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Capa UFPR www.ufpr.br | Ano 10 | Número 53 | Novembro de 2011 Notícias da Museu virtual abriga obras de arte Música como inclusão social Pesquisadores estudam comportamento no trânsito pág. 14 Da UFPR para Nonoai Aldeia recebe primeira aluna indígena formada em Odontologia pela universidade pág. 9 pág. 12 pág. 18

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Ano 10 | Novembro de 2011 | Número 53

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CapaUFPR

www.ufpr.br | Ano 10 | Número 53 | Novembro de 2011

Notícias da

Museu virtual abriga obras de arte

Música como inclusão social

Pesquisadores estudam comportamento

no trânsito pág. 14

Da UFPR para NonoaiAldeia recebe primeira aluna indígena formada

em Odontologia pela universidade pág. 9

pág. 12 pág. 18

2 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

Editorial

UFPR caminha centrada na qualidade do ensino, pesquisa e

extensão

Seguimos o segundo semestre de 2011na Universidade Federal do Paraná com-prometidos com o desenvolvimento, com a excelência acadêmica e com a expansão da nossa instituição com qualidade. Estamos a caminho dos 99 anos e já preparando as comemorações do centenário em 2012. A nossa universidade é uma verdadeira cidade que abriga mais de 40 mil pessoas entre técnicos, professores e alunos. Cada categoria com características próprias. E nós interagimos com todas dentro dos pa-râmetros da ética, da responsabilidade, do diálogo, da construção coletiva e da trans-parência. Esse é o tom da nossa gestão e assim vamos continuar.

O calendário acadêmico segue com força total. As aulas vão até o fim de dezembro e os exames finais serão realizados em janeiro. Os professores estão compensando os dias parados da forma mais adequada e responsável, sem prejuízo para os nossos alunos. Nosso compromisso não é apenas formar alunos, mas transformá-los em cidadãos comprometidos com valores dignos, com a construção de uma sociedade justa e fraterna e deixá-los preparados para o mundo do trabalho competitivo. Enquanto isso, a Administração Central cumpre a sua parte com a realização de obras nos campi, com a oferta de cada vez mais e melhores condições para um ensino de qualidade e com estrutura para que o trabalho de professores e técnico-administrativos possa se realizar com mais motivação e satisfação. São mais de 80 obras, que representam mais de 31mil m² de construção, em andamento na universidade. As obras da segunda etapa do campus Rebouças começaram no dia 17 de outubro. A estimativa é que o complexo B fique pronto em setembro de 2012. Enquanto isso, a terceira etapa do projeto, que possibilitará o funcionamento do campus, será concluída no final do mesmo ano.

Os desafios que encaramos são grandes. Por isso, contamos com a ajuda de todos os que compartilham o carinho e a dedicação com a nossa universidade. Já conta-mos com 66 programas de mestrado e 40 de doutorado. Para os mais de 50 mil inscri-tos no vestibular 2011/2012 são 111 ofertas de cursos de graduação. A UFPR é uma grande instituição pública centrada no ensino, pesquisa e extensão. E fazemos bem o nosso trabalho. Somos a 38ª universidade no ranking das 200 melhores da América Latina. Com a consciência dessa grandeza, seguimos em direção aos 99 anos que serão comemorados no dia 19 de dezembro. Nesta data, começamos a viver o nos-so centenário. Até lá, esperamos contar com a res-tauração da fachada do Prédio Histórico, na Santos Andrade. Símbolo da cidade e parte do coração da comunidade da UFPR.

Temos muitos motivos para comemorar e conta-mos com todos nesta celebração.

Um grande abraçoZaki Akel Sobrinho

Dos 99 rumo aos 100

O jornal Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da

Universidade Federal do Paraná.

Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 Fones: 41 3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087

E-mail: [email protected]

Reitor Zaki Akel Sobrinho Vice-Reitor Rogério Mulinari

Pró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Krüger

Pró-Reitora de Extensão e CulturaElenice Mara de Matos Novak

Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born

Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko

Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças

Lúcia Regina Assumpção Montanhini Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Sérgio ScheerPró-Reitora de Assuntos Estudantis

Rita de Cássia LopesChefe de Gabinete

Ana Lúcia Jansen de Mello Santana

Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável

Ana Paula Moraes- Reg. Prof.: 18844 - SPEdição geral

Lais Murakami e Félix CalderaroEditores

Simone Meirelles (Ensino, C&T), Ana Paula Moraes (Gestão) e

Sônia Loyola (Cultura e Extensão)

Projeto Gráfico e Diagramação Juliana Karpinski e Bernardo Staut

Foto da Capa Rodrigo Juste Duarte

RevisãoEdison Saldanha

Impressão Imprensa UFPR

Tiragem 10 mil exemplares

Nota da redaçãoO jornal Notícias da UFPR apresenta novidades nesta edição: um projeto gráfico mais dinâmico

e novas colunas. A coluna de “Dicas” apresenta o conhecimento dos professores da instituição apli-cados na vida de cada um. A cada edição, serão abordadas diferentes áreas do conhecimento. Se você quiser contribuir com a coluna ou dar sugestões de temas, envie um e-mail para [email protected], escrevendo “notícias da ufpr – dicas” no assunto. Para encerrar, as imagens ganharam destaque no jornal, com a página “Fatos e imagens”.

Editorial opinião

A Constituição de 1988 estabeleceu as competências dos diversos entes federados com os diferentes níveis de ensino. Na edu-cação básica o MEC tem o dinheiro, gover-nadores e prefeitos a obrigação. Ao que pa-rece, buscou-se solucionar o problema com um teórico regime de colaboração, que até hoje não foi implementado.

Esta ordem jurídica permitiu que cada prefeito, cada governador, cada ministro, com raras e honrosas exceções, tivesse a própria política de educação, não raro, ig-norando solenemente a de seu antecessor. Um eterno recomeço, causa maior do nosso atraso na área.

Do Império à República, todas as pro-postas de construção de um Plano Nacional de Educação não tiveram êxito. Uma espe-rança surgiu após a aprovação da LDB/1996, que resultou na aprovação pelo Congresso Nacional do PNE (2001-2010).

O plano era uma boa radiografia para a educação do futuro, eram 295 metas que acabaram sendo uma frustração. Hoje te-mos a discussão de um novo plano, PL 8.035/2010, mais simplificado, mas não me-nos abrangente, que teve origem na Confe-rência Nacional de Educação (Conae).

Diante da ausência de Política de Esta-do para a Educação, as consequências não

poderiam ser diferentes, isto é, o desenvol-vimento de uma visão de Educação frag-mentada, que priorizava um nível de ensi-no em detrimento aos demais. Na esteira desta história é preciso registrar o quanto nossos profissionais da Educação, em todos os níveis, foram afetados, desvalorizados, reprimidos, gerando em todo este exército de nobres atores uma desmotivação geral. Hoje é praticamente impossível motivar nossos jovens a escolher a carreira docente.

A desconsideração do contexto histórico e da realidade brasileira leva a diagnósticos simplórios, e prejudica a avaliação da educação. No caso das instituições federais de ensino superior, este vício induz erroneamente à conclusão de falta de qualidade, má gestão e alto custo. Felizmente hoje estes discursos estão restritos às mesmas concepções neoliberais, envergonhadas, porém vivas.

No Brasil, pela sua construção histórica, as Universidades Federais têm mais de uma missão: produção de conhecimento, forma-ção de recursos humanos qualificados, de professores para o ensino superior privado e educação básica, além de estabelecer re-ferências de qualidade para o sistema e, não menos importante, a assistência à saúde para milhões de brasileiros.

Nesses últimos anos, cumprindo uma missão a mais, as Universidades Federais, em um vigoroso processo de crescimento, estão duplicando o número de vagas. Por isso, investimentos importantes estão sen-do aportados, bem como a contratação de pessoal para garantir a expansão e a inclu-são com qualidade. Entretanto, sabemos

Rumo aos 100 anos

que este esforço é insuficiente para atender a demanda.

Nosso país ocupa o décimo terceiro lu-gar na produção de artigos científicos. No entanto o mapa referente à pós-graduação, à pesquisa e à distribuição de pesquisado-res, a exemplo dos indicadores econômicos e sociais, demonstra assimetrias regionais perversas, que precisam ser superadas.

