o empreendedorismo na melhor idade: um estudo de caso

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03/06/2015 O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação Educacional São Carlos (FESC) Tecnologia em Processos Gerenciais Evandro Pinheiro dos Santos Leticia Maiara Garcia

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Page 1: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

03/06/2015

O EMPREENDEDORISMO NA

MELHOR IDADE: um estudo de

caso na Fundação Educacional

São Carlos (FESC)

Tecnologia em Processos Gerenciais

Evandro Pinheiro dos Santos

Leticia Maiara Garcia

Page 2: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO – CAMPUS SÃO CARLOS

TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS

Evandro Pinheiro dos Santos

Letícia Maiara Garcia

O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação

Educacional São Carlos (FESC)

SÃO CARLOS/SP

2015

Page 3: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

EVANDRO PINHEIRO DOS SANTOS

LETÍCIA MAIARA GARCIA

O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação

Educacional São Carlos (FESC)

Monografia, apresentada ao Instituto Federal de São Paulo – Campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerencias. Orientadora: Prof.ª Ms. Renata O. de Carvalho.

SÃO CARLOS/SP

2015

Page 4: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

EVANDRO PINHEIRO DOS SANTOS

LETICIA MAIARA GARCIA

O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso na Fundação

Educacional São Carlos (FESC)

Monografia, apresentada ao Instituto Federal de São Paulo – Campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerencias.

Data de Aprovação: __/__/2015

_________________________________________________

Prof. Ms Renata O. de Carvalho

Instituto Federal de São Paulo

_________________________________________________

Prof.Ms. Miriam Toyama

Instituto Federal de São Paulo

_________________________________________________

Prof.Ms. Diego Fogaça

Instituto Federal de São Paulo

SÃO CARLOS/SP

2015

Page 5: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pela saúde е força pаrа superarmos as

dificuldades.

Agradecemos sinceramente a Professora Ms. Renata, orientadora deste

trabalho, pela dedicação e empenho que dirigiu e orientou nossos passos e nossos

pensamentos para a realização deste trabalho e alcance de nossos objetivos.

Aos funcionários e alunos da Fundação Educacional de São Carlos, os quais

foram fundamentais para a realização deste trabalho, a todos professores qυе nos

acompanharam durante а graduação, nossos mais sinceros agradecimentos, e a todos

os nossos familiares que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que

chegássemos até esta etapa de nossas vidas.

A todos os aqueles que direta ou indiretamente se doaram para que a

conclusão deste trabalho se tornasse possível. Muito obrigado!

Page 6: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

RESUMO

O envelhecimento da população é um fenômeno demográfico constatado

mundialmente. Esse fenômeno causa alguns problemas para as sociedades atuais,

porque o pagamento de impostos e de aposentadorias são inversamente proporcionais.

Diante disso, o empreendedorismo pode ser uma saída para a clássica pergunta que

muitas pessoas na terceira idade se fazem: e agora o que vou fazer da vida? O objetivo

desta pesquisa é verificar como o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade,

oferecido pela Fundação Educacional de São Carlos (FESC), contribui para o

desenvolvimento do empreendedorismo na terceira idade. Para tanto, foi realizado um

estudo de caso, que procurou estudar especificamente, o Projeto de Inclusão Digital da

Terceira Idade, com foco na ação empreendedora. Os dados foram coletados através

de uma entrevista semiestruturada com o coordenador e um dos educadores do

projeto. Foi aplicado um formulário com seis alunos envolvidos no processo de

capacitação e foi realizada a observação direta dos trabalhos realizados pelo grupo. Os

resultados demonstram que os participantes conseguiram aplicar seus conhecimentos

de vida à nova realidade que o empreendedorismo trouxe para eles. Com o uso da

tecnologia, do conhecimento em empreendedorismo, oferecido por cursos de

capacitação e oficinas, através da parceria com outras instituições como o Senac,

Sebrae e faculdades, proporcionou a inclusão desses idosos no mercado de trabalho.

Eles puderam melhorar suas atividades produtivas e desenvolveram seus próprios

negócios. Isso lhes trouxe uma ocupação e a reinserção no mercado de trabalho e

desencadeou uma série de fatores positivos, tanto físicos quanto psicológicos,

proporcionando qualidade de vida, resgatando seus valores e em alguns casos,

servindo como fonte de renda complementar.

Palavra chave: Empreendedorismo. Terceira idade. FESC.

Page 7: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

ABSTRACT

The aging population is a demographic phenomenon observed worldwide. This

phenomenon causes some problems for today’s societies, because the payment of

taxes and pensions are inversely proportional. Thus, entrepreneurship can be a way out

of the classic question that many people in later lifer often ask: what will I do with my life

now? The aim of this work is to verify how the Productive Inclusion Project in Third Age,

offered by the Educational Foundation of São Carlos (FESC), contributes to the

development of entrepreneurship in Third Age. To achieve this goal a case study was

conducted analyzing specifically, the Third Age Digital Inclusion Project, focusing on

entrepreneurial action. Data were collected through semi structured interviews, being

interviewed the project coordinator and educator. It was applied a form six students

involved in the training process and direct observation of the work done by the group

was performed. The results showed that the participants were able to apply their

knowledge of life to the new reality that entrepreneurship has brought to them. With the

use of technology, knowledge in entrepreneurship offered by training courses and

workshops through partnerships with other institutions such as the SENAC, SEBRAE

and colleges, provided the inclusion of the elderly in the labor market. They could

improve their production activities and develop their own business. That brought them

an occupation and the reintegration into the labor market and set off a series of positive

factors, both physical and psychological, providing quality of life, rescuing their values

and in some cases, serving as a supplementary income source.

Keywords: Enterprising. Third Age. FESC.

Page 8: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

Figura 1: Cartões de visita ............................................................................................. 47

Figura 2: Etiqueta de controle de vendas ....................................................................... 48

Figura 3: Feira realizada na Fundação – pintura em tecido ........................................... 49

Figura 4: Feira realizada na Fundação – crochês e pedrarias ....................................... 50

Figura 5: Feira realizada na Fundação – culinária e alunas ........................................... 50

GRÁFICOS

Gráfico 1: Proporção de usuários de internet, percentual sobre o total da população ... 34

Gráfico 2: Nível de Escolaridade .................................................................................... 45

Gráfico 3: Ocupação das alunas no Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade........ 46

Gráfico 4: Faixa de Renda ............................................................................................. 46

QUADROS

Quadro 1: Características mais frequentes entre os empreendedores .......................... 25

Page 9: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sonho dos brasileiros segundo características sociodemográficas................ 31

Tabela 2: Empreendedores iniciais ................................................................................ 31

Tabela 3: Distribuição dos brasileiros segundo características sociodemográficas ....... 32

Page 10: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9

1.1 Objetivos Da Pesquisa ............................................................................................. 11

1.2 Justificativa ............................................................................................................... 11

1.3 Metodologia .............................................................................................................. 12

2 EMPREENDEDORISMO: A EVOLUÇÃO DO CONCEITO ......................................... 16

2.1 Empreendedorismo no Brasil ................................................................................... 19

2.2 O impacto econômico do empreendedorismo .......................................................... 23

2.3 Características dos empreendedores ....................................................................... 24

2.4 Tipos de empreendedores ........................................................................................ 26

3 EMPREENDEDORISMO NA TERCEIRA IDADE ........................................................ 31

4 ESTUDO DE CASO: FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO CARLOS (FESC) ....... 36

4.1 O Programa Educacional De Inclusão Digital (PID) ................................................. 38

4.1.1 Projeto Inclusão Produtiva Na Terceira Idade ....................................................... 39

4.2 Pesquisa de campo: coleta e análise dos dados ...................................................... 41

4.2.1 Análise da entrevista ............................................................................................. 42

4.2.2 Análise do formulário e da observação direta ....................................................... 44

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 51

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 53

Apêndice A - Roteiro para entrevista com o coordenador e o educador do Programa PID...................................................................................................................................59

Apêndice B - Formulário para os alunos da FESC..........................................................60

Page 11: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

9

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2009),

o número de pessoas idosas no país vem crescendo em ritmo acelerado. Este número

chega a ser maior do que o de pessoas que nascem devido à redução da taxa de

natalidade e também aos avanços da medicina. A qualidade de vida das pessoas

idosas tem melhorado e aumentado, o que é uma aspiração natural de qualquer

sociedade. Entretanto frente a esse cenário aumentam os gastos estatais para a

manutenção de vida dessas pessoas o que se torna um aumento de tributos para a

população.

Com este novo cenário a estrutura de gastos do país muda em diversas áreas

importantes. O ritmo de crescimento da população da terceira idade tem resultados

expressivos: em 2009 eram cerca de 21 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, de

acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD (IBGE, 2009, p.94).

Em outra pesquisa realizada pelo mesmo órgão no ano de 2013, os números mostram

que a população idosa passou para 26,1 milhão, um crescimento em torno de 4,1

milhão de pessoas em quatro anos. (PNAD apud G1, 2014).

No município de São Carlos de acordo com as projeções desenvolvidas pelo

Sistema Estadual e Análise de Dados (SEADE apud JORNALPP, 2015), a população

de idosos neste ano na cidade poderá chegar a 14,56% de um universo de 233.249

habitantes, ou seja, 33.979 serão idosos, em primeiro de junho de 2015. Em 2030 a

projeção aponta que do total geral de 253.937 habitantes, 55.499 serão idosos, o que

representa em termos percentuais 21,8% da população.

Essas projeções permitem aos pesquisadores refletirem sobre como será a

qualidade de vida que essas pessoas (idosos) terão em um futuro próximo e quais

serão as fontes de renda que esse público terá para sobreviver, pois de acordo com a

pesquisa divulgada pelo site Último Segundo do portal Ig, 43,2% dos idosos vivem com

um salário mínimo (SEGUNDO, 2010).

É neste cenário que a Fundação Educacional de São Carlos (FESC), mantida

pela Prefeitura Municipal de São Carlos, realiza um Projeto Especial, denominado

Page 12: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

10

“Inclusão Produtiva na Terceira Idade” que está voltado à capacitação de alunos com o

interesse em desenvolver atividades na área de empreendedorismo. O Projeto está

inserido no Programa Educacional de Inclusão Digital (PID) que também é oferecido

pela FESC.

Para Dornelas (2005 p. 29), “o empreendedor é aquele que detecta uma

oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

calculados.” Já para Chiavenato (2007 p.3), o empreendedor é a pessoa que inicia e/ou

opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e

responsabilidades e inovando continuamente.

E ainda de acordo com Chiavenato (2007 p.4)

os empreendedores são heróis populares no mundo dos negócios. Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam crescimento econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma economia em mudança, transformação e crescimento.

O Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade faz parte dos projetos

oferecidos pela FESC e da programação de cursos, oficinas e capacitações oferecidos

pelo PID. Ambos os projetos ofertam a população local especializações. O primeiro

busca integrar idosos que já desenvolvem algum tipo de atividade que lhes traga renda

novamente ao mercado de trabalho e o PID visa o ensino de informática a qualquer tipo

de pessoa. A associação desses projetos com foco no público da terceira idade garante

a atividade empreendedora, melhoria da integração do idoso com a sociedade e a

reinserção do idoso no mercado de trabalho.

De acordo com o projeto pedagógico do Programa de Inclusão Digital (PID)

elaborado pela diretora-presidente Profª. Dra. Elisabeth Márcia Martucci e o

coordenador de ensino Prof. Adailton Roberto de Morais, um dos objetivos específicos

do programa PID é (MARTUCCI, MORAIS 2007)

Oferecer formação básica em informática para crianças, jovens, adultos e pessoas idosas, que permita a aquisição de conhecimentos e habilidades específicas para o uso de computadores e da Internet, aliando conteúdos e habilidades básicas para o exercício da cidadania.

Page 13: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

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Entendendo que o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade, que foi

desenvolvido por iniciativa da diretora Profª. Dra. Elisabeth e do Educador Prof. Adailton

Roberto de Morais, vai ao encontro de conceitos que visam melhorar a qualidade de

vida da terceira idade são-carlense, através de aulas e oficinas voltadas para prática do

empreendedorismo, e sendo o mercado de trabalho seletivo e excludente,

principalmente para a terceira idade, torna-se problema desta pesquisa compreender:

Qual é o impacto que o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade tem na promoção

do empreendedorismo para a terceira idade?

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo geral desta pesquisa é verificar como o Projeto Inclusão Produtiva na

Terceira Idade, oferecido pela Fundação Educacional de São Carlos (FESC), contribui

para o desenvolvimento do empreendedorismo na terceira idade.

Para operacionalizar a pesquisa, foi necessário estabelecer alguns objetivos

específicos, que são pontos importantes na compreensão do problema pesquisado:

a) Apresentar a evolução do empreendedorismo no Brasil e o seu impacto

socioeconômico;

b) Apresentar o Programa de Inclusão Digital (PID) e o Projeto Inclusão

Produtiva na Terceira Idade, desenvolvidos pela Fundação Educacional de

São Carlos.

c) Identificar o impacto do Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade na

atividade empreendedora da terceira idade são-carlense.

1.2 JUSTIFICATIVA

O envelhecimento da população brasileira já é fato mensurado nos estudos do

IBGE (2009), gerenciar esse contingente nacional fica cada vez mais complicado, uma

vez que a arrecadação de impostos e o pagamento de aposentadorias são

inversamente proporcionais. Frente a esse desafio, surge a proposta da Prefeitura

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12

Municipal de São Carlos de fomentar e promover o empreendedorismo através da

Fundação Educacional São Carlos (FESC), que oferece projetos de inclusão digital e de

capacitação da terceira idade são-carlense para que possam aprender e começar a

empreender.

O empreendedorismo na terceira idade pode ser uma ferramenta de inclusão

social e uma ferramenta de melhoria na qualidade de vida, por proporcionar motivação

e autoestima ao idoso. O empreendedorismo na terceira idade foi escolhido como tema

de estudo por saber que este poderia ser um caminho interessante a ser trilhado pelos

idosos para desempenharem novamente papéis ativos na sociedade.

Conforme Longenecker; Moore; Petty (2004), os empreendedores são heróis

populares da moderna vida empresarial, pois são capazes de fornecerem empregos,

gerar inovações, favorecer o crescimento econômico do país. O empreendedorismo é

uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial

foi para o século 20 (TIMMONS, 1990 apud DORNELAS, 2007, p. 42).

“Atualmente os empreendedores são reconhecidos como componentes

essenciais para mobilizar capital, agregar valor aos recursos naturais, produzir bens e

administrar os meios para administrar o comércio”. (SEBRAE, 2007, p.2).

Deste modo a opção dos pesquisadores pelo tema surgiu a partir do interesse

de se aprofundarem e conhecerem melhor as ações que a Fundação Educacional de

São Carlos tem realizado no Município, capacitando a terceira idade através do Projeto

Inclusão Produtiva na Terceira Idade para que esse público possa começar a

empreender.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia é o padrão de procedimentos que serão utilizados para se

chegar a determinado(s) objetivo(s) que se propõe(m) a pesquisa. “É por ela que se

definem os meios e caminhos seguidos pelos pesquisadores, quais foram os processos

mentais e também os processos da pesquisa cientifica”. (SILVA, MENEZES, 2005, p. 9-

10).

Page 15: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

13

Esta pesquisa, em resumo, classifica-se como uma pesquisa de natureza

aplicada, com abordagem qualitativa, objetivo exploratório e descritivo e estudo de

caso.

A pesquisa de natureza aplicada segundo Silva e Menezes (2005) apud Matias-

Pereira (2012, p. 87), “tem como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática e

dirigida à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.

Com isso, o intuito é conhecer o Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade

desenvolvido pela Fundação Educacional de São Carlos, através do Programa

Educacional PID (Programa de Inclusão Digital) na cidade de São Carlos- SP oferecido

ao público da terceira idade do município.

Quanto à abordagem qualitativa, entende-se:

A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requerem uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. (SILVA, MENEZES, 2005 apud MATIAS-PEREIRA, 2012, p. 87)

Os pesquisadores buscaram compreender como o Projeto Inclusão Produtiva

na Terceira Idade vem contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos idosos

que participam do projeto na cidade de São Carlos.

O objetivo da pesquisa é exploratório, que de acordo com a definição de Gil

(2009) apud Matias-Pereira (2012, p. 88), “visa proporcionar maior familiaridade com o

problema com intuito de torná-lo explícito ou de construir hipótese. [...] Assume, em

geral as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso” e descritivo que de

acordo com (TRIVIÑOS, 1987 apud GERHARDT, SILVEIRA, 2009, p. 35) “A pesquisa

descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja

pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de

determinada realidade”. Desta forma, como procedimento da pesquisa foi feito um

estudo de caso na FESC e realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema

empreendedorismo.

Foram utilizadas fontes bibliográficas para discorrer principalmente sobre o

tema central da pesquisa: o empreendedorismo, pois segundo Rampazzo (2013, p. 52),

Page 16: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

14

“a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas

publicadas (em livros, revistas etc.)”.

A pesquisa documental foi utilizada para descrever sobre a Fundação

Educacional de São Carlos e seus programas educacionais, informações essas que

foram em sua maioria obtidas através do site da Fundação. Dados sócio demográficos,

como, por exemplo, das bases do IBGE, também serviram para a fundamentação

teórica. De acordo com (GIL, 2009) apud Matias-Pereira (2012, p. 88) a pesquisa

documental “é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico”.

Quanto ao estudo de caso os pesquisadores buscaram conhecer melhor sobre

as atividades realizadas pela FESC, conhecer mais a respeito do Projeto, Programa

PID e de que forma a fundação atua no município de São Carlos.

Para Gil (2009) apud Matias-Pereira (2012, p. 89) “o estudo caso é quando

envolve o estudo aprofundado e exaustivo de um ou poucos objetivos de maneira que

se permita o seu amplo e detalhado conhecimento”.

Os instrumentos de coleta de dados adotados no estudo de caso foram: a)

observação direta; b) uma entrevista com o Coordenador do Programa PID e com um

Educador; e c) Formulário aplicado com alunos do Projeto Inclusão Produtiva na

Terceira Idade.

A observação segundo Rampazzo (2013, p. 116), “no sentido mais simples,

observar é aplicar os sentidos a fim de obter uma determinada informação sobre algum

aspecto da realidade”. Deste modo ocorreu a observação direta durante a realização

das feiras abertas ao público que acontecem duas vezes por semana dentro da própria

FESC, que tem como objetivo possibilitar que os alunos comercializem seus próprios

produtos.

A pesquisa conta também com uma entrevista semiestruturada (Apêndice A)

realizada com o Educador do programa PID e com o coordenador no campus da Vila

Nery na Fundação Educacional, a entrevista teve o intuito de obter melhores

informações sobre as ações do projeto Inclusão Produtivas na Terceira Idade.

Segundo Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semiestruturada está

focalizada em um assunto sobre o qual é elaborado um roteiro com as principais

perguntas, porém, durante a entrevista, as perguntas do roteiro são complementadas

Page 17: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

15

por outras questões inerentes às circunstancias momentâneas à entrevista. As

informações podem ser encontradas de forma livre e as respostas não estarão

engessadas a um roteiro rígido e condicionante de alternativas.

Outro instrumento de coletas de dados utilizados na pesquisa foram os

formulários aplicados com seis alunos (Apêndice B) com o objetivo de conhecer melhor

os benefícios oferecidos pelo projeto e também identificar se o projeto tem melhorado a

qualidade de vida dos idosos que participam.

Para Silva e Menezes (2000 p. 34) “Formulário é uma coleção de questões

perguntadas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra

pessoa/o informante”.

Page 18: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

16

2 EMPREENDEDORISMO: A EVOLUÇÃO DO CONCEITO

O termo empreendedorismo tem sua origem do francês entrepreneur que

significa: “aquele que está entre”, quando traduzido literalmente (HISRICH; PETERS;

SHEPHERD, 2009, p.27). Porém para os dias de hoje essa palavra pode ser entendida

como “aquele que assume riscos e começa algo novo” (DONERLAS, 2014, p.19).

Claramente que para chegar a essa ideia, o termo, ao longo dos anos sofreu

mudanças, sendo adaptado com o contexto histórico, social e cultural em que era, foi

ou é empregado.

De um modo geral a origem do termo empreendedor data do século XV, que

para Dornelas (2014, p.19), era considerado empreendedor, aquele que a qualquer

custo, manteria seu negócio e fosse capaz de descobrir novos caminhos e razões para

ser financiado por alguém disposto a comprar mercadorias do Oriente, daí a ideia de

intermediário ou “aquele que está entre”.

No final do século XIX e no início do século XX, segundo o mesmo autor,

gerentes ou administradores eram confundidos com empreendedores, porque eram

tidos os empreendedores como pessoas que organizavam a empresa, pagavam os

empregados, planejavam, dirigiam e controlavam a organização, entretanto, sempre a

serviço do capitalista.

Somente em meados do século XX, conforme relatam Hisrich, Peters e

Shepherd (2009, p.29) é que se estabelece a visão do empreendedor como uma

pessoa inovadora, como aquele que consegue enxergar gargalos em processos e

aproveitar-se deles da melhor maneira possível, gerando assim uma ferramenta ou

serviço novo ou modificando partes desse processo para fazê-lo mais eficiente.

