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Política Externa Brasileira Fuga de senador, espionagem e Mercosul: as recentes crises diplomáticas do Brasil Questão da Bolívia O relacionamento entre Brasil e Bolívia tem um histórico de parceria. Um exemplo é a Gasbol, Gasoduto Brasil-Bolívia, uma via de transporte que permite o transporte de gás natural entre os dois países. No entanto, recentemente essa parceria enfrentou alguns desgastes. Em fevereiro do ano passado, um grupo de torcedores do Corinthians ficou 156 dias preso na cidade boliviana de Oruro, suspeitos de soltar um sinalizador marítimo que matou um garoto de 14 anos durante um jogo de futebol no país. A fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil, em agosto desse ano, desencadeou o incidente mais recente. Opositor do governo de Evo Morales, o senador ficou abrigado por 15 meses na sede da embaixada brasileira em La Paz, capital da Bolívia, alegando perseguição política. O Brasil já havia concedido o asilo e aguardava a liberação do político para removê-lo com segurança, mas o governo boliviano acusava o senador de responder a vários processos de corrupção e vinha se recusando a conceder o salvo-conduto, documento emitido pelo governo que permite a circulação de uma pessoa em determinada região. Alegando a violação dos direitos humanos do senador, o diplomata Eduardo Saboia, encarregado de negócios da Embaixada do Brasil na Bolívia, autorizou a remoção de Pinto Molina para o território brasileiro sem a emissão de salvo-conduto pelo governo boliviano, constituindo uma operação ilegal. O episódio deflagrou uma crise com a Bolívia, a qual exigiu a entrega de Pinto Molina, e causou a queda do chanceler brasileiro Antonio Patriota e o afastamento de Saboia do cargo. Em discurso no Congresso, a presidente Dilma Rousseff enfatizou o respeito à soberania da Bolívia e que "não tem nenhum fundamento que um governo de qualquer país do mundo aceite colocar a vida de alguém que está sob asilo em risco". O episódio soma-se a outros poucos atritos diplomáticos entre os dois países, como a disputa pelo Acre, em 1903, e a nacionalização do setor de óleo e gás na Bolívia, que chegou a enviar tropas militares para as refinarias da Petrobrás no país, em 2006. Nessa ocasião, o então presidente Lula disse que não retaliaria um país mais pobre que o Brasil – o PIB (Produto Interno Bruto) da Bolívia equivale a 2% do brasileiro -- e a questão foi resolvida pacificamente. Espionagem dos EUA no Brasil Outro imbróglio diplomático que o governo brasileiro enfrenta são as revelações de que os EUA espionaram as comunicações dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e do México, Enrique Peña Nieto, conforme divulgou uma reportagem da TV Globo no dia 1º de setembro. As revelações de interceptação de dados da presidente Dilma Rousseff surgiram do jornalista britânico Gleen Greenwald, colunista do jornal The Guardian e que tornou pública a denúncia de Edward Snowden sobre o programa de espionagem norte-americano. Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviços de tecnologia à NSA (Agência de Segurança Nacional) americana vazou documentos secretos que revelavam um esquema de espionagem do governo de Barack Obama em vários países, inclusive o Brasil. Hoje o americano está exilado na Rússia. Os documentos da NSA indicam que em 2011 foi feito o rastreamento de e-mails, mensagens de texto e conversas telefônicas de Dilma e de seus assessores próximos por agentes de segurança dos EUA. Em Brasília, a agência americana testou com sucesso um sistema de captura de dados. Outras informações do relatório avaliam que o surgimento do Brasil como um ator global de maior importância é apresentado como um fator de instabilidade regional na América Latina. Após as denúncias de espionagem, Dilma cobrou explicações de Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, e o Senado brasileiro aprovou uma CPI que investigará o assunto. O Mercosul e as relações bilaterais O Mercosul é bloco de comércio regional formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai. Mesmo com poucos países envolvidos, os problemas diplomáticos não são menores. O Paraguai estava suspenso provisoriamente do bloco desde o impeachment do então presidente Fernando Lugo, ocorrido em junho de 2012. A suspensão foi uma represália à destituição relâmpago do ex-presidente que, segundo o governo brasileiro, transgrediu a democracia. A entrada da Venezuela no bloco foi feita logo após a saída do Paraguai, que até então, era

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Page 1: Nova Atualidade Brasil 2015 (1)

Política Externa BrasileiraFuga de senador, espionagem e Mercosul: as recentes crises diplomáticas do Brasil

Questão da BolíviaO relacionamento entre Brasil e Bolívia tem um histórico de parceria. Um exemplo é a Gasbol, Gasoduto Brasil-Bolívia, uma via de transporte que permite o transporte de gás natural entre os dois países. No entanto, recentemente essa parceria enfrentou alguns desgastes.Em fevereiro do ano passado, um grupo de torcedores do Corinthians ficou 156 dias preso na cidade boliviana de Oruro, suspeitos de soltar um sinalizador marítimo que matou um garoto de 14 anos durante um jogo de futebol no país. A fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil, em agosto desse ano, desencadeou o incidente mais recente. Opositor do governo de Evo Morales, o senador ficou abrigado por 15 meses na sede da embaixada brasileira em La Paz, capital da Bolívia, alegando perseguição política.O Brasil já havia concedido o asilo e aguardava a liberação do político para removê-lo com segurança, mas o governo boliviano acusava o senador de responder a vários processos de corrupção e vinha se recusando a conceder o salvo-conduto, documento emitido pelo governo que permite a circulação de uma pessoa em determinada região.Alegando a violação dos direitos humanos do senador, o diplomata Eduardo Saboia, encarregado de negócios da Embaixada do Brasil na Bolívia, autorizou a remoção de Pinto Molina para o território brasileiro sem a emissão de salvo-conduto pelo governo boliviano, constituindo uma operação ilegal.O episódio deflagrou uma crise com a Bolívia, a qual exigiu a entrega de Pinto Molina, e causou a queda do chanceler brasileiro Antonio Patriota e o afastamento de Saboia do cargo. Em discurso no Congresso, a presidente Dilma Rousseff enfatizou o respeito à soberania da Bolívia e que "não tem nenhum fundamento que um governo de qualquer país do mundo aceite colocar a vida de alguém que está sob asilo em risco".O episódio soma-se a outros poucos atritos diplomáticos entre os dois países, como a disputa pelo Acre, em 1903, e a nacionalização do setor de óleo e gás na Bolívia, que chegou a enviar tropas militares para as refinarias da Petrobrás no país, em 2006. Nessa ocasião, o então presidente Lula disse que não retaliaria um país mais pobre que o Brasil – o PIB (Produto Interno Bruto) da Bolívia equivale a 2% do brasileiro -- e a questão foi resolvida pacificamente.Espionagem dos EUA no BrasilOutro imbróglio diplomático que o governo brasileiro enfrenta são as revelações de que os EUA espionaram as comunicações dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e do México, Enrique Peña Nieto, conforme divulgou uma reportagem da TV Globo no dia 1º de setembro.As revelações de interceptação de dados da presidente Dilma Rousseff surgiram do jornalista britânico Gleen Greenwald, colunista do jornal The Guardian e que tornou pública a denúncia de Edward Snowden sobre o programa de espionagem norte-americano. Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviços de tecnologia à NSA (Agência de Segurança Nacional) americana vazou documentos secretos que revelavam um esquema de espionagem do governo de Barack Obama em vários países, inclusive o Brasil. Hoje o americano está exilado na Rússia.Os documentos da NSA indicam que em 2011 foi feito o rastreamento de e-mails, mensagens de texto e conversas telefônicas de Dilma e de seus assessores próximos por agentes de segurança dos EUA. Em Brasília, a agência americana testou com sucesso um sistema de captura de dados. Outras informações do relatório avaliam que o surgimento do Brasil como um ator global de maior importância é apresentado como um fator de instabilidade regional na América Latina.Após as denúncias de espionagem, Dilma cobrou explicações de Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, e o Senado brasileiro aprovou uma CPI que investigará o assunto.

O Mercosul e as relações bilateraisO Mercosul é bloco de comércio regional formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai. Mesmo com poucos países envolvidos, os problemas diplomáticos não são menores.O Paraguai estava suspenso provisoriamente do bloco desde o impeachment do então presidente Fernando Lugo, ocorrido em junho de 2012. A suspensão foi uma represália à destituição relâmpago do ex-presidente que, segundo o governo brasileiro, transgrediu a democracia. A entrada da Venezuela no bloco foi feita logo após a saída do Paraguai, que até então, era contra a entrada dos venezuelanos no bloco, com a alegação de que havia irregularidades jurídicas no processo.Em agosto de 2013, Horacio Cartes assumiu a presidência do Paraguai e negou o retorno do país ao bloco devido à adesão a Venezuela, decidida pelos demais países. O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga, reiterou que o governo exige que a Unasul e o Mercosul façam uma revisão das decisões tomadas no período em que o Paraguai esteve suspenso, porque não concorda com a entrada da Venezuela, embora tenha normalizado sua relação com o país.Com Dilma, o Brasil perdeu força em Política InternacionalO governo Dilma adotou uma visão pragmática que prioriza as questões domésticas e, no plano internacional, as discussões econômicas nas quais o país tem interesse direto - diz a especialista em política externa brasileira da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Denise HolzhackerTensão comercial com a ArgentinaA relação comercial entre Brasil e Argentina vive momento delicado desde 2012, quando o governo argentino passou a adotar uma política chamada Declaração Jurada Antecipada de Serviços (DJAS) para controlar as importações ao país.Empresários brasileiros e setores do governo dizem que a política cria sérias dificuldades às exportações para o país vizinho, embora as vendas de produtos nacionais para a Argentina tenham crescido 8,1% em 2013 em relação a 2012, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.No fim de 2013, a troca na chefia do órgão argentino que trata do comércio exterior abriu uma janela para que os países buscassem um maior entendimento nesse campo.As negociações, no entanto, têm um importante obstáculo: a problemática falta de dólares no mercado argentino, que tende a se agravar com uma maior abertura do país a importações.

Grandes obras no exteriorA expansão de empresas brasileiras no exterior, que também ganhou grande impulso no governo Lula, vive momento de desgaste e tem sofrido forte resistência em alguns países.

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Em Moçambique, um dos principais palcos de companhias brasileiras na África, a mineradora Vale enfrenta oposição de moradores locais numa de suas maiores operações fora do Brasil, a exploração de uma mina de carvão na província de Tete. Moradores reassentados pela empresa se queixam das condições das novas casas e dizem que a companhia não cumpriu suas promessas de compensação, o que a Vale nega.Também em Moçambique, há crescente resistência de agricultores a um projeto de cooperação conduzido pelo Brasil e pelo Japão, o Pró-Savana, que prevê a produção no país de commodities agrícolas em larga escala.Grandes obras de infraestrutura de empresas brasileiras também têm sido alvo de críticas em vizinhos sul-americanos. No Peru e na Bolívia, protestos provocaram a suspensão ou cancelamento de contratos com empreiteiras brasileiras nos últimos anos.Em grande parte financiados pelo BNDES, os megaempreendimentos brasileiros no exterior também têm sido contestados dentro do Brasil, onde há crescente cobrança para que esses empréstimos sejam mais transparentes e tenham justificativas consistentes.

Brasil elege Congresso mais 'fragmentado': veja vencedores e perdedoresDaniel Gallas Da BBC Brasil em Londres - 6 outubro 2014Os brasileiros colocaram mais seis partidos no Congresso Nacional na eleição realizada neste domingo. Com isso, o Legislativo Nacional estará mais fragmentado a partir de 1º de janeiro de 2015 – com 28 partidos, em vez dos 22 eleitos em 2010.Todos os seis novos partidos ingressaram na Câmara dos Deputados. O Senado seguirá com o mesmo número de siglas da atual legislatura: 16.Há também mudanças importantes na composição política do Congresso.Confira abaixo uma lista de quem saiu vitorioso e quem perdeu espaço no Legislativo. (Alguns resultados ainda podem mudar nos próximos dias, de acordo com julgamentos de candidatos e recursos no Tribunal Superior Eleitoral.)

Vencedores

1) Partidos 'nanicos'O Congresso Nacional terá a partir de 1º de janeiro de 2015 seis partidos que não haviam conquistado votos em 2010. Três destes partidos são "nanicos": PEN (Partido Ecológico Nacional), PTN (Partido Trabalhista Nacional) e PSDC (Partido Social Democrata Cristão). Juntos eles terão oito deputados federais.Os outros três são partido novos, fundados no decorrer da atual legislatura (ver abaixo, em "Partidos Novos").E outras três siglas pequenas reconquistaram vagas que haviam perdido com trocas de partidos por parte de seus políticos, segundo dados compilados a partir do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do site Congresso em Foco.Nenhum partido da atual legislatura – grande ou nanico – perdeu vaga na Câmara dos Deputados.

2) PSBMarina Silva foi a principal derrotada na eleição presidencial, não conseguindo chegar ao segundo turno da eleição depois de chegar a liderar várias pesquisas de opinião de voto.Mas o PSB – partido ao qual ela se filiou em outubro do ano passado – é um dos que sai mais fortalecido das urnas no Congresso. O PSB havia perdido dez deputados federais desde as eleições passadas. A maior parte deles saiu quando foi criado o PROS (Partido Republicano da Ordem Social), de Ciro Gomes.Agora, o PSB recuperou na urna todas as vagas que perdeu – passando de 24 a 34 deputados federais. No Senado, foi o partido que mais ganhou vagas: quatro, incluindo o Rio de Janeiro, onde foi eleito o ex-jogador Romário. O PSB será, em 2015, o quarto partido com mais senadores.

3) PSDBA exemplo do partido de Marina, a sigla do candidato à Presidência Aécio Neves também havia perdido vagas na Câmara dos Deputados ao longo da atual legislatura – nove no total. Agora, o PSDB elegeu 54 deputados federais, recuperando dez vagas na Câmara.Só o PRB teve aumento maior no número de deputados federais do que os tucanos (o Partido Republicano Brasileiro ganhou 11 vagas – sendo sete destas em São Paulo, onde Celso Russomano obteve 1,5 milhão de votos e "puxou" a eleição de muitos deputados federais).O PSDB se consolidou como terceiro maior partido da Câmara dos Deputados – 54 deputados federais, contra 70 do PT e 66 do PMDB. Mas perdeu uma vaga no Senado, onde também é o terceiro partido com mais senadores (dez, contra 19 do PMDB e 13 do PT).Além disso, caso consiga se eleger presidente no segundo turno, Aécio Neves precisaria construir novas alianças para conseguir governar, já que os nove partidos que formam sua coligação (PSDB, PTB, DEM, SD, PEN, PMN, PTN, PTC e PT do B) obtiveram apenas 128 das 513 vagas na Câmara dos Deputados.Para governar com maioria simples ele precisaria de 257 deputados aliados.Na câmara alta, a coligação de Aécio teria apenas 19 senadores - de um total de 81.

Perdedores

1) PT, PMDB e base aliadaPT e PMDB seguem sendo os dois partidos com o maior número de legisladores do Brasil – na Câmara (70 e 66 vagas, respectivamente) e no Senado (13 e 19). Caso seja reeleita no segundo turno, a presidente Dilma Rousseff continuaria com maioria simples no Congresso.Os nove partidos que apóiam sua candidatura (PT, PMDB, PP, PSD, PR, PRB, PDT, PROS e PC do B) ganharam 304 vagas na Câmara e 52 no Senado.Apesar disso, PMDB e PT estão entre os três partidos que mais perderam vagas nas urnas nesta eleição. O PT tem 88 deputados federais na atual legislatura – e terá 70 a partir de 2015. O PMDB já havia perdido oito deputados nos últimos quatro anos devido à troca de partidos por políticos. Nas urnas, perdeu mais cinco vagas, encolhendo de 71 para 66 deputados.

2) DEMFormado em 2007, o Democratas já foi uma das grandes forças do Congresso Nacional na época em que ainda se chamava PFL – partido aliado do PSDB nos governos de Fernando Henrique Cardoso.

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Em 1998, o PFL chegou a ter 111 deputados federais, um número quase impensável para qualquer sigla no cenário político de hoje.Na eleição de 2010, o DEM já tinha menos da metade destas vagas – 43. Ao longo desta legislatura, o partido perdeu deputados – muitos deles para o PSD, sigla criada pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.Agora, o DEM encolheu de novo nas urnas, elegendo apenas 22 deputados federais – e é apenas o nono partido com o maior número de vagas na Câmara. No Senado, os Democratas perderam uma vaga, e hoje têm cinco senadores.

3) Partidos NovosNesta eleição, três siglas novas apareceram na urna eletrônica. Mesmo sem nunca ter recebido qualquer voto em sua existência, esses três partidos já contam com 83 deputados federais na atual legislatura.As três siglas foram formadas com políticos eleitos que abandonaram suas siglas: o Partido Social Democrático (PSD – que conta com o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab), o Solidariedade (SD, de Paulinho da Força) e Partido Republicano da Ordem Social (Pros, dos irmãos Ciro e Cid Gomes).Na eleição de domingo, os três partidos somados perderam 24 vagas na Câmara dos Deputados – caindo para 63.Ainda assim, eles retêm parte de sua força no Congresso. Com 37 deputados federais, o PSD será em 2015 o quarto maior partido do Congresso. A sigla também elegeu dois senadores. A Câmara dos Deputados têm 513 assentos.

A bancada BBB domina o Congressopor Rodrigo Martins — publicado 14/04/2015 04h34, última modificação 14/04/2015 04h35

A Bancada do Boi, Bíblia e Bala coloca em curso o projeto para reduzir a maioridade penal. É só o começo da aliançaApós algumas sessões marcadas por protestos, bate-bocas e intensa troca de acusações, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou na terça-feira 31 a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal no Brasil. Agora, a discussão caminha para uma comissão especial, que terá cerca de três meses para debater iniciativas similares e consolidar um relatório a ser votado no plenário. Entre as sugestões, há toda sorte de “soluções”, da responsabilização de adolescentes apenas em caso de crimes contra a vida à espantosa proposta de baixar o limite de idade para 12 anos.O debate sobre o tema ocorre há mais de duas décadas na Câmara, mas a tramitação desses projetos sempre foi travada por deputados ligados aos direitos humanos. Segundo juristas de diferentes matizes ideológicos, a responsabilização a partir dos 18 anos é cláusula pétrea da Constituição. Mesmo assim, a proposta foi reavivada pela chamada Bancada da Bala, que não teve dificuldade para angariar o apoio de parlamentares evangélicos e ruralistas. PSDB, DEM, PSD, PRB, Solidariedade, PSC e parcelas do PMDB asseguraram a vitória do grupo. Às vésperas da votação, a deputada petista Erika Kokay previa o pior. “Há uma forte aliança dos setores conservadores na Câmara. Há tempos tenho alertado sobre a força dos fundamentalistas da ‘Bancada BBB’, da Bíblia, do Boi e da Bala”, diz. “Agora, eles estão ainda mais unidos e articulados.”O termo “BBB” foi usado por Kokay pela primeira vez em uma reunião da bancada do PT na Câmara no início do ano, e arrancou risadas dos colegas. A expressão não tardou a se difundir entre parlamentares de partidos de esquerda, que também identificam nessa articulação uma ameaça aos direitos humanos e das minorias. “Desde a discussão do Código Florestal, em 2012, os ruralistas buscam essa aproximação com os evangélicos. Logo depois, eles estavam unidos em torno da PEC 215, que retira do Executivo a prerrogativa de demarcar Terras Indígenas, transferindo-a para o Congresso. Mais recentemente agregaram a Bancada da Bala”, afirma o deputado Ivan Valente, do PSOL. “Com Eduardo Cunha na presidência da Câmara, essa aliança consolidou-se. Até porque esses grupos ajudaram a elegê-lo.”Nos últimos anos, a esquerda recorreu a manobras de obstrução para barrar iniciativas como a revogação do Estatuto do Desarmamento ou a aprovação do Estatuto da Família, que restringe a definição de núcleo familiar à união entre um homem e uma mulher, forma de impedir a adoção de crianças por casais gays. No caso da PEC 215, contaram ainda com a mobilização dos povos indígenas, que chegaram a ocupar o Plenário da Câmara para resistir às mudanças nas demarcações. Um Congresso de perfil mais conservador torna, porém, mais difícil evitar essa onda.A ofensiva conservadora começou pela área de segurança. Na quinta-feira 26, a Câmara aprovou um projeto que eleva a pena para crimes cometidos contra policiais, agentes carcerários, militares e bombeiros em exercício da função. No dia anterior, o plenário havia aprovado outra proposta que dificulta a concessão de liberdade condicional aos condenados por crimes hediondos.A investida mobilizou diferentes setores da sociedade civil. “Sabemos que logo mais essa onda pode afogar os direitos indígenas, até porque a PEC 215 foi desarquivada”, avalia Cleber Buzatto, secretário-executivo do Conselho Missionário Indigenista. “Em abril, teremos novo acampamento em Brasília, com mais de mil lideranças indígenas.” Na avaliação de Kokay, a aliança BBB vai muito além da estratégia de apoiar a pauta alheia para fortalecer a sua própria. “Na verdade, todos eles compartilham da mesma ideologia, unem-se na defesa da sociedade patrimonialista e patriarcal.”Somados, os BBB dispõem de 40% dos votos da Câmara, mas são capazes de formar maioria com tranquilidade, diz André Luís dos Santos, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). “Eles não têm dificuldade para angariar apoio de outros blocos, até por ocuparem postos-chave na estrutura de poder da Casa.” Nessa frente, a ala mais numerosa é a ruralista, formada por 109 deputados e 17 senadores, segundo a “Radiografia do Novo Congresso”, atualizada a cada nova legislatura pelo Diap. Após Kátia Abreu assumir o Ministério da Agricultura, o oposicionista Ronaldo Caiado, do DEM, emergiu como uma das principais referências da chamada Bancada do Boi no Senado. Campeão de votos no Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze, do PP, mantém a liderança do grupo na Câmara.A Bancada da Bíblia, por sua vez, aumentou de 73 para 75 o número de deputados eleitos, além de preservar três senadores, registra o Diap. O pastor Marco Feliciano, do PSC, quase dobrou a quantidade de votos obtidos de 2010 para 2014, e segue como uma referência importante. Mas é o peemedebista Eduardo Cunha, fiel da Igreja Sara Nossa Terra, quem ocupa o palco, por definir o que entra ou não na pauta da Câmara.Cunha reveza-se entre pautas folclóricas, entre elas a criação do “Dia do Orgulho Hétero”, e iniciativas mais retrógradas, a começar pela intenção de proibir o aborto até em casos previstos em lei, como estupro e gravidez de risco. “É difícil ter uma agenda do século XXI com o presidente da Câmara patrocinando esse tipo de projeto”, lamenta a deputada Jandira Feghali, líder do PCdoB.Completam o time dos BBB ao menos 22 deputados defensores da redução da maioridade, do fim das penas alternativas e da permissão do porte de arma para todo cidadão, revela o Diap. Um expoente da Bancada da Bala é Jair Bolsonaro (PP-RJ), capitão da reserva do Exército, e Alberto Fraga (DEM-DF), coronel reformado da Polícia Militar e líder da Frente Parlamentar de Segurança Pública,

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representada pelo desenho de duas pistolas sobrespostas à silhueta do Congresso Nacional. Na terça-feira 31, Bolsonaro celebrou pelas redes sociais a vitória na CCJ da Câmara e o aniversário do golpe de 1964. Debochado, posou para fotos após estender uma faixa sobre o gramado do Parlamento: “Parabéns, militares. Graças a vocês o Brasil não é Cuba”.Apoiada por nove em cada dez brasileiros, segundo diferentes pesquisas, a redução da maioridade penal enfrenta a oposição de importantes entidades, entre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Juízes pela Democracia. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime também é contra. “É importante levar em conta que homicídios cometidos por adolescentes representam menos de 1% do total, enquanto mais de 36% das vítimas de homicídios no Brasil são adolescentes”, anota a agência da ONU.Na prática, o encarceramento de menores em cadeias comuns tende a agravar o problema de superlotação no sistema prisional, hoje com um déficit de 200 mil vagas. Segundo o último levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça, o País possui mais de 715 mil presos, dos quais apenas 148 mil estão em regime domiciliar. É a quarta maior população carcerária do mundo, atrás apenas de EUA, China e Rússia. Tampouco existem evidências de que o rebaixamento da idade penal seja capaz de reduzir os índices de criminalidade, observa o historiador Douglas Belchior, militante do Movimento Negro e integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Ao contrário, o ingresso antecipado no falido sistema prisional aumenta as chances de reincidência, uma vez que as taxas nas penitenciárias são de 70%, enquanto no sistema socioeducativo estão abaixo de 20%.”*Reportagem publicada originalmente na edição 844 de CartaCapital, com o título "BBB no Congresso"

10 motivos para temer a bancada BBB, 'Bíblia, Boi e Bala', do Congresso NacionalPublicado: 20/04/2015 09:00 BRT Atualizado: 20/04/2015 09:00 BRT

Que esta versão da Câmara dos Deputados é uma das mais conservadoras da história, não há dúvidas. O projeto que reduz a maioridade penal, em tramitação desde1993 e até então sempre postergado, não causou só comoção social como acendeu um sinal de alerta. Há outros no caminho.Apelidados de Bancada BBB, da bíblia, boi e bala, pela deputada Erika Kokay (PT-DF), em referência a quantidade de religiosos, delegados e ruralistas eleitos, os conservadores apresentaram uma pauta robusta esta legislatura.O grupo tem se articulado para tirar do limbo da Casa projetos de consenso da bancada que eram facilmente rejeitados. Eles contam com um aliado forte, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para se eleger presidente, Cunha fez promessas como aceleração na redução da maioridade penal e na PEC 215, que beneficia os ruralistas.Além disso, o próprio deputado é autor de projetos polêmicos, como o que institui o dia do orgulho hétero.

O Brasil Post listou os 10 principais projetos apoiados pela Bancada BBB:- Redução da maioridade penalA Câmara dos Deputados trabalha para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. Em uma comissão de 27 parlamentares, com apenas 6 contra a proposta, a batalha dos progressistas é para formar um texto menos conservador.Na opinião da maioria dos deputados que compõem o colegiado, o projeto, relatado pelo ex-delegado Laerte Bessa (PR-DF), atende os anseios da sociedade. De acordo com o Datafolha, 87% da população são a favor da proposta. A intenção dos deputados é votar a matéria no plenário até o fim deste semestre.

