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O MERCOSUL, pode e deve ter sua integração edificada no DIREITO CIVIL, vigente em todos os Países que fazem dele fazem parte...este livro, faz um estudo completo resultando na prova incontestável dessa verdade histórica...

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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O DIREITO CIVIL

( Como Fator de Integração )

NO MERCOSUL

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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5 ª edição – 2013

Reinaldo Assis Pellizzaro

Pellizzaro, Reinaldo Assis

O DIREITO CIVIL (Como Fator de Integração) NO MERCOSUL

Proibida a reprodução total ou parcial, bem como a reprodução

de apostilas a partir deste livro, de qualquer forma ou por

qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de

processos xerográficos, de fotocópia e de gravação, sem

permissão expressa do autor (Lei nº. 5.988, de 14.12.73).

Reservados os direitos de propriedade desta edição pela

EDITORA PELLIZZARO – Edipel -

Rua Antônio Rossa, 246 – Bairro do Bosque – Curitibanos SC

Cep. 89520.000 - Telefone (fax) (...049 450171)

E-mail: pellizzaroadvocacia@ adv.com.br

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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(...) não existem limites e tampouco fronteiras para as normas do direito codificado, que à exemplo das grandes obras, transcendem tempo e espaço, pois, não pertencem a um povo, constituindo-se em apanágio de conquista universal.

O autor

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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ÍNDICE

Apresentação..........................................................................22

Prefácio do Dr. Osny Granemann de Souza (in memoriam)..27

Capítulo I – A constituição jurídica do Mercosul........... 30

Capítulo II – O Direito Civil na Argentina....................... 46

Capítulo III – O Direito Civil no Brasil............................. 53

Capítulo IV – O Direito Civil no Paraguai....................... 70

Capítulo V – O Direito Civil no Uruguai....................... 77

Capítulo V – O Direito Civil na Venezuela.................... 75

Capítulo VI – Convergência do Direito Civil

Nos Países do Mercosul......................... 78

Capítulo VII – Principais institutos jurídicos

Nos Códigos Civis dos Países

Do Mercosul.......................................... 90

Capítulo VIII – Tratados e Protocolos........................... 103

Capítulo IX – Conclusões finais................................... 130

Bibliografia........................................................................ 133

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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Apresentação

No ano de 2.002, entrou em vigor o Novo

Código Civil Brasileiro, impondo a adequação, deste

trabalho, ao novo ordenamento substantivo.

Era necessário analisar-se até mesmo se a

conclusão seria a de que o ordenamento civil

substantivo, dos países que integram o Mercosul,

contribuiria para a harmonização; ou agora, seria

prejudicial a integração dos Estados-Membros.

Na verdade o Novo Código Civil Brasileiro,

seguiu a mesma linha estrutural do código revogado,

fiel a sistematização que remonta ao Esboço, de

Teixeira de Freitas.

Desta forma, a conclusão em nada foi

modificada, e o que se escreveu alhures, é mantido na

sua inteireza...

Na última década o mundo experimentou

significativa e preocupante transformação.

Constata-se que na ordem econômica,

concentram-se ingentes esforços para a queda de

barreiras alfandegárias, notadamente entre a os

paisese membros do MERCOSUL: Argentina, Brasil,

Paraguai, Republica Oriental do Uruguai e Venezuela

Revela-se pois, como sendo da maior

importância encontrar-se no ordenamento civil desses

países pontos de convergência, que poderão, explicar

e tornar ainda mais sólidas as bases dessa comunhão

de interesses.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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Em 26 de março de 1991, foi criado o Mercado

Comum do Sul – Mercosul - , que obedece a tratados

internacionais, especialmente o “Tratado de

Assunção”, que foi depositado junto ao Governo do

Paraguai1, conforme objetivo previamente estabelecido

pelo Tratado de Montevidéu, firmado pelos países

integrantes no ano de 1980.

A finalidade da constituição do Mercado

Comum do Sul, é o aproveitamento mais eficaz dos

recursos disponíveis, a preservação do meio ambiente,

o melhoramento das interconexões físicas, a

coordenação de políticas macroeconômicas e a

contemplação dos diferentes setores da economia, com

base nos princípios da gradualidade flexibilidade e

equilíbrio.

Sua criação levou em conta a evolução dos

acontecimentos internacionais, em especial a

consolidação de grandes espaços econômicos, e a

necessidade de lograr uma adequada inserção no

contexto internacional, com reais vantagens para os

países integrantes.

Assim apar de estreitar os laços de união entre

os povos dos quatro países que integrantes, a entidade

visa atender aos interesses comuns para modernizar

suas economias, para ampliar a oferta de serviços

disponíveis e a qualidade dos bens e serviços, com

1 O “Tratado de Assunção”, prevendo a criação do Mercado Comum entre

as Repúblicas da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, é composto por seis

capítulos, 24 artigos; dois anexos, sendo que o primeiro trata do Programa

de Liberação Comercial e o Segundo dos produtos de origem e o anexo tres

que estabelece as formas de solução das Controvérsias, cuja íntegra é

encontrada no final deste trabalho.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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objetivo último de melhorar as condições de vida de

seus habitantes.

A partir desta constatação, passamos a

considerar a importância do Direito Civil, como fator

de aproximação e elo ligação desses países, na medida

comprovadamente, institutos importantíssimos do

ordenamento jurídico, podem contribuir para

amalgamar o Mercado Comum do Sul.

Neste trabalho fazemos primeiramente um

enfoque da constituição jurídica do Mercosul,

passando a gizar o conteúdo e classificação do direito

civil, como diploma dogmático em vigor nos Estados-

Membros2.

Destacamos os Institutos Jurídicos que nos

pareceram de maior importância , valendo-nos do

método adotado pelo legislador brasileiro tais como: a

vigência das normas jurídicas, pessoas, domicilio,

bens, fatos jurídicos, família, nascimento, casamento,

morte; obrigações, contratos, compra e venda,

locação, sociedades, obrigações por atos ilícitos;

sucessões.

Fazendo-se uma incursão no Ordenamento

Civil Codificado, de cada um desses países,

encontramos pontos de incontroversa convergência,e

2 O termo Estados-Membros, se refere a Argentina, Brasil, Paraguai e

Uruguai, que como Países ou Estados independentes integram o Mercado

Comum do Sul –Mercosul-, cuja expressão foi anteriormente usada pela

Comunidade Européia, ao cuidar da harmonização de legislações no Tratado

de Roma, com a seguinte dicção: “ O Conselho, deliberando por

unanimidade sob proposta da Comissão, adotará as diretivas para

aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas

dos Estados-Membros, que tenham incidência direta no estabelecimento ou

no funcionamento do mercado comum”.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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tem como liame o trabalho do civilista brasileiro,

Teixeira de Freitas, denominado por ele modestamente

de “Esboço”, que serviu de paradigma, para o Código

Civil Argentino, e posteriormente para os Códigos

Civis do Paraguai e do Uruguai.

É de registrar-se a contribuição Teixeira de

Freitas, para a elaboração do Código Civil

Brasileiro, inobstante, entre nós Clovis BEVILÁQUA,

na condição de relator do Código Civil de 1916,

deixando transparecer certo distanciamento tenha

afirmado que: “ Desgostou-se Teixeira de Freitas com

a Comissão e com o pouco apreço, que, ao seu ingente

esforço, dava ou parecia dar o público brasileiro. Foi-

lhe suave conforto, nesse estado de desalento, o franco

reconhecimento do seu mérito pelo jurisconsulto

argentino Velles Sarsfield, que, para o Projeto de

Código Civil Argentino, lhe aceitou o método, a

doutrina e grande parte do articulado”.3

Inquestionavelmente, quando da elaboração

do projeto de nosso Código Civil, sem embargo, não se

admitir oficialmente ter sido feito com base no famoso

“Esboço” de Teixeira de Freitas.

Este efetivamente foi utilizado; basta ver-se a

sua divisão em Parte Geral e Parte Especial, iniciando

pelas pessoas e findando na sucessão, para termos

comprovação da adoção do método oferecido por

Teixeira de Freitas e defendido igualmente por

Savigny, que mereceu de Lafayette, observação

elogiosa, afirmando que: “presta-se essa classificação

3 BEVILÁQUA, Clovis, Código Civil dos Estados Unidos do Brasil,

Comentado por Clovis Beviláqua. Ed. Hist. Editora Rio. Rio de Janeiro:

1979. p.15

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a clara exposição das matérias, primeiro merecimento

das classificações” 4 .

Importante pois, fazer-se justiça ao gênio

jurídico de Teixeira de Freitas, que se não teve no seu

país de origem o aproveitamento integral de seu

trabalho, desponta agora sua obra como elo que une o

ordenamento jurídico civil, dos países que integram o

Mercosul, como será demonstrado neste trabalho.

Vamos pois perquirir a criação do Mercosul

num primeiro momento, para cuidar dos institutos

jurídicos que integram o Código Civil nos Estados-

Membros, colimando apontar os pontos de

convergência que asseguram a harmonização dos

ordenamentos jurídicos vigentes nesses países.

Esta confluência, conforme se demonstrará,

comprova que não existem limites e tampouco

fronteiras para as normas do direito codificado, eis

que á exemplo das grandes obras, transcendem tempo

e espaço pois, não pertencem a um povo, constituindo-

se em apanágio de conquista universal.

O autor

4 MONTEIRO, WASHINGTON DE BARROS, Curso de Direito Civil,. Ed.

Saraiva. PARTE GERAL 1.VOL.177, Apud, Lafayette, Direitos de Família,

Introdução.

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PREFÁCIO

Recebi desvanecido, do autor desta obra preciosa

DR. REINALDO ASSIS PELLIZZARO, o honroso convite

para prefaciá-la.

Comovido agradeço-lhe tão alta manifestação de

apreço, que bem reconheço não ter méritos para

merecê-la...

Somente uma velha amizade e a fidalguia do

espírito do competente e honrado advogado autor,

naturalmente, levaram-no a trocar outro colega de

reconhecida capacidade intelectual, por este, que no

dizer do saudoso e insigne MINISTRO ALIOMAR

BALEEIRO, é apenas um ET COETERA da vida

profissional de advogado.

Tão turbulenta tem sido, de alguns tempos para

cá, a vida da sociedade brasileira, que merece todo o

louvor quem, como o autor, DR.REINALDO, deixa de

lado as angústias e preocupações da luta do dia-a-dia,

e sacrificando seu próprio lazer produz uma obra

como esta, “ O DIREITO CIVIL (Como Fator de

Integração) NO MERCOSUL ”.

Trata-se de tema da máxima importância e

atualidade, que demonstra a necessária harmonia, no

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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relacionamento entre os países que integram o

Mercado Comum do Sul - Argentina, Brasil, Paraguai

e Uruguai -, que com o desaparecimento das barreiras

alfandegárias terão assegurado o progresso e o bem

estar recíproco de todos os seus habitantes.

O estudo perpassa o caminho seguido por

insignes juristas que cuidaram da elaboração das Leis

Civis, que acabaram sendo editadas nos respectivos

Códigos Civis, dos países interligados pelo Mercosul

Transparece de forma clara a origem comum do

Código Civil dos Estados Partes, que seguramente

tiveram uma só fonte, qual seja, o ESBOÇO proposto

pelo insigne doutrinador brasileiro TEIXEIRA DE

FREITAS.

O trabalho do autor, que num primeiro momento

trata da criação do Mercosul, segue a melhor técnica

de exposição doutrinária, ao examinar os Códigos

Civis, tal como se acha em vigor em cada um desses

países; sempre deixando bem clara e segura a origem

comum ou seja proposta elaborada por Teixeira de

Freitas.

Com proficiente acuidade, são colocados lado a

lado, frente a frente, institutos que tutelam a pessoa

humana, anteriormente á sua concepção, nascimento,

domicilio, casamento, atos e fatos jurídicos, bens,

obrigações, contratos e até mesmo direitos de

sucessão; vale, dizer, o completo enfoque da trajetória

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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jurídica do sujeito de direito, antes de seu nascimento,

durante sua existência e até mesmo, após sua morte...

Sem dúvida, restou comprovada a convergência

do ordenamento civil nos países integrantes do

Mercosul, e a legislação civil – como explicitado -,

pode e deve contribuir para harmonizar as relações

entre esses países.

Confiante no êxito de sua obra, receba, DR.

REINALDO, com os meus agradecimentos, a sincera

homenagem do meu mais alto apreço.

Curitibanos, setembro de 2000

(In memoriam) OSNY GRANEMANN DE SOUZA 5

5 Obs: DR. OSNY GRANAMANN DE SOUZA, hoje de saudosa memória, foi

Advogado jubilado na OAB SC, devotou sua existência á causa do direito bom e

justo, consagrando-se como profissional, com atuação na Comarca de Curitibanos

Estado de Santa Catarina, por mais de cinco décadas, constituindo-se num exemplo a

ser seguido por todos nós e pelas as gerações futuras...

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CAPÍTULO I

A CONSTITUIÇÃO JURÍDICA DO

MERCOSUL

Sumário: 1. Fatores determinantes da criação do

Mercosul. 1.1. - A legislação que tutela as relações dos

Estados-Membros. 1.2 - Estrutura orgânica de

funcional do Mercosul. 1.3 - A necessidade de

adequação do direito interno dos países que

integram o Mercosul. 1.4 - Importância da

codificação.

1 - Fatores determinantes da criação do Mercosul

Com objetivo de desenvolver economicamente

os quatro Estados Partes que integram o Cone-Sul, ou

seja, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela,

foram celebrados tratados internacionais, normatizando

a forma de facilitar o livre trânsito de pessoas, e

produtos através suas fronteiras.

Tal disposição não implica na diminuição ou

perda de soberania, e tal facilitação, se faz pela adoção

de ordenamento jurídico quadrilateral originando o

Mercado Comum do Sul conhecido pela sigla

MERCOSUL, nos moldes do que já havia sido criado

nos países de primeiro mundo na Europa e América do

Norte.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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Trata-se pois de um esforço gigantesco, no

sentido de conquistar e assegurar melhores condições

de vida para os povos, que habitam os países que

acertadamente integram o Mercosul.

É de fazer-se à constatação da vertiginosa

transformação do mundo, cujas fronteiras mercê do

espantoso desenvolvimento das telecomunicações,

eliminou pelo espaço aéreo as fronteiras físicas e

alfandegárias existente entre os diversos países que

formam a comunidade mundial internacional.

A instantâneidade de transmissão e captação de

imagens e de escrita e de som, tornou realidade a

previsão até então tida como utópica, de que o mundo é

na verdade uma imensa aldeia global, sem fronteiras.

Na busca histórica para assinalar o momento em

que essa transformação teve inicio, Antônio CORRÊA,

concluiu “ ter coincidido com a ” queda do Muro de

Berlim, reunificando as duas Alemanhas, que ficaram

divididas após a Segunda Guerra Mundial, sendo uma

sob o regime comunista e outra sob o regime

democrático social ”.6

De igual sorte a exploração e comercialização

de produtos e bens indispensáveis para a comunidade

mundial, instou a criação de órgãos de controle

internacional que impôs a necessária superação de

fronteiras, como ocorreu com a Guerra do Petróleo.

Até mesmo internamente os países, sem abrir

mão de sua soberania, promoveram verdadeiras

“revoluções”, com vistas a integrar o desenvolvimento

globalizado, como ocorreu com a União Soviética.

6 CORRÊA, Antonio. Mercosul, Soluções e Conflitos pelos Juizes

Brasileiros. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1997. p.47

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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A delicada proteção da soberania foi resolvida,

obedecendo-se ao principio de que cada Estado Parte

transfere parte do poder, na exata medida em que os

demais países transferirem, sem que se altere os

princípios fundamentais de cada país.

A Europa pontificou na abertura de fronteiras

por força do desenvolvimento tecnológico com a

criação do Mercado Comum Europeu, e mais tarde com

a implementação da denominada Comunidade

Econômica Européia, e mais recentemente a União

Européia.

Esta comunhão de interesses, facilitou o livre

transito das pessoas cuja passagem de um para outro

país se faz sem o necessário visto de trânsito, e a

comercialização é feita livremente sem burocracia

alfandegária, com a conseqüente eliminação da

disparidade cambial, chegando mesmo a ser criada uma

moeda única denominada Euro.

Outro fator de suma importância, é que com a

criação de tais entidades de unificação internacional,

desaparece o protecionismo, que visa proteger

determinados produtos, de um pais em prejuízo da

economia de outro; não se podendo dizer que tal, união

hegemônica coloca em risco a soberania dos países

que integram, porque esta, ao contrário é fortalecida

pelas profundas transformações que positivamente são

experimentadas pelos países integrados.

A experiência européia, levou países como os

Estados Unidos, o Canadá e o México, a firmarem o

Tratado de Livre Comércio da América do Norte, -

NAFTA - .

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De igual forma, entre nós, como se viu

anteriormente, colimando atingir o interesse comum de

bem estar e desenvolvimento países da América do Sul,

reuniram-se para formar o Mercosul, cuja sigla

identifica o Mercado Comum do Sul, de que fazem

parte como Estados Partes: Argentina, Brasil, Paraguai

e Uruguai.

Lamentavelmente á duras penas alguns países,

vêm se mantendo hermeticamente fechados, refratários

a tais progressos, mas a custa do sacrifício coletivo,

como ocorre em Cuba, cujos meios de transporte,

datam da década de cinqüenta.

1.1 - A legislação que tutela as relações dos Estados-

Membros.

O Mercosul, é constituído por países cujos

habitantes têm necessariamente as mesmas carências

existenciais, todavia a falibilidade humana pode ensejar

conflito de interesses; e, ante o impedimento legal de

fazer-se justiça pela próprias mãos, se faz necessária a

intervenção do Poder Judiciário.

