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NOTAS AULAS DE FÍSICA CINEMÁTICA 05/2015 Professor Danilo Lima Site: estudeadistancia.professordanilo.com

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NOTAS AULAS DE FÍSICA

CINEMÁTICA

05/2015

Professor Danilo Lima

Site: estudeadistancia.professordanilo.com

PREFÁCIO

Estas notas são divulgadas periodicamente no blog estudeadistancia.professordanilo.com

A data na folha de rosto representa o mês em que foi publicada as notas. Estas notas são publicadas

mensalmente em arquivo único em formato adequado para dispositivos móveis, como tablets de 7’’ (17 cm de

largura por 9 cm de altura).

A numeração dos tópicos seguem a sequência da numeração usada em aula e como primeiro conjunto de notas,

divulgo material para turma ITA. Se emplacar a ideia, notas para as minhas demais turmas serão lançadas.

Aceito sugestões e erros cometidos em minhas notas podem ser comunicados em comentário no próprio post

onde disponibilizo o arquivo coma as notas.

Caso lhe seja útil tais notas, tenha em mente que são apenas notas, ou seja, não há detalhamento da teoria e

haverá bastante lacuna de conteúdo, que são preenchidas durante o decorrer da aula, mas poderá ser útil como

complemento da aula.

Espero que estas notas sejam úteis não só aos meus alunos, mas também à todo e qualquer ser humano que

quer ou necessite aprender física em um nível um pouco acima do que é lecionado no ensino médio

brasileiro.

Danilo José de Lima, Campinas, maio de 2015

ÍNDICE

10 INTEGRAL

10.1 INTRODUÇÃO

10.2 TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

10.3 PROPRIEDADES DAS INTEGRAIS

10.4 TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO INTEGRAÇÃO POR PARTES SUBSTITUIÇÃO FRAÇÕES PARCIAIS

10.5 FUNÇÃO MÉDIA

11 CINEMÁTICA DO MOVIMENTO CIRCULAR (M.C.)

11.1 GRANDEZAS DO M.C.

11.2 RELAÇÕES ENTRE AS GRANDEZAS DO M.C.

11.3 O MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME (M.C.U.)

11.4 TRANSMISSÃO DO MOVIMENTO CIRCULAR

11.5 UNIDADES DE MEDIDAS

11.6 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORMEMENTE VARIADO (M.C.U.V.)

11.7 ACELERAÇÃO VETORIAL NO M.C.

11.8 CINEMÁTICA VETORIAL NO M.C.

11.9 CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO DE CORPOS

12 APLICAÇÃO DO CÁLCULO À FÍSICA

12.1 DEMONSTRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DO M.U.V.

12.2 NÍVEL DA ÁGUA EM UM TANQUE

12.3 BARRA DESLIZANDO NA PAREDE

12.4 OBJETO SENDO PUXADO NO SOLO ATRAVÉS DE UMA POLIA NO TETO

12.5 CÁLCULO DA FORÇA MÉDIA EM UMA BARRAGEM

12.6 CÁLCULO DA RAIZ QUADRÁTICA MÉDIA

10 INTEGRAL

10.1 INTRODUÇÃO Seja uma função f(x) qualquer. A integral desta função é definida como sendo a “área” da figura formada sob

a curva de f(x) com o eixo x, conforme representação abaixo.

Aqui usamos “área” entre aspas porque a integral pode ser negativa e porque a unidade da integral de uma

função não é necessariamente unidade de área.

Calcular a integral de uma função é tão fácil quanto calcular a área de uma figura plana quando a figura formada

no plano cartesiano forma uma figura conhecida, mas como proceder quando a figura formada for alguma que

não sabemos como proceder?

Para entender o processo, vamos começar com um exemplo simples que sabemos o resultado de antemão.

EXEMPLO 1

Seja a função f(x) = x. Determine a área sob a reta (integral) no

intervalo de 0 à 10 (a = 0 e b = 10).

Primeiro faremos o gráfico da função.

A figura formada é conhecida: um triângulo. Então basta

calcularmos a área da figura: 2( )

502 2 2

f x x x x xÁREA

EXEMPLO 2

Para o exemplo 1, calcule a área usando retângulos.