- Alteração no Estatuto do DesarmamentoNesta legislatura, a Câmara também instalou uma comissão especial para analisar o projeto de lei que modifica o Estatuto do Desarmamento.A norma em estudo facilita a compra e o porte de armas de fogo. Diminui os impostos e reduz de 25 para 21 anos a idade mínima para a compra de armas. Dos 27 integrantes do colegiado, 14 são favoráveis às alterações.

- Arma de fogo para parlamentarProjeto de lei de autoria do presidente da bancada da bala, deputado Alberto Fraga(DEM-DF), libera o porte de armas para os parlamentares.De acordo com ele, a demanda é grande, porém velada. "Tem gente que fica com medo do que as pessoas vão achar, mas quer e não tem coragem de falar isso publicamente", defende. Segundo ele, quem se sentir incomodado, que não use.

- Estatuto da FamíliaO PL 6583/13, que cria o Estatuto da Família, esteve nos holofotes no ano passado por causa de uma enquete que perguntava qual a definição de família para as pessoas.Para o relator do texto na legislatura passada, família só pode ser constituída por homem e mulher. Para complicar ainda mais, a definição dele proíbe casais gays de adotar filhos.O texto continua em tramitação na Câmara, agora em uma comissão especial presidida pelo teólogo, integrante da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ). O relator é Diego Garcia (PHS-PR), também da bancada religiosa.

- PEC 215, contra os interesses dos índiosUma das promessas de campanha do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aos ruralistas foi  desengavetar a tramitação da PEC 215. Ela transfere do governo federal e da Funai para o Congresso a responsabilidade por fazer a demarcação de terras indígenas.O temor das comunidades indígenas é que deputados ruralistas paralisem os processos e passem a legislar em causa própria.A comissão especial que analisa a proposta é presidida pelo deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). Além de integrar a bancada ruralista, ele votou a favor da flexibilização da regularização de imóveis rurais no Código Florestal.

- Estatuto do NascituroBandeira da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família, de 236 parlamentares, o Estatuto do Nascituro dá direitos ao  feto e inviabiliza qualquer oportunidade de se discutir a descriminalização do aborto.

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Apresentado no PL 478/2007, o texto também foi desengavetado este ano. Em junho de 2013, quando tramitava na Comissão de Finanças, o texto foi considerado umaviolência contra a população, as famílias e a sociedade.A medida proíbe inclusive o aborto em caso de estupro. Para alguns, defende o direito do bebê. Para outros, como o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, a proposta legitima o estupro e é cruel com as mulheres.

- Aborto como crime hediondoNo dia 10 de fevereiro, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu desarquivar o PL 7443/2006 do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que inclui a prática do aborto entre os crimes hediondos.Na justificativa do projeto, Cunha argumenta que incluir o aborto como "crime contra a vida implica atribuir a esse tipo penal tratamento diferenciado e severo, o que o equipara ao crime de homicídio".

- Punição maior para o médico que pratica abortoAssim que passou a presidir a Mesa Diretora da Câmara, Cunha também desengavetou outro projeto de sua autoria, o PL 1545/2011. Esta proposta tipifica o crime de aborto praticado pelo médico quando não for dos tipos admitidos pela lei brasileira.A sugestão do deputado é punir o médico com reclusão de 6 a 20 anos, além de proibir o exercício da profissão. O projeto aguarda parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Casa.

- Criminalização da "heterofobia"Mais um polêmico projeto do presidente da Câmara incomoda os que defendem avanços na legislação. Também em fevereiro, o deputado desarquivou o projeto quepenaliza a discriminação contra os heterossexuais.A matéria já passou pela Comissão de Direitos Humanos no ano passado e a relatora do texto, Erika Kokay (PT-DF) rejeitou a proposta por considerar que não hádiscriminação contra heterossexuais. O texto foi arquivado no dia 31 de janeiro, com o fim da legislatura anterior e desengavetado dez dias depois.

- Dia do orgulho héteroEm contrapartida ao Dia Internacional do Orgulho Gay, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu apresentar um projeto de lei para criar o Dia do Orgulho Hétero. O PL 1672/2011 estabelece que a data seria comemorada no terceiro domingo de dezembro.No projeto, Cunha alega que "no momento que discutem preconceito contra homossexuais, acabam criando outro tipo de discriminação — contra os heterossexuais — e além disso o estimulo à 'ideologia gay' supera todo e qualquer combate ao preconceito".

OIT diz que Brasil dá exemplo ao mundo com legislação para domésticas3 abril 2013O Brasil se tornou uma referência internacional em relação aos direitos dos trabalhadores domésticos, afirma a OIT (Organização Internacional do Trabalho).A avaliação chega em função do projeto de emenda constitucional conhecido como PEC das domésticas, em vigor a partir desta quarta-feira, data da publicação da nova legislação no Diário Oficial da União.

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Confisco de imóveis flagrados com escravos é aprovado pelo CongressoLeonardo Sakamoto27/05/2014

Brasília – O Senado Federal aprovou, na noite desta terça (27), a PEC do Trabalho Escravo. A proposta de emenda constitucional 57A/1999 prevê o confisco de propriedades em que esse crime for encontrado e sua destinação à reforma agrária ou a programas de habitação urbanos.Após acordo de líderes, os dois turnos de votação foram realizados na mesma sessão. Por ser uma PEC, ela não precisa de sanção presidencial e passa a valer após sua promulgação, que está marcada para a próxima semana. Ela já havia sido aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados em 2004 e 2012.

Confisco – A PEC prevê um acréscimo ao artigo 243 da Constituição que já contempla o confisco de áreas em que são encontradas lavouras de psicotrópicos. A ideia está tramitando no Congresso Nacional desde 1995, quando a primeira versão do texto foi apresentada pelo deputado Paulo Rocha (PT-PA), mas não conseguiu avançar. Então, uma proposta semelhante, criada pelo então senador  Ademir Andrade (PSB-PA), foi aprovada em 2003 e remetida para a Câmara, onde o projeto de 1995 foi apensado.

Elementos que caracterizam o trabalho escravo - De acordo com a lei vigente, são elementos que determinam trabalho escravo: condições degradantes de trabalho (aquelas que excluem o trabalhador de sua dignidade), jornada exaustiva (que impede o trabalhador de se recuperar fisicamente e ter uma vida social – um exemplo são as mais de duas dezenas de pessoas que morreram de tanto cortar cana no interior de São Paulo nos últimos anos), trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes, isolamento geográfico, retenção de documentos, ameaças físicas e psicológicas, espancamentos exemplares e até assassinatos) e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele).

Congresso promulga PEC da Bengala, e Renan nega motivação "política"

Do UOL, em Brasília07/05/201511h58 > Atualizada 07/05/201516h02

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O Congresso Nacional promulgou nesta quinta-feira (7) a  Proposta de Emenda Constitucional 457/05, conhecida como "PEC da Bengala", que eleva de 70 para 75 anos a idade para a aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores e do TCU (Tribunal de Contas da União). Estima-se que a medida evitará, nos próximos anos, o afastamento de pelo menos 20 ministros, entre eles, cinco ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).A PEC foi aprovada na Câmara dos Deputados na última terça (5). Como já havia sido aprovada pelo Senado, ela seguiu diretamente para a promulgação, pois, por ser uma PEC, não precisa da sanção presidencial. A cerimônia de promulgação foi comandada pelo presidente do Congresso Nacional e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e contou com a presença dos presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do STF, Ricardo Lewandowski.

Dilma "perde" indicaçõesDesde que assumiu a Presidência, Dilma Rousseff (PT) já indicou cinco ministros, entre eles o advogado Luiz Edson Fachin, que ainda precisa ser submetido à sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para ter sua indicação aprovada. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou oito, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) indicou três. Agora, a presidente petista só poderá fazer novas indicações ao STF se algum ministro ou ministra deixar o cargo por vontade própria antes dos 75 anos.Os ministros Marco Aurélio Mello e Celso de Mello se manifestaram a favor da PEC, mas pediram que a nova regra para a aposentadoria compulsória seja ampliada para servidores do Poder Legislativo e Executivo.

Joaquim Barbosa critica PEC da Bengala: STF não é "para ficar 20 anos"26/02/2015

"Ali (STF) não é lugar para ficar 20 anos. Ali, 12 ou 15 anos está bom demais, senão fica muito viciado. Tem que mudar", afirmou o ministro ao se posicionar sobre o assunto.

O que muda com a MP 665por Redação — publicado 07/05/2015

A Câmara aprovou na noite de quarta-feira 7, por 252 votos a favor e 227 contra, a Medida Provisória 665, uma das que traz as exigências do ajuste fiscal imposto pelo governo Dilma Rousseff. O texto muda as regras e dificulta o acesso a benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego e o abono salarial. Em vigor desde dezembro, o texto precisava passar pelo Congresso para virar lei. Entenda abaixo as mudanças:

Seguro-desempregoO que é: pago aos trabalhadores que perdem o empregoComo era: o trabalhador tinha direito ao benefício se tivesse trabalhado por seis mesesO que o governo queria: que o trabalhador tivesse trabalhado 18 meses nos 24 meses anteriores à demissão para solicitar o seguro-desemprego pela primeira vezComo fica com a alteração do Congresso: para pedir o benefício pela primeira vez o trabalhador precisa ter estado empregado por 12 consecutivos nos 18 meses anteriores à demissão. Na segunda vez, serão exigidos nove meses de trabalho nos 12 meses anteriores à demissão. Nas demais solicitações, serão necessários seis meses ininterruptos de trabalho antes da demissão.

Abono salarialO que é: benefício pago ao trabalhador que com carteira assinada com remuneração mensal média de até dois salários mínimos Como era: recebia o benefício, de um salário mínimo, o trabalhador que tinha trabalhado ao menos 30 dias com carteira assinada no ano-base do benefício O que o governo queria: que o trabalhador tivesse trabalhado 180 dias antes de receber o benefício e que o benefício passasse a ser proporcional ao tempo de trabalho, como o 13º salárioComo fica com a alteração do Congresso: o trabalhador precisa ter trabalhado ao menos 90 dias com carteira assinada no ano-base e o benefício será proporcional ao tempo trabalho

Reforma política: entenda os temas mais polêmicosJoão FelletDa BBC Brasil em Brasília

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6 novembro 2014

Anunciada como a prioridade da presidente reeleita, Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, a reforma política gera controvérsias entre os partidos políticos brasileiros há décadas.

Plebiscito ou referendoO primeiro ponto de divergência é a forma como a sociedade participaria da reforma. A presidente Dilma Rousseff inicialmente defendeu que o Congresso convocasse um plebiscito em que os eleitores pudessem se manifestar sobre vários pontos da reforma. Posteriormente, os congressistas teriam de elaborar um projeto com base na decisão das urnas.Além do PT, apoiam no Congresso a realização de um plebiscito o PCdoB e o PSOL, que têm bancadas pequenas.Mas o PMDB – que hoje preside a Câmara e o Senado – defende que o Congresso elabore a reforma e, só depois de aprová-la, convoque um referendo para consultar a população sobre o texto. Os eleitores poderiam, então, chancelar a proposta ou reprová-la como um todo. A posição do PMDB é endossada pela ampla maioria dos partidos no Congresso, entre os quais PSDB, PP, DEM, PR e PPS.Diante da resistência à sua ideia, Dilma recentemente indicou concordar com a realização de um referendo.A proposta original do PT, no entanto, é outra: o partido, assim como o PCdoB e vários movimentos sociais, defende que o Congresso convoque uma Assembleia Constituinte para tratar exclusivamente da reforma política. Eles tentam colher milhões de assinaturas para pressionar o Congresso a atender seus anseios.Financiamento de campanhaO PT, siglas de esquerda (PSOL, PCdoB) e outros partidos pequenos (entre os quais PRTB e PSDC) defendem que as campanhas sejam financiadas exclusivamente com dinheiro público, para reduzir o poder de influência de empresas na eleição.Mas PMDB e outros partidos grandes são contra a mudança, argumentando que ela geraria mais gastos públicos com os pleitos e aumentaria o chamado "caixa dois" (arrecadação não declarada e ilegal de recursos).O PSDB diz que o financiamento público só faria sentido se o voto for em lista (leia abaixo), modelo que diminuiria o número de candidatos na disputa. Caso contrário, a sigla afirma que o Estado gastará muito custeando as candidaturas.Uma alternativa, defendida pela ONG Transparência Brasil, seria estabelecer um limite para as doações. Outra opção, prevista em proposta que tramita no Congresso, seria proibir apenas doações de empresas.Esta medida, porém, também enfrenta a resistência de vários partidos, que consideram que ela favoreceria o PT. Esses partidos avaliam que, como tem grande número de militantes, a sigla arrecadaria mais recursos que as demais.Nos próximos meses, o Supremo Tribunal Federal (STF) também deve se pronunciar sobre o tema. O órgão começou a julgar uma ação que pede o fim das doações de empresas, mas a votação foi interrompida. Se decidir que essas doações são ilegais, a posição da corte terá força de lei.

Votações majoritáriasUma proposta elaborada por sindicatos e movimentos sociais defende que as eleições majoritárias (para vereadores, deputados estaduais e deputados federais) ocorram em duas etapas: num primeiro turno, os eleitores escolheriam um partido. No segundo, escolheriam políticos dos partidos mais votados.Já o PSDB defende o voto distrital misto nas eleições majoritárias. Por esse sistema, os Estados seriam divididos em distritos eleitorais. Os eleitores teriam dois votos: um para candidatos de seu distrito e outro para um partido. O partido afirma que o sistema aproximaria eleitores dos eleitos e daria mais importância aos programas partidários.O PT é contra o voto distrital, por avaliar que ele dificultaria a eleição de representantes de minorias. A sigla defende que o voto seja em listas de candidatos definidas pelos partidos. É o chamado voto em lista fechada.Já o PMDB propõe mudança mais simples, ao defender que só os candidatos mais votados sejam eleitos. Hoje, por causa da fórmula eleitoral em vigor, candidatos muito bem votados acabam garantindo a eleição de outros membros de sua coligação partidária.Todos os principais partidos concordam em pôr fim às coligações nas eleições majoritárias.Mudanças na forma de contabilizar os votos em eleições majoritárias exigiriam mudança na Constituição, o que tornariam sua aprovação mais difícil.

Fim da reeleiçãoO PSDB defende o fim da reeleição para cargos no Executivo (prefeito, governador e presidente) e a extensão dos atuais mandatos dos governantes para cinco anos.A maioria dos partidos não tem posição oficial sobre a proposta. Durante a campanha, Dilma disse que aceitaria discutir o tema, mas ironizou que o partido a propor o fim da reeleição (PSDB) fosse o mesmo a aprovar o mecanismo, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).Essa mudança também exigiria uma alteração constitucional.

Cláusula de barreiraA medida exigiria que os partidos obtivessem uma votação mínima em certo número de Estados para que pudessem eleger congressistas, receber recursos do fundo partidário e ter direito à propaganda eleitoral gratuita. A medida visa combater os chamados "partidos de aluguel".Estima-se que, se aprovada, só seis ou sete dos partidos atuais conseguiriam eleger representantes para o Congresso. Hoje há 28 siglas na Casa.O PSDB e o PMDB apoiam a medida. O PT – que em sua coalizão conta com siglas pequenas – não tem posição oficial sobre o tema. PSOL, PCdoB e outros partidos pequenos são contra a cláusula de barreira e dizem que ela concentraria o poder político em poucas siglas.Em 2006, o Congresso aprovou a criação da cláusula de barreira, mas a medida foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a julgou inconstitucional. Se o Congresso voltar a aprovar a matéria, é possível que representantes de partidos pequenos recorram ao STF outra vez.

Outros temas

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Há vários outros temas em discussão. Em sua proposta de reforma, o PSDB defende unificar as eleições municipais, estaduais e presidenciais e alterar a fórmula para o cálculo do tempo de propaganda eleitoral de candidatos ao Executivo. O objetivo da segunda medida é desencorajar alianças eleitorais feitas apenas com o propósito de ampliar a fatia de tempo dos candidatos.O PT defende obrigar os partidos a ampliar o número de candidaturas de mulheres e prega regulamentar o papel de conselhos populares na aplicação de políticas públicas. Antes da eleição, Dilma publicou um decreto que trata do tema, mas a Câmara derrubou a medida, alegando que ela reduzia as atribuições do Congresso.Já a proposta de reforma elaborada por deputados em 2013 inclui, entre outros temas, tornar o voto facultativo, exigir que candidatos estejam filiados a partidos a no mínimo seis meses antes da eleição e ampliar os requisitos para a criação de novas siglas.

STF começa a julgar mensalão; entenda o casoJoão FelletDa BBC Brasil em Brasília - Atualizado em  2 de agosto, 2012 - 04:50 (Brasília) 07:50 GMT

O Supremo Tribunal Federal começa nesta quinta-feira a julgar os 38 réus acusados de envolvimento com o mensalão, maior escândalo político da história recente do Brasil.A corte analisará as denúncias de que, entre 2003 e 2005, membros do governo Luiz Inácio Lula da Silva desviaram recursos públicos para comprar apoio político. O julgamento ocorrerá às vésperas da eleição municipal, em outubro, e deve levar pelo menos um mês.

O que foi o mensalão?Foi o suposto esquema de desvio de recursos públicos para comprar apoio político para o governo Lula e pagar dívidas de campanhas eleitorais. A denúncia diz que políticos da coalizão governista recebiam pagamentos mensais para apoiar a gestão petista. O escândalo provocou um grave abalo no governo Lula.

Como o caso veio à tona?O escândalo ocorreu em 2005 quando o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) acusou o PT de pagar o equivalente a R$ 30 mil por mês a políticos aliados desde 2003. A denúncia levou à queda de vários congressistas e membros do alto escalão do governo. José Dirceu, à época ministro da Casa Civil, foi acusado de chefiar o esquema. Ele renunciou e, alguns meses depois, também perdeu o cargo no Congresso.

Por que o caso levou tanto tempo para ser julgado?Após as primeiras denúncias, a Procuradoria-Geral da República (PGR) levou mais de um ano para preparar o caso e apresentá-lo ao STF. Outro ano se passou antes que a corte aceitasse julgar o caso. Desde então, mais de 600 testemunhas foram ouvidas.Ao longo do processo, os advogados de defesa tentaram várias vezes bloquear o julgamento ou desmembrá-lo, alegando que parte dos réus deveria ser julgada em cortes mais baixas. Segundo a legislação brasileira, somente altas autoridades devem ser julgadas pelo STF. Os pedidos foram negados, já que a corte avaliou que a denúncia se refere a um único esquema.De onde o dinheiro usado no esquema veio, segundo a denúncia?A PGR diz que o montante veio de empréstimos fictícios e do orçamento do governo para publicidade. Segundo o órgão, bancos e agências de publicidade ajudaram a fazer os pagamentos, em troca de contratos com o governo e vantagens.

Quais são as denúncias?Os 38 réus, entre os quais políticos e empresários, respondem por uma série de crimes, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.A denúncia diz que Dirceu e outros líderes do PT, juntamente com banqueiros e publicitários, formaram uma organização criminosa que usava recursos públicos e privados em troca de favores políticos. Lula não está diretamente envolvido e disse, após o escândalo, que se sentia "traído".Meses depois, porém, ele reduziu a importância das acusações, dizendo que o PT tinha se comportado como os outros partidos.

O que os réus dizem sobre as acusações?Alguns admitem ter recebido dinheiro, mas negam que os pagamentos eram feitos para garantir apoio político. Eles dizem que o esquema era uma forma de pagar dívidas de campanhas eleitorais. Ainda que ilegal, já que as dívidas não haviam sido declaradas, a prática é comum na política brasileira. Outros réus negam ter cometido qualquer ilegalidade.

Análise de mensalão tucano pode ficar para 2015João FelletDa BBC Brasil, em Brasília - 22 novembro 2013

A ordem de prisão contra políticos do PT condenados no julgamento do mensalão renovou a pressão para que o Supremo Tribunal Federal (STF) acelere a análise do chamado mensalão tucano (ou mineiro). Avalia-se que o caso, que trata de denúncias de corrupção na campanha do PSDB ao governo de Minas em 1998, testará a isonomia política da corte.No entanto, pendências burocráticas deverão fazer com que o processo leve pelo menos mais um ano para começar a ser julgado pelo tribunal.E enquanto o grandioso julgamento do mensalão petista, com 38 réus, alterou a rotina do Supremo e levou mais de um ano para chegar à fase das sentenças (algumas, ainda passíveis de revisão), o mensalão tucano, com apenas dois réus no STF, dificilmente mobilizará tantos esforços e atrairá tantos holofotes.Isso porque, ao contrário do que optou no caso petista, a corte resolveu desmembrar a ação tucana e enviou a tribunais inferiores as acusações contra 13 réus sem direito a foro privilegiado.

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Com isso, só responderão ao julgamento no STF o hoje deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que em 1998 tentava sua reeleição ao governo de Minas, e o hoje senador Clésio Andrade (PMDB-MG), então vice na chapa de Azeredo.Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o mensalão tucano consistiu num esquema de desvio de dinheiro público em Minas para financiar a campanha de Azeredo. O esquema é considerado pelo MP um embrião do mensalão petista, embora só tenha vindo à tona após as acusações de corrupção no governo Lula.

DesvioDe acordo com a denúncia, com o consentimento de Azeredo, o banco público Bemge e as estatais mineiras Copasa e Comig desviaram R$ 3,5 milhões para a campanha do tucano.A transação, segundo o MPF, foi feita por intermédio da agência de publicidade SMPB, do empresário Marcos Valério. Valério também foi apontado como o operador do mensalão petista. Condenado, está preso em Brasília.Sua defesa diz que em ambos os casos houve apenas caixa dois (arrecadação não declarada de recursos para campanha), sem uso de dinheiro público.Azeredo nega participação no esquema e diz que as atividades financeiras de sua campanha eram responsabilidade do tesoureiro Cláudio Mourão, que foi secretário de Administração em sua gestão.Andrade, por sua vez, diz que não participava dos gastos da campanha e que, como não tinha cargo público à época, não poderia ter exercido qualquer influência no desvio de recursos do Bemge e das estatais.No STF, o caso está dividido em duas ações, uma contra Azeredo e outra contra Andrade. Ambas têm como relator o ministro Luís Barroso.Questionado nesta semana sobre quando encerraria seu trabalho e levaria os casos à votação, Barroso disse que "o mais rápido que o devido processo legal permitir". "Não sei se ainda em 2014".Assessores do ministro disseram à BBC Brasil que ele trabalha para entregar o seus votos até o fim do primeiro semestre do ano que vem. Antes de serem submetidos aos demais ministros para julgamento, porém, os casos devem ainda passar por um revisor.O STF não costuma exigir prazos fixos para a revisão, mas em casos excepcionais a corte pode agendar uma data para o julgamento e pressionar o revisor a entregar o voto antes da análise.Foi o que ocorreu no processo do mensalão, em que o revisor, Ricardo Lewandowski, foi cobrado pela presidência do órgão a entregar seus trabalhos em seis meses.

Outros 13 acusadosEnquanto os dois réus do mensalão mineiro no STF ainda devem aguardar ao menos um ano para terem seus casos analisados, os outros 13 acusados que respondem pelo processo em tribunais inferiores enfrentam cronogramas de julgamento diversos entre si.Em setembro, na primeira condenação do mensalão mineiro, a Justiça Federal em Minas sentenciou o ex-diretor do Banco Rural Nélio Brant Magalhães a nove anos e nove meses de prisão por sua atuação no esquema.Segundo a decisão, Magalhães, então diretor do banco, autorizou empréstimos fraudulentos às empresas de Marcos Valério.Já os réus José Geraldo Dontal, Paulo Roberto Grossi, Wellerson Antônio da Rocha e Caio Mário Álvares foram absolvidos por falta de provas.Ainda cabe recurso. A BBC Brasil não conseguiu contatar a defesa de Magalhães.Outros réus, entre os quais o empresário Marcos Valério, ainda não tiveram seus casos analisados. E as acusações contra dois deles, o ex-tesoureiro Cláudio Mourão e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia (PSB-MG), poderão perder validade graças a um dispositivo legal que reduz prazo de prescrição de penas para réus com mais de 70 anos.

Justiça italiana adia decisão sobre extradição de Pizzolato para outubroMarcelo CrescentiDe Milão, para a BBC Brasil - 5 junho 2014Teve início nesta quinta-feira, na Corte de Apelação da cidade de Bolonha, na Itália, o julgamento do pedido de extradição por parte do governo brasileiro do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.A primeira audiência do caso começou à tarde, e a Corte ouviu por várias horas as partes interessadas no caso.Ao fim da sessão, a Justiça adiou a decisão sobre o pedido de extradição para outubro. Até lá, Pizzolato continuará preso.De acordo com o advogado de defesa de Pizzolato, Alessandro Sivelli, os três juízes querem mais informações sobre os presídios onde seu cliente poderá ficar preso no Brasil.A defesa alega que o acusado não pode ser extraditado porque as prisões do país "não respeitam os direitos humanos".Camburão e algemasO réu foi levado ao tribunal em um camburão e chegou algemado. Dois procuradores brasileiros que falam italiano estiveram em Bolonha acompanhando o processo.Pizzolato tem a cidadania italiana e brasileira. De acordo com um tratado firmado em 1989 entre os dois países, a Itália pode se recusar a extraditá-lo.A Procuradoria-Geral da República argumenta que o tratado não exclui totalmente a extradição, que poderia ser admitida pela Justiça italiana quando o motivo é previsto nas convenções internacionaisCaso não seja possível a extradição, o Brasil poderá requerer que Pizzolato seja julgado na Itália, disse nesta quinta o ministro da Justiça brasileiro, José Eduardo Cardozo.

MensalãoHenrique Pizzolato foi o primeiro dos 12 condenados pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470, conhecida como mensalão.Ele foi sentenciado a 12 anos e sete meses de reclusão em regime fechado, além de multa de R$ 1,3 milhão, pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.Mas Pizzolato não se apresentou à Polícia Federal na data marcada, em novembro do ano passado, e fugiu para a Europa.Em comunicado divulgado na época, Pizzolato afirmou ser inocente e que havia sido "desrespeitado por setores da imprensa" brasileira.Também se disse decepcionado com o Judiciário brasileiro e declarou que decidiu o país para "ter um novo julgamento na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial".

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Fuga premeditadaSegundo a PF, a fuga foi preparada, como um plano B à condenação, muito antes da decisão ser expedida.Ele teria tirado um passaporte brasileiro falso (usando um RG também falso) em 2008.O documento estava em nome do irmão dele, Celso, morto em 1978, mas tinha a sua foto.Em 2010 ele teria obtido um passaporte italiano falso porque seus documentos originais haviam sido apreendidos pela Justiça brasileira.A PF afirmou que dois meses antes de ter a prisão decretada, ele foi para a cidade de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e cruzou a fronteira da Argentina.De lá seguiu de carro para Buenos Aires, onde embarcou em um voo para a Espanha – seguindo depois para a Itália.

