o liberalzinho 2014

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L I B E R A L Z I N H O AMAZÔNIA CICLOS DE MODERNIDADE. PÁGINAS 8 E 9. s ob curadoria de Paulo Herkenhoff, coloca os artistas e suas travessias na Amazônia e no mundo por elementos que se rela- cionam com ação de deslocamento. Desse rasgo na paisagem física e paisagem social temos uma percepção contrastante que nos convoca para entrar nas exposições com o espírito de expedição. BELÉM SABADO E DOMINGO 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 OLIBERAL O A r t e Pará a n o 3 3

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liberalzinho 1BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

liberalzinhoamazônia ciclos de modernidade.

PáginaS 8 e 9.

sob curadoria de Paulo Herkenhoff , coloca os art istas e suas travessias na Amazônia e no mundo por elementos que se rela-

cionam com ação de deslocamento. Desse rasgo na paisagem física e paisagem social temos uma percepção contrastante que nos convoca para entrar nas exposições com o

espírito de expedição.

BeLÉMSaBaDO e DOMingO11 e 12 de oUTUBrode 2014

o liberal

O Arte Pará ano 33

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2 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

Em sua 33ª edição o Arte Pará interage com o circuito dos museus e com a cidade.A troca de ideias e experiências – entre as várias expressões artísticas, principalmente com as artes visuais contemporâneas, torna-se essenciais para instigar possibilidade de novas visões e convivências de comunicação e percepção de mundo. Ao longo de seus 33

anos, os artistas inspiram modos de vida, olhares e sentimentos que se consolidam por meio de seu diálogo com o público. O curador geral Paulo Herkenhoff propõe a integração da edição com a sala especial Amazônia Ciclos de Modernidade e nos convoca a ter uma experiência particular com as sensações de pertencimento

e identidade. O Arte Parátem papel importante na convocação do público a compartilhar histórias, dividir tempo eo espaço em relações sociais que torna mais forte seu sentimento de inserção de tudo que provenha das expressões e viveres constituídos histórica e socialmente na arte.

papo dez

artistas Convidados seleCionados

e sala espeCial amazônia CiClos de modernidade

Foto da Capa: Andréa BarreiroFotos: IwabychiTítulo: Sem Título - da Série Estudo para uma memória - Vol 1

LIBERALZINHO 1BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

LIBERALZINHOAMAZÔNIA CICLOS DE MODERNIDADE.

PÁGINAS 8 E 9.

sob curadoria de Paulo Herkenhoff , coloca os art istas e suas travessias na Amazônia e no mundo por elementos que se rela-

cionam com ação de deslocamento. Desse rasgo na paisagem física e paisagem social temos uma percepção contrastante que nos convoca para entrar nas exposições com o

espírito de expedição.

BELÉMSABADO E DOMINGO11 E 12 DE OUTUBRODE 2014

O LIBERAL

O Arte Pará ano 33

liberalzinhoarteparáespecial_2014_2.indd 1 11/3/2014 5:18:25 PM

o liberal

PresidenteLucidéa Batista Maiorana

Presidente ExecutivoRomulo Maiorana Jr.

Diretor-Editor Corporativo Ronaldo Maiorana

Diretora Administrativa Rosângela Maiorana Kzan

Diretora ComercialRosemary Maiorana

Diretor IndustrialJoão Pojucam de Moraes Filho Diretor Redator-Chefe Walmir Botelho D’Oliveira

Diretor de Novos NegóciosRibamar Gomes

Diretor de MarketingGuarany Júnior

Diretores José Edson Salame José Luiz Sá Pereira

Editora: Vânia Leal MachadoEditor de Arte: Freddy AzimuteEditor de Imagens: Wedison Soares

End. Av. 25 de Setembro, 2473Marco. CEP – 66093-000. Tel.: 3216-1113. E-mail: [email protected]

Andréa BarreiroCosta&BritoDavilyn DouradoDirnei PratesElaine ArrudaEduardo SimõesFlora Assumpção

Henrique CésarJosé de AlmeidaJuliana NotariLuciana MagnoLuísa Nóbrega SilvaMariana MarcassaMelissa Barbery

Paul SetúbalPedro DavidRaquel MatusitaRicardo VillaRodrigo GonzalezVítor Mizael

Museu Paraense eMílio GoeldiMPeGAv.Magalhães Barata, 376-São Bráz.Belém/PA.66040-170Fones: (91) 31823210 E-mail: [email protected]ço de Educação e Extensão: Lúcia das Graças Santana da Silva/Ana Cláudia SilvaFuncionamento: de terça à sexta-feira, das 9h às 17h e sábado e domingo, das 10h às 14h.

Museu do esTado do ParÁ-MePPalácio Lauro Sodré/Praça D Pedro II s/n. Cidade Velha. Belém-PA.66020-310.Fones: (91) 4009-8845/ 40098840/40099800E-mail: [email protected]: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 9h às 13h.

esPaÇo CulTural Casa das onZe JanelasPraça Frei Caetano Brandão s/n.Cidade Velha. Fones: (91) 4009-8821/ Belém-PA.66020-310. Funcionamento: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 9h às 13h.

Agendamentos: de 8h00 as 14h00. Fone: 40098845. Responsável: Ademar JuniorFuncionamento de terça a domingo, das 10h às 16h.

os horários

ESPECIAL ARTE PARA

liberalzinho

PATRoCínIo

REALIzAção

APoIo

Fundação Romulo Maiorana

Diretora ExecutivaRoberta Maiorana

Assessora de ProjetosDaniela Sequeira

Assistente ExecutivaFabrícia Sember

CuradorPaulo Herquenhoff

GoVERno Do ESTADo Do PARÁ – SECULT, SEoP, SECULT, SEoP, SEDUC, o LIBERAL nA ESCoLA, STRAnS-BEL- Sindicato de Transporte de Passageiros em Belém, SoL InFoRMÁTICA, VELoz TInTAS, RESTAURAnTE PoMMEDoR, RESTAURAnTE REMAnSo Do BoSQUE, RESTAURAnTE LÁ EM CASA.

Page 3: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 3BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

33º SALão ARtE PARá

O Arte Pará: uma história na construção de significados de vidas.

jogos simbólicos, como uma expedição.

o s trabalhos dos artistas nos convidam para experimentar o deslocamento com nosso

corpo/olhar que identifica as semelhanças e percebe as diferenças nos modos, de pensar e viver os territórios diversos.

o artista Marcone Moreira por exemplo com o vídeo “Horizonte de Ferro” traz à tona um conjun-

to de elementos que se relacionam com o trem e seu entorno.

A partir do trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás que é um meio de transporte essen-

cial no fluxo migratório entre os estados do Maranhão e Pará, o artista nos diz que quando criança viajava com sua família-desde a sua cidade natal no estado do Maranhão para a cidade de Marabá.

A o olhar pela janela do trem ficava fascinado com a velo-cidade do trem avançando na

paisagem e ao mesmo tempo percebia as pessoas que desapareciam feito formigas.

