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5 CENTRO DE ESTUDOS DE DIREITO E SOCIEDADE (CEDES-IUPERJ) A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO TRABALHO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO NORMATIVA ENTRE 1988 E 2008 Equipe: Coordenação: Luiz Werneck Vianna Marcelo Baumann Burgos Paula Salles Pesquisadores: Aline dos Santos Silva Ana Paula Carvalho Soares Fernando Perlatto Rio de Janeiro, Janeiro de 2010. Cadernos CEDES n.14

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CENTRO DE ESTUDOS DE DIREITO E SOCIEDADE

(CEDES-IUPERJ)

A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO

TRABALHO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO

NORMATIVA ENTRE 1988 E 2008

Equipe:

Coordenação:

Luiz Werneck Vianna

Marcelo Baumann Burgos

Paula Salles

Pesquisadores:

Aline dos Santos Silva

Ana Paula Carvalho Soares

Fernando Perlatto

Rio de Janeiro, Janeiro de 2010.

Cadernos CEDES n.14

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APRESENTAÇÃO

Este estudo resultou de um convênio firmado em dezembro de 2008, entre o

Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e o Centro de Estudos de Direito e Sociedade

– CEDES/Iuperj, a partir de uma iniciativa do advogado e Diretor Científico do IAB, Dr.

Celso Soares, que contou com o entusiasmado apoio do então Presidente do Instituto,

o saudoso Dr. Paulo Saboya.

Seu objetivo principal foi o de fomentar a pesquisa empírica sobre a produção

normativa na área do direito do trabalho, especialmente no sentido de se formular uma

compreensão do atual estado das artes da legislação trabalhista no Brasil a partir da

Constituição de 1988. Por definição, este estudo está destinado a estabelecer um

processo de discussão com especialistas e interessados na matéria, a começar pelos

membros do IAB.

Além da análise sistemática, a pesquisa empírica também gerou um banco de

dados e de informações que poderão ser úteis para novas investigações.

O trabalho contou com a colaboração de Paula Salles, mestranda em Ciências

Sociais pela PUC-Rio, e que também faz parte da coordenação da pesquisa, de Ana

Paula Carvalho Soares e de Fernando Perlatto, mestres em sociologia e doutorandos

em sociologia pelo IUPERJ, e de Aline dos Santos Silva, estudante de graduação em

Ciências Sociais na PUC-Rio.

Luiz Werneck Vianna

Coordenador do CEDES/IUPERJ, professor do IUPERJ

Marcelo Baumann Burgos

Membro do CEDES/IUPERJ, Professor da PUC-Rio

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SUMÁRIO

I. Introdução............................................................................................. 05

II. Apresentação da pesquisa................................................................... 16

III. O governo Sarney................................................................................ 24

IV. O governo Collor.................................................................................. 28

IV.1. O Artigo 7º no governo Collor...................................................... 28

IV.2. Os Artigos 8º e 11 e o Artigo 9º no governo Collor...................... 33

IV.3. O Artigo 114 no governo Collor................................................... 36

V. O governo Itamar Franco..................................................................... 39

V.1. O Artigo 7º no governo Itamar...................................................... 39

V.2. Os Artigos 8º e 114 no governo Itamar......................................... 42

VI. O governo FHC.................................................................................... 43

VI.1. O Artigo 7o no governo FHC........................................................ 46

VI.2. Os Artigos 8o e 11 no governo FHC............................................. 65

VI.3. O Artigo 9o no governo FHC........................................................ 69

VI.4. O Artigo 114 no governo FHC...................................................... 70

VII. O governo Lula..................................................................................... 78

VII.1. O Artigo 7o no governo Lula........................................................ 81

VII.2. Os Artigos 8o e 11 no governo Lula............................................ 92

VII.3. O Artigo 9o no governo Lula........................................................ 105

VII.4. O Artigo 114 no governo Lula..................................................... 106

VIII. Considerações finais............................................................................ 120

IX. Anexo................................................................................................... 122

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I. INTRODUÇÃO

Se estudar um partido, na afirmação famosa de Gramsci, importa estudar de

forma monográfica a história do seu país, ter como objeto de análise a sua legislação

sobre o mundo do trabalho, suas leis e seus sindicatos, pode consistir na melhor

perspectiva para se compreender a natureza das relações entre suas diferentes

classes sociais e do seu Estado com a sociedade. Essa legislação pode garantir

amplos direitos aos trabalhadores, entre os quais o de greve, a autonomia de suas

associações, ou, em um limite oposto, em um continuum que admite várias soluções

institucionais, conceder-lhes direitos sociais ao preço da sua incorporação às estruturas

estatais, tal como na forma do sindicalismo corporativo-autoritário. Como notório, o

sindicalismo brasileiro, nasce, nos anos 1930, sob essa última modelagem, e, como tal,

por décadas, ora mais, ora menos, conforme variavam as conjunturas, esteve

vinculado ao Estado.

O regime militar foi um desses momentos de severa tutela estatal sobre os

sindicatos, e não à toa encontrou nele um forte opositor, em particular a partir de

meados dos anos 1970, tornando-se um dos grandes animadores da luta pela

democratização do país e do movimento em favor da convocação, em 1986, da

Assembléia Nacional Constituinte. A forte influência social do sindicalismo no país

recém democratizado, graças à sua presença na vida pública na resistência ao regime

militar, assegurou-lhe importantes conquistas na elaboração do texto constitucional, a

principal delas a constitucionalização dos direitos sociais em lugar nobre da sua

arquitetura, o Título II que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais, em oposição a

Cartas anteriores que os remetiam à ordem econômica e social.

A Constituição, de outra parte, interditou qualquer interferência do Estado nas

organizações sindicais (artigo 8º, Inciso I). Contudo, apesar dessas relevantes

mudanças, manteve elos não triviais com o ordenamento sindical anterior ao conservar

a unicidade sindical, que devia suas características burocráticas precisamente à

articulação do princípio da unicidade com a contribuição sindical obrigatória, criada pela

CLT nos idos do Estado Novo e que persistiu vigente nos quadros da legislação

trabalhista.

Tal comunicação da Carta de 1988 com o passado não se restringiu, no entanto,

a esse aspecto pontual no ordenamento do mundo sindical, que, de resto, foi

amplamente democratizado. Sobretudo esteve presente na opção do constituinte de

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reter marcas importantes da tradição republicana brasileira, que o levou a preservar

papéis fortes para a dimensão do público na regulação da vida social e a adotar, como

inspiração fundamental para a construção de sua obra, uma perspectiva comunitarista,

com sua ênfase nos valores sociais historicamente compartilhados.

A intervenção do público deveria se orientar no sentido de que a sociedade,

além de livre, realizasse valores de justiça e de solidariedade social. Para o

cumprimento desses fins, redefiniu, no nosso contexto republicano, o papel do

Judiciário, dotando-o de novos instrumentos processuais, como, entre outros, o

mandado de injunção e a ação de inconstitucionalidade por omissão. Ao lado disso,

recriou, extraindo-a da malha do Estado, a figura institucional do Ministério Público,

destinando-o “à defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses

sociais e individuais indisponíveis” (artigo 127), inovação constitucional inédita no

Direito comparado.

Com essas características não foi imprevisto, que, logo após sua promulgação, a

Constituição tenha conhecido poderosas pressões no sentido da alteração de várias de

suas disposições ou mesmo da sua inteira revisão. Segundo seus críticos, a concepção

social-democrata que ela endossava, teria perdido seus fundamentos com as reformas

neoliberais introduzidas pelos governos Thatcher e Reagan na década anterior e que

tinham ganho estatuto de verdade universal. Os acontecimentos que se seguiram após

a queda do muro de Berlim, em 1989 – nem um ano decorrido da sua promulgação –

pareciam confirmar o neoliberalismo como a idéia-força no mundo ocidental.

Na leitura empreendida por essas correntes sociais e políticas sobre as novas

circunstâncias do cenário internacional, ficava como que assentado o ponto de que a

intervenção do Estado em matéria econômica, característica tanto do welfare state

quanto do socialismo real, se constituiria em um obstáculo a um ajustamento virtuoso

das forças de mercado, uma vez que travaria suas possibilidades de expansão à

medida que lhe impunha constrangimentos externos à sua lógica. Sob essa nova

influência, que encontrou larga audiência entre nós, iniciativas revisionistas do texto

constitucional foram bem sucedidas, em particular as que redefiniram as relações do

papel do Estado com a economia, abrindo-se um período que ficou justamente

conhecido como de desestatização e de desregulamentação das relações de mercado.

Coincidentemente, mas não por acaso, de vários e diferentes lugares da vida

social vieram a convergir diagnósticos que identificavam na herança da era Vargas a

raiz dos males do país. Na sucessão presidencial de 1989, duas importantes

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candidaturas, as de Mario Covas – “este país precisa de um choque de capitalismo”– e

a de Collor de Melo, afinal eleito, se fizeram orientar pela denúncia de que a remoção

do patrimonialismo, inscrito na história da nossa formação política, seria condição

necessária para que se descortinassem caminhos para uma sociedade moderna e

desenvolvida. Com o uso da categoria patrimonialismo, a que se emprestava um

sentido elástico quanto a seu significado original, interpretava-se o país em uma chave

quase oriental onde o Estado era tudo e nada a sociedade, conduzida por estamentos

burocráticos que abafariam a livre manifestação dos interesses, e, pela publicização da

economia, realizariam aqui mais um caso de capitalismo politicamente orientado.

O patrimonialismo nos seria um mal congênito, herança do colonizador ibérico,

como já seria indicado nos primeiros momentos de formação do Estado-nação pela

presença dominante do Direito Administrativo em face do Direito Civil e da primazia do

estamento burocrático na condução dos negócios públicos e das atividades

econômicas, tal como na análise de Raymundo Faoro. Os anos 1930, ainda nessa

linha de interpretação, teriam confirmado, no cenário republicano, essas marcas de

fundação, uma vez que a política de modernização empreendida partiu do Estado e

dos meios institucionais então criados com a finalidade de intervir sobre a economia,

principalmente no sentido de promover a industrialização do país e de disciplinar o seu

mercado de trabalho. A fórmula geral dessa política se expressou na adoção do

corporativismo, levando à incorporação ao Estado tanto as associações de

empresários como as dos trabalhadores, cujos sindicatos foram concebidos, como no

texto da Carta outorgada de 1937, no sentido de exercerem funções delegadas do

poder estatal.

Liberar a sociedade de um Estado que agiria em busca de fins próprios, movido

por motivações de poder de um estamento burocrático auto-investido da representação

da vontade geral, passa a ser um programa de importantes setores sociais. A fórmula-

síntese desse programa se apresentou como a necessidade de romper com a era

Vargas, significando com isso que a modernização econômica induzida “por cima”,

através de recursos políticos, deveria ceder lugar à perseguição dos fins do moderno. A

mudança econômica e social deveria provir de impulsos naturais, originária das

iniciativas dos atores sociais, e não de uma razão artificial, a eles sobrepostos e

independentes de suas manifestações de vontade.

A vitória de Collor com seu programa neoliberal, na sucessão presidencial de

1989, criou a oportunidade para que esse ideário e as práticas a ele correlatas, já

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triunfante nos países de capitalismo maduro, se concretizasse como programa do seu

governo. O governo Collor vai se empenhar no sentido de rever as relações entre as

dimensões do Estado e da sociedade civil, entre as do público com o privado, com o

que se inicia uma fase de desregulação da economia e de privatização das empresas

estatais. Contudo, embora a conjuntura política favorecesse esses propósitos – afinal,

tinham sido credenciados pelo resultado das urnas –, eles vinham na contramão do

recém promulgado texto constitucional. Daí as pressões, vindas sobretudo de setores

das elites econômicas, para que a Carta de 88 fosse revista, no suposto de que ela não

mais responderia às urgências do tempo, que seria a da supremacia do mercado e das

concepções do mundo vinculadas a ele.

Apesar da sua natureza prolixa e de alguns defeitos evidentes, grande parte

deles já corrigidos por meio de emendas constitucionais, longe de ser anacrônica, a

Constituição produziu obra nova, quer porque assentou na nossa cultura jurídico-

política o constitucionalismo democrático, deslocando a nossa tradicional matriz

privatística, que caracterizou o tempo da hegemonia do Código Civil, em favor da

matriz do público1, quer porque reinterpretou a história republicana brasileira,

valorizando nela a presença do público ao tempo em que o expurgava dos seus

elementos autoritários2. Assim, na perspectiva da leitura do texto de 88, não se deveria

romper acriticamente com a tradição republicana brasileira, mas sim proceder a sua

democratização.

A prevalência do público se constituiu na opção estratégica da obra do legislador

constituinte, traduzida na constitucionalização de valores, princípios e dos direitos

fundamentais que transcenderiam os interesses e as manifestações eventuais de

vontade dos indivíduos, significando a expressão da vontade geral quanto aos fins que

deveriam ser buscados e concretizados3. Mas o intérprete privilegiado dessa vontade

não deveria ser, tal como na nossa tradição autoritária republicana, a esfera estatal,

mas a própria sociedade por meio de suas instituições. Em um movimento de clara

ruptura com a cultura jurídico-política estabelecida entre nós, a Constituição deixa de

ser compreendida como um sistema fechado, orientada para garantir a autonomia

1 - Luis Roberto Barroso, Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, Editora Saraiva, São Paulo, 2009. 2 - Luiz Werneck Vianna, “O Terceiro Poder na Carta de 1988 e a Tradição Republicana: mudança e conservação”, In: Ruben G. Oliven, Marcelo Ridenti, Gildo Marçal Brandão (orgs), A Constituição de 1988 na Vida Brasileira, Editora HUCITEC, São Paulo, 2008. 3 - Gisele Cittadino, Pluralismo, Direito e Justiça Distributiva. Rio de Janeiro, Editora Lúmen Júris,1999

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privada, afirmando-se a intenção de considerá-la como uma obra aberta e pondo à

disposição da cidadania os meios e as instituições a fim de poder concretizar os

direitos que, em nome de todos, ela mesma estatuiu, entre os quais a livre-igualdade, a

fraternidade e a dignidade da pessoa humana.

Nesse sentido, a sua concepção do Estado Democrático de Direito requer que a

lei não se limite a uma esfera puramente normativa, reduzida ao papel de arbitragem,

uma vez que a ela está reservado um papel na mudança da realidade social da

comunidade a que se dirige. Na anotação esclarecedora de José Afonso da Silva, “se a

Constituição se abre para as transformações políticas, econômicas e sociais que a

sociedade brasileira requer, a lei se elevará de importância, na medida em que, sendo

fundamental expressão do direito positivo, caracteriza-se como desdobramento

necessário do conteúdo da Constituição e aí exerce função transformadora da

sociedade, impondo mudanças sociais democráticas, ainda que possa continuar a

desempenhar uma função conservadora, garantindo a sobrevivência de valores

socialmente aceitos”4.

Sob a inspiração dessa filosofia política, o constituinte recusou o caminho que o

levaria a uma Carta limitada a instituir procedimentos e garantias para a autonomia dos

indivíduos. A Constituição, na sua intenção, deverá ser um instrumento da mudança

social, visando concretizar as expectativas manifestadas pela coletividade nas lutas

pela democratização do país, às quais concede substância nos incisos do artigo 3º.

Neles, declara os objetivos a serem perseguidos a fim de que a República se

comprometa com uma sociedade justa e solidária, se empenhe no desenvolvimento

nacional, na erradicação da pobreza e da marginalização, na redução das

desigualdades sociais e regionais e na promoção do bem de todos, entre outros de

igual relevância.

Parte, pois, de uma avaliação negativa da situação presente, e, como via de sua

superação, enuncia programaticamente os direitos sociais que deverão nortear as

políticas públicas. Assim, por meio da jurisdicização desses direitos, vincula o

legislador ordinário aos seus comandos, abrindo a faculdade para a sociedade

provocar o Judiciário no sentido de demandar a sua aplicação. Com essa construção, o

constituinte demanda a mediação da sociedade a fim de impedir, como em

Constituições anteriores, que as normas e garantias dispostas na Carta fossem

4 - José Afonso Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo. Editora Malheiros, São Paulo, 13ª edição, p. 122, 1997

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interpretadas como de caráter simbólico, uma vez que as declarara, no parágrafo 1º do

artigo 5º, no título que trata dos direitos fundamentais, como de aplicação imediata5.

Por essas razões, pode-se sustentar, no contexto brasileiro, que a chamada

judicialização da política não está associada a um ativismo do juiz, expressando, ao

contrário, a vontade do constituinte, que fez do direito um recurso da sua engenharia

para concretizar os direitos fundamentais que declarou6. Para tanto, além de outros

institutos, inovou ao criar a chamada comunidade de intérpretes, dotados da

capacidade de interpelar o Supremo Tribunal Federal em nome da defesa da

constitucionalidade das leis. Tal inovação veio a blindar o texto constitucional,

convocando a própria sociedade a participar da sua defesa e crescente

aperfeiçoamento.

Animada por esses princípios e valores, a sua arquitetura posta sob proteção

institucional, a emergência da cultura política do neoliberalismo não encontrava espaço

para se conceber como ordem nova. Se essa cultura importava na supremacia do

mercado e dos seus valores, na crença de que ela, por sua natureza, demandaria um

mínimo de regulação, a Carta, por outro lado, ratificara, democratizando-a, a tradicional

supremacia do público no nosso sistema da ordem e seus complexos mecanismos de

regulação da vida social, de que era exemplo forte a jurisdição exercida desde os anos

1930, por meio de ramos especializados do Poder Judiciário, sobre o mercado de

trabalho e sobre as disputas eleitorais.

A nova Carta nasce, pois, diante do confronto entre duas concepções de

sociedade. A revisão do seu texto, passados cinco anos da sua promulgação, na forma

do disposto no artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, consistia,

de fato, em uma ameaça real à sua configuração original. O processo de impeachment

do presidente Collor, que trouxe de volta a mobilização popular, e sobretudo a

demonstração de que as instituições da Carta de 88 eram aptas para o enfrentamento

de graves crises políticas, condenou, no entanto, ao fracasso as tentativas dos setores

neoliberais de rever radicalmente o seu texto. As chamadas Emendas Constitucionais

de Revisão foram apenas seis e em nada afetaram a sua concepção original7.

De outra parte, como observa com propriedade Maurício Godinho Delgado, “ao

constitucionalizar o Direito do Trabalho, a Carta de 1988 praticamente impôs ao

5 - Silva, 1997, op.cit. 6 - Werneck Vianna, 2008, op.cit. 7 - Silva, 1997, op.cit, p.92.

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restante do universo jurídico uma influência e inspiração justrabalhistas até então

desconhecidas na história do país”8. Assim é que, com a subsunção ao seu texto do

paradigma da Justiça do Trabalho, deixou manifesta a sua intenção de afirmar uma

precedência dos fatos e atos coletivos quanto aos atos e fatos individuais,

interrompendo uma longa tradição que nos vinha do Direito Civil. Tal valorização do

Direito do Trabalho e da legislação social importou em uma outra mutação importante,

qual seja o seu deslocamento do lugar das disposições consagradas à ordem

econômico-social para o das que enunciam os direitos fundamentais, momento capital

em que a Constituição revela a sua identidade e o seu projeto.

A nova inspiração vinda dessas significativas mutações sobre a nossa cultura

jurídico-política é melhor testemunhada pela criação da lei que instituiu o Código do

Consumidor, de 1990, que incorpora figuras típicas e clássicas ao Direito Material e

Processual do Trabalho, tal como, entre tantos outros, a noção de ser coletivo – é

consumidor também “a coletividade de pessoas, ainda que indeterminadas”, artigo 2º

do Código9. Mas, se a filosofia política da Constituição empresta ao público, à noção de

comunidade e de um ser coletivo, papéis cruciais na ordem normativa que provê, ela

vai se encontrar tencionada pela emergência da ordem privada e do mundo mercantil

que demandam menos regulação e menos Estado.

Essas demandas não se limitam a argumentos de ocasião, de conveniência

tópica, pois se escoram em uma concepção utilitarista de sociedade para a qual o

subsistema econômico, na medida em que estaria dotado da capacidade de

autorregulação, deveria estar isento da intervenção direta de outros subsistemas, tais

como os do Direito e o da política. Nessa direção, arranjos necessários diante de um

contexto mundial de reestruturação do sistema produtivo – inclusive para defender,

havia os que assim sustentavam, os empregos existentes –, de impacto inevitável

sobre as economias nacionais, não poderiam ser contornados, apresentando-se,

nesses termos, as propostas neoliberais como de interesse geral.

Os 20 anos de vigência da Carta de 88 vivenciaram esse transe de uma disputa

entre princípios contrários para a ordenação da vida social, ora um deles mais

favorecido que o outro. Nessas duas décadas, segundo as vicissitudes da conjuntura,

foram temas dominantes, além daqueles que tratavam do papel do Estado na

economia, já mencionados, os que apontavam para a destituição da Justiça do

8 - Mauricio Godinho Delgado, Curso de Direito do Trabalho, LTR, São Paulo, 2002, p.119. 9 - Idem, p.120.

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Trabalho, para a flexibilização das leis de proteção ao trabalho e para a adoção da

fórmula do pluralismo sindical.

No que se refere a esses últimos, objeto do presente estudo, as controvérsias

entre as forças políticas e sociais motivaram uma intensa atividade legislativa, que,

com frequência, acabavam por serem encaminhadas aos Tribunais, inclusive

recorrendo-se ao uso das Ações Diretas de Inconstitucionalidade10. Nesse sentido,

estudar a legislação do período em matéria trabalhista, como se faz aqui, implica levar

em conta o papel ativo do Judiciário na sua elaboração, mais um momento em que se

confirma a vocação da Carta de 88 em admitir a judicialização da política.

