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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional22 - Opinião: José Luís Gonçalves24 - Semana de.. Henrique Matos26 - Dossier Setúbal e Santarém, 40 anos

54 - Multimédia56 - Estante58 - Vaticano II60 - Agenda62 - Por estes dias64 - Por outras palavras65 - YouCat66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Família72 - Ano da Vida Consagrada76 - Fundação AIS78 - LusoFonias

Foto da capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Franciscoencerrou«maratona» naAmérica Latina [ver+]

CongressoEucarístico em2016[ver+]

Santarém eSetúbal, 40 anos[ver+]

D. Manuel Pelino | D. Gilberto ReisOctávio Carmo |Manuel Barbosa |

Paulo Aido | Tony Neves | FernadoCassola Marques | Henrique Matos |José Luís Gonçalves | João Neves |

João Costa

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Novo Mundo, mundo novo

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Uma maratona de oito dias e 25 mil quilómetroslevou o Papa Francisco à sua América Latina,com passagens pelo Equador, Bolívia eParaguai, para gritar mensagens centradas nanecessidade de mudança, nos pobres e na forçarevolucionária da fé. Mais do que programaspolíticos, foram lançados desafios dehumanização e cristianização de uma sociedadepresa a vícios e estruturas que violam os direitosfundamentais de milhões de pessoas.A digressão pastoral deixou fortes marcas numaregião que é hoje, em termos percentuais, ocoração do catolicismo. Ali, a Igreja é chamada aestar ao lado dos mais fracos, de forma concreta.Este é um convite que o Papa soube deixar, compalavras e sobretudo com gestos, numa viagemque vai ficar para a história, com visitassimbólicas a bairros pobres, prisões, hospitais oulares de idosos, tendo como pano de fundo adignidade humana e a capacidade de amensagem cristã inspirar cada ser humano,mesmo quem está fora da Igreja.A América Latina representou mais umaconfirmação do que um começo. Francisco foiigual a si próprio: chamou ao diálogo, à unidadena diversidade, à superação dos conflitos, àconsolidação da democracia, à construção deuma sociedade mais justa. Condenou acorrupção, as desigualdades sociais, e numdiscurso a movimentos populares insurgiu-secom veemência contra o atual sistema económicoe financeiro mundial.

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O Papa convidou a valorizar asdiferenças e fomentar o diálogo eparticipação de todos, semexclusões, deixando de ladoprotagonismos e tentações delideranças únicas, uma mensagemque se estende a outras regiões domundo, para que todos secomprometam na construção dumasociedade mais justa e solidária,respeitando a diversidade cultural eétnica, no combate a lógicas dedesespero e descarte dos maisfrágeis.Uma das criações desta viagem foi adenúncia da «espiritualidade dozapping» que leva as pessoas amudar de canal, gerandoindiferença face ao sofrimentoalheio: Síria, Nepal, Mediterrâneo,Estado Islâmico, «Grexit» - parafalar apenas nos mais recentes -todos os «dramas» se vãosucedendo e afastando, sem que

gerem um verdadeiro movimento detransformação.Francisco voltou a conquistar oscorações com a sua simplicidade,determinação e ações concretas,como o facto de se deslocar numcarro de gama média, em contrastecom os veículos utilizados por outrosresponsáveis internacionais.O primeiro Papa da América Latinaapresentou uma fé comprometidacom os últimos e propôs aglobalização da esperança. O apeloa uma mudança de estruturas levaem consideração não só o clamordos pobres mas também o dospróprios países ditos desenvolvidos,afetados pela tristeza e a solidão. O«Novo Mundo» pode ser o ponto departida para um mundo novo eFrancisco não tem medo de assumira liderança deste processo.

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O que vai na cabeça de Alexis Tsipras, alívio ou a sensação de que a tragédia grega está ainda longe do fim? Créditos: AFP

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- “Que o esforço de todos osagentes sociais não cesse até quedeixe de haver crianças sem acessoà educação, famílias sem teto,operários sem trabalho digno,camponeses sem terras paracultivar e pessoas obrigadas aemigrar para um futuro incerto;deixe de haver vítimas da violência,da corrupção ou do narcotráfico”.Papa Francisco durante a sua visitaapostólica ao Paraguai, integradano programa da viagem à AméricaLatina (10.07.15) - “Eu espero que a União Europeia ea própria Organização para aCooperação e Segurança naEuropa, que tem princípios quanto àliberdade de circulação de pessoas,possam chamar a atenção ao atualgoverno húngaro que está a violar,mais do que regras, princípios éticossobre os quais se baseia a UniãoEuropeia de que a Hungria fazparte”.António Martins da Cruz, antigoministro português dos NegóciosEstrangeiros, sobre a construção deum muro para conter a entrada deemigrantes e refugiados na Hungria(Rádio Renascença, 15.07.15)

- “Tomamos a decisão de conceder,a princípio, um programa deestabilidade de três anos à Grécia”.Comunicado do Eurogrupo, depoisda aprovação de uma ajuda deemergência de 7 mil milhões deeuros à Grécia, saída de umareunião dos ministros das finançasda zona euro (16.07.15) - “As negociações forma duras,realmente duras. Os riscos eramenormes para todos os envolvidos.Não faltavam oportunidades paraenveredar pela acusação mútua.Mas o mais importante é que agoraé possível olhar em frente e pensarnuma alternativa que sirva a todos”.Cardeal Reinhard Marx, presidenteda Comissão dos Episcopados daComunidade Europeia, sobre oacordo de princípio que foi atingidopara o financiamento da Grécia(16.0715)

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Bispos portugueses dedicamcongresso eucarístico à temática damisericórdiaOs bispos portugueses vão dedicarem 2016 um congresso eucarísticonacional à temática da misericórdia,no Santuário de Fátima, e desafiaras comunidades cristãs apromoverem “sinais concretos” dasua fé em Cristo. O programa doevento, que vai decorrer entre 10 e12 de junho de 2016, foi divulgadona Casa de Nossa Senhora dasDores, no final de uma reunião doConselho Permanente daConferência Episcopal Portuguesa(CEP).Subordinada ao tema “Viver aEucaristia, Fonte de Misericórdia”, ainiciativa enquadra-se no âmbito docentenário das Aparições emFátima, marcado para 2017, e doAno Jubilar da Misericórdia,convocado pelo Papa Francisco.Um dos pontos altos da atividadeestá reservado para dia 11 de junhode 2016, com uma conferênciaintitulada “A misericórdia na missãoda Igreja”, dada pelo cardealbrasileiro D. João Braz de Aviz,prefeito da Congregação da VidaConsagrada e das Sociedades deVida Apostólica, e uma figurapróxima do Papa Francisco.

O congresso eucarístico nacional de2016, no Centro Paulo VI emFátima, é organizado pela CEP emparceria com o Santuário de Fátimae o Apostolado de Oração. Durantea conferência de apresentação docongresso, o padre Manuel Morujão,do Apostolado de Oração, salientouque “a eucaristia é o centro docristianismo, é a joia da coroa dasua fé”.“Não é um adorno belo que dádevoção ir a uma missa, visitar umaigreja, adorar o santíssimosacramento, é a coluna vertebral danossa fé”, reforçou o sacerdote.Baseada no exemplo de “Cristo”,que na Eucaristia continua hoje adar “o seu corpo e sangue” emnome da salvação humana, a IgrejaCatólica portuguesa quer “promoveruma campanha de doação desangue” e mobilizar para ela todasas dioceses.Segundo o padre Manuel Morujão, aideia “é promover” este gesto “antese depois do congresso”, pois darsangue “é algo muito humano emuito cristão”.Este será o 4.º congressoeucarístico a ter lugar em Portugal,sendo que

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as restantes edições (1924, 1974 e1999) foram realizadas em Braga.Os bispos portugueses destacam “amisericórdia” como “uma dimensãochave da mensagem de Fátima” erecordam a linha de ação do Papa

Francisco que “desde o início doseu pontificado, tem acentuadomuito a necessidade” da IgrejaCatólica e das comunidades cristãs“se abrirem à misericórdia de Deuse de serem misericordiosas comtodos”.

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Vila Real: Emoção na despedidada Imagem Peregrina de FátimaO bispo de Vila Real considerou quea visita da Imagem Peregrina deFátima à diocese, concluída estedomingo, incrementou “o sentimentoe a devoção a Maria” e convida aaproveitar o momento “para crescerna fé”. A visita da Imagem Peregrinade Fátima à Diocese de Vila Realdeve “aumentar acorresponsabilidade” dos cristãosna “transformação da sociedade”,referiu à Agência ECCLESIA D.Amândio Tomás.Para preparar o centenário dasaparições da Cova da Iria (Fátima),“a mãe vai ao encontro dos filhos” eanda a percorrer as dioceses pordeterminação da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, no territóriode Vila Real esteve de 28 de junhoa 12 de julho. “Despediu-se” estedomingo em Chaves em direção aoSantuário de Cerejais, na vizinhadiocese de Bragança-Miranda.O Papa Francisco pediu aos padresque “fossem às periferias” e que“saíssem” na busca dos “filhos maislonge” e a Diocese de Vila Real,pela situação geográfica, “está umpouco distante de Fátima e docentro dos grandes meios”,sublinhou o prelado.

Em Chaves, a Imagem Peregrina deFátima percorreu as artérias dacidade e os cristãos colocaram todaa simbologia mariana em locaisvisíveis. “Estes símbolos foramexpressivos e, um deles, é adevoção ao rosário” porque é “bomque se ressuscite a ideia de rezarem família”, disse D. AmândioTomás.Os transmontanos são “marianos” e,sobretudo, “homens de coerência ede verdade” e quando “exprimem asua fé” vivem-na com “interioridade”,descreveu o bispo de Vila Real.Para o arcipreste do Alto Tâmega,padre Hélder de Sá, existe “umadevoção mariana muito enraizada”em Trás-os-Montes.A população “saiu à rua eacompanhou a imagem” e disse aMaria que queria “caminhar comela”, finalizou.

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Visita ad limina em setembro

A audiência dos bispos portuguesescom o Papa Francisco, no âmbito davisita ‘ad limina’ a Roma, deveráacontecer no dia 7 de setembro,adiantou o porta-voz da ConferênciaEpiscopal Portuguesa.“O programa ainda não está tododefinido, mas a partida será no dia 4de setembro, a visita propriamentedita decorrerá entre os dias 7 e 12de setembro e a audiência com oPapa será em princípio logo noinício da visita”, disse o padreManuel Barbosa.Ao todo, a comitiva que seráencabeçada pelo cardeal-patriarcade Lisboa e presidente da CEP, D.Manuel Clemente, deverá contarcom cerca de 40 elementos, entrebispos e outros representantescatólicos.

