o ensino corporativo de qualidade por meio da universidade corporativa
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O ENSINO CORPORATIVO DE QUALIDADE POR MEIO DA UNIVERSIDADE
CORPORATIVA
QUALITY CORPORATE EDUCATION THROUGH CORPORATE UNIVERSITY
RESUMO
O objetivo a que se propõe esse artigo é apresentar considerações sobre o processo de
aprendizagem organizacional de qualidade, exigindo uma nova dinâmica de aprendizagem, por meio da Universidade Corporativa, como forma de quebrar paradigmas tradicionais, trazendo para ela a responsabilidade pela coordenação do processo de ensino e aprendizagem
corporativo, desenvolvendo os aspectos técnico-funcional e comportamental, procurando suprir as deficiências do sistema educacional formal, com a finalidade de atender a demanda das
empresas por bons profissionais. O ensino corporativo de qualidade, por meio da Universidade Corporativa, pode ser apontado como ferramenta estratégica capaz de desenvolver novas técnicas, atualizar práticas e processos, criar projetos que possam ser implantados dentro da
organização e construir uma força de profissionais bem preparados, capaz de desenvolver o conhecimento como aspecto essencial à competitividade organizacional? As empresas
motivadas pela exigência da nova realidade concorrencial, vem investindo cada vez mais no desenvolvimento de seus profissionais, por meio do ensino corporativo de qualidade, via Universidades Corporativas, adaptando-a aos seus programas de aprendizagem corporativa
continuada conforme suas necessidades, desenvolvendo assim, um vínculo real entre educação corporativa, os objetivos e resultados estratégicos desejados.
Palavras-Chave: Ensino Corporativo de Qualidade; Universidade Corporativa; Aprendizagem Corporativa.
ABSTRACT
The objective of this article is to present considerations about the quality organizational learning process, requiring a new learning dynamics, through the Corporate University, as a way of
breaking traditional paradigms, bringing to it the responsibility for the coordination of the process of corporate teaching and learning., developing the technical- functional and behaviora l
aspects, seeking to fill the deficiencies of the formal educational system, in order to meet the demand of companies for good professionals. Quality corporate education, through the Corporate University, can be identified as a strategic tool capable of developing new
techniques, updating practices and processes, creating projects that can be deployed within the organization, and building a force of well-prepared professionals capable of developing
knowledge as an essential aspect of organizational competitiveness? The companies motivated by the demand of the new competitive reality are investing more and more in the development of their professionals, through the quality corporate education, through Corporate Universit ies,
adapting it to their programs of continuous corporate learning according to their needs, thus developing a real link between corporate education, the desired strategic goals and outcomes.
Keywords: Corporate Quality Teaching; Corporate University; Corporate Learning.
INTRODUÇÃO
Com as rápidas transformações tecnológicas, econômicas e sociais, há a necessidade de
se criar meios para um novo saber. Um caminho viável ao ensino corporativo de qualidade é o
investimento na ideia de uma educação norteada pelo pensar, com certeza contribuirá
expressivamente para maximizar alguns fatores motivadores do processo ensino e
aprendizagem no mundo corporativo.
O número de alunos matriculados no ensino superior no Brasil dobrou entre 2003 e
2013, mas a má qualidade do ensino oferecido não consegue atender a demanda das empresas
por bons profissionais saídos das universidades. Uma alternativa tem sido compensar essa
defasagem por meio do ensino corporativo de qualidade.
O objetivo a que se propõe esse artigo é apresentar considerações sobre o processo de
aprendizagem organizacional de qualidade, exigindo uma nova dinâmica de aprendizagem, por
meio da Universidade Corporativa, como forma de quebrar paradigmas tradicionais, trazendo
para ela a responsabilidade pela coordenação do processo de ensino e aprendizagem
corporativo, desenvolvendo os aspectos técnico-funcional e comportamental, procurando suprir
as deficiências do sistema educacional formal, com a finalidade de atender a demanda das
empresas por bons profissionais.
O ensino corporativo de qualidade, por meio da Universidade Corporativa, pode ser
apontado como ferramenta estratégica capaz de desenvolver novas técnicas, atualizar práticas
e processos, criar projetos que possam ser implantados dentro da organização e construir uma
força de profissionais bem preparados, capaz de desenvolver o conhecimento como aspecto
essencial à competitividade organizacional?