Na bibliografia, essas controvérsias quanto à legislação de proteção ao trabalho

e quanto ao ordenamento da vida sindical designam a oposição entre dois tipos

modelos, o legislado e o negociado. Mas, esses tipos são formas puras construídas

pelo observador, porque, na vida real, eles aparecem como resultado das combinações

dos seus elementos, ora mais próximas de um deles, ora do outro. No debate brasileiro

dos anos 1990, a oposição entre esses tipos foi radicalizada pelos atores envolvidos,

como se ela pudesse ser compreendida como um jogo de soma zero. Tal radicalização

deveu-se, em boa parte, à identificação, que na época se generalizou, do modelo

negociado com os defensores de uma reforma neoliberal do Estado e das suas

relações com a sociedade. A partir de 1995, com a presidência de Fernando Henrique,

do PSDB, e a oposição liderada pelo PT, partido de Luiz Inácio Lula da Silva, a

polarização entre esses dois modelos se dramatiza, embora tanto o PSDB como o PT

viessem de uma história crítica em relação à era Vargas, este último inclusive nascido

de lutas sindicais que contestaram a CLT e o seu modelo legislado, acusado por ele

como de caráter corporativo-autoritário.

A clara opção pelo modelo negociado nos oito anos do governo Fernando

Henrique, na forma das propostas que encaminhou ao Legislativo, ocorreu em uma

circunstância em que os sindicatos estavam fragilizados pela retração da atividade

econômica e pelo processo de reestruturação do sistema produtivo, deixando-os em

condições vulneráveis nos processos de negociação coletiva. Nesse contexto negativo,

os sindicatos chegaram a celebrar acordos em que direitos foram flexibilizados, quando

10 Luiz Werneck Vianna, Maria Alice R. Carvalho, Manuel Palácios e Marcelo Burgos, A Judicialização da Política e das Relações Sociais no Brasil, Revan, Rio de Janeiro, 1999; e Luiz Werneck Vianna, Marcelo Burgos, Paula Salles, “Dezessete Anos de Judicialização da Política”. Tempo Social, vol.19, n.2, 2007, São Paulo, USP.

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não suprimidos, autorizando até mesmo a redução salarial via convenção ou acordo

coletivo11.

A exposição de motivos que acompanhou a proposta de emenda constitucional

de número 623, de 1998, subscrita pelo então ministro do Trabalho Edward Amadeo,

enunciava com clareza a política trabalhista do governo. Nela, sustentava-se “que a

heterogeneidade do mercado de trabalho torna anacrônica a estratégia coletivista, que

pressupõe uma classe trabalhadora homogênea”, em razão do que apontava, como

solução para “o caos sindical” reinante, a adoção do modelo negociado, apresentado

em uma versão que, na prática, tendia a destituir a Justiça do Trabalho da centralidade

que tradicionalmente ocupava no sistema brasileiro. De outra parte, abolia o princípio

da unicidade sindical e a contribuição sindical compulsória.

Tal conjunto de medidas, em uma quadra com as características daquela, tendia

ainda mais a favorecer um processo de flexibilização de direitos. A reação natural do

sindicalismo foi, então, a de denunciar a iniciativa governamental, que dela recuou, e

de defender o modelo legislado, mais em termos pragmáticos do que de princípios,

dado que uma fração considerável sua compartilhava, ao menos em parte, com o

diagnóstico que ela formulava.

Tanto isso é verdadeiro que, já no período Lula, ministro do Trabalho o

sindicalista Ricardo Berzoini, vai encaminhar, em fevereiro de 2005, à Presidência da

República uma proposta de emenda constitucional – PEC 369/05 –, após deliberações

do Fórum Nacional do Trabalho, em que se confirmam tomadas de posição em favor

do modelo negociado, aliás tradicionalmente dominantes no PT. Em sua exposição de

motivos, Berzoini reconhece a necessidade de uma reforma que torne a “organização

sindical livre e autônoma em relação ao Estado”, e que fomente “a negociação coletiva

como instrumento fundamental para a solução de conflitos”.

Nessa proposta se desconstitucionaliza o princípio da unicidade sindical,

evidente manifestação de adesão ao pluralismo sindical, silencia-se sobre a

contribuição sindical – indicador que se quer removê-la da legislação – e se afirma a

primazia da negociação coletiva sem comprometer o papel do Judiciário Trabalhista na

administração dos conflitos do trabalho, quando não houver acordo entre as partes

envolvidas. Haveria, pois, “obstáculos constitucionais à modernização das relações

sindicais” e a remoção deles é que poderia permitir a emergência de uma

11 -Delgado, 2002, OP.CIT., p.129

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representação autêntica na vida associativa dos trabalhadores. O sindicalismo do PT,

agora no governo, sem romper com o modelo legislado, subscreve as razões do

negociado, cuja hegemonia, nas relações do mercado de trabalho, deveria provir da

própria dinâmica da ação sindical.

Recusada pelo movimento sindical, e após intensa movimentação a ser descrita

em pormenor noutra parte deste trabalho, a tensão entre o legislado e o negociado,

que aparentava ser resolvida em favor do segundo sob o ministério Berzoini, centrada

fundamentalmente na intenção de favorecer as bases sindicais e sua representação,

muda de sentido com a aprovação da Lei No 11.648/08, que reconhece as centrais

sindicais como órgãos de representação geral dos trabalhadores. Essa guinada de

direção se completa com a conservação da contribuição compulsória, quando se

reformou o artigo 589 da CLT, que trata do financiamento das entidades patronais e

dos trabalhadores, destinando-se 10% da sua arrecadação às centrais sindicais. Com

isso, criam-se possibilidades dos vértices do sindicalismo se autonomizarem das suas

bases, facultando o retorno a práticas típicas do corporativismo autoritário, vigentes na

“era Vargas”, antípodas às correntes de opinião sindicais que participaram da formação

do partido, hoje, no governo.

Essa reforma da contribuição compulsória, no entanto, se encontra sub judice no

Supremo Tribunal Federal, denunciada como anticonstitucional, e seu destino é incerto,

inclusive porque conta com uma expressiva oposição por parte de frações do

sindicalismo. Contudo, como aqui se tem analisado, o mundo do trabalho e de suas

instituições é altamente sensível às variações na conjuntura política, o que se

demonstrou, mais uma vez, a partir da forte reviravolta, provocada pela grande crise

financeira mundial de fins de 2008, que redefiniu os termos da conjuntura política

brasileira, requalificando o papel do Estado. Essa crise importou, mundialmente, em

uma clara constatação dos riscos inerentes a uma ordem organizada em torno dos

pressupostos do neoliberalismo, vindo a legitimar, conceitual e praticamente, a teoria

keynesiana, antes questionada, e, com ela, o antigo projeto de capitalismo organizado

da social-democracia.

Na cena brasileira, a repercussão mais sensível dessa crise foi a de robustecer a

crença na filosofia política e nas instituições trazidas pela Carta de 88, muito

particularmente no que se refere ao papel do público como instância de regulação da

vida social, tal como se viu na pronta reação do governo em tomar, tempestivamente e

sem infringir o quadro legal, medidas anticíclicas eficazes. De modo correlato, quanto à

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ordenação do mundo sindical, os efeitos da crise atuaram no sentido de rebaixar a

tensão na disputa entre os modelos de sindicalismo legislado e negociado, apontando

para uma tendência institucional que combine elementos dos dois.

Nesse sentido, a partir do quadro atual é de se prever a manutenção do princípio

da unicidade sindical, viga-mestra oculta do modelo legislado, um papel mais saliente

do sindicalismo na política por meio de suas centrais sindicais, que, dificilmente,

contudo, deverão contar com verbas da contribuição compulsória sindical, a ser extinta

por decisão legislativa ou judicial. Nessa contribuição compulsória se encontra o

calcanhar de Aquiles do formato de hoje do sindicalismo, na medida em que contém

evidentes traços recessivos, sobretudo porque pode levar a exposição das bases vivas

do sindicalismo a controles corporativo-autoritários exercidos pelos vértices das

centrais sindicais.

De outra parte, o refluxo da ordem neoliberal parece garantir um cenário

favorável para dois temas com inscrição constitucional, o da demissão imotivada –

artigo 7º, inciso I – e o da representação dos trabalhadores nos locais de trabalho –

artigo 11º –, para os quais falta a regulamentação da lei, sendo que o primeiro deles –

o caso da Embraer – já foi objeto de decisão do Tribunal Superior do Trabalho. Nesse

acórdão, publicado no Diário de Justiça em 2 de setembro de 2009, embora por

precária maioria de cinco votos a quatro, o Tribunal, no entendimento de que estaria

diante de uma lacuna da lei, concedeu eficácia à norma, dispondo no sentido de que,

nas dispensas coletivas, faz-se imperativa interveniência sindical. Esse é mais um

exemplo que se soma, tal como no mandado de injunção que regulamentou a greve

dos servidores públicos, à lista de casos em que os comandos constitucionais, por

provocação da sociedade, são materializados por decisões judiciais. Dessa forma, a

experiência do constitucionalismo democrático, à luz da Carta de 88, em particular dos

seus princípios e valores fundamentais, baliza, de modo novo, o mundo do trabalho, de

suas relações, legislação específica e instituições.

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II. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa pretendeu fazer um levantamento – tão exaustivo quanto

possível – das iniciativas de produção normativa e da produção normativa

propriamente dita, bem como da interpretação das normas, acerca das relações de

trabalho, nos últimos 20 anos (1988 – 2008). Seu ponto de partida é a Constituição

Federal de 1988, especialmente seus artigos 6º a 11º, que compõem o capítulo II,

dedicado aos direitos sociais. E, complementarmente, o artigo 114, que trata da

competência da Justiça do Trabalho. Inicialmente, também havíamos incluído o Artigo

37, mas, dada a sua especificidade, optamos por excluí-lo da análise do material.

A hipótese deste trabalho é a de que o direito constitucional vem, gradualmente,

influenciando as demais fontes do direito do trabalho, desde a incorporação das

normas internacionais oriundas das Convenções da OIT, até as leis e seus

regulamentos, os acordos e convenções coletivas de trabalho e, ainda, as sentenças

normativas, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais do trabalho, do STJ e do STF.

Este relatório partiu da construção de um banco de dados, listado e quantificado

em anexo12. Com base neste banco de dados foi possível mapear os principais pontos

de conflitos sobre o direito do trabalho, em torno dos quais se movimentam os

principais atores políticos do mundo do trabalho brasileiro, como os sindicatos, as

confederações e as centrais sindicais, as entidades patronais, os partidos políticos, as

corporações jurídicas, especialmente o judiciário trabalhista, o ministério público do

trabalho, e suas respectivas associações profissionais, e o poder executivo,

especialmente através do Ministério do Trabalho e do Emprego.

Para efeitos de análise, esses conflitos foram organizados em quatro planos

distintos:

1 – No primeiro plano estão as propostas de emenda constitucional, que, para serem

aprovadas, têm de obter 3/5 dos votos de cada Casa do Congresso Nacional, em dois

turnos (art.60, #2º da C.F.);

12 - O banco de dados foi construído a partir de levantamento em diferentes sítios virtuais, especialmente os do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, do Ministério do Trabalho e do Emprego, e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Além disso, também consultamos as informações disponíveis em “Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho”, de Valentin Carrion (Saraiva, São Paulo, 2006).

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2 – No segundo, as leis e os projetos de lei voltados para a materialização dos

comandos constitucionais, de iniciativa do Legislativo ou do Executivo, e que têm como

referencial não apenas a Constituição, mas também a CLT;

3 – No terceiro, a hermenêutica constitucional, produzida pelo STF, em geral por

provocação através de Adins, de Mandados de Injunção, Arguições por

Descumprimento de Preceito Fundamental, e de Ações Civis Públicas.

4 – E no quarto plano, a ação regulamentadora e discricionária, exercida pelo

Executivo através de Medidas Provisórias, decretos e portarias, bem como pelo

Judiciário, especialmente através das súmulas.

De modo mais específico, a análise do conflito normativo se debruçou sobre as

seguintes dimensões:

- Emendas Constitucionais;

- Propostas de Emendas Constitucionais;

- Leis;

- Decretos Legislativos;

- Projetos de Leis;

- Controle da Constitucionalidade das Normas, realizado pelo STF, através das Ações

de Diretas de Constitucionalidade (Adins), Mandados de Injunção, e Arguição de

Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF);

- Medidas Provisórias;

- Decretos;

- Mensagens;

- Portarias.

As Súmulas do STF, STJ e TST, afetas aos artigos privilegiados pela pesquisa,

também foram incorporadas ao banco de dados, mas optamos por deixar sua análise

para outra oportunidade. Quanto às ações civis públicas trabalhistas, sequer foram

incorporadas à base de dados, em função da dificuldade do acesso à informação.

Além de evidenciar a notável resistência dos direitos constitucionais a

mudanças, ainda mais notável em momentos de forte adesão aos valores de mercado,

como ocorre ao longo dos anos de 1990, este estudo também demonstra como a

constitucionalização do direito do trabalho tem permitido que o espírito da Constituição

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de 88 venha servindo de parâmetro para uma reelaboração do principal marco

regulatório do mundo do trabalho brasileiro que é a CLT, aprovada por Getulio Vargas,

há 65 anos atrás, em pleno Estado Novo.

No processo constituinte, a ordem social foi, inicialmente, reunida em uma única

comissão, mas, posteriormente, será desmembrada em diferentes títulos e capítulos13.

No Título II, que trata dos “Direitos e Garantias Fundamentais”, ficarão os direitos

individuais e coletivos (capítulo I) e os direitos sociais (capítulo II), que inclui o núcleo

fundamental dos direitos dos trabalhadores; além da definição da nacionalidade

(capítulo III), dos direitos políticos (capítulo IV) e dos partidos políticos (capítulo V). Já a

“ordem social” propriamente dita, ficará no Titulo VIII, que tem a seguinte “disposição

geral” (capítulo I) estabelecida pelo Artigo 193: “A Ordem Social tem como base o

primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”[o grifo é nosso]14.

O Capítulo II do Título II, que é o que nos interessa mais de perto, está

encimado pela definição de direitos sociais estabelecida pelo Artigo 6º: “São direitos

sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta

Constituição”. Posteriormente, através da EC 26/2000, a “moradia” também será

incluída no rol de direitos sociais.

Mas, os demais Artigos deste capítulo (Artigos 7º a 11º), tratam basicamente dos

direitos do trabalhador, enquanto as demais dimensões dos direitos sociais são

remetidas para o Título VIII, que cuida exclusivamente da “ordem social”. Esse aspecto

13 - Em seu estudo sobre o processo constituinte, Adriano Pilatti demonstra que no primeiro desenho da Constituição, a ordem econômica estava junto com a social, e que isto será modificado por um substitutivo que transforma as quatro comissões iniciais em oito, cada qual subdividida em 3 subcomissões. Com isso, amplia-se a diversidade de temas que podem ser incluídos nos anteprojetos das comissões, favorecendo, segundo Pilatti, “o modelo constitucional preferido pelos partidos de esquerda”. No caso da Comissão dedicada à ordem social, contempla 3 subcomissões, a saber: “Dos direitos dos trabalhadores e servidores públicos”; “Saúde, seguridade e meio ambiente” e “Negros, populações indígenas, pessoas deficientes e minorias”. Ainda segundo Pilatti, cada uma das oito comissões tinha 63 parlamentares, e as comissões VI (ordem econômica), e a VII (Ordem Social) tinham a maior concentração de parlamentares de partidos de esquerda, cada qual com 8 membros. Pilatti destaca a importância da ala progressista do PMDB que, após a eleição de Covas para sua liderança, alcançou seis das oito relatorias das comissões. No caso da Comissão VII (ordem social), o relator foi o Senador Almir Gabriel (PMDB-PA), e a subcomissão VII-A, dos direitos dos trabalhadores, foi presidida por Geraldo Campos (PMDB-DF), tendo como relator o Deputado Mario Lima (PMDB-BA), todos, segundo Pilatti, membros do bloco progressista do partido. Ver Adriano Pilatti, O Constituinte de 1987-1988. Progressistas, Conservadores, Ordem Econômica e Regras do Jogo. Editora PUC-RIO E Lumen Júris, Rio de Janeiro, 2008, pgs 51 e segs. 14 - Os demais capítulos do Título VIII são: “Da seguridade social” (capítulo II), “Da educação, da cultura e do desporto” (Capítulo III), “Da Ciência e Tecnologia” (Capítulo IV), “Da Comunicação Social” (Capítulo V), “Do Meio Ambiente” (Capítulo VI), “Da Família, da criança, do adolescente e do idoso” (Capítulo VII), e “Dos índios” (Capítulo VIII).

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é significativo, pois evidencia o destaque conferido aos direitos do trabalhador,

compreendidos como parte integrante dos direitos e garantias fundamentais do

indivíduo e do cidadão. Essa arquitetura constitucional se vê ainda mais reforçada pela

disposição geral do já citado Artigo 193, que sustenta que a ‘Ordem Social’ tem como

base o “primado do trabalho”, mas também pela definição de ‘Ordem Econômica’,

estabelecida pelo Artigo 170: “A ordem econômica, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,

conforme os ditames de justiça social ....” [o grifo é nosso]. Assim, tanto a ordem social

quanto a econômica estão fundadas no primado do trabalho, e na sua valorização

segundo “os ditames de justiça social”.

Antes de entrar na análise de cada um dos artigos privilegiados pela pesquisa, é

necessária uma breve caracterização geral de cada um deles.

O Artigo 7º, em seu caput, unifica trabalhadores rurais e urbanos, definindo um

amplo leque de direitos. Em seus 34 incisos, é possível identificar três dimensões

distintas. A primeira delas reúne os incisos que tratam do núcleo duro da relação entre

o capital e o trabalho, a saber:

- a proteção do trabalhador em face da demissão arbitrária;

- a regulação da jornada de trabalho, o direito a repouso semanal remunerado e a

férias anuais remuneradas,

- os critérios para a remuneração, incluindo aquela relacionada a atividades realizadas

em condições especiais (noturnas/insalubres/perigosas),

- o direito à participação nos lucros;

- o direito a seguro contra acidentes de trabalho e o direito a um ambiente de trabalho

seguro, salubre e saudável;

-o direito à aposentadoria e aos mecanismos de seguro-desemprego;

- e o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho, e o direito à

ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho.

Fiel ao espírito da igualdade que pauta a Carta, o Artigo 7º também sublinha a

garantia dos direitos dos trabalhadores domésticos, e do trabalhador sem vínculo

empregatício, e proíbe a discriminação no tocante a salário e a critérios de admissão

do trabalhador portador de deficiência física, ou por motivo de sexo, idade, cor ou

estado civil. Estabelece, também, restrições ao trabalho do menor de idade.

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A terceira dimensão contempla um conjunto de direitos sociais, como as

licenças-maternidade e paternidade, o salário-família e o direito à assistência aos filhos

e dependentes através de creches e pré-escolas, direitos esses que deixam evidente o

enlace estabelecido pela Constituição entre o mundo do trabalho e os objetivos do

bem-estar e da justiça sociais, estabelecidos no Título VIII, que trata da Ordem Social.

Como veremos ao longo deste estudo, essas três dimensões com que a

Constituição envolveu os direitos do trabalhador no Artigo 7º têm sido objeto de muitas

disputas jurídicas e políticas ao longo dos últimos 20 anos. Contudo, é preciso

salientar, desde já, que, do ponto de vista da reforma do texto constitucional, o Artigo

7º foi muito pouco alterado. De fato, as três Emendas Constitucionais que alteraram

trechos de alguns de seus incisos têm importância secundária, senão vejamos:

- A EC 20/1998, alterou a redação original do Inciso XII, substituindo a fórmula genérica

“salário-família para seus dependentes”, por uma clara delimitação do direito ao salário-

família “em razão do dependente do trabalhador de baixa renda”. Esta mesma EC,

alterou o texto do Inciso XXXIII, estendendo de 14 para 16 anos a proibição de

“qualquer trabalho”, salvo na condição de aprendiz (a partir de 14);

- a EC 28/2000 modificou a redação do Inciso XXIX, unificando os critérios para

trabalhadores urbanos e rurais, no tocante aos prazos de prescrição para a proposição

de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho;

- e a EC 53/2006, que alterou de 6 para 5 anos a idade limite do beneficiário (filho ou

dependente do trabalhador) do direito à assistência gratuita através de creches e pré-

escolas.

Os Artigos 8º a 11º não sofreram emendas constitucionais, o que não significa

que também não tenham sido objeto de muita controvérsia. No que se refere ao Artigo

8º, o amplo debate em torno da reforma sindical se constitui, como veremos ao longo

deste estudo, em um dos capítulos centrais da disputa normativa desenvolvida ao

longo dos últimos vinte anos.

Em seus oito incisos, o Artigo 8º define os parâmetros fundamentais da

organização sindical brasileira, assegurando a liberdade e a autonomia (Inciso I), mas

preservando a tão discutida unicidade sindical (Inciso II); garantindo a autonomia dos

sindicatos para fixar a contribuição sindical, mas deixando sob a regulação da

legislação infraconstitucional o imposto sindical (Inciso IV). Com isso, para muitos

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críticos, o texto constitucional acaba por preservar dois dos principais aspectos do

modelo corporativista legado por Vargas. E, de fato, boa parte da agenda reformista

desenvolvida a partir dos anos de 1990, especialmente nos Governos de FHC e de

Lula, gravitará em torno desses incisos sem, no entanto, conseguir modificá-los.

