o deus pródigo

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O Deus Pródigo1 Lucas 15.11-32 INTRODUÇÃO: “Não tenho medo de morrer; tenho medo de não viver. De deixar os anos passarem e eu passar pela vida sem nada para deixar aos que por mim passam. Quero viver o presente à luz da eternidade. Como se toda manhã fosse o último dia, e como se o último dia fosse a primeira manhã. Anseio morrer pelo que acredito em cada pulso; por cada chão em meu riso e choro. Isso me dá a certeza de que não vivo para sobreviver; sobrevivo é para viver”. Esse foi um dos poemas que escrevi após me debruçar na estória do filho pródigo. Esta parábola levanta o problema de apenas sobreviver, vivendo como se a própria vida fosse um produto puramente descartável. É uma parábola pródiga: intensidade, gasto, investimento, suor e vivacidade correm e permeiam todo o texto. Um pai apaixonado, dois filhos radicalmente diferentes, metáforas absurdas e um final inesperado, improvável, mas extraordinário: uma festa. Não é à toa que este conto é considerado o mais conhecido e amplamente divulgado em toda a história e em todos os lugares do mundo.Minha proposta aquié compreendera parábola de Jesus em dois movimentos: o problema e a graça (solução). Qual é o problema que se trata aqui no texto? Há claramente no cap. 15 de Lucas um conflito entre publicanos e religiosos (15.1-3). E aqui eles são ilustrados como dois filhos, o mais novo (publicanos) e o mais velho (religiosos).

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Mensagem pregada em Lucas 15.11-32 intitulada: "O Deus Pródigo".

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Page 1: O Deus Pródigo

O Deus Pródigo1 Lucas 15.11-32

INTRODUÇÃO:

“Não tenho medo de morrer;

tenho medo de não viver.

De deixar os anos passarem

e eu passar pela vida

sem nada para deixar

aos que por mim passam.

Quero viver o presente à luz

da eternidade.

Como se toda manhã

fosse o último dia,

e como se o último dia

fosse a primeira manhã.

Anseio morrer pelo que acredito

em cada pulso;

por cada chão

em meu riso e choro.

Isso me dá a certeza

de que não vivo para sobreviver;

sobrevivo é para viver”.

Esse foi um dos poemas que escrevi após me debruçar na estória do “filho

pródigo”. Esta parábola levanta o problema de apenas sobreviver, vivendo como se

a própria vida fosse um produto puramente descartável.

É uma parábola pródiga: intensidade, gasto, investimento, suor e vivacidade

correm e permeiam todo o texto. Um pai apaixonado, dois filhos radicalmente

diferentes, metáforas absurdas e um final inesperado, improvável, mas

extraordinário: uma festa. Não é à toa que este conto é considerado o mais

conhecido e amplamente divulgado em toda a história e em todos os lugares do

mundo.Minha proposta aquié compreendera parábola de Jesus em dois

movimentos: o problema e a graça (solução).

Qual é o problema que se trata aqui no texto? Há claramente no cap. 15 de

Lucas um conflito entre publicanos e religiosos (15.1-3). E aqui eles são ilustrados

como dois filhos, o mais novo (publicanos) e o mais velho (religiosos).

Page 2: O Deus Pródigo

O Deus Pródigo2 Lucas 15.11-32

O problema vitalnesta parábola é que:

PROBLEMA:Os filhos do Pai vivem como se Ele estivesse morto (v.12-15, 29).

Isso fica claro pelo teor do pedido do filho mais novo pela herança de um pai

vivo. É inconcebível para época pedir herança para um pai ainda vivo. Em outras

palavras ele disse: “Pai, para mim o senhor está morto; para mim você já morreume

dê logoa herança”.Isso configura uma nova definição de pecado. Pecar é muito mais

que quebrar regras ou desobediência, é viver como se Deus estivesse, de fato,

morto.

