o jogo de espelhos dos universos paralelos

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  • 8/16/2019 O Jogo de Espelhos Dos Universos Paralelos

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    O jogo de espelhos dos

    Universos Paralelos

    Por Max Tegmark

    Será que existe uma cópia de você lendo esse artigo?

    Uma pessoa que não é você, mas vive num planeta chamado Terra com montanhas coertasde nelina, campos !érteis e cidades esparramadas em um "istema "olar com oito outrosplanetas# $ vida que essa pessoa leva é idêntica % sua em todos os aspectos, mas talve& eleou ela decida aandonar este artigo antes de terminar a leitura, enquanto você cont'nua lendo(

     $ idéia de um alter ego como esse é estranha % primeira vista e pouco plaus'vel, mas pareceinevit)vel que acaemos por aceit)*la, pois essa idéia tem sustenta+ão em oserva+esastron-micas( O modelo astron-mico mais simples e mais comum hoje predi& que existe umgêmeo em uma gal)xia a cerca de ./ elevado a 0O 12 metros daqui( 3ssa dist4ncia é tão grandeque est) além das medidas astron-micas, mas isso não torna menos real o seu duplo*eu

    (doppelgänger). $ estimativa decorre de leis elementares das proailidades, sem que sejanecess)rio lan+ar mão da !'sica moderna especulativa( "implesmente existe um espa+oin!initamente grande 5ou pelo menos su!icientemente grande6 que est) praticamente todopreenchido por matéria uni!ormemente distriu'da, como indicam as oserva+es( 7um espa+oin!inito, mesmo os eventos mais improv)veis devem ocorrer em algum lugar( 8) muitos outrosplanetas haitados, incluindo não s9 um, mas in!initos outros planetas com pessoasexatamente como você, com a sua aparência, o mesmo nome e as mesmas lemran+as,alguém que j) esgotou todas as poss'veis comina+es de escolhas da sua vida(

    :ocê provavelmente nunca ver) seus outros eus( O lugar mais distante que você consegueoservar é o ponto de onde a lu& partiu h) .; ilhes de anos, desde que come+ou a expansãodo

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    caracter'stico das manchas mais quentes e mais !rias que aparecem nos mapas de radia+ão de!undo depende da curvatura do espa+o( $lém disso, as manchas oservadas parecempequenas demais para serem consistentes com uma !orma es!érica( Mas é !undamental que origor estat'stico seja mantido( O tamanho médio das manchas varia aleatoriamente de umvolume de 8ule para outro( $ssim, é poss'vel que o nosso Universo esteja &omando de n9s* poderia ser es!érico, mas tem manchas anormalmente pequenas( Fuando os cosm9logos

    alegam que aoliram o modelo es!érico com um n'vel de con!ian+a de DD,DG, na verdade,querem di&er que se esse modelo !osse v)lido menos de um em cada mil volumes de 8ulemostraria manchas tão pequenas quanto as oservadas(

    O que podemos aprender disso tudo é que a teoria do multiverso pode ser testada e invalidadamesmo que outros universos não possam ser vistos( $ questão é predi&er o que é o conjuntode universos paralelos e especi!icar uma distriui+ão de proailidades ou aquilo que osmatem)ticos chamam de uma @medida@ desse conjunto( 7osso Universo poderia estar inclu'doentre os mais prov)veis( "e não !osse assim, de acordo com a teoria do multiverso, sevivêssemos em um universo improv)vel, então a teoria estaria com prolemas( ?omo voudiscutir mais adiante, o prolema da medida pode tornar*se astante desa!iador(

     

    Nível ": #utras $ol%as &ós'(n)la*+o

     

    "e é di!'cil aceitar o multiverso de n'vel ., tente imaginar um conjunto de multiversos de n'vel .di!erentes, alguns quem sae, com di!erentes dimenses espa+o*tempo, onde as constantes!'sicas !ossem di!erentes( 3stes outros multiversos * que !ormam um multiverso de n'vel 1 * sãoprevistos pela teoria da in!la+ão ca9tica, astante popular atualmente(