Assim é que notadamente no campo

obrigacional e comercial impunha serem criados

mecanismos legais a fim de tornar possível a prestação

jurisdicional pelos países integrantes do pacto

Mercosul.

Com vistas a atender esta necessidade foi

elaborado o Protocolo de Cooperação e Assistência

Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e

Administrativa, trazendo profundas alterações no

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Direito infra-constitucional e até mesmo no âmbito do

Direito Constitucional.

Este mencionado Protocolo, foi submetido ao

Congresso Nacional, e através do Decreto Legislativo

nr.77 de 09 de maio de 1995, foi aprovado, tornando-se

norma jurídica impositiva com força de lei.

Este mencionado Diploma Legal, estabelece em

seu art. 2º, que : “ Para os efeitos do presente

Protocolo, cada Estado Parte indicará uma Autoridade

Central encarregada de receber e dar andamento ás

petições de assistência jurisdicional em matéria civil,

comercial, trabalhista e administrativa. Para tanto, as

Autoridades Centrais se comunicarão diretamente entre

si, permitindo a intervenção de outras autoridades

respectivamente competentes, sempre que seja

necessário” .

É bem de ver-se que anteriormente a vigência

de tal dispositivo o cumprimento dos atos originários

dos países integrantes do Mercosul, eram feitos através

do Ministério das Relações Exteriores e Poder

Judiciário, agora de forma bem simplificada, foi

criado o que se denomina de Autoridade Central, que

recebe a documentação processual fazendo chegar

rapidamente ao Poder Judiciário.

Com efeito cabe agora ao Poder Judiciário de

cada Estado Parte, estabelecer uma forma simplificada

de prestação jurisdicional.

Releva anotar-se que fica garantido o tratamento

de igualdade de todos perante a lei, vale dizer que

nacionais e estrangeiros respondem por seus atos em

igualdade de condições, valendo tanto para as pessoas

físicas ou naturais como para as pessoas jurídicas.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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Quanto ao cumprimento das cartas rogatórias e

outros atos instrutórios processuais, esse novo

ordenamento, prevê a mais completa cooperação entre

os órgãos encarregados de dar cumprimento, o que se

constitui numa vantagem com vistas a facilidade e

rapidez na tramitação dos processos.

Já no que diz respeito a competência dispõe

com clareza o art. 9º, que: “A autoridade jurisdicional

requerida terá competência para conhecer das questões

que sejam suscitadas quando do cumprimento da

diligência solicitada”.

A primeira sinalização de convergência dos

ordenamentos jurídicos vigentes nos países que

integram o Mercosul, é sem dúvida, a reunião das leis

esparsas em códigos, conforme preconizava a Escola

Histórica, pois como já tivemos a oportunidade de

escrever:

“Aliás esta questão é atinente ao âmbito da alta

filosofia legislativa, pois diversas Escolas se dedicam

a estudar se devemos deixar que o direito se

desenvolva naturalmente com a criação de leis

esparsas ou se devemos reuni-las em códigos. Assim a

Escola Histórica, defende a adoção de códigos, por

gozarem de maior estabilidade, tornando-se

repositório permanente do curso natural da evolução

jurídica”.7

Tomando-se como ponto de referência o

desenvolvimento econômico, e até mesmo sinais

7 PELLIZZARO Reinaldo Assis. Curso de Direito Civil (Parte

Geral).Balneário Camboriú:Edipel 1999.p.89

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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exteriores de riqueza, foi possível estabelecer uma

classificação que os diferencia:

a) Países de Primeiro Mundo, aqueles que

atingiram a plenitude da automação e racionalização da

produção, obtendo um alto grau de distribuição de

riquezas garantindo o bem estar da população, com

conforto de alimentação, saúde, moradia, transportes,

por exemplo Estados Unidos, França, Inglaterra, etc...

b) Países de Segundo Mundo, que são países

que não alcançando os desejáveis índices dos primeiros,

sobrevivem em situação mediana, podendo ser

classificados assim , a União Soviética e a China.

c) Países em desenvolvimento, são aqueles que

inobstante tenham problemas de desenvolvimento

acentuado, podem emergir para posição mais elevada,

ou mesmo descer para patamares indesejáveis de

subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil.

d) Países de Terceiro Mundo, são aqueles que

apresentam problemas gravíssimos, por não possuir

poupança interna, o povo vive na mais completa

miséria, sem nenhuma perspectiva de futuro, sob total

desconforto com escassez, ou absoluta falta de

alimentos. O povo subnutrido e miserável, sofre com a

falta de moradia, cuidados básicos de saúde,

desconhecendo quaisquer fatores de modernidade, sãos

instigados á luta fratricida do poder pelo poder;

integram esta malsinada categoria a Biafra, Haiti e

outros países do centro do Continente Africano.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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1.2 - Estrutura orgânica de funcional do Mercosul

A constituição provisória, do Mercado Comum

do Sul, ocorreu em 26 de março de 1991, quando o

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, firmaram o

Tratado de Assunção, que foi depositado junto ao

Governo do Paraguai8, conforme objetivo previamente

estabelecido pelo Tratado de Montevidéu.

Insta observar-se que tendo o Governo

Brasileiro depositado a Carta de Ratificação do

Instrumento multilateral em 16 02 96, este diploma

legal passou a vigorar no Brasil a partir daquela data,

integrando a legislação interna do Brasil, a partir de 9

de maio de 1996, quando foi integralmente reproduzido

no Decreto nº 1.901 publicado no Diário Oficial nr.90

de 10 05 96, página 8009.

A finalidade da constituição do Mercado

Comum, é o aproveitamento mais eficaz dos recursos

disponíveis, a preservação do meio ambiente, o

melhoramento das interconexões físicas, a coordenação

de políticas macroeconômicas e a contemplação dos

diferentes setores da economia, com base nos princípios

da gradualidade flexibilidade e equilíbrio.

Sua criação levou em conta a evolução dos

acontecimentos internacionais, em especial a

consolidação de grandes espaços econômicos, e a

8 O “Tratado de Assunção”, prevendo a criação do Mercado Comum entre

as Repúblicas da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, é composto por seis

capítulos, 24 artigos; dois anexos, sendo que o primeiro trata do Programa

de Liberação Comercial e o Segundo dos produtos de origem e o anexo treis

que estabelece as formas de solução das Controvérsias, cuja íntegra é

encontrada no final deste volume.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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importância de lograr uma adequada inserção

internacionais para os países integrantes.

Assim apar de estreitar os laços de união entre

os povos dos quatro países integrantes, a entidade

criada colima atender aos interesses comuns para

modernizar suas economias, e para ampliar a oferta de

serviços disponíveis e a qualidade dos bens e serviços,

com objetivo último de melhorar as condições de vida

de seus habitantes.

Assim, sob a égide dos Tratados firmados pelos

Estados Partes, o Mercosul, adquiriu personalidade

jurídica, podendo a partir de sua constituição adquirir,

transmitir direitos, e praticar todos os atos atinentes a

sua finalidade no mundo jurídico (art. 34 do Protocolo

Adicional de Outro Preto).

A administração do Mercosul, segundo dispõe

seu Tratado definitivo, é exercida pelos seguintes

órgãos:

1) Conselho do Mercado Comum (CMC).

2) Grupo do Mercado Comum (GMC).

3) Comissão do Comercio do Mercosul

(CCM).

4) Comissão Parlamentar Conjunta (CPC).

5) Foro Econômico-Social(FCES).

6) Secretaria Administrativa do Mercosul

(SAM).

Devendo ser ressaltado que para a consecução

de seus objetivos, o Protocolo facultou em seu art.1º, a

criação de tantos órgãos auxiliares quantos forem

necessários.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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1.3 - A necessidade de adequação do direito

interno dos países que integram o Mercosul.

Como entidade aglutinadora de interesses

econômicos e de desenvolvimento dos países que

integram o Mercosul, sua expansão está sendo rápida,

tendo já atraído as atenções e despertado interesse da

comunidade mundial.

Todavia é opinião dos juristas que há muito que

se fazer especialmente em termos de adequação do

ordenamento jurídico interno de cada país com os

demais países integrantes do Mercosul.

Mesmo porque dispõe o art.9º do Protocolo de

Ouro Preto, que o Conselho do Mercado Comum se

obriga a pronunciar-se, mediante decisões, que serão

obrigatórias para os Estados Partes.

Força concluir-se, que os órgãos máximos de

decisão na prestação jurisdicional pelo Estado, estão

colocados em grau inferior na esfera das decisões

atinentes as relações no âmbito do Mercosul, o que

exige, uma ampla e profunda reformulação do

ordenamento jurídico de cada Estado Parte, na dicção

do Protocolo mencionado.

Neste sentido é de importância proceder-se a

um estudo comparativo, no Direito Civil, da cada pais

integrante do Mercosul, como contributo, para essa

necessária adequação, que deverá ser feita num futuro

bem próximo.

Instando asseverar-se que em se tratando de

conflito territorial de leis, deve prevalecer, do ponto de

vista brasileiro, a lei interna do país, como imposição da

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Reinaldo Assis Pellizzaro

40

própria Constituição Federal que impõe aos tratados a

sujeição ao controle da constitucionalidade, que levou

ao insigne José Francisco Resek, a afirmar conforme

registra Antônio CORREA sobre o assunto:

“Tão firme é a convicção de que lei fundamental

não pode sucumbir, em qualquer espécie de confronto,

que nos sistemas mais obsequiosos para o qual todo

tratado conflitante com a constituição só pode ser

concluído depois de se promover à necessária reforma

constitucional”.9

A indagação que surge é como o Poder

Judiciário Brasileiro, poderá recepcionar e dar solução

aos litígios surgidos no âmbito do Mercosul, sem que

resulte no comprometimento de nossas instituições de

direito interno, e da soberania nacional.

Desde logo insta admitir-se que no caso do

Mercosul, o tratado supera o interesse comercial e o

desenvolvido nos negócios10.

Assim do ponto de vista doutrinário, a partir do

“Protocolo de Outro Preto”, transformado em lei federal

interna, dúvida não existe, quanto a sua

obrigatoriedade, devendo portanto os casos atinentes ao

Mercosul, serem decididos na forma ali estabelecida.

A necessária integração exige a harmoniosa

fusão do ordenamento jurídico dos Estados Partes,

9 CORRÊA, Antonio. MERCOSUL, Soluções e Conflitos pelos Juizes

Brasileiros. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1997. p.53, Apud.

REZEK, José Francisco, Direito Internacional Público, p.103 10 CORRÊA, Antonio. MERCOSUL, Soluções e Conflitos pelos Juizes

Brasileiros. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1997.p.54

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

41

notadamente no âmbito do Direito Civil, e tamanha

tarefa somente poderá ser acometida aos operadores e

cientistas jurídicos contemporâneos, daí a certeza de

que com este trabalho estaremos contribuindo para essa

grande obra.

1.4 - Importância da codificação

No Brasil, antecederam a unificação das leis

civis, as leis esparsas, e muitas foram as discussões

travadas sobre a conveniência ou não da adoção do

sistema codificado de elaboração legislativa.

Aliás esta questão é atinente ao âmbito da alta

filosofia legislativa, pois diversas Escolas se dedicam a

estudar se devemos deixar que o direito se desenvolva

naturalmente com a criação de leis esparsas ou se

devemos reuni-las em códigos, como se viu

anteriormente.

Assim a Escola Histórica, defende a adoção de

códigos, por gozarem de maior estabilidade, tornando-

se repositório permanente do curso natural da evolução

jurídica.

Todavia luminares do direito como

SAVIGNY11, não poupava críticas a criação de

códigos, afirmando ensejar a fossilização do direito.

Sem embargo de tão exponencial opinião, é

notória a vantagem de boa codificação, que tem no

Código de Napoleão sua maior expressão, e nos

Códigos Civis do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai,

a primeira comprovação de convergência legislativa, ou

11

“Prolusione al corso de DIRITTO CIVILLE, em Archivio Giurídico, 39/517”.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

42

seja, todos os Estados Partes, adotaram historicamente,

a codificação de suas leis civis.

Registra a história universal que Napoleão, teria

sintetizado todo o seu orgulho, ao erigir aquele

monumento jurídico, ao afirmar que se houvesse

perdido todas as batalhas, deixar para a França, seu

Código Civil, seria sua maior vitória.

Não foi sem razão que o Código de Napoleão,

serviu de paradigma para quase todas as codificações

que lhe seguiram, sendo mesmo cognominado de

resumo moral e universal, carta imperecível de direitos

civis, servindo de regra á França e de modelo ao

mundo.

No Brasil, por volta do ano de 1822, vigoravam

as antiquadas Ordenações do Reino, expedida em 1603

por Felipe I, e com a ruptura do vínculo político com

Portugal, tratou-se logo da elaboração de um Código

Civil.

Já a Constituição Imperial de 1824, previu a

elaboração de um Código Civil, cabendo a Carvalho

Moreira em 1845 a apresentação do primeiro estudo

sobre a compilação.

Todavia coube a Teixeira De Freitas, o preparo

do projeto, por ele mesmo denominado “esboço” que

foi submetido a uma comissão revisora, sendo

inaproveitado; finalmente coube ao jurista Clovis

Bevilaqua, propor um novo projeto de Código Civil,

que inobstante as críticas recebidas especialmente de

Rui Barbosa, então Senador da República, foi

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

43

aprovado e transformado em lei, ou seja, o Código Civil

Brasileiro.

Podemos conceituar o Mercosul, como entidade

internacional aglutinadora de interesses econômicos e

políticos dos Estados Partes, constituindo-se num ente

jurídico dotado de personalidade jurídica própria,

tornando-se sujeito de direitos e obrigações, com

atuação na ordem jurídica .

Releva considerar-se que o ordenamento

jurídico, notadamente consubstanciado no Código Civil

de cada país como Estados Partes, se constitui na viga

mestra de sustentação do Mercosul, que pode ser

claramente comprovado pela confrontação direta dos

grandes princípios jurídicos em que se erigiram os

ordenamentos codificados de cada um.

Sob a ótica jurídica surge com toda a

intensidade a monumental obra de Teixeira De Freitas,

que inspirou e contribuiu de forma decisiva para a

elaboração dos códigos civis, dos países integrantes do

Mercosul.

Denota-se por via de conseqüência, que linha

doutrinária sobre os grandes princípios jurídicos deve

ser o centro de convergência do direito civil, como

elemento de integração entre os Estados Partes.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

44

CAPÍTULO II

O DIREITO CIVIL NA ARGENTINA

Sumário: 2 - O Direito Civil na Argentina. 2.1 - A origem

do ordenamento civil da Argentina. 2.2 – A elaboração do

Código Civil Argentino. 2.3 – Composição do Código

Civil Argentino. 2.4 - Aspectos estruturais do Código Civil

Argentino.

2 - O Direito Civil na Argentina

Até a elaboração do Código Civil, na Argentina,

vigoravam as normas do direito espanhol sendo

obedecido, até mesmo a denominada Leis das Índias;

sendo que em 1567, passou a vigorar a Recopilação,

posteriormente a partir de 1805 entrou em vigor a

Novíssima Recopilação.

Pode-se afirmar que codificação civil argentina

teve seu marco inicial com a edição do Código

Comercial em 1859, que foi reformado em 1889, de

acordo com o projeto de Lesandro Segovia.

Finalmente 29 de setembro de 1869 foi

promulgado o Código Civil Argentino, que vigorou a

partir de 1º de janeiro de 1871.

2.1 - Origem do ordenamento jurídico civil da

Argentina

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

45

Para compreensão do ordenamento legal se faz

necessário analisarmos alguns aspectos atinentes a

situação geográfica e histórica da Argentina.

A Argentina está situada entre os Países da

Bolívia, Brasil, Uruguai e Paraguai, sendo banhado

pelo Oceano Atlântico, medindo sua superfície

1.600.000 quilômetros quadrados.

A história registra que em 1515, o espanhol

João Dias Solis, na tentativa de descobrir uma

comunicação entre o Atlântico e o Pacífico, descobriu o

Rio da Prata, e no ano 1810, a Espanha tomou posse

das terras e em 1535, lançou os fundamentos de Buenos

Aires.

Por sua pujança e riqueza logo se desenvolveu

uma próspera colônia, marcada todavia pela supremacia

da capital sobre o restante do território, eis que ali se

concentrava o comercio e a industria por sua excelente

situação como grande porto de mar, sendo agrícola o

restante do país.

Assim o então denominado Porto de La Plata,

revelou-se como grande pólo de desenvolvimento

cultural, inobstante tenha ficado sob a dominação do

tirano Rosas, que como ditador submeteu o país ao

mais atroz ostracismo político.

Até a independência o direito que vigorava na

Argentina, era o espanhol, sendo que em 1567, passou a

vigorar a Recopilação, e em 1805 a Novíssima

Recopilação, e a vetusta, Leis das Índias, até ser

elaborado seu Código Civil, como vimos

anteriormente.

Page 30: O DIREITO CIVIL (Como Fator de Integração) NO MERCOSUL -LIVRARIA VIRTUAL EDIPEL-

Reinaldo Assis Pellizzaro

46

2.2 - A elaboração do Código Civil Argentino

Em 1859, foi editado o Código Comercial

Argentino, que acabou sendo reformado em 1889, de

acordo com o projeto de Lesandro Segovia.

Já o Código Civil Argentino, foi promulgado em

29 de setembro de 1869, sendo que sua entrada em

vigor data de 1º de janeiro de 1871, e sua redação se

deveu ao renomado jurista Dalmácio Velez Sarfield.