As empresas motivadas pela exigência da nova realidade concorrencial, vem invest indo
cada vez mais no desenvolvimento de seus profissionais, por meio do ensino corporativo de
qualidade, via Universidades Corporativas, adaptando-a aos seus programas de aprendizagem
corporativa continuada conforme suas necessidades, desenvolvendo assim, um vínculo real
entre educação corporativa, os objetivos e resultados estratégicos desejados.
A metodologia empregada neste artigo procurou articular as particularidades teórico -
conceituais que estão em íntima relação com as amplitudes, os interesses, os conhecimentos e
os saberes do pesquisador. Entendendo que o campo de pesquisa é derivado do universo do
conhecimento, do conhecimento científico, em suas relações com as áreas específicas dos
saberes do pesquisador.
Para tanto, o desenvolvimento metodológico da pesquisa foi baseado em campo
teórico, exploratório bibliográfico, tomando como base livros, artigos científicos, trabalhos
acadêmicos, revistas acadêmicas, entre outras fontes de consulta.
DO SENSO COMUM PARA O SENSO CRÍTICO
A curiosidade é a força motriz utilizado tanto na elaboração de pensamento ingênuo
quanto ao pensamento crítico. O que diferencia as duas formas de pensar é a inquietação em
relação aos critérios que corroboram com esse pensamento. A transposição do pensamento
ingênuo para o crítico é a aptidão que o indivíduo tem em aperfeiçoar o pensar, a capacidade
em passar do senso comum para o senso crítico.
Para Saviani (1986, p. 43) a curiosidade do ser humano sofre mutações ao longo do
tempo, as revoluções tecnológicas, econômicas e sociais, alteram os comportamentos,
transpondo o estágio da ingenuidade a condição crítica.
Ainda segundo Saviani (1986, p. 43) “transpor o senso comum à consciência filosófica
denota passar de uma concepção fragmentária e incoerente a uma concepção unitária, ativa e
cultivada”. Identificada pela manifestação presente à experiência de vida de cada indivíduo na
sociedade.
O aumento dos saberes, que permite compreender melhor o ambiente sob os seus
diversos aspectos, favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido
crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na
capacidade de discernir. (DELORS, 2003, p. 91).
Para transpor o senso comum é importante implementar na organização um sistema
empresarial de aprendizagem, capaz de disponibilizar a todos na empresa a oportunidade de
crescimento profissional e intelectual.
A condição crítica é a capacidade do indivíduo de externar suas considerações sobre
algo, seja ela negativa ou positiva, dentro de um contexto pela qual se estabelece critérios ou
razões que possibilitem a formulação de juízos de valor, compreendido pelo indivíduo como
padrões, regras, convenções, diretrizes, princípios, ideais, leis, objetivos etc.
As exigências impostas pelo novo paradigma tecnológico e de gestão empresaria l
apoiam-se na flexibilidade organizacional do trabalho, nas novas formas de contratação do
trabalho, nos produtos e padrões de consumo, e estão voltadas à produção de bens e serviços
com elevada carga de qualificação aplicada. Isto requer também uma mão de obra mais rápida
e eficiente, capacitada a sobreviver em um mundo cada vez mais concorrencial e competitivo.
A atual competitividade entre as empresas torna exponencial a batalha entre elas e as
conduz a alimentar uma demanda cada vez maior por mais ciência, mais tecnologia, melhores
formas de organização; para que possam estar à frente da empresa concorrente, para tanto,
buscam conquistar uma fatia maior do mercado e a ampliação do seu poder, ou seja, é a busca
do lucro a qualquer preço.
A rivalidade atual entre empresas pode ser caracterizada pela sensível alteração na
forma de disputa por um espaço no mercado cada vez mais canibalizado, promovendo-se uma
verdadeira antropofagia empresarial (WOOD, 1998, p. 6-17), elevando exponencialmente a
disputa pelo mercado, demandando mais tecnologia, forte reestruturação organizacional, mão
de obra mais qualificada, num círculo vicioso sem fim.
