o ensino religioso na pluralidade cultural brasileira
TRANSCRIPT
O ENSINO RELIGIOSO NA PLURALIDADE CULTURAL BRASILEIRA Fundamentos históricos, filosóficos, sociológicos e psicológicos do fenômeno religioso
Professor Richard Alecsander Reichert
A RELIGIÃO NO BRASIL A ESTRUTURAÇÃO DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA
Segundo Figueiredo o Ensino
Religioso no Brasil começa, de
certa forma, a partir da chegada
dos colonizadores europeus,
os quais buscavam evangelizar e
catequizar os indígenas que aqui já
viviam e os negros trazidos do
continente africano (1995 p.78).
Ainda segundo o autor era ensinado
por padres católicos ou pessoas
designadas com o formato de
catequese: ensino da doutrina
católica (1995, p. 78).
Até a proclamação da república o ensino religioso escolar confundia-se com
catequese, a partir de então as discussões se aprofundaram no sentido de fazer com que
o ensino religioso se constituísse de fato como um ramo do saber e estudado no ambiente
escolar desalinhado dos doutrinamentos religiosos. (Figueiredo, 1995).
Período Colonial (1500-1900) – havia união entre Igreja Católica e Estado: o
Ensino Religioso era confessional católico e tinha por finalidade a catequese e a
cristianização de índios e negros.
No período colonial brasileiro a
educação estava alicerçada entre
três esferas institucionais que eram:
a Escola, a Igreja e a
Sociedade política/econômica.
Nesta fase os colonizadores queriam
de qualquer forma impor suas
ideias europeias, enquadrando
assim, as pessoas aos valores
sociais que eles defendiam como
sendo bom para a sociedade, nesse
período o ensino religioso se fundia
e confundia com a corte.
Parafraseando Bundchen (2007), ressalta-se que tudo passava pela questão do ensino
religioso, como forma de evangelização para todos, ou seja, o papel do
ensino religioso, da igreja e da educação era catequizar, uma vez que, esse era o acordo
entre o papa e a coroa portuguesa.
A educação pública nesse período deveria ser gratuita, laica e para todos, mas é bem
verdade que neste momento o ensino religioso se liga ao pensamento ideológico do
Estado, que consistia em a burguesia tomar o lugar da hierarquia religiosa, e a educação
passaria a ser pensada como ideal da classe dominante, com seus interesses e
valores.
A religião passa a ser um dos principais aparelhos ideológicos do Estado,
concorrendo para o fortalecimento da dependência ao poder político por parte da
Igreja. Dessa forma, a instituição eclesial é o principal sustentáculo do poder
estabelecido, e o que se faz na Escola é o Ensino da Religião Católica Apostólica
Romana (PCN: ER, 2004:13).
O projeto dos colonizadores portugueses era verdadeiramente conquistar os gentios à fé
católica, para só assim mantê-los em um estado de submissão aos
objetivos da coroa portuguesa, uma vez que se sabe que os jesuítas desembarcaram
juntamente com os colonizadores portugueses, para aqui impor sua religião convertendo todos ao cristianismo.
O ENSINO RELIGIOSO A DISCIPLINA
Estado Positivista (1900-1934) e Nacionalista (1934-1945) – separação
entre Igreja e Estado que declara: “será leigo o ensino ministrado nos
estabelecimentos públicos” (Constituição de 1891), mas o Ensino Religioso será “...de
frequência facultativa e ministrado de acordo com os princípios da
confissão religiosa do aluno, manifestada pelos pais e responsáveis, e
constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias,
profissionais e normais” (Constituição de 1934), ou seja, o Ensino Religioso continua
sendo confessional e é ministrado pelos líderes das diversas religiões.
Período Republicano: Estado Liberal (1946-1964) – o Ensino Religioso passa a
ser componente da Educação, contemplado como dever do Estado em garantir a
liberdade religiosa do cidadão.
Período da Ditadura (1964-1985) – Estado Autoritário: ou democracia com
“liberdade” controlada - o Ensino Religioso, entendido como ensino da religião, é
mantido como disciplina obrigatória, porém, de matrícula facultativa.
Depois de muito debate, é promulgada
a Lei 9.475/97, que altera o Art. 33 da Lei N.
9.394/96 (LDB), configurando que o Ensino
Religioso:
É assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil;
São vedadas, nas aulas de Ensino Religiosa
quaisquer formas de proselitismo;
Lei 9.475/97
O Ensino Religioso deixa de ser
confessional;
Tem por objeto não o ensino de alguma
religião, mas o fenômeno religioso;
Na rede pública de educação, não são mais
as religiões, igrejas ou grupos religiosos os
responsáveis pelas aulas de Ensino Religioso
mas o próprio Estado, que contrata e qualifica
os professores.
Lei 9.475/97