Podemos calcular a área da figura anterior usando retângulos,

como se segue:

1

( )

n

i

i

ÁREA f x x

Se fizermos n , a área sob o gráfico tenderá à soma das

áreas dos retângulos. Assim:

1 1

lim ( ) lim

n n

in n

i i

ÁREA f x x i x x

2 2 2 2

2

1 1 1

1 1 1/lim lim lim lim lim

2 2

n n n

n n n n ni i i

n n x nx x xÁREA i x i i

n n n

2

2

xÁREA

Para x = 10, ÁREA = 50.

Os dois resultados obtidos são iguais, assim podemos usar o método de baixo para calcular a área de qualquer

figura.

Símbolo da integral:

1

lim ( ) x ( ) ( )

n

in

i

f x f x dx F x

F(x) é dita primitiva de f(x). A função f(x) é dita integrando por ser o argumento da integral.

Intervalo de integração (os limites a e b para se calcular a área da figura):

( ) ( ) ( ) b

af x dx F b F a

Leia-se integral de efe de xis dê xis no intervalo de a à b. Também podemos representar F(b) – F(a) usando

um colchete para representar o intervalo de integração:

( ) ( ) ( ) F(x) b b

aaf x dx F b F a

EXEMPLO 3:

Usando a notação de integral, determine a integral da função dada no exemplo 1.

102 2 2

10 10

0 00

10 0( ) 50

2 2

xf x dx xdx

Usando notação de integral definida, poderíamos escrever genericamente:

2 2 2

( )2 2

bb b

a aa

x b af x dx xdx

10.2 TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO O teorema fundamental do cálculo diz que a integração é o processo inverso da derivação. Muitas vezes

aprendemos a integral como o inverso da derivada e a derivada como inverso da integral, mas na verdade elas

não foram criadas com este intuito: lembre-se que a derivada está relacionada com a inclinação de uma função

em torno de um ponto x0 enquanto que a integral está relacionada com a área.

( ) ( ) ( ) ( ) d

f x dx F x F x f xdx

Isto é conhecido como o Teorema Fundamental do Cálculo. A notação de integral sem os limites de integração

é chamada de integral indefinida, mas deve haver uma constante c chamada de constante de integração.

EXEMPLO 4

Mostre que para o caso do exemplo 1 vale o teorema fundamental do cálculo.

Fazendo uso da integral indefinida, digamos que vamos integrar a função f(x) de um valor inicial a à um valor

qualquer. F(a) = -c é uma constante, enquanto que b = x é uma variável, assim:

2

( ) ( ) ( ) ( )2

b b

aa

xf x dx F x F b F a c

Vamos verificar se o teorema fundamental do cálculo se aplica a este caso:

2

( ) 0 ( )2

d d xF x c x f x

dx dx

Com uso do Teorema Fundamental do Cálculo, podemos então construir uma tabela de integrais tendo como

base o que já sabemos de derivada.

TABELA DE INTEGRAIS

f(x) F(x) (primitiva de f(x)

0 c

1 x c

nx 1

1

nx

n

xe xe c

1

x log | | c ln | | c e x x

sen x cos x

cos x sen x

EXEMPLO 5

Verifique a veracidade da tabela acima derivando a primitiva para ver se o que se obtém é a função f(x).

Para a primeira linha: 0d

cdx

Para a segunda linha: 1 0 1 d

x cdx

Para a terceira linha: 1 1

01 1

nnn

n xd xc x

dx n n

As demais fica como exercício. Você deve se lembrar da (ou consultar uma) tabela de derivadas.

10.3 PROPRIEDADES DAS INTEGRAIS

1 - ( ) ( ) ( ) ( ) b b

aaf x dx F x F b F a

2 - ( ) ( ) c ( ) c ( ) d

f x dx F x F x f xdx

3 - ( ) ( ) ( ) c b c

a a bf x dx f x dx f x dx

Observe a figura ao lado: pensando em propriedade de áreas, não é difícil

entender esta propriedade, pois a área sob a curva no intervalo de a à c é a

área sob a curva no intervalo de a à b somada à área sob a curva no intervalo

de b à c.

4 - ( ) ( ) b b

a af x dx f x dx

Sendo uma constante real.