Para a elaboração do Código Civil, Dalmácio

Velez Sarfield , se valeu do trabalho do genial jurista

brasileiro Teixeira De FREITAS12, notadamente no

Esboço (Projeto de Código Civil do Império do Brasil),

que levou o insigne compilador do Código Civil

argentino Dalmácio Velez SARFIELD a reconhecer:

“( ... ) sobre todo, Del Proyecto, Del

Código Civil, que está trabajando para el

Brasil el Señor Freitas, del qual he tomado

muchíssimos articulos. Yo he seguido el

método tan discutido por el sabio

jurisconsulto brasileño em sua extensa y

12 Augusto Teixeira de Freitas, o sábio jurista brasileiro, que nasceu na

cidade de Cachoeira na Bahia em 19-8-1816, falecido em Niterói RJ em 12-

12-1883, teve influencia e praticamente dominou as ideais de formação da

cultura jurídica em todos os países do Atlântico Sul e até mesmo na América

do Norte e Centro América. .Devemos a ele a Consolidação das Leis Civil de

1857, que deu ao Brasil “a Carta Magna de sua independência cultural, na

feliz expressão do Professor H. VALADÃO, ob a. cit.p.173. Alem de

consolidador do direito brasileiro, de codificador americano, Teixeira de

Freitas, foi um inovador no direito mundial, em tudo e por tudo comparado

ao insigne SAVIGNY.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

47

doctíssima introducción a la recopilación de

las leyes del Brasil”13

Que em tradução livre, faz justiça ao insigne

jurista pátrio:

“(...)sobre tudo do Projeto do Código

Civil, que está trabalhando para o Brasil o

Senhor Freitas, do qual adotamos muitos

artigos. Eu segui o método tão discutido pelo

sábio jurisconsulto brasileiro em sua extensa e

doutíssima introdução a recompilação das leis

do Brasil”.14

O emérito professor Haroldo Valladão, ao

doutrinar sobre as Fontes do Direito Internacional

Privado, delineia claramente a forma como foram

elaborados os Códigos Civis, nos países americanos.

Este estudo demonstra a notável influência de

luminares como Savigny, Story e Teixeira de Freitas,

como inspiradores dos Códigos Civis, da Argentina,

Uruguai, e do Paraguai, sendo deste último transcritos

mesmo artigos inteiros, em excertos reiterados de seu

“Esboço”, sobrepujando portanto os outros

exponenciais civilistas.

2.3 - Composição do Código Civil Argentino

13 VALLADÃO, Haroldo. Direito Internacional Privado. São Paulo:

Livraria Freitas Bastos. 1971 p.146 et 176. 14

Obr.cit.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

48

O Código Civil Argentino, é composto por

4.051 artigos. distribuídos em quatro Livros, ou partes.

Como convém a todo o ordenamento jurídico

bem estruturado o Código cuida em seu Livro I, das

pessoas, em duas partes bem distintas: pessoas em geral

na primeira parte e as pessoas relacionadas com a

família na segunda parte.

No Livro II, são ordenados os direitos pessoais

nas relações civis, em três seções: a primeira seção

cuida das obrigações em geral, a segunda sobre fatos e

atos jurídicos, e a terceira disciplina as obrigações

originadas dos contratos.

Já no Livro III, a Lei Civil Argentina codificada

trata dos direitos reais; sendo que o Livro IV, contem

disposições comuns aos direitos reais e pessoais, com

um título preliminar que disciplina a transmissão pela

morte, concurso creditório e finalmente a extinção dos

direitos pela prescrição.

Esta divisão tem como paradigma o Código

Civil Suíço, e contem um Título Complementar, que

trata da aplicação da leis civis em geral.

A copiosidade de artigos que somam mais de

quatro mil, denota a preocupação em esmiuçar o

ordenamento com aportes doutrinários que poderiam até

ser dispensados, mas que de nenhuma forma desmerece

a obra que perdura por mais de oitenta anos, que

mereceu de Cândido De Oliveira, citado por Lino

LEME a consideração elogiosa de que se trata de:

“Um monumento de sabedoria, que faz honra ao

talento e á capacidade de seu autor e ainda de um

trabalho notável, está destinado a exercer não

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

49

pequena influência no processo do Direito e na

legislação Civil da América do Sul”. 15

2.4 - Aspectos estruturais do Código Civil Argentino

Como convém ao estudo que fazemos, importa

destacar os aspectos estruturais da Lei Civil Argentina:

I. A lei começa a vigir a partir de sua

publicação e não tem efeito retroativo, não podendo

ferir direitos amparados por garantias constitucionais

(art.3o.).

II. A Personalidade civil, tem sua origem no

nascimento da pessoa humana com vida, enquanto que

a pessoa jurídica deve ter patrimônio;

III. O regime de casamento obedece ao lugar da

celebração quanto aos bens móveis e quanto aos bens

imóveis é o da situação;

IV. Não havendo contrato antenupcial, ao

marido compete a administração dos bens do casal;

todavia a mulher solteira, casada ou viúva, pode exercer

os direitos de administrar os bens da família, detendo o

pátrio poder sobre os filhos do leito anterior, exercer

todos os atos da vida civil, sendo reconhecido o direito

de somente responder com seus bens pelas dividas

comuns do casal se foram contraídas em beneficio

comum.

15 LEME, Lino de Morais. Direito Civil Comparado. São Paulo. Editora

Revista dos Tribunais Ltda, p.204

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Reinaldo Assis Pellizzaro

50

V. A legitimação é articulada de forma

minudente, em nada mesmo que 23 artigos, sendo que a

obrigação alimentar vai até do segundo grau;

VI. A posse figura entre os direitos reais, e

como tal, as ações possessórias, de reivindicação,

confessórias e negatórias figuram entre os direitos reais;

VII. O penhor igualmente integra os direitos

reais

VIII. A sucessão se dá na seguinte ordem: a)

descendentes; b) ascendentes; c) cônjuge e filhos

naturais reconhecidos, ou somente estes; d) o adotante;

e) colaterais até 6º. Grau.

CAPÍTULO III

O DIREITO CIVIL NO BRASIL

Sumário: 3 - O Direito Civil no Brasil. 3.1 – Aspectos

gerais do Código Civil Brasileiro. 3.2 - Composição

do Código Civil Brasileiro. 3.3 - Aspectos estruturais

do Código Civil Brasileiro.

3 – O Direito Civil no Brasil

Descoberto pelos portugueses, o Brasil, tal

como ocorreu com a Argentina em relação a descoberta

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

51

e dominação pela Espanha, o território brasileiro foi

mantido sob dominação de Portugal, na condição de

Colônia, sendo que por volta de 1822, vigorava no

Brasil as Ordenações do Reino de Portugal.

Através da Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de

2002, foi editado o Código Civil Brasileiro.

No Brasil o Direito Civil, se constitui num dos

ramos do Direito Privado, colocando-se ao lado do

Direito Comercial, como Direito Nacional, Positivo,

consubstanciado pelo Código Civil Brasileiro.

3.1 – Aspectos gerais do Código Civil Brasileiro.

O ordenamento jurídico brasileiro, está

assentado sobre o Código Civil, ou seja, Lei Nº.

10.406, de 10 de janeiro de 2002.

Como vimos anteriormente registra a história

que em 1822, ao obter sua emancipação política

vigorava no Brasil as Ordenações do Reino, que

foram expedidas no ano de 1.603 por Felipe I.

Com a independência nasceu o anseio de

consolidar-se os laços da nacionalidade brasileira

através de um Diploma civil, genuinamente

brasileiro, pois o governo imperial havia , feito

vigorar em todo o território brasileiro as Ordenações,

leis e decretos de Portugal, enquanto se não

organizasse um novo Código.

Em seu art.179, a Constituição Imperial de

1824, determinou para que fosse elaborado um

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Reinaldo Assis Pellizzaro

52

Código Civil e Criminal, que obedecesse aos

superiores princípios da justiça e da equidade.

No ano de 1845, Carvalho Moreira,

ofereceu um estudo sobre a codificação das leis civis

e de processo; seguindo-se a proposta de Eusébio De

Queiroz, para que fosse adotado no Brasil o Digesto

Português de Correia Telles, sendo todavia ambos

rejeitados.

Coube ao insigne Teixeira De Freitas , no ano

de 1855, elaborar uma consolidação das leis civis,

como trabalho preparatório para o Código Civil, cuja

proposta preliminar, foi apresentada em 1858, e

aprovada com louvor.

Atendendo a solicitação do Ministro da

Justiça, Nabuco De Araújo, no ano de 1859, foi

atribuído ao jurista Teixeira De Freitas, o encargo de

elaborar o Projeto do Código Civil, vindo então a

lume seu famoso “Esboço”.

Inobstante a magnitude desse trabalho, que

serviu de paradigma para a elaboração dos Códigos

Civis, de todos os países em todos os continentes do

mundo, em nosso país, seu texto, no Brasil, foi

submetido a uma comissão de notáveis, que se

baralhou em discussões doutrinárias estéreis,

desgostando profundamente o autor do projeto.

Este é talvez o mais triste e prejudicial episódio

que tisnou as letras jurídicas de nosso país, pois a

comissão revisora teve seus trabalhos suspensos,

malogrando a adoção do monumental trabalho

apresentado por Teixeira De Freitas, para quem Clovis

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

53

Bevilaqua, na condição de compilador do Código,

justificou para história:

“Apreciado mesmo na sua forma de Esboço, que

não era ainda definitiva, no pensamento do jurista, é

um edifício de grandes proporções (4.908 artigos) e de

extraordinária solidez, talhado, na rocha viva dos bons

princípios, pela mão vigorosa de um artista superior, e,

ao mesmo tempo, recortado, internamente por

excessivas minúcias, que, talvez, desaparecessem,

quando o autor retirasse da obra os andaimes, que ali

pusera, enquanto lhe erguia as altas muralhas. A

análise, a decomposição dos princípios, foi conduzida

com admirável vigor e segurança; mas preocupado

traduzir relações de direito civil, em todas as suas

infinitas variedades, por um preceito legal, foi mais

longe do que convinha a uma obra legislativa. Daí a

dispersão, que demorou a obra, e, afinal, inutilizou,

para o fim imediatamente almejado, uma soma tão

grande de esforços”.16

É bem de ver-se que o Esboço de Teixeira de

Freitas, foi levado para a Argentina, servindo de base

para a elaboração do Código Civil Argentino, com a

transcrição ad verbum, de inúmeros artigos, de onde

foi transplantado para os ordenamentos civis do

Paraguai e Uruguai.

Tendo-se como certo que o Código Civil

Argentino serviu de base para os códigos civis do

Uruguai e do Paraguai, exsurge a certeza de que todos

os códigos civis dos países que integram o Mercosul,

tem origem comum, e o grande vínculo é o “Esboço”,

16 BEVILAQUA, Clovis, Código Civil dos Estados Unidos do Brasil,

Comentado Edição. Histórica. Ed. Rio, Rio de Janeiro, 1979.p.17

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ou seja, a obra monumental de Teixeira de Feitas, que

malsinadamente não teve o mérito reconhecido no

Brasil.

Entre nós o projeto de Clovis Bevilaqua, foi

transformado em lei depois de uma luta áspera e

intensa, que mereceu cuidadoso estudo por parte do

professor San Tiago Dantas.

A conclusão a que chegou San Tiago Dantas

foi de que o fato do imenso Rui Barbosa não ter

atacado o projeto quando submetido a discussão pelo

Senado Federal, foi porque, no seu entendimento,

qualquer discussão mais profunda apenas poderia

mudar a opinião de uma minoria mais erudita, eis que o

projeto governamental tinha sua aprovação garantida;

atacando-o porém, sob a forma literária, numa fase

propícia das letras pátrias, era por certo condená-lo a

frustração.

Anote-se que, o atual Código Civil Brasileiro,

manteve a mesma estrutura jurídica, do Código Civil de

1916, daí ter-se como pertinentes e válidas estas

anotações de ordem doutrinária histórica.

3.2 - Composição do Código Civil Brasileiro

O Código Civil vigente, tramitou no Senado

Federal como Projeto de Lei nr. 634-B, de 1975,

entrenado em vigor no ano de 2.002.

Historicamente, a iniciativa de editar-se um novo

Código Civil, coube ao governo Jânio Quadros, quando

o então Ministro da Justiça Oscar Pedrozo d’Horta,

confiou o preparo de anteprojeto ao professor e insigne

doutrinador baiano ORLANDO GOMES, que

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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apresentou seu trabalho em 1963, propondo na verdade

a adoção de dois códigos pois pretendia manter o

Código Civil e criar o Código das Obrigações.

Em maio de 1969, foi constituída a “Comissão

Revisora e Elaboradora do Código Civïl”

supervisionada pelo insigne civilista MIGUEL REALE,

que apresentou novo anteprojeto em 1974, que embora

aproveitasse o anteprojeto anterior, abandonava a

proposta anterior para manter um só Código, ou seja, o

Código Civil.

Este atual anteprojeto, foi adequado a nova

Constituição Federal, que exigiu profundas

modificações notadamente no que diz respeito ao

Direito de Família, sendo exaltada mais uma vez a

pertinência da unificação, no dizer de SOLARI17 ‘a

formação de um direito privado comum, sobre bases

romanas, preparou o caminho á unificação”.

Fora de dúvida que estamos no limiar de um novo

tempo para o direito material, com profunda

modificação no ordenamento jurídico brasileiro.

A atual e futuras gerações deverá caberá

implementar as novas regras e princípios, que terá nas

universidades o ambiente natural para aprendizagem e

assimilação; daí porque faremos sempre que possível

corajosas incursões no novo Código Civil18,

inaugurando-nos nesse novo tempo de desafiadora e

intrigante modernidade.

O novo Código Civil , é dividido em duas partes:

17 filosofia del derecho privado editorial depalma, B. Aires 1946, i, p.59 18 Nota do Autor: Para não confundir sempre que fizermos referencia ao

novo Código Civil, usaremos a tradicional sigla CC.

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56

PARTE GERAL: Livro I -DAS PESSOAS {

Das Pessoas Físicas ( arts.1/39), Das Pessoas Jurídicas

(art.40/69); Domicilio ( 70/78).Livro II - DOS BENS {

Imóveis (79/81); Móveis (82/84); Bens fungíveis e

consumíveis (85/86; Bens divisíveis (87/88); Bens

singulares e coletivos (89/91); Bens reciprocamente

considerados (92/97); Bens Públicos( 98/103).Livro III

FATOS JURÍDICOS: Disposições gerais

arts.104/114);Representação (115/120); Condição,

Termo, Encargo (121/137); Defeitos do Negócio

Jurídico(138/165); Invalidade do Negócio Jurídico

(166/184); Atos ilícitos (185/188); Prescrição e

decadência (189/211); Prova (212/232).

PARTE ESPECIAL: Livro I - DIREITO DAS

OBRIGAÇÕES ( 233/965); Livro II - DIREITO DE

EMPRESA (966/1.195); Livro III - DIREITO DAS

COISAS (1.196/1.510); Livro IV - DIREITO DE

FAMÍLIA (1.511/1.783); Livro V - SUCESSÕES (

1.784/2.027); Livro Complementar : Disposições

Finais e Transitórias (2.028/2.046).

3.2 - Parte Geral do Código Civil

A Parte Geral do Código Civil, dispõe sobre os

princípios e regras comuns a todas as relações jurídicas,

entre: As pessoas, como sujeito de direitos; bens, como

objeto de direito; fatos jurídicos como causas de

geração e extinção dos direitos.

Sem dúvida o Código Civil, como de resto o

ordenamento jurídico na sua totalidade, envolvem a

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

57

pessoa, como uma sólida e translúcida campânula

protetora; trata-se pois do primeiro elemento que

emerge na relação jurídica, sem o qual não pode existir

o direito. Daí se infere que somente a pessoa pode ser

sujeito de direitos, excluindo-se portanto os animais,

inobstante existam leis d proteção a fauna e a flora.

A palavra pessoa tem origem no termo persona,

que significava a máscara de metal utilizada pelos

romanos em sua apresentações teatrais para aumentar o

volume da voz, e interpretar os personagens da peça

exibida.

Assim persona, significava, ecoar, ressoar, que foi

usada para significar a expressar cada indivíduo, no

mundo em que vivia, daí a designação de personalidade,

para os atributos formadores da própria pessoa.

Este termos pode ser enfocado em três acepções:

vulgar ( pessoa com ou sem personalidade), filosófico

(pessoa bem dotada moralmente) e jurídico ( aptidão

legal, para ser titular de direitos e obrigações no mundo

jurídico).

Juridicamente se distingue duas espécie de

pessoas: pessoa natural, que é o ser humano nascido

com vida; pessoa jurídica, ente criado pela vontade

pessoa natural capaz através do contrato.

3.3 - Da personalidade civil

A lei outorga proteção ao homem antes de seu

nascimento ( direitos do nascituro, condenação do

aborto criminoso); durante a vida ( legislação

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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codificada vigente ), depois da morte ( direito

testamentário, codicilo, sucessões).

Importante observarmos que nossa lei substantiva

acompanhou o Código Alemão (art.1), português (

art.6), italiano (art.1), ao estabelecer no art.4.) que a

personalidade civil do homem inicia com o nascimento

com vida, mantido no anteprojeto (PLCC), que em seu

art.2. dispõe que “A personalidade civil do homem

começa do nascimento,; mas a lei põe a salvo os

direitos do nascituro”.

Anote-se que o Código Civil, cuida DAS

PESSOAS no LIVRO I, que compõe a PARTE GERAL

(Arts.1./78), distribuídos em três TÍTULOS; I DAS

PESSOAS NATURAIS; II PESSOAS JURÍDICAS e

III DO DOMICÍLIO.

Assim, no atual Código Civil, para que ocorra o

nascimento a criança deve separar-se do ventre

materno, e aspire naturalmente cuja prova é feita pela

docimasia hidrostática de GALENO, que consiste em

imergir tecidos dos pulmões em água, afim de constatar

se sobrenadam, o que não ocorre quando os pulmões

não respiraram ( Nuovo Digesto Italiano, voc.

“Docimasia”.)

