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O Estudo do Vocabulário no Aprendizado de Inglês

Rosane do Rocio Piva Michelson1

Regina Célia Halu2

Resumo: Este texto é um relato de meu percurso dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional, promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Meu interesse centrou-se na ampliação dos recursos lexicais que poderiam servir de base para um desempenho melhor dos alunos nas atividades envolvendo leitura em língua inglesa. Assim, apresento aqui o contexto dentro do qual este meu interesse surgiu, o embasamento que pude construir durante minha pesquisa nessa área, as atividades que desenvolvi para a sala de aula de língua inglesa (LI) e minhas reflexões sobre a sua implementação no Colégio Estadual Segismundo Falarz, no 2º. semestre de 2011. Palavras-chave: inglês como lingual estrangeira, habilidade de leitura, aquisição de vocabulário Abstract: This text is about my research journey in the PDE Program (Educational Development Program), promoted by the Educational Secretary of Paraná. My interest has been on the development of vocabulary activities which could serve as a basis to improve students’ reading skill in English. Thus, I would like to present how my interest was aroused, the theoretical choices I made during my research in this area, the activities developed for English language classes and my reflections about their implementation at Segismundo Falarz Public Shool, during the 2nd semester of 2011. Key words: English as a foreign language, reading skill, vocabulary acquisition

1 Introdução

Comecei minha carreira no 2° semestre de 1992 e desde aquela época, meus

olhos continuam brilhando pela profissão e em defesa da escola pública de

qualidade. Quando o Projeto começou aqui no Estado do Paraná, como

professora de Língua Inglesa fiquei pensando no que eu poderia fazer, ou qual

poderia ser minha contribuição para melhorar o ensino em minha disciplina,

motivada que estava em ajudar os alunos em obter sucesso no ingresso na

1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do programa PDE 2010-2012.

Licenciada em Letras Português e Inglês pela Universidade Federal do Paraná. 2 Professora orientadora, atua junto ao Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Paraná.

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universidade pública. Então não hesitei. Partindo da minha experiência, achei que

era o momento de participar e interessada pelo tema sobre a ampliação de

vocabulário, um questionamento veio à tona: será que as escolas públicas

conseguem preparar os alunos para as instituições públicas de nível superior?

Desta forma, este projeto visa oportunizar aos alunos as mesmas chances de

“luta” que supostamente teria o aluno da rede privada de ensino.

O que tenho observado é que na maioria dos casos o ensino do vocabulário é

trabalhado através de longas listas com itens lexicais que os alunos têm de

memorizar. Contudo, dois grandes problemas surgem: primeiro, cada palavra

depende uma da outra, e esta dependência leva a um significado específico

dentro de certo contexto textual. Segundo, estas listas de palavras, muitas vezes,

não estão relacionadas às vivências dos alunos, ou seja, seus contextos sociais.

Assim, tendo em vista este objetivo geral, procurei explorar formas de

proporcionar ao aluno o enriquecimento do léxico enquanto uma rede de

significados que é historicamente, socialmente, filosoficamente, politicamente,

ideologicamente e economicamente construído. Afinal, o vocabulário é parte vital

da língua e permite ao aluno posicionar-se social e culturalmente, assumindo e

respeitando as diferenças e, desta forma, ampliando os modos de ver o mundo,

compartilhando-os com as mais diversas comunidades no mundo. Para isto,

pesquisei algumas estratégias que pudessem vir ao encontro de tais anseios,

conciliando a língua, os alunos e as suas realidades ressaltando a importância

daquela e, consequentemente, promovendo um ensino melhor não só no sentido

quantitativo, mas também no qualitativo. Minha pesquisa se desenvolveu, assim,

dentro do contexto da educação básica pública, mais especificamente dentro da

rede de educação pública do estado do Paraná.

Como campo de pesquisa e de intervenção pedagógica, escolhi trabalhar

com o primeiro ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Segismundo Falarz,

colégio onde venho construindo minha carreira de educadora há cerca de vinte

anos.

Depois desta breve contextualização, apresento o embasamento teórico

que me auxiliou no desenvolvimento das atividades de sala de aula.

