o diagnóstico organizacional como estratégia para o

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O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o Desenvolvimento e a Competitividade das Cooperativas Mineiras O caso do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas - PDGC Autor 1: FIGUEIREDO, Fabrício Henrique de (Mestrando em Administração de Empresas pelo Centro Universitário FUMEC Belo Horizonte-MG, pós-graduado MBA em Gestão de Cooperativas pela Fundação Pedro Leopoldo Pedro Leopoldo-MG, graduado em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Viçosa UFV e atualmente é analista pleno de cooperativismo pelo Sistema Ocemg) [email protected] Autor 2: SILVEIRA, José Fidelis da (Graduando em Ciências Contábeis na Universidade Estácio de Sá Belo Horizonte-MG, Pós-graduado MBA em Finanças Corporativas e Controladoria pelo Centro Universitário FUMEC Belo Horizonte-MG, graduado em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Viçosa UFV, graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Estácio de Sá e atualmente é analista pleno de cooperativismo pelo Sistema Ocemg) [email protected] Autor 3: DRUMOND, Vitória Resende Soares (Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário UNA Belo Horizonte-MG, graduada em Administração de Empresas com ênfase em cooperativismo pela Universidade Federal de Viçosa UFV e atualmente é gerente de acompanhamento de cooperativas pelo Sistema Ocemg) [email protected] Resumo: O objeto de estudo deste artigo é discutir a importância de um diagnóstico organizacional como estratégia para o desenvolvimento e a competitividade das cooperativas mineiras a partir do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas PDGC. O PDGC é uma ferramenta desenvolvida pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e pela FNQ (Fundação Nacional da Qualidade) e possui o objetivo de, através de uma autoavaliação, mensurar e estipular o nível de maturidade dos empreendimentos cooperativistas em relação à gestão e a governança. Em Minas Gerais existem quase 800 (oitocentas) cooperativas registradas e adimplentes junto ao seu sistema de representação estadual, o Sistema Ocemg (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais). Pretende-se, com este artigo, apresentar os resultados obtidos constatados a partir dos diagnósticos organizacionais, emitidos pelo PDGC, bem como sua evolução entre os anos de 2013 a 2015 junto às cooperativa aderentes mineiras e, com isso, responder à questão chave do estudo: Houve evolução da gestão e governança das cooperativas mineiras após o diagnóstico organizacional obtido a partir da autoavaliação? Palavras chave: Gestão, Governança, Maturidade, Estratégia. The Organizational Diagnostics as Strategy for Development and Competitiveness of Cooperatives in the Minas Gerais State Abstract

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Page 1: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

Desenvolvimento e a Competitividade das Cooperativas Mineiras

O caso do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas -

PDGC

Autor 1: FIGUEIREDO, Fabrício Henrique de (Mestrando em Administração de Empresas pelo Centro

Universitário FUMEC – Belo Horizonte-MG, pós-graduado MBA em Gestão de Cooperativas pela Fundação

Pedro Leopoldo – Pedro Leopoldo-MG, graduado em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de

Viçosa – UFV e atualmente é analista pleno de cooperativismo pelo Sistema Ocemg)

[email protected]

Autor 2: SILVEIRA, José Fidelis da (Graduando em Ciências Contábeis na Universidade Estácio de Sá – Belo

Horizonte-MG, Pós-graduado MBA em Finanças Corporativas e Controladoria pelo Centro Universitário

FUMEC – Belo Horizonte-MG, graduado em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Viçosa –

UFV, graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Estácio de Sá e atualmente é analista pleno de

cooperativismo pelo Sistema Ocemg) [email protected] Autor 3: DRUMOND, Vitória Resende Soares (Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

pelo Centro Universitário UNA – Belo Horizonte-MG, graduada em Administração de Empresas com ênfase em

cooperativismo pela Universidade Federal de Viçosa – UFV e atualmente é gerente de acompanhamento de

cooperativas pelo Sistema Ocemg) [email protected]

Resumo: O objeto de estudo deste artigo é discutir a importância de um diagnóstico organizacional como

estratégia para o desenvolvimento e a competitividade das cooperativas mineiras a partir do Programa

de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas – PDGC. O PDGC é uma ferramenta desenvolvida

pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e pela FNQ (Fundação Nacional da

Qualidade) e possui o objetivo de, através de uma autoavaliação, mensurar e estipular o nível de

maturidade dos empreendimentos cooperativistas em relação à gestão e a governança. Em Minas

Gerais existem quase 800 (oitocentas) cooperativas registradas e adimplentes junto ao seu sistema de

representação estadual, o Sistema Ocemg (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de

Minas Gerais). Pretende-se, com este artigo, apresentar os resultados obtidos constatados a partir dos

diagnósticos organizacionais, emitidos pelo PDGC, bem como sua evolução entre os anos de 2013 a

2015 junto às cooperativa aderentes mineiras e, com isso, responder à questão chave do estudo: Houve

evolução da gestão e governança das cooperativas mineiras após o diagnóstico organizacional obtido a

partir da autoavaliação?