Resulta pois a triste conclusão de que o natimorto,

não adquire personalidade, vale dizer, juridicamente

nunca existiu; contrariamente ao nascituro, cuja forma

humana não terá relevância, que por um átimo tenha

vivido, ser-lhe-a reconhecido todos os direitos, com a

representação legal que a lei estabelecer.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

59

A capacidade ( pessoa capaz) é a aptidão para ser

sujeito de direitos e obrigações no mundo jurídico, por

si ou por outrem.

Insta observar-se que o antigo Código Civil,

estabelecia em seu art.1., que “ todo homem é capaz de

direitos e obrigações na ordem civil “, cuja disposição

é repetida ad verbum, no atual Código Civil, também

no art. 1º. cuja disposição não atende a melhor técnica,

eis que a personalidade decorrente do nascimento

com vida, deve naturalmente anteceder a capacidade

que é conseqüência daquela.

Doutrinariamente constamos a existência de duas

espécies de capacidade de direito (subjetiva, esta ínsita

dentro de cada pessoa, nasce com ela e a acompanha

durante toda a sua existência); de direito que é objetiva,

está prevista na lei).

A capacidade depende pois de determinados

fatores objetivos: idade, sexo, estado de saúde, grau de

escolaridade. incapacidade não é definitiva, e o incapaz

pode exercer seus direitos através de representante

legal.

Parte Geral, em que, “estão dispostos todos os

princípios e regras de aplicação comuns a qualquer

relação jurídica” 19, iniciando pela pessoa que é o

centro e a finalidade de todo o ordenamento jurídico,

passando para os bens que servem de forma imediata a

pessoa, que deles se apropria através de atos e de fatos

jurídicos.

19 MONTEIRO, WASHINGTON DE BARROS, Curso de Direito Civil, Ed.

Saraiva, PARTE GERAL .vol.1º.p.56

Page 44: O DIREITO CIVIL (Como Fator de Integração) NO MERCOSUL -LIVRARIA VIRTUAL EDIPEL-

Reinaldo Assis Pellizzaro

60

Já a parte especial, deveria cuidar

primeiramente da família, como a base sólida que

assegura a existência da pessoa, passando para a as

coisas, aqui cuidando da posse e da propriedade,

passando para as obrigações para finalmente concluir

com as sucessões.

Antecipando o Direito das Obrigações, das

relações decorrente do vínculo familiar, o legislador não

se houve com acerto, pois a pessoa primeiro, deve

constituir a família, para com base familiar sólida,

adquiri bens, contraindo obrigações de ordem

econômica.

Resulta pois, que o nosso Código Civil, se

constitui no repositório das leis civis, que tutelam as

relações das pessoas assegurando seus direitos mesmo

antes do nascimento das pessoas, durante sua vida, e

até mesmo após a morte.

Dada a importância desse elenco de disposições

jurídicas, foi mantida a Lei de Introdução, com a

finalidade de recepcionar o Código, cuja parte estrutural

mantém-se em vigência, inobstante a proliferação de

leis, que acabaram criando verdadeiros micro-sistemas

de direito, tais como o Código do Consumidor, Lei de

Incorporações, etc.

3.3 - Aspectos estruturais do Código Civil Brasileiro

A lei começa a vigir a partir de sua publicação

e não tem efeito retroativo, devendo ser respeitado o ato

jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada

(Art.6o LICC.)

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

61

O Código outorga proteção ao homem antes de

seu nascimento (direitos do nascituro, condenação do

aborto criminoso); durante a vida ( legislação codificada

vigente ), depois da morte ( direito testamentário,

codicilo, sucessões).

Importante observarmos que nossa lei

substantiva acompanhou o Código Alemão (art.1),

português (art.6), italiano (art.1), ao estabelecer no

artigo 2º do Código Civil, que: “A personalidade civil

do homem começa do nascimento,; mas a lei põe a

salvo os direitos do nascituro”.

O direito romano não contemplou a existência

de pessoas jurídicas, embora se conheça registro de

associações de interesse público (universitates);

modernamente multiplicam-se tais entidades, nascidas

por vontade das pessoas, dotadas de personalidade,

totalmente divorciadas das pessoas físicas, sendo que o

Código Civil, em seu art.40, prevê não somente a sua

existência, como de resto a forma de constituição e

registro.

Domicilio Civil: As pessoas respondem pelos

atos da vida civil, via de regra, em seu domicilio, ou

seja, o local onde a pessoa jurídica tem a sede de sua

administração e a pessoa natural se estabelece com

ânimo definitivo de ficar ( Art. 70 CC).

Como vimos o primeiro elemento da relação

jurídica, ou seja, o sujeito de direito, podemos analisar

o seu objeto, vale dizer os bens. A palavra bem, pode

ser analisada de forma filosófica, que significa tudo

quanto pode proporcionar satisfação a pessoa, tais

como saúde, amizade, prestigio, até mesmo Deus, que é

considerado o supremo bem.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

62

O termo coisa, igualmente é encontrado com

significado de bem, sendo que conforme proposto no

novo ordenamento material, o primeiro foi

definitivamente substituído pelo segundo.

Importante assinalar-se que nem todas as coisas

ou bens, interessam ao mundo jurídico, mas somente

aquelas susceptíveis de apropriação e utilização para o

bem estar da pessoa.

Juridicamente, á luz do ordenamento civil

vigente,( Art. 79 CC), bens são valores materiais ou

corpóreos, e imateriais ou incorpóreos que podem se

constituir em objeto de uma relação jurídica.

Assim, coisa, é o gênero do qual o bem é a

espécie. A primeira é tudo o que existe objetivamente,

exceto o homem como por exemplo, o sol e a lua; o

segundo é útil e contem valor econômico.

Releva ser considerado que os bens, de que

cuida o Código Civil na sua Parte Geral, compreende:

direitos reais (coisas), direitos obrigacionais

(prestações) e direitos hereditários (que abrange coisas

e prestações), sendo que no plano subjetivo, ações que

os tutelam (Art. 83 do CC).

Numa seqüência que atende a boa técnica de

elaboração legislativa o Código Civil, nos artigos

104/23220, cuida dos fatos jurídicos, pois como vimos

20O Código Civil, dispõe sobre os FATOS JURÍDICOS, NO LIVRO III, ARTS.104

a 232, Título I, Do negócio jurídico arts.104 a 184; Título II, Dos atos

jurídicos ilícitos art.185, Título III, Dos atos ilícitos arts.186 a 188, Título

IV, Da prescrição e da decadência arts.189 a 211, Título V, Da prova

arts.212 a 232.Insta observar-se que os pandecistas alemães substituíram o

termo ATO JURÍDICO, por NEGÓCIO JURÍDICO (Cfr. registra José

Augusto César, in, Ensaio sobre os Atos Jurídicos, pág.29), conquanto há

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

63

num primeiro momento a lei civil cuida do sujeito, num

segundo momento dispõe sobre o objeto do direito e já

num terceiro momento conclui dispondo sobre os fatos

jurídicos, vale dizer os acontecimentos em virtude dos

quais nascem, subsistem e se extinguem as relações

jurídicas, numa seqüência lógica: sujeito, objeto e fato

jurídico.

Podemos definir fatos jurídicos como

acontecimentos voluntários ou naturais, que interessam

ao mundo jurídico pelos quais nascem, subsistem e

desaparecem direitos.

Sem embargo, civilistas eméritos como

BRUGI21, com toda razão tenham afirmado que

definição não é tarefa a ser desempenhada por

legislador, pois fica melhor num manual científico de

direito, que num texto de lei, o legislador civil definiu

no art.81, ato jurídico, como todo ato que tenha por fim

imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou

extinguir direitos.

Modernamente, seguindo-se a preferência dos

pandecistas alemães, nota-se a insistência de substituir-

se o termo ato jurídico por negócio jurídico22

A expressão técnica ato jurídico, era

desconhecida no direito romano, podendo-se concluir

com o professor José Augusto CESAR23 que eles não quem afirme a inequívoca distinção entre ambos os conceitos (Cfr.

SOGNAMIGLIO, Contributo alla Teoria del Negozio Giuridico, pág.173) 21MONTEIRO, WASHINGTON DE BARROS, Curso de Direito Civil, Ed.

Saraiva, PARTE GERAL 1.VOL.177

“apud, BRIGI, INSTITUCIONES DE DERECHO CIVIL, PÁG.95”. 22 CESAR, JOSE AUGUSTO, ENSAIO SoBRE OS ATOS JURÍDICOS, PG. 29,

citado por MONTEIRO, WASHINGTON DE BARROS, Curso de Direito Civil,

Ed. Saraiva, PARTE GERAL 1.VOL.1184 23

OBRA CIT. Pg.29

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Reinaldo Assis Pellizzaro

64

tiveram expressão técnica para designar a idéia do

negócio jurídico24.

Sendo que na Parte Especial, Livro I, Arts.233

até 965) , são elencadas as disposições sobre as

obrigações, pagamentos, contratos, doação, sociedades,

títulos de credito.

O Livro II, (Arts.966 até 1.195), cuida do novo

Direito de Empresa, que revogou a Primeira Parte do

Código Comercial.

No Livro III ( Arts.1.196 até 1.510), do Direito

das Coisas, é disciplinada a posse, a propriedade, os

direitos reais sobre coisas alheias, até o registro de

imóveis.

Finalmente no Livro IV (Arts.1.511 até 2.027),

encontra-se as disposições relativas ao Direito de

Família, disciplina o casamento como uma instituição

que se apresenta com tríplice finalidade: Procriação,

educação dos filhos e prestação de assistência mútua.

No Brasil, o casamento se apresenta

juridicamente com as seguinte características: É

contrato formal , solene e público; o casamento

religioso eqüivale ao civil, atendidas as formalidades

legais; gera obrigações recíprocas de assistência mútua

e legitimidade dos filhos dele decorrente; com o

divorcio desaparece obrigações patrimoniais; gera

direitos sucessórios.

Historicamente, o Código Civil de 1916, foi o

primeiro a ser editado em relação aos demais Estados

Membros, cujos princípios básicos, estruturais foi

24O Projeto de Código Civil que se encontra tramitando no Senado Federal,

usa a nomenclatura dispondo no TITULO I, Do negócio jurídico (art.104 a

184).

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

65

inteiramente mantido pelo atual Código Civil, como se

disse anteriormente.

Força pois concluir-se que, inobstante Clovis

Bevilaqua, na condição de relator não tenha adotado

explicitamente o estudo feito por Teixeira de Freitas,

seu “Esboço”, em muito inspirou o insigne jurista

relator, pois ao cotejar-se os dois ordenamentos exsurge

esta verdade real.

Assim é que, servindo o “Esboço”, num

primeiro momento de paradigma para a elaboração do

Código Civil Brasileiro, torna-se o eixo em torno do

que passam a girar todos os Códigos Civis, dos Estados

Partes, ou seja de todos os países que integram o

Mercosul.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

66

CAPÍTULO IV

O DIREITO CIVIL NO PARAGUAI

Sumário: 4 - O Direito Civil no Paraguai. 4.1 – Origem

do ordenamento jurídico do Paraguai. 4.2 - Elaboração

do Código Civil do Paraguai. 4.3 - Aspectos estruturais

do Código Civil do Paraguai.

4 – O Direito Civil no Paraguai

No ano de 1889, o Paraguai deu inicio a sua

codificação civil adotando integralmente ao Código

Civil Argentino.

Desta forma a doutrina de Story, Savigny e

Teixeira de Freitas passou através dos Diplomas Civis

da Argentina, para o Paraguai; á molde do que ocorrera

com a codificação do Uruguai.

Finalmente pela Lei 1.183 de 18 de dezembro

de 1985, foi editado o Código Civil do Paraguai.

4.1 - Origem do ordenamento jurídico civil

codificado do Paraguai

A orientação doutrinaria de Story, Savigny e

Teixeira de Freitas foi fielmente adotada quando da

elaboração do Código Civil do Paraguai, devendo ser

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

67

registrado o fato daquele país ter se utilizado do Código

Civil Argentino desde 27 de julho de 1889.

Através da Lei nr.1.183 de 18 de dezembro de

1985, foi sancionado pelo Congresso Nacional o

Código Civil do Paraguai, que sendo promulgado pelo

Poder Executivo passou a vigorar em todo o país.

4.2 - Elaboração do Código Civil do Paraguai.

O Código Civil do Paraguai é dividido em

Cinco Livros, Quatro Títulos, 101 Capítulos e 2.814

Artigos.

Atendendo melhor técnica legislativa o

ordenamento se faz recepcionar por um Título

Preliminar de Disposições Gerais, composto por 27

artigos, que eqüivale a Lei de Introdução ao Código

Civil Brasileiro .

O Livro I, ( arts.28 até 276 ), trata da Pessoas e

dos Direitos Pessoais nas Relações de Família, ( arts.28

até 276 ); sendo que o Título Primeiro, inicia pela

pessoa física, capacidade e incapacidade, nome,

domicilio, declaração e presunção de morte, passando

para a pessoa jurídica, matrimonio, prevendo a

dissolução do casamento, divórcio e a união de fato, o

concubinato, alimentos, bem da família, filiação,

parentesco e curatela.

O Livro II, ( arts.277 até 668 ), cuida dos fatos

e atos jurídicos, estabelecendo que para a validade do

ato jurídico é exigido: discernimento, intenção e

liberdade que determinam a aquisição, modificação e

extinção dos direitos.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

68

Estabelece em seu art. 278 o limite de 14 anos

para a pratica de atos válidos, prevendo a invalidade

por erro, dolo ou coação. Ao cuidar da forma dos atos

jurídicos prevê como anulável o ato inquinado por

simulação e fraude contra credores.

Na modalidade dos atos jurídicos (art.318) trata

da condição, encargo, prazo.

No art. 343 trata da representação, e no art. 355

das nulidades sendo que a partir do art. 375 cuida das

provas, instrumentos públicos e privados.

As obrigações estão disciplinadas a partir do

art. 417, obrigações de fazer, não fazer, obrigações

alternativas, cessões até o art. 547, extinção das

obrigações, pagamento, prova do pagamento,

pagamento por consignação e finalmente prescrição

(art. 668).

No Livro III, arts. 669 até 1.871, trata Dos

Contratos e outras Fontes de Obrigações.

Destacando (art. 669) a liberdade para

contratar, o consentimento, (art. 692) o objeto do

contrato, forma e prova do contrato.

Assegura o Código que na interpretação, será

levado em conta mais a intenção das partes do que a

disposição literal das palavras. Passando a prescrever

os efeitos e a extinção dos contratos (art. 715),

prevendo os contratos em espécie: Compra e venda

(art. 737); locação (art. 803); edição (art. 867);

mandato (art. 880).

No Capitulo XII o Código trata Da Doação (art.

1202) e no Capítulo XII cuida Do Depósito o transporte

mereceu do legislador paraguaio capítulo especial Do

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

69

Contrato de Transporte (art. 922), comissão e

corretagem (arts. 944/951). Sendo que as Sociedades

tem sua constituição prevista pelo art. 959.

O art.1242 normatiza hotéis e similares, já o

Comodato é tratado no art. 1272, o Mútuo no art. 1292,

a Letra da Cambio no art. 1298. o aval está previsto no

art. 1331, prevê a conta corrente com força de contrato

(art. 1393), contratos bancários (art. 1404).

O jogo ou aposta, pode ter força obrigacional

legalmente reconhecida quando provenientes de jogos

que se decidam pela força, destreza dos jogadores y no

por el azar, ex vi do art.1448 CCP.

A fiança, está prevista no art. 1456, e a

transação como forma de por fim ao litígio entre as

partes (art. 1495), tratando dos Títulos ao Portador no

art. 1517, e Contratos de Seguro no art.1546, Seguros

da Agricultura (art. 1626).

O Cheque, mereceu tratamento especial (art.

1696), vindo a seguir os Vícios Redibitórios e de

Evicção (art.1759) e as Promessas Unilaterais (art.

1800), o Enriquecimento sem Causa e o Pagamento

Indevido (art. 1817), e Responsabilidade Civil (art.

1833), prevendo a Responsabilidade sem Culpa (art.

1846).

No Livro IV, arts. 1872 até 2442, são elencados

os Direitos Reais Sobre as Coisas (art. 1872), a

Propriedade (art. 1909) , Aquisição e Perda da

Propriedade (art. 1924), Propriedade Imóvel (art. 1966),

Usucapião (art. 1989), 20 anos ou 10 anos com justo

título e boa fé; Uso Nocivo da Propriedade (art. 2000);

Aquisição e Perda das Coisas Móveis (art. 2.029); Bem

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Reinaldo Assis Pellizzaro

70

de Família (art. 2072); Condomínio ( art. 2128);os

Direitos Reais Sobre Coisas Alheias estão previstos no

art. 1288, e o Usufruto no art.2230, inclusive Usufruto

de Direitos (art. 2267), a Hipoteca (art. 2356); Ações

Reais ( Reivindicatória) art. 2407.

Finalmente no Livro V, arts. 2.443 até 2.814,

dispõe sobre Sucessões, estão dispostos os dispositivos

atinentes ao Direito Hereditário (art. 2443), Aceitação e

Renuncia de Herança (art. 2450); Testamento (art.

2618).

Sendo que nas Disposições Transitórias, foi

revogado o Código Civil de 1876, e códigos anteriores

que formavam os Micro Sistemas, que tratavam de

matéria contida no atual Código Civil, composto como

se viu, por 2.814 artigos.

4.3 - Aspectos estruturais do Código Civil do

Paraguai

Como convém ao estudo que fazemos importa

destacar os aspectos estruturais do Código Civil do

Paraguai:

I. A pessoa natural, está prevista no art.28

CCP25 , com a seguinte dicção: La persona física tiene

capacidad de derechho desde su concepción para

adquirir biénes por donación, herancia o legado. Ou

seja, a pessoa física tem capacidade de direito desde 25 CCP. Código Civil de la Republica Del Paraguay, Ley nr.1183 de 1 de

janeiro de 1987

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

71

sua concepção para adquirir bens por doação, herança

ou legado.

