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2012

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2012

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Prefácio

Estas notas de aula cobrem de forma resumida o cálculo de duas e três variáveis,

normalmente conhecido com Cálculo Vetorial, ou simplesmente Cálculo II ou III. Na

época do desenvolvimento do eletromagnetismo por James Clerk Maxwell o cálculo

vetorial não existia e Maxwell utilizava o formalismo de componentes para representar

as grandezas vetoriais. Neste formalismo o vetor é representado por suas três

componentes, ou seja, três letras. Para denominar as operações vetoriais envolvendo o

operador nabla (), Maxwell, introduziu em 1870 os termos, rotacional, divergente,

gradiente e laplaciano (como são conhecidos atualmente os operadores).

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Notas de Aula de Calculo Vetorial

Claudio Graca, UFSM

20 de fevereiro de 2012

Sumario

1 Introducao 21.1 Algebra Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.2 Vetores Unitarios ou Versores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.3 Adicao de Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.4 Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41.5 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 Transformacao de sistemas de coordenadas 82.1 Coordenadas retangulares ⇔ Coordenadas cilındricas . . . . . . . . . . . . . 82.2 Coordenadas retangulares ⇔ Coordenadas esfericas . . . . . . . . . . . . . . 9

3 Calculo Vetorial 103.1 Diferenciacao de Funcoes Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103.2 Integracao de Funcoes Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3.2.1 Integrais de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113.2.2 Integrais de Linha em Calculo Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3.3 Integrais de Superfıcie Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133.3.1 Integrais de Volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.4 Operadores Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4 Resumo da Analise Aplicada com Operadores 174.1 Diferenciacao de Campos Escalares e Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . 174.2 Integracao de Campos Escalares e Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

1

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1 Introducao

Nestas notas apresentam-se os fundamentos do calculo vetorial, de tal forma que sejapossıvel entender as equacoes de Maxwell. A forma de apresentacao e classica com objetivode apresentar especialmente a nomenclatura, deixando maiores detalhes para os inumeroslivros sobre o tema.

1.1 Algebra Vetorial

As grandezas fısicas sao, em geral, representadas por escalares ou por vetores. Asgrandezas escalares sao representadas por numeros reais enquanto que os vetores sao re-presentados por elementos de linha orientados no espaco. Como se mostra na Fig. 1, os

vetores podem ser representados por dois pontos no espaco, no caso−→AB com uma dada

orientacao. Dessa maneira podemos dizer que uma grandeza escalar e representada peloseu modulo, enquanto que a vetorial possui modulo e direcao.

Figura 1: Representacao de um vetor, na qual um segmento orientado representa um vetor,cujo ponto inicial A, a origem do vetor e ponto final B, a flexa indica a direcao do mesmo.

Por convencao os vetores podem ser representados de varias formas; sendo a notacaomais usual o caracter em negrito (ex., v), ou a mesma letra sublinhada (ex., v). Nestasnotas, escritas em Latex, optamos pela notacao com um caracter sobrescrito com um vetor,(ex., v). Uma grandeza fısica qualquer, vetorial A e definida por um vetor, cujo modulo ou

norma e A e cuja direcao e definida pelo versor, ou vetor unitario, uA = AAportanto

A = AuA. (1)

1.2 Vetores Unitarios ou Versores

O versor e considerado um vetor unitario que apresenta a mesma orientacao de umeixo Or cuja direcao e sentido formam a referencia vetorial, no qual u e o versor, ou vetorunitario desse eixo como se mostra na Fig. 2:

Figura 2: Representacao do vetor unitario de um eixo qualquer Or

O vetor unitario pode ser definido a partir de um vetor qualquer no eixo Or, como:

u =r

|r|(2)

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Vejamos um exemplo tridimensional, onde um sistema cartesiano e composto por treseixos possuem a mesma origem. Usualmente se consideram os vetores unitarios dos eixoscoordenados como, i, j e k, respectivamente representando os versores dos eixos Ox, Oy eOz.

Figura 3: Representacao dos versores cartesianos i, j e k.