E há duas formas de viver assim: do lado de fora e do lado de dentro. A

primeira delas parece óbvia para nós: significa ser pródigo, quebrar todas as regras,

sair de casa, ir para uma terra distante, consumir tudo pelo prazer instantâneo e

descartável. Chegar à humilhação de não poder comer alfarrobas; tornar-se pior do

que o animal mais imundo dos judeus: os porcos. Viver alienado de Deus te torna

pior que o mais podre dos animais; o pecado animaliza o ser humano.

Mas há também a segunda forma de ser pródigo: sendo um filho obediente,

que trabalha para o Pai, vive na casa do Pai, mas não ama o Pai. Ou seja, viver uma

religião pura e simplesmente mecânica, robótica e teatralizada. Viver uma

experiência com Deus puramente formal e sem alegria é matar Deusda sua vida, e

consequentemente, se matar; morrer antes da própria morte. São duas maneiras de

não viver: quebrar tudo e ser muito mal; obedecer tudo e ser muito bom; para Jesus

Cristo ambos estão totalmente perdidos.

O absurdo rouba a cena no fim da nossa estória: o filho pródigo das

prostitutas está cantando, dançando, saboreando o churrasco do Pai; o filho pródigo

da religiosidade fria e forçada está irado, rangendo os dentes do lado de fora da

festa. Para Jesus Cristo é melhor ser um vagabundo, podre, animal, desregrado que

se arrepende sinceramente dos seus pecados do que um religioso que serve o Pai,

mas não sente prazer no Pai. É como uma esposa que nunca trai o marido, mas

nunca consegue lhe dizer olhos nos olhos: “Eu te amo”.

APLICAÇÃO:Muitos de nós também vivemos como se Deus estivesse morto.

Eu pergunto a todos: em qual personagem você se encaixa nessa estória?

Page 3: O Deus Pródigo

O Deus Pródigo3 Lucas 15.11-32

Como viver assim hoje?Primeiro, seja o controlador da sua própria vida;

quebre todas as regras, perca-se, gaste o seu dinheiro com prostitutas, jogos de

azar, bebida forte, noites de ilusão mescladas a relacionamentos sem compromisso.

Em suma: destrua-se, tente reinar na sua própria vida alienado de Deus, seja o seu

próprio Senhor e Salvador, queira a riqueza do Pai e não o Pai, chegue até o final da

sua vida com a seguinte conclusão: joguei a minha vida na lata do lixo.

A segunda atitude é: viva dentro da casa de Deus, sirva a Deus com

frequência, no entanto, não faça isso com alegria. Seja um cristão formal e

profissional. Adore a Deus de forma robótica gabando-se por sua moralidade

intocável, fique triste pelo fato de Deus aceitar pecadores arrependidos. Viva uma

religião fria, tradicionalista, reclamante, engessada. Mate a sua paixão por Deus.

Nós muitas vezes vivemos como se Deus estivesse morto.

O que estamos fazendo com a nossa vida?Jogando-a na lata do lixo dos

prazeres imundos ou servindo restos sem alegria a um Deus santo? Você é um

irmão mais novo ou um irmão mais velho?

Mas embora o texto realce de maneira forte quais são as duas maneiras de

viver alienado de Deus, Lucas é mais dramático ao pintar o quadro deum Pai

apaixonado. Tudo nesta parábola é pródigo, o filho mais novo é pródigo, o mais

velho é pródigo e, extraordinariamente, o próprio Deus é pródigo. Este é o grande

tema desta passagem e deste sermão: Deus é pródigo. No primeiro momento

expus o problema vital da passagem, agora é hora de mostrar a graça:

O que Deus faz para resolver o problema dos seus filhos?

GRAÇA: O Deus pródigo corre atrás dos seus filhos.

Conquanto para os filhos o Pai esteja morto, para o Paieles estão vivos. O

verso 20 dramatiza a cena mais improvável para aquela época: um fazendeiro do

Oriente já velho correndo atrás de um filho que desejou a sua própria morte.

