novo código de processo civil comentado, 3ª edição · 10/2/2002 · este novo código de...

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    Impresso no Brasil Printed in Brazil

    Direitos exclusivos para o Brasil na lngua portuguesaCopyright 2018 byEDITORA ATLAS LTDA.Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial NacionalRua Conselheiro Nbias, 1384 Campos Elseos 01203-904 So Paulo SPTel.: (11) 5080-0770 / (21) [email protected] / www.grupogen.com.br

    O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poder requerer aapreenso dos exemplares reproduzidos ou a suspenso da divulgao, sem prejuzo da indenizao cabvel (art. 102da Lei n. 9.610, de 19.02.1998).Quem vender, expuser venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depsito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidoscom fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou paraoutrem, ser solidariamente responsvel com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo comocontrafatores o importador e o distribuidor em caso de reproduo no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).

    Capa: Danilo OliveiraProduo digital: Geethik

    Fechamento desta edio: 16.03.2018

    DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAO NA PUBLICAO (CIP)(CMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP, BRASIL)

    D737n

    Donizetti, Elpdio

    Novo Cdigo de Processo Civil Comentado / Elpdio Donizetti 3. ed. rev., atual. e ampl. So Paulo: Atlas, 2018.

    Inclui bibliografiaISBN 978-85-970-1672-7

    1. Direito. 2. Processo civil - Brasil. I. Ttulo.

    mailto:[email protected]://www.grupogen.com.brhttp://www.geethik.com

  • 18-48268 CDU: 347.91/.95 (81)

    Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecria CRB-7/6439

  • Este Novo Cdigo de Processo Civil Comentado foi elaborado com o objetivo de facilitar aatualizao dos estudiosos do processo civil, principalmente dos profissionais da rea jurdica(advogados, juzes, membros do Ministrio Pblico, defensores pblicos, professores e escrives).

    Qualquer que seja o ramo do Direito, as inovaes legislativas sempre causam certapreocupao comunidade jurdica. Tratando-se de um Novo Cdigo de Processo Civil, essainquietao se torna ainda maior em razo da influncia dessa legislao sobre o ordenamentojurdico em geral e, em particular, sobre o exerccio e a efetivao das tutelas jurisdicionais.

    O que mudou? Por que mudou? H correspondncia na legislao revogada? Ainda persiste oentendimento jurisprudencial sobre o tema? Como devo proceder de agora em diante? Essas soperguntas que pululam na cabea das pessoas que de uma forma ou de outra lidam com o DireitoProcessual Civil, seja nos tribunais, nas faculdades de Direito, seja na preparao para os concursospblicos.

    A obra tem a pretenso de facilitar a vida dos operadores do Direito, notadamente daqueles quediariamente se debruam sobre casos concretos nos fruns do nosso Pas. Ademais, este NCPCComentado apresenta e explica diversas decises que j foram proferidas aps a entrada em vigordo Novo CPC e que ajudaro o leitor a compreender a interpretao conferida pelos tribunaissuperiores s novidades inseridas ao ordenamento jurdico processual.

    Primeiramente, procede-se comparao entre a estrutura do Novo Cdigo e a do CPC/1973.Em seguida, cada artigo da Lei n 13.105/2015 (Novo CPC, NCPC ou CPC/2015) cotejado com ocorrespondente dispositivo do CPC/1973, quando houver, possibilitando uma viso imediata dasalteraes e dos textos novos.

    As legendas coloridas visam auxiliar o leitor na identificao dos comandos normativos que

  • foram alterados e daqueles que apresentam inovaes ao sistema processual civil brasileiro. Ostextos novos foram destacados em negrito e, em itlico, constam as modificaes. Os textos queforam excludos ou revogados esto devidamente tachados. guisa de exemplo, transcreve-se oartigo 64.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 64. A incompetncia, absoluta ou relativa,ser alegada como questo preliminar decontestao.

    1 A incompetncia absoluta pode ser alegadaem qualquer tempo e grau de jurisdio e deveser declarada de ofcio.

    2 Aps manifestao da partecontrria, o juiz decidir imediatamente aalegao de incompetncia.

    3 Caso a alegao de incompetncia sejaacolhida, os autos sero remetidos ao juzocompetente.

    4 Salvo deciso judicial em sentidocontrrio, conservar-se-o os efeitos dedeciso proferida pelo juzo incompetente,at que outra seja proferida, se for o caso,pelo juzo competente.

    Art. 112. Argui-se, por meio de exceo, aincompetncia relativa.

    Art. 113. A incompetncia absoluta deve serdeclarada de ofcio e pode ser alegada, emqualquer tempo e grau de jurisdio,independentemente de exceo.

    [...]

    2 Declarada a incompetncia absoluta,somente os atos decisrios sero nulos,remetendo-se os autos ao juiz competente.

    Aps dispositivos em confronto, encontra-se o respectivo comentrio, no qual o autor, com asua vivncia como membro da Comisso de Juristas que elaborou o anteprojeto do Cdigo, indicano s as mudanas operadas e as causas que levaram a tais alteraes, mas, tambm, o modo comoo operador jurdico deve proceder diante da inovao legislativa.

    Com relao aos novos institutos inseridos no sistema processual civil tais como cooperaointernacional, incidente de desconsiderao da personalidade jurdica, interveno do amicuscuriae, conciliadores e mediadores judiciais, ao de dissoluo parcial de sociedade, aes defamlia, homologao do penhor legal, regulao de avaria grossa, incidente de resoluo dedemandas repetitivas , no intuito de proporcionar uma compreenso sistemtica do tema, optou-se

  • por um texto nico ou, em certos casos, por um texto introdutrio, seguindo-se os comentrios artigopor artigo. Com idntico desiderato, alguns dispositivos foram comentados conjuntamente exemplificativamente, arts. 51 e 52.

    O desejo que este NCPC Comentado possa minimizar as dificuldades experimentadas pelosacadmicos, professores, concurseiros e profissionais da rea jurdica. E mais: que sirva demotivao para o aprofundamento do estudo do Direito Processual Civil.

    Belo Horizonte, novembro de 2016.

    Elpdio Donizetti

    [email protected]/elpidiodonizetti

    @portalied

    mailto:[email protected]://www.facebook.com.br/elpidiodonizettihttps://twitter.com/portalied?lang=en

  • Art. = Artigo

    CC ou CC/02 = Lei n 10.406, de 10/02/2002 Cdigo Civil

    CDC = Lei n 8.078, de 11/09/1990 Cdigo de Defesa do Consumidor

    CF = Constituio Federal

    CLT =Decreto-lei n 5.452, de 01/05/1943 Consolidao das Leis doTrabalho

    CPC/1973 = Lei n 5.869, de 11/01/1973 Cdigo de Processo Civil de 1973

    CPC/2015, NCPC = Lei n 13.105, de 16/03/2015 Novo Cdigo de Processo Civil

    EC = Emenda Constitucional

    ENFAM = Escola Nacional de Formao e Aperfeioamento de Magistrados

    FONAJE = Frum Nacional de Juizados Especiais

    FONAJEF = Frum Nacional dos Juizados Especiais Federais

    FPPC = Frum Permanente de Processualistas Civis

    IRDR = Incidente de Resoluo de Demandas Repetitivas

    LINDB =Decreto-lei n 4.657, de 04/09/1942 Lei de Introduo s Normas doDireito Brasileiro

    Min. = Ministro

    MP = Ministrio Pblico

    PL = Projeto de Lei

    RE = Recurso Extraordinrio

  • Rel. = Relator

    REsp = Recurso Especial

    STF = Supremo Tribunal Federal

    STJ = Superior Tribunal de Justia

    TJ = Tribunal de Justia

    TRF = Tribunal Regional Federal

    v.g. = verbi gratia (expresso latina que significa por exemplo)

  • ndice Sistemtico do Novo Cdigo de Processo Civil

    Exposio de Motivos do Novo Cdigo de Processo Civil

    Novo Cdigo de Processo Civil Comentado

    Referncias

  • PARTE GERAL

    LIVRO IDAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

    TTULO NICODAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAO DAS NORMAS PROCESSUAIS

    Captulo I Das normas fundamentais do processo civil (arts. 1 a 12)

    Captulo II Da aplicao das normas processuais (arts. 13 a 15)

    LIVRO IIDA FUNO JURISDICIONAL

    TTULO IDA JURISDIO E DA AO

    Arts. 16 a 20 18

    TTULO IIDOS LIMITES DA JURISDIO NACIONAL E DA COOPERAO INTERNACIONAL

    Captulo I Dos limites da jurisdio nacional (arts. 21 a 25)

    Captulo II Da cooperao internacional (arts. 26 a 41)

    Seo I Disposies gerais (arts. 26 e 27)

    Seo II Do auxlio direto (arts. 28 a 34)

    Seo III Da carta rogatria (arts. 35 e 36)

    Seo IV Disposies comuns s sees anteriores (arts. 37 a 41)

    TTULO IIIDA COMPETNCIA INTERNA

    Captulo I Da competncia (arts. 42 a 66)

    Seo I Disposies gerais (arts. 42 a 53)

    Seo II Da modificao da competncia (arts. 54 a 63)

    Seo III Da incompetncia (arts. 64 a 66)

    Captulo II Da cooperao nacional (arts. 67 a 69)

    LIVRO IIIDOS SUJEITOS DO PROCESSO

    TTULO IDAS PARTES E DOS PROCURADORES

    Captulo I Da capacidade processual (arts. 70 a 76)

    Captulo II Dos deveres das partes e de seus procuradores (arts. 77 a 102)

  • Seo I Dos deveres (arts. 77 e 78)

    Seo II Da responsabilidade das partes por dano processual (arts. 79 a 81)

    Seo III Das despesas, dos honorrios advocatcios e das multas (arts. 82 a 97)

    Seo IV Da gratuidade da justia (arts. 98 a 102)

    Captulo III Dos procuradores (arts. 103 a 107)

    Captulo IV Da sucesso das partes e dos procuradores (arts. 108 a 112)

    TTULO IIDO LITISCONSRCIO

    Arts. 113 a 118

    TTULO IIIDA INTERVENO DE TERCEIROS

    Captulo I Da assistncia (arts. 119 a 124)

    Seo I Disposies comuns (arts. 119 e 120)

    Seo II Da assistncia simples (arts. 121 a 123)

    Seo III Da assistncia litisconsorcial (art. 124)

    Captulo II Da denunciao da lide (arts. 125 a 129)

    Captulo III Do chamamento ao processo (arts. 130 a 132)

    Captulo IV Do incidente de desconsiderao da personalidade jurdica (arts. 133 a 137)

    Captulo V Do amicus curiae (art. 138)

    TTULO IVDO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIA

    Captulo I Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do juiz (arts. 139 a 143)

    Captulo II Dos impedimentos e da suspeio (arts. 144 a 148)

    Captulo III Dos auxiliares da justia (arts. 149 a 175)

    Seo I Do escrivo, do chefe de secretaria e do oficial de justia (arts. 150 a 155)

    Seo II Do perito (arts. 156 a 158)

    Seo III Do depositrio e do administrador (arts. 159 a 161)

    Seo IV Do intrprete e do tradutor (arts. 162 a 164)

    Seo V Dos conciliadores e mediadores judiciais (arts. 165 a 175)

