o discurso publicitário do movimento passe livre (mpl) no brasil

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  • 7/25/2019 O discurso publicitrio do movimento passe livre (mpl) no Brasil

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    Resumo

    O Movimento Passe Livre (MPL) articulouprotestos na cidade de So Paulo em

    junho de 2013. Este trabalho examina a

    estratgia narrativa e utiliza a Semitica

    Discursiva de Greimas e a Sociossemitica

    de Landowski. Os corpora em anlise so:

    o nome (MPL) e as imagens (Figuras 1, 2,

    3, 4, 5 e 6) obtidas no site do Movimento

    e em sites da imprensa. Conclui-se que

    as vozes do MPL conseguiram fazer dele

    um Destinador competente ao dominaros canais publicitrios (redes e ruas) e ao

    paralisar a cidade.

    Palavras-chave: Movimento social.

    Discurso. Publicidade. Comunicao.

    Semitica Discursiva; Sociossemitica.

    O () B

    The publicity speech of Free Pass Movement (MPL) in Brazil

    El discurso publicitario de lo Movimiento Pase Libre (Movimento Passe livre/MPL) en Brasil

    Valdenise Lezir Martyniuk

    Professor do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Semitica(PPGCom) da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUCSP) epesquisadora do Centro de Pesquisas Sociossemiticas da PUC/SP-USP,

    desenvolve pesquisa sobre marketing e sociossemitica.

    E-mail: [email protected]

    Miriam Cristina Carlos Silva

    Professor do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Cultura(PPGCom) da Universidade de Sorocaba (UNISO) e pesquisador doGrupo de Pesquisa em Narrativas Miditicas (NAMI), desenvolve pesquisa

    sobre narrativas miditicas.

    E-mail: [email protected]

    Abstract

    The Free Pass Movement (MPL) articulatedprotests in the city of So Paulo in June

    2013. This paper examines its narrative

    strategy drawing upon Greimass Discursive

    Semiotics and Landowskis Socio-semiotics.

    The corpora under consideration are: the

    name (MPL) and images (Figures 1, 2, 3, 4, 5

    and 6) obtained from the Motion website

    and in press sites. We conclude that MPLs

    voices have got to make itself a competent

    adresser to dominate the advertisingchannels (networks and streets) and to

    paralyze the city.

    Keywords: Social movement. Speech.

    Advertising. Communication. Semiotics.

    Discourse.

    v

    Artigo submetido em 10/09/2015 e aprovado para publicao em 10/10/2015.

    Resumen

    El Movimiento Pase Libre (MPL) coordin lasprotestas en la ciudad de San Pablo, en junio

    de 2013. Este trabajo examina la estrategia

    narrativa y utiliza la Semitica Discursiva de

    Greimas y la Sociosemitica de Landowski.

    Los corpora en anlisis son: el nombre

    (MPL) y las imgenes (Figuras 1, 2, 3, 4, 5 y 6)

    obtenidas en el site de lo Movimiento y en

    sites de la prensa. La conclusin es que las

    voces del MPL consiguieron hacer de ello

    un Destinador competente al dominar alos canales publicitarios (redes y calles) y al

    paralizar a la ciudad.

    Palabras clave: Movimiento social.Discurso. Publicidad. Comunicacin.

    Semitica Discursiva. Sociosemitica.

    Mauro Maia Laruccia

    Professor do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Cultura(PPGCom) da Universidade de Sorocaba (UNISO) e pesquisador doGrupo de Pesquisa Mdia, Cidade e Prticas Socioculturais (MIDCID),

    desenvolve pesquisa sobre redes sociais e comunicao organizacional.

    E-mail: [email protected]

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    Introduo

    Em junho de 2013 a capital do estado de So Paulo,assim como outras grandes cidades brasileiras, viveu

    um espetculo que h muito no ocorria (ao menos nocom a magnitude e o impacto dessa ocasio): milhares depessoas oram s ruas da cidade para protestar contra oaumento das tarias do transporte pblico anunciado pelasadministraes municipais e estaduais. Na metrpolepaulista, particularmente, a divulgao da deciso queaumentaria os valores das passagens a partir do incio do msde junho daquele ano oi eita pelo preeito da cidade deSo Paulo, Fernando Haddad, e pelo governador do estadode So Paulo, Geraldo Alckmin, em entrevista coletiva para

    a imprensa, ocorrida em 17 de maio. Os protestos maismarcantes oram realizados no perodo de 6 a 20 de junho,data em que o aumento oi revogado. O pice da presenade maniestantes nas ruas oi no dia 17 do mesmo ms,quando oi estimada a presena de cerca de 250 mil pessoas,somando-se 12 capitais e 16 cidades do interior, sendo 65mil pessoas somente na cidade de So Paulo (NOVAES,2013).

