o alicerce - edição 8

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mês de abril desse ano iniciou com surpresas negavas para os fun- cionários do Hotel Ser- rano de Gramado. No dia 1º, foi informado que haveria um desconto nos pontos – que são os 10% sobre o total da diária, in- cluindo o consumo, hospedagens e todos os serviços prestados– em função da cobrança de 20% de im- postos sobre o valor. A mudança veio sem explicações e os tra- balhadores se uniram para reivin- dicar sasfações do hotel na segun- da-feira seguinte, dia 4. O sistema de pontos tem um grande impacto no montante recebido pelos empregados. Daí a importância da questão. “Os fun- cionários se revoltaram, pois to- dos têm família para sustentar, responsabilidades. O salário veio tão baixo que alguns falaram que teriam que escolher se pagavam as contas ou compravam comida para as famílias”, contou um trabalhador do hotel. Na segunda pela manhã, quando os trabalhadores chegaram ao hotel e foram direto ao setor de Recursos Humanos da empresa para buscar respostas, já havia uma viatura da polícia esperando. A ger - ente do RH, então, informou-os de que deveriam ficar do lado de fora do hotel, e que os policiais estavam à sua disposição. A mobilização teve organização autônoma dos próprios trabalhadores. Posteriormente, os mais de 100 funcionários mobilizados - veram uma reunião com o sindicato da categoria, na qual lhes foi passa- EDIÇÃO 8 - GRAMADO, MAIO DE 2016. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - CIRCULAÇÃO MENSAL FACEBOOK.COM/OALICERCEGRAMADO SÓ A LUTA DECIDE Trabalhadores do Hotel Serrano mostram sua força com mobilização contra cortes nos pagamentos Assembleia realizada com os funcionários do Hotel Serrano IGOR MALLMANN do que o hotel vinha descontando entre 38% e 40% de impostos sobre a folha de pagamento. Com o au- mento, esse valor chegaria a 58%. A mudança se deu em função da Lei Federal 13.161, que entrou em vig- or em dezembro de 2015 e trouxe novas regras relavas à desoner - ação da folha de pagamento. Os trabalhadores conn- uaram suas avidades em estado de greve nos dias seguintes, até a realização de uma assembleia com representantes do sindicato, do hotel, além dos empregados. Na ocasião, o advogado da empresa admiu que os descontos haviam sido tão altos em função de “erros de cálculos” e que o valor indevida- mente redo seria entregue no vale do dia 20. O hotel aceitou a reivin- dicação de não reter mais do que 42% dos pagamentos em impostos e de não promover nenhum po de retaliação contra os funcionários que haviam parcipado da mani- festação do dia 4. Também foram eleitos representantes de cada setor para fiscalizar o sistema de pontos. O ocorrido demonstrou a importância da união e organização dos trabalhadores contra os abusos e a exploração por parte da classe patronal.

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mês de abril desse ano iniciou com surpresas negativas para os fun-cionários do Hotel Ser-rano de Gramado. No

dia 1º, foi informado que haveria um desconto nos pontos – que são os 10% sobre o total da diária, in-cluindo o consumo, hospedagens e todos os serviços prestados– em função da cobrança de 20% de im-postos sobre o valor. A mudança veio sem explicações e os tra-balhadores se uniram para reivin-dicar satisfações do hotel na segun-da-feira seguinte, dia 4. O sistema de pontos tem um grande impacto no montante recebido pelos empregados. Daí a importância da questão. “Os fun-cionários se revoltaram, pois to-dos têm família para sustentar, responsabilidades. O salário veio tão baixo que alguns falaram que teriam que escolher se pagavam as contas ou compravam comida para as famílias”, contou um trabalhador do hotel. Na segunda pela manhã, quando os trabalhadores chegaram ao hotel e foram direto ao setor de Recursos Humanos da empresa para buscar respostas, já havia uma viatura da polícia esperando. A ger-ente do RH, então, informou-os de que deveriam ficar do lado de fora do hotel, e que os policiais estavam à sua disposição. A mobilização teve organização autônoma dos próprios trabalhadores. Posteriormente, os mais de 100 funcionários mobilizados ti-veram uma reunião com o sindicato da categoria, na qual lhes foi passa-

EDIÇÃO 8 - GRAMADO, MAIO DE 2016. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - CIRCULAÇÃO MENSALFACEBOOK.COM/OALICERCEGRAMADO

SÓ A LUTA DECIDETrabalhadores do Hotel Serrano mostram sua força

com mobilização contra cortes nos pagamentos

Assembleia realizada com os funcionários do Hotel Serrano

IGOR MALLMANN

do que o hotel vinha descontando entre 38% e 40% de impostos sobre a folha de pagamento. Com o au-mento, esse valor chegaria a 58%. A mudança se deu em função da Lei Federal 13.161, que entrou em vig-or em dezembro de 2015 e trouxe novas regras relativas à desoner-ação da folha de pagamento. Os trabalhadores contin-uaram suas atividades em estado de greve nos dias seguintes, até a

realização de uma assembleia com representantes do sindicato, do hotel, além dos empregados. Na ocasião, o advogado da empresa admitiu que os descontos haviam sido tão altos em função de “erros de cálculos” e que o valor indevida-mente retido seria entregue no vale do dia 20. O hotel aceitou a reivin-dicação de não reter mais do que 42% dos pagamentos em impostos e de não promover nenhum tipo de

retaliação contra os funcionários que haviam participado da mani-festação do dia 4. Também foram eleitos representantes de cada setor para fiscalizar o sistema de pontos. O ocorrido demonstrou a importância da união e organização dos trabalhadores contra os abusos e a exploração por parte da classe patronal.

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EDUCAÇÃO EM TRANSFORMAÇÃO

VOTO REPRESENTATIVO

coluna Educação em Transformação é o es-paço da legalidade, da desmistificação dos con-ceitos em educação, tão

usados como massa de manobra pela imprensa oficial golpista, e principal-mente, das opiniões legítimas, forma-das pela essência do ativismo e não do senso comum. Ao contrário do que é

stamos entrando no período eleitoral onde em nosso mu-nicípio vamos escolher Prefei-to e Vereadores, mas temos que ter a consciência de não

repetirmos os erros do passado, quan-do votamos por interesses particula-res e não coletivos. Quando digo que votamos por interesses particulares e não coletivos é que nós trabalhadores e trabalhadoras quando chega nesta

uando escolheram o Anastasia para relator do processo no senado, os deputados da base alia-da do governo contes- taram pelo fato de o de-

putado ser do PSDB, partido que PERDEU quatro eleições seguidas para presidente (é bom repetir: PERDEU, P-E-R-D-E-U, e vale lembrar que, segundo o próprio candidato derrotado nas últimas eleições, o PSDB é ruim, pois quem perde as eleições é ruim). Bom, após a contestação por parte dos partidos defensores da democracia, os se-nadores golpistas rebateram: “não, vocês estão colocando em dúvida a integridade do nosso anastasiazinho. O Anastasia é o homem mais integro desse senado. Não é porque ele é do partido a ou b que ele vai ser influenciado por isso. É um absurdo contestar essa escolha. Pessoa mais isenta

OPINIÕES A SERVIÇODA LEGALIDADE

É GOLPE, É GOLPE, É GOLPE!

