novo código de processo civil comentado, 3ª edição€¦ · novo código de processo civil...

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    Impresso no Brasil Printed in Brazil

    Direitos exclusivos para o Brasil na lngua portuguesaCopyright 2018 byEDITORA ATLAS LTDA.Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial NacionalRua Conselheiro Nbias, 1384 Campos Elseos 01203-904 So Paulo SPTel.: (11) 5080-0770 / (21) [email protected] | www.grupogen.com.br

    O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderrequerer a apreenso dos exemplares reproduzidos ou a suspenso da divulgao, sem prejuzo daindenizao cabvel (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998).Quem vender, expuser venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depsito ou utilizar obra oufonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito,lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, ser solidariamente responsvel com o contrafator,nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidorem caso de reproduo no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).

    Capa: Danilo Oliveira

    Produo digital: Ozone

    Fechamento desta edio: 28.02.2018

    mailto:[email protected]://www.grupogen.com.br
  • CIP Brasil. Catalogao na fonte.Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    M783n

    Montenegro Filho, Misael

    Novo Cdigo de Processo Civil comentado / Misael Montenegro Filho. 3. ed. rev. e atual. SoPaulo: Atlas, 2018.

    Inclui bibliografiaISBN 978-85-970-1660-4

    1. Processo civil Brasil. I. Ttulo.

    18-47890 CDU-347.91/.95 (81)

  • DEDICATRIA

    Aos meus pequenos grandes amores, meus filhos Pedro e Camila. Peo desculpas pela ausncia fsica,necessria para que cada vrgula e cada ponto desta obra fossem colocados nos lugares que planejei, como sefossem tijolos de uma construo. Meu amor por vocs no maior ou menor do que o amor de todos os pais pelosseus filhos. Mas nico, ilimitado. Leiam essa letra (sei que vocs preferem as americanas), de uma msicamaravilhosa (O caderno, Toquinho), e lembrem sempre do meu amor por vocs:

    Sou eu que vou seguir vocDo primeiro rabiscoAt o b--b.Em todos os desenhosColoridos vou estarA casa, a montanhaDuas nuvens no cuE um sol a sorrir no papel...

    Sou eu que vou ser seu colegaSeus problemas ajudar a resolverTe acompanhar nas provasBimestrais, voc vai verSerei, de voc, confidente fielSe seu pranto molhar meu papel...

    Sou eu que vou ser seu amigoVou lhe dar abrigoSe voc quiserQuando surgiremSeus primeiros raios de mulherA vida se abrirNum feroz carrosselE voc vai rasgar meu papel...

    O que est escrito em mim

  • Comigo ficar guardadoSe lhe d prazerA vida segue sempre em frenteO que se h de fazer...

    S peo, a vocUm favor, se puderNo me esqueaNum canto qualquer

    Mnica, minha companheira de tantos anos, meu alicerce, minha bssola. Para que voc no fique comcimes dos filhos, a voc tambm dedico uma msica (Amor perfeito, Michael Sullivan):

    Fecho os olhos pra no ver passar o tempoSinto falta de vocAnjo bom, amor perfeito no meu peitoSem voc no sei viverVem, que eu conto os diasConto as horas pra te verEu no consigo te esquecerCada minuto muito tempo sem vocSem voc

    Os segundos vo passando lentamenteNo tem hora pra chegarAt quando te querendo, te amandoCorao quer te encontrarVem, que nos seus braos esse amor uma canoE eu no consigo te esquecerCada minuto muito tempo sem vocSem voc

    Eu no vou saber me acostumarSem sua mo pra me acalmarSem seu olhar pra me entender

    Sem seu carinho, amor, sem vocVem me tirar da solidoFazer feliz meu corao

  • J no importa quem errouO que passou, passou ento vemVem, vem, vem

    Aos meus irmos Carlos e Aninha, ao cunhado Srgio, cunhada Deise , aos sobrinhos Gui, Duda, Flora eLara. Vocs ficam sem msica, mas igualmente com o meu amor.

    Aos meus irmos de vida Eduardo Athayde e Bruno Lacerda. Obrigado pela amizade, de mais de 30 anos.E nunca brigamos.

  • SUMRIO

    Abreviaturas e siglasApresentaoExposio de motivos do Novo CPCndice Sistemtico do Novo Cdigo de Processo CivilParte GeralParte EspecialBibliografia

  • ABREVIATURAS E SIGLAS

    AASP Associao dos Advogados de So Pauloac. Acrdo

    ADin Ao Direta de inconstitucionalidadeADV Advocacia

    Ag. AgravoAGA Agravo regimental no agravo de instrumentoAgdo Agravado

    AGREsp Agravo regimental em recurso especialAgRg Agravo RegimentalAgte Agravante

    AI Agravo de InstrumentoAjuris Revista da Associao dos Juzes do Rio Grande do Sul

    Amagis Revista da Associao dos Magistrados MineirosANA Agncia Nacional de guas

    ANAC Agncia Nacional de Aviao CivilANATEL Agncia Nacional de TelecomunicaesANCINE Agncia Nacional do Cinema

    ANEEL Agncia Nacional de Energia EltricaANM Agncia Nacional de MineraoANP Agncia Nacional do PetrleoANS Agncia Nacional de Sade Suplementar

    ANTAQ Agncias Nacional de Transportes AquaviriosANTT Agncia Nacional de Transportes Terrestres

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia SanitriaAO Ao ordinriaAp. Apelao

    Apel. Apelaoart. artigo

    Bol. AASP Boletim da Associao dos Advogados de So PauloCm. Cmara

    CC Cdigo Civil

  • CDC Cdigo de Proteo e Defesa do ConsumidorCDPriv. Cmara de Direito Privado

    CF Constituio FederalCd. Cdigo

    CODJERJ Cdigo de Organizao e Diviso Judicirias do Estado do Rio de JaneiroColet. ColetneaConcl. Concluso

    CP Cdigo PenalCPC Cdigo de Processo CivilCPP Cdigo de Processo PenalDec. Decreto

    Dec. leg. Decreto LegislativoDec.-lei Decreto-lei

    Des. Desembargador, DesembargadoraDJ Dirio da Justia

    DJU Dirio da Justia da UnioDOU Dirio Oficial da UnioECA Estatuto da Criana e do Adolescente

    ED Embargos de Divergnciaed. edioEd. editora

    EDcl Embargos de DeclaraoEI Embargos Infringentes

    em. ementaembs. embargosENTA Encontro Nacional de Tribunais de Alada

    ERESP Embargos de divergncia em recurso especialHC Habeas Corpus

    j. julgadoJTA Julgados dos Tribunais de Alada Civil de So Paulo

    JTACivSP Jurisprudncia do Tribunal de Alada Cvel de So PauloJTJ Julgados do Tribunal de JustiaLA Lei de Alimentos

    LACP Lei da Ao Civil PblicaLArb Lei de ArbitragemLEF Lei de Execues FiscaisLEJ Lei dos Juizados Especiais Cveis

    LI Lei do Inquilinato

  • LINDB Lei de Introduo s Normas do Direito BrasileiroLIP Lei de Investigao de Paternidade

    LMS Lei do Mandado de SeguranaLOMN Lei Orgnica da Magistratura Nacional

    LRP Lei de Registros PblicosLTr Revista Legislao Trabalhista

    Med. Caut. Medida CautelarMed. Prov. Medida Provisria

    MI Mandado de InjunoMin. Ministro, MinistraMP Ministrio PblicoMS Mandado de Segurana

    n. nmeroOAB Ordem dos Advogados do Brasil

    p. pginap. ex. por exemplopriv. privadoRDA Revista de Direito Administrativo

    RE Recurso ExtraordinrioRecdo. RecorridoRecte. Recorrente

    Rel. RelatorRes. Resoluo

    REsp Recurso EspecialRF Revista Forense

    RISTF Regimento Interno do STFRISTJ Regimento Interno do STJ

    RJTAMG Revista de Jurisprudncia do Tribunal de Alada de Minas GeraisRJTJERGS Revista de Jurisprudncia do Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande

    do SulRJTJESP Revista de Jurisprudncia do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo

    RMS Recurso em Mandado de SeguranaROMS Recurso Ordinrio em Mandado de Segurana

    RP Revista de ProcessoRSTJ Revista do Superior Tribunal de Justia

    RT Revista dos TribunaisRTFR Revista do Tribunal Federal de Recursos

  • RTJ Revista Trimestral de JurisprudnciaSFH Sistema Financeiro de HabitaoSIMP Simpsio de Curitiba, realizado em outubro de 1975

    ss. seguintesSTF Supremo Tribunal FederalSTJ Superior Tribunal de Justia

    Supl. suplementoT Turma

    TA Tribunal de AladaTACivSP Tribunal de Alada Civil de So Paulo

    TACSP Tribunal Arbitral da cidade de So PauloTAPR Tribunal de Alada do Paran

    TFR Tribunal Federal de Recursostt. ttulo

    TJMS Tribunal de Justia do Mato Grosso do SulTJMT Tribunal de Justia do Mato GrossoTJRJ Tribunal de Justia do Rio de JaneiroTRF Tribunal Regional Federal

    UF Unio Federalun. unnime

    v. volumeV ENTA 5 Encontro Nacional dos Tribunais de Alada, realizado no Rio de Janeiro em

    novembro de 1981v. g. verbi gratia

    VI ENTA 6 Encontro Nacional dos Tribunais de Alada, realizado em Belo Horizonte emjunho de 1983

    v.u. votao unnime

  • APRESENTAO

    Comentar o novo CPC no foi tarefa simples, mas, confesso, foi prazerosa, por ter me desafiado a pensar nonovo sistema processual, artigo por artigo, antevendo problemas, imaginando solues, com a inteno nica detentar ser til para os operadores do direito que, como eu, se encarregaro de aplicar o novo modelo processual,para que os objetivos predefinidos pelo legislador infraconstitucional saiam do papel, para que o sonho da celeridadeseja alcanado, no de uma forma qualquer, mas com qualidade.

    O legislador fez a sua parte. A aprovao do CPC/2015 foi antecedida de debates, de discusses, dedivergncias, de pessimismo e de otimismo. Neste momento, ps-aprovao, no nos cabe mais afirmar que o CPC bom ou ruim, como se fssemos arquitetos de obra pronta. Diferentemente, o momento de contribuirmos paraque a sua aplicao seja qualificada, oportuna, adequada, e que, aps mais de 40 (quarenta) anos de vigncia doCPC/73 tenhamos de fato um NOVO cdigo, no um cdigo remodelado.

    A doutrina e a jurisprudncia tm sido fundamentais, permitindo que as normas sejam ajustadas, interpretadas emelhoradas, pois nem sempre o que est na lei, da forma como nela se encontra, o melhor que se pode fazer.

    Desejo que as ideias que acompanham cada artigo comentado desta obra sejam refletidas e vistas no deforma absoluta, mas como reflexes bem-intencionadas, afinadas com o desejo da sociedade, de que a nova leiprocessual no seja apenas mais uma, dentre as milhares aprovadas pelo Poder Pblico, mas que seja A LEI. Clara,objetiva, racional e empenhada em distribuir justia, farol que norteia todo e qualquer trabalho legislativo. Oxal queesse ideal seja alcanado.

    O Autor

  • EXPOSIO DE MOTIVOS DO NOVO CPC

    Um sistema processual civil que no proporcione sociedade o reconhecimento e a realizao [1] dos direitos,ameaados ou violados, que tm cada um dos jurisdicionados, no se harmoniza com as garantias constitucionais [2]de um Estado Democrtico de Direito. [3]

    Sendo ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurdico passa a carecer de real efetividade. Defato, as normas de direito material se transformam em pura iluso, sem a garantia de sua correlata realizao, nomundo emprico, por meio do processo. [4]

    No h frmulas mgicas. O Cdigo vigente, de 1973, operou satisfatoriamente durante duas dcadas. A partirdos anos 1990, entretanto, sucessivas reformas, a grande maioria delas lideradas pelos Ministros Athos GusmoCarneiro e Slvio de Figueiredo Teixeira, introduziram no Cdigo revogado significativas alteraes, com o objetivode adaptar as normas processuais a mudanas na sociedade e ao funcionamento das instituies.

