o estado verde - edição 22270 - 05 de junho de 2014

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Verde ANO VI - EDIÇÃO N o 340 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Quinta-feira, 5 de junho de 2014

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

Verde ANO VI - EDIÇÃO No 340FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Quinta-feira, 5 de junho de 2014

Page 2: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcilia Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Glauber Luna.JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCÍLIA [email protected]

ÁGUAPara especialistas, a crise no abastecimen-

to de água não se deve apenas ao calor recor-de e ao menor índice de chuvas já registrado nos últimos 84 anos. Eles defendem que o desmatamento em bacias hidrográfi cas con-tribui para diminuir a quantidade e a qualidade das águas, tanto superfi ciais quanto subter-râneas. Um exemplo é o Sistema Cantareira, em São Paulo, ali restam apenas 30% de área com fl orestas preservadas e em apenas duas décadas, perdeu 70% de mata.

A cobertura vegetal aumenta a vida útil dos reservatórios, além de prolongar o tem-po de abastecimento durante seca. Trazendo a questão para a dimensão local, devemos pensar na Caatinga, que já sofre por forças das características pluviométricas típica do bioma, imagine agora, com os impactos das mudanças climáticas.

POR ENQUANTO APENAS LAGOSTA BRONZEADA Quem por aqui não conhece a Lagosta

Bronzeada? Quase todos, afi nal, a banda com nome inusitada, toca muito pelos inú-meros forrós da Cidade. Mas, quanto à La-gosta Certifi cada, poucos conhecem e quem contava degustar a iguaria com o prometido selo de produção de qualidade e sustentável, a partir da Copa da Fifa, não vai conseguir. Assim como aquele rol de obras inacabadas listadas na Matriz de Responsabilidades do evento, o projeto para obtenção da Certifi ca-ção Ambiental Internacional da Lagosta do Ceará para toda lagosta servida aos atletas, turistas e público local na Copa do Mundo de 2014, vai fi car pra depois.

A pedido do Governo do Estado, o Bureau Veritas de certifi cação e avaliação de confor-midade, há cerca de dois anos, fez uma pré--avaliação das condições de pesca da lagosta no Ceará e concluiu que a situação não era das mais animadoras.

O secretário adjunto Manoel Furtado, da Secretaria da Pesca e Aquicultura, disse à Co-luna que o processo ainda está em andamen-to, só deverá ser concluído no fi nal do ano. É complexo e caro, mas a eco certifi cação pode representar grande vantagem competitiva para a lagosta do Ceará. Resta-nos esperar.

DESIGUALDADENa minha percepção, tudo que estamos

vivendo, atualmente, relacionado às questões de degradação ambiental, social, de segu-rança, de pobreza, de fome, de doenças, de acesso ao conhecimento e mais, é consequ-ência da desigualdade e o pior, tem a ver com

a falta de compromisso da nossa elite com o todo, talvez ela esteja muito mais compromis-sada com o acúmulo de capital e de poder.

Segundo o doutor em geografia huma-na, Jorge Luiz Barbosa, um dos fundadores do Observatório de Favelas, sem políticas públicas, um jovem da Rocinha levaria 100 anos para alcançar a escolaridade de um jo-vem de São Conrado. Pense... Nem de lon-ge defendo um mundo marxista, mas tenho certeza, reduzindo a desigualdade podemos produzir um mundo melhor.

Estudo fi nanciado pelo Goddard Space Flight Center, da Nasa, EUA, diz que a eco-nomia desempenha um papel bem relevante na questão da sustentabilidade e que a desi-gualdade entre as classes sociais pauta o fi m de impérios, há mais de cinco mil anos. Quan-to maior for a diferença entre ricos e pobres, maiores as chances de um desastre.

PMF MAIS VERDEOntem (4/6), a Avenida Tristão Gonçalves

recebeu as primeiras mudas referentes ao Plano de Arborização de Fortaleza. A ação faz parte da programação da Semana do Meio Ambiente 2014, promovida pela Pre-feitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente. E hoje pela manhã acontece, na Avenida Impe-rador, o segundo plantio. Foram plantadas nas vias, espécies nativas como ipês roxos. Que bom! Áreas verdes são ferramentas de planejamento muito efi cazes para construir resiliência natural e humana em centros urba-nos, elas fornecem benefícios de curto prazo e tem um custo mais baixo do que as infra-estruturas de concreto além de se manterem mais limpas, lindas e humanizadas. É sim-ples, compare a Praça do Liceu com a Praça da Imprensa. Pense na diferença.

CADA GOL 1000 HECTARESO biólogo da Universidade Federal do Vale

do São Francisco (Univasf ), José Alves Siquei-ra e mais dois colegas, aproveitando a con-dição do tatu-bola de mascote da Copa, es-creveram artigo científi co publicado na revista americana Biotropica, desafi ando o governo brasileiro a salvar mil hectares de Caatinga a cada gol feito na Copa por todas as seleções. Os pesquisadores desejam que a escolha do tatu “não seja apenas simbólica, mas sirva para preservar seu habitat”.

REFLEXÃO: “Achar que o mundo não tem um criador é o mesmo que afi rmar que um di-cionário é o resultado de uma explosão numa tipografi a”. Benjamin Franklin.

O TEMPO É DE MUDANÇA DE HÁBITOS

Coluna Verde

GESTORA E EDUCADORA AMBIENTAL

VERDE

5 DE JUNHODIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

8 DE JUNHODIA MUNDIAL DOS OCEANOS

• A celebração aos oceanos teve origem na Conferência da ONU sobre Ambiente e De-senvolvimento, que se aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em 1992. Mas somente em 2008, as Nações Unidas decidiram que o dia 8 de junho passaria a ser designado como o Dia Mundial dos Oceanos. Vários países celebram a data, mostrando a importância dos oceanos no clima e como elemento essencial da biosfera.

Os oceanos ocupam dois terços da superfície da Terra e por meio da interação com a atmosfera, litosfera e biosfera têm um papel importante nas condições climatéricas do planeta. Por outro lado, os oceanos não são apenas o habitat de um vasto número de plantas e animais, mas também fornecem comida, energia e múltiplos recursos aos seres humanos. Os oceanos são ainda o principal regulador térmico do planeta, absorvendo mais de um quarto do dióxido de carbono libertado pelas atividades humanas.

8 DE JUNHODIA DO CITRICULTOR

• Criado em 1969 para homenagear o profi ssional que trabalha na citricultura – cul-tivo ou plantação de frutas cítricas como a laranja, a tangerina e o limão. A história da citricultura brasileira está intimamente ligada à própria história do País. Poucos anos após a descoberta do Brasil, entre 1530 e 1540, os portugueses introduziram as primei-ras sementes de laranja doce nos estados da Bahia e São Paulo.

As condições ecológicas favoráveis contribuíram para a boa adaptação das sementes. O resultado é que expressivos números do setor traduzem a importância econômica e social que a atividade tem para a economia do Brasil considerado, atualmente, o maior exportador de suco concentrado, congelado, de laranja, do mundo. Cerca de 80% do suco exportado no planeta saem do Brasil. A Região Nordeste responde por 9% da pro-dução nacional. O uso abusivo dos agrotóxicos e a destinação incorreta das embalagens, ainda são alguns desafi os do setor.

DIA 9 DE JUNHOLIRA NETO LANÇA LIVRO SOBRE A HISTÓRIA URBANA E IMOBILIÁRIA DE FORTALEZA

• O novo livro do escritor Lira Neto, “História Urbana e Imobiliária de Fortaleza: biografi a sintética de uma cidade” será lançado na próxima segunda-feira, dia 9, às 19 horas, no LC Corporate Green Tower. Com um texto bem narrado, resultado de uma pesquisa histórica rigorosa, a obra inclui belas imagens da Fortaleza antiga. O projeto foi uma encomenda da construtora e incorporadora Luciano Cavalcante Imóveis, que comemorou 30 anos em 2013. A renda arrecadada com a venda dos livros na ocasião será doada para a Santa Casa de Misericórdia.

DE 02 A 06 DE JUNHO4A SEMANA MAKRO DO MEIO AMBIENTE

• A Makro estará realizando a sua 4a Semana do Meio Ambiente, com o tema Educação Ambiental. O evento tem como objetivo despertar no colaborador a importância das suas atitudes como indivíduo, para a mudança de cultura ambiental, levando-o a refl etir sobre os seus hábitos de consumo e pro atividade por um mundo mais sustentável.

AGENDA VERDE

LANÇAMENTO

Em alusão à Semana Nacional do Meio Ambiente, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), através do seu Núcleo de Meio Ambiente, lançou a 11ª edição do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. Podem concorrer empresas fi liadas aos sindicatos que compõem a Instituição e estejam regularizadas junto aos órgãos ambientais competentes. As modalidades de inscrição são: Produção Mais Limpa, Reúso de Água, Educação Ambiental e Integração com a Sociedade. Inscrições a partir de 02 de junho e a entrega dos projetos inscritos, até o dia 31 de julho, do corrente ano.

Além do lançamento do Prêmio, o Numa vai trabalhar o Dia Mundial do Meio Ambiente, junto aos colaboradores do Sistema Fiec a campanha “O que você vai fazer no Dia Mundial do Meio Ambiente?”, repassando dicas de ações simples, mas que fazem a diferença.

PRÊMIO FIEC POR DESEMPENHO AMBIENTAL

A água que usamos para acender a luz, para o banho, para beber, para cozinhar, a comida que colocamos no prato, as atividades industriais, viajar de avião ou andar de carro, são al-gumas das muitas atividades que dependem dos recursos naturais. A população mundial já ultrapassou a casa de 7 bilhões de pessoas e a expectativa é chegar aos 9 bilhões em 2043, o que colocará ainda mais pressão sobre os recursos do planeta.

Quantas terras vamos precisar consumir para viver conforme padrões médios atuais de cada continente? Qual a Pegada Ecológica de cada consumidor do mundo?

Sim, Pegada Ecológica, termo criado nos anos 1990 que signifi ca uma situação na qual a soma do consumo de recursos naturais de uma pessoa é convertida em área. Pensar a Pe-gada é pensar sobre como estamos consumindo o estoque natural do planeta. Esta deve ser uma das nossas refl exões para o Dia Mundial do Meio Ambiente 2014.

Alerta! As evidências são alarmantes quanto às alterações que estão afetando os ecossis-temas terrestres. A grande maioria está alterada de forma irreversível. O tempo é de Mudança Climática, por isso é um tempo que exige mudanças de hábitos.

FONTE: WWF

SEMANA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

PREFEITURA DO EUSÉBIO • Com o objetivo de eliminar o uso de copos descartáveis nas repartições públicas de Eusé-

bio, a Autarquia Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (AMMA) iniciou terça-feira (3), a entrega de “squeezes” (garrafi nhas plásticas) aos servidores municipais. A ação integra a programação da Semana Municipal de Meio Ambiente e acontecerá durante todo o mês. A meta é entregar mil recipientes, reduzindo em quase 50% o uso de descartáveis. A Semana teve início na segunda-feira (2).

Pela manhã, a ação teve início na sede da Prefeitura, e contou com a presença do prefeito Arimatéia Júnior e do presidente da AMMA, Celso Rodrigues. Ele destacou que a Semana do Meio Ambiente é, também, um momento de prestar contas do que a administração vem rea-lizando no setor. “A AMMA vem cumprindo seu papel como órgão fi scalizador e de educação ambiental. Nosso objetivo é fortalecer cada vez mais essas ações visando tornar o nosso muni-cípio referência no cuidado com o meio ambiente”, asseverou o prefeito.

Plantio de mudasA programação da Semana do Meio Ambiente terá continuidade nesta quarta-feira (4) com o

lançamento da estratégia “Eusébio Mil Vezes mais Verde”, que iniciará o plantio de mudas na-tivas e frutíferas nos órgãos e repartições públicas, iniciando na Escola das Guaribas, às 8h30 e em seguida na Escola Eduardo Alves, às 9h30. O objetivo é plantar mil árvores até o fi m do ano.

Page 3: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

Chegou mais um Dia Mundial do Meio Ambiente (WED 2014). Promovido pelo Pro-

grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e anual-mente celebrado em 5 de junho, a data incentiva ações positivas para o meio ambiente em todo o planeta e envolve milhões de pessoas. A Orga-nização das Nações Unidas (ONU) considera o dia, o principal veículo para incentivar a consciência mun-dial e ação para o meio ambiente.

“Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e Mudanças Cli-máticas” é o tema deste ano. Por de-terminação da ONU, 2014 é o Ano Internacional dos Pequenos Estados Insulares. Estas nações são coletiva-mente o lar de mais de 63 milhões de pessoas e donas de conhecidos destinos paradisíacos – locais de grande beleza natural, cultura vi-brante e música, apreciada em todo o mundo, porém, extremamente vulneráveis, principalmente, às das mudanças climáticas.

Para o secretario geral da ONU, Ban Ki-moon, “o Ano Internacio-nal é uma oportunidade para apre-ciar a resiliência extraordinária e

a rica herança cultural dos povos de pequenos estados insulares em desenvolvimento e celebra as con-tribuições que este grupo de países tem dado ao mundo”, disse durante o discurso de lançamento do ano na sede da ONU, em Nova York. Pela primeira vez, a Assembleia Geral designa um ano internacional para um grupo de países.

Espalhados pelo mundo, do Pací-fi co ao Mar da China, do Caribe ao Oceano Índico, os insulares em de-senvolvimento, enfrentam uma série de questões ambientais únicas. “Em particular, estão na linha de frente de um dos maiores desafi os ambien-tais do nosso tempo – as alterações do clima – que deixa comunidades costeiras vulneráveis a tempestades e desastres naturais”. Estão entre as populações mais expostas do planeta.

Os desafi os enfrentados pelos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento representam, também, um desafi o para o mundo inteiro. Com o aumento do nível dos mares, alguns países, como Kiribati, Maldivas, Ilhas Marshall e Tuvalu podem se tornar inabitáveis. Uma grande parcela da população de al-guns estados insulares terá que ser remanejada para não ser afetada.

Este ano, o país anfi trião mun-

dial do Dia Mundial do Meio Am-biente é Barbados, uma nação 430 quilômetros quadrados e com uma população de 270.000 é considera-do altamente um das regiões mais vulneráveis do mundo aos efeitos das alterações e sujeita a rigorosos impactos agrícolas para a destrui-ção de seus ecossistemas costeiros. Estas pequenas ilhas desempenham um papel importante na proteção dos oceanos e muitos hotspots de biodiversidade do planeta, conten-do alguns dos mais ricos reservató-rios de plantas e animais da Terra encontram-se nestas nações.

CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE PEQUENOS ESTADOS INSULARES EM DESENVOLVIMENTO

O ano vai ajudar, também, a pro-mover a Conferência das Nações Unidas sobre Pequenos Estados In-sulares em Desenvolvimento, que acontecerá entre 1º e 4 de setembro deste ano, em Apia (Samoa), e inci-dirá sobre a construção de parcerias para o desenvolvimento sustentável dos insulares que afastados da cadeia de fornecimento global são prejudi-cados com os custos de importação - especialmente de energia – o que li-mita a competitividade dos mesmos, na indústria do turismo.

POR TARCILIA [email protected]

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTEVERDE

A vez é dos pequenos estados insulares em desenvolvimento

HOJE A NATUREZAACORDOU SORR INDOp a r a v o c ê .No dia do Meio-ambiente a maior celebração

é a u n i ã o d e a m o r e n t r e o s e r - h u m a n o

e a n a t u re z a . C u i d e b e m d e l a !

05 de JunhoDia Mundial

do Meio-ambiente

Vencedor doPrêmio Ambiental

por Reuso de ÁguaF I E C 2 0 1 3

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“No Dia Mundial do Meio Ambiente procuramos refletir sobre as questões político-ambientais, desenvolvendo ações voltadas a elas. A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, a Casa do Povo, que tenho a honra de presidir, diariamente discute ações voltadas para esta temática.

A AL-CE possui ainda uma Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido. Nesta semana, a Comissão promoveu uma audiência pública para divulgar a Campanha Ceará Sustentável 2014, demanda do Instituto Socioambiental Chico Mendes.

A Assembleia também promove a Semana do Meio Ambiente. Realizamos debates sobre lixo eletrônico e logística de reserva, sustentabilidade no contexto dos resíduos sólidos e a importância da reciclagem, além de exposição artística, de produtos e serviços do programa Casulo Qualidade de Vida.

A Casa se preocupa em transmitir educação ambiental para a população cearense. Dessa forma, entendemos que é possível ter uma redução nos impactos causados ao meio ambiente”.

Deputado Zezinho Albuquerque

Depoimento

Page 4: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014 VERDE

O novo Código Florestal e o sistema de informações ambientais

Cajueiros e oitis do Ceará

ARTIGO

ARTIGO

ALEXANDRE OHEB SION*

Em que pese a existência de críticas ao “novo Código Flo-restal” – no sentido de haver

uma espécie de “anistia” de respon-sabilidades por danos ambientais acumulados em anos de exploração e desenvolvimento de tecnologias agrícolas, há que se reconhecer os

avanços que ele traz, destacando--se a instituição da Cota de Reserva Ambiental – CRA, que atribui valor à fl oresta em pé, fomentando as ati-vidades de preservação ambiental.

Outra inovação de destaque reside na criação do Cadastro Ambiental Rural – CAR e do Programa de Re-gularização Ambiental (PRA), que foram regulamentados pelo Decre-to no 7.830/2012, que estabeleceu o regramento do Sistema de Cadastro Ambiental Rural – SICAR, estabele-cendo, ainda, regras gerais relativa-mente ao PRA.

Recentemente, os debates sobre o novo Código Florestal foram rea-vivados, voltando à carga as discus-sões em torno do CAR e dos PRA, com as publicações do Decreto nº 8.235/2014, que estabeleceu as nor-mas gerais complementares aos PRA dos Estados e Distrito Federal, e ins-tituiu o Programa Mais Ambiente Brasil e da Instrução Normativa nº 2/2014 do Ministério do Meio Am-biente - IN no 2/2014 do MME, que dispôs sobre os procedimentos para a integração, execução e compatibili-zação do SICAR e defi niu os procedi-mentos gerais do CAR.

Neste ambiente, o CAR exerce a função de integração das informa-ções ambientais das propriedades e posses rurais, compondo uma base de dados sufi ciente ao contro-le, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. De outro lado, a IN no 2 traz como inovação a gratui-dade do registro no CAR, o que in-centiva a efetivação do cadastro e a

consequente regularização de áreas que apresentam passivo ambiental.

Note-se que o CAR e as facilidades que se tentam implementar surgem em um momento adequado e con-signam instrumentos que podem re-presentar um benefício considerado, principalmente para empreendimen-tos de infraestrutura – que são a de-manda mais urgente de nosso País.

E dizemos isso pelo fato de que o CAR se fundamentará na indicação de áreas georreferenciadas, cuja identifi cação ofi cial sanará um dos maiores obstáculos enfrentados em empreendimentos de infraestru-tura, que consiste na identifi cação correta dos titulares de imóveis a serem afetados. Até hoje essa iden-tifi cação se mostra bastante árdua, haja vista que os Registros de Imó-veis se fundamentam, em sua gran-de maioria, em meios arcaicos de re-ferenciamento geográfi co (por meio de marcos naturais), que perdem a utilidade no correr do tempo e com a massiva infl uência antrópica.

Na medida em que temos os ins-trumentos, resta agora esperar que eles sejam corretamente utilizados, de forma a se concretizarem os as-pectos positivos que este novel dis-ciplinamento traz em seu contexto.

* Sócio fundador da Sion Advoga-dos. Bacharel em Direito e Adminis-tração de Empresas, Mestre em Di-reito Internacional Comercial (L.LM) pela Universidade da Califórnia, Es-tados Unidos. Especialista em Direi-to Constitucional. Pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (FGV).

NATALÍCIO BARROSO*

As árvores também fazem parte da história do Ceará. Foi em 1799, possivelmen-

te, que o primeiro governador do Ceará, Féo e Torres, mandou der-rubar um cajueiro que, na época, ficava na rua que hoje se chama Pedro Borges. Conta a lenda que o governador andava a cavalo nas imediações daquela rua quando o galho de um dos cajueiros que ali existia, tirou o seu chapéu da cabeça. Revoltado com isso, Féo e Torres pediu a um açougueiro que, por sinal, tinha seu negócio em baixo daquela árvore, para apanhar o chapéu e o entregar. O magarefe não se mexeu. Mais re-voltado ainda, o governador disse,

ao açougueiro, que a intenção dele era apenas a de cortar o galho da árvore que havia tirado seu cha-péu. Diante da atitude arrogante dele, no entanto, ia mandar der-rubar a árvore toda.

No dia seguinte, quando os ho-mens do governador chegaram para derrubar o cajueiro, Fagun-des, como se chamava o magarefe, estava armado de faca, seu instru-mento de trabalho, por sinal, ao lado de outros magarefes e outros trabalhadores: tecelões, fiandeiros e até pescadores. Assustados, os homens do governador foram em-bora. Mais tarde, voltaram acom-panhados, desta vez, pela polícia que, para obedecer às ordens do governo, enfrentaram os açouguei-ros e seus aliados. Mas perderam a batalha. A Rua Pedro Borges, portanto, passou a se chamar “do Cajueiro” neste período.

O cajueiro mais famoso de For-taleza, no entanto, é o da Mentira. Localizado na Praça do Ferreira, o Cajueiro da Mentira recebia, todo 1º de abril de cada ano, a população da capital cearense que para lá se diri-gia para votar no maior mentiroso do Ceará. Para isso, um grupo de amigos armava, em baixo do cajuei-ro, uma mesa em cima da qual fi cava uma urna. Era ali que a população depositava seus votos. Terminada a votação, no fi nal da tarde, as cédulas eram contadas e o nome do vence-dor, conhecido. Como esta brinca-deira não agradava muito alguns políticos, o prefeito de Fortaleza, em

1920, Godofredo Maciel, mandou derrubar o cajueiro que, por causa disso, desapareceu levando, com ele, a brincadeira.

O mesmo – ou quase o mesmo – ocorreu com um pé de oiti que fi-cava por trás da Igreja do Rosário. Chamado de “o Oiti do Instituto” porque era ali, em baixo daquela árvore, que o Instituto Histórico e Geográfico do Ceará se reunia em seus primeiros anos, o oiti foi derrubado em 1929, pelo prefeito Álvaro Weyne porque, segundo ele, estava impedindo o cresci-mento urbano da cidade. Como consolo, o prefeito mandou tirar uma foto daquela árvore centená-ria, que ainda hoje pode ser vista em alguns livros. Conta Otacílio de Azevedo, em “Fortaleza Des-calça”, que acompanhou a queda do oiti, que muitas foram as pes-soas que choraram quando viram aquele pé cair trazendo, com ele, um dilúvio de folhas.

Passados os anos, Fortaleza não perdeu esta mania de derrubar suas árvores. A última delas ocorreu agora, na Av. Dom Luís e Santos Dumont quando a prefeitura man-dou tirar as árvores que ali exis-tiam porque, segundo o prefeito, tal como Álvaro Weyne, no passa-do, estavam obstruindo o progresso da cidade ou, em outras palavras, a circulação dos automóveis que, de símbolos do progresso são, na ver-dade, símbolos do atraso.

*Jornalista e escritor.

JORNALISTA E ESCRITOR

Enunciado da normaNa edição anterior discorremos

sobre alguns julgados do STF per-tinentes ao caput do artigo 225 da Constituição Federal, artigo que trata do meio ambiente. Por agora vere-mos algumas decisões pertinentes ao parágrafo primeiro, itens I, II e III do referido artigo, cujo teor vai de logo enunciado: “§ 1º - Para asse-gurar a efetividade desse direito, in-cumbe ao Poder Público: I –preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecoló-gico das espécies e ecossistemas; II – preservar a diversidade e integri-dade do patrimônio genético do País e fi scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III – defi nir em todas as uni-dades da Federação, espaços terri-toriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qual-quer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifi -quem sua proteção.

Consulta públicaEm voto apresentado em Mandado

de Segurança de número 25.347, de 17 de fevereiro de 2010, que questio-nou criação de unidade de preserva-ção ambiental, o relator da matéria, Ministro Ayres Brito, assim se pro-nunciou: “É importante salientar que a consulta pública, não obstante se constitua instrumento democrático, que retira o povo da platéia e o colo-ca no palco dos assuntos públicos, não tem aqui a natureza de um ple-biscito. Algumas manifestações con-trárias à criação de estação ecológi-ca não têm a força de inviabilizar o empreendimento, até porque a fi na-lidade da consulta pública é apenas ‘subsidiar a defi nição da localização, da dimensão e dos limites mais ade-quados para a unidade’ (art. 5] do Dec. 4.340/2002)”.