    TTULO VDO MINISTRIO PBLICO

    Arts. 176 a 181

    TTULO VIDA ADVOCACIA PBLICA

    Arts. 182 a 184

  • TTULO VIIDA DEFENSORIA PBLICA

    Arts. 185 a 187

    LIVRO IVDOS ATOS PROCESSUAIS

    TTULO IDA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

    Captulo I Da forma dos atos processuais (arts. 188 a 211)

    Seo I Dos atos em geral (arts. 188 a 192)

    Seo II Da prtica eletrnica de atos processuais (arts. 193 a 199)

    Seo III Dos atos da parte (arts. 200 a 202)

    Seo IV Dos pronunciamentos do juiz (arts. 203 a 205)

    Seo V Dos atos do escrivo ou do chefe de secretaria (arts. 206 a 211)

    Captulo II Do tempo e do lugar dos atos processuais (arts. 212 a 217)

    Seo I Do tempo (arts. 212 a 216)

    Seo II Do lugar (art. 217)

    Captulo III Dos prazos (arts. 218 a 235)

    Seo I Disposies gerais (arts. 218 a 232)

    Seo II Da verificao dos prazos e das penalidades (arts. 233 a 235)

    TTULO IIDA COMUNICAO DOS ATOS PROCESSUAIS

    Captulo I Disposies gerais (arts. 236 e 237)

    Captulo II Da citao (arts. 238 a 259)

    Captulo III Das cartas (arts. 260 a 268)

    Captulo IV Das intimaes (arts. 269 a 275)

    TTULO IIIDAS NULIDADES

    Arts. 276 a 283

    TTULO IVDA DISTRIBUIO E DO REGISTRO

    Arts. 284 a 290

    TTULO VDO VALOR DA CAUSA

    Arts. 291 a 293

  • LIVRO VDA TUTELA PROVISRIA

    TTULO IDAS DISPOSIES GERAIS

    Arts. 294 a 299

    TTULO IIDA TUTELA DE URGNCIA

    Captulo I Disposies gerais (arts. 300 a 302)

    Captulo II Do procedimento da tutela antecipada requerida em carter antecedente (arts. 303 e 304)

    Captulo III Do procedimento da tutela cautelar requerida em carter antecedente (arts. 305 a 310)

    TTULO IIIDA TUTELA DA EVIDNCIA

    Art. 311

    LIVRO VIFORMAO, SUSPENSO E EXTINO DO PROCESSO

    TTULO IDA FORMAO DO PROCESSO

    Art. 312

    TTULO IIDA SUSPENSO DO PROCESSO

    Arts. 313 a 315

    TTULO IIIDA EXTINO DO PROCESSO

    Arts. 316 e 317

    PARTE ESPECIAL

    LIVRO IDO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENA

    TTULO IDO PROCEDIMENTO COMUM

    Captulo I Das disposies gerais (art. 318)

  • Captulo II Da petio inicial (arts. 319 a 331)

    Seo I Dos requisitos da petio inicial (arts. 319 a 321)

    Seo II Do pedido (arts. 322 a 329)

    Seo III Do indeferimento da petio inicial (arts. 330 e 331)

    Captulo III Da improcedncia liminar do pedido (art. 332)

    Captulo IV Da converso da ao individual em ao coletiva (art. 333)

    Captulo V Da audincia de conciliao ou de mediao (art. 334)

    Captulo VI Da contestao (arts. 335 a 342)

    Captulo VII Da reconveno (art. 343)

    Captulo VIII Da revelia (arts. 344 a 346)

    Captulo IX Das providncias preliminares e do saneamento (arts. 347 a 353)

    Seo I Da no incidncia dos efeitos da revelia (arts. 348 e 349)

    Seo II Do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 350)

    Seo III Das alegaes do ru (arts. 351 a 353)

    Captulo X Do julgamento conforme o estado do processo (arts. 354 a 357)

    Seo I Da extino do processo (art. 354)

    Seo II Do julgamento antecipado do mrito (art. 355)

    Seo III Do julgamento antecipado parcial do mrito (art. 356)

    Seo IV Do saneamento e da organizao do processo (art. 357)

    Captulo XI Da audincia de instruo e julgamento (arts. 358 a 368)

    Captulo XII Das provas (arts. 369 a 484)

    Seo I Disposies gerais (arts. 369 a 380)

    Seo II Da produo antecipada da prova (arts. 381 a 383)

    Seo III Da ata notarial (art. 384)

    Seo IV Do depoimento pessoal (arts. 385 a 388)

    Seo V Da confisso (arts. 389 a 395)

    Seo VI Da exibio de documento ou coisa (arts. 396 a 404)

    Seo VII Da prova documental (arts. 405 a 438)

    Subseo I Da fora probante dos documentos (arts. 405 a 429)

    Subseo II Da arguio de falsidade (arts. 430 a 433)

    Subseo III Da produo da prova documental (arts. 434 a 438)

    Seo VIII Dos documentos eletrnicos (arts. 439 a 441)

    Seo IX Da prova testemunhal (arts. 442 a 463)

    Subseo I Da admissibilidade e do valor da prova testemunhal (arts. 442 a 449)

    Subseo II Da produo da prova testemunhal (arts. 450 a 463)

    Seo X Da prova pericial (arts. 464 a 480)

    Seo XI Da inspeo judicial (arts. 481 a 484)

    Captulo XIII Da sentena e da coisa julgada (arts. 485 a 508)

    Seo I Disposies gerais (arts. 485 a 488)

    Seo II Dos elementos e dos efeitos da sentena (arts. 489 a 495)

    Seo III Da remessa necessria (art. 496)

    Seo IV Do julgamento das aes relativas s prestaes de fazer, de no fazer e de entregar coisa (arts. 497 a

  • 501)

    Seo V Da coisa julgada (arts. 502 a 508)

    Captulo XIV Da liquidao de sentena (arts. 509 a 512)

    TTULO IIDO CUMPRIMENTO DA SENTENA

    Captulo I Disposies gerais (arts. 513 a 519)

    Captulo II Do cumprimento provisrio da sentena que reconhece a exigibilidade de obrigao de pagar quantia certa(arts. 520 a 522)

    Captulo III Do cumprimento definitivo da sentena que reconhece a exigibilidade de obrigao de pagar quantia certa(arts. 523 a 527)

    Captulo IV Do cumprimento de sentena que reconhea a exigibilidade de obrigao de prestar alimentos (arts. 528 a533)

    Captulo V Do cumprimento de sentena que reconhea a exigibilidade de obrigao de pagar quantia certa pela FazendaPblica (arts. 534 e 535)

    Captulo VI Do cumprimento de sentena que reconhea a exigibilidade de obrigao de fazer, de no fazer ou deentregar coisa (arts. 536 a 538)

    Seo I Do cumprimento de sentena que reconhea a exigibilidade de obrigao de fazer ou de no fazer (arts. 536e 537)

    Seo II Do cumprimento de sentena que reconhea a exigibilidade de obrigao de entregar coisa (art. 538)

    TTULO IIIDOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

    Captulo I Da ao de consignao em pagamento (arts. 539 a 549)

    Captulo II Da ao de exigir contas (arts. 550 a 553)

    Captulo III Das aes possessrias (arts. 554 a 568)

    Seo I Disposies gerais (arts. 554 a 559)

    Seo II Da manuteno e da reintegrao de posse (arts. 560 a 566)

    Seo III Do interdito proibitrio (arts. 567 e 568)

    Captulo IV Da ao de diviso e da demarcao de terras particulares (arts. 569 a 598)

    Seo I Disposies gerais (arts. 569 a 573)

    Seo II Da demarcao (arts. 574 a 587)

    Seo III Da diviso (arts. 588 a 598)

    Captulo V Da ao de dissoluo parcial de sociedade (arts. 599 a 609)

    Captulo VI Do inventrio e da partilha (arts. 610 a 673)

    Seo I Disposies gerais (arts. 610 a 614)

    Seo II Da legitimidade para requerer o inventrio (arts. 615 e 616)

    Seo III Do inventariante e das primeiras declaraes (arts. 617 a 625)

    Seo IV Das citaes e das impugnaes (arts. 626 a 629)

    Seo V Da avaliao e do clculo do imposto (arts. 630 a 638)

    Seo VI Das colaes (arts. 639 a 641)

    Seo VII Do pagamento das dvidas (arts. 642 a 646)

  • Seo VIII Da partilha (arts. 647 a 658)

    Seo IX Do arrolamento (arts. 659 a 667)

    Seo X Disposies comuns a todas as sees (arts. 668 a 673)

    Captulo VII Dos embargos de terceiro (arts. 674 a 681)

    Captulo VIII Da oposio (arts. 682 a 686)

    Captulo IX Da habilitao (arts. 687 a 692)

    Captulo X Das aes de famlia (arts. 693 a 699)

    Captulo XI Da ao monitria (arts. 700 a 702)

    Captulo XII Da homologao do penhor legal (arts. 703 a 706)

    Captulo XIII Da regulao de avaria grossa (arts. 707 a 711)

    Captulo XIV Da restaurao de autos (arts. 712 a 718)

    Captulo XV Dos procedimentos de jurisdio voluntria (arts. 719 a 770)

    Seo I Disposies gerais (arts. 719 a 725)

    Seo II Da notificao e da interpelao (arts. 726 a 729)

    Seo III Da alienao judicial (art. 730)

    Seo IV Do divrcio e da separao consensuais, da extino consensual de unio estvel e da alterao doregime de bens do matrimnio (arts. 731 a 734)

    Seo V Dos testamentos e dos codicilos (arts. 735 a 737)

    Seo VI Da herana jacente (arts. 738 a 743)

    Seo VII Dos bens dos ausentes (arts. 744 e 745)

    Seo VIII Das coisas vagas (art. 746)

    Seo IX Da interdio (arts. 747 a 758)

    Seo X Das disposies comuns tutela e curatela (arts. 759 a 763)

    Seo XI Da organizao e da fiscalizao das fundaes (arts. 764 e 765)

    Seo XII Da ratificao dos protestos martimos e dos processos testemunhveis formados a bordo (arts. 766 a770)

    LIVRO IIDO PROCESSO DE EXECUO

    TTULO IDA EXECUO EM GERAL

    Captulo I Disposies gerais (arts. 771 a 777)

    Captulo II Das partes (arts. 778 a 780)

    Captulo III Da competncia (arts. 781 e 782)

    Captulo IV Dos requisitos necessrios para realizar qualquer execuo (arts. 783 a 788)

    Seo I Do ttulo executivo (arts. 783 a 785)

    Seo II Da exigibilidade da obrigao (arts. 786 a 788)

    Captulo V Da responsabilidade patrimonial (arts. 789 a 796)

    TTULO IIDAS DIVERSAS ESPCIES DE EXECUO

  • Captulo I Disposies gerais (arts. 797 a 805)

    Captulo II Da execuo para a entrega de coisa (arts. 806 a 813)

    Seo I Da entrega de coisa certa (arts. 806 a 810)

    Seo II Da entrega de coisa incerta (arts. 811 a 813)

    Captulo III Da execuo das obrigaes de fazer ou de no fazer (arts. 814 a 823)

    Seo I Disposies comuns (art. 814)

    Seo II Da obrigao de fazer (arts. 815 a 821)

    Seo III Da obrigao de no fazer (arts. 822 e 823)

    Captulo IV Da execuo por quantia certa (arts. 824 a 909)

    Seo I Disposies gerais (arts. 824 a 826)

    Seo II Da citao do devedor e do arresto (arts. 827 a 830)

    Seo III Da penhora, do depsito e da avaliao (arts. 831 a 875)