O secretário da CEP deu voz àesperança dos bisposportugueses de que a ida a Romatenha depois um “seguimentopastoral” para a Igreja Católica dopaís e para as suas comunidades.O padre Manuel Barbosa recordou aúltima visita ‘ad limina’ de 2007, queteve como sequência “um caminhoque ainda está em curso derepensar a pastoral em Portugal”.“Foi um processo que envolveutodas as comunidades e dioceses,uma participação maciça de toda agente nesse processo”, recordou osacerdote. Para já, é ponto assenteque as propostas que vierem doVaticano e do Papa Francisco serãoobjeto de reflexão na próximaassembleia plenária da CEP, emnovembro.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Cristãos da Síria fizeram oferta a Nossa Senhora de Fátima, evocandovítimas do terror

Entrega do prémio Árvore da Vida

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Viagem ao Novo Mundo

O Papa encerrou no Paraguai aviagem à América Latina, compassagens pelo Equador e Bolívia,na qual deixou mensagenscentradas na necessidade de“mudança”, nos pobres e na força“revolucionária” da fé. Milhões depessoas acompanharam Franciscoem dezenas de encontros ecelebrações, com passagenssimbólicas por bairros pobres,prisões, hospitais ou lares deidosos, para além de reuniões comchefes de Estado e representantesda sociedade civil que tiveram comopano de fundo a “dignidade”

de cada pessoa e capacidade de amensagem cristã inspirar mesmoquem está fora da Igreja.O pontífice argentino visitou uma‘favela’ da região norte da capital doParaguai, onde afirmou que a “fésem solidariedade é uma fé semCristo”, sem Deus e sem irmãos.Mais tarde, presidiu à última Missada sua viagem à América Latina,com mais de um milhão de pessoas,e afirmou que a “hospitalidade” é amarca que distingue os católicos.Já no primeiro discurso em soloparaguaio, esta sexta-feira, o Papa

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pediu um “lugar prioritário” para “ospobres e necessitados”. Umexemplo histórico foi dado porFrancisco, primeiro Papa jesuíta dahistória, ao elogiar as “reduções”,promovidas neste território pormissionários católicos, em particularda Companhia de Jesus, entre osséculos XVI a XVIII, considerando-as“uma das experiências deevangelização e organização socialmais interessantes da história”.“Somos os que lutam, combatem,defendem o valor de toda a vidahumana, desde o nascimento até osanos serem muitos e poucas asforças”, afirmou depois, numencontro com membros do clero einstitutos religiosos.Francisco visitou o principal

santuário mariano do Paraguai, emCaacupé, onde afirmou sentir-se“em casa”, uma ideia reforçada aolongo dos oito dias passados naAmérica Latina.Antes, tinha passado cerca de 48horas na Bolívia, onde apresentouuma fé comprometida com os“últimos”, “fermento de um mundomelhor”, e contrária a manipulaçõesideológicas.Esta foi a segunda visita do PapaFrancisco à América Latina e aprimeira após a publicação daencíclica ‘Laudato si’, pelo que aspreocupações ecológicas estiveramsempre presentes.A nona viagem internacional dopontificado recordou ainda aimportância das famílias, na Igreja ena sociedade.

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Papa admite falta de atenção à classemédia

O Papa admitiu em conferência deimprensa que tem faltado atenção àsituação da classe média nos seusdiscursos sobre a economia esustentou que a preocupação comos pobres segue a Doutrina Socialda Igreja. “O mundo está polarizado,a classe média torna-se maispequena. A polarização entre osricos e os pobres é grande, isso éverdade, e talvez isso me tenhalevado a não ter a [classe média] nadevida conta”, precisou, emdeclarações durante o voo emdireção a Roma, desde o Paraguai,após encerrar uma viagem de oitodias à América Latina, compassagens pelo Equador e Bolívia.

Nesse sentido, observou que tem de“aprofundar” o magistério sobre estaclasse média que trabalha e pagaimpostos, a “gente simples”.Francisco sublinhou por outro ladoque o número de pobres é “grande”em todo o mundo e que eles estão“no coração do Evangelho”. “Sou euquem segue a Igreja, porquesimplesmente prego a DoutrinaSocial”, precisou.A este respeito, o Papa observouque a sua aproximação amovimentos populares, comoaconteceu na Bolívia, não é “umamão estendida a um inimigo, não éum facto político”. “É um factocatequético, quero que isso sejaclaro”, insistiu.

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Francisco pede solução para a GréciaO Papa disse que a Europa tem deencontrar “um caminho” pararesolver o problema da Grécia ecriar mecanismos de "vigilância”para que o mesmo não se repitanoutros países. Francisco falava novoo de regresso a Roma, desde oParaguai, após encerrar umaviagem de oito dias à AméricaLatina, com passagens peloEquador e Bolívia.“Os governantes gregos quecriaram esta situação de dívidainternacional têm umaresponsabilidade, com o novoGoverno grego começou umarevisão algo justa. Eu desejo queencontrem um caminho pararesolver o problema”, declarou,numa conferência de imprensa commais de uma hora.O Papa espera que se evite que“outros países caiam no mesmo

problema” e que isto ajude a“seguir em frente, porque o caminhodos empréstimos e das dívidas, nofim de contas, nunca acaba”.No discurso que proferiu aoencerrar o II Encontro Mundial dosMovimentos Populares, em SantaCruz de la Sierra, o Papa condenoua imposição de medidas deausteridade que “apertam o cintodos trabalhadores e dos pobres”.Francisco disse aos jornalistas quetem “alergia à economia”, porque oseu pai, contabilista, muitas vezestinha de trabalhar em casa aosábado e ao domingo. “Não percebobem como é que a coisa funciona,mas seria muito fácil dizer: a culpa ésó desta parte”, prosseguiu, arespeito das atuais negociações dazona euro sobre a Grécia.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Irão: Vaticano saúda acordo sobre programa nuclear

Ser cristão no Paquistão

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Combate ao insucessoe abandono escolares

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Apesar dos grandes progressos registados naárea da educação e formação nos últimos 25anos em Portugal, a escola pública, como veículoprivilegiado da construção da equidade e dajustiça social, acabou por não cumprir aindatotalmente esta missão. O problema doinsucesso e do abandono escolares torna-semais relevante quando os estudos demonstramexistir uma correlação entre baixo rendimentoescolar dos alunos e a sua proveniência decontextos economicamente mais desfavorecidos.Ou seja, os alunos que mais abandonamprecocemente a escola são aqueles cujasfamílias têm menores rendimentos,comprometendo, logo aí, a possibilidade dequebrar o círculo de pobreza dos seus pais…Por conseguinte, o ideal democrático da “Escolapara Todos”, implementado em Portugal a partirda década de 70 do século XX, não se traduziunuma escola onde, no século XXI, o sucesso dasaprendizagens esteja garantido por cada aluno.As estatísticas oficiais demonstram que oabandono precoce de educação e formação emPortugal, em 2014, se situava nos 17,4% dosalunos matriculados, representando, aindaassim, menos de metade dos 38,5% registadosem 2006. A média da UE era, também no anopassado de 11,1%, que compara com os 15,3%de 2006.O debate sobre a problemática associada aoinsucesso escolar é relativamente recente e osfatores explicativos deste fenómeno são

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múltiplos e complexos. Sabemosque os alunos desejam aprender: osdados recentes asseguram que, dosalunos matriculados no ensinosecundário, 43% pretendia duplacertificação, ou seja, concluir o 12ºano e obter uma qualificaçãoprofissional, tendo-se notado umaumento de inscrições nos cursosprofissionais e cursos deaprendizagem em relação à via deensino regular, que diminuiu onúmero de inscritos.E não colhe a opinião – apressada– que o governo nada fez nestamatéria, pois as estratégias emedidas de recuperação lançadaspara diminuir a taxa de retenção dosalunos e minorar esta situaçãoforam diversas. Em Portugal, foramas Escolas-TEIP a beneficiarem demedidas de discriminação positiva,nomeadamente na atribuição demais horas nos horários dosprofessores destinadas a esteprojeto, mais recursos, redução dadimensão das turmas, flexibilizaçãodos currículos, incentivo àpermanência dos docentes nasescolas do projeto e criação deparcerias das escolas cominstituições

locais, famílias e autarquias. Existematualmente iniciativas inovadoras noterreno com resultados muitopositivos como o Programa «MaisSucesso Escolar» e osProjetos Fénix e Turma Mais, a«EPIS – Empresários Pela InclusãoSocial», entre outros…A missão de educar para a inclusãocidadã constitui umaresponsabilidade partilhada pordiversos atores - escolares,familiares, comunitários, políticos,religiosos -, cujo impacto negativopode estabelecer um possível nexocausal entre fracasso escolar eexclusão social e, nesse contexto,deve ser problematizada para alémda escola. A questão está em sabercomo pode, ou deve, a escolapública interligar-se com outrosespaços e tempos educativos numquadro mais vasto decorresponsabilização socialorientada para a garantia do direitoà educação de todos a quecorresponderá, simultaneamente, odever de cada um/a em agarrar asoportunidades para aprender. Esteconstitui um desafio das sociedadesque se querem justas e inclusivas!