Decisão ExecutivaO Ministro Ayres Brito prossegue

sua argumentação jurídica afi rman-do que tal arrazoado signifi ca afi r-mar que “a decisão fi nal para uma unidade de conservação é do chefe do Poder Executivo. O que este se obriga a fazer, segundo a lei, é ape-nas ouvir e ponderar as manifesta-ções do povo, o que segundo nota técnica (inserta no processo especí-fi co) parece haver ocorrido. Também se me afi gura equivocada a alega-ção de que o procedimento adminis-trativo, inicialmente instaurado para a criação de um parque nacional, acabou por conduzir à criação de uma estação ecológica para fugir à obrigatoriedade de realização da consulta pública.”

Matéria fáticaAnalisando ocaso em tela, o voto

do Ministro Ayres Brito observa que

um mesmo ato administrativo pode perfeitamente criar duas unidades da conservação da natureza. E ex-plica: “É que, não raro, os estudos técnicos e as próprias consultas às populações interessadas indicam essa necessidade, consideradas as características de cada um dos dois tipos de unidade de conservação”. De outro lado, o Ministro assevera diante de alegações da parte impe-trante do mandado de segurança, a qual dá conta de subserviência do Brasil a interesses internacionais, que “trata-se de alegação que não pode ser aferida em sede de man-dado de segurança, por constituir matéria eminentemente fática e por isso mesmo e por isso mesmo de-pendente de instrução probatória.”

Frágil alegação Sobre este pé, já havia aludido o

Procurador Geral da República ao chamara a atenção para o fato de que “ainda que fosse possível a prova de que a Administração Pública federal estaria em conluio com entidades in-ternacionais ou, ao menos, operando em erro ou com alguma espécie de temor reverencial, tal comprovação certamente não poderia se efetivar na estreita via do mandado de seguran-ça.” E continua o Ministro Ayres Brito em seu raciocínio: “Isto sem contar que os indícios apontados pela au-tora se resumem a estudos interna-cionais que integrariam o conjunto de subsídios técnicos da proposta, o que me parece insufi ciente para se à conclusão da impetrante.”

Integração de BaciasO item IV do parágrafo 1º do artigo

225 da Constituição Federal diz que compete ao Poder Público “exigir na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causa-dora de signifi cativa degradação do meio ambiente estudo prévio de im-pacto ambiental, a que se dará publi-cidade.” Arrimado neste dispositivo foi questionada a grandiosa e polê-mica obra da transposição de águas do Rio São Francisco, ofi cialmente denominado “Projeto de Integração do Rio ao Francisco com as Bacias Hidrográfi cas do Nordeste Setentrio-nal”. O Ministro Menezes Direito, ao tempo da demanda, 2007, diante do questionamento dos demandan-tes, não haver periculum in mora e em seu voto assentou: “A licença de instalação levou em conta o fato de que as condicionantes para a licença prévia estão sendo cumpridas, ten-do o Ibama apresentado programas e planos relevantes para o sucesso da obra., dos quais resultaram novas condicionantes para a validade da re-ferida licença de instalação.” E fi nal-mente sentenciou: “Dizer sim ou não à transposição não compete ao Juiz, que se limita a examinar os aspectos normativos, no caso, para proteger o meio ambiente”.

O MEIO AMBIENTE NAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Na condição de guardião da Magna Carta dos brasileiros, o Supremo Tri-bunal Federal tem adotado posturas que vão ao encontro dos princípios que norteiam o vanguardismo da Constituição de 1988, dita com propriedade “Constituição Cidadão” pelo deputado Ulysses Guimarães, presidente da Câmara dos Deputados e da Assembleia Nacional Constituinte que promul-gou a Lex Magna sob cujo pálio caminha a democracia brasileira. Aduza-se ao exposto na norma constitucional as decisões jurisprudenciais da mais alta Corte judiciária do País, sempre no sentido de alargar a interpretação que contribui a cada passo sedimentar os valores que dão sustentabilidade à consciência de um meio ambiente saudável para todos os brasileiros, li-vrando-nos de velhos modos e costumes e nos fazendo reconhecer a impor-tância da educação ambiental, do cuidado que devemos ter cotidianamente com a natureza em todos os seus aspectos e particularidades.

Page 5: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE 5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014VERDE

POR SHERYDA [email protected]

Uma seca que já dura quase três anos, ocasionando açu-des abaixo do nível ideal, crise

energética, entre outros problemas. Mudanças climáticas que anunciam um futuro grave e impactante, princi-palmente em regiões áridas e semiá-ridas. Trata-se de fatores que eviden-ciam a importância de se aproveitar, e por que não reaproveitar o que no Ce-ará vale ouro: a água. Para diminuir o desperdício do recurso hídrico, um dos caminhos é o reúso.

“A água está cada vez mais rara e a tendência é piorar. Precisamos reaproveitá-la ao máximo possí-vel, como outros países já o fazem. É um caminho sem volta”, prevê o professor do Departamento de En-genharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC) José Car-los Araújo. Como exemplos de sis-temas que reaproveitam o líquido, o pesquisador cita experiências no Japão, onde a água que desce pelo ralo do chuveiro e torneira abastece as descargas de vasos sanitários.

Outra técnica sustentável é a construção de fossas verdes, onde o esgoto é utilizado para o cultivo de plantas, evitando a sobrecarga da rede pública de saneamento e abrindo a possibilidade de produção de alimentos dentro do próprio ci-clo. Segundo o professor, durante o Projeto Fossa Verde (realizado entre 2009 e 2013 no sertão cearense, em parceria entre UFC e outras insti-tuições), foram construídas mais de 70 sistemas em regime de mutirão. O esgoto, composto quase em sua totalidade por água, com técnicas como essa pode ser reaproveitado em até 88%, aponta o pesquisador.

A importância desse tipo de ação segue uma lógica simples: quanto mais se reutiliza a água, menor é a quantidade que precisamos captar do meio ambiente. “Infelizmente a ciência não alcançou ainda o máximo da possibilidade de reutilização, que seria reaproveitar a água para o mes-mo fi m, ou seja, beber a mesma água duas vezes sem gastar tanta energia para tratá-la”, lamenta o pesquisa-dor. Porém, já é possível utilizar a água que sobra do banho e da esco-vação de dentes para irrigar jardins, fazer atividades de limpeza, entre ou-tras fi nalidades. Na indústria, segun-do o pesquisador, o recurso também

pode ser incorporado dentro do ciclo de produção, no refrescamento de caldeiras, por exemplo.

EXPERIÊNCIAS DE REUSO NA INICIATIVA PRIVADAObservação, análise, planejamen-

to e execução. Segundo Wladson Sousa, coordenador ambiental da Sucos Jandaia, esses passos foram fundamentais para que a empresa colocasse em prática ações em prol da sustentabilidade em seus proces-sos. Algumas delas, ligadas à edu-cação ambiental e reuso de água, rendem uma economia de cerca de 2000 litros de água ao mês. O vo-lume, que seria retirado do Açude de Pacajus, sobra do processo de osmose reversa e é submetido a um rigoroso processo de tratamento, voltando em seguida para pro-cessos de limpeza, irrigação de jardins e até mesmo para a produção dos sucos. “É tudo feito com excelência técni-ca e sem oferecer riscos para a saúde dos nos-sos clientes”, garante Sousa, sobre a ação que teve o reco-nhecimento da

Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), por meio do prêmio FIEC de Desempenho Ambiental - categoria Reúso de Água, este ano.

A premiada no ano passado foi a TB Transportes. Com o investimen-to de R$ 60 mil, em 2011 a empresa implantou um sistema onde a água utilizada para lavar a frota de 56 caminhões, limpeza que ocorre cer-ca de duas vezes ao mês, é captada numa piscina com capacidade de 50 mil litros. Após essa etapa inicial, o líquido passa por um processo de tratamento para ser utilizado em um novo processo de limpeza dos veícu-los, além de abastecer descargas e irrigar os jardins da empresa. Quem descreve o sistema é o presidente da TB Transportes, Ronaldo Pontes.

“Basicamente temos um proces-so de captação, bombeamento e

tratamento da água. Isso é im-portante, porque se fosse de

má qualidade, ela poderia manchar a pintura dos ca-

minhões”, explica. Com baixo custo de manuten-

ção, segundo Pontes, o sistema já se pagou

em economia e be-nefícios ao meio ambiente. Por mês, são reaproveita-

dos cerca de 120 mil litros de água.

CONSTRUÇÃO CIVILAté mesmo a água que pinga dos

aparelhos de ar-condicionado pode ser reaproveitada. Prova disso é o LC Corporate Green Tower, prédio com 19 andares, recém-inaugurado pela Construtora Luciano Cavalcan-te, em Fortaleza. Segundo Leonardo Cavalcante, arquiteto responsável pelo projeto, “a água proveniente dos drenos dos ar-condicionados, junta-mente com a água da chuva, é capta-da e passa por um sistema de trata-mento”. Armazenada em um tanque de reuso, o líquido é aproveitado na irrigação de jardins, que é automa-tizada, além de servir para descarga dos banheiros das áreas comuns.

Embora admita que o investimen-to para a aplicação dessas técnicas não tenha sido baixo - 10% a mais que o valor de uma obra conven-cional - Cavalcante acredita que as técnicas de construção sustentável se tornarão algo mais acessível em Fortaleza. Entre a razão para os al-tos custos, o arquiteto aponta a ne-cessidade, em muitos casos, de uso de tecnologia de materiais e equipa-mentos de última geração.

Para diminuir o desperdício, um dos caminhos é o reúso

ÁGUA

Quase toda a água que descartamos pode ser reaproveitada, diminuindo assim impactos ambientais. A tecnologia, garante especialista, é indispensável para um futuro com segurança hídrica

“A água está cada vez mais

rara e a tendência é piorar.

Precisamos reaproveitá-la ao máximo possível,

como outros países já o fazem.

É um caminho sem volta”

José Carlos Araújo Professor do departamento

de engenharia agrícola da Universidade Federal do Ceará

Page 6: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE6

Eles fazem do Mundo um lugar mais VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014 VERDE VERDE 7

AMBIENTALISTAS

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014

POR TARCILIA REGO [email protected]

Engenheiro elétrico, espe-cializado na área de efi -ciência energética, Edu-

ardo Frota, é um dos sócios fundador da empresa Ziatech, organização que atua no setor de gerenciamento de projetos de energias renovaveis.

Para o jovem empresário, quando o assunto é eólica o Ceará está na frente.

[OeV]Como está a demanda no mercado de trabalho para profis-sionais da área de energia reno-váveis?

[Eduardo Frota] - A demanda está maior do que a oferta. Tudo começou no início da década de 90. Naquele momento não houve inves-timento em energia, esse mercado fi cou estagnado ao ponto de uma universidade local fechar o curso de Engenharia Elétrica. Com a de 2001, a ordem era construir termoelétri-cas, construir usina, mas aí faltou en-genheiro eletricista, não tinha mais curso e apenas alguns alunos que realmente gostavam da engenharia elétrica. Nesse momento teve uma procura enorme por profi ssionais da área de engenharia elétrica, tanto é que o curso foi reaberto. Mas não formou profi ssionais para a área de renováveis, a crise exigiu as usinas termoelétricas emergenciais.

Atualmente temos muitas opções

para formação de profi ssionais na área de renováveis, vários cursos, especializações, focados em energia renovável, não apenas polarizado em duas universidades. Quando o governo entrou com o Proinfa tínha-mos poucos profi ssionais especiali-zados e com interesse pela área.

[OeV] - O maior complexo de energia eólica da América Lati-na, com potencial para se tor-nar o maior do mundo, está em construção no Rio Grande do Sul. O potencial eólico do Nor-deste é suficiente para atender dois terços da demanda nacional por eletricidade. A insolação no Brasil – close no Nordeste – é a segunda maior do mundo (perde apenas para o deserto do Saara). Por que, então, com tanta fartu-ra de recursos naturais, o maior parque eólico do mundo será no

Rio Grande do Sul e não aqui?[EF] - Na realidade são três pro-

jetos distintos que a Eletrosul está implantando lá. Eles unem tudo num nome só e dizem que é o maior do mundo. Talvez seja a melhor for-ma de divulgar o potencial eólico do Estado, divulgar que a empresa pública está investindo em energias renováveis. Não deixa de ser uma propaganda neste aspecto.