LUCIUS FABIANO MARTINS DA SILVA

SILVANO SILVA

LUCAS VIEIRAProfessor da Rede Estaduale Municipal de Gramado

apresentado cotidianamente, existem mentes pensantes da profundidade da estrutura que domina a sociedade e, através de análises coerentes, pro-põem os caminhos para o equilíbrio e o princípio da justiça em uma educa-ção realmente inclusiva. A legalidade antes de tudo está comprometida com o coletivo, principalmente aos que viam seus ho-rizontes cada vez mais distantes, e a tradição da educação no Brasil duran-te 500 anos esteve em posição servil de uma classe radical de mandatários, preocupadas em dar manutenção aos

neste senado não há...” Bradavam os sena-dores. O mais ferrenho era o (acima de qualquer suspeita #sqn) Cassio Cunha Lima. Pois bem. O governo foi voto vencido. Eu, na minha inocência, pensei: bom, espero que o Anastasia faça jus à fama de honesto que tem no senado. Começaram os trabalhos. Acusação, defesa, convidados da oposição, convidados dos governistas. Nesse ponto algo me chamou a atenção. Faltando pouco mais de uma hora para o fim do debate com os convidados dos go-vernistas, Anastasia pede licença para se reunir no seu gabinete para finalizar o rela-tório. Tipo, “continuem defendendo aí a po-sição de vocês, pois eu já tenho a minha.” A senadora Gleisi contestou a atitude e foi co-vardemente combatida pelos golpistas, que exigiram inclusive um pedido de desculpas. Uma das mais veementes nesse massacre foi a (coerentíssima #sqn2) Marta Smith, que foi inclusive mal-educada com a se-

nadora petista, que havia contestado edu-cadamente a postura do nobre (#sqn3) relator. O relator, quando voltou (deve ter voltado porque bateu uma crise de cons-ciência), provavelmente com o relatório já pronto, alegou que continuava atento ao que ocorria no senado, sua TV estaria sinto-nizada na TV senado, e se sentia ofendido com as insinuações de Gleisi. “Como al-guém pode contestar minha isenção?” Pen-sou o senador. “Logo eu, que nunca pedalei pra governar minas? Que sempre cumpri os mínimos constitucionais de saúde e edu-cação do meu estado... (#sqn4)”. Eu, que não gosto de julgar as pessoas sem antes analisar seus atos, pensei: “vou dar essa chance ao nobre senador para nos surpreender e elaborar um relatório limpo, sem idéias distorcidas, sem que as convicções partidárias se sobreponham à sua análise do objeto da denúncia. É isso é muito simples. Basta haver motivo, ato, crime bem des-

crito, que não será necessário lançar mão de artifícios tais como: citar pedaços de obras que, ditos fora de contexto mudam e invertem todo o sentido do que o autor da obra quis efetivamente dizer, citar artigo da constituição dando ênfase a um pedaço que melhor convém, ignorar a participação do principal condutor do processo, entre outros. Porém, após tomar conhecimento do re-latório do senador Anastasia não resta dú-vida. Ele não é isento, foi completamente partidário na montagem do relatório. Mon-tagem porque ele inseriu cada frase cuida-dos e convenientemente para montar uma peça que parecesse legítima, mas o que ele fez foi utilizar um relatório para reafirmar seu desejo de afastar a presidenta indepen-dente da existência de motivos. A participação do Jose Eduardo Cardozo ao contestar o relatório foi impecável. Tirou qualquer dúvida que eu tinha sobre a falta de isenção do relator, tirou qualquer espe-rança que eu tinha de ver um parecer justo sobre o que vem acontecendo. Provou que tudo isso é exatamente o que estamos can-sados de dizer. É golpe! É golpe! É golpe.

época somos ludibriados pelo capital para votar em amigos de nossos pa-trões e pessoas que um amigo disse que tal candidato é excelente. Mas a pergunta que deve ser feita é: para quem que é excelente? Para nós que trabalhamos cla-ro que não. Este candidato não irá repre-sentar o interesse da nossa classe e sim os interesses da minoria da elite que está pronta para ver nossos direitos retirados a qualquer custo. Enquanto nós trabalhadores não aprendermos a votar em pessoas que realmente vão nos representar, pessoas que sabem realmente nossos anseios e as dificul-

dades de ter que sair de casa de ma-druga para pegar ônibus lotado com chuva, como é duro não ver nossos filhos crescerem ou sequer acompa-nhar direito seus estudos e que ficam muitas vezes sozinhos para podermos trabalhar e levar o sustento para casa. Somente com representantes do povo trabalhador vamos avançar na luta por melhores condições de vida, melhores condições de trabalho e va-lorização dos trabalhadores por isto digo a você trabalhador e trabalhadora que vocês terão a chance de fazer des-te município o melhor em termos de políticas para todos os cidadãos e prin-cipalmente para a categoria que você

trabalha e está inserido necessitando apoiar representantes que tenham a característica de luta e saibam real-mente o que sua categoria e os cida-dãos de sua cidade realmente necessi-tam. Não se iluda com carinhas bo-nitinhas e não venda o seu voto, mude o modo de se fazer política e participe junto da sua categoria se informando no seu sindicato que também é um modo de atuação social para que vi-sualize os melhores meios de como ter representante realmente dos trabalha-dores em todas as entidades e esferas públicas para maiores conquistas de todos os cidadãos.

instrumentos alienantes e que enges-saram a caráter modificador, transfor-mador e libertador da educação. O golpe no Brasil, estabelecido pela elite dominante, através dos ma-rionetes neoliberais, da pseudoesquer-da e da MBL vai atingir fundo todos os mecanismos de inclusão na educação, e de forma imediata nos recursos para os programas como PROUNI, SISU, PRONATEC, o Fies e outros, e em um segundo momento o ENEM, que tanto está sendo utilizado como ferramenta de inclusão para a Universidade, e que com o tempo iria possibilitar, em um formato mais abrangente o fim do ves-tibular. Ora, a História é a fonte segura para que não se repitam atos que im-possibilitem a inclusão da população

à educação, e revisitando a História vemos um único panorama, sinistro e aterrador, de que nunca existiram em governos subservientes ao capital qualquer programa de caráter coletivo e de aproximação das classes. Nesse contexto temos que nos mobilizar em Greve sim aqui no Sul, defendendo a classe e a valorização do magistério. Urge uma mudança contra a hipocrisia e o imobilismo pseudopro-pedêuta. Professores defendendo golpe e estimulando os alunos para tal es-tão corroborando, contra todos nós, contra a inclusão na educação, contra a dignidade, que nós educadores por vocação defendemos, uma educação que privilegie as chances ao coletivo cooperativo.

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CONSCIÊNCIA LIBERTÁRIA

O TRABALHO

este dia doze de maio de 2016, o golpe ganha uma nova dimensão, a presidente democraticamente eleita com mais de cinqüenta e quatro milhões de votos foi afastada de seu cargo por um congresso repleto de corruptos que devido, entre outras coisas, o financiamento empre-sarial das campanhas , não representam o povo brasileiro.Em resumo,

ladrões e corruptos cassando uma mulher honesta,que não tem sobre si uma única investigação de corrupção, uma vergonha para o Brasil. Como Marx já dizia “a história se repete,a primeira vez com tragédia, e a segunda como farsa”. Mas quem pagará o preço mais alto por esta farsa são os trabalhadores e trabalhadoras, vivemos uma crise econômica em todo o mundo, no Brasil não poderia ser diferente, se aproveitando desta instabilidade econômica a burguesia brasileira resolveu voltar ao comando do país através de um golpe, por que no voto eles não conseguem, para retomar sua agenda neoliberal que foi deixada de lado a mais de uma década. Um dos principais pontos desta agenda que será implantada por PMDB, PSDB entre outros, está a flexibilização da CLT ( Consolidação das Leis Trabalhis-tas), e a retirada de direitos sociais garantidos na constituição. Com esta agenda

A FÁBRICA DE SALSICHAS DA POLÍTICA PROFISSIONAL

QUEM PERDE COM O IMPEACHMENT?RODRIGO CALLAIS

s manobras políticas que estão dirigindo o processo de impeachment de Dilma Rousseff têm sido caóticas.