Para dar conta das demandas da so-ciedade por mais vagas, e ainda produzir novos conhecimentos e ciência aplicada com responsabilidade social, é necessária a contratação de docentes e técnicos, com-promisso assumido pelo governo federal com as Universidades. Estes são projetos de crescimento com equidade, que exigem investimentos perenes. Receita pouco ori-ginal, esquecida por décadas e retomada nos últimos anos. Certamente o Congresso Nacional e a sociedade brasileira estão em sintonia com esses objetivos.

Neste contexto histórico, com poucos anos de criação, cientes dessas e de outras missões, é que as Universidades Federais nasceram, resistiram e agora se tornam instrumento do Estado para formulação e implementação de políticas públicas. Ao contrário do que afirmam seus detratores, quase sempre personagens que não as co-nhecem, as universidades federais fazem parte da solução e não dos problemas na-cionais.

*Reitor da UFOP, doutor em Matemática Aplicada e presidente da Andifes. Gustavo Balduino- engenheiro mecânico, advogado e Secretário Executivo da Andi-fes.

Universidade Federal: patrimônio do povo

JOÃO LUIZ MARTINS* & GUSTAVO BALDUINO

Comemoração dos 99 anos da UFPRData: 19 de dezembro (segunda-feira)

Hora: 19 horas

Local: Praça Santos Andrade, nas escadarias do Prédio Histórico da UFPR

4 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

Tudo o que tem química faz mal à saúde?

Comemorações do Ano Interna-

cional da Química aproximam

jovens das ciências e tentam

mostrar como a química está pre-

sente nas atividades do dia a dia

muito mais do que pensamos.

Na produção de alimentos, em embala-gens plásticas, na reciclagem, no tratamen-to da água, nos aparelhos tecnológicos, nos carros, na produção de vacinas e medica-mentos, ou mesmo nos laboratórios. A quí-mica está presente em todas as atividades realizadas pelo homem. E é para ressaltar a importância que ela desempenha para a manutenção da vida que 2011 foi procla-mado o Ano Internacional da Química (AIQ) na 63ª sessão da Assembleia Geral da Orga-nização das Nações Unidas (ONU).

A meta é promover, em âmbito mundial, o conhecimento e a educação da Química e fazer uma reflexão sobre o papel dela na criação de um mundo sustentável. “Quando se fala em química, as pessoas têm a ideia de problemas, de poluição, de alimentos com agrotóxicos, de contaminação. Com as comemorações, queremos resgatar a cono-

tação de essência da vida, mostrando, por exemplo, que sem química não teríamos toda a tecnologia que temos hoje”, explica a professora do Departamento de Química da UFPR e representante da Regional Para-ná da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) Sueli Maria Drechsel.

O professor do Departamento de Quí-mica da UFPR e representante da Regional Paraná da SBQ Marco Tadeu Grassi explica que no Brasil, o setor químico é responsá-vel por mais de 3% do PIB e que, por isso, é importante realizar ações que motivem alunos e governantes para o aumento das pesquisas na área. “A base do trabalho de engenheiros, médicos e outros profissio-nais vem das ciências básicas. Se elas não forem consolidadas, o país fica atrasado nos desenvolvimentos de novas tecnologias”, explica Marco.

AçõesDurante o AIQ serão realizadas diversas

ações para aproximar a química dos estu-dantes e da população em geral. No Brasil, a SBQ programou um conjunto de ações que congregarão a comunidade de químicos brasileiros e contribuirão ativamente com o Programa Nacional de Ciência e Tecnolo-gia, além de apresentar ideias destinadas à melhoria da educação e da pesquisa em Química no país.

Segundo os representantes da Regional Paraná da SBQ, as atividades de comemo-ração já estão sendo desenvolvidas desde

novembro do ano passado através de pré--eventos. Ainda estão previstos uma exposi-ção relacionada às diversas áreas da química que percorrerá todo o país, o lançamento de livros voltados para a química no cotidiano, e, aqui na Região Sul, a reunião anual que deverá aproximar mais de quatro mil pesqui-sadores, além de outras atividades.

NA UFPRO Departamento de Química da UFPR

desenvolverá diversas ações durante todo o ano para celebrar o AIQ. O primeiro evento foi a pré-atividade com a disciplina, “Tópicos Especiais em Química I - Patentes, Marcas e Propriedade Intelectual e Prospecção Tecno-lógica”, ministrada em fevereiro a 55 alunos de graduação e pós-graduação, pela profes-sora Cristina M. Quintela, da Universidade Federal da Bahia.

Dando início às atividades da celebra-ção, no dia 5 de maio foi ministrada a pa-lestra “Química Forense: Conceitos e Apli-cações”, proferida pelo perito criminal da Polícia Federal Adriano Otávio Maldaner. O Evento foi o primeiro de uma série de pales-tras que serão promovidas ao longo do ano, com convidados que atuam em diferentes áreas da Química.

Além das palestras, foi previsto para agos-to um workshop durante a semana acadê-mica de química que trouxe profissionais de destaque para abordar temas que estão pre-sentes no dia a dia dos alunos, como a quími-ca no ambiente e na energia nuclear.

ano intErnacional da Química

JULIANA [email protected]

5 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

Tudo o que tem química faz mal à saúde?

CiêNCiA itiNeRANte: QUímiCA PARA sUsteNtAbilidAde

Com o objetivo de reduzir a imagem negativa da química entre os estudantes

da educação básica e ensino médio, profes-sores e estudantes de iniciação científica e pós-graduação da UFPR desenvolvem no

Departamento de Química o projeto “Ciência Itinerante: Química para Sustentabilidade”.

O projeto é uma atividade de extensão do grupo Pet Química, financiado pelo

CNPq e, apesar de fazer parte das comemo-rações do AIQ, terá duração de dois anos.

Ao todo, são 20 pesquisadores e 40 alunos que se dividem para apresentar os resulta-dos das pesquisas nas escolas. “Tentamos, através das pesquisas, divulgar o curso de

Química e despertar o interesse dos alunos, mostrando que a ciência é responsável por desenvolver importantes projetos que hoje

nos dão conforto.” explica a coordenadora Orliney Maciel Guimarães, professora do

Departamento de Química.A atividade concentra diversas áreas de

pesquisas, como biodiesel, química ambien-tal, aditivos de protetores solares, extração

de princípios ativos de plantas contra o câncer, além de pesquisas sobre aranha-

-marrom, caramujo e Aedes aegypti. “Desen-volvemos uma ação que auxilia os alunos a

conhecerem mais sobre ciências, química e biologia. Eles podem conferir como se aplica no cotidiano o conteúdo que eles

recebem em sala de aula”, comenta OrlineyO Ciência Itinerante tem programado

aproximadamente três visitas por semana às escolas de Curitiba e região metropolita-

na. Os colégios interessados em participar das apresentações podem fazer contato

através do telefone (41) 3361-3391 ou pelo e-mail [email protected].

5 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

6 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

ALINe GONÇ[email protected]

SuStEntabilidadE

Espaços educativose

Edificações devem estar

em consonância com os

seus objetivos

Ao circular pelo campus Litoral da Uni-versidade Federal do Paraná nos meses de março a maio, as pessoas se depararam com estruturas circulares, construídas com bambu e tecidos que deram um ar colori-do ao local e despertaram a curiosidade de todos. A iniciativa foi de estudantes do curso de Agroecologia, que participaram do movimento Aldeia da Paz. A Aldeia surgiu em 2003, no Fórum Social Mundial, realiza-do em Porto Alegre (RS), com o objetivo de proporcionar aos participantes uma vivên-cia comunitária, baseada em práticas como a agroecologia, solidariedade, sustentabili-dade, bioconstruções, ecopedagogia, cozi-nha natural viva e banheiro compostável.

A primeira edição do evento no Paraná foi realizada em Pontal do Paraná em fe-vereiro de 2011. Após o encerramento do encontro, algumas estruturas circulares fo-ram montadas e expostas na UFPR Litoral. Segundo a estudante Renata Lays, que par-ticipa do movimento, a intenção é criar es-paços que proporcionem a integração entre a ciência, a arte e a espiritualidade. “Por isso as estruturas têm forma circular, são colori-das e inspiradas em técnicas milenares”, ex-plica Renata.

