noticiário malacológico p m - instituto portuguÊs de ... · refere à qualidade e quantidade da...

18
P ORTUGALA n. o 1 * MAIO 2003 * semestral Editorial história da Malacologia Portuguesa é marcada por uma sucessão de episódios com altos e baixos, tanto no que se refere à qualidade e quantidade da investigação realiza- da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos assiste-se a um crescente da Malacologia em Portugal, com o ressurgimento da dinâmica à volta do coleccionismo, a realiza- ção de eventos de natureza científica como os Colóquios Nacionais, a formação de novos profissionais licenciados, mestres e doutores, a participação e cooperação em projectos e equipas internacionais, com o aumento notório do número de trabalhos científicos publicados em revistas nacionais e, princi- palmente, internacionais. Tem contudo faltado algo que promo- va e una todos aqueles que, pelos mais diversos motivos, fazem da Malacologia parte da sua vida. Este é um dos objectivos do Instituto Português de Malacologia e da sua nova Direcção e o Noticiário que agora lançamos e a que chamámos Portugala é um dos meios para o atingir. O caminho só pode ter uma direcção e essa é seguramente a da afirmação da Malacologia nas suas diversas vertentes em Portugal. Porquê o nome PORTUGALA…? Um dos primeiros desafios com o qual me debati na condição de editor do Noticiário do Instituto Português de Malacologia foi a escolha do nome deste Boletim. Passado o debate interno, de entre as várias pos- sibilidades levantadas, pareceu-nos a todos que o nome Portugala respondia àquilo que procurávamos, ou seja uma designação que explici- tamente associasse Malacologia e Portugal. Portugala é um nome recen- temente atribuído a um género de molusco terrestre da fauna Portuguesa, com uma história peculiar. Todos os detalhes são dados mais à frente, na pág. 8, pela Dra. Maria Rolanda de Albuquerque, que desde à longo tempo se dedica ao estudo dos moluscos pulmonados de Portugal. O EDITOR A Neste número Para que viva o IPM por GONÇALO CALADO . . . . . . . . . . . . . . 2 Protocolo entre o IPM e o Zoomarine . . por ÉLIIO VICENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 ESTATUTOS DO IPM . . . . . . . . . . . . . . . . 4 ELEIÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Produção de lesmas nas instalações do IPM: Lesmas-do-Mar para fins farmacêuticos por GONÇALO CALADO . . . . . . . . . . . . . . 7 Portugala inchoata (MORELET, 1845) por MARIA ROLANDA ALBUQUERQUE . . . 8 A família Nassariidae (Mollusca: Gastropoda: Prosobranchia) no Algarve por CARLOS M. L. AFONSO . . . . . . . . . . 9 A jazida miocénica da Ribeira de Cacela por ANA SANTOS eCARLOS MARQUES DA SILVA . . . . . . 10 Cartilagem das lulas serve para fazer película aderente . . . . 10 Fauna Ibérica, moluscos opistobrânquios: Campanha de Sagres - Sines 2002 por MANUEL ANTÓNIO E. MALAQUIAS,GONÇALO CALADO e CÉSAR GAVAIA 11 A conservação dos mo- luscos continentais em Portugal por JOAQUIM REIS . . . 12 O mexilhão zebra . . . . 12 Unitas Malacologica por PETER MORDON . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Shell Show Internacional de Paris por JOSÉ PEDRO BORGES . . . . . . . . . . . . . 14 A MALACOLOGIA EM PORTUGAL Projectos em curso. . . . . . . . . . . . . . . . 15 Publicações recentes . . . . . . . . . . . . . . 16 Informações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . 17 Reuniões, Cursos e Exposições . . . . . 17 Noticiário Malacológico INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA Membro filiado da UNITAS MALACOLOGICA

Upload: others

Post on 27-Jun-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

PORTUGALAn.o 1 * MAIO 2003 * semestral

Editorial

história da Malacologia Portuguesa é marcada por umasucessão de episódios com altos e baixos, tanto no que serefere à qualidade e quantidade da investigação realiza-

da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos temposassiste-se a um crescente da Malacologia em Portugal, com oressurgimento da dinâmica à volta do coleccionismo, a realiza-ção de eventos de natureza científica como os ColóquiosNacionais, a formação de novos profissionais licenciados,mestres e doutores, a participação e cooperação em projectos eequipas internacionais, com o aumento notório do número detrabalhos científicos publicados em revistas nacionais e, princi-palmente, internacionais. Tem contudo faltado algo que promo-va e una todos aqueles que, pelos mais diversos motivos, fazemda Malacologia parte da sua vida. Este é um dos objectivos doInstituto Português de Malacologia e da sua nova Direcção e oNoticiário que agora lançamos e a que chamámos Portugalaé um dos meios para o atingir. O caminho só pode ter umadirecção e essa é seguramente a da afirmação da Malacologianas suas diversas vertentes em Portugal.

Porquê o nome PORTUGALA…?

Um dos primeiros desafios com o qual me debati na condição deeditor do Noticiário do Instituto Português de Malacologia foi a escolhado nome deste Boletim. Passado o debate interno, de entre as várias pos-sibilidades levantadas, pareceu-nos a todos que o nome Portugalarespondia àquilo que procurávamos, ou seja uma designação que explici-tamente associasse Malacologia e Portugal. Portugala é um nome recen-temente atribuído a um género de molusco terrestre da fauna Portuguesa,com uma história peculiar. Todos os detalhes são dados mais à frente, napág. 8, pela Dra. Maria Rolanda de Albuquerque, que desde à longotempo se dedica ao estudo dos moluscos pulmonados de Portugal.

O EDITOR

ANeste número

Para que viva o IPMpor GONÇALO CALADO . . . . . . . . . . . . . . 2

Protocolo entre o IPM e o Zoomarine . . por ÉLIIO VICENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ESTATUTOS DO IPM. . . . . . . . . . . . . . . . 4

ELEIÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Produção de lesmas nas instalaçõesdo IPM: Lesmas-do-Marpara fins farmacêuticos

por GONÇALO CALADO . . . . . . . . . . . . . . 7

Portugala inchoata (MORELET, 1845)por MARIA ROLANDA ALBUQUERQUE . . . 8

A família Nassariidae (Mollusca:Gastropoda: Prosobranchia) no Algarve

por CARLOS M. L. AFONSO . . . . . . . . . . 9

A jazida miocénica da Ribeira de Cacelapor ANA SANTOS

e CARLOS MARQUES DA SILVA . . . . . . 10

Cartilagem das lulas serve para fazer película aderente . . . . 10

Fauna Ibérica, moluscos opistobrânquios:Campanha de Sagres - Sines 2002

por MANUEL ANTÓNIO E.MALAQUIAS, GONÇALOCALADO e CÉSAR GAVAIA 11

A conservação dos mo-luscos continentais emPortugal

por JOAQUIM REIS . . . 12

O mexilhão zebra . . . . 12

Unitas Malacologicapor PETER MORDON . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Shell Show Internacional de Parispor JOSÉ PEDRO BORGES . . . . . . . . . . . . . 14

A MALACOLOGIA EM PORTUGAL

Projectos em curso. . . . . . . . . . . . . . . . 15

Publicações recentes . . . . . . . . . . . . . . 16

Informações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . 17

Reuniões, Cursos e Exposições . . . . . 17

Noticiário MalacológicoINSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA

Membro filiado da UNITAS MALACOLOGICA

Page 2: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

2 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

COMO muitas instituições do mesmo tipo no nosso país,o IPM é fruto da carolice de alguém. Alguém que dedicouuma considerável parte da sua vida a dinamizar um pro-jecto em que acreditava. Muitas vezes sozinho e contra a

corrente, o ILÍDIO FÉLIX ALVES conseguiu desenvolver uma insti-tuição científica com a finalidade primeira de ajudar todos aquelesque de alguma forma se interessavam pela investigação daMalacologia em Portugal. Aconteceu comigo e com muitos outros,

alguns que nem cheguei a conhecer. Paramim foi determinante naquilo que sou hojeprofissionalmente. A ele o devo. O ILÍDIO

deixou-nos precocemente, mas deixou-noseste legado. A passagem de testemunho foimuito mais abrupta do que todos esperáva-mos. Não consigo transmitir a sensação devazio que tive ao entrar na sua casa comple-tamente cheia de Malacologia nas suas maisvariadas formas. E agora? A procura de umasolução digna para o espólio foi a priori-dade. O acordo com o Zoomarine foi a

solução ideal. Permite-nos manter a instituição coesa, e dá-nossobretudo possibilidade e vontade de avançar. Agora mais quenunca, o IPM será aquilo que fizermos dele. Queremos que cresçafiel ao espírito da sua fundação. Essa será a melhor das homenagensque podemos fazer à memória do ILÍDIO.

Em nome da direcção recentemente eleita, convido todos osinteressados em apoiar e desenvolver projectos em investigação econservação de moluscos em Portugal, que contactem o IPM, queusufruam dos seus recursos (destacam-se a vasta biblioteca mala-cológica e a colecção de referência, em fase de informatização), eque desta forma ajudem a desenvolver a Malacologia Portuguesa.