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2 Apresentação e discussão do embasamento teórico

2.1 A importância do léxico

É senso comum que o vocabulário está subordinado à gramática. Só que

isto não é totalmente verdadeiro. Michael Lewis, especialista na abordagem

lexical diz que “é o léxico e não a gramática que é a base da língua”. (LEWIS,

p.134). Tanto isto é verdade que telegramas, pidgins (códigos simplificados para

transações comerciais), e-mails (mensagens eletrônicas), SMS (short message

service) ou mesmo alunos iniciantes que estão aprendendo uma língua

estrangeira onde aspectos gramaticais estão quase diluídos, conseguem passar a

mensagem de forma perfeitamente compreensível.

Entretanto, a gramática não precisa ser vista como vilã, ela pode ser usada

como um ponto a favor na formação do léxico. Prefixos, sufixos, antônimos são

armas poderosas na ampliação de significados de uma palavra. Por outro lado,

ninguém nega que as palavras estão sim subordinadas ao meio e sua relação

contextual. No exemplo a seguir poderemos observar esta ligação: “Take it easy!”

Em geral, os alunos tentariam traduzir palavra por palavra (“pegue” “isso” “fácil”,

uma tradução inadequada), e, neste sentido, há vários professores que reforçam

esta técnica, mas a sequência de palavras mostra que não é possível tal atitude.

A impossibilidade da tradução acontece não somente porque as palavras

dependem uma da outra, mas também porque elas fazem parte de um contexto.

Isto quer dizer que uma única palavra associada pode ter vários significados.

Para Richards (1976, p.83) o trabalho com o vocabulário pode ser

desencadeado, apreendido e aprimorado de acordo com os seguintes aspectos:

1. Frequência – conhecer uma palavra significa saber o grau de probabilidade de encontrar essa palavra na fala ou na escrita. È possível saber também com que outros vocábulos ela tem mais probabilidade de se associar; 2. Especificidade – conhecer variações da língua determinadas por um tópico ou contexto (palavras técnicas ); 3. Posição – conhecer o comportamento sintático associado à palavra; 4. Forma – conhecer derivações e flexões que podem ser feitas a partir do vocábulo; 5. Associações – conhecimento da rede de associações entre uma palavra e outras da língua; 6. Conceitual – conhecer o valor semântico de uma palavra;

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7. Associações de Significado – conhecimento dos diferentes significados associados à palavra.

Partindo do Currículo Básico do Estado do Paraná no que diz respeito ao

ensino da Língua Inglesa (PARANÀ, 2008), observa-se que a proposta é o de

uma Abordagem Comunicativa, com o trabalho em sala de aula com textos

diversificados. E a comunicação está intimamente ligada ao conhecimento do

léxico, do vocabulário que deveria ser usado em determinadas situações.

A questão do uso e aprendizado do vocabulário, que é o objeto desta

pesquisa, leva em consideração a visão de que o inglês é parte do contexto

global, portanto, com uma carga de traços e valores históricos, ideológicos,

filosóficos, culturais, políticos e econômicos em constante mutação. Aprender

inglês, assim, implica em aprender a refletir de modo crítico sobre a relação

língua e cultura, em contextos globais e locais. O que espero é que desta forma o

aluno possa vir a entender melhor as relações sociais, que acabe sendo um

agente crítico e transformador, a partir de sua própria realidade, sabendo exercer

sua cidadania e se inserir na sociedade em que vive, nisso incluindo a conquista

de seu espaço profissional.

2.2 A seleção do vocabulário

Decidir como trabalhar com o vocabulário significa, de certa forma,

perceber as necessidades dos alunos. Deste modo, acredito que professores,

autores de livros didáticos ou autoridades educacionais, ao elaborarem a

programação de conteúdos para as escolas públicas, devem manter a atenção no

seguinte ponto: alunos, enquanto iniciantes, precisam começar o estudo do

vocabulário não porque a palavra apareceu ao acaso, solta em “pedaços de

textos” que, frequentemente, não vêm ao encontro das necessidades e interesses

dos alunos, nem porque podem servir como exemplos para pontos gramaticais

(explicação de regras), nem simplesmente porque aparecem em textos literários.

O que é importante é ver a relação entre a palavra, o texto e o mundo, considerar

o contexto do aluno como chave para seu engajamento na leitura.

A veracidade disso é que se o aluno não percebe a utilidade ou a

importância do que está sendo explicado, o interesse acaba caindo. Então o

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objetivo em selecionar um vocabulário é, de fato, estar conectado a um contexto

no qual o aprendiz possa fazer sentido dos itens lexicais aprendidos quando uma

situação exige tal uso. Como ao buscar descobrir regras de um videogame ou ao

acessar sites em língua inglesa.

