, 12, em sua zona “b”, 13 e 14, em sua zona “a”, pode ser dada

continuidade no processo de revegetação, efetuando o plantio de espécies pertencentes

aos estágios sucessionais mais avançados de forma a aumentar a biodiversidade da área.

Os plantios possuem média de idade de seis anos, no entanto a cobertura média

do solo foi de 45%, com cobertura máxima de 197,9% (Porto 12) e mínima de 0,0%

(Portos 20 e 21). Considerando escalas de cobertura, segundo Braun-Blanquet (1932),

essa cobertura média de 45% é do tipo dispersa, pois está no intervalo entre 25 e 50%,

enquanto que, para Küchler (1967), esse mesmo intervalo de cobertura é classificado

como “parque”. Já para Fosberg (1961), essa cobertura é do tipo aberta, onde, segundo o

autor, as copas não se tocam, mas pelo menos cobrem 30% da superfície.

Alguns portos com média de idade de oito anos apresentaram cobertura total do

solo, o que seria esperado para um plantio com desenvolvimento normal. Entretanto, os

valores de cobertura do solo de muitos portos não condizem com a idade de seus

plantios.

Existem portos com idade avançada de plantio que não apresentam cobertura

total do solo. Esse é o caso do Porto 1, o qual tem um plantio de 16 anos de idade e

apresenta apenas 3,56% de cobertura, composta por apenas uma única espécie arbórea, e

de outros portos que têm plantios de até seis anos e coberturas inferiores a 20% (Tabela

16).

Coberturas inferiores a 5% são classificadas como esporádicas, por Braun-

Blanquet (1932) e Küchler (1967), e dispersas por Fosberg (1961), quando a distância

entre as copas é o dobro de seus diâmetros.

Com base nos critérios estabelecidos na Resolução SMA 42/96, a grande maioria

dos plantios não atinge condições para que sejam considerados como satisfatoriamente

recuperados. É importante lembrar que esses critérios foram propostos para a

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implantação de reflorestamentos no Vale do Paraíba e, portanto, não são instrumentos de

comando e controle oficialmente aplicados para a bacia em estudo.

Os plantios de reflorestamento estudados não utilizaram como critério de

implantação a divisão em linhas de preenchimento e diversidade. Com base na definição

de linha de preenchimento apresentada por Rodrigues (2004), as linhas avaliadas em

campo podem ser consideradas como de preenchimento, compostas principalmente por

espécies pioneiras e secundárias iniciais.

Os resultados demonstram que os plantios em APP dos portos em leito de rio da

bacia do Corumbataí necessitam urgentemente de cuidados e manutenção.

A disposição das mudas no terreno não obedeceu às exigências de sombreamento

das espécies não pioneiras, que, quando presentes, não tinham as condições de luz

necessárias para o seu desenvolvimento.

A recomendação inicial para manutenção dessas áreas é a de replantio das mudas

mortas com espécies de estágios iniciais de sucessão melhor adaptadas às condições

ambientais locais. O rápido crescimento dessas espécies proporcionaria uma melhor

condição de sombreamento da área, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento

de espécies de estágios finais de sucessão implantadas posteriormente, e ao mesmo

tempo desfavorecendo o desenvolvimento de espécies competidoras como gramíneas.

Essas espécies de estágios finais de sucessão comporiam as linhas de diversidade

que, segundo Rodrigues (2004), representam a diversidade local em espécies necessária

à reconstituição da dinâmica florestal das áreas.

Esse modelo proposto resultaria em uma gradual substituição de espécies dos

diferentes grupos ecológicos no tempo, caracterizando o processo de sucessão ecológica.

4.2.4 Caracterização visual da vegetação das zonas de plantio

A caracterização visual da fitofisionomia florestal baseada na presença e na

ausência de estratificação vertical da vegetação indicou que poucos portos têm zonas de

plantio com essa estratificação definida. Apenas oito portos (42%) tiveram uma das

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zonas de plantio com dossel definido, todos com forma irregular e altura máxima entre 8

e 18m (Tabela 17).

Desses oito portos com dossel definido, seis (32% do total de portos)

apresentaram um estrato de sub-boque, com altura máxima entre 2 e 6m e apenas dois

(10% do total de portos) apresentaram os três hábitos, herbáceo, arbustivo e arbóreo.

Com exceção dos portos 11 e 18, que possuem uma média de idade entre dois e

três anos de plantio, todas as outras áreas, considerando suas idades, já deveriam ter

assumido uma fisionomia florestal ou, no mínimo, ter um dossel formado, como

observado nos projetos de recuperação de mata ciliar bem sucedidos no Estado de São

Paulo, descritos por São Paulo (2002).

Segundo Paula & Lemos Filho (2001), mudanças na dinâmica e na estrutura do

dossel levam a alterações de produtividade, evapotranspiração, temperatura foliar,

penetração de luz, interceptação da chuva e temperatura do solo, podendo ainda levar à

redução de biodiversidade e a mudanças na distribuição e abundância dos organismos.

A alta percentagem de recobrimento do solo nas entrelinhas de plantio observada

em campo (Figura 24), evita maiores danos causados pela erosão, ainda que a maioria

seja formada por gramíneas.

A alta percentagem de recobrimento do solo nas entrelinhas de plantio observada

em campo (Figura 24), evita maiores danos causados pela erosão, ainda que a maioria

dessa cobertura seja composta por gramíneas.

Somente 47% dos portos tiveram serapilheira cobrindo o solo, com quantidade

(medida em espessura) variando entre abundante (3cm), regular (2cm) e escassa

(0,5cm), e apenas quatro (21% do total de portos) apresentaram solo totalmente

recoberto por serapilheira, com espessura de 3cm (Tabela 17).

A quantificação da serapilheira permite a compreensão dos aspectos dinâmicos

dos ecossistemas (Domingos et al., 1999, citado por Paula & Lemos Filho, 2001), pois

seu acúmulo na superfície do solo florestal permite que uma maior quantidade de

nutrientes retorne ao sistema (Pagano, 1989). O material depositado constitui um

ambiente acumulador de minerais e de nutrientes que são transferidos para a vegetação

quando ocorre a sua decomposição (Leitão Filho et al., 1993).

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Tabela 17. Análise visual das zonas de plantio dos 19 portos de areia em leito rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP

Zonas Dossel Sub-bosque Serrapilheira Diásporos Regeneração Mudas Limpeza Entorno Regular. hmáx. Ne Hab. hmáx. Quant. Esp. Quant. Quali Quant. Injúria Vigor Dominância do plantio imediato* 1a irregular 8m regular corte bom S. humboldtiana 2 1, 2, 3 e 4 2a regular regular regular regular 1 1, 2 e 3 2b ruim escassa corte regular 2 3 regular ruim escassa regular 1 1, 2, 3, 4 e 6 4 irregular 10m abundante 3cm regular regular regular bom 2 1 e 3 5 irregular 10m 1 arb 5m abundante 3cm regular boa regular corte bom 2 1, 2 e 3 6a regular 1cm regular regular abundante corte bom 2 1, 2 e 4 6b regular 1cm regular regular bom I. vera 2 6c ruim 2 7a regular regular escassa corte bom 2 1, 2, 3 e 4 8a corte regular A. triplinervia 2 1, 3 e 4 9a regular 2cm regular bom I.vera 2 1, 2 e 4 9b regular regular 3 9c regular regular Schinus sp. 3 10 irregular 18m 1 arb 6m regular regular escassa corte bom 3 1, 2, 3 e 4 11a regular escassa regular 1 2 e 4 11b regular ruim escassa regular 1 12a irregular 10m 2 h;a;arb 4m regular regular regular bom C. urucurana 2 1, 2, 4 e 6 12b irregular 10m 2 h;a;arb 5m abundante 3cm regular boa abundante bom 2 13 irregular 10m 2 h;a;arb 3m abundante 3cm abundante boa abundante corte bom 1 1, 2, 3 e 4 14a irregular 12m 1 a;arb 5m regular 2cm abundante regular abundante corte bom 2 1, 3, 5 e 6 14b boa abundante fogo/corte ruim 2 15a escasso 0,5cm regular 2 1 e 2 15b escasso 0,5cm regular 2 16a irregular 8m 1 a;arb. 2m regular 2cm regular regular abundante corte bom 2 1 e 2 17a regular ruim escasso corte regular S. cumini 2 1, 2 e 3 17b corte ruim 2 18 bom 2 1 e 3 19a corte regular A. polyphylla 3 1, 2, 3 e 4

regular. = regularidade; hmáx.= altura máxima; Ne= número de estratos vegetacionais; Háb.= hábitos vegetacionais; h = herbáceo, a = arbustivo; arb = arbóreo; Quant. = quantidade; Qual. = qualidade; Esp. = espessura; 1 = coroamento e limpeza; 2 = coroamento ou limpeza e; 3 = ausência de coroamento e limpeza. * (1) = fragmento natural; (2) pastagem; (3) monocultura de cana de açúcar; (4) silvicultura de Pinus ou Eucalipto; (5) mineração e (6) urbanização.

117

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1a 2a 2b 3 4 5 6a 6b 6c 7a 8a 9a 9b 9c 10 11a11b12a12b13 14a14b15a15b16a17a17b18 19a

Portos de areia

Rec

obri

men

to d

o so

lo (%

)

Figura 24 - Percentagem de recobrimento do solo com gramíneas ou serapilheira nas

zonas de plantio dos 19 portos de extração de areia por dragagem em leito

de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP

Além disso, a quantidade de serapilheira produzida apresenta um padrão bastante

diversificado de acordo com o ecossistema e também com o seu estádio sucessional

(Ewel, 1976). A Resolução Conama 10/93, em seu artigo 1°, e as especificações da

Resolução 01/94 estabelecem parâmetros básicos para análise dos estádios de sucessão

da Mata Atlântica. Dentre eles, está a presença e a ausência de serapilheira, além da

determinação de sua quantidade e estádio de decomposição, que vão desde camadas

finas e pouco decompostas, contínuas ou não, no caso de estádio inicial, até abundantes

com intensa decomposição, no caso de estádio avançado de sucessão.

Considerando essas resoluções e os resultados anteriormente apresentados,

podemos inferir que metade das áreas de plantio visitadas não iniciou seu processo

sucessional, e ainda, que a outra metade que já iniciou esse processo, encontra-se, na

maioria, em estágios iniciais de sucessão.

Os diásporos ou propágulos, entre eles as sementes e as suas formas de dispersão,

possuem papel básico na determinação da estrutura fitossociológica (Major & Pyott,

1966, citados por Roizman, 1993) e da florística da comunidade vegetal, principalmente

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em reflorestamentos artificiais de baixa densidade e diversidade florística. A vegetação

das áreas de reflorestamento é dependente de um componente real, representado pela

composição em espécies plantadas, e de um componente potencial, representado pelas

sementes e outras formas de propágulo presentes no solo ou que chegaram à área por

dispersão de fragmentos florestais próximos. Desta forma, o conhecimento do banco de

sementes do local (Roizman, 1993) e da proximidade de fragmentos florestais permitem,

de certa maneira, que se realizem previsões sobre o potencial florístico e sobre o

desenvolvimento fitossociológico presentes no processo de sucessão que se segue.

Na maioria das áreas de plantio visitadas (79%), foi verificada a existência de

diásporos por observação da presença de sementes, frutos e rebrotas (Tabela 17). Essa

constatação permite afirmar que essas áreas possuem um componente de regeneração em

potencial.

No entanto, embora, na teoria, a presença de propágulos represente uma

otimização do processo de regeneração, o número de áreas em regeneração (68% dos

portos) foi visualmente inferior ao esperado (79% dos portos) pela presença de

diásporos. Além disso, apenas três plantios (16%) apresentaram regeneração qualificada

visualmente em campo como boa e abundante. Esses plantios (12a, 13 e 14a) foram os

únicos a apresentar clareiras naturais abertas na vegetação, o que representaria alguma

dinâmica florestal nessas áreas.