Essa não é uma iniciativa isolada. Em todo o mundo, muitas pessoas buscam res-gatar o contato com a natureza e diminuir o impacto que causam ao ambiente. No caso

das construções, o repensar passa pela con-cepção do projeto, pelo tamanho e formato das edificações e pela a escolha e forma de utilização dos materiais e estrutura. Inseri-das nas discussões sobre a sustentabilida-de, formas diferentes de pensar as edifica-ções são cada vez mais foco de trabalhos debates, estudos acadêmicos, eventos e notícias. Segundo Andréa Maximo Espíno-la, arquiteta e professora do setor Litoral, é preciso avaliar principalmente o sistema construtivo e a lógica de projeto. “É mais viável pensarmos em um projeto que seja sustentável em relação à ventilação, ilumi-nação e reutilização da água, do que tentar usar materiais que ainda são pouco acessí-veis”, afirma Andréa.

No Setor Litoral foi formada uma co-

missão para avaliar e planejar os espaços físicos. Essa comissão tem como proposta fazer com que as estruturas físicas estejam em consonância com os seus objetivos educacionais, seguindo o Projeto Político Pedagógico do Litoral, que visa o desenvol-vimento sustentável. Até então, o campus Litoral conta com edificações que foram construídas de forma convencional. Os dois prédios didáticos, por exemplo, contam com corredores e salas de aulas em formato retangular e as janelas são pouco apropria-das para o clima mais quente e úmido da

região.Mas, com a constante expansão no nú-

mero de turmas e a chegada de mais pro-fessores e técnicos adminsitrativos, faz-se necessário a construção de novas estrutu-ras. E elas estão sendo planejadas de ma-neira diferenciada. Segundo a arquiteta Lilian Gonçalves Franco, servidora técnico--administrativa do setor, está sendo estu-dado um projeto que atenda as demandas atuais e futuras por estruturas, como um restaurante universitário próprio, mais salas de aula e gabinetes de professores. “Para desenvolver o projeto, primeiramente, ins-pirados na bioconstrução, pensamos em trabalhar com a ideia da circunferência, que proporciona a melhor relação entre a área construída e a quantidade de materiais. Mas como a execução de um edifício circular eleva o custo da obra, optamos pelo octó-gono, uma figura geométrica semelhante à circunferência, com um custo de execução acessível e melhor aproveitamento do es-paço”, explica Lilian. O projeto ainda prevê a utilização de vidro em maiores extensões, o que proporciona a intervisibilidade entre áreas internas e externas e o aproveitamen-to da iluminação e ventilação natural. “O novo conceito no layout das salas de aula octogonais aumenta a área livre e o espaço do quadro, auxiliando nas questões de er-gonomia”, conclui Lilian.

7 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

bUsCAR A sUsteNtAbilidAde é bUsCAR o eQUilíbRio

Buscar a sustentabilidade é buscar o equilíbrioSegundo Aloísio Schimit, professor do curso

de arquitetura da UFPR, muitas alterações são causadas por uma obra e por isso elas devem ser cuidadosamente estudadas para que se consiga diminuir o impacto ambiental e aumentar o con-forto proporcionado. “Há diferentes impactos e muitas alterações, que podem ser separados por etapas: na construção da residência e, depois de pronta, no seu uso. Mas podemos dividir, tam-bém, por alcance. Existem alterações no terreno e no seu entorno imediato: nos regimes naturais de insolação e iluminação, vento, fluxos de água, materiais e nutrientes; ruído; impacto sobre a vida existente no terreno; poluição química, tér-mica, biológica, visual, sonora, eletromagnética. Mas também existem efeitos de impacto sobre a região, outras regiões, e o globo inteiro”, explica Aloísio.

Para avaliar esses impactos e desenvolver alternativas mais sustentáveis, o Laboratório do Ambiente Construído, utilizado pelo curso de ar-quitetura e urbanismo e pelo Programa de Pós--Graduação em Construção Civil da UFPR, desen-volve uma série de pesquisas:

Fachada dupla ventilada.

Renovador de ar silencioso.

Efeito dos materiais naturais utiliza-dos nos interiores.

Software para a simulação do de-sempenho térmico de edificações (Master).

Avaliação da energia incorporada das edificações.

Regionalização do telhado verde.

Aquecimento solar de água.

Sistema de ventilação com efeito de refrigeração natural, mediante a abertura de canais subterrâneos.

8 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

Campus Rebouças vai abrigar Educação, Turismo e Psicologia

Sem espaço para crescer, os cursos deixam o prédio da Reitoria

Os cursos de Turismo e Psicologia, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, e o Setor de Educação devem ser os primeiros a ocupar os novos espaços que estão sendo construídos no Edifício Tei xeira Soares, no campus Rebouças, antiga sede da RFFSA ao lado do Shopping Estação. As obras do anexo A estão em andamento há cinco meses e devem terminar no final do ano.

A licitação do anexo B já está aberta. Es tão previstos R$17,6 milhões de recursos para esta fase. Três pavimentos já existentes serão reformados e mais seis serão construídos em cima dos pavimentos originais, somando nove pavimentos. A obra iniciou em agosto e terá duração de 12 meses.

A terceira parte será o restauro do Edifício Teixeira Soares, cuja licitação deve ocorrer até o mês de agosto. Terminada esta fase, o cam pus poderá receber novas atividades e os cur sos de Turismo, Piscologia e Pedagogia.

CoNdições PARA mUdARA decisão de mudar para o novo espaço

coube aos próprios setores de Educação e de Ciências Humanas. Na Educação, a decisão foi tomada pela plenária setorial. Em junho de 2010, em assembleia com participação de mais de 200 pessoas foi aprovada a criação de uma comissão de técnicos, professores e alunos para elaborar um projeto e definir as demandas do setor. Este projeto deveria pre-ver não apenas as necessidades atuais, mas também os projetos de crescimento.

A análise partiu da perspectiva de que qualquer crescimento no Edifício Dom Pedro I, na Reitoria, seria muito difícil. “Para ter um banheiro com acessibilidade aqui levou dois anos”, conta a atual diretora do setor Andréa Caldas, que na época da discussão era chefe do Departamento de Planejamento e Admi-nistração Escolar (Deplae).

A Educação hoje tem 800 alunos de gra-duação presencial, 500 na modalidade de educação a distância e 330 alunos de pós-graduação, seja especialização, mestrado ou doutorado. Além disso, com a ampliação das licenciaturas, a pedagogia se expande também. Por isso, o crescimento em outros setores implica, necessariamente, o cresci-mento da Educação. “Estamos expandindo a pós e a extensão e ter dois auditórios muito importante para a gente”, conta Andréa, que também almeja ter um bom laboratório de ensino-aprendizagem.

No novo prédio, estes projetos de expan-são são viáveis. Por isso, a comissão de técni-cos, alunos e professores continua acompa-nhando o projeto. A meta é transferir todas as atividades letivas para a nova sede em 2013.

TURismo e PsiCologiA Da área de Humanas, o Turismo será um

dos primeiros cursos a ir para o novo campus. Como a região do Rebouças tem vários ho-téis, restaurantes e um shopping o apelo era evidente. O chefe do Departamento de Turis-mo Miguel Bahl divergia desta lógica. “Não era um critério totalmente adequado. Havia algo de cima para baixo, mas chegamos à conclusão de que no Dom Pedro II não havia como expandir”, afirma.

O Turismo sabe muito bem o que é pre-cariedade de espaço físico. Até 2000, dividiu com a Comunicação o espaço do segundo andar do Prédio Histórico. “Era muito precário para todos”, opina o professor. Segundo ele, seria muito perigoso. Nos anos 1990, houve três incêndios no prédio, um deles na Agên-cia de Turismo (Agetur).

Hoje, pela primeira vez, o Turismo tem espaço, mas sem perspectivas de expansão. Há problemas de ensalamento e, com o mes-trado, a situação pode piorar . “Es tou dando aulas na sala de reunião”, conta. Apesar do planejamento não ter sido feito, o ganho do curso deve ser grande no novo es paço. Com a Psicologia, a Pedagogia e o Turis mo, o campus terá um bom fluxo de alunos.

O convite para mudar foi feito pelo reitor. “No início não gostamos da ideia, mas de pois, ponderando bem, aceitamos o convite, finaliza Miguel.

novo campuS

MáRIO MeSSAGI Jú[email protected]

9 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

tEnilE

No norte do Rio Grande do Sul, primeira aluna indígena formada na UFPR, em Odontologia, atende comunidade com mais de três mil índios

Nonoai é uma cidade de 12,5 mil habitantes no extremo norte do Rio Grande do Sul, a 40 quilômetros de Chapecó (SC). É lá que a primeira aluna indígena formada pela UFPR, Tenile Mendes, 23 anos, presta atendimento odontológico as cinco aldeias da etnia caingangue que formam a região denominada Terra Indígena de Nonoai.

