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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE O lazer na vida de pessoas portadoras de necessidades especiais: Possibilidades de integração, desenvolvimento e satisfação Por: Laila Ferreira de Almeida Orientador: Profª: Mary Sue Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

O lazer na vida de pessoas portadoras de necessidades

especiais: Possibilidades de integração, desenvolvimento e

satisfação

Por: Laila Ferreira de Almeida

Orientador: Profª: Mary Sue

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

O lazer na vida de pessoas portadoras de necessidades

especiais: Possibilidades de integração, desenvolvimento e

satisfação

Apresentação de monografia à

Universidade Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu”

em Educação Inclusiva.

Por: Laila Ferreira de Almeida

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que foi a fortaleza em que me apeguei nos momentos

de dificuldades e tantas incertezas durante a realização deste trabalho.

A meus pais e irmãs, pelo apoio e compreensão nos momentos de minha ausência para

me dedicar a esse trabalho. Especialmente ao Rodrigo Sancho que é a pessoa que dá um

sentido especial a minha vida, pois não tenho palavras para agradecer toda ajuda

prestada.

À minhas amigas Ângela, Cristiane Leite e Helena pelo apoio, carinho e dedicação

durante a realização deste trabalho. São amigas que tiveram um papel importante

durante minha vida acadêmica, com as quais eu espero continuar desfrutando da

amizade construída ao longo desses 2 períodos.

À orientadora Mary Sue, pela disponibilidade e competência em orientar o meu

trabalho. É a pessoa que acredita no potencial de seus alunos e contagia a todos com seu

ideal.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a minha família que tanto colaborou para a realização dessa monografia e o aperfeiçoamento desse trabalho. Também a pessoa mais importante da minha vida que é o meu querido namorado Rodrigo Sancho, que é a razão da minha vida.

Laila Ferreira de Almeida

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EPÍGRAFE

“ Estas pessoas têm sua própria compreensão sobre si mesmas , sua situação e suas

experiências , a qual é freqüentemente, distinta dos profissionais” (Glat, 1998 : 89).

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RESUMO

Segundo Glat (1989) estes indivíduos, via de regra, apresentam, em comparação

com a maioria das pessoas, significativas diferenças físicas, sensoriais e/ou intelectuais,

decorrentes de fatores inatos ou adquiridos que lhes acarretam dificuldades de interação

com o meio físico e social.

O lazer é um elemento de alto valor educativo, como agente facilitador do

desenvolvimento pessoal e social dessas pessoas, no âmbito educacional.

Geralmente essas pessoas são rotuladas logo após o seu nascimento e no

decorrer de seu desenvolvimento elas são socializadas em situações de desvantagens;

pois são os outros que definem que elas não são “normais”, são outras pessoas que

dizem que elas não são capazes disso ou daquilo, quando o ideal seria trabalhar com

elas para que fossem cada vez mais capazes disso ou aquilo. Para exemplificar melhor,

no caso de um jovem portador de deficiência mental em que a família evita levar a

festas ou passeios porque ele não “saber se comportar”, podemos perguntar quem deu a

chance a ele a aprender a “se comportar” ? É mais fácil rotular do que dar a tal

indivíduo a chance de aprender a conviver socialmente.

O que acontece é que estes indivíduos ficam “vivendo em seus cantinhos”

apenas recebendo o que lhes é oferecido, sem terem a chance de se expressar e lutar por

seus direitos.

Ninguém se preocupa em torná-los capazes de tomar decisões e assumir

responsabilidades por elas

Caso não se preocupe com esta questão, essas pessoas correm o risco de não

saber empregar seu tempo vago com atividades enriquecedoras, podendo utilizar tal

tempo com práticas inadequadas que, ao invés de somar algo produtivo, podem trazer

entraves ao seu crescimento. Pois é muito freqüente que pessoas deficientes

desenvolvam comportamentos inapropriados, que só trazem prejuízo para seu

desenvolvimento e convívio com os demais, justamente por não saber o que fazer com

esse tempo.

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Todos que estão envolvidos no atendimento de pessoas portadoras de

necessidades especiais querem oferecer o melhor para essas pessoas, mas para que isso

realmente aconteça, é preciso se comece a interpretar essas necessidades a partir das

vontades expressas dessa clientela. Afinal, só se pode oferecer o melhor para alguém, se

conhecermos seus valores, o que é bom para uma pessoa, não é necessariamente bom

para outra.

Tais indivíduos devem ser educados para manifestarem o que sentem, para

aprenderem a questionarem até mesmo o tratamento que lhes é dado. Se eles crescem

com alguém sempre intervindo por eles, a imagem que eles vão criar sobre si é de são

indivíduos incapazes de se manifestarem e lutar por seus direitos.

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METODOLOGIA

Levando em conta que a escolha de uma metodologia para realizar um estudo

está intimamente ligada ao objeto a ser investigado e aos objetivos que se quer atingir,

escolhi para esse trabalho uma pesquisa qualitativa considerando-a uma das formas

metodológicas mais adequadas à investigação em Educação.

A pesquisa qualitativa reúne o pensamento e ação de uma pessoa, ou de um

grupo, buscando o desvelamento de determinados aspectos de uma realidade, que

deverão servir para a composição de soluções propostas aos problemas pesquisados; é

um tipo de pesquisa que não está apenas interessada em medir, quantificar um

determinado problema, e sim explicá-lo.

Por exemplo: faz-se uma pesquisa quantitativa para constatar o número de

analfabetos no Brasil, e quando ela termina o que se tem são dados numéricos sobre um

problema de educacional em nosso país. Quando na verdade o ideal seria pesquisar

porque existe tal índice de analfabetismo, isto é, que ao final da pesquisa sejam

apontadas possíveis soluções para sanar tal problema educacional de nosso país.

Analisando essas características pude perceber a pesquisa qualitativa como uma

possibilidade de aprofundar minha relação com os sujeitos que investigaria, ou seja,

tornaria mais fácil o meu envolvimento com os jovens portadores de deficiência mental,

uma vez que este tipo de pesquisa favorece o envolvimento entre

entrevistado/entrevistador, contemplando aspectos existenciais, afetivos, experiências...

E, é isto que torna possível, neste tipo de pesquisa, uma análise mais real do

problema a ser investigado. No caso do presente estudo, a questão do lazer e os jovens

portadores de deficiência mental, que foram observados e entrevistados por mim

durante situações de seu dia-a-dia escolar. Também fiz uma pesquisa bibliográfica sobre

as publicações sobre o tema, para dar embasamento teórico ao meu trabalho.