E le diz: “Era esse antagonismo entre homem e máquina que estava presente naquela per-

cepção, e que hoje, entendendo de uma maneira crítica, me vem sob a forma de um

incomodo face à tanta miséria colocada às margens de uma estrutura de poder eco-nômico que rasga essa paisagem. Penso, como artista que o estado de criação, de pesquisa e de processo, procura, de uma forma ou de outra, resgatar imagens com as quais nos cruzamos, algumas delas bem antigas. Foi isso que procurei fazer, quando convidei o MarkusAvaloni para me acompanhar e revisitar a mesma estrada de ferro, para realizar o vídeo”.

C ertamente as perguntas e dúvi-das são muitas. Portanto, lem-brem-se: são as perguntas que

fazemos a nós mesmos que ampliam nos-sos horizontes. Venha para o Arte Pará e faça uma viagem na paisagem física e social que o vídeo de Marcone propõe.Através da viagem ele nos conduz, conectando com outros trabalhos da sua produção, que também remetem a essas questões

A maioria das pessoas se referem à Região Norte chamando-a de Amazônia. Elas estão falando

corretamente. A Amazônia ocupa quase toda a região Norte e a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Ela é muito grande.

P or ser a maior floresta do planeta, possui características de vários ecossistemas: floresta úmida de

terra firme, diferentes tipos de matas, cam-pos abertos e cerrados daí ser considerada um bioma, o que possuem certo nível de homogeneidade, chamadas comunidades-biológicas, ou seja, as populações de orga-nismos da fauna e da flora interagem entre si e também com o ambiente físico.

E sta paisagem e o que ela contém são as maiores riquezas do pla-neta e têm sofrido uma constante

ameaça por parte dos interesses capita-listas que não tem limites quando visam o lucro, e não o humano.

o arte Pará Ano 33, sob a cura-doria de Paulo Herkenhoff que sempre esteve atento às ques-

tões da Amazônia e de seus artistas nos deixa em estado de atenção para três questões importantes a partir de um pen-samento ético do filósofo e psicanalista

Félix Guatarri que integra três ecologias: o meio ambiente, as relações sociais e a subjetividade. Nosso curador ao pensar o planeta e a Amazônia nos diz que “esse é o desafio mais urgente da “civilização brasileira”. O que isso tema ver com a arte e nossos artistas?

t udo, pois os artistas através de seus trabalhos têm experiências aprofundadas com o planeta e

com a vida cotidiana e quando ele traça no meio inteiro ambiente uma proposição com a arte. Reside ai um desejo de fazer um recorte sobre questões diversas, sejam elas, política, social, antropológica, ética e estética.

E são essas questões que os artistas do Arte Pará e da Sala especial “Amazônia Ciclos de

Modernidade” trazem para o público viajar, conhecer territórios desconhecidos, des-cobrir novas paisagens, ativar a memória das viagens reais e imaginárias vividas nos

liberalzinho 3

os artistas através de seus trabalhos têm

experiências aprofundadas com o planeta e com a vida cotidiana

Marcone Moreira -

HORIZONTE DE FERRO

Paulo Herkenhoff

Page 4: O Liberalzinho 2014

4 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL4 liberalzinho ARTE PARA ESPECIAL

Educativo Arte Pará: Construindo experiências

Ver significar e viver arte e cultura

A Ação Educativa do Arte Pará tem como objetivo principal aproximar de maneira efetiva o

público – os mais variados tipos de público – da produção artística contemporânea com o propósito de estimular outros modos de olhar, conhecer e produzir arte.

Pensando nesta experiência que se dá no espaço expositivo, a Fundação Romulo Maiorana se

preocupa com a concepção de formação para professores da rede pública e de outras instituições.

Outra plataforma do trabalho educativo alicerçada na base de formação, se dirige para os

estudantes das Universidades e Faculdades de Belémque conversam com o público durante os dois meses de mostra nos espaços expositivos. O encontro recebeu artistas, curadores, educadores num fórum dinâmico de trocas e reflexões para o ensi-no e aprendizagem em arte contemporânea para ver, significar e viver arte e cultura.

O ponto central de nossas pes-quisas, se conduziu na seguin-te questão: na ação de mediar

não como uma interligação entre quem sabe e quem não sabe arte mas, desejando que os estudantes estejam “entre”: as obras dos artistas e as conexões com o acervo do museu. Entre a figura do artista. Do curador. Dos textos expositivos. Entre o interesse gerado pelo Arte Pará. Entre o crítico. Entre aquele que diz: “Isto é arte? Entre as mídias pedagógicas. Entre os percursos escolhi-dos pelos professores. Entre as opiniões. Entre as vozes internas com um grande desejo de provocar no outro, uma experi-ência com a arte, já que ela é fundamental por nos movimentar e nos fazer olhar o que antes passava despercebido.

A estudante de Artes Visuais, Érica Oliveira que está na mediação diz que “A participa-

ção nos encontros do curso de Formação de Mediadores a fez refletir sobre o nível de qualidade de todos os profissionais envolvidos; e que mediação cultural, pelo menos neste projeto não confunde-se com monitoria ou visita guiada. Realizar este

trabalho não significa somente participar de um evento renomado nacionalmente, mas, sobretudo a experiência das relações humanas que envolvem os indivíduos”, complementa a estudante.

É com este entendimento de Erica que a equipe de media-ção Arte Pará e Amazônia Ciclos

de Modernidade, desejam compartilhar a curadoria educativa que é justamente os percursos que provocam experiências na construção do olhar afinal, relações huma-nizadoras provocam acesso ao mundo da arte para que crianças, jovens e adultos, possam ter experiências no espaço da arte.

Nessa construção colaborati-va, o projeto Arte Pará firma parceria com a SETRANS-

Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém que coloca à dis-posição das escolas estaduais, municipais e particulares, ônibus pela manhã e tarde durante os dois meses de exposição para fazer o translado dos estudantes das esco-las para os museus.

A ação conversa aproximada dos artistas sobre seus proces-sos de trabalhos com o públi-

co escolar firma-se cada vez mais como momento articulado que puxa fios de cone-xões que encoraja o público a levantar pontos de vista diversos problematizando para todos os envolvidos, o convívio com a arte. Ver, ouvir e sentir isso de perto é uma experiência única.

Todas as quintas-feiras as esco-las agendadas poderão inte-ragir com o fazer artístico.

Uma equipe preparada, coordenada pela educadora de museu e professora Márcia Helena Pontes que em parceria com núcleo Educação Arte Pará vai promover ações performáticas pensadas e planejadas a par-tir dos trabalhos dos artistas.

Queremos que o público visi-tante tenha uma relação aproximada e participativa

com a arte contemporânea como signifi-cantes do mundo. E é neste processo que a curadoria educacional prepara os estu-dantes, organiza fóruns para professores e prepara visitas agendadas com o material de apoio pedagógico.

Zenaide Paiva - Educação em Museus e Arte Pará.

Janice Lima - Mediação para Arte contem-porânea: possibilidades metodológicas

Orlando Maneschy - Amazônia o Lugar da experiência

Marisa Mokarzel: nas dobras da Amazônia, mundo, Brasil

Grupo Empreza conversando sobre seus pro-cessos artisticos no MEP

Paulo Portella – MASP – Vânia Leal - Arte

Pará - Percursos da Arte na Educação

Luana Leal e Márcia Pontes– Curadoria Educacional: uma expedição para a arte

Guy Veloso – Processos artísticos no Arte Pará e Amazônia Ciclos de Modernidade

O Projeto arte Pará é um projeto que já está incluso no calen-dário escolar da cidade,e a

curadoria, pesquisa, artistas, e mediadores se prepararam para estabelecer relações a partir de cada ação. Afinal, todos têm a responsabilidade de facilitar a comunicação e a apreciação.