    Subseo I Do objeto da penhora (arts. 831 a 836)

    Subseo II Da documentao da penhora, de seu registro e do depsito (arts. 837 a 844)

    Subseo III Do lugar de realizao da penhora (arts. 845 e 846)

    Subseo IV Das modificaes da penhora (arts. 847 a 853)

    Subseo V Da penhora de dinheiro em depsito ou em aplicao financeira (art. 854)

    Subseo VI Da penhora de crditos (arts. 855 a 860)

    Subseo VII Da penhora das quotas ou das aes de sociedades personificadas (art. 861)

    Subseo VIII Da penhora de empresa, de outros estabelecimentos e de semoventes (arts. 862 a 865)

    Subseo IX Da penhora de percentual de faturamento de empresa (art. 866)

    Subseo X Da penhora de frutos e rendimentos de coisa mvel ou imvel (arts. 867 a 869)

    Subseo XI Da avaliao (arts. 870 a 875)

    Seo IV Da expropriao de bens (arts. 876 a 903)

    Subseo I Da adjudicao (arts. 876 a 878)

    Subseo II Da alienao (arts. 879 a 903)

    Seo V Da satisfao do crdito (arts. 904 a 909)

    Captulo V Da execuo contra a Fazenda Pblica (art. 910)

    Captulo VI Da execuo de alimentos (arts. 911 a 913)

    TTULO IIIDOS EMBARGOS EXECUO

    Arts. 914 a 920

    TTULO IVDA SUSPENSO E DA EXTINO DO PROCESSO DE EXECUO

    Captulo I Da suspenso do processo de execuo (arts. 921 a 923)

    Captulo II Da extino do processo de execuo (arts. 924 e 925)

    LIVRO IIIDOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAO DAS DECISES

  • JUDICIAIS

    TTULO IDA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETNCIA ORIGINRIA DOS TRIBUNAIS

    Captulo I Disposies gerais (arts. 926 a 928)

    Captulo II Da ordem dos processos no tribunal (arts. 929 a 946)

    Captulo III Do incidente de assuno de competncia (art. 947)

    Captulo IV Do incidente de arguio de inconstitucionalidade (arts. 948 a 950)

    Captulo V Do conflito de competncia (arts. 951 a 959)

    Captulo VI Da homologao de deciso estrangeira e da concesso do exequatur carta rogatria (arts. 960 a 965)

    Captulo VII Da ao rescisria (arts. 966 a 975)

    Captulo VIII Do incidente de resoluo de demandas repetitivas (arts. 976 a 987)

    Captulo IX Da reclamao (arts. 988 a 993)

    TTULO IIDOS RECURSOS

    Captulo I Disposies gerais (arts. 994 a 1.008)

    Captulo II Da apelao (arts. 1.009 a 1.014)

    Captulo III Do agravo de instrumento (arts. 1.015 a 1.020)

    Captulo IV Do agravo interno (art. 1.021)

    Captulo V Dos embargos de declarao (arts. 1.022 a 1.026)

    Captulo VI Dos recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justia (arts. 1.027 a 1.044)

    Seo I Do recurso ordinrio (arts. 1.027 e 1.028)

    Seo II Do recurso extraordinrio e do recurso especial (arts. 1.029 a 1.041)

    Subseo I Disposies gerais (arts. 1.029 a 1.035)

    Subseo II Do julgamento dos recursos extraordinrio e especial repetitivos (arts. 1.036 a 1.041)

    Seo III Do agravo em recurso especial e extraordinrio (art. 1.042)

    Seo IV Dos embargos de divergncia (arts. 1.043 e 1.044)

    LIVRO COMPLEMENTARDISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS

    Arts. 1.045 a 1.072

    Referncias

  • LIVRO IDAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

    TTULO NICODAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAO DAS NORMAS PROCESSUAIS

    Captulo IDas Normas Fundamentais do Processo Civil

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 1 O processo civil ser ordenado,disciplinado e interpretado conforme osvalores e as normas fundamentaisestabelecidos na Constituio daRepblica Federativa do Brasil,observando-se as disposies desteCdigo.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Jurisdio, ao e processo. Provocada por meio da ao, a jurisdio vai atuar com vistas definio, realizao e ao acautelamento dos direitos substanciais deduzidos pelos litigantes. Esseagir da jurisdio, contudo, no se d de forma aleatria. Ele se opera por meio do processo, o qual,por sua vez, tem seus contornos definidos pelas normas jurdicas. Levando-se em conta o direitomaterial subjacente, para efeitos didticos, subdivide-se o processo em: civil, penal, trabalhista eeleitoral. Pois bem, o processo civil ser ordenado e disciplinado conforme as regras e os princpiosprevistos no Cdigo de Processo Civil.

    No se pode olvidar, entretanto, da supremacia da Constituio e da completude doordenamento jurdico. O fato de o Cdigo conter um arcabouo principiolgico no afasta aaplicao de outros princpios insertos no ordenamento, notadamente daqueles extrados daConstituio (explcita ou implicitamente).

    Por fim, no se pode esquecer de que, ao mencionar as disposies deste Cdigo, olegislador incluiu tambm os precedentes judiciais. que a partir do novo CPC no haver maisdvidas no sentido de que os entendimentos dos tribunais superiores tambm integraro o rol dasfontes formais do direito.

  • CPC/2015 CPC/1973

    Art. 2 O processo comea por iniciativa daparte e se desenvolve por impulso oficial, salvoas excees previstas em lei.

    Art. 2 Nenhum juiz prestar a tutelajurisdicional seno quando a parte ou ointeressado a requerer, nos casos e formalegais.

    Art. 262. O processo civil comea por iniciativada parte, mas se desenvolve por impulso oficial.

    COMENTRIOS:

    Princpios da demanda e do impulso oficial. O art. 2 do CPC/2015 manteve o preceitoinstitudo no art. 262 do CPC/1973, o qual ratificava a necessidade de provocao da jurisdio paraformao da relao jurdico-processual. Do ponto de vista instrumental, essa provocao feitapela petio inicial. Ajuizada a ao, ou seja, protocolada a petio inicial, o processo segue oprocedimento previsto em lei, cabendo ao juiz impulsionar os atos subsequentes. Ressalte-se que ano repetio do art. 2 do CPC/1973 no indica qualquer prejuzo, uma vez que a ideia nele inseridaj era reproduzia pelo art. 262.

    Os fundamentos dessa norma, que deriva dos princpios da demanda e do impulso oficial, soresguardar no s a liberdade dos jurisdicionados de buscarem ou no a tutela de seus direitos einteresses, como tambm garantir a imparcialidade do magistrado.

    Excees ao princpio da demanda. H, no entanto, casos em que a lei autoriza o juiz a iniciar,de ofcio, o processo ou etapa dele. Por exemplo: (i) execuo trabalhista (art. 872 da CLT); (ii)decretao de falncia de empresa sob o regime de recuperao judicial (arts. 73 e 74 da Lei n11.101/2005). No CPC/2015 podem ser citados os seguintes exemplos de atuao ex officio do juiz:arts. 536 e 538, que autorizam o juiz a dar incio ao cumprimento de sentena nas obrigaes defazer, de no fazer e de entregar coisa; art. 953, I, que trata do conflito de competncia e insere o juizcomo legitimado para suscitar o conflito; art. 977, I, que admite a instaurao do IRDR (Incidente deResoluo de Demandas Repetitivas) pelo prprio juiz ou relator.

    Vale destacar que o novo CPC no repetiu a redao do art. 989 do CPC/1973, de modo queno mais se admite a instaurao de inventrio ex officio caso os legitimados no o faam no prazolegal.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 3 No se excluir da apreciao

  • jurisdicional ameaa ou leso a direito.

    1 permitida a arbitragem, na forma dalei.

    2 O Estado promover, sempre quepossvel, a soluo consensual dosconflitos.

    3 A conciliao, a mediao e outrosmtodos de soluo consensual deconflitos devero ser estimulados porjuzes, advogados, defensores pblicos emembros do Ministrio Pblico, inclusiveno curso do processo judicial.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Princpio da inafastabilidade. O caput do artigo contempla o denominado princpio dainafastabilidade da jurisdio, tambm conhecido como princpio do acesso Justia, previsto noart. 5, XXXV, da Constituio Federal. Segundo esse princpio, todos tm direito de buscar a tutelajurisdicional do Estado visando soluo de conflitos decorrentes da vida em sociedade. O Estado,a quem a Constituio outorgou o poder de solucionar os litgios em carter definitivo, no podedelegar ou se recusar a exercer essa funo.

    Vale salientar que a inafastabilidade se d apenas nos casos de ameaa ou leso a direito. OJudicirio no pode substituir a atividade privada ou os rgos administrativos. Invocar a tutelajurisdicional do Estado para compelir uma instituio bancria a fornecer o extrato da conta-correntesem ao menos ter procurado o caixa eletrnico ou o funcionrio do banco caracteriza falta deinteresse processual. O mesmo ocorre quando se pleiteia aposentadoria diretamente justia sem quetenha ocorrido prvia manifestao do instituto de previdncia.1

    Zulmar Duarte destaca, contudo, que, no Cdigo, a ameaa veio antes da leso. A inverso,alm de lgica (a ameaa normalmente precede a leso, ainda que instantaneamente), no deixa dechamar a ateno pelo prestgio assumido hodiernamente pela tutela de urgncia.2

    Juzo arbitral. A constitucionalidade da Lei da Arbitragem (n 9.307/1996) j foi objeto dequestionamento no STF, ao fundamento de que a faculdade que tm as partes de recorrerem a um juizprivado (rbitro) para soluo dos litgios afrontava, entre outros, o princpio da inafastabilidade dajurisdio (CF, art. 5, XXXV e LIII). O STF, por maioria, declarou a constitucionalidade da norma.Essa deciso do Supremo agora ratificada pelo CPC/2015, que textualmente dispe: permitida a

  • arbitragem, na forma da lei ( 1).Outros meios de soluo dos litgios. O novo CPC no tem por foco exclusivamente o processo

    jurisdicional. O processo, na viso contempornea, policntrico. Caminha para frente, no sentidoda composio, seja pela outorga da sentena estatal, da sentena arbitral ou do acordo entre aspartes. Na perspectiva do novo Cdigo no se afigura correto falar em meios alternativos desoluo de litgios para se referir arbitragem, conciliao e mediao. No mais se pode falarem relao de alternatividade entre o processo jurisdicional e os outros meios de soluo consensualdos litgios. Todos, igualmente, so contemplados no novo Cdigo e devem ser promovidos peloEstado ( 2) e estimulados por juzes, advogados, defensores pblicos e membros do MinistrioPblico, inclusive no curso do processo judicial ( 3).

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 4 As partes tm o direito de obter emprazo razovel a soluo integral domrito, includa a atividade satisfativa.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Princpio da durao razovel do processo. O dispositivo traz para o ordenamento processualcivil o princpio da durao razovel do processo, j positivado na Constituio Federal (art. 5,LXXVIII)3 e na Conveno Americana de Direitos Humanos (art. 8, 1).4 O inciso II do art. 139 doCPC/2015 tambm refora esse princpio ao dispor que cabe ao juiz velar pela durao razovel doprocesso.

    A observncia da durao razovel do processo comporta duas dimenses: uma intraprocessual,ligada ao dever de adequao do procedimento, conforme os contornos do direito materialsubjacente, e outra extraprocessual, referente organizao da atividade jurisdicional como um todo.Diversas normas do CPC/2015 buscam a concretizao desse princpio, a exemplo do art. 235.