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Férias

Henrique Matos Agência ECCLESIA

Assim que o mercúrio começou a galgar Celciusna escala, ditou o tiro de partida para o êxodo embusca da praia prometida. A ida à beira mar aofim de semana, é sempre um bom prelúdio para operíodo de férias que se aguarda comimpaciência. As filas e a falta de estacionamento,são pequenos incómodos que se lavam erefrescam no primeiro mergulho. Pois bem, paramuitos chegou a hora e, por estes dias, há quemgoze o descanso que a lei ainda consagra.As férias, que hoje cada um preparameticulosamente, com exames atentos àgenerosidade de feriados que o calendáriopermite, integram já a nossa rotina anual. O quepoucos sabem, é que esta ousadia dos trabalhadoressó foi consagrada em lei há 75 anos, o que nãosignifica que se goze férias desde então. Só o fimda II Guerra Mundial e o esforço laboral paraedificaros seus estragos é que concretizaram o espíritoda lei na vida real dos cidadãos. A DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem, de 1948, afirmano seu artigo24º que “Toda a pessoa tem direito ao repouso

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e aos lazeres, especialmente a umalimitação razoável da duração dotrabalho e a férias periódicaspagas”.Concretizado o direito, cabe agora acada um sabê-lo usar e dele retiraro melhor proveito, coisa que não éassim tão imediata.Há quem faça férias em função dovizinho... se ele foi a Cancun eu vouàs Seychelles, é uma competiçãopara ver quem fica com o trofeu“férias de sonho”, quando todos sereencontrem em setembro lá noescritório. Outros, com menosimaginação e principalmente,carteira mais limitada, dãocontinuidade ao prelúdio que oscoloca na fila de trânsito a caminhoda praia.Também há quem não ceda àlimitação dos euros e recorra aocrédito, mantendo-se assim na lutapela conquista do trofeu que referiatrás.Felizmente, nota-se um númerocrescente dos que não se reveemem nenhuma destas categorias.Perceberam que férias são antes demais uma oportunidade paraquebrar o ritmo esgotante doquotidiano, possibilidade para parare respirar

com tranquilidade. As férias são umestado de espírito e não custadinheiro. Depois, temos um paíscujo património histórico e artístico éde referência mundial. Museus,monumentos, parques naturais...tudo no final de uma autoestradaperto de si. Muitos já entenderamque o nosso interior possibilita ummergulho na história e na culturaque nos fez como povo, ou que anossa vasta costa atlântica ofereceinúmeros recantos de paraíso. Jáagora, na cidade que habitamos,existem também aqueles lugarescuja visita fica eternamente adiadapelas urgências de cada dia. Asférias são um desafio de criatividadee um convite à ousadia de saberparar. Saborear o tempo e viverdevagar... sublinhar a família sem apressão dos horários laborais. Criaro silêncio que nos permite escutaros outros e ouvir o nosso íntimo.Nesta pequena reflexão sobre asférias, importa também referir quemnão as tem, ou nelas viva forçado oano inteiro. 14% de desempregocolocam o tema das férias comoprivilégio de alguns. Se está nessegrupo, razão para as valorizar aindamais.

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Santarém e Setúbal, 40 anos comodioceses A 16 de julho de 1975, o Papa Paulo VI criava duas das mais recentesdioceses portuguesas, Santarém e Setúbal, que integravam o territóriodo Patriarcado de Lisboa. Os atuais bispos das dioceses apresentamuma reflexão neste dossier do Semanário ECCLESIA, que secomplementa com testemunhos, notas históricas e uma entrevistasobre o processo de criação de novas geografias eclesiais.

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Uma nova Geografia eclesial O Cónego António Janela, diretor do Instituto Diocesano de Formação Cristã(Lisboa) recorda a criação de duas dioceses a partir do território doPatriarcado, em 1975, e sublinha a progressiva desertificação de um grandecentro, que desafia a Igreja Católica a encontrar novas formas de presençada Igreja no mundo urbano

Entrevista conduzida por Luis Filipe Santos

Agência ECCLESIA (AE) – A 16 dejulho de 1975, do Patriarcado deLisboa nascem duas novasdioceses: Setúbal e Santarém.Acompanhou e recorda-se dodesmembramento?Cónego António Janela (AJ) –Tenho bem viva a memória da pré-história do nascimento destas duasdioceses. Após o encerramento do IIConcílio do Vaticano vivemos umperíodo de certa tensão. Logo em1966, no ano seguinte aoencerramento, havia uma certainquietação (no sentido de nãoficarem quietos) no clero novo.Esperavam a renovação conciliar. Opatriarca da altura, D. ManuelGonçalves Cerejeira, prolongou umbocadinho o silêncio.Nessa altura constituiu-se um grupoque tinha referência à famosa casada Bela Vista à Lapa. Ligada aospadres da Ação Católica. Por acaso,estava lá nessa altura porque faziaparte de uma equipa de professoresde religião e moral, liderada pelopadre Alberto Neto.

AE – Nessa altura criou-se umacomissão…AJ – Sim. Uma comissão «ad hoc»que propôs ao patriarca para seelaborar um plano de renovaçãopastoral da diocese. O patriarcacriou, realmente, uma comissão comnomes que ainda conhecipessoalmente: cónego ManuelFalcão (depois foi bispo auxiliar deLisboa e mais tarde bispo de Beja),padre Armindo Duarte, o padreÁlvaro Proença (pároco de NossaSenhora do Amparo, em Benfica),padre José Serrazina (ligada àpastoral da Ação Católica) e outros…Eles fizeram uma proposta com ointuito de agilizar esta renovaçãopastoral. A diocese, para além dasestruturas das paróquias evigararias, devia ter outroenquadramento. Na altura criaram-se três regiões: Lisboa (dividida emsub-regiões), Santarém e Setúbal.

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AE – Essa divisão foi o embriãopara o nascimento das dioceses deSantarém e SetúbalAJ – Foi a estrutura embrionáriadaquilo que mais tarde, em 1975,vai resultar na formação das novasdioceses. AE – Foi um processo lento…AJ – Sim. Sim… e depois haviasempre aquela coisa de fazer doOeste uma diocese. AE – Essa proposta já foiesquecida?AJ – Enquanto estiver um torrienseno Patriarcado, se calhar não vai…(risos). Hoje, as distânciasrapidamente são ultrapassadas. AE – Mas têm diferentes marcassociológicas.AJ – O Oeste começa a estarurbanizado. Quando vamos aPeniche ou a Torres Vedrasestamos num ambiente urbano. Adistinção entre urbano e rural vaiser ultrapassada. Atualmente, omodo de viver já se define poroutras categorias.

AE – As diocese de Setúbal eSantarém celebram 40 anos. Foidifícil esse nascimento?AJ – Não foi difícil. Depois dasreuniões realizou-se, em 1969, aprimeira assembleia do clero, ondejá estavam implementadas váriasmedidas feitas pela tal comissãopreparatória. A figura dominanteneste processo todo é o cónegoManuel Falcão que depois vai sernomeado bispo auxiliar de Lisboa. Aprimeira assembleia do clero deLisboa, pode-se dizer, é o início dasinodalidade no Patriarcado. AE – Estava assessorado por outrospadres.AJ – Sim. Estava rodeado de gentemuito válida. O padre Mafra foi ohomem que nos legou a memóriadisto tudo. Está publicado num livrodo Centro de Estudos de HistóriaReligiosa (CEHR) da UniversidadeCatólica Portuguesa e na revista«Lusitânia Sacra». É nestesdocumentos que recordo o que vivina altura porque depois estiveausente de 1969 a 1973.

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D. Manuel Falcão AE – Como é que delinearam asfronteiras?AJ – Isso estava previsto. Muitospadres, alguns meus colegas deseminário, quando foi a divisãooficial ficaram em Setúbal. Estou arecordar o padre Fernando Belo. Omesmo aconteceu com a diocesede

Santarém. As dioceses começaramcom o clero que lá estava.Durante muito tempo, até aos anos90, os seminaristas de Setúbal eSantarém frequentavam o Semináriodos Olivais, em Lisboa. Ainda hoje,Santarém recorre muito àsestruturas da Diocese de Lisboa.

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AE – O Rio Tejo foi uma divisãonatural para a formação da Diocesede Setúbal, excluindo o monumentoa Cristo-Rei e o Seminário deAlmada.AJ – Sim. Mas depois tudo isso foiresolvido, creio que no tempo de D.José Policarpo, como patriarca deLisboa. No entanto é precisosublinhar que eram encargos muitopesados para uma diocese queestava a nascer. AE – Quem esteve muito ligado aosprimórdios das Diocese de Setúbalfoi o cónego João Alves.AJ – Sim. Depois vai para bispo deCoimbra e teve como coadjutor D.Albino Cleto que esteve também

envolvido no processo. D. JoãoAlves era um homem muitoorganizado e que teve um papelmuito importante no processo dopadre Felicidade Alves. Tudo isso sepassa nos finais dos anos sessenta.Neste processo de divisão tambémdevo destacar o padre ArmindoDuarte. Teve um grande empenhona renovação. A própria Diocese deLisboa foi também dividida em zonaspastorais que, ainda hoje, de algummodo, perduram. Foi um outromodelo que começou a surgir.

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AE – E o nome incontornável para aformação da Diocese de Santarém?D. António Campos?AJ – Sim… (Risos). Até se contaque quando atendia o telefone dizia:«António Campos, bispo deSantarém. Ai se o senhor patriarcasoubesse». (Risos) AE – O primeiro bispo de Santarémtambém tinha o nome de António…AJ – Mas era franciscano, D.António Francisco Marques. Ainda oconheci como provincial da ordem.Foi um homem notável.No entanto, volto a falar de D.Manuel Falcão. Ficará na história,como uma referência da sociologiamoderna e de todas estasiniciativas.

AE – O cardeal Manuel GonçalvesCerejeira aceitou, facilmente, estadivisão?AJ – No início, aquele silêncio foiperturbador. O cardeal, além de serum príncipe no trato, era um homemextremamente afetivo na relaçãopessoal. Com grupos era maisdifícil… Era fruto de uma certamentalidade. Com iniciativas degrupos, ele assustava-se um pouco.O concílio pedia uma renovação e,passados 50 anos, essa renovaçãoainda se está a realizar. Veja-se aatualidade dos documentosconciliares. Alguns pontos ainda nãoestão explorados.

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AE – A velocidade de execução nãofoi igual em todas as dioceses?AJ – Sim. Em Lisboa, o processo dacrise desencadeou-se maisrapidamente do que noutrasdioceses. AE – As filhas ribatejana e sadinadesligaram-se, completamente, dopai patriarcal?AJ – Enquanto iniciaram esteprocesso ficaram muito ligadas aLisboa. Não podemos esquecer queo clero foi formado no patriarcado.Em relação à celebração da liturgia,os padres «apanharam» a memóriade monsenhor Pereira dos Reis edepois o cónego José Ferreira.Depois, pouco a pouco, estasdioceses começaram a criar a suaidentidade própria. AE – O carisma dos primeirosbispos deixou marcas, tanto emSetúbal como em Santarém.AJ – Em relação a Setúbal, aqueladécada de 80 foi difícil. A posição deD. Manuel Martins, o bispovermelho, foi essencial. Eleantecipou, um

bocadinho, o nosso Papa Franciscoem muitas coisas: estilo e denúncia.O primeiro bispo de Santarém foidiscreto, mas de extremaimportância. AE – Olhando para o panoramaeclesial, a falta de clero requer umanova reorganização pastoral?AJ – Não tenho dúvidas nenhumas.Não é apenas uma questão deorganização, mas também dementalidade e de perspetiva. Tenhoesperança que o Sínodo de Lisboaseja capaz de rever aquilo que asociedade civil já reviu. Esta revisãonão pode ser feita apenas nasecretaria. Deve ser um trabalho debase que passa muito pelo laicado. AE – E as vocações?AJ – Essas dependem muito daconsciência de seara. AE – É a diocese que faz o bispo ouo bispo que faz a diocese?AJ – As duas coisas.