O território da reserva com cerca de 40 mil hectares, ao todo se espalha por quatro municípios (Nonoai, Rio dos Índios, Gramado dos Loureiros e Planalto) e abriga cerca de 3,5 mil indígenas.

Tenile, que colou grau em dezembro do ano passado, iniciou o atendimento nas aldeias no dia 03 de janeiro deste ano. Escolhida pela própria comunidade indígena, passou a integrar uma equipe que também conta com médicos, enfermeiros, auxiliares e agentes de saúde, que diariamente vai à aldeia-sede da Terra Indígena, pelo Programa Saúde da Família, com a finalidade de prestar atendimento médico e odontológico aos indígenas que ali residem.

SANDOVAL [email protected]

Formada pela UFPR,

índia caingangue atende pacientes em Nonoai

10 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

A rotina de atendimento começa geralmente por volta das 10 horas da manhã. Isso porque os índios caingangues não costumam sair de casa antes desse horário. Para eles, as primeiras horas da manhã devem ser dedicadas à família, um momento para comer e conversar ao redor do fogo. Tenile realiza entre seis ou sete atendimentos por dia. O problema odontológico mais frequente entre os indígenas verificado por ela é o dentulismo, ou seja, a falta completa de dentes, que exige a colocação de próteses dentárias totais. “Eles não têm uma cultura de cuidar da higiene bucal, de ir ao dentista. Só procuram atendimento quando a dor está terrível. Esse é um trabalho que a gente está fazendo agora nas escolas, com as crianças e também com as gestantes”, explica.

De acordo com o professor Márcio Vergueira, que dá aulas na escola da aldeia de Vista Alegre para 28 alunos (dois turnos de 14), o trabalho com as crianças já vem dando resultado. “Os alunos comentam, perguntam se o colega já escovou os dentes. Eles mesmos acabam cobrando um do outro”, diz. “O fato da Tenile ser índia também ajuda. Eu já tinha pedido para o outro dentista fazer um trabalho com as crianças, mas ele não vinha”, lembra.

Segundo o professor, Tenile também é um incentivo para que as crianças caingangues prossigam nos estudos. “A gente não imaginava que um índio poderia ser dentista, médico...”

Márcio é professor capacitado pelo programa Pró-Índio e atualmente cursa Pedagogia por meio do ensino a distância.

O pai de Márcio, Paulo Vergueiro, que é consultor de saúde da comunidade, também incentiva as crianças a estudarem. “Preferiria que na equipe da Tenile fossem todos índios. Se o índio tem capacidade, por que colocar um branco no lugar?”, questiona.

“eU deCidi seR íNdiA”Tenile Mendes nasceu em uma terra

indígena próxima a de Nonoai, em Chapecó (a 120 quilômetros de Nonoai e a 90 do próprio município catarinense), filha de pai caingangue e mãe italiana, o que explica seus traços quase brancos. Mas foi criada em uma aldeia indígena. Isso porque, na cultura caingangue, o homem índio pode levar a mulher branca para viver em sua aldeia. O contrário não é permitido. É o

11 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

que hoje acontece com Tenile que, por ter se casado com um homem branco, vive na cidade de Nonoai.

Ela foi aprovada no processo seletivo da UFPR em 2006, através do Vestibular dos Povos Indígenas, e ficou com uma das cinco vagas disponíveis. Tenile conta que alguns de seus colegas índios, aprovados na mesma época, ainda não conseguiram se formar. “Alguns têm bastante dificuldades com as matérias básicas, a educação nas aldeias não é muito boa”, explica.

Por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos programas de bolsa-permanência da Universidade, ela recebia recursos para material, moradia, alimentação e outros gastos.

Mesmo com os traços herdados da mãe italiana, Tenile diz que enfrentou dificuldades na convivência com os colegas acadêmicos. “Só o fato do pessoal saber que eu vinha de uma aldeia já era motivo para o preconceito de alguns.”

Desde o primeiro momento, segundo ela, seu objetivo era terminar o curso e retornar às origens, prestar atendimento em uma aldeia indígena. “Como sou filha de índio com branca, chegou uma época em que precisei decidir se era branca ou era índia. Decidi ser índia”. Prova disso é que, mesmo durante o curso, Tenile participou de programas de extensão em antropologia em comunidades guaranis de Guaraqueçaba e Sambaqui.

Apesar disso, Tenile diz que a tendência de voltar às aldeias não é a da maioria dos jovens índios que saem para estudar. “A cidade grande tem shoppings, cinemas, uma vida mais badalada. Para muitos é uma tentação. É uma pena, porque o não-índio pode não perceber o descaso com a educação e a saúde indígena, mas o índio tinha que ter essa consciência.”

O cacique da Terra Indígena de Nonoai, José Nascimento, de 60 anos, concorda com Tenile. “Atualmente temos muitos caingangues fazendo faculdade. Espero que todos eles voltem para ajudar suas aldeias”, diz. O cacique tem nove filhos, duas delas cursando graduação e pós-graduação. A mais velha faz mestrado em línguas, no Rio de Janeiro, onde trabalha na tradução de livros do português para o caingangue, além de tentar normatizar a língua indígena, buscando formas para escrever palavras só conhecidas oralmente; a outra

estuda fisioterapia em uma faculdade de Chapecó. “Quero que as duas voltem, até exijo isso”, afirma o cacique.

Ferrenho defensor de sua cultura, José Nascimento não vê mais como resguardá-la completamente em sua região. “É importante ir em busca do conhecimento, mesmo com os não-índios. Porque no sul, já não temos mais como seguir cem por cento nosso costume. Tem muito branco em volta. Como posso, por exemplo, entrar dentro de um ônibus cheio de penas, sem roupa?, pergunta. “Melhor estudo, saúde, são conquistas dos próprios caingangues. Já sofremos o que a gente tinha que sofrer. Foram 500 anos de massacre”, desabafa.

O cacique conclui: “Posso ser tudo o que você é, sem deixar de ser quem eu sou”, filosofa.

diFiCUldAdesMesmo com os programas do governo

federal Pró-Saúde Indígena, Tenile enfrenta dificuldades técnicas em seus atendimentos. Até dois meses atrás, por exemplo, o motor que fazia funcionar seu consultório frequentemente “engasgava”. “Às vezes com o paciente anestesiado ele parava de funcionar. E não voltava nem com reza brava,” comenta.

Mobilizando entidades como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e empresas privadas, Tenile conseguiu recursos para adquirir equipamentos para um novo consultório. O antigo, depois de reformado, foi removido a uma aldeia vizinha para facilitar o acesso da população.

Mesmo com os empecilhos para o atendimento, Tenile faz sucesso na aldeia principalmente entre as crianças. Como conta Sônia Mara Sipriano, 14 anos, que já consultou duas vezes com a mais nova dentista da Terra Indígena de Nonoai. “Eu estava com dor de dente. Ele tava inflamado. Daí ela me deu remédio. Ela é uma boa dentista, sabe obturar bem o dente” .“Com o outro dentista doía. E ela é boazinha, conversa com a gente”, aprova a menina.

A UFPRTV fez uma cobertura sobre a formatura da estudante indígena. Confira a reportagem no site www.ufprtv.wordpress.com/2011/08/19/scientia-1%C2%BA-aluna-indigena-formada-na-ufpr/.

Fotos: Rodrigo Juste Duarte

12 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

cultura

Música Todas as terças e quartas a rotina da

menina Renata Anes, de 14 anos, é a mesma. Depois de assistir às aulas, ela almoça e viaja durante uma hora no ônibus do transporte coletivo de Curitiba com destino ao Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, no centro da capital paranaense. Renata é uma das 50 crianças que participam do projeto gratuito “Música para Todos”, da UFPR, que é administrado por sua fundação de apoio, a Funpar, e patrocinado pelo Banco Itaú.