Os demais incisos do Artigo 8º asseguram direitos sindicais importantes, como a

ampla competência do sindicato para a defesa dos direitos e interesses coletivos ou

individuais de sua categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas (Inciso

III); o direito de participar nas negociações coletivas de trabalho (Inciso VI); a

estabilidade ao empregado sindicalizado (Inciso VIII);a garantia dos direitos sindicais

ao aposentado filiado (Inciso VII), e a liberdade para não se filiar ou se manter filiado ao

sindicato (Inciso V). Estabelece, ainda, em Parágrafo Único, que as disposições do

artigo também se “aplicam aos sindicatos rurais e às organizações de colônias de

pescadores”.

Em síntese, o estudo demonstrará que o debate sobre o Artigo 8º ao longo dos

últimos vinte anos tem girado basicamente em torno dos seguintes aspectos: critérios

relacionados à organização sindical, incluindo a discussão sobre categorias

profissionais e ramos de atividades; registro sindical, que remete ao debate sobre a

autonomia dos sindicatos em face do Estado; estrutura representativa, que remete ao

debate sobre a competência e os critérios para organização de federações,

confederações e centrais; e fontes de financiamento, em especial a discussão sobre a

contribuição compulsória.

Também faz parte da discussão encerrada nas propostas de reforma sindical, a

questão da representação profissional no local do trabalho. Essa questão é objeto do

Artigo 11, que estabelece que nas “empresas com mais de 200 empregados, é

assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de

promover-lhes o entendimento direto com os empregadores”. Em função da interseção

entre os Artigos 8º e o 11º, optamos por analisá-los em conjunto.

O Artigo 9º assegura o direito à greve. Neste caso, boa parte da controvérsia se

dará em torno da legislação infraconstitucional, especialmente pela lacuna da lei em

torno do direito de greve do funcionalismo público, já que a Lei de Greve (7.783/89),

aprovada logo após a promulgação da Carta, não os contempla. Outro aspecto que

será considerado na análise é o papel da Justiça do Trabalho e do Ministério Público

do Trabalho, especialmente a partir da reforma do Judiciário, realizada pela EC 45/04.

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O Artigo 10º assegura “a participação dos trabalhadores e empregadores nos

colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou

previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação”. Com isso, incentiva a

formulação de organismos tripartites, frequentemente com ampla competência. Além

disso, fortalece a representação sindical em agências gestoras de fundos como o FAT

e o FGTS.

Sobre o Artigo 10º, é importante salientar desde já, que a pesquisa não

conseguiu localizar senão 4 projetos de lei, propostos entre 1989 e 1991, e um projeto

de lei proposto em 2008, dispondo sobre a representação dos trabalhadores e

empregadores em conselhos administrativos das autarquias, de órgãos colegiados e de

empresas de públicas de economia mista15. Os quatro primeiros foram arquivados pelo

Congresso Nacional. E o último proposto pelo Poder Executivo, sob a presidência de

Lula, encontrava-se em tramitação no Congresso em janeiro de 2009, quando o

levantamento feito pela pesquisa foi encerrado. Portanto, em função da quase total

ausência de material empírico, este Artigo acabou ficando fora da pesquisa.

Para efeitos de análise, o Artigo 114, que trata da competência da Justiça do

Trabalho, deve ser considerado como parte inseparável do Capítulo II da Constituição,

dado que se concentra nesta justiça especializada, além do próprio STF, a garantia do

cumprimento dos direitos constitucionais. Por isso mesmo, toda proposta de reforma

trabalhista e sindical desenvolvida a partir de 1988 se viu obrigada a contemplar a

Justiça do Trabalho. E foi no contexto de uma ampla reforma do Poder Judiciário,

animada ao longo dos anos de 1990, que o judiciário trabalhista foi fortemente

debatido. Desse processo, que se desenvolveu ao longo de mais de 10 anos, resultará,

conforme veremos neste relatório, a Emenda Constitucional 45. Aprovada em 2004, a

EC 45 traz uma série de reformas importantes na Justiça do Trabalho, em especial com

a ampliação de sua competência e a redução de seu poder normativo. Antes da EC 45,

o Artigo 114 já havia sofrido outra alteração, através da EC 20/98, que lhe acrescenta

um parágrafo, estabelecendo que é a da competência da Justiça do Trabalho

“executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no Artigo 195, I, a e II

(contribuições dos empregadores e dos empregados para o sistema de financiamento

da seguridade social)”.

15 - Os PLs identificados pela pesquisa são os seguintes: PL 2.203/89, PL 4.694/90, PL 5.439/90, PL 305/91 e PL 3.407/08.

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A exposição do estudo foi organizada de forma cronológica, segundo a

seqüência dos cinco governos contidos no período coberto pela pesquisa. Em cada um

dos governos, recortamos a análise em subseções, segundo os artigos constitucionais

privilegiados pela pesquisa. Apesar de delimitar a análise em cada um dos governos,

emprestamos maior ênfase aos períodos FHC e Lula por sua importância para o tema

da reforma trabalhista e sindical.

Para efeitos do nosso estudo, importa salientar, também, que, ao longo dos vinte

anos analisados, nem sempre houve correspondência entre a eleição do chefe do

Executivo e a da legislatura do Congresso Nacional. Assim, a pesquisa começa ainda

no final do Governo Sarney, contemplando o breve interregno, que vai de outubro de

1988 (a Constituição foi promulgada em 5 de outubro daquele ano) até março de 1990.

Em seguida, assume Fernando Collor de Mello que, em seu primeiro ano, governará

com o Congresso Nacional eleito em 1986. Com o impeachment de Collor (que

governa até setembro de 1992), desde outubro o país é governado por Itamar Franco

(apesar da sua posse oficial somente ocorrer em novembro daquele ano). Itamar

Franco governará até janeiro de 1995, e o Congresso Nacional que o acompanha é

eleito em pleno Governo Collor, em 1990, e empossado em 1991. As eleições de 1994,

que conduziram Fernando Henrique Cardoso à presidência, também elegeram uma

nova legislatura, e desde então o mandato do Presidente da República tem iniciado

junto com o da nova legislatura do Congresso Nacional.

Importa informar, ainda, que, no caso do Governo FHC, consideramos mais

adequado analisar em separado cada um de seus dois mandatos. Já no caso do

Governo Lula, entendemos mais pertinente fazer uma análise conjunta de seus seis

anos de governo, pois o período coberto pela pesquisa empírica foi até dezembro de

2008, quando o segundo mandato de Lula ainda estava na metade.

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III – O Governo Sarney (outubro de 1988 a fevereiro de 1990)

Considerando que o estudo do Governo Sarney se restringiu ao interregno de 17

meses, entre a promulgação da Constituição e a posse do novo Presidente da

República, optamos, nesse caso, não separar por seções a análise dos artigos.

No período desse governo, não foi apresentada nenhuma proposta de emenda

constitucional referida aos artigos privilegiados pela pesquisa. Mas, algumas leis

importantes foram aprovadas. No que se refere ao Artigo 7º, que nos interessa nesse

primeiro momento, a pesquisa identificou quatro leis: a Lei 7.853/89, que trata dos

direitos dos portadores de deficiência física; a Lei 7.839/89, que dispõe sobre o FGTS;

a Lei 7.855/89, que trata de diferentes aspectos do contrato de trabalho, além de

instituir o Programa de Desenvolvimento do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho;

e a Lei 7.998/90, que foi originalmente proposta através pelo PL 991/88 de autoria de

parlamentar do PMDB, com o objetivo de regulamentar o inciso II do Artigo 7º, que trata

do seguro-desemprego. Esta última lei tem particular importância, pois regula o seguro-

desemprego, e institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador, “vinculado ao Ministério do

Trabalho, destinado ao custeio do Programa de Seguro-Desemprego, ao pagamento

do abono salarial e ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico”.

Já entre os projetos de lei afetos ao Artigo 7º propostos logo após a

promulgação da Constituição, destacam-se os PLP (Projetos de Lei Complementar)

33/88, 34/88, 112/89 e 160/89, que propõem a regulamentação dos Incisos I e XXI do

Artigo 7º, dispondo sobre a proteção contra a demissão arbitrária. Estes PLPs não

foram convertidos em lei, mas inauguraram um importante campo de disputa sobre o

tema, que, como veremos, continua presente na agenda atual do conflito entre o capital

e o trabalho.

Já os PLs 991/88 e 1.613/89 foram convertidos, posteriormente, em leis. O

primeiro, já comentado, foi transformado na Lei 7.998/90; quanto ao segundo, também

proposto por parlamentar do PMDB, cria facilidades para o fornecimento da carteira de

trabalho - foi convertido na Lei 8.260/91, sobre a qual falaremos adiante.

Ainda nesse período, parlamentares propõem cinco projetos de lei voltados para

a regulamentação profissional, todos posteriormente convertidos em lei16. Esse tipo de

16 - PL 4.159/89, de autoria de parlamentar do PMDB, convertido na Lei 8.234/91; PL 3.903/89, do PT, na Lei 8.662/93, PL 3.759/89, do PDC, na Lei 8.623/93; PL 2.239/89, do PMDB, na Lei 8.873/94; e PL

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iniciativa legal, que acompanhará todo o período analisado, tem evidente relação com o

Artigo 7º, já que constitui dimensão importante da regulação do mercado de trabalho.

Quanto ao Artigo 8º, o Governo Sarney não aprova nenhuma lei tratando do

assunto, mas cinco projetos de lei foram apresentados ao Congresso: os PLs 998/88 e

1.662/89, que tratam dos procedimentos a serem adotados no processamento e

julgamento do mandado de injunção, e que têm relação com nosso tema, na medida

em que prevêem o sindicato como pólo ativo desse tipo de ação judicial. Como

veremos a seguir, a pesquisa identificou alguns Mandados de Injunção importantes,

como o que trata da questão do papel do Estado no registro sindical (MI 144), proposto

ainda em 198917.

Os outros três projetos de lei, são os PLs 1.528/89, 1.977/89 e 3.408/89, que

dispõem sobre a organização sindical. O primeiro, apresentado por um parlamentar do

PMDB, propõe a instituição de limites para a criação de sindicatos, e a proibição de que

as entidades sindicais recebam financiamentos ou empréstimos de entidades

estrangeiras. Quanto à questão do registro sindical, propõe a instituição da Comissão

de Assuntos Sindicais para tratar do assunto; além disso, propõe pequenos ajustes nos

valores da contribuição sindical, mas mantém sua natureza compulsória.

O segundo PL foi apresentado por um parlamentar do PFL, e propõe a

regulamentação dos artigos 8º e 37, VI. E o terceiro PL, de autoria de um parlamentar

do PT, propõe inovações no registro sindical, para que ele passasse a ser feito através

de registro público civil de pessoas jurídicas. Além disso, propõe o reconhecimento das

centrais como entidades de grau máximo de representação sindical (voltaremos a esta

questão quando, adiante, já no Governo Lula, abordarmos o debate em torno da

legalização das centrais). Quanto à questão do financiamento, estabelece que o valor

da contribuição compulsória seja definido em assembléia.

Ainda sobre o Artigo 8º, é importante comentar o já mencionado Mandado de

Injunção 144, apresentado pela Associação Profissional dos Bombeiros Civis. Diante

da recusa do Ministério do Trabalho para reconhecê-la como sindicato, propõe a ação

a fim de obter o Mandado de Injunção para que “pudesse exercer seu direito

2.167/89, do PJ, na Lei 8.967/94. As leis regulamentam, respectivamente, as seguintes profissões: nutricionista, assistente social, guia de turismo, técnico de administração e enfermagem. 17 - Embora esteja fora do escopo de nossa pesquisa, pois trata do direito à greve do funcionalismo público, também é interessante lembrar, aqui, do Mandado de Injunção (712) proposto em 2004 pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado de Pará, reclamando a lacuna da legislação sobre greve do servidor público. Em sua decisão, o Ministro Eros Grau lembra que há anos diversos projetos de lei tramitavam no Congresso sem nenhuma decisão, e por isso defere o pedido aplicando ao funcionalismo público a Lei de Greve 7.783/89.

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constitucional até que o Congresso legislasse sobre a matéria”. Em seu parecer, o

Relator, Ministro Sepúlveda Pertence, indefere o pedido de liminar, sustentando que o

pleito deveria ser resolvido através de mandado de segurança e não de injunção. Mas,

apesar do não acolhimento, o acórdão deste MI tem sido lembrado como um marco na

hermenêutica constitucional, na medida em que nele o STF deixa evidente três pontos

importantes: 1 – que a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação do

sindicato; 2 – que a diferença entre o novo sistema e o antigo, “de outorga

discricionária do reconhecimento sindical”, não resulta do entendimento de que caberia

ao Ministério do Trabalho ou a outro órgão público o registro de ente sindical; 3 – que o

fundamental ao novo sistema de registro das entidades sindicais é a garantia da

imposição de unicidade, esta sim “a mais importante das limitações constitucionais ao

princípio da liberdade sindical”.

Essa decisão judicial prenunciava as inúmeras controvérsias que cercam até

hoje o problema do registro sindical18. Não por acaso, como veremos a seguir, este

problema tomará parte da grande maioria das propostas normativas orientadas para a

regulamentação do Artigo 8º.

No que se refere ao Artigo 9º, o fato mais importante ocorrido durante o

Governo Sarney é, sem dúvida, a aprovação da Lei 7.783/89, oriunda da Medida

Provisória 59/1989. A lei dispõe sobre o exercício do direito de greve, atendendo,

assim, ao comando constitucional constante do parágrafo 1º deste Artigo, que

estabelece que “a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”. A forma rápida com que se

regulamenta o direito à greve indica a importância e urgência atribuída à matéria.

Também é prova disso, o fato de que, entre 1988 e 1989, nada menos que 15 projetos

de lei tenham sido encaminhados ao Congresso Nacional por parlamentares de

diferentes partidos. O tema comum a todos esses projetos de lei era o da definição dos

procedimentos a serem adotados no tocante às atividades consideradas essenciais.

Como esse tema já tinha sido contemplado pela lei de greve, os PLs foram arquivados.

18 - Davi Furtado Meirelles chama a atenção para o fato de que várias decisões judiciais têm sido dadas no sentido de se permitir “a constituição de novos sindicatos ou mesmo o desmembramento de categorias já organizadas em entidades preexistentes”. Ou seja, o princípio da unicidade sindical não tem sido, segundo ele, um entrave para a plena liberdade sindical. E, para explicar a posição do Judiciário, o autor sustenta que “nos parece que o magistrado brasileiro deu maior importância ao princípio insculpido no caput do Artigo 8º da Constituição, de que, como regra geral, é livre a associação profissional ou sindical”. E conclui: “assim, na realidade brasileira, a unicidade sindical vem sendo quebrada dia a dia, já não podendo ser destacada como um obstáculo intransponível” (Liberdade Sindical: o modelo ideal, Seminário União Geral dos Trabalhadores, Brasília, 2009, mimeo, pp. 15 e 19).

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De fato, com a Lei 7.783/89, a efervescência em torno da questão da greve

diminui consideravelmente nos anos seguintes, concentrando-se o debate, a partir daí,

basicamente em torno do direito à greve do funcionalismo público. Mas, como essa

questão está fora do alcance deste trabalho não abordaremos, senão indiretamente, o

intenso debate suscitado pela ausência de legislação específica sobre esta matéria19.

Somente a partir do Governo FHC voltarão a aparecer propostas normativas referidas

ao Artigo 9º.

Finalmente, no que se refere às iniciativas normativas relacionadas ao Artigo

114, a pesquisa identificou apenas quatro projetos de lei apresentados durante o

Governo Sarney: PL 2.724/89, proposto por parlamentar do PMDB, PL 3.050/89, de

parlamentar do PSC, e dois PLs propostos por parlamentares do PT, a saber: PLs

3.409/89 e 3.533/89. Esses PLs tratam, basicamente, de critérios para a melhor

delimitação da negociação coletiva, e da conciliação no dissídio coletivo. Os quatro

foram arquivados.

19 - Mesmo sem ser exaustiva no assunto, nossa pesquisa, identificou 17 projetos de lei e uma PEC, tratando do direito de greve dos servidores públicos ao longo dos vintes anos contemplados pela pesquisa.

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IV. O Governo Collor

A eleição de Fernando Collor de Mello à presidência levava ao poder uma

proposta claramente orientada por um ideário neoliberal. Não por acaso, partirá da

presidência a proposta de se realizar um amplo plano de reformas da Constituição,

enviado ao Congresso Nacional em outubro de 1991, e que ficou conhecido como

“Emendão”. Suas propostas de emenda constitucional, no entanto, não miraram

prioritariamente nos artigos que aqui nos interessam, elegendo como centro de sua

agenda uma ampla reforma fiscal e previdenciária, e uma profunda reestruturação do

Estado. As PECs 51, 55, 56, 57, 58 e 59, todas de 1991, trazem o núcleo duro dessas

reformas, e sinalizam para a abertura da economia ao capital estrangeiro, e ao capital

privado nacional, com redução do monopólio estatal, privatização e concessão de

serviços públicos.

Mas, a crise que tomou conta do governo Collor, culminando com o

impeachment do presidente da república, impediu o que talvez fosse a mais profunda

mudança no desenho da Constituição.

IV.1. O Artigo 7º no Governo Collor

Durante o Governo Collor (março de 1990 a setembro de 1992), foram propostas

5 PECs visando reformar o Artigo 7º, todas de iniciativa de parlamentares, e todas

referidas ao Inciso IV. Entre elas, três, propostas por parlamentares de partidos de

direita (PECs 101/92 - PL, 106/92 – PTR, e 137/92 - PDS), pretendiam “extinguir o

salário mínimo unificado em âmbito nacional, passando o mesmo a ser unificado por

regiões”. As outras duas, uma de parlamentar do PDT (PEC 47/90), e outra de

parlamentar do PDS (73/91) propunham a “vinculação [do salário] para fixação do valor

dos proventos da aposentadoria e da pensão por morte”. Nenhuma delas foi aprovada

pelo Congresso Nacional.

Fora do terreno das PECs, é mais notável o ativismo legislativo nesse período

em torno do Artigo 7º, tanto pela promulgação de leis importantes regulamentando

seus incisos, quanto através de projetos de leis, e de um decreto presidencial

regulamentando o FGTS. A propósito, é preciso lembrar que, diversamente do que

ocorrerá a partir de 1994, quando as eleições majoritárias federais e estaduais passam

a ocorrer em conjunto com as proporcionais, a eleição que levou Collor de Mello à

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presidência foi isolada e, portanto, seu primeiro ano de governo foi acompanhado pela

legislatura eleita em 1986, a mesma que aprovara o texto constituinte. Somente no

início de 1991, tomarão posse os novos parlamentares eleitos no pleito realizado em

outubro de 1990.

Durante o período em que Collor foi o Presidente da República (março de 1990

a setembro de 1992), nossa pesquisa identificou a aprovação de onze leis diretamente

relacionadas a direitos contemplados pelo Artigo 7º.

Entre as dez leis sancionadas pelo Presidente Collor, três (Leis 8.019/90,

8.352/91 e 8.438/92) dispõem sobre o FAT, a primeira delas revogando parcialmente a

Lei 7.998, aprovada pelo Presidente Sarney.

A Lei 8.036/90 dispõe sobre o FGTS. Originalmente uma Medida Provisória, foi

sancionada pelo Presidente Collor em maio de 1991, revogando lei anterior (Lei

7.839/89), também sancionada pelo Presidente Sarney. Em novembro daquele mesmo

ano, através do Decreto 99.684/90, Collor aprova o regulamento do FGTS.

A Lei 8.178/91, também originalmente uma MP, estabelece regras sobre preços

e salários. Outras duas leis então sancionadas tratam diretamente dos benefícios

ligados à seguridade social do trabalhador: a Lei 8.212/91, que dispõe sobre a

organização da Seguridade Social (regulando o inciso XXIV); e a Lei 8.213/91, que

dispõe sobre os Planos de Benefício da Previdência Social (regulando o inciso XXVIII

do Artigo 7º, que se refere ao seguro contra acidentes de trabalho).

A Lei 8.069/90 institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, e seu Capítulo V

cuida do “direito à profissionalização e à proteção no trabalho” da criança e do

adolescente. E a Lei 8.260/91, modifica o Artigo 16 da CLT, que trata da carteira de

trabalho.

As outras duas leis regulamentam as profissões do nutricionista e do

representante comercial autônomo (respectivamente, Leis 8.234/91 e 8.420/92).

Ainda durante o período Collor, a pesquisa identificou 9 projetos de lei tratando

de assuntos afetos ao Artigo 7º, todos propostos pela legislatura eleita em 1990.

Desses, dois tratam de direitos da mulher, o PL 229/91, que propõe a proibição “da

exigência de atestado que comprove esterilidade ou gravidez de candidatos a

emprego”, e que seria transformado na Lei 9.029/95; e o PL 382/01, que estabelece

normas a fim de garantir a “igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no

mercado de trabalho”, além de propor a concessão de “benefícios fiscais para

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empresas que incentivem a mão de obra feminina”. Diversamente do PL anterior, este

não foi convertido em lei, tendo sofrido veto presidencial em 1998.

Outros dois PLs propõem nova redação ao Artigo 131 da CLT, que trata dos

critérios para se considerar “falta ao serviço”. O PL 1.104/91 propõe que não seja

considerado “falta ao serviço a ausência da empregada durante licenciamento

compulsório por motivo de aborto”. Importa observar que o referido projeto foi

transformado na Lei 8.921/94; e o PL 1.818/91, “dispondo que o período de faltas com

recebimento de auxílio doença pelo trabalhador, não será descontado do período

aquisitivo de férias”. Este PL também foi transformado na Lei 8.726/93.