Em consequência disso, conforme relatam Cardoso e Carvalho (2006), muitas
organizações passaram a substituir os velhos modelos de centro de treinamento e
desenvolvimento, centrados no desenvolvimento pessoal, por novos modelos com
foco na capacitação e na aprendizagem contínua da força de trabalho. (LINHARES;
LINS, 2011, p. 4)
É nesse contexto que surge a Universidade Corporativa, como uma tentativa das empresas
de superar o modelo estático e reativo de treinamento e desenvolvimento, adotando amplo sistema
educacional corporativo (VERGARA; RAMOS, 2002). A postura da empresa em relação às
constantes necessidades de ampliação da capacidade de aprendizado corporativo exige
constates aperfeiçoamento na área de treinamento e desenvolvimento, recrutamento e seleção,
qualificação, entre outros fatores.
No entanto, apesar da promessa de resultados promissores do modelo “Universidade
Corporativa”, devem ser tomados muitos cuidados já conhecidos dos
administradores. Comprometimento da alta administração da empresa, existência de
recursos financeiros mínimos para implementação, eficiente e contínuo sistema de
comunicação do novo modelo, envolvimento das pessoas e adaptação à realidade da
empresa são alguns exemplos de cuidados fundamentais que devem ser tomados
para que o processo de mudança não naufrague no meio do caminho. Assim como
prédios de empresas e indústrias abandonadas que não acompanharam as mudanças
no ambiente à sua volta, os “campi” e os projetos de Universidades Corporativas
podem se tornar verdadeiros “elefantes brancos” para suas empresas, se não forem
bem administradas. (CARVALHO; CRUZ, 2001, p. 38.)
O ensino corporativo de qualidade deve ser entendido como um processo de educação
corporativa que permita a criação e sistematização da cultura da aprendizagem continuada, com
a utilização de ferramentas teórico-práticas capazes de promover o aprender a apreender, um
novo modo de pensar e agir que permita a todos os profissionais da empresa, clientes, parceiros
e fornecedores a obtenção de conhecimento, qualificações e competências necessárias para
atingir os objetivos estratégicos da organização, propiciando uma fonte de vantagem
competitiva sustentável frente aos concorrentes, com efeitos à longo prazo, criando um
ambiente favorável a criatividade, a inovação e pautado pela qualidade naquilo que se propõem.
AS PESSOAS NA ORGANIZAÇÃO E O PAPEL DO LÍDER
Os líderes tradicionais continuam aplicando a liderança extremada, conservadora e
centralizada, em geral, são literalmente treinados a buscarem resultados, focados na eficácia,
valorizam prazos; não incentivam o processo criativo e inovador na equipe; não elogia, mas é
extremamente duro quando alguém comete um erro; enaltece a disciplina e gosta que seus
subordinados respeitem a hierarquia, faz questão que o grupo saiba quem manda.
Existe uma diferença entre gerenciar e liderar, entre líder e liderança. A liderança pode
ser definida como o processo de influência pelo qual o líder, com suas ações, orienta de forma
compartilhada seus liderados rumo ao objetivo estabelecido. O líder é o indivíduo; já, a
liderança é a função ou atividade que esse indivíduo executa.
Outro ponto interessante a ser abordado é a diferença entre liderança e gerenciamento.
O gerenciamento está relacionado ao planejamento, aos objetivos e metas estabelecidas. A
liderança está pautada pela capacidade do líder em lidar com as mudanças, com as pessoas e
suas inter-relações.
A liderança está ligada ao conhecimento, empatia, relações interpessoais, motivações
etc., que se classifica como ação de fatores internos à pessoa; a gerência ou gerenciamento está
ligado à visão, planejamento, controle, administração de recursos; ação de fatores externos.
MUDANÇAS DE PARADIGMA
A partir de 1990 algumas expressões estão sendo exaustivamente utilizadas, em função
disso, acabam sendo entendidas de forma distorcida ou mesmo negligenciadas ao invés de
serem assimiladas no seu contexto maior. Uma dessas expressões é a “mudança de paradigmas”
ou a “quebra de paradigmas”.
Paradigma é definido, geralmente, como um conjunto de regras e/ou regulamentos
escritos ou não; a forma como se realiza determinada ação na empresa. O paradigma estabelece
e define limites, determina o comportamento de acordo com esse perímetro.