Para que vivao IPM

por GONÇALO CALADOPresidente da Direcção

PORTUGALA n.o 1 * MAIO 2003 * semestral

Noticiário Malacológico do INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA

Director: GONÇALO CALADO * Secretário: JOAQUIM REIS * Editor: MANUEL ANTÓNIO E. MALAQUIASColaboram neste número: ANA SANTOS ([email protected]) * CARLOS M. L. AFONSO ([email protected]) * CARLOS MARQUES DA SILVA

([email protected]) * CESAR GAVAIA ([email protected]) * ÉLIO VICENTE ([email protected])* FÁTIMA AMORIM * GONÇALO CALADO ([email protected]) * HELDER PEREIRA ([email protected])* JOAQUIM REIS ([email protected]) * JOSÉ PEDRO BORGES ([email protected]) * MANUEL ANTÓNIO

ENCARNAÇÃO MALAQUIAS ([email protected]) * PETER MORDON ([email protected]) * MARIA ROLLANDA

DE ALBUQUERQUE ([email protected]) * gráfico: M. M. MALAQUIAS ([email protected])

INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIAZoomarine - E. N. 125 km 65 - Guia - 8200-864 ALBUFEIRA - PORTUGALTel: 967 950 055 * Fax: 289 560 308 * E-mail: [email protected]

Page 3: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

NO dia 11 de Dezembro de 2001 foi assinado,nas instalações do Zoomarine, na Guia(Albufeira), um protocolo de cooperaçãoentre o Instituto Português de Malacologia

(IPM) e o Mundo Aquático, SA (Zoomarine). Tal pro-tocolo visa o estreitamento das relações científicas eeducacionais entre ambas as instituições, potenciando,desta forma, variados projectos comuns, em inúmerasáreas da investigação e conservação de moluscos.

A malacologia é um campo científico que, a nívelnacional e internacional, pouco apoio tem recebido dasentidades competentes e do próprio público; no entan-to, e por oposição, constitui uma disciplina que muitotem para oferecer, do ponto de vista científico e cominúmeras aplicações, por exemplo, no ramo clínico eeducacional. Assim sendo, a oficialização deste acordopermitirá contornar alguns destes problemas que, anível nacional, se têm revelado recorrentes e, quiçá, inul-trapassáveis, nas áreas da divulgação e do apoio à inves-tigação (as grandes forças motrizes deste convénio insti-tucional), objectivos muito caros, quer para o IPM querpara o Zoomarine.

Através deste acordo já estão a ser reforçadas, estru-tural e administrativamente, as actividades do IPM. Atransferência da sede do IPM para as instalações doZoomarine permitiu aos investigadores do IPM e aosseus projectos maiores benefícios, resultantes, porexemplo, um mais estreito contacto com a estruturaadministrativa do Mundo Aquático, SA e, naturalmente,com o público, potenciando a sua comunicação com acomunidade, numa dinâmica inerente às actividades deum empreendimento com as características e a dinâmi-ca do Zoomarine, que almeja o constante reforço dadivulgação científica e a educação, nas suas mais va-riadas vertentes.

Também no âmbito deste acordo, o IPM passou adispor de três grandes áreas físicas no Zoomarine: ÁreaAdministrativa (com inclui um Escritório, umaBiblioteca e um Laboratório Técnico), Área deEconomato e Área de Exposições. Adicionalmente, oZoomarine comparticipa (total ou parcialmente) algu-mas das actividades administrativas do IPM, nomea-damente: as comunicações, o secretariado e algum mate-rial administrativo e operacional.

Como contrapartida, o IPM franqueia aos técnicosinteressados do Zoomarine (educadores, investiga-dores e colaboradores afins) o acesso à sua vasta lista depublicações técnicas e às suas colecções malacológicas.Adicionalmente, o IPM passará a funcionar como umcorpo de consultadoria e de apoio técnico nas maisvariadas áreas em que a sua expertise seja consideradarelevante.

Entretanto, ena continuidadedeste acordo, jáforam iniciados ostrabalhos de ins-talação, nos espa-ços zoológicosdo Zoomarine,da estrutura deapoio ao projecto«Aquacultura delesmas do marcom interessefarmacológico -Prémio MilénioSagres/Expresso2002 (IPM)», quedeverá estar ope-racional a partir deMaio do presenteano.

Com a assi-natura deste pro-tocolo materiali-zou-se de uma dasmaiores apostasde cooperaçãoinstitucional queo Mundo Aquá-tico, SA. abraçou.Nesse sentido, o

Conselho de Administração e a Direcção não podemdeixar de se congratular e orgulhar pela forma como,desde a data da sua assinatura, o sucesso desta coope-ração apenas tem crescido e se tem consolidado, de umaforma natural e saudável, a bem da Malacologia!

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 3

Protocolo entre o IPMe o Zoomarine

por ÉLIO VICENTE

Director de Ciência e Educação do Zoomarine

Page 4: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

4 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

ARTIGO 1º (Constituição, designação e sede)1. É constituído o Instituto Português de Mala-

cologia, adiante designado abreviadamente por IPM,associação científica sem fins lucrativos que durará portempo indeterminado.

2. O IPM rege-se pelos presentes estatutos e peloregulamento Interno que vier a ser aprovado.

3. O IPM tem sede no Zoomarine E.N.125, Km 65,Lugar de Cortelhas, Freguesia da Guia, Concelho deAlbufeira.

4. O IPM pode estabelecer delegações em qualquerparte do território nacional ou no estrangeiro.

5. O IPM pode filiar-se em Federações, Confe-derações ou quaisquer outros organismos, no país ouno estrangeiro.

ARTIGO 2º (Pessoas que congrega)O IPM pode congregar todas as pessoas, singulares

ou colectivas, com actividade ou interesse no domínioda Malacologia.

ARTIGO 3º (Património social)O património do IPM é constituído por:a) Quotização dos associados;b) Subsídios ou doações;c) Rendimentos de bens próprios, fundos de reserva

ou capitais depositados;d) Outros bens, de natureza material ou outra, que o

IPM venha a adquirir.

ARTIGO 4º (Objectivo)O IPM tem como objectivos: estimular a pesquisa

científica em Malacologia (Zoologia); promover ointercâmbio de informações entre malacologistas; cen-tralizar e difundir informação sobre Malacologia; esta-belecer contactos, convénios, e acordos de cooperaçãocom organismos afins, nacionais e estrangeiros; pro-mover reuniões, conferenciais, congressos, expediçõese quaisquer outras actividades científicas ligadas àMalacologia; manter a edição de uma publicação cien-tifica; organizar e manter em local apropriado um gabi-nete de trabalho, para realização de pesquisa científicaem Malacologia.

ARTIGO 5º (Sócios)1. Há quatro categorias de associados: efectivos,

aderentes, estudantes e honorários.2. São sócios efectivos as pessoas singulares que

fundaram o IPM e/ou as pessoas singulares que pos-suam currículo científico no domínio da Malacologia eque requeiram a sua inscrição.

3. São sócios aderentes as pessoas singulares oucolectivas sem cabimento na categoria de efectivo, quetenham actividade ou interesse na Malacologia erequeiram a sua inscrição.

4. São sócios estudantes as pessoas singulares quefrequentem qualquer grau de ensino, que manifesteminteresse pela Malacologia e que requeiram a suainscrição.

5. São sócios honorários as pessoas singulares oucolectivas a quem o IPM atribua essa qualidade, emfunção de actividade desenvolvida em prol da Mala-cologia ou do próprio IPM.

6. a) A atribuição das categorias de sócios efectivo,aderente e estudante compete à Direcção.

b) A distinção para sócio honorário será atribuídaem Assembleia Geral por proposta da Direcçãoou de dez sócios; a aprovação desta distinçãodeverá ter a concordância de dois terços dossócios presentes na Assembleia Geral.

ARTIGO 6º (Direitos e deveres dos sócios)1. São direitos dos sócios:a) Eleger e ser eleito para os órgãos do IPM no caso

de sócios efectivos ou honorários que tenhamsido efectivos;

b) Apresentar à Assembleia Geral as propostas quejulgarem convenientes dentro do âmbito e objecti-vo do IPM, e tomar parte activa nos seus trabalhos;

c) Beneficiar de serviços prestados pelo IPM, e serinformado da actividade desenvolvida pelomesmo;

d) Recorrer aos órgãos associativos para solicitarinformações ou esclarecimentos sobre o fun-cionamento e iniciativas do IPM;

e) Recorrer para a Assembleia Geral de qualquerdecisão de outro órgão associativo, quando estacontrarie os presentes estatutos ou os regulamen-tos internos.

f) Apenas têm direito a voto na Assembleia Geral ossócios efectivos e honorários que já tenham sidoefectivos.

2. São deveres dos sócios:a) Cumprir e fazer cumprir o consignado nos pre-

sentes estatutos, bem como as deliberações daAssembleia Geral;

Assembleia Geral Extraordinária. No passado dia 3 de Janeiro de 2003, realizou--se uma Assembleia Geral Extraordinária, convocada pela Comissão de Gestão Interina do IPM, com doispontos em agenda: 1º - Discussão e aprovação dos novos estatutos do IPM; e 2º - Marcação de eleiçõespara os órgãos directivos do IPM. Para conhecimento geral de todos os sócios e interessados, inclui-seneste primeiro número do Portugala a publicação dos estatutos ratificados no passado dia 3 de Janeiro.

INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA

Estatutos

Page 5: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 5

b) Desempenhar com dedicação os cargos associa-tivos para os quais forem eleitos;

c) Respeitar os órgãos associativos e com eles cola-borar;

d) Comparecer a todas as Assembleias;e) Pagar regularmente as quotas.3. Perdem a qualidade de sócios do IPM os associa-

dos que:a) Solicitem a sua desvinculação mediante comuni-

cação por escrito dirigida à Direcção;b) Deixem de cumprir as obrigações estatutárias e

regulamentares ou atentem contra os interessesdo IPM;

c) Atrasem mais de dois anos o pagamento de quo-tas, sem justificação aceite pela Assembleia Geral.

4. A exclusão prevista na alínea b) do numero ante-rior será sempre decidida em Assembleia Geral me-diante inscrição na ordem do dia.

ARTIGO 7º (Órgãos associativos)1. São órgãos associativos do IPM:a) Assembleia Geral;b) Mesa da Assembleia Geral;c) Direcção Nacional;d) Conselho Fiscal;e) Delegações.2. a) A eleição dos membros da Mesa da

Assembleia Geral, da Direcção Nacional e doConselho Fiscal é realizada por escrutíniosecreto e directo, podendo ser utilizado o votopor correspondência.

b) A eleição é feita por votação das listas apresen-tadas, considerando-se eleitos os candidatos dalista mais votada.

c) O mandato dos sócios eleitos é de três anos.d) As restantes normas serão objectivadas em

Regulamento Eleitoral.