Para isto, seria interessante trabalhar com vários tipos de materiais,

negociando os interesses entre os alunos e o que deve ser ensinado, em especial

aqueles que provoquem impacto, com conteúdo atrativo. Ainda, cabe mostrar que

as palavras não ocorrem de forma isolada, que elas fazem parte de frases,

expressões que estão atreladas a uma cultura. Portanto, o aprendizado deve ser

de forma contínua, reciclando e ampliando significados ao que já foi aprendido.

2.3 Estratégias e recursos para o ensino/aprendizagem de vocabulário

Quando os aprendizes estão envolvidos neste mundo de novas palavras, é

bastante importante observar alguns aspectos como a idade do aluno, os

objetivos de se ensinar determinado vocabulário e, consequentemente, as

possíveis variedades destes itens lexicais. Afinal, este é o norte para o

desenvolvimento de uma atividade em sala. Partindo do conhecimento do léxico

dentro do contexto, cada pessoa vai interpretar o texto.

As palavras podem ser apresentadas através de demonstração (gestos,

performances), recursos visuais (figuras, fotos, desenhos, objetos, lâminas) e

explicações (definições, contexto, tradução). Entretanto, deve-se tomar cuidado

com a estratégia de tradução, pois pode dar a falsa impressão de que realmente

existe um equivalente perfeito entre a primeira língua e a língua estrangeira.

Desta forma, procura-se pesquisar outras opções para abordar tal tema.

Claro que existem várias estratégias que variam desde o simples “cuspe e

giz” até o uso das tecnologias. Tudo depende do recurso que o professor tem em

sua escola. Assim, uma possibilidade seria o de desenvolver uma atividade

baseada em uma sequência de palavras escritas pelo professor que pode ser no

quadro. Esta sequência será analisada pelos alunos cujo objetivo é o de

desenvolver a capacidade de reconhecer especificidades. Por exemplo, colocam-

se nomes de frutas e flores, e então, pede-se para o aluno agrupar as palavras

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pertinentes à coluna das frutas ou das flores baseada na ideia de Cunningsworth.

(1984, p.40). Outra estratégia é desenvolvida por Nation (2001). Neste exercício,

o professor usa uma palavra polissêmica (quando uma palavra produz

significados muito próximos, mas diferentes e variados), então os alunos,

trabalhando em pares ou individualmente, associam a palavra com outras. Por

exemplo, a palavra escrita no quadro é save que pode ser associada com money,

time, souls, people e energy. Este tipo de atividade permite o uso de materiais

como o dicionário, o que possibilita ampliar as limitações dos alunos em relação a

palavra analisada.

Como se pode observar, estes materiais são selecionados pelo professor e

não pelo aluno. Contudo, há um esforço bastante grande para colocar o aluno

como o centro das atividades cujo objetivo é de torná-lo mais responsável em

relação ao que aprende, e, ao mesmo tempo, mais atenção pode ser dedicada

aos interesses individuais e às suas necessidades. Nesta etapa, o professor

continua sendo o orientador, apontando caminhos e selecionando estratégias

para se alcançar o resultado desejado.

Grains e Redman (1998, p. 77) ensinam algumas estratégias que vão ao

encontro de nossos anseios: “uso de dicionário”, “perguntar aos outros”, “uso do

contexto para deduzir o significado” e “adivinhação a partir dele mesmo [do seu

próprio conhecimento]”. Como eles mesmos observam, com dicionários os alunos

desenvolvem sua autonomia, significando independência de outras pessoas.

Dicionários são ferramentas importantes que trabalham com definição, precisão,

vocabulário extensivo e adequado. Assim, quando uma dúvida aparecer, o aluno

pode procurar a palavra quando ele precisar. Usando dicionários, os alunos

podem aperfeiçoar seu conhecimento em relação às palavras em geral. O

trabalho com o dicionário ajuda a criar novos conjuntos de atividades, incluindo:

1º) a identificação de uma determinada palavra em diferentes contextos; 2º) o nível de frequência desta palavra e seus significados possíveis; 3º) o registro adequado; 4º) suas colocações frequentes (a posição da palavra); 5º) sua morfologia; 6º) a possível tradução para a língua materna. (GRAINS; REDMAN, 1998, p.77)

