o descendente das estrelas que apareceu no meu quintal

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O Descendente das Estrelas que Apareceu no Meu Quintal 1. Formação das Estrelas 2. Plantando Estrelas 3. A Colheita das Estrelas 4. Dificuldades das Heranças 5. Quando Existe Herança 6. Os Filhos que Gastam... 7. ... Até se Tornarem Pais 8. Adubando as Estrelas Evoluídas 9. Mais Adiante Outra Evolução Estelar Colhe 10. O Empreendimento do Sol Vitória, sexta-feira, 10 de julho de 2009. José Augusto Gava.

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tudo vem do "pó das estrelas", mas ele está longe, muito longe de ser a coias mais bela existente

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Page 1: o descendente das estrelas que apareceu no meu quintal

O Descendente das Estrelas que Apareceu no Meu Quintal

1. Formação das Estrelas 2. Plantando Estrelas

3. A Colheita das Estrelas 4. Dificuldades das Heranças

5. Quando Existe Herança 6. Os Filhos que Gastam... 7. ... Até se Tornarem Pais

8. Adubando as Estrelas Evoluídas 9. Mais Adiante Outra Evolução Estelar Colhe

10. O Empreendimento do Sol

Vitória, sexta-feira, 10 de julho de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 Formação das Estrelas

A precisão das medidas da idade do universo chegou a 13,73 bilhões

de anos, ou seja, ela se situa entre 13.725 e 13.735 milhões de anos.

1. o Barulhão (Big Bang) estourou; GROSSO MODO FOI ASSIM

2. nos primeiros segundos a bola de fogo expandiu-se vertiginosamente;

3. depois de “apenas” 200 milhões de anos (1/68,65 da idade) formaram-se as primeiras estrelas, só com hidrogênio e hélio;

4. muito tempo relativo depois elas explodiram em supernovas (digamos, S1);

5. destas nasceu a segunda geração (que passou a fabricar os elementos pesados: por exemplo, o Sol tem 5,0 bilhões de anos);

6. a segunda geração também está explodindo em supernovas (chamemos de S2, segunda geração);

7. ainda se formam outras estrelas (está em processo). Os cientistas (Sagan entre eles) acharam poético dizer que somos (em

todo o sistema solar e em toda parte) formados de “pó das estrelas”, o que assombrou muita gente, pois todo mundo fica emocionado com as estrelas (inclusive as de cinema, de rádio, de TV, etc.). As pessoas ficam verdadeiramente iluminadas com elas.

ESTRELAS

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Realmente, são magníficas. As pessoas ficam alucinadas com elas, mas elas estão longe de ser as

coisas mais bonitas existentes.

Capítulo 2 Plantando Estrelas

O DESENHO ATUAL DA SUPERPIRÂMIDE

1. metaverso;

(segundo o modelo e do maior para o menor)

2. este universo; 3. superaglomerados; 4. aglomerados; 5. galáxias; 6. constelações; 7. estrelas (o Sol); 8. planetas (a Terra).

Isso parece ser o máximo, mas está longe de ser. Quando a Vida começou na Terra há 3,8 bilhões de anos (72 % do

tempo transcorrido), quando ela foi montada aqui pela primeira vez, começou desde logo uma complexificação que foi MUITO ALÉM de qualquer coisa anterior.

A MONTAGEM SE INICIA DA BASE

TEMPO TRANSCORRIDO (ANOS)

(considerado o começo da língua nos neanderthais há 300 mil anos)

NATUREZA CIÊNCIAS CARACTERÍSTICAS

ABSOLUTO (bilhões)

PERCENTUAL REMANESCENTE

N.O Físico-Química (começa no primeiro instante e vai até o

surgimento da vida na Terra)

9,93 28 % N.1 Biologia-p.2 13,73 0,002 % N.2 Psicologia-p.3

N.3 Informática-p.4 N.4 Cosmologia-p.5 N.5 Dialógica-p.6

A Vida é montagem TÃO DIFÍCIL que (na Terra) demorou 9,93 bilhões de anos; a razão é TÃO MAIS DIFÍCIL que levou quase o tempo todo do universo (na Terra; certamente em outros lugares apareceu muito mais cedo).

O fato de que nós tenhamos demorado apenas 2,5 mil anos desde as primeiras indagações evidentes dos gregos e 0,5 mil anos desde as investigações européias iniciais para chegar às portas da Teoria de Tudo é em tudo assombroso.

Pense que quando começa a vida na Terra há 3,8 bilhões de anos TUDO isso que é física-quimicamente complexo JÁ ESTÁ PRONTO COMO PRESSUPOSTO: as simplicidades da biologia-p.2 começam logo acima das complexidades da físico-química.

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Capítulo 3 A Colheita das Estrelas

Não é só quando pegamos uma goiaba no pé de goiabas que estamos

colhendo estrelas: TUDO que pegamos veio das estrelas, não há nada demais nisso. Então, do quê as pessoas ficam falando com tanta admiração? Falam de presumidos viajantes estelares. Pois se nós, “com toda nossa (aliás, muito singela) evolução humana”

não sabemos viajar entre as estrelas (sequer no interior de nosso sistema estelar, nem no sistema solar em naves tripuladas), é de esperar que quem possa esteja muito além de nós em conhecimentos. Não temos admiração verdadeira (porque só recentemente – depois do Hubble – é que as estrelas começaram a ser verdadeiramente mostradas, ainda que timidamente) pelos astros, só pelo que elas representam em termos de poder.

DE FATO15. planetas;

(começando, abaixo, no 15;... continua na macropirâmide)

16. sistemas estelares; 17. constelações (podem ter vários milhares de estrelas); 18. galáxias; 19. aglomerados; 20. superaglomerados; 21. universos; 22. metaverso. NÓS PENSAMOS IMPLICITAMENTE em produção organização ao nível

planetário, ao nível estelar, ao nível constelar. Não pensamos em estrelas físico-químicas, pensamos em superorganização PSICOLÓGICA, em possibilidades racionais. Sagan pegou essa admiração pela produçãorganização ao nível estelar, galáctico, e colou no “pó de estrelas” (o “pó das estrelas” seria outra coisa).

Evidentemente no título também fiz isso: sugeri que um astronauta ou cosmonauta qualquer tivesse descido no meu quintal com sua nave espacial; nem precisa ser isso, pode ser um arbusto, que também é descendente das estrelas como, aliás, tudo e todos somos. Conforme arranjemos as palavras podemos criar vários efeitos.

Capítulo 4 Dificuldades das Heranças

Somos herdeiros de numerosíssimas formas: • dos nossos pais e mães; • da nossa coletividade; • dos nossos filhos e filhas; • do universo todo, enquanto físico-química; • da biologia-p.2, toda a Vida; • de tantos modos que são incontáveis.

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Para sermos “simples” corpos biológicos-p2 e depois “simples” seres humanos já temos de ter todas essas heranças.

UMA ORGANIZAÇÃO MAJESTOSAa)

(... continua na mesopirâmide...)

8. indivíduos; as PESSOAS:

9. famílias; 10. grupos; 11. empresas;

b) 12. as cidades-municípios; os AMBIENTES:

13. os estados; 14. as nações; 15. o mundo em processo de globalização.

QUANDO HERDAMOS, isso que herdamos é o quê?

OPOSIÇÕES E COMPLEMENTAÇÕES

OPOSIÇÕES COMPLEMENTAÇÕES PROBLEMAS E SOLUÇÕES SOLUÇÕES E PROBLEMAS

Pois tudo vem em ciclos e, como diz o TAO, “o que é não parece e o

que parece não é”; dizendo de outro modo, problemas também são soluções, soluções também são problemas. Aplicando isso, cidades são soluções em relação aos problemas anteriores e problemas em relação às soluções posteriores e anteriores.

1. FÍSICA-QUÍMICA;

O QUE HERDAMOS DOS ANTERIORES E O QUE OS POSTERIORES HERDARÃO DE NÓS

2. BIOLOGIA-P.2; 3. 4. INFORMÁTICA-P.4; responsabilidades COM OS POSTERIORES

PSICOLOGIA-P.3; responsabilidades COM OS ANTERIORES

5. COSMOLOGIA-P.5;

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6. DIALÓGICA-P.6 Nós somos herdeiros das estrelas, mas elas ficaram LÁ PARA TRÁS

como tudo que é físico-química; e o que é biológico-p.2 (embora mais próximo) também ficou - embora constituindo base ou sustentação nossa -, igualmente quedou para trás em várias ordens de complexificações posteriores.

O PARA TRÁS FICOU PARA TRÁSa)

(começa na micropirâmide...)

1. campartícula fundamental cê-bola ©; Físico-químico:

2. subcampartículas; 3. átomos; 4. moléculas;

b) 5. replicadores (ADRN); Biológico-p.2:

6. células; 7. órgãos; 8. corpomentes;

TRÊS PIRÂMIDES ENCADEADAS

macropirâmide

(o maior de uma é o zero de outra localizada logo acima: é um re-começo)

mesopirâmide

micropirâmide big bang

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Nós somos descendentes das estrelas, sim, nós seres humanos, como tudo e todos, mas estamos no 15º patamar ou degrau, já nos ritmos estertóricos da globalização, já MUITO ACIMA de simples estrelas, que são fogos de artifício de i (ELI, Elea, Ele-Ela, Deus-Natureza). Estrelas estão no nível de átomos, no máximo de moléculas, 3º ou 4º degraus, enquanto estamos no 15º enquanto coletivo de produção organização, 12 ou 11 patamares acima.

Silas, nosso labrador Pink nose, é um cachorro MUITO MAIS importante que qualquer estrela, simples fogo, já que Silas tem organização de 8º ou 9º nível enquanto indivíduo ou família.

Então, de que descendência estamos falando?

Capítulo 5 Quando Existe Herança

Descendência quer dizer herança. Somos herdeiros de formas e estruturas TÃO COMPLEXAS que nem

sabemos direito remontá-las ou meramente falar delas. Recebemos legados. Embora não escriture, a humanidade faz testamentos.