O objetivo geral desta pesquisa, foi, portanto, colher informações que incidiriam

na melhoria das relações estudadas, tornando possível um olhar mais crítico e reflexivo

sobre a interação dos jovens durante atividades de lazer.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO - ----------------------------------------------------------------------- 10

CAPÍTULO 1- -----------------------------------------– ------------------------------ 12

INTEGRAÇÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS ---- 12

CAPÍTULO 2 - ------------------------------------------------------------------------- 21

INTERAÇÃO DOS JOVENS NAS ATIVIDADES DE LAZER --------------- 21

CAPÍTULO 3 - -------------------------------------------------------------------------- 25

O LAZER DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS --------- 25

CONCLUSÃO -------------------------------------------------------------------------- 32

BIBLIOGRAFIA ---------------------------------------------------------------------- 34

ANEXO --------------------------------------------------------------------------------- 36

• ANEXO 1 – ENTREVISTA ---------------------------------------------------------- 37

ÍNDICE --------------------------------------------------------------------------------- 38

ATIVIDADES CULTURAIS -------------------------------------------------------- 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO ---------------------------------------------------------- 43

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INTRODUÇÃO

É de grande importância que qualquer pessoa faça usufruto freqüente e

atividades de recreação e lazer, pelo bem-estar que promovem, e pelas oportunidades

que oferecem em interações positivas, enriquecimento cultural e desenvolvimento

pessoal. Para o portador de necessidades especiais, cujos espaços de vida são mais

limitados, porque a sociedade avalia negativamente esse tipo de característica, e

conseqüentemente trata diferencialmente de maneira depreciativa os indivíduos que a

possuem, essas atividades são situações ímpares de enriquecimento existencial.

É na escola que se amplia nossos horizontes, que se faz amizades e que se

constrói conhecimentos. Por essa razão, o educador de classe especial deve procurar

liderar práticas de lazer, trabalhando as infinitas possibilidades de participação social e

auto-realização de seus alunos.

Para analisar o lazer de pessoas portadoras de necessidades especiais, busca-se

realizar pesquisa qualitativa com adolescentes com deficiência mental para averiguar

como eles se colocam em relação a esta temática.

Pretende-se neste trabalho analisar a influência do lazer nos processos de

integração, desenvolvimento e satisfação pessoal da pessoa portadora de necessidades

educativas especiais.

Em outras palavras, busca-se descobrir como pessoas com necessidades

especiais vivenciam as atividades de lazer, e se tais atividades de lazer valorizam a

interação social ? Este é um ponto importante, pois para que um indivíduo se integre em

sua comunidade, essa integração vai ser conseqüência dos processos de interação que

ele vivencia.

Segundo Glat (1989) o lazer é um tempo precioso para o exercício do

conhecimento e satisfação da curiosidade intelectual, e foi nisso que surge-se o

interesse de investigar como o tempo dedicado ao lazer tem sido aproveitado no

trabalho com portadores de necessidades especiais, pois acredita-se que as atividades

de lazer quando valorizadas vão poder dar a essas pessoas muitas possibilidades de

participação social e construção de conhecimento.

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Através de uma pesquisa de campo de natureza, busca-se então a intenção de

reafirmar a idéia presente em outros trabalhos que é a importância de se ouvir o

deficiente. Por essa razão pretende-se fazer, além de observações informais desses

indivíduos, entrevistas nas quais procura dar plena liberdade para que eles falassem.

Com isso, procura-se ajudar a desvelar a visão estereotipada de que o deficiente não tem

condições de expressar suas necessidades e precisa de alguém que esteja sempre

intervindo junto a ele para auxiliá-lo a falar de si. Tendo a intenção geral de colher

informações que incidam na melhoria da qualidade das relações estudadas, favorecendo

um olhar mais crítico e reflexivo sobre a temática.

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CAPÍTULO I

1.1) O PORTADOR DE NECESSIDADE ESPECIAL E SUA

RELAÇÃO COM O MUNDO

Falar da integração de portadores de necessidades especiais é uma questão muito

complexa, uma vez que essas pessoas, em sua grande maioria, possuem uma vasta

experiência de exclusão que pode ser traduzida em grandes limitações de possibilidades

de convívio social.

A Educação Especial é considerada como parte inseparável do direito à

educação e as alternativas de atendimento educacional às pessoas que apresentam

necessidades educativas especiais, no Brasil, vão desde o atendimento em instituições

especializadas até a completa integração nas instituições regulares de educação.

Vale observar que em Nunes et al. (1998) foram analisadas 149 dissertações e

somente 10 estudos tinham como objetivo principal investigar situações ou condições

propiciadoras da integração da pessoa deficiente. Isto faz despertar a necessidade de

desenvolvimento de novas pesquisas que possam avaliar as condições e efetivação da

integração dessas pessoas. O estudo de Mendes (1994) analisado pelos autores acima

citados nos aponta que:

(...) faltam muitos estudos sobre o impacto da proposta de integração para que se possa

avaliar a variabilidade entre diferentes condições de incapacidades, a variabilidades

intra-categorias, os resultados nas crianças com necessidades educativas especiais

(com medidas multidimensionais) a perspectiva dos envolvidos da comunidade escola

(especialmente professores regulares e demais alunos), e seus efeitos na acessibilidade

de recursos e serviços e nas atitudes e preferências das famílias entre outros aspectos.

(Nunes et al, 1998:117- 118)

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Apesar várias mobilizações no sentido da inserção de alunos com necessidades

especiais no ensino regular, sabe-se que uma verdadeira integração está bem longe de se

concretizar. Entre outros fatores pode-se apontar o número excessivo de alunos por sala

de aula o que dificulta a aprendizagem, o despreparo dos professores para receber essa

clientela especial, a necessidade de atualização e modificação dos mecanismos de

avaliação e métodos de ensino, a falta de recursos. Enfim, apesar dos esforços através

de leis, a integração escolar ainda é difícil de ser implementada, embora não impossível.

Os aspectos psicossociais, como aponta Glat (1995: 15) também precisam ser

levados em consideração:

(...) tem sido verificado que a integração escolar não resulta necessariamente em uma

integração social.(...) A questão que se coloca é a seguinte: se nos determos a analisar

a problemática da integração dos portadores de deficiências simplesmente sobre o

aspecto funcional, mesmo que possamos transformar a realidade sócio-política criando

os mecanismos de efetivação da proposta, chegaremos em nossa prática no máximo a

uma inserção espacial ou “integração física”, como o que está ocorrendo nos países

mais desenvolvidos.