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Diocese de SetúbalA Diocese de Setúbal, coincidindopraticamente com a região pastoralde Setúbal já formada noPatriarcado de Lisboa em 29 deMaio de 1966, foi criada pela BulaStudentes Nos, de 16 de Julho de1975, do Papa Paulo VI.Com uma população católicadistribuída por 55 comunidadesparoquiais agrupadas em 7vigararias, tem aproximadamenteuma superfície de 1500 Km2 e umapopulação de 717 589 habitantes,abrangendo 9 concelhos: Alcochete,Almada, Barreiro, Moita, Montijo,Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal eainda três parcelas territoriais queintegram a paróquia da comporta(freguesia da Comporta, umaparcela da freguesia de Santa Mariado Castelo, ambas pertencentes aoconcelho de Alcácer do Sal; e Troia,pertencente à freguesia deCarvalhal, concelho de Grândola).Oriundos do território da diocesesão o Beato Frei André de Setúbal,mártir do Ceilão, natural da cidadeepiscopal, o beato ManuelRodrigues, um dos mártires doBrasil, e Francisco Rodrigues daCruz, o célebre padre Cruz, naturaisde Alcochete, assim como o primeirobispo do Brasil, Dom PedroFernandes Sardinha, natural deSetúbal.

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Diocese de SantarémA Diocese de Santarém foi criada a16 de julho de 1975, pela "BulaApostolicae Sedis Consuetudinem",do Papa Paulo VI, após o pedidooficial que lhe foi feito por D. AntónioRibeiro, cardeal-patriarca de Lisboa.Este território constituíaanteriormente, desde 1966, aRegião Pastoral de Santarém doPatriarcado de Lisboa. No mesmodia, e por outra Bula, Sua Santidadenomeava D. António FranciscoMarques como seu primeiro bispo.A igreja escolhida para Sé Catedral,e indicada na mesma Bula dacriação da Diocese, foi a chamadaIgreja do Seminário de Santarém,antiga Igreja de Nossa Senhora daConceição do Colégio dos Jesuítas.Toda a Diocese, com uma área de3217,46 km2, está situada noDistrito de Santarém, mas só integra13 dos seus 21 concelhos,nomeadamente: Alcanena (sem asparóquias de Minde e da Serra deSanto António), Almeirim, Alpiarça,Cartaxo, Chamusca,Entroncamento, Golegã, Rio Maior,Salvaterra de Magos, Santarém,Tomar, Torres Novas e Vila Nova daBarquinha.No momento da sua criação contavacom uma organização territorial

em 100 paróquias, sendoatualmente 111 comunidadesparoquiais, agrupadas ecoordenadas pastoralmente por 7vigararias. Em 28 de agosto de 1997 faleceuo seu primeiro bispo, D. AntónioFrancisco Marques. O seusucessor e atual bispo,D. Manuel Pelino Domingues,foi nomeado em 27 de janeirode 1998, entrandosolenemente na Dioceseem 22 de março de 1998.

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Igreja de Setúbal, que dizes de ti ?

Para falar um pouco da Igreja deSetúbal que hoje celebra 40 anos,recorro a um diálogo confiante entreela e eu próprio, seu bispo, pordecisão amorosa de Jesus. Convidoo meu estimado leitor a entrar nestediálogo breve e amigo - feito deduas perguntas e de duasrespostas - da igreja de Setúbalcomigo: Igreja de Setúbal, permite-meque te pergunte, até porqueoutros fazem as mesmasperguntas:“Porque te alegras tanto hoje aponto de fazeres festa?; quepedes para poderes realizarmais fielmente a tua missão?.” Meu caro bispo, gosto destasperguntas e vou tentar responder.Começo pela primeira e digo-te que

tenho muitas e belas razões parafazer festa. Não consigo dizê-lastodas porque são muitas e porquealgumas só são conhecidas peloEspírito do Senhor que está sobremim e me anima.Mas, pelo menos, vou partilharcontigo uma ou outra:A minha criação e crescimento foi eé, só por si, uma mais valia para ascomunidades cristãs e para a regiãoe uma grande aposta.A acção pastoral e profética de D.Manuel, meu primeiro e queridobispo.A estruturação dos meus órgãos, acriação das paróquias, a construçãode 40 igrejas elocais de culto.A consciência, presente nos meusfilhos, de sermos Igreja diocesana.

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O amor à Eucaristia incluindo aadoração eucarística.A grande presença de leigos bempreparados nos diversos serviçospastorais.O amor ao Seminário e a alegriagrande com a ordenação dossacerdotes.A presença de movimentos laicaisbem activos e em profundacomunhão diocesana.A devoção a Nossa Senhora sob asmais variadas invocações.A baixa média etária dos padres queo Senhor me tem dado e o facto deos sacerdotes ordenadossuperarem largamente os quemorreram ou saíram bem como adisponibilidade e a alegria do meuquerido clero para servir ascomunidades onde é

preciso.O elevado número de leigoscom o ensino superior.A presença organizada da caridadecom muitos órgãos servidos por umbatalhão de voluntários evoluntárias e com muitosprofissionais qualificados. Obrigado, cara igreja, vejo quetens toda a razão para fazerfesta e eu quero vivê-la bem pordentro com todos os teus filhos.E, já agora, diz-me sumariamenteo que desejas para cumpriresmelhor a missão que te estáconfiada de anunciar a todos aBoa Nova de Jesus morto eressuscitado que vem salvar-nos do pecado e abrir-nos asportas do Céu.

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Já que o pedes, meu caro bispo,ensina-me a ir mais longe narealização dalguns desafios que meatraem e que, às vezes, me metemmedo:O desafio de aprender diariamentea contemplar o rosto misericordiosode Jesus Cristo crucificado eressuscitado para me deixar seduzirmais e mais pelo Seu amor.O desafio de aprender a viver parao Senhor e não para mim mesma,sempre e em tudo, descentrando omeu coração das minhas coisaspara as coisas do Pai..O desafio de aprender a estar nomundo sem ser do mundo, fazendominhas as alegrias, as dores eesperanças dos homens e dasmulheres.O desafio de ser capaz de ir maislonge na iniciação cristã atraente eexigente, na formação contínua eintegral, na conversão diária e nabusca da santidade de todos osmeus filhos.O desafio de progredir na formação,em todos os meus filhos, dumaconsciência recta, iluminada peloscritérios do evangelho e capaz dedia a dia ouvir e obedecer mais aoEspírito Santo.

O desafio de me tornares maiscapaz de ajudar os fiéis leigos adescobrirem e assumirem a suamissão de ser luz, fermento e almacristã na Igreja e no mundo.O desafio de, mais e mais, meajudares a viver como comunhão defé, de oração, de amor mútuo eirrepreensível nas diversascomunidades de modo que todossintam a alegria de ser acolhidos ereconhecidos como irmãos.E,atenção, não te esqueças do meusonho dum sínodo diocesano.O desafio de ajudar os meus filhos aacreditar que todos são chamadospor Jesus e por Ele enviados emmissão; e que todos hão-de acolhera sua vocação e ajudar os outros adescobri-la.O desafio de me ajudares, bemmais, a revelar a graça da família eda família cristã como igrejadoméstica onde se partilha eaprende o amor, a fé, o serviço, aoração, o perdão e a missão.O desafio de me tornar, cada vezmais 'Igreja em saída' , dando maistempo e recursos para ir aoencontro das ovelhas tresmalhadas;criando novos estilos de vida e delinguagem;

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seguindo Jesus em alegriacontagiante.O desafio de me ajudares a ser,sempre e em tudo, o rosto e a portado acolhimento misericordioso deDeus mesmo quando for precisodizer 'não'.O desafio de me ensinares acontagiar os meus queridos padres,diáconos e os seus várioscolaboradores a viverem no meio depovo 'à maneira de Jesus' curando,dando esperança e criandocomunidades 'em alerta' para ir aoencontro dos pobres – de todos –para os integrar na comunidade.

Obrigado, muito obrigado,querida Igreja, pelos teuspedidos ousados e que meparecem em sintonia com oespírito e a letra do ConcílioVaticano II concluído vai paracinquenta anos. E em sintoniacom as orientações dos Papasque lhe deram sequência desdeo Papa Beato Paulo VI que tecriou ao Papa Francisco que,sei-o bem, está no teu coração,no coração de teus filhos efilhas e também no meu própriocoração.Igreja de Setúbal, Dioceseamiga,

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com este espírito vais no bomcaminho.Continua a crescer amparadapelas mãos da Mãe de Jesus enossa Mãe rumo ao Pai, nacomunhão das Igrejas a quepreside o Santo Padre. E ondepassares torna presente abeleza do amor de Cristo vividono estilo simples e profundo dasbem aventuranças. Contacomigo, Igreja

de Setúbal, como eu espero queme ajudes a ir mais longe atéque um dia se cumpra em mim osonho do Céu. 16 de julho de 2015, quadragésimoano da criação da Diocese deSetúbalD. Gilberto Reis,Bispo de Setúbal

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Um caminho eclesial de quarentaanos(40 anos da diocese de Santarém)1. Diocese, Igreja próxima davida e da cultura localDiocese é o lugar onde a Igrejaacontece em todas as suasdimensões, carismas e ministérios.Por isso, designamos esta porçãodo povo de Deus como Igreja local.Tem quarenta anos a diocese deSantarém. Uma data que éoportunidade para recordar a nossamemória, fortalecer a nossaidentidade e olhar para apreparação do futuro.Antes de ser constituída a diocese,havia séculos que o povo de Deusjá peregrinava por estas paragens ea igreja desempenhava a suamissão. Mas os organismoseclesiais de apoio estavamrelativamente afastados, em Lisboa.A criação da diocese veio tornarmais próximo e acessível o centrocongregador e os serviços pastoraisfundamentais: o bispo e opresbitério e os SecretariadosDiocesanos dedicados à orientaçãodos serviços da Palavra, da Liturgia,da Caridade e da Missão.A criação da diocese trouxe,portanto, uma descentralização dosserviços religiosos e umaproximidade da Igreja em relação àvida social e cultural da populaçãodo Ribatejo.