     $ teoria da in!la+ão é uma extensão de teoria do

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    a um tor9ide, ou porque toda a matéria est) con!inada em uma super!'cie tridimensional 5umamemrana, ou simples @rana@6 no espa+o de nove dimenses(

    >essa !orma a simetria original entre as dimenses se querou( $s !lutua+es qu4nticas queprodu&em a in!la+ão ca9tica poderiam causar di!erentes queras de simetria em olhasdi!erentes( $lgumas se tornariam quadridimensionais, outras poderiam conter somente duas,

    em ve& de três gera+es de quarks e outras, ainda, poderiam ter uma constante cosmol9gicamais !orte que a do nosso Universo(

    Uma outra !orma de produ&ir um multiverso de n'vel 1 seria através de ciclos de nascimento edestrui+ão de universos( 3ssa idéia !oi apresentada cienti!icamente pelo !'sico Hichard ?(Tolman nos anos I/ e recentemente implantada por Paul J( "teinhardt da Princeton UniversitKe por 7eil Turok da UniversitK o! ?amridge( A proposta de Stein%ardt e ,uro- e os modelosrelacionados envolvem uma segunda mem.rana tridimensional .astante paralela /nossa0 simplesmente deslocada numa dimens+o mais alta 2ste universo paralelo n+o érealmente um universo / parte porque interage com o nosso 3as o con4unto deuniversos ' passado0 presente e )uturo ' que estas mem.ranas criam0 )ormaria ummultiverso que teria0 indiscutivelmente0 uma diversidade semel%ante /quela produidapela in)la*+o caótica Uma idéia proposta pelo !'sico Lee "molim do Perimeter Institute  em

    aterloo 5Ont)rio6, envolve mais um outro multiverso com diversidade semelhante ao de n'vel1 que modi!ica e !a& surgir novos universos por meio de uracos negros e não através da !'sicade ranas(

    3mora não possamos interagir com outros universos paralelos de n'vel 1, os cosm9logos sãocapa&es de in!erir a presen+a deles indiretamente, porque sua existência pode justi!icar coincidências inexplic)veis que ocorrem no nosso Universo( 0magine, por exemplo, que ao seregistrar num hotel lhe é entregue a chave da su'te .D=N e você percee que esse éexatamente o ano do seu nascimento( @Fue coincidência@* você pensaria( >epois de algunsminutos de re!lexão, você poderia perceer que não é tão surpreendente assim( O hotel temcentenas de quartos e você nem teria pensado nisso se lhe tivesse sido dado um outroapartamento com um nAmero que não signi!icasse nada para você( 3ste exemplo, nos mostra

    que, mesmo sem saer nada de hotéis, você pode in!erir a existência de outros apartamentosno hotel de modo a explicar a coincidência(

    :ejamos um exemplo mais representativo( Pense na massa do "ol( $ massa de uma estreladetermina a sua luminosidade e, utili&ando equa+es da !'sica )sica, podemos mostrar através de c)lculos que a vida, como a conhecemos na Terra, é vi)vel somente se a massa do"ol estiver numa !aixa estreita entre .,= x ./ I/ e 1,; x ./I/ kg( ?aso contr)rio, a temperatura daTerra seria muito mais aixa que a de Marte ou muito mais alta que a de :ênus( $ massa solar medida é de 1 x ./I/ kg( $ primeira vista, esta coincidência aparente entre as condi+es de vidana Terra e o valor oservado da massa do "ol, parece ser o cAmulo da sorte( $s massasestelares variam de ./1D a ./I1 kg, de modo que, se o "ol adquire sua massa através de umprocesso aleat9rio, haveria somente uma pequena chance de estar numa !aixa que privilegia avida( Mas, exatamente como no caso do quarto de hotel, pode*se explicar essa coincidência

    aparente imaginando um conjunto 5no caso, um nAmero de sistemas planet)rios6 e um e!eitode sele+ão 5prova de que nos encontramos num planeta hait)vel6( 3sses e!eitos de sele+ãorelacionados ao oservador são conhecidos como @antr9picos@ e emora @uma palavra@ sejasu!iciente para criar polêmica, os !'sicos em geral concordam que esses e!eitos de sele+ão nãopodem ser despre&ados ao se testar teorias )sicas(