5 - ( ) ( ) ( ) ( ) b b b

a a af x g x dx f x dx g x dx

6 - ( ) ( ) b a

a bf x dx f x dx

7 - ( ) ( ) b b

a af x dx f x dx

Observe a figura ao lado. A função ( )f x está representada pela linha

tracejada e coincide com a função (x)f quando esta for positiva.

8 - '( )g(x)dx ( ) ( ) ( ) '( ) f x f x g x f x g x dx

Usaremos esta propriedade na integração por partes e demonstramos a seguir.

Pela regra da cadeia, temos:

( ) ( ) '( )g(x) f(x)g'(x) d

f x g x f xdx

Integrando de ambos os lados, temos:

( ) ( ) '( ) ( ) '( ) '( ) d

f x g x dx f x g x f x g x dxdx

Como a operação de integração é a operação inversa da derivação e pela propriedade 5:

( ) ( ) '( ) ( ) '( ) ( ) f x g x f x g x dx f x g x dx

Isolando uma das integrais, finalmente temos:

'( )g(x)dx ( ) ( ) ( ) '( ) f x f x g x f x g x dx

10.4 TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

INTEGRAÇÃO POR PARTES EXEMPLO 6

Calcule a integral indefinida cos x xdx .

Usaremos a propriedade 8 para resolvermos isto. Para isso, escolheremos ( ) g x x e '( ) cosf x x . Com isso

teríamos:

( ) '( ) 1

'( ) cos ( ) sen

g x x g x

f x x f x x

Assim: '( )g(x)dx ( ) ( ) ( ) '( ) f x f x g x f x g x dx cos sen sen x xdx x x xdx

cos sen cos x xdx x x x c

SUBSTITUIÇÃO EXEMPLO 7

Calcule a integral indefinida 2cos x x dx .

Se substituirmos 2x por u, encontramos o resultado mais facilmente. Vejamos como:

Se 2u x então 1

22

du xdx dx dux

. Substituindo estas informações na integral, temos:

2 1 1 1cos cos cos sen

2 2 2 x x dx x u du udu u c

x

Substituindo 2u x encontramos a integral:

2 21cos sen

2 x x dx x c

FRAÇÕES PARCIAIS As seguintes frações a seguir podem ser reescritas como se segue:

a)

mx n A B

x x x x

b)

2

mx nx p A B C

x x x x x x

A, B e C são constantes que tornam as igualdades acima verdadeiras.

Supondo que se queira calcular uma integral na forma

mx n

dxx x

. Isto pode ser bastante trabalhoso,

mas se escrevermos o integrando na forma de frações parcial, o resultado é imediato.

mx n A B

dx dx dxx x x x

Note que:

1

A

dx A dxx x

Substituindo u x du dx :

1ln | | ln | |

A

dx A du A u A xx u

Analogamente:

ln | | B

dx B xx

e ln | | C

dx C xx

EXEMPLO 8

Calcule a integral indefinida 4

3 2

2 1

2

x x

dxx x x

.

Primeiro devemos escrever esta fração na forma de frações parciais. Ao dividir o polinômio de cima pelo de

baixo, obtemos quociente x + 1 e resto 23 4 1 x x . Assim:

3 2 24 2

3 2 3 2 3 2

1 2 3 4 12 1 3 4 11

2 2 2

x x x x x xx x x xx

x x x x x x x x x

Vamos escrever o termo da direita em termos de frações parciais, mas antes temos que fatorar o denominador:

3 3

3 2

3 4 1 3 4 1

2 1 2 1 2

x x x x A B C

x x x x x x x x x

23 4 1 1 2 2 1x x A x x Bx x Cx x

Fazendo 0x , 1 x e 2x (as raízes do polinômio no denominador. Porque isto funciona?),

encontramos:

1

2 A , 0B e

7

2C

Com isso nosso problema inicial pode ser reescrito:

4

3 2

2 1 1 71

2 2 2 4

x xdx x dx

x x x x x

4 2

3 2

2 1 1 7ln | | ln | 2 |

2 2 2 2

x x x

dx x x xx x x

10.5 FUNÇÃO MÉDIA Seja uma função f(x), a função média <f(x)> desta função é uma função constante no intervalo [a, b] (x

variando de a à b) tal que

1( ) ( )

b

af x f x dx

b a

Em outras palavras, a área sob a função f(x) é igual à área sob a função constante <f(x)>.