    A expressiva maioria dessas alteraes, como, por exemplo, em 1994, a incluso no sistema do instituto daantecipao de tutela; em 1995, a alterao do regime do agravo e, mais recentemente, as leis que alteraram aexecuo, foram bem recebidas pela comunidade jurdica e geraram resultados positivos, no plano da operatividadedo sistema.

    O enfraquecimento da coeso entre as normas processuais foi uma consequncia natural do mtodoconsistente em se inclurem, aos poucos, alteraes no CPC, comprometendo a sua forma sistemtica. Acomplexidade resultante desse processo confunde-se, at certo ponto, com essa desorganizao, comprometendo aceleridade e gerando questes evitveis (= pontos que geram polmica e atraem ateno dos magistrados) quesubtraem indevidamente a ateno do operador do direito.

    Nessa dimenso, a preocupao em se preservar a forma sistemtica das normas processuais, longe de sermeramente acadmica, atende, sobretudo, a uma necessidade de carter pragmtico: obter-se um grau mais intensode funcionalidade.

    Sem prejuzo da manuteno e do aperfeioamento dos institutos introduzidos no sistema pelas reformasocorridas nos anos de 1992 at hoje, criou-se um Cdigo novo, que no significa, todavia, uma ruptura com opassado, mas um passo frente. Assim, alm de conservados os institutos cujos resultados foram positivos,incluram-se no sistema outros tantos que visam a atribuir-lhe alto grau de eficincia.

    H mudanas necessrias, porque reclamadas pela comunidade jurdica, e correspondentes a queixasrecorrentes dos jurisdicionados e dos operadores do Direito, ouvidas em todo pas. Na elaborao deste Anteprojetode Cdigo de Processo Civil, essa foi uma das linhas principais de trabalho: resolver problemas. Deixar de ver oprocesso como teoria descomprometida de sua natureza fundamental de mtodo de resoluo de conflitos, por meiodo qual se realizam valores constitucionais. [5]

    Assim, e por isso, um dos mtodos de trabalho da Comisso foi o de resolver problemas, sobre cuja existnciah praticamente unanimidade na comunidade jurdica. Isso ocorreu, por exemplo, no que diz respeito complexidade

  • do sistema recursal existente na lei revogada. Se o sistema recursal, que havia no Cdigo revogado em sua versooriginria, era consideravelmente mais simples que o anterior, depois das sucessivas reformas pontuais queocorreram, se tornou, inegavelmente, muito mais complexo.

    No se deixou de lado, claro, a necessidade de se construir um Cdigo coerente e harmnico internacorporis, mas no se cultivou a obsesso em elaborar uma obra magistral, esttica e tecnicamente perfeita, emdetrimento de sua funcionalidade.

    De fato, essa uma preocupao presente, mas que j no ocupa o primeiro lugar na postura intelectual doprocessualista contemporneo. A coerncia substancial h de ser vista como objetivo fundamental, todavia, emantida em termos absolutos, no que tange Constituio Federal da Repblica. Afinal, na lei ordinria e emoutras normas de escalo inferior que se explicita a promessa de realizao dos valores encampados pelos princpiosconstitucionais.

    O novo Cdigo de Processo Civil tem o potencial de gerar um processo mais clere, mais justo, [6] porque maisrente s necessidades sociais [7] e muito menos complexo. [8]

    A simplificao do sistema, alm de proporcionar-lhe coeso mais visvel, permite ao juiz centrar sua ateno,de modo mais intenso, no mrito da causa.

    Com evidente reduo da complexidade inerente ao processo de criao de um novo Cdigo de Processo Civil,poder-se-ia dizer que os trabalhos da Comisso se orientaram precipuamente por cinco objetivos: 1) estabelecerexpressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituio Federal; 2) criar condies para que o juizpossa proferir deciso de forma mais rente realidade ftica subjacente causa; 3) simplificar, resolvendoproblemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, por exemplo, o recursal; 4) dar todo o rendimentopossvel a cada processo em si mesmo considerado; e, 5) finalmente, sendo talvez este ltimo objetivo parcialmentealcanado pela realizao daqueles mencionados antes, imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe,assim, mais coeso. Esta Exposio de Motivos obedece ordem dos objetivos acima alistados.

    1) A necessidade de que fique evidente a harmonia da lei ordinria em relao Constituio Federal daRepblica [9] fez com que se inclussem no Cdigo, expressamente, princpios constitucionais, na sua versoprocessual.

    Por outro lado, muitas regras foram concebidas, dando concreo a princpios constitucionais, como, porexemplo, as que preveem um procedimento, com contraditrio e produo de provas, prvio deciso quedesconsidera da pessoa jurdica, em sua verso tradicional, ou s avessas [10].

    Est expressamente formulada a regra no sentido de que o fato de o juiz estar diante de matria de ordempblica no dispensa a obedincia ao princpio do contraditrio.

    Como regra, o depsito da quantia relativa s multas, cuja funo processual seja levar ao cumprimento daobrigao in natura, ou da ordem judicial, deve ser feito logo que estas incidem.

    No podem, todavia, ser levantadas, a no ser quando haja trnsito em julgado ou quando esteja pendenteagravo de deciso denegatria de seguimento a recurso especial ou extraordinrio.

    Trata-se de uma forma de tornar o processo mais eficiente e efetivo, o que significa, indubitavelmente,aproxim-lo da Constituio Federal, em cujas entrelinhas se l que o processo deve assegurar o cumprimento da leimaterial.

    Prestigiando o princpio constitucional da publicidade das decises, previu-se a regra inafastvel de que data

  • de julgamento de todo recurso deve-se dar publicidade (= todos os recursos devem constar em pauta), para que aspartes tenham oportunidade de tomar providncias que entendam necessrias ou, pura e simplesmente, possamassistir ao julgamento.

    Levou-se em conta o princpio da razovel durao do processo. [11] Afinal, a ausncia de celeridade, sobcerto ngulo, [12] ausncia de justia. A simplificao do sistema recursal, de que trataremos separadamente, levaa um processo mais gil.

    Criou-se o incidente de julgamento conjunto de demandas repetitivas, a que adiante se far referncia. Porenquanto, oportuno ressaltar que levam a um processo mais clere as medidas cujo objetivo seja o julgamentoconjunto de demandas que gravitam em torno da mesma questo de direito, por dois ngulos: a) o relativo quelesprocessos, em si mesmos considerados, que sero decididos conjuntamente; b) no que concerne atenuao doexcesso de carga de trabalho do Poder Judicirio j que o tempo usado para decidir aqueles processos poder sermais eficazmente aproveitado em todos os outros, em cujo trmite sero evidentemente menores os ditos temposmortos (= perodos em que nada acontece no processo).

    Por outro lado, haver, indefinidamente, posicionamentos diferentes e incompatveis, nos Tribunais, a respeito damesma norma jurdica, leva a que jurisdicionados que estejam em situaes idnticas tenham de submeter-se aregras de conduta diferentes, ditadas por decises judiciais emanadas de tribunais diversos.

    Esse fenmeno fragmenta o sistema, gera intranquilidade e, por vezes, verdadeira perplexidade na sociedade.Prestigiou-se, seguindo-se direo j abertamente seguida pelo ordenamento jurdico brasileiro, expressado nacriao da Smula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) e do regime de julgamento conjunto de recursosespeciais e extraordinrios repetitivos (que foi mantido e aperfeioado), tendncia a criar estmulos para que ajurisprudncia se uniformize, luz do que venham a decidir tribunais superiores e at de segundo grau, e seestabilize.

    Essa a funo e a razo de ser dos tribunais superiores: proferir decises que moldem o ordenamento jurdico,objetivamente considerado. A funo paradigmtica que devem desempenhar inerente ao sistema.

    Por isso que esses princpios foram expressamente formulados. Veja-se, por exemplo, o que diz o novoCdigo, no Livro IV: A jurisprudncia do STF e dos Tribunais Superiores deve nortear as decises de todos osTribunais e Juzos singulares do pas, de modo a concretizar plenamente os princpios da legalidade e da isonomia.

    Evidentemente, porm, para que tenha eficcia a recomendao no sentido de que seja a jurisprudncia do STFe dos Tribunais superiores, efetivamente, norte para os demais rgos integrantes do Poder Judicirio, necessrioque aqueles Tribunais mantenham jurisprudncia razoavelmente estvel.

    A segurana jurdica fica comprometida com a brusca e integral alterao do entendimento dos tribunais sobrequestes de direito. [13]

    Encampou-se, por isso, expressamente princpio no sentido de que, uma vez firmada jurisprudncia em certosentido, esta deve, como norma, ser mantida, salvo se houver relevantes razes recomendando sua alterao.

    Trata-se, na verdade, de um outro vis do princpio da segurana jurdica,[14] que recomendaria que ajurisprudncia, uma vez pacificada ou sumulada, tendesse a ser mais estvel. [15]

    De fato, a alterao do entendimento a respeito de uma tese jurdica ou do sentido de um texto de lei pode levarao legtimo desejo de que as situaes anteriormente decididas, com base no entendimento superado, sejamredecididas luz da nova compreenso. Isto porque a alterao da jurisprudncia, diferentemente da alterao dalei, produz efeitos equivalentes aos ex tunc. Desde que, claro, no haja regra em sentido inverso.

  • Diz, expressa e explicitamente, o novo Cdigo que: A mudana de entendimento sedimentado observar anecessidade de fundamentao adequada e especfica, considerando o imperativo de estabilidade das relaesjurdicas.

    E ainda, com o objetivo de prestigiar a segurana jurdica, formulou-se o seguinte princpio: Na hiptese dealterao da jurisprudncia dominante do STF e dos Tribunais superiores, ou oriunda de julgamentos de casosrepetitivos, pode haver modulao dos efeitos da alterao no interesse social e no da segurana jurdica. (grifosnossos).

    Esse princpio tem relevantes consequncias prticas, como, por exemplo, a no rescindibilidade de sentenastransitadas em julgado baseadas na orientao abandonada pelo Tribunal. Tambm em nome da segurana jurdica,reduziu-se para um ano, como regra geral, o prazo decadencial dentro do qual pode ser proposta a ao rescisria.

    Mas talvez as alteraes mais expressivas do sistema processual, ligadas ao objetivo de harmoniz-lo com oesprito da Constituio Federal, sejam as que dizem respeito a regras que induzem uniformidade e estabilidadeda jurisprudncia.

    O novo Cdigo prestigia o princpio da segurana jurdica, obviamente de ndole constitucional, pois que sehospeda nas dobras do Estado Democrtico de Direito e visa a proteger e a preservar as justas expectativas daspessoas.

    Todas as normas jurdicas devem tender a dar efetividade s garantias constitucionais, tornando segura avida dos jurisdicionados, de modo a que estes sejam poupados de surpresas, podendo sempre prever, em alto grau,as consequncias jurdicas de sua conduta.

    Se, por um lado, o princpio do livre convencimento motivado garantia de julgamentos independentes e justos,e neste sentido mereceu ser prestigiado pelo novo Cdigo, por outro, compreendido em seu mais estendido alcance,acaba por conduzir a distores do princpio da legalidade e prpria ideia, antes mencionada, de EstadoDemocrtico de Direito. A disperso excessiva da jurisprudncia produz intranquilidade social e descrdito do PoderJudicirio.

