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pela Infância Rádio unicef Leia neste boletim Nº 106 - Brasília, junho de 2009 O direito de aprender O Brasil tem apresentado melhoras significativas em todos os índices da Educação Básica nos últimos 15 anos e está próximo da universalização do ensino fundamental. Atualmente, 97,6% dos meninos e meninas de 7 a 14 anos estão matriculados na escola, o analfabetismo diminuiu de 17,2% para 10% e os anos bem-sucedidos de estudo aumentam progressivamente. Se o País conseguiu melhorar tanto os indicadores educacionais, isso demonstra que é possível, sim, garantir o direito de aprender para todas as crianças e adolescentes. Mas é necessário reduzir as desigualdades, o que implica tratar de maneira especial os grupos mais vulneráveis da população, como os indígenas, as pessoas com deficiência, os quilombolas, os meninos e meninas do campo. É preciso reconhecer e valorizar a diversidade. Essa é uma das conclusões do relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender. A publicação do UNICEF, lançada no dia 9 de junho, aponta os avanços da educação nos últimos anos e os desafios a serem enfrentados. O relatório também destaca a importância da colaboração e articulação entre governos e sociedade para ampliar cada vez mais a garantia desse direito, que passa por outras áreas, além da educação. O UNICEF espera que as conquistas alcançadas pelo Brasil sirvam de referência para ampliar a garantia dos direitos de crianças em outros países, além de incentivar a participação da sociedade na garantia do direito de aprender! Neste boletim, você vai conhecer os principais desafios para a educação brasileira e saber o que você, radialista, e cada um de nós, pode fazer. Boa Leitura! Equipe do Rádio pela Infância A importância da articulação Conquistas e principais desafios da educação no Brasil Desigualdades no Semiárido, na Amazônia e nas comunidades populares urbanas Cadastre-se e receba material do Todos pela Educação Radialista, receba em sua caixa de e-mail o material do projeto No Ar, Todos pela Educação. São peças de mobilização, spots, músicas, depoimentos de pais, mães, de artistas e, ainda, este boletim Rádio pela Infância. Todo mês há novidades e um tema diferente voltado para a educação. Para fazer o cadastro, basta enviar uma mensagem para o e-mail [email protected] . O No Ar, Todos pela Educação também está disponível no site www.todospelaeducacao.org.br . Franqueado DECRETO LEGISLATIVO No 52288/63 2 parceria 1 3 UNICEF/João Ripper-Imagens Humanas

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pela InfânciaRádio

unicef

Leianesteboletim

Nº 106 - Brasília, junho de 2009

O direito de aprender

O Brasil tem apresentado melhoras signifi cativas em todos os índices da Educação Básica nos últimos 15 anos e está próximo da universalização do ensino fundamental. Atualmente, 97,6% dos meninos e meninas de 7 a 14 anos estão matriculados na escola, o analfabetismo diminuiu de 17,2% para 10% e os anos bem-sucedidos de estudo aumentam progressivamente.

Se o País conseguiu melhorar tanto os indicadores educacionais, isso demonstra que é possível, sim, garantir o direito de aprender para todas as crianças e adolescentes. Mas é necessário reduzir as desigualdades, o que implica tratar de maneira especial os grupos mais vulneráveis da população, como os indígenas, as pessoas com defi ciência, os quilombolas, os meninos e meninas do campo. É preciso reconhecer e valorizar a diversidade. Essa é uma das conclusões do relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender. A publicação do UNICEF, lançada no dia 9 de junho, aponta os avanços da educação nos últimos anos e os desafi os a serem enfrentados. O relatório também destaca a importância da colaboração e articulação entre governos e sociedade para ampliar cada vez mais a garantia desse direito, que passa por outras áreas, além da educação. O UNICEF espera que as conquistas alcançadas pelo Brasil sirvam de referência para ampliar a garantia dos direitos de crianças em outros países, além de incentivar a participação da sociedade na garantia do direito de aprender! Neste boletim, você vai conhecer os principais desafi os para a educação brasileira e saber o que você, radialista, e cada um de nós, pode fazer. Boa Leitura!