A baixa regeneração dos plantios, provavelmente, é função principalmente da

condição de degradação do solo dessas áreas, que não possuem um ambiente adequado

para germinação e estabelecimento das mudas no campo.

Em áreas onde a textura do solo foi alterada com a deposição de silte e argila

como conseqüência da exploração de areia, a recuperação da floresta nativa é

impossível. A mudança na porosidade do solo parece ser o principal problema para o

estabelecimento das plântulas (Joly et al., 2000).

Segundo Barbosa & Santos Junior (2003), uma forma de melhorar os solos e suas

condições físicas e químicas é a utilização prévia de leguminosas e gramíneas agressivas

associadas à adubação nas covas de plantio, ou ainda a utilização de serapilheira como

fonte de propágulos.

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A regeneração também pode estar relacionada com a qualidade e com a

quantidade de diásporos disponíveis nessas áreas. Essas estruturas (diásporos), foram

encontradas de forma mais abundante em apenas dois portos (10%) (Tabela 17).

Embora a grande maioria das áreas plantadas (95%) apresente fragmentos

florestais em seu entorno imediato (paisagem que compõe o entorno mais próximo

observado em campo) (Tabela 17) não se pode inferir a respeito de suas contribuições à

regeneração dessas áreas. Durante o levantamento florístico dos plantios, não foram

quantificadas as espécies regenerantes, o que impediu determinar se estava havendo

dispersão alóctone proveniente desses fragmentos.

O processo de regeneração de algumas áreas de plantio, principalmente as de

menor idade e desenvolvimento das mudas, pode ter sido prejudicado pelos impactos

negativos da presença de gado nessas áreas. Durante as visitas ao campo, foi

diagnosticado que 53% das APPs dos portos visitados apresentavam vestígios de gado,

como fezes e pegadas.

A circulação de gado e seu pisoteio nas áreas em processo de regeneração

causam impactos, como compactação do solo e morte de mudas em início de

desenvolvimento. Razão pela qual os órgãos ambientais exigem o isolamento das áreas

de reflorestamento com cercas. Mesmo assim, o gado entra nessas áreas pela margem do

rio, por descuido dos vizinhos, ou intencionalmente para roçada do capim, conforme

relatado por muitos empreendedores.

A manutenção ou limpeza das áreas de plantio, com roçadas das gramíneas entre

as linhas, é muito importante, pois o capim em excesso, além de dominar o estrato

inferior, dificultando a sobrevivência e reprodução das espécies nativas, forma imensa

quantidade de matéria seca no inverno, aumentando o risco e a intensidade de incêndios.

No entanto, de maneira geral, o tipo de manutenção que tem sido realizada nessas

áreas não permite o crescimento de nenhuma espécie entre as linhas de plantio. O

recomendado seria realizar corte seletivo, restringindo a limpeza a eliminação das ervas

daninhas.

Das áreas visitadas, três (16%) não praticavam o coroamento das mudas e a

limpezas das entrelinhas, das quais apenas uma (5%) não tinha seu estrato inferior

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dominado por gramíneas, pois tinha altura e sombreamento suficientes para a condução

natural do plantio e da regeneração.

Outro fator que pode ter sido limitante à regeneração natural nessas áreas foi a

constatação de injúrias em 58% dos portos visitados, diagnosticadas pela presença de

vestígios de fogo e corte. De modo geral, a proteção contra incêndios tem sido bem

sucedida, com apenas uma área com evidências de fogo, enquanto que o corte de mudas

e de espécies em regeneração foi constatado em 12 áreas de plantio.

Para um bom desenvolvimento do plantio, uma das preocupações que se deve ter

é com relação ao vigor das mudas plantadas. Quanto a isso, os plantios visitados não

apresentavam problemas que pudessem ser diagnosticados visualmente, pois a grande

maioria era constituída de mudas com vigor bom (49%) ou regular (42%) (Tabela 17).

Já a diversidade florística das mudas implementadas nos plantios estava

visualmente comprometida em 37% das áreas visitadas, com dominância de uma única

espécie.

Para efeito de comparação com as áreas de plantio em estudo, serão

apresentados a seguir alguns resultados de plantios bem sucedidos em matas ciliares,

agrupados pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com o objetivo de

desenvolver um programa de repovoamento florestal para o estado (São Paulo, 2002).

Em alguns projetos, após pouco tempo de implantação foi possível notar o

restabelecimento dos processos ecológicos, com presença de grande diversidade de

espécies e indicadores de regeneração natural. Plantios com três anos, considerados

antigos, têm apresentado resultados promissores como aumento da capacidade de

regeneração, proteção do solo e retorno gradativo da fauna nativa.

Entre esses projetos, o plantio de 128 espécies de ocorrência regional nas APPs

da represa de abastecimento público de Iracemápolis, SP, já assumiu fisionomia florestal

após três a quatro anos do plantio, readquirindo todos os processos ecológicos de uma

floresta em plena atividade.

Em APPs dos Municípios de Santa Bárbara d´Oeste e de Piracicaba, plantios

realizados com o emprego de espécies regionais e utilizando técnicas de espaçamento

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adensado adquiriram, em 18 meses, uma fisionomia florestal com processos ecológicos

em pleno funcionamento, principalmente processos de regeneração natural.

Plantios com idade média de 20 anos, realizados pela Companhia Energética de

São Paulo (CESP), em Paraibuna, SP, na Bacia do Rio Paraíba do Sul, atualmente,

possuem intensa regeneração natural que fecha praticamente todo o sub-bosque que

coexiste com um denso estrato herbáceo. Poucas espécies pioneiras persistiram em

virtude do processo de sucessão que possibilitou a formação de um dossel heterogêneo

com árvores com alturas que variam entre 13 e 20m.

Ainda na Bacia do Rio Paraíba do Sul, um plantio realizado em área de extração

de areia na região de Caçapava, SP, com idade média de oito anos, apresentou intensa

regeneração natural, com espécies típicas de sub-bosque, grande número de indivíduos

adultos e evidências de dispersões provindas de remanescentes contíguos a essa área,

isso, apesar da baixa diversidade em espécies (16) empregada na época do plantio.

4.2.5 Integridade das margens dos corpos d’água

Dos 21 portos de areia visitados, 80% (16) deles tinham as margens do corpo

d’água protegidas por algum tipo de cobertura vegetal, a maioria coberta por gramíneas,

com apenas três casos de cobertura com espécies arbóreas.

Dentro desse critério de cobertura florestal, por gramíneas ou espécies arbóreas,

14% dos portos tiveram a integridade de suas margens classificadas como boa e 62%

classificadas como regular, restando 24% dos portos (5) classificados como críticos em

relação à integridade de suas margens, por estarem descobertas e em processo de erosão.

O Anexo D apresenta imagens das margens dos corpos d’água de portos de areia

visitados, indicando sua classificação em relação à sua integridade física.

Ainda que seja relativamente baixa a percentagem de empreendimentos (24%)

com integridade física das margens comprometida, o problema da erosão não deixa de

ser um fator preocupante para a Bacia do Rio Corumbataí que é, desde 2000, a principal

fonte de abastecimento de água para 500.000 habitantes de Piracicaba e região.

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123

A desestabilização das margens pode provocar seu desbarrancamento, causando

assoreamento do corpo hídrico e a perda de nutrientes e solos férteis. Com o

assoreamento, o corpo hídrico diminui sua capacidade de armazenamento, o que pode

ocasionar redução na capacidade de vazão que pode levar, entre outras coisas, a

inundações, instabilidade do canal e comprometimento da vida aquática (Nelson &

Booth, 2002).

Além disso, iniciado o processo de erosão, os sedimentos finos transportados em

suspensão causam problemas à qualidade da água nos corpos receptores, como o

aumento na turbidez e a diminuição do oxigênio dissolvido, além de causar toxicidade à

organismos aquáticos (Novotny & Olem, 1994, citado por Reis, 2004), com redução de

fitoplâncton e mortalidade de plantas macrófitas e peixes. Essas alterações na qualidade

de água se tornam ainda maiores quando somadas ao aumento de material em suspensão

resultante da atividade de dragagem em si, que, segundo Christensen (1998), citado por

Espíndola et al. (2003), promove ainda, com a ressuspensão dos sedimentos, a

redisponibilização de metais em níveis potencialmente tóxicos.

Para evitar essa seqüência de eventos prejudiciais à qualidade e quantidade da

água da bacia, seriam necessárias políticas melhores de comando e controle desse tipo

de empreendimento, o qual poderia chegar a ter um papel ambiental positivo para este

manancial, com a dragagem de areia resultante do assoreamento de corpos d’água

antropizados da bacia que, segundo IPEF (2001), possui apenas 12% de cobertura

florestal nativa.

No entanto, isso só seria possível se as margens não fossem desestabilizadas pela

ausência de cobertura florestal e pela dragagem de forma indevida, exemplificadas pelas

imagens do Anexo E, o que, ao contrário, contribui muito para o assoreamento do corpo

d’água.

A idéia de que a dragagem tem conseqüências positivas é de senso comum no

caso das bacias hidrográficas fortemente antropizadas, nas quais a carga de sedimentos

aumenta muito em conseqüência das formas de uso do solo que induzem um aumento

das taxas de erosão. Nesses casos, a mineração por dragagem em leito contribuiria para

reduzir a freqüência e a intensidade das inundações, processo que é acelerado quando há

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assoreamento. Por outro lado, esses impactos positivos não são identificados no caso da

extração em leitos de rios que drenam bacias bem conservadas, caso raro no sul e

sudeste do Brasil (Sanches6).

Essa discussão ainda é pouco conclusiva na maioria das bacias hidrográficas,

sendo necessários maiores avanços nesse sentido, tanto por parte das universidades, com

a realização de pesquisas, como pelos órgãos licenciadores, no processo decisório de

liberação e renovação de licenças.

Contrariando a realidade da Bacia do Rio Corumbataí, Reis (2004) defende que o

manejo de microbacias de abastecimento público deve ter como objetivo principal a

produção de água em quantidade e qualidade adequadas. Davies & Mazumder (2003)

afirmam que para se atingir esse objetivo são necessárias políticas efetivas que

identifiquem, documentem e reduzam os riscos iminentes resultantes da ocupação

humana dessas bacias, colocando como desafio a ser ultrapassado o descompasso

existente entre os gerenciadores de políticas de controle, os instrumentos de controle e a

ciência.

4.2.6 Avaliação final da recuperação das APPs

A avaliação final da recuperação das APPs baseada em categorias de qualidade

indicou que mais da metade (52%) dos plantios podem ser classificados como ruins,

38% classificados como regulares, enquanto apenas um plantio (5%) pôde ser

classificado como bom e outro como ótimo, conforme matriz de diagnóstico apresentada

no Anexo F e imagens da Figura 25). Embora os plantios dos portos 11 e 18 estejam

classificados como regulares, foram recentemente implantados, por isso ainda não

possuem uma fisionomia florestal.

6 SANCHES, L.H.S. (Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Minas da Escola

Politécnica da USP , São Paulo). Correspondência pessoal, 2004.

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Figura 25 - Imagens da avaliação da recuperação das APPs de portos de areia da Bacia

do Rio Corumbataí. Categorias de classificação: ótimo (A), bom (B), regular

(C) e ruim (D)

O baixo sucesso dos plantios estudados indica que muitas dessas áreas não estão

cumprindo com sua função esperada na proteção física do corpo d’água. Isso evidencia

que pode não estar havendo proteção do solo e da qualidade e quantidade do recurso

hídrico.

Além disso, o uso e a cobertura predominantemente agrícola da Bacia do Rio

Corumbataí, em que apenas 12% de sua área são cobertas por florestas nativas,

comprometem essa função de proteção física esperada. Mesmo que a cobertura do solo

das áreas restauradas fosse adequada, isso não seria garantia de proteção em casos de

bacias que apresentam uso inadequado do solo.