    Se todos tm que agir em conformidade com a lei, ter-se-ia, ipso facto, respeitada a isonomia. Essa relao decausalidade, todavia, fica comprometida como decorrncia do desvirtuamento da liberdade que tem o juiz de decidircom base em seu entendimento sobre o sentido real da norma.

    A tendncia diminuio [16] do nmero [17] de recursos que devem ser apreciados pelos Tribunais desegundo grau e superiores resultado inexorvel da jurisprudncia mais uniforme e estvel.

    Proporcionar legislativamente melhores condies para operacionalizar formas de uniformizao doentendimento dos Tribunais brasileiros acerca de teses jurdicas concretizar, na vida da sociedade brasileira, oprincpio constitucional da isonomia.

    Criaram-se figuras, no novo CPC, para evitar a disperso [18] excessiva da jurisprudncia. Com isso, havercondies de se atenuar o assoberbamento de trabalho no Poder Judicirio, sem comprometer a qualidade daprestao jurisdicional.

    Dentre esses instrumentos, est a complementao e o reforo da eficincia do regime de julgamento derecursos repetitivos, que agora abrange a possibilidade de suspenso do procedimento das demais aes, tanto nojuzo de primeiro grau, quanto dos demais recursos extraordinrios ou especiais, que estejam tramitando nos tribunaissuperiores, aguardando julgamento, desatreladamente dos afetados.

  • Com os mesmos objetivos, criou-se, com inspirao no direito alemo, [19] o j referido incidente de Resoluode Demandas Repetitivas, que consiste na identificao de processos que contenham a mesma questo de direito,que estejam ainda no primeiro grau de jurisdio, para deciso conjunta. [20]

    O incidente de resoluo de demandas repetitivas admissvel quando identificada, em primeiro grau,controvrsia com potencial de gerar multiplicao expressiva de demandas e o correlato risco da coexistncia dedecises conflitantes.

    instaurado perante o Tribunal local, por iniciativa do juiz, do MP, das partes, da Defensoria Pblica ou peloprprio Relator. O juzo de admissibilidade e de mrito cabero ao tribunal pleno ou ao rgo especial, onde houver,e a extenso da eficcia da deciso acerca da tese jurdica limita-se rea de competncia territorial do tribunal,salvo deciso em contrrio do STF ou dos Tribunais superiores, pleiteada pelas partes, interessados, MP ouDefensoria Pblica. H a possibilidade de interveno de amici curiae.

    O incidente deve ser julgado no prazo de seis meses, tendo preferncia sobre os demais feitos, salvo os queenvolvam ru preso ou pedido de habeas corpus.

    O recurso especial e o recurso extraordinrio, eventualmente interpostos da deciso do incidente, tm efeitosuspensivo e se considera presumida a repercusso geral, de questo constitucional eventualmente discutida.

    Enfim, no observada a tese firmada, caber reclamao ao tribunal competente.As hipteses de cabimento dos embargos de divergncia agora se baseiam exclusivamente na existncia de

    teses contrapostas, no importando o veculo que as tenha levado ao Supremo Tribunal Federal ou ao SuperiorTribunal de Justia. Assim, so possveis de confronto teses contidas em recursos e aes, sejam as decises demrito ou relativas ao juzo de admissibilidade.

    Est-se, aqui, diante de poderoso instrumento, agora tornado ainda mais eficiente, cuja finalidade a deuniformizar a jurisprudncia dos Tribunais superiores, interna corporis.

    Sem que a jurisprudncia desses Tribunais esteja internamente uniformizada, posto abaixo o edifcio cuja base o respeito aos precedentes dos Tribunais superiores.

    2) Pretendeu-se converter o processo em instrumento includo no contexto social em que produzir efeito o seuresultado. Deu-se nfase possibilidade de as partes porem fim ao conflito pela via da mediao ou da conciliao.[21] Entendeu-se que a satisfao efetiva das partes pode dar-se de modo mais intenso se a soluo por elascriada e no imposta pelo juiz.

    Como regra, deve realizar-se audincia em que, ainda antes de ser apresentada contestao, se tentar fazercom que autor e ru cheguem a acordo. Dessa audincia, podero participar conciliador e mediador e o ru devecomparecer, sob pena de se qualificar sua ausncia injustificada como ato atentatrio dignidade da justia. No sechegando a acordo, ter incio o prazo para a contestao.

    Por outro lado, e ainda levando em conta a qualidade da satisfao das partes com a soluo dada ao litgio,previu-se a possibilidade da presena do amicus curiae, cuja manifestao, com certeza tem aptido deproporcionar ao juiz condies de proferir deciso mais prxima s reais necessidades das partes e mais rente realidade do pas. [22]

    Criou-se regra no sentido de que a interveno pode ser pleiteada pelo amicus curiae ou solicitada de ofcio,como decorrncia das peculiaridades da causa, em todos os graus de jurisdio.

    Entendeu-se que os requisitos que impem a manifestao do amicus curiae no processo, se existem, estaro

  • presentes desde o primeiro grau de jurisdio, no se justificando que a possibilidade de sua interveno ocorra snos Tribunais Superiores. Evidentemente, todas as decises devem ter a qualidade que possa proporcionar apresena do amicus curiae, no s a ltima delas.

    Com objetivo semelhante, permite-se no novo CPC que os Tribunais Superiores apreciem o mrito de algunsrecursos que veiculam questes relevantes, cuja soluo necessria para o aprimoramento do Direito, ainda queno estejam preenchidos requisitos de admissibilidade considerados menos importantes. Trata-se de regra afeioada processualstica contempornea, que privilegia o contedo em detrimento da forma, em consonncia com oprincpio da instrumentalidade.

    3) Com a finalidade de simplificao, criou-se, [23] v.g., a possibilidade de o ru formular pedidoindependentemente do expediente formal da reconveno, que desapareceu.

    Extinguiram-se muitos incidentes: passa a ser matria alegvel em preliminar de contestao a incorreo dovalor da causa e a indevida concesso do benefcio da justia gratuita, bem como as duas espcies deincompetncia. No h mais a ao declaratria incidental nem a ao declaratria incidental de falsidade dedocumento, bem como o incidente de exibio de documentos.

    As formas de interveno de terceiro foram modificadas e parcialmente fundidas: criou-se um s instituto, queabrange as hipteses de denunciao da lide e de chamamento ao processo. Deve ser utilizado quando o chamadopuder ser ru em ao regressiva; quando um dos devedores solidrios saldar a dvida, aos demais; quando houverobrigao, por lei ou por contrato, de reparar ou garantir a reparao de dano, quele que tem essa obrigao. Asentena dir se ter havido a hiptese de ao regressiva, ou decidir quanto obrigao comum. Muitos [24]procedimentos especiais [25] foram extintos.

    Foram mantidos a ao de consignao em pagamento, a ao de prestao de contas, a ao de diviso edemarcao de terras particulares, inventrio e partilha, embargos de terceiro, habilitao, restaurao de autos,homologao de penhor legal e aes possessrias.

    Extinguiram-se tambm as aes cautelares nominadas. Adotou-se a regra no sentido de que basta parte ademonstrao do fumus boni iuris e do perigo de ineficcia da prestao jurisdicional para que a providnciapleiteada deva ser deferida. Disciplina-se tambm a tutela sumria que visa a proteger o direito evidente,independentemente de periculum in mora.

    O Novo CPC agora deixa clara a possibilidade de concesso de tutela de urgncia e de tutela evidncia.Considerou-se conveniente esclarecer de forma expressa que a resposta do Poder Judicirio deve ser rpida no sem situaes em que a urgncia decorre do risco de eficcia do processo e do eventual perecimento do prpriodireito.

    Tambm em hipteses em que as alegaes da parte se revelam de juridicidade ostensiva deve a tutela serantecipadamente (total ou parcialmente) concedida, independentemente de periculum in mora, por no haver razorelevante para a espera, at porque, via de regra, a demora do processo gera agravamento do dano.

    Ambas essas espcies de tutela vm disciplinadas na Parte Geral, tendo tambm desaparecido o livro dasAes Cautelares. A tutela de urgncia e da evidncia podem ser requeridas antes ou no curso do procedimento emque se pleiteia a providncia principal.

    No tendo havido resistncia liminar concedida, o juiz, depois da efetivao da medida, extinguir o processo,conservando-se a eficcia da medida concedida, sem que a situao fique protegida pela coisa julgada.

    Impugnada a medida, o pedido principal deve ser apresentado nos mesmos autos em que tiver sido formulado o

  • pedido de urgncia. As opes procedimentais acima descritas exemplificam sobremaneira a concesso da tutelacautelar ou antecipatria, do ponto de vista procedimental.

    Alm de a incompetncia absoluta e relativa poderem ser levantadas pelo ru em preliminar de contestao, oque tambm significa uma maior simplificao do sistema, a incompetncia absoluta no , no Novo CPC, hiptesede cabimento de ao rescisria.

    Cria-se a faculdade de o advogado promover, pelo correio, a intimao do advogado da outra parte. Tambmas testemunhas devem comparecer espontaneamente, sendo excepcionalmente intimadas por carta com aviso derecebimento.

    A extino do procedimento especial ao de usucapio levou criao do procedimento edital, como formade comunicao dos atos processuais, por meio do qual, em aes deste tipo, devem-se provocar todos osinteressados a intervir, se houver interesse.

    O prazo para todos os recursos, com exceo dos embargos de declarao, foi uniformizado: quinze dias.O recurso de apelao continua sendo interposto no 10 grau de jurisdio, tendo-lhe sido, todavia, retirado o

    juzo de admissibilidade, que exercido apenas no 20 grau de jurisdio. Com isso, suprime-se um novo focodesnecessrio de recorribilidade.

    Na execuo, eliminou-se a distino entre praa e leilo, assim como a necessidade de duas hastas pblicas.Desde a primeira, pode o bem ser alienado por valor inferior ao da avaliao, desde que no se trate de preo vil.

    Foram extintos os embargos arrematao, tornando-se a ao anulatria o nico meio de que o interessadopode valer-se para impugn-la.

    Bastante simplificado foi o sistema recursal. Essa simplificao, todavia, em momento algum significourestrio ao direito de defesa. Em vez disso deu, de acordo com o objetivo tratado no item seguinte, maiorrendimento a cada processo individualmente considerado.

    Desapareceu o agravo retido, tendo, correlatamente, alterando-se o regime das precluses. [26] Todas asdecises anteriores sentena podem ser impugnadas na apelao. Ressalte-se que, na verdade, o que semodificou, nesse particular, foi exclusivamente o momento da impugnao, pois essas decises, de que se recorria,no sistema anterior, por meio de agravo retido, s eram mesmo alteradas ou mantidas quando o agravo era julgado,como preliminar de apelao. Com o novo regime, o momento de julgamento ser o mesmo; no o da impugnao.

    O agravo de instrumento ficou mantido para as hipteses de concesso, ou no, de tutela de urgncia; para asinterlocutrias de mrito, para as interlocutrias proferidas na execuo (e no cumprimento de sentena) e paratodos os demais casos a respeito dos quais houver previso legal expressa.

    Previu-se a sustentao oral em agravo de instrumento de deciso de mrito, procurando-se, com isso, alcanarresultado do processo mais rente realidade dos fatos.

    Uma das grandes alteraes havidas no sistema recursal foi a supresso dos embargos infringentes. [27] Hmuito, doutrina da melhor qualidade vem propugnando pela necessidade de que sejam extintos [28]. Emcontrapartida a essa extino, o relator ter o dever de declarar o voto vencido, sendo este considerado como parteintegrante do acrdo, inclusive para fins de prequestionamento.