Outros três PLs propõem alteração da CLT, postulando sua adequação aos

termos do Artigo 7º da CF. O PL 2.298/91, que propõe alterar o Artigo 487 da CLT,

“permitindo incorporar ao aviso prévio reajuste salarial coletivo concedido no seu curso”

(transformado na Lei 10.218/01); o PL 2.398/91, que propõe alterar o Artigo 71 da CLT

obrigando o “empregador a remunerar como hora extra o intervalo para repouso e

alimentação não concedido” (transformado na Lei 8.293/94); e o PL 3.383/92, que

acrescenta um novo parágrafo ao Artigo 442 da CLT para “declarar a inexistência de

vínculo empregatício entre as cooperativas e seus associados” (também transformado

na Lei 8.949/94).

Os dois demais PLs são os seguintes: PL 2.297/91, que trata da

“proporcionalidade da gratificação de Natal” (transformado na Lei 9.011/95); e o PL

2.544/92, que assegura “aos trabalhadores que perceberem remuneração variável,

fixada por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, um salário mensal nunca

inferior ao salário mínimo” (transformado na Lei 8.716/93).

A tirar pela produção legislativa do Congresso eleito em 1990, durante o período

do Governo Collor, ao menos na área afeta ao artigo 7º, observa-se que a iniciativa

legal ligada ao direito do trabalho esteve quase exclusivamente dominado por

parlamentares do campo progressista e de esquerda (dos 9 PLs, 4 foram propostos por

parlamentares do PT, 3 por parlamentares do PMDB, e 1 do PDT e 1 do PSDB), que

formularam projetos de lei afirmativos no sentido de redesenhar a CLT a partir da

Constituição, bem como de recobrir com direito material comandos constitucionais. E

não é pouco relevante considerar que desses projetos apenas um não foi transformado

em lei.

Assim, o balanço que se pode fazer do período Collor é que, apesar da

orientação neoliberal do Poder Executivo, ao menos no que se refere ao artigo 7º, a

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legislatura desse período teve uma agenda francamente progressista. E nada exprime

de forma mais clara esse perfil do que o Decreto Legislativo No 68, que aprova o

pedido de ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho. A

Convenção proíbe a demissão de um trabalhador “a menos que exista para isso uma

causa justificada, relacionada com sua capacidade ou seu comportamento, ou baseada

nas necessidades de funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço” (Art. 4º).

No caso, para nossa análise, não importa que a decisão do Congresso tenha sido

revertida posteriormente, através de uma Adin e de um decreto assinado pelo Poder

Executivo, já sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso. Pois ter solicitado a

ratificação de uma norma internacional como essa denota claramente a posição do

Congresso Nacional em favor da ampliação do sistema de defesas legais, em

contraposição a uma lógica puramente mercantil das relações de trabalho20.

Durante o período Collor, a pesquisa identificou seis Ações Diretas de

Inconstitucionalidade referidas ao Artigo 7º. A Adin 334, proposta em 1990 pela

Confederação Geral dos Trabalhadores, questiona a Medida Provisória 193, que institui

e regulamenta a figura do salário efetivo. Entre outras razões, a autora alega que a MP

feria o Artigo 7º por propor a redução de salários. Embora seu pedido tenha sido

indeferido pelo STF, ao considerar que a autora não gozava de legitimidade ativa, trata-

se de uma ação importante, pois inaugura um itinerário que será amplamente seguido

pelas organizações de trabalhadores, a saber, o de se questionar na justiça medidas

provisórias consideradas atentatórias a direitos constitucionais. É o que se verifica com

as Adins a seguir.

A MP 193 questionada pela CGT será reeditada pela MP 199, com mínimas

alterações. Em seguida, esta última MP será convalidada pela MP 211/90, que traz, no

entanto, um controvertido parágrafo único, conforme se pode verificar a seguir:

“É lícito ao empregador, em caso de força maior, prejuízos ou situação econômico-financeira que ponha em risco o empreendimento, arguir na Justiça do Trabalho a inviabilidade de atender ao disposto no caput [que assegurava a garantia do Salário Efetivo a todo trabalhador, na primeira data-base respectiva, após o término do prazo de vigência estabelecido no último acordo, convenção ou sentença normativa de dissídio coletivo de trabalho], ficando suspensa a garantia do Salário Efetivo até a decisão de última instância.”

20 - A constatação da ausência de um programa forte dos setores conservadores em torno do Artigo 7º nesse período, chama ainda mais a atenção quando se tem em conta que, como lembra Marco Aurélio Santana, “os setores conservadores e patronais não viram com bons olhos a extensão de tantos direitos na constituição” (“Os Trabalhadores, a Nova República e a Constituição de 1988: Balanços e perspectivas”, Seminário União Geral dos Trabalhadores, Brasília, 2009, mimeo, pgs 179 e sgs).

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Contra a MP 211 são propostas, ainda em 1990, três Adins, a 357, ajuizada pelo

PT; a 358, da Confederacão Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, e a 359, do

PSDB. As três Adins tiveram seus pedidos de liminar prejudicados, e os processos

suspensos até que o Congresso Nacional deliberasse sobre a matéria. Posteriormente,

em decisão final, essas Adins serão prejudicadas por “perda de objeto”, já que a MP

questionada será substituída pela MP 219, também de 1990. Mas esta última MP

revoga exatamente o parágrafo único acima destacado e questionado pelas Adins.

Portanto, apesar de não terem sido acolhidas pelo STF, o resultado pleiteado pelas

Adins foi alcançado, indicando que o caminho da judicialização, especialmente com o

questionamento da produção normativa discricionária realizada pelo Executivo, se

afigurava como uma via importante do novo modelo político brasileiro.

A quinta Adin ajuizada no período é a 414. Apresentada pela Confederação

Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, esta Adin questiona o parágrafo 1º do artigo

9º do Decreto Federal 99.684/90, que, conforme mencionado acima, regulamenta o

FGTS. Na inicial do pedido, a CNTM lembra que “o inciso 00I do artigo 010 do

ADCT dispôs que, até a promulgação da lei complementar referida no Art. 7 º , I , da

Constituição, a proteção nele prevista ficaria limitada ao aumento - para quatro vezes

- da porcentagem estabelecida pela Lei n° 5.107/66”. Sustenta, ainda, que, “embora a

referida lei complementar não tenha sido editada, foi publicada a Lei n° 8.036/90, de

modo que o Decreto questionado feria o próprio princípio assegurado por esta lei”. O

pedido de liminar foi deferido por unanimidade pelo STF, na primeira importante vitória

de uma confederação de trabalhadores no terreno das Adins.

A sexta Adin é a 435, ajuizada pelo PT, em 1991, contra o Parágrafo Único do

artigo 7º da MP 295, que deu origem à já citada Lei 8.178/91. O referido parágrafo

único estabelece que: “respeitada a livre negociação, poderá haver, no mês de janeiro

de cada ano, um processo de negociação para determinar índices de antecipação

salarial para cada uma das categorias profissionais”. O questionamento se atém

especificamente ao fato de que a negociação é restringida ao mês de janeiro, e que

esta limitação seria “inadmissível do ponto de vista constitucional”. Em sua decisão, o

STF considera o pedido prejudicado pelo fato da MP ter se convertido em lei. Mas, o

fato é que esta lei não inclui em seu texto o parágrafo questionado, o que indica, uma

vez mais, a efetividade do controle constitucional das normas através da Adin.

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Ainda sobre o Artigo 7º no Governo Collor, restaria comentar sua produção

discricionária através de MPs e de decretos. Mas os identificados pela pesquisa, como

as MPs 193, 199, 211 e 295, e o Decreto 99.684/90, já foram comentados, já que todos

foram objeto de questionamento através de Adins.

IV.2. Os Artigos 8º e 11 e o Artigo 9º no Governo Collor

Ao contrário do que se verificou no estudo do Artigo 7º, no qual se constatou que

5 PECs foram propostas durante o período Collor, não há propostas de PECs sobre o

Artigo 8º nesse período. Tampouco são aprovadas leis sobre a matéria no período. No

entanto, constata-se uma surpreendente quantidade de projetos de lei em torno do

Artigo 8º apresentados no curto Governo Collor: são 15 PLs cuidando da matéria, três

dos quais propostos em 1990 e, portanto, pela legislatura eleita em 1986, e os demais

propostos em 1991e 199221. Só para lembrar: o número de PLs sobre o Artigo 8º no

período é superior ao de PLs propostos sobre o Artigo 7º (14 contra 9), o que não deixa

de sugerir que o Artigo 8º já nasce cercado de controvérsias.

Entre os 15 PLs, 3 foram apresentados pelo Executivo: o PL 821/91 propõe

regulamentar os Artigos 8º e 11º. Na exposição de motivos do projeto, o então Ministro

do Trabalho, Antonio Rogério Magri, valoriza a necessidade de se enfatizar a liberdade

de negociação, sustentando que “a modernização da legislação do trabalho passa

necessariamente pelo afastamento do Estado do campo das relações coletivas,

permitindo que os interlocutores sociais ocupem o espaço que efetivamente lhes

pertence na gestão dos próprios conflitos, buscando encontrar soluções que melhor

consultem seus interesses”.

De acordo com Andréia Galvão, este PL seria “a primeira tentativa de instaurar a

flexibilização pela via legal promovida na era neoliberal”. Esta autora ainda informa que

as “críticas promovidas pelas centrais sindicais, especialmente a CUT, ao projeto,

levaram o governo a desmembrá-lo em duas partes”22, resultando nos dois outros

projetos apresentados pelo Executivo no período: o PL 1.231/91, que trata da

organização sindical, e o PL 1.232/91, que cuida da negociação coletiva.

21 - O PL3.267/92, foi apresentado em novembro de 1992, portanto, já dentro do período Itamar. Mas como se trata de um período de transição de um governo para o outro, optamos por mantê-lo neste bloco. 22 Andréia Galvão, “Neoliberalismo e Reforma Trabalhista no Brasil”. Tese de Doutorado, IFCH/Unicamp, 2003, p.174.

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O PL 1.231/91 trata dos critérios da representação sindical, e embora sem

atacar diretamente o princípio da unicidade, prevê a possibilidade de substituição de

um sindicato por outro mais representativo, conforme seu número de associados. Tal

proposta suscitou diversas críticas, que tanto o acusavam de postular um pluralismo,

como na afirmação do então vice-líder do PSDB, “de que o governo pretende implantar

o pluralismo sindical por uma via desonesta”, quanto, de ampliar as formas de

intervenção do Estado na vida sindical, como seria, segundo Galvão, a leitura da CUT.

Quanto ao sistema de financiamento, o PL extingue o imposto sindical, embora

preserve uma contribuição assistencial compulsória. Além disso, valoriza a

representação dos trabalhadores na empresa assegurada pelo Artigo 11, atribuindo-

lhe, entre outras funções, “discutir e acompanhar a implementação da participação dos

trabalhadores na gestão da empresa e nos seus lucros ou resultados”.

O PL 1.232/91 complementa o anterior, valorizando a prevalência do acordo

coletivo, tanto pela categoria quanto na representação por empresa. Além disso,

antecipa um dos pontos que farão parte do debate em torno da reforma da Justiça do

Trabalho, ao postular a restrição do acesso dos sindicatos ao Judiciário, condicionando

a instauração de dissídio coletivo à comprovação do fracasso da negociação coletiva.

No Congresso, os três PLs também serão criticados e, no caso, importa lembrar

que o relator do PL 821, Deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP), considerou-os como

uma introdução, na prática, do pluralismo sindical, admitindo a flexibilização de direitos

e condicionando a participação dos sindicatos nas negociações coletivas a um prévio

credenciamento dos patrões”23. O parecer do relator foi no sentido de considerar o PL

inconstitucional, entre outras razões porque “macula o princípio da unicidade”.

Apesar da reforma sindical proposta por Collor não ter prosperado, inaugura um

tipo de agenda que relaciona a flexibilização das relações de trabalho à valorização da

negociação, o que pressupunha uma liberação das amarras legadas pela CLT e, de

algum modo, mantidas pela Constituição. Como veremos, após o interregno do período

Itamar Franco, o tema voltará com maior força no Governo FHC, que não por acaso

solicitará o arquivamento daqueles PLs.

Mas, para além das propostas do Executivo, as controvérsias identificadas no

Artigo 8º também precipitaram uma onda de PLs, especialmente por parte da

esquerda, na tentativa de fechar sua regulamentação. Entre 1990 e 1992, os

23 - Citado por Galvão (op.cit.), p.174.

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parlamentares apresentaram nada menos que 11 PLs, dos quais cinco de partidos de

esquerda, cinco de partidos de centro, e um, de direita.

Dos PLs apresentados por parlamentares de esquerda, sobressaem propostas

voltadas para assegurar o direito de organização e sindicalização dos servidores

públicos, autonomia do registro sindical, e estabilidade do dirigente sindical. Quanto às

fontes de financiamento, reiteram o texto constitucional, ao defender a autonomia das

assembléias para decidir sobre o valor das mensalidades das contribuições. Além

disso, definem a competência dos sindicatos na negociação coletiva, e contemplam a

questão da organização dos trabalhadores no local de trabalho prevista pelo Artigo 11,

um deles chegando a postular no mínimo um representante para cada 50 trabalhadores

por estabelecimento. Este mesmo PL (646/91), proposto por um parlamentar do PT,

também prevê a competência das centrais sindicais24.

Entre os PLs apresentados por parlamentares do centro, há pontos coincidentes

com os dos partidos de esquerda. Sobressaem, entretanto, diferenças relacionadas ao

sistema de financiamento. Um dos PLs propõe a exclusão da parcela da contribuição

compulsória destinada ao Estado (PL 38/91 - PSDB), outros chegam a propor a

extinção da contribuição compulsória (PLs 60/91 e 264/91 – PMDB); e o quarto PL trata

da elegibilidade da representação sindical (911/91 – PSDB) - será convertido na Lei

8.865/94. Há, ainda, um PL (4.967/90 – PMDB), que acrescenta parágrafo ao Artigo

543 da CLT, facultando às entidades sindicais o credenciamento de um empregado de

cada empresa para atuar como seu delegado, conferindo ao mesmo estabilidade

provisória – foi arquivado.

O PL apresentado pelo parlamentar do partido de direita é o 5.169/90 (PDC),

que dispõe sobre o valor da contribuição sindical.

Não há Adins questionando normas referidas aos Artigo 8º e 11º, e tampouco

foram identificadas pela pesquisa normas produzidas pelo Poder Executivo.

Sobre o Artigo 9º neste período, a pesquisa identificou apenas o PL 401/91.

Proposto por um parlamentar do PT, este PL propõe a revogação da Lei 7.783/89,

alterando especialmente os critérios e procedimentos relacionados à greve em serviços

e atividades consideradas essenciais. Ao longo de seus quase 20 anos de tramitação

no Congresso, sete outros PLs serão apensados a ele e, no momento do fechamento

24 - Os outros PLs propostos por parlamentares de esquerda no período são os seguintes: , PL 830/91e 3.267/91 (PDT), e PLs 645/91 e 2.585/92 (PT).

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da base de dados desta pesquisa, ainda aguardava apreciação conclusiva da

Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público do Congresso Nacional.

IV.3. O Artigo 114 no Governo Collor

A respeito do Artigo 114, sem dúvida o fato mais importante ocorrido no período

é a proposição da PEC 96/92, que introduz modificações na estrutura do Poder

Judiciário, alterando vários artigos da Constituição. Esta PEC, apresentada pelo

Deputado Helio Bicudo (PT/SP), se converterá, após 12 anos de muitas idas e vindas,

incluindo a apresentação de outras 7 PECs, na Emenda Constitucional 45/2004, que

ficará conhecida como a Emenda da Reforma do Judiciário.

Ainda no Governo Collor, foram apresentados 5 PLs referidos ao Artigo 114, um

dos quais por iniciativa do Poder Executivo, o PL 1.232/91, já analisado quando

tratamos do Artigo 8º. Seu ponto de contato com o Artigo 114 está no fato de que ele

propõe a imposição de condições para a instauração de dissídios coletivos, buscando

com isso fortalecer procedimentos de mediação e arbitragem.

Esse é também o objeto dos outros 4 PLs, a saber: PLs 59/91 e 762/91,

propostos por parlamentares do PMDB; PL 645/91, por parlamentar do PT; e PL

3.437/92, por parlamentar do PPS.

Os cinco PLs apresentados no período foram arquivados, mas, para a análise,

isso é secundário, pois o que esses PLs indicavam é que o debate em torno do Artigo

114 se polarizava em torno de propostas que se orientavam para o fortalecimento do

modelo negociado, contra outras que pretendiam regulamentar o Artigo 114

exatamente para assegurar que o comando constitucional servisse de fundamentação

para um entendimento capaz de favorecer a prevalência do legislado.

Ainda que no debate desenvolvido ao longo dos anos de 1990, muitas propostas

procurem um ponto de consenso entre os dois pólos, é em torno dessa controvérsia

que ele se desenrola desde então. E não será exagero afirmar que a disputa política

sobre a maior ou menor presença do Judiciário na administração do conflito entre o

capital e o trabalho está no coração do embate entre o negociado e o legislado, que

tanta importância tem tido na definição dos campos políticos (que inclui a disputa

doutrinária) que envolvem os principais atores deste conflito. E esses campos políticos,

conforme temos apontado, e como adiante ficará ainda mais claro, não podem ser

reduzidos à oposição entre esquerda e direita. Pois, sob muitos aspectos, a posição do

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PT e do PPS, por exemplo, tem sido mais próxima da do PSDB, da mesma forma que,

em alguns pontos, a defesa do legislado tem aproximado partidos de esquerda, como o

PC do B e o PDT, de partidos de direita como o PFL.

A batalha política em torno do Artigo 114 logo se espraia para o território das

Adins. Em 1990, seis Adins são ajuizadas tendo como fundamentação constitucional o

Artigo 114, e todas elas têm como alvo a Medida Provisória 185/1990, e sua versão

reeditada, a MP 190/1990. A primeira entre essas Adins é a 283, proposta pelo

Sindicato dos Empregados no Comercio do Rio de Janeiro. Seu alvo é a MP 185/90,

que dispõe sobre a interposição de recurso nos dissídios coletivos de natureza

econômica ou jurídica e concessão de efeito suspensivo pelo Presidente do Tribunal

Superior de Trabalho – TST. Essa Adin tem seu seguimento negado por ilegitimidade

ativa da requerente. Menos de um mês depois, a Procuradoria Geral da República

ingressa com a Adin 293, que tem como alvo o Artigo 1º e o Parágrafo Único da MP

190. De forma ainda mais contundente que a MP 185, a 190 estabelece em seu Artigo

1º, a prerrogativa do TST sobre os tribunais regionais, em uma clara tentativa de

verticalizar o julgamento dos dissídios coletivos.

"Art. 001º - Nos dissídios coletivos de natureza econômica ou jurídica, para evitar grave lesão a ordem ou a economia publicas, o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, a pedido da parte interessada, poderá suspender, em despacho fundamentado, total ou parcialmente, a execução das decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho, até o trânsito em julgado da decisão proferida no respectivo recurso “ (MP 190/1990).

Em suas alegações, a Procuradoria Geral da República, sustenta que a MP 190

é uma reedição sem nenhuma alteração substantiva da MP 185, que havia sido

integralmente rejeitada pelo Congresso Nacional. O pedido de liminar é deferido pelo

STF, que entende que:

“A rejeição parlamentar de medida provisória, ou de seu projeto de conversão, além de desconstituir-lhe "ex tunc" a eficácia jurídica, opera uma outra relevante conseqüência de ordem político-institucional, que consiste na impossibilidade de o presidente da república renovar esse ato quase-legislativo, de natureza cautelar”.

Com a decisão tomada em face desta última Adin, as outras quatro

Adins propostas contra a mesma MP foram prejudicadas25.

25 - As quatro Adins são as seguintes: Adin 294, proposta pelo PDT; Adin 298, proposta pelo PSDB; Adin 300, pelo PC do B; e Adin 302, da OAB.

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Como última observação a fazer sobre o Artigo 114 no Governo Collor, importa

ressaltar que as duas MPs acima referidas foram as únicas iniciativas normativas

tomadas pelo Poder Executivo identificadas pela pesquisa.

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V. O Governo Itamar Franco

Após o impeachment de Fernando Collor, seu vice, Itamar Franco, assume

interinamente, em 2 de outubro de 1992, governando até dezembro de 1994. Entre

suas iniciativas na área trabalhista, a marca mais importante será a tentativa de fazer

das câmaras setoriais o principal braço de construção negociada de uma política

econômica.

No contexto das ações orientadas para o controle da espiral inflacionária, o

Governo Sarney tentara implantar a idéia das câmaras setoriais tripartites de

negociação de políticas econômicas, envolvendo governo, empresários e

trabalhadores. No Governo Collor, a proposta ganha corpo, sendo batizada de Grupos

Executivos de Programas Setoriais, e, de acordo com Ivan Gonçalves Ribeiro

Guimarães, embora não tenham ido adiante, “obriga os atores a reverem suas

estratégias, viabilizando a reintrodução das câmaras setoriais no debate político”26.

Essa iniciativa será retomada pelo Governo Itamar, que define câmaras setoriais para

cada complexo industrial. Ainda de acordo com Guimarães, o êxito alcançado com o

acordo realizado no setor automobilístico, em fevereiro de 1993, servirá de estímulo

para que setores empresariais e sindicais instalem novas câmaras setoriais, fazendo

com que sejam organizadas nada menos que 24 câmaras setoriais. Apesar disso,

apenas alguns poucos setores além do automobilístico (como o da indústria da

construção naval e o setor de máquinas agrícolas) chegaram a acordos. Isso porque,

“a redefinição do papel das câmaras foi feita sem que se estabelecesse suas funções

reais, seus limites e suas prerrogativas”. E as próprias contradições e indefinições do

Governo Itamar, conclui o referido autor, “levaram à desarticulação das políticas

públicas e ao confronto de interesses dentro do governo” 27.