Mas ao menos estão servindo para vermos que os “representantes” e as “instituições” que dizem ser nossa voz na verdade tem compromissos com interesses muito escusos. A política profissional e engravatada se mostra cada vez mais como uma fábrica de salsichas. As decisões legislativas são seguidas de anulações e revalidações infinitas; os ministros do STF arbitram sem nenhuma coerência. A reper-cussão dos votos dos deputados, em nome da família, deus etc., é só uma pequena parte disso. O processo de impeachment reflete uma luta pelo poder, uma bri-ga de interesses; por isso, não pode ter outro nome senão golpe – “golpe branco”, pois é feito com verniz de le-galidade. E o PT, por seu lado, cavou sua cova ao aderir a um pacto com os setores conservadores para chegar ao poder. Tentou agradar as elites de to-das as maneiras. Achava que tinha con-seguido. Mas agora paga o preço pelo abandono de suas bandeiras reformis-tas históricas, caindo na vala comum dos partidos com relações promíscuas com empreiteiras contratadas pelo go-verno.

IGOR MALLMANN

Quem financia? Você já se perguntou de onde vêm os recursos que financiam os mo-vimentos a favor do impeachment, como o “Movimento Brasil Livre”? Um patrocinador importante é o Charles Koch Institute, dos irmãos Koch, cujas fortunas, somadas, superam folgada-mente as de Bill Ga-tes, Carlos Slim ou Warren Buffet. Este instituto financia movimentos e polí-ticos conservadores em diferentes paí-ses, com o objetivo de implementar as políticas neolibe-rais, de arrocho dos investimentos em serviços públicos e campo aberto para as multinacionais. Isso dei-xa claro a dimen-são estratégica do golpe. A ascensão de um governo do PMDB significa a adoção de políticas que agradem o “mercado”, quer dizer, os grandes empresários e os rentistas, que vivem sem trabalhar, de juros. Também há um interesse de que se-jam abafadas as investigações contra

estes partidos que apoiam o impeach-ment. Dizem que o problema do país são os enormes gastos públicos. E por isso, defendem cortes nos in-vestimentos de serviços básicos à po-pulação. Mas não dizem que a dívida pública, cujos títulos molham a mão dos banqueiros, consome mais de 40

% do orçamento da União. Esse, sim, é o grande gasto que afunda o país. Quando falam em “equilibrar as con-tas”, em superávit, significa garantir os rendimentos dos agiotas da nossa dívida que precisa urgentemente ser auditada. As elites al-mejam mais privilé-gios do que já têm. Elas reclamam de muitos impostos, mas na verdade quem mais paga impostos neste país

são os mais pobres e a classe média. Isso porque temos uma carga tributá-ria ridiculamente assentada no consu-mo e não na renda. Essa distorção faz com que as pessoas que ganham mais de 160 salários mínimos paguem ape-nas 6,51% ao leão, conforme dados da

Receita Federal. Imagine, leitor: você não paga muito mais do que isso em impostos?

Marcando posições O que está em jogo, portanto não é puramente a retirada do PT, que já governava aliado à direita e tomava medidas para agradar o “mercado”. O que vem aí é a rendição incondicional a um projeto de retirada de direitos sociais, trabalhistas etc. em prol do ca-pital, para falar nua e cruamente. Por isso, quando condenamos o golpe não podemos ir a reboque no apoio ao go-verno petista que caí. Os movimentos sociais e sin-dicatos precisam lutar com as armas que o PT no poder fez questão de bu-rocratizar e imobilizar. A saída é luta reivindicatória pela base, a resistência na ação direta, nas greves e nas ruas. As ocupações nas escolas paulistas contra o fechamento das instituições de ensino foram uma amostra da força do povo que se organiza. E este movi-mento vem encontrando eco em ou-tros estados, inclusive aqui no RS, com a greve dos professores estaduais. A experiência do PT no poder mais do que deixou claro que não po-demos esperar e confiar em soluções vindas de cima. O que decide a con-quista ou manutenção de direitos é a resistência do povo.

não se ganha votos, então não tem outra maneira que não seja no golpe. A refor-ma trabalhista para mexer nos direitos dos trabalhadores foi anunciada no discur-so de posse do presidente GOLPISTA em exercício Michel Temer. Não coincidência as entidades empresariais apóiam este golpe a demo-cracia por saberem que é a única forma de obter sucesso nos seus desejos de mexer no direito dos trabalhadores. Infelizmente esta será a agenda neoliberal instalada, e cabe a nós dos movimentos sociais e partidos com compromisso so-cial denunciar e lutar contra estes retrocessos. Temos aqui no Rio Grande do Sul um modelo de como será o governo Temer, sempre com a desculpa de terra arrasada, de que tudo é culpa do governo anterior, para poderem aplicar seu pacote de maldades, e assim penalizando os trabalhadores, para aumentarem os lucros de uma pequena parcela. A burguesia, os latifundiários, setores do empresariado, o imperialismo e a elite brasileira quebraram o estado democrático, rasgaram nossa constituição, respostas a altura virão, não cobrem posturas democráticas dos movimentos so-ciais e dos movimentos de massas, porque vocês não a tiveram, a luta de classes aflora, dias de muita luta virão. Quem perde com este golpe, midiático e jurídico, chamado de impeach-ment é a classe trabalhadora e cabe a ela não dar descanso a este governo golpis-ta e impostor. A palavra de ordem continua sendo NÃO AO GOLPE.

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luta sindical é uma ferramenta fundamental na luta pela emancipa-ção dos oprimidos via transformação social revolucionária. O presen-te artigo corresponde às primeiras elaborações teórico-práticas do Grupo de Trabalho Sindical da Coordenação Anarquista Brasileira. A partir do entendimento da relevância política do sindicalismo na

luta contra o capitalismo, faz-se necessário construir uma atuação nas categorias e sindicatos. Para isso, temos trabalhado com o objetivo de afinar metodologias de trabalho político neste setor, com vistas a uma atuação exitosa e que permita avanços para a classe trabalhadora e para a corrente libertária no campo sindical. Portanto, é fundamental participar nas lutas, engajando-se em torno de suas pau-tas e permitindo a ligação destas com outras pautas e outros movimentos sociais. É necessário saber fazer, participando em todas as lutas das categorias e da classe, da melhor maneira possível – das reivindicações imediatas às lutas estratégicas; ligando as pautas das categorias às lutas mais gerais, vencendo o corporativismo do meio sindical. Uma tarefa nada fácil, tal o grau de burocratização em que se encontra a maioria dos sindicatos. Tal processo de burocratização do sindicalismo brasileiro teve início ainda no século passado, durante a Era Vargas (1930-1945). Foi intensificado pelo surgi-mento do “trabalhismo” nas décadas de 1940 e 1950, tendo seu auge durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Ao fim deste último período, ganharam espaço críticas a esta forma de fazer sindicato. Os marcos da discussão democrática e da liberação política dos anos 1980 possibilitaram o ensaio de um “novo” tipo de sindicalismo. Um sindicalismo caracterizado por certas afinidades implícitas com a tradição do sindicalismo revolucionário de inícios do século XX, de inspiração socialista libertária, com elementos como organização por local de trabalho, ação direta, protagonismo etc. Contudo, após o breve ensaio, após o surgimento de inúmeras organizações sindicais de base, por locais de trabalho, e com um dis-curso radical crescente, o sindicalismo sofreu novo golpe. A nova Central Sindical (CUT) adere ao projeto político reformista do Partido dos Trabalhadores (PT), mais especificamente da corrente Articulação, tendência interna deste partido. São resquícios históricos da burocratização sindical ao longo desse perío-do: o imposto sindical, a necessidade de um registro jurídico (formalização do sin-dicato como entidade representativa), a completa ligação do sindicato ao Estado (via Ministério do Trabalho) e, a mais flagrante violação, a forte interferência do