    Significativas foram as alteraes, no que tange aos recursos para o STJ e para o STF. O Novo Cdigo contmregra expressa, que leva ao aproveitamento do processo, de forma plena, devendo ser decididas todas as razes quepodem levar ao provimento ou ao improvimento do recurso.

  • Sendo, por exemplo, o recurso extraordinrio provido para acolher uma causa de pedir, ou a) examinam-setodas as outras, ou b) remetem-se os autos para o Tribunal de segundo grau, para que decida as demais, ou c)remetem-se os autos para o primeiro grau, caso haja necessidade de produo de provas, para a deciso dasdemais; e, pode-se tambm, d) remeter os autos ao STJ, caso as causas de pedir restantes constituam-se emquestes de direito federal.

    Com os mesmos objetivos, consistentes em simplificar o processo, dando-lhe, simultaneamente, o maiorrendimento possvel, criou-se a regra de que no h mais extino do processo, por deciso de inadmisso derecurso, caso o tribunal destinatrio entenda que a competncia seria de outro tribunal. H, isto sim, em todas asinstncias, inclusive no plano de STJ e STF, a remessa dos autos ao tribunal competente.

    H dispositivo expresso determinando que, se os embargos de declarao so interpostos com o objetivo deprequestionar a matria objeto do recurso principal, e no so admitidos, considera-se o prequestionamento comohavido, salvo, claro, se se tratar de recurso que pretenda a incluso, no acrdo, da descrio de fatos.

    V-se, pois, que as alteraes do sistema recursal a que se est, aqui, aludindo, proporcionaram simplificao elevaram a efeito um outro objetivo, de que abaixo se tratar: obter-se o maior rendimento possvel de cada processo.

    4) O novo sistema permite que cada processo tenha maior rendimento possvel. Assim, e por isso, estendeu-sea autoridade da coisa julgada s questes prejudiciais.

    Com o objetivo de se dar maior rendimento a cada processo, individualmente considerado, e, atendendo acrticas tradicionais da doutrina, [29] deixou, a possibilidade jurdica do pedido, de ser condio da ao. A sentenaque, luz da lei revogada seria de carncia da ao, luz do Novo CPC de improcedncia e resolvedefinitivamente a controvrsia.

    Criaram-se mecanismos para que, sendo a ao proposta com base em vrias causas de pedir e sendo s umalevada em conta na deciso do 1 e do 2 grau, repetindo-se as decises de procedncia, caso o tribunal superiorinverta a situao, retorne o processo ao 2 grau, para que as demais sejam apreciadas, at que, afinal, sejam todasdecididas e seja, efetivamente, posto fim controvrsia.

    O mesmo ocorre se se tratar de ao julgada improcedente em 1 e em 2 grau, como resultado de acolhimentode uma razo de defesa, quando haja mais de uma.

    Tambm visando a essa finalidade, o novo Cdigo de Processo Civil criou, inspirado no sistema italiano [30] efrancs [31], a estabilizao de tutela, a que j se referiu no item anterior, que permite a manuteno da eficcia damedida de urgncia, ou antecipatria de tutela, at que seja eventualmente impugnada pela parte contrria.

    As partes podem, at a sentena, modificar pedido e causa de pedir, desde que no haja ofensa aocontraditrio. De cada processo, por esse mtodo, se obtm tudo o que seja possvel.

    Na mesma linha, tem o juiz o poder de adaptar o procedimento s peculiaridades da causa. [32]Com a mesma finalidade, criou-se a regra, a que j se referiu, no sentido de que, entendendo o Superior

    Tribunal de Justia que a questo veiculada no recurso especial seja constitucional, deve remeter o recurso doSupremo Tribunal Federal; do mesmo modo, deve o Supremo Tribunal Federal remeter o recurso ao SuperiorTribunal de Justia, se considerar que no se trata de ofensa direta Constituio Federal, por deciso irrecorrvel.

    5) A Comisso trabalhou sempre tendo como pano de fundo um objetivo genrico, que foi de imprimirorganicidade s regras do processo civil brasileiro, dando maior coeso ao sistema.

    O Novo CPC conta, agora, com uma Parte Geral, [33] atendendo s crticas de parte pondervel da doutrina

  • brasileira. Neste Livro I, so mencionados princpios constitucionais de especial importncia para todo o processocivil, bem como regras gerais, que dizem respeito a todos os demais Livros. A Parte Geral desempenha o papel dechamar para si a soluo de questes difceis relativas s demais partes do Cdigo, j que contm regras e princpiosgerais a respeito do funcionamento do sistema.

    O contedo da Parte Geral (Livro I) consiste no seguinte: princpios e garantias fundamentais do processo civil;aplicabilidade das normas processuais; limites da jurisdio brasileira; competncia interna; normas de cooperaointernacional e nacional; partes; litisconsrcio; procuradores; juiz e auxiliares da justia; Ministrio Pblico; atosprocessuais; provas; tutela de urgncia e tutela da evidncia; formao, suspenso e extino do processo. O LivroII, diz respeito ao processo de conhecimento, incluindo cumprimento de sentena e procedimentos especiais,contenciosos ou no. O Livro III trata do processo de execuo e o Livro IV disciplina os processos nos Tribunais eos meios de impugnao das decises judiciais. Por fim, h as disposies finais e transitrias.

    O objetivo de organizar internamente as regras e harmoniz-las entre si foi o que inspirou, por exemplo, areunio das hipteses em que os Tribunais ou juzes podem voltar atrs, mesmo depois de terem proferido deciso demrito: havendo embargos de declarao, erro material, sendo proferida deciso pelo STF ou pelo STJ com base nosartigos 543-B e 543-C do Cdigo anterior.

    Organizaram-se em dois dispositivos as causas que levam extino do processo, por indeferimento da inicial,sem ou com julgamento de mrito, incluindo-se neste grupo o que constava do art. 285-A do Cdigo anterior.

    Unificou-se o critrio relativo ao fenmeno que gera a preveno: o despacho que ordena a citao. A ao,por seu turno, considera-se proposta assim que protocolada a inicial.

    Tendo desaparecido o Livro do Processo Cautelar e as cautelares em espcie, acabaram sobrando medidasque, em consonncia com parte expressiva da doutrina brasileira, embora estivessem formalmente inseridas no LivroIII, de cautelares, nada tinham. Foram, ento, realocadas, junto aos procedimentos especiais.

    Criou-se um livro novo, a que j se fez meno, para os processos nos Tribunais, que abrange os meios deimpugnao s decises judiciais recursos e aes impugnativas autnomas e institutos como, por exemplo, ahomologao de sentena estrangeira.

    Tambm com o objetivo de desfazer ns do sistema, deixaram-se claras as hipteses de cabimento de aorescisria e de ao anulatria, eliminando-se dvidas, com solues como, por exemplo, a de deixar sentenashomologatrias como categoria de pronunciamento impugnvel pela ao anulatria, ainda que se trate de deciso demrito, isto , que homologa transao, reconhecimento jurdico do pedido ou renncia pretenso.

    Com clareza e com base em doutrina autorizada, [34] disciplinou-se o litisconsrcio, separando-se, com anitidez possvel, o necessrio do unitrio.

    Inverteram-se os termos sucesso e substituio, acolhendo-se crtica antiga e correta da doutrina. [35]Nos momentos adequados, utilizou-se a expresso conveno de arbitragem, que abrange a clusula arbitral e o

    compromisso arbitral, imprimindo-se, assim, o mesmo regime jurdico a ambos os fenmenos. [36]Em concluso, como se frisou no incio desta exposio de motivos, elaborar-se um Cdigo novo no significa

    deitar abaixo as instituies do Cdigo vigente, substituindo-as por outras, inteiramente novas. [37]Nas alteraes das leis, com exceo daquelas feitas imediatamente aps perodos histricos que se pretendem

    deixar definitivamente para trs, no se deve fazer tabula rasa das conquistas alcanadas. Razo alguma h paraque no se conserve ou aproveite o que h de bom no sistema que se pretende reformar.

  • Assim procedeu a Comisso de Juristas que reformou o sistema processual: criou saudvel equilbrio entreconservao e inovao, sem que tenha havido drstica ruptura com o presente ou com o passado.

    Foram criados institutos inspirados no direito estrangeiro, como se mencionou ao longo desta Exposio deMotivos, j que, a poca em que vivemos de interpenetrao das civilizaes. O Novo CPC fruto de reflexesda Comisso que o elaborou, que culminaram em escolhas racionais de caminhos considerados adequados, luz doscinco critrios acima referidos, obteno de uma sentena que resolva o conflito, com respeito aos direitosfundamentais e no menor tempo possvel, realizando o interesse pblico da atuao da lei material.

    Em suma, para a elaborao do Novo CPC, identificaram-se os avanos incorporados ao sistema processualpreexistente, que deveriam ser conservados.

    Estes foram organizados e se deram alguns passos frente, para deixar expressa a adequao das novasregras Constituio Federal da Repblica, com um sistema mais coeso, mais gil e capaz de gerar um processocivil mais clere e mais justo.

    A Comisso

    [1] Essencial que se faa meno a efetiva satisfao, pois, a partir da dita terceira fase metodolgica dodireito processual civil, o processo passou a ser visto como instrumento, que deve ser idneo para o reconhecimentoe a adequada concretizao de direitos.

    [2] Isto , aquelas que regem, eminentemente, as relaes das partes entre si, entre elas e o juiz e, tambm,entre elas e terceiros, de que so exemplos a imparcialidade do juiz, o contraditrio, a demanda, como ensinamCAPPELLETTI e VIGORITI (I diritti costituzionali delle parti nel processo civile italiano. Rivista di dirittoprocessuale, II serie, v. 26, p. 604-650, Padova, Cedam, 1971, p. 605).

    [3] Os princpios e garantias processuais inseridos no ordenamento constitucional, por conta desse movimentode constitucionalizao do processo, no se limitam, no dizer de LUIGI PAOLO COMOGLIO, a reforar doexterior uma mera reserva legislativa para a regulamentao desse mtodo [em referncia ao processo comomtodo institucional de resoluo de conflitos sociais], mas impem a esse ltimo, e sua disciplina, algumascondies mnimas de legalidade e retido, cuja eficcia potencialmente operante em qualquer fase (ou momentonevrlgico) do processo (Giurisdizione e processo nel quadro delle garanzie costituzionali: studi in onore diLuigi Montesano, v. II, p. 87-127, Padova, Cedam, 1997, p. 92).

    [4] o que explica, com a clareza que lhe peculiar, BARBOSA MOREIRA: Querer que o processo sejaefetivo querer que desempenhe com eficincia o papel que lhe compete na economia do ordenamento jurdico.Visto que esse papel instrumental em relao ao direito substantivo, tambm se costuma falar da instrumentalidadedo processo. Uma noo conecta-se com a outra e por assim dizer a implica. Qualquer instrumento ser bom namedida em que sirva de modo prestimoso consecuo dos fins da obra a que se ordena; em outras palavras, namedida em que seja efetivo. Vale dizer: ser efetivo o processo que constitua instrumento eficiente de realizao dodireito material (Por um processo socialmente efetivo. Revista de Processo, So Paulo, v. 27, n 105, p. 183-190,p. 181, jan./mar. 2002).

    [5] SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, em texto emblemtico sobre a nova ordem trazida pelaConstituio Federal de 1988, disse, acertadamente, que, apesar de suas vicissitudes, nenhum texto constitucionalvalorizou tanto a Justia, tomada aqui a palavra no no seu conceito clssico de vontade constante e perptua de

  • dar a cada um o que seu, mas como conjunto de instituies voltadas para a realizao da paz social (Oaprimoramento do processo civil como garantia da cidadania. In: FIGUEIREDO TEIXEIRA, Slvio. As garantiasdo cidado na Justia, So Paulo: Saraiva, 1993. p. 79-92, p. 80).