Na forma cartesiana esses versores podem ser representados como:

i ≡ (1, 0, 0) (3)

j ≡ (0, 1, 0) (4)

k ≡ (0, 0, 1) (5)

Um conjunto de vetores unitarios forma uma base do espaco vetorial. Neste caso como osversores sao unitarios sao mutuamente perpendiculares, podem ser denominados base devetores ortogonais. Dessa maneira um vetor qualquer v, pode ser representado em termosda sua base ortogonal como:

v = vxi+ vy j + vzk. (6)

1.3 Adicao de Vetores

Considerando que dois vetores v1 e v2, representados no espaco cartesiano, conformea Fig. 4, sao adicionados formando o vetor soma v.

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Figura 4: Representacao da soma de dois vetores, formando o vetor resultante−→AC .

Dessa forma podemos observar nessa figura, a regra de construcao do paralelogramo:7, 8 e 9;

v1 ≡−→AB ≡

−−→DC, (7)

v2 ≡−−→BC ≡

−−→AD, (8)

v ≡−→AC, (9)

v = v1 + v2 = v2 + v1. (10)

A equacao 10, nos mostra a propriedade de adicao de dois vetores e uma operacaocomutativa. No caso da soma de tres vetores pode se mostrar a propriedade associativa:

v1 + (v2 + v3) = (v2 + v2) + v3 (11)

Esta forma de tratar os vetores, baseada em elementos de linha no espaco e um enfoquegeometrico. Uma outra forma mais apropriada para estudar os problemas fısicos e a carte-siana, na qual um vetor e definido pelas suas componentes cartesianas:

v ≡ (vx, vy, vz). (12)

Dessa forma a soma de dois vetores na Eq. 10 pode ser simplesmente escrita como:

v = v1 + v2 ≡ (v1x + v2x, v1y + v2y, v1z+v2z). (13)

Quando multiplicamos um vetor v por um escalar qualquer a, podemos observar que existeuma propriedade distributiva que permite observar que:

av = av1 + av2 ≡ (av1x + av2x, av1y + av2y, av1z + av2z). (14)

1.4 Produto Escalar

O produto escalar e uma funcao binaria definida entre dois vetores que fornece comoresultado um numero real, tambem chamado escalar. E o produto interno padrao do espacoEuclidiano.

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Na forma algebrica o produto escalar de dois vetores a e b, pode assim calculado:

a · b = axbx + ayby + azbz. (15)

Dessa maneira e possıvel observar que o resultado do produto escalar, na Eq. 15 e umescalar.

A definicao geometrica de produto escalar de dois vetores,

a · b = |a||b| cos θ, (16)

mostra que o produto escalar de dois vetores a e b e o resultado do produto do comprimento(tambem chamado de norma ou modulo) pela projecao escalar de b em a, como nos mostraa Fig. 5:

Figura 5: Representacao geometrica do produto escalar de dois vetores a e b,

na qual θ e o angulo formado pelos vetores e ab e o produto dos seus comprimentos.Note que nao e necessario mencionar nenhum sistema de coordenadas para se obter

o valor do produto escalar. A Eq. 5 e valida, independente do sistema de coordenadas, ouseja o produto escalar e invariante em relacao a rotacao em torno de qualquer eixo da basevetorial. Esta invariancia do produto escalar e consequencia da invariancia do angulo entreos dois vetores. Pode-se obter o angulo entre os dois vetores atraves do produto escalar:

θ = arccosa · b|a||b|

. (17)

Varios exemplos fısicos da definicao de produto escalar nos chamam a atencao, o primeiro ea propria definicao de trabalho W realizado por uma forca, F ao realizar um deslocamentor:

W = F · r = |F ||r| cos θ. (18)

Um outro exemplo interessante e o calculo do fluxo de um fluıdo que atravessa, com velo-cidade constante v, uma area A:

Fluxo = v · A = |v||A| cos θ[m3/s] (19)

O vetor area A possui direcao perpendicular ao plano da superfıcie considerada. Dessamaneira o produto escalar, representa a vazao de liquido atraves da superfıcie considerada.