Assim, a velocidade média de um corpo é a função média da função velocidade do corpo, pois a área ( s ) de

ambas as funções é a mesma.

A força média é uma força constante que é capaz de produzir o mesmo impulso, ou seja, é também a função

média da força.

EXEMPLO 9

Calcule a função da velocidade entre os instantes t1 e t2 de um corpo em MUV, isto é, a função horária da

velocidade é dada por:

0v v at

2

2

1

1

2

00

2 1 2 1

/ 21( )

tt

tt

v t atv t v at dt

t t t t

2 1

M

2 1

( )s t s t s

v v tt t t

EXEMPLO 10

Calcule a velocidade média entre os instantes 1 s e 5 s de um corpo com velocidade, com unidades no S.I.,

dada por:

2 tv t e

5

25

M1

1

1( ) 2

5 1 4

tt t e

v v t t e dt

2 5 2 1 5 1

M

5 16 m/s

4 4 4

e e e ev

11 CINEMÁTICA DO MOVIMENTO CIRCULAR (M.C.)

11.1 GRANDEZAS DO M.C.

Velocidade escalar ou tangencial: ds

vdt

Espaço ângular:

Velocidade angular:

d

dt

Período T e frequência f: 1T

f

Período: intervalo de tempo para que um evento cíclico retorne às condições

iniciais.

Frequência: número de ciclos de um evento cíclico que ocorrem em uma

unidade de tempo.

11.2 RELAÇÕES ENTRE AS GRANDEZAS DO M.C.

Da figura ao lado e de propriedades geométricas:

ds Rd

Com isso:

ds dR

dt dt

pois R é constante. Com isso:

v R

Observe que esta é uma relação instantânea, ou seja, não é válida apenas

quando v e forem constante, pois estas duas últimas grandezas foram

definidas instantaneamente.

11.3 O MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME (M.C.U.) A velocidade tangencial será constante:

ds sv cte v

dt t e

d vcte

dt R t

Para uma volta completa, 1 t T

f; 2 e 2 s R , assim:

22

Rv Rf

T

e

22

f

T

11.4 TRANSMISSÃO DO MOVIMENTO CIRCULAR 1 – POR EIXO COMUM

Dois discos conectados por eixo comum: ambos terão a mesma velocidade

angular . Com isso:

A B

A B

A B

f f

T T

E também:

A BA B

A B

v v

R R

Observe que um mesmo disco, dois pontos em posições com diferentes distâncias até o centro de rotação, terão

as mesmas propriedades que os pontos A e B descritos acima (é como se os discos acima ficassem colados).

2 – POR CONTATO SEM DESLIZAR OU POR ENGRENAGEM

Como não há deslizamento, a velocidade de dois pontos em contato, um em

uma polia e o outro em outra, devem ter a mesma velocidade. Assim, a

velocidade tangencial de pontos nas extremidades das duas polias (discos ou

engrenagens) são iguais:

A A B B

A B A A B B

A B

A B

R R

v v R f R f

R R

T T

Observe que quando uma engrenagem gira no sentido horário (no caso a A) a outra gira no sentido anti-horário

(no caso a B).

3 – POR CORREIAS

Como não há deslizamento, então a velocidade de pontos

nos extremos das polias e da correia são iguais, sendo as

equações da situação anterior (engrenagens) iguais às de

agora:

A A B B

A B A A B B

A B

A B

R R

v v R f R f

R R

T T

Observe agora que ambas as engrenagens giram no mesmo sentido (horário ou anti-horário).

As equações dos três casos tratados anteriormente são válidas para qualquer movimento circular, seja uniforme

ou não, assim as frequências e períodos são definidos como sendo instantâneos.

Assim, se e v são instantâneas, temos:

2 2inst

vf

R

e

1 2 2inst

inst

RT

f v

Observe também que f , pois radianos (ou graus ou grados) é grandeza adimensional, por isso muitas

vezes também é chamada de frequência angular.