judiciário nas organizações de classe. Essas características do “sindicalismo de Es-tado” correspondem não somente às bases de um sindicalismo pautado na sua subjugação aos Patrões e ao Estado, mas também a firmes entraves nas lutas das categorias. Este modelo criou um forte “legalismo” por parte dos(as) trabalhado-res(as) em suas lutas, uma profissionalização do “sindicalista” e seu consequente afastamento da base das categorias, bem como um “sindicato de serviços”, reti-rando, assim, progressivamente, a legitimidade deste perante a categoria como instrumento de luta. Infelizmente, em nossa luta, temos de conviver com algumas dessas ca-racterísticas diariamente. Não podemos pensar mais nossa atuação como já foi um dia: totalmente independente das instituições do Estado. Porém, mesmo par-ticipando de todos os sindicatos que pudermos, não significa que devamos aceitar o sindicalismo da forma como ele se apresenta hoje. Pelo contrário: conhecen-do a realidade tal como ela é, devemos nos planejar da melhor maneira para su-perarmos este estado de organização de “cima para baixo” do sindicalismo, que privilegia as forças políticas em disputa e, ao mesmo tempo, reduz o poder da “auto-organização pela base”. Desse modo, se na nossa análise a estrutura dos sindicatos não é a que almejamos, isso não deve motivar nosso afastamento das organizações de classe. Devemos, sim, energizar nossas forças para o combate ao “sindicalismo de Estado” e para a construção da luta coletiva sempre pela base, criando outra metodologia de trabalho político ancorada nos princípios do sindi-calismo revolucionário. No último período, vimos alguns exemplos de categorias que consegui-ram romper com esse modelo, construindo movimentos para além da vontade das direções sindicais. Isso nos anima e mostra que estamos certos. É possível romper as amarras do sindicalismo reformista, do aparelhismo das direções, e promover lutas avançadas e com conquistas claras, sejam elas imediatas ou não. Por isso, enfatizamos a necessidade de estarmos inseridos/as na classe trabalha-dora e organizados/as nos seus instrumentos de classe, lutando para que ela seja a real protagonista de seu futuro.

Princípios norteadores do Sindicalismo Revolucionário

Independência de classe: independência política, executiva e financeira em rela-ção aos governos, patrões e partidos políticos. Não negamos a existência nem a necessidade de organizações políticas, porém, entendemos que os sindicatos são o espaço de unidade para a luta reivindicativa dos trabalhadores, independente-mente das diferentes matrizes ideológicas que o compõem. A disputa ideológica não deve ser a motivação da luta sindical. Essa precisa ter como motor a necessi-dade de conquistas imediatas e de longo prazo para os trabalhadores organizados. Quando se restringe a luta sindical aos dogmas e interesses de um partido ou cor-rente sindical, por exemplo, ganham a burocracia e o aparelhismo, distanciando mais ainda os sindicatos do protagonismo popular; nesse caso, da categoria que a entidade representa. Solidariedade de classe: o antigo conceito de ajuda mútua, não restrito ao apoio econômico, está inserido no que entendemos como solidariedade. Esta é um princípio, portanto imutável, inegociável, independente de conjuntura ou até mesmo etapa. É uma orientação geral e constante, para com todos os setores das classes oprimidas. Não significa esperar dos sindicatos estrutura física ou apoio material. Trata-se de estar junto de fato, em todos os sentidos, compreendendo que nós, os diversos sujeitos históricos das diferentes classes oprimidas, temos nas classes dominantes e elites dirigentes, assim como nos seus governos de turno, inimigos em comum. Estamos todos subjugados pelo sistema capitalista. Portanto,

GUILHERME RUNGEMilitante Sindical e Diretor do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha

SINDICALISMO DE BASE

O PAPEL DOS SINDICATOS NA TRANSFORMAÇÃO DA

SOCIEDADE

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embro que, aos 10 anos de ida-de, cantava o verso “O Brasil é o país do futuro” junto com Re-nato Russo, mas com vontade, não escárnio – ainda criança, eu

imaginava (imaginava não, acreditava) que podíamos sim construir um futuro digno, que podíamos ser uma nação que servisse de exemplo ao mundo. Há alguns anos, essa lembrança me trazia uma certa nostalgia acompanhada de um certo des-gosto, que aumentava conforme o tempo ia passando. Hoje, a memória daquela criança de 10 anos que cantava esse ver-so a plenos pulmões me deixa vazia, a não ser pela sensação de um gosto amargo na boca. Sinto uma espécie de “remorso alheio”, no qual eu me arrependo das chances que tivemos, das coisas pelas quais o país teve que passar – o país, mas não eu, eu fui afortunada o suficiente para nascer em uma nação democrática e, sempre me disseram, laica -, mas das quais não parece se lembrar. Tenho re-morso do que conquistamos e não sou-bemos dar valor. Me arrependo e sinto a culpa daqueles que, ao expressarem des-contentamento com uma presidenta só sabem fazê-lo com termos como “vadia”, “desgraçada” e “mulherzinha” – porque, é claro, aqueles que agem assim jamais sentirão culpa. Não pensam duas vezes antes de apoiar o discurso misógino de um homem que exalta, praticamente na cara de uma senhora de 68 anos, as ati-tudes de seu torturador – eles não per-cebem, ou não querem perceber, que ao fazer isso ele zomba da nação inteira, in-clusive de seus apoiadores. Tira proveito de sua ignorância, que não vê que há algo de podre na Dinamarca, que há interes-ses muito maiores do que a simples cas-sação de um mandato de uma presidenta em jogo. O Brasil ainda é o país do fu-turo, talvez. Mas esse futuro, a cada dia

NICOLE ROTHEstudante de Jornalismo

BRASIL, O PAÍS DO FUTUROque passa, parece mais negro. O país de uma elite reacionária, que quer eliminar a corrupção a qualquer custo – inclusive às custas da lei, tomando como herói um homem que passa por cima do próprio Direito que ele jura defender, que come-te atos ilegais e é ovacionado por isso -, mas que não enxerga as consequências de seus atos. Procura destituir do poder uma das únicas personalidades políticas que não é acusada de corrupção, que é acusada de um “crime” não é nem sequer considerado como tal por metade dos pensadores do Direito do país, tornando a justificativa para sua saída algo frágil, na melhor das hipóteses. Falamos sim de uma presidenta que, certamente, não é isenta de erros (e quiçá, de crimes reais também, mas que, eu insisto, precisam ser provados antes de serem punidos), mas também estamos falando do país de uma população que bebe das palavras de um ex-presidente que cometeu esses mesmos “crimes” num passado não mui-to distante. Um país formado por uma po-pulação que busca combater a corrupção cuspindo na cara da Constituição – mas que condena com toda veemência um cuspe na cara do fascismo. Uma nação que busca corrigir um erro com outro, que não compreende que deixar um ho-mem acusado de crimes a nível nacional e internacional conduzir um processo de impeachment é sim, cuspir na cara da democracia, da legalidade. É jogar fora qualquer credibilidade ou legitimidade que o processo pudesse ter. Que isso faz de nós uma nação que pode ser acusada de tudo, menos de ser um país que leva a eliminação da corrupção a sério. Somos a nação que anda para trás, que criou uma geração que aplaude enquanto é manipulada e enquanto abre mão, de livre escolha, de seus direitos – talvez por nunca ter precisado lutar por eles. Que sofre do pior tipo de cegueira: a daqueles que não querem ver. Não consi-go deixar de lembrar de Renato, sempre, sempre relevante: não sei mais o que di-zer, e nem o que pensar.