Herança não é apenas de dinheiro: pode ser de nome familiar ou clânico, de armas, de terras, de conhecimentos, de meios de transporte, de fama (como Maria Rita, filha de Elis Regina – por mais que ela seja educada e não use o nome da mãe), de poder (até de vida ou morte, como nas dinastias reinóis) e assim por diante. TUDO é herança e descendência, mesmo quando não o sabemos; tudo é herança de racionalidade ou psicologia.

Quando herdamos dinheiro ele só tem valor porque herdamos todo o sistema monetário e produtivorganizativo: dólares em 1300 não comprariam absolutamente nada. E se uma moeda de ouro de 1300 viesse aos nossos tempos compraria pela quantidade de ouro ou a raridade da moeda e não pelo significado cultural-nacional: produções-organizações não são intercambiáveis, porque são sistemas de crenças (herdados das construções atuais vindas do passado) não o são.

Então, A CADA SEGUNDO estamos herdando-descendendo DENTRO DO NOSSO APARATO DE HERANÇA-DESCENDÊNCIA.

Não estamos herdando-descendendo de estrelas senão remotamente; herdamos-descendemos do dia RACIONAL de ontem, do segundo RACIONAL anterior, que tem relação imediata com nosso PSICOLÓGICO dia de hoje, com nosso PSICOLÓGICO segundo atual em termos de compreensão: herdamos compreensão, descendemos da compreensão, da nossa RACIONAL-PSICOLÓGICA-HUMANA capacidade de fazer, porque pensamos o antes.

Os brasileiros não herdam o mesmo nível de compreensão que os europeus, os americanos, os japoneses e outros povos mais adiantados SENÃO POR CONCESSÃO.

Capítulo 6 Os Filhos que Gastam...

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A PIRÂMIDE ESCALONADA

A humanidade está nessa condição: gastamos da nossa herança na

Terra (fungos, plantas, animais e primatas), especialmente da Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia e no centro a Vida) pensando nunca acabar – estávamos enganados.

Se todos nós somos descendentes das estrelas primárias e secundárias, não o somos do mesmo modo e com as mesmas responsabilidades. Que é mais responsável deve responder mais pelas soluções: o primeiro mundo é mais responsável que os demais, então que responda antes e mais profundamente.

Há que subir a escada (não mais da Vida, essa já foi percorrida há tempos) da racionalidade, indo ao término da globalização e adiante, rumo à colonização do sistema solar.

E agora? A Natureza criou as coisas e colocou em nossas mãos, Deus quer nos

ver crescer até a emancipação, as heranças estão ameaçadas – que fazer? O ar está poluído. As águas oceânicas tornaram-se esgoto, sem falar na chuva ácida. A terra está desertificando. A energia está escasseando para a atual frente de ondas tecnocientífica e estamos ameaçados com a aposta demográfica.

Capítulo 7 ... Até se Tornarem Pais

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Nada melhor que problemas para apontar soluções; nada melhor que

MUITOS problemas para apontar muitas soluções.

CRISE UNIVERSAL OS GRANDES SOLUÇOS DA CRISE CIVILIZATÓRIA UNIVERSAL

PERIGO UNIVERSAL OPORTUNIDADE UNIVERSAL Como temos agora uma crise civilizatória, temos também perigo

civilizatório e oportunidade civilizatória (nova).

• novo ar; NOV-IDADE

• nova água; • nova terra-solo; • novo fogo-energia; • nova Vida geral.

Todo novo o dicionário, tanto no lado bom quanto no lado ruim. Nova herança e nova descendência que, como mostrei, será a terceira

natureza e os seres-novos.

Capítulo 8 Adubando as Estrelas Evoluídas

O que haverá de novo nos seres? O que há de novo é sempre a mesma coisa: futuro mais aberto (e com

o futuro reinventa-se o presente e o passado), novos seres, novos teres, novos estares.

• novo lar; NOVA PROTEÇÃO

• novo armazenamento; • nova saúde; • nova segurança; • novos transportes.

• novas figuras ou psicanálises (muito mais profundas); NOVA PSICOLOGIA

• novos objetivos ou psico-sínteses (muito mais diversificadas); • novas produções ou economias (muito mais específicas e

gerais); • novas organizações ou sociologias (muito maior oferta); • novos espaçotempos ou geo-histórias:

a) em volta da Terra e dos planetas:

b) nos satélites e em volta deles:

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c) no Cinturão de Asteróides:

d) no vazio solar (é MUITO MAIS vazio do que indicado pela

porção negra abaixo):

e) nas proximidades do Sol:

f) nos planetas gigantes:

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g) no Cinturão de Kuiper:

h) na Nuvem de Öort:

i) além sistema:

NOSSA LOCALIZAÇÃO NA VIA LÁCTEA Prof. Renato Las Casas (01/08/01)

Imagine que em um futuro não muito distante (alguns poucos milhões de anos), algum descendente nosso tenha ido até uma galáxia vizinha em sua nave pessoal (isso será possível?) e em seu retorno à Terra tenha se deparado com a seguinte

questão: - Em que local da Via Láctea fica o Sistema Solar?

Imagine esse nosso descendente (vamos chamá-lo de Zul) se aproximando de nossa galáxia. Quanto mais se aproxima, maior ela parece ser. Para que "lado"

desse imenso aglomerado de estrelas Zul deve se dirigir?

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O Sol fica a aproximadamente 30.000 AL do centro da Via Láctea (raio 50.000 AL), mas em que direção?

Uma boa dica para Zul é orientar-se por uma galáxia anã descoberta em 1996, a vizinha mais próxima da Via Láctea. Apesar de muito próxima ela ainda não havia

sido "vista" pois se encontra ao longo do plano que contém o disco de nossa galáxia, "escondida atrás do núcleo da mesma".

O Sistema Solar se encontra a aproximadamente 30.000 AL do centro da Via Láctea, no lado oposto ao dessa nossa vizinha.

Aproximando-se dessa região, Zul deverá procurar pelo braço espiral de Orion, que fica entre os braços de Sagitário (interno) e de Perseus (externo). É aí que o Sol se

encontra. Ainda não sabemos exatamente quantos braços a Via Láctea possui. Pelo menos mais um braço interno, ao qual denominamos Centauro, é certo que ela possui. O Sol não é uma estrela que se destaque entre as demais. Para achar o Sol, Zul

poderá orientar-se por duas estrelas, nossas vizinhas, muito brilhantes: A imensa Betelgeuse, uma estrela avermelhada (gigante vermelha) que se encontra a 428 AL

do Sol; e Sirius, uma estrela branca, que se encontra a apenas 8,6 AL de nós.

Em nossa vizinhança imediata (a até 20 AL), encontramos pouco mais de vinte

estrelas, onde o destaque é Sírius. A aproximadamente 4,3 AL do Sol encontramos as vizinhas mais próximas do Sistema Solar; um sistema triplo formado por Próxima

Centauro (uma Anã Vermelha, muito fraca), a Centauro A (uma estrela branca de brilho mais ou menos o dobro do nosso Sol) e a Centauro B (uma estrela alaranjada

de brilho equivalente ao do nosso Sol).

Nas duas figuras que se seguem assinalamos, em imagens dos nossos hemisférios

celestes, as constelações que contém o disco de nossa Galáxia. Assinalamos também Betelgeuse, Sírius e a localização do centro da Via Láctea.

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(Note como o Hemisfério Sul Celeste é muito mais bonito - e rico de objetos - que o

Hemisfério Norte Celeste.)

COMO SABEMOS ISSO? Um dos grandes problemas da

Astronomia sempre foi saber as distâncias dos corpos celestes à nós. Esse problema vem sendo vencido

através dos séculos com inteligência, trabalho e arte. Hoje falamos nas

distâncias entre os corpos do Sistema Solar, muitas vezes, com

precisão de poucos metros. As distâncias das estrelas (o que quer dizer: posições) também são hoje conhecidas

com grande precisão. Precisão tanto maior quanto mais próximo a estrela se encontra.

São principalmente dois os métodos utilizados na obtenção das distâncias das estrelas da nossa Galáxia ao Sol. O método da Paralaxe baseia-se na geometria e se

aplica muito bem às estrelas mais próximas. O método do Avermelhamento (não confundir com desvio para o vermelho) baseia-se na absorção da luz das estrelas

pelo meio interestelar e começa a ser preciso a distâncias grandes o suficiente para não mais podermos usar o método da Paralaxe.

Coloque um dos seus dedos, levantado, um palmo à frente de seu nariz. Feche um olho. Repare na "posição" de seu dedo em relação a um objeto distante. Sem

mover a cabeça ou o dedo, "troque de olho aberto". Repare na nova "posição" de seu dedo em relação àquele objeto distante. Fazendo assim, você estará

vivenciando o fenômeno que chamamos de Paralaxe. Repita a experiência com seu dedo levantado dois ou três palmos à frente de seu

nariz. Note que a mudança na "posição" em que você vê seu dedo, com um olho ou outro, em relação ao objeto distante agora é menor.

Se hoje vemos uma determinada estrela em uma determinada posição em relação a um objeto distante, à medida que a Terra vai se deslocando em seu movimento de

translação em torno do Sol, a posição em que vemos essa estrela em relação ao objeto distante também vai mudando. Essa mudança terá um máximo daqui a seis meses e será tanto maior quanto mais perto essa estrela estiver do Sistema Solar.

Conhecendo a mudança na posição da Terra (diâmetro da órbita da Terra) e medindo o "desvio angular" na posição da estrela observada, podemos saber a

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distância que essa estrela se encontra de nós. Se a distância de uma estrela ao Sol é tão grande que o método da Paralaxe não funciona mais (não notamos diferença na posição de uma estrela em relação a

objetos de fundo, no período de seis meses), podemos utilizar o método do Avermelhamento na determinação dessa

distância. Quando a luz de um objeto atravessa a nossa Galáxia, ela vai sendo "absorvida" pelo meio

interestelar. Essa é uma absorção seletiva em relação à cor (comprimento de onda) da luz.