Notemos que se trata de ummovimento contrário ao queencontramos hoje a nível dasociedade. De facto, atualmente,parece que se caminha para umamaior centralização de muitosserviços sociais. Justifica-se, naIgreja, esta opção diferente? A Igrejamais rica na sua vida e mais ágil nasua missão? Como outras novas dioceses, a deSantarém nasceu em 1975, noespírito do Concílio Vaticano II. Orauma das notas deste Concílio doséculo XX, desejada pelo Papa SãoJoão XXIII que o convocou, é o seucarater pastoral, na continuação eno estilo de Jesus, o Bom Pastor.Segundo o Evangelho, o pastorcaracteriza-se pela proximidade,pelo acompanhamento e cuidadopessoal das ovelhas que lhe sãoconfiadas: o Bom Pastor tem ocheiro das ovelhas, conhece-as pelonome e é por elas conhecido. Se obispo é um sinal e uma imagem deCristo Bom Pastor, então não podeser uma pessoa desconhecida ouconhecida à distância. O contatopróximo é feito sobretudo pelasvisitas pastorais que, na propostaideal da Igreja, deveria realizar-sede cinco

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em cinco anos. Este ritmo só épossível quando a diocese tem umadimensão humana e territorial quepermita ser visitada neste período. Também os serviços da Cúria (nãosó a administração mas igualmenteos serviços de orientação dacatequese, da liturgia, da caridade,da ação social e do apostolado) setornam, com a criação de uma novadiocese, mais acessíveis e eficazes.Se a diocese se deve apresentarcomo uma comunhão missionária,próxima da vida real e incarnada nacultura local, então a

descentralização, traz, à partida,melhores condições para umaconversão missionária. Assim nosesforcemos todos nesse sentido. 2. Colunas em que assenta ocrescimento da Igrejaa) O segredo da vida e dodinamismo missionário da Igreja nãoestá apenas na descentralizaçãodas dioceses ou nos nossosprogramas, mas na “força que vemdo alto”. O Espírito Santo é a almada Igreja que lhe dá vida, a renova eilumina. Se prestarmos atenção aossinais da Sua inspiração, serecorrermos a Ele na oração

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unânime e nos deixarmos conduzirpela Sua luz, então podemos notarque Ele intervém, abre portas quepareciam fechadas e oferecesoluções imprevistas. Assim, oprimeiro elemento constitutivoda comunidade diocesana,fundamento da esperança noseu crescimento e renovação, éo Espírito Santo e a nossaprimeira ação para colaborar namissão da Igreja é a oração. Umadiocese viva e missionária, capaz desair ao encontro das pessoas pornovos caminhos de evangelização,é, antes de mais, uma comunidadeorante. b) O dom fundamental que oEspírito Santo concede para amissão é a Palavra de Deus. APalavra de Deus deve estar sempreno início ou reinício do processo dafé. (“In principio erat Verbum”). É oprimeiro dom do Espírito concedidoaos apóstolos no Pentecostes e aprincipal atividade a que sededicam. A Palavra de Deus aquecee converte o coração, gera paz,ilumina, dá sabedoria, proporciona oencontro com Deus. É o segundoelemento constitutivo dacomunidade diocesana e vínculofundamental da união dos fiéis.

Para pôr em prática esta prioridadeda Palavra temos tido apreocupação de oferecer, em cadaano pastoral, propostas variadas deformação de adultos e de jovens,para além do cuidado permanentecom a catequese de crianças eadolescentes. Continuaremos, nopróximo ano, segundo arecomendação da EvangeliiGaudium, a propor um estudo sérioda Bíblia e a promover igualmente asua leitura orante, pessoal ecomunitária (EG 175). c) Outro vínculo fundamental eelemento constitutivo é acelebração da liturgia sobretudoda Eucaristia, cume e fonte daação pastoral. Tornar a eucaristiaplenamente participada, interior eexteriormente, festiva e frutuosa,tem estado sempre na mira dasnossas preocupações pastorais. Éuma das fontes principais paraalimentar a fé atualmente dificultadapelo ambiente de indiferençareligiosa e pela dispersão daspessoas. d) A eucaristia conduz à caridade,outro vínculo constitutivo daIgreja e critério de verificaçãodos outros dois. A caridadeexprime-se no serviço fraterno, napartilha de bens e na

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misericórdia que leva ao encontrodos que necessitam de bondade ede apoio. Fé e caridade sãoindissociáveis pois a fé age pelacaridade. “A fé e a caridade são oprincípio e o fim da vida cristã”(Santo Inácio de Antioquia). Para construir estes vínculos davida cristã, o Espírito Santo concedeaos fiéis de todas as condiçõesdons ou carismas que os tornamidóneos para desempenhar funçõesou ministérios no sentido amplo. “Acada um é dada a manifestação doEspírito para proveito comum” (1Cor 12, 7). Por isso, a Igrejamantém acesa a chama da fé ecresce devido ao testemunho demuitos fiéis que acolhem o EspíritoSanto e se tornam seusinstrumentos: famílias, paróquias,movimentos e associações,responsáveis e cristãos anónimosque irradiam a luz do Evangelhopelo amor e pelo serviço. Era assimantes da criação da diocese,

continua hoje e sempre assimcontinuará.Deste modo, além da oração, énecessário, sobretudo da parte dospastores que presidem àcomunidade, dar espaço e apoioaos vários carismas e contributosdiferentes dos fiéis e envolver umnúmero sempre maior de pessoasnas atividades pastorais.Precisamos, de facto, de ultrapassara imagem clerical da Igreja que levaa concentrar todas atividades noclero deixando aos leigos umaatitude passiva e de dependência. AIgreja de Jesus animada peloEspírito Santo é uma igreja dediscípulos missionários. Este é operfil do cristão do futuro e ohorizonte que devemos ter presente.Numa Igreja animada pelo EspíritoSanto, todos caminham, todosescutam e progridem e todosparticipam na missão.

D. Manuel PelinoBispo de Santarém

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Quarenta anos da diocese de SantarémA diocese de Santarém está acelebrar os seus quarenta anos deexistência. A criação desta dioceseem 1975 deu forma ao espaço “ruralribatejano” do patriarcado, espaçocom uma identidade própria eespecífica. A nova diocese tevecomo seu primeiro bispo D. AntónioFrancisco Marques que procuroucimentar entre as mais de cemparóquias da região laços defraternidade e de pertença a umanova realidade. Estas comunidadesreconheceram facilmente em D.António Francisco o seu pastor, oseu “pai na fé”. Com o fulgor próprioda juventude, secretariadosdiocesanos, paróquias, movimentosestruturaram a vivência da igrejaescalabitana. Vinte anos passaram, um novobispo assume os destinos destaporção do povo de Deus. D. ManuelPelino Domingues trouxe consigoum outro modelo pastoral. Se comD. António Francisco foi sobretudotempo de lançar as bases, com D.Manuel foi e está a ser um tempo decompreensão e de ação no mundo. Claro que existem algumasdificuldades, mas as cento e trezeparóquias, agrupadas em setevigararias, são espaços de vivência

cristã. Ninguém é cristão isolado,ser-se cristão exige umacomunidade, é aí que as dimensõesprofética, sócio-caritativa, litúrgica emissionária são experienciadas. Nasnossas comunidades, a catequeseestá organizada, culminando nocrisma. Têm celebrado estesacramento não apenas jovens, mascentenas de adultos que sereaproximam da Igreja e queprocuram os sacramentos dainiciação cristã.

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Movimentos eclesiais dedicam-se àformação de adultos (cursilhos decristandade, movimentos marianos,convívios fraternos) que podemseguir a proposta anual do guiãodiocesano, ao jeito da lectiodivina. O escutismo católico (CNE)está implantado com quase meiacentena de agrupamentos. Acaridade cristã está estruturada namaioria das paróquias da diocese,com conferências vicentinas egrupos

“cáritas”. Coros, acólitos e outrosministérios laicais permitemcelebrações dignas nas paróquias,com o apoio dos respectivossecretariados diocesanos. Nosúltimos anos, tem havidopreocupação com o património, oque levou à criação do museudiocesano e à inclusão da sé naRota das Catedrais. Por fim, oespírito missionário tem sidocultivado pelas campanhas deadvento e quaresma da catequese,pelo projecto Fé4Missão dos jovens,pelos cursos Alpha e missõespopulares dirigidos às comunidades.Aquele projeto iniciado em 1975ganhou corpo, tornou-se umarealidade. Fora dos pátiosparoquiais, a Igreja é uma voz ativae aceite pela sociedade.

João NevesMembro do Conselho

Pastoral Diocesano

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40 anos em Setúbal– alegria e evangelização

Os 40 anos da Diocese de Setúbalsão um momento de celebração eagradecimento pelo que somos etemos construído em conjunto, massobretudo uma oportunidade dereflexão sobre as característicasespeciais da Diocese de Setúbal.Somos Diocese num contexto socialespecífico. Nos anos 80, a Diocesede Setúbal chocou o país por tergritado bem alto que aqui haviafome e hoje a história repete-se.Como tem sido amplamentedenunciado pela Caritas, os níveisde pobreza dispararam nos últimosanos e os tipos de pobrezadiversificaram-se. A denúncia destesproblemas e a assunção plena daDoutrina Social da Igreja foram esão fundamentais no ADN da nossaDiocese.

Também social e culturalmente valea pena olhar para o que somos. Convivem em Setúbal contextosurbanos, contextos rurais, contextosfortemente industrializados,contextos de nível socioeconómicoalto, contextos de comunidadesmigrantes, contextos de quaseguetização. São vidas diferentes econdicionantes muito diferentespara a disponibilidade para abraçara Igreja. Mas à Igreja competeabraçar todos, saber abrir as portas,tentar ter as portas abertas omáximo de tempo possível (mesmofisicamente) e chegar a todas estasrealidades. O desafio é claro. Sóvale a pena ter Diocese se houverum projeto comum e esse projetoúnico tem de ser construído

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a partir desta realidade pluralriquíssima, valorizando-se adiversidade como um trunfo e nãocomo um problema.Sou pouco mais velho do que aDiocese, cresci aqui, recebi-a dosque a construíram. À minha geraçãocabe continuá-la, honrar a suamatriz e, sobretudo, colaborar paraque ela seja casa de todos, espaçopara todos.No início das celebrações foi claro odesafio: Igreja de Setúbal, Alegra-tee Evangeliza. Hoje deverá serpossível dizer que o imperativo setornou presente: estamos felizes eenvagelizamos. E este presentetornar-se-á atual todos os dias, decada vez que formos capazes deassumir a diversidade para a tornarriqueza e valorizar a unidade.