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Aqui é importante fazer uma observação: um simples dicionário não pode

promover todo esse aprendizado. Há dicionários para propósitos específicos: de

pronúncia, gramática, escrita e significado. Então, seria aconselhável que os

professores tivessem dicionários diferentes para se trabalhar em sala e que

apresentassem paulatinamente os diferentes recursos que podem encontrar em

diferentes dicionários. Assim, por exemplo, uma turma poderia ser dividida em

vários grupos e cada grupo poderia trabalhar com aspectos diferentes da palavra

(pronúncia, possíveis contextos, etc.). Depois, este estudo pode ser apresentado

por cada grupo a toda a sala, destacando a atividade desenvolvida.

Em relação ao “perguntar aos outros”, o aluno pode pedir ajuda do

professor ou de outros colegas para explicar o significado de uma palavra em

particular. Com este propósito a pessoa que está esclarecendo a dúvida pode

fornecer o contexto. Por exemplo: I'm hungry so I need to buy some …. . Aqui

podem ser feitos alguns gestos para um melhor entendimento e até fornecer a

palavra que neste caso é food, uma das possíveis respostas.

De acordo com Grains e Redman (1998), é de suma importância ensinar

aos alunos algumas expressões para ajudá-los quando as dificuldades

aparecerem por falta de vocabulário. Por exemplo:

1 - “It's where you (e.g. wash dishes). 2 - It's when you (e.g. pass another car on the road). 3 - It's the thing (stuff) you (e.g. used for cleaning the floor). 4 - What's this called in English? 5 - What's the opposite of (e.g. beautiful)?” 6 - What's the synonym of (e.g. kid)?

Igual importância deve ser dedicada à “adivinhação contextual”. Muitas

vezes o aluno não sabe o significado de uma palavra, mas através do contexto,

em geral, tal dúvida pode ser sanada. Grains e Redman (1998) sugerem a

substituição de uma determinada palavra por outra sem sentido, mostrando para

os alunos o que foi substituído no contexto. Por exemplo: “Can you turn the zong

on, it's cold in here?” Quando os alunos tiverem adivinhado que a palavra zong

pode estar relacionada a qualquer aquecedor, a atividade pode ser continuada,

onde o professor explicará a importância da gramática, principalmente, quando

prefixos e sufixos são acrescentados. Por exemplo: “This particular dish cannot be

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rezonged.” Para isso, é primordial o uso de materiais autênticos, com contextos

claros e, consequentemente adequados aos alunos.

Mehta (2009) sugere algumas estratégias que podem ajudar o aluno a

ampliar o uso do léxico. Acredita que se uma palavra for pronunciada, isolada e

depois dentro de uma sentença, bem vagarosamente, ou então separá-la e

remontá-la novamente, isso será útil para a apreensão da palavra. Também

sugere a escrita da palavra, ou seja, ”[…] copiar a palavra do quadro dará ao

aluno a chance de compreender o aspecto gramatical da palavra, tal como

substantivo, verbo, advérbio, adjetivo, etc.” (MEHTA, 2009, minha tradução).

Foi a partir desta pesquisa sobre o papel do léxico na aprendizagem da

língua inglesa como língua estrangeira e das estratégias e recursos pensadas

para uma aprendizagem lexical mais efetiva e significativa, tomada como

essencial para o desenvolvimento da leitura, que elaborei as atividades para o

Projeto de Intervenção Pedagógica na escola. É a apresentação e a

implementação dessas atividades que exponho a seguir, apresentando os

resultados obtidos ao longo da fase de Implementação Pedagógica, durante o 2º.

Semestre de 2011, junto a uma turma de 1º ano de Ensino Médio da rede pública

de ensino do Estado do Paraná.

3 Relato da implementação e apresentação de resultados

O material que construí é constituído por uma série de atividades para o

ensino e aprendizagem de Língua Inglesa no Ensino Médio, a partir de textos

autênticos, de diferentes gêneros, com ênfase em estratégias voltadas para o

aprimoramento do vocabulário. Ele se ancora em um objetivo educacional mais

amplo, no qual a língua é um instrumento de valorização, respeito, crescimento

pessoal baseado em uma visão crítica dos contextos locais e globais dos quais

participam alunos e professores. Lembro, novamente, que a pesquisa que o

fundamenta foi motivada pela preocupação com uma educação pública que possa

abrir as portas a nossos estudantes para uma concorrência justa em prol de

melhores chances na entrada às universidades, concretizando assim a efetivação

da cidadania.

