noticia -...

12
GAZETA LITTERARIA DO PORTO 79 NOTI C IA Do• prime iros t;a loplns el cUoracs c- 01 1•01·uu ;a 1 tricios e amigos e parentes. Armnram-so de valor e espi- rit o; e, sem que os aterrassem cspadns cio regulos, roncari:is de gnmclcs, con')('rvarnm e dcfondcram a maior parte cios seus mosteiros. E fic·amos vcnc·edores '. Em Por- tugal ficou de o quo era » . III Prosegue malsinando n co.-ardia dos frade, da Be1- Hodcar:un :111nos pam os monges do :Ui- ra qne se deixaram dcshnli-:t1", :\ <-xlrPmidade 1le so nho. tornar aquclla cspacio,a e rica pro,·incia um s:ifaro de.;er- Os gcrnes e prda1los do ,·enciam as to. no pas,o que a elo :\linho exuber1l\'a dl' riqueza e braços. clci çOos, excluindo da go»ern:u1ç:\ os filhos de Arnfüna e Depois, inclin:rnclo ao intento, qm• era propuloar cios con- Braga. •entos cio norte as prolasias do fora$tciro!I, bradou: No trienuio do 17i 1, rebentou a rcprem do Yelbo « Pois senhores, tudo isto que ,·cmos eshl hoje cm odio. poder ele estraubos ! Aquellcs mesmo!> que, na sua terra, N'aquollo tempo o galopim immerito ela ordem era deixaram perder o que era seu, estão n:1 nossa patria go- um frade bracharenso chnmaclo fr. João de Guadclupe ,·ernando 0 que é nosso. :o;uccode-nos o que chornrnm os procnrnclor gornl <ht Oongr1•gaçào. . Romanos <iuando os Gracchos se intr0Juú 1 ·:1111 c111 Ho1na , Com este monge dis1•ol11\':1-sc :\ fama precomsanclo-o Adulittirmn ao senado nquelles cst1·1111geiros; e, ha"cndo ornclor primnz da ordem 1•gu:1lmente no pulpito que nas e ll es perdido os sous clom inios, q uer iam j:i so"onhorcs elo assomblcM cloitornos . imporiv, qnc tanto snnguo tinhn custado aos ele Os dcscontontos ostril;avam esperanças de ganhar ª flomnlo. A tempo cmondarnm rslo erro os padres cons- eloirào dos seus prelados min hotos na eloq ue ncia de fr . criptos, expulsando do governo uns homens quo, por fo- J Accedendo o generoso orador, aos rogos, acceitou ª rasteiros, eram os maiores inimigos da ropuhlic:u>. commnndancia dos gnlopin s logrados por outros mais la- Hecamando de persuasivos nrgumontos a historia de dinos nos suff rngios :rnteriores. lloma, ajustados :i eleição do geral, n alocução, Chegado o dia 2 ci o i\laio, e congregado o consisto- em bre,·cs linhas expliC"n o orador :t 1ot1n 1·,·nngclica rnil ·a: rio, fr. Joiio do GundC'lupe lornntou-se na sessão dos Ye- «Não ignoracs, padres cloutissimos, qtt<' estabelecida a re- ncrandos palres capitulares, e tirou do peito, impundo de forma foi sem pro eu1 pai ri cios nossos, filhos saneia colem, umas YOzes que reboni·am nas abobedas do do :\linho, esta republica e o seu goYemo. Os primeiros eapitnlo e claustros. geracs er:un ele Braga. 0< do Villa do Conde. u X:io sci-cxordiou o monge-n:io !'Ci, paclres gra,·is- Os terceiros Je Basto, Guimar:1cs o Arrifaaa. Q, quartos a minha lingua lerá aquella cfficacia, bastante outra \'Cz de Draga. Aqui ,e introduziu um du Li.boa, e a expor a infi·liciclade a quo csüi reduzida a nossa repu- notai que com baila e polrnra •e quiz Jc,· :111tar com o cs- hlica ! sei ><' ai< minhas ,·ozcs, até agora mudas á tado. Temerosos porém do perigo da sua republica, des- ,·iolc1H"i:1 cio s..- ntimcnto, •<' far:1o Sl'll'i 1 ·eis á , ·o,;sa clelibe- baratamo'l-o. 0< 1 p1i11to.< 'il•ra111 outra 1·cz d' Arrifana; o nl<'ão. Xüo 'ºi ,e as pnl:n ras poderão persuadir os ultimo$, até :\ entrada 1J"c>,u•' f111·a•te iro' hoje clomi- a do "º"º nuiuu> á nossa e ,·ossa liberdade. foram rodo• cl:t tio'<a IH'o1· incia . Em q11;1uto, poi$, _\...,mais ,.;,.n cloq11l'tWia é a .<111c >-<' concilia com a at- a gonm1o11 pelo• l1•giti1110• lwrdciros, tenção. Pouco importa que se purifique a lingua, que re- florcciam 0 go,·crno, a rdigi;io o nó'! (' os no>sos. Os 110- lnmbem .-ozt·,, <' q1w uma sent•·nç-a cada palavra, 1 ·i(' i:tdos tinht1m grammaticos, os ('horistados eanton· . -, i.c in1lispostos os animos dPsalt!'udcr!'m as expressões ... eoll cgios ootudante.;, as aula< 11Jl'slr1•s l' :1-< 1·atlcirns l>ar- E' nccc."ario, q11c YOS dispacs do n",s mesmos reles. H(\jo 111 udou-sc :1 """"ª; pol'<JIH' 1•stra11gl'iros cn - 0 de qualquer p:11·I iculnr i11trn·c'"o : só a;sim me oui· ireis chem os 110 ,·id;11lo•, corist:1cl1>s 1• c·oll1·gi:1s . \s gra111111a- clcsnpaixor1aclo< >' tic:;,; com quo entram são ficla lg uias; os ('antos q11 c so J •: n trn o or111lo r hisloriando a origem da ordem be- entoam são do pavão, e '" l1•trns IJlll' 1«• l'stucl:un s:io a$ nccl ict irrn: a sua impot:1nci:i no 11111nclo; o sou cxph•ndor da n<'glig<'nci :i ». nas E"pnnha.• ; os s1•11s 111 critos em Portugal ; :t i·igida Prosogue no elogio da rcl1J('a1;;io da moc·icladc minho- ohscn ·aiwia de s ua r<'gm no .Minho. ta, Jon1":m<lo os pai -.• quo :1pcr1·(':\111 º'filhos. dcs- I111'ctti1·a acrimo11io,am1•uh; os 111\lst('Íl'os ela extre- fazendo na <·riaç:io cios licil'b<·,, al'gumcnfa desta laia o maclurn e Beira os qnacsseclrixaram :1s.•:1lfr:1l'lle fidalgos << S:io estes nns indi1·iduns c1uc a natureza c·rcou por si: ambiciosos que os con1·erlcra111 cm paclroaclos, coim:nea- me"no, sem m;ii;; arlitic·io que o da ,·aidaclc. Dauça,jogo elas o pala cios. gx1·l:1ma a- o f'rndc, ao proposito: «E fo- e caça foram os l'Udinwnt d:i '"ª iufan('ia. Liberdade ram tão r!'misso• <' dc,cuid111Jo, º'monges que deixaram as faixas infantis. O Sénhoril, a tcnncida- k•\•ar ás mãos l:wacln, um patrimouio qne houveram de ele e presumpçlo foram de sna• almas: cst 1 dcfcncl<:r a ferro e fogo! N:io fizeram º" nossos pa- é a cdncac::io qne n'\ Beir.i i<-0 dti aos filho< cujos pais são n 'I · ,•. · da pela maior p:1rtc un' q1w '" presumem lllL•<'idos f · ( $ \'i.ct or l'rof<.,..úrn Clll 1737. l'crtenccn ;t f.umh• no CCO CSlrdJado. C Sl'll\(lfl' )l:ll':I l',(e :\)to mcJinam OS fi - ( 1) Filloo do )1 in<wl Jl"l"'llo da Co<lo e • ·' aria . ieira. · 1 • . . ( f" r ) ' 1 c1 os !\."'("Cncl •ntee J> .. Jcnmimo. que ('Ili uo .... e rns mort"('u •l.'t!\O 1 a cette do Porto.

Upload: dongoc

Post on 08-Sep-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

GAZETA LITTERARIA DO PORTO 79

NOTICIA Do• prime iros t;alopln s e lcUorac s

c-01 1•01·uu;a1

tricios e amigos e parentes. Armnram-so de valor e espi­rito; e, sem que os aterrassem cspadns cio regulos, n~m roncari:is de gnmclcs, con')('rvarnm e dcfondcram a maior parte cios seus mosteiros. E fic·amos vcnc·edores '. Em Por-tugal só ficou de pé o quo era no~so. » .

III Prosegue malsinando n co.-ardia dos frade, da Be1-Hodcar:un :111nos ,·cxatorio~ pam os monges do :Ui- ra qne se deixaram dcshnli-:t1", at~ :\ <-xlrPmidade 1le so

nho. tornar aquclla cspacio,a e rica pro,·incia um s:ifaro de.;er-Os gcrnes e mni~ prda1los do ~ui ,·enciam seo~pre as to. no pas,o que a elo :\linho exuber1l\'a dl' riqueza e braços.

clciçOos, excluindo da go»ern:u1ç:\ os filhos de Arnfüna e Depois, inclin:rnclo ao intento, qm• era propuloar cios con-

Braga. •entos cio norte as prolasias do fora$tciro!I, bradou: No trienuio do 17i 1, rebentou a rcprem do Yelbo « Pois senhores, tudo isto que ,·cmos eshl hoje cm

odio. poder ele estraubos ! Aquellcs mesmo!> que, na sua terra, N'aquollo tempo o galopim immerito ela ordem era deixaram perder o que era seu, estão n:1 nossa patria go­

um frade bracharenso chnmaclo fr. João de Guadclupe ,·ernando 0 que é nosso. :o;uccode-nos o que chornrnm os procnrnclor gornl <ht Oongr1•gaçào. . Romanos <iuando os Gracchos se intr0Juú1·:1111 c111 Ho1na,

Com este monge dis1•ol11\':1-sc :\ fama precomsanclo-o Adulittirmn ao senado nquelles cst1·1111geiros; e, ha"cndo ornclor primnz da ordem 1•gu:1lmente no pulpito que nas elles perdido os sous clominios, q ueriam j:i so1· "onhorcs elo assomblcM cloitornos. imporiv, qnc tanto snnguo tinhn custado aos filho~ ele

Os dcscontontos ostri l;avam esperanças de ganhar ª flomnlo. A tempo cmondarnm rslo erro os padres cons­eloirào dos seus prelados minhotos na eloquencia de fr . criptos, expulsando do governo uns homens quo, por fo­J ort~. Accedendo o generoso orador, aos rogos, acceitou ª rasteiros, eram os maiores inimigos da ropuhlic:u>. commnndancia dos gn lopins logrados por outros mais la- Hecamando de persuasivos nrgumontos a historia de dinos nos suffrngios :rnteriores. lloma, ajustados :i eleição do geral, n imp1·1:~sil'a alocução,

Chegado o dia 2 cio i\laio, e congregado o consisto- em bre,·cs linhas expliC"n o orador :t 1ot1n 1·,·nngclica rnil·a: rio, fr. Joiio do GundC'lupe lornntou-se na sessão dos Ye- «Não ignoracs, padres cloutissimos, qtt<' estabelecida a re­ncrandos palres capitulares, e tirou do peito, impundo de forma foi sem pro su~cedendo eu1 pai ri cios nossos, filhos saneia colem, umas YOzes que reboni·am nas abobedas do do :\linho, esta republica e o seu goYemo. Os primeiros

eapitnlo e claustros. geracs er:un ele Braga. 0< s~gundos do Villa do Conde. u X:io sci-cxordiou o monge-n:io !'Ci, paclres gra,·is- Os terceiros Je Basto, Guimar:1cs o Arrifaaa. Q, quartos

~imos, ~e a minha lingua lerá aquella cfficacia, bastante outra \'Cz de Draga. Aqui ,e introduziu um du Li.boa, e a expor a infi·liciclade a quo csüi reduzida a nossa repu- notai que com baila e polrnra •e quiz Jc,·:111tar com o cs­hlica ! ~i10 sei ><' ai< minhas ,·ozcs, até agora mudas á tado. Temerosos porém do perigo da sua republica, des­,·iolc1H"i:1 cio s..-ntimcnto, •<' far:1o Sl'll'i1·eis á ,·o,;sa clelibe- baratamo'l-o. 0< 1p1i11to.< 'il•ra111 outra 1·cz d' Arrifana; o nl<'ão. Xüo 'ºi ,e as minlm~ pnl:n ras poderão persuadir os ultimo$, até :\ entrada 1J"c>,u•' f111·a•teiro' hoje clomi­a ~c11cro•icladl' do "º"º nuiuu> á nossa e ,·ossa liberdade. nante~, foram rodo• cl:t tio'<a IH'o1·incia . Em q11;1uto, poi$, _\...,mais ,.;,.n cloq11l'tWia é a .<111c >-<' concilia com a at- a b~twcli ct inn ~e gonm1o11 pelo• ~<·us l1•giti1110• lwrdciros, tenção. Pouco importa que se purifique a lingua, que re- florcciam 0 go,·crno, a rdigi;io o nó'! (' os no>sos. Os 110-

lnmbem a~ .-ozt·,, <' q1w "~" uma sent•·nç-a cada palavra, 1·i('i:tdos tinht1m grammaticos, os ('horistados eanton·.-, o~ i.c in1lispostos os animos dPsalt!'udcr!'m as expressões ... eollcgios ootudante.;, as aula< 11Jl'slr1•s l' :1-< 1·atlcirns l>ar­E' nccc."ario, ~cnhort•s, q11c YOS dispacs do n",s mesmos reles. H(\jo 111 udou-sc :1 """"ª; pol'<JIH' 1•stra11gl'iros cn-0 de q ualquer p:11·I iculnr i11trn·c'"o : só a;sim me oui·ireis chem os 110,·id;11lo•, corist:1cl1>s 1• c·oll1·gi:1s . • \s gra111111a­

clcsnpaixor1aclo< >' tic:;,; com quo entram são ficla lg uias; os ('antos q11 c so J•:ntrn o or111lo r hisloriando a origem da ordem be- entoam são do pavão, e '" l1•trns IJlll' 1«• l'stucl:un s:io a$

nccl ict irrn: a sua impo1· t:1nci:i no 11111nclo; o sou cxph•ndor da n<'glig<'nci:i ».