ARTIGO 8º (Assembleia Geral)1. A Assembleia Geral é constituída por todos os

sócios no pleno uso dos seus direitos, reunidos emsessão devidamente convocada.

2. A Assembleia Geral pode ser Ordinária ouExtraordinária:

a) A Assembleia Geral Ordinária destina-se a: apre-ciação do Relatório e Contas da DirecçãoNacional, com parecer do Conselho Fiscal, refe-rentes ao ano findo; aprovação de Programa eOrçamento para o ano em curso; eleição para osórgãos associativos, nos anos em que tal devaocorrer;

b) A Assembleia Geral Extraordinária realiza-se poriniciativa da Mesa da Assembleia Geral ou a pedi-do de um mínimo de 10% dos sócios em plenouso dos seus direitos.

3. Só em Assembleia Geral Extraordinária sepodem rever e alterar os presentes estatutos e destituirórgãos associativos, sendo necessário o voto favorávelde pelo menos três quartos dos sócios presentes comdireito a voto, e o voto favorável de pelo menos três

quartos do número total de sócios com direito a votopara os casos de dissolução e prorrogação.

ARTIGO 9º (Mesa da Assembleia Geral)1. A Mesa da Assembleia Geral é composta por:

Presidente, Secretário e Vogal.2. Ao Presidente compete convocar e dirigir as

reuniões da Assembleia Geral, sendo, em caso deausência ou impedimento, substituído pelo Secretário e,na ausência deste, pelo Vogal.

3. Em caso de ausência ou impedimento dos mem-bros anteriormente indicados a presidência da Mesacompetirá ao sócio efectivo mais antigo presente aostrabalhos.

ARTIGO 10º (Direcção Nacional)1. A Direcção Nacional é constituída por quatro

membros: Presidente, Tesoureiro e Secretário.2. Compete à Direcção Nacional:a) Executar o Programa e Orçamento aprovados

em Assembleia Geral;b) Gerir e administrar o IPM e apresentar contas

dessa actividade;c) Admitir sócios nos termos estatuídos;d) Representar o IPM e exercer as demais competên-

cias que lhe forem conferidas pela AssembleiaGeral ou pelos Regulamentos Internos;

e) Aprovar a constituição de Delegações ou a fili-ação em Federações, Confederações ou outrosorganismos.

3. O IPM obriga-se, com a assinatura de dois mem-bros da Direcção Nacional, sendo suficiente apenas aassinatura de um deles para actos de mero expediente.

ARTIGO 11º (Conselho Fiscal)1. O Conselho Fiscal é constituído por Presidente,

Secretário e Vogal.2. Ao Conselho Fiscal compete:a) Examinar a escrita do IPM;b) Elaborar um parecer sobre as Contas da Direcção

Nacional e divulgá-lo na Assembleia GeralOrdinária.

ARTIGO 12º (Delegações)1. São Delegações do IPM grupos regionais de

associados.2. A constituição de Delegações depende de

aprovação da Direcção Nacional.

ARTIGO 13º (Comissões)1. São Comissões do IPM grupos de sócios

incumbidos de uma temática ou missão particular doâmbito do IPM e seu objectivo.

2. A constituição de Comissões depende deaprovação da Direcção Nacional.

ARTIGO 14º (Regulamento Interno)Os casos omissos nos presentes estatutos serão

regidos por Regulamento Interno, a aprovar emAssembleia Geral.

Page 6: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

Moção «Sair da Concha»

Aprofundar as relações de parceriainiciadas com o Mundo Aquático, S.A.,com vista a um total estabelecimento dasede, e sua ampliação de espaços.

Iniciar e zelar pela periodicidadede um Boletim Informativo queuna os sócios e a investigação em Mala-cologia que se faz em Portugal.

Promover actividades que divul-guem o IPM e a Malacologia Portu-guesa na comunidade científicanacional e internacional. Destaque-seneste ponto o aprofundar de relaçõesdo IPM com o meio universitário, per-mitindo que estudantes, estagiários delicenciatura, mestrandos e doutorandosusufruam dos recursos do IPM.

Envidar esforços com vista a umacatalogação informática e actualizaçãoda biblioteca do IPM, legada pelo seufundador, Ilídio A. DE V. FÉLIX-ALVES.

Envidar esforços com vista a umacatalogação informática da colecçãomalacológica do IPM, legada pelo seufundador, ILÍDIO A. DE V. FÉLIX-ALVES.

Promover uma campanha de anga-riação de sócios.

Direcção Nacional:

Presidente: GONÇALO CALADO([email protected]).É doutorado em Ciências Biológicas

na área da Malacologia. É professorauxiliar na Universidade Lusófona deHumanidade e Tecnologias e é bolseirode pós-doutoramento da Fundação

para a Ciência e Tecnologia no Centrode Modelação Ecológica do IMAR, naFaculdade de Ciências e Tecnologia daUniversidade Nova de Lisboa, ondedesenvolve o projecto «Ciclos de vida emecanismos de defesa em moluscosnudibrânquios: exemplos de plastici-dade adaptativa dentro de um grupo»

Secretário: JOAQUIM REIS([email protected]).Licenciado em Biologia, está pre-

sentemente a realizar estudos de sis-temática, distribuição e conservação demoluscos bivalves de água doce dePortugal continental no Instituto deConservação da Natureza (ICN).Coordena o projecto «Atlas dosbivalves de água doce de PortugalContinental», realizado sob os auspíciosdo ICN.

Tesoureiro: MANUEL ANTÓNIOENCARNAÇÃO MALAQUIAS([email protected])É licenciado em Biologia Marinha

e mestre em Ecologia na área daMalacologia. Actualmente encontra-sea fazer doutoramento em sistemáticae evolução de moluscos gastrópodesno Museu de História Natural deLondres.

Mesa da Assembleia Geral:

Presidente:ANTÓNIO DOMINGOS ABREU([email protected])É licenciado em Biologia e inves-

tigador na área da Malacologia da

Estação de Biologia Marinha do Fun-chal. Presentemente exerce o cargo deDirector Regional do Ambiente naRegião Autónoma da Madeira.

Secretário: JOSÉ PEDRO BORGES([email protected])Dedica-se há mais de vinte anos

como autodidacta ao estudo da faunamalacológica marinha da costa ociden-tal de África e de Portugal. É co-autordo livro Conchas Marinhas de Portugal,recentemente editado pela Verbo.

Vogal: PEDRO NUNES([email protected])Estudante finalista de Biologia

Marinha da Universidade do Algarve,encontra-se a realizar um trabalho deinvestigação no âmbito da sua tese deestágio de licenciatura sobre taxonomiae ecologia de moluscos da plataforma evertente continental do Algarve.

Conselho Fiscal:

Presidente: PAULA CAMPOSTécnica oficial de contas, colabora

com o IPM desde a sua fundação comoaficionada.

Secretário: CARLOS AFONSO([email protected])É licenciado em Biologia Marinha, e

trabalha ligado a diversos projectos naárea da ecologia marinha na Uni-versidade do Algarve. Tem dedicadoparte significativa da sua investigaçãoao estudo da fauna malacológica doAlgarve e do arquipélago de CaboVerde.

Vogal: CRISTINA ABREU([email protected])Licenciada em Biologia é professo-

ra de Biologia e Geologia no ensinosecundário. Actualmente está a rea-lizar estudos de doutoramento naUniversidade da Madeira no âmbitode um projecto LIFE sobre diversi-dade e conservação de moluscosterrestres da ilha de Porto Santo eilhéus adjacentes. É investiga-dora associada do Centro de Estudosda Macaronésia - Universidade daMadeira.

6 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

Eleições. No passado dia 21 de Março, a Primaveratrouxe novos tempos ao Instituto Português de Malacologia com a eleição de umnovo corpo directivo. Uma única lista apresentou-se às eleições, com uma moçãointitulada «Sair da Concha». A lista vencedora é encabeçada pelo DR. GON-ÇALO JORGE PESTANA CALADO e conta com a colaboração de mais oito ele-mentos. Pareceu-nos importante aproveitar este primeiro número do Noticiáriopara dar a conhecer a recém eleita Direcção do IPM. Quem são os membros daDirecção e o que fazem? Pretende-se acima de tudo encurtar distâncias, para queseja mais fácil a todos e entre todos, o contacto e a troca de ideias. Para conheci-mento geral aqui ficam as linhas programáticas da lista vencedora, a composiçãoda lista e uma breve apresentação de cada elemento.

Page 7: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

APESAR de a maioria não ter concha, as Lesmas-do--Mar (moluscos gastrópodes opistobrânquios)estão muito bem protegidas contra ataques depotenciais predadores. Muitas defendem-se

emitindo secreções mucosas que contêm moléculasorgânicas tóxicas. No caso dos nudibrânquios, talvez ogrupo mais conhecido dos mergulhadores amadores, ascores berrantes, asso-ciadas às substânciasrepelentes que retêmno corpo, derivadasdo alimento ou sinte-tizadas pelos animais,fazem com que umpeixe menos expe-riente que tente abo-canhá-los, se lembrefacilmente da expe-riência por que passoue não tente repeti-la.

Estas moléculas,resultantes de mi-lhões de anos deevolução, têm desdehá muito tempo sidou t i l i z a d a scom fins farma-cológicos. Por exem-plo, NICANDROS (200a.C.) recomendavaextracto de umaLesma-do-Mar do gé-nero Dolabella para otratamento de algu-mas doenças, mas sóhá cerca de vinte anosé que um grupo deinvestigadores refe-renciou a presençanesta espécie de umdos mais fortes gru-pos de substâncias anti-cancerígenas até agora conheci-dos, as dolastatinas. Outros exemplos interessantesincluem as prostaglandinas produzidas por Tethys fímbria,

o alcalóde jorumicina extraído de Jorunna funebrise mais recentemente outro anti-cancerígeno, oKahalalide F, extraído de Elysia rufescens, em fase pré--clínica de testes.