II. A pessoa jurídica, segundo dispõe a Lei Civil

Codificada do Paraguai, são enumeradas pelo art.91 e

consoante estabelece o art.93, e sua existência começa

desde que seu funcionamento tenha sido autorizado por

lei ou pelo Poder Executivo, é que uma vez constituída

tornam-se sujeitas de direito independentemente de seus

membros.

II. O casamento obedece ao lugar da

celebração quanto aos bens móveis e quanto aos bens

imóveis é o da situação;

III. Não havendo contrato antenupcial, ao

marido compete a administração dos bens do casal;

todavia a mulher solteira, casada ou viúva, pode exercer

os direitos de administrar os bens da família, detendo o

pátrio poder sobre os filhos do leito anterior, exercer

todos os atos da vida civil, sendo reconhecido o direito

de somente responder com seus bens pelas dividas

comuns do casal se foram contraídas em beneficio

comum.

IV. A legitimação é articulada de forma

minudente, em nada mesmo que 23 artigos, sendo que a

obrigação alimentar vai até do segundo grau;

V. A posse figura entre os direitos reais, e

como tal, as ações possessórias, de reivindicação,

confessórias e negatórias figuram entre os direitos reais.

VI. O penhor igualmente integra os direitos

reais.

VII. A sucessão se dá na seguinte ordem: a)

descendentes; b) ascendentes; c) cônjuge e filhos

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Reinaldo Assis Pellizzaro

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naturais reconhecidos, ou somente estes; d) o adotante;

e) colaterais até 6º. grau.

VIII. O domínio se adquire através da

apropriação, especificação, acessão, tradição,

percepção dos frutos, sucessão nos direitos do

proprietário e pela prescrição;

IX. A alienação das coisas móveis requer a

tradição, a dos imóveis, escritura pública e tradição.

Resulta pois claro que o Paraguai, assim como

os demais Estados Parte, adotaram a codificação para

as suas leis civis.

Como se vê, o Código Civil da Argentina, foi

praticamente transplantado servindo de paradigma para

o Código Civil do Paraguai, que por sua vez remonta ao

“Esboço” do brasileiro Teixeira de Freitas,

amalgamando a origem comum da codificação.

CAPÍTULO V

O DIREITO CIVIL NO URUGUAI

Sumário: 5 - O Direito Civil no Uruguai. 5.1 - Origem do

ordenamento jurídico civil codificado do Uruguai. 5.2. -

Aspectos estruturais do Código Civil do Uruguai.

5 - O Direito Civil no Uruguai

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

73

No ano de 1868 foi editado o Código Civil do

Uruguai, como resultado do trabalho do insigne civilista

Tristan Narvaja.

Sendo que em 1892, foi reformado, e tem como

modelo o Código Civil Espanhol, e sobretudo o famoso

Esboço, do jurista brasileiro Teixeira de Freitas.

5.1 - Origem do ordenamento jurídico civil

codificado do Uruguai

De igual forma, como que ocorreu com a

Argentina, o Uruguai igualmente esteve sob o domínio

Espanhol, submetendo-se as normas jurídicas que

vigoravam, então, na Espanha.

O Uruguai tem uma superfície de 180.665 km2,

e está situado geograficamente entre o Brasil e a

Argentina.

O Código Civil do Uruguai, foi promulgado em

23 de janeiro de 1868 e entrou em vigor em 18 de julho

daquele ano, sendo obra, com vimos, do civilista

Tristan Narvaja. Em 1892, foi reformado, segundo o

projeto de Serapio Del Castillo, sendo composto por

2.392 artigos.

Sua divisão tem como paradigma o Código Civil

Espanhol, que ele segue, sendo que todavia foi

originariamente inspirado nos códigos francês, chileno,

italiano, argentino, alemão, e no Esboço, de Teixeira

de Freitas, recebendo maior contribuição dos dois

primeiros.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

74

5.2 - Aspectos estruturais do Código Civil do Uruguai.

O ordenamento civil do Uruguai, como se disse

contem 2.392 artigos em que:

I) Consagra a esponsais

II) A exemplo do Código Chileno, regula a

ação de reivindicação e as ações possessórias;

III) No Livro III, cuida dos “Modos de

adquirir o domínio”, a acessão, a tradição e a

prescrição;

IV) Estabelece a maioridade aos 21 anos;

V) Não havendo descendentes, concorrem á

sucessão os ascendentes de grau mais próximo, o

cônjuge, e os filhos naturais (uma parte para o cônjuge,

duas para os ascendentes e duas para os filhos naturais);

VI) Não permite a anulação de contrato por

lesão enorme e enormíssima, nem a restituição in

integrum;

VII) A prova testemunhal só é permitida nas

obrigações não excedentes a duzentos pesos.

Destaca-se o disposto pelo art.22 que estabelece

a equiparação dos estrangeiros aos nacionais, no gozo

dos direitos civis, conforme o disposto pelo art.57.

O Código Civil Uruguaio, assegura a

predominância do principio territorial, conforme se

verifica pelo art.3º, que é de base territorialista, vinda

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

75

da redação do projeto de Eduardo Acevedo, que aliás

se inspirava também no Direito das Gentes de Bello 26.

CAPÍTULO VI

O DIREITO CIVIL NA VENEZUELA

Sumário: 6 - O Direito Civil a Venezuela

A primeira tentativa de codificação da

Venezuela data do ano de 1861.

DoiS anos antes Teixeira de Freitas, havia

disseminado por todos os países civilizado sua forma de

codificação através de sua contribuição para o mundo

jurídico universal da sua CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS

CIVIS.

É inegável a influencia dessa então moderna

forma de compilação de leis civis, e especialmente na

legislação venezuelana, ao editar seu Código Civil no

ano de 1861.

26 VALLADÃO, Aroldo. Direito Internacional Privado. São Paulo: Livraria

Freitas Bastos. 1971 p.161

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Reinaldo Assis Pellizzaro

76

A partir da primeira codificação inspirada na

Consolidação Teixerista Brasileira, até a atual lei que

editou o atual CODIGO CIVIL DA VENEZUELA, Lei

2.990 de 26/07/1982, a forma de distribuição e

construção normativa, iniciando pela pessoas, direitos

individuais e coletivos, sucessões, posse e propriedade

sobre bens e patrimônio, revela uma similitude

marcante com o ordenamento civil brasileiro.

Desta forma é seguro concluir-se que o gênio

criativo de Teixeira de Freitas, foi responsável pela

concepção do Código Civil da Venezuela, a exemplo

dos demais países que integram o MERCOSUL.

Não se deve olvidar que o Código Civil da

Venezuela normatiza também formas jurisdicionais, que

em muito se aproxima do direito processual brasileiro, e

aqui naturalmente separou-se da forma originaria de

normatização do direito material, como previa o Codigo

Civil de 1861, naturalmente revogado.

Mas o cerne, a origem da codificação

venezuelana, que remonta ao ano de 1861, teve como

paradigma a Consolidação das Leis Civis preconizada

por Teixeira de Freitas no ano de 1859.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

77

CAPÍTULO VII

CONVERGÊNCIA DO DIREITO CIVIL NOS

PAÍSES DO MERCOSUL.

Sumário: 6 - A origem comum da legislação codificada dos

países do Mercosul. 6.1 - A decisiva influencia da

codificação civil de Portugal e da Espanha 6.1.1 - Código

Civil Português. 6.1.2 - Código Civil Espanhol

6 - A origem comum da legislação codificada dos

países do Mercosul

Quando se busca encontrar pontos de contato

entre as legislações dos Estados Parte, não se pode

prescindir de fazer a análise histórica de Portugal e

Espanha, onde teve origem a legislação comum.

Desde a descoberta até a ocupação dos

territórios dos Estados Parte, estivemos sob a

dominação de Portugal e da Espanha.

Por via de conseqüência os habitantes das então

colônias espanholas e portuguesas, ou seja dos Estados

Partes, se submetiam ao ordenamento civil, vigente nos

dois reinos aos quais pertenciam.

Resulta pois necessário e até mesmo

imprescindível, neste estudo fazer-se uma incursão

histórica nas leis civis de Portugal e Espanha, para

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Reinaldo Assis Pellizzaro

78

podermos finalmente entender porque, tendo origem

comum, a legislação codificada se nidifica de forma a

acomodar-se e harmonizar-se.

Sem embargo de vozes discordantes, é

notória a vantagem da codificação, que tem no

Código de Napoleão sua maior expressão, seguindo-

se dos códigos do Brasil, Argentina, Paraguai e

Uruguai, evidenciado o seu primeiro fator de

convergência, ou seja, todos esses países que

integram o Mercosul, adotaram a codificação de suas

leis civis.

Tendo-se como certa a constatação histórica

de que os Códigos Civis, dos países que integram o

Mercosul, se assentam sobre os Código Civis de

Portugal (Brasil) e da Espanha ( Argentina, Paraguai

e Uruguai ) eis que, historicamente a Espanha e

Portugal, no século XIX, dividiam o domínio da

América Latina.

Como visto anteriormente o Brasil era uma

Colônia de Portugal e os demais países eram Colônias

da Espanha, e como tal o primeiro ordenamento jurídico

obedecia às ordenações dos reinos de Portugal e da

Espanha.

A partir de 1811, as colônias espanholas e o

Brasil foram se libertando politicamente, e com a

independência veio a legislação nacional, desses países

emancipados.

Força admitir-se que mesmo a Espanha como

Portugal, sofreram profunda influência exercida pelo

sistema jurídico francês, inobstante se tenha como

certo que um Código não deve ser produto de um

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

79

puro jurista, mas antes deve nascer da razão e da

tradição de um povo, fruto da política jurídica, para

que seja permanente, duradouro e legitimado.

Desta forma a codificação das leis civis nos

países que integram o Mercosul, encontram seu ponto

de convergência nas ordenações que vigoravam nos

reinos de Portugal e Espanha, fortemente influenciadas

pela França e esta por sua vez mais remotamente foi

influenciada pelas letras jurídicas romanas.

A pirâmide histórica da codificação dos Estados

Partes, pode ser visualizada da seguinte maneira:

Codificação jurídica Romana; Codificação jurídica

Francesa; Codificação jurídica Portuguesa e Espanhola

e finalmente no ápice da pirâmide os Códigos Civis da

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

6.1 – A decisiva influencia da codificação civil de

Portugal e da Espanha

Tendo-se como certa a constatação histórica de

que os Códigos Civis, dos países que integram o

Mercosul, se assentam sobre os Código Civis de

Portugal (Brasil) e da Espanha (Argentina, Paraguai e

Uruguai), insta verificar-se a forma estrutural desses

códigos civis originários, assim:

6.1.1 - Código Civil Português

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Reinaldo Assis Pellizzaro

80

O Código Civil de Portugal, foi promulgado e

no ano de 1867, entrando em vigor em 22 de março de

1868, na sede do reinado (Lisboa) e nas colônias

passou avigorar em 1º de julho de 1870, tendo sido

elaborado pelo Visconde de Seabra, sendo

posteriormente sido submetido a uma revisão integrada

pelos professores da Universidade de Coimbra e

advogados notáveis.

É composto por 2.538 artigos e divide-se em

quatro partes,, subdivididas em livros e estes em

capítulos, seções, subseções e divisões.

Na primeira parte o Código Civil português trata

da “ Capacidade civil ”, ou seja, das pessoas físicas e

jurídicas, do domicilio, da ausência, da curadoria e da

administração dos bens a ela sujeitos, da filiação, da

tutela de finalmente da curatela.

A segunda parte cuida da aquisição dos

direitos, sendo que no Livro I, trata dos direitos

originários, adquiridos de forma personalíssima,

objetos, produtos naturais tais como água, canais,

aquedutos, posse, prescrição, direito de trabalho, sendo

literário, artístico e dos inventos.

A terceira parte sob o titulo “ Do direito de

propriedade”, trata dos direitos reais sobre coisas

alheias, usufruto, uso, habitação, compáscuo, servidão,

demarcação, tapagem, direito de defesa, , restituição,

indenização e alienação.

Na quarta parte sob o título “ Da defesa dos

direitos e sua reparação”, dividida em dois livros, trata

da responsabilidade civil, a prova dos direitos a a sua

restituição.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

81

O Código Civil português, admite a formação

do Conselho de Família; com amplos poderes para

gerir e administrara os bens e as pessoas do menores,

nomeação de tutor, curador,; registro da posse que

tenha mais de cinco anos; dote, arrendamento,

doação entre esposos; regula o contrato de serviço

doméstico, albergaria ou pousada; casamento é

considerado um contrato, tendo validade o casamento

religioso.

6.1.2 - Código Civil Espanhol

O Código Civil espanhol data de 1888, e teve

por base o projeto elaborado no ano de 1851, embora

tendo vigência como lei, não era obrigatória na

Catalunha, e em outras províncias e territórios.

Divide-se em quatro Livros: I) das pessoas;

II) dos bens e da propriedade; III) dos diferentes

modos de adquiri a propriedade; IV) das obrigações

e dos contratos.

No Livro I, sob o titulo “Das pessoas” o Código

cuida do direito de família; no Livro II, trata do

usufruto, do uso, das habitação e das servidões; no livro

III, estão elencados dispositivos sobre a ocupação,

doação e sucessão, que são as formas de aquisição da

propriedade; no Livro IV, estão incluídas as disposições

sobre obrigações, contratos, créditos e prescrição.

Reconhece o casamento civil e o casamento

canônico, como contrato solene e formal, sendo

admitidas las disposiciones de la Iglesia Católica y del

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Reinaldo Assis Pellizzaro

82

Santo Concilio de Trento admitidos como leyes del

Reino.

Prevê a existência do Conselho de Família,

sendo que o registro de propriedade somente é

necessário para produzir efeitos contra terceiros;

menciona o divorcio mas com efeitos de separação,

pois não dissolve o vínculo do casamento.

Aqui igualmente encontramos a comprovação

da origem comum das leis civis, dos Estados Parte,

conduzindo sempre aos fortalecimento da tese de que

fiel a origem comum os Códigos Civis, se constituem

em fator de harmonização das relações no Mercosul.

CAPÍTULO VII

PRINCIPAIS INSTITUTOS JURÍDICOS

NOS CÓDIGOS CIVIS DOS PAÍSES DO

MERCOSUL

Sumário: 7 - Principais Institutos Jurídicos nos códigos

civis dos países do Mercosul.. 7.1 - Vigência e

retroatividade das leis. 7.2 – Pessoas 7.2.1 -.

Nascimento. 7.2.2 – Domicilio. 7.2.3 – Casamento. 7.2.4

– Morte. 7.2.5 – Atos Jurídicos. 7.2.6 - Bens. 7.2.7 –

Obrigações. 7.2.8 – Contratos. 7.2.9 – Sucessões.

7 - Principais Institutos Jurídicos nos códigos civis

dos países do Mercosul

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

83

Para melhor compreensão da harmoniosa

convergência dos ordenamentos contido nos Códigos

Civis, dos países que integram o Mercosul, insta fazer-

se um cotejo entre consagrados institutos jurídicos,

sobre os quais se erige o ordenamento civil dos Estados

Partes, ou seja: vigência e retroatividade das leis,

domicilio, casamento, morte, atos jurídicos, bens,

obrigações, contratos e sucessão.

7.1 – Vigência e retroatividade das leis:

Código Civil Argentino:

Art. 2. Las leyes no son obligatorias sino

después de su publicación, y desde el día que

determinen,as leis não são obrigatórias senão depois de

sua publicação e desde o dia em que determinem.

Art.3. A partir de su entrada en vigencia, las

leyes se aplicarán aún a las consecuencias de las

relaciones y situaciones jurídicas existentes. No tienen

efecto retroativo, sean o no de orden público, salvo

disposición en contrario. La retroactividad establecida

por la ley en ningún caso podrá afectar derechos

amparados por garantías constitucionales, a partir de

sua entrada em vigor, as leis se aplicarão apenas as

consequencias e as relações e situações jurídicas

existentes. Não tem efeito retroativo, sejam ou não de

ordem pública, salvo disposição ao contrário. A

retroatividade estabelecida pela lei em nenhum caso

poderá afetar direitos amparados por garantias

constitucionais.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

84

Código Civil Brasileiro:

Art.1o. Salvo disposição contrária, a lei começa

a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de

oficialmente publicada.(LICC)

Art.6o. A Lei em vigor terá efeito imediato e

geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito

adquirido e a coisa julgada.(LICC)

Código Civil Paraguaio:

Art.1o. Las leyes son obligatorias en todo el

território de la República desde el dia siguiente al de

su publicación, o desde el dia que ellas determinen, as

leis são obrigatórias em todo o território da República,

desde o dia seguinte a sua publicação e desde o dia que

elas determinarem.

Art.2º. Las leyes disponen para el futuro, no

tienen efecto retroactivo ni pueden alterar los

derechos adquiridos. Las leyes nuevas deben ser

aplicadas a los hechos anteriores solamente cuando

priven a las personas de meros derechos en

expectativas, o de faculdades que les eran propias y no

hubiesen ejercido, as leis dispõe para o futuro, não têm

efeito retroativo, nem podem alterar os direitos

adquiridos. As leis novas devem ser aplicadas aos

direitos anteriores somente quando privem as pessoas

de meros direitos em expectativa, ou de faculdades que

lhe eram próprias e não houvesse exercido.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

85

7.2 – Pessoas

Código Civil Argentino:

Art. 30. Son personas todos os entes

susceptibles de adquirir derechos, o contraer

obrigaciones; são pessoas todos os entes suscetíveis de

adquirir direitos e contrair obrigações.

Art.63. Son personas por nascer las que no

habiendo nacido están concebidas en el seno materno;

são pessoas por nascer (nascituro) aquelas que não

tendo nascido estão concebidas no ventre materno.