O produto escalar de vetores tem as seguintes propriedades:

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• Comutativa: a · b = b · a.

• Distributiva: a · (b+ c) = b · a+ a · c.

Uma outra propriedade muito importante, que e facilmente demonstravel, mostra que oproduto escalar e independente do sistema de coordenadas o que resulta em uma excelenteinterpretacao fısica do seu significado. Consideremos por exemplo o caso em que a = b,dessa maneira:

a · a = |a|2. (20)

Dessa maneira,|a| =

√a · a = a2x + a2y + a2z. (21)

Portanto a invariancia do produto escalar e equivalente a invariancia do comprimento dovetor.

1.5 Produto Vetorial

O produto de dois vetores feito de forma vetorial, resulta em um vetor cujo compri-mento e direcao pode ser definido da seguinte maneira:

a× b = (aybz − azby, azbx − axbz, axby − aybx). (22)

O resultado do produto vetorial e um vetor, c, cuja definicao depende do sistema de coor-denadas pois apesar do meu modulo ser invariante a sua direcao depende da base vetorial,assim podemos verificar facilmente as seguintes propriedades desse produto:

• Anticomutativa: a× b = −b× a

• Distributiva: a× (b+ c) = a× b+ a× c;

• Nao associativa: a× (b+ c) = (a× b)× c.

O resultado do produto vetorial e um vetor c, perpendicular ao plano formado porambos vetores, como mostra a Fig. 6, portanto:

a× b = c (23)

a · (a× b) = 0 (24)

b · (a× b) = 0 (25)

Figura 6: Representacao geometrica do produto vetorial de dois vetores: c = a× b

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A avaliacao do modulo do produto vetorial e muito simples e nos leva ao seu conceitogeometrico:

(a× b)2 = (aybz − azby)2 + (azbx − axbz)

2 + (axby − aybx)2 (26)

= (a2x + a2y + a2z)(b2x + b2y + b2z)− (axbx + ayby + azbz)

2 (27)

= |a|2|b|2 − (a · b)2 (28)

= |a|2|b|2 − |a|2|b|2 cos2 θ = |a|2|b|2sen2θ (29)

Portanto

a× b = |a||b|senθ. (30)

Com esta expressao do produto vetorial torna-se muito simples verificar que a× a = 0, poisnesse caso θ = 0. Por outro lado verifica-se que para a × b = 0, os vetores sao colineares.O angulo θ pode ser calculado utilizando a relacao entre o produto vetorial e escalar:

arctan θ =|A× B||A · B|

. (31)

Figura 7: Paralelogramo, com area A, formado por dois vetores.

A expressao geometrica do produto vetorial, permite observar que o mesmo representaa area do paralelogramo, Fig. 7, formado pelos vetores a e b. Como resultado o produtovetorial, representa o vetor area A, ortogonal ao plano formado pelos dois vetores,

A = a× b, (32)

cuja direcao e definido pela regra da mao direita, girando o vetor a sobre o b, Fig. 8, e opolegar indicando a direcao do vetor area.

Figura 8: Regra da mao direita.

O calculo de momentos ou torques e outras grandezas vetoriais relacionadas coma rotacao podem ser interpretados de forma muito simples atraves do produto vetorial.

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Para exemplificar vamos calcular o momento que uma forca F exerce quando colocada naextremidade do vetor posicao, r:

M = r × F. (33)

O modulo do vetor M igual a |r||F |senθ, depende do angulo de rotacao θ enquanto que asua direcao e definida, por convencao, como a direcao do eixo em torno do qual a forca fazgirar o vetor posicao. Essa convencao e denominada regra da mao direita, Fig. 8, pode serfacilmente entendida atraves da forma matricial do produto vetorial, resultando de formaconvencional a direcao do vetor produto:

a× b =

∣∣∣∣∣∣i j kax ay azbx by bz

∣∣∣∣∣∣ (34)

2 Transformacao de sistemas de coordenadas

Em inumeras situacoes, e necessario transformar uma determinada grandeza, seja elaescalar ou vetorial, de um dado sistema de referencia para outro sistema de coordenadas.