nas E"pnnha.• ; os s1•11s 111 critos em Portugal ; :t i·igida Prosogue no elogio da rcl1J('a1;;io da moc·icladc minho-ohscn ·aiwia de s ua r<'gm no .Minho. ta, Jon1":m<lo os pai-.• quo :1pcr1·(':\111 º'filhos. Uopoi~, dcs-

I111'ctti1·a acrimo11io,am1•uh; os 111\lst('Íl'os ela extre- fazendo na <·riaç:io cios licil'b<·,, al'gumcnfa desta laia o maclurn e Beira os qnacsseclrixaram :1s.•:1lfr:1l'lle fidalgos << S:io estes nns indi1·iduns c1uc a natureza c·rcou por si: ambiciosos que os con1·erlcra111 cm paclroaclos, coim:nea- me"no, sem m;ii;; arlitic·io que o da ,·aidaclc. Dauça,jogo elas o pala cios. gx1·l:1ma 1·a-o f'rndc, ao proposito: «E fo- e caça foram os l'Udinwnt ·~ d:i '"ª iufan('ia. Liberdade ram tão r!'misso• <' dc,cuid111Jo, º'monges que deixaram ecle~obedii•ncia as faixas infantis. O Sénhoril, a tcnncida­k•\•ar ás mãos l:wacln, um patrimouio qne houveram de ele e presumpçlo foram a~ pot<'ttcia~ de sna• almas: cst 1 dcfcncl<:r a ferro e fogo! N:io fizeram n'-~im º" nossos pa- é a cdncac::io qne n'\ Beir.i i<-0 dti aos filho< cujos pais são

• n 'I · , •. · da pela maior p:1rtc un' ho:non~ q1w '" presumem lllL•<'idos f · ( $ \'i.ctor l'rof<.,..úrn Clll 1737. l'crtenccn ;t f.umh• no CCO CSlrdJado. C Sl'll\(lfl' )l:ll':I l',(e :\)to mcJinam OS fi-

( 1) Filloo do )1 in<wl Jl"l"'llo da Co<lo e • ·' aria . ieira. · 1 • . . r~~CZIR ( f" • • r ) ' 1

c1 os !\."'("Cncl •ntee J> .. Jcnmimo. que ('Ili uo .... ~~ e rns mort"('u •l.'t!\O 1 a lho~.J> cette do Porto.

Page 2: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

80 GAZET.~ LITrlmARIA DO POUTO

Agora ,·ai fr. J oão ata<'n l-os por conta <los ap(·lli- - Yiqtm os filhos do )J inho ! cios:» Veem cites n'aqnello coo cnucros, leões, lobos, pnn- O orador intcndou que de,·ia fochar o d isc111·so neste thoras, pnrdos, o outros signo~ dc.-;tn f:trrapagem ; e lo- 1 culminante ponto do cnlhusiasmo. Os rnong•'s, j:i fiirn d:t maneio d'cllcs a infiueucia, ~cgucm ri sua dcuominac:ão. A' forma, e possessos do dt•tnonio galopim, sacudiam os fm l­visla do qu<', nenhum progrc~so 'irtuo'o se podo esperar dosos habitos, pah•ancln rijo no pavimento. lfr. João de ele uma j11,·cntncle, cuja. snb,tancia 'üo '"mente fum:u;a•. Guadclupe cshwa <''pnntaclo ele si e aquecid1l cios pt·oprios Diga-o ja o estrondoso rumor dt' apdlidos tom <pie na rc- lume, que lhe irr:uli:n am <la latcjantecah·a . Ora odi>curso ligi:10 nos quclmun a cabc~a ! 'l'ãu inHuidos cst:1o cstci '"'-:wa ja hora e nuü ele caminho para a inunortalidadt', meninos dos lobos, cios par1los. tia, pantlu.~ra• •' o.cor- 'I"" lhe principi:l lu~j<'. piões, quo contemplam no seu eco, qu(• nem o no' ic iado e (<Vamos, pois, padres grnvissmos!-concluiu fr. J oüo cori stado bastam a lhes quebrar o orgulho! 'l'ilo domina- - vamos ao capito lio, c1 ~<~a com <t rcsol11ç:10 cio bu~car­dos OR vc111os que ainda cmbrnlh:idos em mantas e• esta- 111os nossa libo1·dad1', e s11g11r:11·mos nosso hcrnni;:t; que, me11h:1s querem ser leões, c:undcõ<'s, sih·os, pantheras o pnra a gosar111os sf'lll contradição, é que ele• todos se im­outros :rnimucs cl'este calibre! Oh J npiter di,·ino! e nào plom aquelle c.•pirito de uni:lo que honve -rmpre nos be­ba um raio que fulmine e-tch <·yc-lopc'- ?! E . po.-,_i,·d q1w nedictinos, nosso, tio• <'bons patrícios. E.te é todo ob­no sagrado da bcnedictin:t w ron-.i11la1n apel~ido~ qu<' uão jeclo dos meus dczrjo,, este o rcmedio que todo, e'llCratn, ~j:1111 toclos de sancticladc? Ah, meu Deus ! que as ,·<·ne- e <'»te o unico recurso de um<l republica 11ue clC'prcss:t nwcis in,·ocaçoes d:t vos.•sa san<·tissima 111ãe e dos \•ossoR acabará, se a minha oração 11:\0 for attcnclicln. » snnctoH j:~ nito bastam pnm º" fill1 oti de Bento! Por qur Foi. Desfi larnm os frades para. a casa capitular. 11ns novos fornsteiros quo t<'mO" :1gorn como irm:los nos- 'l'rinb e cinco ,·og1\os crnm os dominados pela cloq ucucia 'ºs ~ ~<· ,atisfazem com apcll icl:11c111-'c J,obos, Pnrdo• cln µrocnrador gera l; tr<'zc os ,·otautcs que dos ron,·cntos Gamas, Falcoo~, Gaviões, l~sco1·piõcs e outra õarandagcm cio sul tinham <·onc·orrido tt 'l'ihaen~ . V cnccu o S. Bento cll',ta ralei! E oomo 11:°10 clcpen:u:s todo~ este>< pa:<.:trolo~c· minhoto por g1·anclc maioria. \'enceu fr . • Joào <"0111 a om­n:10 t•1w:11·c<•raes nas lcoucira• r-k• bicho~! .. l1 nipotcncia da sun phra'c giircla. O geral sahiu d·cntrc os

A<sanh:ub apóstrophc! Tocla,ia, escuse-se a iracun· filhos dn Minho. SaJ,011- i.e a rl'publica bcnidictinn ! cli;t ao frade, clcseontanclo:t rnicladc gcnealogica cios filho, <lo l\ linho,enxovalhad;t polos hcirocs. «Dizem-explicou <' mongo-como eu j a por duas vezes 011\·i, que uó8, os do Minho, todos :;omos ma l nMcidos,d<' pais plebcos e 111e<·ha­nicos; e que e>,.cs pouco$ qno ha illuslrcs todos tem fa­ma de judeus!. . Vede, scnhorc~, que con.olaçáo c~ln para vós <1ue me om·is! ... E ainda a••im vo~ 11:10 resoh-cis? ~ão o po,so crer, por que ,·os contemplo, com :icordo, jniso t nmor patl'io. Porém nind:t aqui não p:'11':\ a corrente da. nossas injuri.is; por qno YOs quero lembrar aqucllas hlas­fomia~ que prnforiu um do~ 1u11·cinl•s cl'estcs estr:rngeiros depoi~ ciuo acal.ion o ca pitulo. Dizia clle, c<garavatando os dentes e mofando dos que eram nossos; « Ja se acah:i­r:11n os jacobeo~, e ja Braga e Arrifana se acabaram, por quo todo~ cst:lo j:t bem salgados:» O' ecos '. e não caJij, sobre este blasfemo! Forte sarclinhciro que tanto ~ai tem par:i tudo salgar ! Como tonsc•nl i,, ó ecos '. que dentro das clnustrns ele S . Bento se ouçam improperios qno es­e:tndnlisa111 o proprio diabo ! Salg:n :L nns relig ios08 qup tem sido cxomplares do mundo 1 Que é isto? estamos <'11-ft'e catholicos ou na cafrnri :i? .. . »

Vni o omdor crescendo cm cloqnencia á proporção da rai,·:rnté destampar uc3te h.''(X'rbolico estoiro: 1tO' bl:i-­fcmo ! d:'1 ca essa lingna, que a qu<'ro arranc:w do intimo cl'essns entranhas para entre a~ f'urias ser a pregncira do Avernol))

Devia de c.~tar nrriçuclo o pêllo do auditorio ! Os plncidos arg umentos moviam mcdinnnmente o animo dos tr inta e cinco ,·ogaes : mas a troante npostrophe sacudin­os por tal mancir:1 que, toclo~ cm pt!, com os braçoR cs­cnlpturalmentc estendidos e M eoglÍla.• regaçacla.•, con­clnmaram:

r'J1i e~ht muito pchi rnma o escorso dn origem dos galopius elcitorac~ c•m Portugal.

Esta raça clcg<'nl•ron nos clotcs ela cloc-ll(;tio; mas apcrfoiçoou-sc nn anclntitt com que disparo\ surriadns ele tolices nos palco, oncle ~e forç:inteam a~ ricll'ntissimas sccnas da 1 iberdadc.

Ah ! quo snudaclcs cu tenho dos fraclrs, •1u:111do os ,·ejo j 11sti6caclos pelos snnclcus que lh<'J. h1•rd:ir:u11 todas :ts manhas, s0m :t mi11in11i tbs ,·irtudes!

C. CA~"n;J,J.O-ttltANCO. ----HOl\fANCE ORIGINAL

POJl

GASTÃO VIDAL DE NEGREIROS.

(l'<mtinmulo do u.0 8.)

A' mesma hor:t, a fobrc ele que o mnn<'eho fora ac­cometticlo, em declarada typhoicle pelos facnltati\'OS q ue rode:tvnm sou leito. O dclirio o exalta<;i\o do pulso eram nssustadore~ . Não conhecia niuguem, nem respondia se­não com gemidos.

Aos pés do leito, um:t senhora que r<>1n·c~cntnn1. quando muito trinta <' cinco a quarenta nnno'> ,.c~ti­

da ele preto. os olhos postos n\1111 cruxifixo de marfim

Page 3: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

GAZETA LI'l'TEHAHIA DO POBTO 8{

dependurado :í cabcccir:t do enformo, o ns faces banhn­clas do lagrimns, implora,·a a miH•ricordia di,·ina n ºuma prece muda e eloquente.

Sublime amor de màc! D. Julia ele Fig ueiredo <'onkmplarn o filho com a

resignada agonia dos martp·t•' ª"istindo no tripudio da~ bestas ferozes que ~.;aprc>tarnmadcspedaçar-lhes os mem­hros. Formosa como a mão de Christo junto ao Cal vario, como ella illuminada pela auréola ~agrad:1 d'nma dôr in­finita, a santa mulher offcrcce ao Senhor as suas angustias cm rc~gate dn porç:1o 111:1i,, querida da ni1a alma. A estrada ela "i«l:t fora- lho semcad:\ de abrolho~. Orpban de paes, caznda aos «1ninzo annos sem 1ontaclc propria, achou-se de repente o 110 cabo ele po11c·os clins 1·iun1, e <'om um fi­lho no seio. Os hcrcl<'iros de s1•u marido, funclaclos no curto prazo d'csta un iilo c no prematuro nascimento da crcança qn<' os desgostos tinham adianbdo, fornm lel'a­dos da iwiclcz dn r iqueza nté fo 1·111ul:ncm cm jniso quei­xas e netos dc~honro~os pnrn n i11 foliz fienliora. E ,·en­ceram, como 1·cncc toclit a fraud e (jltando aos nccusados apenas rcsl:í a mingoncla dofiJza elas suas consciencias .

Falta elo protccçõcs l' do amigos, l'C«'ltsou-sc D . Jnlia a um litig io que mais acirmri:i seus contrarios. Por uma composiç:1o :unig:l\'cl acccitou o que quizeram dar-lhe, afora o ~cu dote <Jlll' mau grado de seus inimi­go" (',;fava ,;cguro. Ficon-lhc por tanto, !'l'ni'lô a riqueza, '' indepcmlcncia e a c<•r!<•za do futuro de seu filho se .. uas :11nhições fo,scm moderada~.

Depoi• ,lt• cmll•n:Hlos o; M>u• negocio•, forida pelas injusti<;<l~ cio mundo, rc:.oh·eu D. Julia alfastar-sed'ellc, comprando uma ca?.inha in~ulada lÍi< portas da cidade. A.I­li pas•ou Rah·ador a sua inf:rncia. !.'mhallado no~ braços maternos, (' afagado como a nnica nll•gria cl":1quell:1 alm:1 cm lucto.