PrisãoEm 5 de fevereiro deste ano ele foi preso na cidade italiana de Maranello, perto de Modena, a pedido da Polícia brasileira, por por meio de um mandado internacional de prisão da Interpol conhecido como difusão vermelha.Estava escondido com a mulher ainda usando a identidade falsa.No fim de maio passado, a Corte de Cassação de Roma negou um recurso da defesa para que o acusado pudesse esperar pelo veredito em liberdade.Desde então, Pizzolato está preso na cadeia de Modena, cidade a cerca de 37 quilômetros de Bolonha, no norte da Itália.

Itália: Deportação de Battisti une políticos de esquerda e direita nas redes sociais03/03/201518h59De Milão para a BBC Brasil

A decisão pela deportação de Cesare Battisti do Brasil, tomada por um tribunal em Brasília, está causando muita polêmica na Itália e inundando as rede sociais com comentários pró e contra expulsão.Battisti fora condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos que teriam sido cometidos por ele na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Ele fugiu para o Brasil em 2004, onde foi preso em 2007.A Itália pediu sua extradição, que foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal. No entanto, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tinha a última palavra no caso, revogou a medida, argumentando que o italiano era alvo de perseguição. O governo italiano ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas a grande maioria das reações, nesta terça-feira, de políticos nas redes é favorável à medida, que acabou unindo oponentes de esquerda e de direita.A líder do partido de direita Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), Giorgia Meloni, disse via Twitter que o Brasil "ordenou a expulsão de um criminoso e assassino", e acresce: "O esperamos de braços abertos".O vice-presidente do Senado italiano, Mauro Gasparri, do partido de centro-direita Forza Italia, também exultou: "É uma boa notícia", disse em um post em sua página de Facebook. "Não queremos só a deportação para outro país, mas sim que ele cumpra a pena aqui na Itália."Do outro lado do espectro político, Riccardo Nencini, líder do Partido Socialista Italiano, também saudou a decisão com um comentário no Twitter: "Esperamos que isso acabe de uma vez por todas com a ausência injusta de um homicida".Outros posts, como por exemplo na página de Facebook do jornal Corriere della Sera, dizem que "os esquerdistas vão organizar marchas de solidariedade" para Battisti, ou que "dentro de uma semana ele estará em liberdade".No entanto, Battisti também tem defensores na web. Vários deles mencionam erros e dúvidas relacionados ao julgamento de Battisti; outros veem uma relação entre a deportação de Battisti e a decisão da Justiça italiana de poucas semanas atrás de extraditar ao Brasil o ex-presidente do BB Henrique Pizzolato, que foi condenado por seu envolvimento no caso do mensalão.Essa teoria é aventada por usuários de redes sociais tanto na Itália como no Brasil. "Quer dizer que um juiz mandou deportar o Cesare Battisti? Alguma relação com Pizzolato ou muita teoria da conspiração?", pergunta um usuário via Twitter.

E o irônico colunista Tutty Vasques se pergunta de modo jocoso quem vai ser deportado primeiro: Cesare Battisti, Henrique Pizzolato ou Roman Polanski?Na decisão divulgada nesta terça, a juíza federal de Brasília Adverci Rates Mendes de Abreu concordou com o argumento do Ministério Público Federal, segundo o qual o visto concedido a Battisti é inválido.Ela determinou que a União deporte o italiano para o México ou a França, países pelo qual ele passou antes de chegar ao Brasil.O advogado de Cesare Battisti - o qual alega perseguição política na Itália - diz que irá recorrer da decisão.

Sensação de 'mal-estar' social contribui para protestosBBC Brasil17 junho 2013

A onda de protestos realizada em inúmeras cidades brasileiras na semana passada é motivada por uma sensação de "mal-estar coletivo", compartilhada em especial pela juventude das grandes cidades.Na opinião da maioria dos especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o fenômeno é mais social do que político e concentra-se nas regiões metropolitanas, onde as sucessivas políticas públicas executadas por governantes locais teriam deixado de atender aos principais anseios da população, sobretudo os mais jovens.Eles, no entanto, refutaram uma comparação com a chamada Primavera Árabe, a onda de protestos ocorrida no Oriente Médio, que resultou na derrubada de regimes autoritários.Na semana passada, manifestantes tomaram as ruas de pelo menos seis cidades brasileiras para protestar contra o aumento das tarifas do transporte público. Em São Paulo, na quinta-feira, a polícia reprimiu uma passeata e acabou ferindo várias pessoas, incluindo jornalistas.No sábado e domingo, novos protestos voltaram a ocupar o noticiário nacional, dessa vez nas imediações dos estádios de Brasília (Mané Garrincha) e Rio de Janeiro (Maracanã) onde foram realizados os primeiros jogos da Copa das Confederações.Novas manifestações foram marcadas para esta segunda-feira.

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MotivaçõesEm suas interpretações sobre as causas dos protestos, sociólogos e cientistas políticos destacam a insatisfação dos jovens com a administração pública e com as condições de vida nas grandes cidades."Existe uma espécie de mal-estar difuso, sem um foco claro. Há uma espécie de ressentimento e frustração de ordem social, alimentados por um estilo de gestão que não oferece diálogo à população", afirmou à BBC Brasil o sociólogo Gabriel Cohn, ex-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP).Cohn, porém, acredita que esse mal-estar também reflete "uma insegurança dos jovens em relação a seu futuro. Nos últimos anos, o Brasil passou por profundas transformações, o que gerou fortes expectativas dessa camada social, e há uma ansiedade justificada por parte deles se isso vai se sustentar ou avançar nos próximos anos", acrescentou.Para o sociólogo Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), os protestos são uma crítica à mobilidade urbana, sobretudo por parte dos jovens, que se ressentem da falta de representatividade nas diferentes esferas de administração pública."As manifestações refletem uma insatisfação sobre o modo sufocante de viver nas grandes cidades, cada vez mais hostis à população em geral. Isso cria uma espécie de uma anomalia social, uma sensação de não pertencimento. Para piorar, o poder público não está conseguindo garantir qualidade de vida aos moradores dos grandes centros urbanos", disse Fornazieri, que diz conhecer alguns dos líderes do MPL, aos quais deu aulas."A principal bandeira é o transporte público porque o jovem ─ especialmente o de classe média baixa ─ que muitas vezes precisa trabalhar e estudar, é o mais afetado por tudo isso. Essa situação gera uma angústia na juventude, que não se vê representada nem nos sindicatos nem nas associações estudantis, pois estes estão relativamente acomodados em suas conquistas", acrescentou.A socióloga Angela Maria Araújo, da Unicamp, concorda em parte. Ela vê as manifestação como um protesto dos jovens contra a gestão da cidade e à falta de perspectivas geradas por uma educação deficiente.Para ela, o movimento está principalmente relacionado "a um descontentamento dessa parcela da população mais jovem com as condições em que vivem nos grandes centros urbanos. O transporte é de péssima qualidade e o trânsito, caótico", disse."Além disso, as escolas não dão resposta às expectativas desses jovens", acrescentou.Já o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, define o protesto como "um movimento social urbano vinculado à qualidade do transporte público"."É um fenômeno restrito às regiões metropolitanas que revela uma insatisfação em relação aos governantes, que deixaram de lado as políticas públicas para a melhoria desse setor."Na avaliação do sociólogo Bolívar Lamounier, os protestos foram incentivados, em parte, por uma "impaciência com a corrupção e com a inflação".

Reação da políciaDe acordo com os analistas, a reação da polícia às manifestações, especialmente em São Paulo, acabou por dar musculatura à mobilização popular, atraindo novos adeptos e também novas causas."Inicialmente, os manifestantes protestaram contra o aumento da tarifa dos transportes públicos. Naquela ocasião, nem todos apoiavam a causa. Mas, por causa da truculência da polícia, o movimento ganhou simpatizantes, que se solidarizaram às suas causas e também passaram a reivindicar outras propostas", afirmou Ismael, da PUC-Rio."Há um sentimento de reivindicação legítima, e a maneira como o governo vem tratando a questão não é a mais adequada no ambiente democrático", acrescentou."Apesar de não vivermos em um regime autoritário, vemos o avanço real de forças truculentamente conservadoras na sociedade", afirmou Cohn, da USP.

Primavera Árabe?Embora admitam que a convocação dos protestos por meio das redes sociais é similar ao da Primavera Árabe, os especialistas descartaram uma semelhança mais profunda com a onda de protestos que varreu o Oriente Médio e, mais recentemente, a Turquia."Diferentemente da Primavera Árabe, as manifestações aqui não são contra o governo instalado", disse Araújo, da Unicamp."Eles não querem derrubar o governante, mas serem ouvidos, ou seja, que a política pública exista através do diálogo", defende Ismael, da PUC-Rio.Entretanto, os analistas ouvidos pela BBC Brasil têm visões diferentes sobre a vocação política das manifestações.Falando sobre os protestos ocorridos em São Paulo, Cohn diz que não vê insatisfação política pois, em sua opinião, os manifestantes não advogam "grandes causas"."Quem é o objeto das manifestações?", questiona. "O movimento é fraco politicamente porque é muito reativo, pois não propõe ou defende questões reais. Trata-se apenas de um estímulo para reagir e correr para a rua. Uma ação propositiva faria mais sentido", afirmou.Ismael, da PUC-Rio, discorda. Para ele, existe um descontentamento "político" pela crítica aos governantes."Não é porque as manifestações não pediram a renúncia de um determinado governante que não existe vocação política por trás dessas mobilizações populares", afirmou."Eu diria até que foi esse apartidarismo que vem unindo mais e mais manifestantes. Caso contrário, se fizesse escolhas políticas, o movimento certamente perderia força", avaliou.Já Bolívar Lamounier diz acreditar que, em São Paulo, o protesto foi insuflado por "grupos trotskistas" e que tem como alvo o governador do Estado, Geraldo Alckmin.

Black Blocs cativam e assustam manifestantes mundo afora07/09/201312h56

Jovens mascarados e vestidos de preto andam em grupo no meio de protestos. Portam bandeiras negras ou símbolos anarquistas, quebram vidraças, entram em confronto com a polícia e embora não possuam líderança clara, têm nome definido: Black Blocs.Essa poderia ser uma cena vista no Brasil, no Egito, na Turquia, na Grécia, nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo.Para Francis Dupuis-Déri, professor de ciência política da UQAM (Université du Québec à Montréal) e autor do livro "Les Black Blocs", a internet e a crescente insatisfação com os governos e a economia impulsionam o movimento.

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"Os Black Blocs são fáceis de identificar, eles usam roupas específicas. É algo simples de ser reproduzido. Alguém pode vê-los na TV e imitá-los. Acredito que a internet também tenha um papel crucial", disse.De acordo com Dupuis-Déri, que pesquisa os grupos há dez anos, a internet se tornou o seu principal canal de comunicação porque permite que os grupos interajam rapidamente e organizem protestos."Os Black Blocs não são uma organização permanente. Pelo caráter anarquista desses grupos, eles não têm um líder ou um representante para falar com o governo, por exemplo. Antes e depois de uma manifestação, eles não existem", explicou.No Brasil, como em outras partes, os Black Blocs usam o Facebook para postar vídeos, fotos e organizar atos. Foi por meio do perfil Black Bloc Egypt que jovens egípcios convocaram ataques ao palácio presencial e o fechamento de pontes no Cairo.Identificando-se apenas como Morro, um dos administradores da página egípcia contou à BBC Brasil que o grupo já se reunia há dois anos para protestar. "Primeiro, pensamos em formar um movimento hooligan, mas depois vimos vídeos e Black Blocs na Grécia e nos inspiramos", disse.As táticas violentas dos Black Blocs no Egito foram duramente reprimidas pelas forças de segurança. Ao menos três membros do grupo foram mortos e dezenas estão presos. Atualmente, o grupo tem presença tímida nas manifestações.Assim como no Brasil, onde Black Blocs têm depredado agências bancárias e concessionárias de carro, no Egito o grupo provocou a desconfiança do público e de outros manifestantes."A maior parte das pessoas no Egito tem medo deles, acha que são vândalos ou bandidos", afirmou a ativista egípcia Nihal Zaghloul.TáticaSurgida nos anos 1980 na Alemanha no âmbito dos movimentos de contra-cultura e em defesa dos squats, a tática de protesto Black Bloc originalmente pode ou não usar a violência e tem alvos específicos, como agências bancárias.Da década de 1990 em diante, a técnica Black Bloc se espalhou pelas cenas anarquistas, punk, anti-facistas e ecológicas. E ganhou força em mobilizações contra o neoliberalismo e o capitalismo, como na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1999, em Seattle, em 2001, em Roma, ou durante a reunião do G20 em Toronto, em 2010.Segundo Dupuis-Déri, os Black Blocs são em geral indivíduos com ativa participação política no dia a dia.Os Black Blocs que participaram dos protestos de 2012 no Quèbéc, Canadá, se disseram "estudantes, trabalhadores, desempregados e revoltados", no "Manifeste du Carré Noir", que fizeram circular na internet.Recentemente, grupos Black Blocs atuaram em diferentes protestos contra os governos na Grécia, na Turquia, no Chile e no México."Os Black Blocs são sintomáticos de uma crescente insatisfação mundial com os governos e o sistema econômico. A violência em um movimento social sempre tende a assustar e afastar as pessoas, isso é senso comum. Mas há casos em que a violência chamou a atenção da mídia, levantou um debate público, denunciou repressões", explicou o cientista político.ViolênciaMovimentos como os protestos de Seatlle fizeram conhecida a face violenta desses grupos, mas a violência "não é necessariamente usada pelos Black Blocs", diz o professor de ciência política canadense."Os atos violentos são dirigidos a alvos determinados como as forças de segurança e os bancos. Casos de furtos ou roubos não são comuns".O acadêmico lembra também que a violência é uma constante histórica em lutas de movimentos sociais e revoluções."Mesmo o movimento feminista pelo direito ao voto no início do século 20 viu momentos de violência", diz Dupuis-Déri.Em 1911, centenas de mulheres saíram às ruas de Londres em protesto e quebraram janelas e vitrines no centro comercial da cidade. A então líder do movimento feminista Emmeline Pankhurst disse que "o argumento da vidraça quebrada era o argumento mais valorizado na política moderna".Depois da prisão em massa das ativistas ela ainda alegou que "elas tinham tentado tudo - protestos e reuniões - mas nada funcionara".

'Rolezinhos' são realidade há anos em shoppings dos EUA16 janeiro 2014

Um encontro de adolescentes, convocado pelas redes sociais, realizado dentro de um shopping center - e que acabou em confusão e confrontos com a polícia.A descrição, que poderia servir para um "rolezinho" em São Paulo, é na verdade de um "flash mob" ocorrido em 26 de dezembro no Brooklyn, em Nova York.Assim como no Brasil, esses episódios têm despertado debates sobre o papel dos shopping centers, o direito de se reunir no local e as motivações desses jovens.No Brooklyn, o Kings Plaza Shopping Center foi palco de um encontro de ao menos 300 jovens, convocados pelas redes sociais. Testemunhas disseram à imprensa local que eles gritavam, empurravam transeuntes e roubaram lojas. O shopping acabou fechando as portas por uma hora, informa o New York Post.No dia seguinte, menores de idade não acompanhados de adultos foram barrados do local, despertando críticas dos que se sentiram tolhidos pela medida - e que queriam apenas fazer compras - e elogios dos que temiam novas cenas de confusão.Dezenas de incidentes parecidos ocorreram em outras cidades americanas nos últimos anos. Em Chicago, em abril passado, centenas de jovens se juntaram no centro da cidade, convocados pelas redes sociais, e o episódio acabou em briga; a imprensa americana traz relatos parecidos de "flash mobs" realizados no mesmo mês no centro da Filadélfia e, em 2012, em uma loja do Walmart em Jacksonville, na Flórida.Em 2011, também na Filadélfia, a prefeitura estabeleceu um toque de recolher para adolescentes, impedidos de ficar nas ruas após as 20h ou 22h (dependendo da idade dos jovens), na tentativa de evitar os encontros.Não está claro se esses "flash mobs" em questão foram organizados com fins violentos, mas a maioria das reuniões - assim como no Brasil - ocorreu pacificamente.

'Formas de se expressar'Um episódio do tipo ocorrido em agosto de 2011 em Kansas City - e que resultou em três jovens feridos a tiros - levou um grupo de acadêmicos do Consórcio Educacional da cidade a pesquisar o fenômeno.

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Após entrevistar 50 dos adolescentes que participaram do episódio, em 2012, uma das conclusões foi a de que os jovens "estão buscando formas de se expressar enquanto se conectam com outros (pela internet)" - e que qualquer ação oficial para lidar com o fenômeno deve levar isso em conta."Os jovens se envolveram em 'flash mobs' para se expressar, chamar atenção, serem vistos e lembrados e se expressarem", diz a pesquisa.Além disso, afirmam os pesquisadores, esses jovens estão "entediados" - e sua interação no mundo digital, onde os "flash mobs" são organizados, é uma importante forma de diminuir o tédio.Por isso, toques de recolher como os implementados nos EUA terão pouca eficácia se não forem combinados "com atividades alternativas, acessíveis e divertidas" e incentivos a "flash mobs do bem", sem atitudes violentas.Ao mesmo tempo, muitos desses jovens também lidam com limitações econômicas, moram em bairros violentos ou negligenciados e se queixaram que só foram parar no noticiário quando ocuparam espaços centrais de Kansas City.

Questões sociaisO debate americano tem se estendido também para questões raciais e sociais.O New York Times destacou que a maioria dos jovens que participaram de um "flash mob" na Filadélfia em 2010 eram negros, de bairros pobres, e agiram em bairros predominantemente brancos.Em contrapartida, críticos dizem que a polícia alvejou sobretudo jovens negros quando agiu para conter distúrbios.A ONG Public Citizens for Children and Youth, de apoio à juventude da Filadélfia, levantou na época a possibilidade de episódios do tipo serem uma consequência no corte de verbas a programas sociais que mantinham os jovens ocupados após as aulas."Precisamos de mais empregos para os jovens, mas programas pós-aulas, mais apoio dos pais", disse a ONG ao New York Times.Articulistas também debatem - assim como no Brasil - o papel dos shopping centers em subúrbios dos EUA, alegando que faltam espaços públicos comunitários, e citam a desilusão geral dos jovens com outros tipos de engajamento político ou social."É um grupo de jovens que sente raiva e impotência, e tenta obter um senso de poder", disse à CNN o psicólogo Jeff Gardere.

Brasil sobe uma posição no ranking do IDH e fica em 79º entre 187 países

De 1980 a 2013, o IDH do Brasil foi o que mais cresceu entre os países da América Latina e do Caribe, com alta acumulada de 36,4%, um crescimento médio anual de 0,95% no período.

24 de julho de 2014

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil apresentou melhora em 2013, confirmando uma trajetória de crescimento constante durante as últimas três décadas. As evoluções nas três dimensões do índice (vida longa e saudável, educação e padrão de vida decente) mostram uma convergência rumo a uma maior harmonização do desenvolvimento humano no Brasil, ao longo dos anos. Os dados fazem parte do Relatório do Desenvolvimento Humano 2014, lançado pelo PNUD nesta quinta-feira (24/7) em Tóquio, no Japão.Com um IDH de 0,744, o Brasil melhorou uma posição em relação a 2012 no ranking de países, aparecendo agora em 79º entre os 187 países e territórios reconhecidos pela ONU. Este IDH é superior ao IDH médio da América Latina e do Caribe (0,740) e ao IDH calculado para os países de Alto Desenvolvimento Humano (0,735), grupo do qual o Brasil faz parte. Das 102 nações que compõem os grupos de Muito Alto e Alto Desenvolvimento Humano, apenas 18 apresentaram melhora no ranking em relação ao ano anterior, dentre as quais o Brasil.

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Para ONU, Brasil é exemplo de como evitar retrocesso em ganhos sociais24 julho 2014

Para a ONU, políticas adotadas pelo Brasil, como o Bolsa Família, podem servir de exemplo para os países que querem evitar retrocessos em seus indicadores sociais.Em seu mais recente relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado nesta quinta-feira, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) faz um alerta sobre a necessidade de estratégias que consolidem os avanços obtidos nas áreas de educação, saúde e renda em diversos países.No ranking elaborado pela ONU com base no IDH de 187 países, o Brasil teve uma ligeira melhora e subiu uma posição para o 79º lugar.Segundo a organização, nos últimos anos teria ocorrido uma desaceleração no progresso do índice de desenvolvimento humano no mundo.

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Além disso, os avanços obtidos até agora estariam ameaçados por fatores como crises econômicas, tragédias ambientais e conflitos armados – que deixariam 800 milhões de pessoas sujeitas a voltar para uma situação de pobreza."Ganhos importantes em aspectos críticos do desenvolvimento humano, como saúde e nutrição, podem ser rapidamente minados por tragédias naturais ou uma depressão econômica", diz o documento, intitulado Sustentar o Progresso Humano: Reduzir Vulnerabilidades e Construir Resiliência.Entre as estratégias brasileiras elogiadas pela organização por supostamente ajudar a evitar o retrocesso nos ganhos de populações vulneráveis estão o programa Bolsa Família e as cotas para afrodescendentes em universidades federais.O programa conhecido como orçamento participativo, adotado em Porto Alegre, também é elogiado."Sistemas de resposta podem facilitar ajustes de curto prazo a eventos adversos de maneira a minimizar seus impactos de longo prazo. Tome o Bolsa Família, por exemplo (…): o impacto de um grande aumento nos preços dos alimentos após a crise financeira global de 2008 foi mitigado por transferências de renda maiores", diz o relatório, ressaltando, ainda, que o programa brasileiro estaria ligado a uma redução de 16% nos índices de extrema pobreza no país.No documento, a ONU também exalta o impacto positivo de outros programas de transferência de renda, como o mexicano Oportunidades.E defende um compromisso global em torno da provisão universal de serviços básicos como educação e saúde, da adoção de mecanismos de proteção social como aposentadoria e seguro desemprego e da implementação de políticas de pleno emprego.Além disso, sem menção ao Brasil, o relatório elogia as políticas anticíclicas adotadas contra a crise de 2008.

Avanço brasileiroO IDH é calculado com base em indicadores de educação, saúde e renda e permite a elaboração de um ranking de países.O índice vai de 0 a 1, sendo que quanto mais perto de 1, melhor a situação de desenvolvimento humano de determinado país.Na lista deste ano, o Brasil subiu mais uma posição, ficando no 79º lugar entre os 187 países.O país alcançou uma pontuação de 0,744 em 2013, contra 0,742 do ano anterior. E com isso, ficou a frente de quase todos os países dos BRICS – à exceção da Rússia – e acima da média latino-americana (0,740).No ranking, porém, a posição brasileira ainda está abaixo de outros latino-americanos, como México (71º colocado), Chile (41º), Cuba (44º), Argentina (49º), Uruguai (50º), Panamá (65º) e Venezuela (67º).A melhora no índice brasileiro reflete uma tendência de longo prazo dos componentes do IDH no país.Nas últimas três décadas, por exemplo, a expectativa de vida dos brasileiros cresceu 11,2 anos e a renda média subiu mais de 50%.Os melhores colocados no IDH são Noruega (0,944), Austrália (0,933) e Suíça (0,917).Os piores são Níger (0,337) e República Democrática do Congo (0,338).O relatório deste ano se propõe a contribuir para a discussão da chamada "agenda pós-2015".Em 2015, chega-se a data-limite para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – metas de desenvolvimento com as quais muitos países se compremeteram frente a ONU e cujo cumprimento deve ser avaliado.Com isso, se abrirá espaço para o estabelecimento de novas metas nessa área."Erradicar a pobreza será um objetivo central da nova agenda", escreveu Helen Clark, do PNUD."Mas se, como esse relatório (do IDH) aponta, as pessoas permanecerem sob o risco de voltar a ser pobres, em função de fatores estruturais e vulnerabilidades persistentes, o progresso do desenvolvimento será precário."

EducaçãoPesquisador brasileiro ganha prêmio equivalente a 'Nobel' de matemática12/08/2014 17h12 - Atualizado em 12/08/2014 22h02

Artur Ávila, de 35 anos, é diretor de pesquisa em centro de Paris e do Impa. 'Matemático faz coisas que o computador não faz', diz.O matemático Artur Ávila Cordeiro de Melo, de 35 anos, recebeu, nesta terça-feira (12), a Medalha Fields, um prêmio equivalente ao "Nobel" de matemática. Ávila é o primeiro pesquisador brasileiro e da América Latina a receber a medalha. Ela é dada pela União Internacional de Matemáticos (IMU) a quatro pesquisadores do mundo. O prêmio foi anunciado em um congresso de matemáticos na Coreia do Sul.No argumento, os diretores da IMU destacaram o trabalho de Ávila por suas "profundas contribuições na teoria dos sistemas dinâmicos unidimensionais", em que estuda o comportamento de sistemas sujeitos a alterações constantes. Esses sistemas podem ficar mais ou menos estáveis ou caóticos, e é difícil distinguir quando cada caso pode acontecer.Os outros três ganhadores são Manjul Bhargava, da Universidade de Princeton (EUA); Martin Hairer, da Universidade de Warwick (Inglaterra) e Maryam Mirzakhani, da Universidade de Stanford (EUA), uma iraniana que é também a primeira mulher a ser premiada.O prêmio Medalha Fields foi criado em 1936 pelo matemático canadense John Charles Fields, e é anunciado pela IMU a cada quatro anos para jovens matemáticos de até 40 anos de idade. Além da medalha, os quatro vencedores recebem 15 mil dólares canadenses, cada (R$ 31 mil). A premiação é considerada pelos norte-americanos e canadenses o prêmio mais importante da matemática. Já os europeus dão mais importância a outro prêmio internacional, o Abel.

