NULIDADES NO PROCESSO NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHODO TRABALHO

Nulidades no processo do TrabalhoNulidades no processo do Trabalho

IntroduçãoIntrodução

• No Direito, para que um ato processual produza os No Direito, para que um ato processual produza os efeitos a que se destina, deve atender certas efeitos a que se destina, deve atender certas formalidades legais que se encontram previamente formalidades legais que se encontram previamente estabelecidas em lei.estabelecidas em lei.

• Antigamente, a preocupação com o devido Antigamente, a preocupação com o devido cumprimento destas formalidades era muito grande cumprimento destas formalidades era muito grande e, a produção de qualquer ato em desrespeito às e, a produção de qualquer ato em desrespeito às estas regras processuais, necessariamente causaria estas regras processuais, necessariamente causaria a nulidade de todo o processo.a nulidade de todo o processo.

• Entretanto, nos dias atuais, esta questão mudou.Entretanto, nos dias atuais, esta questão mudou.

– Atualmente, prevalece o sistema Atualmente, prevalece o sistema instrumental do processo, que privilegia o instrumental do processo, que privilegia o resultado sobre a forma, ou seja, as formas resultado sobre a forma, ou seja, as formas são apenas o meio para se alcançar resultado são apenas o meio para se alcançar resultado almejado no processo. Assim, de acordo com almejado no processo. Assim, de acordo com esta nova concepção, somente em casos esta nova concepção, somente em casos especiais é que o respeito às formalidades especiais é que o respeito às formalidades legais se torna essencial à validade do ato legais se torna essencial à validade do ato processual.processual.

Neste sentido a redação do artigo 154 do Neste sentido a redação do artigo 154 do CPC, que estabelece o seguinteCPC, que estabelece o seguinte::

"os atos e termos processuais não "os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade outro modo, lhe preencham a finalidade essencial"essencial"

Como se pode notar, somente em casos Como se pode notar, somente em casos especiais é que a forma será considerada especiais é que a forma será considerada como requisito essencial à validade do ato.como requisito essencial à validade do ato.

SÉRGIO PINTO MARTINS conceitua a SÉRGIO PINTO MARTINS conceitua a nulidade:nulidade:

"Nulidade é a sanção determinada pela "Nulidade é a sanção determinada pela lei, que priva o ato jurídico de seus lei, que priva o ato jurídico de seus efeitos normais, em razão do efeitos normais, em razão do descumprimento das formas descumprimento das formas mencionadas na norma jurídica(...)..“.mencionadas na norma jurídica(...)..“.

(MARTINS, Sérgio Pinto. (MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Direito Processual do TrabalhoProcessual do Trabalho, Atlas, 22ª edição, , Atlas, 22ª edição, 2004, p.177).2004, p.177).

Conceito ofertado por CLEBER LÚCIO Conceito ofertado por CLEBER LÚCIO DE ALMEIDA:DE ALMEIDA:

"Nulidade é a conseqüência, "Nulidade é a conseqüência, estabelecida em lei, para a não-estabelecida em lei, para a não-observância das condições necessárias observância das condições necessárias para a regularidade do ato processual“.para a regularidade do ato processual“.

(ALMEIDA, Cleber Lúcio de. (ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Direito Direito Processual do TrabalhoProcessual do Trabalho, Del Rey, 2006, , Del Rey, 2006, p.437)p.437)

Conceito de nulidadeConceito de nulidade

– sanção jurídica, prevista em lei, que retira sanção jurídica, prevista em lei, que retira do ato processual sua eficácia, tendo em do ato processual sua eficácia, tendo em vista o descumprimento das formalidades vista o descumprimento das formalidades legais previstas para a formação deste.legais previstas para a formação deste.

Princípios das nulidadesPrincípios das nulidades

a) princípio da instrumentalidade das formas

Privilegia o resultado em detrimento da forma. Assim, com base no princípio da instrumentalidade das formas, embora tenha sido desrespeitada a formalidade legal para a produção de determinado ato processual, se atingida a sua finalidade, o ato deverá ser convalidado.

b) princípio da economia processualb) princípio da economia processual

– determina que o julgador, na prática do ato determina que o julgador, na prática do ato processual, deverá sempre obter o máximo processual, deverá sempre obter o máximo resultado, com mínimo dispêndio da atividade resultado, com mínimo dispêndio da atividade processual.processual.

