o empreendedorismo na melhor idade: um estudo de caso
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03/06/2015
O EMPREENDEDORISMO NA
MELHOR IDADE: um estudo de
caso na Fundação Educacional
São Carlos (FESC)
Tecnologia em Processos Gerenciais
Evandro Pinheiro dos Santos
Leticia Maiara Garcia
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO – CAMPUS SÃO CARLOS
TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS
Evandro Pinheiro dos Santos
Letícia Maiara Garcia
O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação
Educacional São Carlos (FESC)
SÃO CARLOS/SP
2015
EVANDRO PINHEIRO DOS SANTOS
LETÍCIA MAIARA GARCIA
O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação
Educacional São Carlos (FESC)
Monografia, apresentada ao Instituto Federal de São Paulo – Campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerencias. Orientadora: Prof.ª Ms. Renata O. de Carvalho.
SÃO CARLOS/SP
2015
EVANDRO PINHEIRO DOS SANTOS
LETICIA MAIARA GARCIA
O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação
Educacional São Carlos (FESC)
Monografia, apresentada ao Instituto Federal de São Paulo – Campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerencias.
Data de Aprovação: __/__/2015
_________________________________________________
Prof. Ms Renata O. de Carvalho
Instituto Federal de São Paulo
_________________________________________________
Prof.Ms. Miriam Toyama
Instituto Federal de São Paulo
_________________________________________________
Prof.Ms. Diego Fogaça
Instituto Federal de São Paulo
SÃO CARLOS/SP
2015
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus pela saúde е força pаrа superarmos as
dificuldades.
Agradecemos sinceramente a Professora Ms. Renata, orientadora deste
trabalho, pela dedicação e empenho que dirigiu e orientou nossos passos e nossos
pensamentos para a realização deste trabalho e alcance de nossos objetivos.
Aos funcionários e alunos da Fundação Educacional de São Carlos, os quais
foram fundamentais para a realização deste trabalho, a todos professores qυе nos
acompanharam durante а graduação, nossos mais sinceros agradecimentos, e a todos
os nossos familiares que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que
chegássemos até esta etapa de nossas vidas.
A todos os aqueles que direta ou indiretamente se doaram para que a
conclusão deste trabalho se tornasse possível. Muito obrigado!
RESUMO
O envelhecimento da população é um fenômeno demográfico constatado
mundialmente. Esse fenômeno causa alguns problemas para as sociedades atuais,
porque o pagamento de impostos e de aposentadorias são inversamente proporcionais.
Diante disso, o empreendedorismo pode ser uma saída para a clássica pergunta que
muitas pessoas na terceira idade se fazem: e agora o que vou fazer da vida? O objetivo
desta pesquisa é verificar como o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade,
oferecido pela Fundação Educacional de São Carlos (FESC), contribui para o
desenvolvimento do empreendedorismo na terceira idade. Para tanto, foi realizado um
estudo de caso, que procurou estudar especificamente, o Projeto de Inclusão Digital da
Terceira Idade, com foco na ação empreendedora. Os dados foram coletados através
de uma entrevista semiestruturada com o coordenador e um dos educadores do
projeto. Foi aplicado um formulário com seis alunos envolvidos no processo de
capacitação e foi realizada a observação direta dos trabalhos realizados pelo grupo. Os
resultados demonstram que os participantes conseguiram aplicar seus conhecimentos
de vida à nova realidade que o empreendedorismo trouxe para eles. Com o uso da
tecnologia, do conhecimento em empreendedorismo, oferecido por cursos de
capacitação e oficinas, através da parceria com outras instituições como o Senac,
Sebrae e faculdades, proporcionou a inclusão desses idosos no mercado de trabalho.
Eles puderam melhorar suas atividades produtivas e desenvolveram seus próprios
negócios. Isso lhes trouxe uma ocupação e a reinserção no mercado de trabalho e
desencadeou uma série de fatores positivos, tanto físicos quanto psicológicos,
proporcionando qualidade de vida, resgatando seus valores e em alguns casos,
servindo como fonte de renda complementar.
Palavra chave: Empreendedorismo. Terceira idade. FESC.
ABSTRACT
The aging population is a demographic phenomenon observed worldwide. This
phenomenon causes some problems for today’s societies, because the payment of
taxes and pensions are inversely proportional. Thus, entrepreneurship can be a way out
of the classic question that many people in later lifer often ask: what will I do with my life
now? The aim of this work is to verify how the Productive Inclusion Project in Third Age,
offered by the Educational Foundation of São Carlos (FESC), contributes to the
development of entrepreneurship in Third Age. To achieve this goal a case study was
conducted analyzing specifically, the Third Age Digital Inclusion Project, focusing on
entrepreneurial action. Data were collected through semi structured interviews, being
interviewed the project coordinator and educator. It was applied a form six students
involved in the training process and direct observation of the work done by the group
was performed. The results showed that the participants were able to apply their
knowledge of life to the new reality that entrepreneurship has brought to them. With the
use of technology, knowledge in entrepreneurship offered by training courses and
workshops through partnerships with other institutions such as the SENAC, SEBRAE
and colleges, provided the inclusion of the elderly in the labor market. They could
improve their production activities and develop their own business. That brought them
an occupation and the reintegration into the labor market and set off a series of positive
factors, both physical and psychological, providing quality of life, rescuing their values
and in some cases, serving as a supplementary income source.
Keywords: Enterprising. Third Age. FESC.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1: Cartões de visita ............................................................................................. 47
Figura 2: Etiqueta de controle de vendas ....................................................................... 48
Figura 3: Feira realizada na Fundação – pintura em tecido ........................................... 49
Figura 4: Feira realizada na Fundação – crochês e pedrarias ....................................... 50
Figura 5: Feira realizada na Fundação – culinária e alunas ........................................... 50
GRÁFICOS
Gráfico 1: Proporção de usuários de internet, percentual sobre o total da população ... 34
Gráfico 2: Nível de Escolaridade .................................................................................... 45
Gráfico 3: Ocupação das alunas no Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade........ 46
Gráfico 4: Faixa de Renda ............................................................................................. 46
QUADROS
Quadro 1: Características mais frequentes entre os empreendedores .......................... 25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Sonho dos brasileiros segundo características sociodemográficas................ 31
Tabela 2: Empreendedores iniciais ................................................................................ 31
Tabela 3: Distribuição dos brasileiros segundo características sociodemográficas ....... 32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1.1 Objetivos Da Pesquisa ............................................................................................. 11
1.2 Justificativa ............................................................................................................... 11
1.3 Metodologia .............................................................................................................. 12
2 EMPREENDEDORISMO: A EVOLUÇÃO DO CONCEITO ......................................... 16
2.1 Empreendedorismo no Brasil ................................................................................... 19
2.2 O impacto econômico do empreendedorismo .......................................................... 23
2.3 Características dos empreendedores ....................................................................... 24
2.4 Tipos de empreendedores ........................................................................................ 26
3 EMPREENDEDORISMO NA TERCEIRA IDADE ........................................................ 31
4 ESTUDO DE CASO: FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO CARLOS (FESC) ....... 36
4.1 O Programa Educacional De Inclusão Digital (PID) ................................................. 38
4.1.1 Projeto Inclusão Produtiva Na Terceira Idade ....................................................... 39
4.2 Pesquisa de campo: coleta e análise dos dados ...................................................... 41
4.2.1 Análise da entrevista ............................................................................................. 42
4.2.2 Análise do formulário e da observação direta ....................................................... 44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 53
Apêndice A - Roteiro para entrevista com o coordenador e o educador do Programa PID...................................................................................................................................59
Apêndice B - Formulário para os alunos da FESC..........................................................60
9
1 INTRODUÇÃO
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2009),
o número de pessoas idosas no país vem crescendo em ritmo acelerado. Este número
chega a ser maior do que o de pessoas que nascem devido à redução da taxa de
natalidade e também aos avanços da medicina. A qualidade de vida das pessoas
idosas tem melhorado e aumentado, o que é uma aspiração natural de qualquer
sociedade. Entretanto frente a esse cenário aumentam os gastos estatais para a
manutenção de vida dessas pessoas o que se torna um aumento de tributos para a
população.
Com este novo cenário a estrutura de gastos do país muda em diversas áreas
importantes. O ritmo de crescimento da população da terceira idade tem resultados
expressivos: em 2009 eram cerca de 21 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, de
acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD (IBGE, 2009, p.94).
Em outra pesquisa realizada pelo mesmo órgão no ano de 2013, os números mostram
que a população idosa passou para 26,1 milhão, um crescimento em torno de 4,1
milhão de pessoas em quatro anos. (PNAD apud G1, 2014).
No município de São Carlos de acordo com as projeções desenvolvidas pelo
Sistema Estadual e Análise de Dados (SEADE apud JORNALPP, 2015), a população
de idosos neste ano na cidade poderá chegar a 14,56% de um universo de 233.249
habitantes, ou seja, 33.979 serão idosos, em primeiro de junho de 2015. Em 2030 a
projeção aponta que do total geral de 253.937 habitantes, 55.499 serão idosos, o que
representa em termos percentuais 21,8% da população.
Essas projeções permitem aos pesquisadores refletirem sobre como será a
qualidade de vida que essas pessoas (idosos) terão em um futuro próximo e quais
serão as fontes de renda que esse público terá para sobreviver, pois de acordo com a
pesquisa divulgada pelo site Último Segundo do portal Ig, 43,2% dos idosos vivem com
um salário mínimo (SEGUNDO, 2010).
É neste cenário que a Fundação Educacional de São Carlos (FESC), mantida
pela Prefeitura Municipal de São Carlos, realiza um Projeto Especial, denominado
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“Inclusão Produtiva na Terceira Idade” que está voltado à capacitação de alunos com o
interesse em desenvolver atividades na área de empreendedorismo. O Projeto está
inserido no Programa Educacional de Inclusão Digital (PID) que também é oferecido
pela FESC.
Para Dornelas (2005 p. 29), “o empreendedor é aquele que detecta uma
oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos
calculados.” Já para Chiavenato (2007 p.3), o empreendedor é a pessoa que inicia e/ou
opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e
responsabilidades e inovando continuamente.
E ainda de acordo com Chiavenato (2007 p.4)
os empreendedores são heróis populares no mundo dos negócios. Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam crescimento econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma economia em mudança, transformação e crescimento.
O Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade faz parte dos projetos
oferecidos pela FESC e da programação de cursos, oficinas e capacitações oferecidos
pelo PID. Ambos os projetos ofertam a população local especializações. O primeiro
busca integrar idosos que já desenvolvem algum tipo de atividade que lhes traga renda
novamente ao mercado de trabalho e o PID visa o ensino de informática a qualquer tipo
de pessoa. A associação desses projetos com foco no público da terceira idade garante
a atividade empreendedora, melhoria da integração do idoso com a sociedade e a
reinserção do idoso no mercado de trabalho.
De acordo com o projeto pedagógico do Programa de Inclusão Digital (PID)
elaborado pela diretora-presidente Profª. Dra. Elisabeth Márcia Martucci e o
coordenador de ensino Prof. Adailton Roberto de Morais, um dos objetivos específicos
do programa PID é (MARTUCCI, MORAIS 2007)
Oferecer formação básica em informática para crianças, jovens, adultos e pessoas idosas, que permita a aquisição de conhecimentos e habilidades específicas para o uso de computadores e da Internet, aliando conteúdos e habilidades básicas para o exercício da cidadania.
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Entendendo que o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade, que foi
desenvolvido por iniciativa da diretora Profª. Dra. Elisabeth e do Educador Prof. Adailton
Roberto de Morais, vai ao encontro de conceitos que visam melhorar a qualidade de
vida da terceira idade são-carlense, através de aulas e oficinas voltadas para prática do
empreendedorismo, e sendo o mercado de trabalho seletivo e excludente,
principalmente para a terceira idade, torna-se problema desta pesquisa compreender:
Qual é o impacto que o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade tem na promoção
do empreendedorismo para a terceira idade?
1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA
O objetivo geral desta pesquisa é verificar como o Projeto Inclusão Produtiva na
Terceira Idade, oferecido pela Fundação Educacional de São Carlos (FESC), contribui
para o desenvolvimento do empreendedorismo na terceira idade.
Para operacionalizar a pesquisa, foi necessário estabelecer alguns objetivos
específicos, que são pontos importantes na compreensão do problema pesquisado:
a) Apresentar a evolução do empreendedorismo no Brasil e o seu impacto
socioeconômico;
b) Apresentar o Programa de Inclusão Digital (PID) e o Projeto Inclusão
Produtiva na Terceira Idade, desenvolvidos pela Fundação Educacional de
São Carlos.
c) Identificar o impacto do Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade na
atividade empreendedora da terceira idade são-carlense.
1.2 JUSTIFICATIVA
O envelhecimento da população brasileira já é fato mensurado nos estudos do
IBGE (2009), gerenciar esse contingente nacional fica cada vez mais complicado, uma
vez que a arrecadação de impostos e o pagamento de aposentadorias são
inversamente proporcionais. Frente a esse desafio, surge a proposta da Prefeitura
12
Municipal de São Carlos de fomentar e promover o empreendedorismo através da
Fundação Educacional São Carlos (FESC), que oferece projetos de inclusão digital e de
capacitação da terceira idade são-carlense para que possam aprender e começar a
empreender.
O empreendedorismo na terceira idade pode ser uma ferramenta de inclusão
social e uma ferramenta de melhoria na qualidade de vida, por proporcionar motivação
e autoestima ao idoso. O empreendedorismo na terceira idade foi escolhido como tema
de estudo por saber que este poderia ser um caminho interessante a ser trilhado pelos
idosos para desempenharem novamente papéis ativos na sociedade.
Conforme Longenecker; Moore; Petty (2004), os empreendedores são heróis
populares da moderna vida empresarial, pois são capazes de fornecerem empregos,
gerar inovações, favorecer o crescimento econômico do país. O empreendedorismo é
uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial
foi para o século 20 (TIMMONS, 1990 apud DORNELAS, 2007, p. 42).
“Atualmente os empreendedores são reconhecidos como componentes
essenciais para mobilizar capital, agregar valor aos recursos naturais, produzir bens e
administrar os meios para administrar o comércio”. (SEBRAE, 2007, p.2).
Deste modo a opção dos pesquisadores pelo tema surgiu a partir do interesse
de se aprofundarem e conhecerem melhor as ações que a Fundação Educacional de
São Carlos tem realizado no Município, capacitando a terceira idade através do Projeto
Inclusão Produtiva na Terceira Idade para que esse público possa começar a
empreender.
1.3 METODOLOGIA
A metodologia é o padrão de procedimentos que serão utilizados para se
chegar a determinado(s) objetivo(s) que se propõe(m) a pesquisa. “É por ela que se
definem os meios e caminhos seguidos pelos pesquisadores, quais foram os processos
mentais e também os processos da pesquisa cientifica”. (SILVA, MENEZES, 2005, p. 9-
10).
13
Esta pesquisa, em resumo, classifica-se como uma pesquisa de natureza
aplicada, com abordagem qualitativa, objetivo exploratório e descritivo e estudo de
caso.
A pesquisa de natureza aplicada segundo Silva e Menezes (2005) apud Matias-
Pereira (2012, p. 87), “tem como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática e
dirigida à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.
Com isso, o intuito é conhecer o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade
desenvolvido pela Fundação Educacional de São Carlos, através do Programa
Educacional PID (Programa de Inclusão Digital) na cidade de São Carlos- SP oferecido
ao público da terceira idade do município.
Quanto à abordagem qualitativa, entende-se:
A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requerem uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. (SILVA, MENEZES, 2005 apud MATIAS-PEREIRA, 2012, p. 87)
Os pesquisadores buscaram compreender como o Projeto Inclusão Produtiva
na Terceira Idade vem contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos idosos
que participam do projeto na cidade de São Carlos.
O objetivo da pesquisa é exploratório, que de acordo com a definição de Gil
(2009) apud Matias-Pereira (2012, p. 88), “visa proporcionar maior familiaridade com o
problema com intuito de torná-lo explícito ou de construir hipótese. [...] Assume, em
geral as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso” e descritivo que de
acordo com (TRIVIÑOS, 1987 apud GERHARDT, SILVEIRA, 2009, p. 35) “A pesquisa
descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja
pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de
determinada realidade”. Desta forma, como procedimento da pesquisa foi feito um
estudo de caso na FESC e realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema
empreendedorismo.
Foram utilizadas fontes bibliográficas para discorrer principalmente sobre o
tema central da pesquisa: o empreendedorismo, pois segundo Rampazzo (2013, p. 52),
14
“a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas (em livros, revistas etc.)”.
A pesquisa documental foi utilizada para descrever sobre a Fundação
Educacional de São Carlos e seus programas educacionais, informações essas que
foram em sua maioria obtidas através do site da Fundação. Dados sócio demográficos,
como, por exemplo, das bases do IBGE, também serviram para a fundamentação
teórica. De acordo com (GIL, 2009) apud Matias-Pereira (2012, p. 88) a pesquisa
documental “é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico”.
Quanto ao estudo de caso os pesquisadores buscaram conhecer melhor sobre
as atividades realizadas pela FESC, conhecer mais a respeito do Projeto, Programa
PID e de que forma a fundação atua no município de São Carlos.
Para Gil (2009) apud Matias-Pereira (2012, p. 89) “o estudo caso é quando
envolve o estudo aprofundado e exaustivo de um ou poucos objetivos de maneira que
se permita o seu amplo e detalhado conhecimento”.
Os instrumentos de coleta de dados adotados no estudo de caso foram: a)
observação direta; b) uma entrevista com o Coordenador do Programa PID e com um
Educador; e c) Formulário aplicado com alunos do Projeto Inclusão Produtiva na
Terceira Idade.
A observação segundo Rampazzo (2013, p. 116), “no sentido mais simples,
observar é aplicar os sentidos a fim de obter uma determinada informação sobre algum
aspecto da realidade”. Deste modo ocorreu a observação direta durante a realização
das feiras abertas ao público que acontecem duas vezes por semana dentro da própria
FESC, que tem como objetivo possibilitar que os alunos comercializem seus próprios
produtos.
A pesquisa conta também com uma entrevista semiestruturada (Apêndice A)
realizada com o Educador do programa PID e com o coordenador no campus da Vila
Nery na Fundação Educacional, a entrevista teve o intuito de obter melhores
informações sobre as ações do projeto Inclusão Produtivas na Terceira Idade.
Segundo Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semiestruturada está
focalizada em um assunto sobre o qual é elaborado um roteiro com as principais
perguntas, porém, durante a entrevista, as perguntas do roteiro são complementadas
15
por outras questões inerentes às circunstancias momentâneas à entrevista. As
informações podem ser encontradas de forma livre e as respostas não estarão
engessadas a um roteiro rígido e condicionante de alternativas.
Outro instrumento de coletas de dados utilizados na pesquisa foram os
formulários aplicados com seis alunos (Apêndice B) com o objetivo de conhecer melhor
os benefícios oferecidos pelo projeto e também identificar se o projeto tem melhorado a
qualidade de vida dos idosos que participam.
Para Silva e Menezes (2000 p. 34) “Formulário é uma coleção de questões
perguntadas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra
pessoa/o informante”.
16
2 EMPREENDEDORISMO: A EVOLUÇÃO DO CONCEITO
O termo empreendedorismo tem sua origem do francês entrepreneur que
significa: “aquele que está entre”, quando traduzido literalmente (HISRICH; PETERS;
SHEPHERD, 2009, p.27). Porém para os dias de hoje essa palavra pode ser entendida
como “aquele que assume riscos e começa algo novo” (DONERLAS, 2014, p.19).
Claramente que para chegar a essa ideia, o termo, ao longo dos anos sofreu
mudanças, sendo adaptado com o contexto histórico, social e cultural em que era, foi
ou é empregado.
De um modo geral a origem do termo empreendedor data do século XV, que
para Dornelas (2014, p.19), era considerado empreendedor, aquele que a qualquer
custo, manteria seu negócio e fosse capaz de descobrir novos caminhos e razões para
ser financiado por alguém disposto a comprar mercadorias do Oriente, daí a ideia de
intermediário ou “aquele que está entre”.
No final do século XIX e no início do século XX, segundo o mesmo autor,
gerentes ou administradores eram confundidos com empreendedores, porque eram
tidos os empreendedores como pessoas que organizavam a empresa, pagavam os
empregados, planejavam, dirigiam e controlavam a organização, entretanto, sempre a
serviço do capitalista.
Somente em meados do século XX, conforme relatam Hisrich, Peters e
Shepherd (2009, p.29) é que se estabelece a visão do empreendedor como uma
pessoa inovadora, como aquele que consegue enxergar gargalos em processos e
aproveitar-se deles da melhor maneira possível, gerando assim uma ferramenta ou
serviço novo ou modificando partes desse processo para fazê-lo mais eficiente.