Art.70. Desde la concepción en el seno materno

comienza la existencia de las personas; y antes de su

nacimiento puden adquirir algunos derechos, como si

ya hubiesen nacido. Esos derechos quedan

irrevocablemente adquiridos si los concebidos en el

seno materno nacieren con vida, aunque fuera por

instantes después de estar separdos de su madre,

desde a concepção no ventre materno começa a

existência das pessoas; e antes do seu nascimento

podem adquirir alguns direitos, como se já houvessem

nascido. Esses direitos ficam irrevogavelmente

adquiridos se os concebidos no seio materno nascerem

com vida, ainda que fora por instantes depois de estar

separados de sua mãe.

Art.73. Repútase como cierto el nacimiento con

vida, cuando las personas que asistieren al parto

hubieren oído la respiración o la voz de los nacidos, o

hubiesen observado otros signos de vida; reputa-se

como certo o nascimento com vida, quando as pessoas

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Reinaldo Assis Pellizzaro

86

que assistirem ao parto tenham ouvido a respiração ou a

voz dos nascidos, ou tenham observado outros sinais de

vida.

Código Civil Brasileiro:

Art.2o. Toda a pessoa é capaz de direitos e

deveres na ordem civil.

Art.7o. A lei do país em que for domiciliada a

pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da

personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de

família. (LICC)

Art.2o..A personalidade civil do homem começa

do nascimento com vida;mas a lei põe a salvo desde a

concepção os direitos do nascituro.(CC)

Art.28. La persona física tiene capacidad de

derecho desde su concepción para adquir bienes por

donación, herancia o legado.La irrevocabilidad de la

aquisición está subordinada a la condición de que

nazca con vida, aunque fuere por instantes después de

estar separada del seno materno; a pessoa física tem

capacidade de direito desde sua concepção para

adquirir bens por doação, herança ou legado. A

irrevogabilidade da aquisição está subordinada a

condição de nascer com vida, ainda que fora por

instantes depois de estar separada do seio materno.

Art.32. Repútase como cierto el nacimiento con

vida, cuando las personas que asistieron al parto

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

87

hubieren oído la respiración o la voz del nacido o

hubieren observado otros signos de vida; reputa-se

como certo o nascimento com vida, quando as pessoas

que assitiram ao parto tenham ouvido a respiração ou a

voz do nascido ou houverem observado outros sinais de

vida.

7.2.1 - Nascimento:

Código Civil Argentino:

Art.71. Naciendo con vida no habrá distinción

entre el nacimiento espontáneo y el que se obtuviesse

por operación quirúrgica; nascendo com vida não

haverá distinção entre o nascimento espontâneo ou

aquele que se obtivesse por operação cirúrgica.

Art.72. Tampoco importará que los nacidos con

vida tengan impossibilidad de prolongarla, o que

mueran después de nacer, por un vicio orgánico

interno, o por nacer antes de tiempo ; tampouco

importará que os nascidos com vida tenham

impossibilidade de prolongar, ou que morram depois de

nascer antes do tempo.

Art.73. Repútase como cierto el nacimiento con

vida, cuando las personas que asistieren al parto

hubieren oído la respiración o la voz de los nacidos, o

hubiesen observado otros signos de vida; reputa-se

como certo o nascimento com vida, quando as pessoas

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Reinaldo Assis Pellizzaro

88

que assistirem ao parto tiverem ouvido a respiração ou

a voz dos nascidos, ou tiverem observado outros sinais

de vida.

Código Civil Brasileiro:

Art.2o.A personalidade civil do homem começa

do nascimento com vida, mas lei põe a salvo desde a

concepção os direitos do nascituro.

Código Civil Paraguaio:

Art.28. La persona física tiene capacidad de

derecho desde su concepción para adquirir bienes por

donación, herencia o legado; a pessoa física tem

capacidade de direito desde sua concepção para

adquirir bens por doação, herança ou legado.

7.2.2 - Domicílio

Código Civil Argentino:

Art.89. El domicilio real de las personas, es el

lugar donde tienen establecido el asiento principal de

su residencia y de sus negocios. El domicilio de

origen, es el lugar del domicilio del padre, en el día

del nacimiento de los hijos; o domicilio real das

pessoas, é o lugar onde tenham estabelecido o assento

principal de sua residência e de seus negócios. O

domicilio de origem, é o lugar do domicilio do pai, no

dia de nascimento dos filhos.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

89

Código Civil Brasileiro:

Art.70. O domicilio civil da pessoa natural é o

lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo

definitivo.

Código Civil Paraguaio:

Art.52. El domicilio real de las personas es el

lugar donde tienen estabelecido el asiento principal de

sua residencia o de sus negocios. El domicilio de

origen el lugar del domicilio de los padres, en el dia

del nacimiento de los hijos; o domicilio real das

pessoas é o lugar onde tenham estabelecido o assento

principal de sua residência ou de seus negócios. O

domicilio de origem é o lugar do domicilio dos pais, no

dia do nascimento dos filhos.

7.2.3 - Casamento

Código Civil Argentino:

Art.159. Las condicioenes de validez

intrínsecas y extrínsecas del matrimonio se rigen por

el derecho del lugar de sua celebración, aunque los

contrayentes hubiessen dejado su domicilio para no

sujetarse a las normas que en él rigen; as condições de

validade intrínsecas e extrínsecas do matrimonio se rege

pelo direito do lugar de sua celebração, ainda que os

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Reinaldo Assis Pellizzaro

90

contraentes houvessem deixado seu domicilio para não

sujeitar-se as normas que o regem.

Código Civil Brasileiro:

Art.1.511. O casamento estabelece comunhão

plena de vida, com base na igualdade de direitos e

deveres dos cônjuges.

Código Civil Paraguaio:

Art.154. El matrimonio crea entre los esposos

uma comunidada que les obliga a la vida conyugal, a

dignificar el hogar y su mutua proteción, fidelidad y

asistencia, así como a proveer al sustento, guarda y

educación de los hijos; o matrimonio cria entre os

esposos uma comunidade que os obriga a vida conjugal,

a dignificar o consorte a mútua proteção fidelidade e

assistência, assim como prover o sustento, guarda e

educação dos filhos.

7.2.4 - Morte

Código Civil Argentino:

Art.103. Termina la existencia de las personas

por la muerte natural de ellas. La muerte civil no

tendrá lugar en ningún caso, ni por pena, ni por

profesión en las comunidades religiosas; termina a

existência das pessoas com a morte natural. A morte

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

91

civil não terá lugar em nenhum caso, nem por pena,

nem por profissão nas comunidades religiosas.

Art.104. La muerte de las personas, ocurrida

dentro de la República, en alta mar o en país

extranjero, se prueba como el nacimiento en iguales

casos; a morte das pessoas, ocorrida dentro da

República, em alto mar ou em pais estrangeiro, se prova

com o nascimento em casos iguais.

Código Civil Brasileiro:

Art.6º. A existência da pessoa natural termina

com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos

casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão

definitiva.

Código Civil Paraguaio:

Art.35. El nacimiento y la muerte de las

personas se probarán por los testimonios de las

partidas y los certificados auténticos expedidos por el

Registro el Estado Civil; o nascimento e a morte das

pessoas se prova por testemunhas do fato e as certidões

autênticas expedidas pelo Registro Civil.

7.2.5 - Atos jurídicos

Código Civil Argentino:

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Reinaldo Assis Pellizzaro

92

Art.944. Son actos jurídicos los actos

voluntarios lícitos, que tengan por fin imediato,

establecer entre las personas relaciones jurídicas,

crear, modificar, transferir, conservar o aniquilar

derechos; são atos jurídicos os atos voluntários lícitos,

que tenham por fim imediato, estabelecer entre as

pessoas relações jurídicas, criar, modificar, transferir,

conservar e extinguir direitos.

Código Civil Brasileiro:

Art.112. Nas declarações de vontade se

atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que

ao sentido literal da linguagem.

Art.113. Os negócios jurídicos devem ser

interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de

sua celebração.

Código Civil Paraguaio:

Art.277. Los actos voluntários previstos en este

Código son los que ajectutados com discernimiento,

intención y liberdad determinan una adquisición,

modificación o extinción de derechos. Los que no

reuniesen tales requisitos, no producirán por sí efecto

alguno; os atos voluntários previstos neste Código são

os que executados com discernimento, intenção e

liberdade determinam uma aquisição, modificação ou

extinção de direitos. Aqueles que não reunirem tais

requisitos, não produzirão por si efeito algum.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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Art.296. Son actos jurídicos los actos

voluntários lícitos, que tengan por fin inmediato crear,

modificar, transferir, conservar o extinguir derechos;

são atos jurídicos os atos voluntários lícitos, que tenham

por fim imediato criar, modificar, transferir, conservar e

extinguir direitos.

7.2.6 - Bens

Código Civil Argentino:

Art.2311. Se llaman “cosas” en este Código,

los objetos materiales susceptibles de tener un

valor.Las disposiciones referentes a las cosas son

aplicables a la energia y a las fuerzas naturales

susceptibles de apropiacón; se chamam “ coisas “

neste Código, os objetos materiais susceptíveis de ter

um valor. As disposições referentes as coisas são

aplicáveis a energia e as forças naturais suscetíveis de

apropriação.

Art.2312. Los objetos inmateriales susceptibles

de valor, e igualmente las cosas, se llaman “bienes”.

El conjunto de los bienes de uma persona constituye su

“patrinomio”; os objetos imateriais suscetíveis de

valor, e igualmente as coisas, se chamam “ bens “. O

conjunto dos bens de uma pessoa constitui seu

patrimônio.

Código Civil Brasileiro

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Reinaldo Assis Pellizzaro

94

Art.1.228. O proprietário tem a faculdade de

usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do

poder de quem quer que injustamente a possua ou

detenha.

Art.47. São móveis os bens suscetíveis de

movimento próprio, ou de remoção por força alheia.

Código Civil Paraguaio:

Art.1872. Se llaman cosas en este Código, los

objetos corporales susceptíbles de tener un valor; se

chamam coisas neste Código, os objetos corporais

suscetíveis de ter um valor.

7.2.7 - Obrigações

Código Civil Argentino:

Art.495. Las obligaciones son: de dar, de hacer

o de no hacer;as obrigações são: de dar, de fazer ou de

não fazer.

Código Civil Brasileiro:

Art.863. A obrigação de dar coisa certa abrange

os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o

contrário resultar do título ou das circunstâncias do

caso.

Código Civil Paraguaio:

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

95

Art.417. Las obligaciones derivan de algunas

de las fuentes establecidas por la ley; as obrigações

derivam de algumas das fontes estabelecidas pela lei.

7.2.8 - Contratos

Código Civil Argentino:

Art.1137. Hay contrato cuando varias personas

se ponen de acuerdo sobre una declaración de

voluntad común, destinada a reglar sus derechos;

existe contrato quando varias pessoas se colocam de

acordo sobre uma declaração de vontade comum,

destinada a regular seus direitos.

Art.1138. Los contratos se denominan en este

Código unilaterales, o bilaterales. Los primeros son

aquellos en que una sola de las partes se obliga hacia

la otra sin que ésta le quede obligada. Los segundos,

cuando las partes se obligan recíprocamente la una

hacia la otra; os contratos se denominam neste Código

unilaterais, ou bilaterais. Os primeiros são aqueles em

que uma só das partes se obriga em relação a outra sem

que esta fique obrigada. Os segundos, quando as partes

se obrigam reciprocamente uma em face da outra.

Código Civil Brasileiro:

Art.421. A liberdade de contratar será exercida

em razão e nos limites da função social do contrato.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

96

Art.1.092. Nos contratos de execução

continuada ou diferida, se a prestação de uma das

partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema

vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos

extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir

a resolução do contrato.

Código Civil Paraguaio:

Art.669. Los interesados pueden reglar

libremente sus derechos mediante contratos,

observando las normas imperativas de la ley, y en

particular, las contenidas en este título y en el relativo

a los actos jurídicos; os interessados podem regular

livrementre seus direitos mediante contratos,

observando as normas imperativas da lei, e em

particular, aquelas contidas neste título, e relativas aos

atos jurídicos.

7.2.9 - Sucessões

Código Civil Argentino:

Art.3279. La sucesión es la transmisión de los

derechos activos y passivos que componen la herencia

de una persona muerta, a la persona que sobrevive, a

la cual la ley o el testador llama para recibirla. El

llamado a recibir la sucesión se llama herdero en este

Código; a sucessão é a transmissão dos direitos ativos e

passivos que compõe a herança de uma pessoa morte,

para a pessoa que sobrevive, a qual a lei ou o testador

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

97

chama para receber. O chamado e receber a sucessão se

chama herdeiro neste Código.

Art.3282. La sucesión o el derecho hereditário,

se abre tanto en las sucessiones lagítimas como en las

testamentárias, desde la muerte del autor de la

sucesión, o por presunción de muerte en los casos

prescriptos por la ley; a sucessão no direito hereditário,

se abre tanto nas sucessões legítimas como nas

testementárias, desde a morte do autor da suscessão, ou

por presunção de morte nos casos prescritos pela lei.

Código Civil Brasileiro:

Art.1.784. Aberta a sucessão, a herança

transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e

testamentários.

Art.1.786. A sucessão dá-se por lei ou por

disposição de última vontade.

Código Civil Paraguaio:

Art.2443. Desde la muerte de una persona se

transmiten la propriedad de los bienes y derechos que

constituyen la herencia, a aquéllos que deban

recibirla; desde a morte de uma pessoa se transmite a

propriedade dos bens e direitos que constituem a

herança, áqueles que devem receber.

Resulta pois comprovado através do cotejo

desses transcendentais institutos jurídicos que o

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Reinaldo Assis Pellizzaro

98

ordenamento civil, dos Estados Partes, são

convergentes.

Não é sem razão que o Mercosul atualmente

avalia a uniformização de políticas comuns, e poderá

implementar com eficiência a partir da comprovada

harmonização do ordenamento civil interna da cada um

dos Estados Partes.

Sabemos que o esforço de harmonização de

estatísticas macroeconômicas dos países do Mercosul é

o passo prévio para a definição das metas comuns para

indicadores, como cálculo de déficit público, estatística

de dívida pública, inflação, balança de pagamento e

cálculo do PIB, conforme vem se noticiando.

Tudo isto será possível a partir da constatação

de que a legislação pode e deve contribuir para que esse

esforço quadrilateral seja corado de êxito, em beneficio

dos habitantes dos Estados Partes, com reflexos

positivos para a economia de todos os demais países,

que mesmo que não integrem o Mercosul.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

99

CAPÍTULO VIII

CONSTITUIÇÕES, TRATADOS E

PROTOCOLOS

8 – O Mercosul nas Constituições dos Estados

Partes. 8.1 – A Constituição Argentina. 8.1.1 – A

Constituição da República Federativa do Brasil.

8.1.2 – A Constituição da República do

Paraguai.8.1.3. A Constituição da Republica

Oriental do Uruguai. 8.2 – Tratado de Assunção 8.3

- Protocolo de Las Leñas

8 - O Mercosul nas Constituições dos Estados Partes

Tendo-se como certo que a soberania dos

Estados Partes, em nada foi modificada em decorrência

do Mercosul, é importante analisarmos as Constituições

Federais de cada um desses países, como um dado

fundamental para a integração.

Desta forma cada país, tem na sua Constituição

Federal, sua lei máxima, e como tal deve conter

dispositivos e princípios que de certa forma autorizem e

recepcionem as normas supranacionais que tutelam o

Mercosul, sob pena de inviabilizar sua aceitação no

âmbito interno de cada Estado Parte.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

100

8.1 – A Constituição Argentina

A Republica Argentina, na reforma de 1860,

colocou-se sob os princípios de sua Constituição, que

estabelece soberanamente no Capitulo Quarto ao

enumerar as atribuições do Congresso Nacional, e

específicamente em seu art. 67, que:

“Articulo 67 – Corresponde al Congresso: (...)

19. Aprobar e desechar los tratados concluídos

com el ejercicio del patronato en toda la Nacion.

Esta disposição constitucional, acabou sendo

modificada e até mesmo substituida quando passou a

vigorar a revisão de 1994, com a seguinte redação:

“Articulo 75 – Corresponde al Congresso: (...)

22. Aprobar o desechar tratados concluídos

com las demás naciones y com las organizaciones

internacionales y com los concordatos com la Santa

Sede. Los tratados y concordatos tienem jerarquia a

las leyes.(...)

24. Aprobar tratados de integración que

deleguen competencias y jurisdición a organizaciones

supraestatales en condiciones de reciprocidad e

igualdad, y que respeten el orden democrático y los

derechos humanos. Las normas dictadas en su

consecuensia tienen jerarquia superior a las leyes.”

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

101

Desta forma o legislador constitucional

argentino, reservou para o Congresso Nacional,

integrado pelos Deputados Federais e Senadores, a

aprovação e a elaboração de tratados que forem

concluídos com as demais Nações, desde que tenham

hierarquia superior ás leis ordinárias.

Igualmente é de competência do Congresso

Nacional Argentino, aprovar trados de integração que

deleguem competência a organizações supraestatais,

desde que fique assegurada as condições de

reciprocidade e igualdade, que respeitem aos princípios

democráticos e os direitos humanos.

Acaba por preconizar a superioridade

hierárquica de tais disposições ditadas soberanamente

pelo Congresso Nacional, devendo-se admitir que ao

lado da Constituição do Paraguai está é a mais

avançada dos países que integram o Mercosul.

8.1.1 – A Constituição da República Federativa do

Brasil.

Força admitir-se que a Constituição Brasileira,

discrepa da maioria das Constituições mundiais,

relegando a legislação infra-constitucional, as

disposições atinentes ao direito internacional.