O projecto que agora terá início, ao qual foi atribuí-do o prémio Milénio Sagres/Expresso 2002, ex-aequocom uma candidatura ligada ao design, pretende ultra-

passar estas limi-tações desenvolven-do o estudo dosciclos de vida e dosprocessos de cultivointensivo de algumasespécies que ocorremna costa continentalPortuguesa.

O trabalho pla-neado para dois anosdecorrerá em Albu-feira, nas instalaçõesdo Zoomarine, que édesde há um ano asede técnica doInstituto Portuguêsde Malacologia, asso-ciação científica semfins lucrativos quepretende reunir aspessoas com inte-resse na investigaçãode moluscos emPortugal. Ali seráinstalada uma câmarade cultivo e um labo-ratório de apoio. Oscontactos já realiza-dos com centros deinvestigação em vá-rias áreas de farma-cologia permitirãoque as substâncias

retiradas das espécies produzidas possam ser testadascomo potenciais anti-inflamatórios, analgésicos, anti--bacterianos, anti-virais e anti-cancerígenos.

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 7

Produção de lesmasnas instalações do IPM: Lesmas--do-Mar para fins farmacológicos

por GONÇALO CALADO

Dendrodoris limbata (CUVIER, 1804)

Doriopsilla areolata BERGH, 1880

Page 8: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

ESTA espécie foi instituída por MORELET no seulivro Description des Mollusques Terrestres etFluviatiles du Portugal, dizendo que era comumem todo o Portugal, e que habitava a região

montanhosa ao pé de giestas e de arbustos espinhososque lhe forneciam alimento e abrigo.

Segundo NO-BRE e pela minhaprópria experiên-cia, a Portugala in-choata encontra-sesob folhas mortase pedras cobertaspor detritos vege-tais, embora pes-soalmente tambéma tenha encon-trado em grandenúmero exposta,no chão, em ter-renos secos masdebaixo de plantascomo cardos esemelhantes.

Do nosso con-hecimento, a pri-meira referênciapara a Galiza é a deHESSE, 1931, quesob o nome deMonacha inchoata,fez um primeiroestudo do aparelhoreprodutor.

Segue-se, sob onome de Hygromia(Zenobiella) inchoata,um novo estudo daanatomia interna em 1961 por ORTIZ DE ZÁRATEROCANDIO & ORTIZ DE ZÁRATE LÓPEZ, que referemcolheitas na província de Huelva.

Em 1980, GITTENBERGER estabelece um géneronovo Portugala, tendo como espécie-tipo, por monotipiaHelix inchoata MORELET, 1845 e que seria próximo do

género Monachoides. Assim, o nome actual é Portugalainchoata (MORELET, 1845) (E. GITTENBERGER: Three noteson Iberian terrestrial Gastropods, Zoologisch Mededelingen,55, nº 17: 201-213).

Características morfológicas. Explícitas nas fi-guras juntas; acor de fundoda concha variadesde o amarela-do ao castanhoclaro (cor de noz)por vezes leve-mente rosado etem sempre, naperiferia, umabanda escura detom castanhoescuro ou algoavermelhado, eque se estendedesde a proto-concha à aber-tura, por vezesesta banda escuraé superiormentebordada por umaárea clara emtodo o seu com-primento; a aber-tura da con-cha é simplese cortante, nãoespessada erev i r ada pa rafora como emC. nemoralis. Foipor esta carac-

terística -- bordo cortante, não espessado, como se ocrescimento da concha não estivesse terminado --que mereceu o nome de inchoata, incompleta,inacabada. Dimensões: nos adultos, diâmetro máxi-mo da concha 17 a 22 milímetros; altura máxima de15 a 20 milímetros.

8 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

Portugala inchoata(MORELET, 1845)

por MARIA ROLANDA DE ALBUQUERQUE

Conchas de Portugala inchoata(MORELET, 1845)

Page 9: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

Os gastrópodes prosobrânquios Nassariidae,IREDALE, 1916, pertencem à grande super-família Muricoidea DA COSTA, 1776. Sãomoluscos que se encontram usualmente

em grandes colónias, são carnívoros detritívoros,habitam em substratos normalmente do tipo vasoso e assuas conchas são em geral de pequenas dimensões. Afamília Nassariidae está bem representada no Algarveonde pelo menos quinze espécies, distribuídas por trêsgéneros (Nassarius DUMÉRIL, 1806; Cyclope RISSO, 1826 eDemoulea J. E. GRAY, 1839) já foram encontradas(Prancha I).

No género Nassarius,as espécies Nassarius cor-niculus, N. cuvieri, N.incrassatus, N. nitidus, N.pygmaeus e N. reticulatussurgem principalmenteem áreas vasosas evaso/arenosas na zonaentre marés ou em águaspouco profundas sendoparticularmente abun-dantes na Ria Formosa.A espécie N. vaucheriparece estar limitada aoSotavento Algarvio, ten-do a sua maior abundân-cia em Monte Gordo. Éfrequentemente captura-da por covos1 e redes deemalhar2 que operamentre dez e vinte e cincometros de profundidadesob fundos de cascalhoou gravilha. As espéciesN. elatus, N cabrierensisovoideus e N. heynemannisurgem principalmenteno Barlavento Algarvioentre as batimétricas dosvinte e cinco aos cin-quenta metros em fun-dos vasosos e por vezes

coralígenos. N. denticulatus é a única espécie de águasmuito profundas. Em algumas ocasiões têm sido captu-rada por rede de arrasto3 de camarão a operar em fun-dos vasos entre as batimétricas dos trezentos a quatro-centos e cinquenta metros ao largo de Olhão ePortimão.

No género Cyclope, as duas espécies representadas noAlgarve, Cyclope neritea e C. pellucida, estão aparente-mente limitadas à Ria Formosa e, possivelmente à Ria deAlvor. São espécies tipicamente da zona entre marés,habitando substrato vaso/arenoso que por vezes está

associado a fanerogâmi-cas marinhas (e.g. Zosteranoltii).

O único represen-tante do género Demou-lia, Demoulia obtusata, ébastante rara no Al-garve. Alguns exem-plares têm sido espo-radicamente capturadosem covos, redes de ema-lhar e redes de tresma-lho4 que operam entrequinze e sessenta metrosde profundidade, desdeas localidades de Quar-teira até Sagres.

1 Armadilhas própriaspara capturar peixes, molus-cos e crustáceos.

2 Redes de emalhar fun-deadas constituídas apenaspor um pano de rede.

3 Redes de tresmalhofundeadas constituída portrês panos de rede.

4 Redes de arrasto pelofundo com portas, rebo-cadas por embarcação.

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 9

A família Nassariidae(Mollusca: Gastropoda:

Prosobranchia) no Algarvepor CARLOS M. L. AFONSO

Prancha. I - A) Nassarius cabrierensis ovoideus (LOCARD, 1886),18mm, Sagres; B) Nassarius (Gussonea) corniculus (OLIVI, 1792),15,70mm, Ria Formosa; C) Nassarius (Telasco) cuvieri (PAYRAUDEAU,1826), 11,79mm, Ria Formosa; D) Nassarius (Niotha) denticulatus,22,71mm, Olhão; E) Nassarius elatus (GOULD, 1845), 18,66mm,Lagos; F) Nassarius heynemanni (MALTZEN, 1884), 17,03mm,Burgau; G) Nassarius (Hima) incrassatus (STRÖM, 1768), 14,88mm,Ria Formosa; H) Nassarius nitidus (JEFFREYS, 1867), 28,66mm, RiaFormosa; I) Nassarius (Gussonea) pfeifferi (PHILIPPI, 1844),13,96mm, Ria Formosa; J) Nassarius (Hima) pygmaeus (LAMARCK,1822), 8,74mm, Quarteira; L) Nassarius (Hima) reticulatus(LINNAEUS, 1758), 30,60mm, Albufeira; M) Nassarius vaucheri(PALLARU, 1906), 16,62mm, Monte Gordo; N) Cyclope neritea(LINNAEUS, 1758), 7,08 × 14,03mm, Ria Formosa; O) Cyclopepellucida (RISSO, 1826), 4,99 ×10,14mm, Ria Formosa;P) Demoulia obtusata (LINK, 1807), 28,78mm, Quarteira.

Page 10: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

Ajazida fossilífera da Ribeira de Cacela é um localde grande valor científico e patrimonial para aPaleontologia portuguesa e internacional.

A jazida localiza-se próximo da povoação deCacela Velha, no seio do Parque Natural da Ria Formosa(Algarve), constituindo elemento integrante deste. EmCacela afloram à superfície rochas sedimentares deidade tortoniana (Miocénico superior), datadas de hácerca de 7-9 Milhões de anos (Ma). Nesses sedimentosocorrem diversos tipos de fósseis de inúmeros gruposzoológicos e botânicos. A jazida de Cacela, no entanto,é célebre, sobretudo, pelos seus fósseis de moluscos.A diversidade e a boa preservação dos fósseis miocé-nicos de Cacela é, de há muito, bem conhecida. Osprimeiros trabalhos sobre os fósseis de moluscos destajazida remontam a meados do século XIX. Em 1866-67foi publicada a que ainda hoje é considerada a maisimportante obra paleontológica sobre os moluscosdesta jazida, realizada por PEREIRA DA COSTA, entãodirector da Comissão Geológica do Reino (actualInstituto Geológico e Mineiro). O trabalho de PEREIRADA COSTA, Moluscos Fosseis. Gastrópodes dos depósitos ter-ciários de Portugal, profusamente ilustrado por soberbas

estampas litografadas, é, desde então, considerada obraclássica da Paleontologia nacional.