Mas o nosso potencial é bem maior do que o deles! Como você pode ob-servar pelos números que temos aqui, do Portal Brasil, ele soma três projetos que resulta em um de 583 megawatts (MW) de capacidade instalada. So-mam 258MW (Parque Eólico de Ge-ribatu), com 144 MW (Parque Eólico Chuí) e 181MW (Parque Eólico Her-menegildo). Este último ainda está em fase de implantação e ainda não teve a licença de instalação emitida. É fácil você juntar três e dizer que é o maior.

Se pegassem o nosso Projeto (da Ziatech) aqui do Ceará, já dava para ultrapassar o Rio Grande do Sul, porque já cadastramos 900MW. Ba-seado nisso, posso dizer que somos os maiores da América Latina.

[OeV] O governo federal está investindo muito em energia re-novável?

[EF] - O governo Federal teve um papel importantíssimo no crescimento da energia eólica. Foi quem viabilizou e organizou os leilões de energia. Nesse setor é ele quem dá as regras. Mesmo com toda a crise, ele manteve os leilões de energia, de eólica, todos os anos. Só na eólica, mais de 1.500MW são leilo-ados. Mas ainda falta infraestrutura, linha de transmissão... A estrutura bá-sica para conectarmos as usinas.

[OeV] Voltando ao RGSul, com tanta fartura de recursos (ven-tos) aqui, em sua opinião, en-tão, o Ceará já decolou?

[EF] - No site da Agência Nacio-nal de Energia Elétrica ( Aneel), há informação de todas as usinas que estão implantadas e as das que estão sendo implantadas, em todo o Brasil. Só o Ceará já tem instalado mais de 900 MW. Acabou de ser ultrapassado pelo Rio Grande do Norte, mas só o parque cearense, já é maior do que o do Rio Grande do Sul, e nesse último leilão, o Ceará fi cou em terceiro lugar em projetos cadastrados. Em primei-ro lugar é a Bahia. Mas olharmos o Nordeste como um todo, aí não tem comparação, a Região tem 96 proje-tos enquanto o Rio Grande só tem 20. Estou falando em projetos instalados

e de acordo com a tabela da Aneel. [OeV] Estamos bem na foto?[EF] - O Nordeste tem o maior po-

tencial eólico e o leilão diz isso. Nos leilões, desde 2010 os quatro primei-ros são: Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. São os quatro maiores que disputam a eóli-ca no país, e dos quatro, três, são do Nordeste. O Rio Grande do Sul tem feito um trabalho espetacular porque tá divulgando, tá correndo, o Gover-no incentivando. Diferente daqui, a Eletrosul é uma empresa pública.

O governo cearense criou um pro-grama de incentivo à cadeia produ-tiva da eólica, tanto para fábricas de equipamentos como para parques. O potencial eólico e solar do Ceará é incrível e ainda tem uma vantagem sobre os demais estados, a boa in-fraestrutura rodoviária, assim como a rodoviária. A Chesf tinha acaba-do de instalar linhas de transmissão que ajudaram muito quando os par-ques eólicos vieram se instalar aqui.

Com o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elé-trica (Proinfa) o Ceará “deu de golea-da”: com 14 projetos, fomos o Estado que teve mais projetos selecionados em todo o Brasil, e só com eólicas. É preciso destacar que à medida que foi crescendo, precisou também crescer a infraestrutura e foi aí, onde teve um entrave. Só que esse foi um problema no Brasil todo, não foi só nosso. A es-trutura elétrica não está crescendo de forma a atender todas essas usinas.

Ambientalistas de carteirinha, estas pessoas escrevem suas histórias com tinta verde, seja local ou globalmente. Cada um em sua área é um exemplo de militância na busca de um meio ambiente, natural e urbano, que garanta, às gerações presentes e às futuras, suprir necessidades, sem esgotar os recursos naturais. Na nossa lista – gostaríamos de citar muitos outros exemplos, mas não temos espaço sufi ciente –, celebridades, políticos, empresário, pesquisadores, donas de casa

e ativistas. A todos, o nosso muito obrigado.

Vocalista da banda U2 é um dos

artistas que mais se manifesta na defesa ao planeta. Ele apoia

campanhas contra a intolerância religiosa, além de outras ações

humanitárias. Bono já foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

Em quase 30 anos de vida pública, Marina Silva ganhou reconhecimento dentro e fora do País pela defesa da ética, da valorização dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável. Uma reputação construída em mandatos de vereadora, deputada estadual e senadora – eleita sempre com votações recordes – e no período em que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, entre janeiro de 2003 e maio de 2008. No fi nal de 2007, o jornal britânico “The Guardian” incluiu a então ministra entre as 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta. Fonte: http://www.marinasilva.org.br

O jornalista é funcionário do BNB e editor de revistas e l ivros científico. Dialoga sobre cidadania, fi losofi a, meio ambiente e cristianismo, e é considerado um dos mais respeitados ambientalistas de Fortaleza. Ele é militante na luta pelo crescimento e manutenção de mais áreas verdes na nossa Capital e um dos idealizadores do Movimento Proparque, iniciativa cidadã, com a missão de trabalhar em favor do Parque Ecológico Rio Branco.

O advogado João Alfredo, foi deputado estadual por três legislaturas e deputado federal por uma. Atualmente, exerce a função de vereador em Fortaleza pelo segundo mandato. Foi eleito em 2008 como vereador mais votado da cidade (14.917 votos) e em 2012 foi o terceiro mais votado com 20.222. Quando deputado federal, o ambientalista destacou-se por ter sido o relator da CPI da Terra e como vereador em Fortaleza, não tem sido diferente, é referenciado como: o parlamentar com foco nas questões sociais e ambientais. É de sua autoria leis importantes como a “Lei de proteção das dunas do Cocó (9502/09), “Lei do sistema Cicloviário” (9701/10) e a ‘Lei que proíbe uso de transgênicos na merenda escolar” (0114/09).

O economista, natural de Canindé-Ceará, dedicou a vida ao estudo e ao trabalho na área de desenvolvimento regional e sustentável, com foco nas Terras Secas, principalmente, o Semiárido nordestino. Atualmente, ele preside o Comitê de Ciência e Tecnologia da Convenção das Nações Unidas sobre o Combate à Desertificação (UNCCD) e é assessor técnico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

Em 1992, Magalhães coordenou a realização em Fortaleza, da Conferência Internacional Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas (ICID), uma reunião preparatória da Rio+92. O encontro produziu documento com recomendação de políticas públicas para que se buscasse o desenvolvimento sustentável das regiões semiáridas e teve como resultado a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas, que foi recomendada na Rio 92 com base nos estudos técnicos da ICID. A segunda edição da ICID, a Conferência Internacional sobre o Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento das Regiões Áridas e Semiáridas, foi realizada em Fortaleza, em agosto de 2010.

Patrono do ambientalismo em nosso país, advogado, professor e pesquisador especializado em apicultura, prestou ao Brasil notável contribuição científica, institucional e administrativa. Até hoje, o “Dr. Paulo” é tido como a maior autoridade em criação de abelhas indígenas sem ferrão no Brasil.

De 1974 a 1986, dirigiu a SEMA, Secretaria Especial de Meio Ambiente, órgão do governo federal ligado ao Ministério do Interior que, na época, era responsável pelo setor ambiental no Brasil. Paulo Nogueira Neto foi membro da Comissão Brundtland de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, que criou o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

O geógrafo e ambientalista é o atual coordenador do Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) . Executa suas atividades participando de reuniões nos órgãos ambientais , nas quais or ienta t é c n i c o s e e m p r e s á r i o s n a s o l u ç ã o de problemas pendentes por meio de sensibilização e de práticas que conduzam a uma nova postura ambiental.

Mas a atuação do sobralense, Aragão, vem de longe, é considerado um dos “dinossauros” do ambientalismo cearense. Ele foi o primeiro titular da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) no período de 1988 a 1990 e o principal responsável pelo reconhecimento, por parte da indústria local, da importância da dimensão ambiental na empresa. Renato Aragão aproximou a Fiec das questões ambientais e até hoje, consegue conversar com o mais radical dos ambientalistas, sobre indústria e meio ambiente.

O biólogo fundou a Associação Caatinga, a Asa Branca e a Aliança da Caatinga, que trabalham para trazer um novo olhar para o Semiárido bras i le i ro, preser vando a f lora e a fauna, fomentando o desenvolvimento sustentável em torno das comunidades.

Criou a primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do país, no bioma Caatinga. Atualmente é o secretário executivo da Associação Caatinga e um dos responsáveis pela escolha do tatu-bola como mascote da Copa 2014.

O ator produziu o documentário The 11th

Hour, que trata sobre o aquecimento global; além do reality-show

“ecológico” Greensburg, sobre a reconstrução

ambientalmente correta de uma cidade. Leonardo

tem uma fundação com o seu nome

que realiza trabalhos de conscientização

ambiental.

A modelo é embaixadora da Boa Vontade pelo

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(Pnuma), tem entre as suas inúmeras defesas pelo meio

ambiente um trabalho de proteção ao rio Xingu e as

tribos ribeirinhas e a criação da fl oresta Gisele Bündchen

Sementes, que fomenta a recuperação de mais de 15

hectares de Mata Atlântica em Campinas e na Bahia.

Nordestina, vive em São Paulo há mais de 40 anos, casada, mãe de duas filhas e dona de um lindo jardim na sua casa em Barueri, São Paulo. Alina, além de dona de casa é paisagista, educadora ambiental e ativista ambiental [das melhores que conheço]. Há uns dez anos atrás, ao descobrir que um morador do seu bairro estava cortando um grande “Pé de Pau Branco”, Alina correu ao local na tentativa de tentar salvar a espécie. Chegando ao local viu que o imenso tronco já estava no chão, não pensou duas vezes, transportou o tronco para a frente de sua casa, passou verniz na madeira “morta” e com esforço, colocou o tronco próximo a entrada principal da sua casa e ainda afixou placa contando a história daquela “árvore morta”.

O santista é um dos empresários mais bem sucedidos do Brasil. Dono de 25% das ações da Natura, maior empresa de cosméticos do país, ele é co-presidente do Conselho de Administração da companhia que ajudou a fundar.

Leal sempre ocupou o papel de ativista ambiental entre os empresários. Fundador e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, de responsabilidade socioambiental, o empresário é ex-presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e ex-integrante do Conselho Consultivo da ONG WWF Brasil.

Em 2007, ao lado de Oded Grajew, primeiro presidente do Instituto Ethos, Leal ajudou a fundar o “Movimento Nossa São Paulo”, centrado na construção de políticas públicas junto à administração municipal que melhorem a qualidade de vida da capital paulista.

Teve sua primeira experiência nas urnas em 2010, quando foi candidato a vice-presidente da República, da então candidata do PV à Presidência Marina Silva.

Bono Vox

João Alfredo

Antônio Rocha Magalhães

Dr. Paulo Nogueira NetoRodrigo Castro

Leonardo DiCaprioGisele Bündchen

Renato Aragão

Alina Maria Bertoni

Ademir Costa

Marina Silva

Guilherme Peirão Leal

Os rumos da energia eólica no CearáENTREVISTA: Eduardo Frota

www.oestadoce.com.br

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ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE6

Eles fazem do Mundo um lugar mais VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014 VERDE VERDE 7

AMBIENTALISTAS

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014

POR TARCILIA REGO [email protected]

Engenheiro elétrico, espe-cializado na área de efi -ciência energética, Edu-

ardo Frota, é um dos sócios fundador da empresa Ziatech, organização que atua no setor de gerenciamento de projetos de energias renovaveis.

Para o jovem empresário, quando o assunto é eólica o Ceará está na frente.

[OeV]Como está a demanda no mercado de trabalho para profis-sionais da área de energia reno-váveis?

[Eduardo Frota] - A demanda está maior do que a oferta. Tudo começou no início da década de 90. Naquele momento não houve inves-timento em energia, esse mercado fi cou estagnado ao ponto de uma universidade local fechar o curso de Engenharia Elétrica. Com a de 2001, a ordem era construir termoelétri-cas, construir usina, mas aí faltou en-genheiro eletricista, não tinha mais curso e apenas alguns alunos que realmente gostavam da engenharia elétrica. Nesse momento teve uma procura enorme por profi ssionais da área de engenharia elétrica, tanto é que o curso foi reaberto. Mas não formou profi ssionais para a área de renováveis, a crise exigiu as usinas termoelétricas emergenciais.