)fois tnrd<', qnnndo o menino our,;ou o:; e~ludos, D . .J ulia qnc cle:.«:j:1n1 a<·om11:111har o clc~p111·oh·imcnto inte­ll•<'tnal ele S<'U filho, arhou di•tracção c go'<to cm parti­lhar os tmhalhos do mancebo; e <'1':1 cio ,-cr a santa cmn­l:iç:1o que lh<' C':ínsa1·a a 1(-l iz comprehensi\o <lo Sah·aclor. Crcaclo 11:1 poc•I il'a athmosphcrn d'aqudla casinha cerca­da <lo limo1•i ros o madre ~ilrn, ncalcnt:Hlo pela opulenta mocidade de s1111 milt', o corn<;ilo do moço clesponton rico ele ~ci1·n, o <lo arcl1•11h•s a spirn ~Õl'S. Circ11mst:rncias C'$J>O ­c·ia('s se jnntarnm (1s j1\ 1•spenclidas, quacs eram a sua propria índole tri st<' <• 11wd itabn11da, e imaginação in­<p lÍcta e !cmp1•,t 11osn.

Ao~ quinz1• annos, ]), J 1d i:1 :itt" C'nti'10 abson·icla no pra?.er ele g ninr 11 ckbil m1.:-10 d1• wn filho, entendeu que cl'nhi cm «li:rnte lhe srritl llll'lho1· n•co1Tcr :i pessoa mais >cgnra e exprrimcntada .

Lcmbron-~c d'um do, amigo~ de seu marido, pc:;soa de reconhecida prohidad1•, e qm· ella ,abia se tinh:i recu­-.nclo a tomar parte na~ cal1111111ia• propaladas pelos seus inimigo•. dcfcnd1•ndo-a :.cmpre.

EscrC',·eu-lhe p<>i< uma longi\ <'arta :í conta ele Sal-1·ndor, aprC',cntando-o por fim,<' pedindo para o orphiio º" conselho• e o amparo moral de que carecia.

Este nmigo era Anselmo dn <.:uota. Foi assim que Salvador conheceu Hcgiua, já co1n

os seus oito :muos feitos, tornanclo-so o seu cnmpa­uheiro insepar:wel nas horas do recreio dos dia• ~antifi ­caclo5, em que cllc corria n Valbom, quando ,ahia quo para lá e~t:tvam O• seus protcctorc.-; e que m:ii~ tarde, dentre os nen >ciros ele sua jo,·en o exaltada fant:lzia co­meçou a surgir a perigrina vi~ão, quo lhe dcll•it:\\'a a~

longas vigílias. D. J ulia foi a confülcnto dos primeiros de"aueios

amorosos ele seu filho. As con~cquenci:i~ d'csta confis~ão, deram margem a que :i bo:i "cnhora pcnsal!Se 110 futuro .• De feito, se os seus rendimentos chogu,·am cio ~obra para o que lhe era neccssario o para M limitadas cxigcncia~ de Salvador, parecin-lhc comtuclo que não era isto hastauto para que seu filho, casado e com fllmilia, pocle~se absler­se elo trabalho; nem orn t;unhem o iluffi(·icnto p:irn que clle podcssc apprcscntar-so como prclonclcntc {1s filh a~ de Ansolmod:i Costna quom cm dosuppor 11 :10 /'altnri:1111 casamentos do gmnclo porte .

U rgia por tanto quo so procur:tsso u111 moclo do vicia ao mancebo. llfas q11:1I? Sugoitar-~<'-hia efü•? Aqucll:t organisaçào sobcrha e afidalgada, afoil:i a "º"r 8Cll\

pcias, poclcria constranger-se até descer aos calculos nm­teriacs do negocio? As h<'lla, letlrns pnra que tinha tuna decidida yocac;ão, ele pouco lho podi:un l<('n ·ir n'c~~ll cpo­cn. Na ,·crdade, D. Jnlia canc;n 1·a-~o cm \'âo, sem des­cobrir coisa qne lhe agracla'"<l· li1'tnda por Anselmo da Costa, que tnmbcm llw fazia 1·cr a ncc1•'-id:1dc da <'•CO­iha, deliberou-se um dia a tocar n'c,,tc par ticulur a ,'al­rndor lembrando- lhe doutorar-:.c,-c bem ()UC cllc por mui­tas ,·czc~ lhe dissera que se conhecia "'Ili aptidão para o trabalho, nem pacicncia parn forçar o «•,pirito a combi­uaçocs ou a estudos prefixos.

-Que vou cu fazer a Coimbra, minha hoa mi'1e?­Ponclcrarn elle 1\s rcllexõe~ ela ~onhora .-Creia quo ,·on perder tempo e cabeclacs: on nào si1·vo parn nada. Longe d'csta casinha, e sen1 o amparo dos seus braço'; poderei en vil'er?

A idca ela sopal'ação atlcrrou a pobro màc. Comt11-clo "cnceu a difficuldado e a r<'pug nanciti quo lho inspi­r<wn. o mundo, offereccndo-so parn o ncompanh:ir.

11oplicou tocl1win o moço com lows, o t110 f'utcis ra­zões, que a. pnndonoros:i senhor:\ cnfrc1·iu uma raz:10 oo­cu lta e desfavoravcl, n'esta prc~istcntr! nogatint. De fac­to, Salvador a quem clln mesma, om horas de dcsalogo, coutava as clamidades Hobrevindns polo fieu nascimento, por uma hriosa altil'cz do caractcr rccoiarn ler um diti de reconcr no seu braço om clcs:ifronta ela memoria do seu pai e de sua ,·irluo~a màe.

Era este o motivo por que o 1·i :11u fugir de rclnç<>es, e npem1$ frequentar a <:a<a do An-.clmo da Co<tn.

As,;im foi corrl'ndo o tempo, ~<'m mai• ~l' cuidar no porl'ir. Salvador julgava-se rico. Com o que <na mãe lhe dizia possuir, poderia cllc ,·i1•er ti farta <' <'Ontl'nte com a sua Regina. O caso e,tnrn cm que elln o amas;;c, acceitando-o por c<poso. Laccr:n·n-o a du,·ida. A'• 1·czcs

Page 4: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

82 GAZETA LlT'l'JWAHU. DO PO HTO

supplita ":1 :\ rnac. quo foliasse com Anselmo da Costa, pedindo para elle a mito <le sut\ 611ia. A inexperiente se-1 11hora, dizia-llw que se aquietasse, lembrando-se que a menina ainda C»l:wa longe da idade prop~ia para o ca­>amcnto. Impunha-lhe o preceito da razf10, fazendo-lhe 1

ver que era prcci ~o ter juízo para merecer a mão de Hcgina . l)o <1nc clla não podia d"'·idar era da :umuencin de An~chno a c~la propo~ta.

Quem como cllo conhecia a bella alma de Salrndor? Anselmo tb Costa, o pai extremoso, que melhor garantia podia querer parn a folicidado cio ~ua fillia? Salvador era nm anjo! .:\:10 o ha"ia melhor . Xem mais bom; nem mais c1uinhoso; nem m:lis in uobreciclo por g nrncles qual id:ulcs o 1·irttlllcs! Com c1uanto nilo chegasse ao que D. Julia 1lczojiwa, a inda assim o que Sa1"ador h:wia de herdar cio ~uii nm,., j unto ao dote da menina, :1ssegurava-lhcs o fn ttu·o a tolll'r lo de "olm·salto~, e até opulento se ~ouliossom limi tar 115 suas ambiçoos. l!:ra por este modo <[UO D. Jul ia eompuubii o futnro.

N:1o so acbarn po 1·cm Anscl lllo d'cste accordo. Faziti j usl ic;o. ao nrnucebo; qucr i:1 -lho como se fosse sou paren­te, mas, o movei do toch tL sua l'idti t inha sido e era. uma Kmbiçiio <it•smc,1.11·ad:i. Cou lra a riqnezii e importaucia ~oéial é qnl' niugucm acluwu arg umen tos, segundo elle. Por tnnlo, c·omo lembrar-se de preferir Salrndor ao ,·is­conde para 8Cll genro, depois qne sonli:tra para sua filha 11s grandezas d"um titnl oi'~

Quando emlim V . JLLli,, lhe foliou n ·este sentido, a on:t rcspost:i combinada com toda :\ 1lelic.~deza para não ferir a sul>Ceptibilidadc do• cloi~, foi uma recusa formal ado<;ada com as melhores razõc.•, e todas firmadas no pouco quo clle cl:I\ a por cole:, enlace. em que ambos os conlrahcntco >ahi<lo:, IJa pouco da iufancia nãe podia m ter o juizo prudencial e ncccssario para sua folieiclade futura. Viosu 111ab, <1uc tambem uão pocliii oompromet­tcr 11 ona pala na; o <[UC uuicumcute podia asse,·erar- lhcs, era que nunca diri:L .;,,., <j nando suas fillias dices.~em ll<iQ.

Ei,tii ult i1 na parte su:wison a recusa. Como o con­<lcmm\do sem c~porança, Sah-:1dor apegou-se ao ultimo 1·ocm~o . J {i 1·i1110~ como ta111bc111 este lhe falhou.

( Ccmti111ía.)

AHTE DE DESAMAR :I>~ c:».....V-I:I>I ..

O AU'J'01' llA AltTE DE AllAH.

PARA.FRASE LIR.ICA

POR

A. F. DE CASTILHO

CA...'(TQ l

D'etttc livrinho o titulo 110 alto do branca pagúia

t i11hn c.·~tn.1upt1clo n1><:un~. quando not1 nrcH t1ubito 8Ôa lllll frngor c(O }X:Ulla8j

olho. dh-ib<> .\11\or.

Do nauudo o iofonu.• clt:típotn. que o t,'1ra de C<.intiuuo, q1u.: tudo espreito e nou1, e a cujR \·igilanda nGo ha pcrfidio ignora; le:u; J>RM11ã; arde ern furor.

1G-ucrro!.._t.•xdumn---«pn:pouum-mc guerr;.1! Um cnntor tc111crorio J>rt.•t1un\C de~trnir 11u,•11 i1111wrio m1 tc1Ta. qunmlo cm c~o~ 'h~ de mune~ flOU 11urnc!-1&

''Cupido»,-llu.· rc~poudo rcvercute-­«<l<' Uio nt1·ox 1rncrilt.•g-o nHl•ntntlo (HHlO cri111 i11cs urn '·ntc oh<:d icntc, «fl qnl•111 111il \ '('X(·s lt:nK pc11d11c6 ho" dndo; tiC que t1t1npro tit·I no teu co11111urndo, l\\ 'Í1;(0 una liclct1 111n11 11,ililnudo. t~;. Por quc·111 1110 tourn" t11'?4 t:iou eu Diornédcs'? 4tC..isc furioso, cujn cega lauça «(que l1ormr!) uo meio dn foroz l>otnlhn ~a ferir n 111/ic htn se nhalauçn? 1t.-\li! suppoul1o·n CHtn1· veuc.lu!; horrorisada

••n ltn no cocho de Mn1te. ue urnlclizt·11do RO lrnrl1nro. lti porto tido orl>e ,.j l ptl11\ a olimpicn tnornda t1D'o11tr<>ff o c.·ornç:io e111 giro alteruo ..rcve~1m tt11tpor; dl• c:1lor e frio:

wt ·m prinlH\'l·rn. l'8tio. •JMihlo outu11uau. e regelado in,·cmo; to ml•u. n;io: amou •c•mpn.·; e llll't•tnO O{,"'Ora, tet•HH't"S g._1b.•r <'m 'Ili<" .-e impn:go? adont. t lncla mni~:;, n:1o fui tu, c111cm de Alcru1çttr-te •c<>m1u1z, c<.•rr._·i num co<ligo 08 preceitos? uc <>S qu~ nntt''4 tw) do iustincto cra01 cfEeito~. •mlo tt.\o hvjc J>Or mim dicta.m<"8 de nrtc? E-rl-la Rrt" miuh:t glorin, e tu mimoso, tgentil 10cnino, de miuhn. alurn incanto, cteu trnhir·vo~!! Pc11~ul-o nté ruto ouso! llrCuegnrin t\ llHIZt\ O pr<>prio CRllto!?

•Quc.11 nmtt n KCU <:ontcnto. t1 for'tunosoi (11lt•ixc·tiO ir no tH'll rumo no 1$0lll do vento; 1muts fllll'''' gcuu:r C'lll jugo vcrgo11hoso, Cl\'<mha Knlvnr·Hc; rcfloril-o intento. tlPodca tu vor 0111 ttlruO dcl irnnto t1clispor u'umn altn vign o proprio laç.o? l\llêdir 1·ui11c.:dio1$ uo vcmcuo, no aço, li.tu! 11wu t;upitlo! tito gc11til e nmimtc? u.\ qucllc que t<'i1Ho11do morrcrin tmno tci111(.•: •1111.:l1rc o iufouclo capti\·cir'O . c10 teu contor do hm "hnr desvio. fl6Acrificitu; cio aouguc, ó deus fagueiro. t1.Tu nilo t~ mu verdugo, éa um menino; li.SÓ condiz o hrincnr ll tun idade; te.brinco..(' (('u rnm•o l't('Cptro purpurino iBÓ prnz.cn•11 diffnncl:\ ú laumnnic.lnde. •.\ l"C'o Kirn kns uo mtto; carcaz á ciut.a; t1.1ua1t ul'iu 11'0 t>C'ja" c:om furpões c.lc morte; wnrn lnn\'ª· ic-1wa Ct.;pada cm saogue ti11ch11, •que n• lc1·e o leu p~draeto, audaz Mnvortc. •Tu t'Ó h.• (·Xf'I'('(' ua mtttcma guerra: •r.:ncrrn foiC1n ri8C"f>1 n.otJ coraçôc.s tão cora, u111c •Hlo (lrtopoja lll:J mllcs, nllo cnua a tcrrn1

""'º"o l"'''~a. e fcstns lhe prepara.