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Para que as áreas restauradas cumprissem com sua função de proteção biológica,

deveriam, no mínimo, possuir diversidade florística semelhante à da floresta original da

região para que, com o processo de sucessão, os componentes e as interações ecológicas

do ecossistema fossem restabelecidos.

Além disso, para que haja essa proteção, seria necessária a presença de

fragmentos ou “ilhas de diversidade” na paisagem que possibilitassem a recolonização

de diversas espécies e o restabelecimento do fluxo gênico entre as populações vegetais,

aumentando a biodiversidade e permitindo a restauração da conectividade, além de

melhorar a qualidade da paisagem (Kageyama et al., 2003).

Essas “ilhas de diversidade” são representadas principalmente por Unidades de

Conservação e áreas de reserva legal, pouco presentes na bacia. Mesmo se presentes,

seria necessário o monitoramento contínuo dos plantios a partir de indicadores que

evidenciassem o fluxo gênico e o seu uso como fonte de condições e recursos para a

fauna e flora locais.

4.3 Percepção ambiental e legal dos mineradores

“Uma das dificuldades para a proteção dos ecossistemas naturais está na

existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre

indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio-econômicos que desempenham

funções distintas no plano social nesses ambientes” (UNESCO, 1973, citado por Santos

et al., 2000).

Os projetos de pesquisa que abordam as relações homem biosfera e o

gerenciamento dos ecossistemas devem, necessariamente, incluir estudos da percepção

ambiental (UNESCO, 1973, citado por Santos et al., 2000), uma vez que esse tipo de

abordagem auxilia no planejamento do ambiente.

Considerando a importância dada aos estudos de percepção, foram realizadas 15

entrevistas, referentes a 19 portos de areia (90% dos 21 portos visitados). A maioria dos

entrevistados (87%) era proprietário ou proprietário sócio dos empreendimentos.

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Os resultados apresentados nesse item são oriundos, única e exclusivamente, das

informações obtidas durante as entrevistas, por isso refletem apenas a percepção dos

mineradores em relação ao apresentado.

A maioria dos portos de areia iniciou suas atividades em meados da década de 80

até o início da década de 90. Dos empreendedores entrevistados, o primeiro se instalou

na região em 1972 e o último em 2000.

O histórico de uso do solo das APPs ocupadas atualmente por esses portos de

areia isentou seus proprietários da necessidade de pedidos de desmatamento, já que essas

áreas eram ocupadas por atividades como pastagem, antigos portos de areia e várzeas

abandonadas (Figura 26).

pastagem66%

várzea desocupada

7%

porto de areia27%

Figura 26 - Histórico de uso do solo de portos de areia de leito de rio da Bacia do Rio

Corumbataí, SP. Informações obtidas em entrevistas junto aos proprietários

A partir desse histórico de uso do solo, foi possível inferir que esses solos já

eram degradados, ou no mínimo perturbados, antes mesmo do início da atividade

minerária, o que pode ter prejudicado o sucesso dos plantios realizados.

Embora a conceituação de área degradada ou perturbada seja bastante discutida

nos meios técnicos e acadêmicos, pode-se adotar a definição apresentada por Carpanezzi

et al. (1990), em que o ecossistema degradado é aquele que necessita da ação antrópica

na sua recuperação já que, após distúrbios, teve eliminado, juntamente com a vegetação,

os seus meios de regeneração, como banco de sementes, banco de plântulas, chuvas de

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sementes e rebrota, o que resulta em baixa resiliência. Já o ecossistema perturbado é

aquele que sofreu distúrbios, mas manteve meios de regeneração e, por isso, a ação

humana não é obrigatória, embora auxilie na sua recuperação.

Os esforços de recuperação podem estar sendo prejudicados pela compactação do

solo característica de áreas com atividade de mineração e pecuária. A compactação é

prejudicial ao crescimento das plantas por causa da redução da disponibilidade de

oxigênio na rizosfera, além de reduzir a infiltração de água e criar barreiras físicas à

penetração das raízes (Griffith & Williams, 1989).

Segundo Griffith & Williams (1989), a falta de estudo do material edáfico das

áreas a serem reflorestadas leva a um fato muito comum nessas áreas que é a aplicação

intuitiva de fertilizantes e, conseqüente deficiência de nutrientes.

Estas áreas atualmente ocupadas pela atividade de mineração possuem diversos

usos potenciais e, ao final da atividade, com exceção do trecho que compõe a APP a ser

restaurado, podem ser destinadas ao cultivo, à pastagem, ao reflorestamento, área de

recreação, área residencial, entre outras atividades.

Segundo as expectativas dos proprietários, 40% deles não têm plano de uso

futuro dessas áreas, pensam em devolver o direito de uso do solo ao arrendatário no

término da atividade de extração de areia. No entanto, a maioria pretende voltar a

desenvolver a atividade mais comum da região, a pastagem (46%) e apenas uma minoria

pensa em jamais abandonar a atividade minerária (7%) ou em iniciar outras atividades,

como a de lazer e recreação (7%) (Figura 27).

Com o resultado das entrevistas foi possível valorar os principais custos e

benefícios dos empreendimentos, como os custos do plantio de mudas nas APPs, da

regulamentação legal e da compra de equipamentos, além da valoração do metro cúbico

de areia no mercado regional (Tabela 18).

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pastagem46%

nenhum40%

atividade de lazer7%porto de

areia7%

Figura 27 - Plano de uso futuro do solo de portos de areia de leito de rio da Bacia do Rio

Corumbataí, SP. Informações obtidas em entrevistas junto aos proprietários

Tabela 18. Valores médio, mínimo e máximo referentes aos custos e benefícios dos

portos de areia de leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP. Custos com

plantio de mudas, legalização do empreendimento e aquisição de

equipamentos. Benefícios referentes à venda de areia no porto. Informações

obtidas em entrevistas junto aos proprietários

Valores (R$) Custo Benefício Plantio Legalização Equipamentos m3 areia

Médio 4 mil 30 mil 200 mil 10,00 Mínimo 600,00 10 mil 20 mil 6,00 Máximo 10 mil 60 mil 1 milhão 16,00

A estimativa de custo dos plantios realizados na bacia variou entre R$ 600,00 e

R$ 10.000,00, com custo médio de R$ 4.000,00 (Tabela 19). Alguns proprietários (15%)

não tinham qualquer percepção de gasto com os plantios que realizaram e pouco mais

que um terço (36%) dos entrevistados demonstrou estar equivocado quanto à sua

percepção de gasto, relatando valores exorbitantes como R$ 66.0000,00 por hectare. Ao

passo que 40% relataram valores de custo por hectare inferiores aos comumente

praticados, variando entre R$ 1.143,00 e R$ 2.220,00.

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Segundo estudos de Joly et al. (2000), a estimativa de custo dos materiais e

insumos utilizados na recomposição de um hectare de mata ciliar gira em torno de R$

2.600,00 e R$3.000,00.

Em alguns casos, os custos foram inferiores em função da gratuidade na

aquisição de mudas, junto ao Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) ou prefeitura. Em

outros casos, muito comuns, não são utilizados fertilizantes de qualquer natureza, o que

reduz ainda mais o custo com o plantio.

A criação de um cooperativismo entre as empresas mineradoras da região na

recuperação ambiental possibilitaria uma redução nos custos de implementação dos

plantios, sem, no entanto, comprometer a qualidade das ações ambientais. O

compartilhamento de técnicas e práticas de reflorestamento bem sucedidas ajudaria no

controle da qualidade dessas ações (Toy & Griffith, 2002).

A atividade de extração de areia, assim como qualquer outro tipo de atividade

minerária, deve estar regularizada legalmente para iniciar suas atividades. Essa

regularização demanda um custo referente à obtenção do licenciamento ambiental junto

á CETESB e da titularidade minerária junto ao DNPM, para tanto, os empreendimentos

ainda dependem de autorizações de outros órgãos, como DEPRN, prefeitura, DAEE,

entre outros.

O custo médio da regularização legal dos portos de areia em estudo foi de R$

30.000,00. Na prática esse custo se refere aos trâmites burocráticos, com pagamento das

taxas da CETESB e do DNPM e dos serviços de assessoria empresarial e consultoria

ambiental.

O investimento inicial necessário à instalação do empreendimento variou muito

em função da área a ser explorada e de algumas particularidades. O porto de menor

custo de regularização declarada foi de R$ 10.000,00, em um caso particular em que um

conjunto de portos pertence a um mesmo proprietário, o que acabou reduzindo o custo

final da legalização por porto. Já a regularização de maior custo corresponde ao único

empreendimento de extração de areia da bacia que realizou EIA (Tabela 18).

O investimento financeiro das empresas em equipamentos foi muito variado,

estando entre R$ 10.000,00 e R$ 1.000.000,00, demonstrando que essa atividade tem

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grande flexibilidade na demanda de capital de investimento. É em função dessa grande

variação que a média desse investimento (R$ 200.000,00) não teve representatividade

(Tabela 18).

O valor médio, e mais comum, de venda da areia “in natura” para a construção

civil (distribuída no porto) na região foi de R$ 10,00 o metro cúbico. Há casos do

exercício de um menor preço da areia, chegando a ser vendido a R$ 6,00 o metro cúbico

em função da longa distância dos centros consumidores da região e da granulometria

mais fina da areia extraída (Tabela 18).

As minas de extração têm, necessariamente, de estar próximas aos centros

consumidores, caso contrário o preço do frete pode aumentar sobremaneira o custo final

do produto, tornando inviável a atividade.

A areia industrial destinada à produção de vidro teve um maior valor de venda

(R$ 16,00) em virtude do acréscimo de custo do tratamento desse material, que

normalmente é vendido sem qualquer processamento para a construção civil (Tabela

18).

Segundo relato de muitos entrevistados, o preço da areia tem decaído em função

da diminuição do consumo do produto. Em 1997, o presidente da Associação Nacional

das Entidades de Produtores de Agregados para a Construção Civil – ANEPAC já

alertava quanto aos baixos preços de mercado da areia, atribuindo essa queda à

inadequação dos créditos à realidade atual da construção popular (PEQUENA e média

mineração..., 1997).

Em 1997, segundo o então presidente da ANEPAC, além das poucas obras de

construção civil, as pedreiras passaram a produzir areia artificial e as empresas a

distribuir produtos que substituem o uso da areia, como massas prontas. As mineradoras

também adquiriram equipamentos que permitiram ampliar a produção. Com isso, a falta

de consumo aliada ao excesso de produção fez com que houvesse perda da lucratividade

(PEQUENA e média mineração..., 1997).

Ainda que a areia não tenha um alto valor de mercado, é um produto que nunca

deixará de ser utilizado na construção civil, o que garante a lucratividade e a perpetuação

dessa atividade.

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132

Segundo os mineradores, são muitos os encargos pagos por essa atividade, como

o recolhimento do CFEM (Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos

Minerais) sobre 2% faturamento líquido, do IPI (Imposto sobre Produtos

Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de

Serviços), PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para o

Financiamento da Seguridade Social) sobre o faturamento bruto (17%, 0,65% e 2%,

respectivamente) e CSL (Contribuição Social sobre o Lucro) e IR (Imposto de Renda de

Pessoa Jurídica) sobre o lucro bruto (7% e 25%, respectivamente) (Véras & Silva,

1998).

Em compensação, é uma atividade que não precisa necessariamente de grandes

investimentos iniciais e de contratação de mão de obra especializada. Além disso, o

contingente de braçais ocupados na extração é baixo, sendo exigido apenas um

orientador para a frente de lavra e um operador de máquina, que muitas vezes, conforme

observação de campo, é função do próprio proprietário ou de seus familiares. Essa

atividade ainda não tem quase custos de produção, pelo fato de ser um bem vendido, na

maioria, “in natura”.