Em pouco menos de um mês, o Brasil perdeu quatro grandes escritores.Colegas e especialistas tentam contabilizar as perdas para o país Nahima Maciel - Correio Braziliense - Vanessa Aquino - Correio Braziliense - Publicação: 26/07/2014

O ciclo trágico que abalou a literatura brasileira neste julho friorento começou na primeira quinta-feira do mês, quando a morte levou o poeta Ivan Junqueira. Surpreendeu a todos no último dia 18, tirando a vida de João Ubaldo Ribeiro. E entristeceu os leitores apaixonados pelo Brasil popular no início desta semana, ao colocar a Caetana no caminho de Ariano Suassuna. Não satisfeita, a dona morte passou por Campinas (SP) e levou Rubem Alves, cronista habilidoso e grande pensador da educação no país.É um vazio literário que não será preenchido. Eles fazem parte de uma era na qual escritores eram celebridades seguidas na rua e personalidades capazes de lotar auditórios. Viveram o suficiente para deixar uma obra acabada e bem lapidada, mas não o bastante para saciar uma legião de leitores fiéis e fascinados.Se essas mortes têm seu aspecto triste, elas carregam também uma tragicidade na leitura do crítico e escritor Silviano Santiago. “Porque

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eles são escritores complementares”, explica. “Nenhum terá um correspondente perfeito na situação atual.” Ivan Junqueira supriu uma lacuna relegada a segundo plano pelo modernismo ao investir no diálogo com a poesia lusitana. “Era um poeta de formação clássica que reata esse diálogo de maneira brilhante. Além disso, era um grande tradutor”, diz Santiago, ao lembrar traduções memoráveis de T. S. Eliot e Charles Baudelaire.João Ubaldo resgatou, segundo o crítico, uma tradição esquecida nos anos pós-ditadura, quando surgiu com uma literatura mais regional, e Suassuna trouxe a experiência portuguesa popular para o Brasil. O país não chegou a viver o medievo, mas o paraibano mostrou que havia uma raiz medieval na cultura popular nacional.Ignácio de Loyola Brandão ficou desolado com as perdas. “Foi um tusnami. Ariano é um buraco enorme na camada de ozônio da literatura brasileira. Um grande homem, de uma cultura imensa que ia de Shakespeare ao cordel com a mesma desenvoltura, não tinha nada de acadêmico, não alardeava erudição e falava a língua do povo brasileiro”, descreve.O poeta maranhense Ferreira Gullar revelou que, há poucos dias, havia recebido carta de Ariano Suassuna em apoio a sua candidatura à Academia Brasileira de Letras e se disse chocado com as mortes tão próximas dos companheiros. “São perdas incalculáveis. Estou tão perplexo como qualquer outra pessoa. Mas a vida continua e a literatura continua. É uma perda porque essas pessoas continuavam produzindo. Infelizmente não se sabe o por que em tão pouco tempo. Eu pessoalmente acho que é um mistério. Vamos esperar que surjam outros.”O poeta amazonense Tiago de Mello lembrou que a obra dos grandes escritores permanece viva, no entanto. “A literatura do Brasil não perdeu nada com a morte deles. A obra deles continua viva, porque eram obras grandiosas que vão durar para sempre. Na última vez em que estive com Ariano, em um evento em Ribeirão Preto (SP), ele me disse que logo morreria, mas que seus personagens continuariam vivos. A obra dele engrandeceu o Brasil, a literatura oral e a poesia do Nordeste.”

Eco na AcademiaEscritor, ensaísta, jornalista e membro da ABL, o pernambucano Marcos Vilaça foi três vezes presidente da academia e lembrou que as perdas vão deixar um espaço insubstituível na ABL. “O inusitado foi essa sequência de perdas muito fortes que caiu sobre a academia: um poeta, um romancista, e um dramaturgo. Isso desorientou a todos nós. Quando começávamos a pensar na perda de um, veio o outro e mais outro”, constata.Amigo pessoal de Ariano Suassuna, Vilaça lembra que foi escolhido pelo escritor para ser recebido na ABL e destaca a importância da obra e pensamento de Ariano para o Brasil. “Eu admiro muito em Ariano o fato dele ter reunido o erudito e o popular e ter reunido o sangue da tragédia com o riso da comédia. Ariano é insubstituível. É singular. Por isso, vai ficar sempre a sensação de falta. Ele conseguiu o admirável de fazer a gente escutar o silêncio no Sertão. Deu som ao silêncio que a gente tem nas terras sertanejas.”A acadêmica Nélida Piñon mal havia pensado nas palavras a serem ditas na Sessão da Saudade que homenagearia João Ubaldo na ABL quando recebeu a notícia da morte de Suassuna. “Os buracos que eles deixam são aqueles de três grandes escritores”, disse. “Cada qual tem uma voz narrativa e cada um deles dá início ao Brasil com a sua versão sobre o país. O Brasil perde um retrato precioso de si mesmo.” O país, aponta a escritora, está presente na obra de todos eles. A união entre a cultura popular e a erudita marca as peças de Suassuna, enquanto o talento narrativo de João Ubaldo permite a aparição de personagens totalmente afinados com a cultura nacional. Nos versos de Junqueira, vida e morte são duas pontas do destino humano e ganham uma leitura particular no contexto literário nacional e no diálogo com a poesia portuguesa.

Professores no Brasil estão entre mais mal pagos em ranking internacional30 abril 2015

O Brasil é o lanterninha em um ranking internacional que compara a eficiência dos sistemas educacionais de vários países, levando em conta parâmetros como os salários dos professores, as condições de trabalho na escola e o desempenho escolar dos alunos.O ranking é de setembro do ano passado, mas volta à tona no momento em que o governo paranaense aprova uma redução nos benefícios previdenciários dos professores do Estado.A votação da lei elevou as tensões e levou a um tumulto no qual pelo menos 170 pessoas ficaram feridas após a repressão policial de um protesto de professores em Curitiba. Os professores paranaenses estão em greve desde sábado (25 de abril).Em São Paulo, professores da rede estadual estão em greve desde 13 de março, reivindicando reajuste salarial e melhores condições de trabalho.O estudo internacional foi elaborado pela consultoria Gems Education Solutions usando dados dos mais de 30 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e alguns emergentes, como o Brasil.Nele, o país aparece como um dos últimos em termos de salário pago aos professores, por exemplo.O valor que os educadores brasileiros recebem (US$ 14,8 mil por ano, calculado por uma média de 15 anos e usando o critério de paridade de poder de compra) fica imediatamente abaixo do valor pago na Turquia e no Chile, e acima apenas de Hungria e Indonésia.Os salários mais altos são na Suíça (US$ 68,8 mil) e na Holanda (US$ 57,8 mil).Os professores brasileiros também são responsáveis por mais estudantes na sala de aula: 32 alunos, em média, para cada orientador, comparado com 27 no segundo lugar, o Chile, e menos de 8 em Portugal.Combinando fatores como estes com o desempenho dos alunos – entre os piores entre os países pesquisados – a consultoria coloca o sistema educacional brasileiro como o mais ineficiente da lista.

Saiu na imprensa:Matemática: conhecimento é adequado no 9º ano 'só em 10% dos municípios' 'Pais não educam', diz professor que sobreviveu a cinco tiros de aluno insatisfeito com nota

"Nossas conclusões sugerem que o Brasil deveria cuidar do salário dos professores para alcançar o objetivo da eficiência educacional", diz o relatório.Para a consultoria, a meta seria um salário quase três vezes maior que o atual.

Deficiências no gasto

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Os dados mais recentes da OCDE mostram as debilidades no gasto educacional brasileiro.Segundo a organização, o gasto do governo brasileiro com educação cresceu rapidamente desde o ano 2000, atingindo 19% do seu orçamento em 2011 – a média da OCDE foi de 13%.O gasto público com educação chegou a 6,1% do PIB brasileiro, acima da média da OCDE de 5,6%, e à frente da proporção de outros latino-americanos como Chile (4,5%) e México (5,2%).Porém, o gasto do Brasil com a educação pública foi o segundo menor de todos os países da OCDE e parceiros – US 3.066, contra uma média de US$ 9.487. O país ficou em 34º no ranking de 35 países da organização.

Polícia usa balas de borracha para conter protesto de professores no ParanáEdição do dia 30/04/2015

Bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha foram usadas pela polícia do Paraná para reprimir um protesto de professores da rede estadual.Eles estão em greve pela segunda vez, este ano. Treze pessoas foram presas e mais de 200 ficaram feridas.Os professores, em greve desde segunda (27), estavam acampados em frente à sede do governo porque são contra o projeto de lei que altera a Previdência dos servidores. O governo quer economizar R$ 125 milhões por mês repassando o custeio de mais de 33 mil pessoas para um fundo dos servidores.O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa e do lado de fora houve confusão entre a polícia e os manifestantes.A polícia avançou para cima dos manifestantes que se concentravam em frente à Assembleia Legislativa. Segundo a Polícia Militar, 5 mil pessoas participaram da manifestação, já segundo o sindicato que representa os professores, eram aproximadamente 25 mil.O governador Beto Richa, do PSDB, defendeu a atuação da polícia. “Os policiais ao serem afrontados por esses baderneiros e black blocs, reagiram, até numa proteção natural de sua integridade física. Lamentável o que aconteceu, a polícia estava lá protegendo a sede do parlamento do estado por uma determinação do Judiciário".Esta foi a segunda vez, este ano, que os professores da rede estadual entraram em greve . Em fevereiro, o plenário da Assembleia chegou a ser ocupado e o projeto foi retirado da pauta.Nesta quinta-feira (30), os professores voltam a se reunir para definir se a paralisação continua. “Nós vamos processar criminalmente o governador do estado, Beto Richa, o secretário de Segurança, Francischini, o presidente da Casa, Ademar Traiano, por conta de toda essa barbárie, isso foi a instalação de um cerco militar jamais visto aqui na Praça dos Três Poderes", diz Nádia Brixner, do sindicato dos Professores do Paraná.A categoria permanece em greve, os alunos estão sem aulas no estado e uma nova passeata deve acontecer nesta quinta-feira (30).

Treze pessoas foram presas e mais de 200 ficaram feridas.

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SAFATLE: "PÁTRIA EDUCADORA" NÃO MERECE TER PROFESSORES

Professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle recrimina as condições de trabalho dos professores no Brasil e ironiza: “Se você tiver a péssima ideia de se manifestar contra o descalabro e a precarização, caso você more no Paraná, o governo o tratará à base de bomba de gás lacrimogêneo, cachorro e bala de borracha”5 DE MAIO DE 2015 ÀS 05:52

Professor há 20 anos, o filósofo Vladimir Safatle, critica as condições de trabalho da área e manda um recado para seus alunos “para que não sejam professores, não cometam esse equívoco. Esta "pátria educadora" não merece ter professores”, diz.Em artigo, ele cita a questão salarial, inferior até de países como a Turquia, Chile e México, entre tantos outros. E a média de alunas em sala, 32 alunos, enquanto no Chile são 27 e Portugal, 8. “Sua escola provavelmente não terá biblioteca, como é o caso de 72% das escolas públicas brasileiras”, acrescenta.Em seguida, ele ironiza: “Se você tiver a péssima ideia de se manifestar contra o descalabro e a precarização, caso você more no Paraná, o governo o tratará à base de bomba de gás lacrimogêneo, cachorro e bala de borracha”

Confira o ranking dos países com melhor desempenho no PisaCriado em 03/12/13 17h10 e atualizado em 03/12/13 18h01O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é uma aprova aplicada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir o nível de habilidades de estudantes de diferentes países em três áreas do conhecimento: matemática, leitura e ciência. O exame ocorre a cada três anos para alunos na faixa etária dos 15 anos. Apesar de não ser um país-membro da OCDE, o Brasil participa do Pisa desde 2000. O desempenho do país evoluiu nas últimas edições, mas os alunos brasileiros ainda ocupam as últimas posições do ranking do Pisa.Em 2012, 65 países participaram do Pisa. Em matemática, o Brasil ficou em 58º lugar no ranking, com 391 pontos.  Na prova de leitura, a média do país foi de 410 pontos, o que levou à 55º posição. Em ciência, o país ocupa a 59º posição no rankig, com 405 pontos.

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Confira o ranking do Pisa 2012 Desempenho dos países em matemática1. Xangai (China)  613 pontos2. Cingapura   573 pontos3. Hong Kong (China) 561 pontos4. República da China  560 pontos5. Coreia    554 pontos6. Macau (China)  538 pontos7. Japão   536 pontos8. Liechtenstein  535 pontos9. Suíça    531 pontos10. Holanda    523 pontos11. Estônia   521 pontos12. Finlândia   519 pontos13. Polônia   518 pontos14. Canadá   518 pontos15. Bélgica    515 pontos16. Alemanha    514 pontos17. Vietnã    511 pontos18. Áustria   506 pontos19. Austrália   504 pontos20. Irlanda    501 pontos21. Eslovênia    501 pontos22. Nova Zelândia  500 pontos23. Dinamarca   500 pontos24. República Checa   499 pontos25. França   495 pontos26. Reino Unido  494 pontos27. Islândia    493 pontos28. Letônia    491 pontos29. Luxemburgo  490 pontos30. Noruega    489 pontos31. Portugal   487 pontos32. Itália   485 pontos33. Espanha   484 pontos34. Rússia   482 pontos35. Eslováquia   482 pontos36. Estados Unidos   481 pontos37. Lituânia   479 pontos38. Suécia   478 pontos39. Hungria    477 pontos40. Croácia   471 pontos41. Israel   466 pontos42. Grécia   453 pontos43. Sérvia   449 pontos44. Turquia   448 pontos45. Romênia   445 pontos46. Chipre    440 pontos47. Bulgária   439 pontos48. Emirados Árabes  434 pontos49. Cazaquistão  432 pontos50. Tailândia    427 pontos51. Chile   423 pontos52. Malásia   421 pontos53. México   413 pontos54. Montenegro  410 pontos55. Uruguai   409 pontos56. Costa  Rica  407 pontos57. Albânia   394 pontos58. Brasil   391 pontos59. Argentina   388 pontos60. Tunísia   388 pontos61. Jordânia   386 pontos62. Colômbia   376 pontos63. Catar   376 pontos64. Indonésia   375 pontos65. Peru   368 pontos

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MEC diz que esgotou a verba para novos contratos do Fies em 201504/05/2015 16h16 - Atualizado em 04/05/2015 21h18

MEC usou R$ 2,5 bilhões para financiar 252.442 novos contratos do Fies. Segunda edição do Fies dependerá do orçamento, diz Janine Ribeiro.O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirmou na tarde desta segunda-feira (4) que o MEC já esgotou a verba de 2015 para novos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Ele disse que a abertura de uma segunda edição do programa, no segundo semestre deste ano, não está garantida, e explicou que, no caso dos estudantes que não puderam se inscrever no primeiro semestre, seria "inútil" reabrir as inscrições, que foram encerradas na última quinta (30). Segundo o MEC, o montante destinado para novos contratos do Fies neste ano era de R$ 2,5 bilhões.

O que é o ProuniO Programa Universidade para Todos (Prouni) é um programa do Ministério da Educação, criado pelo Governo Federal em 2004, que concede bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições privadas de ensino superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros, sem diploma de nível superior.

Quem pode se inscreverPodem se inscrever no Prouni 1º/2015, os candidatos que não possuam diploma de curso superior que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014 e tenham obtido no mínimo 450 pontos na média das notas do Exame. É preciso, ainda, que tenham obtido nota acima de zero na redação.Para concorrer às bolsas integrais o candidato deve ter renda bruta familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa. Além disso, o candidato deve satisfazer a pelo menos uma das condições abaixo:

ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública; ter cursado o ensino médio completo em escola da rede privada, na condição de bolsista integral da própria escola; ter cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em escola da rede privada, na condição de

bolsista integral da própria escola privada; ser pessoa com deficiência; ser professor da rede pública de ensino, no efetivo exercício do magistério da educação básica e integrando o quadro de pessoal

permanente da instituição pública e concorrer a bolsas exclusivamente nos cursos de licenciatura. Nesses casos não há requisitos de renda.

Os desafios de Janine Ribeiro no MEC28/03/2015

Foi positiva a nomeação de Renato Janine Ribeiro como novo Ministro da Educação. Embora seu nome estivesse sendo cogitado, estava distante dos favoritos. A escolha da presidenta Dilma Rousseff foi parecida com a tradição do conclave papal: aqueles que entram na clausura do Vaticano como papas, saem como arcebispos. No caso do MEC (Ministério da Educação), os mais cotados não foram confirmados.

Principal desafio: o PNERenato Janine Ribeiro é professor titular da USP (Universidade de São Paulo), sendo amplamente reconhecido no meio acadêmico por seus trabalhos em Teoria Política. Na gestão pública, participou do governo do ex-presidente Lula como diretor da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), entre 2004 e 2008.O principal desafio do novo Ministro será implementar o Plano Nacional de Educação 2014-2024, sancionado sem vetos pela presidenta Dilma Rousseff. Embora tenha sido aprovado com votos de todos os partidos, quase alcançando a unanimidade dos parlamentares do Congresso Nacional, o PNE ainda não saiu do papel. O que, no mínimo, contradiz o lema governamental “Brasil: Pátria Educadora”.Além disso, o novo titular da pasta terá outro desafio de gestão: manter em funcionamento a máquina do MEC. Ela é responsável por centenas de universidades e escolas de educação básica – a maior parte delas dedicadas ao ensino técnico profissionalizante de nível médio. Há também uma série de programas federais complexos como Fies, Prouni, Sisu e Pronatec. E quase todos apresentam dificuldades.Tudo isso não é pouco, mas está distante de ser tudo. Há ainda uma série de ações realizadas em convênios com Estados e Municípios. E se antes do aperto orçamentário governadores e prefeitos já reclamavam do MEC, agora as queixas se multiplicam. Muitas delas com razão.

MEC carece de diálogoImplementar o PNE e manter em funcionamento a máquina do MEC são tarefas hercúleas, ainda mais em um contexto de crise econômica. Diante desse cenário, a comunidade educacional espera que o novo ministro, diferente de seus antecessores, estabeleça canais constantes de interlocução com a sociedade civil. Não com o intuito de angariar adesão às decisões da pasta, como era praxe, mas para formular alternativas, sabendo lidar com discordâncias.Tendo em vigor um PNE, o melhor caminho é compreender que a educação não precisa de ideias novas. O desafio é colocar em prática aquilo que já foi discutido e está legitimado na forma da Lei 13.005/2014.A implementação do PNE é, inclusive, uma boa lição em termos de cultura política: se há leis, elas devem ser cumpridas, não podendo ser escanteadas.

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Plano Real, 20 anos: Moeda trouxe novo ciclo de desenvolvimento econômicoMaria Fernanda Moraes- Da Novelo Comunicação - 29/08/2014

Quem nasceu no final dos anos 1990 não acompanhou os desdobramentos acarretados por uma troca de moeda no Brasil, que afetou não só a economia, mas a vida cotidiana das famílias brasileiras. A implantação da nova moeda, o Plano Real, que completou 20 anos em 2014, buscava equilibrar a inflação no período e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico.No início daquela década, o Brasil vivia um cenário econômico de superinflação. Por atingir valores altos, a inflação chegou a ser apelidada de “dragão” e atingiu seu ápice em 1993, com 2700%, segundo números do IGP-DI (índice de preços da FGV). A variação nos preços tornou famosa a máquina de remarcar preços, que etiquetava os produtos com novos valores mais de uma vez por dia, em algumas ocasiões.O Plano Real sucedeu uma sequência de planos econômicos (veja mais sobre os planos no final do texto) que não surtiram efeitos e levaram ao aumento da inflação (o objetivo era justamente o contrário), crise de abastecimento nos mercados, demissões, entre outras consequências. Em comum, esses planos, lançados entre os governos dos presidentes José Sarney (entre 1985-1990) e Fernando Collor de Mello (entre 1990-1992), apostavam no congelamento de preços e salários, medida que se mostrou ineficaz contra a inflação.

A inflação antes do Plano RealPara entender o papel do Plano Real, é válido ressaltar que em 1993 a inflação atingia 2700% no país e, após a implantação da nova moeda, o valor da inflação média dos governos seguintes manteve-se em 12,6% (Fernando Henrique Cardoso) e 6,3% (no governo Lula). Pelo Índice Geral de Preços (IGP), constata-se que foi a partir de 1958 que o aumento descontrolado da inflação começou no Brasil, com índices anuais superiores a 30%. O auge aconteceu em 1964, quando a inflação atingiu 86%.No governo do presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985), por exemplo, a inflação alcançava números altos: o menor índice registrado no período foi de 94% (em 1981). Entre 1987 e 1993, os brasileiros conheceram o monstro da hiperinflação. Em sete anos ela ultrapassou 1.000% cinco vezes.Depois do impeachment do presidente Collor, em 1992, seu vice Itamar Franco assumiu a presidência do país, que vivia uma situação econômica delicada, refletida na troca constante de ministros da Fazenda (foram três em sete meses). A principal promessa da nova moeda era, então, conter a temível inflação.

Plano Real buscava estabilizar a inflaçãoOficialmente, o real tornou-se a 10ª moeda brasileira no dia 1º de julho de 1994, já no governo do presidente Itamar Franco e com Fernando Henrique Cardoso (FHC) como ministro da Fazenda. No entanto, o planejamento para a troca do cruzeiro real, a moeda anterior -- 2.750 cruzeiros reais (CR$) seriam convertidos em R$ 1 – para o real tinha começado um ano antes.Ficou definido que o plano seria implantado em três etapas para evitar o congelamento de preços e o aumento da inflação, como ocorrera em tentativas anteriores. A primeira foi o ajuste das contas públicas por meio de um corte no Orçamento. Em agosto de 1993, FHC comunicou o corte de três zeros na moeda vigente, o cruzeiro (Cr$), e anunciou o lançamento do cruzeiro real (CR$ 1 = Cr$ 1.000). Era a quarta mudança monetária no Brasil em sete anos. A manobra foi uma espécie de preparação para o real, que já estava criado, mas só seria colocado em operação em julho do ano seguinte.A segunda etapa consistiu na implantação provisória da Unidade Real de Valor (URV), que ficou em vigor de março a julho de 1994 e era uma espécie de moeda de troca, usada para converter os valores das mercadorias. Como era atrelada à taxa de câmbio (relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma delas medido em relação à outra; no Brasil a moeda estrangeira mais negociada é o dólar americano), era protegida da inflação.A moeda provisória funcionava da seguinte maneira: cada real era equivalente a uma URV, que valia 2.750 cruzeiros reais. Os preços das mercadorias passaram a ter valores em URV, mas a moeda que circulava nas ruas ainda era o cruzeiro real. Todos os dias o Banco Central anunciava a taxa de conversão entre as moedas. Com isso, foi possível uniformizar os reajustes de preços, de câmbio e dos salários de maneira desvinculada do cruzeiro real.Para a população, na prática, funcionava assim: ao escolher um produto no mercado, ele estava com o preço em URV nas prateleiras, mas ao passar o caixa, o valor era convertido e pago em cruzeiros reais. Na época, a URV valia um dólar (US$) e, assim, o real também começou cotado a US$ 1. O papel da URV foi promover a dolarização da economia sem que fosse necessário abnegar a moeda nacional.

A implantação e os resultadosA partir de 1º de julho de 1994, foi colocada em marcha a fase final do plano, com um novo ministro da fazenda, Rubens Ricupero (FHC havia deixado o cargo para se candidatar à presidência da República). Chegara a hora da URV ser substituída pelo real, e para controlar a inflação, o governo passava a ter como instrumentos os juros altos e o dólar barato, com câmbio praticamente fixo.Entretanto, a paridade do real com o dólar (que era de R$ 1 para US$ 1) provocou insatisfação em alguns setores da indústria. A abertura comercial e a manutenção do câmbio valorizado como medidas para manter a inflação controlada causaram um efeito colateral: as importações passaram a ser estimuladas obrigando as empresas nacionais a diminuírem os preços para entrar na concorrência.Apesar de outras crises externas que vieram posteriormente, o Plano Real conseguiu manter a inflação dentro de níveis aceitáveis. A partir de 1999, o Banco Central criou o regime de metas para a inflação. A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), que determina o nível básico de juros na economia, passou a ser a âncora monetária, substituindo o controle do câmbio, que passou a ser flutuante (quando a compra e venda de moedas não tem controle sistemático do governo).

Outros planos anteriores não deram certoAté se chegar à implantação do Plano Real, outras tentativas foram feitas para acabar com a escalada dos preços entre o final dos anos 1980 e início da década de 1990:

1986, Plano Cruzado: durante o governo de José Sarney, o Plano Cruzado chegou para reduzir a inflação por meio de uma reforma monetária. Foi implantado o Cruzado (Cz$) no lugar do Cruzeiro (Cr$). Houve também um congelamento de preços, e o governo convocou as pessoas a denunciarem os lugares que não seguissem os preços tabelados, episódio que ficou conhecido

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como “Fiscais do Sarney”. Mas o tiro saiu pela culatra, ocasionando uma crise de abastecimento nos mercados e, consequentemente, o fracasso do Plano Cruzado.

1987, Plano Bresser: na época, era Luiz Carlos Bresser-Pereira quem ocupava o cargo de ministro da Fazenda. Ele foi o responsável pelo plano que visava controlar a inflação e o déficit público com medidas como o congelamento de preços e o adiamento de grandes obras. Mais uma tentativa sem sucesso.

1989, Plano Verão: encabeçado pelo então ministro da fazendo Maílson da Nóbrega, o Plano verão também estabeleceu o congelamento dos preços e anunciou uma nova moeda, o Cruzado Novo. Sem sucesso, foi o terceiro a fracassar na tentativa de controlar a inflação.

1990, Plano Collor: sob a presidência de Fernando Collor de Mello, a moeda brasileira passava a ser Cruzeiro e trazia novamente o congelamento de preços e salários. A ministra da Fazenda da época, Zélia Cardoso de Mello, optou por confiscar a poupança dos cidadãos, o que significava que todos os depósitos em contas correntes ficaram limitados a 50 mil cruzados. Todo o resto das economias pessoais foi bloqueado por 18 meses.