– o ato processual não será declarado nulo ser o ato processual não será declarado nulo ser for possível seu aproveitamento, desde, é for possível seu aproveitamento, desde, é claro, que não resulte prejuízo às partes.claro, que não resulte prejuízo às partes.

c) princípio da legalidadec) princípio da legalidade

– estabelece que tanto as nulidades quanto as estabelece que tanto as nulidades quanto as formalidades legais deverão formalidades legais deverão necessariamente estar previstas em lei.necessariamente estar previstas em lei.

- tanto a formalidade legal quanto a - tanto a formalidade legal quanto a penalidade por seu descumprimento deverão penalidade por seu descumprimento deverão estar definidas em lei.estar definidas em lei.

d) princípio do prejuízo ou da transcendênciad) princípio do prejuízo ou da transcendência

– a parte somente poderá argüir a nulidade do ato a parte somente poderá argüir a nulidade do ato quando a prática do mesmo efetivamente lhe quando a prática do mesmo efetivamente lhe acarretar prejuízo.acarretar prejuízo.

*Art. 249, §1º, CPC:*Art. 249, §1º, CPC: ......

§ 1o O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a § 1o O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte.falta quando não prejudicar a parte.

* Art. 250, parágrafo único, também do CPC:* Art. 250, parágrafo único, também do CPC: ......

Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não resulte prejuízo à atos praticados, desde que não resulte prejuízo à defesa.defesa.

e) princípio da lealdade processuale) princípio da lealdade processual

– as partes, bem como seus procuradores, as partes, bem como seus procuradores, devem proceder com lealdade e boa fé no devem proceder com lealdade e boa fé no processo.processo.

– a nulidade deve ser sempre argüida no a nulidade deve ser sempre argüida no primeiro momento em que a parte puder primeiro momento em que a parte puder falar no processo. falar no processo.

– a nulidade não será declarada se a parte a nulidade não será declarada se a parte prejudicada foi a que lhe deu causa.prejudicada foi a que lhe deu causa.

– 1.4- 1.4- Vícios processuaisVícios processuais

– os atos processuais, para produzirem os os atos processuais, para produzirem os efeitos a que se destinam, devem atender a efeitos a que se destinam, devem atender a certas formalidades legais, previamente certas formalidades legais, previamente determinadas pelo ordenamento jurídico.determinadas pelo ordenamento jurídico.

- ocorre vício quando o ato processual foi - ocorre vício quando o ato processual foi produzido em desacordo com o estabelecido produzido em desacordo com o estabelecido em lei. Dependendo da irregularidade, pode em lei. Dependendo da irregularidade, pode ser declarado nulo, anulável ou inexistente.ser declarado nulo, anulável ou inexistente.

a)a) ato nulo ato nulo

- a nulidade absoluta é ditada por fins de - a nulidade absoluta é ditada por fins de interesse público.interesse público.

- o ato processual será considerado nulo, o ato processual será considerado nulo, quando for praticado em desacordo com as quando for praticado em desacordo com as normas de ordem pública.normas de ordem pública.

- a nulidade pode ser declarada de ofício pelo a nulidade pode ser declarada de ofício pelo magistrado ou alegada em qualquer tempo magistrado ou alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição pelas partes.e grau de jurisdição pelas partes.

- o ato nulo precisa de decisão judicial para a o ato nulo precisa de decisão judicial para a retirada da sua eficácia.retirada da sua eficácia.

- exemplo de nulidade absoluta: exemplo de nulidade absoluta: inobservância das regras de competência inobservância das regras de competência funcional.funcional.

b) b) ato anulávelato anulável

- o ato processual será considerado como - o ato processual será considerado como anulável quando houver o desrespeito a anulável quando houver o desrespeito a uma norma dispositiva. Geralmente estas uma norma dispositiva. Geralmente estas normas dispositivas tratam dos interesses normas dispositivas tratam dos interesses das partes e sua violação acarreta um vício das partes e sua violação acarreta um vício de menor gravidade.de menor gravidade.

- o ato processual somente poderá ser - o ato processual somente poderá ser anulado mediante provocação da parte anulado mediante provocação da parte interessada, não podendo o magistrado agir interessada, não podendo o magistrado agir de ofício.de ofício.