    A mobilizao oi articulada pelo Movimento Passe Livre(MPL), organizao que se auto-define como movimento

    social autnomo, apartidrio, horizontal e independente,que luta por um transporte pblico de verdade, gratuito parao conjunto da populao e ora da iniciativa privada1, ouseja, sem vnculos institucionais nem hierarquia.

    Os protestos oram amplamente cobertos pela imprensanacional e internacional e omentaram discusses em

    vrias eseras de interesse (poltico, econmico, social,comunicacional). A abordagem que apresentamos estrelacionada caracterizao publicitria que pode serapreendida dos discursos expressos durante os episdios. No

    novo o tema da publicidade para mobilizar pessoas s causassociais, porm o emprego das tcnicas publicitrias requerconhecimento e recursos financeiros, pois normalmenteesto atreladas necessidade de publicao nas mdias demassa, que alcanam grande parte da populao. Emboraexista segmentao derivada dos interesses particulares aos

    1 Fonte: https://www.acebook.com/MovimentoPasseLivrempl. Acesso em 23 dejunho 2013.

    quais cada grupo de pessoas queira ao no aderir, num casocomo esse, que tratava do servio pblico de transporte, ointeresse passava a ser geral.

    Mesmo para os adeptos do transporte privado nos

    automveis, a questo da mobilidade nas metrpoles umapreocupao primordial, impactante do ritmo de vida edo bom fluir das atividades cotidianas. No caso do MPL,podemos considerar tais recursos e tcnicas limitados, porisso vlido analisar e compreender como oi operada aestratgia discursiva do movimento (ainda em circulaonos dias de hoje, embora seu pice tenha sido na ocasiodos protestos) para que tenha obtido tamanha visibilidade.Como decorrncia de sua ao, e ainda seguindo o paralelocom a atividade publicitria, temos que uma marca que

    obtm notoriedade tambm assume o risco aumentado devozes discordantes da sua serem maniestas, assunto que nosrende consideraes.

    A anlise das expresses do MPL e de outros sujeitosque se fizeram ouvir simultaneamente visa obter um rol dasfiguras e temas que permeiam os valores do grupo, tomadopelo senso comum como voz popular das ruas da cidadede So Paulo, bem como identificar as variantes dessasmaniestaes, em expresses de questionamento, pontos de

    vistas alternativos, confontos, que do a ver a complexidade

    e diversidade de opinies entre os cidados metropolitanosem assuntos de interesse comum.

    Materiais e mtodos

    Dentre as prticas normalmente empregadas porespecialistas em comunicao publicitria, assistimos aogrupo intitulado Movimento Passe Livre (MPL) conquistaradeptos em sua fan page(na rede social Facebook), parecendoter capacitao para o emprego dessa mdia na divulgao

    de sua causa. A sua identificao levada a pblico por umconjunto de elementos tpicos da construo da visualidadee da sonoridade de um produto comercial ou marcacorporativa (nome, sigla, logomarca, domnio na Internete slogan). Essa aproximao de procedimentos j nos dmaterial para entender o MPL como uma marca. Segundodefinio da American Marketing Association (AMA): marca um nome, termo, smbolo, desenho ou uma combinaodesses elementos que deve identificar bens ou servios de

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    um ornecedor ou grupo de ornecedores e dierenci-los daconcorrncia (KELLER; MACHADO, 2006, p. 2).

    Fig. 1 Recorte na parte superior da pgina do MovimentoPasse Livre, na rede social Facebook (www.acebook.com/MovimentoPasseLivrempl), como disponvel em junho de 2013. Apgina trata das prticas do movimento nacionalmente.

    Fig. 2:Recorte da parte superior da pgina http://saopaulo.mpl.org.br/, que registra as atividades do Movimento Passe Livre emSo Paulo, como era disponvel em junho de 2013.

    Salta da nosso primeiro recorte de um corpus paraanlise: o nome Movimento Passe Livre, sintetizado na siglaMPL; o seu domnio na internet, o slogan Por uma vidasem catracas; a logomarca em preto e branco (e sua verso

    negativada). Nas figuras abaixo se pode ver como eramapresentados ao pblico, abrangendo o Brasil (Fig.1), ousomente os acontecimentos de So Paulo (Fig.2):

    A definio de marca convocada acima est mais

    centrada na identificao que na identidade das marcas, estaltima mais complexa e produzida a partir de um sistemade valores (dentro do projeto de marcas, engendradogradualmente nas relaes intersubjetivas que resulta doconjunto de suas maniestaes2 (ou expresses) que, naexplicao de Semprini, (2006, p. 164) ...compreendemtodas as modalidades, materiais ou imateriais, por meiodas quais uma marca se torna perceptvel aos destinatriose ao contexto. Se o MPL, segundo sua prpria definio,d voz a todos que dele participam, igualitariamente, nas

    maniestaes dessas acetas diversas que podemos encontraras constantes temticas que permitiro melhor compreendera axiologia da qual se fizeram partidrias.