mesmo que diferentes, devemos estar solidários nas lutas, nas derrotas e também nas conquistas. Ação direta: o uso de todos os meios necessários para potencializar as lutas protagonizadas pelos trabalhadores, no caso a luta sindical, caracteriza este princípio. Significa não delegar as práticas cotidianas, desde a organização de base, propaganda, até os espaços de intermediação e negociação, para dirigentes de qualquer natureza. E menos ainda limitar a atuação àquilo que é permitido ou acordado pelos patrões e seus governos de turno. A representação como dele-gação para tarefas específicas neste campo é um método organizativo que deve ter objetivos e limites bem precisos. Entendemos, ainda, que reproduzir a lógica parlamentar para qualquer entidade ou instância dos movimentos sociais é um dos maiores equívocos da burocracia sindical e, por consequência, tem gerado a apropriação da entidade para seus interesses. Se nada podemos esperar senão de nós mesmos, é com essa convicção que reafirmamos que o protagonismo da luta popular é fundamental ao sindicalismo classista e combativo. Afinal, como diz o hino d’A Internacional “...façamos nós com nossas mãos tudo que a nós nos diz respeito...” Federalismopolítico: é o princípio que orienta o método organizativo de forma democrática e horizontal, pautado na representação do que é definido pela base em questão. Como, por exemplo, de uma comissão de fábrica para o sindi-cato e deste para uma central sindical, onde, igualmente, o delegado ou membro das executivas das entidades pode ser trocado caso estas bases não sintam repre-sentadas as suas posições, propostas ou encaminhamentos. Em outras palavras, esse é o princípio que tem por método o poder reforçado e controlado pela base e pelas margens sobre o topo e o centro, respectivamente. Democracia direta e de base: a democracia direta juntamente com o fe-deralismo são os pilares de um sistema de poder onde as decisões são discutidas e decididas diretamente pela base. É o oposto do centralismo que tenta levar a base à reboque do mando vertical de uma vanguarda.

As lutas imediatas, as lutas mais gerais e o Protagonismo Popular

Se quisermos atender nossos objetivos, deveremos promover a luta sin-dical a partir dos locais de trabalho. É aí onde os trabalhadores se constituem en-quanto classe e onde sofrem a opressão diariamente. É aí onde o sistema impõe o trabalho degradante e retroalimenta o próprio sistema. E é aí também que mora o “bem” do patrão e onde dissolve-se o bem coletivo. Dessa realidade é que existe a possibilidade de desenvolvermos a solidariedade e, a partir das necessidades sen-tidas, partirmos para as lutas imediatas. Essas lutas são o cotidiano da luta sindical e é com ela que estaremos envolvidos a maior parte do tempo. A atuação sindical numa perspectiva revolucionária faz parte da estraté-gia de transformação social rumo à sociedade socialista libertária. No entanto, é apenas um dos campos, parte, dessa estratégia, pois consideramos que a classe oprimida encontrou outros mecanismos de resistência e luta que não apenas a ação sindical. Em nosso fazer diário nos sindicatos, não podemos perder de vista este ponto. Devemos impulsionar o constante diálogo com outros movimentos sociais. Caso contrário, corremos o risco de fecharmos nossas lutas apenas a pau-tas corporativas. A luta como formadora de militantes é, portanto, tão importante quanto as conquistas imediatas. Quando chegar o dia em que não precisemos mais de indústrias bélicas, a luta e a organização dos trabalhadores serão seu legado e não o trabalho em si que desenvolviam neste setor, o qual não fará mais sentido. A luta econômica dos sindicatos permite a união e solidariedade da classe, mas a luta política tem de ser trabalhada com mais cuidado, pois, no nível das massas, dependendo da conjuntura, pode muito mais dividir que unir. Os sindicatos servirão de base, inclusive, para a organização de uma nova sociedade, na medida em que são espaços onde a classe se organiza e onde, mes-mo dentro do capitalismo, podemos experimentar ferramentas que possibilita-riam a nós uma organização diferente a nível social. Acreditamos também que a greve geral pode ser um instrumento de transformação. Entretanto, não consegui-remos chegar a uma nova sociedade apenas pelos sindicatos e não apenas com greve geral. Devemos guardar os ensinamentos de todos aqueles que vivenciaram e colaboraram com o movimento sindical de intenção revolucionária (hegemônico em vários países no início do século XX), como Neno Vasco e Errico Malatesta, ainda que não possamos transportar suas ideias como fórmulas acabadas para os nossos dias. Defendemos os seguintes pontos juntos com Neno e Malatesta:a) A natureza do sindicalismo e a necessária luta por questões imediatas;b) O sindicato como um meio e não o fim;c) Desafio de romper com o corporativismo das categorias trabalhando a solida-riedade;d) A importância de não reproduzir o sectarismo no movimento sindical, pois, sob o ponto de vista libertário, devemos saber lidar com a diversidade;e) A pedagogia do exemplo para a construção social do novo sujeito e o sindicalis-mo como algo essencialmente prático.

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PLEBISCITO PARA ENFRENTAR O GOLPEE BARRAR O RETROCESSO!

o último dia 17 de abril – sob o comando de um delinquente que acaba de ser afastado do mandato pelo STF (ainda que tardiamente...) –, a Câmara

dos Deputados aprovou a admissibilida-de do processo de impedimento contra a Presidenta Dilma Roussef. Para isso, po-rém, os golpistas tiveram que “desnudar--se” diante do povo e mostrar – “a vivo e a cores” – toda sua desfaçatez e hipocrisia. Desde então, cresce a cada dia que passa a compreensão de amplos setores da população de que não há qualquer fundamento legal para o im-pedimento de Dilma e que aqueles que promovem o golpe não têm condições morais para afastar Dilma. Não por acaso, somente 8% da população apoiam a substituição de Dil-ma por Temer, contra 21% que defendem a continuidade de Dilma (esse percentual sobe a 36% entre os mais pobres) e 61% que pedem “eleições diretas já”. Também internacionalmente firma-se a opinião de que o que está ocorrendo no Brasil é um “golpe”! Vai ficando claro que os golpistas constituirão um governo que, além de ilegal, ilegítimo, não terá apoio no povo nem credibilidade, seja no Brasil, seja no exterior, e enfrentará forte resistência po-pular, desde o seu início. Resistência que crescerá na medida em que o usurpador Temer tentar impor ao país sua agenda de retrocessos. Porém, o povo ainda não está su-ficientemente esclarecido acerca do cará-ter entreguista, antipopular e antidemo-crático das medidas propostas por Temer e pelo PMDB, em aliança com o PSDB, DEM, PPS e todo o rebotalho neoliberal deste país. Essas medidas anti-povo estão registradas nos documentos Ponte para o Futuro e Travessia Social, complementa-das por diferentes manifestações de seus autores na mídia golpista. Ali se afirma, “com todas as letras”: 1. A Constituição de 88 precisa ser alterada, pois concedeu demasiados direitos sociais e trabalhistas para o povo, estando aí a principal causa da crise eco-nômica e fiscal do país. 2. Os governos Lula e Dilma cria-ram programas sociais em excesso e pre-cisamos criar um Comitê Independente [de quem?] para decidir a cada ano os programas que deverão acabar. 3. Os programas sociais serão dirigidos apenas aos 5% mais pobres (10 milhões); aos 70 milhões situados entre os 40% mais pobres se lhes ajudará a in-serir-se no mercado de trabalho ou lhes fornecerá “certificados de habilidades”.

