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O CERCO DA LAPA E A TOMADA DE CURITIBA Renato Carneiro Jr. Brasília, 29/10/2013

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O CERCO DA LAPA E A TOMADA DE CURITIBARenato Carneiro Jr.

Brasília, 29/10/2013

Desde o início do Império, a região de Curitiba, então 5ª

Comarca de São Paulo, sempre se postou ao lado do poder

central, funcionando como uma barreira contra revoluções que

vinham do sul.

As tentativas de golpes contra o poder central nunca

prosperaram além do Paraná até 1930, com Vargas. Assim foi prosperaram além do Paraná até 1930, com Vargas. Assim foi

com a Guerra dos Farrapos, com as insurreições liberais de

Sorocaba e Barbacena, da Revolução Federalista, no século XIX, e

com as Colunas Miguel Costa e Prestes, em 1924.

A Revolução Federalista de 1893/94 teve a emblemática

participação da cidade da Lapa na retenção dos revoltosos até

que Floriano tivesse condição de rearmar o Exército e a Marinha.

� Paraná custou a aderir à causa republicana

� Razões contra continuidade do Império:

◦ velhice do monarca;

◦ antipatia ao Conde D’Eu; ◦ antipatia ao Conde D’Eu;

◦ ser a única monarquia da América;

◦ oposição dos escravocratas, por abolição sem indenização;

◦ Questão Religiosa e

◦ reivindicações no Exército por valorização

� Os mais fortes partidos da monarquia logo se adaptaram aos

novos tempos. No Paraná, o Partido Conservador transformou-se

no Partido Republicano Federal. O Partido Liberal virou o Partido

Republicano Paranaense.

� No Rio Grande do Sul, Floriano apoiaria Júlio de Castilho, líder

positivista e republicano contra Silveira Martins, apontado como

simpatizante da monarquia. Acusação fatal naqueles tempos.

� Derrotados, os aliados de Martins se agrupariam no Uruguai,

promovendo a invasão do Rio Grande do Sul, em 1893. Esta

profunda divisão arrastaria o sul do numa revolta que sacudiu o

Brasil, com lances de barbarismo de ambos os lados.

� Os legalistas, partidários de Júlio de Castilhos e Floriano

ficariam conhecidos como “pica-paus” e identificados

pelo lenço branco amarrado no pescoço.

� Os federalistas, aliados de Silveira Martins, mas também � Os federalistas, aliados de Silveira Martins, mas também

monarquistas. Defensores da República, mas contrários

a Floriano, anarquistas ou mesmo “peleadores” sem

identificação política, passariam a ser chamados de

“maragatos” (‘coisas ruins’), de lenço vermelho como

distintivo.

� Em setembro de 1893, estourou na baía de Guanabara a

Revolta da Armada, quando os almirantes tomaram os navios

de guerra e iniciaram o bombardeamento da capital, unindo-

se à Revolução Federalista recém deflagrada no sul.

Seus principais líderes eram os almirantes Saldanha da Gama � Seus principais líderes eram os almirantes Saldanha da Gama

e Custódio de Mello, enquanto que o principal comandante

maragato era Gumercindo Saraiva, que propugnava a

separação do Rio Grande do Sul e a criação de uma nova

nação com o Uruguai, além de caudilhos e fazendeiros como

Juca Tigre, João Francisco e outros.

� Floriano ficava impedido de deslocar tropas por mar para o sul,

ao mesmo tempo em que se obrigava a defender a capital.

Custódio de Mello, com seus navios, criou um governo provisório

para os revoltosos na ilha do Desterro, SC.

Dominando uma boa parte do RS e de SC, os revoltosos � Dominando uma boa parte do RS e de SC, os revoltosos

estabeleceram planos de submeter o PR, para depois tomar SP e

seguir em direção à capital federal. Sua estratégia consistia em

atacar o PR em três frentes: Paranaguá, pelo mar, cortando a

saída da capital; Tijucas do Sul seria invadida por SC e a tomada

da Lapa deixaria Curitiba indefesa.

� Paranaguá acabou caindo pela força desproporcional dos navios

de Custódio de Mello. A fortaleza da Ilha do Mel rendeu-se,

deixando Paranaguá aos revolucionários em 14/01/1894.

