o espírito escolar

52
escrito por Raquel Resende O espírito escolar

Upload: raquel-resende

Post on 28-Mar-2016

224 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: O espírito escolar

escrito por Raquel Resende

O espírito escolar

Page 2: O espírito escolar

Em São Bernardo do Campo, cidade do estado de São Paulo, existe uma escola muito antiga em que os alunos juram

ouvir barulhos estranhos e misteriosos durante as aulas. É uma escola muito grande onde a movimentação das pessoas

ocorre por meio de escadas e rampas.

A estrutura das escadas e das rampas é de ferro e o

chão de madeira.

Page 3: O espírito escolar

Certa vez, Luca, um dos alunos do 4º ano, e seu amigo Frederico foram ao banheiro, e escutaram um barulho na rampa da escola,

como se alguém estivesse pisando fundo no chão de madeira ou até mesmo correndo.

Quando eles olharam, a rampa toda estava vazia.

Page 4: O espírito escolar

Outro dia, a turma de Pati estava no recreio e a menina desceu até sua sala para pegar o lanche que havia esquecido. Ao chegar à porta da sala, ouviu um barulho de cadeira sendo arrastada. Ela estranhou e abriu a

porta lentamente. Ao entrar, o barulho cessou.

Como estava muito escuro porque todas as cortinas estavam fechadas e era um dia

nublado, ela acendeu a luz ...

Page 5: O espírito escolar

A sala estava do mesmo jeito como ela achou que estava assim que a turma saíra.

Foi pegar seu lanche na mochila. Ao abrir a mochila, sentiu um sopro em sua nuca e ouviu

um barulho muito alto de algo caindo no chão. Ela se assustou e ao olhar para trás, a

cadeira da professora estava caída, mas não havia mais ninguém na sala.

Page 6: O espírito escolar

Na semana passada, era semana do dia das crianças, todas as salas estavam fazendo atividades diferentes

da rotina. Em uma sala, a professora deixou os alunos livres para

brincarem com os jogos da turma. Um grupo de 4 alunos se reuniu no fundo da sala para brincar da

brincadeira do compasso. Eram dois meninos e duas meninas.

Eles começaram a brincar, aproveitando que a professora estava ocupada com

outro grupo ensinando uma brincadeira com baralhos.

Page 7: O espírito escolar

Outro aluno, o Tininho, que era o mais bobinho da turma, estava encarregado de

ficar vigiando caso a professora se aproximasse.

Pepe era o líder da brincadeira, ele mesmo que levou a ideia porque seu primo mais velho tinha lhe ensinado e ele achou que seria bacana assustar os amigos. Pepe

começou a explicar o jogo:

Page 8: O espírito escolar

– O meu primo me ensinou que a gente

tem que cortar as letras do alfabeto. Mas

como a gente está sem tempo, vamos

fazer tudo numa folha mesmo.

Page 9: O espírito escolar

Pepe arrancou uma folha no caderno e

desenhou um círculo com todas as letras

do alfabeto em volta.

Page 10: O espírito escolar

– Agora, escrevemos as palavras “SIM” e

“NÃO” – ele foi escrevendo enquanto dizia.

Page 11: O espírito escolar

Pepe colocou a folha no chão e olhou para a professora. Ela estava olhando para a rodinha

deles. Ele sorriu como se não estivesse fazendo nada de errado e ela voltou a explicar o jogo aos

outros alunos.

Em seguida, ele tirou o compasso do bolso e colocou a ponta com a agulha

no centro do círculo, pousou o dedo em cima do compasso, olhou para os

amigos na roda e perguntou:

Page 12: O espírito escolar

– Estão todos preparados?

Page 13: O espírito escolar

Todos responderam que sim.

O garoto, então, fez a primeira pergunta

ao compasso:

Page 14: O espírito escolar

– Existe algum espírito entre nós?

Page 15: O espírito escolar

O compasso girou uma volta completa e

parou na palavra

Sem contar a ninguém e sem que ninguém

percebesse, Pepe havia forçado o

compasso para parar nesta palavra.

Page 16: O espírito escolar

– Acho que não deu tempo do

espírito chegar ainda – caçoou Cícero,

o outro menino que estava na roda.

Todos riram, menos Pepe.

Page 17: O espírito escolar

– Não se deve brincar com essas

coisas, Cícero. – disse Pepe para colocar

mais medo nas meninas.

Ele continuou com a pergunta:

Page 18: O espírito escolar

– Existe algum espírito entre nós?

Page 19: O espírito escolar

Pepe sentiu seu dedo ficar leve, ele tentava

forçar o compasso, mas não conseguia mover o

objeto.

O compasso virou em direção a palavra

Uma das meninas queria participar:

Page 20: O espírito escolar

– Seja bem vindo espírito, eu me chamo

Caca, você é um homem ou uma mulher?

Page 21: O espírito escolar

O compasso seguiu até a direção de uma letra

Page 22: O espírito escolar

– E qual o seu nome? – perguntou

Cícero.

Page 23: O espírito escolar

O compasso girou e começou a marcar as

letras

Pepe interrompeu:

Page 24: O espírito escolar

– Gente, tem algo errado nisso aqui,

eu não consigo tirar o meu dedo.