11.5 UNIDADES DE MEDIDAS

No sistema internacional, as unidades usuais são:

m/sv

rad

rad/s

sT

1/ s = Hz = r.p.s.f (rotação por segundo)

Para a frequência também é usual a unidade r.p.m. (rotações por minuto).

11.6 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORMEMENTE VARIADO (M.C.U.V.) Neste caso, o corpo possui aceleração angular constante.

dcte

dt

Podemos proceder como no m.u.v.:

0

00

0t

d dt d dt R t

0 t

Podemos integrar esta equação em dt para obtermos a posição angular:

0

2

0 00 2

td tdt t dt d t

dt

2

0 02

tt

Observe que as equações anteriores são semelhantes às equações do m.u.v.. De fato, toda equação do m.u.v.

terá uma equação equivalente em m.c.u.v. trocando a grandeza escalar pela sua grandeza angular

correspondente conforme tabela a seguir.

Grandeza escalar (ou linear) Grandeza angular correspondente

s

v

a

Assim as duas últimas equações que faltavam são:

2 2

0 2

e

2

inicial final

médiavt

11.7 ACELERAÇÃO VETORIAL NO M.C.

Pelo teorema de Pitágoras:

2 2 2

t cpa a a

Sendo ta a aceleração tangencial ou escalar que altera o módulo da velocidade,

ou seja, a que produz um m.u.v.

E a cpa é a aceleração centrípeta responsável pela mudança apenas da direção

do vetor velocidade.

Para um movimento circular e uniforme, ou seja, com v = cte, iremos deduzir a aceleração centrípeta de duas

formas: uma geometricamente e a outra analiticamente.

1 – DEDUÇÃO GEOMÉTRICA DA ACELERAÇÃO CENTRÍPETA PARA O M.C.U.

Mesmo que a velocidade tenha módulo constante, o vetor velocidade varia. Logo, a aceleração do corpo é:

dva

dt

Sendo 0v a velocidade do móvel no instante t e fv no instante t + dt.

Sabemos que

0fdv v v

Por geometria (semelhança de triângulos entre as duas figuras ao lado):

Rd dvdv vd

R v

Assim, em módulo:

dv vd da v a v

dt dt dt

Como a é perpendicular à fv (e 0v ) ela é centrípeta (aponta para o centro).

Usando v R e v

R encontramos as outras formas comuns da aceleração centrípeta:

cpa v 2

cpa R

e

2

cp

va

R

O sub índice foi utilizado para indicar que a aceleração é centrípeta (aponta para o centro da circunferência).

2 – DEDUÇÃO ANALÍTICA DA ACELERAÇÃO CENTRÍPETA PARA O M.C.U.

Representando a trajetória de um corpo em m.c.u. no plano cartesiano:

2 2

Podemos escrever o vetor velocidade como sendo:

ˆ ˆcos seniv v v j

Em termos de temos:

cos cos cos cos sen sen sen2 2 2

sen sen sen cos sen cos cos2 2 2

ˆ c ˆsen osiv v jv

Derivando este resultado obtemos a aceleração:

ˆ ˆ ˆ ˆsec nos cos sendv d d

a vdt dt d

i v j v i jt

O módulo desta aceleração nos fornece:

2

2 2 2cos senav

v a v RR

Para mostrar que a aceleração possui direção radial, basta mostrar que o produto escalar 0a v :

se ˆ ˆ ˆ ˆcos sn nco esi ja v jv v v i v

2 2sen cos cos sen 0a v v v

Podemos mostrar que é centrípeta mostrando que o vetor unitário do vetor posição r é o inverso aditivo do

vetor unitário da aceleração a :

ˆ ˆˆ cos sen

ˆ ˆ ˆ ˆˆ cos sen cos sen

rr i j

r

va i j

vi j

v

a

ˆ ˆr a

Portanto a aceleração a é a aceleração centrípeta cpa .

11.8 CINEMÁTICA VETORIAL NO M.C.

VELOCIDADE VETORIAL: RODA Uma roda gira conforme figura ao lado. Um ponto na extremidade da roda possui velocidade tangencial de módulo v.

Se esta roda rola sem deslizar em um chão horizontal, seu centro terá

velocidade de translação igual à velocidade tangencial v.