O termo sofreu alterações até chegar aos dias de hoje, onde temos um mundo
globalizado e extremamente dinâmico e onde as relações mercadológicas não são tão
fáceis de serem compreendidas ou mapeadas. É preciso muito estudo para poder
empreender e ter sucesso naquilo em que se investe.
O empreendedorismo como ciência é entendido como algo relativamente novo
e em constante mudança, tendo em vista, a economia que surgiu há alguns séculos
atrás e a administração há pouco mais de cem anos. Este termo está em constante
17
mudança devido ao dinamismo encontrado no paradigma de mercado em que está
inserido, vem ganhando destaque e sendo discutido em todo mundo atualmente,
segundo Hisrich, Perters e Shepherd (2009), para definir empreendedorismo devemos:
Levar em consideração que este pode ser compreendido e visto sob perspectivas conceituais diferentes, justamente por possuir diferentes significados às pessoas, podem existir aspectos comuns: risco, criatividade, independência e recompensas.
Devido a várias e constantes mudanças que ocorrem no mercado global, o
termo vem sendo discutido e tem sido tomado como prioridade em muitos países,
ganhando destaque em países considerados em desenvolvimento. O empreender se
torna uma das principais atividades daqueles que trabalham em mercados informais.
Há pelo menos três décadas, o empreendedorismo como ciência procura
estudar o modo como pessoas se estruturam e gerem seus próprios negócios, visando
à maneira como estes investem e garantem a sobrevivência dos mesmos. Considerar o
empreendedor como um ser inovador é algo que ocorre em meados do século XX,
conforme afirma Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p.29):
[...] o empreendedor é considerado um inovador, responsável por causar mudanças, reformas ou revoluções aos padrões de produção, investindo intelecto ou financeiramente na reformulação daquilo que já existe ou criando algo novo.
A partir de ideias inovadoras ou do aprimoramento de técnicas e objetos já
existentes é que a ciência empreendedora busca compreender como aqueles que
inovam e melhoram as formas de produzir, administrar ou criam novas maneiras de
gerir – o empreendedor – têm se comportado neste mercado que é bastante
competitivo e que não perdoa falhas.
A fim de definir esse padrão de comportamento de sucesso do empreendedor é
que a ciência empreendedora se empenha em estudar as mudanças de acordo com a
cultura e o tipo de mercado onde estão inseridos esses novos players.
Muitas vezes, essas pessoas acabam perdendo espaço no mercado e seus
investimentos, em meio à grande competitividade do mercado, nos primeiros anos de
funcionamento do seu negócio pela má gestão do mesmo, pela falta de planejamento e
18
também pela falta de olhar crítico no ambiente e no nicho de mercado escolhido para
Hisrich, Peters e Shepherd (2009): “[...] empreender é tomar iniciativa, organizar e
reorganizar mecanismos, aceitar riscos ou o fracasso”.
O empreendedor do século XXI precisa estar atento ao ambiente em que
atuará: observar a concorrência; definir em qual nicho de mercado deseja atuar;
observar o que seus futuros clientes necessitam; definir através de pesquisas o
potencial do local em que será inserido o estabelecimento e definir estratégias que
atendam os anseios de seus clientes.
O processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal. (HISRICH, PETERS e SHEPHERD, 2009, p.30).
Essas são tarefas básicas a serem consideradas pelo empreendedor, pois
entrar no mercado sem um estudo preliminar do campo onde deseja atuar pode
significar investimento sem a certeza de que este retornará o investimento inicial e será
lucrativo.
Inovar é um termo, indiscutivelmente, inserido no panorama de sucesso de
novas empresas que se destacam e sobrevivem no mercado atual. Uma vez que,
estamos discutindo a inserção da ideia ou empresa em um mercado competitivo e
extremamente predatório, inovar é aplicar novas tecnologias ou novas técnicas de fácil
imitação ou de fácil adaptação, tornando-as as principais técnicas inseridas no seu
processo. Se estas forem atores chave de seu sucesso, sua empresa poderá estar
fadada à falência, pois logo serão imitados e aplicados em outros processos melhores
ou mais eficientes que o seu.
A arte de empreender é, portanto, um processo de melhoria e inconformidade
com os moldes de algumas realidades, é a inquietação do ser humano perante a falta
de emprego e pela busca de melhores condições de inserção e vagas no mercado de
trabalho que motiva a muitas pessoas a empreender, portanto, para Dolabela (2003,
p.29):
19
Empreender é um processo humano, com toda a carga que isso representa: ações dominadas por emoção, desejos, sonhos, valores, ousadia de enfrentar as incertezas e de construir a partir da ambiguidade e no indefinido; consciência a inevitabilidade do erro em caminhos não percorridos; rebeldia e inconformismo; crença na capacidade de mudar o mundo; indignação diante de iniquidades sociais. Empreender é, principalmente, um processo de construção do futuro.
Historicamente o empreendedorismo como já demonstrado em parágrafos
anteriores sofreu mudanças de acordo com o contexto cultural, politico e social em que
era empregado. A partir do século XX, uma nova era começa a ser desenhada,
conforme demonstra Dornelas (2014, p.9) no contexto administrativo, vários
movimentos contribuíram para a definição do quadro empreendedor atual, os quais são
apresentados nos parágrafos a seguir.
Em 1900 havia um movimento de racionalização do trabalho com foco na
gerencia administrativa, em 1930 houve o movimento das relações humanas, onde o
homem passou a ser considerado no processo produtivo como fator determinante. Em
1940 e 1950 o movimento do funcionalismo estrutural com foco na gerência por
objetivos dá as empresas um novo olhar ao processo produtivo, passando a ser o
gerente a figura principal do processo.
Em 1960, o movimento dos sistemas abertos com foco na competitividade, em
1970 o movimento das contingencias ambientais e no presente momento não temos um
movimento predominante, mas há cada vez mais o foco no papel do empreendedor
como gerador de riqueza para a sociedade.
2.1 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
Irineu Evangelista de Souza, popularmente conhecido como Barão de Mauá,
nascido em 1813, como o pioneiro no processo de empreender no país, pois foi através
de seus esforços que o país começou a dar seus primeiros passos rumo à
modernização.
Irineu começou sua carreira aos nove anos de idade, trabalhando em um
armazém, que tinha como principal atividade a importação de diversos gêneros,
inclusive mão de obra escrava no Rio de Janeiro. Torna-se “caixeiro” do armazém e
20
após ter adquirido grande poder de barganha, em 1836, é convidado por Richard
Carruthers, que havia conseguido fazer fortuna no país, a ser seu sócio em um
escritório de contabilidade.
Segundo Matos et. al.(2012, p.213):
Depois dessa parceria os negócios começaram a crescer e em 1846, Irineu decide investir na área industrial e cria o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro Ponta de Areia, em Niterói, com aproximadamente mil trabalhadores livres. Após quatro anos, funda a Companhia de Rebocadores Barra do Rio Grande e torna-se importador de tecidos e ferragens inglesas, exportador de café, fumo, açúcar e concessionário de serviços públicos. Já milionário Irineu ganha a concorrência para fornecer iluminação pública ao Rio de Janeiro, por 30 anos, e a concessão exclusiva para lançar a Companhia de Navegação à Vapor do Amazonas.
O país vivia naquela época uma economia agroexportadora e a fim de melhorar
a distribuição de commodities, Irineu associado a bancos ingleses, constrói a primeira
ferrovia do país ligando o Porto de Estrela à localidade de Raiz da Serra, na região
serrana do Rio de Janeiro. Em 1860 constrói a linha ferroviária Santos-Jundiaí,
associado a outro banco Rothschild & Sons.
Irineu Evangelista pode ser compreendido como um sujeito à frente de seu
tempo, pois através do conhecimento adquirido ao longo dos anos empreendeu e fez o
pais crescer, à partir da idealização e pratica de seus objetivos. A esse tipo de
empreendedorismo chama-se de nato, pois a partir daquilo que se tinha, ou daquilo que
se conhece, passa-se a visualizar oportunidades de negócios.
De acordo com Dornelas (2014. p. 14):
O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990, quando entidades como Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas.
Dornelas (2014) afirma que, anterior a esse período, o empreendedorismo e a
criação de pequenas empresas não eram temas discutidos, pois não eram propícios os
ambientes político e econômico do país.
21
No Brasil, ainda de acordo Dornelas (2014), o conceito de empreendedorismo
intensifica-se no final da década de 1990, mas sua consolidação ocorre no ano2000,
pois a preocupação com a taxa de mortalidade de pequenas empresas nascentes é
alta, junto a esse fato também empresas que antes ofereciam salários satisfatórios e
planos de carreira invejáveis, agora lutam para se manterem no mercado, aumentar a
competitividade e reduzir os custos.
Frente a esse cenário, muitas pessoas partem para criação de soluções ou
alternativas de sobrevivência e acabam investindo suas economias ou mesmo seu
fundo de garantia no fomento de suas novas ideias, criando novos serviços e novos
meios de ganharem a vida.
Dornelas (2014), apresenta a evolução histórica do empreendedorismo no
Brasil, partindo desde a criação na década de 1990 dos programas Softex e Genesis,
estimulando o ensino da disciplina em universidades, e a geração de novas empresas
de software (start-ups), passando ainda pelo programa Brasil Empreendedor, do
Governo Federal, onde capacitou mais de 6 milhões de empreendedores em todo o
país, com um investimento de R$ 8 bilhões. Este programa vigorou de 1999 até 2002
A Evolução da legislação em prol das micro e pequenas empresas: Lei da
Inovação, instituição do Simples, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o Programa
Empreendedor Individual e a ênfase do Governo Federal no apoio à micro e pequena
empresa, considerando inclusive a criação de um ministério ou secretaria com foco na
pequena empresa foram ações de grande contribuição para o desenvolvimento do
empreendedorismo no país. Outro fator destacado pelo autor como resultado da
evolução e conhecimento do termo no Brasil é o aumento da quantidade de milionários
e bilionários brasileiros, o que representa o sucesso financeiro na maioria dos casos
tendo a atividade empreendedora como base para esse resultado. (DORNELAS, 2014).
O tema empreendedorismo também ganha notoriedade, não somente pela
relevância para as pequenas e microempresas, mas desperta o interesse do governo e
do meio acadêmico, a ponto de desenvolver pesquisas e programas específicos para
esse público empreendedor.