Uma Diocese é uma casa comum,não é um mero territórioadministrativo, e como casa comumé espaço de co-habitação e decrescimento conjunto.Este crescimento implica umaformação crescente e continuadapara uma fé que se quer madura,com a maturidade a que os 40 anosobrigam.Simplicidade, experiência do outro,doutrina social, entrega econstrução de um projeto comumparecem ser simultaneamenteingredientes e desafios para anossa Diocese.

João CostaDiretor da Faculdade de CiênciasSociais e Humanas - FCSH/NOVA

Chefe Regional do Corpo Nacionalde Escutas - Setúbal

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Lugar Dos Afectos

www.lugardosafectos.pt Já a passos largos de entrarmos emplena época de férias, esta semanaapresento uma sugestão bastanteinteressante para se passar um diacheio em família. Faça uma visita aAveiro e desloque-se até ao “Lugardos Afectos” que fica em Eixo, umavila muito próxima do centro dacidade dos canais. Mas para abrir oapetite e perceber o porquê destasugestão, faça uma visita virtual aosítio deste fantástico projeto deafetos. O grande objectivo desteespaço é o de dar continuidade àobra da escritora Graça Gonçalves,nomeadamente à mensagem dosseus livros e jogos de afetos.Na página inicial encontramosalguns

destaques que permitem deuma maneira rápida navegar pelosprincipais espaços deste sítio. Naopção “lugar dos afectos”, podemosaceder a uma breve apresentaçãodo projeto, à localização deste“parque temático”, aos programas ehorários das visitas e ainda à plantapormenorizada com uma brevedescrição dos diferentes espaços.No item “casa da harmonia”, ficamosa saber que esta é a casa anfitriã doLugar dos Afectos e portanto recebehonras de destaque. É natural entãoque, mais especificamente,consigamos obter quais osprogramas particulares desta casa,bem como os horários das visitas,isto porque, a programação da Casada Harmonia é diferente da doLugar dos Afectos,

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complementando-o.Na opção “autora”, encontramostodas as informações maisrelevantes acerca da Drª. GraçaGonçalves, pois foi ela queimaginou e idealizou esteextraordinário espaço. Existemainda destaques para mais outrosespaços virtuais, nomeadamentepara a editora que dá suporte àspublicações da autora(www.gostar.pt) e ainda para o sítiocoleção dos afetos(http://www.gostar-afectos.pt).Toda esta panóplia de ambientessão o espelho do que a escritora,médica e autora do lugar dosafectos tem vindo a desenvolver,“há mais de vinte anos, um trabalhoverdadeiramente pioneiro centradona temática dos afetos”, tendorecebido um prémio

da UNESCO. Para “além de livros eJogos de Afectos, criou a ColecçãoAfectos, onde desenvolve trabalhosmuito especiais em áreas tãodiversas que vão dos têxteis,azulejos, móveis, louças a vestidosde noiva e joalharia.”Aqui fica a sugestão de visita a estetão original espaço que acima detudo nos ajuda a descobrir cada vezmais os nossos sentimentos.

Fernando Cassola Marques

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Museus da IgrejaAndré das Neves Afonso é mestreem Museologia e Museografia pelaFaculdade de Belas-Artesda Universidade de Lisboa. No livroque a PAULUS acaba de editar, oautor apresenta as conclusões deum estudo feito no âmbito do seutrabalho de mestrado. Após refletirsobre as razões pelas quais osmuseus eclesiásticos devem servalorizados e promovidos,apresenta um modelo deorganização que pode ser aplicadoa qualquer diocese ou paróquia. Segundo o autor, «os museus daIgreja Católica apresentamespecificidades muito próprias queos distinguem ou devem distinguirdas instituições museológicastuteladas por outras entidades».Para André das Neves Afonso,«esses elementos diferenciadorespodem resumir-se na missãopastoral que deve ser central emqualquer museu eclesiástico e que,por conseguinte, deve estruturar emoldar toda a sua atividade». Osmuseus eclesiais devem colaborarna missão existencial da própriaIgreja: falar de Deus à humanidade.«É sobretudo a partir destaperspetiva dos museus da Igrejaenquanto

entidades e espaçosassumidamente pastorais que surgeo presente livro», refere o autor naintrodução da obra. José António Falcão escreve noprefácio que «o autor traça, demaneira clara e fidedigna, umanotável perspetiva da problemáticados museus eclesiásticos». Para ohistoriador de arte, «acaracterização conceptual etipológica destas instituições, queabre com justeza o trabalho, situa àperfeição o delicado equilíbrio dasua peculiar vocação, duplamentefiel às funções museológicas e aoanúncio do Evangelho». JoséAntónio Falcão terminaagradecendo «o inestimávelcontributo para a reflexão em tornoda problemática dos museuseclesiásticos portugueses que estelivro consubstancia». Museus da Igreja é um livro degrande utilidade pastoral, paraparóquias, dioceses e para todos osque tenham ao seu cuidado a tarefade preservar e cuidar destesespaços pastorais. Segundo o autor,«os museus eclesiásticosapresentam enormespotencialidades de ação pastoral

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criativa, nomeadamente através dascaracterísticas únicas napossibilidade de diálogo e deacolhimento de crentes e não-crentes». No entanto a ação destesespaços «deve pautar-se pelorespeito das mais variadasconfissões e crenças, agindo deforma dialogante, inteligente epedagógica, ainda quenecessariamente assente natransmissão de uma mensagemcristã que é proposta e não imposta.» André das Neves Afonso éinvestigador do Centro deInvestigação e de Estudos emBelas-Artes da Universidade deLisboa. Trabalha no Museu Nacionalde Arte Antiga como assistente dasColeções de Ourivesaria e Joalhariae colabora na Comissão Diocesanade Arte Sacra de Setúbal.

Ficha TécnicaTítulo: Museus da Igreja – Missão pastoral e culturalAutor: André das Neves AfonsoColeção: Introdução à teologiaSecção: TeológicaFormato: 13 cm × 21 cmPáginas: 224Editora: PAULUS EditoraISBN: 978-972-30-1841-7preço: 13,50 €

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II Concílio do Vaticano: Qual oteólogomais utilizado nos documentos?

Os documentos emanados do II Concílio do Vaticano(1962-65) tiveram como base muito da TeologiaPaulina. São Paulo foi o teólogo mais utilizado naassembleia magna convocada pelo Papa João XXIII edepois continuada com o seu sucessor, Paulo VI.Com base nos vários decretos e constituiçõesconciliares, os padres do concílio recorreram aosescritos paulinos mais de 200 vezes, para os iluminare a clarificar a leitura do Evangelho para o nossotempo.É em São Paulo que “repousa toda a Teologia doEspírito Santo, de que se socorrer continuamente oConcílio, toda a Teologia do mistério da Igreja,desenvolvida na Carta aos Efésios, a Teologia deMissão e da colegialidade episcopal, a doutrina sobrea unidade e diversidade dos carismas e ministérios”(Cf. A. Torres Neiva, In: Revista «Vida Consagrada»;Julho de 2008).As cartas de São Paulo mais citadas pelo Concílio sãoas cartas aos Efésios, aos Coríntios, aos Romanos,aos Colossenses e a Filémon. Os documentos quemais necessidades tiveram da ajuda de São Pauloforam as constituições sobre a Igreja e sobre asagrada liturgia.“Os leigos foram sempre a mão direita de São Paulo”,e ele mesmo se encarregou de apresentar oscolaboradores e as diversas equipas que com eletrabalhavam no anúncio do Evangelho. Nestecontexto, o Decreto sobre o Apostolado dos Leigosbaseia-se na Teologia Paulina, cujas cartas assinalamcom frequência a atividade dos leigos, nos primeirosséculos da igreja. Cf. A. Torres Neiva, In: Revista«Vida Consagrada»; Julho de 2008).

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Em relação à Declaração sobre aLiberdade Religiosa, a Carta de SãoPaulo aos Romanos tem na doutrinado «apóstolo dos gentios» a suareferência fundamental. Quanto àdoutrina sobre os carismas eministérios, o recurso foi o daprimeira Carta aos Coríntios, ondeessa doutrina é exposta comparticular relevância.O debate sobre o sacerdócio, comoo da colegialidade episcopal, “foitalvez o debate mais vivo de todo o

concílio”. De facto, até ao II Concíliodo Vaticano, a imagem do padre quevigorava na Igreja era a do padre doConcílio de Trento, realizado váriosséculos antes, o padre da Eucaristiae para o sacramento da penitência.O padre das mãos sagradas, paraconsagrar e abençoar. A imagem dopadre do II Concílio do Vaticano foiencontrada na Carta aos Hebreus, oúnico documento do NovoTestamento que nos apresenta umateologia do sacerdócio.

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Julho 2015 Dia 17 de Julho* Castelo Branco - Vila de Rei(Museu Municipal) - Encerramentoda exposição «Mãe, Família e Mêsdo Rosário» com trabalhos dealunos da disciplina de EducaçãoMoral e Religiosa Católica, doAgrupamento de Escolas de Vila deRei.

* Beja - Jornadas de portas abertasna Sé de Beja

* Braga - Auditório Vita - Sessão decinema do ciclo «Visões de umamemória da compaixão ourecordação provocante?» Dia 18 de Julho* Setúbal – Almada - Iniciativa«RIOnidos em Cristo» da pastoraljuvenil de Setúbal e Lisboa

* Fátima - Iniciativa «Um dia com ascrianças»

* Viana do Castelo - Encerramentodo jubileu dos 500 anos donascimento do beato freiBartolomeu dos Mártires

* Lisboa – Ramada - Bênção dosfinalistas do Instituto de CiênciasEducativas da Ramada por D. JoséTraquina

* Braga – Barcelos - Encerramentodo Conselho Provincial Alargado(CPA) eletivo dos MissionáriosEspiritanos com celebraçãopresidida por D. Jorge Ortiga.