RAUL CARRION 4. Serão cortados todos os sub-sídios para a indústria nacional, exporta-ções e programas sociais, entre os quais “Minha Casa Minha Vida” (recursos do FGTS a fundo perdido). 5. Acabarão todas as vinculações no Orçamento, inclusive para a educação e saúde. 6. O Banco Central terá autono-mia frente ao Governo (ficando sob con-trole do “mercado”). 7. Acabarão todas as indexações de salários e benefícios, inclusive os previ-denciários. 8. O Congresso decidirá a cada ano os eventuais reajustes de salários e benefícios, levando em conta as finanças públicas. 9. O funcionalismo estadual po-derá ter reduzida sua carga horária, com redução proporcional de salários. 10. Serão reduzidas as despesas públicas com o objetivo de obter grandes superávits primários, com vistas a garantir o pagamento dos juros e das prestações aos banqueiros credores. 11. Retor-nará o regime de concessões para a exploração do Pré--Sal. 12. Os acordos de dissí-dio prevalecerão sobre a CLT, mes-mo quando reti-rem direitos. 13. Será permitida ampla terceirização, seja nas atividades meio, seja nas atividades fim. 14. Será ampliada a idade míni-ma para a aposentadoria – inicialmen-te 65 anos para homens e 60 anos para mulheres –, com progressivo aumento da idade mínima; será reduzida ou eliminada a diferença de aposentadoria entre ho-mens e mulheres; serão endurecidas as regras para as pensões por morte; o piso previdenciário será desvinculado do salá-rio-mínimo. 15. A política de desenvolvimen-to terá por base a iniciativa privada; será respeitada à lógica das decisões econômi-cas privadas e garantido o “realismo tari-fário” [altos lucros]; será privatizado tudo o que for necessário; serão feitas amplas concessões em todas as áreas de logística e de infraestrutura; o Estado só será pres-tador de serviços nas áreas em que não houver interesse da iniciativa privada. 16. Ocorrerá a mais ampla aber-tura comercial, priorizando-se os acordos comerciais com os EUA, Europa e Ásia, com ou sem a participação do Merco-

sul; se abandonará a política de priorizar as relações com a América Latina, BRICS, Sul-Sul; a nova fase de desenvolvimento será baseada em investimentos privados e exportações (ao invés da expansão do mercado interno). 17. Serão facilitados os licencia-mentos ambientais para favorecer os in-vestimentos. Não por acaso, Roberto Brandt – ex-ministro de FHC e um dos elaborado-res do plano de governo de Temer – afir-mou (Estadão, 18.04.16) que “as medidas previstas serão duras e impopulares. (...) esse documento não foi feito para en-frentar o voto popular; com um programa como este não se vai para uma eleição.” E no próprio texto de suas propostas os golpistas confessam que “a solução será muito dura para o conjunto da popula-ção”, que “teremos que mudar leis e até mesmo normas constitucionais”, “que precisam ser feitas rapidamente” e “isto significará enfrentar interesses organiza-dos e fortes”.

Assim, o golpe não sig-nifica somente o impe-dimento de Dilma e a inviabilização da candi-datura de Lula. O golpe está sendo dado para impor uma mudança to-tal nos rumos políticos, econômicos e sociais do país. Isso se expressará em uma política de “ter-ra arrasada” em relação aos direitos civis, sociais e trabalhistas do povo. Portanto, a luta contra o golpe não se encerra

com o afastamento provisório ou definiti-vo de Dilma. Ao contrário, prosseguirá na luta contra os retrocessos que Temer pre-tende impor ao país. É necessário seguir denunciando que esse “impedimento” é golpe – no que até os golpistas reconhe-cem que fomos exitosos –, desmascarar suas propostas ultraneoliberais e deslegi-timar, nacional e internacionalmente, um eventual governo Temer. Nesse processo de luta, perce-be-se a aglutinação e o avanço das forças democráticas, populares e de esquerda e o enfraquecimento das forças golpistas, que continuam, apesar disso, amplamen-te hegemônicas no Congresso Nacional. Por isso, é preciso ir além da pa-lavra de ordem – “Não ao golpe!” –, com o objetivo de incorporar amplos setores que, ainda que descontentes com o go-verno Dilma, são contrários aos golpistas e aos retrocessos que eles pretendem im-por ao país. Não podemos ignorar os 61% veem em “Eleições Diretas Já!” a saída para a crise. A eles podemos somar mais os 21% que defendem a manutenção de

Dilma. Cerca de 30 senadores e senado-ras já assinaram uma PEC (Proposta de Emenda a Constituição) propondo a rea-lização imediata de novas eleições presi-denciais e onze senadores enviaram carta à Dilma no mesmo teor. Só que uma PEC tem uma longa tramitação e precisa ser aprovada por três quintos, em dois tur-nos, nas duas Casas, algo flagrantemente inviável nas atuais circunstâncias. O PCdoB entende que única forma de tornar as “Diretas” viáveis será através da realização de um plebiscito – previsto no Art. 14 da Constituição Fe-deral e regulado pela Lei 9.709/98 – que coloque nas mãos do povo a decisão so-bre a realização ou não de eleições pre-sidenciais antecipadas. O plebiscito pode ser proposto por um terço dos membros de qualquer uma das casas legislativas e precisa de maioria simples dos parlamen-tares para ser aprovado. Com isso passaremos a ter nas mãos – durante todo o tempo de disputa no Senado – uma bandeira luta capaz de galvanizar os milhões que estão descon-tentes com os rumos que o golpe tomou. A luta em torno do plebiscito por “Dire-tas Já” poderá mobilizar amplas massas, tornando ainda mais frágil um eventual governo provisório do usurpador Temer. O que também contribuirá para refrear os retrocessos que os neoliberais planejam realizar “a toque de caixa”. Mais do que isso, a proposta de plebiscito pode con-tribuir para que diversos senadores inde-cisos optem pela saída plebiscitária, ao invés de embarcarem em um golpe cada vez mais escancarado, que só promete instabilidade institucional, acirramento dos conflitos sociais e isolamento interna-cional do país. Portanto, a proposta de reali-zação de um plebiscito – colocando nas mãos do povo a decisão sobre a convoca-ção de eleições diretas – não se contrapõe à continuidade da luta contra o golpe, mas a reforça, em uma nova etapa do embate. Ao se posicionarem contrários ao plebisci-to, os golpistas terão que explicar ao povo porque se opõem à soberania popular. Assim, a proposta de plebiscito desestabi-liza o campo golpista, que momentanea-mente conseguiu arrastar o “centro” para a sua aventura antidemocrática.

Mãos à obra!