V.1. Artigo 7º no Governo Itamar

Sua condição de governo transitório talvez explique o fato de não ter proposto

nenhuma PEC. De fato, nesse período, somente uma PEC afeta ao Artigo 7º foi

apresentada. Proposta por parlamentar do PP, a PEC175/93 pretendia fixar o salário

26 Ver Ivan G. Ribeiro Guimarães, “Câmaras Setoriais: Histórico, Constituição e perspectivas”, Revista São Paulo em Perspectiva, 8(3), 1994, p.16. 27 - Idem, pgs 17 e 18.

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mínimo do menor. Será arquivada em 1999. Por outro lado, o governo Itamar, será

bastante ativo na aprovação de leis atinentes às relações de trabalho: sanciona 20 leis

(mais do que o dobro do governo Collor) que se relacionam com os direitos e garantias

do trabalhador inscritos no Artigo 7º. Dentre estas, 4 tratam de seguro-desemprego,

sendo que uma delas (8.900/94) regulamenta o inciso II do artigo 7º. As outras três

(8.561/92, 8.669/93 e 8.845/94, esta última originalmente uma medida provisória –

395/93) dizem respeito à prorrogação do prazo de dispensa das comprovações

exigidas pela Lei 7.998/90, que trata do acesso ao seguro-desemprego e que foi, como

vimos, sancionada por Sarney.

A Lei 8.716/93 – seu projeto de lei (2.544/92) foi apresentado na seção anterior

– regulamenta o inciso VII do Artigo 7º, que se refere à garantia do salário mínimo. A

Lei 8.860/94 também trata do salário, acrescentando ao Artigo 458 da CLT, os

seguintes parágrafos:

§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário contratual. § 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-ocupantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.

Outras quatro leis tratam do tema da seguridade e previdência social, e entre

essas, duas delas alteram o artigo 131 da CLT – seus projetos de lei (1.104/91 e

1.818/91) foram apresentados na análise no período Collor. Entre essas duas leis, a

primeira (Lei 8.726/93) estabelece que, para efeitos das férias, não será considerada

falta ao serviço a ausência do empregado “por motivo de acidente do trabalho ou

enfermidade atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS”; e a segunda

(Lei 8.921/94), acrescenta que, para efeitos das férias, não será considerada falta ao

serviço a ausência da empregada por motivo de maternidade ou aborto.

A terceira e quarta leis que tratam do tema da seguridade e da previdência

social alteram leis anteriores (Leis 8.212/91, da seguridade social, e 8.213/91, da

previdência social). A Lei 8.861/94 estabelece regras para a licença-maternidade, e a

Lei 8.870/94, aborda uma série de aspectos relacionados à seguridade social e à

previdência social. Essas duas leis serão regulamentadas pelo Decreto 1.197/94.

Há duas leis que regulam a jornada de trabalho: Lei 8.966/94, que “exclui da

jornada de trabalho padrão, o trabalhador que exercer atividade externa incompatível

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com a fixação do horário de trabalho”; e Lei 8.923/94, que visa garantir o direito aos

intervalos de repouso e alimentação durante a jornada.

A Lei 8.949/94 sanciona um projeto de lei (3.382/92) apresentado por um

parlamentar do PT ainda no Governo Collor, que declara a inexistência de vínculo

empregatício entre a cooperativa e seus associados28. E a Lei 8.542/92 dispõe sobre a

política nacional de salários.

As seis leis restantes se referem à regulamentação das profissões de guia de

turismo (Lei 8.623/93), treinador de futebol (Lei 8.650/93), assistente social (Lei

8.662/93), fisioterapeuta e terapeuta ocupacional (Lei 8.856/94), técnico de

administração (Lei 8.873/94), e enfermagem (Lei 8.967/94).

Quanto aos projetos de lei propostos neste período, dois foram identificados pela

pesquisa. O PL 4.864/94, apresentado pelo Poder Executivo, dispondo sobre a

“proteção aos trabalhadores”, posteriormente arquivado, a pedido do presidente FHC.

E o PL 3.981/93, que “disciplina a extração, a industrialização, utilização e transporte

do amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras artificiais e naturais

de qualquer origem usadas para o mesmo fim”. Este PL, que tem evidente relação com

o Inciso XII do Artigo 7º, pois trata do direito à segurança no trabalho, foi proposto por

um parlamentar do PT, e se converteu na Lei 9.055/95, aprovada pela legislatura

seguinte, e sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso.

As leis referidas ao Artigo 7º aprovadas no Governo Itamar estão, como se viu,

claramente orientadas para a afirmação de direitos do trabalhador. Por isso, do ponto

de vista do processo de decantação do Artigo 7º em legislação ordinária, o balanço da

legislatura que compreende o período Itamar é francamente positivo, indicando que

parlamentares do campo progressista contaram com um espaço político que lhes

permitiu avançar em iniciativas legislativas orientadas para a consolidação dos

diferentes incisos do Artigo 7º.

28 - Andréia Galvão (op.cit.) considera esta lei “a medida regulamentadora mais relevante adotada nesse período” (notar que a autora faz essa observação após concluir balanço sobre o 1º Governo de FHC). Na mesma passagem, a autora comenta o fato, segundo ela, “irônico”, do projeto de lei que a originou ter sido apresentado por deputado do PT, “no intuito de organizar cooperativas populares”, e de como o projeto acabou sendo transformado em uma lei que “reduz o custo de trabalho” (p.232).

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V.2. O Artigo 8º e o 114 no Governo Itamar

Em relação ao Artigo 8º, o período Itamar Franco foi de baixa intensidade, não

apenas porque o Executivo não se ocupou da reforma sindical, preferindo, como vimos,

o caminho da construção de espaços de diálogo através das câmaras setoriais, mas

também porque o Legislativo já havia apresentado seus projetos de lei sobre a matéria

nos dois primeiros anos da legislatura, durante o período Collor.

A pesquisa identificou apenas a Lei 8.865/94 tratando do Artigo 8º. Essa lei

revogou os incisos VI e VIII do Artigo 530 da CLT, que cuida das condições de

elegibilidade para cargos sindicais.

O único PL referido ao Artigo 8º apresentado no período Itamar foi o 3.747/93.

De autoria de um parlamentar do PDT, o PL trata, entre outros aspectos, do registro

sindical, estabelecendo que ele deve ser feito em cartório de registro civil de pessoa

jurídica, vedando a interferência do Ministério do Trabalho, além de propor a extinção

do imposto sindical. Foi arquivado em 1995.

A respeito do artigo 9º, nenhuma iniciativa foi identificada pela pesquisa. Quanto

ao Artigo 114, três projetos de lei foram encontrados, um dos quais por iniciativa do

Executivo: o PL 4.768/94, que propõe a criação de comissão paritária de conciliação,

com a atribuição de tentar conciliar os dissídios coletivos do trabalho e, com isso,

diminuir o número de reclamações trabalhistas - será arquivado em 2000, a pedido do

próprio Executivo, já sob o governo FHC.

Os dois outros PLs apresentados no período são: PL 3.371/93, proposto por

parlamentar do PFL, estabelece “compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os

dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou

acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre

sindicato de trabalhadores e empregador” - convertido na Lei 8.984/95. E o PL

4.412/94, proposto por parlamentar do PSTU, orientado para assegurar ao trabalhador

o acesso à Justiça do Trabalho. Será arquivado.

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VI. O Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

O período FHC tem sido sempre lembrado como aquele que, em matéria

trabalhista, mais claramente se colocou o desafio de cortar os laços que ligam o mundo

do trabalho contemporâneo com o da era Vargas. Suas razões estão bem sintetizadas

em diagnóstico oficial produzido pelo Ministério do Trabalho, em 199629. Em sua

introdução, o documento apresenta a seguinte formulação:

“A integração da economia brasileira ao processo de globalização competitiva e a conquista da estabilidade econômica foram os fatos econômicos mais importantes da primeira metade dos anos 90 no Brasil. Estes dois fatos estão influenciando o funcionamento do mercado de trabalho do País e mudando as relações capital-trabalho, e requerem mudanças substantivas nas instituições que regulam o mercado de trabalho e as relações de trabalho”.

Na seção que trata especificamente das ações do governo, define como seu

principal objetivo “aumentar a eficiência e a eqüidade do mercado de trabalho” e, para

tanto, estabelece 8 metas, a saber: 1.assegurar a estabilidade e desindexar a

economia; 2.promover investimentos regionais e setoriais; 3. valorizar a força de

trabalho; 4.aperfeiçoar o sistema público de emprego; 5.reduzir os custos do trabalho;

6.proteger os trabalhadores; 7.reformar as relações trabalhistas; e 8.conduzir

negociações com as organizações de trabalho.

Uma rápida caracterização de cada uma dessas metas mostra-se interessante,

na medida em que contribui para a compreensão da análise da produção normativa na

área das relações de trabalho ao longo do 1º governo FHC. A meta da estabilização e

desindexação da economia tem o principal ponto de contato com o eixo deste estudo

na questão do reajuste salarial. Segundo o documento, a economia estava

comprometida pela política de indexação de preços, e pela ação conjunta entre os

oligopólios e o monopólio sindical (conferido pela unicidade sindical), que teriam criado

“as condições necessárias para a propagação da inflação, cujas origens se encontram

na crise de financiamento do setor público”. Essa última observação tem particular

importância, pois indica a conexão que o Governo FHC estabelece entre a política de

estabilização da economia, a reforma do Estado (o problema do déficit público) e a

reforma trabalhista e sindical. Quando analisarmos o Artigo 8º da Constituição, que

trata da organização sindical, teremos oportunidade de discutir a proposta de reforma 29 - Ver “O Mercado de Trabalho e a Geração de Empregos”. Brasil. Governo Federal. Disponível em 27/12/09, em www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/MERC.HTM.

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sindical do Governo FHC, que tem na defesa da pluralidade sindical um dos seus

pontos programáticos.

A segunda meta, relacionada à promoção de investimentos regionais e setoriais,

refere-se à estratégia da política de fomento à expansão da economia. Já a terceira

meta, orientada para a política de valorização da força de trabalho, enfatiza

basicamente a necessidade de qualificação profissional, através do reforço da

educação básica e técnico-profissional. Na quarta meta, afirma-se a necessidade de

integrar “as ações de qualificação profissional e de intermediação de mão-de-obra com

o recebimento de benefício do seguro-desemprego”. Com essa política pretendia-se

“diminuir o desemprego decorrente da má informação sobre as oportunidades do

mercado de trabalho, ampliar a formação profissional dos trabalhadores

desempregados e diminuir eventuais fraudes na concessão do seguro-desemprego”.

As metas 5, 6 e 7, que tratam, respectivamente, da questão da redução dos

custos de trabalho, do proteção aos trabalhadores, e da reforma das relações de

trabalho, são aquelas que nos interessam mais de perto neste momento. A meta 5 tem

por objetivo “reduzir os custos não-salariais do trabalho e introduzir novas formas de

contratação”. Sua tônica é a de reduzir custos de admissão e demissão, aumentando a

flexibilidade do mercado de trabalho e, para isso, pretende encontrar formas de “reduzir

encargos sociais”. A redução dos encargos sociais, afirma o documento, “contribuirá

para a diminuição do ‘Custo Brasil’, estimulando a geração de mais empregos e a

redução da informalidade no mercado de trabalho”. Em seguida, assevera que “uma

das formas de reduzir os custos do emprego” é a introdução de novos tipos de

contrato, mais flexíveis e com menos custos, o que teria impacto positivo, sobretudo,

na empregabilidade dos grupos sociais mais vulneráveis, que apresentam maior

dificuldade de obter emprego. Para tanto, uma vertente fundamental apresentada pelo

documento é a da ampliação da abrangência do “contrato por tempo determinado” que,

conforme veremos a seguir, será objeto de projetos de lei apresentados ao Congresso

pelo Poder Executivo.

A meta 6, ocupa-se com a questão da proteção aos trabalhadores, e seus temas

principais são o combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil, além da fiscalização

relacionada ao meio ambiente do trabalho.

E a meta 7 é aquela que mais diretamente se relaciona com o Artigo 7º da

Constituição. Sua exposição começa com a defesa da “necessidade de se mudar as

relações de trabalho no Brasil, para que essas relações se ajustem aos novos padrões

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de negociação entre capital e trabalho estabelecidos pela atual dinâmica social, política

e econômica do país”. Torna-se imprescindível por isso, sustenta o documento,

“adequar o funcionamento das instituições que atuam no mercado de trabalho e

também a legislação trabalhista aos requisitos de uma economia aberta, competitiva e

globalizada, estimulando a transição para um sistema de negociação ágil, flexível e

democrático, em substituição ao sistema vigente, que se caracteriza por ser estatutário,

rígido e autoritário”.

Em seguida, afirma que o que se pretende é a “implementação de um novo

conjunto de regulamentos, no contexto de um Estado menos intervencionista, para

regular os conflitos entre capital e trabalho e o funcionamento do mercado de trabalho”.

Nítida, portanto, a aposta no chamado sistema negociado de relações de trabalho, por

oposição ao legislado. A livre negociação, sustenta o documento, “permitirá que os

conflitos sejam resolvidos diretamente por aqueles que, pelo conhecimento e pela

vivência de suas realidades, têm mais condições para resolvê-los. E ainda fará com

que os trabalhadores tenham maior controle sobre o nível de emprego porque, ao

ampliar-se o espaço da negociação, pode-se evitar que o engessamento da

remuneração e de outras condições de trabalho resulte em desemprego”.

Para alcançar tais objetivos, o documento informa que o Governo Federal definiu

um conjunto de reformas, incluindo emendas à Constituição, e um “novo código do

trabalho em substituição à CLT”. Além disso, pretendia “fortalecer os sindicatos,

adotando o pluralismo sindical (...), eliminando a contribuição compulsória, e

estabelecendo o ritmo e a natureza da transição para um sistema de mais negociação

e menos poder estatutário”30 (p.7).

Finalmente, a meta 8 trata das negociações com as organizações do trabalho,

dando conta de que o Governo pretendia “consolidar cada vez mais o sistema tripartite”

instituindo o Conselho Nacional do Trabalho, repetindo, assim, a experiência das

Câmaras Setoriais do Governo Itamar. Como veremos, no entanto, essa pretensão

esbarrará na resistência de parte das organizações sindicais, que não aceitarão

emprestar legitimidade a uma agenda de reformas identificada como neoliberal e

contrária aos interesses dos trabalhadores.

Embora o documento do Ministério do Trabalho sintetize, no fundamental, a

agenda perseguida pelos dois governos de Fernando Henrique Cardoso, consideramos

30 - Os trechos citados do documento “Mercado de Trabalho....” foram extraídos das páginas 1 a 7.

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mais adequado, para efeitos de análise, abordá-los separadamente, de modo,

inclusive, a tornar possível a percepção de diferenças entre os dois períodos.

VI.1. O Artigo 7º no Governo FHC

É importante começar por frisar que, durante os dois mandatos do Governo

FHC, malgrado a manifestação de vontade reformista, e apesar da existência de

sustentação política para fazê-la, apenas duas emendas constitucionais modificando o

texto de incisos do artigo 7º foram aprovadas no período. Mas, conforme já comentado

na apresentação deste estudo, nenhuma das duas emendas abala os princípios

fundamentais deste Artigo. A primeira delas, a EC 20/98 (proposta pelo Poder

Executivo, através da PEC 33/95), modificou o inciso XII, limitando o direito ao salário-

família ao “trabalhador de baixa renda”, e o inciso XXXIII, aumentando para 16 anos a

idade permitida para o trabalho, salvo como aprendiz. A segunda emenda foi a EC

28/00 (originalmente proposta por senador do PSDB, através da PEC 7/99), que deu

nova redação ao inciso XXIX, unificando para trabalhadores urbanos e rurais o prazo

de prescrição para ajuizamento de ações trabalhistas para cinco anos após o término

do contrato de trabalho.

O número de emendas aprovadas, porém, não reflete a grande quantidade de

propostas de emenda constitucional relativas ao artigo 7º durante os oito anos do

governo FHC. No primeiro mandato, 22 PECs foram propostas relativas a esse artigo,

das quais somente duas apresentadas diretamente pelo Poder Executivo, sendo as

demais propostas por parlamentares, e no segundo mandato, 17 PECs foram

apresentadas, todas elas oriundas de membros do Congresso Nacional.

No primeiro mandato, que é o que nos interessa por ora, além da já citada PEC

33/95, convertida na EC 20/98, o Executivo também apresentou a PEC 413/96,

proibindo o trabalho do menor de 14 anos, ainda que na condição de aprendiz. A

proposta ainda se encontra em tramitação no Congresso, aguardando a constituição de

uma comissão temporária. Entre as demais 20 PECs, duas foram apensadas e se

encontram prontas para pauta do plenário, e uma está pronta para pauta da Comissão

de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). As outras 17 foram arquivadas.

Menos por sua efetividade do que por sua relevância para a compreensão dos

termos do embate político em torno do Artigo 7º, é importante se deter nessas 21 PECs

não transformadas em lei. Em primeiro lugar, é importante considerar o perfil de seus

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autores: das 21, nada menos que 11 foram propostas por parlamentares de partidos

considerados de direita (7 do PFL, 2 PPB, 1 do PP e 1 do PPR), quatro por partidos de

centro (PSDB e PMDB), e outras duas pelo Poder Executivo, comandado pelo PSDB.

Isso significa que o Artigo 7º fora “descoberto” pela direita, em nítida diferença com as

legislaturas anteriores, nas quais ele era objeto de atenção quase exclusiva do campo

progressista.

Das 11 PECs propostas pela direita, sua esmagadora maioria têm claro sinal

flexibilizador, seis delas (63/95, 76/95, 77/95, 114/95, 143/95, 267/95) estão orientadas

para a flexibilização das relações de trabalho no âmbito das micro e pequenas

empresas. As PECs 120/95 e 226/95, pretendem flexibilizar o direito a férias e a

questão do trabalho do menor; e a 379/96 propõe que o salário mínimo seja fixado

através de lei estadual. As duas restantes têm outros contornos: a 264/95 propõe a

uniformização do prazo prescricional para ações trabalhistas (antecipando a já citada

PEC 7/99, que será convertida na EC 28/00); e a 398/96, assegurar direitos aos

trabalhadores domésticos.

Assim, no terreno das PECs em torno do Artigo 7º, a direita tem como foco

central uma atuação junto aos interesses de setores mais tradicionais e menos

avançados de nossa economia, e se orienta, sobretudo, para a defesa das elites locais

(a questão do salário mínimo estadual), e a defesa dos interesses dos micro e

pequenos empresários. O mesmo pode ser dito a respeito das PECs propostas por

parlamentares do PSDB, que podemos analisar em conjunto com as duas propostas

pelo Poder Executivo, controlado pelo mesmo PSDB. Das PECs do PSDB, a 265/95

também cuida da questão da equiparação do prazo prescricional para ações

trabalhistas (mesmo objeto da PEC 264/95, e da EC 28/00); e a PEC 327/96, também

propõe a flexibilização de direitos para trabalhadores de microempresas e empresas de

pequeno porte. Entre as PECs do Executivo, a 33/95 e a 413/96, cuidam,

respectivamente, da questão da prescrição da ação trabalhista, e do trabalho do

menor, e terão seus objetos contemplados pela EC 28/00.

Há, ainda, duas PECs propostas por parlamentares do PMDB: a 376/96, que

trata de tema já recorrente, cuidando da equiparação da prescrição dos direitos de

trabalhadores urbanos e rurais; e a 587/98, que tem nítida orientação flexibilizadora,

propondo a criação de um novo parágrafo ao Artigo 7º que faculte ao trabalhador

escolher “a relação de emprego em que a remuneração seja exclusivamente por hora

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efetiva de trabalho, substituindo alguns direitos trabalhistas pelo acréscimo de 60% na

remuneração da hora trabalhada”.

A análise feita até aqui das PECs sobre o Artigo 7º - núcleo duro do conflito em

torno das relações de trabalho -, deixa evidente que, ao menos neste primeiro mandato

de FHC, embora se verifique uma preocupação em flexibilizar direitos, não há, nem por

parte do governo, e tampouco por parte da direita e de setores de centro, um ataque

mais severo às bases jurídicas das relações de trabalho da ponta moderna da

economia.

Quanto às cinco PECs propostas pelos partidos de esquerda, têm uma agenda

claramente afirmativa, dando continuidade à linha de atuação verificada nos períodos

anteriores.A PEC 139/95, proposta por parlamentar do PT, trata da liberdade de

orientação sexual no mundo do trabalho; as PECs 231/95 e 271/95, propostas,

respectivamente, por parlamentares do PCdoB e do PT, postulam a redução da jornada

de trabalho; a 366/96, de autoria de parlamentar do PT, trata de direitos dos

trabalhadores domésticos, e a 423/96, do PDT, propõe a extensão da licença-gestante

a mãe de filho adotivo.

O segundo plano de análise do Artigo 7º no primeiro mandato de FHC é o das

leis sancionadas pelo Presidente da República. Das 11 leis, quatro têm por origem PLs

apresentados pelo próprio Poder Executivo, e delas, a Lei 9.601 (oriunda do PL

1.724/96), é a que tem uma clara sinalização flexibilizadora, ao estabelecer, em seu

Artigo 1º, que “As convenções e os acordos coletivos de trabalho poderão instituir

contrato de trabalho por prazo determinado”, fortalecendo com isso a esfera da

negociação, e contornando os artigos da CLT que estabelecem rígidos limites à

contratação por tempo determinado (artigos 443, 451, 479, 480). Além disso, a lei

estende o contrato de trabalho por prazo determinado para qualquer setor ou ramo de

atividade e, em seu Artigo 6º, institui o banco de horas31.