Page 5: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

GAZETA LTTTERATIIA DO P ORTO 83

dnlluc, pnra dar gloriR ás rRparigas, oque a surd• J><•rtn, a 1>roces de•piedadn, «incontrõe3 HOffra de uoctunaae briga.s# •• amanheça do Ror,·s coroada. •A' tímida donzclla, ao guapo amante, •inínndc ouslo, com que a furto apertem alaç0<1 teus; o a seu Arg08 dgilantc, u.cloe. cautellas, tramRS, de.concertem. 111mbra cm ouvir cxcluso nnrnorndo, tora cxalftr requcl>ros o blandicias, torn romp<"r cm ,,.ul>itM de infndo, •ora carpir·R<' rua c.:llnt~ 1lc ddicinfi. 11L11gri111ns d"e:oitltK muito r111h(JrR us queiras~ ounos d'ciltl\ri KÓ. 11h,_•u trcft·go 11rnchacho. oPnrn nicares lugubrcs fogucirM 1m:to ~que n amn,•d 111tlc to ut·c~nde o facho.lt

As RZ"6 fulgidnM .1\111or c1u,·i11do-111c. lnlhm feliz; -~Appro,·o Q iutuih>i tuMÍt\ <'H.!-1(' cnut ico! «11Cr\'('R-lll('.11-tliz.

Yós, que Amor ('ngiuwu, fi<"mprc, e. de todn n. parte, vi11dC' ogorn llfH'Cmlor novu, iufnllivcl arte. l~ntüuci·vos n n11rnr, de t'unnr ' "08 livrarei; d'ondu hou,•c:t1tcH o 111ul n cura rcecl>ci. Ycncno)4 e trinKn n mcamn terrn crin . o 11...- v,·1.<·~ foi n ortig.\ ÚH rot'ns cornpnnliin. Como R Jnnçn. Ac.•hil(·n. no tp1c feriu, curou. Me• voK ngrilhoti. npto n f4.0ltsr-voR t--<>11.

Pt·n~ucf' ~ c111 tlcrm·r hexo, o qut• eu dictar ao nosso: Rrm 1!- 1.-c por i~n 11, d1•vo, du;~jo e J>O.ti.W. s,, •. tl~u do c11w Nt diN-.., ·r rllu.:io :i~ dama~ for, como t·xf'rnplo t:th·e7. lhe inC(HllNlrtlO ,·a1or.

iQuf•rn ntJitnr1\ M:r util

o c1111wnho de: extinguir f1ltft( ~ iucPndios: n mnhiçJ.o de vencer pai~íK:K tymnm\t;?

l··f»i~t· '1 utigl no unuulo n <:scoln ruiulut. tin· .. st•111-n'n t.·11~1ttlo OM K('Hl vt•ntnm tprn nn~ ntrnR<""f do tu11or noK 1wd<-'m mngoal4.

do 1•.:\l..1~trofl'"' hNJ nf'm !:fomUrn tum,·cro! l 1Hla laojt• ''Ín~ria R pobre PhiliK, e mn i8 ele vczt•M 1111v<• iriA :is prRiR8 D~111ophoo11t o C8Jll'rn r. i\110 virn nido do mirtu.loiro ~cu , por cnl rc Ri ,.RMCa~

da litHtclo1ul l\lo(otiin. º" t<'ncrn"" n·ln1-J 1A no hol'ir;cmlt1 no lo11go Oto\•nccC'rcui.i~c .. lhC". Nllo mnrúrn ) lt'llt'n uotJ propl'ioti filhos1 por K\.'- vingar •lt· 1ui1 pl'rfüJo. Co'ns rcgrnK d1t H<:lC"ucfo qrn• cu f1111do, cmhorn cm lnçoK 'rcr<'u de Pliilo111('l11, (•Hq11ivorin . peno do um <:rimo ntnn;, liCr ít•ito em 1wc. Dai·fllO P.18iph11c1 d1.•ixnrá l4('lt toiro. Phcclrn vt:nhn. n r tu•no r~1H\Hce ean Phcdrn . Yenhn Jli\rit-l, \'CrtÍH c·omo 111\0 fo~e Hcl<'nft n :\h-nelao, romo fft•gnro de ~rrgo inc •mlio. Pcrgnmo tmh.,.iJ:4e. Ilonvcrn lido SciJla O!( meus lh·rinlios. dcix1lrA inta,1a a p1111111rA pAl•rua.

Scgni·mc pui1:1; tH:gni-me. llftbil piloto rodeuci pnrc:ei~ de iinpio!i cxtrcmott; sãos e Rol vos no porto l'l&~marerno~.

Ovidio. o <1ue de ito"ntos frz tuonntf?fl,

---==---Yai já 80JtUr, 08 (J'IO iuluÇR\'R <J'nnl<'~. $e entfio lhe M•t<'S r,:, pr<·Rl11t•-lh'n ftj.,"On que a pretoria ,·arinhs Clll punho orvor1L

De rncdicos e vllt<'"

<"NlCUIO divino! ó Pht'bo! .\ ti me iutlino. ~upplico o h•u ÍR\'or.

\·crn~ vem. não m'o dilatP.s; curar co'a lira imprcndo; tenK doiiit ltrnrri~ 1')r<'lentlo 11w n'lomrm \'l'rtN•tlor.

ECCOS DE LISBOA

Passou o caruiwnl - Bni1cK o thontros.-0 <lo111im; rcprcs('u .. tando n maioria.-Atl idult:1111 grawlNJ rt.·fcw111t\K 11ns tcnclc11cias carnavalcscaf:J.-A purto ela policia 1mh~titui11do n rc8r.r1ha dos divcrtilnc11tos pnblicos.-Trnpcrio do cart.1r..- Alc"uco 6ocial dos seus progr<:SJ!i0~.-0 c~rtnz promeU(\ 1m\lnr o thcntro, ou o thcntro tc111 <lo modificnr o cnrtnz.-Um jnporwz n contnr r.g fcstAs do ent.rnclo e 11 tC'rcmonin dn cirnrn.- Homn o os vnidados lnnnanna.-Frci Bn1tholo11w11 clors Mnrtyn1R e 011 Cnrdoncs,-A <'Ompanhin frnuccaa 1Ht 'L'ri11dtu1~.-0ft 110~0" oc~o1·cij o os acto­res da nova lroupt.

Passou a época do cnmnnil. .Jú 1:1 rnr. E comtudo, deixou-me ella nn im:1ginai;iio grave~ npprC'h<'llS<°k'S sobre mn phenomeno. cnjn• con•cquencia~ ~otine~ ainda se não calculam. Fallo do d<'sc"'·oh-imcnto l c111cro~o dortirla:.' ...

Yão imaginam n qn(• proporçllc• dt><rommunaes, incrh·eis, fabulosa• chrgon r<tr anuo C•I<' mrio de eom-1nunic-a':'âO~ .• ..

Eu ainda •on elo tempo (e ni\o sou Yelho) em que o cartaz se contenta,·a com a• dimons.w, nada amhieio­sas ele meia folha de papel. Por <'X<,.-ipln:- HP<rl T/1eritm dl' S . Cm·los.-Sn/11 fl'ir<1 14 dr n11!11hrf> dP 1862-0pe­ro, _Yormo, Drwç<t, O nrpluin c/n 1lldm .- Pri11ripio cí.• 7

e meia . ll Isto eram o~ ;;ingrllo~ dir.cn•;; do c:\rtaz, ainda ha trc:r. ou quatro annos; o para dir.crt•< t:lo bÍncoros e humildes basta,-:un-lhCI doí< palmo~ de largo, e palmo e meio ele alto.

Hoje? .. . viio lii vrl-o. T~n cltcn a c~q uina . Prcgn-'e com uma escada, e ' 'ilO doi8 homens, um para o ergnor á a ltm a elo pri111ciro nndnr, <' o outro purn lho ficar ~ogu­rando a cauda, c1'1 cm h:1ixo na rnn. E o c·unhnl é já pou­co cspas·o para <'~to IN1çol cio papel d11 t n'z ramos o 111eio onlabyr inthndo do letll'n~ cll' tocln8 "' c·orcs, fc•itio~ o ta­manhos, cheio do promc~•:H qnc f;izcm o~trt'mectJt' de prc,·i~ões jnbilosa• :i imaginaç:lo elo c~pcctndo1· ele hor1 fé!

Ha cartaz qtw .i•i ele Ki é um r.pcchc:ulo; a•~im ro­mo ha in<iiYiduo a qnl'm :1 lcitnm do cartaz lhe ba~ta .

E muita ,·er. fica 111ais hrm ~cn ido, quP inclo ao tltcniro . Toma b1i•tantc sub•tancia no titulo da pcc;n. decora a no­menclatura cios quadro•; r<.'para sr rntra o Tahorda, ou o

ITa!'.so; trn<-n na imnginni;ão tudo qnc (•llc• podcrã<> dizer 1já ele seu conhecido; ri-se ou ~cn•ibili•n -"<'. ~e~nndo a , natureza dos l:rncc• imagin:ulo•, <' <lepoi• rccolhe-•c a

Page 6: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

84 GAZETA LITTEilARIA DO PORTO

ca•n, apto para nnrrar n familia dios po~•iveis elo drama.

todos ou algnns episo- 1 ('ori-:rn1os, pon:rn, um ,-eu ~ohrc C>>ns vergonha~;-;

W este o perigo do cartaz ltistm·iw/01·. n· antes o cnr­faz orn 11111 enygma. Um titulo, algun~ persouai::<•ns, o nad:i mais . Qnem quizcs'e aclh·inhal-o, fosse ao t hcatro. Sem so ter feito a dc>'()(':a do aluguer de nm camarote, on de nm !Jilbete da plat~a, nfto so podia ajui,:11· de que i:1 l:í dentro . Agom n \'('rdacleira f'un('~f\o está mnit11s \ 'C­

zes no cnr tnz. Por cxomplo, figura-~o um c:ll'tar. do ca­Y:t llinhos. As e,·oluçô<•s acrobatita~ <' equestres ~lio alli es~:1cla8 com todo o arrojo illimit:1do ele lapis do dt•,e­nhndor. Pa•m:t a im:igina~ão diant!' cl"aquellas clilli<'ul­dadcs. No cartaz o carnllo co1Tc sempre {i dcsfi llada, e nunca esbarra; o vollc:tdor jíi mais pel'clc o cqnilibrio. O arti~ta C'hiner. engole toda a cluzia <le fac·as do program­ma, e não se enga•ga uma ,·ez . . \ propria madcmoi~cllc K cnn<'h<'I tem a holler.a ele pernas 11uc quer, grnc;as á condcsccndencia <lo l,rthogrnpho s1•u ndmiraclor .

\T('.jnm se ha mar:wilL:i semillmnto! E tudo !'ffcitos do c:trtaz moderno, porque lá, no tirco, Indo é ,Ji,·crso. L:í o ca\'allo empina-..c e o ,-olwador cahe e ~uja-so do terra: e quanto ás pe rnas de maclcmoi;clle K cnrwbcl ('11-contr:un -t'O opinioc,, sohrctudo depois qne unrn noilo se noloír virem as banigns tlas perna :< viradas para o lado direito!. ..

E,tc phenonwno an:üomieo pt'•'<X·cnpou ~cri:unente •t s0iciwia, mas c.-;friou grande parto dod predilN·to, d:t arti:<ta.

g a inda o c:i1'lnr. ·~ter culpa d'isto . Porquo 1•llc é <1nc tinha inculcado aquollc bcllo idt•:tl ele penrn-<. gra no cnle,·o 11':u111elle typo de gentileza fi•111inil que :is irnn­gin:1c:;õt·, ~e hn,·iam oxnltado,indo d1•pois c11contra1· o drs­cngano nc1 artificio do algnma~ c:unadas ele :11,gocl:io des­cnido,a11u•1ttc sobrcpo"ta,!.. ..

E <1ue111 oompromcttcu a nrti.ta? O eartaz . Porque, ~em o dc$1mho eorrrcto e voluptuo'o do cartaz, a arro­jada \'oltendora podia ~cr senhora d0 ter as pcrn:h que ( 1uir.cs~c, sem ning ncm ter direito do llic pedir conta~ cm nome do bello ideal d:i arte.

Or:1 é por ifilO que cu comcx-ci dizendo, que não é facil de 1we,·er qual H~n o ponto a que nos podcr:\o lc­,·ar '" <:<>uscqnencins •Ociaes do cartaz, prcsentcmcnt1•.

]J;' uma. thesc, qno eu hoje apcnns aqu i enun<·io, m:ts c njo nlcancc já podem p1-e,·er, e quo n:io pod1' "º r outro, se11f10 o ~cguintc : Ou o carfaz tem d(• ser mni~ come­dido 1U1• suas promcs•a•, ou o theatro mais vc1xlndeiro obscn·ador das promo.•~:l~ do cartaz, alias o cartaz scr{i o primci1·0 inimigo do lhl'atro, fazonclo anie,·er no puhl i­oo os cspcctaculos <1111• não podcm n•alisar-se.

l~i8 o lado philo•ophioo e ~crio da quesbio. Que o meditem o; emprc7.ario•, porque ,-n lf' a 1~na, 1pw 1.11 ,-ou <lcsctwoh'er os ultimos acontecimentos carnayaJc,co,; .

deixemos aos joroac' politicos a ,ua nnnh·sc. A~o1·a ,-oltemo-uos para os hn il1•s . . Os baik·•, c•tc

anno, estiveram f'ronxos. Tiveram concorrencia, mns n:lo h:win n't'llt•s folia ro1·1111r,,/e~r<• . P:irN·ia que iam todos alli r<'prc~cn tar um papel forçado. Ü< dominós continua­ram :\ •er muitos e a Jl:l<sear gr:l\'(•m<>nte, gu:ird:rnclo sem pro nqucllc sil!'rll'io my:,terio,o que cl{1 q ue pcn<~1· nos onri nso~ !l'<'•tcs cpifioclio". Que nn:< nflinnam quo este s i­lencio é 111ysterio, e ont i-os carcnci:i do iclcas. Que o <lo­min<Í <; a ausencin de gosto, S<'i <'tt, porque ,..; <1uando niio ha phantn.•ia para idrar cou•:i alguma, ou chi,tc na­tnral para insuflar \' ida e grn~a n'11111a p<'rsonificac::io cnr­n:wal<'"<'a, se pode mlophu· 1•sto tr:\jo anonymo, <pw ~ 0

Yalhacouto dos pnn·o", e uma t•111hoscacla nnnada aos curiosos ele boa fé.