O termo sofreu alterações até chegar aos dias de hoje, onde temos um mundo

globalizado e extremamente dinâmico e onde as relações mercadológicas não são tão

fáceis de serem compreendidas ou mapeadas. É preciso muito estudo para poder

empreender e ter sucesso naquilo em que se investe.

O empreendedorismo como ciência é entendido como algo relativamente novo

e em constante mudança, tendo em vista, a economia que surgiu há alguns séculos

atrás e a administração há pouco mais de cem anos. Este termo está em constante

Page 19: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

17

mudança devido ao dinamismo encontrado no paradigma de mercado em que está

inserido, vem ganhando destaque e sendo discutido em todo mundo atualmente,

segundo Hisrich, Perters e Shepherd (2009), para definir empreendedorismo devemos:

Levar em consideração que este pode ser compreendido e visto sob perspectivas conceituais diferentes, justamente por possuir diferentes significados às pessoas, podem existir aspectos comuns: risco, criatividade, independência e recompensas.

Devido a várias e constantes mudanças que ocorrem no mercado global, o

termo vem sendo discutido e tem sido tomado como prioridade em muitos países,

ganhando destaque em países considerados em desenvolvimento. O empreender se

torna uma das principais atividades daqueles que trabalham em mercados informais.

Há pelo menos três décadas, o empreendedorismo como ciência procura

estudar o modo como pessoas se estruturam e gerem seus próprios negócios, visando

à maneira como estes investem e garantem a sobrevivência dos mesmos. Considerar o

empreendedor como um ser inovador é algo que ocorre em meados do século XX,

conforme afirma Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p.29):

[...] o empreendedor é considerado um inovador, responsável por causar mudanças, reformas ou revoluções aos padrões de produção, investindo intelecto ou financeiramente na reformulação daquilo que já existe ou criando algo novo.

A partir de ideias inovadoras ou do aprimoramento de técnicas e objetos já

existentes é que a ciência empreendedora busca compreender como aqueles que

inovam e melhoram as formas de produzir, administrar ou criam novas maneiras de

gerir – o empreendedor – têm se comportado neste mercado que é bastante

competitivo e que não perdoa falhas.

A fim de definir esse padrão de comportamento de sucesso do empreendedor é

que a ciência empreendedora se empenha em estudar as mudanças de acordo com a

cultura e o tipo de mercado onde estão inseridos esses novos players.

Muitas vezes, essas pessoas acabam perdendo espaço no mercado e seus

investimentos, em meio à grande competitividade do mercado, nos primeiros anos de

funcionamento do seu negócio pela má gestão do mesmo, pela falta de planejamento e

Page 20: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

18

também pela falta de olhar crítico no ambiente e no nicho de mercado escolhido para

Hisrich, Peters e Shepherd (2009): “[...] empreender é tomar iniciativa, organizar e

reorganizar mecanismos, aceitar riscos ou o fracasso”.

O empreendedor do século XXI precisa estar atento ao ambiente em que

atuará: observar a concorrência; definir em qual nicho de mercado deseja atuar;

observar o que seus futuros clientes necessitam; definir através de pesquisas o

potencial do local em que será inserido o estabelecimento e definir estratégias que

atendam os anseios de seus clientes.

O processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal. (HISRICH, PETERS e SHEPHERD, 2009, p.30).

Essas são tarefas básicas a serem consideradas pelo empreendedor, pois

entrar no mercado sem um estudo preliminar do campo onde deseja atuar pode

significar investimento sem a certeza de que este retornará o investimento inicial e será

lucrativo.

Inovar é um termo, indiscutivelmente, inserido no panorama de sucesso de

novas empresas que se destacam e sobrevivem no mercado atual. Uma vez que,

estamos discutindo a inserção da ideia ou empresa em um mercado competitivo e

extremamente predatório, inovar é aplicar novas tecnologias ou novas técnicas de fácil

imitação ou de fácil adaptação, tornando-as as principais técnicas inseridas no seu

processo. Se estas forem atores chave de seu sucesso, sua empresa poderá estar

fadada à falência, pois logo serão imitados e aplicados em outros processos melhores

ou mais eficientes que o seu.

A arte de empreender é, portanto, um processo de melhoria e inconformidade

com os moldes de algumas realidades, é a inquietação do ser humano perante a falta

de emprego e pela busca de melhores condições de inserção e vagas no mercado de

trabalho que motiva a muitas pessoas a empreender, portanto, para Dolabela (2003,

p.29):

Page 21: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

19

Empreender é um processo humano, com toda a carga que isso representa: ações dominadas por emoção, desejos, sonhos, valores, ousadia de enfrentar as incertezas e de construir a partir da ambiguidade e no indefinido; consciência a inevitabilidade do erro em caminhos não percorridos; rebeldia e inconformismo; crença na capacidade de mudar o mundo; indignação diante de iniquidades sociais. Empreender é, principalmente, um processo de construção do futuro.

Historicamente o empreendedorismo como já demonstrado em parágrafos

anteriores sofreu mudanças de acordo com o contexto cultural, politico e social em que

era empregado. A partir do século XX, uma nova era começa a ser desenhada,

conforme demonstra Dornelas (2014, p.9) no contexto administrativo, vários

movimentos contribuíram para a definição do quadro empreendedor atual, os quais são

apresentados nos parágrafos a seguir.

Em 1900 havia um movimento de racionalização do trabalho com foco na

gerencia administrativa, em 1930 houve o movimento das relações humanas, onde o

homem passou a ser considerado no processo produtivo como fator determinante. Em

1940 e 1950 o movimento do funcionalismo estrutural com foco na gerência por

objetivos dá as empresas um novo olhar ao processo produtivo, passando a ser o

gerente a figura principal do processo.

Em 1960, o movimento dos sistemas abertos com foco na competitividade, em

1970 o movimento das contingencias ambientais e no presente momento não temos um

movimento predominante, mas há cada vez mais o foco no papel do empreendedor

como gerador de riqueza para a sociedade.

2.1 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Irineu Evangelista de Souza, popularmente conhecido como Barão de Mauá,

nascido em 1813, como o pioneiro no processo de empreender no país, pois foi através

de seus esforços que o país começou a dar seus primeiros passos rumo à

modernização.

Irineu começou sua carreira aos nove anos de idade, trabalhando em um

armazém, que tinha como principal atividade a importação de diversos gêneros,

inclusive mão de obra escrava no Rio de Janeiro. Torna-se “caixeiro” do armazém e

Page 22: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

20

após ter adquirido grande poder de barganha, em 1836, é convidado por Richard

Carruthers, que havia conseguido fazer fortuna no país, a ser seu sócio em um

escritório de contabilidade.

Segundo Matos et. al.(2012, p.213):

Depois dessa parceria os negócios começaram a crescer e em 1846, Irineu decide investir na área industrial e cria o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro Ponta de Areia, em Niterói, com aproximadamente mil trabalhadores livres. Após quatro anos, funda a Companhia de Rebocadores Barra do Rio Grande e torna-se importador de tecidos e ferragens inglesas, exportador de café, fumo, açúcar e concessionário de serviços públicos. Já milionário Irineu ganha a concorrência para fornecer iluminação pública ao Rio de Janeiro, por 30 anos, e a concessão exclusiva para lançar a Companhia de Navegação à Vapor do Amazonas.

O país vivia naquela época uma economia agroexportadora e a fim de melhorar

a distribuição de commodities, Irineu associado a bancos ingleses, constrói a primeira

ferrovia do país ligando o Porto de Estrela à localidade de Raiz da Serra, na região

serrana do Rio de Janeiro. Em 1860 constrói a linha ferroviária Santos-Jundiaí,

associado a outro banco Rothschild & Sons.

Irineu Evangelista pode ser compreendido como um sujeito à frente de seu

tempo, pois através do conhecimento adquirido ao longo dos anos empreendeu e fez o

pais crescer, à partir da idealização e pratica de seus objetivos. A esse tipo de

empreendedorismo chama-se de nato, pois a partir daquilo que se tinha, ou daquilo que

se conhece, passa-se a visualizar oportunidades de negócios.

De acordo com Dornelas (2014. p. 14):

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990, quando entidades como Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas.

Dornelas (2014) afirma que, anterior a esse período, o empreendedorismo e a

criação de pequenas empresas não eram temas discutidos, pois não eram propícios os

ambientes político e econômico do país.

Page 23: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

21

No Brasil, ainda de acordo Dornelas (2014), o conceito de empreendedorismo

intensifica-se no final da década de 1990, mas sua consolidação ocorre no ano2000,

pois a preocupação com a taxa de mortalidade de pequenas empresas nascentes é

alta, junto a esse fato também empresas que antes ofereciam salários satisfatórios e

planos de carreira invejáveis, agora lutam para se manterem no mercado, aumentar a

competitividade e reduzir os custos.

Frente a esse cenário, muitas pessoas partem para criação de soluções ou

alternativas de sobrevivência e acabam investindo suas economias ou mesmo seu

fundo de garantia no fomento de suas novas ideias, criando novos serviços e novos

meios de ganharem a vida.

Dornelas (2014), apresenta a evolução histórica do empreendedorismo no

Brasil, partindo desde a criação na década de 1990 dos programas Softex e Genesis,

estimulando o ensino da disciplina em universidades, e a geração de novas empresas

de software (start-ups), passando ainda pelo programa Brasil Empreendedor, do

Governo Federal, onde capacitou mais de 6 milhões de empreendedores em todo o

país, com um investimento de R$ 8 bilhões. Este programa vigorou de 1999 até 2002

A Evolução da legislação em prol das micro e pequenas empresas: Lei da

Inovação, instituição do Simples, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o Programa

Empreendedor Individual e a ênfase do Governo Federal no apoio à micro e pequena

empresa, considerando inclusive a criação de um ministério ou secretaria com foco na

pequena empresa foram ações de grande contribuição para o desenvolvimento do

empreendedorismo no país. Outro fator destacado pelo autor como resultado da

evolução e conhecimento do termo no Brasil é o aumento da quantidade de milionários

e bilionários brasileiros, o que representa o sucesso financeiro na maioria dos casos

tendo a atividade empreendedora como base para esse resultado. (DORNELAS, 2014).

O tema empreendedorismo também ganha notoriedade, não somente pela

relevância para as pequenas e microempresas, mas desperta o interesse do governo e

do meio acadêmico, a ponto de desenvolver pesquisas e programas específicos para

esse público empreendedor.

Dornelas (2014) cita como exemplo a criação do Programa Brasil

Empreendedor (PBE) lançado em 1999 pelo Ministério do Desenvolvimento que

Page 24: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

22

possibilitou às médias e pequenas empresas o acesso ao crédito e à capacitação

empresarial, atendendo mais de um milhão de empresários e empreendedores,

atingindo 5,8 bilhões para linhas de crédito para capital de giro.

Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEBRAE do ano de 2010, o Programa Micro empreendedor Individual (MEI) concebido

pela Lei complementar nᵒ 128, de 19/12/2008, alteração da Lei Complementar nᵒ

123/2006, oferece suporte especial para o trabalhador conhecido como informal, para

que possa se tornar MEI legalizado. O programa se mostra eficiente e atuante

possibilitando a formalização de mais de 3 milhões de empreendedores e o número de

micro e pequenas empresas aumentaram de 4,1 para 5,7 milhões, no período de 2000

a 2008.

Em uma matéria intitulada: “Brasil, o empreendedor do futuro”, veiculada pela

revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo de agosto de 2010,

mostra que o brasileiro já encontra no empreendedorismo uma forma de complementar

a renda da aposentadoria e sair do desemprego. (GERMANO, 2010)

Segundo Germano (2010), calculava-se que havia 33 milhões de pessoas no

Brasil que procuravam no empreendedorismo a saída para investir, porém a maioria

desses negócios, não tem passado de seu primeiro ano de vida por falta de

conhecimento.

Dornelas (2014) ressalta que para um negócio começar a acontecer no Brasil, o

tempo esperado é ao menos quatro anos. Muitas pessoas que começam a empreender

no país desistem, porque pensavam seriam bem sucedidas logo no começo. Dornelas

(2014) aponta dados do SEBRAE que evidenciam que 70% dos novos negócios fecham

nos primeiros cinco anos e explica que isso ocorre por desconhecimento dos mercados

onde se inserem o que tornam a sobrevivência um dos grandes desafios dessas

empresas jovens.

Page 25: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

23

2.2 O IMPACTO ECONÔMICO DO EMPREENDEDORISMO

Segundo Halicki (2012, p.58) na década de 1990 muitas transformações

ocorreram pelos avanços tecnológicos e pela globalização das atividades

socioeconômicas, alavancados pelo alto índice de desemprego, pela terceirização e

pelo crescimento do setor de serviços. Esses fenômenos fizeram surgir novas

empresas e novos empregos o que fez com que o ciclo de desenvolvimento econômico

fosse marcado pela renovação tecnológica, por investimentos na economia, pela

inovação no mercado (HALICKI, 2012)

Do ponto de vista macroeconômico, os empreendedores são capazes de romper os trajetos viciosos da economia e criar novos paradigmas, marcados pela competitividade e por oportunidades. Para além da necessária busca do lucro, a ação positiva dos empreendedores melhora a qualidade de vida a partir da oferta de novos produtos e serviços em diversos setores. Esse Trabalho é sempre capaz de gerar concorrência e estimular novos hábitos para os consumidores finais. (HALICKI, 2012, p.58).

O relatório Global Entreprenuship Monitor – GEM de 2013 (IBQP, 2014), aponta

que o Brasil avançou ao criar leis e tratamento tributário diferentes às micro e pequenas

empresas, que representam 99% das empresas nacionais (Leis como Simples

Nacional, Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, Lei do Microempreendedor

Individual).

Ainda segundo o mesmo relatório mostram que a cada 100 brasileiros que

começam um negócio próprio no Brasil, 71 são motivados por uma oportunidade de

negócios e não pela necessidade. Geralmente para este relatório se considera

empreendedores por necessidade aqueles que iniciam um empreendimento autônomo

por não possuírem melhores opções de ocupação. Estes abrem, portanto, um negócio

a fim de gerar renda para si e suas famílias.

Muito diferente do que ocorreu na década de 90, quando muitas pessoas foram

lançadas ao mercado de trabalho sem haver a oportunidade de escolha, pois a abertura

do Brasil ao mercado estrangeiro fez com que mais de muitos postos de trabalho

desaparecessem. Logo, cabe ao cidadão, o empreender, a fim de conseguir gerar

recursos para o próprio sustento, como uma das medidas cabíveis a situação.

Page 26: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

24

O perfil do empreendedor brasileiro é hoje mais escolarizado e também mais

jovem. De acordo com a pesquisa, 50% dos empreendedores com até três anos e meio

de atividade tem entre 18 e 34 anos, enquanto nas empresas que está a mais tempo no

mercado apenas 25% são dessa faixa etária. A pesquisa mostra que 52% dos novos

empreendedores – aqueles com menos de três anos de atividade – são mulheres.

(IBQP, 2013).

2.3 CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES

Não há um consenso a respeito das características ideais para um ser um

empreendedor, porém vários autores citam características em comum de pessoas com

espírito empreendedor. No Quadro1 são destacadas as características mais comuns

entre os empreendedores.

De acordo com Leite (2012, p. 67- 69) o empreendedor possui características

que podem ser divididas em três partes, são elas: o conjunto de realizações, conjunto

de planejamento e o conjunto de poder. Características estas que são descritas nos

parágrafos a seguir.

No conjunto das realizações estão características como a busca de

oportunidade e iniciativa, onde o empreendedor faz coisas antes mesmo delas serem

solicitados, aproveita oportunidades fora do comum para dar início a um negócio,

financiamentos, local de trabalho ou assistências.

A persistência é mais uma das características do empreendedor, onde ele

assume responsabilidade, ou ainda age repetidamente ou muda de estratégia para

enfrentar um desafio ou superar um obstáculo.

Page 27: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

25

Quadro 1- Características mais frequentes entre os empreendedores.

CARACTERISTICAS EMPREENDEDORAS

Inovação Otimismo

Tolerância à ambiguidade e a incerteza Liderança

Orientação para resultados Iniciativa

Riscos moderados Flexibilidade

Capacidade de aprendizagem Independência

Habilidade para conduzir situações Habilidade na utilização de recursos

Criatividade Necessidade de realização

Sensibilidade a outros Energia

Autoconsciência Agressividade

Tenacidade Autoconfiança

Tendência a confiar nas pessoas Originalidade

Envolvimento em longo prazo Dinheiro como medida de desempenho

Fonte: Adaptado de Hornaday (1982); Meredith, Nelson & Neck (1982); Timmons (1978)

Apud Fillon (1991, p.9)

O comprometimento do empreendedor também é uma das características,

colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, esmera-se em manter os

clientes satisfeitos e faz sacrifícios pessoais para completar uma tarefa ( LEITE, 2012).

O conjunto de planejamento é composto pela busca por informações,

estabelecimento de metas e o planejamento e monitoramento sistemáticos.

Onde o empreendedor dedica-se em buscar informações de clientes,

fornecedores e concorrentes. Estabelecer metas e objetivos que são desafiantes e

possuem significado pessoal, e planeja dividindo tarefa de grande porte em subtarefas

com prazos definidos.

Ainda de acordo com Leite (2012) no conjunto do poder as características do

empreendedor são: persuasão e rede de contatos, e a independência e autoconfiança.

Page 28: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

26

O empreendedor age para desenvolver e manter relações comerciais utiliza

pessoas chaves como agentes para atingir seus objetivos. Busca também pela

autonomia em relação ás normas e controle de outros, e expressa confiança na sua

própria capacidade de complementar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio.

2.4 TIPOS DE EMPREENDEDORES

Dornelas (2007), em seu livro Empreendedorismo na Prática, classifica os

empreendedores em oito principais grupos, são eles: os empreendedores natos

(mitológicos), empreendedor que aprende (inesperado), empreendedor serial (cria

novos negócios), empreendedor corporativo, empreendedor social, empreendedor por

necessidade, empreendedor herdeiro e o “normal” (planejado). Suas características são

descritas nos próximos parágrafos.

O Empreendedor Nato (Mitológico): são empreendedores com histórias de

sucesso que muitas vezes começaram do nada, são pessoas inspiradoras, pois

começam a trabalhar muito jovens e adquirem conhecimentos e habilidades de

negociações, são comprometidos a todo o momento em realizar seus sonhos. São

pessoas visionárias, otimistas, estão à frente de seu tempo, alguns exemplos de

empreendedores natos são Bill Gates, Silvio Santos e Irineu Evangelista de Souza

(Barão de Mauá).

O Empreendedor que Aprende (Inesperado): cada vez mais comum esse tipo

de empreendedor normalmente é uma pessoa que inesperadamente se depara com

uma oportunidade de empreender e mudar sua vida. A tomada de decisão geralmente

ocorre quando recebe um convite para fazer parte de uma sociedade ou quando ainda

se dá conta de que pode iniciar algo novo.

O empreendedor que aprende, normalmente passa por uma fase de adaptação,

pois antes de sua decisão, não acreditava que poderia assumir riscos, e precisa

aprender com situações novas e dedicar a aprender as atividades do novo

empreendimento. Aqueles que também estão pensando em uma alternativa à

aposentadoria muitas vezes se encaixam nesse tipo.

Page 29: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

27

Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios): apaixonado principalmente

pelo ato de empreender, seu maior objetivo não é cria um novo negócio e ficar a frente

dele até que ele se torne uma grande corporação. Por possuir muito dinamismo, prefere

a adrenalina envolvida na criação do novo empreendimento ao invés de se tornar um

grande executivo e liderar grandes equipes.

Este tipo empreendedor é atento a tudo que acontece a sua volta, adora

conversar com pessoas, fazer parte de eventos, associações e fazer networking, para

ele a expressão “tempo é dinheiro”, literalmente “cai como uma luva”. Ele não descansa

enquanto não ver uma oportunidade implementada, possui grande habilidade para

motivar um time e captar recursos para o início dos novos empreendimentos. Envolve-

se em vários negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias histórias de

fracasso, porém, essas passam a ser os estímulos para a superação dos próximos

desafios.

O Empreendedor Corporativo: nos últimos anos tem se tornado mais

evidente, devido à necessidade das grandes organizações de se renovar. Em sua

maioria são executivos com grandes competências, capacidade de gerenciamento e

conhecimento em ferramentas administrativas.

Possuem o desafio de ter que lidar com a falta de autonomia assim se tornam

vendedores de suas ideias, assumem riscos, são comunicadores, desenvolvem seu

networking dentro e fora da organização, convencem as pessoas a fazer parte de seu

time e sabem reconhecer o esforço de toda a equipe. Muitas vezes não se contentam

com o pagamento que recebem, gostam de planos com metas ousadas.

Já para o Empreendedor Social, a sua missão de vida é construir um mundo

melhor para as pessoas, desta forma acaba se envolvendo em causas humanitárias

com comprometimento singular. Capaz de se comprometer com um desejo imenso,

criando oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas.