Venham viver Arte como uma expedição nos espaços dos museus! Isso exige preparo para

que a visita faça parte de um projeto elabo-rado. Nossa equipe espera vocês!

Page 5: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 5BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

Arte como um cálculo e desejo construtivo

A escolha do local para

execução do trabalho vocês

chamam de extra-artístico.

Falem um pouco sobre esses

locais.

Q uando demos início às atividades, nos reuníamos sempre

na UNESP, que fica no bairro Barra Funda, em São Paulo-SP. No começo não tínhamos em mente o que seria o nosso traba-lho em dupla, de modo que os encontros eram mais para discutir projetos individuais e encontros informais naquela instituição -nós dois temos vínculos acadêmicos nessa universidade. Nosso amigo e artista Maurício Adinolfitambém participava dessas conversas. Foi quando surgiu a oportunidade, por meio de um grupo de extensão do instituto de artes chamado L.O.T.E, de fazer uma visita na Fazenda Serrinha, em Bragança Paulista-SP, onde ocorrem residências e eventos de cunho artístico.

O artista Sergio Romagnolo (e que foi nosso professor na Unesp) nos disse que poderíamos pensar algum projeto como dupla, pois percebia algumas afinidades em nossa produção individual. A partir dessa sugestão, pensamos em tra-balhar juntos na Fazenda Serrinha e lá fizemos a primeira ação em um bosque de eucaliptos, onde a gente se sustentava num tronco por uma corda e dois tocos de madeira (figura 1). Esse trabalho determinou todos os outros que viriam, e assim nosso olhar pas-sou a buscar situações e soluções por onde frequentávamos, surgiu, então, a ATIVIDADE Nº 02, no metrô (figura 2), e as ATIVIDADES 03, 04 e 05, que foram atrás da marcenaria da universidade, onde nos reuníamos semanalmente. Isso nos influenciou muito, pois o contexto era madeira, ferro, bloco, e coisas do tipo, as atividades pas-saram a utilizar desses materiais e das soluções da construção civil.

Desta forma, utilizamos a pala-vra extra-artístico para denomi-nar os espaços que não estão, necessariamente, institucionali-zados (como é o caso de gale-rias e museus, por exemplo). Isso não quer dizer que temos algum problema com ambientes fami-liarizados com a arte; inclusive utilizamos esses espaços para a apresentação dessas atividades, através do vídeo.

Os materiais encontrados são utilizados nesses espaços? Como se dá o pensamento criativo a par-tir desses materiais?

Todos os materiais que utiliza-mos nas ações eram do contexto do lugar. Os cavaletes pertenciam ao posto da Polícia Civil, situado dentro do metrô; a escada e a cadeira estavam descartadas no terreno em que realizamos a ati-vidade; as tábuas e o caibro eram da marcenaria ao lado.

O pensamento partia unica-mente de uma solução prática e técnica, não tinha uma preo-cupação estética ou formal para compor a cena, isso se dava no enquadramento apenas, que visa-va buscar o melhor ângulo para mostrar as ações.

Neste tipo de trabalho, qual-quer escolha compositiva deveria passar, obrigatoriamente, por um crivo funcional. Antes de qualquer coisa, o corpo e os materiais deve-riam funcionar naquele espaço.

Só assim, podemos pensar em potência.

A arte é um jogo para vocês?

Talvez seja uma espécie de teste, nós dois temos uma relação com materiais e situações, que muitas vezes estão subordinadas às leis da natureza, como gravi-dade, peso, pressão, resistência e instabilidade.

Jogamos com as caracterís-ticas do lugar e do material, mas também fazemos uso de concei-tos e soluções da arquitetura, da engenharia e da ciência popular, tais como os métodos e tradi-

ções da carpintaria. Temos muito que aprender com os pedreiros, pintores de parede, serralheiros, marceneiros, etc. Esses são ver-dadeiros gênios.

A questão em “jogo” pode ser o nosso interesse em comum de utilizar outros repertórios no pro-cesso artístico; ou seja, trabalhar a partir de outros vocabulários e inseri-los à uma lógica de traba-lho. Desta maneira, conseguimos alguma coisa que questione a pró-pria linguagem artística.

Falem da experiência artís-tica de vocês.

Temos algumas coisas em comum, pensamos muito em arquitetura e esse universo da engenharia civil. Somos do inte-rior (Lucas de Campinas-SP e Bruno de Jacareí-SP) e temos um repertório parecido. Isso nos ajuda muito na hora de resolver os tra-balhos em dupla e, muitas vezes, temos as mesmas soluções para as ATIVIDADES, ou complementa-mos com detalhes pontuais.

Como dupla, não temos experi-ência. O Arte Pará é nossa primei-ra exposição.

Individualmente, já participa-mos de exposições e temos vín-culo com a Unesp (Lucas é mes-trando em “Processos e procedi-mentos artísticos” e Bruno cursa o bacharel em Artes Visuais)

Quanto tempo vocês traba-lham nessas atividades artís-ticas?

A dupla foi iniciada este ano (2014) e, o vídeo apresentado no Arte Pará, contempla justamente nossas primeiras atividades, com exceção da primeira (um registro fotográfico de nossa ação realiza-da na Fazenda Serrinha)

Sobre o tempo de formulação de cada atividade, geralmente cos-tuma ser muito rápido. Ao deparar-mos com o contexto, começamos trocar ideias e vamos lapidando o projeto inicial até chegarmos

Foto

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dino

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6 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

numa imagem comum. Depois disso, fazemos alguns testes e pensamos no enquadramento melhor para aque-la atividade. As vezes esse insight se dá individualmente e as soluções são tomadas conjuntamente.

Achamos interessante isso, por-que é como se a imagem que nós criamos, possa concretizar-se sem nenhuma margem de erro.Contamos com o material e confiamos no méto-do. O processo nos parece muito racional: sentar numa cadeira à mais de 2 metros de altura eque, por sua vez, está em cima de outra pessoa, não pode dar errado para nós, ape-sar de uma sensação instável tomar conta de todo nosso processo.

É como em um cálculo matemáti-coque não existe erro, pois é sabido o método. Quando sabemos o método, o processo é mais rápido.

Sobre a ação em si, todas as atividades duram exatamente aquele tempo que o público vê no vídeo, pois utilizamos o plano-sequência. Não existe edição, nem controle de tempo para cada atividade. Elas duram o

que precisam durar.

O eixo, o equilíbrio é muito importante nas atividades de vocês. Existe um treino para ter o equilíbrio com precisão?

Existem tentativas, que se baseiam numa lógica racional e matemática. Levamos em conta nossa diferença de estatura, peso e força, por isso nosso equilíbrio sempre será assimé-trico. Balanceamos isso e compensa-mos no material, como na ATIVIDADE N° 05, onde nos equilibramos porque a maior parte do caibro está do Bruno, caso contrário, seria impossível.

Destacamos que nosso pensa-mento se dá no próprio enfrentamen-to com o material. As noções da física (intrínseca ao trabalho) surgem de modo muito intuitivo, já que nunca fizemos cálculos sistemáticos para a produção de algum trabalho. Nosso instrumento de medição é o próprio corpo no espaço.