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3.1 Relato da implementação

Comecei explorando um tema de importância global, Mudança Climática

(Climate Change)3, texto e imagem colocados na TV pendrive, onde além de

explorar a questão do léxico, a conscientização sobre o meio ambiente também

foi explorada. E não só. Conseguiu-se trazer o tema para o bairro em que eles

vivem, onde a escola está situada, ou seja, abordou-se o assunto localmente

propiciando leitura do texto, dedução de significados de palavras pelo contexto,

trocas de ideias, entrevistas, resolução de exercícios com entrega dos textos

fotocopiados, e até formulações de possíveis “soluções” para as questões

ambientais. A seguir, apresento uma versão resumida de tais atividades:

Climate Change – Mudança Climática Objetivos: conscientização sobre a situação do meio ambiente, ampliação de vocabulário em inglês sobre o tema O texto Climate Change está disponível no link www.nws.noaa.gov/om/brochures/Climatechange.pdf.october2007 (acessado em 13 de Junho de 2011). Tempo estimado: 8 aulas Atividades: A. Pré- leitura: Começar o assunto com o fenômeno que aconteceu no bairro Hauer, em abril de 2011, onde o dia se tornou noite, árvores e postes caíram. 1. Entregar os textos aos alunos; 2. Fazer a leitura das imagens; 3. Fazer algumas perguntas: a. Sobre o que é o texto? b. Qual a sua preocupação com o meio ambiente? c. Por que você acha que o clima está mudando? B. Leitura: 1. Ler o texto para ter uma compreensão geral do texto (skimming); 2. Destacar com uma caneta marca texto as palavras conhecidas, os cognatos; 3. Com outra, marcar algumas palavras para a tradução dentro do contexto (dedução).

3 Os procedimentos didáticos detalhados (com os exercícios elaborados) foram entregues à SEED-PR com vistas a publicação no site da Secretaria.

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C. Pós- leitura: 1. Explicar que não é necessário saber o significado de todas as palavras. 2. Perguntar quais as atitudes que podemos tomar para tentar amenizar as mudanças do clima. 3. Pedir para os alunos pesquisarem em sites ou outros tipos de materiais, medidas para tentar amenizar as repentinas mudanças climáticas e o próprio efeito estufa no Brasil e principalmente, em nossa cidade.

FIG. 1 – Instruções iniciais para as atividades a partir do texto “Climate Change”

Text Comprehension A . Questions: 1. What is climate change? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. We know that the global climate is changing. When did it really start? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Why is climate changing? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. What is being done to study the effects of climate change? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ B. Match the columns: (1) climate change ( ) tempo (2) weather ( ) Terra (3) average values ( ) gases do efeito estufa (4) Earth ( ) valores médios (5) greenhouse gases ( ) mudança climática C. Interview your partner (work in pairs): 1. What is the greenhouse effect? 2. Where can we find more information?

FIG. 2 – Atividades de compreensão de texto referentes à leitura de “Climate Change”

Na sequência, outro recurso utilizado foi a exibição do curta-metragem Ilha

das Flores4 (1989), durante a qual os alunos ficaram chocados com a realidade

4 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KAzhxjUG28. Acesso em 13/06/2011.

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dos catadores de lixo e comida em um aterro sanitário. Após verem o filme, os

alunos discutiram algumas questões sobre seu conteúdo, depois confeccionaram

cartazes, trabalhando em duplas e cada dupla ficando responsável por um tema,

explorando o léxico apresentado.

ILHA DAS FLORES: DEBATE 1. Sobre a mensagem do filme - qual é a realidade vista no filme? - no texto sobre mudanças climáticas e no filme “Ilha das Flores”, quais problemas você vê não apenas em relação ao meio ambiente, mas especialmente em relação aos seres humanos? - quais são as diferenças entre esses personagens do filme – a mulher que vende produtos Avon, o porco e os habitantes próximos do lixão? 2. Quais os riscos que os moradores podem sofrer? 3. Qual a importância de se ter estudo, trabalho/dinheiro?