As outras três leis originárias de PLs propostos pelo Executivo são a Lei

9.032/95 (originalmente PL 199/95), que trata do aumento do salário mínimo naquele

ano; a Lei 9.477/97 (oriunda do PL 1.838/96), que cria o Fundo de Aposentadoria

Programada Individual, como forma de previdência privada; e a Lei 9.261/96,

31 - Críticos desta lei, como Sylvia Romano, a considerarão como um “estelionato” que “permite horas-extras não remuneradas”. Sylvia Romano, “A Lenta Morte dos Direitos Trabalhistas”, Diap, 2007 (disponível em www.diap.org.br).

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originalmente proposta por PL do Poder Executivo em 1987, que regulamenta a

profissão de secretária executiva.

As demais leis referidas ao Artigo 7º foram originalmente propostas por

parlamentares de outros partidos, e não guardam relação direta com uma política

econômica flexibilizadora. As Leis 9.011/95 e 9.658/98, oriundas de PLs propostos por

parlamentares do PMDB, tratam, respectivamente, de pequena alteração na Lei

4.090/62, que cuida do 13º salário, e do prazo prescricional para o direito de ação

quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, estabelecendo nova redação ao

Artigo 11º da CLT. As Leis 9.029/95 e 9.055/95, resultantes de propostas de

parlamentares do PT, estabelecem, respectivamente, a “proibição de exigência de

atestado de gravidez e esterilização para efeitos de admissão ou permanência no

trabalho”, e a regulamentação do uso do amianto. A Lei 9.300/96, oriunda de proposta

de parlamentar do PP, cuida de direitos dos trabalhadores rurais; a Lei 9.528/97, trata

da seguridade social e da aposentadoria, alterando dispositivos de leis sancionadas em

1991. No sítio do Congresso Nacional não há informação sobre o autor do PL relativo a

esta última lei, apenas a informação que ele teve origem no Poder Legislativo.

Finalmente, a Lei 9.696/98, originalmente proposta por parlamentar do PSDB, trata da

regulamentação do profissional de educação física.

Portanto, a respeito da produção legal referida ao Artigo 7º no primeiro Governo

FHC, dois aspectos se destacam: A – a maioria das leis sancionadas no período foram

propostas por parlamentares, boa parte dos quais externos à sua base parlamentar, e

sem relação direta com a proposta flexibilizadora animada pelo Executivo. Isso indica

que o Presidente estava longe de ter monopolizado a normatização trabalhista no

período; B – entre as leis oriundas do Poder Executivo sobressai aquela que trata da

legalização da contratação por tempo de trabalho determinado, já que, mesmo sem

modificar o texto constitucional, consiste no primeiro ato com forte repercussão nas

relações de trabalho, na medida em que fragiliza o direito do trabalhador em face da

demissão arbitrária.

Vejamos, agora, o que a análise dos projetos de lei acrescenta ao perfil traçado

até aqui acerca do primeiro governo FHC. A pesquisa identificou 17 projetos de lei, dos

quais 4 propostos pelo Poder Executivo, sendo que três deles foram transformados em

leis ainda no primeiro mandato de Fernando Henrique e, portanto, dispensam uma

nova caracterização (Leis 9.032/95, 9.477/97 e 9.601/98). Somente um PL proposto

pelo Executivo em matéria atinente ao Artigo 7º, não foi transformado em norma

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jurídica. Trata-se do PL 4.302/98, que estende a atuação da empresa de trabalho

temporário ao meio rural, aumenta a duração e o prazo de prorrogação do trabalho

temporário e amplia as possibilidades de terceirização. Após tramitar pelo Congresso,

tendo sido aprovado por unanimidade pela Comissão de Trabalho, de Administração e

do Serviço Público, o projeto foi arquivado a pedido do Executivo, já sob a presidência

de Lula, em agosto de 2003.

Entre os demais PLs apresentados no período em tela, 3 foram propostos por

partidos de direita (PL, PFL e PP), 2 pelo PSDB, 2 pelo PMDB e 5 pelo PT. Há, ainda,

um PL proposto pelo Senado Federal. Desses 13 PLs, 7 serão transformados em leis,

duas delas sancionadas no período analisado, tendo sido, por isso, já caracterizadas

(Leis 9.300/96 e 9.696/98), e outros 5 durante o segundo mandato de Fernando

Henrique e serão melhor caracterizadas adiante. Por ora, importa considerar apenas

que nenhum desses projetos de lei tinha a pretensão de atacar as bases jurídicas das

relações de trabalho. Tampouco o tinham os três outros PLs não transformados em lei:

o PL 231/95, proposto por parlamentar do Partido Liberal, trata da revisão de

percentual de benefícios entre 1988 e 1993; o PL 3.757/97, proposto por parlamentar

do PT, versa sobre trabalho escravo; e o PL 4.572/98, proposto pelo Senado Federal,

cuida da organização de um programa de estímulo ao primeiro emprego.

Os outros três PLs são, na verdade, PLPs (projetos de lei complementar) e

visam, basicamente, regulamentar o Inciso I do Artigo 7º, dispondo sobre a proteção

contra a demissão imotivada. Dois desses PLPs são do PT, e um do PMDB. Foram

apensados ao PLP33/88, e se encontravam sujeitos à apreciação do plenário, quando

do encerramento desta pesquisa.

Portanto, se a análise dos PLs é um bom lugar para se conhecer a agenda do

Congresso acerca de um determinado tema, o que o inventário das PLs afetas ao

Artigo 7º está a indicar é que, no primeiro mandato de FHC, exceto por duas iniciativas

legais do Executivo, a que trata da contratação por tempo de trabalho determinado, e a

que cuida das relações de trabalho em empresas prestadoras de serviços – esta última

ainda não transformada em lei – os demais PLs não podem ser identificados como

portadores de uma agenda flexibilizadora e liberalizante das relações de trabalho. Ao

contrário, apesar da diversidade partidária identificada na coleção de PLs estudada,

pode-se afirmar que a maior parte deles têm a pretensão de assegurar e de ampliar

direitos.

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Quando se pensa em judicialização do debate político em torno dos direitos

trabalhistas, pode-se afirmar que é, sobretudo, no 1º Governo Fernando Henrique que

ela começa a ocorrer com força. E sua expressão mais importante são as Ações

Diretas de Inconstitucionalidade, que canalizam para o STF conflitos políticos que, no

caso, quase sempre opõem o governo aos trabalhadores. De fato, nossa pesquisa

identificou nada menos que 20 Adins nesse período que têm como fundamentação

constitucional o Artigo 7º, das quais 15 propostas por confederações de sindicatos de

trabalhadores e por centrais sindicais, quatro pelo PT, uma pelo PSTU, e apenas uma,

por uma confederação patronal32. Desse universo, 13 tinham como alvo Medidas

Provisórias e Decretos promovidos pelo Poder Executivo, e sete questionavam leis,

cinco delas uma única lei: a Lei 9.601/98, que não por acaso, foi, como vimos, a única

lei com clara sinalização flexibilizadora sancionada no 1º Governo FHC. Esse tipo de

Adin evidencia que ela já estava consagrada como recurso importante de mobilização

do direito constitucional contra a vontade reformista do Executivo.

É verdade que um exame estatístico do julgamento dessas Adins se mostraria

bastante desalentador, já que das 19, apenas três tiveram seus pedidos de liminar

deferido ou parcialmente deferido, sendo que uma das deferidas foi exatamente a única

proposta por uma entidade patronal. Outras 3 ainda estavam aguardando julgamento

quando concluímos o levantamento dos dados (dezembro de 2009). Mas não deixa de

ser significativo que, através da Adin 1675, a Confederação Nacional dos

Trabalhadores do Comercio (CNTC) tenha conseguido tornar sem valor jurídico o

Artigo 6º da MP 1539, que foi uma das tantas Medidas Provisórias reeditadas pelo

Poder Executivo regulamentando o Inciso XI do Artigo 7º, que trata da participação dos

trabalhadores nos lucros da empresa, e que teria, “sutilmente”, segundo a reclamante,

inserido disposição em favor da autorização do trabalho aos domingos do comércio

varejista em geral.

Igualmente significativa é a vitória alcançada com a Adin 1849, proposta pela

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Marítimos, Aéreos e

Fluviais – CONTTMAF, cancelando o Artigo 19 da MP 1620, que, por seu turno, revogava

os dois primeiros parágrafos do Artigo 1º da Lei 8.542/92. Essa lei, sancionada pelo

então Presidente Itamar Franco, e mencionada anteriormente, cuida da política

32 Adins No 1442, 1480, 1625, 1650, 1675, 1687, 1764, 1765, 1766, 1767, 1768, 1794, 1816, 1849, 1860, 1861, 1871, 1874, 1888 e 1892.

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nacional de salários, e os parágrafos aludidos tratam de garantias constitucionais

importantes asseguradas pelo Artigo 7º, como a da irredutibilidade do salário,

reconhecimento das convenções e acordos coletivos, e participação nos lucros.

De fato, naquele momento, o caminho das Adins talvez representasse a única

alternativa para se fazer frente ao ativismo legislativo do Executivo, que fazia uso

recorrente de Medidas Provisórias. E, considerando que o Congresso Nacional

geralmente não chegava a analisá-las no prazo máximo de 30 dias estabelecido pelo

Artigo 62, o Executivo adotou a prática de reeditá-la quantas vezes fosse necessária,

fazendo com que ela tivesse efetivamente força de lei. Assim é que a MP que dispunha

sobre a participação dos trabalhadores nos lucros, por exemplo, chegou a ser reeditada

(com alterações mínimas) pelo menos 21 vezes durante o 1º Governo FHC33. Essa

situação esdrúxula somente será corrigida com a Emenda Constitucional 32/2001, que

estabelece limites de competência às Medidas Provisórias, além de trancar a pauta do

Congresso na hipótese da sua não apreciação em no máximo 45 dias após a sua

publicação.

Politicamente fragilizadas pela adversa conjuntura de globalização e por

medíocres taxas de crescimento da economia, e se sentindo pouco representadas no

Conselho Nacional do Trabalho, as confederações de sindicatos de trabalhadores

encontram nas Adins a única alternativa, para, em nome da Constituição, defender os

direitos já declarados, instando o STF a defender a competência legislativa do

Congresso Nacional, como evidente na decisão monocrática assinada pelo Ministro

Marco Aurélio:

(...) Nota-se, ainda, que o disposto na Lei nº 8.542 /92, mais precisamente no artigo 001 º, §§ 001 º e 002 º, dela constantes, mostrou-se em plena harmonia com o Diploma Máximo. Ora, a revogação ocorrida tem, a esta altura, o sabor de afastar do cenário jurídico-constitucional a regulamentação de normas constitucionais pelo poder competente. Assim, entendo que, na espécie, conta-se com os pressupostos indispensáveis à concessão da liminar.

Quanto à Adin proposta pela entidade patronal, questiona diversos artigos do já

comentado Decreto Legislativo 68, de 1992, que aprova dispositivos da Convenção

158, da OIT, e do Decreto Federal 1.855/96, que também trata da matéria.

33 - Sem a pretensão de ser exaustivo, a pesquisa identificou as seguintes Medidas Provisórias com o mesmo objeto: 860, 915, 955, 980, 1006, 1029, 1051, 1077, 1104, 1136, 1169, 1204, 1239, todas de 1995; Medidas Provisórias 1276, 1315, 1355, 1397, 1439, 1487, de 1996; e Medidas Provisórias 1619, e 1698, de 1998.

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Para que essa questão possa ser compreendida, é necessário um breve

histórico da questão. Apesar do Decreto Legislativo ser de setembro de 1992, somente

em janeiro de 1995, poucos dias após sua posse, Fernando Henrique Cardoso solicita

o registro da ratificação da Convenção junto ao diretor geral da OIT. A partir de então,

inicia-se a contagem de 12 meses para que a Convenção 158 entrasse em vigor no

país. Mas, diante da resistência dos empresários, que sustentavam que sua aplicação

dependeria da regulamentação do Inciso I do Artigo 7º, o presidente Fernando

Henrique chega a expedir o Decreto 1.855/96, determinando que a “Convenção 158 da

OIT deverá ser executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém”. É nesse

contexto que a Confederação Nacional dos Transportes ajuíza uma Adin contra os

referidos decretos. E a decisão do STF, favorável à reclamante, para além do debate

substantivo sobre a matéria, vai no sentido de sustentar que a necessidade de lei

complementar, prevista pelo Inciso I do Artigo 7º, não poderia ser substituída pela

ratificação da Convenção. É o que atesta este trecho extraído da ementa desta Adin:

Os tratados internacionais celebrados pelo Brasil - ou aos quais o Brasil venha a aderir - não podem, em conseqüência, versar sobre matéria posta sob reserva constitucional de lei complementar. É que, em tal situação, a própria Carta Política subordina o tratamento legislativo de determinado tema ao exclusivo domínio normativo da lei complementar, que não pode ser substituída por qualquer outra espécie normativa infraconstitucional, inclusive pelos atos internacionais já incorporados ao direito positivo interno.

De acordo com o Dieese, antes mesmo que o Judiciário se pronunciasse sobre a

matéria, o governo editou novo decreto (Decreto 2.100/96), em novembro do mesmo

ano, denunciando a Convenção 158, o que significava declarar encerrado o

compromisso anteriormente assumido de cumprir os seus dispositivos. A alegação do

governo foi a de que manutenção da adesão à Convenção 158 acarretaria ao Brasil

perda de competitividade internacional, além de estar gerando confusão jurídica,

devido às conflitantes decisões dos tribunais durante o curto espaço de tempo em que

vigorou no país34.

Contra este Decreto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

(CONTAG) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) chegaram a ingressar com a

Adin 1625. De acordo com a informação constante do sítio do STF, seu julgamento,

mais de 10 anos depois, ainda estava pendente, tendo sido interrompido pela última

vez em junho de 2009, após pedido de vista dos autos do processo pela Ministra Ellen 34 - Nota Técnica 61/março de 2008 (disponível em www.dieese.org.br).

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Gracie, quando três dos quatro ministros que já haviam se manifestado, consideravam

o pedido procedente em parte.

Como veremos adiante, o tema da demissão imotivada é um dos temas mais

candentes do debate contemporâneo em torno do direito do trabalho. E a adesão do

Brasil à Convenção 158 converteu-se em prioridade do movimento operário, levando o

Presidente Lula a enviar ao Congresso Nacional o pedido de sua ratificação.

Sobre o Artigo 7º no primeiro mandato de FHC, falta analisar o terreno mais

específico da produção normativa discricionária por parte do Poder Executivo. Neste

terreno, sobressaem as Medidas Provisórias, que, conforme já comentamos, foram

amplamente utilizadas pelo Governo Fernando Henrique em seu primeiro mandato.

Com efeito, mais do que as PECs e os PLs, é nas Medidas Provisórias que

encontramos o núcleo central do ativismo do Executivo no que se refere ao Artigo 7º.

Das 26 Medidas Provisórias identificadas pela pesquisa, 21 são reedição da MP que

trata da participação nos lucros e resultados. A propósito, essas MPs, em seu Artigo 2º,

estabeleciam que “toda empresa deverá convencionar com seus empregados, por meio

de comissão por eles escolhida, a forma de participação daqueles em seus lucros ou

resultados”, em clara opção pelo fortalecimento da lógica da negociação.

Entre as 5 MPs restantes, quatro foram questionadas através de Adins. Uma

delas, a MP 1.620, já foi comentada, quando abordamos a Adin 1860, que foi uma das

duas Adins propostas por entidades de trabalhadoras parcialmente acolhidas pelo STF.

A MP 1.620 tinha, como se viu, a pretensão de modificar aspectos importantes da

política nacional de salários, abrindo as relações de trabalho para processos de

negociação.

A MP 1.053, de 1995, que estabelece que, quando frustrada a negociação direta

referentes aos salários e às condições de trabalho, “as partes deverão,

obrigatoriamente, antes do ajuizamento do dissídio coletivo, solicitar ao Ministério do

Trabalho que designe mediador para o prosseguimento do processo de negociação

coletiva”. Trata-se, como se pode verificar, de medida que também pretende favorecer

o negociado em favor do legislado, criando uma espécie de antessala entre os

trabalhadores e o Poder Judiciário. Quando analisarmos especificamente o Artigo 114

e o tema da reforma do Judiciário que, não por acaso, será amplamente estimulado

desde o 1º Governo de Fernando Henrique, teremos oportunidade de discutir com mais

detalhe sua tentativa de reduzir – chega-se a cogitar da sua extinção - o raio de

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atuação do judiciário trabalhista. Na oportunidade, trataremos, também, das Adins

1309/95 e 1310/95.

A MP 1.415 dispõe sobre o reajuste do salário mínimo a partir de maio de 1996.

A Adin 1442, proposta pela CUT e pela CONTAG, não apenas questiona o percentual

do reajuste, mas também o fato do governo não ter explicitado a metodologia adotada

para chegar ao percentual de 12% adotado. A Adin não foi acolhida pelo STF.

A MP 1.709 traz modificações em diferentes artigos da CLT, alterando regras

relacionadas à jornada de trabalho, introduzindo a figura do trabalho em tempo parcial.

Além disso, cria a possibilidade de suspensão de contrato de trabalho para fins de

qualificação profissional e, ainda, a inclusão do trabalhador dispensado no Programa

de Alimentação do Trabalhador. A Medida é parcialmente reapresentada pela MP

1.726, que propõe a seguinte inclusão no Artigo 476 da CLT:

Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação.

Como se pode constatar, as duas MPs pretendem flexibilizar relações de

trabalho, oferecendo, como uma espécie de contrapartida, qualificação profissional e o

socorro do programa de alimentação. A MP 1.709 será questionada, sem sucesso,

pelas Adins 1871, 1874 e 1888. A primeira e a terceira, foram propostas pelo PT, em

que são questionados 4 artigos da referida MP. Em ambos os casos, o STF considera

o pedido prejudicado, alegando que, como no momento em que foi julgada a referida

MP já havia sido reeditada, deveria o reclamante ingressar com novo pedido. Em

ambos os casos, apresenta as seguintes razões:

A jurisprudência deste Tribunal entende que decorrido o trintídio constitucional de eficácia da medida provisória, sem que tenha sido convertida em lei, a ação direta de inconstitucionalidade contra ela proposta perde o objeto, ainda que já examinado o pedido cautelar, salvo se o requerente aditar a inicial para que a ação passe a ter por objeto o texto reeditado, mesmo que não tenha sofrido alteração.

Quanto à Adin 1874, foi proposta por várias confederações de trabalhadores.

Embora atacando a mesma MP, traz uma abordagem bem mais consistente,

sustentando que, sob diferentes aspectos, a referida MP ofendia princípios básicos do

Artigo 7º, como a irredutibilidade do salário, duração da jornada de trabalho e direito a

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férias. Não obstante, da mesma forma que fez com as Adins há pouco citadas, o STF

também a considerou prejudicada pelos mesmos motivos. Até a Emenda 32/01, que

regulamenta e restringe o uso das Medidas Provisórias, foi muito comum este jogo de

gato e rato entre o Executivo e a comunidade de intérpretes legitimada para propor

Adins. E, com isso, reformas em aspectos importantes da CLT puderam ser feitas,

praticamente à margem do controle do legislador.

Finalmente, cabe algum comentário sobre decretos e portarias expedidos pelo

chefe do Poder Executivo. Dois deles – Decretos 1.855 e 2.100 – já foram comentados,

e se referem à questão da Convenção 158. O Decreto 2.490/98 regulamenta a

supracitada Lei 9.601/98, que dispõe sobre contrato de trabalho por prazo determinado,

possibilitando a prorrogação do contrato por mais de uma vez, dentro do limite de dois

anos. E o Decreto 1.572/95 e as Portarias 817, 818 e 865 (todas de 1995) estão

claramente sintonizadas com a aposta na flexibilização das relações de trabalho,

institucionalizando e regulamentando a mediação da negociação coletiva. Ademais,

asseguram que, na hipótese de haver incompatibilidade entre o que foi estabelecido

em acordos coletivos internos à empresa (negociado) e o que está estabelecido em lei

(legislado) quanto às condições do trabalho, tal situação não mais resultará em multa,

apenas em uma comunicação à chefia.

Caso se pretendesse fazer um balanço mais abrangente do primeiro Governo

Fernando Henrique, talvez fosse possível sustentar que ele vai, gradualmente,

deslizando para um perfil mais neoliberal, e, nesse sentido, mais poroso aos interesses

patronais35. O recuo em relação à Convenção 158 parece explicitar esse

deslocamento. De todo modo, a análise da ação discricionária desenvolvida no primeiro

Governo FHC, através de MPs, decretos e portarias, revela que foi, sobretudo, a partir

dela que o Executivo procurou introduzir modificações na infraestrutura jurídica das

relações de trabalho. E a tirar pela efetividade de boa parte dessas iniciativas, pode-se

concluir que sua estratégia foi muito eficiente. Da parte dos trabalhadores,

considerando-se que boa parte deste governo foi marcada por uma conjuntura

econômica desfavorável para um enfrentamento mais aberto, o caminho das Adins

acabou por se configurar como única alternativa capaz de oferecer alguma resistência

35 - O que também se deve à pressão exercida por entidades patronais como a FIESP e a CNI. Em maio de 1996, tais entidades chegaram a organizar uma manifestação que reuniu 3 mil empresários em Brasília exigindo reformas nas áreas tributária, previdenciária e trabalhista. Em novembro daquele mesmo ano, a CNI entregou ao governo, um projeto de redução do Custo Brasil, intitulado Custo Brasil, Projeto de Desregulamentação. Informações retiradas de Andréia Galvão (op.cit., pgs.222 e segs).