O setor de mineração enfrenta há muitos anos enorme burocracia para

regularização ambiental e mineral da atividade, dependendo da avaliação e anuência

prévias de órgãos vinculados aos diferentes níveis de governo, cujas respostas, além de

morosas, são interdependentes. Como conseqüência, o tempo de espera por um pedido

de licença ambiental ou direito minerário levou muitas empresas a funcionarem na

ilegalidade.

Mesmo com as dificuldades burocráticas, as principais regiões produtoras de

areia do Estado de São Paulo já atingiram o importante objetivo de regularização

ambiental e mineral junto aos órgãos envolvidos com a atividade (Akimoto, 2001).

Segundo relato dos proprietários, muitas empresas de extração de areia da bacia

conseguiram sua regularização no final da década de 90, com tempo médio de seis anos,

mínimo de dois anos e máximo de 20 anos.

O primeiro passo para a concretização dessa regularização foi a possibilidade, a

partir de 1995, das empresas optarem junto ao DNPM pelo regime de autorização ou

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133

concessão, o que proporcionou às empresas a visão de planejamento de seus

investimentos a longo prazo, livrando-se dos sobressaltos que as flutuações políticas

municipais proporcionavam a cada eleição ou desavença política (Akimoto, 2001).

Muitos entrevistados (66%) declararam dificuldades no processo de

regularização legal de seus empreendimentos. Na maioria dos casos (70% dos

entrevistados que declararam dificuldades na regularização) o gargalo do processo de

regularização esteve nos atrasos para obtenção da titularidade minerária junto ao DNPM,

sem a qual os empreendimentos não podem se legalizar perante as esferas municipal,

estadual e federal.

Embora a morosidade do licenciamento ambiental seja vista como a grande vilã

do crescimento das atividades econômicas, apenas uma pequena parcela dos

entrevistados declarou dificuldades na obtenção da licença ambiental, 20% dos

entrevistados que declararam dificuldades na regularização reclamaram de atrasos na

CETESB e 10% reclamaram do IBAMA e da prefeitura.

Esse resultado, provavelmente, está relacionado ao fato da grande maioria dos

empreendimentos da bacia não estarem sujeitos aos EIAs, os quais demandariam

análises mais demoradas. Apenas um porto de areia elaborou EIA/RIMA.

A regularização ambiental exige conhecimento legal e técnico da atividade com

encaminhamento profissional especializado e competente, o que geralmente está fora do

alcance dos pequenos empreendedores (Brandt, 2004).

Como pequenos empreendedores, muitos proprietários entrevistados (73%)

reconheceram essa carência de informações técnicas e legais a respeito dos

procedimentos para a regularização de seus empreendimentos, concordando com a

necessidade de uma cartilha informativa. Uma pequena parcela (27%) não acha a

cartilha necessária por estarem confiantes nos conhecimentos técnicos e legais das

empresas terceirizadas contratadas para esse serviço (Tabela 19).

Embora seja desconhecido dos proprietários, a Secretaria do Meio Ambiente do

Estado de São Paulo desenvolveu, em 1999, um manual com os procedimentos para o

licenciamento ambiental integrado das atividades minerárias no estado (São Paulo,

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1999), iniciativa no sentido de orientar os diversos órgãos envolvidos e os

empreendedores em relação à aplicação da Resolução SMA 04/99.

Tabela 19. Respostas dos proprietários dos portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí,

SP, quanto à necessidade de uma cartilha informativa a respeito dos

procedimentos legais e ambientais para o licenciamento mineral

Respostas dos entrevistados Ocorrência

Sim, pois falta informação e orientação 11 (73%)

Não, pois contrata empresa especializada 4 (27%)

Segundo a percepção dos proprietários, a Polícia Ambiental e a CETESB foram

os órgãos que mais freqüentaram esses portos. O único órgão que não visitou nenhum

dos empreendimentos em estudo foi o DAEE, órgão que, segundo legislação vigente

(São Paulo, 1999), deveria emitir a outorga para implantação dos empreendimentos em

leito de rio. Há portos que nunca foram visitados pelo DEPRN, DNPM, Polícia

Ambiental e prefeitura (Figura 28). Deve-se ressaltar que nem sempre o proprietário

acompanha a vistoria dos órgãos, o que pode ter distorcido, em parte, esses resultados.

Freqüência de visitas

0369

1215

CETESB DEPRN DNPM DAEE Políciaambiental

Prefeitura

Núm

ero

de r

espo

stas

Sempre Às vezes Nunca

Figura 28 - Freqüência de visitas dos órgãos nas minerações de areia da Bacia do Rio

Corumbataí, SP. Informações obtidas em entrevistas com os proprietários

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135

Durante as visitas dos órgãos competentes aos portos de areia nem sempre houve

participação técnica ou assessoria nas questões ambientais e legais que envolvem a

atividade. Mesmo o órgão que mais ajudou os empreendedores em relação a essas

questões, a Polícia Ambiental, foi citado por apenas 36% dos entrevistados (Tabela 20).

Tabela 20. Participação dos órgãos na prestação de assistência durante as visitas às

mineradoras de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP. Informações obtidas

em entrevistas

A maior participação técnica da Polícia ambiental, talvez, esteja vinculada à

maior proximidade sócio-cultural com os mineradores, além é claro, da maior

proximidade física, diagnosticada pela freqüência de visitas desse órgão.

Com relação à percepção ambiental dos entrevistados, a grande maioria dos

mineradores de areia (87%) considera importante o reflorestamento das matas ciliares da

Bacia do Rio Corumbataí. Quase metade (47%) atribui à mata ciliar o importante papel

de conservar as margens dos corpos d’água e de impedir seu assoreamento. Foram

citadas muitas outras funções das vegetações ciliares, entre elas a de proteger o corpo

d’água contra a poluição, embora algumas funções sejam conceitualmente equivocadas

(Tabela 21).

Segundo Mueller (1998), a retirada indiscriminada da mata ciliar elimina a

proteção do solo contra a compactação e a erosão provocadas pela chuva, com isso

dificulta a penetração da água, prejudicando a realimentação dos lençóis freáticos, além

disso, a chuva corre em direção dos corpos d’água carregando partículas do solo e outros

resíduos que promovem o assoreamento, que vai gradualmente desfigurando o corpo

Órgão envolvido Entrevistados (%) Polícia Ambiental 36 CETESB 29 DEPRN 29 DNPM 7 Prefeitura 7 DAEE 0

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d’água e contribuindo para a eliminação da vida aquática, além de intensificar a poluição

da água que passa a ter maiores custos de purificação em caso de mananciais. O autor

acrescenta ainda a perda de solo fértil e de refúgios da fauna, além da degradação da

paisagem provocada pelo surgimento de deformações do solo (como regos, grotas e

voçorocas) e desbarrancamento das margens dos corpos d’água.

Tabela 21. Resposta dos proprietários entrevistados a respeito da importância do

reflorestamento das margens dos corpos d´água da Bacia do Rio

Corumbataí, SP

Segundo Bren (1993), citado por Lima & Zakia (2000), os valores atribuídos às

matas ciliares pelos diferentes setores de uso da terra são bastante conflitantes. Para os

pecuaristas, por exemplo, representam um obstáculo ao livre acesso do gado à água,

enquanto que para o setor de produção florestal e mineral representam sítios de grande

potencial econômico.

Embora tenham interesses econômicos nas matas ciliares, muitos mineradores

defenderam seu reflorestamento, a maioria, baseados nas funções hidrológicas dessas

áreas.

Segundo Lima & Zakia (2000), as funções hidrológicas das matas ciliares ou

zonas ripárias, como têm sido chamadas, estão representadas por suas ações diretas

Respostas dos entrevistados OcorrênciaSim, conserva a margem do rio/impede o assoreamento 7 (47%) Sim, protege/diminiu poluição 3 (20%) Sim, para sobrevivência do rio 1 (7%) Sim, diminui a evaporação da água 1 (7%) Sim, responsável pelo clima local 1 (7%) Sim, conserva as nascentes 1 (7%) Sim, pelo aspecto paisagístico 1 (7%) Sim, exigência legal 1 (7%) Não, reflorestar as nascentes é mais importante 1 (7%) Não, porque o plantio de árvores causa desbarrancamento das margens 1 (7%) Não respondeu/não sabe 1 (7%)

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numa série de processos para a manutenção do ecossistema aquático, além da

manutenção da qualidade e da quantidade da água.

Os autores ressaltam como contribuições hidrológicas das matas ciliares o

aumento da capacidade de armazenamento da água na microbacia, a capacidade de

filtragem da água que vai para o corpo hídrico, a estabilização das margens, o

abastecimento do corpo d’água com material orgânico, que serve como fonte nutricional

para a biota aquática, e a atenuação da radiação solar, que favorece o equilíbrio térmico

da água e influencia positivamente a produção primária do ecossistema.

Além das funções hidrológicas apresentadas anteriormente, as zonas ripárias

possuem importantes funções ecológicas. Essas importantes funções das matas ripárias

são pouco conhecidas fora do meio acadêmico, inclusive não foram mencionadas por

nenhum dos mineradores entrevistados.

Segundo Rodrigues & Nave (2000), são raras as vezes que se propõe uma

restauração florestal baseada nas questões ecológicas, como o restabelecimento da matas

ciliares como corredores ecológicos naturais que interliguem fragmentos de hábitat. A

conectividade da paisagem têm sido considerada extremamente importante na

movimentação da fauna e na dispersão vegetal (Lima & Zakia, 2000), além disso, a

manutenção de fluxo gênico reduz os riscos de extinção local.

Para que as matas ciliares revegetadas cumpram suas funções naturais é preciso

haver equilíbrio e sustentabilidade do novo ecossistema construído, sendo para isso

essencial a manutenção da biodiversidade natural dessas áreas.

A restauração de ecossistemas tropicais degradados não pode desconsiderar a

grande diversidade existente nessas áreas (Kageyama et al., 2003). O novo ecossistema

deve ser o mais semelhante possível ao anteriormente existente, embora a restauração

não deva ter a pretensão de refazer uma floresta exatamente igual à que existia antes,

mas sim colocar no campo uma composição de espécies que forneça condições para que

a nova comunidade tenha maior probabilidade de se desenvolver e se auto-renovar

(Engel & Parrota, 2000 citados por Kageyama et al., 2003). Mesmo porque a grande

maioria das restaurações utilizam apenas espécies arbóreas, que representam apenas uma

pequena parcela da diversidade vegetal dessas florestas.

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Além disso, o uso de espécies de diferentes grupos ecológicos tem sido essencial

na restauração, pois considera as variações de características e de comportamentos na

auto-renovação de suas populações naturais (Kageyama et al., 2003).

Os resultados das entrevistas em relação à percepção ambiental dos proprietários

a respeito do uso de espécies em diversidade nos plantios mostrou que quase metade dos

entrevistados (47%) não soube explicar a importância da aplicação de plantios com

diversidade de espécies. Alguns entrevistados (20%) atribuíram à diversidade de

espécies o objetivo de “imitar” a floresta natural, enquanto outros mineradores (20%)

justificaram o uso de várias espécies como uma alternativa para o sucesso do plantio,

pois permitiria a seleção das espécies que melhor se adaptariam no ambiente (Tabela

22).

Tabela 22. Respostas dos proprietários entrevistados a respeito da necessidade de

diversidade de espécies no reflorestamento das matas ciliares da Bacia do

Rio Corumbataí, SP

Respostas dos entrevistados OcorrênciaNão respondeu/não sabe 7 (47%) Imitar a floresta natural 3 (20%) Selecionar as espécies que melhor se adaptam/melhor adaptação 3 (20%) Cada espécie tem uma finalidade no ambiente 1 (7%) Alimentar diferentes animais 1 (7%) Permitir a sobrevivência de várias espécies 1 (7%)

Conforme discutido em itens anteriores, a mineração de areia é uma atividade

que, via de regra, gera impactos negativos ao meio ambiente, embora, em casos

particulares, também possa gerar impactos positivos.