População brasileira atinge 204 milhões de habitantes, calcula IBGEProjeção da população do Brasil

População do Brasil204.233.948204233946População brasileira às 13:59:53 de 11/5/2015Tempo médio para aumento da população: 19"

Cidades mais populosasDe acordo com os dados do IBGE, os 25 municípios mais populosos somam 51 milhões de habitantes. Esse montante representa 25,2% da população total do Brasil.O município de São Paulo continua sendo o mais populoso; com 11,9 milhões de habitantes. Em seguida vêm as cidades do Rio de Janeiro (6,5 milhões), Salvador (2,9 milhões), Brasília (2,9 milhões) e Fortaleza (2,6 milhões).Confira abaixo as 25 cidades com maior número de habitantes:

ORDEM UF MUNICÍPIO POPULAÇÃO 2014

1º SP São Paulo 11.895.893

2º RJ Rio de Janeiro 6.453.682

3º BA Salvador 2.902.927

4º DF Brasília 2.852.372

5º CE Fortaleza 2.571.896

6º MG Belo Horizonte 2.491.109

7º AM Manaus 2.020.301

8º PR Curitiba 1.864.416

9º PE Recife 1.608.488

10º RS Porto Alegre 1.472.482

11º PA Belém 1.432.844

12º GO Goiânia 1.412.364

13º SP Guarulhos 1.312.197

14º SP Campinas 1.154.617

15º MA São Luís 1.064.197

16º RJ São Gonçalo 1.031.903

17º AL Maceió 1.005.319

18º RJ Duque de Caxias 878.402

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19º RN Natal 862.044

20º MS Campo Grande 843.120

21º PI Teresina 840.600

22º SP São Bernardo do Campo 811.489

23º RJ Nova Iguaçu 806.177

24º PB João Pessoa 780.738

25º SP Santo André 707.613

Total 25 maiores 51.077.190

Total Brasil 202.768.562

Total Brasil (%) 25,20%

Refugiados: Com mais sírios buscando abrigo, número no Brasil triplica entre 2012 e 2013Maria Fernanda Moraes - Da Novelo Comunicação - 20/06/2014

Nos últimos anos, dois grupos de refugiados e imigrantes tiveram um aumento expressivo no Brasil: os sírios e os haitianos. Tal fato se deve a duas recentes crises humanitárias - a guerra civil da Síria, que arruinou o país em 2011 e ainda continua a fazer vítimas, e o terremoto do Haiti, que deixou o país devastado em 2010 e aumentou a miséria da população.Esses dois grupos têm tratamento diferenciado na concessão de vistos. Os sírios são considerados refugiados –em 2013, foi o 4º maior grupo a pedir refúgio no país--, pois o governo entende que existe uma situação de emergência e vulnerabilidade social. Já em relação ao Haiti, o Brasil tem papel importante no processo de reconstrução do país e possui um acordo de cooperação com a ONU fornecendo as tropas para a Missão de Paz no Haiti, desde 2004.Os haitianos não são elegíveis ao status de refugiados porque não sofreram perseguição em seu país de origem por raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião pública, como definem as convenções internacionais. Apesar de solicitarem o reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, seus pedidos são encaminhados ao Conselho Nacional de Imigração (CNIg), que emite vistos de residência permanente por razões humanitárias. No total, mais de 7.000 haitianos já receberam esse tipo de visto.Por essa razão, os haitianos ficam fora das estatísticas divulgadas pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare), que hoje contabiliza 5.208 refugiados residindo no País. A maioria desses refugiados são imigrantes vindos da Colômbia, Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Síria.Segundo números divulgados no início de 2014 pelo órgão, a quantidade de pedidos de refúgio no Brasil triplicou no período de um ano: em 2012, foram expedidas 199 autorizações de refúgio, contra 649 em 2013.

Movimentos migratóriosAs situações enfrentadas pelos sírios e haitianos estão entre as que geram movimentos migratórios, tema da redação do Enem em 2012. Este movimentos podem ser espontâneos ou forçados.Por migração entende-se os deslocamentos de pessoas que se afastam de suas residências habituais. Ela pode ser subdividida em emigração, quando pessoas saem do país, e imigração, quando pessoas entram no país de que se fala.As populações que migram de um país para outro buscam uma melhor qualidade de vida e oportunidades de trabalho ou fogem de guerras, crises econômicas e perseguição política.Nas décadas de 1980 e 1990 muitos brasileiros emigraram para o exterior, principalmente para os Estados Unidos, em busca de melhores oportunidades de trabalho. Hoje, o movimento é inverso devido à instabilidade política de países na África e Ásia, e os efeitos da crise econômica nos países da Europa.

Quem é considerado um refugiado?O refugiado é uma pessoa que teve que deixar seu país por questões humanitárias como conflitos armados, situações de emergência ou por perseguições étnicas, religiosas ou políticas.A legislação brasileira reconhece o pedido de refúgio nesses casos e concede a essas pessoas o direito de ter um visto especial que permite a permanência no país e garante aos refugiados documentos básicos, incluindo carteira de identidade, CPF e carteira e de trabalho, além de prover liberdade de movimento no território nacional e outros direitos civis. Porém, a lei não prevê ajuda financeira.Além disso, o Brasil é internacionalmente reconhecido como um país acolhedor e possui uma das leis mais modernas sobre o assunto, a lei de refúgio (nº 9.474/97), que adota a definição ampliada de refugiado estabelecida na Declaração de Cartagena de 1984, que considera a “violação generalizada de direitos humanos” para conceder status de refugiado a um estrangeiro, por entender que, nessa situação, sua vida e integridade física estão em risco no país de origem.O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) tem um acordo com o Brasil para socorrer os refugiados no país. A organização deve repassar ao governo brasileiro US$ 8,08 milhões (R$ 18,74 milhões) em 2014 para investir em entidades de apoio ao imigrante.Os obstáculos iniciais que eles podem encontrar para se integrar à sociedade brasileira estão relacionados ao idioma português e às questões culturais, bem como dificuldades no mercado de trabalho ou trabalhos precários, no acesso à moradia, à educação e a serviços públicos de saúde e enfrentam discriminação.

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Perfil dos refugiados no BrasilSegundo o levantamento feito pelo Conare, com dados de 2010 a 2013, o Brasil tem hoje refugiados de mais de 80 nacionalidades diferentes. Colombianos e angolanos representam quase metade do total de refugiados no Brasil, seguidos de grupos oriundos de Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Síria.O número total de pedidos de refúgio aumentou mais de 800% no período (de 566 em 2010 para 5256 até dezembro de 2013), e a maioria dos solicitantes de vem da Ásia, África e América do Sul. Em 2013, Bangladesh foi o país com maior número de solicitantes de refúgio no Brasil, seguido de Senegal, Líbano, Síria e República Democrática do Congo.Em relação a gênero e idade, a maioria dos que solicitam refúgio são homens (o percentual de mulheres diminuiu de 20%, em 2010 e 2011, para 10% em 2013) e adultos entre 18 e 30 anos (90%).Em 2013, São Paulo figurou como o Estado com maior número de solicitações de refúgio (23%), seguido pelo Paraná (20,7%), Distrito Federal (14%) e Rio Grande do Sul (9,3%).

'A violência parece estar fora de controle no Brasil', diz pesquisadorCamilla Costa Enviada especial da BBC Brasil ao Rio de Janeiro10 outubro 2014

Nos últimos três anos e meio em que vive no Brasil, trabalhando como diretor de pesquisa do Instituto Igarapé, um dos principais centros de estudos do mundo sobre segurança pública, o canadense Robert Muggah passou a conhecer de perto o problema da violência no país.Antes disso, Muggah já havia acumulado um grande conhecimento sobre segurança pública, ao estudar o assunto em seu doutorado em Oxford e ao trabalhar em projetos de combate à violência em mais de 50 países.É com base nesta experiência acumulada que ele trouxe boas e más notícias ao TED Global, conferência de projetos e ideias inovadoras atualmente em curso no Rio de Janeiro.A má notícia é que ele vê um aumento da violência no Brasil e que o país está no caminho inverso ao de várias partes do mundo onde as taxas de criminalidade vêm caindo.A boa notícia é que, com a internet, a imensa quantidade de dados hoje disponíveis e as tecnologias digitais, todo brasileiro pode contribuir com o combate à violência.A seguir, ele explica como.

BBC Brasil - O que o cidadão comum podem fazer para combater a violência?Robert Muggah - Estamos num momento da história em que, em um ano, são gerados mais dados do que todos os dados disponíveis nos dois mil anos anteriores. Isso está gerando oportunidades enormes para cidadãos usarem informações de novas formas.Uma delas é usar este grande volume de dados para entender tendências, como, por exemplo, a distribuição da violência. Um exemplo é a ferramenta que criamos que mostra as importações e exportações de armas e munição no mundo desde 1992.Estes dados estão disponíveis publicamente na ONU, mas ninguém havia pego e feito algo com isso. Três meses depois do lançamento, tivemos 5 milhões de visitas, o que mostra que há um grande interesse por isso, não só entre ativistas e governos, mas em outros setores da sociedade.A segunda forma é por meio de novas ferramentas colaborativas para buscar soluções para a violência coletivamente. No México, por exemplo, houve um apagão na mídia sobre este assunto, porque, ao falar da violência, os jornalistas e blogueiros se tornam alvos dos cartéis.Muitas organizações se uniram para substituir a mídia e informar onde é seguro de se estar ou não. Quando há um tiroteio, a mídia pode não falar disso, mas há posts no Facebook e no Twitter sobre o assunto.Isso pode ser reunido e divulgado por estes novos centros de informação. O mesmo ocorreu no Quênia, onde os cidadãos passaram a monitorar a violência por conta própria. Isso permite criar informação em tempo real, de forma interativa e com a ajuda não de poucas pessoas, mas de toda a população. Isso não era possível há dez anos.Em terceiro lugar, é possível criar programas para celular para ajudar as pessoas a se protegerem. Há exemplos de sistemas de alarme, em que você pode usar o telefone para chamar a polícia sem que isso seja notado, enviar uma mensagem com um pedido de socorro, disparar uma sirene. Há um grupo no Egito que monitora a violência sexual. E estas ferramentas alimentam os sistemas dos quais já falamos.

BBC - Especialmente depois dos protestos, a violência policial passou a ser mais debatida. Como podemos nos proteger deste tipo de violência?Muggah - Essa é uma questão importante ao redor do mundo. Hoje, as pessoas são menos tolerantes com a violência policial. Mais casos vêm mais à tona, e as pessoas debatem mais sobre isso. O Brasil tem uma das polícias mais violentas do mundo. A ONU repete isso sempre.Uma coisa que se pode fazer é usar a tecnologia e os dados. No ano passado, analisamos os posts em redes sociais para ver se há uma relação entre os Black Blocks e outros grupos afiliados e a brutalidade policial, porque a imprensa dizia que os Black Blocks estavam forçando a polícia a ser violenta.Rastreamos milhões de posts para entender a reação gerada sempre que havia um incidente de violência policial. Mostramos que, quando a polícia usava mais força, a influência dos Black Blocks crescia. Então, fomos à Polícia Militar para mostrar isso.Eles se impressionaram, porque não tinham a capacidade de fazer esta análise por conta própria. Mostramos que talvez fosse necessário abrir canais de negociação, porque a força não era uma alternativa. Então, a sociedade pode fazer o mesmo e levar estas informações para a internet para criar um debate. Os dados gerados hoje permitem fazer isso.

BBC - Houve uma resposta prática da polícia quanto aos Black Blocks?Muggah - Foram criados times especiais para negociar com os manifestantes. Os cidadãos podem fazer o mesmo. Hoje, existem ferramentas para que cidadãos denunciem o abuso policial.

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Nos Estados Unidos, o uso de câmeras no corpo dos policiais é obrigatório em 20 Estados. Mas é preciso ter muito cuidado com isso, porque não queremos que estas ferramentas sejam mal usadas.Então, estamos fazendo um teste com muito cuidado nas UPPs para ver se funciona. Mas sabemos, por exemplo, que fazer com que policiais usem câmeras gerou na Califórnia uma redução de 75% nas queixas contra violência policial e uma queda de 65% nas denúncias contra este tipo de conduta.Claro que a Califórnia não é o Brasil, mas existe por lá um problema sério de abuso de força por policiais contra minorias. O importante é que estamos reunindo dados e fazendo pesquisas para ver se isso funciona, porque se trata de uma nova fronteira.

BBC - Imagino que o senhor esteja acompanhando as eleições no Brasil. O que o senhor acha da forma como a segurança pública vem sendo debatida?Muggah - A segurança pública esteve praticamente fora dos debates. Isso é uma vergonha, porque houve uma grande mudança nos últimos anos, e o público está mais atento à esta questão. Também porque há algo errado no Brasil nesta questão.Houve avanços em São Paulo, Rio e Pernambuco. Mas, de forma geral, as taxas de assassinatos e outros tipos de crime continuam a aumentar. O Sul está um pouco mais seguro, mas o Norte está mais inseguro.É uma loucura que 13 das 50 cidades mais inseguras do mundo estejam no Brasil. Parece que a violência está fora do controle. Então, seria de se esperar que o assunto receberia mais atenção. Mas sabemos que, em qualquer eleição presidencial, o debate sobre segurança pública é algo muito perigoso para os candidatos. Não vale a pena debater ou fazer muitas promessas sobre esta questão.

BBC - Quais deveriam ser as prioridades de segurança pública do próximo presidente do país?Muggah - Em primeiro lugar, criar um sistema de informação mais eficiente sobre homicídios, violência policial, a população prisional. Hoje, temos é uma colcha de retalhos, em que alguns Estados têm dados enquanto outros não.É impossível ter uma política séria sem dados de qualidade. É como com o câncer. Como você pode tratar uma doença sem diagnosticá-la? Nos dois casos, a informação de qualidade é algo crítico. Também é necessária uma estratégia nacional para homicídios no país.Ter 56 mil mortes por ano é inaceitável. E está aumentando, enquanto está caindo na maior parte do mundo. Em terceiro lugar, precisamos repensar a política de drogas. Não que eu defenda a legalização ou sequer a regulamentação. Defendo uma abordagem mais humana, em que tratamos viciados como pacientes em vez de jogá-los na prisão.O sistema criminal no Brasil hoje favorece quem é branco e tem dinheiro, enquanto que os mais pobres ou negros são jogados na prisão e têm suas vidas arruinadas. Precisamos ter um debate nacional sobre este assunto, porque o problema com as drogas é inevitável. Não podemos apenas tentar controlar isso nas fronteiras.Em quarto lugar, é preciso reformar a Polícia. Não sei como isso deve ser feito, mas todos, até mesmo a polícia, concordam que a estrutura atual não funciona. Não há como você ter uma polícia investigativa tão distante da polícia ostensiva. É uma contradição que leva à impunidade, porque os casos são mal investigados.Por fim, é preciso uma estratégia de segurança pública, com uma instituição pública federal dedicada a este assunto. Não é necessariamente o caso de criar um novo ministério, como está sendo feito em outras partes da América Latina. Mas talvez seja hora do Brasil centralizar a responsabilidade sobre isto, para gerenciar a prevenção de violência, a política de drogas. Para haver coerência no que é feito.

Veja lista com as 50 cidades mais violentas do mundohttp://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/curiosidades/2014/11/14/noticiascuriosidades,3348149/veja-lista-com-as-50-cidades-mais-violentas-do-mundo.shtmlSan Pedro Sula, em Honduras, aparece em primeiro lugar no ranking. Brasil representa um terço das cidades e aparece 16 vezesDe acordo com ranking elaborado pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Criminal, o Brasil é o país que concentra um terço das 50 cidades mais violentas do mundo.O ranking da organização mexicana, no entanto, não considera cidades localizadas em regiões em situação de guerra. Ainda que o Brasil apareça com significativa frequência na lista, com 16 municípios, quem encabeça é a cidade San Pedro Sula, em Honduras, que contabiliza 187 homicídios para cada 100 mil habitantes.A cidade que lidera o ranking no Brasil é Maceió, que aparece em 5º lugar na lista, com uma taxa de 79,76 homicídios para cada 100 mil habitantes.Fortaleza e João Pessoa são outras capitais do Nordeste que também figuram na lista da organização mexicana.México, Venezuela e Colômbia são outros países da América Latina que, assim como o Brasil, são citados com frequência. 34 das 50 cidades mais violentas do mundo ficam na região.

Confira lista completa, elaborada pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Criminal, com as 50 cidades brasileiras mais violentas do mundo:

1º - San Pedro Sula (Honduras)Homicídios em 2013: 1.411 Habitantes: 753,990 Taxa por 100 mil habitantes: 187.14

2º - Caracas (Venezuela) Homicídios em 2013: 4.364 Habitantes: 3,247,971 Taxa por 100 mil habitantes: 134.36

3º - Acapulco (México) Homicídios em 2013: 940Habitantes: 833,294 Taxa por 100 mil habitantes: 112.80

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4º - Cali (Colombia) Homicídios em 2013: 1.930 Habitantes: 2,319,684 Taxa por 100 mil habitantes: 83.20

5º - Maceió (Brasil) Homicídios em 2013: 795 Habitantes: 996,733 Taxa por 100 mil habitantes: 79.76

6º - Distrito Central (Honduras) Homicídios em 2013: 946 Habitantes: 1,191,111 Taxa por 100 mil habitantes: 79.42

7º - Fortaleza (Brasil) Homicídios em 2013: 2,754 Habitantes: 3,782,634 Taxa por 100 mil habitantes: 72.81

8º - Guatemala (Guatemala)Homicídios em 2013: 2,123 Habitantes: 3,103,685 Taxa por 100 mil habitantes: 68.40

9º - João Pessoa (Brasil) Homicídios em 2013: 515 Habitantes: 769,607 Taxa por 100 mil habitantes: 66.92

10º - Barquisimeto (Venezuela) Homicídios em 2013: 804 Habitantes: 1,242,351 Taxa por 100 mil habitantes: 64.72

11º - Palmira (Colombia) Homicídios em 2013: 183 Habitantes: 300,707 Taxa por 100 mil habitantes: 60.86

12º - Natal (Brasil) Homicídios em 2013: 838 Habitantes: 1,454,264 Taxa por 100 mil habitantes: 57.62

13º - Salvador (Brasil) Homicídios em 2013: 2,234 Habitantes: 3,884,435 Taxa por 100 mil habitantes: 57.51

14º - Vitoria (Brasil) Homicídios em 2013: 1,066 Habitantes: 1,857,616 Taxa por 100 mil habitantes: 57.39

15º - São Luís (Brasil) Homicídios em 2013: 807 Habitantes: 1,414,793 Taxa por 100 mil habitantes: 57.04

16º - Culiacán (México) Homicídios em 2013: 490 Habitantes: 897,583 Taxa por 100 mil habitantes: 54.57

17º - Ciudad Guayana (Venezuela) Homicídios em 2013: 570 Habitantes: 1,050,283 

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Taxa por 100 mil habitantes: 54.27

18º - Torreón (México) Homicídios em 2013: 633 Habitantes: 1,167,142 Taxa por 100 mil habitantes: 54.24

19º - Kingston (Jamaica) Homicídios em 2013: 619 Habitantes: 1,171,686 Taxa por 100 mil habitantes: 52.83

20º - Cidade do Cabo (África do Sul) Homicídios em 2013: 1,905 Habitantes: 3,740,026 Taxa por 100 mil habitantes: 50.94

21º - Chihuahua (México) Homicídios em 2013: 429 Habitantes: 855,995 Taxa por 100 mil habitantes: 50.12

22º - Victoria (México) Homicídios em 2013: 167 Habitantes: 339,298 Taxa por 100 mil habitantes: 49.22

23º - Belém (Brasil) Homicídios em 2013: 1,033 Habitantes: 2,141,618 Taxa por 100 mil habitantes: 48.23

24º - Detroit (Estados Unidos) Homicídios em 2013: 332 Habitantes: 706,585 Taxa por 100 mil habitantes: 46.99

25º - Campina Grande (Brasil) Homicídios em 2013: 184 Habitantes: 400,002 Taxa por 100 mil habitantes: 46.00

26º - New Orleans (Estados Unidos) Homicídios em 2013: 155 Habitantes: 343,829 Taxa por 100 mil habitantes: 45.08

27º - San Salvador (El Salvador) Homicídios em 2013: 780 Habitantes: 1,743,315 Taxa por 100 mil habitantes: 44.74

28º - Goiânia (Brasil) Homicídios em 2013: 621 Habitantes: 1,393,575 Taxa por 100 mil habitantes: 44.56

29º - Cuiabá (Brasil) Homicídios em 2013: 366 Habitantes: 832,710 Taxa por 100 mil habitantes: 43.95

30º - Nuevo Laredo (México) Homicídios em 2013: 172 Habitantes: 400,957 Taxa por 100 mil habitantes: 42.90

31º - Manaus (Brasil) Homicídios em 2013: 843 

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Habitantes: 1,982,177 Taxa por 100 mil habitantes: 42.53

32º - Santa Marta (Colombia) Homicídios em 2013: 191 Habitantes: 450,020 Taxa por 100 mil habitantes: 42.44

33º - Cúcuta (Colombia) Homicídios em 2013: 260 Habitantes: 615,795 Taxa por 100 mil habitantes: 42.22

34º - Pereira (Colombia) Homicídios em 2013: 185 Habitantes: 464,719 Taxa por 100 mil habitantes: 39.81

35º - Medellín (Colombia) Homicídios em 2013: 920 Habitantes: 2,417,325 Taxa por 100 mil habitantes: 38.06

36º - Baltimore (Estados Unidos) Homicídios em 2013: 234 Habitantes: 619,493 Taxa por 100 mil habitantes: 37.77

37º - Juárez (México) Homicídios em 2013: 505 Habitantes: 1,343,406 Taxa por 100 mil habitantes: 37.59

38º - San Juan (Porto Rico) Homicídios em 2013: 160 Habitantes: 427,789 Taxa por 100 mil habitantes: 37.40

39º - Recife (Brasil) Homicídios em 2013: 1,416 Habitantes: 3,845,377 Taxa por 100 mil habitantes: 36.82 

40º - Macapá (Brasil)Homicídios em 2013: 160Habitantes: 437,256 Taxa por 100 mil habitantes: 36.59

41º - Nelson Mandela Bay (África do Sul) Homicídios em 2013: 412 Habitantes: 1,152,115 Taxa por 100 mil habitantes: 35.76

42º - Maracaibo (Venezuela) Homicídios em 2013: 784Habitantes: 2,212,040 Taxa por 100 mil habitantes: 35.44

43º - Cuernavaca (México) Homicídios em 2013: 227 Habitantes: 650,201 Taxa por 100 mil habitantes: 34.91

44º - Belo Horizonte (Brasil) Homicídios em 2013: 1,800 Habitantes: 5,182,977 Taxa por 100 mil habitantes: 34.73

45º - ST. Louis (Estados Unidos) 

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Homicídios em 2013: 109 Habitantes: 319,294 Taxa por 100 mil habitantes: 34.14

46º - Aracaju (Brasil) Homicídios em 2013: 300 Habitantes: 899,239 Taxa por 100 mil habitantes: 33.36

47º - Tijuana (México) Homicídios em 2013: 536 Habitantes: 1,649,072 Taxa por 100 mil habitantes: 32.50

48º - Durban (África do Sul)Homicídios em 2013: 1,116 Habitantes: 3,442,361 Taxa por 100 mil habitantes: 32.42

49º - Porto Príncipe (Haití) Homicídios em 2013: 371 Habitantes: 1,234,414 Taxa por 100 mil habitantes: 30.05

50º - Valencia (Venezuela) Homicídios em 2013: 669 Habitantes: 2,227,165 Taxa por 100 mil habitantes: 30.04

Os 20 fatos mais importantes sobre a violência no Brasil

São Paulo - De acordo com os dados do Mapa da Violência 2014, lançando nesta quarta-feira, o Brasil registrou 154 assassinatos por dia em 2012 - um recorde. O ano fechou com 56 mil homicídios.O estudo traz diversos outros números que mostram um panorama da violência nacional. A taxa de homicídios entre a população branca, por exemplo, tem caído, enquanto a de negros, crescido.Já o interior vem registrando aumento no número de casos, mas as capitais ainda concentram 1/3 dos assassinatos.Os dados foram retirados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde e são de 2012 - os mais recentes disponíveis.

Veja a seguir 20 fatos para decifrar a violência no Brasil:1. Número de assassinatos em 2012 é igual a 1,4 "Carandirus" por diaEm 2012, o Brasil registrou mais de 56 mil homícidios. Isso é igual a 154 mortes diárias ou 1,4 massacres do Carandiru por dia.

2. Brasil é o 7º país mais violento do mundoLevando em conta as taxas mais atualizadas de homicídios de 100 países, o Brasil ficou em 7º lugar. Fica atrás apenas de El Salvador, da Guatemala, de Trinidad e Tobago, da Colômbia, Venezuela e de Guadalupe - todos na Améria Latina.

3. E também 7º do mundo em mortalidade juvenilCom 29,3 mortes de jovens a cada 100 mil habitantes, o Brasil ficou em 7º lugar no ranking mundial de mortalidade juvenil (que considera a população entre 15 e 29 anos).

4. Capitais concentram 1/3 dos homicídios do paísEm 2012, 31,6% dos homicidios foram registrados nas capitais do país. Apesar de parecer o alto, a concentração vem diminuindo há mais de uma década. Em 2002, era de 38,1%.

5. Violência é epidêmica em todas as capitaisNenhuma capital, em 2012, manteve níveis de violência abaixo do considerado epidêmico (isto é, 10 homicídios para cada 100 mil habitantes). Florianópolis, que tem a menor taxa, está com 15 por 100 mil habitantes.

6. Alagoas é o estado mais violento do BrasilEm 2012, foram registrados 64,6 homicídios para cada 100 mil habitantes. A média do Brasil é de 29 mortes.

7. Já Santa Catarina é o estado menos violentoO estado teve, em 2012, taxa de homicídios 5 vezes menor que Alagoas: foram 12,1 mortes a cada 100 mil habitantes.

8. Homens são 9 de cada 10 vítimasEm 2012, 91,6% das vítimas de homicídio eram homens. Na população jovem, esse índice é ainda maior: 93,3%. A taxa de 54,3 homicídios masculinos é 11 vezes superior à feminina, de 4,8.

9. Jovens são maioria

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Em 2012, foram registrados mais de 30 mil homicídios de jovens no Brasil. Isto é, os jovens foram vítimas de mais da metade (53,4%) de todos os homicídios do país.O número é ainda mais preocupante se levarmos em conta que a faixa etária de 15 a 29 anos representa apenas 26,9% da população nacional.

10. Mortalidade de jovens se mantém estável há 32 anosEnquanto a taxa de mortalidade da população geral cai, entre os jovens ela se mantém estável. Em 1980, ela era de  146 mortes para cada 100 mil jovens. Em 2012, foi de 149/100 mil. Os homicídios e os acidentes de trânsito são os maiores responsáveis pelas mortes na juventude.

11. Chance de morrer "explode" entre 20 e 24 anosA maior taxa de mortalidade da população brasileira está na faixa etária de 20 a 24 anos. Em 2012, foram registrados 66,9 mortes para cada 100 mil habitantes nestas idades. Entre as crianças de 10 a 14 anos, por exemplo, a taxa fica em 4,3/100 mil, e entre os adultos de 30 a 39 anos, é de 43/100 mil.