Palavras chave: Gestão, Governança, Maturidade, Estratégia.

The Organizational Diagnostics as Strategy for Development and

Competitiveness of Cooperatives in the Minas Gerais State

Abstract

Page 2: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

The study of this article object is to discuss the importance of an organizational diagnosis and strategy

for the development and competitiveness of cooperatives in the Minas Gerais State. In Minas Gerais

there are almost 800 (eight hundred) registered cooperatives and non-defaulting next to it’s state

representation system, Ocemg System (Union and Organization of the State of Minas Gerais

Cooperative). It is intended, with this article, present the results observed from organizational

diagnostics issued by PDGC and its evolution between the years 2013-2015 with the mining adherents

cooperative and, therefore, answer the key question of the study : There have been developments in

the management and governance of the mining cooperatives after the organizational diagnosis

obtained from the self-assessment?

Key-words: Management, Governance, Maturity, Strategy.

1 Introdução

1.1 As cooperativas e os princípios cooperativistas

As cooperativas são sociedades de pessoas, organizadas em bases democráticas, sem

finalidade lucrativa e identificadas por valores e características próprias, conhecidos como

princípios cooperativistas (PINHO, 2004).

O objetivo principal das cooperativas é auferir ganho econômico para seus associados, dentro

de uma lógica distinta da concorrência e da obtenção de lucros observados nas sociedades de

capital. Por esse motivo, assumem princípios doutrinários que lhes conferem identidade

diferenciada, com forte vínculo social.

As cooperativas estabelecem entre si um acordo de cooperação baseado na gestão

democrática, em que o que é valorizado é o trabalho e não o capital. Uma cooperativa para o

mercado pode ser tão eficiente e competitiva quanto qualquer sociedade de capital, porém sua

legitimidade está baseada em uma gestão norteada pelos princípios cooperativistas.

As cooperativas são caracterizadas por uma série de atributos diferenciais que as distinguem

das empresas de capital, principalmente em termos de governança e repartição das riquezas. O

primeiro ponto a destacar é que não existe um grupo de proprietários separado dos demais

públicos; nas cooperativas, os cooperados são ao mesmo tempo donos do negócio e usuários

dos seus serviços. O segundo é que os cooperados sócios dessas organizações relacionam-se a

fim de suprir uma demanda comum de bens ou serviços, e o retorno dessas operações é

sempre proporcional à sua operacionalização com a cooperativa, não existindo a figura do

lucro.

A primeira cooperativa formalmente constituída foi a Cooperativa dos Probos Pioneiros

Equitativos de Rochdale, com sede na cidade de Manchester, na Inglaterra. Foi constituída em

1844 como uma resposta às precárias condições econômicas vigentes durante a Revolução

Industrial. Segundo Bialoskorski (2004), a cooperativa de Rochdale foi idealizada por alguns

tecelões de forma a não reproduzir os erros capitalistas da propriedade privada, do lucro e da

livre concorrência.

As cooperativas possuem um modelo teórico que foi fundamentado nos princípios

cooperativistas de Rochdale. Os associados da Cooperativa de Rochdale desenvolveram um

estatuto que previa os valores importantes para aquele grupo, desejavam mais que alimentos a

preços justos: se preocupavam com a educação, a participação social e a melhoria das

condições de vida dos seus membros.

Atualmente, as cooperativas necessitam adequar-se a um mercado cada vez mais competitivo,

que exige qualidade e competitividade; porém, para as cooperativas, o cenário é mais

desafiador, pois devem também preservar em sua gestão o ideário cooperativista inspirado em

Rochdale e a prática dos princípios cooperativos.

Page 3: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

Braga et al (2002) já argumentava sobre a importância de se construir um referencial que

discuta os critérios da autenticidade das cooperativas baseando-se nos princípios como forma

de fortalecer o movimento cooperativista autêntico.

Os princípios cooperativistas são importantes porque orientam a vida da cooperativa. Eles

devem guiar o comportamento e a rotina diária da sociedade cooperativa e, portanto, deixam

de se apresentar como algo distante da realidade da cooperativa e passam a desempenhar

papel relevante.

A Revolução Industrial mudou, no século XVIII, a face da Inglaterra. O processo

produtivo foi modificado e, no lugar da produção artesanal realizada em pequenas

oficinas, nasceu a sistematização do trabalho, que passou a ser realizado nas fábricas

com a utilização de máquinas a vapor e, posteriormente, com o emprego da

eletricidade. Esse novo modo de produção fabril trouxe consigo a divisão do

trabalho, a miséria social e a exploração maciça da mão de obra operária. Também

levou à polarização da sociedade em duas classes: a dos capitalistas proprietários

dos meios de produção e a dos proletários vendedores da sua força de trabalho, o

que levou a uma concentração de riquezas nas mãos de uma minoria e a uma relação

de oposição e de exploração do capital sobre o trabalho (SCHNEIDER, 1991).