    Na grande cobertura dada pela imprensa aosacontecimentos, bem como na vivncia participativa ouapenas contemplativa dos movimentos nas ruas, a mdiamais evidente eram os cartazes e aixas elevados pelos braosdos maniestantes, com seus dizeres de protestos, pedidos,revoltas, convocao, etc. As fases verbais utilizadas nasaixas permearam os comentrios das pginas eletrnicas

    do MPL. Para melhor ilustrar nossa anlise, observamos aspublicaes de otografias dos principais veculos de mdiaimpressa e suas respectivas verses digitais, que cobriramos atos, no perodo de 1 a 30 de junho de 2013, alm depublicaes nas pginas do MPL no mesmo perodo. Apesarda variedade de recursos de linguagem verbal usados pelosautores dos cartazes, procuramos invariantes temticas, quelevaram seleo (Fig. 3 e 4) de alguns mais emblemticos,os quais permitem levar adiante uma anlise dessa axiologia,que leva a entender as marcas identitrias do movimento.

    2 Especificamente nessa afirmao, a palavra maniestao oi empregada conor-me definio de Semprini (2006) e no como sinnimo dos protestos popularesque so objeto de anlise. Para evitar entendimentos equivocados, adotaremos otermo expresso, para substituir aquele escolhido unicamente em prol de um me-lhor entendimento do leitor.

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    Fig. 3 A aixa, instalada no Vale do Anhangaba, em 06de junho de 2013, traz uma das fases mais recorrentes noscartazes dos protestos ocorridos em So Paulo (MovimentoPasse Livre chama novo protesto, 2013).

    Fig. 4 Foto (sem identificao de autoria) da aixa com

    inscrio que reproduz o slogan do MPL (Luta contra oaumento 2013, 2013).

    Alm das aixas acima, algumas inscries verbais decartazes publicados em otografias dos dois principais

    jornais locais (Folha de S. Paulo e O Estado de So Paulo)mereceram compor o corpus de anlise3:

    3 Procuramos centralizar as observaes nos discursos dos cartazes, procurando

    - Copa para quem? (na otografia de capa do jornal OEstado de So Paulo em 15 de junho)

    - R$ 3,20 roubo (nas edies do jornal Folha de S.Paulo de 08 e de 16 de junho)

    - Acredite, no s por R$ 0,20 (na Folha de S. Paulode 18 de junho)- Fia, go home. (na Folha de S. Paulo de 18 de junho)- Sem violncia, Brasil. Paz e amor. (na Folha de S.

    Paulo de 18 de junho).Acontecimentos paralelos aos protestos tomaram e

    at chegaram a desviar a ateno do propsito inicial dosmaniestantes: discutiu-se a violncia e os conflitos entrepoliciais e a populao, a presena de blocos de vndalose agresses ao patrimnio pblico e privado, as reaes

    contrrias maniestas nas redes sociais, os apoios dasempresas e redes de wi-fi privadas nos dias de protestos.Descartamos esses tpicos no recorte do objeto identificadordo movimento, pois tomamos como critrio de excluso oato de que nem sempre tais discusses guardarem o mesmocarter publicitrio, no tiveram a mesma regularidade depublicaes durante o perodo de trinta dias de observao,nem estavam sempre alinhados com o seu discurso. Masmantivemos o seu registro como onte de observao das

    vozes destoantes do movimento que, enquanto alteridade,

    constituem um modo de reafirmao de sua identidade.As anlises contam com a undamentao tericada semitica discursiva desenvolvida por A. J. Greimase seguidores, dos quais tomamos as noes basilares deestrutura do percurso gerativo do discurso (GREIMAS;COURTES, 2008).

    A desconstruo do sistema de valores dos textos, demodo a compreender os significados que emergem de suaedificao, baseada na convocao de figuras e temasdo plano do contedo (isotopias figurativa e temtica),

    em relao com o plano de expresso, especialmente nosormantes verbal e visual, conorme estudos de Floch (1985)e Oliveira (2004, 2009).

    Da sociossemitica de E. Landowski oram tomadas asnoes de regimes de sentido e de interao - programao,

    dispensar os destaques e nases dados por uma ou outra editoria e suas manchetes,uma vez esta valorao no objeto de estudos nesse momento, muito embora hque se considerar que a prpria seleo dessas otos pelas editorias constitui umaescolha do Destinador de cada veculo.