Ao tratarmos do assunto, podemos também citar um documentário que trouxe

maior visibilidade a esse tipo de empreendedor. Dirigido por Mara Mourão, no ano de

2012, o documentário com o título de “Quem se importa?”, defende a ideia de que todos

podem ser agentes de transformações sociais.

Page 30: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

28

Joaquim Melo criador do Banco Palmas no Ceará notou que sua comunidade estava finalmente sendo reurbanizada. Mas, essa mesma população que tanto lutara para melhorar sua região estava indo embora pelas novas contas que chegavam a suas casas, ou seja, falta de dinheiro para custear a “nova vida” ali. A ideia dele então foi criar mecanismos para manter o dinheiro no comércio local. Melo criou, então, uma moeda própria, a “Palmas”, aceita hoje até mesmo pelo Banco Central. O Banco Palmas é uma prática de sócio economia solidária que acontece no Conjunto Palmeira, um bairro popular da periferia de Fortaleza (CE), no qual vivem hoje 32 mil moradores. Seu objetivo é implementar programas e projetos de trabalho e geração de renda utilizando sistemas econômicos solidários, com o intuito de superar a pobreza. (QUEM SE IMPORTA, 2012).

Em um de seus comentários Joaquim Melo diz no documentário:

Esse Banco Palmas, que hoje está em 32 cantos do Brasil e vai se multiplicar muito mais, não surgiu em Harvard, não surgiu na USP, não surgiu na FGV (nada contra todo esse povo, nada contra ninguém), mas surgiu numa favela nos grotões do Nordeste do Brasil.(QUEM SE IMPORTA, 2012).

A grande diferença do empreendedor social é que ele se realiza vendo seus

projetos trazerem resultados para os outros e não para si próprio. É um fenômeno

mundial e, principalmente em países em desenvolvimento, possuem um papel social

extremamente importante, pois é através de suas ações e das organizações que

preenchem lacunas deixadas pelo poder público. É o único empreendedor que não

busca desenvolver um patrimônio financeiro, pois preferem compartilhar seus recursos

e contribuir para o desenvolvimento das pessoas.

O Empreendedor por Necessidade: por falta de alternativa acaba criando seu

próprio negócio, normalmente não possuem acesso ao mercado de trabalho, como não

lhe resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria ele normalmente se envolve

em negócios informais, com tarefas simples, prestando serviços e tendo como resultado

um baixo retorno financeiro.

A apesar de ter iniciativa e buscar de todas as formas atenderem às

necessidades suas e de seus familiares, não contribui para o desenvolvimento

econômico do país. Na verdade, acabam sendo vítimas do modelo capitalista atual,

pois não têm acesso a recursos, à educação e às mínimas condições para empreender

de maneira estruturada. Suas iniciativas empreendedoras são simples, pouco

Page 31: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

29

inovadoras, geralmente não contribuem com impostos e outras taxas, e acaba por inflar

as estatísticas empreendedoras do país.

Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar): este recebe logo cedo a

missão de levar à frente o legado de sua família. Empresas familiares fazem parte da

estrutura empresarial de todos os países, mostraram habilidade em passar para as

novas gerações seus modos de gerir os negócios. Porém, recentemente, tem ocorrido

com frequência a chamada profissionalização da gestão de empresas familiares, com a

contratação de executivos para a administração da empresa e com os herdeiros

opinando e não necessariamente assumindo cargos executivos na empresa.

O desafio é multiplicar o patrimônio recebido. Este empreendedor aprende a

arte de empreender com exemplos da família, começam cedo a entender como o

negócio funciona e a assumir responsabilidades, alguns têm senso de independência e

desejo de inovar, de mudar as regras do jogo. Outros são conservadores e preferem

não mexer no que tem dado certo.

Preocupados com o futuro de seus negócios os próprios herdeiros e suas

famílias, têm optado por buscar mais apoio externo, através de cursos de

especialização, MBA, programas especiais voltados para empresas familiares, como

objetivo de não tomar decisões apenas com base na experiência e na história de

sucesso das gerações anteriores.

O último dos oito tipos de empreendedor é o Empreendedor Normal

(Planejado): trata-se do empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca minimizar

riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem uma visão de

futuro clara e que trabalha em função de metas.

Comprovado nos últimos anos, que toda teoria sobre o empreendedor de

sucesso sempre apresenta o planejamento como uma das mais importantes atividades

desenvolvidas, já que o planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-

sucedido e, em consequência, levar mais empreendedores a usarem essa técnica para

garantirem melhores resultados. O empreendedor normal seria o mais completo do

ponto de vista da definição de empreendedor e o que a teria como referência a ser

seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade considerável de

empreendedores. “Normal” do ponto de vista do que se espera de um empreendedor,

Page 32: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

30

mas não necessariamente do que se encontra nas estatísticas gerais sobre a criação

de negócios (a maioria dos empreendedores ainda não se encaixa na categoria

“normal”).

No entanto, ao se analisar apenas empreendedores bem-sucedidos, o

planejamento aparece como uma atividade bem comum nesse universo específico,

apesar de muitos dos bem-sucedidos também não se encaixarem nessa categoria, ou

seja, são considerados empreendedores normais.

Neste capítulo, os pesquisadores procuraram desenvolver a compreensão das

origens do conceito de empreendedorismo, a sua evolução e impacto no Brasil e

também discorrer sobre as principais características e tipos de empreendedores.

Nas próximas seções serão apresentadas como o ensino do

empreendedorismo e da tecnologia, por meio do: Projeto de Inclusão Digital e do

Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira, podem contribuir positivamente para a

manutenção da renda e da qualidade de vida das pessoas que estão na terceira idade.

Page 33: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

31

3 EMPREENDEDORISMO NA TERCEIRA IDADE

A aposentadoria está começando a deixar de ser um sinônimo de ociosidade,

de acordo com a Tabela 1, uma pesquisa realizada com a população adulta divulgada

pelo IBQP (2014), que se refere ao ano de 2013, mostra que o sonho de 8,2 % dos

brasileiros entrevistados com idade entre os 55 e 64 anos é começar a empreender e

ter seu próprio negócio.

Tabela1-Sonho dos brasileiros segundo características sociodemográficas

Fonte: Adaptado de IBQP(2014, p.12)

Este cenário vem crescendo a cada ano, de acordo com dados mais antigos

que mostram que o desejo de empreender desta parte da população vem crescendo

gradativamente, como mostra a Tabela 2, onde se observa que a atitude de

empreender e iniciar um novo negócio (empreendedores iniciais) entre o público com

idade a partir dos 55 e até os 64 anos cresceu 5,5% em oito anos.

Tabela2- Empreendedores iniciais – Brasil Taxa (%)

Faixa Etária/ Anos 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2002:2010

18-24 anos 10 12,6 12,6 10,7 10,9 10,6 15,4 13,5 17,4 12,6

25-34 anos 18,6 16 17,2 14,7 16,5 14,4 12,8 22,2 22,2 16,7

35-44 anos 15,2 14,4 14,7 12,1 10,7 16,1 13,7 16,7 16,7 14,7

45-54 anos 12,1 11,5 10,5 10 8,8 13,3 10,4 16,1 16,1 11,9

55-64 anos 6,0 3,7 7,3 2,9 6,0 4,3 3,0 9,5 9,5 5,5 Fonte: Adaptado de IBQP (2010, p. 51)

Características sociodemográficas

Fazer carreira numa empresa

Ter seu próprio negócio

Gênero % da população de 18- 64 anos

Masculino 47

50,1 Feminino 53

49,9

Faixa etária 18-24 anos 20

13,9

25-34 anos 34,7

29,1 35-44 anos 22,6

27,3

45-54 anos 16,7

21,4 55-64 anos 5,9

8,2

Page 34: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

32

A Tabela 3 apresenta dados mais recentes, que foram coletados através de um

levantamento domiciliar realizado com a população da faixa etária dos18 aos 64 anos,

divulgados pelo GEM (IBQP, 2014),que busca fornecer informações sobre a parcela da

população envolvida com o empreendedorismo, e esses dados mostram que os

empreendedores iniciais em 2013 com idade entre 55 e 64 anos representavam 7,5%.

Os empreendedores iniciais podem ser divididos em nascentes e novos,

conforme o relatório do GEM (IBQP,2014, p.7):

Empreendedores nascentes são aqueles que estão envolvidos na estruturação do próprio negócio, cujo empreendimento ainda não pagou salários, pró-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários, por mais de três meses. Novos empreendedores são aqueles que administram seus próprios negócios, tiveram retornos, ou seja, pagaram salários, geram pró-labore aos proprietários, por mais de três e menos de 42 meses.

Quanto aos indivíduos de 55 a 64 anos, a pesquisa GEM aponta que 17,2%

desta população entrevistada já são considerados empreendedores estabelecidos, ou

seja, são os proprietários de um negócio consolidado que paga salários e gera pró-

labore ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de 42 meses

ou 3,5 anos (IBQP, 2014).

Tabela3: Distribuição dos brasileiros segundo características sociodemográficas

Características sócio-demográficas

Empreendedores

Iniciais

Estabelecidos

Total

Gênero Masculino

48,8

54,9

51,7

Feminino

51,2

45,1

48,3

Faixa etária 18-24 anos

18,4

4,5

11,5

25-34 anos

34,3

19,9

27,1

35-44 anos

23,6

30,2

26,8

45-54 anos

16,2

28,2

22,3

55-64 anos

7,5

17,2

12,4 Fonte: Adaptado de IBQP (2014, p.12).

Page 35: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

33

Existe uma série de características que definem terceira idade para o processo

de empreendedorismo. Uma importante característica que devemos considerar da

terceira idade é que parte da população necessita de um complemento de renda para

sobreviver. A aposentadoria não consegue satisfazer ou manter o padrão de vida que

desenvolveram durante sua fase de emprego. Conforme afirma Nery (2009, p.59):

Para uma parcela ainda expressiva da nossa sociedade, o trabalho continuado, mesmo depois da aposentadoria, tem várias motivações. A maioria dos idosos precisa trabalhar para manter o padrão de vida. Uma pequena parcela poderia optar por não trabalhar, mas sabe que se não se envolver com atividades laborais poderá pagar um alto custo em termos de saúde e qualidade de vida.

O idoso, ao tentar se reestabelecer no mercado de trabalho, após a

aposentadoria, encontra grande resistência. Entretanto, conforme Ribas (2011, p.16), o

processo de empreender se inicia como um impulso para sobreviver, que com o passar

do tempo, impulsiona o indivíduo a sua realização pessoal.

Outra característica importante é que a maioria dessas pessoas está na

categoria de aposentado/pensionista e segundo Pacheco (2002, p.133), “devido à era

da industrialização, esperava-se que a aposentadoria fosse o prêmio nessa etapa da

vida”. Porém, como afirma Lima (2011, p.28), apesar de num primeiro momento, haver

a sensação de que aposentar tenha sido um “descanso merecido”, eles, ao serem

excluídos do mercado de trabalho, sentem uma sensação de redução de autoestima e

de utilidade deles mesmos.