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pela defesa de direitos assegurados. Apesar de acolher apenas dois pedidos, o STF

sinalizou que o caminho podia ganhar maior consistência, não apenas ao assegurar

duas vitórias concretas às confederações de sindicatos de trabalhadores, mas também

por apontar em suas decisões atalhos para que novos pedidos pudessem alcançar

êxito. E, com isso, não deixou de impor limites ao ímpeto reformista do Executivo.

É consenso na literatura que trata do período FHC, que durante seus oitos anos

de governo os pontos fundamentais de sua reforma trabalhista teriam sido os

seguintes36:

1 – mudança nas formas de contratação;

2 – alteração nas formas de resolução de conflitos, com ênfase nas soluções

negociadas;

3 – mudanças na jornada de trabalho, com a introdução do banco de horas.

E tais reformas foram, como se viu, basicamente realizadas durante o primeiro

Governo FHC.

Os dois primeiros anos do segundo mandato de FHC foram particularmente

difíceis, em função da grande crise do sistema financeiro, e da desvalorização do Real

ainda em janeiro de 1999, e da onda de desemprego ocorrida entre os anos de 1999 e

2000. Tal contexto, não apenas arrefece o seu impulso reformista, mas, na medida em

que abala as bases de apoio político do Executivo, faz com que ele procure o caminho

exclusivo das medidas provisórias voltadas para a mudança de artigos da CLT,

evitando com isso o terreno mais difícil das PECs e mesmo o dos projetos de lei.

Conforme assinalamos anteriormente, durante o segundo mandato de FHC,

foram apresentadas ao Congresso Nacional 17 PECs versando sobre temas

relacionados ao Artigo 7º, e dessas apenas a PEC 7/99 (originalmente proposta por

Senador do PSDB) foi aprovada, convertendo-se na EC 28/00, que dá nova redação ao

inciso XXIX. Entre as demais 16 PECs, nenhuma delas foi proposta pelo Poder

Executivo. Sete foram propostas por parlamentares de partidos de esquerda (PT, PDT,

PPS e PC do B), 5 por partidos de centro (PMDB e PSDB) e 4 por partidos de direita

(PFL, PPB, PL e PTB). Ou seja, diversamente do que constatamos na análise da

36 - Ver Andréia Galvão, “As Reformas Sindical e Trabalhista em Perspectiva Comparada: Uma Análise dos Governos FHC e Lula”. 31º Encontro Anual da ANPOCS – ST 34 Trabalho e Sindicato na Sociedade Contemporânea. Caxambu, 2007.

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legislatura anterior, quando mais da metade das PECs referidas ao Artigo 7º tinham

sido propostas por partidos de direita, agora, este campo de atuação volta a ser

dominado pelos partidos de esquerda e de centro.

Entre as PECs apresentadas pelos partidos de esquerda, sobressaem duas que

propõem a redução da jornada de trabalho (PECs 393/01 e 442/01, propostas,

respectivamente, pelo PC do B e pelo PT). Com essas duas PECs, têm continuidade a

luta aberta em 1995, através das PECs 231/95 e 271/95. Apesar de não terem

encontrado acolhida no contexto do governo FHC, a questão da redução da jornada de

trabalho voltará com força adiante, especialmente a partir do segundo mandato do

Presidente Lula, convertendo-se em uma das principais bandeiras do movimento

sindical37.

As demais PECs da esquerda tratam de temas diversos, como a instituição do

contrato coletivo de trabalho (PEC 31/99, do PT), a inclusão da liberdade sexual e de

crença religiosa entre os objetivos fundamentais da república (PEC 67/99, PT), a

redução do limite de idade para o trabalho do menor (PEC 191/00, do PDT), a

vinculação do salário mínimo para efeitos previdenciários (253/00, PPS) e a ampliação

do prazo prescricional para a reivindicação dos direitos trabalhistas (PEC 475/01, do

PDT).38.

Entre as 5 PECs propostas por partidos de centro, duas – ambas do PMDB –

também propõem a redução da jornada de trabalho (PECs 424/01 e 492/02), outras

duas tratam da licença maternidade da mãe adotante (PEC 320/01 de parlamentar do

PMDB e 381/01, de parlamentar do PSDB), e a quinta, propõe a inclusão do direito do

trabalhador doméstico à proteção contra despedida arbitrária.

Pode-se afirmar, portanto, que tanto as PECs propostas por partidos de

esquerda quanto as de centro, trazem uma agenda orientada para a ampliação de

direitos, com destaque para o tema da redução da jornada de trabalho, que responde

por 4 das 12 PECs analisadas.

Entre as 4 PECs propostas por partidos de direita, a PEC 18/99, de autoria de

parlamentar do PFL, propõe “forma alternativa de contratação de trabalho, na qual os

37 - Em tempo: no momento em que encerrávamos o levantamento desta pesquisa (dezembro de 2009), a PEC 231/95, que introduziu o debate no Congresso sobre a redução da jornada de trabalho para 40 horas, em torno da qual as demais PECs serão apensadas, tinha sido aprovada por uma Comissão Especial da Câmara, indo para votação no plenário da própria Câmara e do Senado. A PEC conta com apoio declarado do Presidente Lula 38 - Respectivamente, PECs 31/99 e PEC 67/99, de parlamentares do PT, PEC 191/00 do PDT, PEC 253/00, do PPS e PEC 475/00 do PDT.

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valores correspondentes aos encargos sobre os salários passam a integrar a sua

remuneração”. Pretendia, com isso, instituir a categoria do “trabalhador-empresário”.

Trata-se, portanto, de PEC claramente identificada com a agenda flexibilizadora que

vinha sendo perseguida pelo Poder Executivo. A PEC 271/00, de parlamentar do PPB,

propõe a redução da idade limite permitida para o trabalho do menor; a PEC 426/01, do

PTB, propõe a “redução do prazo máximo, após a extinção do contrato de trabalho,

para que o trabalhador rural ingresse em juízo para reclamar direitos trabalhistas”; e a

PEC 457/01, de autoria de parlamentar do PL, propõe a equiparação de datas e de

índices de reajuste entre os benefícios previdenciários e o salário mínimo.

Portanto, no segundo Governo FHC, diversamente do que se constatou nas

PECs propostas durante o primeiro, não é possível identificar uma tendência dominante

entre as PECs dos partidos de direita. Isso, e mais o fato do Poder Executivo não ter

apresentado uma única PEC referida ao Artigo 7º durante esses quatro anos, sugere

que a baixa taxa de êxito das PECs orientadas para a agenda da reforma trabalhista,

propostas durante o primeiro governo, deve ter desencorajado essa via de reordenação

da infra-estrutura jurídica das relações de trabalho. Passemos agora ao terreno da

disputa em torno da legislação infraconstitucional.

Inicialmente, é importante analisar as leis sancionadas pelo Presidente

Fernando Henrique. Das 14 leis aprovadas entre 1999 e 2002, na área coberta pelo

Artigo 7º, seis foram originalmente propostas pelo Poder Executivo, cinco delas através

de Medidas Provisórias várias vezes reeditadas antes de serem convertidas em lei. A

Lei 10.101/00 dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados,

dimensão que, desde o primeiro governo, ganhara especial importância na agenda

governamental, já que, além de incentivar a produtividade, trata-se de remuneração

variável sobre a qual não incidem encargos sociais e que não é incorporada ao

salário39. Além disso, seu Artigo 6º mantém a autorização para o trabalho aos

domingos no comércio varejista em geral, que, como se viu anteriormente, já tinha sido

sutilmente inserido na MP 1.539/97, em um artigo que, no entanto, foi cancelado por

decisão do STF em resposta a uma Adin. Esta lei foi originalmente proposta através da

MP 1.982/00, a qual já tinha sido reeditada setenta e sete vezes quando da sua

conversão em lei; a Lei 10.192/01, originalmente a Medida Provisória 2.074/01

(reeditada 73 vezes quando da sua conversão em lei), trata de diferentes aspectos

39 - Galvão, 2003, op.cit., p.6.

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considerados “complementares ao Plano Real”, entre os quais critérios de reajuste de

benefícios pecuniários e de salários, e a definição da prioridade da livre negociação

para a revisão salarial e das condições de trabalho; a Lei 10.199/01, originalmente a

Medida Provisória 2.114 (reeditada 75 vezes), que dispõe sobre a administração do

FAT, e do fundo de participação do PIS-PASEP. Entre outras determinações, a lei

estabelece que sua gestão será realizada “de acordo com as regras estabelecidas pelo

Conselho Monetário Nacional"; a Lei 10.208/01, originalmente a Medida Provisória

2.104/01 (reeditada 16 vezes), que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico,

para facultar o acesso ao FGTS e ao seguro-desemprego; e a Lei 10.608/02,

originalmente a Medida Provisória 74/02 (uma edição), que trata do direito ao seguro-

desemprego ao trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo.

A sexta lei, e única submetida pelo Executivo ao Congresso através de projeto

de lei, é a 10.243/01, que altera os Artigos 58 e 458 da CLT, acrescentando

dispositivos para delimitar com mais precisão o que é considerado jornada de trabalho

(excluindo por exemplo o tempo dispendido pelo empregado até o local do trabalho), e

o que é considerado salário (que não inclui equipamentos como vestuários e outros

concedidos pelo empregador).

Dessa primeira coleção de leis sancionadas no segundo mandato de FHC, é

importante sublinhar a evidente tática adotada pelo governo de evitar o desgaste e os

riscos contidos em submeter ao Congresso, em forma de projetos de leis, propostas de

reformas nas relações de trabalho que considerava importantes para sua política

econômica. Nesse sentido, como já vimos anteriormente, recorre às MPs, as quais, de

tantas vezes reeditadas, acabam se tornando fato consumado, sob a omissão ou

incapacidade do Congresso para apreciar a matéria.

As outras 8 leis foram originalmente propostas em forma de projetos de lei por

parlamentares. Dessas, quatro foram originalmente propostas por parlamentares do

PMDB: a Lei 9.799/99 insere na CLT regras sobre o acesso da mulher no mercado de

trabalho; a 9.853/99 acrescenta inciso ao Artigo 473 da CLT, permitindo ao empregado

faltar quando tiver de comparecer a juízo; a 10.218/01, incorpora ao aviso prévio

reajuste salarial coletivo concedido no seu curso; e a 10.508/02 regulamenta a

profissão de técnico em radiologia.

Outras duas foram propostas pelo PT: a 10.220/01 institui normas relativas à

atividade de peão de rodeio, e a 10.270/01 proíbe anotações desabonadoras na

Carteira de Trabalho.

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Entre as três leis restantes, a Lei 10.272/01, originalmente proposta pelo PFL,

altera a redação do Artigo 467 da CLT, dispondo sobre o pagamento de verbas

rescisórias em juízo, obrigando o empregador, em caso de controvérsia sobre seu valor

a pagar, à data de comparecimento à justiça, a parte incontroversa da rescisão. E a Lei

10.421/02, originalmente proposta em PL apresentado por parlamentar do PSDB, que

estende “à mãe adotiva o direito à licença-maternidade e ao salário-maternidade”.

Por último, importa lembrar o Decreto Legislativo 178/99, que aprova os textos

da Convenção 182 e da Recomendação 190 da OIT sobre a proibição das piores

formas de trabalho infantil e a ação imediata para a sua eliminação.

Nota-se, então, que enquanto o Poder Executivo está empenhado em reformar

as relações de trabalho, tendo em vista sua estratégia de reduzir o “custo Brasil” pela

via das Medidas Provisórias, a agenda “espontânea” do Congresso em matéria

trabalhista durante o segundo mandato de FHC, ao menos no que se refere à

aprovação de leis referidas ao Artigo 7º, esteve basicamente orientada no sentido da

ampliação dos direitos, adequando, em parcela relevante dos casos, a CLT ao espírito

da Constituição, com o que não deixa de revelar uma contradição com a agenda do

Executivo. Em tempo: todos os oito projetos aprovados pelo Congresso foram

sancionados pelo Presidente, ou seja, contaram com sua aquiescência, ainda que em

alguns casos com vetos.

Passemos, agora, à análise dos projetos de lei propostos durante a legislatura

que acompanha o segundo Governo FHC. A pesquisa identificou 21 projetos de lei

referidos ao Artigo 7º, e apenas dois foram propostos pelo Executivo, o que reflete bem

o quanto ele, ao menos nessa matéria, desertou do caminho legislativo ordinário. Um

dos PLs proposto pelo Poder Executivo é o PL 3.523/00, que seria transformado na Lei

10.243/01, acima analisada.

O outro é o PL 5.483/01, que, embora tenha uma relação mais direta com o

Artigo 8º, deve ser incorporado nesse balanço acerca do Artigo 7º, na medida em que,

para além de propor uma revisão de um Artigo da CLT, no caso, o 618, postula, na

verdade, que as “condições de trabalho ajustadas mediante convenção ou acordo

coletivo prevalecem sobre o disposto em lei”. Essa revisão, caso aprovada, levaria ao

estabelecimento de relações de trabalho à margem da própria CLT, criando dois tipos

de trabalhadores, aqueles que “optariam” pela negociação e os que preferiam continuar

cobertos pela CLT. Como evidente, este projeto de lei pretendia conferir prevalência ao

negociado em face do legislado sem ter que enfrentar todo o embate político implicado

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em uma PEC. De acordo com a já citada Andréia Galvão, essa teria sido a iniciativa

mais ousada do Executivo no segundo mandato de FHC, e que contou com ampla

resistência, não apenas da CUT, que chegou a mobilizar, em 2002, uma greve nacional

em oposição ao projeto, mas de parte da base parlamentar governista que temia os

riscos de aprovar um projeto impopular em ano eleitoral40. Após tramitar durante três

anos no Congresso, o PL será retirado de tramitação em maio de 2003, pelo

Presidente Lula. Na solução final desse PL, tem-se uma forte indicação de que o

modelo legislado consiste em uma característica inarredável das relações entre o

capital e o trabalho no país.

Entre os 19 PLs restantes, apenas um havia sido convertido até o fechamento

da pesquisa, o PL 1.210/99, proposto pelo PC do B, convertido na Lei 10.673/03, sobre

o exercício da profissão de médico veterinário. Doze foram propostos por partidos de

esquerda, cinco pelo PT, quatro pelo PDT e um pelo PPS (além do já citado proposto

pelo PC do B), o que, mais uma vez, evidencia a maior atuação legislativa da esquerda

nesta matéria. Dez desses PLs se concentram na proposição de políticas de incentivo

ao primeiro emprego para jovens e ao trabalho do menor aprendiz41. O PLP 212/01,

proposto por parlamentar do PDT, trata de outro assunto, dispondo sobre a “proteção

da relação do emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa”. Esse tema,

que já tinha sido objeto de embate político em torno da ratificação da Convenção 158,

voltará, como veremos, com grande força no debate político travado ao longo do

Governo Lula. Este projeto foi apensado a outros 10 PLPs, o primeiro dos quais

proposto ainda em 1988, quatro deles propostos já no Governo Lula e um dos quais

também proposto no período ora analisado, pelo PMDB (PLP 162/00). A última

informação constante do sítio do Congresso dava conta que esse PLP, e os demais a

ele apensados, se encontravam “prontos para a pauta”.

Dos outros 7 PLs, cinco foram propostos por partidos de direita, 2 pelo PFL, 1

pelo PPB, 1 pelo PL e 1 pelo PST42. Entre essas, todos tratam da geração de

empregos, prevendo alguma forma de incentivo a empresas que contratem,

especialmente menores aprendizes e jovens.

Apenas três PLs foram propostos por partidos de centro. O PLP 162/00, já

comentado acima, e o PL 5.822/01, que propõe alteração no parágrafo 2º do Artigo 477

40 - Andréia Galvão (2003, p.247). 41 - PLs 67/99, 76/99, 618/99, 799/99, 1.771/99, 3.517/00, 5.159/01, 5.768/01, 7.060/02 e 7.107/02. 42 - PLs 541/99, 1.051/99, 2.841/00, 6.876/02 e 7.375/02.

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da CLT, “para dar eficácia liberatória ao recibo de quitação de verbas rescisórias”,

ambos propostos pelo PMDB, e o PL 98/99, do PSDB, que também trata da

contratação de profissionais para o primeiro emprego.

Em síntese, dos 18 PLs propostos por parlamentares durante o segundo

Governo FHC, nada menos que 15 tinham como tema a questão da geração de

empregos, e nessa matéria direita e esquerda convergem, e outros dois PLPs tratam

do tema da demissão imotivada, procurando assegurar direitos em face da demissão

arbitrária. Portanto, nada há neles que coloque em xeque os princípios do Artigo 7º.

Com base em nosso banco de dados das Adins, entre 1999 e 2002 foram

ajuizadas 8 Adins na área de relações do trabalho (exclusive funcionalismo público)

contestando normas federais. Dessas, quatro contestam a Lei 9.958/00, que trata da

Comissão de Conciliação Prévia, que tem uma relação mais direta com o Artigo 8º, e

por isso, serão analisadas adiante, quando abordarmos este Artigo43. Outras duas têm

como alvo aspectos de norma federal que tratam de interesses profissionais

específicos, como no caso da Adin 2522, da Confederação Nacional de Profissionais

Liberais, que questiona lei federal que estabelece o estatuto da advocacia; e da Adin

2736, promovida pela OAB, que questiona um artigo da MP 2164, que trata

especificamente de honorários advocatícios. De acordo com o sítio do STF, a primeira

teve seu pedido de liminar prejudicado e a segunda Adin ainda aguardava julgamento.

As outras duas Adins são: Adin 2081, proposta pela Confederação de Trabalhadores

Marítimos contra um artigo da MP 1.875, que revogava os artigos 1º e 2º da Lei 8.542,

que definiam o princípio da irredutibilidade do salário. O pedido de liminar foi indeferido

com base no seguinte argumento:

Cautelar indeferida, ante o caráter infraconstitucional da controvérsia sugerida pela impugnação de medida provisória que se limita a revogar normas de legislação ordinária. Insuficiência, ao primeiro exame, da relevância da fundamentação jurídica do pedido.

E a Adin 2096, proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na

Indústria, questionando a EC 20/98, sugerindo a sua revogação, com base no

argumento de que tal emenda agravaria a situação dos menores no Brasil. De acordo

com a informação disponível no sítio do STF, esta Adin ainda aguardava julgamento.

Quanto ao terreno mais específico da produção normativa discricionária do

Poder Executivo, a pesquisa identificou 7 MPs e 5 Decretos assinados pelo Presidente

43 - Adins 2139, 2148, 2160 e 2237.

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FHC em seu segundo mandato. Entre as MPs, quatro já foram analisadas

anteriormente, pois se converteram em leis durante esse período44. Entre as duas

restantes, a MP 1.779 e a 2.164 são, na verdade, reedições da MP 1.709, proposta no

primeiro mandato e já analisadas.

Quanto aos decretos, o de No 3.197/99 promulga a Convenção 132 da OIT sobre

férias anuais remuneradas (o Congresso Nacional havia aprovado o ato multilateral

através de Decreto Legislativo de 1981); o Nº 3.597/00, a Convenção 182 e a

Recomendação 190 da OIT, que haviam sido aprovados pelo Decreto Legislativo 178,

anteriormente assinalado; e o Nº 4.377/02, a Convenção sobre a Eliminação de Todas

as Formas de Discriminação contra a Mulher, assinada pelo Brasil, em Nova York, no

dia 31 de março de 1981, anteriormente aprovada pelo Decreto Legislativo de 1983.

Há, ainda, o Decreto 3.298/99, que regulamenta a Lei 7.853/89, que trata da política

nacional para integração da pessoa portadora de deficiência.

Assim é que, tanto na produção legal, através da tramitação ordinária no

Congresso, quanto em sua produção discricionária pela via das MPs e dos Decretos o

segundo Governo de FHC alterou seu comportamento no que se refere à legislação

que gravita em torno do Artigo 7º. Pode-se dizer que ele se limitou a consolidar as

iniciativas inauguradas no mandato anterior, em torno da flexibilização dos contratos de

trabalho, da jornada de trabalho, da ênfase na livre negociação e no esforço de

implementar ações orientadas para a (re)qualificação profissional e criação de redes de

proteção como a ampliação do seguro-desemprego. Quando tentou seu lance mais

ousado, através do PL 5.483/01, esbarrou na falta de tempo hábil para vencer as

barreiras levantadas pelo movimento sindical antes do período eleitoral, bem como na

erosão de sua base parlamentar. Mas, parte do arrefecimento da reforma trabalhista

notada no segundo mandato de FHC, também se deve ao fato de que foi nele que o

governo investiu em outras frentes, como a reforma sindical, a reforma do judiciário e a

reforma do serviço público.

44 - MP 1.982, convertida na Lei 10.101/00; MP 2.074, na Lei 10.192/01; MP 2.114, na Lei 10.199/01; MP 2.104, na Lei 10.208/01; e MP 74/02, na Lei 10.608/02.

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VI.2. Os Artigos 8º e 11 no Governo FHC

Como vimos anteriormente, desde o início do Governo FHC fazia parte de sua

agenda a reforma das relações de trabalho, visando “estimular a transição para um

sistema de negociação ágil, flexível e democrático”, o que colocava a reforma sindical

como uma das prioridades. Nas palavras do Governo Federal, pretendia-se “fortalecer

os sindicatos, adotar o pluralismo sindical como forma de democratizar a representação

dos trabalhadores, eliminar a contribuição compulsória e estabelecer o ritmo e a

natureza da transição para um sistema de mais negociação e menos poder

estatutário”45. No entanto, em seu primeiro mandato, é nítida a opção de FHC pela

reforma trabalhista, ficando a sindical em segundo plano. De fato, a única providência

significativa tomada pelo governo FHC nessa matéria será a apresentação da PEC

623/9846.