CARRETEL ROLANDO SEM DESLIZAR

Por semelhança de triângulos, temos:

1 2u uv

r R r R r

Portanto

1

2

R ru v

r

R ru v

r

Verifica-se também que a velocidade tangencial de um ponto externo é:

Ru v

r

11.9 CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO DE CORPOS Dois corpos em movimentos circulares com períodos

1T e 2T , com

2 1T T , partindo do mesmo ponto se

cruzarão no ponto inicial a cada intervalo t, sendo:

1 2MMC ,t T T

Estes dois corpos se encontraram a cada t', em qualquer posição, a cada:

1 2

2 2' ' 2t t

T T

1 2

2 1

'T T

tT T

Os ponteiros de minutos e horas de um relógio se encontram 11 vezes a cada 12 horas, assim o intervalo de

tempo t entre dois encontros é de:

11h 55 min

12t

12 APLICAÇÃO DO CÁLCULO À FÍSICA

12.1 DEMONSTRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DO M.U.V. Partindo da informação de que no MUV a aceleração do corpo é constante e igual à a, encontre todas as

equações do MUV.

0 0adt v v v at v v v at

2 2

0 0 0 0 02 2

at atvdt s s s s v at dt v t s s v t

Isolando o tempo na primeira equação e substituindo na segunda, obtemos a equação de Torricelli.

2 2

0 2v v a s

Falta agora a da velocidade média:

2

2

1

1

2 2 2

0 0 2 2 0 1 1M 0

2 1 2 1 2 1 2 1

/ 2 / 2 / 21t

t

tt

v t at v t at v t atv v at dt

t t t t t t t t

Para simplificar, vamos falar que 1t t e

2t t t :

2 2 2

0 0 0M

/ 2 / 2 2 2v t t a t t v t at v t at t a tv

t t t

20 00

M

( )2 2

2 2

v at v a t tv t at t a tv

t

0 1 0 2 1 2M

( ) ( )

2 2

v at v at v t v tv

12.2 NÍVEL DA ÁGUA EM UM TANQUE (INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA)

Um tanque em formato cônico, como representado na figura ao lado, é preenchido com

água através de uma mangueira com vazão constante de 0,1 m3/s.

Sabendo que o raio da base é 10mR e a altura do tanque é 15 mH , determine a

velocidade com que o nível da água 5 mh sobe.

Seja uma fina camada de água de espessura dh a uma altura x da base cujo raio é uma

função de x r(x). O volume deste cilindro será

dV Adh

Assim a taxa de variação do volume (vazão Z) será:

2dV dhA r v Z

dt dt

Por semelhança de triângulos, descobrimos r(x):

tgr R R

r hh H H

Substituindo na equação anterior:

2

Zv

r

2Z H

vRh

Substituindo os dados:

2

30,1 15 910 m/s

10 5v

ou 2,86 mm/sv

12.3 BARRA DESLIZANDO NA PAREDE (DERIVAÇÃO IMPLÍCITA) Uma barra de comprimento L está apoiada numa parede vertical como

indicado na figura ao lado. Sabendo que a base da escada se desloca para

a direita com velocidade v, determine a velocidade u do topo da escada.

Observe que:

2 2 2x y L

Derivando implicitamente:

2 2

2 2 2 ( ) ( )0

d d d x d yx y L

dt dt dt dt

2 2 0dx dy

x ydt dt

0xv yu

xu v

y

12.4 OBJETO SENDO PUXADO NO SOLO ATRAVÉS DE UMA POLIA NO TETO

(INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA) Um cavalo puxa uma caixa no plano horizontal através de uma polia conforme figura abaixo. Sabendo que a

velocidade horizontal do cavalo é v, determine a velocidade horizontal u da caixa.

Veja os vetores velocidade representados ao lado:

Com isso:

cos

vu

E pelo desenho do enunciado:

2 2 2

1cos

1

D

H D H

D

Portanto:

2

1H

u vD

12.5 CÁLCULO DA FORÇA MÉDIA EM UMA BARRAGEM CASO DA BARRAGEM SIMPLES

Determine a força que a água exerce sobre uma barragem simples de altura H

(altura da água), largura L, água com densidade e gravidade local g, como

representado na figura ao lado.

