notas sobre elaboração de fichas de trabalho
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Notas sobre elaboração de Fichas de TrabalhoTRANSCRIPT
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Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Território e Sociedade
Ano letivo 2014/2015
Alice Duarte
Notas sobre elaboração de Fichas de Trabalho
1.Ficha Bibliográfica
– Hoje, com a difusão dos computadores, as fichas bibliográficas praticamente
desapareceram. Mas eram constituídas em pequenos cartões que serviam para registar
Referências Bibliográficas completas, a serem posteriormente listadas no final dos
trabalhos. Cartão de Identidade dos documentos/obras consultados.
2.Ficha de Leitura
– Constituída por uma ou mais folhas, utilizadas para registar informação precisa e
organizada relativa aos textos consultados. Recolha das ideias, doutrinas e conceitos do
texto + registo de partes do texto (excertos).
– Tem um cabeçalho ou título que identifica de forma clara e completa o autor e a obra.
– Seguem-se apontamentos de três tipos:
a)Citação formal – trata-se de uma transcrição que tem de reproduzir tal e qual o texto e
é colocada entre aspas. São recolhidas desta forma partes do texto que se vislumbrem
como especialmente elucidativas sobre quaisquer dos seus pontos;
b)Resumo – anotação das ideias fundamentais da obra. Trata-se do registo abreviado do
pensamento do autor. Pode ser realizado pela forma de esquema que reproduz a
estrutura do trabalho (exequível, sobretudo, sobre textos de pequena dimensão); ou pela
forma de sinopse que constitui um resumo sem obedecer ou reproduzir a estrutura
original da obra. Neste caso, temos um ordenamento sucinto das principais ideias
espalhadas pelo texto.
c)Anotação pessoal – ideias e comentários (ou críticas) pessoais de quem faz a Ficha,
surgidos da leitura e em resultado de uma reflexão pessoal. Como forma de os distinguir
dos anteriores apontamentos, devem ser colocados entre parênteses.
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– Os três tipos de apontamentos precisam ser acompanhados da informação sobre a
página de onde foram retirados. Pode-se criar uma coluna, à direita na folha da Ficha,
onde figure essa informação em paralelo com o início de cada apontamento.
– Cada Ficha de Leitura deve constituir-se como uma unidade material e intelectual: em
cada ficha anotam-se informações sobre um único livro/artigo.
– Recomenda-se para os três tipos de apontamentos a máxima exatidão e clareza. Em
especial: nas citações formais há que proceder à transcrição exata do texto; e no
cabeçalho há que reter todos os dados necessários à posterior indicação bibliográfica. A
brevidade dos apontamentos é igualmente recomendada, embora importe não cair em
notas demasiado lacónicas, de fraca utilidade.
3.Recensão Crítica
– Trata-se de um comentário crítico sobre uma obra, ou parte dela, que servirá, entre
outras coisas, para orientar o leitor quanto ao interesse e valor académico da dita obra. É
de toda a utilidade que os estudantes visualizem e folheiem as Recensões Críticas
regularmente publicadas pelas revistas científicas, como forma de contactarem com
exemplos concretos do exercício que lhes é pedido, bem assim como com a diversidade
de opções possíveis.
Elaboração:
1.Deve, necessariamente, ser antecedida da leitura atenta e anotada do texto em questão.
Pressupõe, portanto, a elaboração de uma Ficha de Leitura com os correspondentes três
tipos de apontamentos: a) citações formais; b) resumo das ideias principais; c) anotações
e/ou críticas pessoais.
– Quanto mais exatos e claros foram os apontamentos da Ficha de Leitura mais
facilitada estará a tarefa seguinte de redação da Recensão que se concretiza com base
nas suas anotações. Os estudantes devem ser alertados e estar conscientes de que não
“ganham tempo” tentando esquivar-se à elaboração (demorada) da Ficha de Leitura,
ficando-se por uma leitura mais rápida (e mais superficial) do texto. Ver-se-ão na
necessidade de a ele voltar vezes sem conta…
2. Possíveis pontos a serem referidos no texto da Recensão:
a) o assunto e os objetivos defendidos pelo autor da obra em recensão;
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b) as categorias analíticas e os conceitos teóricos principais utilizados pelo autor,
esclarecendo o seu sentido para que o conteúdo da obra saia evidenciado e, quando
possível, comparável com propostas de outros autores;
c) as características presentes no desenvolvimento do conteúdo da obra: a estrutura do
texto e articulação das suas partes, bem assim como as vantagens ou desvantagens da
organização adotada;
d) a filiação metodológica e teórica da obra, situando-a na respetiva escola, tradição ou
paradigma;
e) o tipo de pessoas a quem a leitura da obra poderá ser útil, conveniente ou supérflua;
f) um comentário crítico sobre a pertinência ou a dificuldade de operacionalização dos
conceitos usados;
g) tanto quanto possível (em dependência directa com a bagagem inteletual detida ou
que se pretende demonstrar), a recensão também deve considerar a importância do texto
quanto aos seus contributos inovadores ou fundamentais para a área de conhecimento
em questão;
h) o autor da recensão deve sustentar as suas considerações e, tanto quanto possível,
fundamentá-las com o apoio de outras obras ou autores.
Escrita da Recensão:
1. Importa ter presente que se trata de um trabalho interpretativo que deve ser fiel à obra
em recensão, mas deve traduzir, também, o trabalho de reflexão crítica realizado.
2. Para efetivamente realizar uma Recensão Crítica é necessário concretizar um resumo
que saliente os principais aspetos do conteúdo da obra, e fazer isso através de uma
exposição comentada.
3. São possíveis de concretizar dois tipos de crítica:
a) a crítica interna – que atende ao valor interno da obra; quando se avalia a própria
coerência do texto em função dos objetivos traçados pelo seu autor;
b) a crítica externa – que atende ao interesse da obra no interior da respetiva área de
conhecimento; exige o cruzamento ou confronto do conteúdo do texto em recensão com
outros autores, por forma a sairem destacados os seus contributos.
4. A Recensão deve ter as seguintes características:
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a) ser clara e esclarecedora (o que implica, o conteúdo do texto ter sido efetivamente
assimilado pelo redator da recensão);
b) ser capaz de reter o essencial (em detrimento do acessório);
c) produzir uma apreciação integral da obra, dando conta das suas qualidades e defeitos
ou potencialidades e limitações. Recomenda-se, contudo, razoável polidez,
nomeadamente, porque o que está sob escrutínio é a obra e não o autor;
d) as duas partes: de exposição da obra e de crítica, devem ser equilibradas tanto quanto
possível;
e) a recensão não pode conter notas de rodapé;
f) o texto da Recensão Crítica deve incluir, no seu final, a listagem de todas as
Referências Bibliográficas mencionadas pelo autor da recensão;
g) Não é um mero resumo: tem de ir além dele e abranger uma componente crítica que
avalie os seus pontos fortes e as suas debilidades.
Bibliografia:
Ceia, C. (1007). “Algumas Regras para Escrever uma Recensão Crítica”. Retirado em
02/09/2008, na World Wide Web:
http:/www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/recensão.htm.
Marques, R. (s.d.). “Algumas Regras para Escrever uma Recensão Crítica”. Retirado
em 17/04/2008, na World Wide Web:
http:/www.eses.pt/usr/Ramiro/docs/ética_pedagogica/COMO%20FAZER%20U
MA%20RECENSÃO%20CRÍTICA%20CRITÉRIOS%20BÁSICOS.pdf