- não havendo provocação da parte - não havendo provocação da parte interessada, o ato processual anulável será interessada, o ato processual anulável será convalidado, passando a ser válido.convalidado, passando a ser válido.

c)c) ato inexistente ato inexistente

– o ato processual será considerado como o ato processual será considerado como inexistente quando lhe faltar alguma inexistente quando lhe faltar alguma característica essencial para sua formação característica essencial para sua formação no mundo jurídico.no mundo jurídico.

– exemplo: uma sentença proferida, mas não exemplo: uma sentença proferida, mas não assinada pelo juiz do trabalho é um ato assinada pelo juiz do trabalho é um ato processual inexistente.processual inexistente.

– os atos processuais inexistentes não os atos processuais inexistentes não produzem efeitos no mundo jurídico.produzem efeitos no mundo jurídico.

c)c) ato inexistente ato inexistente

– o ato processual será considerado como o ato processual será considerado como inexistente quando lhe faltar alguma inexistente quando lhe faltar alguma característica essencial para sua formação característica essencial para sua formação no mundo jurídico.no mundo jurídico.

– exemplo: uma sentença proferida, mas não exemplo: uma sentença proferida, mas não assinada pelo juiz do trabalho é um ato assinada pelo juiz do trabalho é um ato processual inexistente.processual inexistente.

– os atos processuais inexistentes não os atos processuais inexistentes não produzem efeitos no mundo jurídico.produzem efeitos no mundo jurídico.

– Momento de argüir a nulidadeMomento de argüir a nulidade

– prevalece em nosso sistema legal o principio prevalece em nosso sistema legal o principio da convalidação do ato, ou seja, dependendo da convalidação do ato, ou seja, dependendo do caso, se a parte prejudicada não alegar a do caso, se a parte prejudicada não alegar a nulidade no momento oportuno, poderá perder nulidade no momento oportuno, poderá perder o direito de fazê-lo.o direito de fazê-lo.

– na hipótese tratada acima, o ato eivado de na hipótese tratada acima, o ato eivado de nulidade será convalidado pelo decurso do nulidade será convalidado pelo decurso do tempo.tempo.

– tão importante quanto encontrar a nulidade, é tão importante quanto encontrar a nulidade, é denunciá-la no momento oportuno. denunciá-la no momento oportuno.

– qual será este momento?qual será este momento?

- por expressa disposição legal, prevista no - por expressa disposição legal, prevista no artigo 795 da CLT, o momento processual artigo 795 da CLT, o momento processual correto para que a parte possa argüir a correto para que a parte possa argüir a nulidade é na primeira oportunidade em nulidade é na primeira oportunidade em que se pronunciar no processo.que se pronunciar no processo.

Art. 795 - As nulidades não serão Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.em audiência ou nos autos.

- exemplo desta questão são as decisões - exemplo desta questão são as decisões proferidas pelos Tribunais Regionais proferidas pelos Tribunais Regionais entendendo que estão convalidados os atos entendendo que estão convalidados os atos nulos, praticados durante a audiência de nulos, praticados durante a audiência de instrução de julgamento, se a parte instrução de julgamento, se a parte permaneceu inerte, não consignando seu permaneceu inerte, não consignando seu protesto em ata.protesto em ata.

Processo 00524-2008-028-03-00-5 ROProcesso 00524-2008-028-03-00-5 RO Data de Publicação 07/05/2009Data de Publicação 07/05/2009 Órgão Julgador Sétima TurmaÓrgão Julgador Sétima Turma Relator Alice Monteiro de BarrosRelator Alice Monteiro de Barros Revisor Maria Perpétua Capanema Ferreira Revisor Maria Perpétua Capanema Ferreira

de Melode Melo

EMENTA: CERCEIO DO DIREITO DE EMENTA: CERCEIO DO DIREITO DE PRODUÇÃO DE PROVA. PRECLUSÃO.PRODUÇÃO DE PROVA. PRECLUSÃO.Rejeita-se a argüição de nulidade do direito de Rejeita-se a argüição de nulidade do direito de produção de prova, quando, realizada a produção de prova, quando, realizada a audiência de instrução, o autor deixa de audiência de instrução, o autor deixa de reiterar o pedido de complementação do reiterar o pedido de complementação do levantamento pericial, o qual não fora levantamento pericial, o qual não fora apreciado pelo Juiz. Concordando a parte com apreciado pelo Juiz. Concordando a parte com o encerramento da instrução, sem qualquer o encerramento da instrução, sem qualquer protesto, não poderia posteriormente protesto, não poderia posteriormente reivindicar tal prova. Aplica-se, no caso, o reivindicar tal prova. Aplica-se, no caso, o princípio da convalidação.princípio da convalidação.