Atualmente temos muitas opções

para formação de profi ssionais na área de renováveis, vários cursos, especializações, focados em energia renovável, não apenas polarizado em duas universidades. Quando o governo entrou com o Proinfa tínha-mos poucos profi ssionais especiali-zados e com interesse pela área.

[OeV] - O maior complexo de energia eólica da América Lati-na, com potencial para se tor-nar o maior do mundo, está em construção no Rio Grande do Sul. O potencial eólico do Nor-deste é suficiente para atender dois terços da demanda nacional por eletricidade. A insolação no Brasil – close no Nordeste – é a segunda maior do mundo (perde apenas para o deserto do Saara). Por que, então, com tanta fartu-ra de recursos naturais, o maior parque eólico do mundo será no

Rio Grande do Sul e não aqui?[EF] - Na realidade são três pro-

jetos distintos que a Eletrosul está implantando lá. Eles unem tudo num nome só e dizem que é o maior do mundo. Talvez seja a melhor for-ma de divulgar o potencial eólico do Estado, divulgar que a empresa pública está investindo em energias renováveis. Não deixa de ser uma propaganda neste aspecto.

Mas o nosso potencial é bem maior do que o deles! Como você pode ob-servar pelos números que temos aqui, do Portal Brasil, ele soma três projetos que resulta em um de 583 megawatts (MW) de capacidade instalada. So-mam 258MW (Parque Eólico de Ge-ribatu), com 144 MW (Parque Eólico Chuí) e 181MW (Parque Eólico Her-menegildo). Este último ainda está em fase de implantação e ainda não teve a licença de instalação emitida. É fácil você juntar três e dizer que é o maior.

Se pegassem o nosso Projeto (da Ziatech) aqui do Ceará, já dava para ultrapassar o Rio Grande do Sul, porque já cadastramos 900MW. Ba-seado nisso, posso dizer que somos os maiores da América Latina.

[OeV] O governo federal está investindo muito em energia re-novável?

[EF] - O governo Federal teve um papel importantíssimo no crescimento da energia eólica. Foi quem viabilizou e organizou os leilões de energia. Nesse setor é ele quem dá as regras. Mesmo com toda a crise, ele manteve os leilões de energia, de eólica, todos os anos. Só na eólica, mais de 1.500MW são leilo-ados. Mas ainda falta infraestrutura, linha de transmissão... A estrutura bá-sica para conectarmos as usinas.

[OeV] Voltando ao RGSul, com tanta fartura de recursos (ven-tos) aqui, em sua opinião, en-tão, o Ceará já decolou?

[EF] - No site da Agência Nacio-nal de Energia Elétrica ( Aneel), há informação de todas as usinas que estão implantadas e as das que estão sendo implantadas, em todo o Brasil. Só o Ceará já tem instalado mais de 900 MW. Acabou de ser ultrapassado pelo Rio Grande do Norte, mas só o parque cearense, já é maior do que o do Rio Grande do Sul, e nesse último leilão, o Ceará fi cou em terceiro lugar em projetos cadastrados. Em primei-ro lugar é a Bahia. Mas olharmos o Nordeste como um todo, aí não tem comparação, a Região tem 96 proje-tos enquanto o Rio Grande só tem 20. Estou falando em projetos instalados

e de acordo com a tabela da Aneel. [OeV] Estamos bem na foto?[EF] - O Nordeste tem o maior po-

tencial eólico e o leilão diz isso. Nos leilões, desde 2010 os quatro primei-ros são: Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. São os quatro maiores que disputam a eóli-ca no país, e dos quatro, três, são do Nordeste. O Rio Grande do Sul tem feito um trabalho espetacular porque tá divulgando, tá correndo, o Gover-no incentivando. Diferente daqui, a Eletrosul é uma empresa pública.

O governo cearense criou um pro-grama de incentivo à cadeia produ-tiva da eólica, tanto para fábricas de equipamentos como para parques. O potencial eólico e solar do Ceará é incrível e ainda tem uma vantagem sobre os demais estados, a boa in-fraestrutura rodoviária, assim como a rodoviária. A Chesf tinha acaba-do de instalar linhas de transmissão que ajudaram muito quando os par-ques eólicos vieram se instalar aqui.

Com o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elé-trica (Proinfa) o Ceará “deu de golea-da”: com 14 projetos, fomos o Estado que teve mais projetos selecionados em todo o Brasil, e só com eólicas. É preciso destacar que à medida que foi crescendo, precisou também crescer a infraestrutura e foi aí, onde teve um entrave. Só que esse foi um problema no Brasil todo, não foi só nosso. A es-trutura elétrica não está crescendo de forma a atender todas essas usinas.

Ambientalistas de carteirinha, estas pessoas escrevem suas histórias com tinta verde, seja local ou globalmente. Cada um em sua área é um exemplo de militância na busca de um meio ambiente, natural e urbano, que garanta, às gerações presentes e às futuras, suprir necessidades, sem esgotar os recursos naturais. Na nossa lista – gostaríamos de citar muitos outros exemplos, mas não temos espaço sufi ciente –, celebridades, políticos, empresário, pesquisadores, donas de casa

e ativistas. A todos, o nosso muito obrigado.

Vocalista da banda U2 é um dos

artistas que mais se manifesta na defesa ao planeta. Ele apoia

campanhas contra a intolerância religiosa, além de outras ações

humanitárias. Bono já foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

Em quase 30 anos de vida pública, Marina Silva ganhou reconhecimento dentro e fora do País pela defesa da ética, da valorização dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável. Uma reputação construída em mandatos de vereadora, deputada estadual e senadora – eleita sempre com votações recordes – e no período em que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, entre janeiro de 2003 e maio de 2008. No fi nal de 2007, o jornal britânico “The Guardian” incluiu a então ministra entre as 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta. Fonte: http://www.marinasilva.org.br

O jornalista é funcionário do BNB e editor de revistas e l ivros científico. Dialoga sobre cidadania, fi losofi a, meio ambiente e cristianismo, e é considerado um dos mais respeitados ambientalistas de Fortaleza. Ele é militante na luta pelo crescimento e manutenção de mais áreas verdes na nossa Capital e um dos idealizadores do Movimento Proparque, iniciativa cidadã, com a missão de trabalhar em favor do Parque Ecológico Rio Branco.

O advogado João Alfredo, foi deputado estadual por três legislaturas e deputado federal por uma. Atualmente, exerce a função de vereador em Fortaleza pelo segundo mandato. Foi eleito em 2008 como vereador mais votado da cidade (14.917 votos) e em 2012 foi o terceiro mais votado com 20.222. Quando deputado federal, o ambientalista destacou-se por ter sido o relator da CPI da Terra e como vereador em Fortaleza, não tem sido diferente, é referenciado como: o parlamentar com foco nas questões sociais e ambientais. É de sua autoria leis importantes como a “Lei de proteção das dunas do Cocó (9502/09), “Lei do sistema Cicloviário” (9701/10) e a ‘Lei que proíbe uso de transgênicos na merenda escolar” (0114/09).

O economista, natural de Canindé-Ceará, dedicou a vida ao estudo e ao trabalho na área de desenvolvimento regional e sustentável, com foco nas Terras Secas, principalmente, o Semiárido nordestino. Atualmente, ele preside o Comitê de Ciência e Tecnologia da Convenção das Nações Unidas sobre o Combate à Desertificação (UNCCD) e é assessor técnico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

Em 1992, Magalhães coordenou a realização em Fortaleza, da Conferência Internacional Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas (ICID), uma reunião preparatória da Rio+92. O encontro produziu documento com recomendação de políticas públicas para que se buscasse o desenvolvimento sustentável das regiões semiáridas e teve como resultado a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas, que foi recomendada na Rio 92 com base nos estudos técnicos da ICID. A segunda edição da ICID, a Conferência Internacional sobre o Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento das Regiões Áridas e Semiáridas, foi realizada em Fortaleza, em agosto de 2010.

Patrono do ambientalismo em nosso país, advogado, professor e pesquisador especializado em apicultura, prestou ao Brasil notável contribuição científica, institucional e administrativa. Até hoje, o “Dr. Paulo” é tido como a maior autoridade em criação de abelhas indígenas sem ferrão no Brasil.

De 1974 a 1986, dirigiu a SEMA, Secretaria Especial de Meio Ambiente, órgão do governo federal ligado ao Ministério do Interior que, na época, era responsável pelo setor ambiental no Brasil. Paulo Nogueira Neto foi membro da Comissão Brundtland de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, que criou o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

O geógrafo e ambientalista é o atual coordenador do Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) . Executa suas atividades participando de reuniões nos órgãos ambientais , nas quais or ienta t é c n i c o s e e m p r e s á r i o s n a s o l u ç ã o de problemas pendentes por meio de sensibilização e de práticas que conduzam a uma nova postura ambiental.

Mas a atuação do sobralense, Aragão, vem de longe, é considerado um dos “dinossauros” do ambientalismo cearense. Ele foi o primeiro titular da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) no período de 1988 a 1990 e o principal responsável pelo reconhecimento, por parte da indústria local, da importância da dimensão ambiental na empresa. Renato Aragão aproximou a Fiec das questões ambientais e até hoje, consegue conversar com o mais radical dos ambientalistas, sobre indústria e meio ambiente.

O biólogo fundou a Associação Caatinga, a Asa Branca e a Aliança da Caatinga, que trabalham para trazer um novo olhar para o Semiárido bras i le i ro, preser vando a f lora e a fauna, fomentando o desenvolvimento sustentável em torno das comunidades.

Criou a primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do país, no bioma Caatinga. Atualmente é o secretário executivo da Associação Caatinga e um dos responsáveis pela escolha do tatu-bola como mascote da Copa 2014.

O ator produziu o documentário The 11th

Hour, que trata sobre o aquecimento global; além do reality-show

“ecológico” Greensburg, sobre a reconstrução

ambientalmente correta de uma cidade. Leonardo

tem uma fundação com o seu nome

que realiza trabalhos de conscientização

ambiental.

A modelo é embaixadora da Boa Vontade pelo

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(Pnuma), tem entre as suas inúmeras defesas pelo meio

ambiente um trabalho de proteção ao rio Xingu e as

tribos ribeirinhas e a criação da fl oresta Gisele Bündchen

Sementes, que fomenta a recuperação de mais de 15

hectares de Mata Atlântica em Campinas e na Bahia.

Nordestina, vive em São Paulo há mais de 40 anos, casada, mãe de duas filhas e dona de um lindo jardim na sua casa em Barueri, São Paulo. Alina, além de dona de casa é paisagista, educadora ambiental e ativista ambiental [das melhores que conheço]. Há uns dez anos atrás, ao descobrir que um morador do seu bairro estava cortando um grande “Pé de Pau Branco”, Alina correu ao local na tentativa de tentar salvar a espécie. Chegando ao local viu que o imenso tronco já estava no chão, não pensou duas vezes, transportou o tronco para a frente de sua casa, passou verniz na madeira “morta” e com esforço, colocou o tronco próximo a entrada principal da sua casa e ainda afixou placa contando a história daquela “árvore morta”.

O santista é um dos empresários mais bem sucedidos do Brasil. Dono de 25% das ações da Natura, maior empresa de cosméticos do país, ele é co-presidente do Conselho de Administração da companhia que ajudou a fundar.

Leal sempre ocupou o papel de ativista ambiental entre os empresários. Fundador e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, de responsabilidade socioambiental, o empresário é ex-presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e ex-integrante do Conselho Consultivo da ONG WWF Brasil.

Em 2007, ao lado de Oded Grajew, primeiro presidente do Instituto Ethos, Leal ajudou a fundar o “Movimento Nossa São Paulo”, centrado na construção de políticas públicas junto à administração municipal que melhorem a qualidade de vida da capital paulista.

Teve sua primeira experiência nas urnas em 2010, quando foi candidato a vice-presidente da República, da então candidata do PV à Presidência Marina Silva.

Bono Vox

João Alfredo

Antônio Rocha Magalhães

Dr. Paulo Nogueira NetoRodrigo Castro

Leonardo DiCaprioGisele Bündchen

Renato Aragão

Alina Maria Bertoni

Ademir Costa

Marina Silva

Guilherme Peirão Leal

Os rumos da energia eólica no CearáENTREVISTA: Eduardo Frota

www.oestadoce.com.br

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ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014 VERDE

RESPONSABILIDADE SOCIALRioMar Fortaleza: Nem só de lojas vive um shopping

RioMar Fortaleza Com área total construída de 320.000m² e 6.670 vagas de es-tacionamento, o RioMar Fortaleza está sendo considerado um dos maiores centros de compras do Nordeste, com proposta arquitetô-nica moderna e que visa dar maior conforto aos consumidores.