* Viana do Castelo - Igreja de SãoDomingos - Ordenação de trêspadres na Diocese de Viana doCastelo * Guarda - Fernão Joanes - Festada Transumância - Patrimóniopastoral, pedestrianismo, Turismode natureza e cultural (18 e 19)

* Porto - Casa de Vilar - Jornadas deverão do Secretariado Diocesano daEducação Cristã com o tema «Aalegria do Evangelho é a nossamissão». (18 e 19).

* Santarém - Torres Novas - SemanaMissionária Jovem com o tema«Desperta, tu que dormes» (18 a26)

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Dia 19 julho* Faro - Aniversário da dedicaçãoda Sé de Faro com celebraçãopresidida por D. Manuel Quintas.

* Lisboa – Bobadela - Inauguraçãodo Centro Social da Bobadela porD. Manuel Clemente

* Lisboa - Igreja dos Navegantes(Parque das Nações) - Caminhadajovem a Fátima «Semp´abrir». (19 a24)

* Itália – Turim - VIII Semana deFormação Salesiana (19 a 25) Dia 20 Julho* Coimbra - Tavarede -Acampamento de Verão da PastoralJuvenil da Diocese de Coimbra (20a 26) Dia 22 Julho* Guimarães - Centro de Escutismoda Penha - Semana nacional dejovens da JOC (22 a 26)

Dia 23 Julho* Lisboa - Igreja de santa Catarina -Lançamento da obra «Museus daIgreja - Missão pastoral e cultural»apresentado por Fernando AntónioBaptista Pereira. Dia 24 Julho* Braga - Auditório Vita - Sessão decinema do ciclo «Visões de umamemória da compaixão ourecordação provocante?»

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O bispo de Setúbal e o cardeal-patriarca de Lisboa

convidaram os jovens das duas dioceses a participarna iniciativa ‘RIOnidos em Cristo - Duas margens, amesma fé!’, no dia 18 de julho. Vai decorrer em Fernão Joanes, na diocese daGuarda, a festa da Transumância. Recriando umatradição ancestral, é valorizado o património pastoril,pedestrianismo, o turismo da natureza e cultural. Afesta decorre no sábado e domingo, dia 18 e 19 dejulho, terminando com a Missa dos Pastores. O Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ)de Coimbra promove o campo de férias para jovensdos 15 aos 18 anos, entre os dias 20 e 26 de julho.Uma iniciativa que pretende proporcionar um clima dediversão, trabalho, diálogo e oração. Os promotoresdesejam que os participantes “vivam num espírito deinterajuda uns com os outros e que cresçam na fécristã”. O Vaticano vai acolher, entre 21 e 22 de julho, umsimpósio direcionado para a partilha de boas práticasno âmbito da luta contra a escravatura moderna e asalterações climáticas. Inicia no dia 22 o Encontro Nacional de Jovens daJuventude Operária Católica. Vai decorrer emGuimarães. Até ao dia 26, os jovens participantesdesenvolvem um conjunto de atividades que têm porlema “Jovem agarra o teu futuro e faz-te à vida”. Nodia 25 julho, no sábado, vai realizar-se também afinalização da Campanha Nacional contra oDesemprego.

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POR OUTRAS PALAVRAS

XVI domingo do tempo comum –ano B

Uma pausa. Façamos uma pausa no aperto da multidão. A pausa não é fuga nem sono: é balanço e vigilância, para que os gestos eas palavras não sejam vazios ou simples técnica. Mais que o corpo, é, pois, o coração que precisa do sossego da barca, ondese escutará depois (40) a ordem de voltar à praia ou ao prado. Porque não há missões nem fadigas por conta própria. João Aguiar Campos

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O que é a Eucaristia?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 19 - O Papano novo mundo: Percursode Francisco pela AméricaLatina RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 20 -Entrevista de apresentaçãodos números do voluntariadomissionário, por CatarinaAntónio e Inês Correia.Terça- feira, dia 21 -Informação e entrevista aopadre João Lourenço sobreos cursos da Faculdade de Teologia da UCP Quarta-feira, dia 22 - Informação e entrevista aLisandra Rodrigues, presidente da JOC, sobre oEncontro Nacional da Juventude Operária Católica.Quinta-feira, dia 23 - Informação e entrevista aopadre Tony Neves, reeleito superior dos Espiritanosem Portugal.Sexta-feira, dia 24 - Análise às leituras de domingopelos padres Nélio Pita e Robson Cruzela. Antena 1Domingo, dia 19 de julho - 06h00 - VoluntariadoMissionário com Catarina António da FEC e SofiaBatista, voluntária na Bolívia. Comentário à atualidadecom José Miguel Sardica.

Segunda a sexta-feira, 20 a 24 de julho - 22h45 -Cuidar da Casa Comum e promover a educação:«Operação Floresta Segura, Floresta Verde»; IPSSEngenho; Bombeiros Municipais de Tomar; ADFP -Associação, Desenvolvimento e Formação profissionalem Miranda do Corvo; Associação «Bagos de Ouro».

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Ano B - 16.º Domingo do TempoComum O Pastor cuidados seusdiscípulos

O Evangelho deste 16.º Domingo do Tempo Comumcomeça com a narração do regresso dos discípulosque, entusiasmados, contam a Jesus a forma como setinha desenrolado a missão que Ele lhes confiara. Nasequência, Jesus convida-os a irem com Ele para umlugar isolado e a descansarem um pouco. Osdiscípulos foram com Jesus para um lugar deserto;mas as multidões adivinharam para onde Jesus e osdiscípulos se dirigiam e chegaram primeiro. Aodesembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixãodelas e pôs-se a ensiná-las.Marcos aproveita este episódio para desenvolver umacatequese sobre o discipulado. 1. Os apóstolos são os enviados de Jesus, chamadosa continuar no mundo a sua missão, que consiste emanunciar o Reino. Para a concretizar, os apóstolosconvidam os homens que escutam a mensagem amudarem a sua vida e a acolherem a proposta queJesus lhes faz. Os gestos dos discípulos anunciamesse mundo novo de homens livres e esse projeto devida verdadeira e plena que Deus quer oferecer atodos os homens. 2. A referência à necessidade de os apóstolosdescansarem, pois nem sequer tinham tempo paracomer, pretende ser um aviso contra o ativismoexagerado, que destrói as forças do corpo e doespírito e leva, muitas vezes, a perder o sentido damissão. 3. Os apóstolos são convidados por Jesus a irem comEle para um lugar isolado. O que interessa aqui não éo lugar geográfico, mas sim que esse descanso deveacontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus,escutando-O,

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dialogando com Ele, gozando dasua intimidade, que os discípulosrecuperam as suas forças. Se osdiscípulos não confrontarem,frequentemente, os seus esquemase projetos pastorais com Jesus e asua Palavra, a missão redundaráem fracasso. 4. Entretanto, as multidões tinhamseguido Jesus e os discípulos. Estabusca incansável e impacienteespelha, com algum dramatismo, aânsia de vida que as pessoassentem. Jesus, cheio de compaixão,compara a multidão a um rebanhosem pastor. Não é nos líderesreligiosos ou políticos da nação queelas encontram segurança eesperança; não é nos ritos dareligião tradicional que elas

encontram paz e sentido para avida. Mas é em Jesus e na suaproposta que as multidõesencontram vida plena e verdadeira.O que aconteceu com os discípulosde então acontece hoje connosco,como seus discípulos. Somosenviados em missão nos quotidianosda nossa existência, com o convitepermanente a permanecermossempre junto do Senhor. A missãobrota sempre do essencial encontrocom Jesus, na Eucaristia e naPalavra. Como rezámos no Salmo,com Cristo em nós, nada deessencial nos pode faltar. Ele é oPastor que de nós cuida comcarinho e ternura, com amor ecompaixão.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Pela alma e pelo corpoTem como tema “O planeamentonatural da família: bem para ocorpo, ótima para a alma!” e estásendo promovido pela ConferênciaEpiscopal dos Estados Unidos: é aSemana de sensibilização sobre oplaneamento natural da família, quese celebrará de 19 a 25 de julho.O objetivo, explicam os bisposamericanos no seu site, é celebrar erespeitar a visão de Deus sobre asexualidade humana”,acompanhando os casais noconhecimento dos métodos naturaisde regulação

dos métodos naturais da fertilidade,de acordo com a doutrina da Igreja.Não é por acaso que a Semanatermine a 25 de julho: no mesmo diade 1968 que foi publicada aEncíclica “Humanae Vitae” de PauloVI, dedicado exatamente aos temasda sexualidade humana, do amorconjugal e da paternidaderesponsável. No dia seguinte, 26 dejulho, celebra-se a festa dos SantosJoaquim e Ana, os pais de Maria.

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Educação afetiva sexual dosadolescentes

Fruto de um longo projetocoordenado pela SubcomissãoEpiscopal para a Família e a Defesada Vida pela Conferência EpiscopalEspanhola, foi apresentado oprojeto de educação afetiva sexualelaborado pelas escolas, asparóquias e as famílias.O projeto apresenta de maneiraarticulada o tema por diferentespontos de vista, articulando asgrandes palavras do verdadeiroamor: a pessoa, a sexualidade e aafetividade, a liberdade, o pecado, amoral.Brincando com a imagem simbólicada tenda, aos jovens são propostasmúltiplas atividades através dasquais podem, ajudados pelosprofessores

aprofundar os aspetos daafetividade e da sexualidadehumana. Uma particular relevânciafoi dada a linguagemcinematográfica: dezenas diversasforam os clipes tirados de filmesmuito famosos, escolhidos paraajudar os educadores a discutir emconjunto.O projeto (em língua espanhola)será apresentado oficialmente naFiladélfia, durante o EncontroMundial das Família (setembro de2015).

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Padre António Neves reeleitoSuperior Provincial dos Espiritanos

A Congregação dos Missionários doEspírito Santo em Portugalreconduziu o Padre António Nevescomo Superior Provincial, para otriénio 2015-2018, no ConselhoProvincial Alargado (CPA) quetermina a 18 de julho no Seminárioda Silva, em Barcelos.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, os Espiritanos informamque o Conselho Geral dacongregação religiosa confirmou opadre António Neves como superiorda Província

Portuguesa. A votação realizou-sena tarde desta terça-feira e osacerdote, que “reuniu os doisterços de votos” necessários para a“eleição no primeiro escrutínio”,aceitou “continuar este importanteserviço”.“O grande objetivo do CPA é avaliaro cumprimento das decisões doúltimo Capítulo Provincial, realizadoem 2012”, documentos que foramlidos pelo primeiro assistente doCPA na segunda-feira.