A “mudança de paradigma” acabou tornando-se sinônimo de adoção de novos modelos
e reflete a necessidade em mudar antigas formas de atuação na empresa, com a finalidade de
torná-las mais competitivas. Porém, poucas dessas “ações inovadoras” nas empresas podem
ser classificadas como quebra de paradigma.
Ao determinismo de paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo
de convicções e crenças, que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos e
a cada um a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força
proibitiva do tabu. As doutrinas e ideologias dominantes dispõem, igualmente, da
força imperativa que traz as evidências aos convencidos e da força coercitiva que
suscita o medo inibidor nos outros. (MORIN, 2003, p. 27).
As organizações em um contexto extremamente competitivo necessitam dispor de
profissionais altamente qualificados, exigindo uma sólida formação técnico-funcional como
comportamental, possibilitando a melhoria e a inovação contínua, gerando capacidade
competitiva.
Paradigma é toda uma constelação de opiniões, valores e métodos, participados
pelos membros duma determinada sociedade, fundando um sistema disciplinado,
mediante o qual está sociedade orienta a si mesma e organiza o conjunto de suas
relações. Sendo a globalização um novo elemento ambiental, é necessário observar
como as estratégias na área de Recursos Humanos, estão gerando mudanças na
estrutura organizacional. Mudanças principalmente em relação ao capital humano.
(KUHN, 1996, p. 75)
As pessoas resistentes às mudanças não entendem que a grande solução do passado pode
passar a ser um grande problema no presente, ou seja, o que é bom hoje, não quer dizer que é o
ideal para a empresa num próximo instante. Essas pessoas incorrem num grave erro, visto que
ao resistirem às mudanças tornam-se facilmente substituíveis.
O novo contexto competitivo internacionalizado nos oferece um ambiente cada vez mais
dinâmico, torna os processos nas empresas cada vez mais desatualizados em um espaço de
tempo muito curto. Por isso a importância, nesse momento, da aprendizagem corporativa.
A NECESSIDADE DA MUDANÇA
É notório que todo processo de mudança vem acompanhada por crises e rupturas nos
modelos gerenciais adotados pelas empresas. Isso resulta em uma transformação na cultura
organizacional, esse período de adaptação à nova realidade cria um período com a presença de
dois modelos de gestão o tradicional contrapondo-se a nova realidade organizacional.
O velho padrão de exploração taylorista/fordista que esteve em vigência durante o
século XX, está esgotando-se – em especial em setores de ponta da economia, com
tecnologia de produção contínua. No padrão antigo de exploração a educação jogava
um papel periférico, na medida em que o trabalhador era preparado na própria linha
de produção, sem necessitar de grandes conhecimentos técnicos e habilidades
especiais. Fragmentado, o trabalhador era rapidamente substituído por outro num
processo de barateamento da mão-de-obra. Ao longo desse século, as lutas dos
trabalhadores foram assediando este padrão de exploração que, aliada à surda guerra
intercapitalista deste final de éculo em torno da acumulação de tecnologia (condição
fundamental de hoje para se acumular capital), gerou a crise deste modelo de
exploração. A batalha intercapitalista acirrou o desenvolvimento de novas
tecnologias e, com elas, o aparecimento de novas formas de organização do trabalho.
(FREITAS apud LINHARES, 2006, p. 91).
As mudanças afetam diretamente a ordem corporativa e a vida das pessoas, transformam
a forma como devem ser encarados esses acontecimentos, mexe com autoestima, tem reflexos
imediatos em nossas vidas, na família, no trabalho, no convívio com os amigos, com os
parentes, enfim, está transformando as nações, as empresas e as pessoas.
O novo paradigma empresarial exige gestores da inovação, profissionais criativos,
aptos, qualificados, eficientes e eficazes, que tenham a capacidade de olhar a empresa de outra
forma, analisar o ambiente interno e externo, procurando uma formação contínua e
compartilhada de ensinar, aprender e liderar.
Para que haja transformação é preciso haver uma significa formação contínua e
compartilhada entre integrantes de uma organização, proporcionando um exercício
permanente de atitudes voltada as mudanças. “A mudança e a resistência à mudança
são os polos opostos do processo de transformação” (NOGUEIRA, 2005, p. 13).