    Sobre o parmetro para se auferir a razoabilidade no que tange durao do processo, possvel utilizar o disposto no art. 97-A da Lei n 9.504/1997 (Lei das Eleies),5 mas sem esquecerde que algumas peculiaridades do caso concreto podem justificar eventual atraso.

    Princpio da primazia do julgamento do mrito. O dispositivo em comento tambm consagra ochamado princpio da primazia do julgamento do mrito, que pode ser sintetizado da seguinte forma:o julgador deve, sempre que possvel, priorizar o julgamento do mrito, superando ou viabilizando acorreo dos vcios processuais e, consequentemente, aproveitando todos os atos do processo.Outros dispositivos do novo CPC traduzem esse princpio: art. 6; art. 282 e ; art. 317; art. 352;

  • art. 488; art. 932, pargrafo nico; e art. 1.029, 3.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 5 Aquele que de qualquer forma participado processo deve comportar-se de acordo coma boa-f.

    Art. 14. So deveres das partes e de todosaqueles que de qualquer forma participam doprocesso:

    [...]

    II proceder com lealdade e boa-f;

    COMENTRIOS:

    Princpio da boa-f processual. A conduta de todos os sujeitos processuais, 6 e no somente daspartes, deve seguir um padro tico e objetivo de honestidade, diligncia e confiana. Trata-se deexigncia atrelada ao exerccio do contraditrio, uma vez que a efetiva participao das partes, emparidade de tratamento e faculdades, s se exaure quando essa participao observa os princpios dacooperao e da boa-f processual.

    A boa-f processual est intimamente ligada boa-f objetiva, comumente tratada no direitocivil como princpio norteador das relaes contratuais, mas que no sistema processual orienta aconduta das pessoas que, de qualquer forma, participam do processo. Como exemplo cite-se asituao em que o juiz verifica a existncia de propsito protelatrio do ru e, consequentemente,aplica-lhe a pena por litigncia de m-f (art. 80, VII, e art. 81 do CPC/2015).

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 6 Todos os sujeitos do processodevem cooperar entre si para que seobtenha, em tempo razovel, deciso demrito justa e efetiva.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Princpio da cooperao. A doutrina brasileira importou do direito europeu o princpio dacooperao (ou da colaborao), segundo o qual o processo seria o produto da atividade cooperativatriangular (entre o juiz e as partes).

  • O dever de cooperao estaria voltado eminentemente para o magistrado, de modo a orientarsua atuao como agente colaborador do processo, inclusive como participante ativo docontraditrio.

    Entretanto, no somente o juiz deve colaborar para a tutela efetiva, clere e adequada. Todosaqueles que atuam no processo (juiz, partes, oficial de justia, advogados, Ministrio Pblico etc.)tm o dever de colaborar para que a prestao jurisdicional seja concretizada.

    Diante dessa nova realidade, torna-se necessrio renovar mentalidades com o intuito de afastaro individualismo do processo, de modo que o papel de cada um dos operadores do direito seja o decooperar com boa-f numa eficiente administrao da justia. O processo deve, pois, ser um dilogoentre as partes e o juiz, e no necessariamente um combate ou um jogo de impulso egostico.

    O dever de cooperao, entretanto, encontra limites na natureza da atuao de cada uma daspartes. O juiz atua com a marca da equidistncia e da imparcialidade. Por outro lado, o dever doadvogado a defesa do seu constituinte. A rigor, no tem ele compromisso com a realizao dajustia. Ele dever empregar toda a tcnica para que as postulaes do seu cliente sejam aceitas pelojulgador. Essa a baliza que deve conduzir o seu agir cooperativo. Sendo assim, meu caro leitor,retire da cabea aquela imagem falsamente assimilada por alguns com o advento do novo CPC dejuiz, autor e ru andando de mos dadas pelas ruas e o advogado solicitando orientao ao juiz pararedigir as peas processuais. No obstante a apregoada cooperao, no fundo no fundo ser cada umpra si, o que no impede que a lealdade e a boa-f imperem nas relaes processuais.

    guisa de balizas para a atividade processual cooperativa, a doutrina estabeleceu algunsdeveres, que so recprocos, mas, at para que sirva de exemplo, devem ser efetivamenteimplementados pelo juiz na prtica forense: (a) dever de esclarecimento: consiste na obrigao dojuiz de esclarecer s partes eventuais dvidas sobre as suas alegaes, pedidos ou posies emjuzo;7 (b) dever de consulta: representa a obrigao de o juiz ouvir previamente as partes sobre asquestes de fato ou de direito que possam influenciar o julgamento da causa. Ele est, portanto,ligado ao princpio do contraditrio, no qual se insere a possibilidade de as partes influenciarem noconvencimento do magistrado; (c) dever de preveno: cabe ao magistrado apontar as deficinciaspostulatrias das partes, para que possam ser supridas, por exemplo, por meio de emenda petioinicial; (d) dever de auxlio: obrigao do juiz de auxiliar a parte a superar eventual dificuldade quelhe tolha o exerccio de seus nus ou deveres processuais; no cabe ao juiz, obviamente, suprirdeficincia tcnica da parte; (e) dever de correo e urbanidade: deve o magistrado adotar condutaadequada, tica e respeitosa em sua atividade judicante.

    O dever de consulta recebeu disposio prpria no novo CPC, que estabelece a impossibilidadede o rgo jurisdicional, em qualquer grau de jurisdio, decidir com base em fundamento a respeitodo qual no se tenha oportunizado a manifestao das partes, mesmo que a matria possa serreconhecida de ofcio (art. 10).

  • De acordo com o novo Cdigo, no pode o juiz conhecer e levar em considerao no julgamentoda causa circunstncia sobre a qual as partes no puderam se manifestar, excetuando-se os casos deimprocedncia liminar (art. 332). Entretanto, como j dissemos, ao lado do princpio da cooperaoe, consequentemente, do dever de consulta h o interesse pblico na correta formao edesenvolvimento do processo. Recomenda-se, ento, que tudo se resolva caso a caso, devendo-sefazer a ponderao na anlise de cada hiptese trazida aos autos. Estando indiscutivelmenteconfigurada a questo de ordem pblica capaz de levar extino do processo, qual a necessidadede lev-la discusso? O moderno processo civil no comporta a forma pela forma, ou seja, orespeito ao procedimento sem que exista qualquer finalidade.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 7 assegurada s partes paridade detratamento em relao ao exerccio dedireitos e faculdades processuais, aosmeios de defesa, aos nus, aos deveres e aplicao de sanes processuais,competindo ao juiz zelar pelo efetivocontraditrio.

    Art. 125. O juiz dirigir o processo conforme asdisposies deste Cdigo, competindo-lhe:

    I assegurar s partes igualdade detratamento;

    [...]

    COMENTRIOS:

    Princpio da paridade de armas. A paridade de tratamento, decorrncia do princpio daisonomia e pressuposto essencial para a realizao do contraditrio em sua plenitude, j figurava noCPC/1973. A redao foi aperfeioada, de forma a ampliar a garantia aos jurisdicionados. Em vezde igualdade de tratamento, que passa a ideia de garantia meramente formal, o novo Cdigomenciona paridade de tratamento, expresso que traduz a igualdade substancial e material.8 Poroutro lado, o que antes constitua to somente um dever do juiz transmudou-se para um dever doEstado.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 8 Ao aplicar o ordenamento jurdico,o juiz atender aos fins sociais e sexigncias do bem comum, resguardandoe promovendo a dignidade da pessoahumana e observando a

    No h correspondncia.

  • proporcionalidade, a razoabilidade, alegalidade, a publicidade e a eficincia.

    COMENTRIOS:

    Direcionamentos para a interpretao da legislao processual. O novel dispositivo, que emparte reproduz o texto do art. 5 da Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro,9 estabelece asbalizas do processo interpretativo a ser levado a efeito pelo juiz na aplicao da lei processual.

    Em decorrncia da multiplicidade dos fatos, as normas jurdicas e aqui me refiroprincipalmente s normas processuais so cada vez mais abertas e indeterminadas. Cabe ao juiz, nomomento da subsuno, completar a norma jurdica, de forma a aproxim-la da realidade ftica eproporcionar s partes um processo judicial mais justo possvel. Assim, segundo a linha adotadapelo legislador do novo Cdigo, qualquer que seja a tcnica utilizada para interpretao da lei(gramatical ou literal, lgica, sistemtica, histrica e sociolgica ou teleolgica), na construo doprovimento jurisdicional deve o juiz se orientar pelos valores indicados nesse dispositivo, aplicandoo ordenamento em sua plenitude, considerando a existncia de regras, princpios e valores quenorteiam o sistema jurdico.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 9 No se proferir deciso contrauma das partes sem que ela sejapreviamente ouvida.

    Pargrafo nico. O disposto no caput no seaplica:

    I tutela provisria de urgncia;

    II s hipteses de tutela da evidnciaprevistas no art. 311, incisos II e III;

    III deciso prevista no art. 701.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Contraditrio material e contraditrio substancial. O caput do dispositivo consagra, emprincpio, o contraditrio na sua dimenso esttica (ou formal), uma vez que garante s partes o

  • direito de cincia dos atos processuais e a faculdade de participar do processo. Nessa perspectiva, ocontraditrio se vincula ao direito de defesa, visto que garante s partes a possibilidade bilateral,efetiva e concreta, de produzirem suas provas, de aduzirem suas razes, de recorrerem das decises,de agirem, enfim, em juzo, para a tutela de seus direitos e interesses.10

    A redao apresenta uma ampliao da noo de contraditrio, permitindo a percepo de suadimenso dinmica (material ou substancial), a qual tem relao com a influncia que as partespodem provocar na formao do convencimento do julgador. Diversos dispositivos do novo Cdigoservem para instrumentalizar esse princpio, a exemplo do art. 115, que considera nula ou ineficaz a depender da integrao da parte lide a sentena de mrito, quando proferida sem a integraodo contraditrio.

    Contraditrio diferido. O pargrafo nico apresenta situaes nas quais se admite que ocontraditrio seja postergado (contraditrio diferido ou ulterior). Trata-se de excees, visto que aregra a realizao do contraditrio prvio deciso jurisdicional. As hipteses descritas tratam decenrios nos quais a prerrogativa de influncia mitigada para a garantia de outras prerrogativasfundamentais do processo. O inciso I remete tutela provisria de urgncia, que por sua prprianatureza no comporta prvia cientificao da parte contrria, sob pena de ineficcia do provimento.

    O inciso II remete denominada tutela da evidncia, na qual o contraditrio perde seu poder dereal influncia, visto que o direito to cristalino que a manifestao da parte contrria s atrasaria aconcluso do feito. Trataremos pontualmente sobre o tema nos comentrios ao art. 311.