No caso da Bacia do Rio Corumbataí, bacia de intensa atividade pecuária e

agrícola, a atividade de mineração de areia pode estar trazendo benefícios ao meio

ambiente, o que vai de encontro com a opinião de 100% dos mineradores entrevistados.

Mais da metade dos entrevistados (64%) acha que a extração de areia na bacia está

reduzindo o assoreamento dos corpos d’água, 36% acham que a dragagem está

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promovendo a limpeza do rio, enquanto 28% relacionaram a atividade com a diminuição

de enchentes na região (Tabela 23).

Tabela 23. Respostas dos proprietários dos portos de areia da bacia do Rio Corumbataí,

SP a respeito dos benefícios da atividade de extração de areia ao meio

ambiente

Respostas dos entrevistados OcorrênciaDiminui/Evita assoreamento do rio 9 (64%) Limpeza do rio (sujeira) 5 (36%) Diminui enchentes 4 (28%) Aumenta o número de peixes 3 (21%) Reflorestamento das APPs 1 (7%) Não respondeu 1 (7%)

Em contrapartida, apenas um dos 19 entrevistados (7% do total) reconheceu um

potencial negativo da atividade ao meio ambiente, destacando o prejuízo às populações

de peixes de piracema.

A partir das respostas dos mineradores, pôde-se concluir que, embora possuam

percepção ambiental da atividade, possuem pouco conhecimento ambiental e legal a

respeito da atividade de extração de areia, confiando essa responsabilidade às empresas

contratadas por eles para administração legal e consultoria ambiental de seus

empreendimentos.

4.4 Condições e recursos dos órgãos ambientais públicos envolvidos na mineração

Uma abordagem mais abrangente para o estudo dos problemas ambientais pode

ser realizada considerando, entre outros fatores, as instituições governamentais, os

mecanismos legais e os processos políticos e ideológicos que condicionam os

comportamentos sócio-econômicos e culturais (Dwivevi, 1988).

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Foi enviado um total de 21 questionários aos órgãos envolvidos no licenciamento

ambiental e mineral da extração de areia, que são a Polícia Ambiental (5 questionários),

a CETESB (5), o DNPM (5), o DEPRN (2), o DAEE (3) e as prefeituras municipais (1).

Desses 21 questionários enviados foi obtida resposta de 71% (15 questionários).

O órgão que contribuiu com o maior número de questionários respondidos foi a Polícia

Ambiental, respondendo aos cinco questionários encaminhados ao oficial responsável

pelo Batalhão da Polícia Ambiental de Rio Claro. Provavelmente, a maior participação

desse órgão decorreu do incentivo dado aos oficiais, por parte de seu comandante.

A CETESB foi o segundo órgão em número de questionários respondidos, sendo

obtidos quatro questionários (80% dos enviados). Do DNPM, apenas três foram

respondidos (60% dos enviados), em virtude da recusa dos demais técnicos em

respondê-lo.

Quanto ao DEPRN, em função da carência de técnicos na região em estudo (dois

técnicos), apenas dois questionários foram enviados e respondidos.

Os órgãos que menos contribuíram na resposta dos questionários foram o DAEE

e as prefeituras municipais. O DAEE respondeu a apenas um dos questionários enviados

e a prefeitura, a qual foi remetido o questionário, em um primeiro contato se recusou a

responder ao questionário encaminhado, em função de desconhecer suas atribuições

quanto ao tema. Contudo, em um segundo contato, a prefeitura reconheceu o equívoco

cometido e aceitou responder a apenas uma das seis perguntas contidas no questionário.

Em virtude do embaraço ocorrido, tornaram-se inviáveis novos contatos com outras

prefeituras.

Em 1997, segundo o então presidente da ANEPAC, as prefeituras não estão

preparadas e equipadas para fiscalizar empreendimentos minerários, com raras exceções,

como a prefeitura municipal de São Paulo. Mesmo as prefeituras do Vale do Paraíba,

que estão diretamente identificadas com essa atividade, não contam com um corpo

técnico adequado para atuar nessa área, como por exemplo, geólogos e engenheiros de

minas (PEQUENA e média mineração..., 1997).

Segundo as informações obtidas junto aos órgãos, de maneira global,

considerando o total de entrevistados, a principal forma de qualificação e atualização dos

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técnicos consiste na realização de cursos internos (60% dos entrevistados), seguida pela

participação em eventos organizados por outras instituições (40%), como congressos e

outros cursos (Tabela 24).

Tabela 24. Qualificação e atualização dos técnicos dos órgãos envolvidos no

licenciamento de portos de areia em relação às questões ambientais e legais

da extração mineral. Informações obtidas em entrevistas com os

funcionários

Respostas dos entrevistados Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. Global Cursos internos 4 - 1 - 4 9 (60%)Eventos de outras instituições - 2 1 - 3 6 (40%)Estudos individuais 1 - 2 - - 3 (20%)Cotidiano de trabalho - - 1 - 2 3 (20%)Estágios internos - - - - 3 3 (20%)Reuniões internas - 2 - - - 2 (13%)Experiência profissional 2 - - - - 2 (13%)Instruções de supervisores - - - - 1 1 (7%)Contato com outros órgãos - - - - 1 1 (7%)Cooperação entre os profisionais 1 - - - - 1 (7%)Resposta incoerente a pergunta - - - 1 - 1 (7%)

Os funcionários da CETESB têm buscado sua qualificação e atualização

principalmente através de cursos internos oferecidos pelo SEAQUA na forma de

treinamentos teóricos, considerados insuficientes por alguns entrevistados. Têm contado

também com a própria experiência profissional de seus funcionários (Tabela 24).

Com o intuito de compensar a falta de cursos internos, os funcionários do

DEPRN buscam sua qualificação em eventos organizados por outras instituições e em

reuniões internas periódicas com seus supervisores (Tabela 24).

Já no DNPM, essa qualificação ou atualização tem sido feita especialmente

através de estudos individuais por parte de seus funcionários. Enquanto que a polícia

ambiental tem cumprido essa tarefa principalmente através da realização de cursos e

estágios internos anuais, além da participação em eventos promovidos por outras

instituições (Tabela 24).

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Quanto à dificuldade de assegurar suas atribuições no licenciamento, em

função das condições de recursos materiais, humanos e financeiros, os entrevistados do

DNPM relataram dificuldades para fazer frente à fiscalização das quase 3.000 áreas de

extração no estado e enfatizou que a carência desses recursos pode se agravar em virtude

do aumento no número de pedidos de extração que estão dando entrada nesse órgão

atualmente (Tabela 25). Mesmo sendo um órgão de arrecadação própria, apresenta

dificuldades financeiras (Tabela 26).

Tabela 25. Respostas dos funcionários entrevistados a respeito se os recursos materiais,

humanos e financeiros disponíveis aos seus órgãos estão assegurando suas

atribuições no licenciamento das atividades de extração de areia em leito de

rio na Bacia do Rio Corumbataí

Respostas dos entrevistados Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. Global Parcialmente 4 1 - - 1 6 (40%)Sim - 1 - 1 3 5 (33%)Não - - 3 - 1 4 (27%)

Tabela 26. Carência de recursos materiais, humanos e financeiros dos órgãos envolvidos

no licenciamento da extração de areia. Informações obtidas em entrevistas

com os funcionários

Carência de recursos Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. Global Humanos 4 1 3 - 2 10 (67%)Materiais 2 - 1 - 1 4 (27%)Financeiros - 1 2 - - 3 (20%)

Segundo os técnicos da CETESB entrevistados (4), seus recursos disponíveis

asseguram parcialmente suas atribuições dentro do licenciamento (Tabela 25). Uma das

dificuldades do órgão está no controle de alguns tipos de poluição, como o

assoreamento, a erosão e a estabilidade de taludes, além do controle das interações entre

esses fenômenos. Essa dificuldade de controle ambiental ocorre em função da carência

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de recursos materiais, representada principalmente pela falta de equipamentos

específicos de monitoramento, e de recursos humanos (Tabela 26). Esse órgão relatou a

necessidade de um maior investimento na qualificação do corpo técnico, bem como uma

maior contratação de técnicos, principalmente com formação em geologia.

Segundo o único funcionário do DAEE entrevistado, “hoje, o DAEE, como órgão

gestor do estado há mais de 50 anos, está respaldado, porém com a crescente procura

dos recursos hídricos e de suas regularizações, o DAEE vai precisar, em um futuro bem

próximo, de profissionais e de equipamentos, objetivando um melhor aproveitamento

dos recursos hídricos, uma fiscalização mais atuante e a implantação de um sistema de

informação para os diferentes usos e interferências nos recursos hídricos”.

Quanto ao DEPRN e a Polícia Ambiental, não houve um consenso entre os

entrevistados com relação ao fato de suas atribuições serem asseguradas pelas suas

condições e recursos disponíveis (Tabela 25). A carência de recursos humanos foi a

principal dificuldade constatada nesses órgãos (Tabela 26). Segundo a Polícia

Ambiental, essa carência é agravada pelas extensas áreas de cobertura que cada base de

policiamento ambiental tem a percorrer, pois são responsáveis por muitos municípios.

Considerando o total de órgãos entrevistados, ficou constatado que o baixo

contingente de técnicos contratados é a principal dificuldade (67% dos entrevistados)

dos órgãos no cumprimento de suas funções dentro do licenciamento da mineração de

areia (Tabela 26).

Segundo os entrevistados, os principais procedimentos e critérios da CETESB na

análise da poluição causada pela extração de areia em leito de rio estão divididos em

atividades de campo e de escritório. Em campo, analisa as caixas de sedimentação de

sólidos e seus efluentes gerados e o material particulado (poeira) nas vias de circulação,

além de mensurar a largura do corpo d'água segundo normas específicas da CETESB

para minerações por dragagem. As atividades de escritório se resumem no

estabelecimento de exigências técnicas de controle dos efeitos ambientais da atividade,

na emissão das licenças ambientais e suas renovações e na análise da demarcação da

poligonal da área registrada junto ao DNPM, dos pareceres do DEPRN e do projeto de

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instalação do empreendimento, além de analisar os documentos de propriedade ou de

arrendamento do terreno.

Não houve consenso em relação aos procedimentos adotados pelo DEPRN para

análise da qualidade dos plantios implementados nas APPs. Um dos entrevistados

relatou não existirem procedimentos e critérios gerais, enquanto o outro descreveu como

procedimento a avaliação do desenvolvimento das mudas e da regeneração natural,

observando as características das espécies com melhor desenvolvimento e seus grupos

sucessionais.

Segundo o DNPM, não há um planejamento da extração de areia em leito de rio e

o controle e a fiscalização da atividade se baseiam em denúncias. De acordo com relatos

“devido à falta de pessoal há pouco planejamento na fiscalização, priorizam-se as

denúncias feitas tanto por parte da população, quanto por parte da Promotoria Pública.

As campanhas de fiscalização geralmente ocorrem em conjunto com a Polícia

Ambiental, a CETESB e o IBAMA, sempre em caráter emergencial e com o objetivo de

atender solicitações dos Ministérios Público e da Justiça, estadual e federal”.

De acordo com o DAEE, o procedimento para concessão de outorga às empresas

de extração de areia em leito de rio, baseia-se na emissão de parecer técnico de outorga

ao interessado que protocola a documentação exigida pela Portaria 717/96.

A Polícia Ambiental relatou como procedimentos para fiscalização dessa

atividade a identificação das áreas propícias à atividade no planejamento da fiscalização,

a inspeção da lavra para diagnóstico de possíveis danos ambientais, a averiguação da

existência de licenças ambientais e das informações constantes nesses documentos, além

da autuação e embargo de atividades irregulares e clandestinas.

Segundo relato, “No caso de empresa clandestina dá-se voz de prisão ao

infrator, conduzindo-o, juntamente com os maquinários utilizados, para a Delegacia de

Polícia local. Já no caso de empresa irregular, é feita autuação e apreensão das

máquinas, além da confecção de Termo Circunstanciado para remessa ao Fórum

local”.