Foto

: M

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io A

dino

lfi

Quando estamos vendo as ati-vidades de vocês ficamos tensos e também envolvidos naturalmen-te. Nesta troca vocês acham que ai se dá a relação com a arte?

Conversamos muito sobre isso, sobre essa relação do corpo com o trabalho e a potência que se cria pela tensão. Nunca cogitamos fazer algo para falsear, ou para assegurar, mesmo que fosse uma manipulação na imagem. A sinceridade no nosso trabalho é muito importante. Se algu-ma das ATIVIDADES tivesse algum artifício, tudo perderia potência, prin-cipalmente para nós, que saberíamos da mentira. Temos mais interesse por artistas e trabalhos que levam isso ao extremo, que não simulam nada. Um trabalho morre quando a mentira vem à tona.

A tensão que criamos só existe porque o risco é real.

Links:http://www.lucascosta.info/http://brunobritovivo.com/

Page 7: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 7BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

Caríssimo: Soldado da Borracha no Museu Goeldi

H á oito anos consecutivos o Museu Paraense Emílio Goeldi é parceiro do Arte Pará e, neste

ano também integra para cruzar senti-dos entre ciência e arte, relacionando as representações artísticas contemporâ-neas com os resultados das pesquisas em diversas áreas do conhecimento do Museu Goeldi.

o Arte Pará é importante para inte-grar os resultados das pesqui-sas da instituição com as repre-

sentações artísticas contemporâneas nas diversas áreas do conhecimento do Museu Goeldi. Desse modo, reforça a missão institucional de “realizar pes-quisas, promover a inovação científica, formar recursos humanos, conservar acervos e comunicar conhecimentos nas áreas de ciências naturais e huma-nas relacionadas à Amazônia”. É muito bom acolher mais um Arte Pará no pavilhão expositivo Domingos Soares Ferreira Penna - a Rocinha e proporcio-nar a sociedade um saudável diálogo entre ciência, natureza e estética.

P ara Wanda okada, coordena-dora de Museologia, a parceria com o Arte Pará potencializa a

valorização da cultura e patrimônio his-tórico local e regional. Todas as ações desenvolvidas no período permitem ao público usufruir de visitas de maior qualidade. o Arte Pará 2014 ocupará o salão transversal da Rocinha. nas salas da frente encontra-se a exposição “o Museu que você não conhece” que encerra no dia 13 de outubro, sendo substituída pela exposição “Ka’apor: Akajukawīnytamuheryha “A Festa do Kawin” prevista para abrir no dia 24 de outubro. nas salas traseiras, exibimos a exposição “Visões: a arte rupestre de Monte Alegre”, que se destaca pela acessibilidade a pessoas com deficiên-cia visual através de recursos táteis.

o Arte Pará através da curadoria de Paulo Herkenhoff traz o artista convidado, Paulo Sampaio cari-

nhosamente chamado por todos de “Caríssimo”.

PAULo SAMPAIo

P aulo foi um dos soldados da borracha que atendeu à convocação do Governo

Brasileiro para alistar-se no “Batalhão da Borracha”, entrar nas matas brasileiras em busca do látex.

C om o fim de guerra, esses sol-dados foram abandonados e Paulo passou a reivindicar repa-

ros, e só conseguiu benefícios a par-tir da constituição de 1988. Em 2011 o Governo Brasileiro reconheceu os

soldados da borracha como “Heróis nacionais”.

E screveu um livro sobre suas memórias e passou a desenhar e pintar sobre o tema. Sua memória

relativa aos objetos, vivência nas flores-tas estavam constantemente em seus trabalhos de arte. A princípio eram só desenhos e no processo de experimen-tação começou a pintar nos suportes de madeira e Duratex e em tecidos encauchados com borracha natural.

nos anos de 2013, e 2014 pintou ape-nas nesses encauches.

S uas pinturas são “grafitadas” sobre um misterioso suporte branco que vaza entre as pince-

ladas – mesmo que branco seja leitoso de látex. Sua última obra “transama-zônica” ficou inacabada. Paulo faleceu no dia 24 de março de 2014 e estava produzindo compulsivamente. o artista tinha pressa!

Page 8: O Liberalzinho 2014

8 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

A sociedade paraense é antiga e sua formação ocorreu lentamen-te. Foi arquitetada por homens e

mulheres de diferentes regiões. E, como as outras sociedades deste imenso país, foi formada por povos indígenas, africa-nos, asiáticos e europeus.

P or este motivo, o Curador Geral do Arte Pará e da sala especial Amazônia Ciclos de Modernidade

Paulo Herkenhoff nos convida a refletir sobre o presente e o passado e como estão relacionados, para entender como vêm sendo construídas as sociedades paraense e amazônica.

A Região Norte é formada pelos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Tocantins, Acre,

Roraima e Rondônia; sendo a maior do Brasil. Por isso, percorremos grandes dis-tâncias, quando nos deslocamos e muitos caminhos são mesmo os rios.

A grande floresta tropical ocupa um pedaço grande do Brasil e ainda adentra oito países latino-

-americanos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Significa dizer que a selva não é minha. Não é sua. Não é nossa. Ela é transnacional. Vai além das fronteiras nacionais.

P or conta dessa imensidão, aexpo-sição restringe-se apenas à parte brasileira. Quando podemos trazer

à memória do povo brasileiro, a primeira modernidade constituída pelo Iluminismo Pombalino do século XVIII. A exploração da borracha, em meados do século XIX, levou à acumulação de capital, que se reflete nas vidas urbana e científica.

P or todas essas diversidades econômica, científica e cultu-ral, a Região Amazônica sem-

pre despertou interesse e o proces-so de ocupação dela foi motivado pela cobiça de terras, ouro, madeira, riquezas, fauna e na flora.

H erkenhoff traça alguns desses caminhos e não tem a intenção de abranger todos os modos da

vida, simbolicamente. Nas salas dedica-das a contar a história amazônica, não encontramos uma linha de tempo única, mas acontecimentos que se atravessam enviesados e, que nos fazem refletir sobre os silêncios e ausências de diálogos em

diversos aspectos: étnicos, nacionais, raciais, religiosos e políticos.

É nessa diferença que está a inten-sidadedos artistas do Amazonas, Amapá, Pará, Rio Branco, Rio de

Janeiro e outros estados. Eles foram escolhidos por apresentarem uma expe-riência mais profunda com a região amazônica e, ao visitarmos a mostra, constatamos a inventividade da cultura visual de cada lugar.

R oberto Evangelista, artista de Manaus-Amazonas, mergu-lha no universo das formas, se

encanta com a singeleza e a sofisticação das formas: o Círculo, o Quadrado e o Triângulo,que estão presentes desde a pré-história quando o homem buscava o fundo das cavernas como abrigo e san-tuário para imprimir as próprias visões, transes e anseios do cotidiano.

o artista busca a origem dessas formas e seu trabalho “Mater Dolorosa II, Da Criação e

Sobrevivência das Formas”, faz parte de uma série dedicada à preservação da

AMAZÔNIA CICLOS DE MODERNIDADE:Uma viagem pela Amazônia brasileira

Coleção Alexandre Rodrigues

Ferreira - Artefatos Indígenas

Rodrigo Braga - Mentira

repetida

Antonio Parreiras - A

Conquista da Amazônia

Page 9: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 9BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

Mãe Terra. A narrativa do trabalho traz a água como elemento essencial. E, para a revelação do mistério da origem das formas presentes na arquitetura, na arte e no grafismo, esses povos foram e são gerados em reais estados de transe; a partir da ingestão da ayahuasca: bebida sagrada dos povos primordiais andinos. Vital para acessar a visão de mundo dos homens, que comungam o chá sagrado.