Equipe do Rádio pela Infância

A importância da articulação

Conquistas e principais desafi os da educação no Brasil

Desigualdades no Semiárido, na Amazônia e nas comunidades populares urbanas

Cadastre-se e receba material do Todos pela Educação Radialista, receba em sua caixa de e-mail o material do projeto No Ar, Todos pela Educação. São peças de mobilização, spots, músicas, depoimentos de pais, mães, de artistas e, ainda, este boletim Rádio pela Infância. Todo mês há novidades e um tema diferente voltado para a educação.

Para fazer o cadastro, basta enviar uma mensagem para o e-mail [email protected]. O No Ar, Todos pela Educação também está disponível no site www.todospelaeducacao.org.br.

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Conquistas e principais desafios da educação no Brasil

De 15 anos pra cá, o número de meninos e meninas matriculados na escola cresceu em 16,3%, o de analfabetos diminuiu em 7,2% e o Brasil oferece educação de melhor qualidade, mas ainda há muito o que fazer. As conquistas e desafios estão apontados no relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender, do UNICEF. Os dados reunidos no documento indicam que o País está próximo de alcançar a universalização do ensino fundamental, o que significa ter todas as crianças e adolescentes em sala de aula. Em 1992, 81,3% dos meninos e meninas de 7 a 14 anos estavam na escola. Atualmente são 97,6%, o que representa 27 milhões de crianças. A meta agora é atrair os 2,4% restantes, percentual correspondente a 680 mil pessoas, mais que a população do Estado do Acre.

O aumento da quantidade de matrículas foi responsável pela queda do número de analfabetos, principalmente entre os mais jovens. A taxa de analfabetismo entre as pessoas com 15 anos ou mais caiu de 17,2%, em 1992, para 10%, em 2007. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, o índice caiu para 1,7%.

Esses são, sem dúvida, avanços importantes, mas pouco adiantam se a educação oferecida não for de qualidade. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado pelo Ministério da Educação (MEC), é uma das formas de “medir” essa qualidade. Segundo o relatório, ela melhorou. Em 2007, por exemplo, mais de 70% dos municípios brasileiros superaram ou atingiram as metas do Ideb referentes aos anos iniciais do ensino fundamental.

A doutora em Sociologia e professora da Universidade de Brasília (UnB) Sayonara Leal considera trabalhos como o relatório do UNICEF subsídios fundamentais na identificação do que deve ser prioridade para as políticas públicas. No momento, é primordial combater as desigualdades. Para se ter uma ideia, dos 680 mil crianças e adolescentes que estão fora da escola, 450 mil são negros ou pardos.

Desigualdades – As principais vítimas das desigualdades são os meninos e meninas que vivem nas áreas mais pobres do País, especialmente nas zonas rurais, o que inclui as comunidades indígenas e quilombolas. É no campo que estão as mais altas taxas de analfabetismo e

o maior número de crianças fora da escola.Na Região Norte, que concentra grande quantidade da área rural do País, 3,8% dos meninos e meninas estão fora da escola. No Sudeste, o percentual cai para 1,9%. Mais: a população urbana possui, em média, 8 anos e meio de estudo; a do campo, apenas 4 anos e meio. Entre a população rural, os negros são os mais prejudicados. Eles têm, em média, dois anos de estudo a menos que os brancos.

As crianças com deficiência também enfrentam problemas que impedem o livre acesso delas à educação. Em geral, as escolas recusam crianças com deficiência severa. Além disso, é muito difícil meninos e meninas com deficiência passarem do ensino fundamental. Enquanto 70,8% cursam o ensino fundamental, apenas 5% estão no ensino médio.

“É importante dar visibilidade a esses índices”, comenta a professora Sayonara Leal. Ela acredita que a divulgação de dados permite à população não apenas acompanhar as conquistas obtidas, mas se mobilizar em favor de melhorias.

Sayonara Leal [email protected] (61) 3307-2983

Teresina (PI) e Sobral (CE) dão exemplo

Estudantes do 3º ano do ensino fundamental de várias escolas de Teresina, capital do Piauí, e de Sobral, no Ceará, contam com um auxílio para aprender a ler e a escrever: o projeto Palavra de Criança, desenvolvido pelo UNICEF, em parceria com as duas prefeituras. O projeto é citado como exemplo de destaque no relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009.

O Palavra de Criança começou em 2008 e o seu principal lema é a perseverança: os professores insistem na alfabetização do estudante até o último dia do ano. Na capital piauiense, 8 mil alunos fazem parte do projeto. Ainda em 2008, eles fizeram dois testes de avaliação. O último revelou que 79% das crianças tinham habilidades de leitura, compreensão de texto e de escrita necessárias para serem consideradas alfabetizadas. Resta o desafio de alfabetizar 21%.