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O triénio 2015-2018 vai sermarcado por “grandes eventos”relativos à Província Portuguesados Missionários Espiritanos comoos 75 anos da chegada deEspiritanos portugueses a CaboVerde e jubileu nacional dos 150anos da presença espiritana emAngola, em 2016; depois celebramos 150 anos da chegada dosEspiritanos a Portugal e a LigaIntensificadora da Ação Missionária(LIAM) (2017) assinala 80 da suafundação, em 2017.O CPA conta com cerca de 30pessoas entre “membros de direito,delegados, convidados efuncionários”. Participamrepresentantes que trabalham nasonze comunidades em Portugal,

delegados de Cabo Verde, Angola,Moçambique, Brasil, Paraguai, Itáliae Espanha, em representação detodos os Missionários do EspíritoSanto espalhados pelo mundo, eparticipa também a coordenadorados Leigos Associados Espiritanos.A Eucaristia de Encerramento doCPA com a tomada de posse doSuperior Provincial eleito vai serpresidida pelo arcebispo de Braga,D. Jorge Ortiga, este sábado dia 18de ulho, às 11h30 na igreja doSeminário da Silva.O Conselho Provincial Alargado2015 começou no dia 12 de julho noCentro Espírito Santo e Missão, noSeminário da Silva, em Barcelos.

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Jornadas Missionárias 2015As Jornadas Missionárias vãodebater em 2015 o tema ‘Missãosempre e em todas as frentes. AdGentes e Igrejas particulares’, entreos dias 19 e 20 de setembro, noCentro Pastoral Paulo VI em Fátima.“Avaliar o percurso missionário feitoe incendiar de espírito missionário oano pastoral que começa são doisbons objetivos para estas jornadas”,explicam as Obras MissionáriasPontifícias (OMP).As OMP recordam que o PapaFrancisco, desde a sua eleição “nãoparou de incitar a Igreja a ‘abrir-se’”,indo ao encontro de todas aspessoas até nas “mais longínquas‘periferias existenciais’”. “Daí surgirinevitavelmente a necessidade e aurgência da evangelização ‘adgentes’. Todos e cada um doscristãos têm de ser um sim àmissão”, acrescentam no seu sítioonline.As Jornadas Missionárias sãoorganizadas pela ComissãoEpiscopal de Missões, pelas OMP epela Conferência dos InstitutosReligiosos de Portugal (CIRP) queincentivavam os católicos a “ajudar”as suas igrejas e dioceses a“abrirem-se a uma dimensão amplaà missão evangelizadora”.O programa da iniciativa começacom a intervenção do presidente da

Comissão Episcopal Missão eNova Evangelização, D. ManuelLinda, às 10h00, do dia 19 desetembro. Meia hora, depois acomunicação “Missão 'Ad Gentes' eIgrejas Particulares: Profecia esolidariedade”, pelo diretor geral daObra de S. Pedro Apóstolo, o padreFernando Domingues.Durante a tarde a organizaçãopreparou cinco workshops - InfânciaMissionária; Obra de São PedroApóstolo; Obra da Propagação daFé; Missão e Voluntariado e CentrosMissionários Diocesanos - quedecorrem entre as 15h00 e as16h30, antes do plenário e daEucaristia (18h30). Na noite doprimeiro dia lugar ainda paratestemunhos e convívio missionárioa partir das 21h30.No dia 20 de setembro, destaca-sea intervenção ‘Obras MissionáriasPontifícias: Carisma e Atualidade’,pelo diretor Geral da UniãoMissionária Pontifícia, o padre VitoDel Prete, às 09h30. Osparticipantes das JornadasMissionárias celebram a Eucaristiano recinto de Oração do Santuáriode Fátima, às 10h30.Antes da leitura das conclusõesenvio missionário às 17h00, aintervenção do presidente daCáritas do Líbano, o padre maronitaPaul Karam, sobre a missão nasperiferias às 15h00.

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SÍRIA: O ADEUS EMOCIONADO DO PADRE ZIAD

Um herói improvávelForam anos de trabalho com osrefugiados em Homs, na Síria.Agora, este jesuíta está acaminho da Europa paracontinuar a sua formaçãosacerdotal. No momento dadespedida, emocionado,agradeceu a ajuda dosbenfeitores da Fundação AIS, aquem vai continuar ligadoatravés da oração. O Padre Ziad Hilal está de partida.Depois de vários anos em Homs, naSíria, a acolher multidões derefugiados, os seus superioresenviaram-no agora para a Europapara continuar a sua formaçãocomo jesuíta. A vida do Padre Ziadmudou em 2011, quando seescutaram os primeiros tiros, osprimeiros rebentamentos debombas, quando morreram asprimeiras pessoas por causa daguerra civil que está a desfigurar aSíria. Homs virou um campo debatalha e a cidade desfigurou-sepor completo. Agora está arruinada.Depois de presenciar tanto horror,tanta barbárie, o Padre Ziadtransformou-se. Até quando reza, oPadre Ziad garante que mudou.

“Antes da guerra, rezava muitosozinho, comigo. Agora rezo muitomais com os outros e pelos outros.”A guerra muda-nos, transforma-nos.“Vou deixar a Síria com o meucoração em paz. Sei que o trabalhoque fazemos, no Serviço Jesuíta aosRefugiados, vai continuar e sei queesse trabalho não depende de mim.Ao longo destes anos fuidescobrindo que sem a ajuda deorganizações humanitárias como aFundação AIS não teria podidooferecer nada a estes refugiados.Estou muito agradecido

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à minha equipa e às irmãs doSantíssimo Redentor que meapoiaram em Homs. E,naturalmente, também, aosbenfeitores da AIS. No final,compreendemos que fomos apenasum mero organizador de trabalho eisso torna-nos humildes.” Gente enlutadaDurante estes anos, o Padre Ziadacolheu pessoas em lágrimas,famílias em fuga, crianças órfãs.Durante estes anos, refizeram vidas.“Actualmente, tomamos conta de300 famílias cristãs de Aleppo, queencontraram refúgio nos nossoscentros em Marmarita, Tartús e emoutros lugares. A maior dificuldade éencontrar alojamento para eles.”O Padre Ziad está agora de partida.Para onde quer que vá, o seupensamento vai estar também de

braço dado com o padre holandêsVan der Lught, assassinado a 7 deAbril do ano passado, com doistiros, quando se encontrava noquintal da sua casa, em Homs. Eramamigos, muito amigos. Comotambém vai continuar a rezar todosos dias pela libertação do PadreJacques Mourad, raptado em Maio ede quem não tem notícias. Também são amigos. Muito amigos.Uma parte do Padre Ziad morreutambém com aquelas balas quetrespassaram a cabeça do PadreVan der Lught, tal como uma partede si está sequestrada enquantoMourad não for devolvido àliberdade. O Padre Ziad está departida de um dos lugares maisperigosos do mundo com osentimento de dever cumprido.Durante estes anos Ziad Hilal foimais do que sacerdote. Foi umverdadeiro herói. Um heróiimprovável.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Proteger a Terra, amar os Pobres

Tony Neves Espiritano

“‘Louvado sejas, meu Senhor’ cantava S.Francisco de Assis”… foi a forma que o PapaFrancisco escolheu para começar a primeiraEncíclica da Igreja sobre a Ecologia. É umdocumento que pretende abrir um diálogoalargado sobre a urgência de amar e cuidar dacasa comum que é a Terra.S. Francisco é o ‘exemplo por excelência docuidado pelo que é frágil e por uma ecologiaintegral, vivida com alegria e autenticidade(…).Manifestou uma atenção particular pela criaçãode Deus e pelos mais pobres e abandonados(…). Nele se nota até que ponto sãoinseparáveis a preocupação pela natureza, ajustiça para com os pobres, o empenhamento nasociedade e a paz interior’ (nº10).Há eixos que atravessa toda a encíclica: ‘arelação íntima entre os pobres e a fragilidade doplaneta, a convicção de que tudo estáestreitamente interligado no mundo, a crítica donovo paradigma e das formas de poder quederivam da tecnologia, o convite a procuraroutras maneiras de entender a economia e oprogresso, o valor próprio de cada criatura, osentido humano da ecologia, a necessidade dedebates sinceros e honestos, a graveresponsabilidade da política internacional e local,a cultura do descartável e a proposta de umnovo estilo de vida’ (nº 16).A poluição e as mudanças climáticas põem emcausa o futuro da humanidade. A terra tornou-sedepósito de lixo. Há que adoptar um modelo quelimite o uso dos recursos não renováveis,moderando o seu consumo e apontando

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na reutilização e reciclagem.O aquecimento climático atacará osmais pobres que não se conseguemadaptar aos impactos nem enfrentaras situações catastróficas por eleprovocado. Aumentarão osemigrantes em fuga da miséria enota-se uma indiferença geralperante estas tragédias.Séria é a questão da água potável.Está a avançar muito a onda daprivatização que a coloca sujeita àsleis do mercado, o que vai gerargrandes conflitos no futuro. Háataques constantes aos pulmões doplaneta, como é a Amazónia, a baciafluvial do Congo e os grandeslençóis freáticos e os glaciares. Osoceanos, rios e lagos estão muitopoluídos e muitas espécies mortaspor certos tipos de pesca.Muitas cidades cresceram demais enão são saudáveis.

Há que mudar o atual estilo de vidapara um mais simples, mais fraterno.Não queremos ficar para a históriacomo uma geração irresponsável,mas antes generosa e ecológica.Os países mais pobres precisam depolíticas globais que erradiquem amiséria e promovam odesenvolvimento social dos seushabitantes: ‘precisamos dumareação global mais responsável, queimplique enfrentar,contemporaneamente, a redução dapoluição e o desenvolvimento dospaíses e regiões pobres’ (nº175).A ecologia integral proposta peloPapa ‘é feita de simples gestosquotidianos, pelos quais quebramosa lógica da violência, da exploraçãoe do egoísmo’ (nº 230). Ao referir acivilização do amor, Francisco dizque o amor social é a chave paraum desenvolvimento autêntico.

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Cada trabalhador é a mão de Cristo,que continua a criar e fazer o bem

(Santo Ambrósio)

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