Os pioneiros que criaram a primeira cooperativa não queriam uma cooperativa apenas para

suprir necessidades de consumo dos sócios, mas também para melhorar suas condições de

vida. A partir desse pensamento, foi elaborado um conjunto de “Leis e Objetivos” da

sociedade, que continha construção de um armazém, compra de casas para os membros,

forma de gestão, descrição de cargos, obrigação de uma reunião anual, indicação de dois

auditores, critérios de ingresso, retirada dos sócios, entre outros.

Os princípios são regras de conduta que servem como base para ditar leis, regras e

comportamentos. Os princípios cooperativistas definem as características das cooperativas e

servem de limite para descrever e delimitar como os empreendimentos cooperativos devem

proceder e operar. A compreensão e a prática desses princípios são fatores importantes para o

sucesso de uma cooperativa. A seguir, é apresentada a Tabela 1, que ilustra a trajetória dos

princípios cooperativistas.

Estatuto de 1844 Congressos da Aliança Cooperativa Internacional – ACI

(Rochdale) 1934* 1937 (Paris) * 1966 (Viena) 1995 (Manchester)

1 Adesão Livre 2 Gestão

Democrática

3 Retorno Pro Rata das Operações

4 Juro Limitado ao

Capital Investido 5 Vendas a

Dinheiro

6 Educação dos Membros

7 Cooperativização

Global

a) Princípios Essenciais

de Fidelidade aos

Pioneiros

1 Adesão aberta 2 Controle ou Gestão

Democrática

3 Dividendo sobre as Compras

4 Juros Limitados ao

Capital

b) Métodos Essenciais

de Ação e

Organização

5 Compras e Vendas à

Vista

6 Promoção da

Educação

7 Neutralidade Política e

Religiosa

c) Normas Adicionais

1. Operar exclusivamente

com sócios 2. a cooperação deve ser

a) Princípios

Essenciais de

Fidelidade aos

Pioneiros

1 Adesão aberta

2 Controle ou Gestão

Democrática 3 Distribuição das

Sobras (ou

Excedentes) a Pro Rata das Transações

4 Juros Limitados ao

Capital

b) Métodos

Essenciais de Ação

e Organização

1. Compras e Vendas à

Vista

2. Promoção da Educação

3. Neutralidade

Política e Religiosa

1 Adesão Livre (Inclusive Neutralidade Política,

Religiosa, Racial e

Social) 2 Gestão Democrática

3 Distribuição das Sobras:

a) ao Desenvolvimento da Cooperativa

b) aos Serviços Comuns

c) aos Associados Pro Rata das operações

4 Taxa Limitada de Juros

ao Capital Social 5 Constituição de um

Fundo para a Educação

dos Associados e do

Público em Geral

6 Ativa Cooperação entre

as Cooperativas em Âmbito Local, Nacional

e Internacional.

1 Adesão Voluntária e

Livre

2 Gestão Democrática

3 Participação

Econômica dos Sócios

4 Autonomia e

Independência 5 Educação,

Formação e

Informação 6 Intercooperação

7 Preocupação

com a

Comunidade

Page 4: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

voluntária

3. Vendas a preço de

mercado 4. Destinação

desinteressada do

ativo líquido da cooperativa em caso

de dissolução

*Os Princípios Essenciais de Fidelidade aos Pioneiros eram obrigatórios para a adesão à ACI, enquanto os Métodos Essenciais de Ação e Organização tinham apenas caráter de orientação. (SCHNEIDER, 1991)

Fonte: ACI, 2010.

Tabela 1 – Evolução dos princípios cooperativistas

A alteração dos princípios ao longo dos anos poderia ser questionada, uma vez que poderia

colocar em risco a ideologia do movimento, porém Cançado e Gontijo (2009) ressaltam que

as modificações são necessárias e reforçam os princípios.

Atualmente as cooperativas devem seguir os princípios definidos em Manchester. Sem negar

a importância de todos os princípios, e considerando que não existe uma hierarquia entre eles,

porém, a estrutura organizacional das sociedades cooperativas possibilita a democratização da

gestão através da participação dos sócios na administração e fiscalização do empreendimento.

Assim, o grande mérito das sociedades cooperativas está no seu caráter democrático e, em sua

essência, consiste na aplicação do princípio de gestão democrática.

O avanço da prática da gestão democrática, através de uma crescente consciência dos direitos

e deveres de cada cooperado, será a garantia para uma gestão participativa, na medida em que

a cooperativa adquire capacidade de desenvolver uma atividade econômica voltada para o

atendimento das necessidades dos associados.