Dornelas (2014) cita como exemplo a criação do Programa Brasil
Empreendedor (PBE) lançado em 1999 pelo Ministério do Desenvolvimento que
22
possibilitou às médias e pequenas empresas o acesso ao crédito e à capacitação
empresarial, atendendo mais de um milhão de empresários e empreendedores,
atingindo 5,8 bilhões para linhas de crédito para capital de giro.
Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEBRAE do ano de 2010, o Programa Micro empreendedor Individual (MEI) concebido
pela Lei complementar nᵒ 128, de 19/12/2008, alteração da Lei Complementar nᵒ
123/2006, oferece suporte especial para o trabalhador conhecido como informal, para
que possa se tornar MEI legalizado. O programa se mostra eficiente e atuante
possibilitando a formalização de mais de 3 milhões de empreendedores e o número de
micro e pequenas empresas aumentaram de 4,1 para 5,7 milhões, no período de 2000
a 2008.
Em uma matéria intitulada: “Brasil, o empreendedor do futuro”, veiculada pela
revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo de agosto de 2010,
mostra que o brasileiro já encontra no empreendedorismo uma forma de complementar
a renda da aposentadoria e sair do desemprego. (GERMANO, 2010)
Segundo Germano (2010), calculava-se que havia 33 milhões de pessoas no
Brasil que procuravam no empreendedorismo a saída para investir, porém a maioria
desses negócios, não tem passado de seu primeiro ano de vida por falta de
conhecimento.
Dornelas (2014) ressalta que para um negócio começar a acontecer no Brasil, o
tempo esperado é ao menos quatro anos. Muitas pessoas que começam a empreender
no país desistem, porque pensavam seriam bem sucedidas logo no começo. Dornelas
(2014) aponta dados do SEBRAE que evidenciam que 70% dos novos negócios fecham
nos primeiros cinco anos e explica que isso ocorre por desconhecimento dos mercados
onde se inserem o que tornam a sobrevivência um dos grandes desafios dessas
empresas jovens.
23
2.2 O IMPACTO ECONÔMICO DO EMPREENDEDORISMO
Segundo Halicki (2012, p.58) na década de 1990 muitas transformações
ocorreram pelos avanços tecnológicos e pela globalização das atividades
socioeconômicas, alavancados pelo alto índice de desemprego, pela terceirização e
pelo crescimento do setor de serviços. Esses fenômenos fizeram surgir novas
empresas e novos empregos o que fez com que o ciclo de desenvolvimento econômico
fosse marcado pela renovação tecnológica, por investimentos na economia, pela
inovação no mercado (HALICKI, 2012)
Do ponto de vista macroeconômico, os empreendedores são capazes de romper os trajetos viciosos da economia e criar novos paradigmas, marcados pela competitividade e por oportunidades. Para além da necessária busca do lucro, a ação positiva dos empreendedores melhora a qualidade de vida a partir da oferta de novos produtos e serviços em diversos setores. Esse Trabalho é sempre capaz de gerar concorrência e estimular novos hábitos para os consumidores finais. (HALICKI, 2012, p.58).
O relatório Global Entreprenuship Monitor – GEM de 2013 (IBQP, 2014), aponta
que o Brasil avançou ao criar leis e tratamento tributário diferentes às micro e pequenas
empresas, que representam 99% das empresas nacionais (Leis como Simples
Nacional, Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, Lei do Microempreendedor
Individual).
Ainda segundo o mesmo relatório mostram que a cada 100 brasileiros que
começam um negócio próprio no Brasil, 71 são motivados por uma oportunidade de
negócios e não pela necessidade. Geralmente para este relatório se considera
empreendedores por necessidade aqueles que iniciam um empreendimento autônomo
por não possuírem melhores opções de ocupação. Estes abrem, portanto, um negócio
a fim de gerar renda para si e suas famílias.
Muito diferente do que ocorreu na década de 90, quando muitas pessoas foram
lançadas ao mercado de trabalho sem haver a oportunidade de escolha, pois a abertura
do Brasil ao mercado estrangeiro fez com que mais de muitos postos de trabalho
desaparecessem. Logo, cabe ao cidadão, o empreender, a fim de conseguir gerar
recursos para o próprio sustento, como uma das medidas cabíveis a situação.
24
O perfil do empreendedor brasileiro é hoje mais escolarizado e também mais
jovem. De acordo com a pesquisa, 50% dos empreendedores com até três anos e meio
de atividade tem entre 18 e 34 anos, enquanto nas empresas que está a mais tempo no
mercado apenas 25% são dessa faixa etária. A pesquisa mostra que 52% dos novos
empreendedores – aqueles com menos de três anos de atividade – são mulheres.
(IBQP, 2013).
2.3 CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES
Não há um consenso a respeito das características ideais para um ser um
empreendedor, porém vários autores citam características em comum de pessoas com
espírito empreendedor. No Quadro1 são destacadas as características mais comuns
entre os empreendedores.
De acordo com Leite (2012, p. 67- 69) o empreendedor possui características
que podem ser divididas em três partes, são elas: o conjunto de realizações, conjunto
de planejamento e o conjunto de poder. Características estas que são descritas nos
parágrafos a seguir.
No conjunto das realizações estão características como a busca de
oportunidade e iniciativa, onde o empreendedor faz coisas antes mesmo delas serem
solicitados, aproveita oportunidades fora do comum para dar início a um negócio,
financiamentos, local de trabalho ou assistências.
A persistência é mais uma das características do empreendedor, onde ele
assume responsabilidade, ou ainda age repetidamente ou muda de estratégia para
enfrentar um desafio ou superar um obstáculo.
25
Quadro 1- Características mais frequentes entre os empreendedores.
CARACTERISTICAS EMPREENDEDORAS
Inovação Otimismo
Tolerância à ambiguidade e a incerteza Liderança
Orientação para resultados Iniciativa
Riscos moderados Flexibilidade
Capacidade de aprendizagem Independência
Habilidade para conduzir situações Habilidade na utilização de recursos
Criatividade Necessidade de realização
Sensibilidade a outros Energia
Autoconsciência Agressividade
Tenacidade Autoconfiança
Tendência a confiar nas pessoas Originalidade
Envolvimento em longo prazo Dinheiro como medida de desempenho
Fonte: Adaptado de Hornaday (1982); Meredith, Nelson & Neck (1982); Timmons (1978)
Apud Fillon (1991, p.9)
O comprometimento do empreendedor também é uma das características,
colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, esmera-se em manter os
clientes satisfeitos e faz sacrifícios pessoais para completar uma tarefa ( LEITE, 2012).
O conjunto de planejamento é composto pela busca por informações,
estabelecimento de metas e o planejamento e monitoramento sistemáticos.
Onde o empreendedor dedica-se em buscar informações de clientes,
fornecedores e concorrentes. Estabelecer metas e objetivos que são desafiantes e
possuem significado pessoal, e planeja dividindo tarefa de grande porte em subtarefas
com prazos definidos.
Ainda de acordo com Leite (2012) no conjunto do poder as características do
empreendedor são: persuasão e rede de contatos, e a independência e autoconfiança.
26
O empreendedor age para desenvolver e manter relações comerciais utiliza
pessoas chaves como agentes para atingir seus objetivos. Busca também pela
autonomia em relação ás normas e controle de outros, e expressa confiança na sua
própria capacidade de complementar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio.
2.4 TIPOS DE EMPREENDEDORES
Dornelas (2007), em seu livro Empreendedorismo na Prática, classifica os
empreendedores em oito principais grupos, são eles: os empreendedores natos
(mitológicos), empreendedor que aprende (inesperado), empreendedor serial (cria
novos negócios), empreendedor corporativo, empreendedor social, empreendedor por
necessidade, empreendedor herdeiro e o “normal” (planejado). Suas características são
descritas nos próximos parágrafos.
O Empreendedor Nato (Mitológico): são empreendedores com histórias de
sucesso que muitas vezes começaram do nada, são pessoas inspiradoras, pois
começam a trabalhar muito jovens e adquirem conhecimentos e habilidades de
negociações, são comprometidos a todo o momento em realizar seus sonhos. São
pessoas visionárias, otimistas, estão à frente de seu tempo, alguns exemplos de
empreendedores natos são Bill Gates, Silvio Santos e Irineu Evangelista de Souza
(Barão de Mauá).
O Empreendedor que Aprende (Inesperado): cada vez mais comum esse tipo
de empreendedor normalmente é uma pessoa que inesperadamente se depara com
uma oportunidade de empreender e mudar sua vida. A tomada de decisão geralmente
ocorre quando recebe um convite para fazer parte de uma sociedade ou quando ainda
se dá conta de que pode iniciar algo novo.
O empreendedor que aprende, normalmente passa por uma fase de adaptação,
pois antes de sua decisão, não acreditava que poderia assumir riscos, e precisa
aprender com situações novas e dedicar a aprender as atividades do novo
empreendimento. Aqueles que também estão pensando em uma alternativa à
aposentadoria muitas vezes se encaixam nesse tipo.
27
Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios): apaixonado principalmente
pelo ato de empreender, seu maior objetivo não é cria um novo negócio e ficar a frente
dele até que ele se torne uma grande corporação. Por possuir muito dinamismo, prefere
a adrenalina envolvida na criação do novo empreendimento ao invés de se tornar um
grande executivo e liderar grandes equipes.
Este tipo empreendedor é atento a tudo que acontece a sua volta, adora
conversar com pessoas, fazer parte de eventos, associações e fazer networking, para
ele a expressão “tempo é dinheiro”, literalmente “cai como uma luva”. Ele não descansa
enquanto não ver uma oportunidade implementada, possui grande habilidade para
motivar um time e captar recursos para o início dos novos empreendimentos. Envolve-
se em vários negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias histórias de
fracasso, porém, essas passam a ser os estímulos para a superação dos próximos
desafios.
O Empreendedor Corporativo: nos últimos anos tem se tornado mais
evidente, devido à necessidade das grandes organizações de se renovar. Em sua
maioria são executivos com grandes competências, capacidade de gerenciamento e
conhecimento em ferramentas administrativas.
Possuem o desafio de ter que lidar com a falta de autonomia assim se tornam
vendedores de suas ideias, assumem riscos, são comunicadores, desenvolvem seu
networking dentro e fora da organização, convencem as pessoas a fazer parte de seu
time e sabem reconhecer o esforço de toda a equipe. Muitas vezes não se contentam
com o pagamento que recebem, gostam de planos com metas ousadas.
Já para o Empreendedor Social, a sua missão de vida é construir um mundo
melhor para as pessoas, desta forma acaba se envolvendo em causas humanitárias
com comprometimento singular. Capaz de se comprometer com um desejo imenso,
criando oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas.