É neste sentido que foi instituído o Estatuto do Idoso criado pela LEI No10.741e

de acordo com o Art. 3º regulamenta que:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2003)

Tendo em vista o quesito educação e orientação desses idosos, para que o

processo de empreender obtenha maior sucesso é que o empreendedorismo precisa

ser ensinado por instituições de ensino superior ou criar instituições criadas para isso,

Page 36: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

34

mesmo que os resultados apontem que não existe uma adaptação das escolas para a

terceira idade (PACHECO, 2002).

Segundo Dolabela (2008, p. 49), “o ensino do empreendedorismo é importante

porque as relações de trabalho estão sofrendo alterações e apenas a forma tradicional

de ensino já não é compatível com a organização da economia atual”.

Dolabela (2008, p.49), cita ainda que “a metodologia de ensino tradicional não é

adequada para a formação de empreendedores”, ou seja, as instituições precisam criar

um perfil empreendedor na terceira idade para que o idoso possa gerir e administrar

melhor suas tarefas dentro do processo de empreendedorismo, a fim de haver uma

transformação dessas pessoas (idoso) e dos processos dominados por eles.

Uma aliada ao ensino do empreendedorismo é a tecnologia, que deve ser

utilizada como ferramenta para contribuir com todo esse processo empreendedor que

pode ocorrer na terceira idade. De acordo com a pesquisa de Tecnologias de

Informação e Comunicação no Brasil - TIC, divulgada em 2014, e como mostra no

Gráfico1, a soma da população que acessava a internet e que tinham acima 45 anos

era de 44% em 2013.

Gráfico 1 - Proporção de usuários de internet, percentual sobre o total da população.

Fonte: Adaptado de TIC (2014, p. 178)

75% 77%

66%

47%

33%

11%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

De 10 a 15anos

De 16 a 24anos

De 25 a 34anos

De 35 a 44anos

De 45 a 59anos

60 anos oumais

Uso da internet por faixa etária da população

Page 37: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

35

Isso permite compreender que a tecnologia e o uso da internet podem ser

novos meios para a realização do processo de aprendizado do empreendedorismo na

terceira idade.

De acordo Macacchero e Almeida (2009, p.314), os idosos precisam aprender

usar a tecnologia para a administração das tarefas do dia a dia e para se incluir no

mercado de trabalho. Reconhecendo que com esse conhecimento e com a experiência

de vida, adquirida ao longo dos anos, o idoso consiga reconstruir sua trajetória durante

a terceira idade e realizar o sonho de se tornar empreendedor.

Page 38: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

36

4 ESTUDO DE CASO: FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO CARLOS (FESC)

Para descrição deste capítulo utilizou-se os dados disponíveis no site da

Fundação Educacional de São Carlos (FESC, 2015a).

A Fundação Educacional São Carlos (FESC) proporciona ao cidadão jovem ou

adulto a educação profissional de nível básico, dando a eles conhecimentos que lhes

permitam o exercício das funções demandadas pelo mercado de trabalho, oferecendo a

eles a oportunidade de atualizar seus conhecimentos e habilidades compatíveis com a

complexidade tecnológica do trabalho.

Os objetivos da FESC são a promoção da transição entre a escola e o mundo

do trabalho, na capacitação de jovens e adultos com conhecimentos e habilidades

gerais e especificas. Proporcionando a eles uma complementação da educação e do

ensino que tiveram ou fornecendo a eles a capacitação que até o momento não tinham,

garantindo com que desenvolvam habilidades gerais e específicas a fim de torná-los

profissionais aptos, atualizados e especializados, visando à inserção deste público que

frequenta as aulas e seu melhor desempenho no exercício de suas funções no mercado

de trabalho.

A missão da FESC é promover a educação de jovens e adultos em sua função

qualificadora ou permanente, assegurando a cidadania, entendendo-a como o exercício

pleno e indissociável dos direitos civis, políticos, econômicos e socioculturais. Para isso

a FESC oferece alguns programas educacionais como:

Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI): Este programa

Educacional oferecido pela FESC tem como objetivo a inclusão social de

pessoas adultas e idosas, com aulas e atividades nas áreas de saúde,

cultura, esportes, lazer e cidadania/trabalho, com a intenção de melhorar a

qualidade de vida da população idosa. (FESC, 2015b)

Universidade Aberta do Trabalhador: O programa oferece cursos

regulares de capacitação profissional com diversas temáticas sobre o

mundo ocupacional do emprego e do trabalho, com capacitação no campo

da linguagem oral e escrita, no uso de computadores e sistemas de

Page 39: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

37

informação e comunicação, no desenvolvimento: do raciocínio lógico e

abstrato, na elaboração crítica, iniciativa para a resolução de problemas e

tomada de decisões, na estimulação e no desenvolvimento da capacidade

de aprender a aprender, permitindo ao trabalhador um processo formativo

de caráter contínuo e a construção de um percurso próprio de

aprendizagem ao longo da vida, e no desenvolvimento capacidade em

participar e contribuir na construção de uma sociedade mais justa e

solidária e de uma gestão mais democrática do processo de trabalho.

(FESC, 2015c)

Programa de Inclusão Digital: O programa tem como objetivos oferecer

formação básica em informática, que permita a aquisição de

conhecimentos e habilidades específicas para o uso de computadores e

da Internet, aliando conteúdos e habilidades básicas para o exercício da

cidadania, propiciar o uso livre dos computadores e softwares instalados,

para a realização de atividades pessoais, escolares e profissionais, com

monitoria para orientação e supervisão, acesso e uso da internet, para fins

de informação, comunicação, realização de serviços oferecidos pela rede

e criação de conteúdos locais ou comunitários e oferece também projetos

de iniciação profissional e de enriquecimento educacional, baseados no

uso da informática e da Internet. Por ser foco de estudo desta pesquisa,

esse programa será aprofundado na próxima seção. (FESC, 2015d)

Escola Municipal de Governo: O objetivo deste programa é desenvolver

cursos, treinamentos e outras ações educativas formais para a melhoria

da qualificação profissional dos servidores públicos municipais e da

administração direta e indireta da Prefeitura Municipal de São Carlos. Os

cursos de capacitação e atualização profissional são oferecidos pela

Fundação Educacional São Carlos em conjunto com a Secretaria

Municipal de Administração e Gestão de Pessoas, em programações

anuais. (FESC, 2015e)

Universidade Aberta do Brasil: O Sistema Universidade Aberta do Brasil

foi instituído para "o desenvolvimento da modalidade de educação à

Page 40: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

38

distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e

programas de educação superior no País. O Polo da Universidade Aberta

do Brasil de São Carlos oferece para a cidade e região, cursos de

graduação e pós-graduação de duas universidades públicas federais:

Universidade Federal de São Carlos – UFSCar e Universidade Federal de

São Paulo - UNIFESP. São cursos na área de ciências humanas, exatas,

saúde e meio ambiente. (FESC, 2015f)

Por meio da atuação dos programas educacionais, a Fundação Educacional

São Carlos pretende alcançar resultados relevantes em termos de impacto local de

suas iniciativas em prol da cidadania dos segmentos em situação de risco pessoal e

social, além de pretender um avanço na qualidade da atuação do serviço público

municipal. (FESC, 2015)

4.1 O PROGRAMA EDUCACIONAL DE INCLUSÃO DIGITAL (PID)

De acordo com o Projeto Pedagógico do Programa de Inclusão Digital foi criado

oficialmente pela Resolução nº. 04/2006 do Conselho Diretor, de 27 de março de 2006

e teve seu Regimento Interno aprovado pelo mesmo órgão por meio da Resolução nº.

05/2006, de 6 de junho de 2006.Com o objetivo de implantar ‘telecentros’ ou postos de

inclusão digital para a oferta de formação básica em informática, uso de computadores

e acesso à Internet, em diferentes regiões do município, em articulação com as demais

iniciativas do governo municipal que visem atingir o mesmo objetivo, considerando a

necessidade de inclusão dos cidadãos na sociedade da informação e do conhecimento

para proporcionar igualdade de oportunidades de alfabetização digital. (MARTUCCI;

MORAIS, 2007).

Algumas das diretrizes de ação do Programa são:

a) Desenvolvimento de metodologia educacional diferenciada, que se baseia

no resgate das experiências, das práticas e dos saberes acumulados para

a construção de novas competências;

Page 41: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

39

b) Proporcionar o uso dos computadores para a realização de atividades

pessoais, escolares e profissionais, com monitoria para orientação e

supervisão;

c) Oferecer o acesso e uso da internet, para fins de informação,

comunicação, realização de serviços oferecidos pela rede e criação de

conteúdos e oferecer projetos de iniciação profissional e de

enriquecimento educacional, baseados no uso da informática e da

Internet.

Os objetivos gerais do Programa de Inclusão Digital referem-se à contribuição

para a universalização dos serviços de informação e comunicação e para a igualdade

de oportunidades de acesso à sociedade da informação e do conhecimento, que

resultam da colaboração entre diferentes parceiros, nos níveis local, nacional e

internacional, cooperando com a promoção da inclusão digital de trabalhadores,

empreendedores, microempresas, empresas de pequeno porte e da sociedade em

geral, por meio da implantação de ‘telecentros’ comunitários, denominados Postos de

Inclusão Digital.

Quanto aos objetivos específicos do PID é o desenvolvimento de ações

educativas na área de empreendedorismo e gestão de negócios, baseadas no uso da

informática e da Internet, para fortalecimento de microempresas e empresas de

pequeno porte, que induzam ao crescimento da produção e da geração de emprego e

renda e desenvolvimento de metodologia educacional diferenciada, que se paute no

resgate das experiências, das práticas e dos saberes acumulados dos alunos para a

construção de novas competências.

4.1.1 Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade

Este é um dos projetos que compõem atualmente o PID, lançado no dia

primeiro de setembro de dois mil e oito (dia do idoso), caracterizado pela FESC como

um Projeto Especial, desenvolvido apenas para da terceira idade, que participam das

Page 42: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

40

atividades desenvolvidas pela UATI (Universidade Aberta da Terceira Idade) e pelo PID

e que já desenvolvem alguma habilidade produtiva que gere renda (FESC, 2009).