DC'pois 1los 1lo111io1ís, cm cprnn!id:ule, scgniam-<c logo as fjl'i.•etes . O ,·nlgu ch:1m:n-:1-lhc8 [f"Í:etas, o podia­lhos <·ha111:u· bem {i \'Ontade cafü/fia.• pot·que nn1itn" d'el­las C'mm realme1'tO c·n•inhciras .

~o entanto rcgisfri rom go,to, que continml\·a a •er hani1lo <l'<'st:l ~o<•Í(•da1lc ,-ert iginosa o rei mouro e a pastorinha do :trco do flores ele papo! 1 que fazinm as dc­licins de nossos rnnior('s. O débw·drm-, o pi.en·ot, o cor­rcin-fbnc<:'z, sobre tudo o co-</111111• de pha11t:1>i11, ('Onti ­nuam a 'l'r os prcf(•ridn•. e a <lisfarçar :t" fórma~ dm·i­clo"nnwnte 'cductorM ,lo •cxo t:unlwm dtn-ido>:1111eotc f'eminino qnc ('n('hi:i os ~a lõc:; p11hli~Ofi1 por <tut', parn mi1n, urna 1uasc·:-11·a e.~ ~flmpre do g<'nt1ro neutro.

n. l\farin e :\ Tl'inclacle tin·ram a prima,ia. l!:fi te clizi:im o• intendido•, qn" ,:onhavnm dentro d:h rod..,bra­das pr!'gas cl'nqncll:1 phal:rnge de clominós, tudo bellozas my~t<·riosas. E n t i,·c serias dm·idas a esse respeito. Notei com!tulo, com sati sf:u;:io, que se vn(• abolindo a g1·itarin, e quc jil h:i mnJ<caras s1·11-atas que j11l1<am poder-nos di­rigir :1lgnm:1s phr:1-;(•s, 'l'lll :<er n ·aqndlc 1_,·plc obrigado ele 01ilra'- cm•. Em summa, as reform:i- "iio importantes; e qna~i podemos cs1wr:n, sem pec·ha de audazes, 11110 d':i­qu i a dois ou trcs :tt111os, se nüo ho 11 vcr um governador ci ,•il <1 n1• publique um Nlital par:\ o drixnr desacatar, e tenha ií~ suaF. orclrn, uma policia c·i,·il, para lhe atirarem º'.º" <' ultragcs, o carnarnl, em Li~hoa ha-de ~or uma cons:i r('Crentirn. E •ta é a minha opiniúo.

li: \\ eh cer to <'.slo resultado qu e tanto dcs~javn aq ucl­lc " i:1j:1nh' japo1wz, de <J UCm se c·ont:t a aned<'Ct:I •<'­guintC':

Ad1a\'a-~c cll<' cm Li~boa, n·a(111d les folizcs tempos, cm qnc o hello ideal rio cntrnclo cm uma bo1i lnrnnjad:i pas<:Hl:1 por braço ,·nl<•nte, e qno prla \·olt1i da~ A ,·c­)l:u-i:is, qnando _j;1 falt:wam as l:iranjns, e outros at-re­mt-"º» a~,,im :1rist<w111tit'o,, vioha da j:rnell:1 abaixo tod:t a c·:l<:anula velha, c·om g rande ri,-ota de todaa ,·isinhança, e nponas o desconto, al ias inoftcnsi"o,dc tinas ou frcs cit­

OK ult imos acontccimcntos carn:n·alesco~, c111 Lis- boças quchradas. boa, ' 'cnlndciramcntc, devem :tntcs 'cr ª'·aliados n:ts O viajante japoncz ficou aterrado com os opisodios partes de policia, cio que nas rcocnha' dos espcctaculos. d'c,tc gcnero de ent rudo que faziam as delicias dos nos­E' !ti onde figuram os grandes snrec ... ~o' cl'aquclles dia>. ! sos compt\triotM, e d<•sa foi:ron com 11111 nmigo, cscre,·en-

Page 7: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

GAZET.\ LITrEilARTA DO PORTO s:; do-llll' uma carta cm quo lho dizia, quo esta,·a n' nm arti.ta~ nota,·eis , onde qner que for que sejam n s­pui,,, cujos habitantes eram sugP.itos :\ uma enformidado tos. Hoje, em Lisboa, uma companhia franccza já nilo q·i'l l'i 1< chr:wa :i cli:i.;. Q 10 lm· i11t:i e~tu-1 trez dia~ pr:\- figura, 1t niio Fer do primeint ordem. N:lo acredit>wnin tic·w·im d,•,·:irio• irn C'.Cr<' li t:weis; os filhn~ cmpnlhavam isto: ora ainda bem que o V<'Clll demonstrado. &í, pelo

0~ p:u·~; os tios eram empoados pelas xohrinhas; :is visi- simpJc, facto d'aqn<>lla gente :<er franceza, n_,sc,·era,·am nha~ lmrrifi1Yam os visinhos: n'uma pahwra occcrri:\ um que h:wia de ser mui superior :1 tudo que é nosso, e bem tr:tn~lorno compl1•to no~ co~tumcs; mas que ao caho 1los veem que se engan:1rn111 . H ilo-dc ,·ir a cspnntar-sc <lc rrc' di:1.< :1 moJ,.,t ia pass:iva, iodo toda ti g<'nte á. ign~a, que o talento e a arte não h•m cl imatcrica; e que :i e fawnclo-lhe º' padre> nm signal <la cruz ua testa, t•om Fmnça, por ser Frani;a. niio tt•m direito :í aclmirac;:io da 11111 p.J mnito fino . Europa. A nltima cxposi<:iio d1•via. tel-o, desenganado

Or:i aqni tccm, como aqnelle espírito sagaz oxpli- d'isto. A 11:\Çf10 l'rnnceza patenteou gmn,lcH f(m;:\s in­c,w:i o entrudo e a ecrcmonia das cinzas, nos templos da dnslri:ws e digna emula~ilo cm todos os ramos da arte, .-11ri-taudade! mas a Italia, a All<•manh:i e a Ing laterra s1i-tentaram o

gnt a curn de um:1 fol ia, a cinza!. .. E em . .. e é. >'('n Jogar. Embora na adjudica(':lo dos pr<'mio~ houvesse Nunc:1 :t mornli1l>t<lo d'est:i lição, quo HO!< cl{i :\ cgn:ia, :t parcial idade quo todos notaram, e que o~ reiterados foi melll'lr a~h:11la. O terri,·el uumumlo, lwmo, quia pul- protcsloM e reclamações puzcmm bem pat<'nte, comluclo ri·• e.•, PI in f"•lrl'rt'lll rererteri.1 é de certo efficaz motlic:1- a palma da industri:t util eoubc 110 po•·o inglez e as ::irtc• monto, para o~ <ie,·eres da~ nns~as p:1ixõc$, toda :1 •·cz plastiea' foram ainda cl'esta \'('?. coroadas na• m:ios doq quo 0 meditcmoH. Aqnelle pci é g ranel<' exemplo diante itnliano8 e cios allem:ies. A Fr:tnça é uma g rande naç:io; da• ,-a iclades humanas. l~'t in pulrerem 1't'1·ertC?•i,s. mas unicamente pnr:i :iceitnrmos d'clla só o que é bom,

.\ miseria \. qnt' ~!'ja Roma, aqnillo que mnig pro- e repcllirmo~ o rnim. D'esta q?rdade, incontcstaYcl cm fundamente cl<'•·crn meclitar 1111 verdade da~ solemncs pa- todos º' casos ela ,·ida, não clc,·cmos, nem podemos, in­J:i,·r:l• da igreja , cp1c se <>Fqucc;a d'el1:1A, e que nni .::1- clnir o quo nos venha cl'alli s(Í por traz<;r o 0:1rimbo cio ml:'nto nos recorei<• do• clcvCr(•s aulices que tem de cu1n- f-rancez. prir para-com o •<>herano pontificc~ P or occ:i;;Íi'lO d\•,ta A verdade é, qnc a.<sim como a vemo~, a companhia C'Cn·monia, qnan<lo um cio• cardeaes chcw\ ao papa, e frauceza redundará em clccisi•·a percla pora o theat ro. lho fitz o signal da rcdcrnpção na front1; t'Om cinza, 1mp- Boa, poderia ser um recreio para o publico, o com cle­primc por cQ11.•id1•rar110 pam com o sobemno ele Homa, as monto cio instrucc,:110 para os nossos aclorc~ mais no­p:ihwra': Jfemnil", lw11w, <f'tia p•tlri8 e•! O pon tífice >1:lo ,-ei~; porém, n.5~im serão antes qua~i todo• os seus arti'­prrrÍ•ll de lnnln'f11•-:•e de '!'" { f><Í.' Que triste bajnlac;rio ta<; <11u• tcriio de ,·ir 'Cntar-~I' no~ 110$>3.< primeiras pla­<>om os poderes cl:i t ,•1-ra! A.ti- qu:mdo o pó <la cinza hn- tca•, pnr:t •·erem, como talentos int<'ir:1mcnlc des:inxilia­m:rna diz :\O har1·0 dos orgulhos •Ociac><, que tndo é pcwi- cloH das trcs conclil,'Oes csscnci:tes do ensino do aclor ra t• que cm pcwira se ha cl<' tornar, \'Cm :~ et iqueta éor- bon~ modl:'llos, criti<'a clesappaixonada e csclarccicla, ~ tcsil e cliz [1 egr(•ja catholic:i:-Dá tn C•.<a grande liç:io platc•:h illu•trada•, Icem adivinhado o< mai~ difficcis •<>­,\s \'ltidacles cio mundo, por<p1e tambem a clen Den>< a grcdo' cl:1 scena, e grnugeado fama, que nem im·ejOiOs Adào, depois ela sua tle•ohPcli1• 11cia, maH não se diga a nem maldizentes pollorão csonrocer. Pnlcos oudc vemos ,·erclnd<' inteir:t :10 rei ele llmna, porqne aos principc•s é Ernili:i das Xcn;s, H0:<a, Santo~, Taborda, Delj>hina, impofülez dizi-r-llt<'' con~:i- dc,agrada,•cis. Emili:i .\dclaiclc, Thcodorico, l'as.•o, lzicloro, e ainda ha

E clcp·iis cl' i•to qneixam-•<' de Garibaldi cb<'gar ,·,~ pouco ('XÍ"ti:l )fanuolla Rey, c;.se engenho pri•·ilegiatlo porias d:\ cicl:1do !'terna, com mito armad:i l A gnona, :L que li\o cedo se ap11gon, uào podem ser facilmente dc.­insti tuiç:10 do pa:NHlo qnem l!t':t tem frito, tem sido :\ cu- eon•id<'rado", porqno os talentos qne nlli rcfulgem siio ria. J :i ha sccuJo, o affirmn,·a o no.-so bom fr. B:1rtholo- argumento< qnC' '<' a,-j,·am c:1d:1 ,-<'z m:1is que os ,-cmo.;, meu elo~ íllarty1·es . pedindo para os illustri•simo.;, ,.,,,.,~ e que núo podemos deixar de npplaudir. n11dissimos car<lcacs 1ww illu.<trissinui e 1·evo'1·emli.'Xi111a ]1: n io folio aqui 1los nossos actorcs antigos de todos •·efor111a. O ~nccc;80r de S1rn .Pedro, se procur:1 seus ini- os gcnt•ros, d'css:1 nobre e symp:1lhica fomilia de ,·oca­migos, olhe cm roda de si, e não os procure n'outra ções c• .. t>eciacs para o dramatico e para o comico, como part<>, que lá º' cncoutrar1\ . Dia,, l ,isboa, Thcoclonca, Y<'l ho, Florindo, Barbosa J,u-

Uhegou :i companhia fra1w<1za, o dou j á a su:t pr i- dnvina, Epiphanco, e ontros que j1i 11:10 cou hcci , porque moi ra representação uo thC'atm d:i Trindade. Em c•pe- seria :1l11rgnr mui to estn rooorclação jnstamcnto moti\'ada rada <.-om anci<.><lade pelos :1francczados, ou /ram:el/10~, co- por um >entirnento, <1ue nüo podia deixar de ser consi­mo lhes eham:\•a l?yliuto El.nio; mas :1 dcsillus:io foi com- cleraclo de indignoçào contra º"":1 facilidade que ha, cn­pletn: é menos que me<liool'c. ll:i apenas um actor comi- tre nc\s, de alc1111h:1r ele mau tudo que é nosso. co, mr. Bandy, e nma actriz 1tinchi nov:1, mademoizclle A companhi:i franccza ah i está. Vejam agor:t quem Dargcnt, que ... ahcm cl'e~te nh·ellamcmto commmn. tem razão. Inte ndem j:í C$C:lpar-oe pela t:111gente elizen-

Desenganem-.e os apologistas encanccidos ele Pa- do que ,i\o anctor<'s ela pro,·incia. 1Ias aind:i ba pouco r is, <p•e os no~•os thca.tros estão muito a<Liantados, e qne diziam-nos qne eram do The1\tro Francez o ele Odion ... cm ]), l\Iaria, na 'l'riudado e no Principc Heal existem · J 1\. percebemos: o rótulo, para os intcnclidos, era cs-

Page 8: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

8() GAZETA LITTEilAlUA DO POR.TO

1-a, porque O< uào intendiam, bastm·a-lhes o simples nome 1 seus escriplos, º" costume" o o \'iYcr intimo dos campo­dc nwrcacloria francc7.a . O pre~tigio cl'esta denominação nozes. Pt">l:tllozzi é um pintor escrupuloso dl\ 'itla cmn­obrarin o prodígio. l\f:i. n>to obrou. Logo, na primeira pestre. "Na mesma opocn cm que ~oss cscre,·ia Lui:a, rccitn, os signacs da csqcranc;a partirnm ele todos os an- compunha t'lle :\ sua gmcio•a no"clla de Lie11'1'''"il e Ge­gulos da sala, e so não fo ·am mais estrepilosos e mani- trudi's, que rcpro..luz com verdadeiro :\l tractirn, as ale­fo~lo•, foi porque o publico que enchia camarotes e pia- gria~ e magnas da exi,tcncia rusticn, e prég,1 b •111 sua­tcas era do m:\is escolhido cln c:tpital. Isto é a Yerclaclc . ,-ement as lri~ do trabalho o os puro~ e ;<.1 ntos dictamcs

JOSÉ llAlllA o'ANDIL\DE t·EnilEIRA. do lnr domestico. Jung Stilling, o m.vstico e brau<lo cle­

.\s 1•111• l lla1111 do sr. r t"ito1•

l'Oll J ULlO DINIZ

(Co11ti1111a9üo.)