São 385 lojas: 15 âncora, 15 mega-lojas, 344 lojas satélites, 11 restauran-tes, 6.670 vagas de estacionamento, praça de alimentação, 10 salas de ci-nemas, teatro, diversões eletrônicas, boliche e academia de ginástica.

POR TARCILIA REGO [email protected]

O compromisso do Shopping RioMar Fortaleza com os consumidores compreende

não só investimento em dinheiro, mas também, a responsabilidade social. Marcado para inaugurar dia 29 de outubro, o 12º centro comer-cial com participação do Grupo JCPM (João Carlos Paes Mendon-ça) no país, além de 15 âncoras, 15 megalojas e marcas como Daslu, Diesel, GAP e Outback, entre cente-nas de outras, segundo comunicou o presidente durante coletiva dia 28/05 em Fortaleza, conta com o apoio do Instituto JCPM que desen-volve ações comprometidas com a formação de pessoas para o merca-do de trabalho.

São 3540m2 de área dedicados à capacitação, informa a coordena-dora de Desenvolvimento Social, Fábia Siqueira, que acompanhou a equipe d’O estado Verde durante nossa visita ao espaço do Instituto, dentro do RioMar e que materia-liza parte da porção socialmente responsável do Sr. Paes Mendonça que “desde cedo descobriu que tra-balhar no varejo implica gostar de pessoas, conhece-las e cultivá-las”, conforme relatado no livro sobre a vida do merceeiro, escrito pelo jornalista Mário Hélio e publicado pela editora Ática. Na coletiva, ele me disse que continua merceeiro e muito orgulhoso de ser nordestino.

2060 TREINADOSClaro que o Sr. JCPM não é dono

de uma simples mercearia, certa-mente, suas empresas armazenam diferentes tipos de atividades comer-ciais e serviços, mas em todas elas, o comprometimento com o social e o ambiental faz parte dos negócios. No caso do shopping no bairro Papicú, o Instituto JCPM, em pareceria com a Fecomércio/ Senac, trabalha com jovens de 16 a 24 anos com progra-mas de qualifi cação além da elevação da escolaridade. Já foram treinados 2060 jovens para o varejo. “Prioriza-mos aqueles que buscam o primeiro emprego e moradores do entorno – considerando um raio de 5 km”, ex-plica Fábia Siqueira.

“São cursos para as três áreas de interesse do shopping: gestão e ne-gócios, logística e operação. Além disso, a gente montou com o Senac um passaporte informativo, um iti-nerário informativo que vai da ca-pacitação ao aperfeiçoamento, pas-sando por outras áreas transversais que são línguas, inclusive libras. Quanto à estrutura física, basica-mente é igual a do RioMar Recife: quatro salas de aula, laboratório de

informática, auditório, biblioteca, área de convivência etc. Já temos mais 800 pessoas aguardando para iniciar novas turmas. A maioria da mão de obra capacitada será absor-vida pelo condomínio do shopping e pelas lojas”, conclui.

PARCERIA PERFEITAComo em Recife, aqui não vai ser

diferente, talvez melhor, se conside-rarmos que em Fortaleza, tudo está novinho e “zerado” e conta com o DNA de qualidade que “o Instituto costuma imprimir”. Para a gerente do Senac em Fortaleza, Caroline Al-ves, eles cuidam de tudo com muito carinho, com muito cuidado, com muito empenho, imprimindo qua-lidade em tudo. “O Senac entrou de cabeça no projeto, tudo o que eles almejam, nós temos contemplado no nosso Projeto Político Pedagógi-co. Para nós, está sendo muito gra-tifi cante, é a parceria perfeita e tem dado frutos, os alunos

estão satisfeitos, assim como a gente, também”, destaca.

Durante a reportagem, nossa equi-pe presenciou uma ofi cina de ma-quiagem com alunos que estão sendo capacitados dentro do Programa de Qualifi cação para o Varejo na função de operadores de caixa. “Aqui não temos cursos específi cos na área de beleza, inicialmente o objetivo é aten-der às ocupações que os lojistas irão contratar”, explica o supervisor peda-gógico, Roberto Silva, do Senac. “Es-tamos aqui para qualifi car. Ao todo, são 14 instrutores abordando ques-tões sobre éticas, relações interpes-soais, prestação de serviço, postura, apresentação pessoal e etc.”, encerra Silva. Explicou ainda que as ofi cinas são atividades complementares.

EXPERIÊNCIA MUITO BOA Para o estudante Jacson [com ‘C

sem K’ como ele fez questão de frisar] Sousa Rodrigues, que já concluiu o en-sino médio, “está sendo uma experiên-

cia muito boa”. Ele é aluno do curso Administração de Redes e tem

expectativas de conseguir um emprego em breve. “Quando eu cheguei aqui trazia um pouco de conhecimento na área de informática, mas agora, a cada dia adquiro mais conhecimento. Espero

conseguir uma colocação no mercado de trabalho... Se for

dentro do próprio shopping, be-leza”, disse empolgado.

QUALIDADE AMBIENTALO que mais pode ha-ver por trás de um

empreendimento comercial de R$

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JCPM: “Trabalhar no varejo implica gostar de pessoas, conhece-las e cultivá-las”

Jovens no entorno do shopping participam do Programa Qualifi cação para o Varejo

600 milhões, além de grandes mar-cas, boas parcerias e Responsabi-lidade Social? Cuidado ambiental, característica marcante do empreen-dimento em Recife e que já está sendo replicada em Fortaleza. O projeto foi concebido levando em consideração as características físico-geográfi cas do seu entorno associadas às moder-nas tecnologias de sustentabilidade. O RioMar Shopping se integra à pai-sagem promovendo a requalifi cação da área onde foi implantado, além de integrar a iluminação natural com a iluminação artifi cial nas áreas das aberturas envidraçadas.

O novo centro comercial no Pa-picú recebeu a certifi cação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) para a fase de projeto e de concepção do empreendimento. Com isso, o Rio-Mar Fortaleza passa a ser o primeiro do seguimento no Ceará e o segundo do Nordeste, a ter o selo nesta fase. “Agora vamos entrar com a certifi -cação para a fase de operação, como foi feito com no RioMar de Recife”, esclarece a diretora de Desenvolvi-mento Social, Lúcia Pontes.

Além da inserção das premissas de sustentabilidade do empreendi-mento no manual do lojista, entre as ações de responsabilidade am-biental do empreendimento, estão: a redução do consumo de água e energia, com utilização de tecnolo-gias inovadoras; o tratamento dos resíduos sólidos e as inciativas de

mitigação dos impacto da obra na comunidade. Também, foram plan-tadas duas mil mudas de árvores e o desenvolvimento de ações para pro-teger a Lagoa do Papicú.

ÁGUA DA CHUVAAinda dentro do conceito de sus-

tentabilidade, o RioMar Fortaleza utilizará a água da chuva captada na cobertura do edifício que será fi ltrada para uso nos sanitários e o sistema de esgoto a vácuo, possibi-litará redução de 90% no consumo de água comparado com o sistema convencional. Economia de 18 mi-lhões de litros de água por ano (R$ 170.000,00). E os resíduos gerados na obra, estão sendo segregados, re-ciclados, comercializados e a recei-ta resultante da venda sendo doada para associações de catadores da co-munidade do Pau Fininho.

SAIBA MAIS- O Papicu é um bairro nobre lo-

calizado na zona leste da cidade de Fortaleza, fi ca próximo à Cidade 2000 e à Praia do Futuro.

- O nome do bairro tem origem na Lagoa do Papicú, localizada no sopé das dunas da Praia do Futuro e ago-ra, em frente ao Shopping RioMar.

- A palavra Papicu é de origem indígena, signifi ca “Lagoa Compri-da”. Em decorrência da especulação imobiliária, pouco restou da lagoa, de comprida fi cou pequena.

Jacson Sousa: estudante espera conseguir uma colocação no mercado de trabalho

Caroline Alves - Gerente do Senac

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ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE 9FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014VERDE

POR TARCILIA REGO [email protected]

Se falta pouco para o início da Copa 2014, faltou pouco para o tatu-bola, mascote do torneio

da Fifa, ser extinto. Com a aprova-ção do Plano de Ação Nacional de Conservação do Tatu-Bola (Pan) durante Cerimônia de comemora-ção do Dia Internacional da Biodi-versidade – 22 de Maio, em Brasília, a tempo, o ameaçado Tolypeutes tri-cinctus ganhou um projeto para ga-rantir sua existência e perpetuação. Na ocasião, o governo federal lan-çou um pacote de ações de proteção da fauna brasileira.

Firmado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio-diversidade (ICMBio) com o aval do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Pan tem como objetivo a redução do risco de extinção de Tolypeutes tricinctus (tatu-bola--do-Nordeste) para a categoria Vul-nerável e avaliação adequada do estado de conservação de Tolypeu-tes matacus (tatu-bola-do-Centro--Oeste). O nome tatu-bola refere-se à característica de se fechar comple-tamente, formando uma bola para se defender de predadores.

Segundo o coordenador Rodrigo Castro, da Associação Caatinga, ONG do Ceará, responsável pela escolha do tatu como mascote da Copa, o Pan foi elaborado durante oficina que aconteceu entre 12 a 16 de maio, na Reserva Natural Ser-ra das Almas, em Crateús. “O tra-balho foi coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conserva-ção de Primatas Brasileiros (CPB) do ICMBio, contando com o apoio da Associação Caatinga e do Grupo Especialista em Tatus, Preguiças e

Tamanduás (ASASG) da Union for Conservation of Nature (IUCN), e contou com a participação de ou-tras 15 instituições entre universi-dades, órgãos estaduais e federais de meio ambiente e terceiro setor”, explica Castro.

“Aprovado, o plano virou porta-ria e traz um conjunto de objetivos e ações estratégicas para proteger o tatu-bola, sinaliza o compromisso do Governo, através do MMA, com a espécie, signifi ca uma ação inédita de apoio à conservação da espécie. O grande desafi o é buscar recursos para a implementação, no segundo semestre, com o apoio do MMA, avançaremos os trabalhos”.

Para o coordenador geral de Ma-nejo para Conservação do ICMBio (CGESP), Ugo Vercillo, o Plano de Ação é uma ferramenta defi nida pelo governo brasileiro a partir do Programa Pró-Espécie. “Representa a integração de esforços, identifi ca-ção de lacunas e orientação para que a gente tenha um sucesso maior na conservação de espécies. É um pacto de ações entre diferentes parceiros e instituições”. O Plano é composto

por um objetivo geral, seis objetivos específi cos e 38 ações.

De acordo com a Portaria No 56 de 22 de maio de 2014, assinada pelo presidente do ICMBio, Roberto Ri-cardo Vizentin, a coordenação do Plano de Ação caberá ao Centro Na-cional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Caatin-ga (Cecat), a coordenação executiva à Associação Caatinga e a supervi-são à Coordenação Geral de Manejo para Conservação (CGESP). O pre-sidente do Instituto Chico Mendes designará um Grupo de Assessora-mento Técnico para acompanhar a implementação e realizar a monito-ria do Pan Tatu-Bola.

BOM EXEMPLOAtualmente, o T. Tricinctus está

classifi cado como “Em Perigo” e a meta é que ele desça para a categoria “Vulnerável”. Para que isto ocorra da forma mais rápida possível, é preci-so o apoio de outros setores além do Governo. E foi isso que a Continental Pneus do Brasil, também, patrocina-dora ofi cial da Copa do Mundo Fifa 2014, fez. A empresa fi rmou parceria para apoiar o desenvolvimento do projeto de conservação do tatu-bola. A iniciativa conta com o apoio da The Nature Conservancy (TNC), da ASASG da IUCN e apoio do MMA e Ministério do Esporte.

PARQUE TATU-BOLA Segundo o estudo “Avaliação do

Risco de Extinção da Fauna Brasi-leira”, apresentado pelo MMA em maio, o tatu-bola é uma das 121 es-pécies de animais cujo risco de ex-tinção aumentou nos últimos quatro anos e a uma das causas é a destrui-ção da Caatinga, seu habitat natural.