A Fundação Educacional São Carlos justifica sua ação a esse segmento social,

devido ao acentuado crescimento da população idosa que deve ser acompanhado de

políticas públicas voltadas à questão social do envelhecimento, especialmente por meio

de programas preventivos que abordem e tratem adequadamente as características

físicas, psíquicas e sociais desse grupo etário. (FESC, 2009)

A proposta inicial era de uma capacitação com cursos e oficinas durante três

meses de outubro a dezembro do ano de 2008 que culminaria em uma feira, para

exposição e venda dos produtos fabricados pelos alunos, a fim de colocarem em prática

as habilidades desenvolvidas ao longo dos três meses de ensino. A essa atividade

chamaram de feira empreendedora, a qual ocorreu no mês de dezembro e seu

resultado foi tão positivo que gerou no primeiro semestre de 2009 a continuação do

curso.

O cronograma das atividades iniciais do projeto contemplavam cursos sobre

habilidades básicas para gerenciar um empreendimento, oficina de produtos atrativos,

criatividade, o design diferencial competitivo, como calcular o preço de venda e

reuniões para o planejamento das ações da feira, entre outros.

No primeiro semestre de 2009 as capacitações (cursos) foram voltadas para:

estratégia de marketing, qualidade máxima no atendimento ao cliente e aprender a

empreender, todos os cursos foram realizados em parceria com o SEBRAE. (FESC,

2009).

Os alunos foram ganhando campo de ação para se emprenharem em

atividades mais elaboradas como a participação em feiras externas, por exemplo, a

Feira Japonesa (Matsuri) e a Festa Junina da FESC nos meses de maio e junho do ano

de 2009. Desde então o projeto ocorre nestes moldes, com o foco na inclusão do idoso

em atividades socioculturais e econômicas, reinserindo-os na atividade produtiva e na

geração de renda própria. (FESC, 2009).

Associado a esse conhecimento, a grade do curso foi melhorada sem perder o

enfoque empreendedor. O PID entra como complemento obrigatório do curso, pois, a

sequência de atividades dos alunos passa pela obrigatoriedade da alfabetização digital.

Page 43: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

41

O Projeto de Inclusão Digital tem importância nas atividades empreendedoras

no que diz respeito ao uso de tecnologia, uma vez que, o uso do computador e de

pacotes de programas textuais, planilhas e de programas de apresentação, são

essenciais para as atividades de controle e planejamento empreendedor. Essas

atividades são desenvolvidas hoje porque o uso da tecnologia, da internet e das redes

sociais está interligado à gestão dos processos empreendedores.

4.2 PESQUISA DE CAMPO: COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

A unidade da FESC investigada na pesquisa foi o campus da Vila Nery, situado

mais precisamente no Campo do Rui na cidade de São Carlos.

A coleta de dados foi executada da seguinte forma: primeiramente uma

entrevista semiestruturada (Apêndice A) foi realizada com um educador e o atual

coordenador do Programa Inclusão Digital (PID), posteriormente, aplicou-se um

formulário (Apêndice B) com os participantes do projeto. No total foram seis formulários,

todos com alunas do Programa de Inclusão Digital e que integram também o grupo que

dá origem ao Projeto Inclusão Produtiva na Terceira idade, elas participam de feiras e

eventos locais e nacionais, a fim de divulgarem seus trabalhos.

A entrevista realizada com o Educador do programa PID - Adailton Roberto de

Moraes, graduado em Administração de Empresas e Pós-graduado em Sistemas de

Informação, juntamente com o atual Coordenador Marco Antônio Losano, Mestre em

Matemática aplicada a Computação, possibilitou aos pesquisadores obter várias

informações a respeito da criação do projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade, e

conhecer melhor a respeito das atividades desenvolvidas com o grupo de

empreendedorismo realizado por iniciativa da FESC.

Já o formulário aplicado com as alunas do projeto, aconteceu durante a

realização da feira que é realizada na própria FESC, essa coleta de dados foi essencial

para compreender qual o significado deste projeto na vida dessas alunas, entender os

benefícios e os resultados que elas têm alcançado durante todo o tempo de existência

deste trabalho.

Page 44: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

42

4.2.1 Análise da entrevista

No ano de 2008 identificou-se que existia um público da terceira idade que já

desenvolvia atividades artesanais e de culinária, com capacidade de alavancar seus

projetos, mas que necessitavam de capacitação para torná-los rentáveis e desenvolver

o empreendedorismo.

Para apresentar o projeto desenvolvido pela diretora Elisabeth Martucci,

coordenado por Rogéria Kapp Cardoso e a uma equipe de cinco profissionais de

diferentes áreas, uma reunião foi realizada em parceria com o SEBRAE, SENAC para

atender a demanda trazida pelo público que frequentava outros cursos dentro da FESC

e que pertenciam à terceira idade.

A ideia inicial do Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade era um curso

com duração de três meses, que cultivasse o talento pessoal de cada aluno

participante, nesse sentido, o curso com duração de três meses foi direcionado ao foco

empreendedor e foi analisado que existiam pessoas com talento e a vontade de se

capacitar. Desse processo surgiu um grupo de pessoas que foram capacitadas para

desenvolverem suas atividades.

O cronograma da capacitação do projeto inicial de 2008 foi desenvolvido em

reuniões, no decorrer das capacitações, procurando entender qual era a demanda dos

alunos envolvidos no projeto, se eram melhorias de técnicas de vendas, melhorias dos

processos criativos ou de desenvolvimento, noções de controle de custo, aquisição de

mercadorias, melhoria no atendimento, entre outros e a partir desse levantamento a

foram oferecidos as oficinas, palestras e cursos.

O critério de participação era estar matriculado nos cursos oferecidos pela

FESC, pertencer à terceira idade e desenvolver algum trabalho seja artesanal ou

gastronômico que gerasse renda. O foco desse projeto é de desenvolver a capacidade

empreendedora a partir daquilo que já sabiam e produziam.

Ao longo dos anos esse grupo foi capacitado, tanto na parte da gestão na

melhoria do controle de suas rendas, quanto na parte tecnológica, no aprendizado de

informática. Para terem um maior controle de seus orçamentos os alunos passam por

aulas de tecnologias com foco empreendedor, oferecido pelo PID.

Page 45: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

43

Através de oficinas e aulas, os idosos aprenderam como atender melhor ao

cliente, adquirir conhecimento sobre técnicas de embalagens de produtos, formação de

preços e até mesmo como conduzir uma feira.

No intuito de venderem os produtos produzidos pelos alunos, as feiras são

propostas desde o início do projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade e

acontecem todas as terças-feiras, no período das oito às dezessete horas, com o

objetivo de fortalecer a prática do empreendedorismo e aumentar a comercialização

dos produtos produzidos por eles, portanto, não podem ser usadas como pontos de

revenda de produtos de terceiros, porque isso destoaria dos objetivos do projeto.

As rendas provenientes das feiras realizadas pela FESC são sazonais, porém,

através das feiras é possível construir uma rede de contatos que tem papel fundamental

na inclusão dessas pessoas na sociedade. A rede de contatos é responsável por

divulgar o trabalho desenvolvido dentro da FESC e para os alunos funciona como um

“chamariz de encomendas”, que complementam a renda dos mesmos.

No que tange à questão planejamento e agenda, são feitas reuniões

periodicamente para discutir o andamento do curso e para planejarem suas

participações em feiras e eventos dentro e fora do município. A FESC investe em

viagens para que os alunos conheçam novas técnicas, novos produtos, busquem que

possam aprimorar suas habilidades.

Seguem abaixo alguns resultados de sucessos alcançados pelo PID em

conjunto com o Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade, destacados, segundo o

educador Adailton.

A participação da FESC com o PID no Prêmio de Inclusão Digital no ano de

2008, o qual a FESC foi ganhadora pelas ações que visam incluir aqueles que se

encontram à margem da sociedade. Para ela, o diferencial para a conquista do prêmio

foi, justamente, o grupo de empreendedorismo que a FESC vem desenvolvendo. A

Iniciativa ganhou reconhecimento nacional e a oportunidade de se apresentar no 7º

Congresso de Inclusão Digital, que aconteceu em Belém do Pará. AFESC recebeu o

convite para levar esse projeto para a Colômbia e conhecer outras iniciativas e

compartilhar mais a respeito das atividades desenvolvidas no município de São Carlos.

Page 46: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

44

O Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade foi vencedor por dois anos

consecutivos (2009 e 2010) do Prêmio Talentos da Maturidade, na categoria Programas

Exemplares do Banco Real/ Santander.

No ano de 2009, o recurso ganho pelo grupo foi de R$ 51.500,00, quantia que

resultou na compra de uma câmera digital e uma filmadora, um projetor multimídia,

notebook, acessórios para a feira: mesas, cadeiras e barracas para as feiras e suportes

para galões de água.

No ano de 2010, a quantia ganha pelo mesmo projeto foi de R$ 69.000,00 a

qual foi revertida para a compra de um veículo Fiat Doblô pela FESC para auxiliar no

transporte de pessoas e equipamentos para as feiras e também em acessórios que

faltavam para que as feiras ocorressem.

Outro ponto a destacar como positivo foi a participação de um dos alunos no

festival gastronômico realizado no ano de 2013, Sabor São Paulo, evento que premia o

melhor da culinária do estado de São Paulo. A aluna Maria Valeria Antoninni dos

Santos participou deste evento e seu prato foi reconhecido como entre um dos nove

melhores do estado. O reconhecimento deste prato representa a cidade de São Carlos,

dentro da rota gastronômica do estado.

4.2.2 Análise do formulário e da observação direta

O Formulário foi aplicado a seis alunas que participam do Projeto Inclusão

Produtivo na Terceira idade no campus da FESC da Vila Nery, durante a realização das

feiras que acontecem todas as terças e quintas. As alunas fazem uma escala para

determinar em quais datas irão expor seus produtos e comercializá-los.

A faixa de idade dessas participantes varia entre 53 a 68 anos, um público

100% feminino. Quanto á formação acadêmica das alunas, através do Gráfico2, pode-

se identificar que o publico é composto em sua maioria por alunas que possuem ensino

superior completo (quatro pessoas), uma possui ensino médio completo e uma não

completou o ensino fundamental.

Page 47: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

45

Gráfico 2 – Nível de Escolaridade

Fonte: Dados da Pesquisa

As atividades que elas desenvolvem nas feiras são de culinária e de artesanato

o qual se divide em pinturas de tecidos, crochê, macramê e bordados a mão. A renda

total dessas mulheres não somente é proveniente das feiras, mas também de outras

fontes, conforme apresenta o Gráfico 3, três delas são aposentadas, duas são

pensionistas e apenas uma alega ter como fonte de renda somente a venda de seus

produtos.

O interesse das alunas em participarem do Projeto surgiu após uma iniciativa

dos próprios funcionários da FESC, que decidiram criar um grupo para oferecer aulas e

oficinas de empreendedorismo. Os funcionários identificaram que diversas alunas do

campus já vendiam informalmente seus produtos de culinária e artesanato para amigos

e conhecidos, logo, os educadores criaram as oficinas e as aulas que pudesse oferecer

mais informações sobreo tema empreendedorismo e que fosse capaz de auxiliar e

incentivar essas alunas a empreender.