A associação de fósseis de moluscos gastrópodes,bivalves e escafópodes de Cacela é constituída porinúmeros géneros e espécies, a maior parte deles jáextintos. Entre os moluscos fósseis de Cacela figuram,por exemplo, gastrópodes dos géneros Conus, Strombus,Terebra, Ficus, etc. e bivalves como Pelecyora gigas, Callistaerycinoides, Circomphalus foliaceolamellosus, Tugonia anatina,etc. A presença de fósseis destes moluscos de águasquentes em Cacela indica-nos que as costas do SW daIbéria, durante o Tortoniano, há cerca de 7-9 Ma, erambanhadas por um mar tropical, com temperatura daságuas significativamente mais elevada que a actual,similar à que encontramos actualmente na ÁfricaOcidental tropical, das costas do Senegal às do Golfo daGuiné.

Devido à sua grande importância científica e patri-monial a jazida paleontológica da Ribeira de Cacelaencontra-se salvaguardada por legislação protectora.A recolha de fósseis em Cacela necessita de autorizaçãoprévia, expressa, do Parque Natural da Ria Formosa eestá interdita para fins não científicos

10 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

A jazida miocénicada Ribeira de Cacela

(Algarve)por ANA SANTOS e CARLOS MARQUES DA SILVA

Cartilagem das Lulasserve para fazerpelícula aderente

UNIVERSIDADE DE AVEIROdesenvolve novo material paraenvolver produtos alimentares

Extraído da LUSA, 2003.02.27

Uma equipa de investigadores da Uni-versidade de Aveiro está a desenvolveruma película para envolver produtos ali-mentares com base em resíduos decrustáceos e moluscos marinhos. A in-vestigação do Grupo de Bioquímica eQuímica Alimentar da Unidade deQuímica Orgânica e Produtos Agro-Alimentares, surge na sequência do pro-jecto «Quitopack» iniciado há cerca dedois anos e financiado pela Fundação para

a Ciência e a Tecnologia. O coordenadordo projecto, Lopes da Silva, disse que amaior parte dos testes foram realizadoscom cartilagens de lulas ou espéciessemelhantes, mas também já foram feitasexperiências com cascas de caranguejos ecamarões.

A ideia surgiu da vontade de aproveitar algu-mas toneladas anuais de desperdício de biomassa,resultante do processamento, limpeza e corte doscefalópodes, e normalmente enviada pelas empre-sas do ramo para o aterro sanitário, adiantou.

Os resultados preliminares revelam queo novo produto tem uma baixa permea-bilidade aos gases e funciona como bar-reira à transferência de massa, podendoainda servir como suporte a determinadosingredientes, explicou Lopes da Silva. Osinvestigadores esperam ainda melhorar aspropriedades mecânicas da película, comvista à aplicação na área de armazenagemde frutos e vegetais.

O objectivo passa também pelo desen-volvimento de um meio aquoso de reves-

timento, onde o fruto ou vegetal possa serimerso. Desta forma, poderá ser protegida aintegridade de um fruto ou controlar-se o seuamadurecimento, por exemplo, como forma deretardá-lo, explicou.

A partir dos resultados obtidos comeste trabalho, julga-se ser possível, nofuturo, estender a aplicação destes sis-temas a outras áreas, como por exemplo aencapsulação de enzimas, libertação con-trolada de fármacos e tecnologia de bio-materiais.

Também relacionado com esta película,os investigadores estão a fazer estudos naárea dos biomateriais com o Depar-tamento de Engenharia Cerâmica e doVidro da Universidade de Aveiro, dadas assuas potencialidades, já testadas, na pre-paração de materiais porosos.

Poderá ser utilizado na área da biomedicinaporque o material poroso de que estamos a falarseria um material de suporte para crescimentocelular e de regeneração de tecidos, referiu odocente.

Ribeira de Cacela (Algarve), vista aérea

Page 11: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

Oprojecto Fauna Ibérica, actualmente, no seusétimo ano de actividade, é um projecto científi-co de grande dimensão e impacto Europeu.Tem por objectivo principal estabelecer um

conhecimento profundo sobre a fauna marinha e terrestreda Península Ibérica, através da realização de sucessivascampanhas com participação de especialistas em cada umadas áreas. Um dos resultados que se pretende obter comeste projecto passa pela publicação de uma enciclopédiafaunística, organizada em volumes monográficos sobre osdiversos grupos zoológicos. De momento, já foram publi-cados cerca de quinze volumes, entre os quais umde moluscos cefalópodes, estando o primeiro volume de-dicado aos moluscos opistobrânquios previsto para 2004.

Este projecto, do qual o Instituto Português de Mala-cologia é parceiro oficial, está estruturado em sub-pro-jectos respeitantes aos diferentes grupos faunísticos. Cadaum dos sub-projectos tem adstrito uma equipe de especia-listas liderada por um coordenador, que no caso dos mo-luscos opistobrânquios é actualmente o Prof. Dr. JUANLUCAS CERVE-RA CURRADO,da Universi-dade de Cádis.

Durante osmeses de Ju-nho e Julho de2002 realizou--se a primeiracampanha nolitoral Portu-guês no âmbi-to do projectoFauna Ibérica,o r g a n i z a d apelo IPM. Ostrabalhos decorreram no litoral entre Sagres e Sinesdurante duas semanas e contaram com a participação deonze investigadores em representação do InstitutoPortuguês de Malacologia, da Universidade do Algarve, daUniversidade de Cádis, do Museu de Ciências Naturais deMadrid e da Academia de Ciências da Califórnia.

Durante os trabalhos a equipa foi dividida em dois gru-pos. Enquanto um dos grupos se dedicava às amostragens

em mergulho e na zona de marés, a segunda equipa fazia otrabalho de laboratório. Realizaram-se recolhas mediolitoraise infralitorais em mergulho, durante o dia e durante a noite.

A primeira semana decorreu em Sagres e o laboratóriofoi improvisado nas instalações locais da Docapesca,situada no Porto de Sagres. Durante a segunda semana ostrabalhos estiveram centralizados na área de Sines, tendosido utilizado o laboratório da Universidade de Évoraexistente naquela Cidade.

Recolheram-se um total de oitenta e uma espécies demoluscos opistobrânquios, seis das quais revelaram-senovas referências para a fauna marinha de Portugal,nomeadamente os sacoglossos Placida tardyi e Placida verti-cilata e os nudibrânquios Okenia mediterranea, Hypselodorisfontandraui, Cuthona amoena e Cuthona thompsoni. Para alémdestas novas contribuições para a nossa fauna, há igual-mente a destacar alguns dados de natureza biogeográfica.Por exemplo, a espécie Placida tardy, apenas conhecida dolitoral ocidental Andaluz, foi encontrada pela primeira vezem águas marcadamente Atlânticas. A espécie Cuthonathompsoni foi recolhida pela primeira vez fora da sua loca-lidade tipo (El Portil, Huelva, Espanha), enquanto a reco-lha da espécie Piseinotecus gaditanus em Sines, constitui a ter-ceira ocorrência relatada desta espécie desde a suadescrição original e representa o ponto mais a Norte dasua distribuição geográfica.

Os trabalhos realizados nos últimos anos em Portugalpor diversos investigadores, conjuntamente com os dadosobtidos em 1988 durante a campanha científica «Algarve88» organizada pelo Museu de História Natural de Parissob a coordenação do Dr. PHILIPPE BOUCHET e os dadosobtidos recentemente no âmbito da campanha do projec-to Fauna Ibérica, fazem dos moluscos opistobrânquiosum dos grupos de invertebrados marinhos provavelmentemais bem conhecidos da nossa fauna, com cerca deduzentas e treze espécies referidas. Há, no entanto, umaextensa faixa da nossa costa que permanece praticamenteinexplorada, nomeadamente, o litoral a Norte de Peniche.Este ano e em 2004 prevê-se a realização de mais um con-junto de amostragens de forma a colmatar esta lacuna.

* Depart. of Zoology, The Natural History Museum, London.** Centro de Modelação Ecológica, IMAR, Faculdade de Ciên-

cias e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa.*** Faculdade de Ciências do Mar e Ambiente, Univ. Algarve.

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 11

Fauna Ibéricamoluscos opistobrânquios:

Campanha de Sagres - Sines 2002por MANUEL ANTÓNIO ENCARNAÇÃO MALAQUIAS*, GONÇALO CALADO** e CESAR GAVAIA***

Prof. Lucas Cervera e Marta Pola (Sagres, 2002)

Page 12: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

A problemática da conservação dos moluscoscontinentais em Portugal é comum a muitosgrupos de invertebrados. Ao contrário doque acontece com os Vertebrados em geral, o

conhecimento científico dos moluscos continentaisem Portugal é muito escasso, faltando assim as basespara a definição de estratégias de conservação ade-quadas. Este problema é aliás comum a muitos outrospaíses europeus, mas mais acentuado em Portugal.

Como consequência do reduzido conhecimentocientífico de moluscos continentais não se produzi-ram até hoje os instrumentos legais para a protecçãodesta parte da fauna. Assim a protecção legal dependeexclusivamente de directivas comunitárias e con-venções internacionais, e em particular das listagensde espécies da Directiva Habitats. Ao contrário doque acontece noutros países com catálogos nacionais(exemplo, Espanha) e livros vermelhos (exemplo,Alemanha), ou de outros grupos faunísticos emPortugal (livros vermelhos dos vertebrados), para osinvertebrados não existe qualquer documento quedetermine normas de actuação relativa à conservaçãodas espécies.

Finalmente, a conservação de moluscos conti-nentais em Portugal depende, à semelhança da con-servação de qualquer outro grupo faunístico, dacapacidade de proteger e gerir correctamente osseus habitats. Na realidade é em habitats bempreservados, muitas vezes nas regiões menos desen-volvidas do País, que subsistem as melhores popu-lações de muitas espécies. Mesmo que, para omundo científico sejam ou tenham sido durantemuito tempo desconhecidas. É o caso por exemplodos mexilhões de água doce nos rios do nordestetransmontano, nas bacias do Sabor e Tua. Nalgunsdestes rios subsiste por exemplo a espécieMargaritifera margaritifera, ameaçada em toda aEuropa e extinta em muitos rios do litoral norte dePortugal. A conservação destes habitats garantirá asubsistência das várias espécies aí presentes, e istosó é possível recorrendo a um verdadeiro desen-volvimento sustentável, que concilie o interesse daspopulações humanas locais com o da conservaçãoda Natureza.