,·ancaclor, <1ue tanto subtili•a :1 scin1 ,·crdaclcir:1me11te cmnpe~ina cll' seus primeiro~ trabalho~, e lambem Kebel, e mais, de fre,co, Immcnnnun, Jo5é Rank, Bcrtholclo Aner­bacb, Leopoldo llomport, e por fim J eremias Gottkelf, ou an tes Albcrte Bit7. ius porque Jcrem ia~ Gottkelf é um pscuclony1no; completam C'sta collecçilo ele engenhos, preciosis~imos pdo amor dcsintcrcsMn<lo com que se votam á pintur:• dos costumes <los nldcocs :1llem:1es, ao estudo

Hn hnstantos nnnos escreviit eu , na minha memoria paciente do seus bons o ruins instineloR, o sohretndo pelo oAcrecida 1í Acndc111i:1, que scrin bcnemerito elas let t ras desejo de lhe• ser ntil, cl eil(ljo :mlcnto do lhC's re,·olver o todo o oscriptor empenhado na proveitosa tarefa de colli- cornçào e f:tz<'r :1hi frudiíi<'ar os gormons sngrados ele g ir, por osso reino, as lendas o t radições da superstição uma sii moral. do nosso povo, para depo is, njustaclas em cpisoclios ou Em Frnnç:\, C'Slo exemplo eneoufrou talentos imi­encadC'aclas como pnr te cxornati,·a, scrdrem a peque- t:iclores, ma~ talentos, apenas. Com raras excepçocs, a nos romances elo fazer realçar a ph~·sionom ia e indole dn louva,·('( c•111ul ~~r10 produziu mais do que obrns artifi­nossn genuina poesin nacional. eiacs. As sccnas de Berri, ele J orge Sand. são tbcsouros

A pcrspicacia ele nlgun~ romancistas portuenses ti- de verdade e pocsin, ma• eontrnfoitos pcl:\ aff<•etaçáo elo ubn jíl nclh·inhado·n·cste ramo litterario um sico minerio, nr t ist:1. Kão trnto clus C<)mposi ~llcs de Lamnrtine, affGc­cujos ' 'cios abundantissimos, poderiam ser explomclos tuo~ns, !.nica•, porém as mai~ falsas que tem imagin:ulo com acceit:u;ào, e até cnc:necimento por todos os que n <'h:unad:i inspiração popular. dc,tjam ''cr a no~•a litter:ttnra, sem a ligu nem fcze• de A lnglntcrra, C•'lt sim; e•sa aprcscntn-110• formosos influcncins <'•tranhn•. • l rwi Escura, do tào mallogrado e natnrali•simo• modcllo5. Uma das melhores prm-incias c-criptor Coelho Lousada , morto na florescencia da ela poe"ia inglcza, e de Cl•rto um dos seus dominios mais vidn e cio talento, de.dobra um cl'estes quadros, em que caractcri,tiro•, é a ,·arindn galeria de ,·igarios e reitores, :ts crenças e abusos cln ereclulidatle popular ,·cem dar dentre º' quaes sobn·-ahe a phpionomia maliciosamente :tlma e fei(;ão a um aggregaclo <!e seena~ agitada'° dentro simpl<'s do ,·igario de Wnk<•fiPld . Thompson, Penrose e dos limi tes de uma cpocha clctermiu:lda. Que pena. foi W'illi:un Cowper lig:un-sc t•.;trcitamcntc a esta familia, tão bem cstrcndo engenho, não poder medrar no muito de que Goldsmith !rac;ou o idl'nl. que nos promctt ial O . lreo de Sw1t'~-lm1a, do visconde A no~~a litteralura tambom possne duas cl'estas de Almcidn Ganett, e Um <owo 1ut córte, elo sr. Andrade aprel'i:"·ci• pcrsonifi<'açõe~ no padre lhoilão, do , J(la1e­Con ·o, o lambem as no\'ellas intitulacl:1;; Cm motiui !ui ""'>e no pn•"hyt<'ro, do Pm·ot!to da (lldet:, elo sr. Alcxan­ccm mmos o A ultima dona de San l\icolau, do sr . Ar- clrc Hcrcul:1110, Betratnm bem do nntural as puras e bon-11nldo Ganui, de igual sorte se aproveitam d'estas ficções dosas physionomias elos YClhos tempos, que j á niio ,-ol­<· incli vidunl icladc~, como verdade iros elementos q ue s6 tnm. Bom raros ~:1o hoj e até os moclollos; ou, se existem, conscgnom imprimir cunho portugnez n'estcs t r3bnlhos falleccm-lhc~ os poetas pnrn º" encarecerem; e, se não dtt imag inl\çno. Nn Bn1:1:a do ,l[onte Coi·dova o,·ocit o sr. folle<:em, comprazem-se em altomr, com intençiio insi­Cumillo Caslello Branco, com mfLO de mestre, algumas diosa, a pureza d'nquellM vouorandas figuriis patriar­d'esta~ porsonifionçoos, que as recordaçees da infancin. chnc~, introduzindo-lhos nn nlm1\ oandid:i as tnrbnleu­tanto nos poofünm. Porém, A8 Pupillas do si·. ,.eito1· cias e irri tac;ocs do <'~pirito moderno. Sii.o ohrn• compos­vieram agora traçar mais l:irgameute 1un cr estes qua- tas antes por artistas, <1uc não eompoem pani o povo, dros, donde, como flores sih-cstres nascidas ele entre os mas que, npro,·oitando du povo os eo.•tumes, os cffcit-Os sih·ados cl:\s alclcas, surdem os costumes, as figura~, as pintoresco~ o nR foi<:ôc" poetica5 do sou ,-i ' 'er de todos os usançns e os enfto1·ados aspectos ela vich cios campos. E' clias, tentam, com este cahcdal, remorlel:ir uma litteratu­osta decerto o thcatro mais acle<juaclo, para o clesafôgo ela ra esquecida ou desprosada, colorindo-;• do côre,; repu­largn veia da trndiç:1o popular. Ainda, entre nós, nin- g nantes {1 ~ua indole, e nem sequer curando d:t ingeuui­guem havia ncceitado o gencro t:lo abertamente, como o clacle do cnrnctcr moral da ohra. qr . Gomes Coelho. Na Snissa allemã são abundantes Esta nrguic:ão 11lo ~e pode Í.'lzcr nf> lino elo sr. Go­Citns tentnti\'M. Xa velha Allcmanha nnútos teem sido mcs Coelho, posto que, diga-se n ,-ercl:tde, o romance das os romancistas e poetas CmJ>Cnbados em consagrar, em 1 PupillaJr seja um trnbnlho de mera arte, analysado com

Page 9: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

GAZETA Ll'l"rJ:;nAHIA DO PORTO 87

rigor por algum dos sen.< aspectos. Kio que o proposito 1 Par<..'Co-111c qm· poderei explicar o plaenomcno d'esto do auetor fosso dc1•m<sar os mystcrio> e transes da 1·ida modo. provinciana, pnrn especular oom cllos, porque, polo lado 1 A infanci a do sr. Gome~ Coelho jnl~,) tor corrido moral, nada de mais irrcprehe11~i1·cl do que M1uella set'ie longe da cidade, cm presença dos cspcct:1('ldos grandiosos de qu11dros, em que ao lado do erro surgo logo a lic;iio

1

do natureza, e no seio do c~pairccido ambiente dos tra­altamcntc cdific11ntc. Soja cxempl_o a sccm1 dos jog:1<10 1::~ b'.d hos rnrao•. Náo soi so n:~scou aldeão, mas '" tcnclcn­ua tavema, lance que é rcproduzulo e bem conheculo Jª, crns do seu cornç1o, :1~ pre<l1lccço~s do s~u g~nio nrtis­mas que tr:ulnz os bem intencionados intuitos do auctor. t ico, lc .. am- no para ª' alde:\s. Percebe-se que n':1quell:1 :issim como o que se pas~n. com ª" mães elas discipnhi' de memori:i lm t·ccor<htçO\,s 1· iva<, dºcstas <1ne so podem nn­Margarida, onelc a calumni:t é humilhada :ité aos cxtl'C- tril' o cnflo r:u· o,; succe"os cio< 110~,;os pt·innit·t1• anuo~. mos cio arrependimento. O sr. Gomes Coelho exalta com Tod:1 a parto dcscriptim do lino cb5 P11p i[[a,. n.io cõl;~ fon·or ns 1·irtudcs do cor:lçiioda 111ulbel', o os elovorcs do 'ó narrnda, c~t:i. prol"undamcnto sentid:1 pelo auctor. Não lar, faz cornpl'ehendcr a dignidade da cxistcncia cm todas Ó um pi11tol' tourisf« 'Jll<', emho1·ccido pdo aspedo rude as cotuli~ões do trnbalho honrado. Todas c~tas quali1laclc> ele 1111< sêl'rO< alcantil:\llos, ou pela Yist:1 apm<i1·cl e um cst:io dcmonstrndas, e cxemplific:1cl:1s, nos scntimonto, e <:nsalinho a ~ahir ela ('<pcssura 1lt• c:1n·alhriras st•cularcs, :1ctos pratic.-ido• por José dasDorna•, polo ci rnrgi:lo João <O d1•l<'m a copi;1l-a•, pnrn enrcc1uicer o albnm ela~ suas Semn11:1, pelo reitor, pelo mesmo carncter de Pedro, t~ po rocordaçocs do l'ingcm: é um filho dos campos <pie sabe da Jhancz:t ele honcladc provinciana. Ve-so que estas d i- a histori:t d'nl[uCÜCs montes, que OS entrc•·ê todos J>Ol' Oa­versas creatura!! obedecem a um;L clc1·ada inspirnçiiO mo- do~ das 1·eminiscen<: in-i da sua infancia. ral. E até, dign-se a 1·enlacle inteira, o romance, 11pre- Porem, o aldc:1o creS<-cn e tornou-•e hom<>m; ali

ciado por este l:ulo re1·cla uma candura, uma pureza de exigcncia, do seu futuro destino trouxeram-no IÍ8 cida­indolc, que do CC'rto attrahc verdadeiras Rympath ias ao do~. Ahi encrtou estudos sorios. Comon o fruc::to da :mctor.

F, é esta hrnnda e 1•irificaclora athmosphcrn, quo ba­nha todo o lino, do qnc resulta o mais seguro e irrcsis­tiYel condào para o leitor o IPr e reler, fic.1nclo-sc ainda depois n co-existir, a pensar, e a tmt:\r com aquellas fi­g uras todas, qno a inda as menos fa1·o reeidas pelos dotes ele um bom interior, como o João da Esquina, a mnlhcr. :t beatn, e outras, nos agmdam, e com cllas folgnmo$, pelos tra<:os comicos qno llies alegram o scmbl:rn tc. Qnnn­to á parte moral. j:i. di«e, o lino é completo: encerra exemplo o ensino. E sohrctuclo, a lição é dada, sem que se sirtit o desnbrimcnto cio mor:\ lisla, nem a c:iust icida­cle de pedagogo.

O defeito do lin-o é puramente como ohrn da art1•. O cora<;üo da mulher ele c:unpo é all i sopliistícado. O snr. Gomes Coelho e"<)ucccu-,e de como senti:11n as polw ... s raparigM da snn nlclé:t, e Lomou por exemplar o cora<;ão da mulher das cidades.

Cousa singular! ~a<la mais 1·crcladeiro do qne toda a estensa galeria de seus personagens comicos, o nada mais 1H"tificial cio que Mal'garid:\ o ít tó mesmo Cliwa'. Aquella é uma b<11<-bleu sentimental, e esta não pns•:t de uma loureim, como nol-a~ apresenti1 a cle1·nssidt10 jí1 re­quintada das cidndei<.