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ROBERTO ROSSI JUNGEscritor, poeta, editor

NEUSA MARIA DOS SANTOSAdvogada – OAB/RS 42.903

HISTÓRIA IMEDIATA

História Imediata analisa o presente sob um olhar do passado, mostrando um efeito comparativo das es-truturas que compõem a

sociedade, obtendo assim o panorama contemporâneo da História e sua dinâ-mica. Sob essa perspectiva temos no

LUCIUS FABIANO MARTINS DA SILVA

Brasil hoje um governo assentado em um golpe político, sem sombra de dúvi-da, caso que encontra exemplos em toda a América Latina. E o motivo é simples, a dominação do capital nacional e inter-nacional sobre a máquina pública e dos setores produtivos, assim como o con-trole das potencialidades e dos recursos do Brasil, o que foi dificultada durante muito tempo pela esquerda que agora foi afastada. A História Imediata e o O Ali-cerce pretendem estabelecer conexões com o século XXI e ratificar relevantes

conceitos, posições e práticas contras-tantes á atual organização social. Tendo em vista que, O Alicerce, desde seu início, assentou-se em critérios democráticos, e, portanto, de esquerda libertária, para en-tender e transformar a realidade, é ne-cessário, antes de tudo, reafirmar que a sociedade na qual a nossa publicação crê e luta é possível e urgente. Romper, portanto, com a cadeia imposta pelo sistema de trabalho preva-lente, hierárquico e autoritário, não bas-

ta, é preciso, além da remoção da classe mandatária do poder e suas instituições (o que se dará com o definhamento de sua infra-estrutura material e seu aterro-rizante corpo ideológico), o advento de um novo sistema de produção socialmen-te enraizado e controlado, pois somente assim é possível o livre desenvolvimento das individualidades, ao abolir-se, por fim a divisão social do trabalho. Ou como bri-lhantemente preconizou um escritor do século XIX: “A classe trabalhadora sabe que tem de superar fases diferentes da luta de classes”.

GAMBETEIO DEMOCRÁTICO

OAB – MAIS UMA DECEPÇÃO

descalabro administrativo que se seguiu à posse da nossa atual presidenta, teve de certo modo, alguma coerência com o pro-cesso histórico - desde a implementação das “diretas já”-, de um esvaziamento político das forças da esquerda ou de uma visão mais socialista de governo; entretanto, nada se compara

a histriônica tentativa de se realizar em nome da democracia e dos an-seios republicanos - sabe-se lá em razão do que - a decretação do “impea-chment”, que nem palavra portuguesa é, já que o correto seria dizer-se simplesmente “impedimento ou impugnação de mandato”, como o mais recente pedido - o da OAB - a vetusta Ordem dos Advogados do Brasil, a ser

apresentado nos próximos dias, baseado unicamente: “num relatório que aponta suposto cometimento de crime de responsabilidade pela presiden-te”, o que convenhamos, não serve nem para brincadeira.No meu despretensioso entender, “apenas querendo encobrir o sol com a peneira”, a ensandecida, empedernida e reacionária direita, apenas pre-tende manter-se impoluta em seu mando de aviltamento e enriquecimen-to ilícito, desviando a atenção ou ocultando seus desígnios com medidas espúrias e sem o maior embasamento, até jurídicos, para ganhar tempo e safar-se “honradamente” da sua imoral trajetória histórica; imitando a “gambeta”, certo movimento que se faz para enganar a perseguição, para se livrar dela, fugindo para um e outro lado, num movimento desordenado, manhoso, irregular e pouco decente.

uando me formei em direito em 1987, fiz minha primeira carteira da OAB. Pouco ad-voguei e logo fui trabalhar no serviço público. Tive en-

tão que cancelar a inscrição na OAB/RS, por força do cargo, após aposentada retornei a operar o direito como advogada. Portanto, tive que fazer juramento na OAB por três vezes. Levo muito à sério o que disse nestes juramentos: a aplicação do direito em defe-sa da JUSTIÇA. Assim entendo o mister de advo-gado. No entanto, as pessoas que dirigem a entidade, a meu ver não enxergam os

advogados como colegas. Entra-se no pré-dio da Ordem e tudo faz lembrar não um local onde um advogado pode buscar uma ajuda ou um conselho, mas sim um outro Tribunal. Passei, quando comecei a advogar mesmo, para valer, uns momentos difíceis, por causa da minha inexperiência e boa fé. Procurei a OAB e a resposta foi distante e ineficiente. Desde então passei a observar mais o comportamento dos seus dirigentes. Notei que a cada eleição os deba-tes ficavam mais pobres e o grupo eleito passou a se revezar no poder. O atual pre-sidente do Conselho Federal que, antes foi presidente da OAB/RS, nunca me enganou. Razão pela qual não me surpreendeu quan-do dirigiu o debate que culminou com o en-vio de mais um pedido de impeachment da

Presidente Dilma. Nem os princípios básicos do di-reito foram respeitados e muito menos a tradição de nosso estado, o berço da LEGA-LIDADE, demonstrando que uns poucos se acharam no direito de decidir por muitos, sem ao menos saber se essa seria, efetiva-mente, a posição da maioria. A peça encaminhada não traz os fundamentos que se poderia esperar de uma instituição que congrega única e exclu-sivamente advogados. Argumentos falhos e acima de tudo com graves acusações à Pre-sidente da Nação. O respeito ao livre pensar e ao estado democrático de direito foram joga-dos ao lixo. Neste sentido, penso que uma instituição que congrega pessoas das mais

diversas linhas políticas e ideológicas não poderia tomar uma posição tão reacioná-ria. Especialmente rasgando a Constituição. Pelo fato do impeachment estar previsto não quer dizer que se possa aplicar tal nor-ma sem provas e especialmente de modo tão medíocre. O embasamento fraco, a argumentação meio cópia do que está na imprensa golpista do país não poderia ter sido usados sem um critério extremamen-te rigoroso. Ao que parece não houve essa preocupação. Por isso apoio o movimento dos advogados gaúchos contra o golpe! Nem precisa ser de esquerda, basta ter bom conhecimento jurídico e entender a lei tal como ela é e aplicar o direito como deve ser aplicado. #vaiterluta!

EXPEDIENTEEDIÇÃO / REDAÇÃO

IGOR MALLMANNEstudante de [email protected]

REDAÇÃO

LUCIUS FABIANO [email protected]

RODRIGO CALLAISDirigente [email protected]

ANDREI MENDES DE [email protected]

SILVANO SILVADirigente [email protected]

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EDIÇÃO 8 - GRAMADO, MAIO DE 2016. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - CIRCULAÇÃO MENSALFACEBOOK.COM/OALICERCEGRAMADO

ossa nação passa por uma gran-de prova. Constata-se isso no momento em que o Sr. Temer vai em entrevista ao Fantástico dizer que não tem medo de medidas e

atos impopulares. Nestes últimos dias e meses o que mais se ouviu foram opiniões e ilações sobre como o país estava sendo gerido e precisaria de uma usurpação do governo por pessoas que somente querem uma coisa: PODER. Ao adotar o discurso de que fará qualquer coisa enquanto presidente, apenas se comprova aquilo que muitos já disseram que quem vai pagar o pato é o povo, o traba-lhador brasileiro. Desde já apresentam uma neces-sidade insaciável de mudarem a Previdência Social (INSS), logo após terem sido adotadas pelo governo Dilma algumas alterações que visavam garantir a possibilidade de opção do trabalhador se iria ou não ter a aplicação do maldito fator previdenciário e agora vem com ideias mirabolantes inspiradas em medidas que a Grécia adotou. Como por exemplo, uma medida é a criação de idade mínima para aposentado-ria, o que merece uma especial atenção e um grande detalhe é que na Grécia os (des)gover-nos de lá respeitavam tudo o que os banquei-ro$ mandavam e simplesmente ignoravam as necessidades do povo. Além disso, colocam no Ministério do Trabalho apoiadores do projeto de tercei-rização da atividade fim (principal) das em-presas o que precariza as relações de trabalho e afeta diretamente os salários dos trabalha-dores e criam dificuldades as relações com os empregadores uma vez que se presta um serviço para um, mas, que quem ganha com o trabalho é uma outra empresa e não o traba-lhador. Assim como, criam factoides de que poderia prevalecer nas relações de trabalho acordos diretos entre empregados e patrões que poderiam se sobrepor à Lei, ou seja, cada vez mais o trabalhador ficaria sujeito aos mandos e desmandos dos patrões, pois, infelizmente a realidade demonstra que não há chance para negociações contratuais e sim o que quem tem o poder econômico quer im-