Quando a presença de um aluno “diferente” é imposta, sem a devida preparação

(do próprio aluno com deficiência, de seus colegas e professores, dos pais, dos

funcionários da escola) a integração desejada fica ainda mais difícil. Pois integração é

um processo bilateral que pressupõe a participação e a ação compartilhada; um

movimento de conquista de espaço tanto daquele grupo minoritário quanto dos demais

participantes da comunidade.

A questão da integração, portanto, está intimamente ligada às relações sociais

que serão estabelecidas entre os ditos normais e o portador de necessidades especiais,

pois não podemos fazer leis que obriguem pessoas a se relacionarem, a integração deve

ser um processo espontâneo (Glat, 1995). É preciso romper com as barreiras

socialmente construídas que fazem com que os portadores de necessidades especiais

sejam vistos como sujeitos incapazes; barreiras estas construídas através de

desinformações que vão reduzindo estas pessoas à alienação e à estagnação, excluindo-

as do meio social.

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A construção dessas barreiras sociais se dá, em grande parte, porque o deficiente

evoca as imperfeições a que todo ser humano está sujeito e traz a tona sentimentos

ocultos que jamais imaginaríamos que seríamos capazes de ter. A visão de um ser

humano deficiente funciona, inconscientemente, como um espelho que nos mostra que

não somos perfeitos. Então nos apavoramos ao vermos nossa imagem caricaturada e,

surge a vontade de escondermos essa imagem que é de um ser que, quer queira ou não,

é igual a nós. Em outras palavras, o deficiente representa a presença de nossa

imperfeição. Por exemplo: qualquer um pode ficar cego ou paralítico e ter que levar a

vida adiante carregando o estigma de deficiente. Mas será que tal fatalidade justifica

uma segregação? São situações como essa que tornam possível perceber o quanto é

difícil ser aceito como pessoa, superar barreiras sociais e conseguir integrar-se à

sociedade.

1.2) O PORTADOR DE DEFICIÊNCIA MENTAL

A visão que se tem do portador de necessidades educativas especiais é de um ser

incapaz, atrasado, deficitário, alguém que não tem condição de tomar decisões sobre sua

vida, nem arcar com as responsabilidades. Conseqüentemente ele é “educado” para a

dependência, como alguém que será economicamente improdutivo, ou seja, em quem

não vale a pena se investir.

A definição de deficiência mental mais difundida e mais aceita atualmente é

dada pela American Association of Mental Retardation (AAMR-1992):

Funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, coexistindo com

limitações relativas a duas ou mais das áreas de habilidades adaptativas:

comunicação, autocuidado, habilidades sociais, participação familiar e comunitária,

autonomia, saúde e segurança, funcionalidade acadêmica, de lazer e de trabalho.

Manifesta-se antes dos 18 anos de idade.

Esta é uma definição realista de se considerar tal condição humana na medida

em que a Ciência formulou hipóteses e defendeu teses depreciativas sobre o deficiente

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mental. Em escritos do século XVII, por exemplo, encontramos referências à noção de

doença confundida com deficiência mental (então chamada de imbecilidade),

preconizando a possibilidade de sua origem congênita ou adquirida, e da existência de

tratamentos que pudessem levar à cura.

Em diferentes contextos históricos os deficientes mentais foram considerados

como: “objetos de maldição”, “tragédia familiar”.

Mas o preconceito e a exclusão do deficiente vem de longa data. É sabido que

em Esparta, e outras sociedades da antigüidade, crianças portadoras de deficiências

físicas ou mentais não eram consideradas humanas, o que legitimava sua eliminação ou

abandono, prática perfeitamente coerente com os ideais atléticos e clássicos, que

serviam de base à organização sócio-cultural de Esparta e da Magna Grécia.

Com o Cristianismo, de fato, o deficiente “ganha alma” e, como tal, não pode ser

eliminado ou abandonado sem atentar-se contra desígnios da divindade. Com a moral

cristã torna-se inaceitável a prática espartana e clássica da 'exposição' dos subumanos

como forma de eliminação. O deficiente começa a ser “tratado” como um doente em

uma instituição ( segregação institucional), ficando excluído da família e da sociedade,

trancafiado em asilos de caráter religioso ou filantrópico.

Os séculos se passaram e foram trazendo paulatinamente uma nova compreensão

a respeito da condição do deficiente:

A partir da segunda metade do século, principalmente com o

desenvolvimento da psicologia da aprendizagem, da lingüística, da análise

experimental do comportamento, e outras ciências afins, começaram a surgir propostas

educacionais de atendimento a essa população. “O deficiente pode aprender” tornou-

se palavra e ordem.(Glat, 1995: 11)

Foram surgindo as escolas especiais e a Educação Especial começa a firmar-se

como área específica de atuação. Com o enfoque desse modelo educacional surge a

proposta da integração, isto é, uma proposta que torne possível uma participação mais

ativa os deficientes na sociedade. De acordo com Glat (1989), esta proposta foi

introduzida na Educação Especial por um grupo de profissionais da Escandinávia, sob o

Princípio da Normalização (Wolensberger, 1972). Este princípio tem como base a

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premissa de que todas as pessoas portadoras de deficiência têm direito a usufruir de

condições de vida o mais próximo o normal possível.

No Brasil a filosofia da integração encontra-se na política governamental de

educação a nível nacional, estadual e federal, porém não é o suficiente para torná-la

efetivamente concretizada, pois não são leis que integram as pessoas à sociedade.

Rejeição, superproteção, segregação e formas de aceitação são diversas atitudes

que se toma em relação ao portador de deficiência. O retardo da idade cronológica das

pessoas com deficiência mental, é conseqüência das classificações feitas por testes de

inteligência que rotulam o deficiente em uma escala pré-determinada que não leva em

conta a diversidade cultural e lingüística e não considera as habilidades adaptativas no

contexto da comunidade do indivíduo.

É preciso que se busquem alternativas de propostas pedagógicas que propiciem

ao adolescente com deficiência mental, vivências adequadas a sua idade cronológica.

Devemos procurar acabar com o estereótipo de eles são “eternas crianças”. Temos que

deixar de falar com eles como se fossem crianças, e vesti-los como crianças e tratá-los

como crianças, achando que eles não podem decidir nada sobre si mesmos. Para que

possam, de alguma forma, compensar suas limitações intrínsecas, eles precisam

aprender a caminhar por seus próprios pés e crescer.