    [6] Atentando para a advertncia, acertada, de que o processo, alm de produzir um resultado justo, precisa serjusto em si mesmo, e portanto, na sua realizao, devem ser observados aqueles standards previstos naConstituio Federal, que constituem desdobramento da garantia do due process of law (DINAMARCO, Cndido.Instituies de direito processual civil. 6. ed. So Paulo: Malheiros, 2009, v. 1).

    [7] Lembrando, com BARBOSA MOREIRA, que no se promove uma sociedade mais justa, ao menosprimariamente, por obra do aparelho judicial. todo o edifcio, desde as fundaes, que para tanto precisa ser revistoe reformado. Pelo prisma jurdico, a tarefa bsica inscreve-se no plano do direito material (Por um processosocialmente efetivo, p. 181).

    [8] Trata-se, portanto, de mais um passo decisivo para afastar os obstculos para o acesso Justia, a quecomumente se alude, isto , a durao do processo, seu alto custo e a excessiva formalidade.

    [9] Hoje, costuma-se dizer que o processo civil constitucionalizou-se. Fala-se em modelo constitucional doprocesso, expresso inspirada na obra de Italo Andolina e Giuseppe Vignera, II modello costituzionale delprocesso civile italiano: corso di lezioni (Turim: Giapicchelli, 1990). O processo h de ser examinado, estudado ecompreendido luz da Constituio e de forma a dar o maior rendimento possvel aos seus princpios fundamentais.

    [10] O Novo CPC prev expressamente que, antecedida de contraditrio e produo de provas, haja decisosobre a desconsiderao da pessoa jurdica, com o redirecionamento da ao, na dimenso de sua patrimonialidade,e tambm sobre a considerao dita inversa, nos casos em que se abusa da sociedade, para us-la indevidamentecom o fito de camuflar o patrimnio pessoal do scio. Essa alterao est de acordo com o pensamento que, entrens, ganhou projeo mpar na obra de J. LAMARTINE CORRA DE OLIVEIRA. Com efeito, h trs dcadas, obrilhante civilista j advertia ser essencial o predomnio da realidade sobre a aparncia, quando em verdade [] umaoutra pessoa que est a agir, utilizando a pessoa jurdica como escudo, e se essa utilizao da pessoa jurdica, forade sua funo, que est tornando possvel o resultado contrrio lei, ao contrato, ou s coordenadas axiolgicas (Adupla crise da pessoa jurdica. So Paulo: Saraiva, 1979, p. 613).

    [11] Que, antes de ser expressamente incorporado Constituio Federal em vigor (art. 50, inciso LXXVIII),j havia sido contemplado em outros instrumentos normativos estrangeiros (veja-se, por exemplo, o art. 111, daConstituio da Itlia) e convenes internacionais (Conveno Europeia e Pacto de San Jose da Costa Rica).Trata-se, portanto, de tendncia mundial.

    [12] Afinal, a celeridade no um valor que deva ser perseguido a qualquer custo. Para muita gente, namatria, a rapidez constitui o valor por excelncia, qui o nico. Seria fcil invocar aqui um rol de citaes deautores famosos, apostados em estigmatizar a morosidade processual. No deixam de ter razo, sem que issoimplique nem mesmo, quero crer, no pensamento desses prprios autores hierarquizao rgida que noreconhea como imprescindvel, aqui e ali, ceder o passo a outros valores. Se uma justia lenta demais decertouma justia m, da no se segue que uma justia muito rpida seja necessariamente uma justia boa. O que todosdevemos querer que a prestao jurisdicional venha ser melhor do que . Se para torn-la melhor precisoaceler-la, muito bem: no, contudo, a qualquer preo. (BARBOSA MOREIRA, Jos Carlos. O futuro da justia:alguns mitos. Revista de Processo, v. 102, p. 228-237, p. 232, abr.-jun. 2001).

    [13] Os ingleses dizem que os jurisdicionados no podem ser tratados como ces, que s descobrem que algo

  • proibido quando o basto toca seus focinhos (BENTHAM citado por R. C. CAENEGEM. Judges, legislatorsand professors, p. 161).

    [14] O homem necessita de segurana para conduzir, planificar e conformar autnoma e responsavelmente asua vida. Por isso, desde cedo se consideravam os princpios da segurana jurdica e da proteo confiana comoelementos constitutivos do Estado de Direito. Esses dois princpios segurana jurdica e proteo da confiana andam estreitamente associados, a ponto de alguns autores considerarem o princpio da confiana como umsubprincpio ou como uma dimenso especfica da segurana jurdica. Em geral, considera-se que a seguranajurdica est conexionada com elementos objetivos da ordem jurdica garantia de estabilidade jurdica, segurana deorientao e realizao do direito enquanto a proteo da confiana se prende mais com os componentessubjetivos da segurana, designadamente a calculabilidade e previsibilidade dos indivduos em relao aos efeitos dosactos. (CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituio. Coimbra:Almedina, 2000, p. 256).

    [15] Os alemes usam a expresso princpio da proteo, acima referida por Canotilho. (ALEXY, Robert;DREIER, Ralf, Precedent in the Federal Republic of Germany. In: McCORMICK, Neil; SUMMERS, Patrick(Coord.). Interpreting precedents, a comparative study. Dartmouth Publishing Company, p. 19).

    [16] Comentando os principais vetores da reforma sofrida no processo civil alemo na ltima dcada,BARBOSA MOREIRA alude ao problema causado pelo excesso de recursos no processo civil: Pr na primeirainstncia o centro de gravidade do processo diretriz poltica muito prestigiada em tempos modernos, e numerosasiniciativas reformadoras levam-na em conta. A rigor, o ideal seria que os litgios fossem resolvidos em termos finaismediante um nico julgamento. Razes conhecidas induzem as leis processuais a abrirem a porta a reexames. Amultiplicao desmedida dos meios tendentes a propici-los, entretanto, acarreta o prolongamento indesejvel dofeito, aumenta-lhe o custo, favorece a chicana e, em muitos casos, gera para os tribunais superiores excessiva cargade trabalho. Convm, pois, envidar esforos para que as partes se deem por satisfeitas com a sentena e seabstenham de impugn-la. (Breve notcia sobre a reforma do processo civil alemo. Revista de Processo, SoPaulo, v. 28, n 111, p. 103-112, p. 105, jul./set. 2003).

    [17] O nmero de recursos previstos na legislao processual civil objeto de reflexo e crtica, h muitosanos, na doutrina brasileira. EGAS MONIZ DE ARAGO, por exemplo, em emblemtico trabalho sobre o tema, jindagou de forma contundente: h demasiados recursos no ordenamento jurdico brasileiro? Deve-se restringir seucabimento? So eles responsveis pela morosidade no funcionamento do Poder Judicirio? Respondendo taisindagaes, o autor conclui que h trs recursos que atendem aos interesses da brevidade e certeza, interesses quedevem ser ponderados como na frmula da composio dos medicamentos para dar adequado remdio snecessidades do processo judicial: a apelao, o agravo e o extraordinrio, isto , recurso especial e recursoextraordinrio (Demasiados recursos? Revista de Processo, So Paulo, v. 31, n 136, p. 9-31, p. 18, jun. 2006).

    [18] A preocupao com essa possibilidade no recente. ALFREDO BUZAID j aludia a ela, advertindo queh uma grande diferena entre as decises adaptadas ao contexto histrico em que proferidas e aquelas queprestigiam interpretaes contraditrias da mesma disposio legal, apesar de iguais as situaes concretas em queproferidas. Nesse sentido: Na verdade, no repugna ao jurista que os tribunais, num louvvel esforo de adaptao,sujeitem a mesma regra a entendimento diverso, desde que se alterem as condies econmicas, polticas e sociais;mas repugna-lhe que sobre a mesma regra jurdica deem os tribunais interpretao diversa e at contraditria,quando as condies em que ela foi editada continuam as mesmas. O dissdio resultante de tal exegese debilita a

  • autoridade do Poder Judicirio, ao mesmo passo que causa profunda decepo s partes que postulam perante ostribunais. (Uniformizao de Jurisprudncia. Revista da Associao dos Juzes do Rio Grande do Sul, 34/139,jul. 1985).

    [19] No direito alemo a figura se chama Musterverfahren e gera deciso que serve de modelo (= Muster)para a resoluo de uma quantidade expressiva de processos em que as partes estejam na mesma situao, no setratando necessariamente, do mesmo autor nem do mesmo ru. (WITTMANN, Ralf Thomas. Il contenzioso dimassa in Germania. In: ALESSANDRO, Giorgetti; VALLEFUOCO, Valerio, II contenzioso di massa in Italia,in Europa e nel mondo. Milo: Giuffr, 2008, p. 178).

    [20] Tais medidas refletem, sem dvida, a tendncia de coletivizao do processo, assim explicada porRODOLFO DE CAMARGO MANCUSO: Desde o ltimo quartel do sculo passado, foi tomando vulto ofenmeno da coletivizao dos conflitos, medida que, paralelamente, se foi reconhecendo a inaptido do processocivil clssico para instrumentalizar essas megacontrovrsias, prprias de uma conflitiva sociedade de massas. Issoexplica a proliferao de aes de cunho coletivo, tanto na Constituio Federal (arts. 5, XXI; LXX, b; LXXIII;129, III) como na legislao processual extravagante, empolgando segmentos sociais de largo espectro:consumidores, infncia e juventude; deficientes fsicos; investidores no mercado de capitais; idosos; torcedores demodalidades desportivas, etc. Logo se tornou evidente (e premente) a necessidade da oferta de novos instrumentoscapazes de recepcionar esses conflitos assim potencializado, seja em funo do nmero expressivo (ou mesmoindeterminado) dos sujeitos concernentes, seja em funo da indivisibilidade do objeto litigioso, que o tornainsuscetvel de partio e fruio por um titular exclusivo (A resoluo de conflitos e a funo judicial noContemporneo Estado de Direito. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 379-380).

    [21] A criao de condies para realizao da transao uma das tendncias observadas no movimento dereforma que inspirou o processo civil alemo. Com efeito, explica BARBOSA MOREIRA que j anteriormente,por fora de uma lei de 1999, os rgos legislativos dos Lander tinham sido autorizados, sob determinadascircunstncias, a exigirem, como requisito de admissibilidade da ao, que se realizasse prvia tentativa deconciliao extrajudicial. Doravante, nos termos do art. 278, deve o tribunal, em princpio, levar a efeito a tentativa,ordenando o comparecimento pessoal de ambas as partes. O rgo judicial discutir com elas a situao, poderformular-lhes perguntas e fazer-lhes observaes. Os litigantes sero ouvidos pessoalmente e ter cada qual aoportunidade de expor sua verso do litgio (Breves notcias sobre a reforma do processo civil alemo , p.106).

    [22] Predomina na doutrina a opinio de que a origem do amicus curiae est na Inglaterra, no processo penal,embora haja autores que afirmem haver figura assemelhada j no direito romano (SCARPINELLA BUENO,Cssio. Amicus curiae no processo civil brasileiro. Saraiva, 2006, p. 88). Historicamente, sempre atuou ao lado dojuiz, e sempre foi a discricionariedade deste que determinou a interveno desta figura, fixando os limites de suaatuao. Do direito ingls, migrou para o direito americano, em que , atualmente, figura de relevo digno de nota(SCARPINELLA BUENO, Cssio. Ob. cit., p. 94 ss).

    [23] Tal possibilidade, rigorosamente, j existia no CPC de 1973, especificamente no procedimento comumsumrio (art. 278, pargrafo 10) e em alguns procedimentos especiais disciplinados no Livro IV, como, por exemplo,as aes possessrias (art. 922), da porque se afirmava, em relao a estes, que uma de suas caractersticaspeculiares era, justamente, a natureza dplice da ao. Contudo, no Novo Cdigo, o que era excepcional se tornarregra geral, em evidente benefcio da economia processual e da ideia de efetividade da tutela jurisdicional.