Ao tratarmos do assunto, podemos também citar um documentário que trouxe
maior visibilidade a esse tipo de empreendedor. Dirigido por Mara Mourão, no ano de
2012, o documentário com o título de “Quem se importa?”, defende a ideia de que todos
podem ser agentes de transformações sociais.
28
Joaquim Melo criador do Banco Palmas no Ceará notou que sua comunidade estava finalmente sendo reurbanizada. Mas, essa mesma população que tanto lutara para melhorar sua região estava indo embora pelas novas contas que chegavam a suas casas, ou seja, falta de dinheiro para custear a “nova vida” ali. A ideia dele então foi criar mecanismos para manter o dinheiro no comércio local. Melo criou, então, uma moeda própria, a “Palmas”, aceita hoje até mesmo pelo Banco Central. O Banco Palmas é uma prática de sócio economia solidária que acontece no Conjunto Palmeira, um bairro popular da periferia de Fortaleza (CE), no qual vivem hoje 32 mil moradores. Seu objetivo é implementar programas e projetos de trabalho e geração de renda utilizando sistemas econômicos solidários, com o intuito de superar a pobreza. (QUEM SE IMPORTA, 2012).
Em um de seus comentários Joaquim Melo diz no documentário:
Esse Banco Palmas, que hoje está em 32 cantos do Brasil e vai se multiplicar muito mais, não surgiu em Harvard, não surgiu na USP, não surgiu na FGV (nada contra todo esse povo, nada contra ninguém), mas surgiu numa favela nos grotões do Nordeste do Brasil.(QUEM SE IMPORTA, 2012).
A grande diferença do empreendedor social é que ele se realiza vendo seus
projetos trazerem resultados para os outros e não para si próprio. É um fenômeno
mundial e, principalmente em países em desenvolvimento, possuem um papel social
extremamente importante, pois é através de suas ações e das organizações que
preenchem lacunas deixadas pelo poder público. É o único empreendedor que não
busca desenvolver um patrimônio financeiro, pois preferem compartilhar seus recursos
e contribuir para o desenvolvimento das pessoas.
O Empreendedor por Necessidade: por falta de alternativa acaba criando seu
próprio negócio, normalmente não possuem acesso ao mercado de trabalho, como não
lhe resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria ele normalmente se envolve
em negócios informais, com tarefas simples, prestando serviços e tendo como resultado
um baixo retorno financeiro.
A apesar de ter iniciativa e buscar de todas as formas atenderem às
necessidades suas e de seus familiares, não contribui para o desenvolvimento
econômico do país. Na verdade, acabam sendo vítimas do modelo capitalista atual,
pois não têm acesso a recursos, à educação e às mínimas condições para empreender
de maneira estruturada. Suas iniciativas empreendedoras são simples, pouco
29
inovadoras, geralmente não contribuem com impostos e outras taxas, e acaba por inflar
as estatísticas empreendedoras do país.
Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar): este recebe logo cedo a
missão de levar à frente o legado de sua família. Empresas familiares fazem parte da
estrutura empresarial de todos os países, mostraram habilidade em passar para as
novas gerações seus modos de gerir os negócios. Porém, recentemente, tem ocorrido
com frequência a chamada profissionalização da gestão de empresas familiares, com a
contratação de executivos para a administração da empresa e com os herdeiros
opinando e não necessariamente assumindo cargos executivos na empresa.
O desafio é multiplicar o patrimônio recebido. Este empreendedor aprende a
arte de empreender com exemplos da família, começam cedo a entender como o
negócio funciona e a assumir responsabilidades, alguns têm senso de independência e
desejo de inovar, de mudar as regras do jogo. Outros são conservadores e preferem
não mexer no que tem dado certo.
Preocupados com o futuro de seus negócios os próprios herdeiros e suas
famílias, têm optado por buscar mais apoio externo, através de cursos de
especialização, MBA, programas especiais voltados para empresas familiares, como
objetivo de não tomar decisões apenas com base na experiência e na história de
sucesso das gerações anteriores.
O último dos oito tipos de empreendedor é o Empreendedor Normal
(Planejado): trata-se do empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca minimizar
riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem uma visão de
futuro clara e que trabalha em função de metas.
Comprovado nos últimos anos, que toda teoria sobre o empreendedor de
sucesso sempre apresenta o planejamento como uma das mais importantes atividades
desenvolvidas, já que o planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-
sucedido e, em consequência, levar mais empreendedores a usarem essa técnica para
garantirem melhores resultados. O empreendedor normal seria o mais completo do
ponto de vista da definição de empreendedor e o que a teria como referência a ser
seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade considerável de
empreendedores. “Normal” do ponto de vista do que se espera de um empreendedor,
30
mas não necessariamente do que se encontra nas estatísticas gerais sobre a criação
de negócios (a maioria dos empreendedores ainda não se encaixa na categoria
“normal”).
No entanto, ao se analisar apenas empreendedores bem-sucedidos, o
planejamento aparece como uma atividade bem comum nesse universo específico,
apesar de muitos dos bem-sucedidos também não se encaixarem nessa categoria, ou
seja, são considerados empreendedores normais.
Neste capítulo, os pesquisadores procuraram desenvolver a compreensão das
origens do conceito de empreendedorismo, a sua evolução e impacto no Brasil e
também discorrer sobre as principais características e tipos de empreendedores.
Nas próximas seções serão apresentadas como o ensino do
empreendedorismo e da tecnologia, por meio do: Projeto de Inclusão Digital e do
Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira, podem contribuir positivamente para a
manutenção da renda e da qualidade de vida das pessoas que estão na terceira idade.
31
3 EMPREENDEDORISMO NA TERCEIRA IDADE
A aposentadoria está começando a deixar de ser um sinônimo de ociosidade,
de acordo com a Tabela 1, uma pesquisa realizada com a população adulta divulgada
pelo IBQP (2014), que se refere ao ano de 2013, mostra que o sonho de 8,2 % dos
brasileiros entrevistados com idade entre os 55 e 64 anos é começar a empreender e
ter seu próprio negócio.
Tabela1-Sonho dos brasileiros segundo características sociodemográficas
Fonte: Adaptado de IBQP(2014, p.12)
Este cenário vem crescendo a cada ano, de acordo com dados mais antigos
que mostram que o desejo de empreender desta parte da população vem crescendo
gradativamente, como mostra a Tabela 2, onde se observa que a atitude de
empreender e iniciar um novo negócio (empreendedores iniciais) entre o público com
idade a partir dos 55 e até os 64 anos cresceu 5,5% em oito anos.
Tabela2- Empreendedores iniciais – Brasil Taxa (%)
Faixa Etária/ Anos 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2002:2010
18-24 anos 10 12,6 12,6 10,7 10,9 10,6 15,4 13,5 17,4 12,6
25-34 anos 18,6 16 17,2 14,7 16,5 14,4 12,8 22,2 22,2 16,7
35-44 anos 15,2 14,4 14,7 12,1 10,7 16,1 13,7 16,7 16,7 14,7
45-54 anos 12,1 11,5 10,5 10 8,8 13,3 10,4 16,1 16,1 11,9
55-64 anos 6,0 3,7 7,3 2,9 6,0 4,3 3,0 9,5 9,5 5,5 Fonte: Adaptado de IBQP (2010, p. 51)
Características sociodemográficas
Fazer carreira numa empresa
Ter seu próprio negócio
Gênero % da população de 18- 64 anos
Masculino 47
50,1 Feminino 53
49,9
Faixa etária 18-24 anos 20
13,9
25-34 anos 34,7
29,1 35-44 anos 22,6
27,3
45-54 anos 16,7
21,4 55-64 anos 5,9
8,2
32
A Tabela 3 apresenta dados mais recentes, que foram coletados através de um
levantamento domiciliar realizado com a população da faixa etária dos18 aos 64 anos,
divulgados pelo GEM (IBQP, 2014),que busca fornecer informações sobre a parcela da
população envolvida com o empreendedorismo, e esses dados mostram que os
empreendedores iniciais em 2013 com idade entre 55 e 64 anos representavam 7,5%.
Os empreendedores iniciais podem ser divididos em nascentes e novos,
conforme o relatório do GEM (IBQP,2014, p.7):
Empreendedores nascentes são aqueles que estão envolvidos na estruturação do próprio negócio, cujo empreendimento ainda não pagou salários, pró-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários, por mais de três meses. Novos empreendedores são aqueles que administram seus próprios negócios, tiveram retornos, ou seja, pagaram salários, geram pró-labore aos proprietários, por mais de três e menos de 42 meses.
Quanto aos indivíduos de 55 a 64 anos, a pesquisa GEM aponta que 17,2%
desta população entrevistada já são considerados empreendedores estabelecidos, ou
seja, são os proprietários de um negócio consolidado que paga salários e gera pró-
labore ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de 42 meses
ou 3,5 anos (IBQP, 2014).
Tabela3: Distribuição dos brasileiros segundo características sociodemográficas
Características sócio-demográficas
Empreendedores
Iniciais
Estabelecidos
Total
Gênero Masculino
48,8
54,9
51,7
Feminino
51,2
45,1
48,3
Faixa etária 18-24 anos
18,4
4,5
11,5
25-34 anos
34,3
19,9
27,1
35-44 anos
23,6
30,2
26,8
45-54 anos
16,2
28,2
22,3
55-64 anos
7,5
17,2
12,4 Fonte: Adaptado de IBQP (2014, p.12).
33
Existe uma série de características que definem terceira idade para o processo
de empreendedorismo. Uma importante característica que devemos considerar da
terceira idade é que parte da população necessita de um complemento de renda para
sobreviver. A aposentadoria não consegue satisfazer ou manter o padrão de vida que
desenvolveram durante sua fase de emprego. Conforme afirma Nery (2009, p.59):
Para uma parcela ainda expressiva da nossa sociedade, o trabalho continuado, mesmo depois da aposentadoria, tem várias motivações. A maioria dos idosos precisa trabalhar para manter o padrão de vida. Uma pequena parcela poderia optar por não trabalhar, mas sabe que se não se envolver com atividades laborais poderá pagar um alto custo em termos de saúde e qualidade de vida.
O idoso, ao tentar se reestabelecer no mercado de trabalho, após a
aposentadoria, encontra grande resistência. Entretanto, conforme Ribas (2011, p.16), o
processo de empreender se inicia como um impulso para sobreviver, que com o passar
do tempo, impulsiona o indivíduo a sua realização pessoal.