O cerne do problema está na forma como as pessoas encaram as dificuldades, as suas
imperfeições, frustrações etc. É isso, na verdade, que as incomodam. O status quo, a segurança,
o espaço que conquistaram na empresa podem ser atingidos por fatores alheios a sua vontade,
por isso se sentem ameaçadas.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, focada na análise,
no enriquecimento de experiências e vivências capazes de mudar a estrutura e o significado das
práticas no trabalho e sua compreensão.
Para Fleury e Fleury (2001, p. 3):
O conceito de competência é pensado como conjunto de conhecimentos, habilidades
e atitudes (isto é, conjunto de capacidades humanas) que justificam um alto
desempenho, acreditando-se que os melhores desempenhos estão fundamentados na
inteligência e personalidade das pessoas.
Eficácia empresarial, gestão por competências, humanização nas empresas não
devem ser encaradas como neologismos e/ou novidades, mas ingredientes que devem se
misturar no dia-a-dia corporativo.
Rodriguez (2008, p. 4) faz referência às competências organizacionais:
Competências organizacionais: relacionadas às competências que a empresa
reconhecidamente possui e, portanto, depende não somente das pessoas, mas
também da gestão que utiliza e da tecnologia que a suporta. Significa que a empresa
só irá possuir determinada competência quando houver uma sintonia das dimensões
processos, tecnologia e pessoas, no sentido de formar e manter uma determinada
competência organizacional reconhecida pelos seus pares, quais sejam: clientes,
fornecedores, acionistas, sociedade, concorrentes e empregados.
Para Dutra (2001, p. 42) as empresas nesse novo contexto empregam diferentes formas
para caracterizar competências por meio da observação da evolução do processo
organizacional:
Observando esse processo evolutivo, nota-se que as competências nas organizações
tendem a ser caracterizadas como a contribuição das pessoas para a capacidade da
empresa de interagir com seu ambiente, mantendo ou ampliando suas vantagens
competitivas.
Na contramão Sandberg (apud BITENCOURT, 2004, p. 3) critica o conceito tradiciona l
de competências caracterizado por um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, por
meio da aquisição de atributos, caracterizado pela abordagem racionalista.
Por meio da análise de competências, eu estou cada vez mais convencido que os
aspectos essenciais da competência humana não podem ser reduzidos a uma lista
externa de atributos relacionados ao trabalho. Para ele, o desenvolvimento de
competências deve ser compreendido com base nas práticas organizacionais,
focalizando sua análise no enriquecimento de experiências e vivências (abordagem
interpretativa). Mais especificamente, nós destacamos que o desenvolvimento de
competências envolve a mudança na estrutura e no significado das práticas de
trabalho. A questão, então, refere-se não apenas ao que constitui as competências,
mas também a como as competências são desenvolvidas. Em suma, Sandberg
propõe a compreensão do significado do trabalho como a primeira fase para a
definição de competências. Para o autor, o desenvolvimento desse conjunto de
conhecimentos e habilidades envolve a mudança na compreensão do trabalho.
Bitencourt (2004, p. 3) reforça este entendimento, uma vez que possui um
posicionamento diferente a respeito do desenvolvimento das competências:
[ ] ...as competências se desenvolvem por meio da interação entre as pessoas no
ambiente de trabalho, privilegiando a questão da complementaridade; ou seja, não
se limitam ao desenvolvimento de um perfil idealizado de gestor (“super-homem”)
nem a listas infindáveis de atributos, mas se traduzem em práticas gerenciais
complementares ou em ações gerenciais articuladas (consolidação de competências
coletivas).
A gestão de pessoas por competências requer: 1. Foco na sustentação da estratégia da
organização; 2. Alinhamento dos diversos subsistemas e processos de Recursos Humanos; 3.
Potencialização do desenvolvimento dessas competências na organização.
A educação corporativa de qualidade é muito mais do que a implementação de um
programa de treinamento e desenvolvimento empresarial ou qualificação de mão-de-obra
oferecido por uma empresa aos seus profissionais.