� A tomada de Tijucas do Sul, por Gumercindo Saraiva, foi mais

custosa. Entre 15 e 19/01, Tijucas impôs várias derrotas aos custosa. Entre 15 e 19/01, Tijucas impôs várias derrotas aos

revoltosos, porém, sem possibilidades reabastecimento de

víveres e munição, por estarem cercados e sem cavalos,

renderam-se, quando Paranaguá já estava ocupada e o Governo

do Estado já havia abandonado Curitiba, tentando se instalar em

Castro, mas seguindo para São Paulo.

� Na Lapa, o general Argolo passou o comando da praça militar

ao Coronel Gomes Carneiro, com ordens de reter ao máximo

os revoltosos no Paraná.

� Impossibilitado de receber reforços do Rio de Janeiro, de

Curitiba, ou mesmo das tropas legalistas de Pinheiro

Machado, do Rio Grande do Sul, Carneiro resolveu

entrincheirar-se na cidade, que foi continuamente

bombardeada por 28 dias, entre 15 de janeiro e 11 de

fevereiro de 1894. A luta seguiu ferrenha pelas ruas da

cidade, onde restavam apenas escombros.

� A resistência surpreendeu e irritou os maragatos, que

pretendiam gastar apenas 72 horas com a conquista da Lapa. Em

7 de fevereiro o combate mais forte e sério nas ruas centrais

atingiria o coronel Gomes Carneiro, o coronel Dulcídio Pereira e

o tenente coronel José Aminthas de Barros. o tenente coronel José Aminthas de Barros.

� Gomes Carneiro, atingido no fígado, resistiria por mais dois dias.

Após sua morte, a Lapa não resistiria mais, capitulando em 11 de

fevereiro de 1894, tendo ficado sem munição e comida pelo

Cerco que ali se estabeleceu.

� Assinado o armistício, na Casa Lacerda, comprometeram-se os

federalistas a tratar com honra os sobreviventes do Cerco, por

sua bravura. Porém, logo após a rendição e desarmamento dos

derrotados, começaram as degolas.

Por outro lado, Curitiba, abandonada no dia 18 de janeiro, � Por outro lado, Curitiba, abandonada no dia 18 de janeiro,

por Vicente Machado, seria invadida pelos maragatos no dia

20 de janeiro, que permaneceram na cidade até o dia 26 de

abril, num total de quase 100 dias.

� Para evitar os saques e a violência em Curitiba e demais cidades, os empresários reuniram-se na criação da Comissão Especial de Empréstimos de Guerra, para arrecadar os 100 contos de réis exigidos como resgate pelos federalistas.

� Chefiados pelo Barão do Serro Azul, esta providência salvou a população de mais violência. Enquanto esperavam o fim do cerco da Lapa e usufruindo uma situação relativamente tranquila, os da Lapa e usufruindo uma situação relativamente tranquila, os revoltosos acabaram adiando seus planos de levar a revolução a São Paulo e Rio de Janeiro, ocupando apenas o Paraná até Ponta Grossa.

� Com o tempo que conseguiu com a resistência no Paraná, Floriano pôde adquirir armamentos e navios de guerra nos EUA e com eles derrotar Saldanha da Gama. Os comandantes maragatos resolveram voltar ao sul, alguns deles refugiando-se no Uruguai e Argentina.

� A Revolução Federalista foi um exemplo de barbárie e violência de ambos os lados. Não apenas os maragatos promoveram degolas, estupros e assassinatos de prisioneiros. Os legalistas ocuparam a capital eliminando todos aqueles que acusados de haver colaborado com os federalistas, ou de haver desertado.

A cadeia estava abarrotada de prisioneiros e mesmo o teatro � A cadeia estava abarrotada de prisioneiros e mesmo o teatro da capital era usado como prisão provisória. No km 65 da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, a execução do Barão do Serro Azul e mais cinco empresários, acusados de terem sido coniventes com os revolucionários.

� Ao todo foram executados 12 em represália no Paraná e 48 na ilha do Desterro, depois chamada de Florianópolis.

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