>Cicncia, e p('rden a innoccncia primiti1·a. Os conheci­montos physiologicos ndqucridos pela s11:1 profissáo e o sou pronunciado talento de moralista, fir.rrnm d'd lc nquel­lo analysta cios homens e das cousas, qne tanto nos m1-

canta e assombra . ?.las o demonio cl:i analysc crcston- lhc as azns dos

antigos l'ôos, que scrinm decerto as lcmhran<:as innocen­tes, os sonhos jn>'enis, as rccordai;oc~ da ing<-n uiclacle infanti l, oncle tran h1zi1·ia, co1110 em cambiantes formosís­si mo~. o verdadeiro e singello sentir dos habitantes da sua aldéa. Drpois d'i,to 6con-os 1·endo antes como es­pírito observador, do que como poeta. O coração .i'• os nào sent iu, foi a eabt'ÇtL que os analysou. E o cxcc8so d,~ annlyse Jc .. 011- 0 a snrprehen<ler--on antes n crcnr senti­mentos ele alma estrnnhos, om personagens, onde fora. mais natural cncoufral' apenas os affectos primith·os dn. natureza n1'tica. O amor ele )forg:irida, principalmente, tomou-o ellc como um g rando thema d:i paixão humana. A ~implicidadc e inexperiencia do sentir aldeüo, fugin diant<' do li no metaplt.1·sico dn Tl1eoria dai pai:âJes. Cada hypothese do KOntimonto feminino, tomou-se moti1·0 para. uma hnga dis.~crtação. E este abu~o de phylosophia 1110-r.11 (permitta-,e-me li palana) abuso influe, n:\o ro na. or<1<•1u das id(':\~ e affcctos, mas no seu corolnrio imrnc­diato: na linguagem. ~m gemi, M mulheres do l'Omnnce,

E porque scr:i, que o lapis qut• esh<><"on táo ele 1 ez. isto é o s<'ntinl('nto, é mais n•gido pela c;ibeç:i do qnc e :~ traço h'.o firr.no os prc~s d<> ~)Om cio lavrador, do tcn- 1 pe~o cora<:ão; ou, pam melhor dizer, é o auctor que peus:\ dctro, cio c1r11rg 1:10, d:t criada d csto o eh bcntrt, não con- o fall11 cm seu nome. seguiu n ~implicidacle ele linhas que p<..'<lia a naturesa rn•- E' este o grande defeito do li no. A naturnliclade o tic.-i das duas aldt•:'1~? Porque foi o auctor nm 1·crda<l1·iro 1 si111pl1•za d'aqnclle ~uad1·0 P''.'toril.' si'.~ essencialmente Mogarth, quando tratou ele nos compô1· o <1uadro do.' alh>rndas por estas chMcordanc1ns sc>1mt!/m1.•. personn~eus caraclcristicos da l"ida da pro1·inci:1, o de- ]~ permitiam-me que, sem a. mais ligeira. sombra ele pois t\mpregon nm estylo t:10 i·epfo~ado e laml1i<lo, qu:rnclo 1 hostilidade, apontemos aqni 11111'1 ligeira amostra d'estede­dcscjou surprehcnder e inquerir os segredos d'aqndlu" foito, cpto o fi1roi mais parnju~t i ficaçào elos meus reparos, creatnra" fomeninas? 1 cio qne com dt'sPjos de C"ensm·a. Qualquer elos lances, em

Page 10: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

88 GAZETA J,lTTlrn.\HIA 00 PORTO

<1ue faliam as duas irm ·i•, para o exemplo. Seja cst.1, ('Ili

que )larg:wida •C dirigi• a ('Jara:

«-A minha a111i":til(', pNle~-me tu.' e wn )XJttco de

(lmisade, disse•le? B, a niw ser a ti, a quem quere" que

cn ni clar ioda e.•/11 'J'll' I >rn• /llP , ,,;; "º corarão Pª"" dm·? De tna mãe recebo cu n <'"1110/a do 1>cio e de a/,1·i90; :igrn­deço-Jb'a, e rogo a Deu~ por clla: a ti, dero-te mais; de­·1•0-te a em1ola d11 co11.•ol11r17o P de N>11forto; } 1()1' i.•/o lt• r.y-

11•.rm.eço e 'l"""º' ('larii,/,,. , 1-; t111fo1·idal-o! ... 1>

( Co11ti111w .)

JOS~ MAlllA 1).\K!Hl.\Dt: n:RRf.lllA.

E'<CEIWTO DO BO~L\NCE IKEDITO

A CONSPIRAÇÃO DE PERNAMBUCO

Ha,·ia dois ou t r<'~ dia• <1nc a armnda hollandcza • do conde l\Iauricio de ~n~sau forç:rnclo a barra ela Ba­hia, e depois de lan~ar ('lll frrra ns tropas de dcscmhar­qnc, principiou a bomhardl':ll' a e-idade. Dentro do; mu­ros da capita l do Hra:t.il a eonfu.;:lo era extrema, e a eons­tC'rnação immen,a. A fomn da; ,·ktorins dos Hollandeze" tinba, ha ,.ia muito, <lo "obro mito os habitantes de 8. Sal-1·ador. Sentiam que lhe~ l'~tiwa imminC'ntca sorteei<' Olin­da, e não julgavam ~<'r rnais folizcs elo que os Pcrna1n­huoanos. Quando a <'~lo~ os niío pôde dofenclor o heroís­mo de l\1:tthias d'Alhuquol'que, tendo na sua frente um general mecliocl'c, como crn 'fhoodoro Vanderbury, po1:­r:1s esperanças del' iu aliml'ntar quem era defondiclo pelo conde de Bagnuolo. (JUO ~<Í c·ontani derrotas na sna in l(•­liz carreir:t militai· conll':t ~fouricio de Xassau, um do•

mai~ habcis estrategit-o,; do s('u paiz e do seu tempo. Triumphou logo no primeiro impeto o ex<'rcito hol­

litmlez; desemliai·c:11ulo na praia de 'fapagibe, in,·C'stima forbleza ck 1'\lons('l'l'lll<', <·1\jO~ torrcõcs qna~i de~guamo­

c•iclos, por que de t re• ladosº" h:rnhan1 o mar, e do quarto h\Clo apcna8 lho cl:11·a a('rcsso m11:1s pequenas lingua~ do ttwrn, campcianrn u 'i1110" ela sim snppo~ta inexpugna­lii lidacle; tamhem não l'('~i~tiu a for taleza de S. Bartho­lomen; e M:mricio d<' K:1~•:m, firmado logo n'e<~cs <lois pontos d'apoio, mardi:irn n <''tahelceer-"e na emin<'nria f'hamada do l':ulre Hih<•iro. •1tw lic-arn a meno~ de meia l<'gua da Babia. Dl'ha l1lc• o t•ondt• ele B:lgnuolo crwia al ­guma>' companhia' a ho-tili•nl-o, e n embaraçar- lhe a marcha . .Apezar elo rnlor com qu<' RC portaram, não con-1<cguirnm o seu fim. )fouricio de Xa!<~an marchou deRas­~ombradament<', ainda que <1Pixando o eamiuho juncado 1lo cadaver<'S dos fiCufi, e oRtall<'leccndo a R s nas bat('ria~

com rnpidcz, começou :1 ' '"'"ljar de balas os intrincheirn­mcntos ª"ªn~ndos, quo dcf(>nd iam 11 cidade.

)~ra ao cahir ela tard<', o h1\\·ia na~ nrn~ do S . Sal-

,·ador um ah·oroto indcscripti,·('f . )lagote> de populares cruzn1·am-~c por todos os lado~, t:omo fnrio~os e pedindo armas, outros pallidos de susto e in1·oranclo a misericor­dia elo Altíssimo. As mulhcr('S qu<' viam no• hollandczes uma rnriante de Canni bacs, chornl':Lm e nrr:m<·aq\111 os <·ahollos nccnmuladas ás p ortas dai; habila)MS ou t·ntrou­xavam à 1n·ess11 os seus haveres pam fiO pôr('m :1 salvo n o ll1•(•0·1c:11·0, como ha1·ia111 leito no h•mpo elo bispo D . \'\forco<. _Jo~ palacios niio era menor a agi1a;:10 elo clue na8 cns:1s modestas dos burgnczc.<. N<'gro• robustos trans­portav11111 1i pressa cm pesados fardo> para >itio st•guro ª' riquc>.:\~ de sens amos. K:is pr:u;a• c-ta<:ion1wam en­CO>l:ulos 1i forquilha ifülispeu~a1·cl par:\ a~ sua• armas qun•i primiti1·as, 35 companbi:i.~ de u10•<1nch•iro• CJUC ha­,·iam sido repeli idas, ma~ qnc, sul Í•li•itn• por terem com­prido o scn dever, esperavam com rcsignaç:1o uma 11(1\'a ordc•111 dos seus chefes. Aqui ou alem í1 esquina das ruas vi11-so il lurninado pelos raio" elo •ui JlO<'lllt', inunonJl e Lrn nquillo, com o estoicismo c·arac·tori st it·o ela sua raça a lg u111° iudio das tribns alliadas, cujo heroico chell>, Po­

tyguaras~i'1, j 1i n:io em tratado cntn• º' portuguczcs se­ni\o p •lo n ome pomposo ele O. Anlonio l?hiJi ppe Cama­

rão . l\foi-< adiante, exprimindo-><' "º"' ,·oluhilicl.tdc, e mnm:jando o arcabuz como um tambor-mór o baslüo pe-1.<>r:\\fl 1\0 meio crum grupo d'('~ér:n·o,, <JU<' O l'><:ula\'llm lr<><p1inhcrlo•, algum preto elo t ·rço cl'H(•nriquc Dias, narrando fac;anhas fabulo"ts o;K·mda• por e-se~ heroes 111• Cabinclo, ou da Cor te do J[ina. A cada in.t:lnrc en­t r.n·:i na t'i<lado uma noYa compauhia de mo"<)uotciros, ou elo arcabuzeiros dizimados. mas 111:11·cltando com or­dem o mostrando nos rostos marciaos os \'('stigios bem "i~i l'<'Í~ d'uma polej<t a todo o trance. O regresso com Lu­do cl'(••s:I• g loriosus rcliquias :iugmcntou a co11stern:1-<;:'10 dos sit iados, e amcaçan1 a cidade <·om a 1·olta d'um ,!\·--<·> p:rnieos que ti"lo fatncd no' h:11 iam •iclo l'lll toda~ :h C':\mpanha' coutra os hollandczcs.

Ac:irna d'e~te borboriuho confi1'0 om·iam-se dois •ons :1inda mais lugubre~ e que fa?.i:un pairar o terror .,,Jn·l' a cnpital aftlicta. Er:i n 'oz g1•nwdora dos sinos que ,·ibra mm c111 todos os campana rios, acordanclo º' cccos c~p:intaclo.; com o pa1·iclo toquo d() rchalC', o t'l'a ao longe abnfod<i mas incessante, o horrisono lro·ir d > canh:lo hol­lnndt•z cnj:t c·h:\rnma indcci8n se podia ver, entre a~ som­lm;s incipic11tes, 1\Yermclhando o horisonlr.

As ag uas da Bahia eshwam j1í inuncr.-as cn1 meias tt'C'l':ls, 1• entre essa nascente c•C'urid:\o, apenas aqui on alem <·ortados por um reflexo do sol 1loinrndo :t crista es-1nnnC':1 d:h ,·agas, on,·ia-~<' com ind1'fiui1·<·l angustia o me­lanc:holico lamento da• ondas qul'hran1lo nos rochedos. A ilha cl'Jtaparic.~ . ve.5tida Je dcn•o :n·1·orcclo. enrnh;a­l!C cm mysterios; elo lado da~ c-arnl'ina' pelo contrario, :iimla o sol esbrazca"a o hori~ontc, doiram 1·m met.illi­co~ r<'flC'xos a copa Yerdc:jan tc das arnn·cs, C' illuminM·a as <'upul:t s e campanario~ d:t l'idacll' :H'<'tmrnlnclo~ nas collinas e principiando j:í a dcKcc1· parn 11 hci 1·a-mar por rn coKtn~ de rnpido pendor. MaN t'>n h1·1•1·<', <'omo sempre, c•so cropnsculo em terrn$ trop ic·:wN, t' 11 noite não tnrda-

Page 11: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

GAZETA LLT'rnrtARIA no PORTO 80 -==========================­ri :i :i cnvoh·cr ~m o seu manto de t~rrores :1 con~tcrl!a- l fl'ilmla1im1es 110.ill'o' ? l!.~c111'f}e, .f)omi"e~ adji11·<i 110,,,. et 1'e-da. popnlnç:io. dime 110« 1wopler nome11 t1wm.

Pelas portas dos templos abertas de par ('111 par t·n- Fo.iz uma pausa. Q11 ,.in-sc ao longe 0 tro:ir do canhão golphn,·am-oc ondas de po,·o, que ,·inh:un procurar jnn- hollandez. to dos altaro' ou uma esperança, ou nm refugio. l•:rn to­cios esta rn exposto o Santissimo ::iitcmmento, e 110 nwio das trévas cm quo se sepultnva o corpo da~ igr<tiM l'S­

plendia a <·apclla-mór com as i11numeras luzes lJUe ro­deavam o .:wrnrio. Era para a igr<'.ia cl:i Ajuda, a igrej<L cios jesuita~, que se dirigia mais grossa mó ele J>-0''º· i­gamol-;1 nós t:nnbem.