Carneiro (1981) e Schneider (1991) confirmam essa interpretação quando afirmam que as

sociedades cooperativas baseiam-se nos princípios cooperativistas, mas tomam como ponto de

partida, indispensáveis ao empreendimento cooperativo, o princípio de gestão democrática e

retorno da participação econômica dos sócios. Tais princípios são a essência do

empreendimento cooperativo e não devem ser negligenciados, sob pena de perda da

identidade do empreendimento cooperativo.

1.2 O Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas - PDGC

O PDGC integra a Diretriz Nacional de Monitoramento do Serviço Nacional de

Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop Nacional, possuindo como objetivo principal a

promoção e adoção de boas práticas de gestão e governança pelas cooperativas participantes.

O PDGC foi construído a partir do patenteado Modelo de Excelência da Gestão – MEG,

desenvolvido pela Fundação Nacional da Qualidade – FNQ, referência no que se refere à

melhoria da qualidade da gestão e ao aumento da competitividade empresarial.

A aplicação do PDGC ocorre em ciclos anuais, com o objetivo de proporcionar a cooperativa

uma análise em relação as suas práticas de gestão propiciando buscar melhorias contínuas a

cada ciclo. Todo o programa é desenvolvido no ambiente Web.

O programa oferece as cooperativas um instrumento que proporciona uma autoavaliação em

relação às práticas de gestão, permitindo um diagnóstico objetivo de suas ações. A partir desta

autoavaliação é gerado um relatório com os pontos fortes e as oportunidades de melhoria que

podem ser utilizadas nos planos de ação e no planejamento estratégico.

Page 5: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

2 Questionamento da pesquisa e objetivos

A definição do problema partiu de várias indagações dos autores do artigo sobre as

cooperativas, suas dificuldades no campo da gestão e governança, bem como a defesa de que

a aplicação de um modelo de excelência, considerando as particularidades das cooperativas,

enquanto empreendimento econômico diferenciado e caracterizado como “sociedade de

pessoas”, que deve gerar resultados e, ao mesmo passo, promover a gestão social.

Compreendendo a importância de se adotar a excelência da gestão e da governança nas

cooperativas a questão norteadora a ser respondida neste artigo é: Houve evolução da gestão

e governança das cooperativas mineiras após o diagnóstico organizacional obtido a

partir da autoavaliação?

O presente trabalho pretende estudar a aplicação e apresentar os resultados da metodologia do

Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas – PDGC em Minas Gerais.

Convém ressaltar que este Programa é acessível à todas cooperativas registradas e

adimplentes junto ao seu órgão de representação (Sistema Ocemg) e não possui nenhum custo

para as cooperativas.

Constitui objetivo geral deste artigo é apresentar, de acordo com os resultados obtidos no

triênio 2013-2015, como é praticada a gestão e a governança nas cooperativas do Estado de

Minas Gerais. Para atingir a esse objetivo maior, tem-se como objetivos específicos: a)

Estudar as características do cooperativismo, os princípios cooperativistas e sua evolução

histórica; b) Apresentar o órgão de representação das cooperativas em âmbito estadual

segundo a Lei n. 5.764/711; c) Apresentar os resultados observados das cooperativas aderentes

ao Programa no triênio 2013-2015.

O conceito de Governança Corporativa consiste na conduta que orientam a ação dos

administradores com o objetivo de atender aos interesses dos acionistas (shareholders) e dos

stakeholders (partes interessadas na empresa).

Assim, a partir da Governança Corporativa cria-se condições para uma organização mais

racional, ética, economicamente sustentável e socialmente aceita.

Convém ressaltar que existem diversas definições para Governança Corporativa, porém em

todas há coesão, princípios, finalidades, modelos e práticas.

No Brasil o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é uma organização de

renome, exclusivamente dedicada à promoção da governança e principal fomentador das

práticas e discussões sobre o tema no País. O Instituto é reconhecido nacionalmente e

mundialmente e, em 2004, apresentou a definição formal para Governança Corporativa:

“Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas,

monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários,

Conselho de Administração, Diretoria e órgão de controle. As boas práticas de

Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas,

alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização,

facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade”. (IBGC,

2004)

Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas são dirigidas e monitoradas,

1 Lei n. 5.764/71, art. 107: As cooperativas são obrigadas, para seu funcionamento, a registrar-se na Organização

das Cooperativas Brasileiras ou na entidade estadual, se houver, mediante apresentação dos estatutos sociais e

suas alterações posteriores.

Page 6: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

envolvendo os relacionamentos entre seus sócios, conselho de administração, diretoria,

auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança ajudam a preservar e

aumentar o valor da empresa, facilitam o acesso ao capital e contribuem para a sua

longevidade.

Porém adotar a excelência da gestão e da governança nas cooperativas não é uma tarefa fácil.

Devido ao fato de ser uma sociedade de pessoas no qual cada cooperado é dono, usuário e

fornecedor no empreendimento, torna-se fundamental que estas organizações sejam

administradas democraticamente. Este fato constitui o elemento essencial do cooperativismo.