    Por fim, o inciso III se refere ao procedimento monitrio, no qual se permite a emisso demandado de pagamento, entrega de coisa ou obrigao de fazer, independentemente de prviamanifestao da parte contrria, quando a prova escrita apresentada pelo postulante for evidente.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 10. O juiz no pode decidir, em graualgum de jurisdio, com base emfundamento a respeito do qual no setenha dado s partes oportunidade de semanifestar, ainda que se trate de matriasobre a qual deva decidir de ofcio.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Contraditrio prvio como regra. Mais uma vez o legislador deixou explcita a consagraodo direito ao contraditrio na sua dimenso material, impondo, nesse caso, verdadeiro limite

  • atuao jurisdicional. A novidade est no fato de que o magistrado no poder decidir questessubjacentes ao processo sem que haja verdadeiro dilogo entre as partes. E o dispositivo se aplica,inclusive, s matrias apreciveis de ofcio, impedindo que o magistrado, em solitriaunipotncia, aplique normas ou embase a deciso sobre fatos completamente estranhos dialticadefensiva de uma ou de ambas as partes.11

    Numa anlise superficial, o dispositivo poder limitar a atuao do julgador, impedindo-o dedecidir questes que seriam, sob sua viso unilateral, de evidente resoluo. A reflexo, todavia,deve ser mais profunda. Os operadores do direito, no Brasil, devem perceber que, no mbito doprocesso, mais vale uma questo bem discutida uma s vez do que vrias questes mal elaboradas emal resolvidas. Ademais, o dispositivo no afasta a possibilidade de o juiz conhecer de questessem a necessria provocao das partes (ou seja, ex officio). O que o legislador pretende que essasquestes sejam submetidas ao contraditrio prvio.

    Esse dispositivo relativizado, por exemplo, pelo art. 332 do novo CPC, que permite ao juizjulgar liminarmente improcedente o pedido sem que haja citao da parte contrria. A propsito,diversos enunciados da Escola Nacional de Aperfeioamento de Magistrados (ENFAM) buscam, emsntese, suavizar a exigncia do contraditrio prevista nos arts. 9 e 10 do CPC/2015. Confira:

    Enunciado n 02 No ofende a regra do contraditrio do art. 10 do CPC/2015, opronunciamento jurisdicional que invoca princpio, quando a regra jurdica aplicada j debatidano curso do processo emanao daquele princpio.Enunciado n 03 desnecessrio ouvir as partes quando a manifestao no puder influenciarna soluo da causa.Enunciado n 04 Na declarao de incompetncia absoluta no se aplica o disposto no art. 10,parte final, do CPC/2015.Enunciado n 05 No viola o art. 10 do CPC/2015 a deciso com base em elementos de fatodocumentados nos autos sob o contraditrio.Enunciado n 06 No constitui julgamento surpresa o lastreado em fundamentos jurdicos, aindaque diversos dos apresentados pelas partes, desde que embasados em provas submetidas aocontraditrio.

    No se trata de enunciados vinculantes, mas podem indicar uma futura interpretao da regrapor parte dos tribunais.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 11. Todos os julgamentos dos rgosdo Poder Judicirio sero pblicos, efundamentadas todas as decises, sob

  • pena de nulidade.

    Pargrafo nico. Nos casos de segredo dejustia, pode ser autorizada a presenasomente das partes, de seus advogados,de defensores pblicos ou do MinistrioPblico.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Publicidade das decises jurisdicionais. A publicidade uma garantia jurdica do cidado, namedida em que permite o controle dos atos judiciais por qualquer indivduo integrante da sociedade.O art. 93, IX, da Constituio Federal dispe que todos os julgamentos dos rgos do PoderJudicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade [...]. Verifica-se, por bvio, que, alm da observncia ao princpio da publicidade, h a necessidade de seremfundamentadas todas as decises judiciais. A propsito, a nova legislao estabelece parmetros defundamentao das decises, conforme disposto no 1 do art. 489, para o qual remetemos o leitor.

    O princpio da publicidade sofre restries nos casos referentes defesa da intimidade ou emrazo de interesse social (art. 5, LX, da CF/1988). Tais diretrizes ganham regulamentao no art.189 do CPC/2015 (substituto do art. 155 do CPC/1973), que trata das hipteses de tramitaoprocessual em segredo de justia. De toda forma, as restries previstas na CF/1988 e no CPC/2015no so oponveis s partes e aos seus respectivos advogados.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 12. Os juzes e os tribunais atendero,preferencialmente, ordem cronolgicade concluso para proferir sentena ouacrdo (Redao dada pela Lei n13.256/2016).

    1 A lista de processos aptos ajulgamento dever estarpermanentemente disposio paraconsulta pblica em cartrio e na redemundial de computadores.

    2 Esto excludos da regra do caput:

  • I as sentenas proferidas em audincia,homologatrias de acordo ou deimprocedncia liminar do pedido;

    II o julgamento de processos em blocopara aplicao de tese jurdica firmada emjulgamento de casos repetitivos;

    III o julgamento de recursos repetitivosou de incidente de resoluo de demandasrepetitivas;

    IV as decises proferidas com base nosarts. 485 e 932;

    V o julgamento de embargos dedeclarao;

    VI o julgamento de agravo interno;

    VII as preferncias legais e as metasestabelecidas pelo Conselho Nacional deJustia;

    VIII os processos criminais, nos rgosjurisdicionais que tenham competnciapenal;

    IX a causa que exija urgncia nojulgamento, assim reconhecida pordeciso fundamentada.

    3 Aps elaborao de lista prpria,respeitar-se- a ordem cronolgica dasconcluses entre as preferncias legais.

    4 Aps a incluso do processo na listade que trata o 1, o requerimentoformulado pela parte no altera a ordemcronolgica para a deciso, excetoquando implicar a reabertura da instruo

    No h correspondncia.

  • ou a converso do julgamento emdiligncia.

    5 Decidido o requerimento previsto no 4, o processo retornar mesmaposio em que anteriormente seencontrava na lista.

    6 Ocupar o primeiro lugar na listaprevista no 1 ou, conforme o caso, no 3, o processo que:

    I tiver sua sentena ou acrdoanulado, salvo quando houvernecessidade de realizao de diligncia oude complementao da instruo;

    II se enquadrar na hiptese do art.1.040, inciso II.

    COMENTRIOS:

    Ordem cronolgica de julgamento. A redao original do CPC/2015 (Lei n 13.105/2015)dispunha que os juzes e os tribunais deveriam obedecer ordem cronolgica de concluso paraproferir sentena ou acrdo. Tratava-se, portanto, de comando imperativo, que autorizava aquebra da ordem cronolgica apenas nas hipteses excepcionadas pelo prprio Cdigo.

    A observncia obrigatria da ordem cronolgica gerou inmeras discusses na doutrina, tologo aprovada a redao da Lei n 13.105/2015. O professor Fernando da Fonseca Gajardoni, porexemplo, chegou a defender a inconstitucionalidade do dispositivo, sob o argumento de que a regraviolava o princpio da tripartio dos poderes (art. 2 da CF/1988), j que representava indevidainterveno do legislativo na atividade judiciria e inviabilizava a autogesto da magistratura.12

    Essa regra geral de gesto, criada pelo legislador do novo CPC, foi derrubada pela Lei n13.256/2016, que alterou a redao do art. 12 desse Cdigo para estabelecer que a ordemcronolgica de julgamentos deve ser seguida apenas em carter preferencial.

    Do mesmo modo, o art. 153, direcionado ao escrivo e ao chefe de secretaria, prescreve queesses auxiliares do juzo devero publicar e cumprir os pronunciamentos judiciais preferencialmentena ordem em que forem recebidos em cartrio.

    Em suma, a regra que antes era cogente transmudou-se para uma mera norma programtica, um

  • ideal a ser perseguido. A regra anterior, em que pese ter sido uma louvvel iniciativa na tentativa deevitar a preterio de processos, certamente acarretaria mais morosidade do que celeridade. No hdvida de que a escolha de qual processo ter prioridade no deve ficar ao arbtrio do juiz, sendosaudvel existirem parmetros mnimos para que haja alguma lgica na devoluo dos autos pelogabinete para o cartrio. No entanto, exigir que o magistrado julgasse os processos conclusos a eleexatamente na ordem em que chegassem era, sem dvida alguma, despropositado e contraproducente.

    Agora, com a nova redao, h to somente uma sugesto para que o julgamento observe aordem cronolgica. Contudo, importante ressaltar que o Cdigo de 2015 continua inovador emrelao ao seu antecessor. Isso porque, apesar de a ordem cronolgica no se tratar de normaimperativa, constitui uma realidade que deve ser observada sempre que vivel, at mesmo porque alista de processos conclusos deve ser elaborada e divulgada pela internet e no prprio cartrio comando que persiste no 1 do art. 12.

    Ressalte-se que essa lista ser confeccionada por cada rgo jurisdicional (vara, cmara, seo,tribunal, entre outros). A primeira lista de processos para julgamento ser composta pelos processosconclusos no momento da entrada em vigor do novo CPC, observada a antiguidade da distribuio(art. 1.046, 5).

    Captulo IIDa Aplicao das Normas Processuais

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 13. A jurisdio civil ser regida pelasnormas processuais brasileiras,ressalvadas as disposies especficasprevistas em tratados, convenes ouacordos internacionais de que o Brasilseja parte.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Normas processuais brasileiras e internacionais. O dispositivo trata da dimenso territorial danorma processual. No h novidade, a no ser o fato de o Cdigo ter positivado norma que estintimamente ligada ao direito internacional privado. A disposio atende a imperativo previsto naConstituio Federal, segundo o qual os direitos e garantias expressos nesta Constituio noexcluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratadosinternacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte (art. 5, 2, da CF/1988).

  • O Cdigo ressalva a aplicao das normas processuais contidas em tratados, convenes ouacordos internacionais de que o Brasil seja parte. Para que tais atos possam integrar o conjunto denormas que regulam o agir da funo jurisdicional no Brasil, indispensvel que tenham sidoincorporados ao sistema normativo brasileiro. Em outras palavras, h que ter sido transformado emlei em sentido lato. Para tanto, no basta que o Brasil seja parte, isto , que seja signatrio. Aincorporao ao ordenamento jurdico brasileiro pressupe, alm da assinatura do presidente daRepblica (art. 84, VIII, da CF/1988), a aprovao pelo Congresso Nacional (art. 49, I, daCF/1988). Com essas providncias, os tratados e as convenes internacionais adquirem status delei ordinria, sujeitando-se, inclusive, ao controle de constitucionalidade. Apenas os tratados e asconvenes internacionais sobre direitos humanos, obedecidas as formalidades previstas no 3 doart. 5 da CF/1988, tm status de emenda constitucional ( 3, art. 5, da CF/1988).

    Em sntese, todos os processos que tramitam no territrio nacional devem observar as normasprocessuais civis estabelecidas pelo legislador ptrio (o CPC, especialmente), pois no nossoordenamento tem vigncia o princpio da territorialidade. Essa regra alcana todas as pessoas nacionais ou estrangeiras que participam de processo em curso na justia brasileira. A jurisdioconstitui uma das expresses da soberania nacional, da por que a sua atuao regrada quaseexclusivamente pelo ordenamento jurdico ptrio. Deve-se ressalvar que, havendo necessidade dacolheita de provas na justia estrangeira, sobre esse ato em particular nada obsta que incida a lei dopas ao qual se rogou a prtica do ato.13

    Vale lembrar que a territorialidade da lei processual civil prevalecer ainda que haja normaestrangeira de direito material a ser aplicada ao caso concreto. O art. 10 da LINDB, por exemplo,permite a aplicao das regras do pas estrangeiro na hiptese de sucesso por morte ou porausncia, desde que as regras do outro pas sejam mais favorveis ao cnjuge ou aos filhosbrasileiros. Nesse caso, aplicam-se as regras materiais do pas do de cujus, mas o inventriotramitar em conformidade com a lei processual civil brasileira. O princpio da territorialidade, emcertos casos, alcanar apenas as normas de regncia do processo, no alcanando o direito material.