Na intenção de preservar o que

resta desse bioma, o coordenador do Centro de Referência para Re-cuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), biólogo, José Alves Si-queira, apresentou ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (Conse-ma), no último dia 30, em Pernam-buco, projeto de criação do Parque Tatu-Bola. Se a proposta for aprova-da, será a maior unidade de conser-vação da Caatinga naquele Estado, com 75.655 hectares espalhados pe-los municípios de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do São Francisco. A equi-pe do Crad está com um abaixo-as-sinado no site internacional de pe-tições Avaaz, coletando assinaturas para a criação do Parque Tatu-Bola.

Consciente da importância de bus-car soluções para o uso sustentável de recursos naturais, a Nestlé tem re-alizado diversos avanços no processo de fabricação de seus produtos, com programas que incluem a reutiliza-ção de materiais, redução de uso de água e energia, e gestão de resíduos, de forma a minimizar o impacto ao meio ambiente e às comunidades.

ÁGUA A companhia reduziu o consumo

de águas de todas as fábricas no Brasil em 6,7% de 2012 para 2013. Somente no último ano, 421 milhões de litros de água foram economiza-dos, volume sufi ciente para abas-tecer uma cidade de cerca de 7.691 habitantes, por um ano. Entre os projetos de destaque está o de reu-so da água da Planta de Tratamento de Águas Residuárias da fábrica de biscoitos em Marília (SP). A empre-sa diminuiu a captação de recursos hídricos de fontes importantes para o abastecimento daquela região do Estado de São Paulo, como o Aquí-fero Bauru, e obteve ganhos com a conscientização ambiental dos seus colaboradores e redução das despe-sas operacionais.

Plano de Ação Nacional de Conservação da espécie é lançado e aprovado

Empresa celebra Dia Mundial do Meio Ambiente com ações de sustentabilidade

TATU-BOLA

RECURSOS NATURAIS

O objetivo do Pan é reduzir do risco de extinção do tatu-bola-do-Nordeste para categoria “Vulnerável”. O grande desafi o é buscar recursos fi nanceiros para a implementação

CAMPANHA

TATU-BOLA - TOLYPEUTES TRICINCTUS

Participe da Campanha Eu Protejo o Tatu-bola e ajude a manter o projeto de conserva-ção da espécie. Seu gesto pode fazer toda a diferença para o tatu da Caatinga. Todo o recur-so da campanha será revertido às ações de proteção da espécie e da casa do “bichim”: a Caa-tinga. Para mais informações visite o site da Associação Caa-tinga (www.acaatinga.org.br) ou telefone para (85) 3241 0759 ou (88) 3691-8671 ou envie men-sagem para o E.mail [email protected].

GRUPO: MamíferosESPÉCIES: Tolypeutes tricinctus Linnaeus 1758

NOME VULGAR: Tatu-bola; Tatu-apara; Bola; Bolinha; Tran-

quinha; Tatu-bola-do-nordeste.FATORES DE AMEAÇA: Caça,

destruição e alteração do hábitat

BIOMA: Caatinga; CerradoFonte: ICMBio

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E REDUÇÃO DE RESÍDUOS

As emissões de CO2 resultante dos processos produtivos tiveram uma re-dução de 5,5% no último ano e o esfor-ço para diminuir a geração de resíduos também evolui. Atualmente, 89,11% são reciclados e/ou recuperados. Em diferentes linhas de produção, a em-presa utiliza subprodutos para gera-ção de vapor em caldeiras. A chamada biomassa é formada a partir de cavaco de madeira, pallet de cacau e borra de café, e sua utilização contribui para a redução dos resíduos gerados.

Com essas e outras ações, o con-sumo de energia foi reduzido em 123 mil GJ (giga joule), o sufi ciente para o consumo de cerca de 2 mil habitantes por um ano. 56% de toda a energia consumida nos pro-cessos produtivos da companhia é oriunda de fonte renovável.

As ações estão alinhadas ao conceito Criação de Valor Compartilhado, pla-taforma mundial de responsabilidade social da empresa, que se fundamenta na premissa de que, para o sucesso dos negócios no longo prazo, tão impor-tante quanto gerar valor para os acio-nistas é gerar valor para a sociedade em que a empresa está inserida.

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ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE10

POR SHERYDA [email protected]

Pizzas, lasanhas, compotas e outras delícias. Tudo feito com insumos orgânicos e de

forma agroecológica. Os quitutes estavam à venda na 17a edição do Festival de Arte e Cultura Alimen-tar no Mercado dos Pinhões, que aconteceu dia 21de maio. A per-macultura foi o tema da edição e que contou com palestra de Mar-celo Sindeaux, membro do Insti-tuto de Permacultura e Ecovilas (IPC). O evento também teve ar-tesanato e música ao vivo.

Enquanto o público experimenta-va as comidas, os expositores expli-cavam de onde vinham os insumos e quais eram os benefícios de cada um dos alimentos. A técnica utili-zada na produção dos vegetais é a agroecologia, que visa o respeito ao meio ambiente, às comunidades do entorno da produção de alimentos, além de sua cultura, ancestralidade e noção de território.

Quem ensina é Natália Amaral, que conta que largou a carreira de engenheira de pesca para se dedicar à produção de comida feita como a mãe ensinou: orgânica, natural e com uma forte ligação com o lugar onde nasceu: O Pará. “Cresci aqui, mas te-nho raízes na minha terra natal. Man-tenho isso vivo pela comida”, explica. Para ela, existe uma gama enorme de alimentos naturais e, infelizmente, na maioria das vezes é dada preferência aos industrializados.

CUSTOS DA ALIMENTAÇÃO ORGÂNICA

Os alimentos livres de agrotóxi-cos são bons para a saúde e para o meio ambiente, mas pesam no bol-so. Segundo Regina Santiago, da Associação para o Desenvolvimento da Agropecuária Orgânica (Adao), um dos motivos é a certifi cação, que é muito cara no Brasil, e que pode custar pelo menos R$ 6 mil por ano ao produtor. Além disso, as semen-tes orgânicas são mais caras e tem menor garantia de germinação.

A popularização dos produtos, in-centivos agrícolas do Governo e a diminuição de etapas entre o consu-midor e o produtor são fatores que tornariam esses alimentos mais aces-síveis. “O ideal é que se compre dire-

tamente de quem produz”, ensina.vv

PERMACULTURA: HABITATHUMANO EQUILIBRADO

Além de ter uma alimentação equi-librada, também é possível viver em um habitat que traga menos impac-tos para o meio ambiente. É o que defende Marcelo, que falou sobre a permacultura, uma forma de viver e produzir alimentos aproveitando toda a energia que o ambiente ofe-rece. “O sistema começa na esfera da produção de alimentos, mas vai en-globando outras dimensões das ne-cessidades humanas, como manejo da água e habitação”, explica.

Na permacultura, que surgiu nos anos 70 como uma alternativa ao petróleo, o ambiente tem ciclos

fechados proporcionando autono-mia. Assim, os resíduos orgânicos da casa podem se tornar o adubo da horta, que produz os alimentos. Também é possível aproveitar o vento e a luz do sol mesmo em am-bientes fechados, proporcionando economia de energia elétrica.

O festival de Arte e Cultura Alimen-

tar no Mercado dos Pinhões é realiza-ção da Adao em parceria com o sítio Vale da Biodiversidade e Annapurna Alimentos, com o apoio dos órgãos de cultura da Prefeitura Municipal de Fortaleza e a administração do Mer-cado dos Pinhões. O festival ocorre nas terceiras quartas-feiras do mês.

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014 VERDE

Um Festival de alternativas em FortalezaORGÂNICOS E PERMACULTURA

Alimentos livres de agrotóxicos são bons para a saúde e para o meio ambiente. Evento, no Mercado dos Pinhões, abre possibilidades para a produção e novo estilo de vida

Entre as opções de produtos ofertados, conservas preparadas de forma agroecológica

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DICIONÁRIO VERDE

Permacultura: Sistema integrado que proporciona o uso de recursos naturais de forma equilibrada e cíclica.Alimentos orgânicos: Alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos.Agroecologia: Produção agrícola com ações que respeitam o solo, recursos hídricos e comunidades no entorno, além de valori-zar técnicas tradicionais de cultivo e manejo da água.

Page 11: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

POR SHERYDA [email protected]

O racismo é um tema polêmico e que geralmente é associa-do a fatores como a cor da

pele e práticas religiosas ou cultu-rais historicamente discriminadas. Porém, existe uma forma de racismo que também abrange questões terri-toriais: é o racismo ambiental, cau-sador de injustiças cometidas contra grupos vulneráveis, geralmente, du-rante a realização de políticas públi-cas ou obras do setor privado. Essas violações de direitos ocorrem tanto no campo quanto no meio urbano.

Para o sociólogo Robert Bullard, também diretor do Environmen-tal Justice Resource Center, Atlanta (EUA), o racismo ambiental tem uma correlação direta entre a exploração da terra e a exploração das pessoas. “De forma geral, os indígenas são a parte da população que se defrontam com algumas das piores formas de po-luição, entre elas a do mercúrio usado nos garimpos e as populações mar-ginais que vivem perto dos lixões e aterros sanitários, incineradores e de outros tipos de operações perigosas praticadas pelas empresas minerado-ras. A poluição industrial se manifesta também no aleitamento materno das mães das grandes cidades como São Paulo ou Nova Iorque”, conforme es-creveu em artigo publicado janeiro de 2005, na Revista Eco 21.

Segundo Cristiane Faustino, inte-grante da coordenação colegiada do Instituto Terramar, e relatora nacio-nal do direito humano ao meio am-biente da Plataforma Dhesca (Direi-tos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), as princi-

pais vítimas do racismo ambiental são as populações pobres e negras, além de indígenas, quilombolas e outros grupos “étnicos e racialmen-te excluídos dos processos de parti-cipação politica, e em desvantagem econômica”. A tomada dos territó-rios para a realização de empreen-dimentos e degradação ambiental, como a contaminação de recursos hídricos dos quais as comunidades no entorno dependem para sobrevi-ver, por exemplo, são algumas con-sequências desse tipo de injustiça.

“Consideramos que há um pro-cesso de expropriação do campo, de alteração do modo de vida desses

povos dentro do próprio território. Isso ocorre porque há um modelo de desenvolvimento dominante que prega que o modo de viver urbano e branco é superior, e que os manejos da terra tradicionais são atrasados”, explica. Para a pesquisadora Tania Pacheco, militante e autora do blog Combate Racismo Ambiental, existe um processo de expropriação de ter-ras que geralmente não dá aos mo-radores outra alternativa a não ser sair do seu local de origem.

ÍNDIOS Ela destaca o suicídio de indígenas,

em sua opinião a população mais

vulnerável ao racismo ambiental no Brasil, como uma das maiores tragé-dias relacionadas ao problema. “So-mente no ano passado 73 índios co-meteram suicídio no Mato Grosso do Sul”, protesta. “Imagine você acordar e se dar conta de que aquele lugar onde estão enterrados seus antepas-sados, onde você aprendeu a usar a terra, agora é uma fazenda onde você está proibido de entrar. É uma vergo-nha para o país”. Tania destaca ainda que a temática indígena está presen-te na maior parte dos casos de injus-tiças ambientais no Ceará.

Outros desafi os que as populações enfrentam nesses processos são os casos de abuso e exploração sexual e precarização de mão de obra. “É clássico: chega aquele grande projeto prometendo empregos e a comuni-dade acredita e se mobiliza em torno dele. As pessoas são utilizadas como mão de obra do desmatamento e de-pois descartadas, pois geralmente quando o processo de produção se inicia é de forma automatizada, ex-cluindo empregos. Aí a comunidade não tem mais os recursos naturais dos quais vivia antes e é marginali-zada, empurrada para locais cada vez mais distantes e desvalorizados da região”, narra Tania. Cristiane lembra ainda que com a chegada de trabalhadores para obras, também ocorre o aumento de população, so-brecarregando serviços de saúde, se-gurança e educação que em muitos casos já não eram sufi cientes sequer para a comunidade local.

RACISMO AMBIENTAL NA CIDADEO racismo ambiental também

pode ocorrer no meio urbano, por meio de práticas ofensivas ao meio ambiente, ou, discriminação de grupos sociais geografi camente lo-

calizados, e podem ser motivadas por raça, cor ou classe social. O in-tegrante do Coletivo de Culturas Ju-venis, ligado à organização Diaco-nia, e morador do Planalto do Pici, Jonas de Jesus afi rma que sempre percebeu o preconceito que sofre por viver em uma região da periferia de Fortaleza, mas que não sabia que essa opressão tinha nome.