    O que se pode aplicar aos quartos de hotel e aos sistemas planet)rios tamém se podeconsiderar para universos paralelos( $ maioria, se não todos, dos atriutos criados pela querade simetria parece estar em a!inada( "e alter)ssemos os volumes dos universos paralelos depequenas quantidades o resultado seria um universo qualitativamente di!erente um universoonde provavelmente não existir'amos( "e os pr9tons !ossem /,1G mais pesados decairiam emnêutrons, desestaili&ando os )tomos( "e a !or+a eletromagnética !osse ;G mais !raca nãohaveria hidrogênio nem estrelas comuns( "e a intera+ão !raca !osse muito mais !raca, o

    hidrogênio não existiriaQ se !osse muito mais !orte, as supernovas não poderiam semear o

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    espa+o com os elementos pesados( "e a constante cosmol9gica !osse muito maior, o Universoteria se despeda+ado antes de as gal)xias se !ormarem(

    3mora o grau de sintonia !ina ainda esteja em deate, estes exemplos sugerem a existênciade universos paralelos com outros valores de constantes( $ teoria do multiverso de n'vel 1prevê que os !'sicos nunca serão capa&es de determinar os valores dessas constantes a partir 

    de princ'pios !undamentais( 3les simplesmente vão calcular distriui+es de proailidade paraos resultados que esperam encontrar, levando em conta os e!eitos de sele+ão( O resultadoseria genérico o su!iciente para justi!icar nossa existência(

     

    Nível 50 Quantum de 3uitos 3undos

     

    Os multiversos de n'vel . e 1 envolvem mundos paralelos in!initamente a!astados, além do

    dom'nio dos pr9prios astr-nomos( Mas o pr9ximo n'vel de multiverso est) em perto de você("urge da !amosa interpreta+ão controvertida sore os multimundos da mec4nica qu4ntica * aidéia de que processos qu4nticos aleat9rios !a&em o Universo se rami!icar em mAltiplas c9pias,uma para cada resultado poss'vel(

    7o in'cio do século 1/ a teoria da mec4nica qu4ntica revolucionou a !'sica explicando que oreino at-mico não oedece %s leis cl)ssicas da mec4nica neRtoniana( $pesar dos êxitos dateoria, surgiu um deate caloroso em torno do seu real signi!icado( $ teoria de!ine o estado doUniverso não em termos cl)ssicos, como a posi+ão e velocidade de todas as part'culas, masem termos de um recurso matem)tico chamado !un+ão de onda( >e acordo com a equa+ão de"chrSdinger, esse estado evolui no tempo de uma !orma que os matem)ticos denominam@unit)rio@, o que quer di&er que a !un+ão de onda gira num espa+o astrato de dimensesin!initas, o espa+o de 8ilert( 3mora a mec4nica qu4ntica seja comumente descrita como

    inerentemente aleat9ria e incerta, a !un+ão de onda evolui de !orma determin'stica( Fuanto aisso, não h) dAvida ou aleatoriedade(

     $ parte mais complicada est) em se conseguir associar esta !un+ão de onda ao que éoservado( Muitas !un+es de onda leg'timas correspondem a situa+es que vão contra aintui+ão, como o caso do gato que, ao mesmo tempo, est) vivo e morto, na chamadasuperposi+ão( 7a década de 1/, os !'sicos tentaram justi!icar esses !atos estranhos a!irmandoque a !un+ão de onda @colapsava@ em certos casos cl)ssicos em de!inidos, toda ve& quealguém !a&ia uma oserva+ão( 3sse postulado, que deveria servir para explicar asoserva+es, tornou*se uma teoria elegante e unit)ria dentro de uma outra teoria não*unit)ria( $ aleatoriedade intr'nseca normalmente atriu'da % mec4nica qu4ntica é o resultado dessepostulado( $o longo dos anos, muitos !'sicos aandonaram essa visão em ene!'cio de umaoutra perspectiva desenvolvida, em .DN, por um aluno de gradua+ão de Princeton, 8ugh