12. Só 6 estados do país diminuiram violência contra os jovens em 2012Foram Paraíba (-1,7%), Espírito Santo (-3,4%), Mato Grosso do Sul (-6,6%), Pernambuco (-6,8%), Alagoas (-8,5%) e Amazonas (-9,3%).

13. Problema vem melhorando na população branca e piorando na negraNos últimos 10 anos, o homicídio entre brancos caiu 24,8%, enquanto entre negros cresceu 38,7%.Em 2002, as taxas de homicídio entre brancos era de 21,7 por 100 mil brancos. A dos negros, de 37,5 por 100 mil negros. Sendo assim, o índice de vitimização negra foi de 73, o que significa que morreram proporcionalmente 73% mais negros que brancos.Já em 2012, esse índice subiu para 146,5. O que faz com que a vitimização negra, no período de 2002 a 2012, tenha crescido 100,7%.

14. Dentre as mortes violentas, homicídio é que faz mais vítimas no paísForam 58,1 mortes consideradas violentas a cada 100 mil habitantes em 2012. A categoria inclui acidentes de trânsito, suicídios e homicídios. Dentre eles, os assassinatos são os responsáveis pelo maior número de mortes: a taxa nacional é de 29 a cada 100 mil habitantes.

15. O país é 4º do mundo em acidentes de trânsitoCom sua taxa de 23 mortes em acidentes de transporte para cada 100 mil habitantes, o Brasil ficou com a 4ª posição entre 101 países analisados.

16. Acidentes estão crescendoEm 2009, a taxa havia sido de 20,2/100 mil. Os acidentes fatais de motociclistas vêm puxando a taxa para cima.

17. Motociclistas são as maiores vítimas nas ruas (de longe)Em 2012, 16.223 motociclistas morreram em acidentes de trânsito - 8,4 mortes a cada 100 mil habitantes. Este número representa crescimento de 1.041% em relação a 1996, quando foram registradas 1.421 mortes.A morte de ocupantes de carros também aumentou, mas bem menos: 82,7%. Por outro lado, a morte de pedestres caiu 53,7% no mesmo período.

18. Suicídios crescem 33% em 10 anosEntre os anos 2002 e 2012, o total de suicídios no país passou de 7.726 para 10.321, o que representa um aumento de 33.6%. O crescimento no número de casos é superior ao aumento da população, que foi de 11,1% no mesmo período.

19. Região Norte é destaque negativo em suicídiosOs estados Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins viram o número de homicídios saltar 77,7% nos últimos 10 anos. Em 2012, foram registrados 693 casos por lá.

20. Roraima tem a cidade com o maior número de homicídios do paísA cidade de Caracaraí, em Roraima, é a primeira no ranking das cidades brasileiras com maior taxa de homicídios. No município de 19 mil habitantes, o índice atingiu 210 para cada 100 mil habitantes.

Dilma Rousseff sanciona lei que torna hediondo o crime de feminicídioA presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei do feminicídio . O projeto de lei foi aprovado, durante votação na Câmara dos Deputados.  O anúncio da sanção foi durante discurso da presidenta em rede nacional por ocasião do Dia Internacional da Mulher.Durante o evento, a presidenta Dilma condenou veementemente o machismo instaurado na sociedade há séculos e lembrou que "15 mulheres são mortas por dia no Brasil. As mortes são pelo simples fato de ser mulher, uma questão de gênero". A presidenta falou, ainda, sobre as 500 mil mulheres que são vítimas de estupro no país e sobre o fato de apenas 10% dos casos chegarem ao conhecimento das autoridades. "As mulheres muitas vezes têm medo e vergonha de denunciar", disse."Esses números nos chocam e mostram brasileiras submetidas a uma violência inaceitável, que percorre em todas as classes sociais, nas ruas, no trabalho, nas escolas e, sobretudo, dentro de casa", afirmou Dilma.A presidenta também condenou a violência contra os negros e a população LGBT e afirmou que "o Brasil é uma terra generosa e não deve aceitar jamais ser a terra de intolerância e do preconceito".Ainda em seu pronunciamento, Dilma deixou bem claro que o papel do Estado deve ser sempre defender a integridade da mulher. "Em briga de marido e mulher, nós achamos que se mete a colher sim. Principalmente se resultar em assassinato", afirmou.A presidenta exaltou as políticas que visam o empoderamento feminino, citou a Lei Maria da Penha e lembrou que, apesar do machismo, os homens devem sempre lembrar que vieram de uma mulher.

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"Quando tratamos a mulher como protagonista, o que queremos é dar poder a ela. Por isso no Bolsa Família é preferencialmente a mulher que recebe o cartão. No Minha Casa Minha Vida a mulher tem preferência também por ter a propriedade no seu nome", afirmou a presidenta.Por fim, Dilma lembrou que parte desse empoderamento, além da independência financeira, é o fomento à capacitação profissional. Segundo dados apresentados por ela, no Pronatec, 58,4 milhões de formandos são mulheres; e, nas bolsas do Prouni e do Fies, o sexo feminino é responsável por 52% e 58% dos contratos, respectivamente.A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, também discursou no evento e exaltou a sanção da Lei, além de ressaltar a sua importância para que haja uma redução desse tipo de crime.  "O feminicídio é a morte violenta por conta do gênero, é uma crime de ódio", explicou.Menicucci disse que o Brasil é o sétimo país com o maior número de casos de violência contra a mulher. Além disso, a ministra detalhou que, na maioria dos casos, os praticantes do delito são seus companheiros, ex-parceiros ou filhos.A ministra também elogiou a articulação da bancada feminina no congresso e lembrou que a Lei Maria da Penha, segundo dados do Ipea, diminuiu em 10% os assassinatos de mulheres em suas residências."A partir de hoje, com a Lei do Feminicidio, as brasileiras conquistam mais um instrumento para garantir uma vida livre da violência", complementou Menicucci.

FeminicídioO assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres é chamado de "feminicídio" - sendo também chamado de “femicídio” ou “assassinato relacionado a gênero”.O termo se refere a um crime de ódio contra mulheres, justificado por uma história de dominação da mulher pelo homem e estimulado pela impunidade e indiferença da sociedade e do Estado.O feminicídio abrange desde o abuso emocional até o abuso físico ou sexual. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, esse crime envolve o assassinato intencional de mulheres apenas por serem mulheres.Na América Latina, México, Chile e Argentina já incorporaram o crime de feminicídio às respectivas legislações penais. No Brasil, O projeto foi elaborado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher.A proposta aprovada estabelece que as penas podem variar de 12 anos a 30 anos de prisão, a depender dos fatores considerados. Se forem cometidos crimes conexos, as penas poderão ser somadas, aumentando o total de anos que o criminoso ficará preso, interferindo, assim, no prazo para que ele tenha direito a benefícios como a progressão de regimeO projeto prevê ainda aumento da pena em um terço se o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto, se for contra adolescente menor de 14 anos ou adulto acima de 60 anos ou ainda pessoa com deficiência, e se o assassinato for cometido na presença de descendente ou ascendente da vítima.Segundo dados apresentados pela CPMI, entre 2000 e 2010, 43,7 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. Desse total, mais de 40% das vítimas foram assassinadas dentro de suas casas, muitas pelos companheiros ou ex-companheiros. Essa estatística colocou o Brasil na sétima posição mundial de assassinatos de mulheres.

Crimes hediondosO crime é considerado hediondo quando o delito em questão é caracterizado como repugnante, bárbaro ou asqueroso. Nesses casos, não é possível conceder anistia, graça, indulto e fiança.Em casos de crimes tipificados como hediondos, o cumprimento da pena estipulada, e sua possível redução, são realizados de maneira diferente. Segundo a Lei nº 8.072, "a pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado".Além disso, a progressão de regime só poderá ocorrer após o cumprimento de dois quintos da pena, em caso de ser a primeira incidência do infrator, e de três quintos, se houve reincidência.Fontes: Portal Brasil, com informações do Blog do Planalto, Ministério da Justiça e Secretaria de Políticas para Mulheres 

Morte de dançarino desencadeia protesto em favela do RioAtualizado em  23 de abril, 2014 - 01:09 (Brasília) 04:09 GMT

O Rio de Janeiro foi mais uma vez palco de protestos na noite de terça-feira. As ações violentas começaram depois da morte de um dançarino profissional na favela pavão-Pavãozinho, na região de Copacabana, zona sul do Rio. Os moradores da favela acusam a polícia pelo assassinato.Grandes avenidas da área turística de Copacabana foram fechadas pela polícia. Manifestantes fizeram barricadas e colocaram fogo em pneus dentro da favela.O protesto começou após a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, um dançarino que costumava se apresentar em um programa da TV Globo. Ele teria sido baleado após ser confundido com um traficante de drogas.Familiares afirmaram suspeitar que a vítima tenha sido agredida antes de ser morta por policiais. A polícia afirmou por meio de nota que os ferimentos de Pereira seriam compatíveis com os de uma queda.O protesto acontece a menos de dois meses da abertura da Copa do Mundo.

Policiais cercadosAo menos um homem morreu durante o protesto. Testemunhas afirmaram que carros foram incendiados e uma base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) teria sido atacada por homens armados.Segundo órgãos de imprensa locais, um grupo de policiais militares teria sido cercado por criminosos em uma casa dentro da favela. Eles foram resgatados por equipes táticas do Bope, a unidade de elite da polícia militar do Rio.Policiais também disseram à imprensa local que os ataques teriam sido orquestrados por membros da facção criminosa Comando Vermelho.

Mortes e protestos no Rio reacendem debate sobre UPPs às vésperas da CopaDa BBC Brasil no Rio de JaneiroAtualizado em  24 de abril, 2014 - 04:36 (Brasília) 07:36 GMT

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O caso do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto numa creche da favela Pavão-Pavãozinho na última terça-feira, e os protestos e confrontos violentos que tomaram duas ruas do bairro de Copacabana - resultando em mais uma morte - reacenderam o debate em torno das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) na capital fluminense.A 49 dias da Copa, o caso e as cenas de barricadas em chamas, tiroteios, e violência acabaram tendo grande destaque na mídia mundial.Para o sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, o incidente na favela Pavão-Pavãozinho é mais uma evidência de que o programa das UPPs está em crise."O que aconteceu na Pavão-Pavãozinho não é um caso isolado. O programa das UPPs foi recebido como a grande solução para o problema de segurança pública no Rio. Com o tempo, ele foi colocado no piloto automático e agora temos cada vez mais indícios de que precisa ser reavaliado", diz.O secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame afirmou que os casos de trocas de tiros no Pavão-Pavãozinho e em outras favelas com UPPs seriam uma tentativa do crime organizado de "banalizar" o projeto de polícia pacificadora.Beltrame usou como exemplo a suspeita da polícia de que os confrontos no Pavão-Pavãozinho teriam sido iniciados devido ao retorno à região do traficante de drogas Adaulto Nascimento Gonçalves, o "Pitbull". Com apoio de uma quadrilha, o criminoso estaria realizando ações para acabar com a tranquilidade e impor o medo entre moradores.Dançarino do programa Esquenta!, da TV Globo, DG, como era conhecido, morreu vítima de um tiro, segundo informação da própria polícia. A mãe do dançarino, Maria de Fátima, diz que o corpo e os documentos do filho estavam molhados e que ouviu relatos de testemunhas apontando que ele teria sido alvo de tortura, confundido com traficantes durante operação da polícia."Não descarto (ação policial), absolutamente. Mas não podemos condená-los de antemão. Várias hipóteses estão sendo examinadas, precisamos de respostas técnicas, não de uma guerra de informação", declarou Beltrame.O terror que se espalhou por Copacabana por mais de quatro horas na última terça e as reações e cenas do dia seguinte deixam claro, no entanto, que o clima e a dinâmica de pacificação em algumas favelas cariocas estão longe do desejado pelo programa das UPPs, iniciado cinco anos atrás.

CriseEntre os indícios da necessidade de reavaliação do programa de pacificação, como sugere o sociólogo Ignacio Cano, estariam denúncias de abuso por parte da polícia em favelas ocupadas e a onda de ataques contra UPPs. Há confrontos e retomada de espaço pelo tráfico em comunidades importantes, como a Rocinha e o Complexo do Alemão, e a ocupação do Complexo da Maré tem sido alvo de muitas críticas.Também teve grande repercussão o caso do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, que desapareceu após ser levado para uma UPP na Rocinha e assassinado em julho do ano passado.Cano explica que o formato do programa não é sustentável a longo prazo e que, se fosse interrompido de forma abrupta, não garantiria a manutenção dos baixos índices de criminalidade."Tal como o programa está hoje, se os policiais saíssem de determinadas comunidades, poderíamos ter uma reversão dos avanços na contenção da violência em um curto espaço de tempo, questão de semanas", diz. "Até agora tivemos um foco grande na retomada do controle territorial, mas faltaram iniciativas na área de formação policial, por exemplo."Outro ponto crítico, segundo o sociólogo, seria a falta de mecanismos institucionais para melhorar a relação entre policiais e moradores das favelas ocupadas."Hoje, essa relação depende do comandante da polícia em cada local", diz Cano. "Poderíamos ter, por exemplo, conselhos em que policiais e membros dessas comunidades discutissem juntos regras de convivência."Para o sociólogo, é natural que a proximidade da Copa aumente a preocupação das autoridades em relação aos ataques contra UPPs."Cinco anos atrás, o que ocorreu na Pavão-Pavãozinho nem seria notícia fora do Brasil", diz ele."Agora, não só o mundo está de olho no que acontece aqui como sempre há a possibilidade de que incidentes como esse contribuam para ampliar o descontentamento com o problema de segurança pública e inflar protestos."

Tensão e revoltaUm breve giro pelos arredores do Morro Pavão-Pavãozinho no dia seguinte aos confrontos é suficiente para medir o clima na região.Furgões de emissoras de TV estacionados, lixo pela rua, muitos policiais, tropas do Bope (unidade de elite da polícia militar carioca) subindo pela entrada do morro de tempos em tempos, comércio fechado e olhares apreensivos mostram que a situação ali está longe da normalidade.Vinicius, jovem morador de Ipanema que não quis informar seu nome verdadeiro, diz que andava de skate quando notou a confusão vinda da direção da entrada do morro."Pouco depois de eu chegar aqui na rua, o tumulto começou para valer. Do morro vinham muitas garrafas de vidro e bombinhas, e os policiais revidavam com tiros de fuzil. Achei dez cartuchos depois, só ao redor de onde fiquei encurralado, deitado embaixo de um carro, só ouvindo tiro", diz.Jorge, de 47 anos, nasceu e cresceu no Pavão-Pavãozinho. Ele vê benefícios na política de pacificação, mas diz que algo mudou nos últimos meses."Aceitamos a pacificação, foi uma coisa muito boa. Mas ultimamente a coisa saiu do controle. Os policiais chegam revistando com o fuzil apontado, invadem a sua casa, é demais", conta.Para ele, a comunidade nos últimos meses tem virado "terra de ninguém" após as 22h.João, de 47 anos, mora há mais de dez em Copacabana, próximo do acesso ao morro. Ele diz que a prova de que a situação na região tem se deteriorado é que apesar dos altos preços em outros bairros da Zona Sul, os imóveis ali têm se desvalorizado cada vez mais."É um absurdo, acho que está pior com a UPP. Eu cheguei aqui por volta de 23h, quando a coisa já tinha se acalmado. E se tivesse chegado às 18h30, 19h? Quem quer voltar de um dia de trabalho e ver a rua em chamas, tiroteio e gente morta na calçada?", questiona.Identificado como Edilson da Silva dos Santos, o homem morto com um tiro durante os confrontos sofria de problemas mentais e já tinha passagem por um manicômio judiciário.*Com colaboração de Ruth Costas, da BBC Brasil, em São Paulo.

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Um terço dos presos no Brasil e no mundo não passou por julgamento, diz estudoMariana Schreiber Da BBC Brasil em Londres9 outubro 2014

Um terço dos presos em todo mundo está detido sem ter passado por um julgamento. O Brasil está entre os países onde mais pessoas em relação ao total da população se encontram detidas provisoriamente.As estimativas são de um novo estudo da Fundação Open Society, organização do bilionário americano George Soros que atua em mais de 70 países promovendo a defesa de direitos humanos.O levantamento indica que há cerca de 3,3 milhões pessoas presas provisoriamente no planeta. Por ano, porém, a estimativa é que mais de 14 milhões sejam detidas dessa forma.O problema é mais grave nos países menos desenvolvidos, mas também ocorre em nações ricas como os Estados Unidos, onde 490 mil pessoas estão nessa condição, segundo o estudo.A maioria desses presos é formada por pessoas mais pobres, que não têm recursos para contratar advogados, pagar fianças ou mesmo propina.

BrasilNo Brasil, havia cerca de 230 mil pessoas presas sem terem sido julgadas em dezembro de 2012, dado mais recente do Ministério da Justiça. Isso representa cerca de 40% dos presos do país.Proporcionalmente à população, o Brasil é o 11º país que mais tem prisioneiros sem julgamento. A cada 100 mil brasileiros, 104 estão presos provisoriamente, calcula a Open Society.Os Estados Unidos são o quarto nesse ranking: há 141 detidos sem julgamento por 100 mil habitantes no país.Em ambos os países, a prisão atinge com mais frequência negros e pobres."Essa é a maioria dos presos no Brasil. São pessoas que não têm como pagar advogados privados e dependem da defensoria pública, que é insuficiente no país", afirma a pesquisadora da ONG Justiça Global, Isabel Lima.

A ONG, que conta com apoio da Open Society, lançou neste mês uma campanha contra o "uso ilegal e abusivo" da prisão provisória.Segundo Lima, o recurso da prisão antes do julgamento é usado no Brasil mesmo em casos como crimes de baixa periculosidade ou quando não há antecedentes criminais, o que contraria as situações previstas em lei para detenção antes do julgamento."Vemos que muitas vezes, quando a pessoa finalmente é julgada, ela é considerada inocente ou a pena que recebe é menor do que o tempo que ela já ficou presa", observa.Entre as propostas da Justiça Global para enfrentar o problema está a aprovação do Projeto de Lei do Senado 554, de 2011, que prevê que uma pessoa detida deve ser apresentada a um juiz em um prazo de 24 horas para que a legalidade da prisão seja avaliada.Segundo Lima, esse recurso, chamado de audiência de custódia, já existe em países da América Latina como Argentina, Chile, Colômbia e México. Ele serve também para coibir maus tratos no momento da prisão.A campanha da Justiça Global também pressiona pela ampliação das defensorias públicas. Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 2013 estima que há uma carência de 10,5 mil defensores públicos no país.Entre os Estados brasileiros, apenas o Distrito Federal e Roraima não apresentam deficit. As estimativas partem do parâmetro de que, para garantir atendimento de qualidade, deve existir um defensor público para cada 10 mil pessoas com renda de até três salários-mínimos.

Penas alternativasOs últimos anos revelaram um forte crescimento na população carcerária brasileira. Segundo o Ministério da Justiça, o total de presos detidos em penitenciárias e em delegacias de polícia passou de 294 mil em dezembro de 2005 para 548 mil em dezembro de 2012, uma alta de 86%.O desembargador Guilherme Calmon, que integra o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), diz que o elevado número de presos provisórios acaba superlotando o sistema carcerário brasileiro. Ele defende a adoção mais frequente de penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade, limitação do fim de semana, algumas restrições de direitos como a proibição de conduzir veículo automotor e o monitoramento eletrônico."Há, ainda, uma cultura brasileira no sentido de que punição se confunde com prisão, o que não corresponde à realidade, pois em vários países há clara demonstração de que as alternativas penais são tão ou até mais eficazes do que a pena privativa de liberdade", afirmou.Calmon diz que vê com bons olhos a proposta de adoção das audiências de custódia, procedimento que está em análise no CNJ, onde ele supervisiona o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas.Ele defende também a expansão das defensorias públicas."Se hoje o Poder Judiciário brasileiro conta com aproximadamente 16 mil juízes, pelo menos tal número deveria também corresponder ao número de defensores públicos, o que não é uma realidade no Brasil."Segundo o Ipea, em 2013 havia 8.489 cargos de defensor público no país, sendo que apenas 5.054 estavam preenchidos.

Países com maior proporção de presos provisórios em relação ao total da população*

Panamá 271,1Uruguai 182,5Azerbaijão 176,3Estados Unidos 140,7República Dominicana 127,6Peru 120,3Bolívia 117,6Tailândia 110,4

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Venezuela 108,7El Salvador 107,4Brasil 103,6

*Número de presos a cada 100 mil habitantes

Com menos de 1% dos detentos, Apacs são alternativa para ressocializaçãoDe Itaúna (MG) para a BBC Brasil Atualizado em  20 de março, 2014 - 05:54 (Brasília) 08:54 GMT

Apacs são unidades prisionais administradas por ONGs e entidades da sociedade civil que, apesar de abrigarem menos de 1% da população carcerária brasileira, são apontadas pelo Poder Judiciário como um modelo mais positivo de ressocialização de presos em relação às prisões tradicionais.Não há agentes penitenciários armados nas Apacs, e as portas das celas ficam abertas durante o dia. Os detentos são responsáveis pela limpeza e pela preparação da comida.Mas críticos dizem que o sistema facilita a fuga de detentos (não há dados consolidados a respeito).Além disso, muitos veem com ressalvas o forte elemento cristão das Apacs.A reportagem da BBC Brasil visitou a Apac de Itaúna (MG), criada a partir da mobilização de um grupo da Pastoral Carcerária da Igreja Católica nos anos 1980.

Índice de reincidência no crime é menor em presos das ApacsAtualizado em  20 de março, 2014 - 05:55 (Brasília) 08:55 GMT

Nos corredores da Associação de Proteção e Amparo aos Condenados (Apac) de Itaúna (MG), é difícil diferenciar presos e funcionários. Todos usam o mesmo tipo de roupa, têm a mesma aparência saudável e ninguém está dentro das celas. Não há agentes penitenciários armados.Essa estrutura é replicada em quase 40 unidades prisionais pelo Brasil. Enquanto no sistema penitenciário comum 70% dos egressos voltam a cometer crimes segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na Apac esse número não ultrapassa 15%, de acordo com o mesmo órgão.Em 42 anos de existência, suas unidades nunca registraram uma rebelião ou assassinato.A estrutura da prisão funciona com poucos empregados, alguns voluntários e com a cooperação dos presos, que trabalham em todos os setores – até na portaria e na manutenção da disciplina.Isso faz com que o custo dos presos seja consideravelmente reduzido. Enquanto no sistema prisional comum, o custo mensal para manutenção de um preso varia entre R$ 1.800 e R$ 2.800, na Apac não ultrapassaria R$ 1.000.

Comissão da Verdade: Conheça as 29 recomendações do relatório10 dezembro 2014

Cinquenta anos após o golpe militar que instaurou uma ditadura no Brasil, hoje é possível saber melhor como funcionou o aparelho repressivo do regime e os abusos cometidos graças às investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e de dezenas de instituições parceiras, como comissões estaduais e municipais criadas nos últimos dois anos.Desde 2012, quando a CNV foi criada, foram ouvidas cerca de 600 pessoas - em sua maioria vítimas do regime, mas também agentes da repressão. O relatório final com as conclusões dos trabalhos será apresentado em dezembro.A CNV investiga graves violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, mas o foco principal está nos delitos da ditadura militar.

Após dois anos e sete meses de pesquisas, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade apresentado hoje à Presidência faz 29 recomendações às autoridades nacionais.

A maioria delas está relacionada à punição de autores de crimes durante o regime militar, à prevenção da ocorrência de abusos de natureza semelhante e à abolição de práticas e estruturas remanescentes da época.Na prática, o documento propõe mudanças que gerariam grande impacto na área de segurança pública, como a desmilitarização da polícia e reformas no sistema prisional.

Veja abaixo quais foram as 29 recomendações.

1.Reconhecimento de culpaSegundo a CNV, até agora as Forças Armadas não negaram que ocorreram abusos de direitos humanos cometidos em suas instalações, cometidos por seus militares. Mas isso não seria suficiente. A primeira recomendação do relatório final é que as forças reconheçam sua responsabilidade institucional pelos abusos ocorridos entre a ditadura.

2.Punição de agentes públicosA CNV entendeu, com base em legislação internacional que a Lei de Anistia não pode proteger autores de crimes contra a humanidade. Por isso recomenda que os agentes do Estado envolvidos com episórios de tortura, assassinatos e outros abusos sejam investigados, processados e punidos.

3.Acusados de abusos devem custear indenizações de vítimas

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O Estado brasileiro já foi condenado a pagar diversas indenizações a vítmas de abusos de forças de segurança durante a ditadura. O documento final da CNV recomenda agora que o Estado tome medidas administrativas para que os agentes públicos cujos atos resultaram nessas condenações sejam obrigados a ressarcir os cofres públicos.

4.Proibição das comemorações do golpe militar de 1964A CNV recomenda a proibição de qualquer celebração oficial relacionada ao tema. Associações relacionadas aos militares tradiconalmente comemoram os aniversários da revolução de 1964.

5.Alteração dos concursos públicos para as forças de segurançaO documento recomenda que os processos de recrutamento das Forças Armadas e das polícias levem em conta os conhecimentos dos candidatos sobre preceitos teóricos e práticos relacionados à promoção dos Direitos Humanos.

6.Modificação do currículo das academias militares e policiaisA CNV recomenda alterações no ensino sobre os conceitos de democracia e direitos humanos nas academias militares e de polícia do Brasil. Essas entidades deveriam ainda suprimir qualquer referência à doutrina de segurança nacional.

7.Mudanças nos registros de óbito das vítimasA alteração de registros de causas de óbitos de vítimas do regime militar é outra das recomendações da comissão. O objetivo é tornar oficial que diversas pessoas morream em decorrência de violência de agentes do Estados e não por suicídio.

8.Mudanças no InfosegA CNV recomenda que os registros criminais de pessoas que posteriormente foram reconhecidas como vítimas de perseguição política e de condenações na Justiça Militar entre 1946 a 1988 sejam excluídos da rede Infoseg – o banco de dados que tenta integrar as informações de segurança pública dos Estados brasileiros. A comissão pede ainda a criação de um banco de DNA de pessoas sepultadas sem identificação para facilitar sua posterior identificação.

9.Criação de mecanismos de prevenção e combate à torturaSegundo o documento, a tortura continuaria a ser praticada em instalações policiais pelo Brasil. Esse entendimento levou a comissão a recomendar a criação de mecanismos e comitês de prevenção e combate à tortura nos Estados e na Federação.