Na faixa da luz visível, o azul é absorvido mais fortemente que o vermelho. Quando a luz de uma estrela vai atravessando a nossa

Galáxia, ela vai perdendo assim cada vez mais o seu azul, ficando cada vez mais

avermelhada. Se sabemos o tanto que a luz de uma estrela "avermelhou" desde quando emitida pela estrela até quando detectada por nós, temos condições de

saber a distância dessa estrela ao Sistema Solar. Dependendo da idade, massa, etc. de uma estrela (que podemos saber por

espectroscopia de sua luz) podemos saber da "coloração" da luz quando emitida por essa estrela. Medindo então a "coloração" da luz dessa estrela que chega ao

Sistema Solar, temos o avermelhamento dessa luz e conseqüentemente a distância dessa estrela à nós.

O tamanho de nossa Galáxia e a nossa distância a seu centro são conhecidos há quase 80 anos pela analise da distribuição de objetos (aglomerados globulares) que se situam fora do disco da Galáxia (halo). Esses objetos estão distribuídos

dentro de duas regiões hemisféricas que "se fecham em uma esfera, com o disco da Galáxia entre elas". (O raio do disco galáctico sendo o mesmo dos hemisférios.)

Podemos "ver" esses hemisférios através desses aglomerados globulares. Um método para "vermos" a estrutura espiral de nossa galáxia consiste em acompanharmos a distribuição espacial de

"indicadores": objetos que além de estarem

associados a essa estrutura, satisfaçam

propriedades tais como serem

facilmente vistos e identificados; ocorrerem em grande número; etc.

Alguns "indicadores" utilizados: regiões de hidrogênio ionizado; aglomerados estelares; estrelas jovens (azuis); etc. A Galáxia Anã de Sagitário foi descoberta em

1996, quase por acaso, por pesquisadores das Universidades de Cambridge e de Columbia, que estudavam estrelas no disco de nossa Galáxia. Ela se encontra bem

próxima à borda do disco da Via Láctea, a menos de 100.000 AL do Sistema Solar. A sua descoberta foi feita através de medidas de velocidades de estrelas. Um

conjunto de estrelas se movia diferentemente das demais; eram estrelas dessa nossa vizinha que estavam sendo descobertas.

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É ESTA humanidade que desaparecerá, nascendo em seu lugar progressivamente a SUPER-HUMANIDADE, herdeira nossa; como podemos ver, é uma sucessão de heranças.

Depois de “Grosso Modo é Isto” no Capítulo 1 temos outra evolução no CAMPO DE ESTRELAS.

UMA QUANTIDADE ENORME DE FOGOS ACESOS

(são lareiras da casa, postas nela pela Natureza para aquecer o útero-gerador, o ovo-Terra em nosso caso: são chocadeiras)

Esse é o patrimônio, herança ou descendência maior, por enquanto

posta em nosso caminho: vão! A Terra é só um berço, um ninho, um tutelamento provisório: o objetivo não é ficar aqui, é sair de casa. A casa de pai e mãe é boa, mas há um momento para sair e o nosso chegou.

Capítulo 9 Mais Adiante Outra Evolução Estelar Colhe

1. Físico-Químico: as estrelas surgem em ritmo cada vez mais perfeitamente delineado pelos tecnocientistas (primeira, segunda, terceira geração); elas pipocam aos bilhões e em termos de grandes números não há como não haver Vida (aqui e acolá):

CENÁRIO QUE VEJO

os fogos são acesos (as caldeiras químicas preparam as sopas constitutivas)

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2. Biológico-p.2: uma base formestrutural quadripolar (fundos, plantas, animais e primatas) surge como apoio do que virá a ser a racionalidade:

Chamei de “toróide da vida”.

3. Psicológico-p.3: a racionalidade desponta com a língua (em nosso caso, com os neanderthais) e a montagem pessoambiental principia:

Um exemplo de rede psicológica, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

4. Informacional-p.4: incipientemente começou a ser anunciado pela Magia-Arte nos livros de FC, nos quadrinhos, no cinema e depois em toda parte:

Tudo que apareceu no meu quintal veio das estrelas.

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Por sinal, tudo que apareceu fora, também, e tudo mesmo veio do Barulhão (Grande Explosão, Big Bang). O que não veio das estrelas é somente resíduo do BB, aquilo que não foi aproveitado para as construções posteriores.

A idéia que desejei dar foi de uma nave espacial pequena descendo no meu quintal, dela saindo um racional certamente mais avançado que nós. Na realidade o quintal em si, assim como a grama nele, os arbustos e as árvores vieram das estrelas, assim como nós. Isso não é “nada demais”, se considerarmos que tudo veio; mas para explicar esse “nada demais” é preciso ir além da Física atual.

Capítulo 10 O Empreendimento do Sol

terrestróides A LAREIRA ACESA E EM VOLTA OS BERÇOS

jupterianos

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E aí, claro, temos a privilegiadíssima situação da Terra. Um ovo que germinou, dentre tantos postos no sistema.

A INCUBADORA CELESTIAL

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Herdeiros disso tudo (Papai e Mamãe que nos deram de presente).

De maneira nenhuma nós somos mero pó de estrelas, estamos muito avançados na construção (embora, visto do futuro, sejamos bem toscos). Não somos cinzas, somos o carnaval palpitante.

Não somos restos da Criação, somos o fogo, o cristal na ponta da lança, como venho dizendo há tanto tempo (contra os pessimistas).

Vitória, sábado, 01 de agosto de 2009. José Augusto Gava.

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ANEXOS Capítulo 1

A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA SOLAR

M A Q U E T E D O S I S T E M A S O L A R Dúvidas e Perguntas?

Uma das atividades mais interessantes em Feiras de Ciências

Devido às pequenas dimensões dos componentes frente às enormes distâncias envolvidas, é difícil construir uma verdadeira maquete em justa escala. Na melhor

das hipóteses o projeto se estenderia por vários quilômetros, quase que totalmente preenchido de "vazios".

Uma solução alternativa, viável, é adotar uma

é a construção de um modelo, em escala, do Sistema Solar. Normalmente são usados vários tamanhos de bolas, dos mais diversos materiais. Elas podem receber pintura adequada, incluir os

eixos de rotação, mostrar detalhes da superfície e até exibir a representação dos anéis dos planetas gasosos, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Complementa essas

maquetes, a exibição de painéis ressaltando as principais características de cada planeta, tais como, sua massa, densidade, diâmetro, distância do Sol, número de

satélites etc. A montagem do modelo pode reunir vários alunos, numa equipe, ficando cada um

responsável por um destes itens. Mas, vejamos as dificuldades que devem ser enfrentadas:

escala logarítmica

para as distâncias. Este procedimento, por envolver um conhecimento específico de matemática,

pode confundir os visitantes. Para evitar erros, as distâncias devem conter informações específicas. Eis uma sugestão:

Somos obrigados então a escolher uma, entre três alternativas possíveis, para harmonizar as dimensões da maquete: 1- pelo tamanho dos componentes, ou

2- pelas distâncias entre eles, ou 3- pelos ângulos formados em torno do Sol.

A construção dos planetas é fácil, mas para o Sol são exigidos modelos relativamente grandes, senão os menores planetas não poderão ser

representados. Um bom tamanho para o Sol é em torno de 1,5 m (1 500 milímetros).

Para facilitar o trabalho, use a calculadora da tabela abaixo, que além de exibir os dados reais, fornecerá todas as dimensões necessárias. As distâncias reais estão em

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Unidades Astronômicas (1 UA= distância da Terra ao Sol = 149 598 770 km). Use sempre a dimensão do Sol (Tamanho) para calcular todos os outros valores, ou

seja, você escolhe o tamanho a ser dado ao 'seu' Sol e a tabela fornecerá os tamanhos dos demais participantes.

Digite a dimensão do Sol (Tamanho) em milímetros e clique em Calcular.

Sol 1.391.900 0 Calcular Centro

Planeta Diâmetro

(km) Tamanho

(mm)

Raio da Órbita (UA)

Distância (m)

Mercúrio 4.879 0 0,387 0 Vênus 12.103 0 0,723 0 Terra 12.756 0 1,000 0 Marte 6.794 0 1,524 0

Cinturão de Asteróides 2,780 0 Júpiter 142.984 0 5,203 0 Saturno 120.536 0 9,539 0 Urano 51.118 0 19,19 0

Netuno 49.528 0 30,06 0 Plutão 2.302 0 39,53 0

Cinturão de Kuiper 67.11 0 Nesta escala a velocidade da

luz seria de: 0

<> mm/s

A terceira opção seria o sistema heliocêntrico, uma maquete angular, onde o Sol ocupasse o centro e os planetas estivessem distribuídos nas posições sobre suas

órbitas para determinada data. Para isso precisaremos dos modelos dos planetas e uma área grande, como um salão ou quadra de futebol. Para manter uma certa

coerência, neste caso poderemos usar a escala logarítmica para distribuir os raios das órbitas.

Fixe, no local escolhido para a maquete, uma direção, que será a origem da

marcação dos ângulos; o Primeiro ponto de Áries. Os ângulos serão medidos a partir desta reta origem, no sentido anti-horário, considerando que o pólo norte é

o superior. Os solstícios de inverno e de verão (SI e SV) e os equinócios ascendente

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e descendente (EA e ED) podem ser indicados. Uma das vantagens deste tipo de modelo é a análise da visibilidade dos planetas

para aquela data. Usando um globo escolar posicionado adequadamente poderemos demonstrar quais planetas poderão ser vistos desde o entardecer até a

madrugada. Sobre as órbitas podem ser marcadas as posições de vários dias, para que os

visitantes possam ter uma idéia da velocidade de deslocamento de cada planeta. A tabela mostra o período sideral (tamanho do ano em dias terrestres) para cada planeta. Para encontrar o ângulo de posição atual dos planetas use o calculador

abaixo. Insira o número de dias decorridos desde 01-junho-2005 e clique em Calcular.