Sabemos que o crescimento é um processo de aprendizagem social e que só

conseguimos amadurecer a partir de dificuldades que superamos. Dessa forma fica

difícil falar do crescimento do jovem portador de necessidade educativa especial, pois

ele vem sendo tratado como uma criança, não lhe é dado um tratamento de igual para

igual, ou seja, na maioria das vezes ele não tem sido respeitado como pessoa. Ele

precisa se tornar capaz de resolver problemas práticos que encontra nos ambientes em

que convive como: a escola, família, oficinas, consultórios, áreas de lazer.

É preciso que seja dada voz a esses jovens, deixarmos que eles se expressem,

pois ele além deles terem já nascido com uma desvantagem, sofrem uma exclusão que é

socialmente construída, uma vez que a imagem que temos do portador de necessidade

especial foi formada e desenvolvida em função de percepções e representações dos

outros.

Quando essas tipificações são consideradas verdades universais é que surgem os

estereótipos que representam uma forma poderosa de controle social, construindo

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mecanismos cognitivos e manutenção e estigmas (Glat, 1989; 1995). Os deficientes

passam a ser estereotipados e estigmatizados tal qual outros grupos socialmente

marginalizados (homossexuais, ex-presidiários, minorias raciais....), pois todas essas

pessoas, por uma razão ou outra, são afastados física ou moralmente do convívio

cotidiano da sociedade, não usufruindo das oportunidades e experiências abertas às

demais pessoas consideradas normais .

Para que portador de necessidades educativas especiais venha a ser respeitado

como pessoa é preciso que os “pré-conceitos” a cerca de sua identidade sejam

desvelados. Afinal são antes de tudo pessoas como as demais, com sentimentos,

emoções, e não querem ser rotuladas em função de sua deficiência. Nos Estados Unidos

e no Canadá o nome de um grupo de auto-ajuda de pessoas com deficiência mental é

“People First”;. que significa exatamente “pessoas primeiro” pois eles argumentam que

antes de serem deficientes são pessoas .

Sendo assim, pode-se afirmar que as limitações lhes são atribuídas no momento

em que esse indivíduos são rotulados como deficientes. A partir do momento que um

indivíduo é rotulado tudo o que ele fizer vai ser interpretado em função dos estigmas

que o levaram a ser rotulado, todas as suas potencialidades são subestimadas. Se o

jovem deficiente mental não se veste direito é porque é deficiente, se a jovem cega não

sabe sentar-se numa postura correta, é porque ela é “ceguinha”.

Esse rótulo tem dupla função: ao mesmo tempo que serve de ingresso numerado,

indicando qual o lugar onde ele tem direito de sentar no Teatro da Vida, determina

também o script que o indivíduo terá que representar enquanto ator neste teatro!...

Assim, não só ele passa a agir segundo padrões esperados pelo papel (os únicos que

lhe foram ensinados), como os outros atores também contracenam com ele enquanto

pessoa estigmatizada reforçando ainda mais esse papel (Glat,1989: 9)

Todos nós temos limitações, e só nos confrontando com elas é que podemos

superá-las, mas, como já comentado, o deficiente, ao contrário, é educado de forma tão

protegida que ele muitas vezes sequer se dá conta de suas limitações concretas e de suas

possibilidades.

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É necessário que sejam trabalhadas com essa clientela as questões de

independência e autonomia. Temos que avançar nas propostas de trabalhos com eles, e

um bom começo é ouvi-los com mais atenção e seriedade.

1.3) LAZER

O lazer é um modelo cultural de prática social que interfere no desenvolvimento

pessoal e social dos indivíduos. É o que podemos chamar de educação informal, que se

dá através de atividades culturais, esportivas e intelectuais que não tem dia e horário

fixo, a pessoa realiza quando está com vontade e tempo. Ele abre um campo educativo

não para se aprender coisas, mas para se exercitar equilibradamente as possibilidades de

participação social.

A palavra lazer,vem do latim licere, significa ócio, vagar, folga, descanso. É a

utilização do tempo livre existente no intervalo de um trabalho e outro, livre de

obrigações. De acordo com (Marcellino, 1995: 28, 29)

Entre os autores que se dedicam ao estudo do lazer não existe um acordo sobre seu

conceito, podendo-se distinguir duas grandes linhas: a que enfatiza o aspecto atitude,

considerando o lazer como um estilo de vida, portanto independente de um tempo

determinado, e a que privilegia o aspecto tempo, situando- como tempo liberado para o

trabalho , ou como tempo livre, não só do trabalho, mas de outras obrigações –

familiares, sociais, religiosas – destacando a qualidade das ocupações desenvolvidas.

A linha que enfatiza o lazer no aspecto atitude é a que mais se aproxima ao

conceito de lazer caracterizado neste trabalho, já que ela se refere ao lazer como algo

que não deve estar relacionado a um tempo livre disponível e sim às possibilidades de

relacionar o lazer ao dia-a-dia dos portadores de necessidades educativas especiais. O

presente trabalho buscou investigar o valor do lazer como elemento de integração e

satisfação pessoal de jovens portadores de deficiência mental.

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Para Marcellino (1995: 29) o lazer considerado “atitude” será

caracterizado pelo tipo de relação verificada entre o sujeito e a experiência vivida,

basicamente, a satisfação provocada pela atividade.... Isto é, qualquer situação pode ser

considerada uma forma de lazer, não existindo um momento determinado para que ele

aconteça.

Outro aspecto importante que foi levado em conta neste trabalho é o de que para

que o lazer tenha um valor educativo, ele deve ser assumido pelo educador com a

intencionalidade de fazer com que essa clientela realize-se como pessoa na busca da

construção da cidadania.

A sociabilidade do lazer é rica de contatos sociais variados, é o momento

propício para a troca de idéias e experiências, mas infelizmente a participação das

pessoas portadoras de necessidades educativas especiais em atividades de lazer é ainda

prejudicada, segundo Blascovi-Assis (1997), pela falta de um planejamento social e

também pela falta de uma estrutura físico espacial como, por exemplo, as barreiras

arquitetônicas que dificultam o acesso de grande parte dessas pessoas a muitos lugares.

Freqüentemente a vida do portador de necessidades especiais é cheia de

atividades que supostamente irão beneficiar o seu desenvolvimento, ou seja, ele vai de

um consultório ao outro, de uma terapia a outra, sobrando-lhe pouco ou nenhum tempo

para relaxar , conversar, trocar idéias com outras pessoas, criar, brincar....