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    estratgia, ajustamento e acidente (LANDOWSKI, 2009),que proporcionam compreender, no nvel das narrativas,as interrelaes engendradas entre os sujeitos nas suasrespectivas posies actanciais, apoiadas ainda nas noes de

    identidade e alteridade (LANDOWSKI, 2002). O mesmoestudioso trabalha os regimes de visibilidade (LANDOWSKI,1992), a partir da discusso dos termos pblico e privado,o que nos serviu de base para uma abordagem do ato doMovimento Passe Livre, quando de sua ocupao dos espaosda cidade, em uma operao de querer ser-visto.

    N. C. Canclini oerece subsdio para as consideraessobre os papis temticos de cidados e consumidores - eseu hbrido nas sociedades latino-americanas da atualidade(CANCLINI, 2010). Ainda para entender o contexto, oram

    teis as leituras de coberturas jornalsticas do movimentorealizadas em diversas edies publicadas durante os mesesde junho e julho de 2013 por Le Monde Diplomatique, OEstado de So Paulo, Folha de S. Paulo e Carta Capital.

    Outras reerncias oram obtidas de autores que tomamcom propriedade as caractersticas do objeto em estudo: deM. Castells, a anlise dos movimentos sociais em todo omundo e sua particular organizao a partir de mobilizaesiniciais nas redes sociais (CASTELLS, 2013); e na ediocoletiva organizada pela Editora Boitempo e Carta Maior,

    com diversos textos opinativos e analticos especialmenteconcentrados nos acontecimentos do ms de junho no Brasil(HARVEY et al., 2013).

    Finalmente, sobre os conceitos de marcas e publicidade(pois o movimento operou sua visibilidade com estratgiasimilar) e sua respectiva abordagem pela teoria semitica,temos os autores Semprini (2006), Keller & Machado(2006) e Volli (2007). Reunindo estudos sobre a prticapublicitria por movimentos sociais e Organizaes NoGovernamentais (ONGs), convocamos o semioticista

    italiano P. Peverini.Da discusso, conclui-se que o discurso publicitrio jno uma prtica exclusiva da publicidade comercial, masque em uma sociedade amplamente conectada pelos meiosde comunicao em rede, um empoderamento de vrias

    vozes se az ver e ouvir.Porm esse mesmo poder fagilizador de valores,

    sejam empunhados por entidades privadas, pblicas, ou do

    terceiro setor, porque a mesma visibilidade que az ecoarvalores, levanta vozes contrrias e contraditrias, exigindoclareza de quem comunica quanto aos seus propsitos e

    valores identitrios, o que ainda mais importante para

    os movimentos sociais, dada sua necessria perspectiva demobilizao de mudanas de comportamento no longoprazo.

    Discusso: Vozes em movimento

    O subttulo acima, assim como o prximo, az reernciaa elementos de ordem sonora, porque o termo voz oibastante empregado nas coberturas jornalsticas e mesmonas repercusses percebidas em conversas cotidianas entre

    os paulistanos, em fases como A voz das ruas se ez ouvir eoutras semelhantes. Alm disso, a presena dos maniestantesnas ruas se dava de maneira ruidosa, resultando em umaocupao no apenas do espao sico da cidade, mas tambmsonoro. No temos registros dessas sonorizaes, o que nosimpediu de traz-las em detalhes para esta pesquisa. Omovimento usa elementos de comunicao semelhantes aosdas marcas comerciais, mas guarda as peculiaridades que soprprias ao papel temtico de indivduos e grupos sociaisrepresentantes (institucionalizados ou no) do que se ousa

    chamar de voz popular. Peverini (2014, p. 12), ao reconhecer odiscurso dos movimentos sociais como entidades semiticase pontuar suas semelhanas e dierenas com os discursospublicitrios das marcas, afirma que:

    se de um lado o funcionamento da linguagem publicitria comum,de outro a publicidade social possui todavia uma verdadeira e prpriaautonomia no plano da significao, uma natureza sancionadora que adistingue da forma do discurso comercial porque visa sobretudo promoverno um produto mas um valor, e em segundo lugar transformar de modo

    duradouro a conscincia de uma conduta errada, danosa ou arriscadaem um estilo de vida correto. A natureza pragmtica se casa assimcom a retrica da linguagem publicitria dando vida a uma forma decomunicao em busca constante de equilbrio entre a informao e a

    provocao. 4 (PEVERINI, 2014, p. 12) em busca da axiologia do movimento que realizamos

    esta anlise, compartilhando do princpio da semitica

    4 Traduo nossa.

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    segundo o qual o discurso expressa valores de base, situadosnas categorias proundas da significao.