Não há uma hierarquia entre os cooperados de acordo com o capital. Para este tipo societário

“um homem vale um voto”.

As cooperativas são organizações democráticas controladas por seus sócios, os quais

participam ativamente no estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisões.

Homens e mulheres eleitos, como representantes, são responsáveis para com os

sócios. Nas cooperativas singulares os sócios têm igualdade na votação (um sócio,

um voto); as cooperativas de outros graus são também organizadas de maneira

democrática. (ACI, 2010. Tradução nossa)

Pinho (1982) comenta que autogestão, em sentido etimológico geral, pode ser entendida como

a gestão da cooperativa pelos próprios associados, o que significa dizer que é a

democratização das decisões em organizações econômicas simples ou complexas. Essas

características marcam todas as cooperativas, desde os primórdios. Assim, o principal agente

da autogestão é o cooperado, que deve participar ativamente do empreendimento.

Para assumir a autogestão, há que se ter consciência de que o sucesso do empreendimento

cooperativo depende de uma organização interna da cooperativa, do seu quadro social, da

transparência de sua administração, do objetivo comum, da participação dos associados.

A responsabilidade do associado vai além da própria associação à cooperativa. Ele se obriga a

contribuir não apenas com recursos, mas com seu compromisso, seus conhecimentos, e, em

contrapartida, recebe o poder e o dever de decidir sobre os rumos do negócio. Valadares

(2003) confirma essa mesma interpretação, mostrando que a participação dos associados na

tomada de decisão e na administração do negócio é a essência da gestão das cooperativas.

A sobrevivência da cooperativa apresenta uma relação direta com a efetiva participação dos

seus cooperados nos processos de decisão da entidade. No centro da cooperativa está a pessoa

do sócio; mesmo que seja importante a presença de capital no empreendimento, este, por si

só, não é suficiente. Mais importante é a pessoa do associado, sem cuja participação os

negócios não têm, por sua própria estrutura, condições de viabilidade ou sobrevivência.

Schneider (1991) ainda reforça que o processo democrático não se restringe apenas a votar e

ser votado e participar das assembleias: o cooperado deve assumir um envolvimento

consciente e permanente com a sua cooperativa, o que compreende a participação no processo

de elaboração das decisões e no controle sobre a execução das mesmas. O autor afirma:

A democracia cooperativa não se realiza apenas através da participação no voto,

elegendo seus dirigentes e fiscais, mas também participando diretamente da escolha

dos objetivos da organização, na definição das políticas a seguir e no controle e na

periódica prestação de contas sobre a execução das decisões. Sem a participação

nestes aspectos essenciais, a mera participação ao nível das eleições poderá ser uma

participação inócua e expressando apenas as formalidades ritualísticas da

democracia, mas não de suas exigências mais radicais. (SCHNEIDER, 1991, p. 205)

Page 7: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

A autogestão tem como premissa a participação e o elevado grau de envolvimento dos

cooperados com a gestão da cooperativa. Em uma cooperativa na qual exista gestão

democrática, os cooperados dividem responsabilidades, participam do estabelecimento de

objetivos e metas, debatem decisões e traçam os rumos do negócio.

3 Caracterização do objeto pesquisado

O Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais, Sistema Ocemg, é a

entidade máxima de representação do cooperativismo no Estado. Representa, segundo dados

extraídos do “Anuário de Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro”, de

2015, 792 cooperativas em Minas Gerais. Congrega quase 1,3 milhões de cooperados e

emprega mais de 35 mil pessoas. Possui relevante participação no PIB mineiro, na ordem de

6,4%, movimentando R$ 32,9 bilhões de reais em 2014.

O Sistema Ocemg defende o cooperativismo voltado à eficiência econômica, dentro das

regras do mercado, o que exige das suas cooperativas uma gestão cada vez mais

profissionalizada, focada no desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de gestão para o

êxito do negócio cooperativo.

Atualmente o Estado de Minas Gerais alcança a segunda colocação em número de

cooperativas registradas (792), representando 11,1% do total de cooperativas no país,

perdendo apenas para São Paulo (15,5%).

Possuindo como prioridade auxiliar as cooperativas em Minas Gerais na busca pela

excelência da gestão e da governança, o PDGC foi divulgado a todas as cooperativas, com o

intuito de proporcionar as cooperativas mineiras uma ferramenta que proporcione um

mapeamento em relação às suas práticas de gestão.

O público a ser trabalhado neste artigo consiste nas cooperativas que aderiram ao PDGC e

concluíram o preenchimento dos questionários nos ciclos 2013, 2014 e 2015.

4 Metodologia

O Programa é divulgado em Minas Gerais por meio de visitas técnicas realizadas junto às

cooperativas, workshops para orientar o correto preenchimento da ferramenta, workshops de

plano de melhoria auxiliando as cooperativas na elaboração de planos de melhorias em

atendimento às oportunidades de melhorias identificadas, workshops de estruturação e

melhoria de processos com o objetivo de orientar as cooperativas na estruturação e melhoria

de seus processos, workshops relacionados à governança e ao critério clientes e pessoas de

forma a aprofundar os conceitos relativos ao tema. A sensibilização das cooperativas mineiras

também ocorre por meio do lançamento de cada ciclo e de contato telefônico.