Outra característica importante é que a maioria dessas pessoas está na
categoria de aposentado/pensionista e segundo Pacheco (2002, p.133), “devido à era
da industrialização, esperava-se que a aposentadoria fosse o prêmio nessa etapa da
vida”. Porém, como afirma Lima (2011, p.28), apesar de num primeiro momento, haver
a sensação de que aposentar tenha sido um “descanso merecido”, eles, ao serem
excluídos do mercado de trabalho, sentem uma sensação de redução de autoestima e
de utilidade deles mesmos.
É neste sentido que foi instituído o Estatuto do Idoso criado pela LEI No10.741e
de acordo com o Art. 3º regulamenta que:
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2003)
Tendo em vista o quesito educação e orientação desses idosos, para que o
processo de empreender obtenha maior sucesso é que o empreendedorismo precisa
ser ensinado por instituições de ensino superior ou criar instituições criadas para isso,
34
mesmo que os resultados apontem que não existe uma adaptação das escolas para a
terceira idade (PACHECO, 2002).
Segundo Dolabela (2008, p. 49), “o ensino do empreendedorismo é importante
porque as relações de trabalho estão sofrendo alterações e apenas a forma tradicional
de ensino já não é compatível com a organização da economia atual”.
Dolabela (2008, p.49), cita ainda que “a metodologia de ensino tradicional não é
adequada para a formação de empreendedores”, ou seja, as instituições precisam criar
um perfil empreendedor na terceira idade para que o idoso possa gerir e administrar
melhor suas tarefas dentro do processo de empreendedorismo, a fim de haver uma
transformação dessas pessoas (idoso) e dos processos dominados por eles.
Uma aliada ao ensino do empreendedorismo é a tecnologia, que deve ser
utilizada como ferramenta para contribuir com todo esse processo empreendedor que
pode ocorrer na terceira idade. De acordo com a pesquisa de Tecnologias de
Informação e Comunicação no Brasil - TIC, divulgada em 2014, e como mostra no
Gráfico1, a soma da população que acessava a internet e que tinham acima 45 anos
era de 44% em 2013.
Gráfico 1 - Proporção de usuários de internet, percentual sobre o total da população.
Fonte: Adaptado de TIC (2014, p. 178)
75% 77%
66%
47%
33%
11%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
De 10 a 15anos
De 16 a 24anos
De 25 a 34anos
De 35 a 44anos
De 45 a 59anos
60 anos oumais
Uso da internet por faixa etária da população
35
Isso permite compreender que a tecnologia e o uso da internet podem ser
novos meios para a realização do processo de aprendizado do empreendedorismo na
terceira idade.
De acordo Macacchero e Almeida (2009, p.314), os idosos precisam aprender
usar a tecnologia para a administração das tarefas do dia a dia e para se incluir no
mercado de trabalho. Reconhecendo que com esse conhecimento e com a experiência
de vida, adquirida ao longo dos anos, o idoso consiga reconstruir sua trajetória durante
a terceira idade e realizar o sonho de se tornar empreendedor.
36
4 ESTUDO DE CASO: FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO CARLOS (FESC)
Para descrição deste capítulo utilizou-se os dados disponíveis no site da
Fundação Educacional de São Carlos (FESC, 2015a).
A Fundação Educacional São Carlos (FESC) proporciona ao cidadão jovem ou
adulto a educação profissional de nível básico, dando a eles conhecimentos que lhes
permitam o exercício das funções demandadas pelo mercado de trabalho, oferecendo a
eles a oportunidade de atualizar seus conhecimentos e habilidades compatíveis com a
complexidade tecnológica do trabalho.
Os objetivos da FESC são a promoção da transição entre a escola e o mundo
do trabalho, na capacitação de jovens e adultos com conhecimentos e habilidades
gerais e especificas. Proporcionando a eles uma complementação da educação e do
ensino que tiveram ou fornecendo a eles a capacitação que até o momento não tinham,
garantindo com que desenvolvam habilidades gerais e específicas a fim de torná-los
profissionais aptos, atualizados e especializados, visando à inserção deste público que
frequenta as aulas e seu melhor desempenho no exercício de suas funções no mercado
de trabalho.
A missão da FESC é promover a educação de jovens e adultos em sua função
qualificadora ou permanente, assegurando a cidadania, entendendo-a como o exercício
pleno e indissociável dos direitos civis, políticos, econômicos e socioculturais. Para isso
a FESC oferece alguns programas educacionais como:
Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI): Este programa
Educacional oferecido pela FESC tem como objetivo a inclusão social de
pessoas adultas e idosas, com aulas e atividades nas áreas de saúde,
cultura, esportes, lazer e cidadania/trabalho, com a intenção de melhorar a
qualidade de vida da população idosa. (FESC, 2015b)
Universidade Aberta do Trabalhador: O programa oferece cursos
regulares de capacitação profissional com diversas temáticas sobre o
mundo ocupacional do emprego e do trabalho, com capacitação no campo
da linguagem oral e escrita, no uso de computadores e sistemas de
37
informação e comunicação, no desenvolvimento: do raciocínio lógico e
abstrato, na elaboração crítica, iniciativa para a resolução de problemas e
tomada de decisões, na estimulação e no desenvolvimento da capacidade
de aprender a aprender, permitindo ao trabalhador um processo formativo
de caráter contínuo e a construção de um percurso próprio de
aprendizagem ao longo da vida, e no desenvolvimento capacidade em
participar e contribuir na construção de uma sociedade mais justa e
solidária e de uma gestão mais democrática do processo de trabalho.
(FESC, 2015c)
Programa de Inclusão Digital: O programa tem como objetivos oferecer
formação básica em informática, que permita a aquisição de
conhecimentos e habilidades específicas para o uso de computadores e
da Internet, aliando conteúdos e habilidades básicas para o exercício da
cidadania, propiciar o uso livre dos computadores e softwares instalados,
para a realização de atividades pessoais, escolares e profissionais, com
monitoria para orientação e supervisão, acesso e uso da internet, para fins
de informação, comunicação, realização de serviços oferecidos pela rede
e criação de conteúdos locais ou comunitários e oferece também projetos
de iniciação profissional e de enriquecimento educacional, baseados no
uso da informática e da Internet. Por ser foco de estudo desta pesquisa,
esse programa será aprofundado na próxima seção. (FESC, 2015d)
Escola Municipal de Governo: O objetivo deste programa é desenvolver
cursos, treinamentos e outras ações educativas formais para a melhoria
da qualificação profissional dos servidores públicos municipais e da
administração direta e indireta da Prefeitura Municipal de São Carlos. Os
cursos de capacitação e atualização profissional são oferecidos pela
Fundação Educacional São Carlos em conjunto com a Secretaria
Municipal de Administração e Gestão de Pessoas, em programações
anuais. (FESC, 2015e)
Universidade Aberta do Brasil: O Sistema Universidade Aberta do Brasil
foi instituído para "o desenvolvimento da modalidade de educação à
38
distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e
programas de educação superior no País. O Polo da Universidade Aberta
do Brasil de São Carlos oferece para a cidade e região, cursos de
graduação e pós-graduação de duas universidades públicas federais:
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar e Universidade Federal de
São Paulo - UNIFESP. São cursos na área de ciências humanas, exatas,
saúde e meio ambiente. (FESC, 2015f)
Por meio da atuação dos programas educacionais, a Fundação Educacional
São Carlos pretende alcançar resultados relevantes em termos de impacto local de
suas iniciativas em prol da cidadania dos segmentos em situação de risco pessoal e
social, além de pretender um avanço na qualidade da atuação do serviço público
municipal. (FESC, 2015)
4.1 O PROGRAMA EDUCACIONAL DE INCLUSÃO DIGITAL (PID)
De acordo com o Projeto Pedagógico do Programa de Inclusão Digital foi criado
oficialmente pela Resolução nº. 04/2006 do Conselho Diretor, de 27 de março de 2006
e teve seu Regimento Interno aprovado pelo mesmo órgão por meio da Resolução nº.
05/2006, de 6 de junho de 2006.Com o objetivo de implantar ‘telecentros’ ou postos de
inclusão digital para a oferta de formação básica em informática, uso de computadores
e acesso à Internet, em diferentes regiões do município, em articulação com as demais
iniciativas do governo municipal que visem atingir o mesmo objetivo, considerando a
necessidade de inclusão dos cidadãos na sociedade da informação e do conhecimento
para proporcionar igualdade de oportunidades de alfabetização digital. (MARTUCCI;
MORAIS, 2007).
Algumas das diretrizes de ação do Programa são:
a) Desenvolvimento de metodologia educacional diferenciada, que se baseia
no resgate das experiências, das práticas e dos saberes acumulados para
a construção de novas competências;
39
b) Proporcionar o uso dos computadores para a realização de atividades
pessoais, escolares e profissionais, com monitoria para orientação e
supervisão;
c) Oferecer o acesso e uso da internet, para fins de informação,
comunicação, realização de serviços oferecidos pela rede e criação de
conteúdos e oferecer projetos de iniciação profissional e de
enriquecimento educacional, baseados no uso da informática e da
Internet.
Os objetivos gerais do Programa de Inclusão Digital referem-se à contribuição
para a universalização dos serviços de informação e comunicação e para a igualdade
de oportunidades de acesso à sociedade da informação e do conhecimento, que
resultam da colaboração entre diferentes parceiros, nos níveis local, nacional e
internacional, cooperando com a promoção da inclusão digital de trabalhadores,
empreendedores, microempresas, empresas de pequeno porte e da sociedade em
geral, por meio da implantação de ‘telecentros’ comunitários, denominados Postos de
Inclusão Digital.
Quanto aos objetivos específicos do PID é o desenvolvimento de ações
educativas na área de empreendedorismo e gestão de negócios, baseadas no uso da
informática e da Internet, para fortalecimento de microempresas e empresas de
pequeno porte, que induzam ao crescimento da produção e da geração de emprego e
renda e desenvolvimento de metodologia educacional diferenciada, que se paute no
resgate das experiências, das práticas e dos saberes acumulados dos alunos para a
construção de novas competências.
4.1.1 Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade
Este é um dos projetos que compõem atualmente o PID, lançado no dia
primeiro de setembro de dois mil e oito (dia do idoso), caracterizado pela FESC como
um Projeto Especial, desenvolvido apenas para da terceira idade, que participam das
40
atividades desenvolvidas pela UATI (Universidade Aberta da Terceira Idade) e pelo PID
e que já desenvolvem alguma habilidade produtiva que gere renda (FESC, 2009).