P ara Evangelista, toda grande arte é fruto de um estado alterado da consciência, tomando ou não a

bebida sagrada dos povos andinos. Além do mais, hoje, é incontestável que o sur-gimento da capacidade humana de criar símbolos - entre cerca de 100 mil e 40 mil anos atrás - foi o que alavancou a mudan-ça de tudo.

A proposta de Roberto Evangelista é dedicada ao Sr. Bibiano Costa, filho de Pira-Tapuias e Tukanos,

povos do alto rio Negro. Junto com seus familiares migrou para o Lago do Arara, rio Negro, nas proximidades de Manaus; onde permaneceu por muitos anos. Sua pajelança, sob os efeitos do chá mais um receituário de ervas medicinais, salvou, instruiu e iluminou inúmeras vidas.Imagens do vídeo de evagenlista

o Iluminismo e o inventário para conhecer o ambiente na Amazônia

o iluminismo é um projeto europeu do século XVIII, que tenta recu-perar as relações da razão no

processo de conhecimento e transfor-mações sociais e políticas. Inclusive, a separação entre o Estado e a Igreja. O pri-meiro demandou atividades militares de demarcação e cartografia, que incluíam o trabalho de Antonio Landi, em Belém, e de Schwebel, que lega o primeiro conjunto iconográfico das povoações do vale do Amazonas.

o projeto iluminista do Marquês de Pombal incluiu melhorias na cida-de de Belém, que passa a ser a

capital do novo Estado e recebe gran-des obras urbanísticas e arquitetônicas, sobretudo com projetos de Antônio Landi.

A expedição demarcatória das fronteiras para o novo tratado foi acompanhada de astrônomos

e do naturalista Alexandre Rodrigues

AMAZÔNIA CICLOS DE MODERNIDADE:Uma viagem pela Amazônia brasileira

Ferreira, que permaneceu na região entre 1783 e 1792, acompanhado dos dese-nhistas Freire e Codina. As explorações dele foram denominadas Viagem filosó-fica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá.

A Belle Époque na Amazônia e o desejo de ser moder

N a região Norte do Brasil, a Belle Époque foi resultado do desen-volvimento da economia do látex

na Amazônia, entre 1870 e 1910. Por isso, podemos relacioná-la às transformações políticas e sociais a nível da reprodução do capital e da acumulação de riquezas pela burguesia internacional.

o auge da borracha levou Belém do Pará a assumir o papel de principal porto de escoamento

da produção do látex. Verifica-se, neste momento, a construção de todo um pro-cesso modernizador na região Norte, que facilitava a saída da produção regional e de divisas para os países centrais.

Roberto Evangelista - Mater

Dolorosa II, Da Criação e

Sobrevivência das Formas”,

Foto de

Nianin -

Casa Paris

na América

Page 10: O Liberalzinho 2014

10 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

o desejo de modernizar Belém e realizar uma melhor distribuição do espaço urbano era tão grande,

que acelerou a implantação da República; reforçando a descentralização e ofere-cendo maior autonomia à aplicação dos impostos. Além de conceder ao Estado maior participação na renda de exporta-ção da borracha.

P or todos estes motivos, embele-zar a cidade estava associada à economia, ao estudo quantitativo

da população e também aos valores esté-ticos de uma classe social em ascensão (seringalistas, comerciantes, fazendeiros) e às necessidades de se dar - a deter-minados segmentos da população da cidade - segurança e acomodação. Fora o propósito de colocar em prática, a ideia do conhecimento científico de progresso enfatizado pelo novo regime republicano.

B elém passa por transformações que tentavam dar à cidade, apa-rências urbanas com supostas

características da Europa. Belém se tor-nou uma capital agitada e parecia mais europeia do que brasileira. Um certo “fran-cesismo” tomava conta, principalmente, no aspecto intelectual, evidenciando o elo da cidade com capitais europeias. Nutrida, por um lado, pelas dependências financeiras e comercial à Inglaterra. E, por outro, por uma relação cultural intensa com a França.

t ornou-se hábito - das famílias ricas locais da época - enviar os filhos para as escolas da França. A cida-

de vivia uma condição de um verdadeiro centro de consumo. Belém ficou conhe-cida, no Ciclo da Borracha, como Paris N’América. Um símbolo desse momento é a casa Paria n’America, do comerciante português F. de Castro que vendia produ-tos de luxo importados de Paris, Franca.

A ssim, teatros, escolas, bancos, praças, prédios, ruas alarga-das, entre outros aspectos do

urbano sofreram alterações. Códigos de posturas foram elaborados e postos em prática com o intuito de moralizar as vias públicas, casas particulares e atitudes da população. Isto se consistiu num pro-jeto de modernidade. Era a Amazônia, integrando-se à economia capitalista dos Estados Unidos e da Europa. Fornecendo matéria–prima com a exploração da mão de obra dos seringueiros. Muitos deles, índios e nordestinos sob sistema de escravidão.

o artista Acreano Hélio Melo retra-tou, de maneira crítica, a vida na floresta, os animais, as lendas e

as mudanças ocorridas no Acre; a partir da década de 70. Para pintar, utilizava o nanquim e tintas naturais que preparava com o sumo extraído de plantas.

H élio Melo passou a infância nos seringais da família na divisa entre os estados do Amazonas e Acre. Sempre

tomou, como referência em suas pinturas, o seringueiro e o sofrimento do homem do campo ao fazer desenhos, histórias e músicas sobre o desmatamento que se iniciava, no Acre, na década de 70. E, concomitantemente, a expulsão dos seringueiros da floresta para dar lugar à pecuária. Helio Melo representou de maneira digna não só a classe artística acreana, mas também honrou o estado em exposições e apresentações no Brasil e no exterior, “em uma época que o Acre ainda era totalmente esquecido.”

A história de uma con -quista

E m 1905, o artista nascido no Rio de Janeiro, Antônio Parreiras veio à Belém para realizar uma expo-

sição, na qual teve várias de suas obras adquiridas pelas autoridades locais. A Amazônia passou a ocupar um ponto principal nos centros cultural e intelectual do país.

N esta exposição, o artista recebeu do governador do Pará, Augusto Montenegro, uma encomenda:

produzir uma obra que pudesse repre-sentar Pedro Teixeira, tomando conta das terras da Amazônia para a coroa de Portugal.

C om a encomenda do quadro, Parreiras partiu a fim de confec-cioná-lo. Deu início a esta produ-

ção em Paris, concluindo os trabalhos no

Rio de Janeiro, sendo exposto no Pará em 15 de janeiro de 1908, fato amplamente divulgado nas imprensas local e nacional.

N a Sala da Conquista, no Museu do Estado do Pará, está a pintu-ra de Parreiras “A Conquista do

Amazonas” e de frente para ela está o vídeo do artista Rodrigo Braga “Mentira repetida”.

o trabalho de Rodrigo foi realizado em uma das ilhas do arquipélago fluvial de Anavilhanas, interior do

Amazonas, ambiente em que nasceu e foi criado em seus primeiros anos de vida.