“Sempre foi meu sonho estudar música”, alegra-se Renata. Vaidosa, ela se apresenta cuidadosamente maquiada para os ensaios no Teatro Experimental da UFPR. A turma prepara uma apresentação para o fim do semestre. “Dá um pouco de vergonha no

Projeto de musicalização infantil ensina, estimula habilidades e abre portas para futuros artistas

JACKSON GOMeS Jú[email protected]

para

todos

13 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

começo, mas depois que o espetáculo começa, esqueço da timidez”, orgulha-se a menina durante uma pausa dos trabalhos, que são retomados quando a jovem retorna à última fileira do coral, por ser a mais alta do grupo.

À primeira nota, percebe-se que o timbre vocal da turma varia do infantil ao juvenil, resultado da idade dos cantores. Os mais novos têm 7 anos e os mais velhos 14. Em comum o fato de que todos pertencem a classes sociais menos favorecidas economicamente.

“Ao abrir suas portas, a universidade

afasta esses meninos e meninas do convívio com a violência, além de estimular a auto-estima deles”, afirma a coordenadora de cultura da UFPR, Lucia Mion. O trabalho tem a duração de dois anos, período no qual os participantes assistem aulas de teoria musical, canto coral e aprendem a tocar um instrumento, que pode ser violino, violão, flauta doce, percussão ou piano.

O método tem esta divisão para estimular, gradualmente, habilidades musicais básicas. No primeiro ano, os trabalhos são coletivos, com a realização de atividades de coral, estudo de teoria – com a formação de grupos por idade – e aulas dos cinco instrumentos do curso. No segundo ano, os alunos fazem a opção por um dos instrumentos e começam a ter aulas práticas individuais. Além de continuar com o estudo do conteúdo teórico e do canto.

O repertório das músicas é definido pelo professor de cada módulo. “A preocupação maior é com relação à adequação da letra”, diz a coordenadora artística, Doriane Rossi. “Fazemos com que eles pensem na mensagem que o texto transmite, isso faz parte da educação musical”, completa.

Ciente da importância da iniciativa, Rossi exalta a qualidade artística dos integrantes do projeto. “Existem pessoas que são naturalmente musicais, mas todo ser humano tem talento para a música, o que muda é o estímulo que se recebe.”

Uma dessas jovens vocações é Renata, que teve sua vida alterada pelo incentivo da arte. A mãe da menina, Fabiane Valmore, conta que a filha pretende seguir carreira artística e que a adolescente já faz planos dos cursos que pretende participar. Esperançosa, ela vê no projeto Música para Todos uma oportunidade de crescimento para a jovem, “o conhecimento musical e a experiência que a Renata tem adquirido aqui serão essenciais para a vida dela”, conclui.

14 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

pESQuiSa

Pesquisas mostram que 90% dos acidentes de trânsito são resultado de fatores humanos, ou seja, problemas de comportamento e saúde.

Diante disso, parece muito claro que é preciso estudar esses fatores , mas até hoje, a Universidade Federal do Paraná possui a única linha de pesquisa de mestrado em “Psicologia do trânsito: avaliação e prevenção” no Brasil, ligada à Pós-Graduação em Psicologia. Sob coordenação da professora Alessandra Bianchi, que também conduz o grupo de pesquisas em Trânsito e Transporte Sustentável, a linha de pesquisa formou em abril seus dois primeiros mestres.

O entendimento de Alessandra e dos demais pesquisadores é que os trabalhos desenvolvidos na universidade podem contribuir para que as autoridades de trânsito dirijam suas campanhas educativas

SIMONe [email protected]

Pesquisas em

Psicologia no Trânsitobuscam entender o comportamento de condutores, pedestres e ciclistas

para as motivações e comportamentos tanto dos pedestres quanto dos condutores.

mestResA professora destaca a importância

de formar pesquisadores que possam analisar as causas das condutas inadequadas no trânsito e como impedir que isso aconteça. “Essas pesquisas não podem ficar restritas à universidade, pretendemos divulgar na comunidade científica e levar aos órgãos que podem fazer algo para ajudar na solução dos problemas”, destaca. Nesse sentido, os resultados da dissertação de Renata Torquato já foram apresentados ao Detran do Paraná. Em sua dissertação,

15 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

ela analisou a percepção de riscos e comportamentos equivocados de pedestres, que levam com que pessoas de determinados perfis - homens e jovens, por exemplo - se exponham mais a riscos. “Saber quem está mais exposto para focalizar ações de prevenção é fundamental, uma vez que as estatísticas mostram, em média, que 30% das mortes no trânsito no Brasil são decorrentes de atropelamentos”, diz Alessandra.

O segundo mestre formado é Cláudio Márcio Antunes Franco, que estudou as motivações e impedimentos para o uso da bicicleta como transporte por universitários. A falta de segurança no trânsito foi apontada como principal fator

para recusa a esse veículo. Atualmente, oito pesquisadores estão em formação na linha Psicologia no Trânsito, no mestrado em Psicologia. Há ainda várias pesquisas em desenvolvimento no grupo de estudos e também em graduação. Uma dissertação da recém-formada Leila Lins Cardoso acaba de ser concluída e deverá ser publicada na revista científica internacional. Aborda os estilos parentais, identificando de que forma o comportamento dos pais influencia o relacionamento dos filhos no trânsito. A conclusão é de que quando o filho percebe um cuidado e preocupação maior dos pais em relação a si, apresentará também um comportamento mais cuidadoso e cometerá menos infrações.

PeRCePçõesOutra investigação está avaliando

a percepção de risco para uso de álcool e condução de veículos. Uma terceira estuda o locus de controle, ou seja, se as pessoas percebem os acidentes de trânsito como fruto de seu comportamento (locus interno) ou como resultado da ação de terceiros (locus externo). Um outro pesquisador estuda como as crianças estão entendendo a obrigatoriedade do uso da cadeirinha e se isso se refletirá em outros entendimentos sobre regras de trânsito, a exemplo do uso do cinto de segurança. São trabalhos cujos resultados deverão vir a público nos próximos anos.

16 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

aSSuntoS acadêmicoS

Em busca da

excelência acadêmica

17 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

Lista das 200 melhores universidades da América Latina posiciona UFPR em 38º lugar

Construções, reformas, aquisições de equipamentos e investimentos sistemáticos nos três pilares que sustentam o ensino superior brasileiro: o ensino, a pesquisa e a extensão. Mas afinal, qual o caminho para se tornar uma referência internacional e figurar entre as melhores do globo? A resposta para esta pergunta pode estar nas próprias ações da Universidade Federal do Paraná. Nos últimos 14 anos cresceu o número de cursos e professores. De 1997 a 2010 a instituição subiu de 51 para 104 as áreas ofertadas para ingresso no vestibular – só nos últimos cinco anos um aumento de 53%.

A organização internacional QS (Quacquarelli Symonds) World University Rankings, com sede no Reino Unido, divulgou em outubro um ranking das 200 melhores universidades da América Latina. Conforme a lista, a UFPR aparece na 14ª posição entre as universidades brasileiras e na 38ª entre as latino-americanas. Nos critérios do ranking estão a titulação dos professores, a produção científica, a reputação acadêmica e o número de citações na internet. Das 200 universidades listadas, 65 são do Brasil, seguido pelo México, de 35 instituições, Argentina, 25 e Chile, 25. Ao todo, instituições de treze países constam na lista.

FÉLIX [email protected]

semiNáRio iNteRNACioNAlEm outubro, a universidade deu

mais um passo em busca da excelência acadêmica com a realização do seminário internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Foram três dias de várias palestras no evento que reuniu no teatro da Reitoria grandes nomes da educação superior mundial e representantes do setor produtivo paranaense.

O projeto é desenvolvido em 15 países e, no Brasil, o Paraná é o único estado participante. O objetivo principal é discutir processos concretos de interação entre universidades e seus usuários, uma forma de contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico no Paraná. Esta ação faz parte do processo de construção do Sistema Regional de Inovação, que permitirá o aumento da produtividade e competitividade regional. O reitor Zaki Akel Sobrinho discursou na abertura do evento da OCDE e afirmou que o setor produtivo e as agências de fomento já perceberam o potencial de contribuição tecnológica das instituições de ensino superior paranaenses. O reitor lembrou ainda que um projeto da Universidade Federal do Paraná ajuda, por exemplo, a reciclar 95% das embalagens de agrotóxico utilizadas no estado, e que uma rede interuniversitária, a Ridesa, é responsável por pesquisas de melhoramento genético que afetam a maior parte da produção de cana no Paraná. “Fazer pesquisas é trazer soluções aos problemas da sociedade”, afirmou o reitor.