- seja durante a audiência, seja durante a - seja durante a audiência, seja durante a tramitação do processo, ocorrida a tramitação do processo, ocorrida a nulidade, compete à parte prejudicada nulidade, compete à parte prejudicada argui-la tão logo lhe seja dada a argui-la tão logo lhe seja dada a oportunidade, sob pena de perder este oportunidade, sob pena de perder este direito.direito.

As regras de nulidade no processo do As regras de nulidade no processo do

trabalhotrabalho 1- A nulidade somente será declarada 1- A nulidade somente será declarada

somente quando o ato viciado acarretar somente quando o ato viciado acarretar manifesto prejuízo às partes (art. 794, CLT).manifesto prejuízo às partes (art. 794, CLT).

Art. 794 - Nos processos sujeitos à Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.partes litigantes.

2- A nulidade somente será declarada 2- A nulidade somente será declarada

mediante provocação das partes. Estas mediante provocação das partes. Estas deverão denunciá-las na primeira deverão denunciá-las na primeira oportunidade que puderem falar no processo.oportunidade que puderem falar no processo.

Art. 795 - As nulidades não serão Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.audiência ou nos autos.

3- A nulidade absoluta poderá ser 3- A nulidade absoluta poderá ser

declarada de ofício pelo juiz da causa (art. declarada de ofício pelo juiz da causa (art. 795, CLT).795, CLT).

Artigo 795Artigo 795

§ 1º - Deverá, entretanto, ser § 1º - Deverá, entretanto, ser declarada declarada ex officioex officio a nulidade fundada a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos serão considerados nulos os atos decisórios.decisórios.

4 - A nulidade não será pronunciada se 4 - A nulidade não será pronunciada se

for possível suprir lhe a falta ou repetir o for possível suprir lhe a falta ou repetir o ato.ato.

Art. 796 - A nulidade não será Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:pronunciada:

a) quando for possível suprir-se a a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;falta ou repetir-se o ato;

5 - A nulidade não será pronunciada se a 5 - A nulidade não será pronunciada se a

parte beneficiada foi quem lhe deu parte beneficiada foi quem lhe deu causa.causa.

Art. 796 - A nulidade não será Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:pronunciada:......

b) quando argüida por quem lhe tiver b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.dado causa.

5 - A nulidade não será pronunciada se a 5 - A nulidade não será pronunciada se a

parte beneficiada foi quem lhe deu parte beneficiada foi quem lhe deu causa.causa.

Art. 796 - A nulidade não será Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:pronunciada:......

b) quando argüida por quem lhe b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.tiver dado causa.

6 - A declaração de nulidade somente

afetará os atos posteriores e que dele sejam dependentes ou conseqüentes (art. 798, CLT).

Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam conseqüência.

7 - Ao declarar a nulidade do ato, deverá o juiz explicitar quais são os atos atingidos pela declaração art. 797, CLT).

Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.

Resumo prático

– Em razão de o Direito Processual do Trabalho pautar-se pelos princípios da oralidade e celeridade processual e, ainda, pela adoção em nosso ordenamento jurídico do sistema da instrumentalidade das formas, que privilegia o resultado em detrimento do ato, deve-se registrar que as nulidades somente serão declaradas se o ato inquinado de nulo resultar em manifesto prejuízo à parte. Mesmo assim, desde que não seja possível julgar o mérito da causa em favor da parte que seria prejudicada pela nulidade.

– A parte deverá alegar a nulidade na primeira vez que falar nos autos, sob pena de ser o ato considerado válido. No mesmo sentido, não será considerado nulo o ato, se este resultou de atuação da parte que com ele pretende beneficiar-se.

– Se for possível suprir a falta do ato ou ordenar a sua repetição, o juiz não decretará a nulidade.

– A nulidade atingirá apenas os atos posteriores, dependentes ou conseqüentes do ato nulo.