D esde muito cedo o artista tem afi-nidades com a natureza, mas ao se deparar com a imensidão do

Amazonas deseja ser tão grande quanto a selva, atravessando seu corpo por entre as árvores, igarapés e céus através do grito.

os gritos de Rodrigo no iníc io da ação parecem objet ivos e são ouvidos

durante a visitação à exposição. os gritos vão se tornando angus-t iantes e se repetem, se repetem até as forças do art ista chegarem a exaurir. E , por vezes, não sabe-mos se é o grito do índio velho na pintura de Parreiras que tem sua lança quebrada e chora ou o Rodrigo que grita indignado com a cena da “conquista” pois, seu grito virou uma verdade.

Hélio Melo - Estradas

de Seringa

Bendito Calixto - Os

Falquejadores - 1904

H erkenhoff nesta sala nos coloca em estado de atenção quando olhamos para a pintura e ouvi-

mos os gritos de Rodrigo. Imaginários da República na pintura de Parreiras se misturam com o imaginário da memória remota de Rodrigo.

Page 11: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 11BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

RoDRIGo ARRUDA

Arte que parte do mínimo

o artista Rodrigo Arruda de São Pauloestudouartes visuais na Universidade de São Paulo. Seu interesse pela arte foi conduzido a partir do conhe-cimento e contato que teve com alguns grandes pensadores que conheceu na universidade. Dentre eles, o artista cita os artistas Carlos Fajardo, Dora Longo Bahia e Ana Maria Tavares. Como referência na área da crítica, ressalta Sônia Salzstein, Tadeu Chiarelli e Liliane Benetti.

Seu trabalho no Arte Pará, apresentam suscetivel fragilidade frente ao contato

com o público. Trata-se de objetos discre-tos, quase impercebível devido a natureza de seu material e forma que indagam a razão de existir. O artista diz: “A argila resiste em tornar-se linha; esta, por sua vez, apresenta-se, paradoxalmente, dota-da de massa e de volume. De modo igual-mente contraditório, o prego de vidro (ou seria vidro em forma de prego. Já 1g de ar, com uma amostra de ar paralisada e isolada, ressalta, também, um caráter que me parece importante nesse conjunto: trata-se de trabalhos que partem do míni-mo e que funcionam enquanto unidade”.

1 gr de ar

Prego Vidro

Fios de argila

Diante do trabalho sutil do artista, algu-mas questões são interessantes para ati-var nosso olhar quando formos ao Museu do Estado do para ver de perto a proposta de Rodrigo.

oS MAtERIAIS PENSA-DoS EM SEU tRABA-LHo No ARtE PARá São APARENtEMENtE FRáGEIS MAS, tRA-zEM UMA FoRçA PELo QUE ELES REPRESEN-tAM. CoMo SE Dá ESSA Ação EM SENtI-Do CoNtRáRIo?

Sim, você tem razão, são materiais frá-geis. Mas além disso, os trabalhos são muito simples e pontuais. Acho que o antagonismo ao qual você se refere surge desse contraste entre a simplicidade da concepção, do projeto da obra, e sua complexidade conceitual.

O objeto (prego)tem uma função mas, quando tu colocas o prego feito de vidro a função que lhe é dado não parece mais ser possível de cumprir. Os questiona-mentos que geram são propositais?

Existe sim uma analogia entre a “desfun-cionalidade” do prego de vidro e uma suposta função da arte. É um tema com-plexo, sobre o qual não há uma única res-posta, ao meu ver. Entretanto, eu tendo a achar que não existe função na arte. Ao contrário, algo que me interessa nela é, justamente, a ausência de uma finalida-de pré-determinada, que me permite ser guiado pela dúvida e por hesitações. O trabalho de vidro traz esse questionamen-to de forma mais clara, na medida em que nos pergunta: mas para que serve um prego que não pode ser pregado?

Page 12: O Liberalzinho 2014

12 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

E xpressar o que é a inti-midade pode ser difícil de compreender. Essa

expressão “intimidade” modifi-ca de acordo com o relaciona-mento que nunca é igual, varia de pessoa para pessoa e até mesmo com a mesma pessoa que no decorrer do cotidiano vai alternando e se aprofundan-do conforme a convivência.

o blog “Porta dos Fundos” - www.portadosfundos.com.br– compartilha um

vídeo que descreve situações de intimidade levada às últi-mas consequências. Como por exemplo: “Sabe quando seu amigo decide que é tranquilo chegar na sua casa sem ser convidado, sentar na frente da TV e trocar o canal que você estava assistindo? E aí, pra com-pletar, você vai até a sua cozi-nha e percebe que ele comeu o último biscoito de chocolate que você estava guardando”. Essas situações de intimidades podem gerar situações de des-conforto e podemos até dizer: colocar a intimidade num pata-mar de clichê.

E bem na verdade a intimi-dade ganha sentidos dife-renciados para cada um

de nós e necessita de cumplici-dade. Para uns está relacionada a sexo, para outros, compar-tilhamento de momentos vivi-dos, sejam de alegria ou dor. Ezequiel Kizan em sua poesia traz várias reflexões que nos fazem pensar. Ele diz: “Será que existe limite, quando tra-tamos desse particular? onde está o limiar que identifica a invasão? Se, ela me pertencen-te, somente eu decido. E nesse impasse, convivo com a indeci-são. Quero compartilhar minha intimidade”.

Arte através do InstagramMapa de intimidade

MELISSA BARBERY

E nessa decisão de querer compartilhar a intimidade, a artista Melissa Barbery

através doHashtag #íntimo-grão- alocada no aplicativo Instagram - uma rede social online que permite aos seus usuários o compartilhamento de foto e vídeo, aplicar filtros digitais e compartilhá-los em uma variedade de serviços de redes sociais–reúne e expõe imagens de sua intimidade no qual ela intitula de #íntimogrão-Coleção01.Em seu trabalho a artistacria um mapa de intimidade e usa possibilidades de combinação e recombinação de imagens veiculadas nas mídias sociais, ampliando sua concepção expressiva em uma proposição que convida o espectador à vivenciar uma experiência ativa, propondo ao visitante que pro-duza a sua própria reunião e seleção do #íntimogrão.

Q uando você for ao Museu do Estado do Pará fique atento ao trabalho da

Melissa. Ela tem um convite para você entrar na intimidade de seu pensamento artístico. Ela sugere alguns passos:

PRoPoSIção Ao VISItANtE:

1º no Instagram acesse a hashtag #íntimogrão (com os acentos)

V ocê poderá navegar nas imagens que compõem o acervo onde será pos-

sível visualizar a seleção #íntimo-grãocoleção01 e também criar as suas próprias hashtags.

2º Crie a sua tag e comen-te nas imagens que mais gostar.

Exemplo: #íntimogrãoSeunome

3º Visualize a sua e as outras compilações

C omente, combine e recom-bine quantas vezes desejar

Page 13: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 13BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

O bê-á-bá da arteA arte as vezes parece ser uma língua

estrangeira, daí a necessidade de aprendermos a alfabetização da lingua-gem. Existe uma gramática da arte, ela é importante assim como o português a matemática e todas as disciplinas que você estuda na escola. A arte nos leva a compreender o mundo das culturas e através dela vamos compreender a maneira expressiva dos artistas e criar as nossas.