    Para que os processos que tramitaram no exterior tenham validade no territrio nacional, asentena proferida pelo rgo jurisdicional estrangeiro deve ser homologada perante o SuperiorTribunal de Justia, nos termos do art. 105, I, i, da Constituio Federal. Da mesma forma, para queas determinaes judiciais vindas do exterior sejam cumpridas no Brasil necessria a intervenodo STJ, que conceder o exequatur s cartas rogatrias.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 14. A norma processual no retroagire ser aplicvel imediatamente aos

  • processos em curso, respeitados os atosprocessuais praticados e as situaesjurdicas consolidadas sob a vigncia danorma revogada.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Irretroatividade da lei processual e aplicabilidade imediata. O dispositivo trata da dimensotemporal da norma processual. As disposies do Cdigo no retroagiro, especialmente se aretroatividade alcanar a coisa julgada, o ato jurdico perfeito e o direito adquirido (CF, art. 5,XXXVI). Com relao aos processos j extintos (com ou sem julgamento de mrito), sobre os quaisoperam os efeitos da imutabilidade material ou simplesmente decorrem da coisa julgada formal, a leinova no se aplicar. Com referncia aos processos que se iniciarem na vigncia do novo Cdigo,igualmente no haver dificuldade na aplicao das normas processuais. O CPC/2015 regular oprocesso na sua inteireza.

    A dificuldade reside na aplicao do novo Cdigo aos processos em curso. Nesse caso, devem-se respeitar os atos processuais praticados e as situaes jurdicas consolidadas sob a vigncia danorma revogada (LINDB, art. 6o). Nesse ponto vigora o princpio do tempus regit actum, no tendo alei nova aptido para atingir os atos processuais j praticados.14

    Isolamento dos atos processuais. A modulao, no que tange aplicao da lei, deve observara teoria do isolamento dos atos processuais. Praticado o ato segundo a lei vigente no momento da suaprtica, sobre ele recai a garantia inerente ao ato jurdico perfeito, o qual, inclusive, implica direitoprocessualmente adquirido. Exemplo: se apresentou contestao segundo a lei vigente hoje, nopoder amanh, ao fundamento de mudana da lei, decretar a revelia do ru, ao argumento de que noobservou a regra prescrita na lei nova.

    No entanto, preciso estabelecer a diferena entre um ato j praticado, que no pode seratingido pela norma jurdica posterior, e um ato que ainda no foi praticado, mas que, por ocasio daentrada em vigor da lei nova, j estava em curso o prazo para a sua prtica. A dificuldade naaplicao da lei nova ocorre nesses lapsos de transio entre uma e outra lei.

    O processo, do ponto de vista extrnseco, constitudo por uma sequncia de atos processuais.Ajuizada a ao, por meio do protocolo da petio inicial, todos os atos das partes pressupemcomunicao citao ou intimao. O ru citado para apresentar contestao, querendo. Dacontestao o autor intimado, para exercer a faculdade de formular a sua rplica e assim por diante.A rigor, a lei que deveria reger o ato a ser praticado a lei do momento da comunicao para aprtica desse novo ato do processo. Esse o sentido da expresso tempus regit actum. Exemplifica-se. As partes foram intimadas do julgamento da apelao no dia 15.03.2016, ainda, portanto, na

  • vigncia do Cdigo de 1973. Como o acrdo reformou a sentena de mrito por maioria, de acordocom o art. 530 do CPC/1973 seriam cabveis embargos infringentes. A intimao abre parte afaculdade de praticar o ato subsequente, no caso a interposio de embargos infringentes, sob penade operar o trnsito em julgado este, no caso, o nus da no interposio do recurso. Como aintimao ocorreu na vigncia do Cdigo de 1973, a faculdade para praticar o ato segundo a leidesse momento, ou seja, da intimao. Esta, no caso, o marco, o divisor de guas. Pouco importaque o prazo tenha transcorrido quase integralmente na vigncia da lei nova. Se a intimao se deu navigncia da lei velha, ser ela que vai regular integralmente a prtica do novo ato do processo oque inclui o cabimento, a forma e o modo de contagem do prazo.

    Pode ocorrer de o ato a sentena, no nosso exemplo ser proferido na vigncia da leianterior, mas a intimao somente ser levada a efeito na vigncia da lei nova. Aqui, mais uma vez,repete-se o que j foi dito. a intimao que marca o incio temporal para o exerccio da faculdadede praticar o ato subsequente segundo a lei desse tempo (da intimao). Nesse caso, o ato deveseguir a lei nova e ser praticado no prazo estabelecido nessa lei.

    O marco da intimao para determinar se aplica uma ou outra regra torna a travessia maisprecisa e segura. No entanto, doutrina e jurisprudncia, levando em conta a instrumentalidade dasformas e o dever de cooperao que deve presidir as relaes entre o juiz e as partes, tm sido maisbenevolentes com relao s formas e aos prazos, o que acarreta mais insegurana com relao aodireito intertemporal.

    Segundo essa linha interpretativa, caso a lei nova tenha ampliado o prazo para a prtica de umato processual o que ocorrer na vigncia do CPC/2015, em razo de a contagem de prazos serem dias teis , ainda que a parte tenha sido intimada na vigncia da lei velha, dever prevalecer anorma que conceder maior prazo, seja na lei revogada ou na lei que est a entrar em vigor. Ajustificativa que as partes no podem ser prejudicadas por uma eventual reduo no prazo para aprtica de determinado ato processual, porquanto adquiriram o direito de pratic-lo em prazo maior.Exemplificando: o novo Cdigo uniformizou e ampliou os prazos recursais,15 uma vez que eles serocomputados somente em dias teis. Pergunta-se: se a parte foi intimada da sentena no dia15.03.2016, portanto na vigncia do cdigo revogado, qual ser o prazo para recorrer? Quinze diascorridos ou dias teis?

    Na hiptese de ampliao do prazo processual, como no h prejuzo para os litigantes, deveser observado o prazo estabelecido na lei nova (vigente no momento da prtica do ato), desde queele ainda esteja em curso. Nesse ponto vale lembrar a lio de Pontes de Miranda, que justifica aaplicao do novo prazo (maior) por entender que no existe violao quando se estende, no tempo,a eficcia de um direito.16 O direito de praticar o ato subsequente diz-se faculdade comeou a tereficcia com a intimao, mas a abalizada doutrina ponteana autoriza a praticar o ato no maior prazo,ainda que a intimao tenha se dado na vigncia da lei antiga e esta estabelea prazo mais exguo.

  • Essa possibilidade de praticar o ato no maior prazo ou segundo uma ou outra forma somente conferida no perodo de transio, isto , o prazo se iniciou na vigncia da lei revogada e se estendeuat o incio da vigncia da lei nova. Se o prazo se inicia e expira na vigncia da lei revogada,segundo as regras dela (da lei revogada) deve-se praticar o ato. O mesmo se passa quando o prazo seinicia j na vigncia da lei nova, hiptese em que o ato deve ser integralmente praticado segundo asregras em vigor.

    A mesma orientao ministrada quanto aos prazos vale para a forma dos atos processuais.Exemplo. A lei vigente no marco inicial do prazo para a contestao (art. 335) regular a prticadesse ato. Se o incio do prazo foi marcado na vigncia da lei revogada, a rigor, o ru, se for o caso,teria que apresentar exceo de incompetncia, impugnar em apartado o valor da causa e osbenefcios da assistncia judiciria e apresentar a reconveno em pea distinta. Ao revs, se omarco temporal do prazo ocorreu na vigncia da nova lei, no s o prazo como a forma deapresentao da resposta deve obedecer a essa regra, o que equivale dizer que a contestao poderconter as excees e impugnaes mencionadas, bem como a reconveno.

    Entretanto, apesar de toda essa fundamentao, meu conselho que voc opte sempre pelaforma mais penosa e rpida. Leve sempre em conta a lei vigente no momento do marco inicial dacontagem do prazo.17 Se o seu cliente foi citado (e o mandado foi juntado aos autos) um dia antes daentrada em vigor do novo Cdigo, opte pelo prazo contnuo de quinze dias para recorrer e adote asfrmulas mais complexas impugnao e reconveno em separado. Nem mesmo o mais severojulgador deixar de reconhecer o seu esforo e, em homenagem instrumentalidade das formas,admitir o ato praticado, ainda que ostente diverso entendimento.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 15. Na ausncia de normas queregulem processos eleitorais, trabalhistasou administrativos, as disposies desteCdigo lhes sero aplicadas supletiva esubsidiariamente.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Aplicao supletiva e subsidiria da lei processual civil. O dispositivo reitera a j reconhecidafuno integrativa das normas de direito processual civil. Um exemplo de norma que complementa odisposto no artigo em comento o art. 76918 da CLT.

    Sobre esse dispositivo, esclarecem Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lcia Lins

  • Conceio, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogrio Licastro Torres de Mello:19

    O legislador disse menos do que queria. No se trata somente de aplicar as normas processuaisaos processos administrativos, trabalhistas e eleitorais quando no houver normas, nestes ramosdo direito, que resolvam a situao. A aplicao subsidiria ocorre tambm em situaes nasquais no h omisso. Trata-se, como sugere a expresso subsidiria, de uma possibilidade deenriquecimento, de leitura de um dispositivo sob outro vis, de extrair-se da norma processualeleitoral, trabalhista ou administrativa um sentido diferente, iluminado pelos princpiosfundamentais do processo civil. A aplicao supletiva que supe omisso. Alis, o legislador,deixando de lado a preocupao com a prpria expresso, preciso da linguagem, serve-se dasduas expresses. No deve ter suposto que significam a mesma coisa, se no, no teria usado asduas. Mas como empregou tambm a mais rica, mais abrangente, deve o intrprete entender que disso que se trata.

    O leitor ir notar que o dispositivo no trata do processual penal. Apesar disso, em razo dodisposto no art. 3 do Cdigo de Processo Penal (CPP),20 a aplicao subsidiria da lei processualcivil continua a ser admitida.

    LIVRO IIDA FUNO JURISDICIONAL

    TTULO IDA JURISDIO E DA AO

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 16. A jurisdio civil exercida pelos juzese pelos tribunais em todo o territrio nacional,conforme as disposies deste Cdigo.

    Art. 1 A jurisdio civil, contenciosa evoluntria, exercida pelos juzes, em todo oterritrio nacional, conforme as disposies queeste Cdigo estabelece.

    COMENTRIOS:

    Jurisdio contenciosa e jurisdio voluntria. O Cdigo de 1973, em seu art. 1, admiteexpressamente duas espcies de jurisdio: contenciosa e voluntria. O novo CPC no repete essadicotomia.

    Uma leitura apressada do art. 16 poderia levar o intrprete a pensar que o CPC de 2015 aboliuessa peculiar modalidade da funo jurisdicional, mas no bem assim. Com algumas modificaes,os procedimentos especiais de jurisdio voluntria continuam regulados no novo Cdigo. Integram o

  • Captulo XV do Ttulo III (Dos Procedimentos Especiais) do Livro I da Parte Especial (Do Processode Conhecimento e do Cumprimento de Sentena). Os procedimentos de jurisdio voluntriaencontram-se disciplinados nos arts. 719 a 770. H pedidos que se processaro segundo umprocedimento comum ou padro (art. 725) e muitos outros para os quais h procedimentos tpicos ounominados (a partir do art. 726).