    3verett 000( 3le mostrou que o postulado do colapso é desnecess)rio( $ teoria qu4ntica original,na verdade, não é contradit9ria( 3mora ela prediga que uma realidade cl)ssica gradualmentese sudivide em superposi+es de muitas dessas realidades, os o.servadoressu.4etivamente experimentam esta su.divis+o simplesmente como uma levealeatoriedade, com proailidades que concordam com as do antigo postulado do colapso(2sta superposi*+o de mundos clássicos constitui o multiverso de nível 5 (

     $ interpreta+ão de mundos mAltiplos de 3verett vem surpreendendo os !'sicos e outrosespecialistas por mais de quatro décadas( Tudo se toma mais !)cil de assimilar quando sepercee que uma teoria !'sica pode ser vista de duas !ormasB a visão externa, a de um !'sicoestudando as equa+es matem)ticas, como um p)ssaro descortinando a paisagem a partir deum ponto elevado, e a visão interna de um oservador vivendo no mundo descrito pelasequa+es, como uma rã, na paisagem do p)ssaro(

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    >o ponto de vista do p)ssaro, o multiverso de n'vel I é simples( 8) somente uma !un+ão deonda( 3la evolui suavemente e de !orma determin'stica ao longo do tempo sem nenhum tipo dedivisão ou paralelismo( O mundo qu4ntico astrato descrito por essa !un+ão de onda evolvente,contém, em si, um nAmero enorme de linhas cl)ssicas de est9rias paralelas, continuamente sedividindo e se misturando, assim como muitos !en-menos qu4nticos que precisam ser descritosclassicamente( >a perspectiva da rã, os oservadores perceem somente uma pequena !ra+ão

    de toda a realidade( 3les conseguem ver seu pr9prio universo de n'vel ., mas um processochamado de decoerência que imita o colapso da !un+ão de onda e ao mesmo tempopreserva a unitariedade * os impede de ver as c9pias paralelas de n'vel I de si mesmos(

    "empre que uma pergunta é !eita a um oservador, uma r)pida decisão é tomada para dar aresposta( Os e!eitos qu4nticos são interpretados pelo seu cérero como uma superposi+ão deresultados, tais como @?ontinue a ler o artigo@ e @Pare de ler o artigo@( >a perspectiva dop)ssaro, o ato de tomar uma decisão !a& com que a pessoa se divida em mAltiplas c9piasB umaque continua a ler e outra que p)ra de ler( >a perspectiva da rã, no entanto, cada um dessesalter egos  não tem conhecimento dos demais e interpreta a rami!ica+ão como uma ligeiraaleatoriedadeB uma certa proailidade de continuar a ler ou de parar de ler(

    Por mais estranho que possa parecer, acontece exatamente a mesma coisa até no multiverso

    de n'vel .( 3videntemente, você decidiu continuar a ler o artigo, mas um de seus alter egos, emuma gal)xia distante, aandonou a revista depois de ler o primeiro par)gra!o( $ Anica di!eren+aentre o n'vel . e o I est) em saer onde vivem seus alter egos. 7o n'vel . eles vivem emalgum lugar, no nosso velho conhecido espa+o tridimensional( 7o n'vel I eles vivem em umoutro n'vel qu4ntico do espa+o de 8ilert de in!initas dimenses(

     