2.1 Coordenadas retangulares ⇔ Coordenadas cilındricas

Figura 9: Transformacao de Coordenadas retangulares (A) para coordenadas cilındricas,(B) e vice versa.

A transformacao de uma quantidade escalar e muito simples, pois basta fazer a sub-stituicao das coordenadas de um sistema para a do outro sistema, empregando algumasrelacoes como as abaixo, de acordo com a Fig. 9:

A transformacao de uma quantidade vetorial e feita em duas etapas. A primeira,e identica a etapa anterior, fazendo a substituicao das coordenadas de um sistema paraa do outro sistema, empregando as relacoes ja apresentadas. Na segunda etapa, faz-se atransformacao dos vetores unitarios. Isto pode ser feito empregando as seguintes operacoes:

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x = ρcosα (35)

y = ρsenα (36)

z = z (37)

(38)

ρ = (x2 + y2)1/2 (39)

α = tg−1(y

x) (40)

z = z (41)

Figura 10: Transformacoes dos vetores unitarios

2.2 Coordenadas retangulares ⇔ Coordenadas esfericas

Neste caso a transformacao de uma quantidade escalar e feita de forma semelhante aocaso da transformacao de coordenadas retangulares para coordenadas cilındricas e vice eversa, substituindo as coordenadas de um sistema para a do outro empregando as relacoes:

Figura 11: Transformacao de Coordenadas retangulares (A) para coordenadas esfericas,(B) e vice versa.

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Para a transformacao vetorial, a transformacao dos vetores unitarios do sistema decoordenadas retangulares e esfericas pode ser feita empregando as seguintes relacoes:

3 Calculo Vetorial

Nesta secao vamos dar alguns exemplos do calculo vetorial de especial interesse parao eletromagnetismo, relacionadas com a derivacao e integracao de funcoes vetoriais.

3.1 Diferenciacao de Funcoes Vetoriais

Inicialmente vamos considerar um vetor a = a(t), como a aceleracao ou a velocidadevariaveis com o tempo. A derivada temporal de uma funcao vetorial deste tipo pode serapresentada da seguinte maneira:

da

dt= lim

δt→0

[a(t+ δt)− a(t)

δt

]. (42)

Utilizando a notacao cartesiana, podemos escrever esta mesma expressao de forma simpli-ficada:

da

dt=

(daxdt

,daydt

,dazdt

). (43)

Imaginemos um caso em que a funcao vetorial, e produto de duas funcoes, uma escalar c(t)

e outra vetorial b(t); dessa maneira poderemos calculara a derivada temporal do produto,para cada uma de suas componentes:

daxdt

=d

dt(cbx) =

dc

dtbx + c

dbxdt

, (44)

daydt

=d

dt(cby) =

dc

dtby + c

dbydt

, (45)

dazdt

=d

dt(cbz) =

dc

dtbz + c

dbzdt

. (46)

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Dessa maneira poderemos resumir, essa propriedade, ou regra da cadeia, analoga a jaconhecida do calculo convencional:

da

dt=

dc

dtb+ c

db

dt. (47)

Podemos aplicar raciocınio semelhante ao produto escalar e ao produto vetorial, re-sultando na analogia proposta pela regra da cadeia:

d

dt(a · b) =

da

dt.b+ a · db

dt(48)

d

dt(a× b) =

da

dt× b+ a× db

dt(49)

3.2 Integracao de Funcoes Vetoriais

Integrais, de linha, superfıcie e volume tem aplicacoes na Fısica tanto para funcoesescalares como para vetoriais. Vamos explorar algumas caracterısticas dessas integraisvisando a sua aplicacao no eletromagnetismo.

3.2.1 Integrais de Linha

A integral de linha e uma generalizacao muito simples da integral definida na qual oslimites do intervalo [A,B] sao substituıdos por uma curva ou caminho entre esses limites ea funcao integrada e um campo escalar ou um campo vectorial definido e limitado a essacurva, Fig. 12. As integrais de linha sao de uma importancia fundamental em inumerasaplicacoes, nomeadamente, em ligacao com energia potencial, fluxo do calor, circulacao defluidos, etc.