O jovem participou do Seminário Juventudes, Direito à Cidade, Jus-tiça Ambiental e Combate ao Racis-mo Ambiental, realizado pela Fede-ração dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) no Rio de Janeiro durante a semana pas-sada, e conta que as discussões o ajudaram a ter uma visão mais am-pla sobre o problema.

“As áreas das comunidades pobres são vistas como espaços onde só há violência. Mas essa violência ocorre por causa de uma série de violações de direitos, como falta de lazer e cul-tura. Quando existem os direitos, são poucos e maus administrados”, critica. Para o jovem, a mídia sensa-cionalista é um grande movimento de descaracterização da periferia, mostrando a população negra como produtor da violência. “É a perife-ria que não entra na universidade porque não estuda, porque prefere tomar as coisas dos outros”, afi rma.

Para resistir ao preconceito, Jo-nas acredita que a violência não é o caminho. Ele defende que os mora-dores das periferias não alimentem a cultura do medo, frequentando espaços em outras comunidades e também espaços privados e de con-sumo, exercendo assim o direito de ir e vir na cidade.

EXTERMÍNIO DA POPULAÇÃO PRETA E POBRE

“No meio urbano, o racismo am-biental ultrapassa o indivíduo e che-ga ao local onde ele vive”, afi rma Cristiane. Segundo ela, nesses casos os atingidos estão nos piores lugares da cidade e quando estão em áreas valorizadas, são expulsos. Além dis-so, frequentemente perdem oportu-nidades de emprego ao informarem onde moram. Entre as maiores con-sequências desse sistema de discri-minação, a militante aponta “o ex-termínio da população, em especial da juventude, pobre e preta” que tem sofrido muito com a violência. “Por mais que ainda se negue, as maiores vítimas da violência na cidade têm cara, cor e classe social”, defende.

Jonas espera levar mais discus-sões sobre o tema para o 2º Semeia, seminário sobre injustiça ambiental em Fortaleza, organizado pela Dia-conia, e que incluirá uma excursão na comunidade do Bom Jardim. O evento deve ocorrer em junho, mas ainda não tem data confi rmada. Mais informações serão divulgadas no endereço www.diaconia.org.br.

ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE 11

Entendendo o racismo ambientalINJUSTIÇA

Violação de direitos pode atingir os povos do campo causando extermínio de populações e de suas práticas tradicionais. No meio urbano pode ocorrer por meio de práticas ofensivas ao meio ambiente, ou, discriminação de grupos sociais geografi camente localizados

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014VERDE

RACISMOAMBIENTAL.NET.BR

Populações indígenas são as que mais sofrem com o racismo ambiental no Brasil, afi rma especialista

Mapa de injustiças ambientais no Brasil está disponível na InternetUm levantamento com casos de

injustiça ambiental no Brasil pode ser acessado pela Internet. Trata--se do Mapa de Confl itos Envolven-do Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, de coordenação da doutora em história, pesquisadora no tema e militante no combate ao racismo ambiental, Tânia Pacheco.

Segundo ela, inicialmente havia apenas 120 casos, mas com o pas-sar do tempo eles se multiplicaram e hoje o banco de dados é movimen-tado frequentemente. “Somos uma pequena equipe, e não é fácil, pois além de alimentar a ferramenta com dados novos, ainda estamos

constantemente atualizando os an-teriores”, explica.

O sistema está disponível por meio da plataforma Google Maps, e pode ser acessado pelo endereço www.conflitoambiental.icict.fio-cruz.br. Cada caso tem uma fi cha narrativa com informações. A in-tenção do projeto, segundo Tania, é dar visibilidade às injustiças am-bientais e oferecer uma ferramenta de combate ao problema.

LIVRO NARRA CASOSParte do Mapa foi transforma-

do em livro. A editora FioCruz, da Fundação Oswaldo Cruz, publicou

no fi nal do ano passado a obra In-justiça Ambiental e Saúde no Bra-sil: o Mapa de Confl itos. A publi-cação é fruto da parceria entre a editora e a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacio-nal (Fase), e resultado do levanta-mento vinculado ao projeto ‘Mapa de Confl itos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil’, que foi iniciado em 2008 e teve o apoio do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Tra-balhador, do Ministério da Saúde.

Por meio de oito artigos, a publi-cação apresenta o Mapa de Confl i-tos, sua concepção e metodologia, e

traz análises e conclusões sobre os diferentes embates nele mapeados, além de alternativas para o futuro. Entre os confl itos descritos, estão os casos de atingidos pela mineração de chumbo em Santo Amaro da Pu-rifi cação e pela mineração de urâ-nio e por parques eólicos em Caeti-té, na Bahia.

SERVIÇO:Livro: Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil: o Mapa de Confl itosPreço: R$ 44Onde encontrar: www.portal.fi ocruz.br ou nas livrarias parceiras da Editora.

Para acessar a ferramenta on-line: www.confl itoambiental.icict.fi ocruz.br

Page 12: O Estado Verde - Edição 22270 - 05 de junho de 2014

ESPECIAL DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE12 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILQuinta-feira, 5 de junho de 2014

2014: O ANO DOS INSULARES

VERDE

DESMATAMENTO ZERO

PARA CUIDAR DE NOSSA TERRA

MORADORES DE SÃO PAULO TERÃO MEDIDORES INTELIGENTES DE ENERGIA

MUDANÇAS CLIMÁTICAS JÁ IMPACTAM NA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA

UM POSSÍVEL CAMINHO PARA OS CARROS VERDES

Terceira Conferência Interna-cional sobre Pequenos Estados In-sulares em Desenvolvimento será realizada de 1 a 04 de setembro de 2014, no Complexo Faleata Sports em Apia, estado independente de Samoa. Sob o tema “O desenvolvi-mento sustentável dos pequenos es-tados insulares em desenvolvimen-

to através de parcerias genuínas e duráveis”, a Conferência buscará garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social enquanto protege o meio ambiente e aumenta a resiliência das nações insulares.

Os diálogos serão agrupados pelas seguintes áreas: As mudanças climá-ticas e gestão de risco de desastres;

Oceanos, mares e da Biodiversida-de; Água e Saneamento, Segurança Alimentar e Gestão de Resíduos; Desenvolvimento Econômico Sus-tentável; Energia sustentável e O de-senvolvimento social no SIDS, Saúde e doenças não transmissíveis, jovens e mulheres. O ano de 2014 é dedica-do aos países Insulares. Lançada em 2012, com apoio de movimentos sociais, indígenas

e de cientistas, a campanha pelo fi m do desmatamento não para de crescer. A ideia é levar ao Congresso um projeto de lei de ini-ciativa popular – ou seja, um projeto proposto pelo povo – para estancar a devastação das nossas matas. Segundo o movimento ambientalista Greenpeace, Isso já está virando realidade e falta muito pouco para que um milhão de brasileiros assinem a cam-panha pelo desmatamento zero. Para assinar a petição visite o endereço eletrônico: http://ligadasfl orestas.org.br

Guiados pela sabedoria tradi-cional, um grupo de navegadores da Polinésia Voyaging Sociedade embarcaram em uma viagem de canoa de três anos em todo o mun-do para destacar a necessidade de soluções sustentáveis para os desa-fi os globais. Os polinésios vão na-vegar 47 mil milhas náuticas, utili-zando apenas os sinais das ondas, ventos e estrelas para encontrar o seu caminho em torno da Terra. A viagem recebeu o nome haviano

Mãlama honua que signifi ca “para cuidar de nossa Terra”.

O lançamento da viagem, dia 17 de maio, em Honolulu, Havaí, coincidiu com o Dia Internacio-nal da Diversidade Biológica, cujo tema deste ano centra-se na biodiversidade das ilhas incula-res. A canoa Hokule’a navegará do Havaí ao Taiti – primeira etapa da viagem – e espera che-gar em Apia , Samoa, a tempo para participar da Conferência

da ONU sobre os pequenos es-tados insulares que acontece em setembro naquela ilha.

Os navegadores levam na baga-gem, as histórias de ilhas e oceanos para inspirar os líderes do mun-do a tomar medidasmais efetivas para proteger os recursos natu-rais, criticamente ameaçados. O grupo visitará 26 países e 85 co-munidades, incluindo 12 dos sítios do Patrimônio Mundial Marinho da Unesco, até junho 2017.

O município de Barueri, localizado na Grande São Paulo, está recebendo sistema inteligente de energia, de-nominada Smart Grid. A iniciativa é da AES Eletropaulo e conta com o investimento de R$ 70 milhões, para benefi ciar cerca os 250 mil ha-bitantes do município. Este projeto é o maior Smart Grid já feito no Brasil e o primeiro a ser instalado em uma cidade metropolitana.

Inédita no Brasil, mas já em fun-cionamento na Europa, a tecnolo-gia “Smart Grid” informa ao con-sumidor em tempo real os gastos com energia elétrica. Como parte do Projeto Smart Grid, em maio, a AES começou a instalação de me-didores eletrônicos em duas comu-nidades na Cidade paulista, benefi -

ciando, ao fi nal, 2.100 famílias que receberão medidores inteligentes que interagem com a concessioná-ria em tempo real, permitindo que acompanhem de perto a leitura do consumo de energia. Além disso, a rede é preparada para reduzir ao máximo a ocorrências e a duração de falta de energia.

Já para contribuir com a gestão do uso de energia dentro das casas, a concessionária também está ins-talando um display, que permitirá a cada família visualizar o seu con-sumo diário, possibilitando consu-mo mais econômico e consciente da energia elétrica de forma a contri-buir, também, para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do sistema elétrico brasileiro.

As mudanças climáticas têm causa-do alterações nas fases de reprodução e de desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas, entre elas milho, trigo e café. E os impactos dessas al-terações já se refl etem na queda da produtividade no setor agrícola em países como Brasil e Estados Unidos. A avaliação foi feita por pesquisado-res participantes do Workshop on Impacts of Global Climate Change ou Agriculture and Livestock, realizado no dia 27/05, no auditório da Funda-ção de Amparo a Pesquisa do Estado

de São Paulo (Fapesp).“Sabemos há muito tempo que as

mudanças climáticas terão impac-tos nas culturas agrícolas de forma direta e indireta”, disse Jerry Ha-tfi eld, diretor do Laboratório Nacio-nal de Agricultura e Meio Ambien-te do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na si-gla em inglês). “A questão é saber quais serão o impacto e a magnitu-de dessas mudanças nos diferentes países produtores agrícolas”, disse o pesquisador no evento.

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, um estudo investiga um novo método capaz de tornar o funcionamento dos motores de automóveis veículos menos poluentes e mais eficien-tes. Trata-se de uma metodolo-gia de pesquisa que está na inter-face entre a química e que vem sendo estudado pelo docente do IFSC, Paulo Barbeitas Miranda, numa parceria de estudos com a pesquisadora do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), Janaína Fernandes Gomes.

O método utiliza uma célula a combustível (etanol, por exemplo) que gera energia elétrica com a pro-dução de pouco calor. Esta, por sua vez, alimenta um motor elétrico, que usualmente perde pouca ener-gia na forma de calor, tornando o funcionamento do automóvel mais efi ciente e, principalmente, limpo.

Em entrevista a Agência USP, o pesquisador Paulo Miranda disse que “atualmente, o grande desafi o é conseguir quebrar completamente a molécula de etanol para que ela alcance efi ciência máxima. Porém,

essa reação ainda gera muitos sub-produtos, tendo-se uma reação par-cial e o não aproveitamento de toda energia da molécula”.

CHINAA China pode isentar os compra-

dores de carros elétricos do paga-mento de impostos que incidem sobre as aquisições como parte de um conjunto de medidas estatais ampliadas para reforçar as vendas desses veículos depois que os últi-mos incentivos não foram sufi cien-tes para estimular a demanda.

POLUIÇÃO DO AR, MATA

Poluição do ar matou, cerca de 7 milhões de pessoas em todo o mundo em 2012. Segundo cal-cula a Organização Mundial de Saúde (OMS) uma a cada oito mortes no mundo é causada pela exposição ao ar poluído e doenças do coração, derrames e obstrução crônica do pulmão são as principais consequências da poluição excessiva do ar, que geralmente está ligada a políti-cas insustentáveis nos setores de transportes, energia, gestão de resíduos e indústrias.