Não se trata de desvalorizar os benefícios que tais terapias trazem, muito pelo

contrário, porém é importante que se perceba que elas podem também tornar-se um

processo estafante para os indivíduos e a suas famílias; onde perde-se também um traço

rico de sociabilidade da relação indivíduo/família que é a naturalidade. Traço este, que

também se perde nas situações de lazer. Pois geralmente a atividade de lazer a qual o

portador de necessidade especial tem acesso, nem sempre é de livre escolha dele. Ele

não tem voz para escolher o que quer fazer, tem que se contentar com o que os outros

oferecem para ele, com o que é “possível para ele”. Eles não são preparados para uma

livre escolha de atividade de lazer, não há uma naturalidade e sim escolhas entre

possibilidades.

Ainda, segundo Blascovi-Assis (1997), há uma necessidade de conscientização

social gradativa, que permita que o verdadeiro lazer “descompromissado” e “livre”

aconteça de maneira efetiva na vida do portador de necessidades especiais. Eles sabem

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conversar, se colocar, brincar e amar. É necessário que todos tomem consciência de que

é possível conviver com a diferença.

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CAPÍTULO II

A TRAJETÓRIA DA PESQUISA

2.1) PESQUISA QUALITATIVA

Segundo Lüdke e André (1986) pesquisa é promoção de confronto entre dados,

evidências, informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico

acumulado a respeito dele. Quando pesquisamos determinado tema, criamos uma

ocasião privilegiada de elaborar conhecimento sobre aspectos de uma determinada

realidade.

Levando em conta que a escolha de uma metodologia para realizar um estudo

está intimamente ligada ao objeto a ser investigado e aos objetivos que se quer atingir,

escolhi para esse trabalho uma pesquisa qualitativa considerando-a uma das formas

metodológicas mais adequadas à investigação em Educação.

A pesquisa qualitativa reúne o pensamento e ação de uma pessoa, ou de um

grupo, buscando o desvelamento de determinados aspectos de uma realidade, que

deverão servir para a composição de soluções propostas aos problemas pesquisados; é

um tipo de pesquisa que não está apenas interessada em medir, quantificar um

determinado problema, e sim explicá-lo.

Por exemplo: faz-se uma pesquisa quantitativa para constatar o número de

analfabetos no Brasil, e quando ela termina o que se tem são dados numéricos sobre um

problema de educacional em nosso país. Quando na verdade o ideal seria pesquisar

porque existe tal índice de analfabetismo, isto é, que ao final da pesquisa sejam

apontadas possíveis soluções para sanar tal problema educacional de nosso país.

Lüdke e André (1986) nos apresentam cinco características básicas que Bogdan e

Bikblein (1982) configuram em seu livro clássico A Pesquisa Qualitativa em Educação:

1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o

pesquisador como seu principal instrumento.

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2. Os dados coletados são predominantemente descritivos.

3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. Em outras

palavras, o pesquisador tem interesse em estudar como um problema se manifesta

nas interações cotidianas, ou seja, o interesse é retratar a complexidade do

cotidiano).

4. A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato

direto do pesquisador com a situação estudada, enfatizando o processo,

preocupando-se em retratar as perspectivas dos participantes. Dessa forma, o

“significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial

pelo pesquisador.

5. A análise dos dados tende a ser um processo indutivo. (Os pesquisadores não se

preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do

início dos estudos, o que não implica a inexistência de um quadro teórico que

oriente a coleta e a análise dos dados).

Analisando essas cinco características pude perceber a pesquisa qualitativa como

uma possibilidade de aprofundar minha relação com os sujeitos que investigaria, ou

seja, tornaria mais fácil o meu envolvimento com os jovens portadores de deficiência

mental, uma vez que este tipo de pesquisa favorece o envolvimento entre

entrevistado/entrevistador, contemplando aspectos existenciais, afetivos, experiências...

Como essas autoras enfatizam, uma pesquisa qualitativa “coloca o pesquisador

no meio da cena investigada participando dela e tomando partido na trama da peça”

(Lüdke André, 1986: 7). E, é isto que torna possível, neste tipo de pesquisa, uma análise

mais real do problema a ser investigado. No caso do presente estudo, a questão do lazer

e os jovens portadores de deficiência mental, que foram observados e entrevistados por

mim durante situações de seu dia-a-dia escolar. Também fiz uma pesquisa bibliográfica

sobre as publicações sobre o tema, para dar embasamento teórico ao meu trabalho.

O objetivo geral desta pesquisa, foi, portanto, colher informações que incidiriam

na melhoria das relações estudadas, tornando possível um olhar mais crítico e reflexivo

sobre a interação dos jovens durante atividades de lazer.

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23

2.2) OS SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos da presente pesquisa, então, foram 10 alunos com idades variando de

15 a 18 anos, sendo todos do sexo masculino, todos portadores de deficiência mental.

De acordo com informações das professoras poderiam ser classificados como portadores

de deficiência mental leve a moderada, embora pudesse claramente perceber que alguns

eram bem mais comprometidos que outros. Todos os 10 alunos participantes da

pesquisa, freqüentavam a Classe de Alfabetização do Projeto CEMASI, onde os

mesmos estudavam no período de 7h as 11h e 30m, porém realizavam 1h de atividade

física diariamente, que contribuíam para uma melhor inclusão social.

2.3) PROCEDIMENTOS

Conforme dito anteriormente, o presente trabalho constitui-se numa pesquisa

qualitativa que é baseado em dois tipos de procedimentos de coleta de dados:

observações informais de alunos portadores de deficiência mental, entrevistas semi-

estruturadas com um grupo de alunos.

Este último procedimento foi utilizado com o objetivo de perceber a visão que os

sujeitos tinham a cerca do tema lazer. Objetivava também apreender quais eram suas

rotinas, a partir de suas próprias falas. Portanto, não utilizou nenhuma outra fonte de

informação a não ser seus próprios relatos, pois a intenção é que o trabalho venha a

fazer parte de uma série de trabalhos da área de Educação Especial que tem a

preocupação em dar voz a essas pessoas especiais.

Dentre vários trabalhos que estão ligados essa linha, na qual a participação do

deficiente é ativa, encontra-se o trabalho de Glat e Freitas (1996) no qual as autoras

trabalham com a questão da sexualidade e deficiência mental. As autoras ouviram

homens e mulheres portadores de deficiência mental de três instituições especializadas

em atendimento a essa clientela para a partir dos relatos de experiências desses

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deficientes pudessem então discutir um programa de educação sexual voltado para essas

pessoas.

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25

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

De acordo com o que foi esclarecido anteriormente este trabalho foi baseado em

observações informais e entrevistas a jovens portadores de deficiência mental de uma

escola especial. As entrevistas foram transcritas textualmente para uma análise sobre

como o tema lazer estava sendo vivenciado por estes jovens. Os dados apresentados

neste capítulo foram divididos em categorias com inferências sobre o que foi observado

informalmente durante a realização da pesquisa.