Figura 12: Funcao F (x, y), mostrando o percurso de integracao no plano (x, y) e da funcaoem termos do percurso l.

A integral de linha estende o conceito de integral unidimensional a integracao ao longode uma linha em um espaco tridimensional,∫ B

A

F (x, y, z)dl = lim∆li→0

∑i

F (li)∆li. (50)

na qual a integral ao longo do percurso no espaco, inicia no ponto A e finda no pontoB e ∆li e o elemento de linha ao longo da trajetoria de integracao. Como a integracaotem uma direcao de A para B, ao reverter o trajeto, o valor da integral muda de sinal.

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Em coordenadas cartesianas o integrando da Eq. 50, pode ser expresso em termos dosincrementos de suas coordenadas portanto,

dl = idx+ jdy + kdz, (51)

cujo modulo vale:|dl| =

√dx2 + dy2 + dz2. (52)

Existem dois tipos diferentes de funcoes que resultam em integrais de linha, que dependemunicamente dos pontos inicial e final de integracao e nao do percurso de integracao, e aquelascujo valor depende tanto dos limites como do percurso de integracao.

3.2.2 Integrais de Linha em Calculo Vetorial

Considere o contorno C mostrado na figura a seguir, onde l(x, y, z) e o vetor unitariotangente a curva em um ponto qualquer (x, y, z).

Figura 13: Funcao F (x, y), mostrando o percurso de integracao ao longo da circulacao Cem termos do percurso l, definido pelo deslocamento do vetor posicao r.

Considerando F (x, y, z) como um campo vetorial, definimos integral de linha ao longoda circulacao C, como: ∫

C

F (x, y, z) · ldl (53)

Para avaliar esta integral, considere o vetor posicao r que localiza o ponto (x, y, z), tendocomo referencia a origem de um sistema de referencia generico O. O vetor r+∆r e por suavez o vetor posicao que localiza, sobre a curva C, um ponto proximo ao ponto (x′, y′, z′).Seja ∆l o comprimento da curva C que vai do ponto (x, y, z) ao ponto proximo (x′, y′, z′).Assim, podemos definir o vetor unitario l(x, y, z) como sendo:

l = lim∆l→0

∆r

∆l=

dr

dl(54)

Substituindo na integral de linha o vetor tangente, temos:∫C

F (x, y, z) · drdldl =

∫C

F (x, y, z) · dr(x, y, z). (55)

O vetor diferencial dr, nos sistemas de coordenadas cartesianas, cilındricas e esfericas, possuias seguintes expressoes:

• Cartesianas: dr = dxi+ dyj + dzk

• Cilındricas: dr = dρρ+ ρdαα+ dzk

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• Esfericas: dr = drr + rdθθ + rsenθαdαα

A substituicao de dr dado nos sistemas de coordenadas cartesianas, cilındricas e esfericasleva as seguintes expressoes:∫

C

F (x, y, z) · dr(x, y, z) =

∫ f

i

Fxdx+

∫ f

i

Fydy +

∫ f

i

Fzdz (56)∫C

F (ρ, α, z) · dr(ρ, α, z) =

∫ f

i

Fρdρ+

∫ f

i

Fαdα+

∫ f

i

Fzdz (57)∫C

F (r, θ, α) · dr(r, θ, α) =

∫ f

i

Frdr +

∫ f

i

Fθrdθ +

∫ f

i

Fαrsenθdα (58)

Muitas vezes o percurso de interesse e fechado, ou seja o ponto inicial e o mesmo final, edessa maneira a integral de linha fechada sera,∮

C

F (x, y, z) · dr(x, y, z) (59)

ExemploComo exemplo vamos estudar um campo vetorial, conhecido, que se aplica ao campo

gravitacional, ou ao campo eletrico, no qual a funcao vetorial e do tipo: F = 1r2r, e o vetor

dl = dr = drr, portanto a integral de linha sera:∫ B

A

F (r) · dr =∫ B

A

1

r2rdrr =

∫ B

A

1

r2dr =

[1

r

]BA

(60)

Neste caso a integral e relativa a campos ditos conservativos e portanto resulta independentedo percurso de integracao. Como consequencia quando a integracao for feita em uma linhafechada a integral sera nula, caracterıstica dos campos conservativos:∮

C

F (x, y, z) · dr(x, y, z) = 0 (61)

Considerando uma funcao bidimensional F (x, y), definida de forma contınua em todosos pontos x e y.