    $uracos Negros e (n)orma*+o

     $ existência do n'vel I depende de uma hip9tese !undamentalB a evolu+ão temporal da !un+ãode onda deve ser unit)ria( $té agora os experimentos não constataram nenhuma !alta deunitariedade( 7as Altimas décadas a unitariedade tem sido con!irmada, inclusive em sistemasmaiores, incluindo as moléculas de carono =/, !ulerenos e !iras 9pticas de quil-metros decomprimento( >o ponto de vista te9rico, o caso da unitariedade !oi re!or+ado pela descoertada decoerência( $lguns te9ricos que traalham com a gravidade qu4ntica têm questionado aunitariedade( Um argumento é que a evapora+ão de uracos negros deve destruir a in!orma+ãoque poderia ser um processo não*unit)rio( Um avan+o !auloso recente na teoria das cordas,conhecido como a correspondência $d"?VT, sugere que até a gravidade qu4ntica é unit)ria("e isto !or verdade, os .uracos negros n+o destroem a in)orma*+o0 mas a transmitempara outro lugar (

    "e a !'sica !osse unit)ria, mudaria a concep+ão do quadro padrão sore como as !lutua+esqu4nticas !uncionavam nos prim9rdios do

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    3m outras palavras, o multiverso de n'vel I não acrescenta nada aos multiversos do n'veis . e1, apenas mais c9pias indistingu'veis dos mesmos universos as mesmas velhas linhas daest9ria ocorrendo sucessivamente em outros ramos qu4nticos( $ discussão acalorada sore ateoria de 3verett parece estar terminando num grande anticl'max, com a descoerta de quemultiversos menos controvertidos 5n'veis . e 16 são igualmente extensos(

    7em é preciso mencionar que essas idéias têm implica+es pro!undas e os !'sicos estãoapenas come+ando a explor)*las( e acordo com o paradigma de Platão, a estruturamatem)tica é a realidade verdadeira e os oservadores a perceem de !orma imper!eita( 3m

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    outras palavras, os dois paradigmas discordam no que é essencial, a perspectiva da rã comooservadora ou a perspectiva do p)ssaro sore as leis !'sicas( O paradigma aristotélicoprivilegia a perspectiva da rã enquanto o paradigma plat-nico assume a perspectiva dop)ssaro(

    Fuando éramos crian+as, muito antes de ouvirmos !alar em matem)tica, !omos todos

    doutrinados com o paradigma de $rist9teles( $ visão plat-nica !oi um gosto adquirido( Os!'sicos te9ricos modernos tendem a ser plat-nicos, suspeitando que a matem)tica seja umadescri+ão muito oa do Universo porque o Universo é inerentemente matem)tico( >e acordocom esse pensamento, tudo na !'sica se resume, em Altima inst4ncia a um prolemamatem)ticoB um matem)tico com uma inteligência ilimitada e recursos poderia, em princ'pio,calcular a perspectiva da rã * ou seja, calcular que oservadores autoconscientes contêm oUniverso, o que eles perceem e que linguagem inventaram para descrever suas percep+es(

     $ estrutura matem)tica é um conceito astrato, uma entidade imut)vel que existe além doespa+o e do tempo( "e a hist9ria !osse um !ilme, a estrutura não corresponderia a um Anico!otograma, mas ao rolo de !ilme inteiro( :amos imaginar, por exemplo, um mundo !ormado por part'culas pontuais deslocando*se no espa+o tridimensional( 7o espa+o*tempoquadridimensional * a perspectiva do p)ssaro * as trajet9rias dessas part'culas se pareceriam

    com um emaranhado de espaguete( "e a rã vir uma part'cula deslocando*se com velocidadeconstante, o p)ssaro a ver) como um !io reto de espaguete cru( "e a rã vir um par depart'culas oritando, uma em torno da outra, o p)ssaro ver) dois !ios de espaguete enroscadoscomo uma hélice dupla( Para a rã, o mundo é descrito pelas leis do movimento e da gravita+ãode 7eRton( Para o p)ssaro, é descrito pela geometria da pasta * uma estrutura matem)tica( $pr9pria rã ser) uma simples por+ão de pasta, cujo emaranhado altamente complexocorresponde a um agrupamento de part'culas arma&enando e processando in!orma+es(7osso Universo é muito mais complicado que esta analogia e os cientistas não saem ainda aque estrutura matem)tica ele corresponde, se é que existe alguma(