10.Desvinculação dos IMLs das Secretarias de Segurança PúblicaA apuração pela CNV de casos de conivência de peritos com crimes de agentes do Estado e a produção de laudos imprecisos durante o regime militar fez a comissão recomendar a desvinculação dos Institutos Médicos Legais das polícias e Secretarias de Segurança Pública. O objetivo seria a melhora na qualidade de produção de provas, especialmente em casos de tortura.

11.Fortalecimento das Defensorias PúblicasSegundo as investigações da CNV, a dificuldade de acesso dos presos à Justiça facilitou a ocorrenência de abusos de direitos humanos nas prisões durante o regime. Situação semelhante persistiria no sistema penitenciário atual. Por isso, seria necessário melhorar a atuação dos defensores públicos e amentar seu contato com os detentos.

12.Dignificação do sistema prisional e do tratamento dado ao presoO relatório final da CNV faz uma série de críticas às condições do sistema prisional e ecomenda ações de combate à superlotação, aos abusos de direitos humanos e às revistas vexatórias. A comissão critica ainda o processo de privatização de presídios que já ocorre em alguns Estados do país.

13.Instituição de ouvidorias do sistema penitenciárioA comissão recomenda a adoção de ouvidorias no sistema penitenciário, na Defensoria Pública e no Ministério Público para aperfeiçoar esses órgãos. Os defensores devem ser membros da sociedade civil.

14.Fortalecimento de Conselhos da Comunidade para fiscalizar o sistema prisionalOs Conselhos da Comunidade já estão previstos em lei e devem ser instalados em comarcas que tenham varas de execução penal. Eles devem acompanhar o que acontece nos estabelecimentos penais.

15.Garantia de atendimento às vítimas de abusos de direitos humanosDe acordo com a CNV, as vítimas de graves violações de direitos humanos estão sujeitas a sequelas que demandam atendimento médico e psicossocial contínuo – que devem ser garantidos pelo Estado.

16.Promoção dos valores democráticos e dos direitos humanos na educaçãoBasicamente, os integrantes da comissão pedem que as escolas ensinem a seus alunos a história recente do país e “incentivem o respeito à democracia, à institucionalidade constitucional, aos direitos humanos e à diversidade cultural”.

17.Criação ou aperfeiçoamento de órgãos de defesa dos direitos humanosA comissão recomenda a criação e o apoio a secretarias de direitos humanos em todos os Estados e municípios do país. O grupo também pede reformas em órgãos federais já existentes, como o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e a Comissão de Anistia.

18.Revogação da Lei de Segurança NacionalA CNV quer a revogação da Lei de Segurança Nacional (que define os crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social), adotada na época do regime militar e ainda vigente.

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19.Mudança das leis para punir crimes contra a humanidade e desaparecimentos forçadosA comissão solicita a incorporação na legislação brasileira do crime de “desaparecimento forçado” – quando uma pessoa é detida secretamente por uma organização do Estado – e dos crimes contra a humanidade. Segundo a CNV esses crimes já estão previstos no Direito internacional, mas não nas leis brasileiras.

20.Desmilitarização das polícias militares estaduaisPara a CNV, a estrutura militar da Polícia Militar dos Estados e sua subordinação às Forças Armadas é uma herança do regime que não foi alterada com a Constituição de 1988. Segundo a comissão, essa estrutura não é compatível com o Estado democrático de direito e impede uma integração completa das forças policiais. O grupo recomenda que a Constituição seja alterada para desmilitarizar as polícias.21.Extinção da Justiça Militar estadualCom a desmilitarização das polícias dos Estados, a Justiça Militar estadual deveria ser extinta. Os assuntos relacionados às Forças Armadas seriam tratados pela Justiça Militar Federal.

22.Exclusão de civis da jurisdição da Justiça Militar federalA comissão recomenda que se acabe com qualquer jurisdição da Justiça Militar sobre civis e que esse ramo do Judiciário tenha atribuições relacionadas apenas aos militares.

23.Supressão, na legislação, de referências discriminatórias da homossexualidadeA CNV recomendou a retirada da legislação de referências supostamente discriminatórias a homossexuais. O grupo cita como exemplo uma lei militar descreve um crime como “praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar”.

24.Extinção do auto de resistênciaA comissão recomenda que as polícias não usem mais classificações criminais como “auto de resistência” ou “resistência seguida de morte”. Geralmente essas tipificações são usadas em casos que suspeitos são feridos ou mortos pela polícia. A CNV sugere tipificações como “lesão corporal decorrente de intervenção policial” e “morte decorrente de intervenção policial”.

25.Introdução da audiência de custódiaA comissão recomenda a introdução no ordenamento jurídico brasileiro da audiência de custódia. Ou seja, todo preso teria que ser apresentado a um juiz até no máximo 24 horas após sua prisão. O objetivo é dificultar a prática de abusos.

26.Manutenção dos trabalhos da CNVA comissão entendeu que não foi possível esgotar todas as possibilidades de investigação até a sua conclusão. Por isso recomenda que um órgão permanente seja criado para continuar as apurações e verificar a implementação de medidas sugeridas.

27.Manutenção da busca por corposO grupo sugeriu ainda que orgãos competentes recebam os recursos necessários para continuar tentando encontrar os corpos de desaparecidos políticos – frente em que a comissão não fez grandes avanços.

28.Preservação da memóriaA comissão sugere uma série de ações para preservar a memória dos abusos cometidos durante a época do regime militar. Entre elas estão a criação de um Museu da Memória, em Brasília e o tombamento de imóveis onde ocorreram abusos. Eles também querem que nomes de acusados de abusos deixem de nomear vias e logrradouros públicos.

29.Ampliação da abertura dos arquivos militaresA comissão deseja que o processo de abertura de arquivos militares relacionados ao regime expandam seu processo de abertura. O grupo estimulou ainda a realização de mais pesquisas sobre o período nas universidades.

Energia e Meio AmbienteCom matriz elétrica ‘mais suja’, Brasil vive dilema para conter apagõesMariana Schreiber Da BBC Brasil em Londres - 13 março 2014

O risco de haver um racionamento de energia neste ano subiu, embora continue baixo, avalia o governo. Em nota divulgada na quarta-feira, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) disse que a probabilidade de desabastecimento passou de "baixíssima", no mês passado, para "baixa".Apesar de ter voltado a chover nas últimas semanas, o volume foi insuficiente para recompor adequadamente os reservatórios, que estão com cerca de 35% da sua capacidade, em média, nível similar ao do mesmo período de 2001, ano do apagão.Segundo especialistas, um sistema elétrico mais estável no Brasil terá de ser, necessariamente, mais "sujo" do que o atual, onde predomina o uso de usinas hidrelétricas. Eles dizem que, para reduzir os riscos de desabastecimento, inevitavelmente o país terá de continuar expandindo o uso de usinas térmicas, que geram energia mais cara e poluente.A construção e o acionamento das térmicas se acelerou nos últimos anos, numa estratégia para evitar a repetição do racionamento de 2001, que se refletiu em baixo crescimento econômico e queda da popularidade do então presidente Fernando Henrique Cardoso.Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal, mostram que a capacidade de geração de energia por termoelétricas cresceu 68% entre 2008 e 2013, passando de 22.999 megawatt para 38.529 megawatt. No mesmo período, a capacidade instalada das hidrelétricas teve expansão de 11%, para 86.019 megawatt.Com isso, a participação das termoelétricas na matriz elétrica brasileira subiu de 22,3% para 30,4% no período, enquanto o peso das hidrelétricas caiu de 75,3% para 68% - ainda alto quando comparado internacionalmente.

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ComplementoAs térmicas servem como uma fonte complementar às hidrelétricas. Elas são acionadas para garantir o abastecimento quando os reservatórios de água estão baixos.O problema é que dois fatores estão elevando a demanda por essa energia mais suja e cara: 1) as hidrelétricas construídas nos últimos anos têm reservatórios pequenos ou são a fio d’água (sem reservatório); 2) a estiagem prolongada e o calor recorde diminuem a disponibilidade de água nas hidrelétricas ao mesmo tempo que elevam a demanda por energia, por exemplo, com uso de ar-condicionado.Um estudo da Firjan, federação que representa a indústria do Rio de Janeiro, mostra que houve uma redução gradual da capacidade das hidrelétricas em manter o abastecimento mesmo em período de chuvas.Em 2001, as hidrelétricas, caso estivessem com os reservatórios completamente cheios, seriam capazes de atender a demanda por energia no Brasil por 6,27 meses, mesmo sem chuvas e sem o uso de outras fontes. Já em 2012, a capacidade de regularização do sistema havia caído para 4,91 meses. Considerando o crescimento esperado para o consumo de energia e que a ampliação do parque hidrelétrico será quase todo com usinas a fio d’agua, a Firjan projeta que, em 2021, essa capacidade recuará ainda mais, para 3,35 meses.Vale ressaltar, porém, que os reservatórios nunca estão completamente cheios. Dessa forma, a capacidade de regularização de fato existente passou de 3,99 meses, em 2001, para 3,13 meses, em 2012, e deve chegar a 2,14 meses em 2021, caso se mantenha a média dos últimos anos do nível dos reservatórios (63,8%).

Dilema ambientalA tendência, observa a Firjan, é que as térmicas passem a ser usadas constantemente, e não apenas como fonte complementar nos períodos de seca. Devido ao custo mais alto dessa fonte de energia, a federação e representantes do setor elétrico defendem a construção de reservatórios maiores. A questão é que há grande resistência de ambientalistas e movimentos sociais contra esses empreendimentos, por causa do impacto sobre a população ribeirinha, índios e o meio ambiente."O governo tem desistido das hidrelétricas com reservatórios por causa das questões ambientais. É um erro, pois ficamos mais dependentes das térmicas", afirma Alexei Macorin Vivan, diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE).Usinas antigas, como Sobradinho (BA), Tucuruí (PA) e Itaipu (PR), têm reservatórios gigantescos. As grandes hidrelétricas em construção, porém, são a fio d’água – Belo Monte, ainda em obras no Pará, e Jirau e Santo Antônio, em operação ainda parcial, em Rondônia.A Região Norte do país é a que apresenta maior potencial de construção de novas hidrelétricas. Além dos impactos ambiental e social de se construir na floresta, porém, há a limitação topográfica, pois boa parte da área é planície, observa o diretor da Coppe (UFRJ) e ex-presidente da Eletrobras, Luiz Pinguelli Rosa."Acima de Belo Monte, tem onde fazer reservatório. Mas o laguinho pequeno já deu essa confusão toda", afirma. Se o governo quiser construir reservatórios gigantes na floresta, "teremos invasão dos fuzileiros navais (americanos), ataque à flechada", ironiza Pinguelli Rosa.Apesar do tom jocoso, Rosa reconhece a importância do "compromisso ambiental" na construção das hidrelétricas. Para o diretor da Coppe, a saída é investir em térmicas mais eficientes (a gás e com ciclo combinado), que poluem menos que as a carvão e a diesel.Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, construir grandes reservatórios na Amazônia é difícil e tem impacto ambiental alto. "Temos que ter térmicas", diz.Se não fossem elas, diz, o país estaria vivendo um novo "2001". Segundo ele, a capacidade instalada de geração de energia do país cresceu a uma taxa 43% maior que o consumo entre 2000 e 2013. Ou seja, o cenário atual não deriva de falta de estrutura geradora, mas de insumo: água. Janeiro deste ano teve a pior hidrologia (chuvas) desde 1954, observa ele.Questionado em fevereiro sobre a conveniência de se fazer uma campanha para promover a economia de energia, tentando reduzir o consumo que tem sido recorde, Tolmasquim ponderou que "estamos no meio do período de chuvas, isso (a seca atípica) pode mudar".

Dilemas do governoAdriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, acusa o governo de deixar de tomar medidas para estimular a economia de energia por causa do medo de que isso seja confundido com um racionamento."O governo deveria ter prorrogado o horário de verão até o Carnaval e precisa promover campanhas que estimulem a economia de energia. Em vez disso, continua apostando na chuva", afirma.Outro dilema que vive o governo é como acomodar os custos bilionários do uso das térmicas.Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que esse aumento de custos será dividido entre Tesouro, consumidores e o próprio setor.O governo fará um aporte extra de R$ 4 bilhões no setor, que também poderá captar mais R$ 8 bilhões em financiamento. Ao mesmo tempo, o governo indicou que haverá aumento nas tarifas - mas a medida provavelmente ficará para o ano que vem.Se aumentar a conta de energia é uma medida impopular, ainda mais depois que o governo interveio no setor para reduzi-la no ano passado, por outro lado o governo sofre pressão para diminuir seus gastos e elevar a economia destinada ao pagamento da dívida pública.O despacho das térmicas cresceu fortemente desde o final de 2012, quando as chuvas começaram a rarear no país. A média mensal de gigawatt/hora gerado pelas térmicas pulou de 2.165 em 2011 para 4.450 em 2012 e 7.758 no ano passado. Em 2013, o governo gastou mais de R$ 9 bilhões para cobrir o custo com as térmicas e evitar seu repasse total para a tarifa. Neste ano, os gastos devem ser ainda maiores.Pinguelli Rosa e Pires dizem que, ainda assim, o governo poderia ter acionado mais térmicas ano passado, para preservar mais os reservatórios. De fato, as térmicas a óleo e diesel, mais caras, não ficaram ligadas durante todo 2013. Após acioná-las em outubro de 2012, o governo anunciou o desligamento da maioria delas (34 térmicas) no início de setembro de 2013, o que geraria uma economia mensal de R$ 1,4 bilhão. No fim do ano, porém, com a demora do início das chuvas, foi preciso religá-las.

Fontes menos poluentesOs especialistas ouvidos pela BBC Brasil também destacaram a importância que a geração eólica tende a ganhar no país. Apesar de ainda ter um peso muito pequeno na matriz elétrica brasileira, de apenas 1,6%, o parque eólico do país cresceu 408% desde 2008 e hoje já tem capacidade de geração igual ao das usinas nucleares.

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Essa fonte de energia tem a desvantagem de depender também de fatores climáticos, já que não é possível armazenar vento, observa Pinguelli. Por outro lado, destaca Tolmansquim, ela pode funcionar muito bem como complemento às hidrelétricas, pois o período de maior intensidade de ventos no país é exatamente entre maio e novembro, quando chove menos.O país também tem grande potencial de geração de energia solar. O problema, por enquanto, é que essa fonte ainda é muito cara.Nível de água no Cantareira cai para 5% da capacidade

A Sabesp entregou neste sábado (11) para ANA o plano para a exploração da 2ª cota do volume morto11/10/2014 - 09h16

O nível do Sistema Cantareira caiu para 5% de sua capacidade neste sábado, 0,1 ponto porcentual abaixo do índice registrado neste sábado (11) e novo recorde negativo. Os dados são divulgados diariamente pela Sabesp. Não choveu no sistema nas últimas 24 horas e a pluviometria acumulada do mês é de 0,4 milímetros, bem abaixo da média histórica para outubro, de 130,8 milímetros. A Sabesp já pediu a autorização para o uso de uma segunda cota do chamado volume morto da represa, mas a Agência Nacional das Águas (ANA) deve liberar nova parcela da reserva técnica "em parcelas". A Sabesp capta água do volume morto para abastecer a população da grande São Paulo desde maio, e a expectativa é de que a cota dure até o dia 15 de novembro.Ontem, a Sabesp entregou ao Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) o plano de projeção de demanda do Sistema Cantareira, e propôs menor retirada de água das represas. A companhia se comprometeu em reduzir imediatamente a retirada de água das represas de 19,7 m3/s para 19 m3/s. A partir de novembro, haveria nova redução, para 18,5 m3/s. Antes da atual crise hídrica, a Sabesp retirava 31 m3/s do sistema. A diminuição da vazão é menor que a pré-acordada entre o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Sabesp em reunião do comitê anti-crise do Cantareira. Conforme esse pré-acordo, a partir de 30 de setembro a Sabesp deveria retirar do manancial no máximo 18,1 mil litros por segundo, índice que cairia para 17 1 mil litros por segundo a partir de 31 de outubro. A ANA chegou a divulgar o acordo, mas o acerto foi negado pela Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos.

Outras reservasO Sistema Alto Tietê tem 10,7% de sua capacidade, 0,2 pontos porcentuais abaixo do nível registrado ontem. As chuvas também estão abaixo da média histórica para o mês na área do sistema. No acumulado do mês, a pluviometria é de 7,2 milímetros, bem abaixo dos 117,1 milímetros de média esperada até o final de outubro. O Sistema Guarapiranga tem 47 5% de sua capacidade, ante 48,1% registrados na sexta-feira. O Alto Cotia caiu de 33,3% para 33% de ontem para hoje, menos 0,03 pontos porcentuais.

Transposição do São Francisco: Obra de integração pretende garantir água no sertãoCarolina Cunha 27/06/2014 - Da Novelo Comunicação

Transpor as águas do rio São Francisco é um sonho antigo que remonta ao século 19, durante o governo de Dom Pedro 2º. Em 1877, o intendente do Crato, no Ceará, apresentou ao Imperador um projeto que levaria águas do rio São Francisco até o rio Jaguaribe (CE). Mas estudos indicaram que não havia recursos técnicos para o curso da água superar o relevo da Chapada do Araripe, na divisa do Estado.Desde então, muitas outras propostas surgiram, mas a tecnologia e a solução efetiva viriam mais de 100 anos depois. Após uma crise de abastecimento hídrico no Nordeste em 1995, a transposição passou a ser vista como uma alternativa viável para aliviar a seca e garantir água para a região do semiárido.A obra de transposição do rio São Francisco é o maior projeto de infraestrutura hídrica do país e teve início em 2007. Ela prevê a construção de 720 quilômetros de canais (mais do que a distância entre Rio de Janeiro e São Paulo) que vão integrar a bacia hidrográfica do São Francisco a rios temporários (que fluem apenas na estação de chuvas), açudes e reservatórios de quatro Estados.O “Velho Chico”, como o rio São Francisco é popularmente conhecido, é o terceiro maior rio do país, com aproximadamente 2.700 km de extensão. Ele nasce em Minas Gerais e banha os Estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, desaguando no Oceano Atlântico.Seu curso é fundamental para a sobrevivência dos nordestinos e representa 70% de toda a oferta de água potável no Nordeste. Além de ser uma importante fonte de água para consumo, o São Francisco também abriga usinas hidrelétricas como Três Marias, Sobradinho, Itaparica e Xingó.Embora chamada de “transposição” por muitos setores, a obra não vai desviar o curso do rio, mas o volume dele. Ela vai integrar seu leito a bacias hídricas da região - a estimativa é captar inicialmente 1,4% da água do São Francisco. A estrutura pretende beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas que vivem em mais de 390 municípios do sertão.Segundo o Ministério da Integração Nacional, a água será bombeada do rio e descerá por declive através de canais a céu aberto em duas direções: o eixo Leste, que levará água do interior do Pernambuco à Paraíba, e o eixo Norte, que sairá do interior do Pernambuco e passará pelo Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Com os dois Eixos funcionando, serão beneficiadas as bacias dos rios Jaguaribe (CE), Apodi (RN), Piranhas-Açu (PB-RN), Paraíba (PB), Moxotó (PE) e Brígida (PE).Esses canais vão cruzar o chamado Nordeste Setentrional, região tradicionalmente castigada pela falta de chuva e que se situa no bioma da caatinga, de clima semiárido e seco, e que dispõe de pouca água subterrânea.Em 2013, a região assistiu à maior seca dos últimos 40 anos, fato que impactou a vida de milhares de agricultores que tiveram suas lavouras perdidas e o gado morto. A seca prolongada e sem segurança hídrica também aumenta o desemprego, o que estimula o êxodo rural e torna a economia local mais frágil.Outro problema que a estiagem gera é a chamada “indústria da seca”, quando políticos se aproveitam da situação de flagelo da população para aumentar seu poder de influência. Esse uso político é histórico no Nordeste e acontece até hoje. Para algumas organizações do semiárido, como a ASA (Articulação do Semiárido), em alguns municípios é comum práticas assistencialistas como o envio de carros-pipa pelo prefeito e a cobrança do “favor” nas eleições.Num cenário de seca, a economia local também sofre. A baixa safra e a escassez de produtos influencia o aumento dos preços de alimentos e mantimentos básicos. Um exemplo é a palma (espécie de cacto que serve de alimento para o gado) que tem seu custo aumentado bem acima da inflação quando a seca se prolonga.

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A previsão inicial era concluir as obras em 2010. Com quatro anos de atraso, 57,8% da obra foi concluída, e o custo pulou de R$ 5,1 bilhões para R$ 8,2 bilhões. O Governo Federal alega que as obras passaram por problemas de adequação do projeto original à realidade da execução, como a inclusão de adutoras de distribuição não previstas, e falta de planejamento e irregularidades, como túneis escavados em lugares errados e abandono de canteiros por empreiteiras. A previsão é entregar a obra no final de 2015.

Desafios socioambientaisO atual projeto de transposição foi elaborado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, no final da década de 1990. O plano saiu do papel no governo Lula, que enfrentou protestos e problemas com licitações, e ganhou impulso no governo Dilma, com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).O projeto sempre foi polêmico. Para muitos ambientalistas, além de representar um custo alto quando comparado a outras alternativas, a transposição pode trazer mais perigos ao rio São Francisco, que já sofre com problemas como a poluição das águas por esgoto e resíduos industriais e o desmatamento da vegetação ciliar, que provoca o assoreamento em seus leitos.Entre esses impactos da obra, estaria a perda de habitats de fauna terrestre e a introdução de espécies de peixes estranhas nas bacias receptoras, o que ocasionaria a modificação das comunidades biológicas aquáticas nativas, com o risco de reduzir a biodiversidade da caatinga.Para o governo, o alto investimento compensaria no longo prazo, já que as secas são sucessivas e, em época de crises provocadas pela estiagem, o governo gastaria de qualquer forma com ações emergenciais, com carros-pipa e cestas básicas. A situação pode piorar no futuro: com os efeitos das mudanças climáticas, o semiárido poderá se desertificar.Outra crítica ambiental seria um possível rebaixamento do nível da água do rio. Para o Ministério da Integração Nacional, os estudos realizados demonstram que as vazões (volume de água que corre) a serem transpostas não provocam graves impactos. Isso porque a transposição representaria menos de 3% da vazão do rio, e a decisão de acionar o bombeamento poderia variar de acordo com as condições do São Francisco e do nível de chuvas.Movimentos sociais, como a Frente contra a Transposição do São Francisco e a Comissão Pastoral da Terra, também temem que o empreendimento atenda somente a interesses empresariais do setor industrial e do agronegócio que necessita de agricultura irrigada, mas não resolva o abastecimento da população nordestina de baixa renda, especialmente das famílias que vivem da agricultura familiar ou em pequenos povoados.Críticos apontam que diante de outras carências atuais dos ribeirinhos, como o investimento em saneamento básico, a transposição do rio não seria prioridade.  A má-distribuição da água é apontada por muitos especialistas como um dos grandes problemas atuais da região. Hoje é comum encontrar no semiárido, açudes que são de uso privado ou que não possuem adutoras que liguem o reservatório a comunidades.Os críticos do projeto defendem que o governo pode resolver o problema dos recursos hídricos na região do semiárido com soluções mais baratas, como melhor aproveitamento da água da chuva, programas de acesso a cisternas, interligação de açudes grandes e médios, obras de saneamento, fortalecimento de programas de transferência de renda e a gestão eficiente da rede de distribuição.A obra também gera impacto nas comunidades rurais, principalmente com o deslocamento da população para dar passagem às obras. Muitas recebem indenizações consideradas baixas e vão morar em vilas rurais construídas pelo governo. A grande estrutura física necessária para o canal também pode desmatar a caatinga nativa, diminuir áreas de plantio e confinar rotas de animais.Para enfrentar essas questões, o empreendimento prevê recursos de quase R$ 1 bilhão para programas básicos ambientais, que buscam minimizar o impacto das obras. Existem ainda projetos que preveem investimentos na melhoria do saneamento básico.Petrobrás : Tecnologia e InovaçãoInovação e desenvolvimento tecnológico são a base de todas as nossas atividades. Só superamos nossos desafios e nos preparamos para o futuro porque contamos com grandes pesquisadores e recursos tecnológicos que nos permitem antecipar cenários, diversificar a geração de energia, melhorar nossos produtos e tornar nosso negócio cada vez mais sustentável.

"Produzir petróleo a 7 mil metros de profundidade é resultado de muita pesquisa e de nossa experiência em águas profundas . Hoje o pré-sal é uma realidade, que nos levou a uma posição estratégica frente à grande demanda de energia mundial das próximas décadas.No pré-sal, desde que começamos a produzir, em 2008, superamos 100 milhões de barris de petróleo. Diariamente são mais de 300 mil barris, nas bacias de Santos e de Campos. Em 2017, estimamos alcançar 1 milhão de barris por dia.Para conseguirmos descobrir essas reservas e operar com eficiência em águas ultraprofundas, desenvolvemos tecnologia própria e atuamos em parceria com universidades e centros de pesquisa. Contratamos sondas de perfuração, plataformas de produção, navios, submarinos, em recursos que movimentam toda a cadeia da indústria de energia. Por isso, nossos investimentos na área do pré-sal se ampliam cada vez mais e chegarão a US$ 69,6 bilhões até 2016, de acordo com nosso Plano de Negócios."http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/tecnologia-e-inovacao/

Petróleo e a Autossuficiência - O Brasil perdeu, temporariamente, a autossuficiência na produção de petróleo. Mesmo com a exploração dos campos do pré-sal em águas profundas - que abriu novas perspectivas de riqueza para o país.O Bom Dia Brasil conversou com analistas para saber das dificuldades enfrentadas pelo Brasil na luta pela independência do petróleo importado. Em 2006, o Brasil comemorava uma conquista: tinha se tornado autossuficiente em petróleo. Em outras palavras, a quantidade de óleo produzida daria para abastecer o país. Só que sempre precisamos importar um pouco de combustível por causa da característica do nosso petróleo, mais pesado e de difícil refino.O cenário mudou. Segundo o especialista em energia, entre 2012 e 2013 perdemos essa autossuficiência. A Petrobras diz que a situação é temporária. O que aconteceu é que o consumo de derivados cresceu em um ritmo maior que a produção de petróleo, e tivemos que importar mais.

Monopólio da PetrobrásDepois de exercer por mais de 40 anos, em regime de monopólio, o trabalho de exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou aLei N° 9.478, de 6 de agosto de 1997. Tal lei regulamentou a redação dada ao artigo 177, §1º da Constituição da República pela Emenda Constitucional nº9 de 1995, permitindo que a União contratasse empresas privadas para exercê-lo.