3.1) VIDA ESCOLAR

Conforme já citado, os participantes da pesquisa eram alunos especiais do

Centro Esportivo Miécimo da Silva, que praticavam atividade física. Os participantes da

pesquisa freqüentavam a escola no turno da manhã, eles chegavam às 7:00 h e se

dirigiam ao pátio para formar. Todos demonstram bastante satisfação por estarem ali.

Em uma conversa informal com um aluno eu perguntei se ele costumava faltar aula e

ele respondeu: Não falto, não falto... Não pode faltar nem em agosto, nem em abril...

Quem falta é minha mãe... (1ª aluno,16 anos)

Um outro aluno também resolve falar sobre o Centro Esportivo durante nossa

conversa: Aqui eu jogo bola, me divirto bastante... Aqui é muito legal! (2ª aluno, 13

anos)

Sempre que perguntava pelo o que eles achavam do Centro Esportivo, todos

sempre tinham respostas positivas. Apenas um dos entrevistados disse que não tinha

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muita novidade para ele ali não, que o que ele queria era aprender a dirigir, pois já tinha

idade suficiente para isso. Esse aluno tinha 18 anos e o professor disse que esse era o

único assunto de interesse do aluno, pois ele fazia vários questionamentos sobre o fato

de que ninguém ficava preocupado em ajudá-lo a conseguir isso, ou seja, tirar uma

carteira de motorista.

O Centro Esportivo tinha uma rotina bem dinâmica, conforme já foi citado, os

alunos tinham o ensino especial e também participavam de uma série de atividades (jiu-

jtsu, capoeira inclusiva, grupos de danças...) Os alunos gostam muito das atividades

oferecidas no Centro Esportivo, como pode ser comprovado nos seguintes comentários

durante as entrevistas : A brincadeira que eu mais gosto é ir para o dança (3ª aluno, 16

anos ... Gosto da capoeira e do dança. Gosto das festas (4ª aluno, 17 anos)

Um outro fato que corrobora essa minha opinião foi o resultado da seguinte

pergunta: “Que atividade e lazer você gostaria que tivesse aqui na escola?” A maioria

não achou necessário incluir alguma coisa.

3.2) AMIZADES

Nas entrevistas realizadas foi constatado que as amizades dos entrevistados

restringiam-se, em sua maioria, aos colegas da turma especial. Porém todos os outros

alunos das distintas modalidades respeitavam as limitações desses “alunos especiais” o

que auxiliava no processo de inclusão social.

Nos depoimentos dos entrevistados apenas dois dos doze entrevistados disseram

ter amigos fora da escola especial. Este resultado confirmou os dados obtidos por Glat

(1989) que entrevistou mulheres com deficiência mental num trabalho em que procurou

ouvir suas histórias, através do método histórias de vida no qual o que interessa é o

ponto de vista do sujeito entrevistado e Sousa (1998) que entrevistou familiares de

crianças deficientes sobre a questão deficiência / família / lazer . Em ambos os

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trabalhos ficaram evidenciados que o círculo de amizades do portador de necessidade

especial é muito restrito.

Constatei também que apenas dois dos entrevistados que só têm amigos na

escola, estendem essa amizade além da escola; este fato constatado é de grande

relevância, uma vez que o faz com que tal amizade ultrapasse o âmbito escolar é

justamente a temática de estudo deste trabalho, que é o lazer. Estes dois jovens

costumam se encontrar em uma área do lazer o bairro em que moram. A o perguntar a

um eles se tem amigos no local onde mora, ele responde:

Não tenho amigo lá não, eu vejo televisão... Meu amigo é só o Alexandre aqui

da escola ... A gente vai lá no Méier jogar bola. (5ª aluno, 19 anos)

Uma entrevistada disse ao responder a mesma pergunta sobre amizade :

A única amiga de verdade que eu tenho é a Aridéia, minha professora. (6ª aluno,

16 anos)

Essa entrevistada disse que até tinha alguns colegas no lugar onde morava, que

saía com eles e com as primas, porém era só companhia para brincar e se divertir, não

eram amigos “de verdade”. Este depoimento me mostrou a grande sensibilidade dessa

jovem que apesar de sua deficiência mental sabia diferenciar uma questão muito

complexa até mesmo para nós “normais” que é saber quem realmente é nosso amigo ou

não. Ela sabia que tinha companhia, porém quem realmente a ouvia e lhe dava atenção

era sua professora.

Outra observação que não poderia deixar de ser mencionada dentro desta

categoria é que apesar dos jovens fazerem parte de uma turma especial que propicia

diversas atividades de integração com os alunos “ditos normais” , nenhum deles

relatou ter feito amizades nessas atividades.

Podemos e devemos criar situações como essas que o Centro Esportivo realiza,

onde o aluno portador de necessidades especiais são incluídos nas turmas de alunos

chamado “normais”concretizar o ideal da inclusão social de seus alunos com “mundo lá

fora”. Pois de acordo com Glat e Freitas :

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É claro que propostas que visem a inserção de pessoas deficientes em situações

escolares, profissionais e de lazer devem ser incentivadas. Pois se elas continuarem

“guardadas” em suas casas e instituições especializadas, certamente sua vida nunca

será nada além de uma vida segregada e limitada (1996, p.29).

Fazer amizades fora do círculo da escola especial é muito difícil para esses

deficientes, porém essa dificuldade não surge apenas de uma rejeição dos “ditos

normais”; para os deficientes também é mais fácil relacionar-se com outros deficientes

onde não há tantos conflitos. Nos grupos de pares eles se sentem aceitos ”assim como

são”, e podem desenvolver relações menos estressantes e mais significativas e

gratificantes (Glat, 1995,p.46) É aí que os profissionais envolvidos com a Educação

Especial precisam intervir, criando oportunidades de superação dessa acomodação,

evitar a postura de proteção e auxiliá-los no encontro de um caminho na vida.

3.3) NAMOROS

Apesar deste tema estar diretamente ligado ao trabalho, acredito ser válido

explicitar o relato a seguir.

Um dos entrevistados se sentiu a vontade durante as entrevistas para falar sobre

namoro.