O MEXILHÃO-ZEBRA

Em Julho de 2001 foram detectadas pela primeiravez na Península Ibérica populações vivas do mexilhão--zebra Dreissena polymorpha no baixo Ebro, Catalunha.Esta espécie proveniente do mar Cáspio é conhecidanos E.U.A. e no resto da Europa por se tratar de umaespécie invasora causadora de avultados prejuízosecológicos e económicos. De facto, tem grande capaci-dade reprodutora e rapidamente domina o espaço emtodas as superfícies submergidas, afectando em particu-

lar espécies de bivalves nativos por competição pelosrecursos. A sua fixação a canais, turbinas, e qualquermaterial de aproveitamentos hidroeléctricos e sistemasde rega obriga a remoções periódicas para garantir ofuncionamento das infraestruturais. Esta operação é dis-pendiosa e responsável por grande parte dos prejuízoseconómicos do mexilhão-zebra. O aparecimento destaespécie em Espanha aliado ao plano hidrológico espa-nhol, que potenciará a sua dispersão, faz temer o piorpara Portugal, onde o seu aparecimento teria gravesconsequências a nível ecológico e económico.

12 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

A conservação dos moluscosem Portugal

por JOAQUIM REIS

Instituto de Conservação da Natureza

Exemplaresde Dreissena polymorpha

(PALLAS, 1771)

Page 13: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

AUNITAS MALACOLOGCA, Sociedade Internacio-nal de Malacologia abaixo designada por UMtem como objectivo apoiar malacólogos,sociedades e instituições no desenvolvimento

do estudo dos Moluscos. Com este propósito a UMorganiza e apoia a realização de reuniões e simpósios eedita anualmente uma newsletter com pequenos artigos einformações relevantes para os malacólogos, assimcomo concede apoios pecuniários a projectos de inves-tigação e bolsas para viagens a congressos.

A UM foi constituída sob a designação de UnitasMalacologica Europaea por decisão plenária durante oprimeiro congresso Europeu de Malacologia realizadoem Londres em 1962. Foi nomeado um pequenocomité, incumbido do propósito de promover aMalacologia, na Europa, através da criação de uma orga-nização supra-nacional de natureza federativa para associedades Europeias de Malacologia e com o objectivoespecifico de organizar cada três anos um congresso,que oferecesse a oportunidade de malacólogos de dife-rentes países se encontrarem e trocarem ideias. Estescongressos tornaram-se enormemente populares, com aparticipação de malacólogos Europeus e de outros pon-tos do Globo e a partir do sexto congresso realizado emAmesterdão em 1977 a organização tornou-se Mundialdecidindo excluir do nome a designação Europea. Apóso congresso de Amesterdão mais seis eventos tiveramlugar na Europa e em 1998, pela primeira vez o con-gresso realizou-se fora do velho continente emWashington DC. Foi organizado em conjunto pela UMe por outras duas organizações locais, a AmericanMalacological Union e a Western Society of Mala-cologists, passando a designar-se por CongressoMundial de Malacologia. Este novo formato revelou-sede grande sucesso e o próximo evento terá lugar emPerth, Austrália em 2004. Adicionalmente a UMpatrocina a realização de outros congressos, sendo oexemplo mais recente o International Congress onPalaearctic Mollusca, realizado em 1997 em Munique,Alemanha e em Salzburg, Áustria.

A UM é dirigida por um comité liderado por umPresidente que muda cada três anos e cuja responsabi-lidade é organizar o congresso Mundial seguinte.O comité inclui igualmente um tesoureiro, um secretá-

rio e quatro conselheiros. As eleições decorrem cadatrês anos e os resultados são anunciados durante aAssembleia Geral da UM que se realiza no final de cadacongresso.

Os membros da UM recebem a newsletter anual e tema possibilidade de concorrer a subsídios para partici-parem nos congressos. Estes apoios pecuniários sãooferecidos no ano da realização de cada congressoMundial e destinam-se primariamente a apoiar estu-dantes de pós-graduação e todos os membros da UMque não tenham acesso a fontes alternativas de financia-mento. Os membros podem igualmente concorrer à«Student Research Award» que se destina a premiar pro-jectos de investigação até um montante máximo de mileuros e está aberta nos dois anos consecutivos entrecongressos. Actualmente a UM suporta igualmente aprodução da Tentacle, a newsletter da Comissão deAcompanhamento do grupo Moluscos da IUCN(Mollusc Specialist Group, International Union for theConservation of Nature), dedicada à conservação demoluscos (http://www.hawaii.edu/ccrt/tentacle.html),e também tem apoiado a realização de reuniões de dis-cussão da CLEMAN (Checklist of the EuropeanMarine Mollusca; (http://www.somali.asso.fr/clemam/index.clemam.html).

A quota actual da UM é de 16 Euros por ano e osboletins de inscrição podem ser obtidos através doseguinte contacto:

- Dr Jackie Van Goethem, Treasurer, UnitasMalacologica, Royal Belgian Institute of NaturalSciences, Vautierstraat 29, B-1000 Brussels, Belgium.Tel. +32 2 627 4343, Fax. +32 2 627 4141, e-mail:[email protected]

Informações adicionais podem ser obtidas no web-site da UM (http://www.inter.nl.net/users/Meijer.T/UM/um.html).

* Traduzido do original por MANUEL ANTÓNIOENCARNAÇÃO MALAQUIAS.

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 13

UnitasMalacologica

por PETER MORDON

Department of Zoology, The Natural History Museum, London

Page 14: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

ARIS, Espace d'animation desBlancs Manteaux, 1 e 2 deMarço de 2003.

Bem no centro da cidadeluz, reúne-se anualmente o que, porventura, se poderá considerar amaior densidade de conchas raras doplaneta. cipreias aurantium, guttatas,valentias, conus milnedwardsi, bar-thelemyi, thomae e tantas outras ra-ridades parecem ser aqui realmente...vulgares. É a Bourse des Coquillagesde Paris, evento que reúne os princi-pais comerciantes de conchas domundo. Percorrendo as bancas devenda encontramos representantesde países tão distantes como Brasil,Austrália, Vietname, Moçambique,Senegal, Guadalupe e África do Suloferecendo conchas de moluscos das mais variadasfamílias, desde os sempre espectaculares muricídeos,passando pelas raras pleurotomárias, os mais variadosconus e as clássicas cipreias. Até o gigante Pecten magnifi-cus proveniente das protegidíssimas ilhas Galápagos erapossível adquirir por algumas centenas de Euros.

O nosso país também se encontrava representadoatravés da «Low Tide», do Paulo Granja e do GonçaloRosa, que apresentavam um vasto lote de material dacosta ocidental africana, proveniente das campanhasque têm efectuado no Senegal e Cabo Verde. Também oManuel Amorim, apresentou uma grande variedade deconchas de Moçambique.

Ao contrário do que seria de esperar a fauna menosrepresentada era a das costas Europeias. Exceptuandoalgum material do norte da Europa e das costas Italianae Francesa do Mediterrâneo a maior representaçãovinha de Espanha, apresentada pelo Ricardo Vega e peloJosé Ahuir, constituída essencialmente por conchas domar de Alborán e das ilhas Canárias.

Outra face interessante da Feira de Paris é a presençade alguns editores e livreiros especializados em biblio-grafia sobre moluscos. Encontramos os alemães daConchBooks, que além de serem editores de vários tra-balhos sobre Malacologia têm uma vasta lista de biblio-

grafia recente e antiga para venda. Ositalianos das Edizioni Evolver queeditam a conhecida revista LaConchiglia, também estavam pre-sentes, bem como o TizianoCossignani, da Mostra MondialeMalacologia de Cupra Marittima,também ele editor e livreiro conheci-do no meio malacológico.

A Feira de Paris também é pontode encontro de alguns investigadores,que aproveitam a ocasião para fazeralguns contactos e trocar impressões.Numa pequena conversa comPhilippe Bouchet, ficamos a saberpormenores da sua próxima expe-dição à ilha de Panglao nas Filipinas.Uma equipa de sessenta pessoas faráamostragens durante seis semanas.

As expectativas apontam para a recolha de cerca de seismil espécies diferentes de moluscos. Ficamos também asaber que o IPM terá um representante nessa expedição.O Manuel António Encarnação Malaquias será o inves-tigador dedicado aos opistobrânquios «Bulomorfos».

Como em outros anos, também encontramos onosso compatriota António Monteiro, remexendo asmesas, em busca de alguma espécie de Conus ou Pectenque ainda faltem nas suas gavetas, e entre dois dedos deconversa também nos revelou que está a preparar umaiconografia dos Conus da costa ocidental africana, tra-balho há muito esperado. Coragem António.

Falando com o belga Koen Fraussen, especialista embuccinideos, ficamos a saber que está em estudo umamonografia do género Euthria, em Cabo Verde, comdescrição de quatro espécies novas.

A propósito de Cabo Verde, soubemos ainda queestá quase concluído o livro do Emílio Rolán sobre osmoluscos marinhos deste arquipélago.

E como a vida não é só conchas, no Sábado, após oencerramento do recinto ao público, realizou-se uma«dégustation» de produto ibéricos. Meia dúzia de gar-rafas de Rioja e Ribeira del Duero acompanharam umqueijo de Serpa e um paio alentejano, sem esquecer asindispensáveis azeitonas.