Em outras cidades do Piauí, há casos em que mais da metade das crianças não sabe ler e escrever aos 8 anos, idade que toda criança deve estar alfabetizada, de acordo com o Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação (PDE). A idade corresponde ao 3º ano do ensino fundamental de 9 anos.

Para o oficial de projetos do UNICEF Rui Aguiar, se a criança não sabe ler e escrever aos 8 anos, todo o restante da sua escolaridade está comprometido. Para alcançar esse objetivo, é necessário o esforço da família, comunidade e escola.

Rui [email protected] ou [email protected] (85) 3306-5700

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Conquistas e principais desafios da educação no Brasil As desigualdades no Semiárido, Amazônia e comunidades populares

Comunidades populares urbanas

Semiárido Treze milhões de meninos e meninas vivem no Semiárido brasileiro. A região concentra um dos piores indicadores sociais do País. Mesmo com as dificuldades que enfrenta, obteve

avanços na educação. Um deles foi o aumento

do número de crianças atendidas na pré-escola e no

ensino fundamental. No entanto, meninos e meninas que vivem no

Semiárido demoram, em média, 15 anos para concluir ensino

fundamental de 8 anos. As informações estão no relatório Situação da Infância e da Adolescência

Brasileira 2009. A região do Semiárido abrange, pelo menos, 11 estados. O Nordeste concentra a maior parte da área. E é exatamente no Nordeste que quase 13% das crianças de 10 anos de idade não sabem ler e escrever. Na Região Sul, o percentual cai para 1,2%. No Sudeste, para 1,4%. As desigualdades não param por aí. Enquanto no Brasil inteiro dez de cada 100 jovens acima de 15 anos de idade não sabem ler e escrever, no Nordeste são 20. O dobro de analfabetos. Sugestão de pauta – Radialista, que tal falar na sua rádio sobre os dados do relatório do UNICEF e organizar um debate sobre o assunto? Vale entrevistar professores, pais, estudantes e até especialistas em sociologia ou história, por exemplo, para explicar melhor o que é o Semiárido brasileiro e o que cada um pode fazer para reduzir as desigualdades da região.

Amazônia

Na Amazônia Legal vivem cerca de 9 milhões de crianças e adolescentes de até 17 anos. Nos últimos 15 anos, a educação também melhorou para eles, mas ainda há muitos obstáculos, além dos rios. O número de meninos e meninas que abandonam a escola é alto e, no total, cerca de 160 mil crianças e adolescentes de 7 a 14 anos estão fora das salas de aula. Entre os estudantes, muitos têm idades avançadas para as séries que cursam.

A Amazônia Legal abrange 750 municípios dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Sugestão de pauta – Um dos principais obstáculos enfrentados pelos estudantes da região é a própria natureza. As distâncias são grandes e, em vários locais, só é possível chegar até a escola de barco. Pelo rádio, a comunidade pode debater o assunto e encontrar soluções para o problema. Radialista, que tal oferecer uma oportunidade para os moradores falarem sobre o

As comunidades populares das cidades geralmente têm em comum a falta de saneamento básico, de iluminação pública, de opções de lazer e a dificuldade de acesso a serviços de saúde e segurança, por exemplo. A violência costuma ser problema constante. Sobre o direito de aprender, existem poucos dados, mas suficientes para revelar que crianças e adolescentes dessas comunidades têm dificuldades para receber educação de qualidade.

Segundo o relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009, o risco de uma criança da 4ª série moradora de uma comunidade popular ter atraso na escola é 16% maior do que o de um estudante de outros bairros. Além disso, faltam escolas de ensino médio.

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O que é educação de qualidade Para o UNICEF, três características definem educação de qualidade: que seja integral, contextualizada e com atenção individualizada. A educação integral favorece o desenvolvimento das crianças ao oferecer mais oportunidades de aprendizado, de ampliação da cultura, principalmente em regiões mais carentes, por meio de ações complementares ao ensino regular. As ações complementares são práticas educativas desenvolvidas em períodos alternativos ao da escola e que envolvem a família e a comunidade. Contextualizada significa que a educação considera a realidade das pessoas, do lugar, da cultura e das relações sociais onde se desenvolvem as ações educativas. E atenção individualizada implica reconhecer cada criança como única, respeitar o seu tempo de aprendizado, valorizar o seu conhecimento e, ainda, apoiá-la no enfrentamento dos desafios.