Observando as diferenças entre um centro de treinamento tradicional e uma
universidade corporativa, Pinto (2004) destaca que a UC se baseia numa perspectiva
mais ampla da educação, cujo principal desafio é criar uma cultura onde a
aprendizagem seja um processo natural e inerente a toda forma de trabalho, em
qualquer nível da organização. De acordo com Eboli (2002), esse novo foco trazido
pela universidade corporativa ganhou força estratégica, evidenciando-se como um
dos pilares de uma gestão empresarial bem-sucedida. (LINHARES; LINS, 2011, p.
7)
Prahalad e Hamel tratam o conceito de competência, no nível organizacional, como um
conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos e gerenciais inerentes a
uma organização. Assim, competências essenciais as organizacionais são aquelas que conferem
vantagem competitiva, geram distinções no valor percebido pelos clientes e são difíceis de
serem imitadas pela concorrência. (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001, p. 10).
Alguns cases de sucesso são as empresas Vale do Rio Doce, Natura, Siemens, Caixa
Econômica Federal (CEF), Sadia, Banco do Brasil, Citibank, Embratel, Volksvagen,
Fiat, Carrefour, Bank Boston, investiram e perceberam as vantagens de
implementação da Univers idade Corporativa, com o objetivo de disseminar a cultura
da empresa aos colaboradores. [ ] A Universidade Corporativa tem as suas
iniciativas de desenvolvimento nas competências individuais, que formam as
competências empresariais tendo como base principal o planejamento estratégico,
sendo necessária está alinhada com os objetivos e as metas da empresa, conseguindo
de fato alcançar os lucros esperados dentro da Organização. (MENEZES, 2016, p.
5-8)
Apresenta-se no quadro 1 uma relação de competências e seus indicadores necessários
aos profissionais envolvidos com a gestão organizacional, entendida como um conjunto de
atributos capaz de gerar novos conhecimentos profissionais e organizacionais.
Quadro 1: Matriz de competências e habilidades
COMPETÊNCIAS INDICADORES
LIDERANÇA
- Ser agente na condução de ações de seu pessoal, oferecendo recursos para
aumentar a motivação e assegurar que os objetivos do negócio sejam
alcançados. - Ter a capacidade de facilitar o trabalho em equipe, rumo ao
objetivo pré-estabelecido, visando interesses interpessoais e organizacionais. -
Ser capaz de adotar estratégias e atitudes, ou seja, exercer a liderança
permitindo transformar a visão em ação.
VISÃO ESTRATÉGICA
- Reconhecer e definir problemas. - Capacidade de diagnosticar, analisar e
equacionar soluções. - Pensar estrategicamente. - Ter capacidade para tomar
decisões.
COMUNICAÇÃO
- Ter a capacidade de desenvolver expressão e comunicação na área de
atuação. - Desenvolver a capacidade de comunicar-se eficazmente em um
processo de negociação. - Comunicação interpessoal ou intergrupal. -
Apresentar a capacidade de se expressar clara e objetivamente, verbalmente
e/ou em documentos técnicos e de análise; fazer argumentações; formar
opinião fundamentada e manter a coordenação de ideias.
VISÃO OPERACIONAL
- Ser capaz de refletir e atuar criticamente no processo produtivo. -
Compreender a posição, a função, o controle e o gerenciamento do processo
de produção.
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Ser capaz de desenvolver o raciocínio lógico, crítico e analítico. - Ter a
capacidade para operar valores e formulações matemáticas presentes na
administração, controle e produção.
CRIATIVIDADE E
INOVAÇÃO
- Ter iniciativa, criatividade e determinação. - Ser proativo, aberto às
mudanças e disposição para aprender. - Trazer soluções para os problemas do
dia-a-dia. - Procurar soluções para um projeto ou alternativas para os
problemas. - Ter capacidade para promover mudanças de novas tecnologias de
gestão, informação, processos e de comportamentos considerando o tempo
como um elemento estratégico.
VALORES ÉTICOS
- Capacidade em entender as implicações éticas do seu exercício profissional.
- Capacidade de transferir conhecimentos da vida e experiências profissionais
em diferentes modelos organizacionais. - Tornar-se um profissional integro,
adaptável, justo, pautados por valores éticos e de cidadania.
ORGANIZAÇÃO E
PLANEJAMENTO
- Adquirir a capacidade para realizar, elaborar e desenvolver projetos. - Capaz
de planejar nos três níveis: estratégico, tático e operacional.