    A palavra movimento, ainda no subttulo e no nomeda organizao Movimento Passe Livre, sugere, por outro

    lado, uma reerncia espacial, que implica em mudana,em consonncia com o que o autor nos prope em seucomentrio, inteno primeira de organizaes sociais.Os elementos identificadores do MPL (que segundo oque j afirmamos o expressam como uma marca), quandoobservados em seus ormantes verbais e visuais, conormamum conjunto de figuras centradas em dois temas: mobilidadee liberdade.

    Fig. 5: Logomarcas do Movimento Passe Livre, nas duasverses, disponveis em https://www.acebook.com/MovimentoPasseLivrempl.

    Os termos escolhidos para nomear o movimento, passee livre, respectivamente, sintetizam os temas de modoliteral. A ilustrao que vem acima dos elementos verbaisna logomarca (Fig.5), no entanto, introduz a alteridade,figurativizada na catraca, contra a qual o movimentoprotesta. O objeto est sendo quebrado em consequncia da

    ora do chute realizado por uma figura humana masculina,cuja cabea no pode ser vista por completo, reiterandoo anonimato da liderana do movimento. A julgar pelaexpresso gestual desse corpo, o impulso da perna esquerda orte e impactante, um ato imperativo, decidido e incisivo.

    A imagem flagra o momento da quebra da haste da catraca,com estilhaos arremessados, dando a ver a ora derealizao que o movimento tem.

    O ttulo Movimento Passe Livre traz nele mesmo opercurso narrativo que estabelece a competncia de umDestinador. Resumido na sigla MPL, retomada em seusdomnios na internet, constri uma ora de sntese, de

    cil memorizao, de intimidade dada pelo apelido. Nottulo completo, o seu poder de mobilizao dado pelapalavra movimento, enquanto passe tanto substantivoque traduz o ato de transposio ou mesmo sinnimo debilhete, quanto o verbo em modo imperativo, mandandoatravessar uma barreira. E o adjetivo livre, ou advrbiolivremente abreviado, echa o ciclo da perormance, poispode significar liberdade ou gratuidade. Considerando acombinao passe-verbo e livre- adjetivo, reproduz-seo percurso narrativo cannico da manipulao ou estratgia

    (LANDOWSKI, 2006) donde o destinatrio, paulistanousurio do transporte, convocado a aderir ao movimentopor intimidao, sob a pena de no ser livre. J, aoconsiderarmos a combinao passe-substantivo e livreadjetivo, o que se obtm uma traduo de taria zero,reivindicao do protesto, que claramente tem impactomenor e alvo de mais questionamentos, por ter umalgica financeira que apresenta inmeros argumentos decontestao. Em um terceiro eeito de sentido, a reunio depasse-verbo e livre(mente)-advrbio, opera uma relao

    de manipulao por seduo, uma aproximao com o outro,convidado a adentrar o movimento e expor suas idias demodo democrtico. Essa estratgia encontrar continuidadena mobilizao por ajustamento ainda segundo os regimesde sentido e de interao, dos internautas nas redes sociais,ato a que se atribui o sucesso do volume de adeses aosprotestos nas ruas.

    O slogan Por uma vida sem catracas d umaimportncia ainda maior ao propsito do grupo, que, pelachamada, implica em toda uma vida, vivida na experincia

    diria, um estar no mundo em liberdade. As catracasextrapolam a reivindicao primeira de taria zero para otransporte pblico, sugerindo que h muitas outras situaesimpeditivas, figurativizadas pelo plural atribudo palavra.

    As inquietaes paralelas s do transporte so bem-vindasno movimento, desde que no ligadas a partidos polticos.Durante as maniestaes, oram feqentes citaes sadee educao. O principal argumento era a disparidade entreos valores investidos na preparao de infaestrutura para o

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    evento esportivo da Copa do Mundo de utebol e o quantonormalmente utilizado para a construo de hospitais,creches e escolas, alm do curto espao de tempo para essasrealizaes quando comparadas com os prazos de entrega

    de obras para o atendimento populao (Fig.6). A faseCopa: para quem?, em um dos cartazes, uma queixapelo desamparo dado pelas autoridades populao, dandoa entender que, ao contrrio disso, o seu papel temticodeveria ser o de Estado provedor e protetor da sociedade. Emum dos cartazes, outro sujeito aparece como figurativizaoda invaso de propriedade: Somos os filhos da revoluo.Fia, go home. As instituies, como no caso desta citao,so alvos de repdio.