O maior nome a palestrar no evento foi do coordenador da área de ensino superior do banco mundial, Jamil Salmi.

Ele apresentou exemplos de universidades renomadas e consideradas as melhores do mundo, e apresentou formas de se tornar uma referência mundial. Ele criticou o que considera uma burocracia do sistema administrativo público, pois considera que não há liberdade quanto às regras para contratações, gestão de recursos humanos, financiamentos, etc. “Vamos comparar com o time do Barcelona, que é um vencedor. Vocês acham que seria a mesma coisa se os salários fossem tabelados, as contratações burocratizadas e se o técnico do time fosse o ministro dos Esportes espanhol?”, indagou o professor. Ainda na sua palestra Jamil Salmi elogiou o sistema de cotas sociais adotado pelas universidades públicas brasileiras. “Os Estados Unidos fizeram, a Índia fez, vários países já passaram por isso e os resultados foram muito importantes. Eu tive a oportunidade de conhecer a Universidade de Campinas (Unicamp) e vi que a experiência foi ótima: os alunos oriundos de escolas públicas têm os mesmos resultados dos demais”, afirmou o professor. Ele elogiou a iniciativa da UFPR e do reitor Zaki Akel de buscar soluções para integrar a universidade com as indústrias regionais através da transferência de tecnologia. Salmi acredita que a UFPR está no caminho certo, mas acredita que leva-se tempo para criar uma cultura de excelência acadêmica, e finalizou a palestra com um questionamento: “Sabem como se faz para engolir um elefante? Uma mordida de cada vez”. Desta forma, nos próximos estudos, espera-se uma melhora na posição da instituição nos rankings das melhores universidades. Mais do que caminhar para o topo, a Universidade Federal do Paraná quer alcançar a excelência acadêmica.

18 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel, Abdias, Habacuc, Amós e Naum. Os” Doze Profetas”.

Obra do artista plástico Antônio Francisco Lisboa, os personagens, em tamanho normal, parecem estar em movimento no alto da Igreja Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais. Mas não somente lá, ao vivo, que os gestos destes profetas bíblicos se coordenam. Agora, as obras podem ser apre-ciadas em três dimensões no Museu Virtua criado pelo grupo Imago - Grupo de Pesquisa em Visão Computacional, Computação Gráfica e Processamento de Imagens, que integra o Departamento de Informática da UFPR, funda-do pela professora Olga R. P. Bellon, em 1996.

A religiosidade que caracterizou os sécu-los XVIII e XIX pode ser revivida, em grande parte, nas cidades históricas do Estado de Minas Gerais. A população dessas locali-dades, turistas e estudiosos de História e Arte podem conferir a riqueza da cultura destes períodos históricos através da ex-tensa obra deixada por um dos maiores expoentes das Artes Plásticas, imortalizado por sua obra de traços expressionistas.

Segundo relatos de historiadores, An-tônio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho” foi o primeiro artista que utilizou a pedra sabão na escultura e explorou, com maestria, to-das as possibilidades que esta modalidade

SôNIA [email protected]

Cientistas da UFPR preservam obras de arte

em Museu Virtual

muSEu virtual

19 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

artística lhe oferecia. Com cerca de 40 anos de idade, foi vitimado por uma doença degenerativa que comprometeu severa-mente seus movimentos, principalmente a destreza de suas mãos. Com a ajuda de fer-ramentas rudimentares, o escultor iniciou então uma outra história, dando a sua vida o rumo da superação. História que pode ser admirada e conferida nas inúmeras escul-turas espalhadas por museus e igrejas, con-centradas, na maior parte, nas cidades de Ouro Preto e Congonhas do Campo, Minas Gerais.

o mUseUEmbora sem registros oficiais, acredita-

se que o Antônio Francisco Lisboa nasceu na antiga Vila Rica, atualmente Ouro Preto, no dia 29 de agosto de 1730. Morreu pobre, em 18 de novembro de 1814. Mas, ainda hoje, dois séculos depois do seu nascimen-to, o legado deste prodígio pode ser visto e conhecido com facilidade pelos quatro can-tos do mundo. Basta acessar o Museu Virtual criado pelo grupo Imago, coordenado pe-los professores Luciano Silva e Olga Bellon. “A princípio foi um grande desafio, produzir um hardware de baixo custo para participar, representando a UFPR, de um consórcio que previa o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital para implantação no País. Assim, em 2004, foi desenvolvido o conteúdo digital do Museu Virtual, com o objetivo de possibilitar a preservação de obras de arte”, contou a professora Olga.

Após a aquisição de um sensor a laser, o grupo trabalhou com a Fundacão Cultural de Curitiba no escaneamento de algumas

obras do Museu Metropolitano de Arte (MUMA). “Na continuidade, trabalhamos com o Museu de Arqueologia e Etnolo-gia de Paranaguá (MAE) na montagem de peças indígenas. E, a partir dessas incursões, chegamos ao “Aleijadinho” a convite do In-stituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da UNESCO. O próximo passo foi viajar para Congonhas do Campo e desenvolver as imagens tridimensionais dos profetas, estudo que nos conferiu o selo da UNESCO para caminharmos com o projeto”, contou a coordenadora.

iNClUsão“A tecnologia em 3D viabilizou a preser-

vação dessas e de outras obras do artista, patrimônio que permeia toda a realidade atual. A construção dos modelos tridimen-sionais também torna possível a inclusão social através da Arte pela internet. É a utilização da informática para realizar algo concreto e relacionado com as demais áreas do conhecimento, a ferramenta viabiliza ai-nda a preservação digital da cultura para as futuras gerações”, refletiu a professora Olga. Integram o grupo Imago 12 pesquisadores, entre mestrandos, doutorandos e partici-pantes da iniciação científica em Informáti-ca. Cada um dos membros da equipe trab-alha em uma das etapas do projeto.

Os projetos do Imago possuem fi-nanciamentos das principais agên-cias de fomento nacionais como a Financiadora de Estudos e Pro-jetos (FINEP), o CNPq, a CAPES, locais como a Fundação Ar-aucária do Estado do Paraná,

Fundo de Desenvolvimento Acadêmico da UFPR, além de organizações como a UNES-CO e o IPHAN. Ainda entre os parceiros estão a Fundação Cultura de Curitiba, as univer-sidades de Brasília (UnB), a Federal de Minas Gerais (UFMG), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e a Taxonline - Rede Pa-ranaense de Coleções Biológicas.

obRAsNo Museu Virtual estão preservadas di-

versas obras do “Aleijadinho”: os profetas do Santuário Bom Jesus de Matosinhos - Joel e o busto do profeta Habacuc, ainda artefatos indígenas - cortesias do MAE, es-cultura do artista Carybé, peças do Museu de História Natural da UFPR e outras. O pro-jeto do museu 3D também está relacionado com diversas áreas de pesquisa da ciência da computação: processamento de ima-gens, visão computacional, computação gráfica, inteligência artificial, banco de da-dos, sistemas operacionais, redes e outros. A visualização ocorre de forma interativa, permite que o usuário rotacione, aproxime, afaste e movimente os modelos em tempo real. Para o acesso, o endereço é www.ima-go.ufpr.br/Museu/pt_modelos.html

Cientistas da UFPR preservam obras de arte

em Museu Virtual

20 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

As transformações dos últimos 14 anos

Cresce o número de cursos e professores. A instituição quer ainda reduzir a evasão e contratar técnicos administrativos

O aumento do número de cursos de gra-duação, mestrado e doutorado é um dos grandes avanços dos últimos 14 anos na UFPR. De 1997 a 2010, a instituição subiu de 51 para 104 as áreas ofertadas para ingresso no vestibular e só nos últimos cinco anos o crescimento foi de 53%. Na pós-graduação, a oferta de cursos de mestrado passou de três para 59 e os de doutorado, de 19 para 38. Num levantamento dos últimos oito anos, a instituição passou de 161 para 372 grupos de pesquisa que envolvem atualmente 2.194 pesquisadores, o que representa um aumen to de mais de 50%.

Esses dados estão no relatório enviado para o Tribunal de Contas da União, Contro-ladoria Geral da União e Ministério da Educa ção pela Pró-Reitoria de Planejamento, Orça-mento e

Finanças, através da coordenação de Planejamento Institucional, liderada pelo professor Paulo de Tarso Chaves. Na área físi-ca a instituição passou de 248 mil m² de área construída em 1997 para 332 mil m² no ano passado. As áreas de laboratório cresceram em nove mil metros nesse período. Em 1997, a UFPR ofertava 51 cursos. Hoje são 104, mais que o dobro. Quanto aos alunos matriculados nos cursos de graduação a evolução foi um pouco mais de sete mil em 14 anos, passando de 14.644 para 21.424.