FIG. 3 – Questões para debate após apresentação do curta-metragem

ATIVIDADE DE EXPANSÃO DE VOCABULÁRIO

Depois de ter lido o texto e assistido o filme e da discussão das perguntas, o professor deve levar 13 cartolinas coloridas (ou ter pedido para os alunos já terem trazido previamente) e dicionários para a sala de aula. Separar os alunos em pares e cada par ficará responsável por um tema, procurando os termos em inglês, para depois colá-los na parede da sala com o objetivo de que todos possam explorar o material quando se fizer necessário.

1. alimentos 2. animais 3. profissionais 4. religião 5. nacionalidade 6. moeda 7. pesos e medidas 8. flores 9. membros da família 10. tempo 11. elementos químicos (hidrogênio, oxigênio, césio, bromo, etc)

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12. estações do ano 13. meios de transporte

FIG. 4 – Sugestão de atividade de expansão de vocabulário a partir do texto “Climate Change” e do filme “Ilha das Flores”

Como o lixo é uma das causas da proliferação de doenças e um dos

fatores que leva ao aquecimento global e ao efeito estufa, o filme História das

Coisas (The Story of Stuff) 5 fez o aluno refletir sobre nossa posição consumista

dentro desta Casa Maior, objetivando formas de reciclar (recycling),

desenvolvendo seu papel de cidadão crítico dentro desta dura realidade, mas não

deixando de lado, a exploração do léxico, através de debates, resolução de

exercícios com o uso de dicionários, confecção de cartazes (novamente em

duplas) e pesquisa de folders, em inglês, sobre a dengue na Internet, observando

o léxico e a formatação.

Recycling – Reciclagem Objetivos: conscientização do nosso hábito consumista prejudicando o meio ambiente e ampliação de vocabulário sobre o tema Tempo estimado: 8 aulas Atividades: A. Após assistir o filme “História das Coisas”/ “Story of Stuff” (disponível em http://youtube.com/watch?v=3c88-ZOFF4K), formar um semicírculo e fazer um debate do filme baseado nas seguintes aspectos: a. consumismo/consumidor b. meio ambiente c. estrutura de poder (econômica) B. Entregar o texto em inglês sobre Reciclagem – Recycling (disponível em http://www.epa.gov/osw/conserve/rrr/recycle.htm), e seguir as seguintes etapas: 1. Pré- leitura: a. Analisar o título; b. Perguntar o que se espera do texto. 2. Leitura: Ler o texto para ter uma ideia geral e depois individualmente:

5 Disponível em http://youtube.com/watch?v=3c88-ZOFF4K. Acesso em 13/06/2011.

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a. Marcar com uma caneta no texto as palavras conhecidas ou cognatos; b. Marcar com outra, algumas não conhecidas para tentar traduzir dentro do contexto; c. Ler o texto na íntegra com a ajuda dos alunos. 3. Pós-leitura: 1. Qual é a mensagem do texto? 2. Suas expectativas sobre a leitura foram alcançadas? FIG. 5 – Instruções para as atividades a partir do filme “Story of Stuff” e do texto “Recycling”

TEXT COMPREHENSION A.Questions: 1. What is recycling? 2. What kind of returns can recycling generate? 3. What are the benefits of recycling? 4. What are the steps to recycle a product? B. With a partner, look up the following words in the dictionary a. waste b. valuable resources c. host d. environmental e. benefits f. manufacturing g. jobs h. increase i. resources j. timber k raw materials l. purchase m. commodities FIG. 7 – Atividades de compreensão de texto

Como última atividade foi apresentado o clipe da música Earth Song6 (de

Michael Jackson), explorando o léxico através do contexto, pronúncia das

palavras e troca de ideias sobre o assunto abordado.

O fechamento foi feito com atividades apresentadas pelos alunos, em

duplas, de livre escolha, explorando o vocabulário.

6 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=G24Mx17fby. Acesso em: 13/06/ 2011.

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Atividade final: produção dos alunos Em pares, os alunos procurarão uma música, uma poesia ou um texto em inglês para apresentar em sala, podendo usar os recursos tecnológicos disponíveis na escola. Cada dupla deverá trazer o material impresso para entregar aos colegas; Preparar pelo menos 2 atividades de livre escolha para a exploração do vocabulário com seus colegas. Obs.: Esta atividade deverá ser desenvolvida em casa e terá um prazo de 15 dias para a entrega, quando será definido o calendário de apresentações em sala de aula.