EMPREENDEDORISMO
- A capacidade em identificar e analisar novas oportunidades de negócio. - Ter
a capacidade de implementar as oportunidades de negócio, tendo como foco a
inovação e a criação de valor. - Capacidade de prever, controlar de forma
consistente os riscos e oportunidades, conseguindo antever problemas,
tomando decisões objetivas, práticas e eficientes. - Ter a habilidade de
gerenciar sua área e responsabilidades como um negócio, apresentando
comportamentos consistentes de arrojo e coragem na busca dos objetivos da
organização.
Fonte: elaborada pelo autor
É incontestável a importância da educação corporativa via Universidade Corporativa e
a intervenção e mediação da liderança no conjunto dos papéis relativos ao ensino e
aprendizagem, agregando um processo de avaliação que possibilite a criação de condições para
que os profissionais desenvolvam conhecimentos, competências e habilidades.
Segundo Meister (1999) a educação corporativa é um trabalho em andamento, na
busca da execução das estratégias da empresa. A educação corporativa também é
um laboratório de aprendizagem para a organização e um instrumento de educação
permanente. Dessa forma, a autora define educação corporativa como um sistema
de desenvolvimento de pessoas, pautado pela gestão por competências, cujo papel é
o de servir de ponte entre o aprimoramento pessoal e a estratégia de atuação da
empresa. (TUMELERO; VELOSO; AMAORIN, 2011, p. 3-4)
A Universidade Corporativa é responsável pela gestão de todas as iniciativas de
educação da empresa, melhorando a qualidade do conhecimento, a fim de ampliar o seu nível
de compreensão sobre a empresa e o negócio, num efeito multiplicador de informações que
complementarão as já estabelecidas para a execução das atividades profissionais quotidianas,
possibilitando a toda empresa e ao quadro de pessoal a chance de crescimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que se preconizem inovações nas organizações, o componente intelectual demonstra
ser indispensável à aprendizagem corporativa porque tudo parece indicar que somente com uma
articulação de nível intelectual poderemos avançar no âmbito da qualificação profissional desejada.
Essa articulação compreende a interação com a realidade por meio do questionamento constante
das práticas educativas empregadas pela empresa.
A acentuada aceleração no desenvolvimento científico e tecnológico nas últimas três
décadas tem marcado as empresas com profundas transformações na gestão, no modo de produção
e nas relações humanas.
O foco principal da Universidade Corporativa está direcionada a formação, qualificação e
requalificação de profissionais; a interação com todos os níveis hierárquicos, promovendo ações
de reciprocidade, de trocas mútuas, por meio de suas ações de ensino, aprendizagem e
humanização.
O foco da educação corporativa de qualidade deve firmar-se na amplitude das atitudes,
ações e decisões dos empregados envolvidos em qualquer projeto, procurando ajustar o foco das
suas atenções; atender suas necessidades e aspirações; ultrapassar os obstáculos internos e externos
que possam desfavorecer o atingimento do objetivo seja ele empresarial ou pessoal.
A empresa tradicional, não conseguirá atingir a transposição entre uma empresa tradicional
focada no produto para uma empresa contemporânea focada na visão do cliente, se não entender
o papel fundamental que a educação corporativa e as pessoas exercem nesse novo contexto.
Uma verdade é incontestável: a tomada de decisão, as constantes mudanças, as
instabilidades econômico-político-social sempre estarão presentes no dia a dia empresarial. Isso
leva a reflexão de quão importante é o conceito de melhoria contínua, a atualização dos
equipamentos com o surgimento de novas tecnologias e o investimento nas pessoas em busca de
novas competências e habilidades, caso isso não ocorra provocarão certamente a perda de
competitividade em relação à concorrência.
A empresa que pretende ser eficaz nesse século, não pode esquecer-se de que está sendo
julgada pelo cliente. A empresa deverá tomar por base seus compromissos éticos, pela qualidade
de vida das pessoas – consideremos aí - os empregados, os clientes, os fornecedores e os cidadãos
em geral, pelas relações responsáveis com o meio ambiente e a responsabilidade social da empresa.
O paradigma até aqui sustentado pela maioria das empresas apresenta graves deformações.
A sociedade já está cobrando a imposição de novas ações corretivas por parte das empresas,
cobrando a mudança desse paradigma tradicional baseado na obtenção de lucros a qualquer custo.