A Fundação Educacional São Carlos justifica sua ação a esse segmento social,
devido ao acentuado crescimento da população idosa que deve ser acompanhado de
políticas públicas voltadas à questão social do envelhecimento, especialmente por meio
de programas preventivos que abordem e tratem adequadamente as características
físicas, psíquicas e sociais desse grupo etário. (FESC, 2009)
A proposta inicial era de uma capacitação com cursos e oficinas durante três
meses de outubro a dezembro do ano de 2008 que culminaria em uma feira, para
exposição e venda dos produtos fabricados pelos alunos, a fim de colocarem em prática
as habilidades desenvolvidas ao longo dos três meses de ensino. A essa atividade
chamaram de feira empreendedora, a qual ocorreu no mês de dezembro e seu
resultado foi tão positivo que gerou no primeiro semestre de 2009 a continuação do
curso.
O cronograma das atividades iniciais do projeto contemplavam cursos sobre
habilidades básicas para gerenciar um empreendimento, oficina de produtos atrativos,
criatividade, o design diferencial competitivo, como calcular o preço de venda e
reuniões para o planejamento das ações da feira, entre outros.
No primeiro semestre de 2009 as capacitações (cursos) foram voltadas para:
estratégia de marketing, qualidade máxima no atendimento ao cliente e aprender a
empreender, todos os cursos foram realizados em parceria com o SEBRAE. (FESC,
2009).
Os alunos foram ganhando campo de ação para se emprenharem em
atividades mais elaboradas como a participação em feiras externas, por exemplo, a
Feira Japonesa (Matsuri) e a Festa Junina da FESC nos meses de maio e junho do ano
de 2009. Desde então o projeto ocorre nestes moldes, com o foco na inclusão do idoso
em atividades socioculturais e econômicas, reinserindo-os na atividade produtiva e na
geração de renda própria. (FESC, 2009).
Associado a esse conhecimento, a grade do curso foi melhorada sem perder o
enfoque empreendedor. O PID entra como complemento obrigatório do curso, pois, a
sequência de atividades dos alunos passa pela obrigatoriedade da alfabetização digital.
41
O Projeto de Inclusão Digital tem importância nas atividades empreendedoras
no que diz respeito ao uso de tecnologia, uma vez que, o uso do computador e de
pacotes de programas textuais, planilhas e de programas de apresentação, são
essenciais para as atividades de controle e planejamento empreendedor. Essas
atividades são desenvolvidas hoje porque o uso da tecnologia, da internet e das redes
sociais está interligado à gestão dos processos empreendedores.
4.2 PESQUISA DE CAMPO: COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
A unidade da FESC investigada na pesquisa foi o campus da Vila Nery, situado
mais precisamente no Campo do Rui na cidade de São Carlos.
A coleta de dados foi executada da seguinte forma: primeiramente uma
entrevista semiestruturada (Apêndice A) foi realizada com um educador e o atual
coordenador do Programa Inclusão Digital (PID), posteriormente, aplicou-se um
formulário (Apêndice B) com os participantes do projeto. No total foram seis formulários,
todos com alunas do Programa de Inclusão Digital e que integram também o grupo que
dá origem ao Projeto Inclusão Produtiva na Terceira idade, elas participam de feiras e
eventos locais e nacionais, a fim de divulgarem seus trabalhos.
A entrevista realizada com o Educador do programa PID - Adailton Roberto de
Moraes, graduado em Administração de Empresas e Pós-graduado em Sistemas de
Informação, juntamente com o atual Coordenador Marco Antônio Losano, Mestre em
Matemática aplicada a Computação, possibilitou aos pesquisadores obter várias
informações a respeito da criação do projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade, e
conhecer melhor a respeito das atividades desenvolvidas com o grupo de
empreendedorismo realizado por iniciativa da FESC.
Já o formulário aplicado com as alunas do projeto, aconteceu durante a
realização da feira que é realizada na própria FESC, essa coleta de dados foi essencial
para compreender qual o significado deste projeto na vida dessas alunas, entender os
benefícios e os resultados que elas têm alcançado durante todo o tempo de existência
deste trabalho.
42
4.2.1 Análise da entrevista
No ano de 2008 identificou-se que existia um público da terceira idade que já
desenvolvia atividades artesanais e de culinária, com capacidade de alavancar seus
projetos, mas que necessitavam de capacitação para torná-los rentáveis e desenvolver
o empreendedorismo.
Para apresentar o projeto desenvolvido pela diretora Elisabeth Martucci,
coordenado por Rogéria Kapp Cardoso e a uma equipe de cinco profissionais de
diferentes áreas, uma reunião foi realizada em parceria com o SEBRAE, SENAC para
atender a demanda trazida pelo público que frequentava outros cursos dentro da FESC
e que pertenciam à terceira idade.
A ideia inicial do Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade era um curso
com duração de três meses, que cultivasse o talento pessoal de cada aluno
participante, nesse sentido, o curso com duração de três meses foi direcionado ao foco
empreendedor e foi analisado que existiam pessoas com talento e a vontade de se
capacitar. Desse processo surgiu um grupo de pessoas que foram capacitadas para
desenvolverem suas atividades.
O cronograma da capacitação do projeto inicial de 2008 foi desenvolvido em
reuniões, no decorrer das capacitações, procurando entender qual era a demanda dos
alunos envolvidos no projeto, se eram melhorias de técnicas de vendas, melhorias dos
processos criativos ou de desenvolvimento, noções de controle de custo, aquisição de
mercadorias, melhoria no atendimento, entre outros e a partir desse levantamento a
foram oferecidos as oficinas, palestras e cursos.
O critério de participação era estar matriculado nos cursos oferecidos pela
FESC, pertencer à terceira idade e desenvolver algum trabalho seja artesanal ou
gastronômico que gerasse renda. O foco desse projeto é de desenvolver a capacidade
empreendedora a partir daquilo que já sabiam e produziam.
Ao longo dos anos esse grupo foi capacitado, tanto na parte da gestão na
melhoria do controle de suas rendas, quanto na parte tecnológica, no aprendizado de
informática. Para terem um maior controle de seus orçamentos os alunos passam por
aulas de tecnologias com foco empreendedor, oferecido pelo PID.
43
Através de oficinas e aulas, os idosos aprenderam como atender melhor ao
cliente, adquirir conhecimento sobre técnicas de embalagens de produtos, formação de
preços e até mesmo como conduzir uma feira.
No intuito de venderem os produtos produzidos pelos alunos, as feiras são
propostas desde o início do projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade e
acontecem todas as terças-feiras, no período das oito às dezessete horas, com o
objetivo de fortalecer a prática do empreendedorismo e aumentar a comercialização
dos produtos produzidos por eles, portanto, não podem ser usadas como pontos de
revenda de produtos de terceiros, porque isso destoaria dos objetivos do projeto.
As rendas provenientes das feiras realizadas pela FESC são sazonais, porém,
através das feiras é possível construir uma rede de contatos que tem papel fundamental
na inclusão dessas pessoas na sociedade. A rede de contatos é responsável por
divulgar o trabalho desenvolvido dentro da FESC e para os alunos funciona como um
“chamariz de encomendas”, que complementam a renda dos mesmos.
No que tange à questão planejamento e agenda, são feitas reuniões
periodicamente para discutir o andamento do curso e para planejarem suas
participações em feiras e eventos dentro e fora do município. A FESC investe em
viagens para que os alunos conheçam novas técnicas, novos produtos, busquem que
possam aprimorar suas habilidades.
Seguem abaixo alguns resultados de sucessos alcançados pelo PID em
conjunto com o Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade, destacados, segundo o
educador Adailton.
A participação da FESC com o PID no Prêmio de Inclusão Digital no ano de
2008, o qual a FESC foi ganhadora pelas ações que visam incluir aqueles que se
encontram à margem da sociedade. Para ela, o diferencial para a conquista do prêmio
foi, justamente, o grupo de empreendedorismo que a FESC vem desenvolvendo. A
Iniciativa ganhou reconhecimento nacional e a oportunidade de se apresentar no 7º
Congresso de Inclusão Digital, que aconteceu em Belém do Pará. AFESC recebeu o
convite para levar esse projeto para a Colômbia e conhecer outras iniciativas e
compartilhar mais a respeito das atividades desenvolvidas no município de São Carlos.
44
O Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade foi vencedor por dois anos
consecutivos (2009 e 2010) do Prêmio Talentos da Maturidade, na categoria Programas
Exemplares do Banco Real/ Santander.
No ano de 2009, o recurso ganho pelo grupo foi de R$ 51.500,00, quantia que
resultou na compra de uma câmera digital e uma filmadora, um projetor multimídia,
notebook, acessórios para a feira: mesas, cadeiras e barracas para as feiras e suportes
para galões de água.
No ano de 2010, a quantia ganha pelo mesmo projeto foi de R$ 69.000,00 a
qual foi revertida para a compra de um veículo Fiat Doblô pela FESC para auxiliar no
transporte de pessoas e equipamentos para as feiras e também em acessórios que
faltavam para que as feiras ocorressem.
Outro ponto a destacar como positivo foi a participação de um dos alunos no
festival gastronômico realizado no ano de 2013, Sabor São Paulo, evento que premia o
melhor da culinária do estado de São Paulo. A aluna Maria Valeria Antoninni dos
Santos participou deste evento e seu prato foi reconhecido como entre um dos nove
melhores do estado. O reconhecimento deste prato representa a cidade de São Carlos,
dentro da rota gastronômica do estado.
4.2.2 Análise do formulário e da observação direta
O Formulário foi aplicado a seis alunas que participam do Projeto Inclusão
Produtivo na Terceira idade no campus da FESC da Vila Nery, durante a realização das
feiras que acontecem todas as terças e quintas. As alunas fazem uma escala para
determinar em quais datas irão expor seus produtos e comercializá-los.
A faixa de idade dessas participantes varia entre 53 a 68 anos, um público
100% feminino. Quanto á formação acadêmica das alunas, através do Gráfico2, pode-
se identificar que o publico é composto em sua maioria por alunas que possuem ensino
superior completo (quatro pessoas), uma possui ensino médio completo e uma não
completou o ensino fundamental.
45
Gráfico 2 – Nível de Escolaridade
Fonte: Dados da Pesquisa
As atividades que elas desenvolvem nas feiras são de culinária e de artesanato
o qual se divide em pinturas de tecidos, crochê, macramê e bordados a mão. A renda
total dessas mulheres não somente é proveniente das feiras, mas também de outras
fontes, conforme apresenta o Gráfico 3, três delas são aposentadas, duas são
pensionistas e apenas uma alega ter como fonte de renda somente a venda de seus
produtos.