    O paradigma plat-nico levanta a questão de por que o Universo é como é( Para um aristotélico,esta questão é insigni!icanteB o Universo simplesmente existe( Um plat-nico não pode !a&er 

    nada, apenas divagar sore por que ele não poderia ser di!erente( "e o Universo !or inerentemente matem)tico, então por que somente uma das v)rias estruturas matem)ticas !oiselecionada para descrevê*lo# Parece que em no 4mago da realidade reside uma assimetria!undamental(

    Para resolver esse con!lito sugeri que uma simetria matem)tica completa seja v)lida, e damesma !orma, todas as estruturas matem)ticas têm existência !'sica( ?ada estruturamatem)tica corresponde a um universo paralelo( Os elementos desse multiverso não seencontram no mesmo espa+o, mas existem !ora do espa+o e do tempo( Muitos delesprovavelmente são desprovidos de oservadores( 3sta hip9tese pode ser encarada como uma!orma de platonismo radical, ao a!irmar que as estruturas matem)ticas no mundo das idéias dePlatão ou na @visão mental@ do matem)tico HudK Hucker da "an Jose "tate UniversitK existem!isicamente( 0sto é muito parecido com o que o cosm9logo John >( avid E( LeRis,tamém !alecido, chamou de realismo modal( O n'vel ; encerra a hierarquia de multiversos,porque qualquer teoria !'sica )sica autoconsistente pode ser descrita por algum tipo deestrutura matem)tica(

     $ hip9tese de multiverso de n'vel ; pe em xeque algumas predi+es( ?omo no caso do n'vel1, envolve um conjunto 5neste caso, o dom'nio completo das estruturas matem)ticas6 e e!eitosde sele+ão( ?omo os matem)ticos continuam a categori&ar as estruturas matem)ticas, elessupem que a estrutura que descreve o nosso mundo seja consistente com nossasoserva+es e a mais genérica poss'vel( $nalogamente, nossas oserva+es !uturas devemser as mais genéricas, coerentes com as nossas oserva+es passadas, e que estas sejam asmais genéricas e compat'veis com a nossa existência(

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    Fuanti!icar o signi!icado de @genérico@ é um prolema sério e esta questão come+ou a ser pesquisada somente agora( Uma caracter'stica valiosa e encorajadora das estruturasmatem)ticas é que as propriedades de simetria e invari4ncia respons)veis pela simplicidade eorgani&a+ão do nosso Universo tendem a ser genéricas, são mais a regra que a exce+ão( $sestruturas matem)ticas tendem a tê*las por default é  necess)rio acrescentar axiomasadicionais complicados para que elas possam prosseguir(

    # que 7i #ccam?

     $s teorias cient'!icas de universos paralelos, !ormam portanto uma hierarquia de quatro n'veis,na qual os universos tornam*se progressivamente mais di!erentes que o nosso( 3les devem ter condi+es iniciais di!erentes 5n'vel .6, constantes !'sicas, part'culas e simetrias di!erentes 5n'vel16 ou leis !'sicas di!erentes 5n'vel ;6( Parece até ir-nico que o n'vel I tenha sido o que maisgerou controvérsias nas Altimas décadas, porque ele é o Anico que acrescenta novos tipos deuniversos de !orma não qualitativa(

    7a pr9xima década, medi+es cosmol9gicas extremamente melhoradas da radia+ão demicroondas de !undo e da distriui+ão de matéria de larga escala sustentarão ou re!utarão o

    n'vel . através de uma melhor de!ini+ão da curvatura e da topologia do espa+o( 3ssasmedi+es poderão testar tamém o n'vel 1, pondo % prova a teoria da in!la+ão ca9tica( Osprogressos tanto na astro!'sica quanto na !'sica de altas energias tamém poderão esclarecer até que ponto as constantes !'sicas estão em sintoni&adas e assim en!raquecendo ou!ortalecendo o caso do n'vel 1(