14 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

SShhee ll ll SShhoowwIInntteerr nnaacc iioonnaa ll ddee PPaarr ii ss

pp oo rr JJOO SS ÉÉ PPEE DD RROO BBOO RRGG EE SS

IInnss tt ii tt uu ttoo PPoo rr tt uugguuêê ss ddee MMaa ll aa ccoo ll oogg ii aa

P

Page 15: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

Projectos em curso

ATLAS DOS BIVALVES DE ÁGUADOCE DE PORTUGAL CONTI-NENTAL

por JOAQUIM REIS

Os bivalves de água doce são umgrupo heterogéneo, pertencendo a duasordens distintas: Unionoida (exclusiva-mente em água doce) e Veneroida (queinclui espécies marinhas). À ordemUnionoida pertencem os chamados«mexilhões-de-rio» ou naiades cuja par-ticularidade consiste em possuírem umafase larvar obrigatoriamente parasita deum peixe. À ordem Veneroida fazemparte as famílias Sphaeriidae (depequeno tamanho, nativa no nossopaís), Corbiculidae (originária do con-tinente Asiático, introduzida emPortugal) e Dreissenidae (espécie inva-sora nos EUA e grande parte daEuropa ocidental).

O Instituto da Conservação daNatureza (ICN) iniciou em 2002, o pro-jecto «Atlas dos bivalves de água docede Portugal Continental», financiadopelo Programa Operacional deAmbiente (POA). O objectivo desteprojecto, com duração de três anos, é oinventário das espécies presentes no

território nacional, determinação dassuas distribuições, estudo preliminar dabiologia e ecologia e determinação doseu estado de conservação.

O último trabalho publicado sobresistemática e distribuição de bivalves deágua doce em Portugal data de 1941e é da autoria do Dr. AUGUSTO NOBRE.No presente estudo foram até aomomento prospectados duzentas equarenta e uma estações deamostragem distribuídas pelas baciashidrográficas do Algarve, Mira, Sado,Guadiana, Tejo, Lis, Mondego, Vouga,Douro, Ave, Cavado, Neiva, Lima eMinho.

Dos resultados mais relevantes jádisponíveis destaca-se a redescobertada espécie Margaritifera margaritifera (pre-sumivelmente extinta), e a constataçãoda presença das espécies Unio crassus eAnodonta anatina. É também evidente odeclínio generalizado de todas as espé-cies, com perda de populações conheci-das no inicio do século XX. Neste tra-balho foi feito também o ponto da si-tuação relativo à distribuição da espécieexótica Corbicula fluminea. Esta espécie,citada pela primeira vez no rio Tejo em1981 pelo investigador FrancêsMOUTHON, está actualmente presentenas bacias do Minho, Lima, Douro,Vouga, Mondego, Tejo, Sado eGuadiana, sendo nalguns casos muito

abundante. Este projecto tem comoobjectivo final a edição do Atlas dosbivalves de água doce de Portugal con-tinental no final de 2004, e conta com acolaboração de várias pessoas e enti-dades das quais se destacam os Parquese Reservas Naturais e o InstitutoPortuguês de Malacologia.

CICLOS DE VIDA E MECANIS-MOS DE DEFESA EM MOLUS-COS NUDIBRÂNQUIOS DORI-DÁCEOS: EXEMPLOS DEPLASTICIDADE ADAPTATIVA

por GONÇALO CALADO

Neste projecto pretende-se estudaros ciclos de vida de duas das espécies denudibrânquios doridáceos mais fre-quentes na costa portuguesa. São elasDoriopsilla areolata BERGH, 1880 eDoriopsilla pelseneeri OLIVEIRA, 1895.Pertencem à Superfamília PorostomataBERGH, 1892, e caracterizam-se por nãopossuírem rádula nem mandíbulas, asestruturas que normalmente têm afunção raspadora do alimento. Em vezdisso, possuem uma massa bucal tubu-lar flexível, a qual substitui a rádula nafunção alimentar através de um proces-so de sucção, alimentando-se exclusiva-mente de esponjas.

Numa segunda fase pretende-sealargar os estudos com Doriopsilla areola-ta BERGH, 1880 e Doriopsilla pelseneeriOLIVEIRA, 1895 às questões de regimealimentar. Após este estudo será possí-vel investigar de que forma estas espé-cies utilizam os metabolitos de defesaadquiridos das esponjas consumidas, jáestudados do ponto de vista químico, esaber se o condicionamento alimentarinfluencia o processo.

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 15

A Malacologia em Portugal

C OM esta rubrica é intenção desta nova Direcção dar a conhecer projec-tos de Malacologia em curso em Portugal ou com a participação dePortugueses. Desde já lançamos o repto a todos os que estejam envol-vidos em projectos de natureza malacológica de investigação, divul-

gação, promoção, etc., para usarem este espaço como meio de divulgarem e darema conhecer o que fazem. Por outro lado pretendemos igualmente divulgar traba-lhos científicos e não científicos, publicados recentemente, que possam ser de utili-dade a todos os interessados pelas temáticas da Malacologia.

Page 16: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

AQUACULTURA DE LESMAS--DO-MAR COM INTERESSEFARMACOLÓGICO

por GONÇALO CALADO

Este projecto pretende desenvolver oestudo dos processos de cultivo emlarga escala de algumas espécies demoluscos opistobrânquios (lesmas-do--mar), grupo com reconhecido inte-resse químico e farmacológico. Atéagora, as limitações à investigação denovas substâncias extraídas e opisto-brânquios prendem-se com o seureduzido tamanho, e a fraca abundânciade populações naturais. Os estudosefectuados restringem-se a espécies dedimensões consideráveis e muito abun-dantes. Este projecto pretende ultrapas-sar estas limitações, desenvolvendo atecnologia necessária ao cultivo intensi-vo deste animais. Deste modo, será pos-sível alargar a investigação a espéciesque devido ao seu reduzido tamanhoe/ou à sua escassez no meio naturalseria muito difícil conseguir quanti-dades de material suficiente, podendotais tentativas por em risco as popu-lações naturais.

SISTEMÁTICA, FILOGENIA EBIOGEOGRAFIA DA FAMÍLIABULLIDAE (MOLLUSCA: GAS-TROPODA: OPISTHOBRAN-CHIA)

por MANUEL ANTÓNIO E. MALAQUIAS

A família Bullidae pertence aos gas-trópodes opistobrânquios e inclui-se naordem Cephalaspidea. A distribuiçãogeográfica é predominantemente tropi-cal, com algumas espécies a habitaremtambém águas de climas temperados(incluindo Portugal). A maioria dasespécies vive em zonas pouco profun-das, estuários e lagoas costeiras.

A quase totalidade das espécies dafamília Bullidae, foram descritas exclu-sivamente com base em característicasdas conchas. No entanto, as conchasdentro desta família são extremamentesemelhantes tanto em forma como emcor, o que torna ambígua a separaçãodas diferentes espécies. Reconhece-seactualmente que a rádula e particular-

mente o sistema reprodutor permitemobter excelentes caracteres para a sepa-ração de espécies. Contudo, o númerode espécies da família Bullidae nas quaisestas características são conhecidas éextremamente baixo, o que se traduznuma enorme confusão relativamente àsua verdadeira identidade, encontran-do-se a taxonomia desta família longede estar definida e estabilizada.

Este projecto pretende pela primeiravez incorporar toda a informaçãodisponível e informação original obtidaa partir das conchas, da morfologia, daanatomia e de dados moleculares, numaanálise filogenética e biogeográfica dafamília Bullidae com três objectivosprincipais: 1) rever e clarificar a taxono-mia da família Bullidae a nível mundial,com base em dados morfológicos,anatómicos e moleculares de todas asespécies vivas; 2) obter uma hipótesefilogenética para a família Bullidae,através da utilização de metodologias decladística com base em parcimónia, re-sultante das análises morfológica e ana-tómica das espécies e da análise filo-genética das sequências do ADN, ecomo resultado da classificação filoge-nética obtida, rever a taxonomia ao ní-vel do género na família; e 3), com basena filogenia obtida, formular hipótesespara a evolução, radiação, adaptação ebiogeografia da família Bullidae.

Publicações recentes

ÁVILA, S. P. & MALAQUIAS, M. A. E.2003. Biogeographical relationships ofthe molluscan fauna of the Ormondeseamount (Gorringe bank, northeastAtlantic Ocean). Journal of MolluscanStudies, 69(2): 145-150.

BARROSO, C. M., MOREIRA, M. H. &GIBBs, P. E. 2000. Comparison of im-posex and intersex development in fourprosobranch species for TBT monito-ring of a southern European estuarinesystem (Ria de Aveiro, NW Portugal).Marine Ecology Progress Series, 201: 221-232.

CALADO, G. & V. URGORRI. 2001.Feeding habits of Calma glaucoides(Alder & Hancock, 1854): its adaptive

structures and behaviour. BollettinoMalacologico 37(5-8): 177-180.

CALADO, G. & V. URGORRI, 2002 Anew species of Calma Alder &Hancock, 1855 (Gastropoda: Nudi-branchia) with a review of the genus.Journal of Molluscan Studies 68: 311-317.

CARDOSO, P. G., LILLEBO, A. I.,PARDAL, M. A., FERREIRA, S. M. &MARQUES, J. C. 2002. The effect of dif-ferent primary producers on Hydrobiaulvae population dynamics: a case studyin a temperate intertidal estuary. Journalof Experimental Marine Biology and Eco-logy, 277: 173-195.

CHÍCHARO, L. M. Z. 2000. Estimationof life history parameters of Mytilus gal-loprovincialis (LAMARCK) larvae in a coas-tal lagoon (Ria Formosa - south of Por-tugal). Journal of Experimental MarineBiology and Ecology, 243: 81-94.

CHÍCHARO, L. M. Z. & CHÍCHARO, M.A. 2001. Effects of environmental con-ditions of planktonic abundances, ben-thic recruitment and growth rates ofthe bivalve Ruditapes decussatus in aPortuguese Coastal lagoon. FisheriesResearch, 53: 235-250.

CHÍCHARO, L. M. Z. & CHÍCHARO, M.A. 2001. A juvenile recruitment modelfor Ruditapes decussatus (L.) (Bivalvia:Mollusca). Fisheries Research, 53: 219-233.