Dias decorridos 0 Calcular

Planeta Per.Sid.(d) Ângulo (graus)

Mercúrio 87,96 0 Vênus 224,68 0 Terra 365,25 0 Marte 686,95 0 Júpiter 4.337 0 Saturno 10.760 0 Urano 30.700 0

Netuno 60.200 0 Plutão 90.780 0

S E G U N D A - F E I R A , 0 9 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 9 Sistema Solar

O Sistema Solar O sistema solar é um conjunto de planetas, asteróides e cometas que giram ao

redor do sol. Cada um se mantém em sua respectiva órbita em virtude da intensa força gravitacional exercida pelo astro, que possui massa muito maior que a de

qualquer outro planeta. Os corpos mais importantes do sistema solar são os oito planetas

que giram ao redor do sol, descrevendo órbitas elípticas, isto é, órbitas semelhantes a

circunferências ligeiramente excêntricas.

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Órbitas elípticas dos planetas do Sistema Solar O sol não está exatamente no centro dessas órbitas, como pode-se ver na figura, razão pela qual os planetas podem encontrar-se, às vezes, mais próximos ou mais

distantes do astro.

Origem do Sistema Solar

O sol e o Sistema Solar tiveram origem há 4,5 bilhões de anos a partir de uma nuvem de gás e poeira que girava ao redor de si mesma. Sob a ação de seu próprio peso, essa nuvem se achatou, transformando-se num disco, em cujo centro formou-se o

sol. Dentro desse disco, iniciou-se um processo de aglomeração de materiais sólidos, que, ao sofrer colisões entre si, deram lugar a corpos cada vez maiores, os

outros planetas. A composição de tais aglomerados relacionava-se com a distância que havia entre

eles e o sol. Longe do astro, onde a temperatura era muito baixa, os planetas possuem muito mais matéria gasosa do que sólida, é o caso de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Os planetas perto dele, ao contrário, o gelo evaporou, restando

apenas rochas e metais, é o caso de Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Os componentes do Sistema Solar

O sol O Sol é a fonte de energia que domina o sistema solar. Sua força gravitacional

mantém os planetas em órbita e sua luz e calor tornam possível a vida na Terra. A Terra dista, em média, aproximadamente 150 milhões de quilômetros do Sol,

distância percorrida pela luz em 8 minutos. Todas as demais estrelas estão localizadas em pontos muito mais distantes.

As observações científicas realizadas indicam que o Sol é uma estrela de luminosidade e tamanho médios, e que no céu existem incontáveis estrelas maiores e mais brilhantes, mas para nossa sorte, a luminosidade, tamanho e distância foram

exatos para que o nosso planeta desenvolvesse formas de vida como a nossa. O sol possui 99,9% da matéria de todo o Sistema Solar. Isso significa que todos os

demais astros do Sistema juntos somam apenas 0,1%. Composição do Sol

O Sol é uma enorme esfera de gás incandescente composta essencialmente de hidrogênio e hélio, com um diâmetro de 1,4 milhões de quilômetros. O volume do

Sol é tão grande que em seu interior caberiam mais de 1 milhão de planetas do tamanho do nosso. Para igualar seu diâmetro, seria necessário colocar 109 planetas como a Terra um ao lado do outro. No centro da estrela encontra-se o núcleo, cuja temperatura alcança os 15 milhões de graus centígrados e onde ocorre o processo

de fusão nuclear por meio do qual o hidrogênio se transforma em hélio. Já na superfície a temperatura do Sol é de cerca de 6.000 graus Celsius.

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Os planetas Os planetas não produzem luz, apenas refletem a luz do Sol, que é a estrela do

Sistema Solar. Teorias afirmam que os planetas também foram formados a partir de porções de

massa muito quente e que todos estão de resfriando. Alguns, entre eles a Terra, já se resfriaram o suficiente para apresentar a superfície sólida.

Um corpo celeste é considerado um planeta quando, além de não ter luz própria, gira ao redor de uma estrela.

Os planetas têm forma aproximadamente esférica. Os seus movimentos principais são o de rotação e o de translação. Cada planeta possui um eixo de rotação em

relação a Sol, o mais inclinado deles é o planeta-anão Plutão

, pois seu eixo de rotação em relação ao Sol é de 120º, olhe a figura.

Movimento de Rotação No movimento de rotação, os planetas giram em torno do seu próprio eixo, uma

linha imaginária que passa pelo seu centro. O observador terrestre tem dificuldade de perceber o movimento de rotação da Terra. Para isso deve-se notar que o Sol, do

amanhecer ao anoitecer, parece se mover da região leste em sentido oeste. O mesmo acontece, à noite, com a Lua, as estrelas e demais astros que vemos no céu.

O movimento de rotação da Terra dura, aproximadamente 24horas - o que corresponde a um dia. A Terra, por ser esférica, não é iluminada toda de uma vez só. Conforme a Terra gira em torno do seu eixo, os raios de luz solar incidem sobre uma

parte do planeta e a outra fica à sombra. O ciclo dos dias e da noite ocorrem graças a rotação

. Enquanto o planeta está girando sobre seu próprio eixo é dia nas regiões que estão iluminadas pelo Sol

(período claro) e, simultaneamente, é noite nas regiões não iluminadas (período escuro).

O movimento de translação é executado pelos planetas ao redor do Sol, e o tempo que levam para dar uma volta completa é denominado período orbital. No caso da

Terra esse período leva cerca de 365 dias e aproximadamente 6 horas para se completar. A Terra, no seu movimento de translação, forma uma elipse pouco

alongada (bem próxima a circular). Já o planeta Netuno traça a sua órbita elíptica de

Movimento de Translação

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forma bastante alongada. Em razão do movimento de translação e da posição de inclinação do eixo da Terra, cada hemisfério fica, alternadamente, mais exposto aos raios solares durante um período do ano. Isso resulta nas quatro estações do ano: verão, outono, inverno e

primavera. Nos meses de dezembro a março, o Hemisfério Sul - localizado ao sul da linha do Equador - fica mais exposto ao Sol. É quando os raios solares incidem

perpendicularmente sobre pelo menos alguns pontos do Hemisfério Sul. É verão nesse hemisfério. Depois de seis meses, nos meses de junho a setembro, a Terra já percorreu metade da sua órbita. O Hemisfério Norte - localizado ao norte da linha

do Equador - fica mais exposto ao Sol e, assim, os raios solares incidem perpendicularmente sobre pelo menos alguns pontos do Hemisfério Norte. É verão

no Hemisfério Norte. Enquanto é verão no Hemisfério Norte com os dias mais longos e as noites mais

curtas, é inverno no Hemisfério Sul, onde os dias tornam-se mais curtos e as noites mais longas. E vice-e-versa.

Em dois períodos do ano (de março a junho e de setembro a dezembro) ha posições da Terra, na sua órbita, em que os dois hemisférios são iluminados igualmente. É quando ocorrem, de forma alternada nos dois hemisférios, as estações climáticas

primavera e outono. As estações do ano são invertidas entre os hemisférios Sul e Norte. Por isso é

possivel, numa mesma época do ano, por exemplo, pessoas aproveitarem o verão numa praia no Hemisfério Sul, enquanto outras se agasalharem por causa de uma

nevasca de inverno no Hemisfério Norte. Nas regiões perto da linha do Equador, tanto em um hemisfério quanto no outro,

ocorre constantemente a incidência dos raios do Sol, faz calor durante todo o ano. Há apenas a estação das chuvas e a estação da seca.

Em virtude da "curvatura da Terra" e da inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de órbita, os pólos recebem raios de Sol bastante inclinados.

Por um longo período do ano, os raios solares não chegam aos pólos; por isso essas são regiões muito frias.

Para os moradores dessas regiões, só há duas estações climáticas: • Uma que chamam inverno, ou seja, o longo período em que os raios solares

não atingem o pólo; • outra chamada verão, quando não acontece o pôr-do-sol durante meses.

Os planetas do Sistema Solar São oito os planetas clássicos do Sistema Solar. Na ordem de afastamento do Sol,

são eles: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. A partir dos avanços tecnológicos que possibilitaram a observação do céu com instrumentos ópticos como lunetas, telescópios e outros, os astrônomos vêm

obtendo informações cada vez mais precisas sobre os planetas e seus satélites. Vamos conhecer um pouco a respeito de cada um desses oito planetas do Sistema

Solar. Mercúrio

É o planeta mais próximo ao Sol e o menor do Sistema Solar. É rochoso, praticamente sem atmosfera, e a sua temperatura varia muito, chegando a mais de

400ºC positivos, no lado voltado para o Sol, e cerca de 180ºC negativos, no lado oposto. Mercúrio não tem satélite. É o planeta que possui um movimento de

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translação de maior velocidade (o ano mercuriano tem apenas 88 dias). O aspecto da superfície é parecido com o da nossa Lua, toda coberta de crateras, originadas da

colisão com corpos celestes.

Vênus

Vênus é conhecido como Estrela-D'Alva ou Estrela da tarde por causa de seu brilho e também porque é visível ao amanhecer e ao anoitecer, conforme a época do ano

(mas lembre-se que ela é um planeta e não uma estrela). É o segundo planeta mais próximo do Sol e o planeta mais próximo da Terra. As

perguntas intrigantes que este planeta "gêmeo" da Terra nos coloca começam com o seu movimento de rotação própria. Uma rotação completa sobre si mesmo

demora 243.01 dias, o que é um período invulgarmente longo. Além disso, enquanto que a maior parte dos planetas rodam sobre si próprios no mesmo sentido, Vênus é

uma das exceções. Tal como Urano e Plutão, a sua rotação é retrógrada, o que significa que em Vênus o Sol nasce a leste e põe-se a oeste.