3.3 Integrais de Superfıcie Vetoriais

Considere a superfıcie qualquer S mostrada na Fig. 14, a seguir, na qual o vetor dSe um elemento vetorial da superfıcie S no ponto (x, y, z). O vetor dS = dSn, e um vetornormal a superfıcie no ponto (x, y, z).

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Figura 14: Superfıcie (x, y, z), mostrando a malha de integracao e o vetor normal a mesmanum ponto qualquer (x, y, z).

Considerando um campo vetorial F (x, y, z), a integral de superfıcie sera dada por∫ ∫S

= F (x, y, z) · dS = limdS→0

|∑

FdScosθ|, (62)

na qual θ e o angulo entre o vetor F e a normal a superfıcie no ponto (x, y, z.

3.3.1 Integrais de Volume

Uma integral de volume (tripla) toma a forma:∫ ∫ ∫V

F (x, y, z)dV, (63)

na qual V e o volume de integracao e o elemento infinitesimal e dV = dxdydz. Quandotratamos de simetria esferica, utilizamos d3r como elemento de volume. No caso do volumede uma esfera, poderemos integrar o elemento de volume considerando uma esfera de raioR: ∫ ∫ ∫

V

dV =

∫ R

0

∫ π/2

0

∫ 2π

0

r2senθdrdθdϕ, (64)

=

∫ R

0

dr

∫ π/2

0

∫ 2π

0

dϕr2senθ (65)

=4πR3

3(66)

Ao resultado da integracao do componente normal de uma grandeza vetorial sobreuma superfıcie S denominamos de fluxo desta quantidade que atravessa a superfıcie.

3.4 Operadores Vetoriais

As operacoes vetoriais podem ser feitas sobre campos escalares e vetoriais. Um campoescalar qualquer e uma funcao f(r) que associa um escalar f a cada posicao r enquanto

que uma funcao vetorial F (r) associa um vetor F a cada ponto r de um campo vetorial.

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Para realizar as operacoes diferenciais vetoriais utiliza-se, o operador diferencial ∇,definido, em coordenadas cartesianas, como

∇ =∂

∂xı+

∂yȷ+

∂zk. (67)

O operador ∇ nao tem significado fısico ou geometrico, o seu significado so ocorre quandoele e aplicado a uma funcao.

Gradiente: No calculo vectorial o gradiente e a alteracao no valor de uma grandezaescalar, por unidade de espaco. Por exemplo, o gradiente do potencial electrico e o campoeletrico. O gradiente da energia de campo e a forca de campo.

O gradiente de uma funcao escalar f(r) e expresso como:

∇f(r) =∂f

∂xı+

∂f

∂yȷ+

∂f

∂zk, (68)

O gradiente de uma funcao escalar e um vetor cujo modulo, direcao e sentido repre-sentam a maxima taxa de crescimento desta funcao escalar. O vetor gradiente aponta parao maximo crescimento da funcao no ponto considerado e e perpendicular a superfıcie emque a funcao escalar e constante nesse ponto.

Divergente: Seja F (r) = Fx(x, y, z)i + Fy(x, y, z)j + Fz(x, y, z)k uma funcao vetorialcontınua e com derivadas contınuas pelo menos ate a primeira ordem. Por definicao, odivergente e um escalar calculado pelo produto escalar do operador ∇ e a funcao vetorialconsiderada:

∇ · F =∂Fx

∂x+

∂Fy

∂y+

∂Fz

∂z. (69)

A divergencia de um campo vetorial F (r), divF (r), da como resultado o fluxo lıquido (fluxoque sai − fluxo que entra) por unidade de volume.