Sobre uma estreita faixa de altura dh sofre uma força dF devido à ação da pressão

hidrostática dada por:

d d ddF p A p L h ghL h

Integrando a equação temos:

0 0d d

H H

dF ghL h gL h h

2

2

gLhF

Observe que uma placa triangular horizontal com densidade

superficial de massa constante sofre ação do próprio peso de

maneira análoga à situação anterior.

Uma discussão mais detalhada permite verificar que o ponto

de ação da resultante das forças é no baricentro de um

triângulo de altura H (igual à do nível da água).

O perfil ao lado representa a atuação de forças infinitesimais

sobre a barragem. Por conta deste perfil, a resultante atua no

baricentro do triângulo de forças representado ao lado, ou

seja:

F

2

3h H

A pressão atmosférica é ignorada pois ela atua na barragem tanto para dentro como para fora da com a

mesma intensidade.

CASO DA BARRAGEM SUBMERSA

Se a barragem estiver submersa conforme desenho ao lado, determine a força

que a água exerce na barragem. Determine também a altura de aplicação da

força, em relação ao fundo da água. Sabe-se que a densidade da água é , a

altura da barragem é h e a profundidade do lago no qual é construída a

barragem é H, a gravidade local é g e a largura da barragem é L.

A força pode ser feita como no caso anterior, mudando apenas os limites de

integração. Assim:

d d ddF p A p L h ghL h 0

d dH H

H hdF ghL h gL h h

2 2( )2

gLF H H h

(2H h)

2

gLhF

O cálculo da posição da força resultante é mais complicado e pode ser feito com análogo ao centro de massa:

A seguir, vamos calcular a altura do centro de

massa de um trapézio. Diremos que a massa

total do triângulo é M, a massa do trapézio é

m2 e a massa do pequeno triângulo restante é

m1. O tamanho da base do triângulo é B.

Calculando cada massa, temos:

1

2 1

1( )

/ 2 2

B H hMm H h

BH H

m M m

2

1 2

2 2

2

M H hm

H

Mh H hm

H

Foi escolhido como referencial positivo e para cima, assim, pela equação do centro de massa:

1 1 1 23 3

H h Hm h m x m m

Substituindo as massas e efetuando as operações corretamente, se obtém:

3 2

3 2

h H hx

H h

12.6 CÁLCULO DA RAIZ QUADRÁTICA MÉDIA A d.d.p. entre os terminais da tomada das residências brasileiras oscilam seguindo uma função senoidal:

senpicoU U t

Mostre que a 2

pico

rms

UU .

A função média de uma função periódica é, por definição, calculada em um intervalo igual ao período:

1( )

t T

tf f t dt

T

Para a função seno ou cosseno isso da zero:

1 1 1

sen( ) cos cos cos 0t T t T

t tU t dt t t T t

T T T

Por isso devemos mudar a definição de “média” para uma função periódica e é aqui que entra a raiz quadrática

média (root mean square ou rms):

21

( )t T

rmst

U U t dtT

Assim:

2

21 1U sen U sen sendo U 0

t T t T

rms pico pico picot t

U t dt t dtT T

Temos que calcular 2sen d e para isso usamos substituição.

Usaremos para isso o arco duplo:

21 cos 2

sen2

2

1 cos 2 1 1sen cos 2 cos 2

2 2 2d d d d d

Para 2 u e 2 / 2d du d du a integral cos 2 d fica:

1 1

cos senu sen 22 2 2

duu

Com isso:

2 1 1sen sen 2

2 2d

Foram feitas integrais indefinidas e omiti as constantes de integração.

Mas estávamos trabalhando com 2sen t dt , assim fazendo t , então /d dt dt d :

2 2 21 1 1sen sen sen sen 2

2 2

dt dt d t t

Fazendo a integral definida:

2 1 1 1 1sen sen 2 sen 2

2 2 2 2 2

t T

t

Tt dt t t t T t T T

Agora calculamos a integral tão desejada (ufa!!! Até que enfim...):

21 1U sen U

2

t T

rms pico picot

TU t dt

T T

U

2

pico

rmsU

Fim