Atualmente graças às feiras e eventos as alunas conseguem complementar

suas rendas, já que em sua maioria (cinco alunas) recebem de 1 a 3 salários mínimos

por mês, conforme demonstra o Gráfico 4, e apenas uma aluna diz receber de 4 a 6

salários mínimos.

1 pessoa 1 pessoa

4 pessoas

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Ensino FundamentalIncompleto

Ensino Médio Completo Ensino SuperiorCompleto

Escolaridade

Page 48: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

46

Gráfico 3 - Ocupação das alunas no Projeto Inclusão Produtiva na Terceira Idade

Fonte: Dados da Pesquisa

Gráfico 4– Renda Mensal

Fonte: Dados da Pesquisa

Durante a existência do projeto elas puderam aprender vários detalhes, nos

mais diversos âmbitos, que são essenciais para o melhoramento do desempenho de

seus negócios. Aprenderam como fazer a formação de preço dos seus produtos, com

3 pessoas

2 pessoas

1 pessoa

Ocupação

Aposentada eempreendedora

Pensionista eempreendedora

Empreendedora

5 pessoas

1 pessoa

Renda

R$ 788,00 a R$2.364,00

R$ 3.152,00 a 4.728,00

Page 49: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

47

as aulas de matemática financeira; aprenderam a fazer a divulgação de seus produtos

através de meios eletrônicos, aprenderam a criar cartões de visitas Figura 1, para

distribuírem em feiras e assim aprimorar a divulgação e aumentar suas vendas através

de encomendas.

Figura 1 – Cartões de visita

Fonte: Dados da Pesquisa

Puderam aprimorar também o atendimento aos seus clientes, através de cursos

e palestras em parceria com outras instituições, aprendeu como embalar seus produtos,

como escolher melhor suas matérias-primas para manter a qualidade de seus produtos

e como controlar suas vendas através de etiquetas, conforme mostra a Figura 2, um

modelo criado com a finalidade de fazer o controle financeiro e de estoque de seus

negócios.

Page 50: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

48

Figura 2 – Etiqueta de controle de vendas

Fonte: Dados da Pesquisa

Além de todo esse aprendizado de empreendedorismo e de como melhorar

seus negócios e torná-lo mais rentável o projeto possui outro significado importante.

Durante a aplicação dos formulários elas também relataram que houve um ganho

significativo na melhoria da qualidade de vida emocional, pois as feiras proporcionam a

elas momentos de integração social, onde conversam e se distraem.

A produção dos seus produtos também é uma atividade que faz com que elas

ocupem seu tempo. Como relataram histórias pessoais vividas, duas alunas disseram

que a interação social criada entre elas e o público, por conta do projeto, foi capaz de

fazer com que elas superassem momentos difíceis que viveram. Uma delas disse ter se

recuperado de uma depressão, disse também que o convívio entre todo o grupo

durante as feiras e os eventos foi de grande importância para que pudesse se

restabelecer emocionalmente.

Outra aluna relatou que essa relação que existe entre elas, durante as feiras, foi

essencial em um dos momentos mais difícil de sua vida, a perda de seu marido, e como

passou a morar sozinha aos seus 67 anos de idade, participar do projeto foi

fundamental para sua saúde emocional e para superar este momento difícil que viveu.

Page 51: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

49

A observação e a aplicação dos formulários tornaram possível a constatação do

quanto as aulas e as oficinas de empreendedorismo foram capazes de contribuir na

comercialização dos produtos e no sucesso das alunas. Agora elas conseguem fazer o

controle de suas vendas, criaram uma rede de contatos maior, aprimoraram seu

atendimento ao público, aprenderam a divulgar seus produtos, conseguem manter um

controle maior de todo o negócio.

Nas Figuras 3, 4 e 5 é possível ver um pouco a comercialização dos produtos e

como as feiras organizadas pela FESC acontecem, e três das participantes do projeto,

que autorizaram os pesquisadores a fotografarem e a divulgarem seus produtos e

imagens.

Figura 3 – Feira realizada na FESC – Pintura em Tecido

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 52: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

50

Figura 4 – Feira realizada na FESC – crochês e pedrarias

Fonte: Dados da Pesquisa

Figura 5 - Feira realizada na FESC – Culinária e alunas

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 53: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O empreendedorismo no Brasil teve forte influência no país na década de 1990,

quando mercado brasileiro foi aberto para o mundo e novas ideias começaram a surgir,

dentre elas, o uso da tecnologia que agregou valor aos processos produtivos e

ocasionou grandes transformações no mercado. O processo empreendedor evoluiu ao

longo dos anos até chegar ao conceito que conhecemos hoje. Muitas empresas

nascem, mas poucas sobrevivem aos três primeiros anos, devido à falta de

planejamento, falta de estrutura de mercado e de conhecimento nas atividades que

desejam desempenhar.

Atualmente, vivemos em um período de envelhecimento social e a cadeia

produtiva deve ser repensada, pois com a tendência já estudada por alguns órgãos de

pesquisa como IBGE e IBQP nos remetem a realidade de que em um futuro próximo, a

maioria das pessoas serão idosas e que seriam necessárias à criação de atividades

para esse público que auxiliem gerar renda e que funcione também como forma de

reinseri-los no mercado de trabalho, deixando, dessa forma, de serem considerados

peso social e tributário.

Constatou-se que o projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade,

desenvolvido pela FESC, traz a inserção do idoso ao mercado de trabalho e contribui

para melhoria de vida dos participantes, funcionando em alguns casos, como fonte de

renda, e até mesmo apoio emocional melhorando a qualidade de vida desses

integrantes.

As oficinas e as aulas de capacitação profissional que a FESC vem realizando,

por meio do Projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade, durante os últimos seis

anos, têm ajudado os participantes a aprimorarem suas atividades profissionais e a

comercializarem melhor seus produtos durante os eventos promovidos pela própria

FESC. Esses eventos acontecem esporadicamente ao longo do ano e tem ajudado na

complementação de rendas dessas pessoas.

Outro aspecto muito interessante que a pesquisa permitiu identificar foi quea

participação desses idosos no projeto estudado, trouxe a eles a possibilidade de

inclusão social e o aumento da autoestima. Constatou-se que isso ocorre porque se

Page 54: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

52

sentem motivados a apresentar para a comunidade aquilo que sabem fazer. Através da

capacitação oferecida pela FESC, eles podem complementar suas rendas com os

trabalhos que realizam, podem conhecer pessoas novas, participar de vários eventos,

conhecer vários locais diferentes, ter a oportunidade de continuar aprendendo, de estar

em constante interação com o mercado e com as novidades que surgem diariamente

no ramo de atividade que escolheram.

Tudo isso tem feito com que esses alunos encontrem em suas atividades de

artesanato e culinária a oportunidade de continuarem ativos, contribuindo com a

sociedade e deixando de serem considerados um peso tributário e social.

A pesquisa destacou a importância desse projeto na vida dessas pessoas e

acreditamos que será válida a construção de outros projetos com foco empreendedor, a

fim de desenvolver e aprimorar a formação de cidadãos que se encontram excluídos da

sociedade, recuperando seus valores e resgatando a integridade social do idoso.

O projeto de Inclusão Produtiva na Terceira Idade deu a suas participantes a

oportunidade de enxergar novos horizontes, buscar novas formas de viver e

aprimorarem seus negócios com aplicação dos conceitos empreendedores aprendidos

no projeto, também as auxiliou a desfrutarem dessa fase da vida, a terceira idade, de

forma produtiva e ativa.

Este trabalho não teve a pretensão de ser conclusivo sobre o tema, podendo

servir como estudo para outros trabalhos de outras áreas como: psicologia, no estudo

do comportamento humano; na economia: para buscar o impacto mais aprofundado

desse projeto no orçamento municipal e também na administração: na avaliação das

técnicas e estratégias utilizadas para o gerenciamento dos processos.

Page 55: O EMPREENDEDORISMO NA MELHOR IDADE: um estudo de caso

53

REFERÊNCIAS

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de outubro de 2003.Estatuto do Idoso. Brasília, Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 05 mai. 2015.

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DOLABELA. Fernando. Pedagogia empreendedora. São Paulo: Editora Cultura, 2003.

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(2015b)

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APÊNDICE A - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM O COORDENADOR E O EDUCADOR DO PROGRAMA PID

Nome_________________________________

Idade______ Cargo___________________ Setor______________________

Há quanto tempo ocupa o cargo_________ Qual é sua

formação___________________

Existe eleição para o cargo?_____________ É concursado?___________________

1. Porque capacitar à terceira idade e torná-los empreendedores?

2. A demanda pelo curso veio da comunidade ou foi iniciativa de alguém ou um

grupo? Como ocorreu esse processo?

3. Quais são os benefícios que a unidade oferece a seus alunos?

4. Existem dados que comprovem a capacitação destes alunos? Se sim, quais são?

Como são feitos esses estudos?

5. Existe um acompanhamento dos alunos empreendedores?

6. Como estão essas pessoas que foram inseridas no mercado de trabalho?

7. Quais são os resultados de sucesso que obtiveram durante os anos de

existência do projeto?

8. Existem parceiras com empresas para fazerem estágios? Eles vão a campo para

desenvolver as habilidades aprendidas?

9. As pessoas que dão o curso são professores graduados ou são pessoas que

procuram contribuir solidariamente com o projeto? Qual o grau de escolaridade?

10. Existem além dos professores, palestrantes para complementar o curso?

11. É possível estimar quantos alunos já foram atendidos pelo programa?

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APÊNDICE B - FORMULÁRIO PARA OS ALUNOS DA FESC

1. Qual a sua idade? _____________Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Qual a Faixa de renda da sua família?

( ) R$ 788,00 a R$ 2.364,00 ( ) R$ 3.152,00 a 4.728,00 ( ) R$ 5.516,00 a 7.092,00

( ) Acima de R$ 7.092,00

3. Qual a sua situação atual?

( ) Aposentado (a) ( ) Pensionista ( ) Empreendedor (a)

4. Qual sua escolaridade?

( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo (até a 8ª serie)

( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo

( ) Ensino Superior Incompleto - Em qual área? _________________

( ) Ensino Superior Completo - Em qual área? ___________________

5. Porque decidiu participar do projeto de empreendedorismo oferecido pela FESC? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Em breves palavras, diga o que aprendeu durante as oficinas e aulas oferecidas.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. O que você acredita ter melhorado em sua vida com a ajuda do projeto?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. As aulas têm ajudado a aprimorar seus negócios? De que forma?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________