    O texto desvela o no reconhecimento de autoridades

    como competentes em seu azer, ao mesmo tempo em quebrinca com a ousadia de question-las. A afirmao buscaapoio figurativo na msica popular5, convocando um artistaque ficou conhecido como voz da juventude brasileira dosanos 80 e 90, sem, no entanto, deixar de criticar, em suasprodues, a inrcia desta mesma gerao. Reunindo orecurso da escrita na lngua inglesa, com a citao canoque leva em seu nome um cone do consumo mundial(Coca-Cola), o cartaz deixa entrever uma posio (que bastante estereotipada, muito questionada e, podemos dizer,

    praticamente impossvel em uma metrpole como So Paulo)de uma nacionalizao e de recusa a contaminaes culturaisestrangeiras, especialmente norte-americanas. Os cartazesdenunciam assim uma das posturas do Movimento, emborano possa ser generalizada, uma vez que dar vozes aos seus

    vrios integrantes est nos princpios da organizao.

    5 Reerncia cano Gerao Coca-Cola, de Renato Russo , gravada no lbumdo grupo Legio Urbana, com o mesmo nome, em 1985, cuja letra inclui a faseSomos os filhos da revoluo, somos burgueses sem religio, somos o uturo danao: gerao Coca-Cola.

    Fig. 6: Cartaz de maniestante, dando destaque causa dasade em comparao com os gastos para a Copa do Mundode 2014. Ao lado, subentende-se outro cartaz, argumentandoque no so os R$ 0,20 de aumento que mais importam

    (GIULIETTI, 2013).Depois da revogao da taria, vrios protestos se seguiram,

    em menor intensidade, e as mobilizaes na pgina do MPLna rede social continuam a ser desenvolvidas e comentadaspelos feqentadores, porm os assuntos esto ligados sade,moradia, educao, segurana, alm do transporte. Diantedessa maleabilidade, o movimento conquistou grande adesoe levou parte da populao s ruas em junho para lutar contrao aumento das tarias, independentemente das motivaes

    individuais. O sentimento de indignao oi inflamado porcontgio (LANDOWSKI, 2006), ainda que esta emootenha sido gerada por dierentes motivaes. A velocidade,acilidade de fluidez e a inormalidade das redes sociaiscontriburam para que o processo assim acontecesse. Esseenmeno de mobilizao social, de comoo por questesda coletividade, de motivar grandes grupos a ir para as ruasa partir de comunicaes viabilizadas pelas redes tem tidoocorrncias em vrias partes do mundo, conorme publicouCastells, em um levantamento que descreve movimentos no

    Egito, Estados Unidos, Tunsia, Espanha e outros, dentre osquais o Brasil. O autor toca nas questes da propriedade eda autonomia:

    De orma conusa, raivosa e otimista, oi surgindo porsua vez essa conscincia de milhares de pessoas que eram aomesmo tempo indivduos e um coletivo, pois estavam e esto sempre conectadas em rede e enredadas na rua, mo namo, tute a tute, post a post, imagem a imagem. Um mundode virtualidade real e realidade multimodal, um mundo novoque j no novo, mas que as geraes mais jovens vem como

    seu. Um mundo que a gerontocracia dominante no entende,no conhece e que no lhe interessa, por ela encarado comsuspeita quando seus prprios filhos e netos se comunicampela internet, entre si e com o mundo, e ela sente que estperdendo o controle. E eetivamente est perdendo, pois aautocomunicao de massas a plataorma tecnolgica dacultura da autonomia. A partir dessa autonomia, as palavras,as crticas e os sonhos do movimento se estendem maior

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    parte da sociedade. No Brasil, mais de 75% dos cidadosapoiavam o movimento duas semanas depois de seu inciona Avenida Paulista. (CASTELLS, 2013, p.179-180)

    A noo de propriedade dada pelo autor est relacionada

    principalmente ao mundo das comunicaes, uma vez queele deende o enmeno do contgio pela sensibilizaoque se deu dentro das redes sociais, o que de ato significativo. Porm, antes de discutir essa disseminao,queremos adentrar as questes da propriedade da cidade, doespao urbano, enquanto patrimnio pblico e, portanto,partilhado por todos. O cartaz que o maniestante levanta,do lado direito da Fig. 6, diz no por 20 centavos...,porm a fase taxativa: R$ 3,20 roubo! oi lida maisde uma vez em cartazes de maniestantes. Ento, no esto

    sendo contados os centavos, mas o respeito, a dignidadede uma populao, em geral trabalhadora e pagadora deimpostos, que reage indo s ruas, para piorar o desempenhoda mobilidade urbana por algumas horas, ou dias, de modoa azer pensar em solues que a melhorem. So Paulo conhecida como a cidade que nunca para, que no podeadormecer, ento o melhor impacto justamente az-laparar, assim raciocina o movimento.