PReoCUPAção Com A evAsãoO relatório da Proplan também é um

indicativo do que precisa ser melhorado, como o combate a evasão escolar. De acordo com os dados da última década, praticamente a metade dos estudantes que ingressam na UFPR fica no meio do caminho. A pró-reitora de Graduação, professora Maria Amélia Sabbag Zainko, questiona a pesquisa e diz que o índice de desistência tem sido menor, em torno dos 10%, abaixo da média nacional de 17%. Para a pró-reitora os números do abandono na graduação da UFPR são

razoáveis, mas é necessário trabalhar para reduzir a quase zero.

O número de professores contratados por concurso público aumentou de 1.655 para 2.142, a maioria com doutorado. Já entre os técnicos administrativos o número é o mesmo. Em 1997, eram 3.490 servidores e 2010 fechou com 3.489. “Isso mostra que as vagas geradas por aposentadorias não estão sendo repostas”, destaca Paulo de Tarso.

QUANto CUstA CAdA estUdANte No ano passado cada aluno de gradua-

ção custou R$13.249,00 aos cofres públicos, contra R$ 11.700,00 de 2009. São benefícios diretos para os estudantes como os progra mas de moradia estudantil, auxílio transporte e os 13 tipos de bolsas, incluindo monitoria, extensão e permanência.

ACeRvo dAs biblioteCAs O relatório aponta também o acervo do

Sistema de Bibliotecas, que conta com 351 mil títulos de livros e 517 mil exemplares, além de 15.600 periódicos.

Para o coordenador de Avaliação Institu-cional, além de reduzir o índice de desistên-cia, “precisamos fazer um esforço para con-solidar os programas de pós-graduação

para melhorar o conceito no MEC e readequar o quadro dos

servidores.

MARIA De LURDeS W. [email protected]

rElatório

21 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

Fernando Marinho Mezzadri, vice-diretor do Setor de Ciências Biológicas

e coordenador do projeto “O esporte brasileiro frente ao projeto Rio - 2016: expectativas e realidades (2012-2018)”, comenta sobre o início do trabalho, sobre os resultados do primeiro encontro – realizado na semana de 11 a 15 de abril de 2011 – e sobre os objetivos e importância da pesquisa.

Notícias da UFPR – Como surgiu a proposta para a realização do projeto e no que ele se constitui?

Fernando Marinho Mezzadri – A ideia do megaevento esportivo vem a partir de uma proposta inicial de fazer um estudo comparativo entre as Olimpíadas de Londres – 2012 e as Olimpíadas do Rio – 2016. A partir dessa primeira ideia, proposta pelo professor Wanderley Marchi Júnior, que é também um dos coordenadores deste projeto, nós avançamos o estudo na possibilidade de fazer uma pesquisa mais ampla sobre o impacto das Olimpíadas para o esporte brasileiro.

Notícias – O projeto é uma iniciativa da UFPR, mas tem o apoio do Ministério do Esporte. Como ocorre essa relação?

Mezzadri – No primeiro momento houve o aporte financeiro do Ministério do Esporte para nós realizarmos essa reunião aqui em Curitiba. O Ministério tem todo o interesse no desenvolvimento da pesquisa e aportou um determinado recurso para iniciarmos o projeto. Nós ainda vamos dialogar, apresentar o projeto ao Ministério a fim de que venhamos a ter recurso para o desenvolvimento da pesquisa, pois é considerada uma pesquisa de longo prazo, com proposta de que se inicie no final de 2011 e termine em 2018. Isso porque, se nós pensarmos em legado esportivo, ele acontece depois das Olimpíadas. Mas nós estamos elaborando um cronograma para que venhamos a começar agora e terminar em 2018.

Notícias – Quais são os principais objetivos deste projeto e como está a construção?

Mezzadri – A primeira reunião foi

ANA CLAúDIA [email protected]

Projeto da UFPR reúne professores

nacionais e internacionais para avaliar o

legado esportivo das Olimpíadas Rio-2016

EntrEviSta: FErnando marinho mEzzadri

22 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

no sentido de pensar o projeto, reunir e apresentar a equipe. Ainda estamos na fase de sistematização, mas nós vamos dar sequência até o final de junho para finalizar o projeto. Nós elencamos oito grandes objetivos para o desenvolvimento deste projeto. O primeiro é conhecer a proposta da candidatura do Rio - 2016. O segundo é conhecer os projetos que surgem a partir da candidatura. O terceiro, conhecer as ações que estão sendo executadas. O quarto é como estão sendo executadas essas ações – e se realmente estão sendo executadas. O quinto objetivo é conhecer a expectativa da população: Nós queremos entender também qual é essa expectativa. O sexto é conhecer a percepção da população com os jogos olímpicos. Isso pensando no Brasil inteiro, não só no Rio de Janeiro. O sétimo é saber qual o impacto da mídia sobre os jogos olímpicos. E o oitavo é efetivamente conhecer os legados, para 2017, 2018 ou mais para frente, dependendo dos recursos que nós venhamos a ter.

Notícias – O que já foi possível ver do projeto na reunião?

Mezzadri – A reunião foi muito boa, no sentido de que pudemos ter uma visão um pouco melhor do quadro esportivo brasileiro. Nenhum grupo do Brasil tem um estudo ou grupo de pesquisa um pouco mais consistente sobre o sistema nacional de esporte. O primeiro quadro/ ação foi estruturar e apresentar o nosso sistema nacional de esporte, que estamos construindo junto com a nossa proposta. O segundo foi conhecermos a realidade. Tanto é que nós fomos a vários locais esportivos, eventos sociais de inclusão social esportivo e educativo, além de práticas esportivas de alto rendimento. Nós fomos conhecer algumas realidades esportivas para a partir desta compreensão, podermos pensar na construção.

É importante falar que a visão não é local, ela é nacional. Por isso, neste momento as parcerias com outras universidades são fundamentais, pois sabemos que sozinhos não temos pernas para alcançar o Brasil inteiro. Temos que estabelecer parcerias nacionais e internacionais. Enfim, compreendemos nossas limitações, mas nossos parceiros têm domínios de outras áreas e isso está sendo fundamental. Terceiro, que esse conjunto de professores está construindo projetos em conjunto. É fantástico, todos os professores que vieram de fora comentaram isso.

Notícias – Como vocês pretendem trabalhar com a análise do legado esportivo e como avaliá-lo em todo o país?

Mezzadri – Vamos estudar como os

projetos estão sendo implementados e se estão. Porque uma coisa é a perspectiva do que está no papel, planejado. Vai ser um dos trabalhos mais difíceis, porque nós queremos ver todas as regiões do país. Embora as Olimpíadas sejam no Rio de Janeiro – e há uma preocupação muito grande com o legado econômico, turístico, impacto disso nas relações do Rio de Janeiro, é uma Olimpíada brasileira, quiçá latino-americana. Este é o impacto que queremos ver sobre o esporte em todas as regiões do país. Porque há muitos projetos, tanto pelo setor público quanto pelas iniciativas privadas, falando da inclusão social, de esporte educacional, e a gente quer saber se efetivamente estes projetos estão sendo executados. Nós queremos sim conhecer a realidade, mas com algo mais sistemático, organizado enquanto uma pesquisa efetiva.

Notícias – Qual a importância para a UFPR e para o Estado do Paraná por estar representando o país neste projeto de âmbito internacional?

Mezzadri – Para a Universidade é muito importante ser reconhecida nacionalmente. Nós já temos muitas ações no Ministério do Esporte, temos recebido apoio há alguns anos para o desenvolvimento de pesquisa. E esse reconhecimento que o Ministério nos dá hoje é também resultado do que nós desenvolvemos e retornamos ao ministério e à sociedade brasileira. Ser uma referência nacional e internacional para nós é projetar a Universidade e é cumprir com um dos papéis fundamentais dela, no ensino, pesquisa e extensão. Estamos auxiliando para que ela cumpra o seu papel, que é da internacionalização, do reconhecimento nacional e do reconhecimento do estado. E, principalmente para nós, é colocar o esporte como um dos elementos de uma nova cultura social, um novo hábito social, para uma nova ordem societária. É isso que nós queremos com a pesquisa, com o esporte: auxiliar por meio dele, junto com outras questões que nós achamos que são fundamentais, como educação, saúde e segurança.