Olha só... Eu estou apaixonado pela Lúcia, eu gosto muito dela... Eu gosto

muito dela, mas a mãe dela reclama muito... (7ª aluno, 17 anos)

Este depoimento surgiu após terminarmos a entrevista propriamente dita. Ele

sentiu que estava terminado e foi logo entrando nesse assunto, mesmo sem eu ter

perguntado. Eu já conhecia a jovem que ele disse ser sua namorada, ela freqüenta outra

classe da mesma escola e já tinha conversado comigo sobre esse namoro, ela também se

dizia muito apaixonada e que era difícil para eles poderem namorar já que sua não

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aprovava o namoro. Ela apesar de não estar alfabetizada estava sempre preparando

cartas para o namorado, às vezes pedia minha ajuda para escrever e tinha sempre uma

amiga de sua sala que entregava as cartas.

O desabafo desse jovem sobre o namoro e suas dificuldades durante a entrevista

mostra-nos a necessidade de se abrir um espaço para que eles possam conversar e

esclarecer questões como essa. Os motivos para a mãe da jovem não facilitar o namoro

podem ser muitos, principalmente a falta e uma orientação para lidar com a sexualidade,

porém esses jovens e suas famílias deveriam receber uma orientação específica para

lidar com questões como essa.

Os entrevistados do sexo masculino, em especial os mais velhos diziam já ter

tido namoradas, porém as do sexo feminino revelavam ter paixões bem platônicas, com

exceção da jovem citada acima.

3.4) LAZER

De acordo com os dados coletados pude constatar que o lazer na vida dos

entrevistados é bastante restrito, tudo o que eles vivenciam que pode dar um

enriquecimento cultural e facilitar a integração com o mundo é proporcionado pela

escola. Sem contar que nos depoimentos eles nem se dão conta do poderiam fazer nos

finais de semana, em nenhum momento ficar em casa o ver televisão foi dito como algo

que estivesse substituindo atividades interessantes. Alguns até encontravam “desculpas”

por não saírem:

Antigamente eu ia ao cinema com a minha mãe, com meu pai, com a minha

irmã. Mas agora o meu trabalha e não dá mais tempo... (8ª aluno, 18 anos)

Discursos como esses explicita a necessidade de trabalharmos a auto-

percepção desses sujeitos para que eles se reconheçam como cidadãos e possam até

poder questionar a falta de atividades de lazer que com certeza só iriam facilitar o

desenvolvimento e a integração deles.

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Dos 12 entrevistados apenas 2 costumam sair e se divertir. A grande maioria

tem como lazer ver televisão, ouvir música ou visitar parentes. Ao perguntar sobre

passeios ou outras atividades durante os finais de semana eles respondiam:

Eu, às vezes, vou a aniversários com a minha prima... (9ª aluno, 16 anos)

Vejo televisão, só vejo televisão... (10ª aluno, 13 anos)

Cinema! Nunca fui! Saio é com a minha mãe, com meu pai, meu irmão...

vou lá na casa da minha tia, prá casa de outra pessoa...) (11ª aluno, 16 anos)

Quando os entrevistados, sendo válido lembrar que são todos adolescentes,

em raras exceções já tinham ido ao cinema, os filmes que tinham visto eram todo de

temas infantis:

Fui só uma vez, foi num domingo ver o filme do Simão e o Fantasma

Trapalhão... Só esse dia eu fui ao cinema.

Embora o lazer seja de extrema importância para o desenvolvimento de

pessoas com necessidades especiais, eles são praticamente privados de tais atividades,

pois são várias as dificuldades para a realização de tais atividades, como a falta de

opções de lazer adequadas na comunidade e até mesmo um falta de um programa

sistemático com as famílias dessa clientela “especial” que prepare estes pais desde cedo

para lidar com os inúmeros problemas sociais que são gerados a partir do nascimento de

uma criança especial .

É claro, que a escola e os profissionais envolvidos no tratamento dessas

crianças “especiais” têm um papel bastante importante nessa questão social que inclui o

lazer como facilitador da integração dessas pessoas, porém a família deve assumir seu

papel nesta questão também, mesmo que seja com muitas dificuldades.

O lazer para estas pessoas “especiais” não pode ser visto meramente como

algo para passar o tempo e sim como atividades que proporcionam “chances de

generalização de conceitos e de abstração e síntese o pensamento, tornando funcional

todo e qualquer conhecimento aprendido na escola.”( Blacovi-Assis, 1997,p.99)

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É preciso que os profissionais da Educação Especial conscientizem-se que

esses alunos precisam e um ensino sistemático também no que se refere à aprendizagem

e competências relacionadas ao lazer que sejam enriquecedoras que os ajudem a ocupar

seu tempo livre de maneira proveitosa que resulte numa melhor qualidade de vida para

esses alunos.

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CONCLUSÃO

Posteriormente a análise dos dados deste trabalho tornou-se necessário falar

sobre seu objetivo que foi pesquisar a influência do lazer nos processos de integração,

desenvolvimento e satisfação pessoal da pessoa portadora de necessidades educativas

especiais. Para atingir tal objetivo foi observado informalmente e entrevistado jovens

portadores de deficiência mental de uma escola especial e procurando-se verificar

como eles têm vivenciado as atividades de lazer e consultando bibliografia sobre o

tema.

Conforme apresentado no capítulo referente a análise dos dados foi

constatado, como já era até mesmo esperado, a necessidade de um trabalho sério e

sistemático para que as atividades de lazer sejam levadas a sério e utilizadas como

facilitadoras da integração e desenvolvimento dos portadores e necessidades especiais;

fazendo com o lazer deixe de ser visto como um meio de passar o tempo e

principalmente deixar de ser algo que só possa ser escolhido por outras pessoas sem

levar em conta os desejos do próprio portador de necessidades especiais.

A atuação do Centro Esportivo Miécimo da Silva é de grande importância

para incluir o lazer no cotidiano de seus alunos uma vez que abriu espaços para seus

alunos oferecendo atividades alternativas para que eles participassem de atividades de

lazer que não estavam incluídas no currículo, com participação em grupos de danças,

aulas de jiu-jtsu, capoeira.... Porém não podemos esquecer da necessidade de

oportunidades de integração social em locais abertos a população “normal”. O que faz

salientar a necessidade da criação de propostas que valorizem a participação do portador

de necessidades especiais em atividades de lazer com os “ditos normais”.

O melhor seria que houvesse uma proposta com o intuito de fazer

convênios que incentivassem a participação dessa “clientela especial” em atividades

de lazer de outras escolas, clubes, universidades e outros espaços onde fosse possível

que interações acontecessem para que assim a tão almejada integração pudesse começar

de fato a acontecer.