    A no referncia, no art. 16, dicotomia entre jurisdio voluntria x jurisdio contenciosatem a finalidade de mostrar que tanto os procedimentos de jurisdio contenciosa quanto os dejurisdio voluntria so jurisdicionais.

    A corrente dita clssica ou administrativista, capitaneada por Chiovenda, sustenta que achamada jurisdio voluntria no constitui, na verdade, jurisdio, tratando-se de atividadeeminentemente administrativa. No Brasil, o maior defensor dessa orientao foi Frederico Marques,para quem a jurisdio voluntria materialmente administrativa e subjetivamente judiciria.21 Emsntese, nessa atividade o Estado-juzo se limita a integrar ou fiscalizar a manifestao de vontadedos particulares, agindo como administrador pblico de interesses privados. No h composio delide. E se no h lide, no h por que falar em jurisdio nem em partes, mas em interessados.

    Sustentam tambm que falta jurisdio voluntria a caracterstica da substitutividade, hajavista que o Poder Judicirio no substitui a vontade das partes, mas se junta aos interessados paraintegrar, dar eficcia a certo negcio jurdico. Por fim, concluem que, se no h lide nem jurisdio,as decises no formam coisa julgada material. Para corroborar esse ponto de vista, invocam o art.1.111 do CPC/1973, segundo o qual a sentena poder ser modificada, sem prejuzo dos efeitos jproduzidos, se ocorrerem circunstncias supervenientes.

    H, por outro lado, uma corrente que atribui jurisdio voluntria a natureza de atividadejurisdicional. Essa orientao conta com a adeso de Calmon de Passos, Ovdio Baptista e LeonardoGreco. Segundo essa corrente denominada jurisdicionalista , no se afigura correta a afirmao deque no h lide na jurisdio voluntria. Com efeito, o fato de, em um primeiro momento, inexistirconflito de interesses no retira dos procedimentos de jurisdio voluntria a potencialidade de secriarem litgios no curso da demanda. Em outras palavras, a lide no pressuposta, no vem narradadesde logo na inicial, mas nada impede que as partes se controvertam.

    Os defensores da corrente jurisdicionalista tambm advertem, de forma absolutamente correta,que no se pode falar em inexistncia de partes nos procedimentos de jurisdio voluntria. A bemda verdade, no sentido material do vocbulo, parte no h, porquanto no existe conflito deinteresses, ao menos em um primeiro momento. Entretanto, considerando a acepo processual dotermo, no h como negar a existncia de sujeitos parciais na relao jurdico-processual.

    Reforando a tese de que a jurisdio voluntria tem natureza de funo jurisdicional, LeonardoGreco esclarece que ela no se resume a solucionar litgios, mas tambm a tutelar interesses dosparticulares, ainda que no haja litgio, desde que tal tarefa seja exercida por rgos investidos das

  • garantias necessrias para exercer referida tutela com impessoalidade e independncia.22 Nesseponto, com razo o eminente jurista. que a funo jurisdicional , por definio, a funo de dizer odireito por terceiro imparcial, o que abrange a tutela de interesses particulares sem qualquer carga delitigiosidade.

    Em suma, para a corrente jurisdicionalista, a jurisdio voluntria reveste-se de feiojurisdicional, pois: (a) a existncia de lide no fator determinante da sua natureza; (b) existempartes, no sentido processual do termo; (c) o Estado age como terceiro imparcial; (d) h coisajulgada.

    O novo CPC trilhou o caminho da corrente jurisdicionalista e vitaminou os procedimentos dejurisdio voluntria com a imutabilidade da coisa julgada. A no repetio do texto do art. 1.111 doCPC/1973 proposital. A sentena no poder ser modificada, o que, obviamente, no impede apropositura de nova demanda, com base em outro fundamento. A corrente administrativista est,portanto, superada.

    Essa constatao corroborada pelo professor Fredie Didier, para quem, se at mesmodecises que no examinam o mrito se tornam indiscutveis (art. 486, 1), muito mais razohaveria para que decises de mrito proferidas em sede de jurisdio voluntria tambm setornassem indiscutveis pela coisa julgada material.23

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 17. Para postular em juzo necessrio terinteresse e legitimidade.

    Art. 3 Para propor ou contestar ao necessrio ter interesse e legitimidade.

    COMENTRIOS:

    Extino da categoria condies da ao. Segundo a concepo ecltica, conquanto abstratoo direito ao, porque consiste no direito pblico subjetivo de invocar a tutela jurisdicional doEstado, sem qualquer preocupao quanto ao resultado, seu manejo ou nascimento pressupe opreenchimento de certas condies, denominadas condies da ao, sem as quais o Estado seexime de prestar a tutela jurdica reclamada, isto , extingue o processo sem resoluo do mrito.

    O CPC de 1973 consagrou expressamente essa categoria no art. 267, VI, o qual autorizava aextino do processo, sem resoluo do mrito, quando no concorresse qualquer das seguintescondies da ao: possibilidade jurdica do pedido, legitimidade das partes e interesse processual.

    No novo Cdigo, entretanto, no h mais a referncia possibilidade jurdica do pedidocomo hiptese geradora da extino do processo sem resoluo do mrito, seja quando enquadradacomo condio da ao ou como causa para o indeferimento da petio inicial. que o CPC de 1973

  • tambm contemplava a possibilidade jurdica do pedido como uma das causas que geravam a inpciada petio inicial e, consequentemente, o seu indeferimento (art. 295, pargrafo nico, III, doCPC/1973). Essa causa de inpcia j era bastante discutida na doutrina, j que muitos estudiosos,inclusive Enrico Tulio Liebman,24 entendiam-na como causa que, se inexistente, levava improcedncia da pretenso deduzida em juzo. De acordo com a nova sistemtica, consagra-se oentendimento de que a possibilidade jurdica do pedido causa para resoluo do mrito dademanda, e no simplesmente de sua inadmissibilidade.

    Com relao s outras condies que no CPC/2015 devem ser tratadas comopressupostos , o texto do novo art. 17 estabelece que para postular em juzo necessriointeresse e legitimidade. O art. 485, VI, por sua vez, prescreve que a ausncia de qualquer dos doisrequisitos, passveis de serem conhecidos de ofcio pelo magistrado, permite a extino do processosem resoluo do mrito. Como se pode perceber, o Cdigo no utiliza mais o termo condies daao.

    A doutrina processual italiana j havia proposto o estudo em conjunto das condies da ao edos pressupostos processuais, notadamente porque ambos deveriam ser considerados requisitosnecessrios para validar a relao processual em seu todo e para se chegar a uma deciso de mrito.

    Na essncia, entretanto, tudo continua como antes. Apenas a possibilidade jurdica do pedidoganhou um upgrade. Deixou de ser uma mera condio da ao e passou a integrar o mrito. Ser ouno possvel um direito, na perspectiva da pretenso formulada, matria que diz respeito ao mritoe como tal deve ser apreciada pelo juiz. Com referncia ao interesse de agir e legitimidade para acausa, estes continuam firmes e fortes como questes que devem anteceder o exame do mrito.Apenas perderam o cognome de condies da ao. No se pode negar, contudo, que, com asupresso da possibilidade jurdica do pedido e tambm do sintomtico abandono da terminologiacondies da ao, o novo Cdigo afasta-se da teoria ecltica, consagrando de vez a teoriaabstrata do direito de ao.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 18. Ningum poder pleitear direito alheioem nome prprio, salvo quando autorizado peloordenamento jurdico.

    Pargrafo nico. Havendo substituioprocessual, o substitudo poder intervircomo assistente litisconsorcial.

    Art. 6 Ningum poder pleitear, em nomeprprio, direito alheio, salvo quando autorizadopor lei.

  • COMENTRIOS:

    Substituio processual. O artigo em comento repete a regra constante do art. 6 do CPC/1973,que possibilita a legitimao extraordinria (substituio processual) sempre que o ordenamentojurdico permitir que um terceiro defenda interesse alheio em nome prprio.

    O substituto intervm no processo na condio de assistente litisconsorcial (art. 124 doCPC/2015). Exemplo: o autor aliena ou cede o objeto litigioso. Nesse caso, para a preservao dalegitimidade ordinria de se admitir que o adquirente ou cessionrio suceda a parte originria.Contudo, pode ocorrer de no haver essa sucesso, seja porque o adquirente no requereu asucesso, seja porque a parte contrria com ela no aquiesceu. Nessa ltima hiptese, o autororiginrio continuar figurando no processo, embora no mais seja titular do direito materialcontrovertido. Ele atuar como substituto processual, ou seja, atuar em nome prprio, defendendointeresse alheio (do adquirente). A sentena que vier a ser proferida no processo ter influnciadireta sobre o direito material de que o adquirente (substitudo) afirma ser titular.

    No CPC/1973, apesar de no haver previso expressa, j se entendia que esse tipo deinterveno tinha a natureza de assistncia litisconsorcial (art. 54 do CPC/1973).

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se declarao:

    I da existncia, da inexistncia ou do modode ser de uma relao jurdica;

    II da autenticidade ou da falsidade dedocumento.

    Art. 4 O interesse do autor pode limitar-se declarao:

    I da existncia ou da inexistncia de relaojurdica;

    II da autenticidade ou falsidade dedocumento.

    COMENTRIOS:

    Pretenso declaratria. O dispositivo aprimora a redao do CPC/1973 ao possibilitar oajuizamento de ao declaratria25 para reconhecimento do modo de ser de uma relao jurdica. Ocontedo dessa expresso corresponde aos elementos da relao jurdica que no so essenciais parasua existncia e validade. Trata-se, portanto, de elementos acidentais, que alteram os efeitos darelao jurdica.

    A controvrsia com relao a tais efeitos causa de pedir que consubstancia uma aodeclaratria, ainda que no se alcance a discusso acerca da existncia ou inexistncia da relao

  • jurdica em si.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 20. admissvel a ao meramentedeclaratria, ainda que tenha ocorrido a violaodo direito.

    Art. 4 [...]

    Pargrafo nico. admissvel a aodeclaratria, ainda que tenha ocorrido a violaodo direito.

    COMENTRIOS:

    Ao declaratria. Afigura-se alterao apenas na tcnica legislativa. A ao declaratria quebusca reconhecer a existncia de uma violao do direito deixou de ser considerada, na tcnicaredacional da lei, uma exceo regra geral (declarao de existncia ou inexistncia de umarelao jurdica). , validamente, outra hiptese que justifica a tutela declaratria.

    Ao declaratria incidental. Oportuno salientar que o novo CPC no mais se refere aodeclaratria incidental (art. 470 c/c art. 5, ambos do CPC/1973). Conforme veremos adiante, asquestes prejudiciais, desde que observado o contraditrio e preenchidos os pressupostos do art.503, 1 e 2, submeter-se-o coisa julgada. No haver, portanto, necessidade de se propor umaao incidental com o objetivo de ampliar os efeitos da coisa julgada, de forma a alcanar tambm aquesto prejudicial.

    TTULO IIDOS LIMITES DA JURISDIO NACIONAL E DA COOPERAO INTERNACIONAL

    Captulo IDos Limites da Jurisdio Nacional

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 21. Compete autoridade judiciriabrasileira processar e julgar as aes emque:

    I o ru, qualquer que seja a suanacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

    Art. 88. competente a autoridade judiciriabrasileira quando:

    I o ru, qualquer que seja a suanacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

  • II no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao;

    III o fundamento seja fato ocorrido ou atopraticado no Brasil.