    "e os es!or+os atuais para construir computadores qu4nticos !orem em*sucedidos, asmedi+es !ornecerão mais evidências para o n'vel I, asicamente, explorando o paralelismo domultiverso do n'vel I para a computa+ão paralela( Os !'sicos experimentais tamém estãoprocurando evidências de viola+ão da unitariedade, o que excluiria o n'vel I( Vinalmente, osucesso ou o !racasso do grande desa!io da !'sica moderna * a uni!ica+ão da teoria geral darelatividade e da teoria qu4ntica dos campos * vai dividir as opinies sore o n'vel ;( Ou vamosencontrar uma estrutura matem)tica que se ajuste exatamente ao nosso Universo ou vamos

    chegar ao limite das expectativas da e!etividade da matem)tica e ter de aandonar esse n'vel(

    3ntão você deveria acreditar em universos paralelos# Os principais argumentos contrasustentam que eles são um desperd'cio e que são muito estranhos( O primeiro argumentoa!irma que a teoria de multiversos é vulner)vel % navalha de Occam porque supe a existênciade outros mundos que nunca poderemos oservar( Porque a nature&a seria tão perdul)ria eincorreria nesse exagero de dispor de uma in!inidade de mundos di!erentes( 3sse argumentopode ser revertido com um contra*argumento a  faor do multiverso( O que exatamente anature&a estaria desperdi+ando# ?ertamente não seria o espa+o, a massa ou os )tomos( Omultiverso de n'vel . que, em princ'pio, é aceito sem controvérsias, j) contém uma quantidadein!inita de todos eles( 3ntão quem se importaria se a nature&a desperdi+asse um pouco mais#

     

    # A8,#9:

    MaxTegmark escreveu uma versão quadridimensional do jogo de computador Tetris enquantoestava na universidade( 7um universo parale*lo, passou a desenvolver so!tRares, sendo muitoem remunerado( 7o nosso, tornou*se pro!essor de !'sica e astronomia da UniversitK o! PennsKlvania( Tegmark é especialista na an)lise da radia+ão c9smica de !undo e aglomeradogal)cticos( $ maior parte de seu traalho trata do conceito de universos paralelos( Tegmarkdedica*se % avalia+ão das evidências do espa+o in!inito e da in!la+ão cosmologicaQ desenvolveinsights da decoerência qu4ntica e estuda a possiilidade de que a amplitude das !lutua+es daradia+ão c9smica de !undo, a dimensionalidade do espa+o*tempo e as leis !undamentais da!'sica possam variar de lugar para lugar(

     

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    &A9A !#NH2!29 3A(S: 

    %; (s t%e !3$ '  ? Max Tegmark e Martin Hees, em $strophKsica0 Journal, :ol( ;DD, 7o( 1, p)gs( 1=*I1Q .X de junho de .DD2( 

    (s @,%e ,%eor; o) 2ver;t%ing@ merel; t%e 8ltimate 2nsem.le ,%eor;?  Max Tegmark em $nnals o! PhKsics, :ol( 1N/, 7o( l,p)gs( .*.Q 1/ de novemro de .DD2(

    3an; orids (n #ne Jaume Warriga e $lexander :ilenkin em Physi!al "eie# , :ol( >=;, 7o( /;I..Q 1= de julho de 1//.( 

    #ur!osmic Ha.itat Martin Hees( Princeton UniversitK Press, 1//.(

    (n)lation0 #uantum !osmolog; and t%e Ant%ropic &rinciple  $ndrei Linde em "cience and Ultimate HealitKB Vrom Ouantumto ?osmos(

     

     Extraído da revista Scientific American Brasil, nº 13, de junho de 2003

    Fonte: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/scientific.htm

    http://www.arxiv.org/abs/astro-ph/9709058http://www.arxiv.org/abs/astro-ph/9709058http://www.arxiv.org/abs/astro-ph/9709058http://www.arxiv.org/abs/gr-qc/9704009http://www.arxiv.org/abs/gr-qc/0102010http://www.saindodamatrix.com.br/archives/scientific.htmhttp://www.arxiv.org/abs/astro-ph/9709058http://www.arxiv.org/abs/gr-qc/9704009http://www.arxiv.org/abs/gr-qc/0102010http://www.saindodamatrix.com.br/archives/scientific.htm

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