    A ameaa mais fequente nos cartazes e aixas queganharam visibilidade nas ruas era Se a taria no baixar,

    So Paulo vai parar (Fig.3), depois reproduzida em outraslocalidades, com a substituio do nome da capital pelapalavra cidade. Prossegue nesta operao estratgica, aintimidao do Destinador que assina a aixa (MPL), tantoao poder pblico, quanto ao prprio cidado (concordanteou discordante com o protesto), recorrendo novamente aos

    valores da mobilidade e da liberdade, em relao isotpicacom os elementos identificadores do Movimento. A operaode paralisao da cidade, segundo o prprio MPL, assimarticulada:

    Se a retomada do espao urbano aparece como objetivo dosprotestos contra a tarifa, tambm se realiza como mtodo, naprtica dos manifestantes, que ocupam as ruas determinandodiretamente seus fluxos e usos. A cidade usada como arma

    para sua prpria retomada: sabendo que o bloqueio de ummero cruzamento compromete toda a circulao, a populaolana contra si mesma o transporte catico da metrpoles, que

    prioriza o transporte individual e as deixa beira de um colapso.

    (MOVIMENTO PASSE LIVRE, In: HARVEY E AL., 2013)Os maniestantes ocuparam a avenida Paulista e outros

    trajetos da cidade, em uma espcie de barganha em trocados R$ 0,20 centavos roubados, propriedade individual,

    oi tomado o espao urbano, propriedade coletiva6

    . Osmotoristas de veculos e mesmo os usurios do transportecoletivo que no aderiram ao movimento, ou ao menos,tentaram prosseguir em suas rotinas dirias, sem participarda passeata, oram tomados como sujeitos subordinados aoprograma instalado pelo Destinador, papel assumido peloMPL, que contou com a previsibilidade do despreparo dacidade para qualquer interveno que ocorra. Ento, aocontrrio de um acidente, a paralisao do trnsito torna-seuma rotina, um programa, dentro da concepo dos regimes

    de interao de E. Landowski (2006). Caracteriza-se assim,o no adepto aos movimentos, como um ser inerte, imvel,sujeito passivo.

    Voltando ao comentrio de Castells, por outro prisma,temos a meno ao apoio de 75% dos cidados, o que levaao entendimento de que a concordncia com o propsitodo movimento quase uma unanimidade. E de ato ,quando tomamos a temtica geral da mobilidade urbana,necessidade de todos e criticamente dificultada no cotidianode qualquer pessoa que circule em So Paulo. A disseminao

    das inormaes e discusses nas redes sociais oi ao mesmotempo um modo de mobilizar a populao em prol domovimento, mas tambm uma oportunidade para uma sriede debates paralelos, ajuda mtua, independentemente dasposies adotadas em relao causa.

    Rplicas, ecos e reverberaes

    Nas comunicaes em rede (um territrio que,ao contrrio do espao sico, comporta a todos

    simultaneamente), havia adeptos ao movimento organizandoa ida s ruas, grupos procurando encontrar alternativas para

    6 Evitamos os termos pblico e privado, preerindo pensar em propriedadeindividual e coletiva, que melhor explicam as relaes dos moradores com suacidade e seus direitos. Conorme Landowski (2002, p.88) nem o privado nemo pblico so termos primeiros, mas simples palavras. Os dicionrios de lnguaslhes atribuem, claro, um sentido, ou, mais exatamente, dierentes virtualidadesde significao, mas a realizao eetiva em discurso desta ou daquela entre essasvirtualidades fica, por natureza, dependente dos contextos de emprego tomadosum a um.

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    desviar dos impedimentos urbanos, pessoas empenhadas embuscar apoios necessrios operacionalizao dos protestos(como solicitaes de disponibilizao gratuita dos acessoss redes sem fio das empresas localizadas nos roteiros das

    maniestaes), opinies contrrias ao protesto e outroscomentrios at banais. Como resultado inevitvel dagrande cobertura jornalstica e do burburinho causado, oassunto estava presente em todas as conversas, num processode contgio caracterstico das relaes intersubjetivas deajustamento. Os sujeitos, neste caso, colocados em situaode igualdade, maniestaram as opinies mais diversas,integrando-se de algum modo discusso.