O interesse das alunas em participarem do Projeto surgiu após uma iniciativa
dos próprios funcionários da FESC, que decidiram criar um grupo para oferecer aulas e
oficinas de empreendedorismo. Os funcionários identificaram que diversas alunas do
campus já vendiam informalmente seus produtos de culinária e artesanato para amigos
e conhecidos, logo, os educadores criaram as oficinas e as aulas que pudesse oferecer
mais informações sobreo tema empreendedorismo e que fosse capaz de auxiliar e
incentivar essas alunas a empreender.
Atualmente graças às feiras e eventos as alunas conseguem complementar
suas rendas, já que em sua maioria (cinco alunas) recebem de 1 a 3 salários mínimos
por mês, conforme demonstra o Gráfico 4, e apenas uma aluna diz receber de 4 a 6
salários mínimos.
1 pessoa 1 pessoa
4 pessoas
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Ensino FundamentalIncompleto
Ensino Médio Completo Ensino SuperiorCompleto
Escolaridade
46
Gráfico 3 - Ocupação das alunas no Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 4– Renda Mensal
Fonte: Dados da Pesquisa
Durante a existência do projeto elas puderam aprender vários detalhes, nos
mais diversos âmbitos, que são essenciais para o melhoramento do desempenho de
seus negócios. Aprenderam como fazer a formação de preço dos seus produtos, com
3 pessoas
2 pessoas
1 pessoa
Ocupação
Aposentada eempreendedora
Pensionista eempreendedora
Empreendedora
5 pessoas
1 pessoa
Renda
R$ 788,00 a R$2.364,00
R$ 3.152,00 a 4.728,00
47
as aulas de matemática financeira; aprenderam a fazer a divulgação de seus produtos
através de meios eletrônicos, aprenderam a criar cartões de visitas Figura 1, para
distribuírem em feiras e assim aprimorar a divulgação e aumentar suas vendas através
de encomendas.
Figura 1 – Cartões de visita
Fonte: Dados da Pesquisa
Puderam aprimorar também o atendimento aos seus clientes, através de cursos
e palestras em parceria com outras instituições, aprendeu como embalar seus produtos,
como escolher melhor suas matérias-primas para manter a qualidade de seus produtos
e como controlar suas vendas através de etiquetas, conforme mostra a Figura 2, um
modelo criado com a finalidade de fazer o controle financeiro e de estoque de seus
negócios.
48
Figura 2 – Etiqueta de controle de vendas
Fonte: Dados da Pesquisa
Além de todo esse aprendizado de empreendedorismo e de como melhorar
seus negócios e torná-lo mais rentável o projeto possui outro significado importante.
Durante a aplicação dos formulários elas também relataram que houve um ganho
significativo na melhoria da qualidade de vida emocional, pois as feiras proporcionam a
elas momentos de integração social, onde conversam e se distraem.
A produção dos seus produtos também é uma atividade que faz com que elas
ocupem seu tempo. Como relataram histórias pessoais vividas, duas alunas disseram
que a interação social criada entre elas e o público, por conta do projeto, foi capaz de
fazer com que elas superassem momentos difíceis que viveram. Uma delas disse ter se
recuperado de uma depressão, disse também que o convívio entre todo o grupo
durante as feiras e os eventos foi de grande importância para que pudesse se
restabelecer emocionalmente.
Outra aluna relatou que essa relação que existe entre elas, durante as feiras, foi
essencial em um dos momentos mais difícil de sua vida, a perda de seu marido, e como
passou a morar sozinha aos seus 67 anos de idade, participar do projeto foi
fundamental para sua saúde emocional e para superar este momento difícil que viveu.
49
A observação e a aplicação dos formulários tornaram possível a constatação do
quanto as aulas e as oficinas de empreendedorismo foram capazes de contribuir na
comercialização dos produtos e no sucesso das alunas. Agora elas conseguem fazer o
controle de suas vendas, criaram uma rede de contatos maior, aprimoraram seu
atendimento ao público, aprenderam a divulgar seus produtos, conseguem manter um
controle maior de todo o negócio.
Nas Figuras 3, 4 e 5 é possível ver um pouco a comercialização dos produtos e
como as feiras organizadas pela FESC acontecem, e três das participantes do projeto,
que autorizaram os pesquisadores a fotografarem e a divulgarem seus produtos e
imagens.
Figura 3 – Feira realizada na FESC – Pintura em Tecido
Fonte: Dados da Pesquisa
50
Figura 4 – Feira realizada na FESC – crochês e pedrarias
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 5 - Feira realizada na FESC – Culinária e alunas
Fonte: Dados da Pesquisa
51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O empreendedorismo no Brasil teve forte influência no país na década de 1990,
quando mercado brasileiro foi aberto para o mundo e novas ideias começaram a surgir,
dentre elas, o uso da tecnologia que agregou valor aos processos produtivos e
ocasionou grandes transformações no mercado. O processo empreendedor evoluiu ao
longo dos anos até chegar ao conceito que conhecemos hoje. Muitas empresas
nascem, mas poucas sobrevivem aos três primeiros anos, devido à falta de
planejamento, falta de estrutura de mercado e de conhecimento nas atividades que
desejam desempenhar.
Atualmente, vivemos em um período de envelhecimento social e a cadeia
produtiva deve ser repensada, pois com a tendência já estudada por alguns órgãos de
pesquisa como IBGE e IBQP nos remetem a realidade de que em um futuro próximo, a
maioria das pessoas serão idosas e que seriam necessárias à criação de atividades
para esse público que auxiliem gerar renda e que funcione também como forma de
reinseri-los no mercado de trabalho, deixando, dessa forma, de serem considerados
peso social e tributário.
Constatou-se que o projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade,
desenvolvido pela FESC, traz a inserção do idoso ao mercado de trabalho e contribui
para melhoria de vida dos participantes, funcionando em alguns casos, como fonte de
renda, e até mesmo apoio emocional melhorando a qualidade de vida desses
integrantes.
As oficinas e as aulas de capacitação profissional que a FESC vem realizando,
por meio do Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade, durante os últimos seis
anos, têm ajudado os participantes a aprimorarem suas atividades profissionais e a
comercializarem melhor seus produtos durante os eventos promovidos pela própria
FESC. Esses eventos acontecem esporadicamente ao longo do ano e tem ajudado na
complementação de rendas dessas pessoas.
Outro aspecto muito interessante que a pesquisa permitiu identificar foi quea
participação desses idosos no projeto estudado, trouxe a eles a possibilidade de
inclusão social e o aumento da autoestima. Constatou-se que isso ocorre porque se
52
sentem motivados a apresentar para a comunidade aquilo que sabem fazer. Através da
capacitação oferecida pela FESC, eles podem complementar suas rendas com os
trabalhos que realizam, podem conhecer pessoas novas, participar de vários eventos,
conhecer vários locais diferentes, ter a oportunidade de continuar aprendendo, de estar
em constante interação com o mercado e com as novidades que surgem diariamente
no ramo de atividade que escolheram.
Tudo isso tem feito com que esses alunos encontrem em suas atividades de
artesanato e culinária a oportunidade de continuarem ativos, contribuindo com a
sociedade e deixando de serem considerados um peso tributário e social.
A pesquisa destacou a importância desse projeto na vida dessas pessoas e
acreditamos que será válida a construção de outros projetos com foco empreendedor, a
fim de desenvolver e aprimorar a formação de cidadãos que se encontram excluídos da
sociedade, recuperando seus valores e resgatando a integridade social do idoso.
O projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade deu a suas participantes a
oportunidade de enxergar novos horizontes, buscar novas formas de viver e
aprimorarem seus negócios com aplicação dos conceitos empreendedores aprendidos
no projeto, também as auxiliou a desfrutarem dessa fase da vida, a terceira idade, de
forma produtiva e ativa.
Este trabalho não teve a pretensão de ser conclusivo sobre o tema, podendo
servir como estudo para outros trabalhos de outras áreas como: psicologia, no estudo
do comportamento humano; na economia: para buscar o impacto mais aprofundado
desse projeto no orçamento municipal e também na administração: na avaliação das
técnicas e estratégias utilizadas para o gerenciamento dos processos.
53
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APÊNDICE A - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM O COORDENADOR E O EDUCADOR DO PROGRAMA PID
Nome_________________________________
Idade______ Cargo___________________ Setor______________________
Há quanto tempo ocupa o cargo_________ Qual é sua
formação___________________
Existe eleição para o cargo?_____________ É concursado?___________________
1. Porque capacitar à terceira idade e torná-los empreendedores?
2. A demanda pelo curso veio da comunidade ou foi iniciativa de alguém ou um
grupo? Como ocorreu esse processo?
3. Quais são os benefícios que a unidade oferece a seus alunos?
4. Existem dados que comprovem a capacitação destes alunos? Se sim, quais são?
Como são feitos esses estudos?
5. Existe um acompanhamento dos alunos empreendedores?
6. Como estão essas pessoas que foram inseridas no mercado de trabalho?
7. Quais são os resultados de sucesso que obtiveram durante os anos de
existência do projeto?
8. Existem parceiras com empresas para fazerem estágios? Eles vão a campo para
desenvolver as habilidades aprendidas?
9. As pessoas que dão o curso são professores graduados ou são pessoas que
procuram contribuir solidariamente com o projeto? Qual o grau de escolaridade?
10. Existem além dos professores, palestrantes para complementar o curso?
11. É possível estimar quantos alunos já foram atendidos pelo programa?
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APÊNDICE B - FORMULÁRIO PARA OS ALUNOS DA FESC
1. Qual a sua idade? _____________Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Qual a Faixa de renda da sua família?
( ) R$ 788,00 a R$ 2.364,00 ( ) R$ 3.152,00 a 4.728,00 ( ) R$ 5.516,00 a 7.092,00
( ) Acima de R$ 7.092,00
3. Qual a sua situação atual?
( ) Aposentado (a) ( ) Pensionista ( ) Empreendedor (a)
4. Qual sua escolaridade?
( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo (até a 8ª serie)
( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior Incompleto - Em qual área? _________________
( ) Ensino Superior Completo - Em qual área? ___________________
5. Porque decidiu participar do projeto de empreendedorismo oferecido pela FESC? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. Em breves palavras, diga o que aprendeu durante as oficinas e aulas oferecidas.
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. O que você acredita ter melhorado em sua vida com a ajuda do projeto?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8. As aulas têm ajudado a aprimorar seus negócios? De que forma?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________