    Pargrafo nico. Para o fim do disposto noinciso I, considera-se domiciliada no Brasil apessoa jurdica estrangeira que nele tiveragncia, filial ou sucursal.

    II no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao;

    III a ao se originar de fato ocorrido ou defato praticado no Brasil.

    Pargrafo nico. Para o fim do disposto no n I,reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdicaestrangeira que aqui tiver agncia, filial ousucursal.

    COMENTRIOS:

    Limites da jurisdio brasileira. Nos casos dos arts. 21 e 22, a competncia da justiabrasileira considerada concorrente porque no exclui a competncia de outros pases, cabendo aointeressado optar por propor a ao no Brasil ou em pas igualmente competente, ou mesmo emambos os lugares ao mesmo tempo, uma vez que o ajuizamento de ao perante tribunal estrangeirono induz litispendncia e no obsta a que a autoridade judiciria brasileira conhea da mesmacausa e das que lhe so conexas, ressalvadas as disposies em contrrio de tratados internacionais eacordos bilaterais em vigor no Brasil (art. 24). Caso opte por demandar em outro pas, a sentenaestrangeira s produzir efeitos no Brasil quando homologada pelo Superior Tribunal de Justia, nostermos do art. 105, I, i, da Constituio Federal e do art. 961, caput, do CPC/2015.26

    As trs hipteses de competncia da autoridade judiciria brasileira elencadas no art. 21 jestavam previstas no CPC/1973.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 22. Compete, ainda, autoridadejudiciria brasileira processar e julgar asaes:

    I de alimentos, quando:

    a) o credor tiver domiclio ou residncia noBrasil;

    b) o ru mantiver vnculos no Brasil, taiscomo posse ou propriedade de bens,recebimento de renda ou obteno de

    No h correspondncia.

  • benefcios econmicos;

    II decorrentes de relaes de consumo,quando o consumidor tiver domiclio ouresidncia no Brasil;

    III em que as partes, expressa outacitamente, se submeterem jurisdionacional.

    COMENTRIOS:

    Jurisdio corrente. O artigo em comento traz novas hipteses de competncia concorrente daautoridade jurisdicional brasileira. Na verdade, algumas das regras contidas nesse dispositivo sonovidades apenas para o texto do Cdigo de Processo Civil, porquanto j estavam dispostas emnosso ordenamento.

    Ao de alimentos. O Brasil j havia ratificado a Conveno Interamericana sobre ObrigaoAlimentar,27 a qual dispe, em seu art. 8, que a competncia para conhecer das reclamaes dealimentos pode ser, a critrio do credor: (a) do juiz ou autoridade do Estado de domiclio ouresidncia habitual do credor; (b) do juiz ou autoridade do Estado de domiclio ou residnciahabitual do devedor; ou (c) do juiz ou autoridade do Estado com o qual o devedor mantiver vnculospessoais, tais como posse de bens, recebimento de renda ou obteno de benefcios econmicos.

    A positivao dessa regra na lei processual civil demonstra a preocupao do legislador emtornar mais efetivas as disposies relativas ao tema, possibilitando ao alimentando escolherdemandar em local que melhor atenda s suas necessidades.

    Relaes de consumo. Para facilitar a defesa dos direitos dos consumidores, o Cdigo deDefesa do Consumidor contempla regra segundo a qual as aes de responsabilidade do fornecedorde produtos ou servios podem ser propostas no domiclio do autor (art. 101, I, do CDC), o que noafasta a possibilidade de o consumidor optar pelo foro de eleio contratual, se este lhe for maisbenfico.28

    A regra estampada no CPC/2015 pode parecer uma repetio do que j se encontra positivadona norma consumerista, entretanto, o que a nova legislao fez foi reforar a ideia de que osconsumidores residentes ou domiciliados no Brasil, mas que no esto no territrio nacional nomomento da contratao do produto ou servio, ainda assim podem demandar contra o fornecedorpor meio de ao proposta perante a justia brasileira. Do mesmo modo, as contrataes realizadaspor intermdio de e-commerces podem ser discutidas no Brasil, evitando que o consumidor residentee domiciliado aqui venha a ser obrigado a se submeter a outro ordenamento jurdico que no lhe seja

  • favorvel.Eleio da jurisdio nacional. O inciso III permite a eleio da jurisdio brasileira em

    contratos internacionais. Nos tribunais brasileiros vacilante a jurisprudncia sobre a validade declusula de eleio de foro para o julgamento de litgios oriundos de contrato internacional,29 sejaquando a clusula de eleio visa atrair a jurisdio brasileira ou exclu-la. A regra agora clara: aspartes, expressa ou tacitamente, podem se submeter jurisdio brasileira, como tambm, acontrario sensu, podem exclu-la. A excluso, a propsito, regulada pelo novo art. 25. Ressalvam-se, nessa hiptese, os casos de competncia absoluta, cujas normas no podem ser derrogadas pelavontade das partes.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 23. Compete autoridade judiciriabrasileira, com excluso de qualquer outra:

    I conhecer de aes relativas a imveissituados no Brasil;

    II em matria de sucesso hereditria,proceder confirmao de testamentoparticular, e ao inventrio e partilha de benssituados no Brasil, ainda que o autor da heranaseja de nacionalidade estrangeira ou tenhadomiclio fora do territrio nacional;

    III em divrcio, separao judicial oudissoluo de unio estvel, proceder partilha de bens situados no Brasil, aindaque o titular seja de nacionalidadeestrangeira ou tenha domiclio fora doterritrio nacional.

    Art. 89. Compete autoridade judiciriabrasileira, com excluso de qualquer outra:

    I conhecer de aes relativas a imveissituados no Brasil;

    II proceder a inventrio e partilha de bens,situados no Brasil, ainda que o autor da heranaseja estrangeiro e tenha residido fora doterritrio nacional.

    COMENTRIOS:

    Competncia exclusiva da jurisdio brasileira. Nos casos previstos nesse dispositivo, asentena estrangeira no pode nem sequer ser homologada, pelo que no produz efeito algum noBrasil.30

    A alterao operada no inciso II teve por fim o aperfeioamento tcnico, alm de inserir nas

  • hipteses de competncia exclusiva a confirmao de testamento particular (art. 737 do CPC/2015),o que j era entendimento firmado no mbito doutrinrio e jurisprudencial.

    O testamento particular est previsto no art. 1.876 do Cdigo Civil. A sua confirmao constituiverdadeiro procedimento de jurisdio voluntria, porquanto tem por objetivo o reconhecimento deum direito preexistente e a anlise da validade formal de um documento confeccionado pelo prpriotestador.

    O inciso III ampliou as causas de partilha de bens situados no Brasil e, por conseguinte, ascausas de competncia exclusiva da jurisdio brasileira. De acordo com o dispositivo, a partilha debens situados no Brasil, tambm se decorrente de divrcio, separao judicial ou dissoluo deunio estvel, ser de competncia exclusiva da jurisdio brasileira. A ao para pr fim aocasamento ou sociedade conjugal pode at ser julgada por rgo jurisdicional de outro pas, mas apartilha dos bens competir jurisdio brasileira, ainda que o titular dos bens seja denacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. A regra vem abarcarentendimento jurisprudencial j consolidado no Superior Tribunal de Justia, segundo o qual no seadmite a homologao de sentena estrangeira de divrcio quando este, alm das disposiesreferentes ao casamento, contempla partilha de bens situados no Brasil.31

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 24. A ao proposta perante tribunalestrangeiro no induz litispendncia e no obstaa que a autoridade judiciria brasileira conheada mesma causa e das que lhe so conexas,ressalvadas as disposies em contrriode tratados internacionais e acordosbilaterais em vigor no Brasil.

    Pargrafo nico. A pendncia de causaperante a jurisdio brasileira no impedea homologao de sentena judicialestrangeira quando exigida para produzirefeitos no Brasil.

    Art. 90. A ao intentada perante tribunalestrangeiro no induz litispendncia, nem obstaa que a autoridade judiciria brasileira conheada mesma causa e das que lhe so conexas.

    COMENTRIOS:

    Aes concomitantes no Brasil e no estrangeiro. O dispositivo abarca o entendimento dadoutrina e jurisprudncia acerca do fenmeno da simultaneidade de aes em curso perante as

  • justias estrangeira e brasileira. Assentado estava e assim permanece: a ao proposta perantetribunal estrangeiro no induz litispendncia. Ressalvam-se, contudo e isso que constituinovidade , as disposies em contrrio de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor noBrasil. Um exemplo o Protocolo de Las Leas, que tem eficcia no mbito do Mercosul (art. 21).

    Homologao de sentena judicial estrangeira. Reafirma a regra contida no caput, poispermite a homologao de uma deciso estrangeira mesmo quando existir processo pendente noBrasil. Nessa hiptese, havendo coisa julgada na deciso estrangeira, a ao idntica em trmite noBrasil deve ser extinta, sem resoluo do mrito (art. 485, V). Ocorrendo o contrrio (coisa julgadano Brasil e tramitao pendente na jurisdio estrangeira), obstada estar a homologao, por forado art. 963, IV, do CPC/2015.

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 25. No compete autoridadejudiciria brasileira o processamento e ojulgamento da ao quando houverclusula de eleio de foro exclusivoestrangeiro em contrato internacional,arguida pelo ru na contestao.

    1 No se aplica o disposto no caput shipteses de competncia internacionalexclusiva previstas neste Captulo.

    2 Aplica-se hiptese do caput o art.63, 1 a 4.

    No h correspondncia.

    COMENTRIOS:

    Clusula de eleio de foro. No Brasil, embora j fosse permitida a escolha de foro noscontratos internos, ainda no havia previso semelhante para os contratos internacionais. Agora, coma disposio contida no art. 25, concedeu-se carter obrigatrio clusula de eleio de foro.32

    Assim, se houver no contrato internacional uma clusula excluindo a jurisdio brasileira e elegendoo foro estrangeiro, a excluso ter que ser respeitada pelo Poder Judicirio brasileiro.

    A incluso dessa regra era necessria para que as partes pudessem ter certeza sobre o local dofuturo litgio, j que, na maioria das vezes, autor e ru recorriam a jurisdies distintas para tentarsolucionar uma mesma demanda. Prevalecem, agora, a autonomia da vontade e a liberdade de

  • escolha, o que certamente proporciona s partes maior segurana nas contrataes internacionais.

    Captulo IIDa Cooperao Internacional

    A cooperao internacional regula o auxlio mtuo entre os Estados para assegurar o efetivoexerccio da Jurisdio. Para tanto, cada Estado cria mecanismos processuais visando compatibilizaros pedidos estrangeiros ao ordenamento jurdico interno do pas receptor do pedido de cooperao.

    No caso da lei brasileira, trs so as espcies de pedidos de cooperao: (i) a ao dehomologao de sentena estrangeira; (ii) a concesso de exequatur s cartas rogatrias; e (iii) oauxlio direto. A principal diferena entre essas espcies de cooperao reside na natureza do rgoestatal estrangeiro de onde nasce o pedido.

    Tratando-se de deciso estrangeira, proferida por rgo de natureza jurisdicional, caber ou aao de homologao de sentena estrangeira, ou a concesso de exequatur carta rogatria(procedimentos previstos nos arts. 960 e seguintes, com as diferenciaes que veremos a seguir).

    Se o pedido for emanado de rgo administrativo (o Ministrio Pblico belga, por exemplo