Todavia ao legislador constitucional pátrio, fez

insculpir no Texto Jurídico Máximo, princípios de

ordem geral sobre as relações internacionais:

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Reinaldo Assis Pellizzaro

102

“Art.4º. A República Federativa do Brasil rege-

se nas suas relações internacionais pelos seguintes

princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI – defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o

progresso da humanidade;

X - asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do

Brasil buscará a integração econômica, política,

social e cultural dos povos da América Latina, visando

à formação de uma comunidade latino-americana de

nações.”

Resulta pois claro que a Constituição, não

esclarece sobre a possibilidade da existencia de um

organismo supranacional, mantendo ao nosso sentir o

principio da manutenção interna da soberania de forma

absolutamente indelegável.

É bem de ver-se que se desejamos garantir o

sucesso do Mercosul, apar da harmonização do

ordenamento civil, se faz necessário uma clara

disposição constitucional de transferencia da soberania

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

103

para a organização supranacional, e para tanto

necessitamos urgentemente de uma revisão

constitucional.

8.1.2 – A Constituição da República do Paraguai

A Carta Política do Paraguai foi promulgada em

20 de junho de 1992, e se destaca pela sua modernidade

como a única que estabelece como principio

constitucional a Constituição do Mercosul.

O legislador constitucional paraguaio fez

insculpir em sua Carta Política, grande numero de

artigos que cuida das relações supranacionais, conforme

rezam os dispersivos:

“Articulo 137. De la supremacia de la

Constitucion.

La ley suprema de la Republica es la

Constitución. Esta, los tratados, convenios y acuerdos

internacionales aprobados e ratificados, las leyes

dictadas por el Congresso y otras disposiciones de

inferior jerarquia, sancionadas en consecuencia,

integran el derecho positivo nacional en el orden de

prelación enunciado.

Artículo 154. Del orden jurídico

supranacional.

La República del Paraguay, en condiciones de

igualdad com otros Estados, admite un ordem jurídico

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Reinaldo Assis Pellizzaro

104

supranacional que garantice la vigencia de los

derechos humanos, de la paz, de la justicia, de la

cooperación y del desarrolo, en lo político, economico,

social y cultural.

Resulta pois a forma moderna de reconhecer a

existência de uma ordem supranacional, em condição de

igualdade com outros Estados Partes, para garantir a

primazia dos direitos humanos, a paz, a justiça, a

cooperação para o desenvolvimento político, social e

cultural, em beneficio dos nacionais e povos dos países

que integram o Mercosul.

Tais princípios constitucionais por sua máxima

importância devem ser tomados como paradigma, para

a necessária implementação da reforma constitucional

dos demais Estados Partes.

8.1.3 – A Constituição da República Oriental do

Uruguai.

A Constituição da Republica Oriental do

Uruguai, tal como ocorre com as Constituições da

Argentina e do Brasil, não contem dispositivo que

recepcione a supranacionalidade, ficando portanto

reservada sua soberania, conforme o disposto pelo

artigo seguinte:

“Seccion (...)

Capítulo II

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

105

Articulo 4. La soberania en toda su plenitud

existe radicalmente en la Nación, a la que compete el

derecho exclusivo de estabelecer su leyes, del modo

que más adelante se expressará.”

Resulta pois do preceito constitucional, que a

soberania em toda sua plenitude existe radicalmente na

âmbito da Nação Uruguaia, não se cogitando da

existencia de uma ordem jurídica supranacional.

Inobstante se ter como necessária a

implementação de um reforma constitucional, que vise

contemplar a existência de organizações

supranacionais, a harmonização da legislação pode ser

alcançada, pois a convergência se firma em raízes

históricas, a que a legislação contemporânea pode e

deve obedecer.

8.2 - Tratado de Assunção

Tratado para a Constituição de um Mercado

Comum entre a República Argentina, a República

Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a

República Oriental do Uruguai.

A Republica Argentina, a República Federativa

do Brasil, a Republica do Paraguai, a República

Oriental do Uruguai, doravante denominados “Estados

Partes”:

Considerando que a ampliação das atuais

dimensões de seus mercados nacionais, através da

integração, constitui condição fundamental para

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Reinaldo Assis Pellizzaro

106

acelerar seus processos de desenvolvimento econômico

com justiça social;

Entendendo que esse objetivo deve ser

alcançado mediante ao aproveitamento mais eficaz dos

recursos disponíveis, a preservação do meio ambiente,

o melhoramento das interconexões físicas, a

coordenação de políticas macroeconômicas e a

complementação dos diferentes setores da economia,

com base nos princípios de gradualidade, flexibilidade e

equilíbrio;

Tendo em conta a evolução dos acontecimentos

internacionais, em especial a consolidação de grandes

espaços econômicos, e a importância de lograr uma

adequada inserção internacional para seus países;

Expressando que este processo de integração

constitui uma resposta adequada a tais

acontecimentos;

Conscientes de que o presente Tratado deve ser

considerado como um novo avanço no esforço tendente

ao desenvolvimento progressivo da integração da

América Latina, conforme o objetivo do Tratado de

Montevidéu de 1980;

Convencidos da necessidade de promover o

desenvolvimento científico e tecnológico dos Estados

Partes e de modernizar suas economias para ampliar a

oferta e a qualidade dos bens de serviço disponíveis, a

fim de melhorar as condições de vida de seus

habitantes;

Reafirmando sua vontade política de deixar

estabelecidas as bases para uma reunião cada vez mais

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

107

estreita entre seus povos , com a finalidade de alcançar

os objetivos supramencionados;

Acordam:

CAPÍTULO I

Propósitos, Princípios e Instrumentos

CAPÍTULO 1

Os Estados Partes decidem constituir um

mercado comum, que deverá estar estabelecido a 31 de

dezembro de 1994, e que se denominará ‘Mercado

Comum do Sul “(MERCOSUL).

Este Mercado Comum implica:

A livre circulação de bens, serviços e fatores

produtivos entre os países, através, entre outros, de

eliminação dos direitos alfandegários e restrições não

tarifárias á circulação de mercadorias de qualquer

outra medida de efeito equivalente;

O estabelecimento de uma tarifa estrema

comum, e a adoção de uma política comercial comum

em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de

Estados e a coordenação de posições em foros

econômico-comerciais regionais e internacionais.

A coordenação de políticas macroeconômicas e

setoriais entre os Estados Partes de comércio exterior,

agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de

capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e

comunicações e outras que se acordem, a fim de

assegurar condições adequadas de concorrência entre

os Estados Partes, e o compromisso dos Estados Partes

de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes,

para lograr o fortalecimento do processo de integração.

ARTIGO 2

Page 92: O DIREITO CIVIL (Como Fator de Integração) NO MERCOSUL -LIVRARIA VIRTUAL EDIPEL-

Reinaldo Assis Pellizzaro

108

O Mercado Comum estará fundado na

reciprocidade de direitos e obrigações entre os Estados

Partes.

ARTIGO 3

Durante o período de transição, que se

estenderá desde a entrada em vigor do presente Tratado

até 31 de dezembro de 1994, e a fim de facilitar a

constituição do Mercado Comum, os Estados Partes

adotam um Regime Geral de Origem, um Sistema de

Solução de Controvérsias e Clausulas de Salvaguarda,

que constam como anexos II, III e IV ao presente

Tratado.

ARTIGO 4

Nas relações com terceiros países, os Estados

Partes assegurarão condições eqüitativas de comercio.

Para tal fim, aplicarão suas legislações nacionais para

inibir importações cujos preços estejam influenciados

por subsídios, dumping ou qualquer outra prática

desleal. Paralelamente, os Estados Partes coordenarão

suas respectivas políticas nacionais com objetivo de

elaborar normas comuns sobre concorrência comercial.

ARTIGO 5

Durante o período de transição os principais

instrumentos para a constituição do Mercado Comum

são:

a) Um programa de Liberação Comercial, que

consistirá em reduções tarifárias progressivas, lineares e

automáticas, acompanhadas da eliminação de restrições

não tarifárias ou medidas de efeito equivalente, assim

como de outras restrições ao comercio entre os Estados

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

109

Partes, para chegar a 31 de dezembro de 1994 com

tarifa zero, sem barreiras não tarifárias sobre a

totalidade do universo tarifário (Anexo I);

b) A coordenação de políticas macroeconômicas

que se realizará gradualmente de forma convergente

com os programas de gravação tarifária e eliminação de

restrições não tarifárias, indicados na letra anterior;

c) Uma tarifa estrema comum, que incentive a

competitividade estrema dos Estado Partes;

d) A adoção de acordos setoriais, com o fim de

otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de

produção e alcançar escalas operativas eficientes.

ARTIGO 6

Os Estados Partes reconhecem diferenças

pontuais de ritimo para a República do Paraguai e para

a República Oriental do Uruguai, que constam no

Programa de Liberação Comercial

ANEXO I

ARTIGO 7

Em matéria de impostos taxas e outros

gravames internos, os produtos originários do território

de um Estado Parte gozarão, nos outros Estados Partes,

do mesmo tratamento que se aplique ao produto

nacional.

ARTIGO 8

Os Estados Partes se comprometem a preservar

os compromissos assumidos até a data de celebração do

presente Tratado, inclusive os acordos firmados no

âmbito da Associação Latino-Americana de Integração,

e a coordenar suas posições nas negociações comerciais

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Reinaldo Assis Pellizzaro

110

internas que compreendam futuramente o período de

transição. Para tanto:

a) Evitarão afetar os interesses dos Estados

Partes nas negociações comerciais que realizem entre

si até 31 de dezembro de 1994;

b) Evitarão afetar os interesses dos demais

Estados Partes ou os objetivos do Mercado Comum nos

Acordos que celebrarem com outros países membros da

Associação Latino-Americana de Integração durante o

período de transição;

c) Realizarão consultas entre si sempre que

negociem esquemas amplos de desagravação tarifária,

tendentes á formação de zonas de livre comercio com

os demais países membros da Associação Latino-

America de Integração;

d) Estenderão automaticamente aos demais

Estados Partes qualquer vantagem, favor, franquia,

imunidade ou privilégio que concedam a um produto

originário de ou destinado a terceiros países membros

da Associação Latino-Americana de Integração.

CAPÍTULO II

ESTUTURA ORGÂNICA

ARTIGO 9

A administração e execução do presente

Tratado e dos Acordos específicos e decisões que se

adotem no quadro jurídico que o mesmo estabelece

durante o período de transição estarão a cargo dos

seguintes órgãos:

a) Conselho do Mercado Comum;

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

111

b) Grupo Mercado Comum.

ARTIGO 10

O Conselho é o órgão superior do Mercado

Comum, correspondendo-lhe a condução política do

mesmo e a tomada de decisões para assegurar o

cumprimento dos objetivos e prazos estabelecidos

para a constituição definitiva do Mercado Comum.

ARTIGO 11

O Conselho estará integrado pelos Ministros de

Relações Exteriores e os Ministros de Economia dos

Estados Partes, reunir-se-á quantas vezes estime

oportuno, e, pelo menos uma vez ao ano, com a

participação dos Presidentes dos Estados Partes.

ARTIGO 12

A Presidência do Conselho se exercerá por

rotação dos Estados Partes e em ordem alfabética, por

períodos de seis meses.

As reuniões do Conselho serão coordenadas

pelos Ministros de Relações Exteriores e poderão ser

convidados a delas participar outros Ministros ou

autoridades de nível ministerial.

ARTIGO 33

O Grupo Mercado Comum é o órgão executivo

do Mercado Comum e será coordenado pelos

Ministérios das Relações Exteriores.

O Grupo Mercado Comum terá a faculdade de

iniciativa. Suas funções serão as seguintes:

- velar pelo cumprimento do Tratado;

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Reinaldo Assis Pellizzaro

112

- tomar as providencias necessárias ao

cumprimento das decisões adotadas pelo Conselho;

- propor medidas concretas tendentes á

aplicação do programa de liberação Comercial, á

coordenação de políticas macroeconômicas e á

negociação de Acordos frente a terceiros;

- fixar programas de trabalho que assegurem

avanços para o estabelecimento do Mercado Comum.

O Grupo Mercado Comum poderá constituir os

Subgrupos de Trabalho que forem necessários para o

cumprimento de seus objetivos. Contará inicialmente

com os Subgrupos mencionados no Anexo V.

O Grupo Mercado Comum estabelecerá seu

regimento interno no prazo de 60 dias a partir da

instalação de sua instalação.

ARTIGO 14

O Grupo Mercado Comum estará integrado por

quatro membros titulares e quatro membros alternos por

país, que representem os seguintes órgãos públicos:

- Ministério das Relações Exteriores;

- Ministério da Economia ou seus

equivalentes )áreas de indústria, comercio exterior e/ou

coordenação econômica);

- Banco Central.

Ao elaborar e propor medidas concretas no

desenvolvimento de seus trabalhos, até 31 de

dezembro de 1994, o Grupo Mercado Comum

poderá convocar, quando julgar conveniente,

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

113

representantes de outros órgãos da Administração

Pública e do setor privado.

ARTIGO 15

O Grupo Mercado Comum contará com uma

Secretaria Administrativa cujas principais funções

consistirão na guarda de documentos e comunicações

de atividades do mesmo. Terá sua sede na cidade de

Montevidéu.

ARTIGO 16

Durante o período de transição, as decisões do

Conselho do Mercado, Comum e do Grupo Mercado

Comum serão tomadas por consenso e com a presença

de todos os Estados Partes.

ARTIGO 17

Os idiomas oficiais do Mercado Comum serão o

português e o espanhol e a versão oficial dos

documentos de trabalho será o idioma do país sede de

cada reunião.

ARTIGO 18

Antes do estabelecimento do Mercado Comum,

a 31 de dezembro de 1994, os Estados Partes

convocarão uma reunião extraordinária com o objetivo

de determinar a estrutura institucional definitiva dos

órgãos de administração do Mercado Comum, assim

como as atribuições especificas de cada um deles e seu

sistema de tomada de decisões.

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Reinaldo Assis Pellizzaro

114

CAPITULO III

Vigência

ARTIGO 19

O presente Tratado terá a duração indefinida e

entrará em vigor 30 dias após a data do depósito do

terceiro instrumento de ratificação. Os instrumentos de

ratificação serão depositados ante o Governo do

Paraguai, que comunicará a data do depósito aos

Governos dos Demais Estados Partes.

O Governo da República do Paraguai notificará

ao Governo de cada um dos demais Estados Partes a

data de entrada em vigor do presente Tratado.

CAPITULO IV

Adesão

ARTIGO 20

O Presente tratado estará aberto á adesão,

mediante negociação, dos demais países membros da

Associação Latino-America de Integração, cujas

solicitações poderá ser examinadas pelos Estados

Partes depois de cinco anos de vigência deste Tratado.

Não obstante, poderão ser consideradas antes

do referido prazo as solicitações apresentadas por

países membros da Associação latino-americana de

Integração que não façam parte de esquemas de

integração sub-regional ou de uma associação extra-

regional. A aprovação das solicitações será projeto de

decisão unânime dos Estados Partes.

CAPÍTULO V

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

115

Denúncia

ARTIGO 21

O Estado Parte que desejar desvincular-se do

presente Tratado deverá comunicar essa intenção aos

demais Estados Partes de maneira expressa e formal,

efetuando o prazo de sessenta (60) dias a entrega do

documento de denúncia ao Ministério das Relações

Exteriores da República do Paraguai, que o distribuirá

aos demais Estados Partes.

ARTIGO 22

Formalizada a denúncia, cessarão para o Estado

denunciante os direitos e obrigações que correspondam

a sua condição de Estado Parte, mantendo-se os

referentes ao programa de liberação do presente

Tratado e outros aspectos que os Estados Partes, juntos

com o Estado denunciante, acordem no prazo de

sessenta (60) dias após formalização de denúncia. Esses

direitos e obrigações do Estado denunciante

continuarão em vigor por um período de dois (2) anos a

partir da data da mencionada formalização.

CAPITULO VI

Disposições Gerais

ARTIGO 23

O presente Tratado se chamará “Tratado de

Assunção”.

ARTIGO 24

Com objetivo de facilitar a implementação do

Mercado Comum, estabelecer-se-á uma Comissão

Parlamentar conjunta do MERCOSUL. Os Poderes

Executivos dos Estados Partes manterão seus

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Reinaldo Assis Pellizzaro

116

respectivos Poderes Legislativos informados sobre a

evolução do Mercado Comum objeto do presente

Tratado.

Feito na cidade de Assunção, aos 26 dias do

mês de março de mil novecentos e noventa e um, em

um original, no idiomas português e espanhol, sendo

ambos os textos igualmente autênticos. O Governo de

República do Paraguai será depositário do presente

Tratado e enviará cópia devidamente autenticada do

mesmo aos governos dos demais Estados Partes

signatário e aderentes.

8.3 - Protocolo de Las Leñas

Protocolo de Cooperação e Assistência

Jurisdicional em

Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e

Administrativa

Os Governos da República Argentina, da

República Federativa do Brasil, da República do

Paraguai e da República Oriental do Uruguai.

Considerando que o Mercado Comum

(MERCOSUL), previsto no Tratado de Assunção,

assinado em 26 de maço de 1991, implica o

compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas

legislações nas matérias pertinentes para obter o

fortalecimento do processo de imigração;

Desejosos de promover e intensificar a

cooperação jurisdicional em matéria civil, comercial,

trabalhista e administrativa, a fim de assim contribuir

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

117

para o desenvolvimento de suas relações de integração

com base nos princípios do respeito á soberania

nacional e á igualdade de direitos e interesses

recíprocos;

Convencidos de que este Protocolo contribuirá

para o tratamento eqüitativo dos cidadãos e residentes

permanentes dos Estados Partes do Tratado de

Assunção e lhes facilitará o livre acesso á jurisdição nos

referidos Estados para a defesa de seus direitos e

interesses;

Conscientes da importância de que se reveste,

para o processo de integração dos Estados Partes, a

adoção de instrumentos comuns que consolidem a

segurança jurídica e tenham como finalidade atingir os

objetivos do Tratado de Assunção,

Acordam:

CAPÍTULO I

Cooperação e Assistência Jurisdicional

ARTIGO I

Os Estados Partes comprometem-se a prestar

assistência mútua e ampla cooperação jurisdicional em

matéria civil, comercial, trabalhista e administrativa. A

assistência jurisdicional se estenderá aos procedimentos

administrativos em que se admitam recursos perante os

tribunais.