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Como a Petrobras virou 'dor de cabeça' para governo e investidoresDa BBC Brasil em São PauloAtualizado em  21 de março, 2014 - 17:54 (Brasília) 20:54 GMT

Em 2007 e 2008, as descobertas do pré-sal fizeram a Petrobras decolar como uma das principais vitrines do governo brasileiro e se tornar uma das maiores petrolíferas do mundo. Passados seis anos, porém, o cenário da empresa não inspira mais tanto otimismo.O valor de mercado da estatal tem recuado significativamente, e os problemas da empresa viraram uma dor de cabeça para o governo Dilma Rousseff. O jornal britânico Financial Times chamou a companhia de "um potencial não concretizado".A crise mais recente envolve a compra, em 2006, de 50% de uma refinaria de Pasadena (EUA), agora sob suspeita de superfaturamento. Na época, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal, que autorizou a compra.Mas os obstáculos da empresa envolvem também os preços dos combustíveis praticados no Brasil, seu alto grau de endividamento e investigações sobre suposto recebimento de propina por funcionários em negócios com a empresa holandesa SBM Offshore.ECONOMIAProdução de grãos pode levar a safra recordeMas, é possível que haja alterações na produtividade em razão das condições climáticas11/10/2014 - 05h00

A safra de grãos para o período 2014-2015 deverá ficar entre 194 milhões e 201,6 milhões de toneladas. Com isso, a variação percentual estimada em relação à última safra pode variar entre 0,7% negativo e 3,2% positivos.É o que prevê o primeiro levantamento da produção de grãos divulgado hoje (9) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).“São números ainda muito provisórios, mas que balizarão o setor privado”, disse o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Kernbeis Paludo.Como se trata, ainda, de um primeiro levantamento, é possível que haja alterações na produtividade ao longo dos próximos meses em razão das condições climáticas.Segundo o presidente da Conab, Rúbens Medeiros dos Santos, apesar de ainda ser o primeiro levantamento, o país mantém a previsão de safra recorde, inclusive superior a 200 milhões de toneladas. Mas, acrescenta, vai depender de vários fatores.“O primeiro é a questão climática: [há dados que permitem antever] normalidade [climática; há também] a questão de crédito e [por último, há ainda a] questão de agregação de pacote tecnológico, principalmente no plantio da soja”, disse ele.A soja continua sendo o destaque. “Temos observado que a área do milho primeira safra está migrando para a soja, [que pode] atingir [produção de] quase 92,5 milhões de toneladas”, acrescentou Medeiros.Na avaliação da Conab, o crescimento da soja merece análise em razão de haver um quadro internacional de excesso de grãos, o que reduz a expectativa de preços. Outro fator a ser estudado é o aumento da produtividade, uma vez que o país tem alcançado seguidos recordes de safra, sem que tenha aumentando de forma significativa a área de cultivo.Para a safra 2014/2015, a estimativa é de que o plantio se espalhe por superfície entre 56,23 e 58,34 milhões de hectares, o que pode significar, no viés negativo, queda (de 1,2%) de área plantada ou aumento (de 2,5%) em relação à safra 2013/2014 (56,94 milhões de hectares).A soja terá papel relevante nesse cenário, com uma expectativa de crescimento entre 1,4% e 5,5%, equivalente a um aumento entre 426,8 e 1.663,6 mil hectares.A pesquisa feita pela Conab foi feita entre os dias 21 e 27 de setembro, em parceria com agrônomos, cooperativas, secretarias de agricultura, órgãos de assistência técnica, agentes financeiros, revendedores de insumos e do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Governo arrecada R$ 24,5 bilhões com leilão de aeroportosIniciativa privada vai assumir aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos.  O ágio total do leilão superou os 347%.As ofertas vencedoras do leilão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), somaram R$ 24,5351325 bilhões, segundo dados apresentados na própria bolsa. O ágio total do leilão (valor acima do mínimo estabelecido) superou os 347%.O aeroporto de Guarulhos foi arrematado pelo consórcio Invepar (composto pela Invepar Investimentos e Participações e Infraestrutura, com participação de 90%, e operadora Airport Company South Africa, com 10%), por R$ 16,213 bilhões, com ágio de 373,5% sobre o valor mínimo estabelecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).A concessão de Viracopos, em Campinas, ficou com o consórcio Aeroportos Brasil (45%) pela Triunfo Participações e Investimentos, 45% da UTC Participações e 10% da Egis Airport Operation, da França), que ofereceu R$ 3,821 bilhões, um ágio de 159,75%.Já o terminal de Brasília ficou com o consórcio Inframérica Aeroportos (50% da Infravix Participações e 50% da Corporation America, da Argentina), R$ 4,501 bilhões, com ágio de 673,89%. O consórcio é o mesmo responsável pela administração do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, leiloado em agosto de 2011.O ministro chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, afirmou considerar o resultado "bastante expressivo", e que ele sinaliza que os investimentos no país são seguros e rentáveis.A assinatura dos contratos deverá ser feita em até 45 dias após a homologação do leilão. A partir da celebração do contrato, haverá um período de transição de seis meses (prorrogável por mais seis meses), no qual a concessionária administrará o aeroporto em conjunto com a Infraero. Após esse período a concessionária assume a totalidade das operações do aeroporto.As concessionárias vencedoras irão administrar os aeroportos durante o prazo de concessão, de 30 anos para Campinas, 25 anos para Brasília e 20 anos para Guarulhos.A expectativa do governo é que, com administrador privado, as obras de ampliação e melhoria desses aeroportos sejam aceleradas. O governo tem pressa em realizar os investimentos para atender ao aumento da demanda por voos e também por conta da Copa de 2014.De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a concessão não vai resultar em aumento de taxas para os passageiros que utilizarem esses aeroportos.

Leilão

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Na primeira fase do leilão, foram feitas 22 propostas pelos três aeroportos. Onze consórcios apresentaram lances pelos terminais. Após a leitura das propostas, o leilão entrou na fase viva voz.

ConcessõesEste é o segundo processo de concessão de aeroportos tocado pelo governo federal. O terminal de São Gonçalo do Amarante (RN), leiloado em agosto de 2011, foi o primeiro a ser entregue para administração da iniciativa privada.Entre as justificativas apresentadas pelo governo para conceder os aeroportos à iniciativa privada está a necessidade de acelerar os investimentos na ampliação e melhoria da infraestrutura para atender ao crescimento da demanda por voos no país que, apenas entre janeiro e novembro de 2011, foi de 16,63%.Além disso, o governo tem urgência em preparar os aeroportos para a Copa de 2014. O contrato que será assinado com as concessionárias as obriga a concluir um conjunto de obras orçado em R$ 4,2 bilhões antes da competição, sob pena de multa.No total, os três aeroportos devem receber R$ 18 bilhões em investimentos durante o período de concessão, que será de 20 anos para Guarulhos, 25 anos para Brasília e 30 anos para Campinas.

Desenvolvimento SustentávelO que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos.Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.

Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.

O que é o Protocolo de Kyoto?É um acordo ambiental fechado durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. O documento estabelece metas de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), que correspondem a cerca de 70% das emissões relacionadas ao aquecimento global, e de outros gases causadores do efeito estufa para os países industrializados.O objetivo é reduzir, entre 2008 e 2012, a emissão de poluentes em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Para entrar em vigor, o pacto precisa virar lei em pelo menos 55 países que somem, ao todo, 55% das emissões de CO2. Até agora, 146 nações - entre elas, o Brasil - já aderiram ao acordo, que, no entanto, não conta com o apoio dos Estados Unidos."A ausência norte-americana limita o desempenho do Protocolo de Kyoto, já que o país responde por cerca de um terço das emissões de poluentes no planeta", afirma Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O governo dos Estados Unidos argumenta que o acordo é prejudicial a sua economia e que os países em desenvolvimento também deveriam se comprometer em reduzir suas emissões de gases estufa - hoje, eles podem aderir ao acordo, mas não têm metas de redução de emissões. Como nenhum país é obrigado a assinar o documento, não há punições para quem ficar de fora.

Sobre Rio+20Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.  O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

Hidrelétricas 'impulsionam desmatamento indireto' na AmazôniaJoão FelletDa BBC Brasil em Brasília29 novembro 2013

Ao defender a construção de hidrelétricas na Amazônia, o governo federal costuma citar o argumento de que essas usinas são menos poluentes e mais baratas que outras fontes energéticas capazes de substituí-las.Entre ambientalistas e pesquisadores, porém, há cada vez mais vozes que contestam a comparação e afirmam que o cálculo do governo ignora custos e danos ambientais indiretos das hidrelétricas. Para alguns, esses impactos colaterais influenciaram no aumento da taxa de desmatamento da Amazônia neste ano.

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Há duas semanas, o governo anunciou que, entre agosto de 2012 e julho de 2013, o índice de desflorestamento na Amazônia cresceu 28% em relação ao mesmo período do ano anterior, a primeira alta desde 2008.Paulo Barreto, pesquisador sênior da ONG Imazon, atribui parte do aumento ao desmatamento no entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, e da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.Segundo ele, as hidrelétricas atraem migrantes e valorizam as terras onde são implantadas. Sem fiscalização e punição eficientes, diz ele, moradores se sentem encorajados a desmatar áreas públicas para tentar vendê-las informalmente.No caso de Belo Monte, Barreto afirma que o desmatamento em torno da usina seria menor se o governo tivesse seguido a recomendação do relatório de impacto ambiental da obra para criar 15 mil km² de Unidades de Conservação na região.Uma pesquisa do Imazon, da qual Barreto é coautor, estima que o desmatamento indireto causado pela hidrelétrica atingirá 5.100 km² em 20 anos, dez vezes o tamanho da área a ser alagada pela barragem.Na bacia do Tapajós (PA), onde o governo pretende erguer uma série de usinas, ele diz a área desmatada indiretamente chegará a 11 mil km².

Fórmula do desmatamentoO engenheiro Felipe Aguiar Marcondes de Faria desenvolve em seu projeto de PhD na Universidade Carnegie Mellon (EUA) uma fórmula complexa. Ele pretende incluir os efeitos indiretos da construção de hidrelétricas na Amazônia – como o desflorestamento gerado por imigração ou especulação fundiária – no cálculo das emissões de carbono das obras.A conta, que mede a liberação de gases causadores do efeito estufa, normalmente leva em conta somente as emissões geradas pela perda de vegetação e pela degradação da biomassa na área inundada pelas barragens."Se a construção de uma hidrelétrica implicar taxas de desmatamento superiores às de locais onde não existem tais investimentos, nós poderemos acrescentar esse desmatamento extra ao balanço de carbono do projeto".O pesquisador diz ainda que, além de valorizar terras e atrair imigrantes, a construção de hidrelétricas pode estimular o desmatamento ao melhorar as condições de acesso à região, expondo florestas antes inacessíveis.Faria também questiona os cálculos que exaltam o baixo preço das hidrelétricas em comparação com outras fontes de energia. "As diferenças não consideram adequadamente os custos socioambientais desses empreendimentos".Ainda assim, avalia que o Brasil não pode excluir a hidroeletricidade de seus planos de expansão do sistema energético. Para ele, a modalidade oferece grandes vantagens em relação a outras fontes de energia, como flexibilidade para atender à variação da demanda e dispensa de importação de matérias-primas.Faria defende, no entanto, que o governo mude sua postura quanto às hidrelétricas na Amazônia.

O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável Felipe de Faria, engenheiro"O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável para uma região, que crie condições para a manutenção das unidades de conservação e terras indígenas, investimentos em educação e ciência e melhora na saúde da população."Porém, para o procurador-chefe do Ministério Público Federal no Pará, Daniel César Azeredo Avelino, a construção de hidrelétricas na Amazônia não tem sido acompanhada pela manutenção de áreas protegidas.Nos últimos anos, o governo reduziu Unidades de Conservação para facilitar o licenciamento das hidrelétricas no rio Madeira e das futuras usinas no Tapajós. Segundo ele, simples sinalizações de que se pretende reduzir essas áreas já motivam o desmatamento.Em 2012, diz Avelino, um mês após jornais divulgaram que o governo estudava diminuir a Floresta Nacional Jamanxim, no sudoeste do Pará, houve um surto de desmatamento na região."Quando se fala em reduzir Unidades de Conservação para hidrelétricas, alimenta-se a ideia de que poderá haver novas reduções, o que encoraja o desmatamento."

Governo respondeNo entanto, segundo Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do Ministério Ambiente, a destruição dentro de áreas protegidas corresponde a menos de 10% do desflorestamento na Amazônia.Quanto ao desmatamento recente no Pará e em Rondônia, diz que não se deveu necessariamente às hidrelétricas. Oliveira afirma que o desflorestamento em um raio de 50 quilômetros de Belo Monte passou de 380 km², em 2011, para 41 km² em 2013.Em Rondônia, ele diz que também tem havido redução no ritmo do desmate em áreas próximas às usinas.Segundo Oliveira, as principais causas para o maior desmatamento na Amazônia no último ano foram: no Pará, a apropriação ilegal de terras (grilagem) na região de Novo Progresso; no Mato Grosso, a expansão da agropecuária; e em Rondônia, a expansão da pecuária.Oliveira afirma, porém, que, apesar da alta, o índice de desflorestamento em 2013 foi o segundo menor desde que começou a ser medido, há 25 anos.

Política Nacional de Resíduos SólidosA Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo e pós-consumo.Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

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Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva.Além disso, os instrumentos da PNRS ajudarão o Brasil a atingir uma das metas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que é de alcançar o índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015.

Ciência e TecnologiaMarco Civil da InternetEntenda as polêmicas sobre o Marco Civil da InternetAtualizado em  26 de março, 2014 - 09:27 (Brasília) 12:27 GMT

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira o projeto de lei do Marco Civil da Internet – uma espécie de "constituição" que vai reger o uso da rede no Brasil.A questão vem sendo debatida no Brasil desde 2009, mas emperrou em alguns pontos, como o da neutralidade dos dados na internet, o armazenamento de dados no país e a questão da responsabilidade dos provedores sobre conteúdos produzidos por terceiros.O Marco Civil proíbe o acesso de terceiros a dados e correspondências ou comunicação pela rede. Ele também busca garantir a liberdade de expressão e a proteção da privacidade e dos dados pessoais.Um ponto-chave é a chamada neutralidade da rede, que evita a discriminação da informação. Ou seja, os provedores não poderão dar prioridade a um determinado tipo de dado ao transmiti-lo aos clientes, bloqueando a possibilidade de censura.O projeto também pretende resguardar o direito de expressão dos internautas, ao prever que o conteúdo publicado só seja retirado após ordem judicial. Há exceções, como em casos de racismo, pedofilia ou violência.O projeto agora segue para o Senado e, em seguida, para a sanção presidencial.

Confira abaixo perguntas e respostas sobre o Marco Civil da Internet e sua votação na Câmara.O que é o Marco Civil da Internet?O projeto de lei 21626/11 – conhecido como Marco Civil da Internet – é um projeto de lei que estabelece princípios e garantias do uso da rede no Brasil. Segundo o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), autor da proposta, a ideia é que o marco civil funcione como uma espécie de "Constituição" da internet, definindo direitos e deveres de usuários e provedores da web no Brasil.O marco civil proíbe o acesso de terceiros a dados e correspondências ou comunicação pela rede. Ele também busca garantir a liberdade de expressão e a proteção da privacidade e dos dados pessoais.Molon ressalta que o marco civil é "apenas um primeiro passo em direção a uma legislação sobre internet no país", mas que não encerra o assunto."É uma espécie de lei guarda-chuva, uma lei maior debaixo da qual virão depois outras leis regulando ou determinando áreas específicas da internet, como, por exemplo, o comércio eletrônico."

Por que demorou tanto para ser votado?A questão já esteve perto de ser votada diversas vezes na Câmara, mas isso sempre acabou sendo adiado.Entre os pontos de discórdia que emperraram as discussões, há dois que se destacam. O primeiro diz respeito à questão da chamada neutralidade da rede, que veta a venda de pacotes que restrinjam o acesso à internet. O segundo ponto recai sobre a polêmica sobre o armazenamento de dados dos usuários no Brasil, ainda que a empresa seja estrangeira.

O que é o artigo 20 e por que ele está dividindo a bancada?O artigo 20 acabou sendo uma espécie de pièce de résistance dos opositores do Marco Civil na Câmara. Ele trata da responsabilidade dos provedores de conexão sobre o conteúdo produzido por outros sites ou pessoas.O projeto aprovado pelos deputados determina que os provedores só podem ser responsabilizados civilmente por danos decorrentes de conteúdo de terceiros depois de ser expedida uma ordem judicial específica.Se for aprovado como está pelo Senado e pela presidente Dilma, os provedores não responderão por aquilo que seus internautas fizerem na rede. Isso só aconteceria se as empresas não acatarem uma ordem judicial.Defensores do projeto dizem que esse artigo é crucial por garantir a liberdade de expressão aos usuários da internet, já que ele acaba com a chamada censura privada, em que as empresas privadas decidiam, elas mesmas, se determinado material deveria ficar online ou não.Para líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), opositor ao artigo, somente com uma notificação do ofendido, a empresa já deva ser responsabilizada caso não retire o conteúdo.

Por que a neutralidade da rede gerou tanto debate?O projeto aprovado na Câmara proíbe totalmente os provedores de internet de vender planos que façam diferenciações no tráfego de dados ou que selecionem o conteúdo a ser acessado. Com a aprovação do Marco, ficou vetado, por exemplo, a venda de um pacote permitindo utilizar somente acesso a e-mails e sites de notícias.O princípio é que as empresas não podem fazer distinções no tráfego de dados em suas redes por conteúdo, origem, destino ou serviço, tratando todo tipo de dado da mesma forma.Algumas empresas de telecomunicação queriam poder vender pacotes de assinatura de internet, inclusive para celular, limitando o acesso a alguns sites, como redes sociais. Isso permitiria cobrar mais caro para que os celulares tenham acesso a mídias sociais.Na redação final do projeto na Câmara, ficou determinado que, para regulamentar o tema, a Presidência deverá ouvir a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Comitê Gestor da Internet (CGI). A versão anterior dizia que isso poderia ser feito apenas com um decreto presidencial, sem consultas extras.

Por que houve polêmica sobre armazenamento de dados?Segundo a proposta inicial de Molon, o Executivo poderia obrigar que operadoras de internet e sites de grande porte - caso do Facebook ou Google - armazenem todo seu banco de dados no Brasil, ainda que a empresa fosse estrangeira e tivesse somente uma "filial" no país.No entanto, entre os pontos retirados na versão final aprovada pela Câmara, está o fim da exigência dos chamados "data centres" no Brasil para armazenamento de dados.

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A presidente Dilma Rousseff incluiu no texto original esse ponto após o escândalo da espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos).A intenção do governo, bastante criticada, era a de impedir que os dados fossem estocados em servidores estrangeiros, como é hoje efetivamente, a fim de dificultar o acesso desses dados por serviços de inteligência.

Pelo projeto de lei, quais são os direitos dos usuários?Os usuários de internet no Brasil têm direito a:Inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. Só ordens judiciais para fins de investigação criminal podem mudar isso;Não suspensão de sua conexão, exceto em casos de não pagamento;Manutenção da qualidade contratada da sua conexão;Informações claras nos contratos de prestação de serviços de operadoras de internet, o que inclui detalhes sobre proteção de dados pessoais;Não fornecimento a terceiros sobre registros de conexão à internet.

E quais são os deveres do provedor?Os provedores são obrigados a manter os registros de conexão sob sigilo em ambiente seguro por um ano. Esses dados só podem ser disponibilizados por ordem judicial.O Marco Civil estabelece que a guarda de registros seja feita de forma anônima. Ou seja, os provedores poderão guardar o IP, nunca informações sobre o usuário.

Quem responde pelo conteúdo publicado na internet?Os usuários respondem pelo conteúdo que publicam.Os provedores de acesso (responsáveis por oferecer o serviço de conexão à internet aos usuários) não podem ser responsabilizados por danos decorrentes de conteúdo gerado por usuários.Já os provedores de conteúdo – no caso, quem administra os sites da internet – só serão responsabilizados caso não acatem no prazo correto decisões jurídicas específicas de retirar do ar conteúdos gerados pelos usuários.

O que o Marco Civil fala sobre os governos?O Marco defende que os governos em todas as instâncias devem dar prioridade a tecnologias, padrões e formatos abertos e livres; divulgar publicamente dados; desenvolver ações de capacitação para o uso da internet; e estabelecer mecanismos de governança transparente.O projeto de lei também diz que o governo deve usar a internet para promover a educação e o fomento cultural.

Como surgiu o projeto de lei?As discussões começaram a partir de um texto elaborado em 2009 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), uma entidade civil sem fins lucrativos formada pelo governo, acadêmicos, empresários e terceiro setor. O CGI.br coordena iniciativas de serviços de internet no país.O documento foi alvo de diversas consultas públicas entre outubro de 2009 e maio de 2010 e passou por sete audiências públicas em quatro das cinco regiões do Brasil (não houve consulta no Norte). Isso deu origem ao projeto 2126/11, conhecido como "Marco Civil da Internet".O projeto de lei que cria o Marco Civil da Internet chegou ao Congresso Nacional em 2011 de maneira inédita. O projeto apresentado pelo Executivo foi feito de maneira colaborativa, após uma extensa consulta da sociedade civil por meio da própria internet.

Lei Anticorrupção entra em vigor à espera de regrasLegislação passa a permitir punição de empresas por fraudes. Regulamentação deve estabelecer detalhes para prevenção de atos.Entra em vigor a chamada Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013), que responsabiliza e passa a permitir a punição de empresas envolvidas em atos de corrupção contra a administração pública nacional ou estrangeira. A lei foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em agosto do ano passado.Ainda precisam ser definidas as regras para que as companhias possam criar uma área interna que previna esse tipo de ato.Até então, as empresas podiam alegar, caso fossem flagradas em alguma prática ilícita, que a infração havia sido motivada por uma atitude isolada de um funcionário ou servidor público. Acabavam sendo punidos com maior frequência apenas os agentes públicos flagrados, e era muito difícil comprovar a culpa da companhia ou do empregado.A partir de agora, porém, as empresas envolvidas em fraudes serão alvos de processos civis e administrativos e podem pagar multa de 0,1% a 20% do faturamento anual bruto (quando não for possível calcular essa receita, o valor pode ser estipulado por um juiz e variar entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões). Em alguns casos, a Justiça pode até determinar o fechamento da companhia.De acordo com o advogado Giovanni Falcetta, do escritório do Aidar SBZ, a principal diferença é que a nova lei permite que as empresas sejam punidas sem a necessidade de comprovar culpa ou dolo (por meio da chamada "responsabilidade objetiva")."Acredito que a gente vai passar por uma mudança cultural no jeito de fazer negócios no Brasil. Antes, a gente lidava com empresas estrangeiras que estavam sujeitas a normas internacionais que não existiam aqui. (...) E [também lidava com] empresas aqui no Brasil que fazia o que bem queriam", explica.

Setor de prevençãoPela nova lei, as companhias terão que se preocupar com a criação de um setor de "ética empresarial" para prevenir internamente atos de corrupção – chamado pelo mercado de "compliance" (conformidade, em inglês).Para isso, a Lei Anticorrupção prevê a elaboração, pelo Executivo, de uma regulamentação com detalhes de como precisa ser esse programa de "compliance" adotado pelas empresas. De acordo com especialistas, ele não deve diferir muito de guias internacionais, como o da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)."A regulamentação será importante porque traz a necessidade de as empresas terem códigos de conduta, políticas, programas de conformidade efetivos, porque isso será julgado com relação à sua efetividade", diz Rogéria Gieremek, gerente da área de compliance da

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Serasa Experian. "Todo empresário vai pensar duas vezes. Se todo mundo parar de oferecer e dar propina, não restará outra alternativa senão fazer a função que se tem que fazer", avalia."As empresas devem desenvolver a tríade 'prevenir, detectar e remediar'", completa o advogado Falcetta.Rogéria também explica que, entre as ações importantes a serem mantidas pelas companhias, estão o treinamento dos funcionários, a existência e a divulgação de um código de ética, e politicas para recebimentos de presentes, entre outras.Por enquanto, o texto da lei fala apenas que será levada em consideração para a aplicação das sanções, entre outros itens, "a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica".A Controladoria Geral da União (CGU) disse que elaborou uma proposta de regulamentação que está sendo finalizada com a colaboração de outros órgãos do governo, sob coordenação da Casa Civil. A CGU informou, no entanto, que não há uma data definida para assinatura e publicação do projeto.Entre os pontos que precisam ser regulamentados, segundo a CGU, está como será o processo administrativo previsto na lei e os critérios para atenuar ou agravar a punição às empresas infratoras (onde entra o sistema de "compliance")."No fundo, a lei não fala em obrigação, mas diz que se, por acaso, você for pego ou tiver algum problema, tendo um programa de 'compliance', meios e modos de evitar a fraude, você atenua a pena", afirma o advogado Falcetta.A Lei Anticorrupção prevê, ainda, um programa de cooperação para as companhias que colaborem com uma eventual investigação. "Você adianta o que aconteceu e busca fazer um acordo de leniência [suavização], o que reduz muito as penas", explica Falcetta. Ao colaborar com as investigações, por exemplo, a empresa pode ter a multa reduzida em até dois terços.O texto prevê também a criação de um Cadastro Nacional de Empresas Punidas (Cnep), com a publicação dos nomes delas e as sanções aplicadas com base na lei.Entidades empresariais ouvidas pelo G1 avaliam a nova legislação como positiva para o país. Algumas, porém, se preocupam com o fato de a companhia poder ser punida sem a necessidade da comprovação de culpa.Em nota técnica, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) avalia a possibilidade de a responsabilização da pessoa jurídica ser revista pelo Legislativo. "Caso fique provado que a empresa adotou todos os mecanismos de proteção e combate à corrupção e que, mesmo assim, ocorreu um fato alheio ao seu conhecimento (cometido isoladamente por determinado funcionário), ela não deverá ser responsabilizada, principalmente se colaborar com as investigações", diz o texto.O parecer da FecomercioSP sustenta que, em alguns casos, a companhia pode não conseguir controlar a ação isolada de um funcionário específico que realizou o ato ilícito. "Trata-se de um incidente que fugiu dos mecanismos de controle, ficando alheio ao conhecimento dos dirigentes, acionistas e cotistas da empresa (e até mesmo dos demais funcionários)", cita a nota. "Nesses casos, após processo investigativo, a pessoa física que provocou o ato ilícito deveria ser responsabilizada, eximindo a empresa da responsabilidade."