Page 25: O espírito escolar

– Como assim, Pepe? – disse Cícero, pegando no braço do amigo.

Ele forçou, mas também não conseguiu mover o braço dele, era como se o dedo de

Pepe estivesse grudado no compasso.

Page 26: O espírito escolar

– Você colou seu dedo nisso? –

perguntou Caca.

Page 27: O espírito escolar

– Não! – dizia Pepe enquanto

continuava a puxar o braço.

Page 28: O espírito escolar

– Não quero mais brincar com isso

– disse Lila que já ia se levantando

quando Pepe quase gritou para ela:

Page 29: O espírito escolar

– Não, você não pode sair sem a

permissão do espírito. Senta logo, antes

que a professora perceba.

Page 30: O espírito escolar

A garota se sentou. E perguntou:

– Eu posso sair?

Page 31: O espírito escolar

Claro que o compasso girou em direção a

palavra

A menina olhou feio para Pepe.

Page 32: O espírito escolar

– Não me olha assim, eu

também quero sair – disse o

menino quase chorando.

Page 33: O espírito escolar

De repente, o compasso girou marcando letra

por letra formando a seguinte frase:

Todos olharam para Pepe.

Page 34: O espírito escolar

– A professora vai brigar com a

gente se a gente não parar –

disse Caca.

Pepe começou a chorar e abriu o jogo:

Page 35: O espírito escolar

– Era mentira gente, eu queria assustar vocês,

mas agora eu não consigo tirar meu dedo desse

compasso e estou com medo. Acho que isso é

real, eu quero parar. Eu quero parar.

Page 36: O espírito escolar

Todos começaram a ficar desesperados.

Caca então disse:

Page 37: O espírito escolar

– Espírito, faremos o que quiser, mas nos

deixe sair agora do jogo.

Page 38: O espírito escolar

O espírito girou o compasso formando a palavra

Todos prometeram, logo o dedo de Pepe se

soltou do compasso.

Page 39: O espírito escolar

Ele enxugou as lágrimas do rosto, se levantou e

pediu para a professora para deixa-lo ir ao

banheiro. A professora permitiu e não percebeu

que o olho de Pepe estava vermelho porque ele

escondeu o rosto.

Page 40: O espírito escolar

Ao chegar ao banheiro, Pepe lavou o

rosto e secou com o papel.

Quando estava saindo do banheiro, uma

mulher com roupas estranhas estava parada na porta.

Page 41: O espírito escolar

Ela olhava para ele, Pepe estranhou, mas

ainda teve coragem para perguntar:

Page 42: O espírito escolar

– Está perdida, moça?

Page 43: O espírito escolar

Ela balançou a cabeça negativamente.

Pepe estendeu a mão para ela, dizendo:

– Eu sou o Pepe, posso te ajudar

em alguma coisa?

Page 44: O espírito escolar

A mulher sorriu para ele, estendeu o

braço e apertou a mão de Pepe, dizendo:

– Meu nome é Joana. E você me

deve um favor.

Page 45: O espírito escolar

Pepe não voltou para a sala. Depois de um tempo, a professora mandou Cícero atrás

do amigo, mas ele não o encontrou. Pepe nunca mais foi visto. Ninguém soube

explicar o seu desaparecimento. Mas Cícero, Caca e Lila desconfiavam do

que havia acontecido ao amigo. Eles nunca contaram nada porque ficaram

com medo de serem considerados culpados.

Page 46: O espírito escolar

Anos mais tarde, em seu último ano nessa

escola, Caca soube de uma história que

aconteceu há muito tempo. Dizia uma

amiga dela:

Page 47: O espírito escolar

– Os alunos dizem que esses barulhos estranhos são feitos pelo espírito de uma

professora que foi encontrada morta dentro do banheiro dos meninos há muitos anos atrás. Minha mãe teve aula com ela e me

disse que essa professora era muito novinha, muito boazinha, tanto que os alunos faziam o

que queriam na aula dela.

Page 48: O espírito escolar

Até que um dia – continuou a amiga. - Um grupo de garotos queria assustar essa

professora. Um deles fingiu estar morto no banheiro, os outros correram para a sala de

aula dizendo que havia sido um acidente. Essa professora saiu correndo para ajudar o

aluno, mas no meio do caminho, ela escorregou sob o piso molhado e bateu a

cabeça com muita força.

Page 49: O espírito escolar

Os alunos perceberam que ela estava morta quando o sangue começou a escorrer pelo chão.

Eles voltaram para a sala e fizeram a turma inteira prometer que não sabiam de nada e que

nada daquilo havia acontecido. Ninguém falou a respeito, e como esses alunos

nunca foram punidos pelo crime, o espírito dessa professora fica vagando pela escola procurando

por alunos que brincam o tempo todo e não estudam.

Page 50: O espírito escolar

– Você sabe como se chamava essa

professora? – Caca perguntou sentindo

um arrepio no braço inteiro.

A amiga respondeu:

Page 51: O espírito escolar

– Sei sim, eles vivem mudando o nome

dela com o passar dos anos, mas minha

mãe me disse que a professora se

chamava ...

Page 52: O espírito escolar

Joana