No ano de 2013 foram 197 cooperativas que concluíram o programa, representando 36,4%

das cooperativas de todo o Brasil que concluíram o Programa. Já no ano de 2014 o número de

cooperativas mineiras que concluíram o PDGC foi 158, representando 35,7% do total de

cooperativas brasileiras no programa, enquanto que no ano de 2015 Minas Gerais representou

30,7% em relação ao número de cooperativas no programa de todo Brasil, chegando a 172

cooperativas concluintes no programa.

A Tabela, a seguir, abaixo evidencia este panorama:

Page 8: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

Ciclo Brasil Minas Gerais Representatividade

2013 541 197 36,41%

2014 442 158 35,75%

2015 559 172 30,77%

Fonte: os autores (2015)

Tabela 2 – Cooperativas que concluíram o PDGC

O universo pesquisado contempla cooperativas do ramo: Agropecuário, Crédito, Saúde,

Transporte, Trabalho, Educacional, Habitacional, Consumo, Mineral e Produção, conforme

demonstrado:

Fonte: os autores (2015)

Tabela 3 – Cooperativas, por ramos, que concluiram o PDGC em Minas Gerais

No ciclo 2013 as cooperativas que responderam o PDGC representam 26% do total de

cooperativas do quadro social do Sistema Ocemg, no ciclo 2014 a representatividade das

cooperativas respondentes foi de 20% e no ciclo 2015 as cooperativas respondentes

representavam 22% do total de cooperativas no Sistema Ocemg.

5 Resultados da pesquisa

A partir da consolidação dos dados foram elaborados os indicadores que representam a parte

quantitativa do programa, possibilitando uma análise comparativa ao longo dos ciclos.

O Programa possibilita a análise do nível de maturidade das cooperativas em dois aspectos:

Governança e Gestão, a síntese destes aspectos evidencia o Índice de Sustentabilidade

Cooperativista, índice este que demonstra o nível de maturidade da cooperativa em relação às

práticas de Governança e Gestão.

O bloco governança tem por objetivo avaliar as práticas relacionadas à governança

corporativa praticada pela cooperativa, verificando os meios utilizados para estimular a

participação dos cooperados e a promoção da educação cooperativista. Versa sobre as práticas

para o desenvolvimento de novas lideranças tendendo a renovação dos órgãos de

administração e fiscalização. E a aplicação dos princípios de equidade, prestação de contas,

transparência e responsabilidade corporativa.

Considera ainda, temas pautados ao relacionamento com os cooperados, como por exemplo, a

identificação das necessidades e expectativas, considerando o agrupamento dos cooperados,

as formas de divulgação dos produtos e serviços e os canais para recebimento e tratamento de

reclamações e avaliação da satisfação dos cooperados.

Durante os três ciclos de aplicação do PDGC nas cooperativas mineiras foram evidenciados

PDGC - 2013 PDGC – 2014 PDGC – 2015

Crédito 105 53% 76 48% 84 49%

Agropecuário 49 25% 34 22% 37 21%

Saúde 18 9% 26 16% 29 17%

Transporte 11 6% 8 5% 10 6%

Demais Ramos 14 7% 14 9% 12 7%

Total 197 100% 158 100% 172 100%

Page 9: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

uma evolução em relação à governança das cooperativas, indicando um aumento no nível de

maturidade. No ciclo 2013 o Índice Sescoop de Governança foi de 59,89%, no ciclo 2014 este

índice evoluiu para 61,51% e no ciclo 2015 o índice ficou em 65,50%, indicando que as

cooperativas mineiras levam em consideração nos seus processos de gestão os princípios da

boa governança.

Pode-se inferir que no decorrer dos três ciclos houve uma evolução nos processos e práticas

de gestão relacionada à boa governança, sendo assim tivemos um aumento percentual de

4,58% por período significando um amadurecimento nas práticas de gestão relacionadas ao

processo de governança.

Outro aspecto analisado é referente ao processo de gestão, tendo como base o Modelo de

Excelência da Gestão - MEG, neste contexto são analisados oito critérios: Liderança,

Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e

Resultados, a partir da análise de cada resposta da cooperativa e considerando os respectivos

pesos de cada critério é gerado o Índice Sescoop de Gestão (ISG).

O ISG reflete o nível de gestão da cooperativa, no ciclo 2013 o ISG das cooperativas mineiras

foi de 62,99%, no ciclo 2014 o nível de gestão das cooperativas foi de 63,61%, já no ciclo

2015 o nível de maturidade das cooperativas mineiras em relação ao processo de gestão foi de

67,62%, evidenciando uma evolução no nível de maturidade, neste sentido observamos um

aumento percentual no nível de maturidade das cooperativas de 3,61% por período.