    No extremo oposto inrcia, o ato imperativo do chute catraca figurativizado na logomarca esbarra na questo da

    violncia, discusso que tomou corpo porque, como empraticamente todas as situaes que renem muitas pessoas,no possvel conter aes radicais. Houve violncia tantode policiais que tentavam controlar o ambiente durante asmaniestaes, quanto de pessoas que, pertencentes ou noao movimento, estavam misturadas multido e quebraram

    vitrinas, agncias bancrias, mobilirio urbano. As citaese debates quanto a essas atitudes ganharam muito espao nonoticirio e tambm ocuparam declaraes dos maniestantes,como na fase encontrada em cartazes Sem violncia, Brasil.

    Paz e amor e outras similares. Na cobertura da imprensa, osregistros da violncia oram especialmente evidenciados nasimagens, como possvel notar na oto que mostra chamasem fente a um maniestante que carregava um cartaz com afase slogan do MPL (Fig. 4). Os atos de violncia, atribudosa terceiros, inseriram no cenrio uma ruptura no discursodo movimento que, justamente por se declarar aberto edemocrtico, dando voz a todos que dele participavam, viu-se diante da necessidade de uma declarao contrria a taisatos. Desviava-se, vez ou outra, o oco do assunto principal,

    a mobilidade. Esses acontecimentos, caracterizados peloregime de interao e de sentido do acidente, quebraram aprogramao dos protestos.

    O contgio pode no ter sido pela causa do movimentoem si (a reduo da taria), mas em torno da questo damobilidade, que assume dierentes concepes, opiniese aasta o consenso, quando as particularidades de cadasoluo empregada pelo cidado para o seu deslocamento socolocadas em evidncia. Mais do que simples consequncias

    das dierenas de renda que levam a optar entre, porexemplo, o uso do carro (propriedade particular) e otransporte pblico (propriedade coletiva), so escolhasderivadas de um mecanismo de valores sociais. Parece no

    ser apenas uma discusso entre a oscilao dessa condiopaulistana (e talvez do brasileiro) entre um querer-poder-ter (o veculo) e no-poder-ter (o bem e as condies parautiliz-lo). Nas redes sociais, por exemplo, h argumentoscomo a citao de que em pases mais desenvolvidos osmoradores entendem que chique usar o metr, levandoa discusso para a esera das opinies e dos desdobramentosda cultura no comportamento das populaes, que so muitodiversificadas. Sobre tais dierenas, ao debater as polticasculturais nas cidades latino-americanas, Canclini observa:

    Tanto nas demandas polticas quanto na organizao dos atosartsticos ou recreativos, os movimentos de moradores pensam nosdistrbios gerados pelo comrcio ambulante, na festa do padroeirodo bairro ou no transporte que deve chegar at a rua mais prxima,mas difcil que se coloquem os problemas gerais da cidade. As

    polticas culturais dos movimentos populares so polticas do queest prximo, sem muito interesse por macro questes, como aecolgica, ou pelos programas das grandes instituies. Mesmoquando esses movimentos locais se agrupam, sua viso da cidade

    a de uma soma de agmentos, e muito difcil coordenar ouhierarquizar as demandas de cada um em programas de amplaescala. (CANCLINI, 2010, p.102)

    No caso do Movimento Passe Livre no oi dierente. Amobilizao teve apoio de uma grande parte da populaoe a concordncia no estava especificamente direcionadaa aes como operacionalizao de corredores de nibus,construo de mais vias para trens ou metrs, regras derodzio de veculos, ampliao de avenidas, pedgio urbano,

    ou tantas outras sugestes e atitudes das administraesmunicipal e estadual no quesito da mobilidade da metrpole.O que reuniu pessoas em apoio oi a exigncia de respeitoe cidadania. Por esse motivo tantas vozes oram ouvidas etantas outras demandas surgiram posteriormente, comopreocupaes com a sade, a educao, impostos e taxas, asegurana, a corrupo e a impunidade.

    Desde o final dos protestos de maior magnitude, outroscom pequena mobilizao tm ocorrido at o momento,

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    localizados em zonas diversas da cidade, e que tem tidoalguma cobertura da imprensa, especialmente no rdio

    jornalismo; no entanto, nestes casos se d mais destaqueaos problemas de impactos no trnsito que aos motivos dos

    movimentos em si.As vozes do MPL conseguiram azer dele um Destinadorcompetente, que com o domnio dos canais publicitrios(redes e ruas), ecoaram, junto a seus apoiadores, contagiadosnas redes sociais, e ajudaram a realizar a paralisao dacidade; oram combatidas pelas rplicas, explicitadas nos

    posts diversos, que colocaram argumentos contrrios; ereverberaram, posteriormente, em movimentos de menorintensidade, dirigidos a interesses especficos - tais comoA luta dos moradores de So Mateus conquistou de volta a

    linha Jd. Santo Andr - Metr Carro!7

    -, assim como emmobilizaes por outras tantas demandas da populao, queextrapolam a questo do transporte.

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