  • [24] EGAS MONIZ DE ARAGO, comentando a transio do Cdigo de 1939 para o Cdigo de 1973, jchamava a ateno para a necessidade de refletir sobre o grande nmero de procedimentos especiais que havia noprimeiro e foi mantido, no segundo diploma. Nesse sentido: Ningum jamais se preocupou em investigar se necessrio ou dispensvel, se conveniente ou inconveniente oferecer aos litigantes essa pletora de procedimentosespeciais; ningum jamais se preocupou em verificar se a existncia desses inmeros procedimentos constituiobstculo efetividade do processo, valor to decantado na atualidade; ningum jamais se preocupou em pesquisarse a existncia de tais e tantos procedimentos constitui estorvo ao bom andamento dos trabalhos forenses e se a suasubstituio por outros e novos meios de resolver os mesmos problemas poder trazer melhores resultados. Diantedesse quadro de indagar: ser possvel atingir os resultados verdadeiramente aspirados pela reviso do Cdigo semremodelar o sistema no que tange aos procedimentos especiais? (Reforma processual: 10 anos. Revista doInstituto dos Advogados do Paran, Curitiba, n 33, p. 201-215, p. 205, dez. 2004).

    [25] Ainda na vigncia do Cdigo de 1973, j no se podia afirmar que a maior parte desses procedimentos eraefetivamente especial. As caractersticas que, no passado, serviram para lhes qualificar desse modo, aps asinmeras alteraes promovidas pela atividade de reforma da legislao processual, deixaram de lhes ser exclusivas.Vrios aspectos que, antes, somente se viam nos procedimentos ditos especiais, passaram, com o tempo, a seobservar tambm no procedimento comum. Exemplo disso o sincretismo processual, que passou a marcar oprocedimento comum desde que admitida a concesso de tutela de urgncia em favor do autor, nos termos do art.273.

    [26] Essa alterao contempla uma das duas solues que a doutrina processualista colocava em relao aoproblema da recorribilidade das decises interlocutrias. Nesse sentido: Duas teses podem ser adotadas com vistasao controle das decises proferidas pelo juiz no decorrer do processo em primeira instncia: ou, a) no seproporciona recurso algum e os litigantes podero impugn-las somente com o recurso cabvel contra o julgamentofinal, normalmente a apelao, caso estes em que no incidir precluso sobre tais questes, ou, b) proporcionadorecurso contra as decises interlocutrias (tanto faz que o recurso suba incontinente ao rgo superior oupermanea retido nos autos do processo) e ficaro preclusas as questes nelas solucionadas caso o interessado norecorra. (ARAGO, E. M. Reforma processual: 10 anos, p. 210-211).

    [27] Essa trajetria, como lembra BARBOSA MOREIRA, foi, no curso das dcadas, complexa e sinuosa(Novas vicissitudes dos embargos infringentes. Revista de Processo, So Paulo, v. 28, n 109, p. 113-123, p. 113,jul-ago. 2004).

    [28] Nesse sentido, A existncia de um voto vencido no basta por si s para justificar a criao de talrecurso; porque, por tal razo, se devia admitir um segundo recurso de embargos toda vez que houvesse mais de umvoto vencido; desta forma poderia arrastar-se a verificao por largo tempo, vindo o ideal de justia a ser sacrificadopelo desejo de aperfeioar a deciso (BUZAID, Alfredo. Ensaio para uma reviso do sistema de recursos noCdigo de Processo Civil. Estudos de direito, So Paulo: Saraiva, 1972, v. 1, p. 111).

    [29] CNDIDO DINAMARCO lembra que o prprio LIEBMAN, aps formular tal condio da ao emaula inaugural em Turim, renunciou a ela depois que a lei italiana passou a admitir o divrcio, sendo este o exemplomais expressivo de impossibilidade jurdica que vinha sendo utilizado em seus escritos (Instituies de direitoprocessual civil. 6. ed. So Paulo: Malheiros, 2009, p. 309, v. II).

    [30] Tratam da matria, por exemplo, COMOGLIO, Luigi; FERRI, Corrado; TARUFFO, Michele. Lezioni sulprocesso civile . 4. ed. Bologna: Il Mulino, 2006. t. I e II; PICARDI, Nicola. Codice di procedura civile. 4. ed.

  • Milo: Giuffr, 2008. t. II; GIOLA, Valerio de; RASCHELL, Anna Maria. I provvedimento durgenza ex art.700 Cod. Proc. Civ. 2. ed. Experta, 2006.

    [31] conhecida a figura do rfr francs, que consiste numa forma sumria de prestao de tutela, que geradeciso provisria, no depende necessariamente de um processo principal, no transita em julgado, mas podeprolongar a sua eficcia no tempo. Vejam-se arts. 488 e 489 do Nouveau Code de Procdure Civile francs.

    [32] No processo civil ingls, h regra expressa a respeito dos case management powers. CPR 1.4. Nadoutrina, v. ANDREWS, Neil. O moderno processo civil. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, item 3.14, p. 74.Nestas regras de gesto de processos, inspirou-se a Comisso autora do Anteprojeto.

    [33] Para EGAS MONIZ DE ARAGO, a ausncia de uma parte geral, no Cdigo de 1973, ao tempo em quepromulgado, era compatvel com a ausncia de sistematizao, no plano doutrinrio, de uma teoria geral do processo.E advertiu o autor: no se recomendaria que o legislador precedesse aos doutrinadores, aconselhando a prudnciaque se aguarde o desenvolvimento do assunto por estes para, colhendo-lhes os frutos, atuar aquele (Comentriosao Cdigo de Processo Civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p. 8, v. II). O profundo amadurecimento dotema que hoje se observa na doutrina processualista brasileiro justifica, nessa oportunidade, a sistematizao dateoria geral do processo, no novo CPC.

    [34] CNDIDO DINAMARCO, por exemplo, sob a gide do Cdigo de 1973, teceu crticas redao do art.47, por entender que esse mal redigido dispositivo d a impresso, absolutamente falsa, de que o litisconsrciounitrio seria modalidade do necessrio (Instituies de direito processual civil. p. 359, v. II). No entanto,explica, com inequvoca clareza, o processualista: Os dois conceitos no se confundem nem se colocam em relaode gnero a espcie. A unitariedade no espcie da necessariedade. Diz respeito ao regime de tratamento doslitisconsortes, enquanto esta a exigncia de formao do litisconsrcio.

    [35] O Cdigo de Processo Civil d a falsa ideia de que a troca de um sujeito pelo outro na condio de parteseja um fenmeno de substituio processual: o vocbulo substituio e a forma verbal substituindo soempregadas na rubrica em que se situa o art. 48 e em seu 10. Essa impresso falsa porque substituioprocessual a participao de um sujeito no processo, como autor ou ru, sem ser titular do interesse em conflito(art. 60). Essa locuo no expressa um movimento de entrada e sada. Tal movimento , em direito, sucesso no caso, sucesso processual. (DINAMARCO, C. Instituies de direito processual civil. p. 281, v. II).

    [36] Sobre o tema da arbitragem, veja-se: CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo umcomentrio lei n 9.307/96. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2009.

    [37] BUZAID, Alfredo, Exposio de motivos: Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

  • NDICE SISTEMTICO DO NOVO CDIGO DE PROCESSO CIVIL

    CDIGO DE PROCESSO CIVIL O CONGRESSO NACIONAL DECRETA

    PARTE GERAL

    LIVRO I DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS (arts. 1 a 15)

    Ttulo nico Das Normas Fundamentais e da Aplicao das Normas ProcessuaisCaptulo I Das Normas Fundamentais do Processo Civil (arts. 1 a 12)

    Captulo II Da Aplicao das Normas Processuais (arts. 13 a 15)

    LIVRO II DA FUNO JURISDICIONAL (arts. 16 a 69)

    Ttulo I Da Jurisdio e da Ao (arts. 16 a 20)

    Ttulo II Dos Limites da Jurisdio Nacional e da Cooperao Internacional (arts. 21 a 41)Captulo I Dos Limites da Jurisdio Nacional (arts. 21 a 25)

    Captulo II Da Cooperao Internacional (arts. 26 a 41)

    Seo I Das Disposies Gerais (arts. 26 e 27)

    Seo II Do Auxlio Direto (arts. 28 a 34)

    Seo III Da Carta Rogatria (arts. 35 e 36)

    Seo IV Disposies Comuns s Sees Anteriores (arts. 37 a 41)

    Ttulo III Da Competncia Interna (arts. 42 a 69)Captulo I Da Competncia (arts. 42 a 66)

    Seo I Das Disposies Gerais (arts. 42 a 53)

    Seo II Da Modificao da Competncia (arts. 54 a 63)

    Seo III Da Incompetncia (arts. 64 a 66)

    Captulo II Da Cooperao Nacional (arts. 67 a 69)

    LIVRO III DOS SUJEITOS DO PROCESSO (arts. 70 a 187)

    Ttulo I Das Partes e dos Procuradores (arts. 70 a 112)

  • Captulo I Da Capacidade Processual (arts. 70 a 76)

    Captulo II Dos Deveres das Partes e de Seus Procuradores (arts. 77 a 102)

    Seo I Dos Deveres (arts. 77 e 78)

    Seo II Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual (arts. 79 a 81)

    Seo III Das Despesas, dos Honorrios Advocatcios e das Multas (arts. 82 a 97)

    Seo IV Da Gratuidade da Justia (arts. 98 a 102)

    Captulo III Dos Procuradores (arts. 103 a 107)

    Captulo IV Da Sucesso das Partes e dos Procuradores (arts. 108 a 112)

    Ttulo II Do Litisconsrcio (arts. 113 a 118)

    Ttulo III Da Interveno de Terceiros (arts. 119 a 138)Captulo I Da Assistncia (arts. 119 a 124)

    Seo I Disposies Comuns (arts. 119 e 120)

    Seo II Da Assistncia Simples (arts. 121 a 123)

    Seo III Da Assistncia Litisconsorcial (art. 124)

    Captulo II Da Denunciao da Lide (arts. 125 a 129)

    Captulo III Do Chamamento ao Processo (arts. 130 a 132)

    Captulo IV Do Incidente de Desconsiderao da Personalidade Jurdica (arts. 133 a 137)

    Captulo V Do Amicus Curiae (art. 138)

    Ttulo IV Do Juiz e dos Auxiliares da Justia (arts. 139 a 175)Captulo I Dos Poderes, dos Deveres e da Responsabilidade do Juiz (arts. 139 a 143)

    Captulo II Dos Impedimentos e da Suspeio (arts. 144 a 148)

    Captulo III Dos Auxiliares da Justia (arts. 149 a 175)

    Seo I Do Escrivo, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justia (arts. 150 a 155)

    Seo II Do Perito (arts. 156 a 158)

    Seo III Do Depositrio e do Administrador (arts. 159 a 161)

    Seo IV Do Intrprete e do Tradutor (arts. 162 a 164)

    Seo V Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais (arts. 165 a 175)

    Ttulo V Do Ministrio Pblico (arts. 176 a 181)

    Ttulo VI Da Advocacia Pblica (arts. 182 a 184)

    Ttulo VII Da Defensoria Pblica (arts. 185 a 187)

    LIVRO IV DOS ATOS PROCESSUAIS (arts. 188 a 293)

    Ttulo I Da Forma, do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais (arts. 188 a 235)

  • Captulo I Da Forma dos Atos Processuais (arts. 188 a 211)

    Seo I Dos Atos em Geral (arts. 188 a 192)

    Seo II Da Prtica Eletrnica de Atos Processuais (arts. 193 a 199)