Rotacional: o produto vetorial do operador ∇ com um campo vetorial F , permite de-finir o rotacional do campo como:

∇ × F =

∣∣∣∣∣∣ı ȷ k∂∂x

∂∂y

∂∂z

Fx Fy Fz

∣∣∣∣∣∣ . (70)

O rotacional de um campo vetorial F (r), rotF (r), da como resultado um vetor cujos com-ponentes x, y e z resultam na circulacao desse campo vetorial por unidade de area respec-tivamente nos planos normais a esses componentes.

Operadores e Operacoes de Segunda Ordem

Utilizando o operador nabla, pode-se formar dois operadores de segunda ordem:

∇×∇ (71)

∇ · ∇ (72)

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As expressoes para esses operadores de segunda ordem, em coordenadas cartesianas saorespectivamente:

∇×∇ =

∣∣∣∣∣∣i j k∂∂x

∂∂y

∂∂z

∂∂x

∂∂y

∂∂z

∣∣∣∣∣∣ (73)

e

∇ · ∇ =∂2

∂x2+

∂2

∂y2+

∂2

∂z2. (74)

O operador da expressao Eq. 73, nao possui designacao especial enquanto que o do produtoescalar Eq. 74 e denominado operador Laplaciano, simplesmente escrito em coordenadascartesianas como:

∇2 = ∇ · ∇ =∂ 2

∂x2+

∂2

∂y2+

∂2

∂z2. (75)

Laplaciano: o operador laplaciano ∇2, e obtido a partir do calculo da divergencia dogradiente de um campo escalar:

∇2f(r) = ∇ · ∇f(r) =∂2fx∂x2

+∂2fy∂y2

+∂2fz∂z2

. (76)

O laplaciano de um campo escalar f(r) e definido como o divergente do gradiente da funcao:

∇2f(r) = div(grad f(r)). (77)

Este operador Laplaciano tambem atua sobre campos vetoriais. O laplaciano de umcampo vetorial F (r) e definido como:

∇2F (r) = grad(div F (r))− rot(rotF (r)) (78)

Os dois operadores sao completamente diferentes e as suas expressoes somente sao identicasem coordenadas cartesianas.

Teorema da divergencia: a integral de superfıcie de uma campo vetorial pode ser calcu-lada pela integral de volume da divergencia desse mesmo campo:∮

S

F · dA =

∫ ∫V

∫∇ · F dV. (79)

Teorema de Stokes: a circulacao de um campo vetorial, pode ser calculado pela integraldo rotacional sobre a superfıcie limitada por essa circulacao:∮

c

F · dr =∫S

∫(∇ × F ) · dA. (80)

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4 Resumo da Analise Aplicada com Operadores

Os campos escalares e vetoriais sao utilizados em varios ramos da Fısica, incluindoa eletricidade e o magnetismo, desse modo discutiremos as propriedades matematicas doscampos escalares V (x, y, z) e vetoriais E(x, y, z) lembrando que no nosso caso representam

o potencial e o campo eletrico, mas considerando letras genericas V e E, podem representarqualquer tipo de campos conservativos.

4.1 Diferenciacao de Campos Escalares e Vetoriais

As operacoes de diferenciacao de campos escalares e vetoriais estao relacionadas comas diferentes operacoes que se podem realizar com o operador ∇. Como exemplo utiliza-mos um campo eletrostatico cujo campo eletrico E obedece as leis de Maxwell e podemosescrever:

rotE = 0 (81)

divE =ρ

ϵo(82)

Estas duas equacoes nos mostram operacoes de diferenciacao do vetor campo eletrico.O operador grad = ∇ usado para a diferenciacao de campos vetoriais, obtendo-se a di-vergencia (div) e o rotacional (rot) de um campo vetorial:

divE = ∇ · E =∂Ex

∂x+

∂Ey

∂y+

∂Ez

∂z, (83)

e

rotE = ∇ × E = (∂Ez

∂y− ∂Ey

∂z)ı+ (

∂Ex

∂z− ∂Ez

∂x)ȷ+ (

∂Ey

∂x− ∂Ex

∂y)k. (84)