FIG. 8 – Instruções para produção de atividade pelos alunos sobre o tema abordado (meio ambiente)

Vale lembrar que, das estratégias utilizadas para a exploração do

vocabulário, tive os debates feitos com o grupo todo em língua portuguesa, os

cartazes desenvolvidos em duplas, e os exercícios escritos, envolvendo

interpretação de texto, uso do dicionário, pesquisa na Internet (pediu-se para os

alunos fizessem em casa), foram executados em duplas e individualmente. Da

mesma forma que os temas partiram do geral para o local, o desenvolvimento das

atividades sofreu igual processo, ou seja, com todo o grupo depois

individualmente.

3.2 Apresentação dos resultados

Mostrou-se bastante positivo e motivador o resultado alcançado com a

Implementação, apesar de não ter atingido 100% dos alunos. A grande maioria

estava bastante envolvida, participando das atividades propostas. É interessante

ressaltar que na pesquisa sobre o folder da dengue, houve uma aluna que trouxe

o conteúdo em russo, colaborando ainda mais para o enriquecimento do trabalho.

Outro ponto bastante positivo é que no momento das duplas participarem

com uma atividade sendo apresentada para a turma, os alunos não fugiram do

tema do Meio Ambiente, explorando-o criticamente. Fiquei satisfeita, como

professora de Língua Inglesa, em ter conseguido não só ensinar conteúdos

formais, como também os realmente pertinentes à realidade humana.

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Sendo assim, o Projeto foi bem aceito até mesmo por causa da facilidade

de manuseio do material e do tema escolhido.

Considero importante salientar que as atividades são passíveis de

modificações, adequando-se ao contexto de cada turma, respeitando-se a

criatividade e o olhar crítico do professor, onde se concretize um conteúdo que

seja significativo e estimulante para todos, onde a valorização e o respeito às

diferenças sejam percebidos e vivenciados como basilares para a concretização

da cidadania.

4 Conclusão

O ensino da Língua Inglesa (ou de qualquer língua) como um todo, aqui

enfocando especialmente o aspecto de aquisição de vocabulário, atentou para a

junção da preocupação com o aprendizado da língua com o objetivo educacional.

Aprender uma língua é mais do que adquirir um instrumento de comunicação. É

mais também do que pretender assegurar para os alunos uma inserção no

mercado do trabalho. É tudo isso e ainda: permitir que veja o mundo de outras

formas, permitir que veja a si mesmo de outras formas, tornar-se crítico e

aprender a se posicionar quanto às questões que a vida de hoje (e do futuro)

coloca a todos nós. Por isso, nesta proposta didática que apresentei, o trabalho

base de aquisição e expansão de vocabulário está sempre associado a um

trabalho de interpretação de textos (com textos, filmes e música) e de debate

entre os alunos, É a partir da troca de diferentes interpretações e visões de

mundo que cada aluno vai formando um sendo de respeito que é essencial para o

exercício da democracia.

Outro ponto de preocupação foi trabalhar com temas que viessem ao

encontro não só das necessidades dos alunos, mas que também, endossassem

as necessidades da comunidade em que estão inseridos, daí o desenvolvimento

de atividades envolvendo questões sobre o meio ambiente, tema concernente

desde a população mundial até a local.

Além disso, entrando no assunto do Projeto propriamente dito, mostrei aos

alunos que quando se trabalha com palavras, estas sempre estão na

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dependência do contexto em que foram empregadas. Portanto, explorando a

adivinhação, a dedução, dentro do contexto, ou o uso do dicionário de forma

apropriada, ou seja, ensinando ao aluno como procurar um termo no dicionário

buscando todas as potencialidades deste termo tais como definição, adequação,

entre outros, e ainda, informando-o sobre a diversidade de tipos de dicionários

que existem com suas respectivas funções, visei o preparo deste aluno para sua

independência e autonomia como resposta ao que ele deseja.

Acredito que como resultado de meus estudos e planejamento durante o

programa PDE, consegui alcançar o objetivo de criar um elo nas atividades

planejadas e trazidas para a sala de aula, elos este que une minha preocupação

com a realidade do aluno, do seu futuro educacional e profissional e do

aprendizado da língua inglesa propriamente dito. Esse objetivo, na minha

avaliação, foi alcançado de forma significativa e estimulante, fazendo do

aprendizado da língua inglesa um instrumento para atuação de educandos e

educador, voltada amplamente para a lapidação e o aperfeiçoamento não só do

conhecimento como da cidadania.

Webliografia

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