Quase metade dos entrevistados (47%) não conseguiu diagnosticar quais

procedimentos, recursos e critérios, não aplicados atualmente, seriam importantes na

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avaliação do impacto dessa atividade. Muitos relataram a carência de estudos ambientais

mais rigorosos (20%) e a necessidade de maior integração entre os órgãos envolvidos

(20%) (Tabela 27).

Tabela 27. Procedimentos, recursos e critérios não aplicados e que seriam importantes

na avaliação do impacto da atividade de extração de areia em leito de rio.

Informações obtidas em entrevistas com os funcionários

Respostas dos entrevistados Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. Global

Não respondeu 1 1 1 1 3 7 (47%)

Estudos ambientais mais rigorosos 1 - 1 - 1 3 (20%)

Maior integração entre os órgãos envolvidos 2 - - - 1 3 (20%)

Planejamento de fiscalizações regulares - 1 1 - - 2 (13%)

Aumentar os recursos humanos na fiscalização - - 1 - - 1 (7%)

Uso de recursos adequados ao controle da atividade 1 - - - - 1 (7%)

Segundo a CETESB, a maior integração entre os órgãos da região se daria

através do licenciamento ambiental em sistema de "balcão único" e os estudos

ambientais seriam mais rigorosos se fosse intensificado o uso de cartografia digital e de

geoprocessamento no acompanhamento do desenvolvimento da lavra, e se fosse

realizada a batimetria do rio, que garantiria a extração apenas dos pacotes de

assoreamento. Segundo relato, também “seria necessária uma estrutura que

possibilitasse investigar a interferência conjunta no meio desses empreendimentos”.

Segundo respostas dos questionários, as principais leis e normas aplicadas pela

CETESB são as Resoluções SMA relacionadas à atividade de mineração de areia, a Lei

Estadual 997/76 e a Norma Cetesb D 7.010, a qual trata do licenciamento de atividades

em leito de rio. Em relação ao DEPRN, o Código Florestal é a legislação mais

pertinente, uma vez que esse órgão é o responsável pela emissão de parecer referente às

intervenções na APP; quanto que para o DNPM, o Código de Mineração e as Normas

reguladoras da mineração (NRM) são as legislações mais preponderantes. Para o DAEE,

as legislações mais utilizadas são a portaria DAEE 717/96, que se refere à emissão de

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parecer técnico que dá o direito de extração de minério em leito de rio e a Lei Estadual

7.663/91 (Tabela 28).

Tabela 28. Principais leis e normas legais aplicadas pelos órgãos envolvidos, no que

tange a extração de areia em leito. Informações obtidas em entrevistas junto

aos funcionários

Leis e Normas legais mais aplicadas

Ocorrência

CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb.Código de Mineração (Decreto Lei 227/67) 1 - 3 - 3 Resoluções SMA relacionadas ao assunto 4 - - - - Lei Estadual no 997/76, regulamentada pelo Dec. Est. 8.468/76 4 - - - - Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) - - - - 4 Norma Cetesb D 7.010 4 - - - - Código Florestal (Lei Federal no 4.771/65 e suas alterações) - 2 - - 1 Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal 6.938/81) - 1 - - 2 Crime contra a ordem econômica (Lei 8.176/91) - - - - 3 Normas reguladoras da mineração - NRM - - 3 - - Resoluções CONAMA relacionadas ao assunto 2 1 - - - Portarias DEPRN - 1 - - - Portaria DAEE 717/96 - - - 1 - Decreto Federal 750/93 - 1 - - - Lei Estadual 7.663/91, regulamentada pelo Dec. Est. 41.258/96 - - - 1 - Normas ABNT 1 - - - - Não respondeu - - - - 1

Todos os entrevistados consideram que o licenciamento ambiental de portos de

areia traz alguma contribuição ambiental. Mais da metade (67% dos entrevistados) tem

certeza das contribuições que o processo de licenciamento traz, enquanto que a outra

parte (27% dos entrevistados) considera que esse mecanismo tem uma contribuição

ambiental parcial (Tabela 29).

Segundo as respostas obtidas, as principais contribuições ou efeitos positivos do

licenciamento estão no desassoreamento dos rios (60% dos entrevistados), na disciplina

da atividade (20%) e no reflorestamento das margens dos rios (20%) (Tabela 30).

Dos entrevistados da CETESB, três acreditam que o licenciamento traz

contribuições ao meio ambiente e apenas um acha que essa contribuição é parcial

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147

(Tabela 29). Os principais argumentos desse órgão para a contribuição ambiental foram

o reflorestamento das margens dos rios e a minimização de processos de degradação

ambiental (Tabela 30).

Tabela 29. Resposta dos funcionários dos órgãos envolvidos a respeito da possibilidade

do licenciamento ambiental de portos de areia trazer contribuições

ambientais.

Respostas dos entrevistados Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. Global

Sim 3 2 2 1 2 10 (67%)

Parcialmente 1 - 1 - 2 4 (27%)

Não respondeu - - - - 1 1 (7%)

Não - - - - - -

Tabela 30. Contribuições ambientais do licenciamento ambiental de portos de areia.

Informações obtidas em entrevistas junto aos funcionários dos órgãos

envolvidos

Contribuições ambientais Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. Global

Desassoreamento dos corpos d'água 1 1 2 1 4 9 (60%)

Disciplina a atividade 1 1 1 - - 3 (20%)

Reflorestamento das margens dos rios 2 1 - - - 3 (20%)

Minimiza processos de degradação ambiental 2 - - - - 2 (13%)

Não respondeu - - 1 - 1 2 (13%)

Auxilia na identificação das fontes de poluição 1 - - - - 1 (7%)

Apesar de atribuírem um benefício ambiental (desassoreamento) ao

licenciamento, os entrevistados da CETESB comentam que “há necessidade de aferição

desses ganhos ambientais por meio de indicadores de qualidade que não estão

disponíveis atualmente. O que parece ser positivo, como o desassoreamento do rio, pode

estar causando impactos ambientais que só podem ser visualizados a partir de estudos

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148

mais aprofundados”. Acreditam que o licenciamento é fundamental para a identificação

das fontes de poluição e observação de adensamentos de empreendimentos de

mineração. É um mecanismo que atenta a percepção do empreendedor de que há um

órgão responsável pelo meio ambiente e que existem restrições ambientais a serem

consideradas. Entretanto, como relatado, “ocorrem casos de empreendimentos que não

são cobrados pelos impactos que causam e isso é resultado da forma como são

atribuídas as atividades da CETESB e do DEPRN; às vezes nenhum dos dois atua”.

A visão dos funcionários do DNPM foi semelhante aos da CETESB. Dois

entrevistados afirmaram as contribuições ambientais, enquanto outro relatou

parcialidade nessas contribuições (Tabela 29). Apesar disso, as contribuições mais

importantes apresentadas pelo DNPM diferem das argumentações apresentadas pela

CETESB (Tabela 30).

Segundo relato dos entrevistados do DNPM, que se refere à parcialidade do

licenciamento quanto às contribuições ambientais, esse mecanismo traz “poucas

contribuições, destacando-se o desassoreamento em pontos críticos do rio que estão

sujeitos à deposição de sedimentos arenosos”. Nesse caso, comentam da necessidade de

avaliação de outros impactos, argumentando que “em geral a atividade de extração de

areia em leito de rio provoca impactos ambientais ainda não mensurados no processo

de licenciamento ambiental, como por exemplo, o desbarrancamento das margens dos

rios”.

O DEPRN e o DAEE foram unânimes quanto às contribuições ambientais do

licenciamento (Tabela 29). Ambos colocaram o desassoremanto como importante

argumento dessa afirmação. Entretanto, o DEPRN ainda argumenta que outras

contribuições seriam a disciplina da atividade e o reflorestamento da margem dos rios

(Tabela 30).

Os relatos obtidos da Polícia Ambiental foram contrabalançados, dois

entrevistados afirmam essas contribuições, enquanto outros dois acreditam que essas são

parciais (Tabela 29). O desassoremanto foi considerado a contribuição mais importante

que o licenciamento traz ao ambiente (Tabela 30). Os entrevistados da Polícia Ambiental

argumentaram a respeito da carência de estudos com relação a outros impactos da

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extração de areia em leito de rio, como por exemplo, “os que ocorrem com a ictiofauna

local”, uma vez que “toda e qualquer ação humana em ambientes naturais traz algum

prejuízo para o habitat local”.

Segundo os órgãos entrevistados, o principal argumento que justifica a demora na

obtenção das licenças ambientais necessárias para a implantação dos portos de areia, foi

a carência de recursos humanos. Outros argumentos foram a dificuldade dos

mineradores no cumprimento das exigências feitas pelos órgãos (33%) e os entraves

burocráticos ocorrentes durante o processo de licenciamento (20%). Apenas o DAEE

não citou a carência de recursos, atribuindo a demora exclusivamente à complexidade e

escassez de tempo para análise dos licenciamentos (Tabela 31).

Tabela 31. Principais causas da demora na obtenção das licenças ambientais necessárias

para a implantação dos portos de areia. Informações obtidas em entrevistas

com os funcionários

Razões da demora do licenciamento Ocorrência CETESB DEPRN DNPM DAEE Pol. Amb. GlobalCarência de recursos humanos 2 1 1 - 2 6 (40%)Dificuldades do minerador no cumprimento das exigências dos órgãos 1 2 - - 2 5 (33%)Entraves burocráticos 1 - - - 2 3 (20%)Não respondeu - - 2 - 1 3 (20%)Fragilidade no sistema de emissão de títulos minerários no DNPM 2 - - - - 2 (13%)Complexidade de análise dos processos de licenciamento 1 - - 1 - 2 (13%)Carência de recursos materiais 1 - - - 1 2 (13%)Pouca integração entre os órgãos 2 - - - - 2 (13%)Falta de instrumentos adequados à avaliação dos impactos 1 - - - - 1 (7%)Legislação ambiental restritiva - - 1 - - 1 (7%)Normas e técnicas mal definidas - - 1 - - 1 (7%)

A CETESB, apesar de relatar a carência de recursos humanos e a pouca

integração entre os órgãos responsáveis, foi o único órgão que atribuiu a demora às

dificuldades de outros órgãos, como por exemplo, a fragilidade no sistema de emissão de

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títulos minerários por parte do DNPM e a carência de recursos humanos no DEPRN

(Tabela 32). Atribui a demora a um sistema obsoleto do DNPM “que atualmente passa

por momento de readequação dos procedimentos para emissão de títulos minerários,

mas que ainda permite equívocos do sistema como a reserva de autorizações de lavra

por muitos anos e a sobreposição de áreas de mineração”.

Segundo a CETESB, a interdependência entre os órgãos em níveis federal,

estadual e municipal, no processo de licenciamento, tem início na documentação

expedida pelo DNPM e qualquer demora na expedição de um parecer, em qualquer um

dos órgãos envolvidos, acarreta demora no licenciamento.

Apesar das dificuldades do minerador no cumprimento das exigências dos órgãos

não ser uma das razões preponderantes da CETESB na demora do licenciamento, esse

órgão comenta que “os mineradores, por serem mal assessorados, dão entrada no

licenciamento com documentação incompleta”.

O DEPRN e a Polícia Ambiental atribuíram a demora no licenciamento à

dificuldade dos mineradores, no que tange a falta de instruções, para o cumprimento das

exigências feitas pelos órgãos. Outro argumento apresentado pela Polícia Ambiental foi

o entrave burocrático durante o processo de licenciamento.

O DNPM foi o único órgão que se manifestou a respeito de restrições legais e

normas mal definidas como as causas da demora na obtenção das licenças ambientais

necessárias para a implantação dos portos de areia. Muitos dos entrevistados preferiram

não responder a essa questão, “passando a questão aos técnicos ambientais”.

Os resultados dessas entrevistas evidenciam que, dentro das atribuições dos

órgãos no licenciamento, a maior dificuldade está no monitoramento dos

empreendimentos. Essa dificuldade decorre de diversos fatores, entre eles, as carências

de recurso humano, de planejamento das fiscalizações, de interações entre os órgãos e de

estudos ambientais mais rigorosos.