Será apresentado os resultados encontrados nos oito critérios que compõe o ISG de forma a

entender-se como se comportou cada critério e o que é analisado dentro da cooperativa em

cada item.

No critério Liderança foi evidenciada uma evolução na maturidade das cooperativas na ordem

de 2,17% por período, no ciclo 2013 foi apresentado neste critério um percentual de 77,19%,

chegando ao ciclo 2015 com 80,68%. Neste critério são analisados os aspectos inerentes ao

papel das lideranças da cooperativa, representada por seus dirigentes. Verifica-se a

formulação da missão e sua comunicação aos colaboradores e cooperados, as práticas de

intercooperação realizadas, o incentivo ao comportamento ético. O compartilhamento das

informações e a aplicação dos conhecimentos adquiridos na gestão da cooperativa, a análise

de desempenho do negócio e o desenvolvimento gerencial dos dirigentes.

No critério Estratégias e Planos a evolução do nível de maturidade foi de 4,28% por período,

ou seja, no ciclo 2013 o critério apresentou 64,34% alcançando no ciclo 2015 um nível de

maturidade de 69,97%. Esse critério analisa o posicionamento estratégico da cooperativa por

meio de suas estratégias e planos. Foi considerado a formulação e validação da visão da

cooperativa e sua comunicação aos colaboradores, a definição das estratégias para

cumprimento da visão determinada, o estabelecimento de metas, indicadores, planos de ação e

o monitoramento para garantir a implementação das estratégias e assegurar o cumprimento

das metas.

A relação das cooperativas mineiras junto aos seus Clientes também foi analisada, indicado ao

longo dos três ciclos uma evolução de 1,94% por período, passando de 71,03% no ciclo 2013

para 73,81% no ciclo 2015. Podemos inferir que o conhecimento dos clientes por parte das

cooperativas proporciona a mesma: um conhecimento do mercado e agrupamento de seus

clientes, conhecimento das necessidades e expectativas de seus consumidores, divulgação dos

produtos e serviços direcionados aos grupos de clientes, considerando suas necessidades e

expectativas, registro e tratamento adequado das reclamações e por fim possibilita avaliar

como esta a satisfação dos clientes em relação à cooperativa.

No critério Sociedade a evolução do nível de maturidade das cooperativas mineiras foi na

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ordem de 2,25% por período. Cooperativas que realizam boas práticas relacionadas a este

critério conseguem acompanhar e atender as exigências legais para o funcionamento da

organização conhece e trata os impactos negativos causados ao meio ambiente relacionado ao

seu negócio principal e realizam ações ou projetos sociais com o envolvimento de seus

cooperados e colaboradores. Neste critério o nível de maturidade das cooperativas em relação

as suas práticas no ciclo 2013 foi de 79,17%, alcançando o patamar de 82,77% no ciclo 2015.

No critério Informações e Conhecimentos é analisada a definição das informações necessárias

para o planejamento e análise das atividades da cooperativa para a tomada de decisão e como

estas informações são disponibilizadas aos colaboradores. Avalia como o conhecimento

adquirido na execução das atividades é compartilhado dentro da cooperativa. Sendo assim, o

nível de excelência das praticas relacionadas às Informações e Conhecimento alcançou no

ciclo de 2013 um resultado de 71,68% passando para 74,98% no ciclo 2015, desta forma

podemos inferir que o critério obteve uma evolução no seu nível de maturidade 2,28% por

período pesquisado.

Ao observar-se as práticas de gestão relacionadas às Pessoas que trabalham nas cooperativas

evidencia-se uma evolução de 2,04% por período, passando de 71,25% no ciclo 2013 e

obtendo o patamar de 74,20% no ciclo 2015. Foi observada a definição dos cargos na

cooperativa e as responsabilidades inerentes a cada função, considerou-se também o processo

de seleção dos colaboradores, as ações de capacitação para o exercício das funções e as ações

voltadas para a educação cooperativista dos colaboradores. Por fim, o critério tem por

objetivo analisar os perigos e riscos associados ao trabalho e como a cooperativa identifica e

trata os fatores que podem afetar o bem-estar e a satisfação dos colaboradores.

A padronização e a execução dos Processos da cooperativa de acordo com o que foi planejado

também são avaliadas pelo Programa, neste sentido foi observado um nível de maturidade de

68,34% das cooperativas mineiras referente ao critério processo, no ciclo 2015, comparado ao

ciclo 2013 onde o nível de maturidade foi de 62,66% tivemos uma evolução de 4,43% por

período. A execução com excelência deste critério na cooperativa poderá proporcionar maior

controle dos processo principais, padronização na execução dos processos principais,

promoção do desenvolvimento dos cooperados, seleção e avaliação dos fornecedores externos

e o controle das finanças inerentes à cooperativa.