Alguns caminhos da história da arte.

Para que serve a arte?

S erve para provocar, estimular nos-sos sentidos: nós, seres humanos,

temos cinco sentidos fundamentais, são eles: audição, olfato, paladar, tato e visão. São eles que propiciam o nosso relacionamento com o ambien-te. Com esses sentidos o nosso corpo percebe o que está ao nosso redor e isso nos ajuda a sobreviver e integrar com o ambiente em que vivemos.

A arte descondiciona estes sentidos, ou seja, retira-os de uma ordem

preestabelecido e indica outras pos-sibilidades de viver e de se organizar o mundo.

Qual o sentido de moderno?

A arte moderna exprime um contex-to de grande transformação que

ocorre a partir do século XIX, com a Revolução Industrial. o que aconte-ceu naquela momento? As pessoas saem do campo (zona rural) e pas-sam a ocupar a cidade (zona urbana), que crescem no ritmo acelerado das grandes fábricas na linha de mon-tagem. Lembram do filme “Tempos Modernos”de Charles Chaplin com Charles Chaplin, Paulette Goddard? Então, devem ter percebido o operário de uma linha de montagem, que tes-tou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, e é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Este filme mostra o espí-rito da época.

o que o moderno modificou nas cidades?

ExIStE UMA GRAMátICA DA ARtE

F icou mais urbanizada e mudou sua visualidade. A industrialização

inaugurou uma classe social que, enri-quecida pelas máquinas, se tornariam hegemônica: a burguesia. Essa classe social necessitava de uma nova forma de arte para se fazer conhecer cultu-ralmente.

o que aconteceu?

A arte acadêmica com suas regras impostas pela academia e dese-

nhadas aos moldes da antiga aris-tocracia: as belas-artes. A partir daí, surgem movimentos e conjuntos de circunstâncias em que se deseja emi-tir- lugar e tempo, cultura - e que permi-tem sua compreensão: os contextos.

o que surgiu na arte?

os “ I smos”: Dada í smo, I m p r e s s i o n i s m o ,

Expressionismo, fauvismo, futu-rismo, surrealismo.. .

N essa história modernista acontece duas correntes de pensamento:

uma busca o novo em qua cada cria-ção supere a anterior, outra que busca desenvolver uma linguagem de auto-nomia para a obra de arte.

o que é essa busca do novo?

S ignifica o conceito de vanguarda que é um termo francês avant-

-garde, que significa à frente, fazer algo sempre novo. Tem uma relação de “guarda”, de luta.

D evemos lembrar: os artistas viviam um momento histórico inten-

so. Mudanças com as máquinas da Revolução Industrial, cidades urbani-zadas que gerou inovações tecnológi-cas e também originou duas grandes

guerras mundiais, além da Revolução Russa.

Em que isso resultou?

o mundo se separou em dois blocos:

o Capital ista e o social ista

o que isso inf luenciou na arte?

t inha que ser inovadora e autoritária em seus princípios, um radicalismo

aliado ao contexto da vida.

Surgiu algo de novidade?

S im, a fotografia que surge no sécu-lo XIX e teve um impacto na arte.

A fotografia foi inventada em 1820 e aprimorada em 1839, a partir de expe-riências de niépce, Talbot e Daguèrre. A fotografia se torna um dos principais inventos do início da era moderna.

P ablo Picasso naquele momento disse: “A fotografia chegou na hora

certa para liberar a pintura de qualquer literatura, anedota e arte do tema. Em todo caso, um certo aspecto do tema pertence, daqui por diante, ao campo da fotografia. não deveriam os pin-tores aproveitar sua liberdade recon-quistada para fazer outra coisa? Seria muito curioso fixar fotograficamente,

Ativando percepção dos sentidos com a obra de Paulo Nazareth no Goeldi

Ação performance com estudantes no MEP

Page 14: O Liberalzinho 2014

14 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

não as etapas de um quadro, mas suas metamorfoses”

N esse percurso de liberdade e automia surgem: os impressio-

nistas, os pós-impressionitas e as experiências cubistas, o futurismo, o expressionismo, o modernismo no Brasil, construtivismo Russo, abstratos e neoconcretos no Brasil, Surrealismo e o inconsciente.

E a arte contemporânea?

S urge na continuidade da era moderna e se materializa a partir

de uma negociação constante de arte e vida, vida e arte.

o que os art istas buscam?

B uscam um sentido, mas o que fortalece nesse campo

de força e marca seus valores são as inter-relações entre as diferentes áreas do conhecimento humano.

Quais campos a arte contempo-rânea atravessa?

t empo e memória, o corpo, a identi-dade, o erotismo, as micropolíticas

que sãoas interferências no contem-porâneo do ponto de vista da pro-dução social da existência. Todos os desassossegos do homem contem-porâneo que comungam na vida estão no campo da arte contemporânea.

Para compreender arte contem-porânea é preciso conhecer a

história da arte?

É importante verificar que todos os movimentos de vanguarda são

contrários às normas estabelecidas. o impressionismo se opôs ao academi-

cismo. na época, não era considerado arte, mas borrões jogados na tela. A sociedade desprezava quem aderia ao movimento. Verificamos muito essas atitudes para com os artistas contem-porâneos. Hoje, temos cortes mais radicais. não podemos ficar parados no tempo e ter como referência a pro-dução de cem anos atrás. Para enten-der uma obra contemporânea é preci-so conhecer as pesquisas e as ideias que surgiram nas últimas décadas.

Existe resistência com a arte contemporânea?

S im existe,em determinada situa-ções perturba, provoca e incita o

espectador.

o que os professores podem explorar com seus alunos no

Arte Pará?

o professor pode refletir sobre o sen-tido da identidade amazônica, dos

afetos, das cidades, do meio ambiente, visões políticas e principalmente como são tão diferentes. o tema interessa a Geografia, Língua Portuguesa, história e Ciências naturais, porque permite analisar os trabalhos relativos ao ser humano em situações de exclusão, de violência. outra possibilidade é levar os alunos não somente a encontrar respostas, mas a procurar outros jeitos de perguntar, como se estivessem numa expedição.

A arte é importante na vida?

S im, sempre foi, desde a pré-histó-ria. o homem sempre busca algo

a mais. Se vivemos num mundo que tem relações distintas mas se encon-tram relacionadas, a arte não pode ser

diferente, pois dá um sentido à vida. Ela toma pra si os dramas humanos e sociais, expressa-os num trabalho do artista que e os devolve para essa mesma sociedade, que muitas vezes não aceita essa interpretação.

É importante a criança aprender comunicação visual?

C om certeza e tem muitas formas de ensinar. É só prestar atenção

no interesse da criança. Se ela por exemplo, se interessar por gibis, por-que não trazer a linguagem do quadri-nho para a sala de aula?

A imagem é um idioma universal Por isso, é necessário alfabetizar e

ensinar a lê-las. não fortalecer a comu-nicação visual é uma forma de deixar a criança excluída das manifestações da humanidade. A arte!

o professor pode conquistar as competências para alfabetizar

visualmente?