Vênus é um planeta muito parecido com a Terra, em tamanho, densidade e força gravítica à superfície, tendo-se chegado a especular sobre se teria condições

favoráveis à vida. Além disso, suas estruturas são muito parecidas: um núcleo de ferro, um manto rochoso e uma crosta. Hoje sabemos que, apesar de ter tido

origens muito semelhantes à Terra, a sua maior proximidade ao Sol levou a que o planeta desenvolvesse um clima extremamente hostil à vida. De fato, Vênus é o

planeta mais quente do sistema solar, sendo mesmo mais quente do que Mercúrio, que está mais próximo do Sol. A sua temperatura média à superfície é de 460ºC

devido ao forte efeito de estufa que acontece a grande escala em todo o planeta

e não apresenta água.

Terra É o terceiro planeta mais próximo do Sol. É rochoso e a sua atmosfera é composta

de diferentes tipos de gases, e a sua temperatura média é de aproximadamente 15ºC.

A Terra, até o que se sabe, é o único planeta do Sistema Solar que apresenta condições que possibilitam a existência de seres vivos como os conhecemos. Tem

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um satélite, a Lua.

Marte

Visto da Terra parece um planeta vermelho, embora na verdade seja mais acastanhado. O seu eixo de rotação tem uma inclinação muito semelhante à do nosso planeta, 25.19º, o que significa que tem estações do ano. Ao contrário de

Mercúrio, que está demasiado perto do Sol para que seja facilmente observado, e de Vênus, cuja densa atmosfera e cobertura de nuvens bloqueiam a observação da

sua superfície, Marte está relativamente próximo da Terra sem estar muito próximo do Sol, e tem uma atmosfera muito rarefeita e na maior parte formada por gás

carbônico, o que nos permite observar a sua superfície com relativa facilidade. Seu período de rotação é aproximadamente 24h, muito parecido com o da Terra, porém

sua translação dura cerca de 687 dias.

Marte tem ainda duas luas chamadas Deimos e Phobos, que no entanto têm formas irregulares. Têm um tamanho da ordem dos 10 km e assemelham-se mais a

asteróides do que a pequenos planetas.

Satélites de Marte

Terá havido água líquida em Marte?

Atualmente não há qualquer evidência de que exista água líquida à superfície de Marte. No entanto, missões recentes revelam que terá existido água no estado

líquido: canais à superfície com padrões muito semelhantes aos rios na Terra, figura da direita, zonas aparentemente talhadas pela erosão provocada por fortes

correntes e, até, pedras lisas com a textura típica de pedras encontradas no leito de rios na Terra. Hoje em dia, contudo, Marte não exibe condições que permitam água

no estado líquido à sua superfície. Por um lado, a pressão da atmosfera atual do planeta à superfície é muito baixa: 0.0063 vezes a pressão da atmosfera à superfície da Terra, e quanto menor é a pressão, mais baixa é a temperatura necessária para a água passar do estado líquido para o gasoso. Por outro lado, a sua atmosfera muito rarefeita não fornece um mecanismo eficaz de efeito estufa e a temperatura média em Marte é de -53ºC, oscilando entre máximos de 20ºC e mínimos de -140ºC. Feitas

as contas, as combinações possíveis de temperatura e pressão à superfície de Marte

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não permitem água no estado líquido, apenas no estado sólido ou no gasoso. Júpiter

A massa de Júpiter é duas vezes e meia a massa combinada de todos os outros corpos do sistema solar à exceção do Sol.

Júpiter é o maior planeta do sistema solar, e o primeiro dos gigantes gasosos. Tem um diâmetro 11 vezes maior que o diâmetro da Terra e uma massa 318 vezes

superior. Demora quase 12 anos a completar uma órbita mas tem um período de rotação invulgarmente rápido: 9h 50m 28s

As sondas Voyager 1 e 2 mostraram que Júpiter também possui anéis, tal como os outros gigantes gasosos. No entanto, se para observarmos os anéis de Saturno

basta um telescópio amador uma vez que estes são constituídos principalmente por pequenos detritos de gelo que refletem muito a luz, os anéis de Júpiter parecem-

nos quase invisíveis, uma vez que são compostos por partículas rochosas de pequenas dimensões que refletem muito pouco a luz. Julga-se que estes detritos

são o resultado de colisões de meteoritos com os 4 satélites mais próximos do planeta.

sendo o planeta com a rotação mais rápida do sistema solar. Embora tenha um núcleo de ferro, quase todo o planeta é uma imensa bola de hidrogênio e um pouco de hélio. A temperatura da superfície é

de cerca de -150ºC.

Os satélites Júpiter tem pelo menos 63 satélites identificados. Os 4 maiores, e mais importantes,

são conhecidos como as luas galileanas, assim chamadas por terem sido descobertas por Galileu Galilei (1564-1642) quando observou Júpiter com um

telescópio que ele próprio construiu. São elas: Io, Europa, Ganymede e Callisto. Historicamente, a descoberta destas luas constituiu uma das primeiras provas

irrefutáveis que a Terra não estava no centro do Universo.

Saturno

É o segundo maior planeta do nosso sistema solar. É famoso por seus anéis, que podem ser vistos com o auxílio de pequenos telescópios. Os anéis são feitos com

pedaços de gelo e rochas. A temperatura média da superfície do planeta é de -140ºC. Saturno é formado basicamente por hidrogênio e pequena quantidade de hélio.

O movimento de rotação em volta do seu eixo demora cerca de 10,5 horas, e cada revolução ao redor do Sol leva 30 anos terrestres.

Tem um número elevado de satélites, 60 descobertos até então, dos quais 35 possuem nomes, e está cercado por um complexo de anéis concêntricos, composto por dezenas de anéis individuais separados por intervalos, estando o mais exterior

destes situado a 138 000 km do centro do planeta geralmente compostos por restos de meteoros e cristais de gelo. Alguns deles têm o tamanho de uma casa.

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Foto de Saturno feita pela sonda espacial Cassini, quando estava a cerca

de 57 milhões de quilômetros de Saturno (foto NASA). Urano

Urano é o sétimo planeta do sistema solar, situado entre Saturno e Netuno. A característica mais notável de Urano é a estranha inclinação do seu eixo de rotação,

quase noventa graus em relação com o plano de sua órbita; essa inclinação não é somente do planeta, mas também de seus anéis, satélites e campo magnético.

Urano tem a superfície a mais uniforme de todos os planetas por sua característica cor azul-esverdeada, produzida pela combinação de gases em sua atmosfera, e tem anéis que não podem ser vistos a olho nu; além disso, tem um anel azul, que é uma peculiaridade planetária. Urano é um de poucos planetas que têm um movimento

de rotação retrógrado, similar ao de Vênus Tem 27 satélites ao seu redor e um fino anel de poeira.

Netuno

Orbitando tão longe do Sol, Netuno recebe muito pouco calor. A sua temperatura superficial média é de -218 °C. No entanto, o planeta parece ter uma fonte interna de

calor. Pensa-se que isto se deve ao calor restante, gerado pela matéria em queda durante o nascimento do planeta, que agora irradia pelo espaço fora. A atmosfera

de Netuno tem as mais altas velocidades de ventos no sistema solar, que são acima de 2000 km/h; acredita-se que os ventos são amplificados por este fluxo interno de calor. A estrutura interna lembra a de Urano - um núcleo rochoso coberto por uma

crosta de gelo, escondida no profundo de sua grossa atmosfera. Os dois terços internos de Netuno são compostos de uma mistura de rocha fundida, água, amônia

líquida e metano. A terça parte exterior é uma mistura de gases aquecidos composta por hidrogênio, hélio, água e metano.

Embora não sejam visíveis nas fotografias do telescópio espacial Hubble, Netuno faz parte dos planetas gigantes que possuem um complexo sistema de anéis. Possui cinco anéis principais e sua descoberta se deve a uma observação efetuada ainda

em 1984 a bordo de um avião U2 que acompanhou o deslocamento do planeta por algumas horas durante a ocultação de uma estrela. Neptuno tem 13 luas conhecidas.

A maior delas é Tritão, descoberta por William Lassell apenas 17 dias depois da

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descoberta de Netuno.

Netuno, o gigante azul.

E Plutão? Plutão que recebera o nome do deus dos infernos, da mitologia greco-latina, foi classificado como o nono planeta do Sistema Solar. Descoberto em 1930, pelo

astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh, esse astro foi sempre motivo de acirrados debates. Afinal, as características do planetóide, entre outras a

excentricidade de sua órbita inclinada, em que certos períodos cruza a órbita de Netuno, já indicavam que dificilmente ela poderia permanecer na elite dos planetas

do nosso Sistema. Realmente, 76 anos depois, a UAI resolveu reclassificar o astro do grupo de planetas-anões.

Caronte continua a ser considerado satélite de Plutão. Entretanto, para alguns astrônomos eles são astros gêmeos, e esse é um debate que pode ser, a qualquer

momento retomado pela União Astronômica Internacional. Será Coronte promovido a planeta-anão?

Plutão e seu satélite Caronte

Outros astros do Sistema Solar Satélites

Até 1610 o único satélite conhecido era o da Terra - a Lua. Naquela ocasião, Galileu Galilei (1564-1642), com a sua luneta, descobriu satélites na órbita do planeta

Júpiter. Hoje se sabe da existência de dezenas de satélites. Na Astronomia, satélite natural é um corpo celeste que se movimenta ao redor de

um planeta graças a força gravitacional. Por exemplo, a força gravitacional da Terra mantém a Lua girando em torno do nosso planeta.

Os satélites artificiais são objetos construídos pelos seres humanos. O primeiro satélite artificial foi lançado no espaço em 1957. Atualmente há vários satélites

artificiais ao redor da Terra.

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O termo "lua" pode ser usado como sinônimo de satélite natural dos diferentes planetas.