Não se pode afirmar que a integração e interação social efetivamente

acontecerá através de uma integração física. Essa integração de direito, só pode vir a ser

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fato se transformamos as relações sociais estabelecidas até então. Deve-se, como nos

aponta Glat Abrir a essas pessoas um leque maior de oportunidades afetivas e

existenciais – inclusive a de lutar para conquistar por si mesmas um espaço no seio da

sociedade. (1995, p.47 )

Pode-se, através de leis e decretos garantir às pessoas deficientes educação e

profissionalização, mas isso não vai ser satisfatório para que eles sejam aceitos

socialmente. Eles precisam ter a chance de serem ouvidos, pois só assim poderão

aprender a se colocarem e garantir a luta por seus direitos e receberem um tratamento de

igual para igual.

Também não se pode esquecer em minhas considerações a necessidade de

um trabalho com as famílias dos portadores de necessidades especiais, pois são muitas

as dificuldades que elas enfrentam em identificar, discutir e solucionar os problemas

sociais que são gerados a partir do nascimento de uma criança deficiente na família.

Uma outra questão que precisa ser levada em conta é trabalhar a questão da

auto-percepção dos jovens portadores de necessidades especiais, para isso podemos

começar procurando dar voz ao portador de deficiência , criando oportunidades de

reflexão e questionamentos. Nunes, Glat, Ferreira e Mendes nos aponta o que Lebedeff

( 1993) diz a respeito da escuta dos deficientes: Uma estratégia educativa e um

caminho para a construção de uma identidade mais estruturada.(1988,p.95)

O lazer é um elemento facilitador de interações sociais, porém é necessário

que os portadores de necessidades especiais sejam preparados para vivenciarem tais

atividades, sua identidade deve estar bem trabalhada para que ele acredite no seu direito

de participação social. Se não o que acontece é ele ficar sempre achando que pode ser

feliz apenas dentro de seu “mundinho”, seja ele a casa ou a escola especial.

É válido também lembrar que este estudo não é generalista, pois ele baseou-

se um grupo específico de uma determinada localidade, sendo necessário existir o

estudo de outros grupos e localidades para reafirmar os dados analisados e que novas

menções sejam levantadas.

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34

BIBLIOGRAFIA:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR: Informação e

documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2000.

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Como elaborar projetos de pesquisa S.P: ed Atlas, 1996, PP 45 – 62.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2a. ed. São Paulo: Atlas S.A; 1993.

GLAT, R. Somos iguais a vocês: Depoimento de Mulheres com deficiência Mental. Rio

de Janeiro: Agir, 1989.

GLAT. A Integração dos Portadores de Deficiência: Uma Reflexão. Rio de Janeiro:

Editora Sette Letras, 1995.

GLAT, E FREITAS, R.C. Sexualidade e Deficiência Mental: Pesquisando,

Refletindo e Debatendo Sobre o Tema. Rio de Janeiro: Editora Sette Letras, 1996.

GLAT. O Jovem e o Adulto com Deficiência Mental. Revista Brasileira de

Deficiência Mental.P.45-48 Edição Extra. Julho,1995.

LUCKESI, Cipriano. Fazer Universidade uma proposta metodológica. 6a. ed, São Paulo:

Cortez, 1997.

MARCELINO, N. C. Lazer e Educação. Campinas: Papirus, 1997.

MAZZOTTI, A. J. e GEWANDSZNAJAER, F. O método nas ciências naturais e

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35

NUNES, L. R. O. P., GLAT, R., FERREIRA, J. R. e MENDES, E. G. Pesquisa Em

Educação Especial na Pós – Graduação. Rio de Janeiro: Editora Sette Letra, 1998.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica. 2a. ed. São Paulo: Atlas S.A, 1988.

TRIVINÕS, Augusto N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. 2a. ed. São

Paulo: Atlas, 1995.

UNIVERCIDADE DA CIDADE. Manual para apresentação do trabalho de

conclusão de curso. Rio de Janeiro, 2002.

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ANEXO

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37

ANEXO 1

ENTREVISTA

Estudante.

1- Qual a sua rotina nos dias de semana? E nos finais de semana?

2- Qual o seu divertimento favorito fora da escola?

3- Qual a atividade de lazer que você mais gosta de realizar aqui na escola? Por

quê?

4- Que atividade de lazer você gostaria que tivesse aqui na escola?

5- Você gosta de estudar com seus amigos? Por quê?

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38

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ------------------------------------------------------------------ 2

AGRADECIMENTO ------------------------------------------------------------------ 3

DEDICATÓRIA ------------------------------------------------------------------------ 4

EPÍGRAFE ------------------------------------------------------------------------------ 5

RESUMO -------------------------------------------------------------------------------- 6

METODOLOGIA ---------------------------------------------------------------------- 8

SUMÁRIO ------------------------------------------------------------------------------ 9

INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------ 10

CAPÍTULO 1 --------------------------------------------------------------------------- 12

INTEGRAÇÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS --- 12

1.1 - A Integração dos portadores de necessidades especiais ------------- 12

1.2 - O portador de deficiência mental --------------------------------------- 14

1.3 - Lazer ----------------------------------------------------------------------- 18

CAPÍTULO 2 – ---------------------------------------------------------------------- 21

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39

INTERAÇÃO DOS JOVENS NAS ATIVIDADES DE LAZER ------------- 21

2.1 - Pesquisa qualitativa ----------------------------------------------------- 21

2.2 - Os sujeitos da pesquisa ------------------------------------------------- 23

2.3 - Procedimentos ----------------------------------------------------------- 23

CAPÍTULO 3 – ----------------------------------------------------------------------- 25

O LAZER DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS ------- 25

3.1 – Vida Escolar ------------------------------------------------------------- 25

3.2 – Amizades ----------------------------------------------------------------- 26

3.3 – Namoros ------------------------------------------------------------------ 28

3.4 – Lazer ---------------------------------------------------------------------- 29

CONCLUSÃO – ----------------------------------------------------------------------- 32

BIBLIOGRAFIA ---------------------------------------------------------------------- 34

ANEXO --------------------------------------------------------------------------------- 36

• Anexo 1 – Entrevista ------------------------------------------------------------------- 37

ÍNDICE --------------------------------------------------------------------------------- 38

ATIVIDADES CULTURAIS -------------------------------------------------------- 41

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40

FOLHA DE AVALIAÇÃO ---------------------------------------------------------- 43

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ATIVIDADES CULTURAIS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós –Graduação “Latu Sensu”

Título do livro: O lazer na vida de pessoas portadoras de necessidades especiais:

Possibilidades de integração, desenvolvimento e satisfação.

Data de entrega: 31 / 07 / 04.

Auto Avaliação: Como você avaliaria esta monografia?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Avaliado por: ___________________________________________ Grau _________ ________________________________. _______ de ________________ de _______.