Naquela época eles não se levantavam para nada, seus escravos faziam todo o

trabalho. Era humilhante um homem de idade correr. Mas Deus é um Pai

apaixonado que se humilha para correr até o seu filho perdido. O filho não faz nada,

o Pai é que toma a iniciativa quando vê o seu filho de longe.

Essa é a definição mais bela da graça: “Deus corre atrás de um miserável,

Deus correatrás de um idiota, Deus corre atrás de um rebelde”.

Page 4: O Deus Pródigo

O Deus Pródigo4 Lucas 15.11-32

Graça significa favor imerecido para o recebedor, mas para Deus é amor

incontido, é paixão que precisa jorrar sobre a vida de um rebelde, mas que é

loucamente amado por Deus. O amor de Deus não cabe em si, por isso precisa pôr-

se de pé e ir ao nosso encontro. Deus é movido por compaixão.O termo grego para

compaixão significa literalmente que as entranhas de Deus se remexeram. Deus não

fica parado, Ele corre, encontra, aceita,, abraça-o, beija o pecador, antes sequer

dele ter a chance de se confessar. O homem precisa da ajuda de Deus até mesmo

para alcançar o verdadeiro arrependimento.

APLICAÇÃO:O Deus pródigo continua correndo atrás de pecadores hoje.

Nós somos como um brinquedo que se quebrou com o tempo. Mas não foi

uma lasca que se perdeu, um olho que perdeu o seu brilho ou um dedo que está

faltando. Toda a nossa configuração foi arruinada, todas as juntas e articulações do

nosso corpo foram rechaçadas. Diante disso Deus poderia fazer duas coisas: a

primeira – ele seria totalmente justo fazendo isso – seria nos jogar fora. Não dá

mais, vai para o lixo.

Mas Deus escolheu a segunda opção: Ele quis nos consertar. E na cruz

maldita Jesus Cristo se fez maravilhoso por nós. As suas juntas foram

milimetricamente esmagadas para que eu e você fossemos integralmente

regenerados! Como podemos explicar tanto amor? Deus na sua graça decidiu nos

dar a vida, sem explicação, motivo, de um jeito incontido, indizível, incomensurável,

louco, apaixonado. Essa parábola, na verdade, é a parábola do Deus pródigo, a

parábola do Deus apaixonado.

Nós deveríamos beijar os seus pés, mas ele nos beija primeiro – “está

perdoado!” Nós deveríamos oferecer ouro e anéis, mas ele nos presenteou primeiro

–“você é meu filho!” Nós deveríamos beijar e calçar os seus pés, mas ele é que nos

devolveu as sandálias – “você é livre e não escravo!”A cruz de Cristo é o símbolo da

nossa perfeita aceitação. Deus nos aceita. Jesus é a encarnação das entranhas de

afeto de Deus por nós pecadores, pois “O Deus pródigo” corre até hoje atrás de seus

filhos. Nós somos pecadores salvos pela graça de Deus.

Page 5: O Deus Pródigo

O Deus Pródigo5 Lucas 15.11-32

CONCLUSÃO

Em todos os evangelhos Jesus sempre chama Deus de Pai, em apenas uma

ocasião em todos os evangelhos Jesus chama o Pai de maneira diferente. Quando

Jesus está pregado na cruz. Naquele momento Jesus chama Deus de Deus, porque

a partir daquele dia, nós chamaríamos Deus de Pai. Nós temos um verdadeiro irmão

mais velho que nos ama se se sacrificou por nós.

Mas de maneira impressionante a parábola do Deus pródigo termina com um

final em aberto: o filho mais velho fica em silêncio. É nosso deverhoje completar o

sentido da estória. Quem é que nós somos e quem nós seremos diante de Deus?

Qual é a razão vital da nossa existência?

A resposta bíblica para essa pergunta é que Ele quer ser dono de cada

centímetro da nossa vida.Deus espera o nosso amor como resposta ao Seu louco

amor.Vamos entregar tudo a Ele, morramos para Ele, vivamos intensamente para

Ele. A Ele toda a glória!