Cometas

Um cometa é o corpo menor do sistema solar, semelhante a um asteróide, possui uma parte sólida, o núcleo, composto por rochas, gelo e poeira e têm dimensões

variadas (podendo ter alguns quilômetros de diâmetro). Geralmente estão distantes do Sol e, nesse caso, não são visíveis. Eles podem se tornar visíveis à medida que, na sua longa trajetória, se aproximam do Sol sublimando o gelo do núcleo e liberando

gás e poeira para formar a cauda e a "cabeleira" em volta do núcleo. O mais conhecido dele é o Halley, que regularmente passa pelo nosso Sistema Solar. De 76

em 76 anos, em média, ele é visível da Terra. Ele passou pela região do Sistema Solar próxima do nosso planeta, em 1986, o que possibilitou a sua visibilidade, portanto, o

Halley deverá estar de volta em 2062.

Cometa Halley

Asteróides

Um asteróide é um corpo menor do sistema solar, geralmente da ordem de algumas centenas de quilômetros apenas. São milhões de corpos rochosos que giram ao

redor do Sol. Da Terra, só podem ser observados por meio de telescópio. Entre as órbitas dos planetas Marte e Júpiter, encontra-se um cinturão de asteróides e outro

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após a órbita de Netuno.

Meteoróides, meteoros e meteoritos

São fragmentos de rochas que se formam a partir de cometas e asteróides. O efeito luminoso é produzido quando fragmentos de corpos celestes incendeiam-se em

contato com a atmosfera terrestre devido ao atrito. Esses rastros de luz são denominados meteoros e popularmente são conhecidos como estrelas cadentes,

mas não são estrelas. Quando caem sobre a Terra, atraídos pela força gravitacional, são chamados de meteoritos. Na maioria das vezes, eles são fragmentos de rochas ou de ferro. Os meteoritos tem forma variada e irregular, e o tamanho pode variar

de microfragmentos a pedaços de rochas de alguns metros de diâmetro.

O maior meteorito brasileiro (pesando mais de 5000 quilos), o Bendegó, foi

encontrado no interior da Bahia em 1784 e encontra-se em exposição no Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Meteorito Bendegó

F O R M A Ç Ã O D O S I S T E M A S O L A R A configuração actual do Sistema Solar tem sido alvo de intensa investigação. Na

realidade, a visão tradicional de que os planetas gigantes se teriam formado a partir de um disco proto-planetário primordial, de uma forma relativamente ordeira e nas

suas posições actuais, não é consistente com as observações dos discos proto-planetários em torno de outras estrelas nem com as simulações com base em

modelos teóricos. Segundo a teoria mais aceite, a formação dos planetas gigantes inicia-se com a

criação de um núcleo de rocha e metal com uma massa crítica de cerca de 8 a 10 vezes a massa da Terra. A partir desse momento, o núcleo tem massa suficiente

para capturar o hidrogénio molecular e hélio presentes em grandes quantidades no disco proto-planetário. Trata-se, no entanto, de uma corrida contra o tempo,

porque, apesar da maior concentração destes gases se encontrar na zona mais interior do disco, a radiação da estrela recém formada, limpa muito rapidamente

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esta região. Quando analisado à luz desta teoria, o Sistema Solar actual apresenta alguns

paradoxos. Por um lado, os gigantes de gás e gelo não podem ter-se formado à distância a que se encontram actualmente do Sol. Para além disso, Neptuno, com uma massa superior a Urano, deve ter-se formado numa zona mais densa do disco

e, portanto, mais próxima do Sol do que aquele planeta. Uma das vias exploradas para tentar explicar estes e outros paradoxos, consiste em

assumir que o disco proto-planetário tinha características similares às observadas noutros sistemas e às obtidas por modelação em computador. Neste cenário, os núcleos maciços dos quatro gigantes do Sistema Solar ter-se-iam formado mais

próximo do Sol, dentro de um raio de cerca de 20 ua, e Neptuno estaria inicialmente mais próximo do Sol que Urano. Depois da formação dos planetas gigantes, o disco proto-planetário teria ficado relativamente livre de gás e poeiras dentro das 20 ua,

encontrando-se rodeado por um anel de corpos mais pequenos, o embrião da actual cintura de Edgeworth-Kuiper (E-K).

O “passo de mágica” ter-se-ia dado a seguir, quando um conjunto de interacções entre Júpiter e Saturno desestabilizou as órbitas de Urano e Neptuno, levando, no

extremo, à troca de posições entre os mesmos, e ao seu afastamento relativamente ao Sol. Esta actividade teria, por sua vez, perturbado os corpos na cintura E-K,

muitos dos quais se precipitaram em direcção ao Sistema Solar interior, no que é conhecido como o “Grande Bombardeamento Tardio”.

A simulação que se segue (siga a ligação da figura), mostra a evolução do Sistema Solar exterior, com Júpiter, Saturno, Neptuno e Urano, já formados, representados

a vermelho, amarelo, azul e roxo, e a cintura E-K, a verde (vídeo Sky&Telescope).

Antes de mais, notem a variação da escala ao longo do tempo. De início, nada de

especial parece acontecer, mas por volta dos 875 milhões de anos, Júpiter e Saturno desenvolvem uma ressonância 2:1 que altera significativamente a evolução dos

sistema. Reparem no que acontece às órbitas de Neptuno e de Urano a partir desse momento e a perturbação por eles introduzida na cintura E-K.

Esta teoria consegue reproduzir a configuração actual do Sistema Solar e as características dos planetas gigantes de forma convincente, fornecendo

simultaneamente uma explicação plausível para o “Grande Bombardeamento Tardio”. Se continuar a ser favorecida pelas observações, ela mostra também que

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os sistemas planetários são altamente dinâmicos, podendo perturbações seculares mútuas entre os planetas, alterar substancialmente a sua configuração.

Poeiras da Criação

Análises detalhadas dos minerais e elementos dos meteoritos dão importantes

informações das fontes astrofísicas que contaminaram a nébula solar, como esta evoluiu e como se deu a diferenciação e evolução protoplanetária, aquilo que hoje

pode ser designado por astronomia ao microscópio. A importância do estudo dos meteoritos reside essencialmente no conjunto vasto

de informações que eles nos podem fornecer no que respeita aos processos que se passaram na origem do sistema solar e nas fases iniciais da evolução planetária,

antes do registo geológico que está disponível sobre a Terra e nos planetas siliciosos. O carácter primitivo, pouco ou nada alterado, dos condritos torna-os nas

rochas fundamentais para o estudo do material primordial que formou os planetas e que nestes rapidamente evoluiu para diferentes fases. Registam ainda evidências de

alguns processos astrofísicos que ocorreram antes da formação do sistema solar. Este estudo faz-se recorrendo a sofisticadas técnicas analíticas que vão desde a

simples microscopia óptica até técnicas de microscopia electrónica com sistema de microanálise por raios X, microssonda electrónica, microssonda iónica e métodos

analíticos instrumentais como o ICP-MS, espectroscopia de massa, INAA, entre muitos outros. Por isso não é de todo descabido dizer, como veremos, que algumas

observações astronómicas importantes, geralmente efectuadas com potentes telescópios, podem também ser feitas com o recurso ao microscópio, pelo que as

disciplinas de Astronomia ao Microscópio, Cosmoquímica ou Astromineralogia merecem hoje ser encaradas, como complementos auxiliares da Astrofísica.

Astronomia ao microscópio

Avião de espionagem do tipo U2, aqui usado pela NASA para a recolha de partículas

cósmicas na estratosfera terrestre (Cortesia NASA). Como vimos, muitas partículas cometárias e meteoríticas são muito pequenas e, ao entrarem na atmosfera terrestre podem não se volatilizar completamente ficando algumas suspensas na estratosfera. Outras, porém, de tamanhos inferiores a um

milímetro caem na Terra e, aquelas que atingem os oceanos acabam por se depositar lentamente, juntamente com uma vasa argilosa, fazendo parte dos finos sedimentos que em muitas áreas cobrem os basaltos dos fundos oceânicos. Quer

umas, quer outras podem ser facilmente ser recolhidas e transportadas para laboratórios onde são observadas detalhadamente. No caso das partículas em

suspensão na estratosfera existem mesmo programas da NASA que fazem uso dos aviões de espionagem tipo U2 que atingem aquelas altitudes. Transportando chapas

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de alumínio no exterior, fazem com que as partículas sólidas da alta atmosfera sejam atraídas electrostaticamente para essas placas que depois são analisadas para

a determinação dos seus teores elementares com o recurso a um microscópio electrónico de varrimento com sistema de análise por raios-x.

A - Partícula de Brownlee ou IDP observada ao microscópio electrónico, com um

diâmetro aproximado de 20 µm (Cortesia: NASA/JSC). B - Espectro da composição elementar das IDPs mais primitivas. Os seus teores em elementos refractários não

se desviam muito dos valores encontrados para a atmosfera solar e do dos condritos carbonáceos do tipo I (Cortesia NASA/JSC).

Muitas destas partículas são de origem extraterrestre e são designadas de poeiras cósmicas, partículas de Brownlee, do cientista que pela primeira vez as estudou, ou mais correctamente de partículas de poeiras interplanetárias (IDPs). Com facilidade

consegue-se separar as IDPs de outras contaminações, como as partículas vulcânicas, aerossóis de poluição e outras partículas terrestres que sobem até à

estratosfera. A maioria das IDPs mostram um conjunto elementar que reflecte as abundâncias solares dos diferentes elementos, não sendo ainda possível uma

separação entre as partículas cometárias e as dos condritos carbonáceos.

Proveniência, recolha e estudo das poeiras interplanetárias (IDPs). A sua origem

cometária e ou meteorítica ainda está por estabelecer. É até provável que este tipo de meteoritos primitivos sejam fracções rochosas dos

cometas, sendo o assunto ainda uma dúvida entre os especialistas. Uma futura análise das partículas recolhidas pela sonda Stardust poderá permitir esclarecer um

pouco mais da sua real proveniência e sabermos ao certo o que constitui os cometas, para além dos gases e compostos já identificados. É de esperar que a sua

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mineralogia não seja diferente da dos condritos carbonáceos havendo quem aponte que estes são meteoritos de natureza cometária. Um verdadeiro meteorito

cometário – composto por gelos e matéria orgânica abiótica – nunca foi encontrado. Apesar de algumas especulações, não temos a certeza de que nas

nossas colecções de meteoritos existam amostras provenientes de cometas. Um facto que corrobora esta ideia é o de nunca se ter observado a queda de nenhum

meteorito aquando de uma “chuva de meteoros”, como as que falamos na primeira parte deste artigo.