Fechando o ciclo de gestão nas cooperativas tem-se o critério Resultados que objetiva o

controle sistemático das práticas e dos resultados da cooperativa de forma a acompanhar o seu

desempenho. No ano de 2013 encontrou-se um nível de maturidade neste critério na ordem de

45,27%, ao longo dos ciclos teve-se uma evolução de 6,41% por período, passando para

51,26% a maturidade do critério no ciclo 2015. Os resultados avaliados neste critério foram:

satisfação e reclamação dos clientes, satisfação dos cooperados e colaboradores, acidentes de

trabalho com os colaboradores, ingressos médios por cooperados, percentual de sobras,

participação dos atos não cooperados e a sua lucratividade.

Abaixo segue um panorama do ISG ao longo dos três ciclos pesquisados, considerando cada

um de seus critérios.

Critério 2013 2014 2015

1 – Liderança 77,29% 75,95% 80,68%

2 - Estratégias e planos 64,34% 65,03% 69,97%

3 – Clientes 71,03% 70,13% 73,81%

4 – Sociedade 79,17% 81,95% 82,77%

5 - Informações e Conhecimento 71,68% 69,89% 74,98%

Page 11: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

6 – Pessoas 71,25% 72,32% 74,20%

7 – Processos 62,66% 64,03% 68,34%

8 – Resultados 45,27% 46,91% 51,26%

Fonte: os autores (2015)

Tabela 4 – Índice Sescoop de Gestão ISG

Ao longo dos três ciclos analisados observou-se uma evolução em relação à governança e a

gestão nas cooperativas, como consequência o nosso Índice de Sustentabilidade

Cooperativista (ISSC) que é a mensuração da governança e da gestão em um único índice,

apresentou uma evolução de 3,84% por período. Conforme pode-se observar na tabela abaixo:

Índices 2013 2014 2015

ISGC 59,89% 61,51% 65,50%

ISG 62,99% 63,61% 67,62%

ISSC 62,22% 63,09% 67,09%

Fonte: os autores (2015)

Tabela 5 – Panorama geral dos índices

Após análise do índice de governança e do índice de gestão, individualizado em cada um de

seus critérios que compõe o MEG, pode-se inferir que nos três ciclos analisados houve uma

evolução em relação às praticas de governança e gestão praticadas pelas cooperativas

mineiras após a sua adesão ao PDGC. O processo de gestão e governança é algo contínuo

dentro da organização, desta forma as práticas de gestão e governança já evidenciadas nas

cooperativas devem ser mantidas de forma a conservar a sua competitividade em relação aos

seus negócios.

6 Conclusões

O estudo das cooperativas é relevante devido à sua importância para o desenvolvimento

econômico e social das comunidades nas quais estão inseridas e da economia nacional como

um todo. Desta forma constitui-se de fundamental relevância que estes empreendimentos, ora

considerados “sociedade de pessoas”, que competem no mercado tal qual “sociedade de

capital”, possuam excelência na gestão e na governança. No entanto, além das questões

mercadológicas, financeiras e contábeis, é preciso levar em conta os aspectos da gestão social

desses empreendimentos.

O presente artigo apresentou os resultados obtidos pelas cooperativas aderentes aos Programa

de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas – PDGC no triênio 2013-2015 e comprovou

que houve evolução na gestão e na governança das cooperativas mineiras após a reflexão

sobre os diagnósticos organizacionais emitidos após uma autoavaliação.

A pesquisa contemplou um respaldo teórico sobre a conceituação de cooperativismo e dos

princípios cooperativistas, sobre a importância da gestão democrática para este tipo societário,

sobre o sistema de representação das cooperativas em Minas Gerais, sobre a metodologia do

PDGC e sobre os resultados globais e sua evolução nas cooperativas aderentes ao Programa

no triênio 2013-2015.

Ressalta-se que este estudo é apenas o marco inicial para uma discussão mais aprofundada

sobre a importância da excelência da gestão e governança nas cooperativas. Tendo em vista a

Page 12: O Diagnóstico Organizacional como Estratégia para o

complexidade do trabalho do estudo, ao se propor a pesquisar a gestão e a governança para

que, com isso, as cooperativas possam se desenvolver e tornarem-se mais competitivas frente

ao mercado, em hipótese alguma se pode dizer que este estudo chegou ao fim, outrossim

expor que foi dado o primeiro passo para que as cooperativas, enquanto sistema econômico e

social, consiga alcançar a excelência na gestão e na governança para se consolidarem no

mercado e que tenham equilíbrio entre dirigentes, cooperados, colaboradores e atores locais

no que tange às ações sociais com a qual a organização cooperativa deve estar sempre

comprometida.

O artigo mostrou a importância do diagnóstico organizacional, obtido a partir da

autoavaliação do PDGC, bem como a comprovação de que houve evolução na gestão e na

governança das cooperativas aderentes ao Programa no período estudado.

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