por ao lado mais fraco. Igualmente direitos trabalhistas consagrados podem estar em risco com tais atos já que temos um Congresso Nacional cada vez mais voltados em defender os gran-des intere$$es$ dos bancos e especuladores econômicos e querem cada vez mais baratear os custos de produção para aumentar seus lu-cros, mas, baratear para estes é diminuir direi-tos e salários. O que temos de tudo isso, triste-mente, é que muitos apoiaram e foram as ruas para protestar contra um partido e não contra pessoas que pensam em afetar a vida dos trabalhadores, de seus filhos e netos para aumentar os lucros de quem detém o que es-tes que agora chegaram ao poder entendem fundamental a ser defendido no país que é o poder financeiro.

ONDE FICOU A HUMANIDADE E O PENSA-MENTO NA COLETIVIDADE? Às vezes penso se o brasileiro deixou de ser um povo cordial e solidário e passou a adotar um pensamento cada vez mais consu-mista e individualista onde o que mais vale e tornou-se idolatrável é o dinheiro e o status. Vemos as pessoas criticarem progra-mas sociais como o Bolsa Família que foi cria-do pelo Governo Federal visando assegurar uma maneira de auxiliar aqueles que menos tem e jamais será capaz de enriquecer ou fa-zer com que alguém viva somente dos valores que são repassados que são mínimos e tem li-mite exatamente para não se criar estas men-tiras que são espalhadas por ai. Analise se alguém realmente gosta-ria de depender de uns poucos reais para a sua manutenção e de sua família ou preferi-ria ter bons empregos e boas oportunidades. Porém, o que muitos fingem não enxergar é que grande parte da população pobre não tem oportunidades e muitas vezes vivem em locais que não criam mecanismos ou que nem existe qualquer perspectiva de melhora, pin-cipalmente em regiões que sofrem historica-mente com secas e vivem essencialmente da agricultura. Creio que na realidade as pessoas que atacam programas de inclusão social não querem se ver no lugar do outro e não conse-guem se sensibilizar com as dificuldades que se apresentam para alguns. Preocupam-se muito mais com seus cachorros do que com as pessoas. É a perda do senso de humanida-

de que tem ocorrido. Hoje o novo governo nomeia um ministro para a área social que critica esses programas, pois, é um discurso fácil e barato uma vez que eles não explicam como iriam alterar os programas que são fomentados pelo governo federal, mas, na verdade tem seus cadastros e fiscalizações pelos municí-pios que muitas vezes mantém na assistência social pessoas que vigiam este programa sem o devido cuidado que deveriam fazer, para po-der manter os seus votos certos nas eleições municipais como se fizessem um favor ao re-passar um dinheiro público para manter seu curral eleitoral. Além disso, muitos criticam até mes-mo os programas PROUNI e Mais Médicos que buscam possibilitar o acesso à universida-de para muitos que não teriam condições fi-nanceiras de realizarem seus estudos sem que este auxílio e que tentam assegurar acesso à saúde para locais que ficaram desassistidos pelos entes públicos. Alguns chegam a criticar tais progra-mas pelo simples fato de que “no seu tempo isso não existia”, ora que bom que agora exis-te, pois, fica bom para todo mundo, ou seja, uma visão coletiva e não individualista. É passada da hora de que a visão humanista retorne a ser espalhada em nossa sociedade para que o senso de coletividade seja reestabelecido e reestruture nossas co-munidades. Precisamos ter a certeza que nosso país pode mais, porém, pode mantendo e defendendo condições mínimas de vida para todos e principalmente para os que mais pre-cisam.

GREVE, OCUPAÇÕES E O LEVANTE SOCIAL

Neste mês após diversas atitudes do governo estadual com aumento de impostos como o da gasolina, luz, bebidas e alimentos e que infelizmente nossas “pessoas de bem” ficaram caladas para os atos do Sr. Sartorão com uma complacência incrível. Assim como, observamos que o go-verno parcela salário, um direito sagrado para qualquer trabalhador, e mesmo assim a po-pulação gaúcha manteve-se inerte aceitando uma situação que se fosse em seu bolso com certeza teria sido adotado medidas diferencia-das. Porém, neste início de mês de maio finalmente parece que atitudes sociais e um levante popular começa a se opor aos man-dos e desmandos do atual (des)governo do RS com alunos e pais ocupando escolas em

defesa dos direitos dos professores que tanto ajudam nosso Estado, mas, também em defe-sa dos direitos que os gaúchos tem que abrir o olho para que parem de ser desrespeitados. Ademais, chegou a dura hora dos professores decidirem por uma greve em de-corrência das graves ofensas aos seus direitos que tem ocorrido, bem como, a total falta de diálogo que tem sido imposta pelo governo que desrespeita as condições mais básicas de relacionamento com o funcionalismo público. O povo tem que ficar ao lado dos professores e dos servidores públicos para que assim todos tenham o respaldo popular que se faz necessário para que direitos e con-quistas se concretizem. Igualmente, o diálogo com toda cer-teza não é uma premissa deste governo que envia para a Assembléia Legislativa projetos sem consultas populares já que não tem o in-teresse de ouvir o povo, pois, o povo assusta estes que não tem capacidade de conversar com a população. Tanto é que agora foi enviado proje-to de privatização de estradas com pedágios por até 30 anos o dobro que o Brito anterior-mente impôs goela abaixo , há somente uma transferência dos deveres do Estado para terceiros que irão lucrar com o dinheiro do ci-dadão que já paga imposto sem que o Estado se responsabilize, sendo que a EGR foi criada exatamente para tentar gerir nossas estradas com melhoria nas rodovias e sob cuidados diretos do governo estadual e não de tercei-ros que só visam uma coisa, dinheiro e mais dinheiro. Qual o medo de ouvir a população? O medo de ouvir os gaúchos ocorre exatamente para que o governo se mantenha com seus aliados na Assembléia, que dão sus-tentação aos mandos e desmandos, sem in-terferências que possam demonstram o que o gaúcho realmente quer que seja um Estado forte bem gerido e sem medo de enfrentar as dificuldades que o RS já passa há mais de 30 anos e com governos dos mais diversos parti-dos. É hora de um levante popular dos mais diversos setores da sociedade para que os servidores sejam respeitados e que o cida-dão gaúcho seja ouvido. Somente com o povo unido e em defesa dos trabalhadores e de nosso Estado é que poderá haver um RS mais promissor e com menos chororô, pois, o que hoje temos é um governo que não sabe para onde correr já que sequer tinha propostas e muito menos condições de levar nosso Estado para um futu-ro promissor.

PENSAR COLETIVO

ANDREI MENDES DE ANDRADES

E ELE$ CHEGARAM LÁ