Fragmentos do condrito carbonáceo Tagish Lake conservado naturalmente no gelo

logo após a queda (Cortesia de M. Mazur/University of Calgary). A 18 de Janeiro de 2000, na região de Yukon, na Colômbia Britânica, no Canadá, uma série de fragmentos de um meteorito – o Tagish Lake – caiu sobre uma região de 16 Km de comprimento e 2 de largura. O meteoro que antecedeu a queda foi visto por

dezenas de pessoas e chegou mesmo a ser fotografado, tendo o fenómeno luminoso e a nuvem gasosa subseqüente durado 1 minuto e trinta segundos. Vários fragmentos foram recuperados e alguns estavam envoltos no gelo da região, o que

garante uma grande ausência de contaminação terrestre para a amostra. Há 20 anos que não se assistia a uma queda tão interessante e, de acordo com registos

das estações de rastreio de satélites, a energia libertada no fenómeno foi de 2 a três quilotoneladas de TNT. Muito material foi enviado, envolto em gelo, para o

laboratório de análise das rochas lunares no Johnson Space Center da NASA. O Tagish Lake mostrou-se similar ao grupo dos condritos carbonáceos do tipo CI,

um grupo que representa 4% das quedas dos meteoritos, sendo, pela sua composição, considerado o mais primitivo dos meteoritos conhecidos, reservando

uma relíquia químico mineralógica dos tempos pré-planetários do sistema solar. Mostra uma composição similar aos elementos da atmosfera solar, com excepção óbvia do hidrogénio e do hélio. Quimicamente falando, estes meteoritos sofreram pouca ou nenhuma alteração desde a acreção do material solar, num tempo que pode ser datado entre os cinco mil e os 4,5 mil milhões de anos. O Tagish Lake foi

formado num corpo parental com menos água do que os outros condritos carbonáceos conhecidos, o que significa que a sua textura original se mantém

preservada.

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Correlação de elementos refractários nos condritos carbonáceos do tipo I e os teores na atmosfera solar.

Estes condritos apresentam assim uma composição próxima da do Sol, o que parece ser consistente com a ideia de uma origem primitiva (na nébula solar) e

inconsistente com o facto de terem experimentado fusão e fraccionação ígnea. De todos os condritos, o tipo CI é aquele que quimicamente mais se aparenta com a

composição solar. Existe uma correlação muito grande, no que respeita a elementos condensáveis, entre os condritos carbonáceos CI e a composição da atmosfera

solar. O que isto significa é que se uma massa de gás fosse extraída do Sol, e arrefecida até aproximadamente 200º K, e se todos os elementos capazes de se

condensarem àquela temperatura (excluindo naturalmente o hidrogénio, o carbono, o oxigénio, o azoto e os gases nobres) se acumulassem, o condensado

seria quimicamente semelhante aos condritos carbonáceos CI. Tal sugere nitidamente que estes meteoritos são amostras do material planetário formadas ao

mesmo tempo que o Sol e que nunca sofreram fusões totais. Nébula solar

O nosso sistema solar foi formado há aproximadamente 4,55 mil milhões de anos atrás a partir de uma nuvem molecular do espaço interestelar. Esta nuvem consistia numa grande concentração de gás (aproximadamente 75% de hidrogénio e 21 a 24%

de hélio com traços de outras moléculas) e grãos de poeira. Em adição ao hidrogénio (H) e ao hélio (He), o meio interestelar gasoso consiste num conjunto

variado de moléculas orgânicas e inorgânicas, entre as quais podemos referir: H2O, CO, NH3, CN, CO2, OH, HCN, CH3OH, H2CO, CH3C2H, HNCO, CH3

Fases de evolução da Nébula Solar que a química, mineralogia e textura dos

meteoritos documentam (Adaptado de Meech, 1997).

CN, etc. A poeira, que consiste em aproximadamente 1% da massa da nuvem molecular, é feita de

núcleos refractários (silicatos e carbono) envolvidos por gelos e compostos orgânicos.

O processo da formação estelar e planetária (descrito no diagrama junto) começa com o colapso de uma nuvem molecular (1), que pode ser desencadeado por factores como a explosão próxima de uma supernova, ou a colisão com outra

nuvem. À medida que a nuvem inicia o colapso, o material começa a deslocar-se rapidamente para o centro onde ocorre o aquecimento. Ao mesmo tempo, o

decréscimo do tamanho da nuvem faz com que ela rode mais depressa (devido à

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conservação do momento angular). Junto do centro da nuvem, onde a densidade é maior, as colisões entre a poeira e o gás libertam energia até que as partículas

deixam de colidir levando a um ligeiro achatamento da nuvem de poeira e migração das partículas para um plano central, no qual estas orbitam na mesma direcção (2). Este aplanamento ocorre primeiro próximo do centro, onde a densidade é maior. Durante o colapso, a energia gravitacional é convertida em calor. No princípio o

calor escapa facilmente mas, à medida que a densidade aumenta, o calor não pode radiar com tanta facilidade e a temperatura começa a crescer. Aumenta de tal forma que quebra as ligações moleculares e vaporiza a poeira das regiões centrais. Quanto

mais material se concentra no núcleo e no plano médio da jovem nébula, muito desse material começa a migrar para as regiões exteriores. Neste ponto, onde os

gases arrefecem, algum do material vaporizado recondensa em grãos de tamanhos micrométricos - os núcleos dos côndrulos e das partículas de elevada temperatura

(CAIs) que formam os condritos (3). Perto da região central e próximo da protoestrela (o futuro Sol), apenas os materiais mais refractários podem condensar. Mais longe, os voláteis também condensam dando origem a compostos e minerais

diferentes. Uma vez que os voláteis são a fracção mais abundante do meio interestelar é de esperar que eles rodeiem o material mais refractário, situando-se

por isso mais distantes na nébula. Isto, no fundo, leva a uma explicação natural para a segregação e diferença de composição entre planetas terrestres (rochosos), próximos do Sol, e dos planetas gigantes (ricos em voláteis) mais afastados. O material condensado começa lentamente a acrecionar. Eventualmente, alguns aglomerados crescem mais do que outros tornando-se nos planetesimais, os

núcleos dos corpos parentais dos meteoritos e dos futuros planetas. Quando os planetesimais se tornam maiores, as velocidades aumentam e as colisões tornam-se

mais violentas. Na proximidade dos planetas gigantes, alguns planetesimais ricos em voláteis acabam por cair para a zona mais interior da nébula trazendo alguns

gases para os planetas interiores. Os planetesimais gelados (a distâncias do centro da ordem de 50 mil UA) permanecem inalterados, formando aquilo que hoje conhecemos como os cometas. Uma vez que o centro da nébula se tornou

suficientemente quente para as reacções termonucleares se iniciarem, o colapso da nébula pára e o material restante acaba por ser limpo do sistema por dois efeitos

complementares: a atracção gravítica dos planetesimais maiores e os ventos fortes da estrela Sol que passa por uma fase violenta, designada de fase T-Tauri. Nesta altura a primeira era de formação planetária termina (5) e os planetas estão com órbitas estabelecidas. É de salientar que todo o processo ocorre relativamente

rápido, levando apenas alguns milhões de anos.

Seqüência teórica de cristalização dos minerais a diferentes temperaturas na Nébula

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Solar tal e qual é observada nos meteoritos. Um conjunto grande de evidências teóricas (termodinâmicas) e de observação

microscópica (mineralógico-texturais) atestam que os condritos se formaram na nébula solar por condensação de um gás de composição solar de acordo com a hipótese nebular que acabamos de expor. Esta hipótese considera que o Sol se

formou directamente do processo de concentração de uma nuvem de gás e poeira, ao mesmo tempo que uma nuvem proto-planetária se estabeleceu à sua volta, tendo esta arrefecido da periferia para o centro. O curioso é que estes modelos

termodinâmicos encontram uma correspondência enorme nas inclusões refractárias, ricas em cálcio e alumínio (CAIs) de alguns condritos carbonáceos,

como o meteorito de Allende, onde é possível identificar as diferentes fases que se dispõe conforme a cristalização preconizada. Também a ordem teórica de

cristalização dos minerais está de acordo com o que é observado nos condritos.

Evolução de uma nuvem de gás e poeira interestelar para o sistema solar. Notar que esta nuvem primordial não é um sistema isolado, tendo sido afectada por processos

estelares variados, anteriores a um tempo em que a Terra, o Sol e os próprios planetas ainda não existiam.

A formação do sistema solar a partir de uma nuvem de gás e poeira é assim um processo contínuo mas que não pode ser analisado independentemente do meio interestelar em que ocorre. Como é de esperar, muitas fontes nucleossintéticas

diferentes enriqueceram a primitiva nuvem de gás e poeira donde resultaram o Sol, os planetas, os cometas e os meteoritos. Será que estes últimos, pelo menos os mais primitivos, como os condritos carbonáceos, não possuirão evidências ou

assinaturas desses momentos que antecederam o sistema solar? Assinaturas estelares

Outro aspecto importante no estudo dos meteoritos é o facto de eles apresentarem um registo isotópico de distintas fontes astrofísicas que contaminaram a nébula

solar, assim como inequívocos grãos de diamante e de carboreto de silício de origem pré-solar. Com base nos diferentes tipos de carbono e de outros tipos de

isótopos marcadores, é possível dizer que três tipos de carbono são locais e as suas propriedades podem ser explicadas por processos no sistema solar inicial. Os outros

são exóticos e a sua origem é revelada pela composição isotópica do carbono ou pelas anomalias de gases raros que carregam, não havendo a mínima dúvida que a

sua formação antecedeu os processos que se passaram na nébula solar. Assim,

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diferentes populações de carbono e os seus marcadores, representados por distintas populações isotópicas de gases raros, mostram que nucleossínteses típicas de estrelas tipo "nova", "gigante vermelha" e "supernova" contaminaram a nuvem

que veio a dar origem ao Sol e aos planetas.