A interpretacao geometrica da divE e muito simples pois o seu proprio nome indica aessencia da operacao fornecendo as fontes ou sumidouros do campo vetorial em cada pontodo espaco. Por exemplo, um campo que possui divergencia nula em todos os pontos doespaco, deve mostrar um campo vetorial onde as linhas de campo nao se originam nemterminam em nenhum lugar desse espaco devendo portanto formar aneis (loops) fechados.Por outro lado os campos vetoriais como o eletrostatico sao conhecidos como irrotacionaisou seja rotE = 0.

Como exemplo de campos escalares utilizamos a funcao potencial, para descrever omesmo campo eletrico, utlizando a operacao gradV , ou gradiente de um campo escalar Vdefinido em coordenadas cartesianas da seguinte forma:

gradV = ∇V =∂V

∂xi+

∂V

∂yȷ+

∂V

∂zk, (85)

Como o campo eletrico e irrotacional, pode ser representado pelo gradiente de umcampo escalar:

E = −gradV, (86)

=∂V

∂xı+

∂V

∂yȷ+

∂V

∂zk. (87)

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Outro operador importante na analise vetorial e o operador laplaciano ∇2, obtido nocalculo da divergencia do gradiente da funcao potencial (funcao escalar).

∇2V = (∂2

∂x2+

∂2

∂y2+

∂2

∂z2)V. (88)

Nestas notas escrevemos os operadores unicamente em coordenadas cartesianas, maso leitor podera encontrar as respectivas expressoes para a geometria esferica e cilındrica naliteratura.

4.2 Integracao de Campos Escalares e Vetoriais

Existem tres diferentes tipos de integracao a integral de linha e a de superfıcie, paravetores e a integral de volume para escalares. No nosso caso, a integral de linha do campoeletrico, representa o trabalho por unidade de carga e esta relacionada com o conceito depotencial eletrico:

W =

∫ a

b

E · dl = −△ V. (89)

Para as forcas como as eletricas e gravitacionais, as integrais de linha resultam seremindependentes da trajetoria de integracao, sao ditas por isso forcas conservativas. A integralde superfıcie e utilizada na lei de Gauss na sua forma integral;∮

S

E · dA =1

ϵo

∫v

ρdv, (90)

As integrais de volume de um campo escalar tem uma importancia muito grande, pois asua relacao com a integral de superfıcie e de linha de campos vetoriais (teoremas de Stokes,e de Gauss) nos permitem obter interessantes relacoes na eletricidade.

Pelo Teorema de Stokes, pode-se escrever a seguinte relacao:∮E · dl =

∫(∇ × E)dA. (91)

Pelo teorema de Gauss, pode-se obter a seguinte relacao∮E · dA =

∫v

(∇ · E)dv. (92)

A expressao do teorema de Stokes pode ser obtida em termos do gradiente de V portanto;∮E · dl =

∫(∇ × E)dA =

∫(∇ × ∇V )dA. (93)

Como ∇×∇V ≡ 0 portanto no campo eletrico rotE = 0. No caso da Lei de Gauss, pode-seescrever o fluxo eletrico em termos do divergente da seguinte maneira;∫

v

(∇ · E)dv =

∫v

(∇ · ∇V )dv. (94)

O que resulta na Equacao de Poisson, escrita em funcao do potencial utilizado o operadorlaplaciano:

∇2V = − ρ

ϵo(95)

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Esta mesma equacao escrita para o espaco livre, sem carga eletrica;

∇2V = 0, (96)

e a chamada equacao de Laplace.A equacao de Laplace e a equacao de Poisson sao os exemplos mais simples de equacoes

elıpticas em derivadas parciais, sendo que o operador diferencial parcial, o laplaciano Eq.88, ∇2 pode ser definido em qualquer numero de dimensoes.