S im, com certeza, mas deve traba-lhar em busca desse conhecimen-

to. Ir às exposições, ler e pesquisar sobre referências na arte, sair pelo mundo vendo coisas diferentes. Usar e desenvolver a imaginação. Enfim, arte é conhecimento e ensina a ver!

Oficina de pintura no MEP

Professores da rede Estadual de Ensino.

Page 15: O Liberalzinho 2014

liberalzinho 15BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014 ESPECIAL ARTE PARA

o artista Emmanuel nassar

construiu a Amazônia como

forma de escritura de sua di-

versidade: elementos da natureza, a

cultura cabocla e o gosto vernacular e

mesmo a serra eletrica, instrumento e

simbolo do desmatamento. A obra foi

especialmente concebida para ser o

título da exposição Amazonia ciclos de

modernidade.

A exposição apresenta dois perío-

dos de modernidade: o Iluminis-

mo e o Ciclo da Borracha (1860 – 1910).

N a primeira sala da exposição: A

Conquista da Amazônia e a noção

de antropologia.

- Antônio Parreiras (A Conquista da

Amazônia)

- Rodrigo Braga (Mentira Repetida)

- Sala dos Quadros:

- Benedito Calixto, os Flaquejadores,

1904, oleo sobre tela – acervo Museu

Histórico do Pará

- Armando Queiroz – vídeo - Ymá nhan-

dehetama - Antigamente fomos muitos.

- octávio Cardoso - Sem título, da série

Lugares imaginários.

N a sala Atelier: o Ilumisnismo, irá

tratar de assuntos relativos a Ciên-

cia, Antropologia e Arquitetura,

A expedição de Alexandre Rodri-

gues Ferreira (1756 - 1815) e seus

desenhistas botânicos, nomeado pela

Rainha D. Maria I como “o primeiro natu-

ralista português” e encarregado da ex-

pedição científica denominada “Viagem

Filosófica” (que complementou a Co-

missão de Demarcação de Limites entre

as fronteiras dos domínios de Portugal

na América), indubitavelmente o maior

empreendimento científico realizado no

Brasil pela Coroa Portuguesa em todo

nosso período colonial. E a arquitetura

de Antônio José Landi (1713 – 1791).

Do Acervo da Fundação Bibl io -

teca Nacional - RJ

AMAZÔNIA Ciclos de Modernidade

SALA ESPECIAL ARtE PARá

SoBRE o títULo:

Desenhos originais que i lus -tram a Expedição Filosófica de Alexandre Rodrigues Fer-

reira .

- António Landi (arquitetura/outras

gravuras)

- Desenhos: Botânica e zoologia.

Do Acervo do Museu Naval -

RJ

- Maquetes de embarcação: Ca-

noa Meia Coberta - Séc xx, Canoa

Coberta - Séc xx, Canoa Coberta

- Séc xIx.

Sala Landi: Fotografias – Es -

quecimento e Visibi l idade

o Ciclo da Borracha (1860 –

1910) apresentará:

F otografia: Felipe Augusto Fidanza

(1847 - 1903), o principal fotógrafo

a atuar em Belém (PA) na segunda me-

tade do século XIX e no início do sécu-

lo XX, George Huebner (1862 - 1935),

fotógrafo alemão que se estabeleceu

em Manaus no final do século XIX,

abrangeu em sua obra todas as possibi-

lidades técnicas e representacionais da-

quele meio. Aproximando-se da ciência

européia; especialmente a botânica e a

emergente etnologia alemã; Huebner

dirigiu seu olhar também para os indíge-

nas da Amazônia; fotografando-os tanto

no campo como em seu estúdio.

Fotógrafos:- Felipe Augusto Fidanza, Col. IMS ( Ins-

tituto |Moreira Sales)–

- George Huebner –Col IMS

-Marcel Gautherot Col IMS ;

-Pierre Verger Col. MABE;

Pinturas do sec. XIX e XX:

- Hélio Melo (pintura - o universo do se-

ringalista. Col. Fundação Elias

Mansour – Governo do Acre ;

- Antonieta Santos Feio, Vendedora de

Cheiro, 1947, óleo sobre tela, col MABE

Manoel Santiago , Iara, óleo sobre tela,

acervo Pinacoteca Amazonas

Manoel Santiago , A Cobra Grande,

óleo s/tela acervo Pinacoteca Amazo-

nas

Artistas contemporâneos:

Ronaldo Moraes Rego ( col. Casa das

onze Janelas- Belém;

Jair Jacqmont – Manaus ;

otoni Mesquita; Manaus

Sergio Cardoso Manaus;

Paulo Sampaio ( Soldado da Borracha)

Belém;

Emmanuel nassar; Belém

Margalho; Belém

oscar Ramos; Manaus

Turenko Beça; Manaus

Alexandre Sequeira; Belém

Claudia Leão; Belém

Elza Lima; Belém

Grupo Urucum; Amapá

Guy Veloso; Belém

Luis Braga; Belém

Marcone Moreira; Belém

Miguel Chiakaoka; Belém

orlando maneschy; Belém

osmar Pinheiro; Belém

Paula Sampaio; Belém

Walda Marques; Belém

Alberto Bitar; Belém

Fotografias e vídeo:

- Claudia Andujar (fotografia - Galeria

Vermelho - SP)

(o trabalho com os Yanomâmis, seu uni-

verso simbólico e lutas política);

- Roberto Evangelista (vídeo)

(mito e ancestralidade);

As inst ituições part icipan-tes:Fundação Biblioteca nacional – RJ;

Museu naval – RJ;

Instituto Moreira Sales – RJ;

Museu de Arte de Belém, MABE - PA;

Museu Histórico do Estado do Pará,

MHEPA - PA;

Espaço Cultural Casa das onze Jane-

las, Belém – PA

Fundação Elias Mansour, Acre.

Galeria Vermelho – SP;

Pinacoteca Amazonas, Manaus - AM

Page 16: O Liberalzinho 2014

16 liberalzinho BELÉM, SÁBADO E DOMINGO, 11 E 12 DE OUTUBRO DE 2014ARTE PARA ESPECIAL

A sala Valdir Sarubbi estará com Pierre Verger e Guy Veloso na exposi -ção Entre dois mundos: mensageirosNo laboratório das artes, convidada do Guy estará Edivânia Câmara que apresentará uma instalação contendo indumentária sacerdotais do Candomblé ena sala Gratuliano Bibas, Elaine Arruda como art ista sele -cionada.

PAULo SAMPAIoPIERRE VERGER GUY VELoSoEDIVâNIA CâMARA ELAINE ARRUDA

ANDRÉA BARREIRoCoStA&BRItoDAVILYN DoURADoDIRNEI PRAtESEDUARDo SIMõESFLoRA ASSUMPçãoHENRIQUE CÉSARJoSÉ DE ALMEIDAJULIANA NotARI

LUCIANA MAGNoLUíSA NóBREGA SILVAMARIANA MARCASSAMELISSA BARBERYPAUL SEtúBALPEDRo DAVIDRAQUEL MAtUSItARICARDo VILLARoDRIGo GoNzALEz

Siga os artistas do Arte Pará nos Museus

Museu Histórico do Estado do Pará - MHEP

Espaço Cultural Casa das Onze janelas Museu Paraense Emílio Goeldi - Rocinha

com A exposição “Caríssimo: o soldado da borracha”, no Salão transversal