Contaminação da nuvem de gás e poeira com isótopos marcadores de diferentes

fontes nucleossintéticas, fases que ficaram preservadas nas fracções mais refractárias dos condritos.

Podemos dizer que estes diferentes tipos de carbono são marcas da actividade de distintas fontes estelares, verdadeira poeira das estrelas preservada nos

meteoritos. Actividade de um tempo em que a Terra e o sistema solar ainda não existiam.

Receita para um planeta

Rápida diferenciação de alguns corpos parentais dos meteoritos onde os elementos

mais densos migraram para o centro formando um núcleo (constituído por meteoritos metálicos) e um manto rico em silicatos de ferro e magnésio. A crusta posterior pode corresponder em muitos casos a acondritos diferenciados, alguns

com texturas vulcânicas e evidências de metamorfismo de choque. Vimos que autênticos planetas podem resultar da acreção dos materiais de gás e

poeira na nébula solar. Para os geólogos, tendo como conhecimento a evolução da Terra, um planeta activo ou pelo menos que tenha sofrido diferenciação geoquímica

– importante para o aparecimento de rochas mais ácidas e fundamental para o estabelecimento das condições necessárias à vida tal como a conhecemos – deve ter ocorrido num intervalo de tempo relativamente curto. Evidências disso podem ser encontradas em alguns meteoritos cujos corpos parentais parecem ter sofrido

rápida diferenciação com a produção de magmas basálticos que cedo se

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estabeleceram e que formaram camadas mais externas de alguns asteróides, como o caso de Vesta. Alguns meteoritos, como o acondrito de Chaves mostram marcas

dessa evolução, bem como das fases violentas de colisão que se deram entre os asteróides e nas superfícies planetárias.

Como vimos anteriormente, os acondritos são um grupo de meteoritos desprovidos de côndrulos que apresentam texturas ígneas semelhantes a algumas rochas terrestres. Estes meteoritos fornecem um recurso valioso para o estudo da

evolução e dos processos iniciais ocorridos na Terra, na Lua e em outros planetas siliciosos. Estes são o produto das primeiras e complexas diferenciações nos

materiais primitivos da nébula solar. Os acondritos são ainda úteis para prever quais as fontes de calor que actuaram no sistema solar inicial, uma vez que as texturas

acondríticas foram produzidas pela recristalização de material parcial ou totalmente fundido. Em virtude do reduzido tamanho dos corpos parentais dos acondritos, as

fontes de calor dos nuclídeos radiogénicos de longa vida ( U-235, Th-232 e K-40) não foram efectivas nos primórdios do sistema solar. Até agora não foi possível traçar

com toda a certeza as evidências de que isótopos radioactivos de curta vida tenham sido os únicos responsáveis. O aquecimento provocado por colisão e acreção deve

igualmente ter sido uma fonte de calor muito importante.

Clasto basáltico do acondrito de Chaves ao microscópio petrográfico mostrando

que partes deste meteorito arrefeceram próximo da superfície do corpo parental, muito possivelmente o asteróide Vesta. O clasto tem 3 mm de eixo maior (Foto do

autor). Muitos estudiosos pensam que o Al-26 (de meia vida de 720 mil anos), produzido

numa supernova, e o aquecimento por indução (transmitido pelos ventos T Tauri do Sol) foram capazes de fundir o material condrítico, produzindo magmas basálticos

em menos de um milhão de anos. A capacidade do Al-26 para a formação de um magma basáltico e a sua migração faz dele a mais atractiva fonte de calor.

Vários acondritos, como o nosso howardito de Chaves, são brechas com clastos de várias partes da litosfera de Vesta, produzidas por impactos. O seu estudo dá-nos

informação sobre os rególitos dos asteróides diferenciados e os processos de impacto nos pequenos planetas. Estes rególitos registam ainda informações da

actividade do Sol inicial e a interacção do vento solar com a superfície do asteróide. Uma vantagem do estudo destes meteoritos brechificados tem sido mostrada pela

investigação dos howarditos, dos eucritos polimíticos e dos ureilitos polimíticos, que contêm muitas componentes de várias partes dos corpos parentais e os

registos dos processos de choque, aquecimento e brechificação.

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Idade dos principais eventos no sistema solar inicial obtida por datações

radiométricas em diferentes meteoritos (Adaptado de Allègre e de outros autores).

As idades do grupo HED indicam que o asteróide Vesta tardou somente entre 5 e 15 milhões de anos a formar-se. Por sua vez, a fusão e diferenciação do asteróide deu-se poucos milhões de anos depois da origem dos asteróides condríticos, já que as

idades dos acondritos HED são quase indistinguíveis das dos 4,5 mil milhões de anos. Isto permite-nos elaborar um modelo para a estrutura do asteróide Vesta,

modelo que é apoiado pelas imagens de elevada resolução obtidas na década passada pelo Telescópio Espacial Hubble.

Mapas geoquímicos de Vesta baseados nas imagens do telescópio Hubble em 1994.

As cores roxas e avermelhadas interpretam-se como escoadas basálticas (de composição eucrítica) e brechas polimíticas com fragmentos de superfície e

profundidade (howarditos). As cores alaranjadas, amarelas e verdes correspondem possivelmente a rochas ortopiroxeníticas (diogenitos) e dunitos (rochas compostas

apenas por olivina que faltam nas nossas colecções de meteoritos), segundo uma interpretação de Zellner, 1995 e de Monteiro, 2003. (Mapas STScI).

A análise atenta dos meteoritos HED parece assinalar que os três tipos procedem do mesmo corpo parental já que, embora as suas texturas e mineralogias não sejam idênticas, os howarditos, como o caso da brecha meteorítica de Chaves, possuem clastos e cristais de eucritos e de diogenitos. Os eucritos são uma espécie de lavas basálticas, incluindo alguns a presença de vacúolos, semelhantes a muitos basaltos que encontramos na Terra e na Lua. Apresentam geralmente uma textura ofítica de

rocha formada perto da superfície: os cristais de feldspato formam prismas alongados que se entrecruzam e envolvem cristais de piroxena. Os diogenitos,

compostos por grandes cristais de piroxena (rochas piroxeníticas) parecem acumulados, com alguma cromite associada, e que se formam no fundo da câmara

magmática.

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Estrutura superficial do asteróide Vesta. A crusta está formada por escoadas

basálticas (eucritos); debaixo das escoadas há um nível de acumulados piroxeníticos (diogenitos). Os impactos fragmentaram a crusta e misturaram os seus níveis, gerando um rególito que posteriores impactos se encarregaram de “soldar”

formando os howarditos como o que caiu em Chaves em 3 de Maio de 1925. Esta hipótese prevê que no futuro se venham a encontrar meteoritos duníticos

provenientes do manto de Vesta. O modelo mais aceite para o grupo HED parte da diferenciação de Vesta (que na sua origem seria um asteróide condrítico) em um

núcleo (?) e um manto peridotítico. Por sua vez este fundir-se-ia parcialmente, deixando um resíduo de dunito (rocha peridotítica formada apenas por olivina) e

gerando líquidos basálticos em câmaras magmáticas provisórias. Nelas se formariam acumulados (os diogenitos) e delas migrariam lavas que dariam origem aos eucritos. Os processos de impactos sobre os asteróides brechificariam umas e outras originando um rególito que formaria os howarditos. O único ponto desta

hipótese que não tem apoio total nos dados é o da existência de um resíduo dunítico, já que (embora os dados espectroscópicos astronómicos o apontem)

nunca foram encontrados meteoritos com esta composição.

A sonda Dawn, do programa Discovery da NASA que em 2006 será lançada em

direcção aos asteróides Ceres e Vesta (JPL/NASA/UCLA) Em 2006 a NASA prevê lançar a sonda Dawn que irá estudar em detalhe, na próxima década, os asteróides Ceres (um corpo não diferenciado de composição semelhante

à dos condritos carbonáceos) e Vesta (um corpo diferenciado de composição semelhante à dos acondritos do grupo HED). Esta sonda irá certamente traçar o

registo histórico da vida dos asteróides que preservam as marcas das nossas origens. Na próxima semana olharemos para outros registos e marcas que os

meteoritos também guardam e deixam sobre as superfícies planetárias: a matéria orgânica que antecedeu a origem da vida e os grandes impactos responsáveis pela morte e aparecimento de novas espécies sobre a Terra. Uma questão de vida e de

morte. Bibliografia:

Allègre, C. (1996) De la Pierre à l’étoile. Fayard, Paris. Anders, E. (1988) Circumstellar Material in Meteorites: Noble Gases, Carbon and Nitrogen. In “Meteorites and the Early Solar System” J. Kerridge & M. Matthews

(Eds.). The University Arizona Press, Tucson.

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Jones, R. et al. (2000) Formation of Chondrules and CAI’s: Theory vs. Observation. In “Protostars and Planets IV”, V. Mannings, A. Boss, S. Russell (Eds.). The University

of Arizona Press, Tucson. Keil, K. (2002) Geological History of Asteoid 4 Vesta: The “Smallest Tererestrial

Planet”. In “Asteroids III”, W. Bottke, A. Cellino, P. Paolicchi & R. Binzel (Eds.). The University of Arizona Press, Tucson.

Monteiro, J.F. (1996) Meteoritos. Ed. Ribeirinho, Porto. Monteiro, J.F. (2003) El Vulcanismo en el cinturón de Asteroides. In “Crónicas del

Sistema Solar”, Francisco Anguita & G. Castilla (Eds.). E. Sirius, Madrid.