CAPITULO II

Autoridades Centrais

ARTIGO 2

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Reinaldo Assis Pellizzaro

118

Para os efeitos do presente Protocolo, cada

Estado Parte indicará uma Autoridade Central

encarregada de receber e dar andamento ás petições de

assistência jurisdicional em matéria civil, comercial,

trabalhista e administrativa.

Para tanto, as Autoridades Centrais se

comunicarão diretamente entre si, permitindo a

intervenção de outras autoridades respectivamente

competentes, sempre que seja necessário.

Os Estados Partes, ao depositarem os

instrumentos de ratificação do presente Protocolo,

comunicarão essa providência ao Governo depositário o

qual dela dará conhecimento aos demais Estados Partes.

A Autoridade Central poderá ser substituída em

qualquer momento, devendo o Estado Parte comunicar

o fato, no mais breve prazo possível, ao Governo

depositário do presente Protocolo, para que dê

conhecimento aos demais Estados Partes da

substituição efetuada.

CAPÍTULO III

Igualdade do Tratamento Processual

ARTIGO 3

Os cidadãos e os residentes permanentes de um

dos Estados Partes gozarão, nas mesmas condições dos

cidadãos e residentes permanentes do outro Estado

Parte, do livre acesso á jurisdição desse Estado para a

defesa de seus direitos e interesses.

O parágrafo anterior aplicar-se-á ás pessoas

jurídicas constituídas, autorizadas ou registradas

conforme as leis de qualquer dos Estados Partes.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

119

CAPÍTULO IV

Cooperação em Atividades de Simples Trâmite

e Probatória

ARTIGO 5

Cada Estado Parte deverá enviar ás autoridades

jurisdicionais do outro Estado, segundo o previsto no

art.2, carta rogatória em matéria civil, comercial,

trabalhista ou administrativa, quando tenha por objeto:

a) diligências de simples trâmite, tais como

citações, intimações, citações

b) individualização do expediente, com

especificação do objeto e natureza do juízo e do nome e

domicilio das partes;

c) cópia da petição inicial e transcrição da

decisão que ordena a expedição da carta rogatória;

d) nome e domicilio do procurador da parte

solicitante no Estado requerido, se houver;

e) e) indicação do objeto da carta rogatória,

com o nome e o domicílio do destinatário da medida;

f) informação sobre o prazo de que dispõe a

pessoa afetada pela medida para cumpri-la;

g) descrição das formas ou procedimentos

especiais com que haverá de cumprir-se á cooperação

solicitada;

h) qualquer outra informação que facilite o

cumprimento da carta rogatória.

ARTIGO 7

No caso de ser solicitado o reconhecimento de

provas, a carta rogatória deverá também conter:

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Reinaldo Assis Pellizzaro

120

a) descrição do assunto que facilite a

diligência probatória;

b) nome e domicilio de testemunhas ou outras

pessoas ou instituições que devem intervir;

c) texto dos interrogatórios e documentos

necessários.

ARTIGO 8

A carta rogatória deverá ser cumprida de oficio

pela autoridade jurisdicional competente do Estado

requerido, e somente poderá negar-se quando a medida

solicitada por sua natureza, atente contra os princípios

de ordem pública do Estado requerido. O referido

cumprimento não implicará o reconhecimento da

jurisdição internacional do juiz do qual emana.

ARTIGO 9

A autoridade jurisdicional requerida terá

competência para conhecer das questões que sejam

suscitadas quando do cumprimento da diligência

solicitada. Caso a autoridade jurisdicional requerida se

declare incompetente para proceder á tramitação da

carta rogatória, remeterá de oficio dos documentos e os

antecedentes do caso á autoridade jurisdicional

competente do seu Estado.

ARTIGO 10

As cartas rogatórias e os documentos que as

acompanham deverão redigir-se no idioma da

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

121

autoridade requerente e serão acompanhadas de uma

tradição para o idioma da autoridade requerida.

ARTIGO 11

A autoridade requerida poderá, atendendo a

solicitação da autoridade requerente, informar o lugar e

a data em que a medida solicitada será cumprida, a fim

de permitir que a autoridade requerente, as partes

interessadas ou seus respectivos representantes possam

comparecer e exercer as faculdades autorizadas pela

legislação da Parte requerida. A referida comunicação

deverá efetuar-se, com a devida antecedência, por

intermédio das Autoridades Centrais dos Estados

Partes.

ARTIGO 12

A autoridade jurisdicional encarregada do

cumprimento de uma carta rogatória aplicará sua lei

interna no que se refere aos procedimentos. Não

obstante, a carta rogatória poderá ter, mediante pedido

da autoridade requerente, tramitação especial,

admitindo-se o cumprimento de formalidades adicionais

na diligência da carta rogatória, sempre que isso não

seja incompatível com a ordem pública dói Estado

requerido. O cumprimento da carta rogatória deverá

efetuar-se em demora.

ARTIGO 13

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Reinaldo Assis Pellizzaro

122

Ao diligenciar a carta rogatória, a autoridade

requerida aplicará os meios processuais coercitivos

previstos na sua legislação interna, nos casos e na

medida em que deva fazê-lo para cumprir uma carta

precatória das autoridades de seu próprio Estado, ou um

pedido apresentado com o mesmo fim por uma parte

interessada.

ARTIGO 14

Os documentos que comprovem o cumprimento

da carta rogatória serão transmitidos por intermédio das

Autoridades Centrais.

Quando a carta rogatória não tiver sido

cumprida integralmente ou em parte, este fato e as

razões do não cumprimento deverão ser comunicadas

de imediato á autoridade requerente, utilizando-se o

meio assinalado no parágrafo anterior.

ARTIGO 15

O cumprimento da carta rogatória não poderá

acarretar reembolso de nenhum tipo de despesas, exceto

quando sejam solicitados meios probatórios que

ocasionem custos especiais, ou sejam designados

peritos para intervir na diligência. Em tais casos,

deverão ser registrados no texto da carta rogatória os

dados da pessoa que, no Estado requerido, procederá

ao pagamento das despesas e honorários devidos.

ARTIGO 16

Quando os dados relativos ao domicilio do

destinatário da ação ou da pessoa citada forem

incompletos ou inexatos, a autoridade requerida deverá

esgotar todos os meios para atender ao pedido. Para

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

123

tanto, poderá também solicitar ao Estado requerente os

dados complementares que permitam a identificação e a

localização da referida pessoa.

ARTIGO 17

Os trâmites pertinentes para o cumprimento da

carta rogatória não exigirão necessariamente a

intervenção da parte solicitante, devendo ser praticados

de oficio pela autoridade jurisdicional competente do

Estado requerido.

CAPÍTULO V

Reconhecimento e Execução de Sentença e de

Laudos Arbitrais.

ARTIGO 18

As disposições do presente Capítulo serão

aplicáveis ao reconhecimento e á execução das

sentenças e dos laudos arbitrais pronunciados nas

jurisdições dos Estados Partes em matéria civil,

comercial, trabalhista e administrativa, e serão

igualmente aplicáveis ás sentenças em matéria de

reparação de danos e restituição de bens pronunciadas

na esfera penal.

ARTIGO 19

O pedido de reconhecimento e execução se

sentenças e de laudos arbitrais por parte das autoridades

jurisdicionais será tramitado por via de cartas rogatórias

e por intermédio da Autoridade Central.

ARTIGO 20

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Reinaldo Assis Pellizzaro

124

As sentenças e os laudos arbitrais a que se

refere o artigo anterior terão eficácia extraterritorial nos

Estados Partes quando reunirem as seguintes condições:

a) que venham revestidos das formalidades

externas necessárias para que sejam considerados

autênticos no Estado de origem;

b) que sejam, assim como os documentos

anexos necessários, devidamente traduzidos para o

idioma oficial do Estado em que se solicita seu

reconhecimento;

c) que emanem de um órgão jurisdicional ou

arbitral competente, segundo as normas do Estado

requerido sobre jurisdição internacional;

d) que a parte contra a qual se pretende

executar a decisão tenha sido devidamente citada e

tenha garantido o exercício do direito de defesa;

d) que a decisão tenha força de coisa julgada

e/ou executória no Estado em que foi citada;

e) que claramente não contrariem os

princípios de ordem pública do Estado em que se

solicita seu reconhecimento e/ou execução.

Os requisitos da alíneas (a), (c), (d), (e) e (f)

devem estar contidos na cópia autêntica da sentença ou

do laudo arbitral.

ARTIGO 21

A parte que, em juízo, invoque uma sentença ou

um laudo arbitral de um dos Estados Partes deverá

apresentar cópia autêntica da sentença ou do laudo

arbitral com os requisitos do artigo precedente.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

125

ARTIGO 22

Quando se tratar de uma sentença ou de um

laudo arbitral entre as mesmas partes, fundamentado

nos mesmos fatos, e que tenha o mesmo objeto de outro

processo judicial ou arbitral no Estado requerido, seu

reconhecimento e sua executoriedade dependerão de

que a decisão não seja incompatível com outro

pronunciamento anterior ou simultâneo proferido no

Estado requerido. Do mesmo modo não se reconhecerá

nem se procederá á execução, quando houver iniciado

um procedimento entre as mesmas partes,

fundamentado nos mesmos fatos e sobre o mesmo

objeto, perante qualquer autoridade jurisdicional da

Parte requerida, anteriormente é apresentação da

demanda perante a autoridade jurisdicional que teria

pronunciado a decisão da qual haja solicitação de

reconhecimento.

ARTIGO 23

Se uma sentença ou um laudo arbitral não puder

ter eficácia em sua totalidade, a autoridade jurisdicional

competente do Estado requerido poderá admitir sua

eficácia parcial mediante pedido da parte interessada.

ARTIGO 24

Os procedimentos, inclusive a competência dos

respectivos órgãos jurisdicionais, para fins de

reconhecimento e execução das sentenças ou dos

laudos arbitrais, serão redigidos pela lei do Estado

requerido.

CAPITULO VI

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Reinaldo Assis Pellizzaro

126

Dos Instrumentos Públicos e Outros

Documentos

ARTIGO 25

Os instrumentos públicos emanados de um

Estado Parte terão no outro a mesma força probatória

que seus próprios instrumentos públicos.

ARTIGO 26

Os documentos emanados de autoridades

jurisdicionais ou outras autoridades de um dos Estados

Partes, assim como as escrituras públicas e os

documentos que certifiquem a validade, a data e a

veracidade da assinatura ou a conformidade com o

original, e que sejam tramitados por intermédio da

Autoridade Central, ficam isentos de toda a legalização,

certificação ou formalidade análoga quando devem ser

apresentados no território do outro Estado Parte.

ARTIGO 27

Cada Estado Parte remeterá por intermédio da

Autoridade Central, a pedido de outro Estado Parte e

para fins exclusivamente públicos, os traslados ou

certidões dos assentos dos registros de estado civil, sem

nenhum custo.

CAPÍTULO VII

Informação do Direito Estrangeiro

ARTIGO 28

As Autoridades Centrais dos Estados fornecer-

se-ão mutuamente, a título de cooperação judicial, e

desde que não se oponham ás disposições de sua ordem

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

127

pública, informações em matéria civil, comercial,

trabalhista, administrativa e de direito internacional

provado, sem despesa alguma.

ARTIGO 29

A informação a que se refere o artigo anterior

poderá também ser prestada perante a jurisdição do

outro Estado, por meio de documentos fornecidos pelas

autoridades diplomáticas ou consulares do Estado Parte

de cujo direito se trata.

ARTIGO 30

O Estado que fornecer as informações sobre o

sentido do alcance legal de seu direito não será

responsável pela opinião emitida, nem estará obrigado a

aplicar o seu direito, segundo a resposta fornecida. O

Estado que receber as citadas informações não estará

obrigado a aplicar, ou fazer aplicar, o direito estrangeiro

segundo o conteúdo da resposta recebida.

CAPÍTULO VIII

Consultas e Solução de Controvérsias

ARTIGO 31

As autoridades Centrais dos Estados Partes

realizarão consulta nas oportunidades que lhes sejam

mutuamente convenientes com a finalidade de facilitar a

aplicação do presente Protocolo.

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128

ARTIGO 32

Os Estados Partes numa controvérsia sobre a

interpretação, a aplicação ou o não cumprimento das

disposições deste Protocolo, procurarão resolve-la

mediante negociações diplomáticas diretas. Se,

mediante tais negociações, não se chegar a um acordo

ou se tal controvérsia for solucionada apenas

parcialmente, aplicar-se-ão os procedimentos previstos

no Protocolo de Brasília para a Solução de

Controvérsias quando este entrar em vigor e enquanto

não for adotado um Sistema Permanente de Solução de

Controvérsias para o Mercado Comum do Sul.

CAPÍTULO IX

Disposições Finais

ARTIGO 33

O presente Protocolo, parte integrante do

Tratado de Assunção, entrará em vigor trinta (30) dias

após a data de depósito do segundo instrumento de

ratificação, e será aplicado provisoriamente a partir da

data de sua assinatura.

ARTIGO 34

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

129

A adesão por parte de um Estado ao Tratado de

Assunção implicará, ipso iure, a adesão ao presente

Protocolo.

ARTIGO 35

O presente Protocolo não restringirá as

disposições das convenções que anteriormente tiverem

sido assinadas sobre a mesma matéria entre os Estados

Partes, desde que não o contradigam.

ARTIGO 36

O Governo da República do Paraguai será o

depositário do presente Protocolo e dos instrumentos de

ratificação, e enviará cópias devidamente autenticadas

dos mesmos aos Governos dos Demais Estados Partes.

Da mesma maneira o Governo da República do

Paraguai notificará aos Governos dos outros Estados

Partes a data da entrada em vigor deste Protocolo e a

data de depósito dos instrumentos de ratificação.

Feito no Vale de Las Leñas, Departamento de

Malargue, Província de Mendoza, República Argentina,

aos 27 dias do mês de junho de 1992, em um original,

nos idiomas espanhol e português, sendo ambos os

textos igualmente autênticos.

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130

CAPÍTULO IX

CONCLUSÕES FINAIS

Sumário: 9. – Conclusões finais

9 – Conclusões finais

O Mercosul, como órgão aglutinador de

interesses econômicos e políticos, integra os países, da

Argentina, Brasil, Paraguai, República Oriental do

Uruguai e a Venezuela, deve ser conceituado, como

entidade dotada de personalidade jurídica própria,

tornando-se sujeito de direitos e obrigações com

atuação na ordem jurídica.

A Constituição Federal de cada Estado

Membro, foi transcrita na parte específica em que

estabelece princípios que disciplina as relações

internacionais.

Resultando do cotejo dos princípios

constitucionais, que somente a Carta Política do

Paraguai previu a supranacionalidade, valendo dizer que

a demais necessitam de reforma urgente, sem que

todavia se constitua em óbice legal para a existência do

e harmonização do ordenamento jurídico que tutela o

Mercosul.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

131

O insigne professor da Universidade de Direito

de Passo Fundo RS, em síntese feliz, colocou a questão

da supranacionalidade constitucional em sua atualidade:

“ A realidade da mundialização das questões e das

relações políticas, nacionais, supranacionais e

internacionais vem criando um novo processo de

legitimidade institucional e, em conseqüência, a

necessidade da construção de novos paradigmas para

direitos fundamentais e para universalização do justo

político e social”.27

O primeiro fator de convergência dos

ordenamentos jurídicos dos países que integram o

Mercosul, é o fato de que todos adotaram a codificação,

ou seja o ordenamento legal substantivo civil está

consubstanciado no Código Civil de cada País-

Membro.

A codificação das leis civis nos Países que

integram o Mercosul, tiveram origem, nas ordenações

que vigoravam nos reinos de Portugal e Espanha,

fortemente influenciadas pela França e esta por sua vez

mais remotamente foi influenciada pelas letras jurídicas

romanas, sendo portanto todos de origem romanística.

O Esboço de Teixeira de Freitas, inspirou e

serviu de paradigma á elaboração dos códigos civis,

dos Países que integram o Mercosul, resultando pois

que linha doutrinária dos grandes princípios jurídicos,

em que se erigiram tais Códigos, dimanam da mesma

fonte, e sem embargo, se constitui em decisivo fator de

27 HESPANHA, Benedito. “O político, o jurídico e o justo na

Constituição”Universidade de Passo Fundo, Faculdade de Direito. Justiça do

Direito, v.14, Passo Fundo, 2000.p.26

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Reinaldo Assis Pellizzaro

132

convergência do direito civil, tornando-se elemento de

integração dos Estados Partes.

Força concluir-se que o Mercado Comum do

Sul – Mercosul -, encontra no Código Civil de cada

país que o constitui, um elemento de convergência

altamente significativo para fortalecer os laços de

intercâmbio, com reais benefícios para as partes

integrantes.

O grande desafio é dar a lume um novel Código

Civil do Mercosul, inspirado na origem comum da

legislação substantiva codificada interna de cada

Estado-Membro, que fará desaparecer do mundo

jurídico do Mercado Comum do Sul, as barreiras de

ordem legislativa e físicas que separam a Argentina,

Brasil, Paraguai e República Oriental Uruguai, o que

fatalmente se tornará realidade a seu tempo.

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O DIREITO CIIVIL (Como Fator de Integração ) NO MERCOSUL

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