    Seo III Dos Atos das Partes (arts. 200 a 202)

    Seo IV Dos Pronunciamentos do Juiz (arts. 203 a 205)

    Seo V Dos Atos do Escrivo ou do Chefe de Secretaria (arts. 206 a 211)

    Captulo II Do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais (arts. 212 a 217)

    Seo I Do Tempo (arts. 212 a 216)

    Seo II Do Lugar (art. 217)

    Captulo III Dos Prazos (arts. 218 a 235)

    Seo I Das Disposies Gerais (arts. 218 a 232)

    Seo II Da Verificao dos Prazos e das Penalidades (arts. 233 a 235)

    Ttulo II Da Comunicao dos Atos Processuais (arts. 236 a 275)Captulo I Disposies Gerais (arts. 236 e 237)

    Captulo II Da Citao (arts. 238 a 259)

    Captulo III Das Cartas (arts. 260 a 268)

    Captulo IV Das Intimaes (arts. 269 a 275)

    Ttulo III Das Nulidades (arts. 276 a 283)

    Ttulo IV Da Distribuio e do Registro (arts. 284 a 290)

    Ttulo V Do Valor da Causa (arts. 291 a 293)

    LIVRO V DA TUTELA PROVISRIA (arts. 294 a 311)

    Ttulo I Disposies Gerais (arts. 294 a 299)

    Ttulo II Da Tutela de Urgncia (arts. 300 a 310)Captulo I Disposies Gerais (arts. 300 a 302)

    Captulo II Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida em Carter Antecedente (arts. 303 e 304)

    Captulo III Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em Carter Antecedente (arts. 305 a 310)

    Ttulo III Da Tutela da Evidncia (art. 311)

    LIVRO VI DA FORMAO, DA SUSPENSO E DA EXTINO DO PROCESSO (arts. 312 a 317)

    Ttulo I Da Formao do Processo (art. 312)

    Ttulo II Da Suspenso do Processo (arts. 313 a 315)

    Ttulo III Da Extino do Processo (arts. 316 e 317)

  • PARTE ESPECIAL

    LIVRO I DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENA (arts.318 a 770)

    Ttulo I Do Procedimento Comum (arts. 318 a 512)Captulo I Disposies Gerais (art. 318)

    Captulo II Da Petio Inicial (arts. 319 a 331)

    Seo I Dos Requisitos da Petio Inicial (arts. 319 a 321)

    Seo II Do Pedido (arts. 322 a 329)

    Seo III Do Indeferimento da Petio Inicial (arts. 330 e 331)

    Captulo III Da Improcedncia Liminar do Pedido (art. 332)

    Captulo IV Da Converso da Ao Individual em Ao Coletiva (art. 333)

    Captulo V Da Audincia de Conciliao ou de Mediao (art. 334)

    Captulo VI Da Contestao (arts. 335 a 342)

    Captulo VII Da Reconveno (art. 343)

    Captulo VIII Da Revelia (arts. 344 a 346)

    Captulo IX Das Providncias Preliminares e do Saneamento (arts. 347 a 353)

    Seo I Da No Incidncia dos Efeitos da Revelia (arts. 348 e 349)

    Seo II Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor (art. 350)

    Seo III Das Alegaes do Ru (arts. 351 a 353)

    Captulo X Do Julgamento Conforme o Estado do Processo (arts. 354 a 357)

    Seo I Da Extino do Processo (art. 354)

    Seo II Do Julgamento Antecipado do Mrito (art. 355)

    Seo III Do Julgamento Antecipado Parcial do Mrito (art. 356)

    Seo IV Do Saneamento e da Organizao do Processo (art. 357)

    Captulo XI Da Audincia de Instruo e Julgamento (arts. 358 a 368)

    Captulo XII Das Provas (arts. 369 a 484)

    Seo I Disposies Gerais (arts. 369 a 380)

    Seo II Da Produo Antecipada da Prova (arts. 381 a 383)

    Seo III Da Ata Notarial (art. 384)

    Seo IV Do Depoimento Pessoal (arts. 385 a 388)

    Seo V Da Confisso (arts. 389 a 395)

  • Seo VI Da Exibio de Documento ou Coisa (arts. 396 a 404)

    Seo VII Da Prova Documental (arts. 405 a 438)

    Subseo I Da Fora Probante dos Documentos (arts. 405 a 429)

    Subseo II Da Arguio de Falsidade (arts. 430 a 433)

    Subseo III Da Produo da Prova Documental (arts. 434 a 438)

    Seo VIII Dos Documentos Eletrnicos (arts. 439 a 441)

    Seo IX Da Prova Testemunhal (arts. 442 a 463)

    Subseo I Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal (arts. 442 a 449)

    Subseo II Da Produo da Prova Testemunhal (arts. 450 a 463)

    Seo X Da Prova Pericial (arts. 464 a 480)

    Seo XI Da Inspeo Judicial (arts. 481 a 484)

    Captulo XIII Da Sentena e da Coisa Julgada (arts. 485 a 508)

    Seo I Disposies Gerais (arts. 485 a 488)

    Seo II Dos Elementos e dos Efeitos da Sentena (arts. 489 a 495)

    Seo III Da Remessa Necessria (art. 496)

    Seo IV Do Julgamento das Aes Relativas s Prestaes de Fazer, de No Fazer e de Entregar Coisa(arts. 497 a 501)

    Seo V Da Coisa Julgada (arts. 502 a 508)

    Captulo XIV Da Liquidao de Sentena (arts. 509 a 512)

    Ttulo II Do Cumprimento Da Sentena (arts. 513 a 538)Captulo I Disposies Gerais (arts. 513 a 519)

    Captulo II Do Cumprimento Provisrio da Sentena que Reconhea A Exigibilidade de Obrigao de PagarQuantia Certa (arts. 520 a 522)

    Captulo III Do Cumprimento Definitivo da Sentena que Reconhea a Exigibilidade de Obrigao de PagarQuantia Certa (arts. 523 a 527)

    Captulo IV Do Cumprimento da Sentena que Reconhea a Exigibilidade de Obrigao de Prestar Alimentos(arts. 528 a 533)

    Captulo V Do Cumprimento de Sentena que Reconhea a Exigibilidade de Obrigao de Pagar Quantia Certapela Fazenda Pblica (arts. 534 e 535)

    Captulo VI Do Cumprimento de Sentena que Reconhea a Exigibilidade de Obrigao de Fazer, de NoFazer ou de Entregar Coisa (arts. 536 a 538)

    Seo I Do Cumprimento de Sentena que Reconhea a Exigibilidade de Obrigao de Fazer e de no Fazer(arts. 536 e 537)

    Seo II Do Cumprimento de Sentena que Reconhea a Exigibilidade de Obrigao de Entregar Coisa (art.

  • 538)

    Ttulo III Dos Procedimentos Especiais (arts. 539 a 770)Captulo I Da Ao de Consignao em Pagamento (arts. 539 a 549)

    Captulo II Da Ao de Exigir Contas (arts. 550 a 553)

    Captulo III Das Aes Possessrias (arts. 554 a 568)

    Seo I Disposies Gerais (arts. 554 a 559)

    Seo II Da Manuteno e da Reintegrao de Posse (arts. 560 a 566)

    Seo III Do Interdito Proibitrio (arts. 567 e 568 )

    Captulo IV Da Ao de Diviso e da Demarcao de Terras Particulares (arts. 569 a 598)

    Seo I Disposies Gerais (arts. 569 a 573)

    Seo II Da Demarcao (arts. 574 a 587)

    Seo III Da Diviso (arts. 588 a 598)

    Captulo V Da Ao de Dissoluo Parcial de Sociedade (arts. 599 a 609)

    Captulo VI Do Inventrio e da Partilha (arts. 610 a 673)

    Seo I Disposies Gerais (arts. 610 a 614)

    Seo II Da Legitimidade para Requerer o Inventrio (arts. 615 e 616)

    Seo III Do Inventariante e das Primeiras Declaraes (arts. 617 a 625)

    Seo IV Das Citaes e das Impugnaes (arts. 626 a 629)

    Seo V Da Avaliao e do Clculo do Imposto (arts. 630 a 638)

    Seo VI Das Colaes (arts. 639 a 641)

    Seo VII Do Pagamento das Dvidas (arts. 642 a 646)

    Seo VIII Da Partilha (arts. 647 a 658)

    Seo IX Do Arrolamento (arts. 659 a 667)

    Seo X Das Disposies Comuns a Todas as Sees (arts. 668 a 673)

    Captulo VII Dos Embargos de Terceiro (arts. 674 a 681)

    Captulo VIII Da Oposio (arts. 682 a 686)

    Captulo IX Da Habilitao (arts. 687 a 692)

    Captulo X Das Aes de Famlia (arts. 693 a 699)

    Captulo XI Da Ao Monitria (arts. 700 a 702)

    Captulo XII Da Homologao do Penhor Legal (arts. 703 a 706)

    Captulo XIII Da Regulao de Avaria Grossa (arts. 707 a 711)

    Captulo XIV Da Restaurao de Autos (arts. 712 a 718)

    Captulo XV Dos Procedimentos de Jurisdio Voluntria (arts. 719 a 770)

  • Seo I Disposies Gerais (arts. 719 a 725)

    Seo II Da Notificao e da Interpelao (arts. 726 a 729)

    Seo III Da Alienao Judicial (art. 730)

    Seo IV Do Divrcio e da Separao Consensuais, da Extino Consensual de Unio Estvel e da Alteraodo Regime de Bens do Matrimnio (arts. 731 a 734)

    Seo V Dos Testamentos e Codicilos (arts. 735 a 737)

    Seo VI Da Herana Jacente (arts. 738 a 743)

    Seo VII Dos Bens dos Ausentes (arts. 744 e 745)

    Seo VIII Das Coisas Vagas (art. 746)

    Seo IX Da Interdio (arts. 747 a 758)

    Seo X Disposies Comuns Tutela e Curatela (arts. 759 a 763)

    Seo XI Da Organizao e da Fiscalizao das Fundaes (arts. 764 e 765)

    Seo XII Da Ratificao dos Protestos Martimos e dos Processos Testemunhveis Formados a Bordo (arts.766 a 770)

    LIVRO II DO PROCESSO DE EXECUO (arts. 771 a 925)

    Ttulo I Da Execuo em Geral (arts. 771 a 796)Captulo I Disposies Gerais (arts. 771 a 777)

    Captulo II Das Partes (arts. 778 a 780)

    Captulo III Da Competncia (arts. 781 e 782)

    Captulo IV Dos Requisitos Necessrios para Realizar Qualquer Execuo (arts. 783 a 788)

    Seo I Do Ttulo Executivo (arts. 783 a 785)

    Seo II Da Exigibilidade da Obrigao (arts. 786 a 788)

    Captulo V Da Responsabilidade Patrimonial (arts. 789 a 796)

    Ttulo II Das Diversas Espcies De Execuo (arts. 797 a 913)Captulo I Disposies Gerais (arts. 797 a 805)

    Captulo II Da Execuo para a Entrega de Coisa (arts. 806 a 813)

    Seo I Da Entrega de Coisa Certa (arts. 806 a 810)

    Seo II Da Entrega de Coisa Incerta (arts. 811 a 813)

    Captulo III Da Execuo das Obrigaes de Fazer ou de No Fazer (arts. 814 a 823)

    Seo I Disposies Comuns (art. 814)

    Seo II Da Obrigao de Fazer (arts. 815 a 821)

    Seo III Da Obrigao de No Fazer (arts. 822 e 823)

  • Captulo IV Da Execuo por Quantia Certa (arts. 824 a 909)

    Seo I Disposies Gerais (arts. 824 a 826)

    Seo II Da Citao do Devedor e do Arresto (arts. 827 a 830)