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5 CONCLUSÕES

Os projetos de recuperação por reflorestamento não são satisfatoriamente

cumpridos pelos empreendedores. Grande parte dos plantios efetivados não segue a

dimensão em área, a densidade, o espaçamento e a diversidade florística propostos nos

projetos outrora aprovados pelos órgãos competentes.

Além disso, esses projetos, se fossem implementados, não seriam, na sua

maioria, satisfatórios na reabilitação das áreas de APP, por não garantirem a manutenção

da biodiversidade natural das matas ciliares.

Ficou evidenciada uma situação preocupante com relação a perda da

biodiversidade, uma vez que a maioria dos plantios e projetos de reflorestamento possui

alta similaridade florística e baixa diversidade em espécies. Se aplicada a premissa da

Resolução SMA 21/2001, 63% dos plantios e 43% dos projetos não cumpriram com o

número mínimo de espécies proposto. Em média, foram empregadas 25 espécies nos

plantios e 31 espécies nos projetos. Tanto os projetos como os plantios apresentaram

tendência à homogeneidade florística, ao contrário do verificado em áreas naturais, em

que ocorre alta riqueza em espécies. Além disso, mais da metade dos projetos

apresentavam listagem florística idêntica a de algum outro projeto, o que demonstrou

pouca preocupação com as particularidades locais.

Chama a atenção o insucesso dos plantios efetivados. Grande parte deles

apresentou alta mortalidade, baixa densidade, baixa cobertura do solo por sombreamento

da copa, fisionomia florestal sem estrutura vertical bem definida, serapilheira ausente ou

escassa e regeneração ausente ou de baixas quantidade e qualidade.

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Esse insucesso pode ser atribuído a falta de instruções técnicas adequadas à

condição de solos que já eram degradados, ou no mínimo perturbados antes mesmo da

mineração. Além de ser atribuído a manutenção inadequada das áreas de plantio que

sofrem freqüentemente com injúrias por corte ou pela presença de gado nas APPs em

recuperação.

A avaliação final dos plantios indicou que mais da metade são classificados

como ruins, 38% classificados como regulares e apenas 10% como bom e ótimo. Esses

resultados indicam que as APPs reflorestadas não estão cumprindo com sua função

esperada na proteção física do corpo d’água, mesmo porque o uso e a cobertura

predominantemente agrícola da Bacia do Rio Corumbataí comprometem essa função de

proteção física esperada.

Além disso, esses resultados mostram que os reflorestamentos não estão

cumprindo também com sua função de proteção biológica, pois deveriam, possuir um

mínimo de diversidade florística para que, com o processo de sucessão, os componentes

e as interações ecológicas do ecossistema fossem restabelecidos.

Com isso, pode-se dizer que os atuais instrumentos legais do licenciamento

ambiental dos portos de areia não contribuem para a recuperação das Áreas de

Preservação Permanente (APP)da Bacia do Rio Corumbataí. Na maioria das vezes, as

formas de reflorestamento utilizadas não atendem aos critérios mínimos para o

restabelecimento da estrutura e da função de uma floresta. Contudo, o licenciamento

ambiental da atividade parece estar contribuindo com a conservação das matas naturais

ainda existentes na bacia, em função da atual política ambiental de não desmatamento de

novas matas em APP.

Com exceção do DAEE, todos os órgãos envolvidos apresentam alguma

dificuldade na atribuição de suas funções dentro do licenciamento. Essas dificuldades

residem principalmente da carência de recurso humano, além de carência de recursos

financeiros (DNPM e DEPRN) e de material (CETESB, DNPM e Polícia Ambiental).

Reside também, em grande parte, das condições, ainda insuficientes, de preparo dos

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técnicos, embora a maioria tente sanar essa carência com a participação e a qualificação

em cursos, estágios, reuniões internas e outros eventos.

Os resultados evidenciam que, dentro das atribuições dos órgãos no

licenciamento, a maior dificuldade dos órgãos não está na análise dos projetos de

recuperação e de instalação dos empreendimentos, mas sim no monitoramento de seus

cumprimentos. Isso decorre de diversos fatores, entre eles, as carências de recurso

humano, de planejamento das fiscalizações, de interações entre os órgãos e de estudos

ambientais mais rigorosos.

As irregularidades ambientais e legais dos portos de areia são função de uma

soma de fatores, entre eles, a falta de informação e negligência dos empreendedores, a

morosidade nos processos de licenciamentos ambiental e mineral, além dos elevados

custos da regularização legal.

Embora muitos empreendedores possuam percepção ambiental a respeito da

importância das matas ciliares e de sua recuperação, existe reconhecidamente uma

carência de informações a respeito das questões ambientais. Essa carência é função da

transferência da responsabilidade desse conhecimento às empresas terceirizadas,

contratadas para a administração legal e consultoria ambiental de seus empreendimentos.

Existem casos de negligência em relação às irregularidades ambientais,

principalmente em relação ao sucesso dos plantios. Essa situação é fortalecida pela

ineficiente fiscalização dos órgãos ambientais envolvidos e pelo custo de implementação

dos plantios.

Os longos períodos para obtenção das licenças ambientais (média de dois anos) e

principalmente dos diplomas minerais (média de seis anos em regime de concessão de

lavra) também influenciaram nas irregularidades.

As irregularidades também podem ser função da grande contradição existente

entre o pequeno investimento financeiro para compra de equipamentos necessário à

extração de areia e os altos custos necessários à regularização legal e ambiental da

atividade. Além dos custos para obtenção das licenças ambientais junto à CETESB e dos

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diplomas minerais junto ao DNPM, as atividades legalmente regularizadas pagam uma

série de encargos e tributos.

5.1 Recomendações

Todos os resultados apresentados reforçam a necessidade de maior integração

entre os órgãos envolvidos na atividade para que os problemas de degradação sejam

melhores observados.

Com relação ao aspecto cultural dos mineradores e dos operadores de máquina, a

CETESB, o DEPRN ou até mesmo as Universidades, em parceria com o SINDAREIA,

poderiam oferecer cursos de credenciamento, como uma carteira de habilitação junto ao

sindicato. Não só as técnicas de dragagem fariam parte da grade desse curso, como

principalmente a educação ambiental. Mostrando a importância da conservação das

matas ciliares e das margens dos corpos d’água, bem como do reflorestamento das

APPs, além de tratar de outros temas pertinentes a atividade.

Em razão dos resultados apresentados nesse trabalho a respeito da qualidade e da

efetivação dos plantios nas APPs acordados durante a fase de licença do

empreendimento, mostram-se necessárias mudanças no processo de renovação das

licenças ambientais. A recomendação é para que, a cada três anos, no ato de renovação

da licença ambiental junto a CETESB, seja realizada novas exigências por parte do

DEPRN na verificação do atendimento aos projetos de plantios. Não sendo expedida

nova licença sem que os projetos de plantio tenham sido efetivados.

A SMA 04/99 está sendo revista atualmente, aumentando as expectativas de que

melhores mudanças sejam incorporadas ao licenciamento dessa atividade e de que esses

resultados possam contribuir nesse sentido.

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ANEXOS

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Anexo A. Apresentação das empresas mineradoras de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP, ativas no Cadastro Mineiro do

DNPM em junho de 2004. Municípios: Analândia (NA), Charqueada (CH), Corumbataí (CO), Ipeúna (IP) e Rio

Claro (RC)

Empresas Município Tipo de DNPM Uso da areia

extração Lavra (ha) Tipo de pedido Início Antonelli Extração e Comércio de Minérios Ltda CH LEITO 27,91 Concessão de lavra 1998 Construção civil Areia para Construção Serra d´água IP LEITO 1,68 Licenciamento 1998 Construção civil Areia para Construção Serra d´água Ltda - ME IP CAVA 41,11 Autorização de Pesquisa 1999 Contrução civil Areialex Extração e Comércio de Minérios Ltda - ME CH LEITO 7,52 Licenciamento 1992 Construção civil Cleri Teresa Hildebrand Nascimento - ME AN CAVA 171,5 Concessão de lavra 1990 Fundição CRS - Mineração Industrial Ltda AN CAVA 655 Concessão de lavra 1985 Fundição Empresa de Mineração José Emanoel Ltda RC CAVA 51,98 Concessão de lavra 1977 Fundição Extração de Areia Perissoto CO LEITO 0,71 Licenciamento 1986 Construção civil Extração e Comércio de Areia Vale do Sol Ltda CO LEITO 49,97 Requerimento de lavra 1987 Construção civil Extração e Comércio de Areia Corimbatá Ltda - ME RC LEITO 77,56 Concessão de lavra 1973 Construção civil Ezequiel Covre - FI (Min. Ipeúna) IP LEITO 35,7 Licenciamento 1979 Construção civil Germano Riggi - ME CH CAVA 49,7 Autorização de Pesquisa 1999 Construção civil Guarazemini Mineração Ltda CO CAVA 48,81 Licenciamento 1999 Construção civil Itaçu Comércio e Mineração Ltda RC LEITO 13,47 Requerimento de lavra 1999 Construção civil Jandira Aparecida Foito Abondanza - ME IP LEITO/CAVA 27,36 Licenciamento * Construção civil José Edvaldo Tietz CH/IP LEITO 43,25 Requerimento de lavra 1996 Construção civil José Edvaldo Tietz CH/IP LEITO 34,21 Requerimento de lavra 1996 Construção civil M.T. - Mineração Ltda - ME IP LEITO 18,85 Licenciamento 1999 Construção civil Marciano Ceccato (II) CO LEITO 17,12 Autorização de Pesquisa 2000 Construção civil Marciano Ceccato (I) RC LEITO 49,92 Autorização de Pesquisa 1994 Areia industrial Maristel Decarli Zaccariotto - FI CO CAVA 43,34 Requerimento de lavra 1992 Areia Industrial Melotto & Montibeller Extração e Comércio de Areia Ltda - ME CH LEITO 41,68 Licenciamento 2000 Construção civil Mineração Barrocão Ltda - ME AL CAVA 9,91 Licenciamento 2000 Construção civil Mineração do Vale Ltda CO CAVA 46,79 Requerimento de lavra 1998 Construção civil Mineração do Vale Ltda CO LEITO 20,3 Concessão de lavra 1973 Construção civil Mineração do Vale Ltda CO LEITO 257 Concessão de lavra 1980 Fundição Mineração Dois Irmãos RC LEITO 91,25 Concessão de lavra 1982 Fundição Mineração Ferraz Indústria e Comércio Ltda (Min. Andorinhas) CO LEITO 93,51 Concessão de lavra 1973 Fund. e Const. civil 156

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157

Anexo A. Apresentação das empresas mineradoras de areia da Bacia do Rio Corumbataí, SP, ativas no Cadastro Mineiro do

DNPM em junho de 2004. Municípios: Analândia (NA), Charqueada (CH), Corumbataí (CO), Ipeúna (IP) e Rio

Claro (RC)

Empresas Município Tipo de DNPM Uso da areia

extração Lavra (ha) Tipo de pedido Início Mineração Mandu Industria e Comércio Ltda RC CAVA 32,63 Concessão de lavra 1981 Fundição Nelson Bolani - FI CH LEITO 4,46 Licenciamento 1998 Construção civil Passa Cinco - Extração e Comércio de Minérios Ltda IP LEITO 25 Licenciamento 1998 Construção civil Pedro Amstalden CH LEITO 41,37 Concessão de lavra 1976 Fund. e Const. civil Tietz Extração e Comércio de Minérios Ltda CH LEITO 23,9 Licenciamento 1998 Construção civil Vermac Comercial Ltda CH LEITO 1,22 Licenciamento 1990 Construção civil