A liderança não deve estar voltada apenas para os aspectos tecnológicos, financeiros e
materiais, visto que esses fatores isoladamente não se transformarão em vantagem competitiva, em
fator de sucesso dos negócios, por isso será indispensável considerar a extensão est ratégica das
pessoas na organização.
As Universidades Coorporativas surgiram pautadas na necessidade das empresas em se
adequarem à nova realidade competitiva internacionalizada, tendo como matriz a gestão do
conhecimento por meio da aprendizagem corporativa como um grande desafio empresarial
contemporâneo.
O processo de aprendizagem, a geração, a aplicação e transmissão do conhecimento são,
hoje, os motores de geração de vantagens competitivas em relação aos concorrentes e a gênese de
riquezas para as organizações.
A aprendizagem corporativa está associada às expressões como sociedade do
conhecimento, economia baseada em conhecimentos, redes de conhecimento e capitais do
conhecimento. Assim como os esforços empresariais estão relacionados a investimentos e os
retornos auferidos, que refletem a importância da gestão empresarial apoiada no conhecimento.
O novo paradigma de aprendizagem corporativa muda o sentido da administração
empresarial tradicional, passa a ser baseado na gestão do conhecimento, ou seja, o novo modelo
de gestão empresarial está, justamente, na capacidade da empresa converter o conhecimento
adquirido em qualidade, produtividade e inovação, gerando um diferencial competitivo sustentável
ou duradouro, devendo ser continuamente repensado.
O plano de aprendizagem corporativa requer, além da iniciativa de caráter estrutural, uma
nova orientação pedagógica empresarial. Esse novo rumo deve orientar a estratégia, mas motivada
pela formação e pelo desenvolvimento do capital intelectual. Ou seja, a formação das pessoas deve
acompanhar o desenvolvimento de novos conhecimentos e a partir deles gerar novas competências
técnicas e comportamentais que pressupõe o conhecimento de novos processos e novas
tecnologias, atitudes e comportamentos compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas.
As empresas estão compulsoriamente entendendo que não há mais espaço no mercado para
empresas com estruturas empresariais ineficazes, tanto no seu tamanho quanto a sua estrutura de
hierarquização. É justamente nesse universo de mudanças cada vez mais rápidas e aceleradas, na
qual surge a necessidade da aprendizagem eficaz.
O novo contexto empresarial abordado neste artigo busca compreender o mundo em
transformação e destacando que a aprendizagem corporativa representa mais que a simples
incorporação de novas atitudes, ela retrata um horizonte para o desenvolvimento das empresas e
de seus profissionais.
A cultura da aprendizagem corporativa de qualidade via Universidade Corporativa difere
dos tradicionais modelos de treinamento, visto que esse novo processo se baseia em vários padrões,
não podendo ser representado por um processo único ou pré-estabelecido, mas por um conjunto
de medidas que envolvem todos dentro da empresa.
As organizações que ensinam e aprendem são aquelas que desenvolveram a capacidade de
gerenciamento do conhecimento e dos talentos disponíveis nelas. Neste sentido, pode-se
considerar que a relação entre a aprendizagem corporativa e o papel da Universidade Corporativa
como instrumento de um mesmo construto, são capazes de capacitar às pessoas na empresa para
lidarem com as exigências impostas pelo novo contexto competitivo.
A aprendizagem empresarial e a Universidade Corporativa são instrumentos
condicionantes de sucesso da empresa em relação à concorrência e a utilização desses instrumentos
de gestão pela empresa deve ter como objetivo maior a melhoria das performances profissional e
organizacional, principalmente, o desenvolvimento das pessoas em um sentido mais amplo. Visto
que o conhecimento e o desempenho representam, ao mesmo tempo, um valor econômico à
organização e um valor social ao indivíduo.
Conclui-se que desenvolver pessoas não significa destinar apenas recursos finance iros
na criação de uma Universidade Corporativa, mas é o investimento na mudança de atitudes que
possam melhorar, efetivamente, o desempenho da empresa e seus profissionais, tendo como
foco o desenvolvimento de novas competências técnicas, comportamentais e gerencia is
consideradas essenciais para a o sucesso da empresa.
BIBLIOGRAFIA
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