    Seo III Da Penhora, do Depsito e da Avaliao (arts. 831 a 875)

    Subseo I Do Objeto da Penhora (arts. 831 a 836)

    Subseo II Da Documentao da Penhora, de seu Registro e do Depsito (arts. 837 a 844)

    Subseo III Do Lugar de Realizao da Penhora (arts. 845 e 846)

    Subseo IV Das Modificaes da Penhora (arts. 847 a 853)

    Subseo V Da Penhora de Dinheiro em Depsito ou em Aplicao Financeira (art. 854)

    Subseo VI Da Penhora de Crditos (arts. 855 a 860)

    Subseo VII Da Penhora das Quotas ou das Aes de Sociedades Personificadas (art. 861)

    Subseo VIII Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes (arts. 862 a 865)

    Subseo IX Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa (art. 866)

    Subseo X Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Mvel ou Imvel (arts. 867 a 869)

    Subseo XI Da Avaliao (arts. 870 a 875)

    Seo IV Da Expropriao de Bens (arts. 876 a 903)

    Subseo I Da Adjudicao (arts. 876 a 878)

    Subseo II Da Alienao (arts. 879 a 903)

    Seo V Da Satisfao do Crdito (arts. 904 a 909)

    Captulo V Da Execuo Contra a Fazenda Pblica (art. 910)

    Captulo VI Da Execuo de Alimentos (arts. 911 a 913)

    Ttulo III Dos Embargos Execuo (arts. 914 a 920)

    Ttulo IV Da Suspenso e da Extino do Processo de Execuo (arts. 921 a 925)Captulo I Da Suspenso do Processo de Execuo (arts. 921 a 923)

    Captulo II Da Extino do Processo de Execuo (arts. 924 e 925)

    LIVRO III DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAO DASDECISES JUDICIAIS (arts. 926 a 1.044)

    Ttulo I Da Ordem dos Processos e dos Processos de Competncia Originria dos Tribunais (arts.926 a 993)

    Captulo I Disposies Gerais (arts. 926 a 928)

    Captulo II Da Ordem dos Processos no Tribunal (arts. 929 a 946)

    Captulo III Do Incidente de Assuno de Competncia (art. 947)

    Captulo IV Do Incidente de Arguio de Inconstitucionalidade (arts. 948 a 950)

  • Captulo V Do Conflito de Competncia (arts. 951 a 959)

    Captulo VI Da Homologao de Deciso Estrangeira e da Concesso do Exequatur Carta Rogatria (arts.960 a 965)

    Captulo VII Da Ao Rescisria (arts. 966 a 975)

    Captulo VIII Do Incidente de Resoluo de Demandas Repetitivas (arts. 976 a 987)

    Captulo IX Da Reclamao (arts. 988 a 993)

    Ttulo II Dos Recursos (arts. 994 a 1.044)Captulo I Disposies Gerais (arts. 994 a 1.008)

    Captulo II Da Apelao (arts. 1.009 a 1.014)

    Captulo III Do Agravo de Instrumento (arts. 1.015 a 1.020)

    Captulo IV Do Agravo Interno (art. 1.021)

    Captulo V Dos Embargos de Declarao (arts. 1.022 a 1.026)

    Captulo VI Dos Recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justia (arts. 1.027 a1.044)

    Seo I Do Recurso Ordinrio (arts. 1.027 e 1.028)

    Seo II Do Recurso Extraordinrio e do Recurso Especial (arts. 1.029 a 1.041)

    Subseo I Das Disposies Gerais (arts. 1.029 a 1.035)

    Subseo II Do Julgamento dos Recursos Extraordinrio e Especial Repetitivos (arts. 1.036 a 1.041)

    Seo III Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinrio(art.1.042 )

    Seo IV Dos Embargos de Divergncia (arts. 1.043 e 1.044)

    LIVRO COMPLEMENTAR DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS (arts. 1.045 ao 1.072)

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

  • CDIGO DE PROCESSO CIVIL O CONGRESSO NACIONAL DECRETA:

    PARTE GERAL

  • LIVRO IDAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

    TTULO NICODAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAO DAS NORMAS

    PROCESSUAIS

    CAPTULO IDAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

    Art. 1 O processo civil ser ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores eas normas fundamentais estabelecidos na Constituio da Repblica Federativa do Brasil,observando-se as disposies deste Cdigo.

    Interao entre as normas jurdicas: A resoluo dos conflitos de interesses relacionados ao processo civilse d com a aplicao das normas que integram este Cdigo e das normas constitucionais, sobretudo das abrigadaspelo seu art. 5, que relaciona os princpios constitucionais aplicveis ao processo civil, e das que constam a partir doseu art. 92. A norma em exame refora a ideia da constitucionalizao do processo civil, evidenciando que aatuao das partes, dos magistrados, dos auxiliares do juzo e de todos os que direta ou indiretamente participam doprocesso deve se balizar primeiramente pelas normas constitucionais, que estabelecem os vetores do processo civil.A atuao de todos os que participam do processo deve respeitar a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoahumana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo poltico (art. 1 da CF).

    Art. 2 O processo comea por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvoas excees previstas em lei.

    Princpio da inrcia: Como regra, a atuao jurisdicional depende do exerccio do direito de ao (incisoXXXV do art. 5 da CF), acarretando a formao do processo, entendido como o instrumento utilizado pelo Estadopara eliminar o conflito de interesses. Em outras palavras, para que o magistrado atue no caso concreto, necessrio que o interessado formule requerimento ao juiz, respeitando a mxima ne procedat judex ex officio(no proceda o juiz de ofcio, em traduo livre).

    Atuao ex officio do magistrado: Em algumas situaes, a lei permite que o processo, o procedimento ou oincidente processual seja iniciado por iniciativa do magistrado, o que mitiga o princpio da inrcia. Isso ocorre quandoh interesse pblico a preservar, como se observa, exemplificativamente: (a) na suscitao do conflito decompetncia (art. 951); (b) na determinao da alienao judicial de bens (art. 730).

  • Convivncia do princpio da inrcia com o princpio do impulso oficial:Embora a formao do processo dependa da iniciativa da parte, sua continuidade garantida pelo impulso oficial, porinterveno continuada do representante do Poder Judicirio. O processo tem incio por provocao do interessado(ressalvadas as hipteses em que pode ser formado por atuao de ofcio do magistrado), mas se desenvolve porimpulso oficial aps a distribuio da petio inicial, j que o Estado assumiu a funo jurisdicional de formapraticamente monopolizada, devendo solucionar os conflitos de interesses em resposta s pretenses do autor e doru.

    Art. 3 No se excluir da apreciao jurisdicional ameaa ou leso a direito.

    1 permitida a arbitragem, na forma da lei.

    2 O Estado promover, sempre que possvel, a soluo consensual dos conflitos.

    3 A conciliao, a mediao e outros mtodos de soluo consensual de conflitosdevero ser estimulados por juzes, advogados, defensores pblicos e membros doMinistrio Pblico, inclusive no curso do processo judicial.

    Direito de ao: O direito de ao garantido pelo inciso XXXV do art. 5 da CF, no se confundindo com odireito de petio. Aquele mais amplo, garantindo a todas as pessoas, fsicas e jurdicas, de direito pblico e dedireito privado, inclusive aos entes despersonalizados (condomnio, esplio, massa falida) a prerrogativa no apenasde solicitar a eliminao do conflito de interesses, como tambm de obter resposta jurisdicional em espao de temporazovel. Este restrito ao direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ouabuso de poder (alnea a do inciso XXXIV do art. 5 da CF).

    Abstrao e autonomia do direito de ao: O direito de ao no garante, necessariamente, oreconhecimento do direito material que teria sido violado ou que se encontra em vias de ser. O direito material e odireito de ao so distintos e autnomos. Ao interessado conferido o direito de ter acesso aos rgos do PoderJudicirio, solicitando a eliminao do conflito de interesses, sem que tenha a certeza do resultado favorvel doprocesso.

    Arbitragem: A arbitragem representa forma alternativa de soluo dos conflitos de interesses, sendodisciplinada pela Lei n 9.307/96 e pela Lei n 13.129, de 26 de maio de 2015. Para tanto, as partes de um negciojurdico que verse sobre direito disponvel podem inserir a denominada clusula compromissria no contrato quecelebram, prometendo que eventuais conflitos de interesses oriundos do descumprimento de clusulas ou dadivergncia da sua interpretao no sero solucionados pelo Estado (justia tradicional e formal), mas pelo rbitro,que pode ou no ser previamente escolhido pelas partes.

    Art. 4 As partes tm o direito de obter em prazo razovel a soluo integral do mrito,includa a atividade satisfativa.

    Princpio da razovel durao do processo: O princpio da razovel durao do processo est abrigado peloinciso LXXVIII do art. 5 da CF, sendo idealista ou programtico. A simples incluso do princpio na CF e no CPCno garante que os processos judiciais e os procedimentos sejam encerrados em tempo razovel, evitando asdelongas que tanto sacrificam o direito material e as partes. A razovel durao do processo s ser alcanada com

  • a aprovao de leis que evitem a proliferao de recursos, que simplifiquem procedimentos, que garantam aconcesso de tutelas de urgncia e da evidncia, bem como pela atuao objetiva do magistrado, evitando a prticade atos inteis e desnecessrios.

    Casustica:

    O novo Cdigo de Processo Civil tem como principais motivaes eliminar o excesso deformalismo, interromper a litigiosidade desenfreada e comedir a prodigalidade de recursos,como forma de assegurar o consagrado princpio da razovel durao do processo,preconizado no art. 5, LXXVIII, da Constituio Federal. De acordo com o artigo 1.015 donovo Cdigo de Processo Civil, no permitida a interposio de agravo de instrumento acerca dequestes estranhas ao rol taxativo previsto nos incisos I a XI, como no caso dos autos decisomonocrtica do Relator proferida em grau de recurso. inadmissvel o recurso de agravo na formade instrumento interposto contra deciso monocrtica do Relator proferida em grau de recurso, issoporque, implicaria em uma terceira anlise do pleito, o que violaria a disposio do artigo 932, incisoII, do CPC. RECURSO NO CONHECIDO (AI n 70073665093, 1 Cmara Cvel do TJRS, relatorDes. Srgio Luiz Grassi Beck, j. 18.5.2017) (grifamos).

    Art. 5 Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordocom a boa-f.

    Interpretao da norma: A boa-f deve nortear no apenas os negcios jurdicos, como tambm ocomportamento das partes e de todos os que participem do processo, incluindo terceiros, auxiliares da justia,magistrados, membros da Defensoria Pblica e do Ministrio Pblico, pessoas jurdicas de direito pblico e de direitoprivado. A boa-f se presume, enquanto que a m-f deve ser provada, ensejando a aplicao de penalidades,consistentes em multas, em todas as fases do processo. O reconhecimento da m-f processual exige decisofundamentada, em respeito ao princpio da fundamentao ou da motivao, elevado ao plano constitucional (incisoIX do art. 93 da CF).

    Venire contra factum proprium: O venire contra factum proprium representa a vedao aocomportamento contraditrio da parte, que deve atuar de modo uniforme no processo, no decepcionando seuadversrio com comportamento contrrio expectativa gerada. O comportamento diferente do que se esperava,frustrando a confiana depositada, infringe o princpio da boa-f.

    Casustica:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTRIO. EXECUO FISCAL. BEM OFERTADO PENHORA. ALEGAO DE IMPRESCINDIBILIDADE. COMPORTAMENTO CONTRADITRIO.SUSPENSO DOS LEILES. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTNCIA DE CAUSA SUSPENSIVA DAEXECUO. A posterior alegao de imprescindibilidade do bem, ofertado penhorapela prpria executada, para a realizao das atividades da