A \'asta igrejéL d;i Ajuda, i;-Om ter ainda :i. opulcncia a que se elevou depois, estav:t lambom js\ muitn longe de ser o templo modesto, onde os leitores da Vi1'[!em

G11{lrw:it1li•d a.-istiram á solcnmidade em que Beatriz <:an­tou diante de Caetiguara marn,·ilba,Jo um dos p,aJmos de Palcstrina. N'cssa occasi110 as sombras crcpul!Culare~ augmenln,•:1111 o sentimento religioso quo parecia descer d'aqucl la8 abob:ulas mugostosas KObre a nrnl t icl:1o ajoe­lhada. A capclla.-mór est:w:i csplcmlidamentc, 1n:1s 1·ssa conceutraçilo ele folgor uilo fazia i;-0uão tornar nrnis den­sas as sombra~ que se aninhavam nos recanto~ da 1Hn e . A tra,·ez dos 'idros córaclos das altas janellas um raio de sol moribundo coou-se ', franco e pall iclo, e closcuhou na athmo~phcni nm longo traço luminoso. A multicl:io confusa ondcav:L no corpo da ig r<'ja, e o choro dM 11111-lbercs, o mu1·mm·io das pr<'e<'s eonfuudiam-se n'11m fo­nebre lamento. O org:.io, trist<' <' como qne ~aspirando apena~, fazia ou,·ir o seu canto rngo, vibrando debaixo dos dedos .li•trahidos cl"algum 110,ic;o jesuita . O ,,ino ca­lara-se por instantes, e o gemido do teclado p:\l'rci:1 in­vocar apcn:ts com timidez a protocç·ilo elo Omnipot-Oute.

De subi lo percorreu um frémito as turbas nus111Tan­tcs, e toda~ as cabeças se voltaram para o pulpito que fic:wa escondido na penumbra. Um homem de; alta c:.ta­turn, de pouco mai8 de trinta :rnnos, cm cuja fro11to lar­ga e melnncholira se via csta111 p:1tlo o sello do gP11io, cm Cl\ÍOS olbos ,·ivos resplandeci:\ a cbamm:i do i11 spirnçii.o subiu vng:11·0.t\mente osdogrnns da tribuna sacra. V cstia a. ampla ro111>< b 1wgra. dos jcfiuita8 ... Subiu o ao chegar ao pulpito, njoclhou e!<C<>ndendo a cabeça entro a~ mãos. O raio do sol, <JUll•Í a apagar-,<' nos ,;dros aind:i seinti­lantes corl'o11-lho os cabollo' cl'um circulo dºouro. Rei ­nou profundo silencio no a11clitorio; o orgão, no meio d'essa. 11111dc:1. ;,ubitanea, prolongou tristemente o s<m te­nue suspirar, e a ultima nota d<' musica sagrada (•xpil"Ou tremente nns arcarias do templo.

O jesuita affastou lentamente as mii.os que lhe co­briam o rosto, dt•pois ergueu-o, e ergueu-se. E>t:wa pal­lido; os l:ibios trc111iam-lhc convulsos, como so o agitasse intima fobre . Dir-so-hia quo o vond:ival drL cloquenci:i fazia ,-ibrar M (·onlas do instrumento, onclc ia clcspNtar incognitas e trenwmlas mclodi:1•.

P orque <'-''º homem era o padre Antonio Vieim. E.1w·9r, 1111m·e ah<lo,.mi,., Oomine? Disse rllc com

voz g ra,·o o pl'Ofunda. 11'.1·11"!/P et ne 1·P.pelle~ i1I ;ilwm Qllan! .fêwicm, buon <tt'erti.~, b!Jliris('eris in.opio• ''ost1•01 ct

_ _\11tonio \'ioini cscutCJu um instante C•sO rnmor lon­gmqno, l' lluctuon-lhc nos labios um pnllido sorriso. De­pois com :i stm voz mcla11cholica o g nwo, continuou:

uUom cst.1s pala\'l'as piedosamente rcsolutas, mais protestando que orando, dá fim o Prophcta Hei ao psal­mo quarenta e trcs . Psalmo 'tuo desde o principio até 0

fim não parcce senão cortado para os tempo~ e occasião presente.~

O silencio ern p l'of1111di"siml>: o crcpuscnlo i:t cada ve:1. mnis de-dobrando na igreja o seu •·eu i\Olllbl'io; os ,-idros ~'<Írados iam passnrHlo por todos os e1111bia11tcs cle­cresccntc~ cio luz solar. A voz de Antonio Vieirn eou­scr.-ou durante o exordio tod:L a sua gr:wiclndo austera: humilhou d ian te ele Deus o cspi l'i to, para depois melho;· se le.vantar , pedindo audaciosamente conta!! 1\ Omnipo­tencuL do de.•amparo cm CJUO deixava os Pol'tugnezes. Quando rezou a Ave-)faria do final ao cxordio, a sua voz cstnnL humicla de lagrimai<; porem no erguer- se de no•·o adquirira como que um timbre mais \'iril; a sombra crepusculn1'1 a cada instanto :rngmeutada l"'"rnt:wa a proporçl>o• colo"saes 1i sua cstatur:i firmo o Cl'ecta no pulpito. Debaixo das vistM do Ol'ador sacro ji se podia preRentir o lribuno patrioti<'o, j1\ as ~brnções ela sua rnz tormw:un energia e ''igor, ji1 a eloqucncia fogosa ar­n1st:wa para as esphcras \'Crtiginosas, jà o unditorio sentia cm·ro1·cm-lhe pelas ,·e ias as convu lM)Ci\ eonta"iosas do Lcl'Oismo, e qnando do st' io das t revas cm <t uc es~1,·a 0 pulpito nw l'gulbado, sahiu, austero e forte, o hmdo de re­criminaç:io amarga con!rn a C'Onstantc prosperidade cios hollan<l<'t.('•. om·in-•c c·omo '1110 um tinir clºc"<paclas na amplitl:1o do templo.

t«T:\ cli"•m O'< hci·ejt••, (•xclam:i,-a no pulpito a ,-0z d'Antoni1l Vif' ira, j:\ dizom os herojes insolc11t(•s, com os succcssos prospero,; qnc veis lh('8 dais ou permilfis,j1í di­zem quo porque a lei qnc <'li<'> chamam r!'ligi:io (o \'Cr<la­cleira, por i•so Deus os ajncla, e "encem, e porque a nos­sa é err:ula e falsa, por i''º nos desfavo1·cco e ~omos ,-en­cidoo;. A~•im o dizem, a~sim o prégam, o ainda mal por­que nAo filltarlL quom os croia. Pois é possi,·c·I, Senhor, que hilo-do ser ,·os~as pormis~õcs argumentos coutrn ''OS~:\ f<1? E' possi,·el que 80 h:io-do occasionar do nossos castigos hla..•phemias conlm o \'Osso nomo? Que cliua 0

hercjo (o que treme do o pronunciar a lingua) c1ue 0

dig;i o hercje que Deus cst.i hollandez? Oh! n:1o pcnnittais tal, Dous meu, nii.o pcrmittacs tal, por quem soi~. N:io o digo por nc\8 c1uo pouco Yi cm 11110 nos castiga,·ci~, n:io 0 1Jio-o pelo Brazil, quo ponco vi <'111 que o destr11iss('is: por ,~s o digo, o pela honra do vo•-o , antissimo nonw: f'l'Oplei·

1w11ie11 t1111111.

:\'ào se 011\'iu nem um murmurio; c,tan11n todos suspensos dos labios do p:1dm, e clle <>s!<'11cl('nrlo o braço com 11111 gc~to :í. incrgica 111:1 lclii;:io, trovrjou .i,, pn lpito

Page 12: NOTICIA - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetaLiterariadoPorto/N... · c-01 1 •01·uu;a1 tricios ... inclin:rnclo ao intento, qm• era

90 GAZETA LITl'ERARIA DO POHTO

com ,·oz nu principio conc~n trada, e afinal rugidora co- Flo1·e.• ce/estn, po1· José Uorll'1. Solposto mo uma tcmj'c..tnclc: 1 Rmnall1ele de bernardice3(<'btc é bom)

«Jti que o 1icrfi<lo cah·ini~hl do~ •ucce~sos que ~ó lhe Nnmalliete e•piril11al, por fr. Antoniõ das Chagas mcrc<:<•m no•sos pcecados foz nrg:nnento da rcligi:io; e se Ramalhelt' dmr dmnn~, por Raphael Coelho (este é o me-jarta in~olcntc e hla~phrmo ele ser a sua a Yerclaclcira, lhor, por ser o mais inutil.)

veja cllo na roda d'c~sa tll(~•ma fortuna que o desYanece l R~ma/hete (pcriodic·o) (orça 1iclo antecedente) ele que parte c,t:i a ,·erdadc. Os ,·cntos e tempestades, 1 e"flel de 1•l<i111a, e flore,, por fr. Jacin tho ele Deu,, que> 'leseompoem e derrotam as nossa• armadas, derrotam f:anutlliete /><>elil'o, por José Antonio de YaUe. e dc-b:\r:ltam :\li sua•; a.• doe1H;ns e pestes que clisimam lwmalltele de 111yrra, por Leonardo BrandrlO e enfraquecem o~ noh•os cxercitos escalam as suas mn- Rosa• do .ft1p<1o, por fr. Ago>tinho de Santa )faria ralhas, o dt•spo,·oam os sc•t• presi:lios; os conselhos, qnl', l•:orile11iw dos modoa de /aliar, por Bento Pereira quando ,·ó~ qn<'rcis castigar, so corrompem, em nós se- _\ m·ajloresta, por Manocl Bcniurcles jam allnmiado•, e n"dlc• enfatnaclos e confuso~ . iUude a l •'lon•ttt "º"i•úma, pelo padre l\lauoel Conscicncia ,·ictoria as injurias, clc;;affrontom-se as cruzes catholi­CM1 triumphcm ns ,·o~sa s chagas nas nossas bandeiras, o conheça :L perliclia humillmcla o desenganada qnc só a fC ro111am1 que profo~samos, é fé, e só clla a .-erdadeirn o vossa .

( Continua) .

M. l'INHEl!lO CHAGAS.

JAHDJNS, FLORES E FLORESTAS

E' um pasmar-se a /:(Cutc do s"bor bucolico dos titu­los que tlon:jan\ dezena• de li nos publicados por anctorcs fu,itano~ ! Bcm l'C deixa io tcucler quauto são iuspirafo·os os nos~os CfllllJ>Oi. !apeçado< de boninas e coma<los do bos­ques. B ~• · a natureza 11:"10 luxuri:tF>(' tm~tas n~rdnras, que rc.•taria ao maior numero do.; antigos (>Octas obrigado, a n:lo o •l'r<'m, 1wlo H'U olfü:io de frades? '.

Co•tumanun dcsforr.tr-•c º' alahafado~ e<piritos no innoccntc ck•safogo de bapti,ar<'m os sen> li nos com 1111>

ti tulos que n•cendt'"'em aromas do; hortos para onde ª' nlmas lhes 1wo:w:11n a c'praiar saucl:ules.

N' umtt. linaria nwclc.•t:i encontramos cm pro«a d .if.­to a maiH bolla collccc;:lo de lindos titulos ; tod:wi:1 como cll c~ ong ana111 '. A gente, folhc:rndo os l in-os, 11:10 lhe~ onconlrn poo~ia se niio nos frontcspicios ; ma• forc:a é di?.or quo, 0 111 muito,, "ohrn a el'lldicç:io e o ouro da li11-g u11, ondo falta o deleite p romettido no rotulo. Aqni .-o­rtl. o leitor os litulos ck que hadc fugir, se o seu intento, quando lú, é g as t:ir tempo "ºIli dar que fazer ao c·orn~iio.

.fa,.<lim Sinwoliro, por l\I:rnocl do Campos llforeirn. Jai·dim do ceo, por Soror Maria Benta Janlim da wgrada 1~·srript11ra, fr. Chri~to,·iio de Lisboa . ./a1-dim r~pi1•it11al, por fr. Pedro de S ." Antouio Janlim sagrado, por um Eremita .Jardim ele l'orl119al, por fr. Lniz cios Anjos .Ja1Ylim anagramm111tiro por fr. r\f!on$O de Alcal:t .far<lim carmtlitmw, por fr. Este,-:1m de S . Angelo . .Janlim cl1, (l/mrc, por Caetano Ft>rrcira da C~ta Delicio .. o Ja,.dim1 por Thomaz Jo~é d'áquino

Alem d'isto ainda temos muitM S!Jlrns, muitos jar­din~, muitcisjlo1·ilegioN.

Que1u poder rhoirnr os aromas tio tanta coisa oclori­fo~·a .lic:t porfnmndo, se o po elo papo! roido e pÕ<l ro lhe nao t1vor ontos mlndo os pulmocs.

C. CAS1'KLLO-JJHANCO.

DEOICATOHJ A DE U.M LIVHO O sr . Valorio Martins de OJi,·eim me$trC J>ed.roiro

residente <'111 LiMboa, ha conto o tantos 1

anuos escreveu ~ publieon um fino do •un nrto, intitulado Ádt·erteiicias aos "'.O<Íentt>& '/tte app,.endem o <?fiicio de pedreiro e ca1·­pmle11'(), (1757, 4.0 J.isboa, ollicina Sylviaua).

O lino c.\ dedicado a S. J osé, patrono do~ carpin­teiro~: e a clcdic-atoria rc·•a a~•im :

Rrnhor , . Jo~ph E<te linoé Do principio ao fim Todo ,·os.;o1 ª'>im Gomo t'(•rt i fica

Qm•m \'Of-o dedica: JJ:stc é no c111isforio a (JllC n:\o contrndi~ Cousa nlg uma, que queiras O ,·os,o 1-alerio, o \'OSSO .llàrt i11s' O vo~so Olfr1•ira

1

l~Mú ongenhosn. O 1·osto corresponde.

- ___,.. Y:• •

EXPEDIENTE

As gnnules dexpe:a8 '/!te esta puóli<Xtç<io tem nüo 1108 pen11itte111 /XJI' 11wis tempo, e"'ª""'º" clesembolsad~s da ún­/>Orlanria da assignatmvi1 e por i~so }'1'et·enÍm0$ a todos 08 •rs. &s~q11(mfe~ das pro1·inria.•, 'J"e w ae/1am em debito cí Ga~e~a <111e m~o eul'iaremo< 11wis o jo,.11al em '/>Vmlo nüo sali~p~erem ct llllJ>Orl<mcin do f .• trimeRlre .