As informações estão no relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender, disponível no site do UNICEF: www.unicef.org.br

assunto? Você também pode cobrar do prefeito o transporte para levar os meninos e meninas para a escola!!

As desigualdades no Semiárido, Amazônia e comunidades populares

A importância da articulação

O relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 ainda destaca a importância da intersetorialidade, que é a articulação entre os vários setores do governo e da sociedade para garantir o direito de aprender de crianças e adolescentes. Um exemplo de intersetorialidade, segundo o relatório, é o Caminho da Escola, programa do Ministério da Educação criado com o objetivo de renovar a frota de veículos escolares utilizada para o transporte de alunos, especialmente os da área rural. Neste ano, o MEC vai doar mil ônibus a municípios com os menores Índices de Desenvolvimento da Educação e que fazem parte do Territórios da Cidadania, programa coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pela Casa Civil da Presidência da República. É o resultado da articulação entre três órgãos do governo: MEC, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Casa Civil.

Barcos – Em muitas cidades, só ônibus não resolve o problema do transporte. Em várias partes da região amazônica, por exemplo, só é possível chegar até a escola de barco. No fim de 2008, foram identificados 55 municípios da Região Norte com mais de mil crianças fora

ESPAÇO DO RADIALISTA

“Sou diretor da Regional FM de Picos 88,7 MHz. Entendemos que o rádio é entretenimento, alegria, informação... Mas é também responsável pela educação e formação de uma sociedade. Por essa razão, temos o

“A Rádio Clube AM 710, tem cumprido rigorosamente o seu papel de informar, e aqui queremos reiterar a importância desse informativo por colocar em pauta sempre o valor da educação e priorizando a criança e o adolescente,

Zé Milton Rádio Clube AM 710 e Rádio Atividade FMBarras (PI) www.quixabeirafm.com

Moisés Pereira Rádio Regional FM 88,7 Picos (PI)[email protected]

OSCIP Escola BrasilSRTVN 702, Ed. Brasília Rádio Center, 4033 CEP 70.719-900, Brasília-DFTel.: (61) [email protected]

Fundo das Nações Unidas para a InfânciaSEPN 510, bloco A, 2º andarCEP 70.750-521, Brasília-DFTel.: (61) 3035-1900 Fax: (61) [email protected]

EdiçãoHeloisa d’Arcanchy (Escola Brasil)Pedro Ivo Alcantara (UNICEF)ReportagemRadígia de Oliveira

Tiragem5.700 exemplaresDiagramaçãoRV Comunicação Integrada

EXPEDIENTE

Movimento Todos pela EducaçãoAv. Paulista, 1294, 19º andarCEP 01.310-915, São Paulo-SPTel.: (11) [email protected]

da escola por falta de transporte. Além de barcos, alguns municípios solicitavam bicicletas, charretes e até búfalos. Após trabalho de articulação entre os governos e a sociedade, a Marinha ficou responsável pela construção de dois modelos de barco: um com capacidade para 15 alunos e outro para 35, que funcionarão como salas de aula. Até 2010 está prevista a entrega de 3 mil embarcações com capacidade para 15 crianças e outros 500 barcos que podem acomodar 35.

Escreva para o Espaço do Radialista. Fale do seu trabalho, envie sugestões e críticas. Mande um e-mail para [email protected] e solicite ainda o envio dos spots do UNICEF pela internet.

Você também pode visitar a seção multimídia do site www.unicef.org.br, onde há vários spots disponíveis para veiculação gratuita.

Você sabia? A qualidade da educação está prevista nas mesmas leis que asseguram o direito à educação a todos os brasileiros: a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE).

em luta incansável pela educação de qualidade. Em programas musicais que faço aqui na emissora, esse informativo tem espaço garantido, por entendermos que a educação fica mais enriquecida quando formamos opiniões construtivas.”

maior prazer em divulgar spots como os do UNICEF. Desde março recebemos o material de vocês e estamos veiculando em nossa programação em todos os horários. Valeu! Nota 10 para o projeto. Vamos em frente!!! TODOS PELA EDUCAÇÃO. Um abraço.”