157

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158

Anexo B. Matriz de Similaridade de Jaccard entre uma área natural (Bertani et al., 2001) e 19 áreas de plantios dos portos de

areia de leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Nat.1 1,00 2 0,00 1,00 3 0,00 0,31 1,00 4 0,00 0,18 0,14 1,00 5 0,00 0,16 0,24 0,39 1,00 6 0,00 0,24 0,23 0,26 0,27 1,00 7 0,00 0,11 0,13 0,14 0,19 0,09 1,00 8 0,00 0,07 0,06 0,11 0,10 0,11 0,12 1,00 9 0,00 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24 0,11 0,14 1,00 10 0,00 0,07 0,10 0,18 0,15 0,13 0,13 0,13 0,25 1,00 11 0,00 0,18 0,20 0,36 0,24 0,24 0,15 0,11 0,21 0,12 1,00 12 0,00 0,11 0,14 0,17 0,18 0,18 0,13 0,04 0,18 0,25 0,15 1,00 13 0,00 0,16 0,19 0,19 0,16 0,27 0,08 0,13 0,14 0,13 0,22 0,11 1,00 14 0,00 0,16 0,24 0,33 0,28 0,27 0,18 0,09 0,18 0,18 0,26 0,17 0,27 1,00 15 0,00 0,16 0,24 0,24 0,26 0,20 0,20 0,15 0,19 0,16 0,19 0,27 0,21 0,26 1,00 16 0,00 0,21 0,25 0,20 0,24 0,32 0,11 0,11 0,24 0,14 0,22 0,14 0,29 0,34 0,19 1,00 17 0,00 0,18 0,20 0,34 0,28 0,23 0,22 0,13 0,21 0,14 0,29 0,28 0,24 0,27 0,36 0,25 1,00 18 0,00 0,26 0,27 0,38 0,29 0,24 0,18 0,11 0,29 0,18 0,53 0,14 0,19 0,28 0,24 0,26 0,31 1,00 19 0,00 0,13 0,15 0,07 0,09 0,14 0,05 0,10 0,13 0,24 0,10 0,07 0,14 0,14 0,13 0,17 0,09 0,10 1,00 Nat. 0,00 0,05 0,06 0,04 0,02 0,1 0,01 0,02 0,04 0,01 0,04 0,02 0,07 0,07 0,02 0,06 0,02 0,05 0,03 1,00

158

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159

Anexo C. Matriz de Similaridade de Jaccard entre uma área natural (Bertani et al., 2001) e 23 projetos de plantios dos portos de

areia de leito de rio da Bacia do Rio Corumbataí, SP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Nat.1 1,00 2 0,08 1,00 3 0,08 1,00 1,00 4 0,10 0,13 0,13 1,00 5 0,10 0,13 0,13 1,00 1,00 6 0,06 0,71 0,71 0,40 0,40 1,00 7 0,09 0,89 0,89 0,14 0,14 0,66 1,00 8 0,09 0,89 0,89 0,14 0,14 0,66 1,00 1,00 9 0,00 0,02 0,02 0,16 0,16 0,10 0,02 0,02 1,00 10 0,09 0,17 0,17 0,11 0,11 0,19 0,18 0,18 0,05 1,00 11 0,04 0,20 0,20 0,12 0,12 0,23 0,20 0,20 0,03 0,11 1,00 12 0,13 0,14 0,14 0,10 0,10 0,11 0,16 0,16 0,00 0,17 0,11 1,00 13 0,04 0,20 0,20 0,11 0,11 0,23 0,19 0,19 0,03 0,11 0,98 0,11 1,00 14 0,02 0,15 0,15 0,14 0,14 0,21 0,13 0,13 0,09 0,08 0,13 0,05 0,13 1,00 15 0,08 0,18 0,18 0,13 0,13 0,16 0,20 0,20 0,08 0,10 0,09 0,12 0,09 0,10 1,00 16 0,05 0,34 0,34 0,15 0,15 0,37 0,32 0,32 0,09 0,16 0,20 0,13 0,20 0,22 0,19 1,00 17 0,04 0,20 0,20 0,12 0,12 0,23 0,20 0,20 0,03 0,11 1,00 0,11 0,98 0,13 0,09 0,20 1,00 18 0,09 0,17 0,17 0,11 0,11 0,19 0,18 0,18 0,05 1,00 0,11 0,17 0,11 0,08 0,10 0,16 0,11 1,00 19 0,06 0,06 0,06 0,03 0,03 0,05 0,07 0,07 0,03 0,06 0,03 0,08 0,03 0,00 0,05 0,04 0,03 0,06 1,00 20 0,04 0,19 0,19 0,10 0,10 0,22 0,18 0,18 0,03 0,11 0,94 0,11 0,96 0,12 0,09 0,19 0,94 0,11 0,03 1,00 21 0,06 0,23 0,23 0,14 0,14 0,24 0,22 0,22 0,09 0,16 0,24 0,08 0,23 0,19 0,15 0,31 0,24 0,16 0,05 0,22 1,00 22 0,07 0,31 0,31 0,13 0,13 0,29 0,30 0,30 0,09 0,19 0,18 0,15 0,20 0,21 0,18 0,36 0,18 0,19 0,04 0,19 0,26 1,00 23 0,08 0,18 0,18 0,13 0,13 0,16 0,20 0,20 0,08 0,10 0,09 0,12 0,09 0,10 1,00 0,19 0,09 0,10 0,05 0,09 0,15 0,18 1,00 Nat. 0,01 0,12 0,11 0,02 0,02 0,12 0,12 0,12 0,02 0,06 0,13 0,01 0,13 0,10 0,06 0,15 0,12 0,04 0,03 0,13 0,11 0,11 0,06 1,00

159

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160

Anexo D. Integridade física das margens dos corpos d’água de portos de areia da Bacia

do Rio Corumbataí. Classificação da integridade física como boa (A), regular

(B) e crítica (C)

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Anexo E. Desestabilização das margens (A) e conseqüente assoreamento (B) dos corpos

d’água dos portos de areia da Bacia do Rio Corumbataí, resultantes da

ausência de cobertura florestal (C) da dragagem das margens (D) e da

elevação natural da vazão do rio

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Anexo F. Matriz de diagnóstico e avaliação da recuperação das APPs de portos de areia

da Bacia do Rio Corumbataí. Categorias de classificação: ótimo, bom, regular

e ruim. * Plantios recentes

Porto Ruim Regular Bom Ótimo 1 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 2 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE ( ) RI (X) DF ( ) 3 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 4 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI (X) PE ( ) RI (X) DF ( ) 5 ND ( ) OE (X) FF (X) FI ( ) PE ( ) RI (X) DF ( ) 6 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI (X) PE (X) RI ( ) DF ( ) 7 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 8 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 9 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 10 ND ( ) OE (X) FF (X) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 11* ND ( ) OE (X) FF ( ) FI (X) PE ( ) RI ( ) DF ( ) 12 ND ( ) OE (X) FF (X) FI ( ) PE (X) RI (X) DF (X) 13 ND ( ) OE (X) FF (X) FI (X) PE (X) RI (X) DF (X) 14 ND ( ) OE (X) FF (X) FI (X) PE ( ) RI (X) DF ( ) 15 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE ( ) RI ( ) DF ( ) 16 ND ( ) OE (X) FF (X) FI ( ) PE ( ) RI (X) DF ( ) 17 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE ( ) RI ( ) DF ( ) 18* ND ( ) OE (X) FF ( ) FI (X) PE ( ) RI ( ) DF ( ) 19 ND ( ) OE (X) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( ) 20 ND (X) OE ( ) FF ( ) FI ( ) PE ( ) RI ( ) DF ( ) 21 ND (X) OE ( ) FF ( ) FI ( ) PE (X) RI ( ) DF ( )

ND (Nada) = Ausência de plantio; OE (Ocupação do espaço) = Plantio implantado; PE (Proteção do entorno) = Presença de florestas naturais ou artificiais próximas ao plantio; FF (Fisionomia florestal) = Ocorrência de estratos na vegetação e presença de serapilheira; FI (Florística implantada) = Implantação do número mínimo de espécies previstas pelas Resoluções SMA

21/2001 e 47/2003; RI (Regeneração interna) = Presença de diásporos e indivíduos regenerantes; DF (Dinâmica florestal) = Presença de clareiras naturais e regeneração interna.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1. Ficha de coleta de dados nos arquivos de processos de licenciamento da

CETESB e no cadastro mineiro do DNPM Razão social: Localização: (município/bairro/endereço/coordenada geográfica) Responsável: Telefone de contato: Área total (ha): Área de lavra (ha): Tipo de lavra: (leito ou cava) Corpo d’água: Propriedade: (Própria ou arrendada) Produção de areia (m3/mês): Destino de consumo da areia: Ano inauguração da empresa: Tempo de concessão de LI e LO (meses): Vistorias Cetesb: Situação legal na Cetesb: Plano de recomposição vegetal (xerox) Outras informações relevantes:

Razão social: Município/Coordenada geográfica: Área de lavra (ha): Tempo de autorização de pesquisa (TAP): Tempo de concessão de lavra (TCL): Tempo de registro de licença (TRL)

Ficha de dados - CETESB

Ficha de dados –DNPM

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185

APÊNDICE 2. Modelo do questionário aplicado em entrevistas junto aos mineradores

de areia da Bacia do Rio Corumbataí

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” Departamento de Ciências Florestais

______________________________________________________________________ Caracterização das empresas mineradoras de areia do Rio Corumbataí (Etapa I) e da percepção ambiental e

legal de seus empreendedores (Etapa 2)

Função do entrevistado: Empresa vinculada:

ETAPA 1

1. Desde quando extrai areia do rio Corumbataí?

2. Qual é o histórico de uso das áreas?

3. Quais são os planos de uso futuro das áreas?

4. Tem desenvolvido atividade de reflorestamento? Qual é o custo médio do reflorestamento?

5. Quanto vende o m3 de areia para os distribuidores?

ETAPA 2

1. Qual foi o custo de implementação do seu porto? Qual foi o tempo para obtenção das licenças de instalação e funcionamento? Houve alguma dificuldade na obtenção do licenciamento ambiental?

2. Você acha importante reflorestar as margens do Rio Corumbataí (matas ciliares)? Por que? Por quê é exigido o plantio de várias espécies?

3. Os portos de areia trazem algum prejuízo ou benefício ao meio ambiente?

4. Com que freqüência os órgãos ambientais visitam o seu porto? Costumam assessorar nas questões técnicas?

CETESB DEPRN Pol. Amb. DNPM DAEE Prefeitura Outros N S A N S A N S A N S A N S A N S A N S A

N = nunca; S = sempre; e A= às vezes

5. A elaboração de uma cartilha com informações a respeito do processo de licenciamento da extração mineral ajudaria na implantação do seu porto de areia? Se não, por quê?

Sim (___) Não (___) ________________________________________________________

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APÊNDICE 3. Modelo dos questionários enviado aos órgãos licenciadores da atividade

de extração de areia na Bacia do Rio Corumbataí

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” Departamento de Ciências Florestais

Programa de Pós-graduação em Recursos Florestais ______________________________________________________________________

Entrevista: Caracterização das condições e recursos dos órgãos ambientais envolvidos na mineração de areia da bacia do Rio Corumbataí

Função do entrevistado: Órgão vinculado: 1. Como é feita a qualificação e a atualização dos técnicos a respeito das questões ambientais e legais da extração mineral? 2. Os recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis asseguram as atribuições desse órgão no que tange a extração de areia em leito de rio? Justifique. 3. Quais são os procedimentos e os critérios utilizados pelo órgão no que tange a extração de areia em leito de rio? Quais outros procedimentos, recursos e critérios seriam importantes na avaliação do impacto dessa atividade? 4. Quais são as principais legislações e normas legais utilizadas pelo órgão no que tange a extração de areia em leito de rio?

5. Você acha que o licenciamento de portos de areia em leito de rio traz contribuições ambientais?

6. Na sua opinião, quais são as principais causas de demora na obtenção das licenças ambientais necessárias para a implantação dos portos de areia?