GAVAGNIN, M., E. MOLLO, F. CAS-TELLUCIO, M. GHISELIN, G. CALADO &G. CIMINO. 2001. Can molluscs biosyn-thesize typical sponge metabolites? Thecase of the nudibranch Doriopsilla areola-ta. Tetrahedron 57: 8913-8916.

GAVAGNIN, M., E. MOLLO, G. CALADO,S. FAHEY, M. GHISELIN, J. ORTEA, & G.CIMINO. 2001. Chemical studies of poros-tome nudibranchs: comparative and eco-logical aspects. Chemoecology 11: 131-136.

MALAQUIAS, M. A. E. 2000. Additionsto the knowledge of the opisthobranchmolluscs of Selvagens Islands, NEAtlantic, Portugal. Arquipélago, Life andMarine Sciences, Supplement 2(A): 89-97.

16 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

Page 17: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

MALAQUIAS, M. A. E. & MORENITO,P. M. 2000. The opisthobranchs(Mollusca: Gastropoda) of the coastallagoon "Ria Formosa" in southernPortugal. Bolletino Malacologico, 36(5-8):117-124.

MALAQUIAS, M. A. E. 2001. Updatedand annotated checklist of the opistho-branch molluscs (excluding Theco-somata and Gymnosomata), from theAzores archipelago (North AtlanticOcean, Portugal). Iberus, 19(1): 37-48.

MALAQUIAS, M. A. E., CERVERA, J. L.ABREU, A. D. & LÓPEZ-GONZÁLEZ, P.2001. The Opisthobranch Molluscsfrom Porto Santo Island (MadeiraArchipelago, Northeastern Atlantic).Iberus, 19(1): 75-82.

MALAQUIAS, M. A. E., MARTÍNEZ, E.& ABREU, A. D. 2002. Cephalaspidea(Mollusca: Opisthobranchia) of theMadeira archipelago and SelvagensIslands. American Malacological Bulletin,17(1/2): 65-83.

MARTÍNEZ, E., MALAQUIAS, M. A. E.& CERVERA, L. 2002. Chelidonura africanaPruvto-Fol, 1953 (Mollusca, Gastro-poda): proposed designation of aneotype. Journal of Conchology, 37(4):349-353.

SANTOS, A., SILVA, C. M. DA, BOSKI,T., CACHÃO, M., FONSECA, L. C. &MOURA, D. 2001. The PaleontologicalHeritage of Ribeira de Cacela (Algarve,Portugal). Its Preservation in thePortuguese Context. Revista Española dePaleontología, Madrid, nº extr.: 99-103, 1fig.

SILVA, C. M. DA. 2000. Les Mollus-ques d'Abul A. Appendice V, in Mayet,F. & Tavares da Silva, C., Le Établisse-ment Phénicien d'Abul (Portugal), Diffu-sion E. de Boucard, Paris, pp. 293-303.

SILVA, C. M. DA. 2000. Foi você quepediu uma colecção de referência? Al-Madan, Almada, II sér., 9 (secção -Crónica de Paleontologia): 12-13.

SILVA, C. M. DA, LANDAU, B.M. &MARTINELL, J. M. 2000. The genus

Solariella (Mollusca: Archaeogastropo-da) from the Pliocene of Vale deFreixo, Portugal: Palaeobiogeographicand palaeoclimatic implications. Contri-butions to Tertiary and Quaternary Geology,Leiden, 37(3-4): 57-65, 4 fig.

Informações gerais

TENTACLE (MOLLUSCA CON-SERVAÇÃO)

O número 11 da publicação Tentacle(Editor Robert Cowie), a newsletter daComissão de Acompanhamento dogrupo Moluscos da IUCN (Inter-national Union for the Conservation ofNature) está agora disponível em for-mato PDF em http://www.hawaii.edu/ccrt/tentacle.html. Os números 9e 10 estão igualmente disponíveis nomesmo endereço.

VITA MALACOLOGICA

Vita Malacologica é um novo suple-mento da revista Basteria, a publicaçãocientífica da Dutch MalacologicalSociety e surge para colmatar algumadescontinuidade na publicação darevista Vita Marina. Esta nova revistaserá publicada em Inglês uma vez porano, sendo cada número dedicado a umtema. São aceites artigos até 64 páginaspodendo incluir pranchas a cores. Oprimeiro número já publicado é dedica-do ao grupo Stromboidea e inclui diver-sos artigos com magnificas pranchas acores.

Reuniões, Cursose Exposições

Troisième Congress Internationaldes Sociétés Europeennes de Mala-cologie, La Rochelle, França, 24 a 27de Julho de 2003.

O Congresso das Sociedades Euro-peias de Malacologia pretende substituir--se aos anteriores congressos europeusoganizados pela Unitas Malacologica e

aos congressos nacionais organizadospelas diferentes sociedades. Esta ter-ceira edição terá lugar em França e éorganizada sob os auspícios da Socie-dade Francesa de Malacologia com acolaboração da Sociedade Espanholade Malacologia, da Sociedade Italianade Malacologia e do Instituto Portuguêsde Malacologia.

Os temas centrais deste congressosao: 1) Os moluscos como bio-indi-cadores ecotoxicologia, biodiversidade,espécies introduzidas, paleo-ambientese moluscos e saúde; 2) os moluscoscomo recursos - pesca, aquacultura, far-macologia e ecofisiologia.

Informações adicionais podem serobtidas através do seguinte endereçoelectrónico www.univ-lr.fr /labo/lbem/sfm/sfm.htm.

II Colóquio Nacional de Mala-cologia, Lisboa, 16 e 17 de Maio.O Colóquio Nacional de Malacologiadecorrerá no Instituto Português deInvestigação das Pescas e do Mar(IPIMAR) em Algés e é organizado pelaOrdem dos Biólogos e pelo IPIMARcom a colaboração do IPM e do CentroPortuguês de Actividades Subaquáticas(CPAS). Este evento é actualmente omais importante acontecimento sobreMalacologia que se realiza em Portugal,tendo a sua primeira edição sido larga-mente concorrida com cerca de cento ecinquenta participantes.

2nd International Chiton Sympo-sium, Tsukuba, Japão, 24 a 27 deAgosto de 2003. Informação adicionalpode ser obtida em http://www.kobeyamate.ac.jp/users/yoshioba/chiton/contents.html

Slugs and Snails: Agricultural,Veterinary and EnvironmentalPerspectives, Canterbury ChristChurch University College, Kent, ReinoUnido, 8 a 9 de Setembro de 2003. Esteevento é organizado pelo British CropProtection Council e pela The Mala-cological Society of London e esta par-ticularmente relacionado com temassobre o controle de epidemias asso-ciadas às lesmas e aos caracóis, tantoem ambientes terrestres como de águadoce. Serão discutidos tópicos sobre

PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003 17

Page 18: Noticiário Malacológico P M - INSTITUTO PORTUGUÊS DE ... · refere à qualidade e quantidade da investigação realiza-da, como do ponto de vista associativo. Nos últimos tempos

18 PORTUGALA - n.o 1 - Maio 2003

economia, fisiologia, comportamento eecologia, controlo e gestão, helicicul-tura, conservação e biodiversidade.Informação adicional pode ser obtidaatravés dos seguintes endereços elec-trónicos: [email protected] e www.BCPC.org.

Molluscan Forum 2003, TheNatural History Museum, London, 6 deNovembro de 2003. Este evento anualé organizado pela The MalacologicalSociety of London e destina-se à apre-sentação de trabalhos de Malacologiapor parte de estudantes (licenciatura,mestrado ou doutoramento), cientistas

a fazerem o seu primeiro pós-doutora-mento e investigadores amadores.Pretende num ambiente informal juntarjovens investigadores, dando-lhes apossibilidade de apresentarem e discu-tirem o seu trabalho. Informação adi-cional pode ser obtida em www.sunder-land.ac.uk/MalacSoc

World Congress of Malacology,Perth, Austrália, 11 a 16 de Julho de2004 (15th Congresso Internacional daUnitas Malacologica e ConferênciaTrianual da Malacological Society ofAustralasia). Este congresso é o princi-pal evento mundial de Malacologia.

Realiza-se cada três anos e é organizadopela Unitas Malacologica e por uma oumais organizações locais da área ondese realiza o congresso. Simpósios pla-neados: Filogenia de moluscos; Aqua-cultura e pescas de moluscos; Ecologiade moluscos; Sessões especiais sobregrupos ou tópicos particulares. Paraalém das sessões científicas, está planea-do um programa social bastantepreenchido com excursões, cruzeiros emergulhos.

O congresso é organizado peloDr. Fred Wells do «Western AustráliaMuseum». Email: [email protected]

INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIAZoomarine - E. N. 125 km 65 - Guia - 8200-864 ALBUFEIRA - PORTUGALTel: 967 950 055 * Fax: 289 560 308 * E-mail: [email protected]

Proposta de Sócio / Membership Application

Nome completo / Name ___________________________________________________________

Data de nascimento / Born _____/___/____ Nº B.I. / Passport number ________________________

Morada / Address: ________________________________________________________________

Código Postal / Post code ___________________

Correio electrónico / E-mail ________________________ Telefone / Phone __________________

Habilitações / Title ______________________ Profissão / Occupation ________________________

Assinatura do proponente / Signature __________________________________________________

Quota 2003: Sócio efectivo: 20 Euros; Sócio aderente individual: 20 Euros; Sócio aderente colectivo: 50 Euros;Sócio estudante 10 Euros (neste caso juntar cópia de comprovativo da situação de estudante).

Subscription for 2003: Effective member: 20 Euros; Ordinary member: 20 Euros; Institutional member: 50 Euros;Student member: 10 Euros.

Formas de pagamento: Numerário; cheque ou vale postal em nome do Instituto Português de Malacologia.Methods of payment: Money or cheque payble to the Instituto Português de Malacologia.

Enviar para / Send to:

INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIAZoomarine E.N. 125, Km 65 - Guia8200-864 ALBUFEIRAPORTUGAL