Já para o Paraná, que não vai sediar as Olimpíadas, mas está se programando para sediar uma equipe de treinamento, eu acho que nós temos um papel fundamental. Se nós temos um corpo de professores aqui no Paraná e aqui na Universidade que estudam isso, e é um dos poucos que realizam pesquisa nessa área, nós temos sim que retornar para o Estado do Paraná. Eu acho que isso, a gente vai gradativamente fazendo também, esse processo no interior do estado.

DicasComo fazer o Planejamento

Financeiro Pessoal?

Para fazer o planejamento nós reunimos informações sobre a realidade. Em seguida identificamos o que nos ajuda nessa realidade: pontos fortes. E o que nos atrapalha: pontos fracos.

Planejamento Financeiro Pessoal é a explicitação das formas como vamos viabilizar os recursos necessários para atingir nossos objetivos.

A compreensão da nossa realidade financeira, a identificação das necessidades da nossa família, a priorização dessas necessidades por um lado e a quantificação dos recursos disponíveis para satisfazê-las por outro lado (salário, aluguéis, pensões e ajudas de custo, rendimentos financeiros) facilitam a elaboração do nosso planejamento financeiro pessoal.

Uma vez estabelecidos os objetivos de curto, médio e longo prazo; é necessário fazer o diagnóstico da situação atual: fontes de renda, características familiares que levam ao aumento ou diminuição dos rendimentos e as que determinam o perfil de despesas e a capacidade de poupança.

Essas são linhas gerais que vão se consubstanciar em um orçamento: Registro sistemático das entradas e saídas de recursos da pessoa e/ou da família.

Lembre-se sempre: o seu planejamento financeiro não foge aos princípios financeiros de todo planejamento:

• Ganhar mais do que gastar; • Guardar para infortúnios; • Não assumir despesas que não

cabem no orçamento;• Calcular gastos acessórios com

novas aquisições;• Evitar gastos supérfluos;• Se permitir luxos eventuais;• Financiar seus sonhos.Para mais informações, assista o

Programa Trocando em Miúdos, na UFPRTV e leia o livro: Finanças Pessoais: conhecer para enriquecer!, de Ana Paula Mussi Szabo Cherobin e Marcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo (editora Atlas).

AnA PAulA Mussi szAbo CherobiM, professora do Departamento de Administração Geral e Aplicada (Daga).

23 Novembro de 2011 |Notícias da UFPR

pErFil: mauro lacErda SantoS Filho

O vozeirão firme pode até dar medo e aparentar autoritarismo. Os pareceres no Conselho Universitário, escritos com verve de poeta parnasiano, mostram rigor pela palavra e convicção de ideias. Por trás dessa aparência sisuda está um profissional conceituado, um homem de grande coração, bem-humorado, brincalhão e que gosta de carnaval. Professor da UFPR há mais de 30 anos, Mauro Lacerda Santos Filho poderia estar acomodado, mas participa ativamente da vida da universidade e ainda se emociona quando vê o retorno dado pelos alunos.

Professor colaborador desde 1979 e oficialmente, através de concurso, no quadro da UFPR desde 1º de fevereiro de 1980, Lacerda, do Departamento de Construção Civil, se diz um engenheiro civil que dá aulas. “Nunca deixei de fazer projetos, estudar, sou apaixonado pela engenharia civil, ficar no canteiro”, conta Lacerda. Para ele, a realização profissional se dá através da criação de obras de impacto social e com a participação dos alunos da graduação. Tamanha dedicação rendeu um projeto de extensão que supervisionará as 12 obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) relacionadas à Copa do Mundo de Futebol de 2014, em Curitiba. “Vamos jogar a gurizada nos canteiros, será o olho da sociedade sobre o que é investido nessas obras”, explica.

Esse “anarquista coerente”, como ele mesmo se considera, sempre manteve

conformidade com suas ideias e com o que acha das instituições – por mais que em alguns momentos admita que estivesse errado. “Afinal, idealismo e filosofia não fazem mal a ninguém”, acredita. A convicção nas ideias e o espírito empreendedor fizeram com que Lacerda participasse de todas as instâncias dos conselhos superiores da UFPR – foi representante do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), participou do Conselho de Planejamento e Administração (Coplad) por 12 anos e atualmente é membro do Conselho de Curadores.

Dionei José da Silva, secretário de Órgãos Colegiados que acompanhou toda a trajetória de Lacerda no Conselho Universitário, lembra que o professor sempre foi um entusiasta com relação ao trabalho na universidade e nos conselhos. “É uma pessoa que tem uma visão de universidade bastante ligada à sociedade, sempre participativo, com pontos de vista claros, mas sempre aberto a outras argumentações”, conta Silva. As intervenções de Lacerda como conselheiro sempre foram bastante peculiares. “Dentro do decoro das reuniões, da liturgia, como ele mesmo diz, marcou e continua marcando pelas atitudes e brincadeiras inteligentes, mas sempre profundos sobre assuntos sérios”, completa Silva.

Lacerda esteve na direção do Setor de Tecnologia por 12 anos – quatro como vice e oito como diretor. Ao assumir a direção, dizia

LAIS [email protected]

que sua bandeira seria de “uma festa por semana”. Não cumpriu sua palavra. Algumas semanas tiveram mais que uma festa – mas sempre com disciplina – como ele gosta de frisar, pois não entende a falta de disciplina. Lindaura Rodrigues de Souza da Silva, secretária do setor, fala do antigo chefe com admiração e carinho: “ele fez bastante diferença no setor, é ótimo, mil, bastante humano. Ele sempre deu abertura para todos e mesmo depois da chefia continua amigo.” Rodiney de Souza, secretário geral do setor que trabalhou com Lacerda de 1998 a 2010, lembra que o diretor dava certas liberdades, como chamá-lo de “amigo véio”. Entre tantos adjetivos, Souza define o amigo como “uma pessoa simples, dinâmica, idealista, sempre disponível a ajudar o próximo, solidário, batalhador, criativo, determinado, envolvido no trabalho e em busca de um ambiente de trabalho sempre acolhedor. E um Paranista sonhador”.

Com mais de 30 anos de casa, Lacerda vê a chegada do centenário da UFPR de forma bastante otimista. “Houve mudanças positivas. A universidade mudou porque as pessoas melhoraram, evoluíram com a tecnologia. E a UFPR evoluiu sem perder o romantismo e o laço com o passado”, reflete. Para concluir a conversa, o professor Lacerda deixa uma lição de vida: “sou feliz porque faço o que gosto, em um lugar que amo e com pessoas que permitem que eu me desenvolva.”

Amor pela profissão, idealismo e bom humor

24 Notícias da UFPR | Novembro de 2011

FatoS E imagEnS

O Dia do Servidor Público foi

comemorado com palestras,

oficinas, workshops e atividades

culturais durante a 16ª Semana do

Servidor.

UFPR, Teatro Guaíra, Secretaria Estadual de Cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Associação Comercial do Paraná, Museu Gui-do Viaro, Caixa Econômica e Sesc assinam protocolo de intenções para desenvolver atividades conjuntas na área cultural.

Movimento Pró-UFPR mobiliza

sociedade paranaense.

Técnicos administrativos da UFPR, IFPR, UTFPR e de instituições de

ensino do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato

Grosso debateram questões de trabalho e motivação durante o 3°

Sitae.

Lançamento da CRIE, publicação sobre educação para o desenvol-

vimento sustentável no Paraná. A revista é fruto de esforços entre

UFPR, UTFPR, PUC-PR e Sistema Fiep/Sesi/Senai e apresenta, com

respaldo acadêmico e linguagem acessível, ações efetivas na solu-

ção de problemas socioambientais.

Maior evento externo da instituição, a nona edição da UFPR:

Feira de Cursos e Profissões recebeu 55 mil visitantes.

Maior evento interno da UFPR, a Siepe - Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPR apresentou 1732 trabalhos científicos desenvolvidos por alunos da instituição.

Ray Garbelotti

Rodrigo Juste Duarte

Rodrigo Juste Duarte

Leonardo Bettinelli

Leonardo Bettinelli

Leonardo Bettinelli

Leonardo Bettinelli