No já citado texto de apresentação dessa PEC, elaborado pelo então Ministro do

Trabalho, Edward J. Amadeo, é enfatizada a necessidade de se privilegiar a

negociação, “com diminuição do papel da lei e do judiciário”. Buscava-se, portanto,

mediante uma nova redação do artigo 8º da Constituição, romper com o modelo

legislado então vigente, alterando-o para o modelo negociado. Para alcançar tal

objetivo, a PEC buscava promover alterações tanto no âmbito da organização sindical,

quanto no papel da Justiça do Trabalho.

No que tange à organização sindical, a PEC objetivava modificar o

enquadramento sindical, resumindo-o ao registro da entidade em cartório de pessoas

jurídicas. Dessa forma, o Ministério do Trabalho deixaria de exercer qualquer controle

sobre as entidades sindicais, extinguindo-se a burocracia para o registro de novos

sindicatos, para a ampliação bases territoriais ou para a resolução de disputas

intersindicais. Outra questão dizia respeito à unicidade sindical, propondo-se o seu fim

por meio da supressão do Inciso II do Art. 8º. A partir dessa decisão, cada sindicato

poderia representar trabalhadores de uma mesma categoria em um mesmo território,

sobretudo pelo fato da PEC extinguir a idéia de categoria profissional para a

45 - “O Mercado de Trabalho e a Geração de Empregos”. Brasil. Governo Federal, pgs. 6 e sgs. Disponível em 27/12/09, em www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/MERC.HTM. 46 - Essa baixa animação da agenda da reforma sindical levou Galvão (2007, op.cit) a afirmar que o Governo FHC “pouco se preocupou com ela”, o que, segundo ela, se explicava pelo fato do “patronato não ter interesse por ela e o movimento sindical encontrar-ser há muito bastante dividido a esse respeito” (p.20).

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sindicalização e não conter em seu texto qualquer limite à pluralidade sindical. Além

disso, a PEC previa a possibilidade de criação de sindicato por empresa e limitava a

representação sindical apenas aos associados.

Quanto à questão do financiamento sindical, a PEC 623/98 acabava com o

imposto sindical e retirava a possibilidade de outras contribuições que não fossem

decididas pelos próprios associados reunidos em Assembléia. No texto de

apresentação da PEC, o Ministro observa que o “Brasil é um dos raros países que

obriga, por lei, o trabalhador não associado a recolher uma contribuição ao sindicato”.

E esse imposto sindical, assevera o Ministro, “é típico do regime corporativo e agride

frontalmente o princípio da liberdade sindical”.

Em relação à Justiça do Trabalho, as alterações limitavam seu poder normativo

e valorizavam a prática da arbitragem. Restringia-se a possibilidade do acesso

individual do trabalhador à Justiça do Trabalho, mediante a conciliação prévia no

âmbito da empresa. Os conflitos coletivos passariam a ser objeto de julgamento

apenas em caso de greve, ou de esclarecimento de questões estritamente jurídicas.

Voltaremos a este ponto quando tratarmos do Artigo 114.

Em decorrência das resistências manifestadas pelas organizações dos

trabalhadores, em especial a CUT, a PEC 623/98 acabou sendo arquivada em 2000, a

pedido do próprio Poder Executivo. Muitas dessas iniciativas retornarão, como vai se

ver, no início do Governo Lula, e não terão melhor sorte do que a dessa PEC.

A pesquisa não identificou nenhuma lei aprovada sobre a matéria durante o

primeiro mandato de FHC. Quanto aos PLs referidos ao Artigo 8º, seis foram

identificados, entre os quais somente dois apresentados pelo Poder Executivo, o PL

3.003/97 e o PL 4.691/98. O PL 3.003/97 foi, de acordo com Galvão, “inspirado em

proposta da Força Sindical”, e trata basicamente da competência sindical, e do

financiamento sindical, estabelecendo a contribuição negocial e extinguindo o imposto

sindical 47. Em outubro de 2007, o PL será declarado prejudicado em razão da

conversão do PL 1.990/07 na Lei 11.648/08, que legaliza as centrais sindicais.

Já o PL 4.691/98 propõe a revogação de boa parte dos artigos dos capítulos I e

II do Título V da CLT, que trata da organização sindical. Fiel ao espírito da PEC 623/98,

seu objetivo central é o de limitar a intervenção do poder público. O PL será arquivado

em 2003, a pedido do Presidente Lula.

47 - Galvão (2003, op.cit., p.365)

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Entre os outros quatro PLs, o 1.116/95 foi proposto por parlamentar de direita

(PPB), e introduz a consulta sindical para resolver conflitos de representação entre

entidades sindicais - foi arquivado em 2001; o PL 390/05, também proposto por

parlamentar de direita (PFL), guarda afinidade com a proposta do Executivo feita

através do supracitado PL 3.003/97, tratando da autonomia do registro sindical,

vedando a interferência do Ministério do Trabalho, além de propor a extinção do

imposto sindical - foi arquivado em 2003.

O PL 599/95 foi proposto por parlamentar do PT, e concede anistia a dirigentes

ou representantes sindicais e trabalhadores punidos por participação em movimento

reivindicatório. O PL teve como principal fator motivador a punição sofrida por

trabalhadores da Petrobrás após a realização de movimentos reivindicatórios em 1994.

Este PL foi arquivado, mas sua matéria será recolocada por outros quatro PLs durante

o segundo mandato de FHC, e, mais uma vez reapresentado por PL de 2003, que será

posteriormente analisado, quando então se transformará em lei.

O quarto PL é o de Nº 3.058/97, proposto por um parlamentar de partido de

centro (PSDB). Trata das condições para a cobrança da contribuição confederativa,

extingue o imposto sindical e exclui a participação das centrais no sistema

confederativo - foi declarado prejudicado em função da aprovação da Lei 11.648/08.

Portanto, o que mais chama a atenção nos PLs apresentados durante o primeiro

mandato de FHC é, de um lado, a recorrência de propostas referidas à limitação da

discricionariedade do Estado na autorização de registros sindicais, e, de outro, a igual

recorrência de propostas de extinção do imposto sindical48.

A respeito do primeiro tema, importa recuperar aqui o acórdão do STF, de 1995,

em resposta à Adin (1121); apesar da Adin ter como alvo lei aprovada pela assembléia

legislativa estadual, incidentalmente toca a questão do registro sindical, o que leva o

Ministro Celso Mello, relator da Adin, a produzir um parecer saudado por muitos como

de importância histórica, por estabelecer de forma clara os limites da competência do

Ministério do Trabalho no registro sindical49. No acórdão, fica estabelecido que:

48 - Em sua análise do sistema de financiamento dos sindicatos, Adalberto Cardoso observa que o imposto sindical tem sido criticado tanto por um viés democratizante, que o identifica como um elemento inibidor da mobilização dos trabalhadores, quanto por um viés liberal, que vê com maus olhos a atuação do Estado como garantidor dos meios de sobrevivência de uma organização de interesses (Adalberto Cardoso, Sindicatos, Trabalhadores e a Coqueluche Neoliberal. A Era Vargas Acabou?, Editora da FGV, Rio de Janeiro, 1999, p.61). 49 - É assim que Edesio Passos se refere a esta decisão. Ver o artigo “Imperfeições sobre registro sindical”. Disponível em www.diap.org.br

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“o registro sindical qualifica-se como ato administrativo essencialmente vinculado, devendo ser praticado pelo Ministro do Trabalho, mediante resolução fundamentada, sempre que, respeitado o postulado da unicidade sindical e observada a exigência de regularidade, autenticidade e representação, a entidade sindical interessada preencher, integralmente, os requisitos fixados pelo ordenamento positivo e por este considerados como necessários à formação dos organismos sindicais” (DJ 06.10.95).

No segundo mandato de FHC a produção normativa sobre o Artigo 8º foi bem

menos significativa. Nenhuma PEC, e 6 PLs. Desses, quatro foram propostas por

parlamentares do PT, e tratam da mesma questão já proposta pelo PL 599/95:

concessão de anistia a dirigentes ou representantes sindicais e trabalhadores punidos

por participação em movimento reivindicatório (são eles: PLs 113/99, 202/99, 245/99 e

5.486/01). Como já observamos, a matéria dessas PLs será objeto de um PL de 2003,

quando então se converterá em lei.

O quinto PL é o 6.688/02, de parlamentar do PPB, propondo acrescentar novos

parágrafos ao Artigo 625-H da CLT, que trata dos núcleos intersindicais de conciliação

trabalhista – foi arquivado.

E o sexto PL é o já comentado PL 5.483/01, de iniciativa do Poder Executivo,

que foi caracterizado anteriormente, por também ter relação direta com o Artigo 7º,

tendo sido, como vimos, a mais ousada iniciativa do Governo FHC em seu segundo

mandato na defesa do sistema negociado em detrimento do legislado. Sua interface

mais direta com o Artigo 8º refere-se à alteração do Artigo 618 da CLT. Tal como está,

o referido artigo estabelece que apenas as empresas e instituições não incluídas no

Artigo 577 [que determina que o quadro de atividades e profissões em vigor fixará o

plano básico do enquadramento sindical] “poderão celebrar acordos coletivos de

trabalho com os sindicatos representativos dos respectivos empregados”. Com a nova

redação proposta, a dimensão estatutária daria lugar à negociada, ficando assim: “As

condições de trabalho ajustadas mediante convenção ou acordo coletivo prevalecem

sobre o disposto em lei, desde que não contrariem a Constituição Federal e as normas

de segurança, e saúde do trabalho”. Após tramitar durante três anos no Congresso, o

PL será arquivado em maio de 2003, a pedido do Executivo.

No mais, a pesquisa somente identificou no período portarias assinadas pelo

Ministério do Trabalho e Emprego. A Portaria 343/00 regulamenta o pedido de registro

sindical, estabelecendo, em seu Artigo 1º, que para a solicitação de registro sindical no

Ministério do Trabalho e Emprego, a entidade sindical deverá acessar o Sistema do

Cadastro Nacional de Entidades Sindicais. As Portarias 375 e 376/00 tratam do mesmo

assunto.

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VI.3. O Artigo 9º no Governo FHC

Durante o primeiro governo de FHC, foram apresentados ao Congresso Nacional

uma PEC e 4 projetos de lei tratando do Artigo 9º. A PEC 103/95 foi proposta por um

parlamentar do PP, e estabelece uma nova redação para o parágrafo primeiro do Artigo

9º, que passaria a conter o comando de que a legislação complementar deveria “definir

atividades essenciais que não poderão ser interrompidas e disporá sobre o

atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade”. A proposta será arquivada

em 2007.

Entre os quatro PLs, apenas um foi proposto pelo Poder Executivo. O PL

1.802/96, que propõe acrescentar artigos à Lei 7.783/89, de modo a definir de forma

mais precisa o procedimento relacionado às greves em atividades consideradas

essenciais. O PL estabelece que o Presidente do Tribunal (TRT), após ajuizado

dissídio coletivo de greve, poderá expedir ordem judicial definindo as condições e o

percentual de empregados que deverá permanecer nas atividades essenciais, que

variará conforme a natureza do trabalho no setor produtivo e limitando o valor da multa

pecuniária aplicada ao sindicato em caso de descumprimento. O PL está tramitando

em conjunto com o PL 401/91, anteriormente citado.

Os outros três PLs são: PL 1.033/95, proposto por parlamentar do PPB, que

estabelece nova redação à Lei 7.783/89, postulando que “será sempre parcial a

suspensão coletiva ou greve nas atividades ou serviços considerados essenciais”; PL

1.420/96, proposto por parlamentar do PDT, estabelece que os sindicatos deverão

notificar as entidades patronais ou os empregadores e o TRT, com antecedência

mínima de vinte dias, a respeito da paralisação ou greve, além de fixar prazo para que

o Tribunal profira a decisão quanto à procedência do movimento grevista; e o PL

2.180/96, de parlamentar do PSB, que “define como atividade essencial a educação

para aluno portador de deficiência de aprendizagem”. Os dois primeiros PLs foram

arquivados, e o último também está tramitando em conjunto com o PL 401/91.

No segundo mandato de FHC, apenas dois PLs foram identificados pela

pesquisa. O PL 3.190/00, proposto por parlamentar do PSDB, pretende, a exemplo dos

PLs anteriores propostos no período FHC, delimitar de forma mais precisa o direito à

greve, no caso, estabelecendo a “responsabilização dos diretores, assessores e

dirigentes sindicais pelos abusos, crimes ou delitos que decorram do movimento

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grevista”. Assim como o PL 1.802/96, proposto pelo Poder Executivo, o PL 3.190/00

também está tramitando em conjunto com o PL 401/91.

O outro é o PL 5.820/01, de autoria de parlamentar do PPB, que trata

especificamente de greves em sindicatos e associações similares, tornando obrigatória

a fixação de formas e atendimento mínimo do usuário de seus serviços. Foi arquivado.

VI.4. O Artigo 114 no Governo FHC

A primeira observação a ser feita sobre o Artigo 114 no Governo FHC é a

aprovação da Emenda Constitucional 20, em 1998. Esta EC foi, como já vimos ao tratar

do Artigo 7º, originalmente proposta pelo Poder Executivo, no próprio Governo FHC,

através da PEC 33/95. Com sua aprovação, o Artigo 114 passava a contar com o

parágrafo 3º, estabelecendo a competência da Justiça do Trabalho para “executar, de

ofício, as contribuições sociais previstas no artigo 195...”. Mais tarde, a EC 45 vai

transformar este parágrafo no inciso VIII do novo artigo 11450.

Mas não foi de fato a matéria da EC 20 o foco principal da atenção do Governo

FHC. No contexto de reformas trabalhista e sindical propostas pelo seu governo,

sobressai como ponto importante de sua agenda uma reforma mais ampla do Poder

Judiciário, muito especialmente do Judiciário Trabalhista.

Isso fica explícito no texto de apresentação da PEC 623/98, sobre a qual

falamos nos comentários sobre o Artigo 8º, já que sua atenção principal refere-se à

reforma sindical. Mas, em sua exposição de motivos, o então Ministro do Trabalho,

Edward Amadeo, deixa evidente que, no diagnóstico da situação formulado pelo

governo FHC, a negociação coletiva vinha sendo desestimulada por causa “da

superabundância, detalhamento, rigidez e imperatividade da legislação sobre direitos

individuais, além da desigual representatividade sindical e da interferência do poder

normativo da justiça do trabalho nos conflitos coletivos econômicos”. Em seguida,

sustenta que “para reduzir os focos de conflitividade presentes em nosso modelo”,

fazia-se necessário “desafogar a excessiva centralização dos conflitos individuais na

Justiça do Trabalho, que se institucionalizou praticamente como o único foro”,

estimulando, para tanto, “a utilização de meios extrajudiciais de solução de conflitos

50 - Durante o governo FHC também foi aprovada a EC 24/99, oriunda da PEC 33/99, apresentada por parlamentar do PMDB. Mas, embora altere outros artigos relativos ao Poder Judiciário, não toca no Artigo 114.

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individuais e coletivos”. Com base nesse diagnóstico, a PEC propõe um conjunto de

reformas da Justiça do Trabalho, como a “revisão do poder normativo, mantendo-se a

competência da Justiça do Trabalho para arbitragem facultativa dos conflitos coletivos

econômicos, a pedido conjunto das partes, e em caso de interesse público, a

possibilidade de ajuizamento unilateral dos dissídios”. Também propõe a “instituição de

instâncias extrajudiciais prévias de mediação e conciliação nos conflitos individuais”.

Como vimos na seção sobre o Artigo 8º, esta PEC foi amplamente criticada,

acabando por ser arquivada e pedido do próprio presidente Fernando Henrique

Cardoso. Seu diagnóstico e suas propostas, entretanto, acompanharão todo o debate

em torno da PEC 96/92, que culminará na EC 45, quando, então, em boa parte serão

legitimados.

Uma boa visita à natureza desse debate, e de como ele embaralha os campos

de força política, pode ser feita através da leitura das notas taquigráficas com a íntegra

do debate ocorrido na Câmara dos Deputados, em junho de 2000, acerca da expressão

“de comum acordo”, que será afinal aprovada e incorporada ao texto do parágrafo

segundo da nova versão do Artigo 114, com a EC 45/2004. Antes de trazer algumas

das posições sustentadas no debate, é importante notar que, em torno da defesa da

expressão “de comum acordo”, filiam-se aqueles que apostam na prevalência do

negociado, ao passo que os que se colocam contra ela, mais próximos da defesa do

legislado.

O Deputado Sergio Miranda (PC do B/MG), vota pela retirada da expressão,

alegando que a expressão “evita uma solução jurídica da parte que se sente

prejudicada e beneficia aquele que quer manter o impasse a todo custo”. Na mesma

direção, o Deputado Ayrton Xerex (PPS/RJ), vota pela subtração da expressão,

“porque não facilita o diálogo e não permite o exercício de um direito constitucional

fundamental, que é o acesso à justiça”. Já o Deputado Gerson Peres (PPB/PA), vota

pela manutenção da expressão, pois “queremos evitar o entulho, o volume maior que

sufoca a tramitação dos processos”. Na mesma direção vai o Deputado Inocêncio

Oliveira (PFL/PE), e o representante do PMDB, Deputado Mendes Ribeiro Filho

(PMDB/RS).

Até aqui, os parlamentares de esquerda se posicionavam pela supressão,

enquanto que os de direita e de centro pela manutenção. É com a intervenção do

Deputado Ricardo Berzoini (PT/SP), que o debate ganha novos contornos. O Deputado

adverte que “uma das teses mais caras ao PT é a luta contra o poder normativo da

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Justiça do Trabalho”. Por isso, conclui Berzoini, justificando o voto favorável, “na nossa

avaliação manter a expressão é uma forma de garantir que haja exaustão do processo

de negociação coletiva”. Tal posição provoca uma reação do parlamentar do PC do B,

que, a título de reforçar as razões do seu “não”, observa que “se a visão social-liberal

diz que entre as partes estão o patrão e o empregado e numa sociedade burguesa

dominada pelo capital o patrão sempre tem mais força, impedir o empregado de ter

acesso à justiça é proporcionar ao desigual a desigualdade”. Em defesa desta posição,

o Deputado Vivaldo Barbosa (PDT/RJ), reitera que “atribuir aos empregadores do país

o direito de veto aos dissídios coletivos é um retrocesso na luta trabalhista”,

acrescentando, em seguida, que os sindicatos dos trabalhadores “sempre tiveram o

direito de recorrer à Justiça do Trabalho como uma instância de sua luta”. Por isso, o

parlamentar defende com veemência o voto “não”.

Na réplica, outro parlamentar do PT, Deputado Avenzoar Arruda (PT/PB), afirma

que ouviu “atentamente os argumentos dos Deputados Sergio Miranda e Vivaldo

Barbosa, que tentam passar a idéia de que como solução para o conflito

patrão/empregado existe o recurso ao tribunal, que seria aparentemente neutro (...).

Esse é um primeiro entendimento sobre o qual divergimos. A nossa segunda

divergência diz respeito à possibilidade de recurso à justiça para que, na verdade, o

Judiciário legisle sobre matéria trabalhista. Esse é um grave problema (...), pois não

podemos transferir essa função para a Justiça do Trabalho, a fim de que ela normatize

o piso salarial e estabeleça os direitos trabalhistas”. Por isso, conclui o Deputado,

“mantenho o voto “sim” do PT, porque é absolutamente coerente com a nossa tradição

de defesa da tese de que esse conflito tem que ser resolvido por outras normas,

inclusive a norma legislativa, que cabe ao Congresso Nacional”.

Ao final do debate, o presidente da Câmara informa que 334 votaram “sim”, e 53

“não”. A expressão foi mantida, e é reveladora da nova influência do modelo negociado

no mundo do trabalho brasileiro.

Como se vê, a PEC 96/92 seguia seu curso em 2000. Relatada pela Deputada

Zulaiê Cobra (PSDB-SP), seria aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados em

outubro de 1999, sendo então encaminhada para o Senado, sob a relatoria do então

Senador Bernardo Cabral (PFL-AM). Mas, apesar do esforço de Cabral, a votação final,

prevista para vésperas das eleições de 2002, acaba não acontecendo. Alegando ter

havido a renovação de 2/3 dos senadores na eleição de 2002, traduzindo, assim, uma

nova vontade da sociedade brasileira, o então Presidente do Senado Federal, José

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Sarney, estando já pronta a referida PEC para ser votada em plenário, devolveu-a à

Comissão competente para, já sob o governo Lula, novamente reiniciar a discussão e a

análise por parte desse Poder Legislativo, agora sob a relatoria do Senador José Jorge

(PFL-PE)51.

A esta altura, 17 PECs sobre o Judiciário tramitavam em conjunto, e dessas, 7

propunham a alteração do Artigo 114. Uma delas é a PEC 623/98, que acabamos de

mencionar. As outras 6 são: as PECs 277/95 e 410/96, ambas propostas por

parlamentares do PPB, a primeira visando ampliar a competência a Justiça do Trabalho

para dirimir os litígios decorrentes de acidentes de trabalho, e a segunda, reorganizar o

TST, os tribunais regionais e as juntas de conciliação. Ambos são arquivados. A PEC

346/96, proposta por parlamentar do PSDB, também trata da estrutura do Judiciário; a

PEC 615/98, de autoria de parlamentar do PFL, cria os juizados especiais de causas

trabalhistas, em substituição às juntas de conciliação e julgamento; a PEC 314/00, do

PPS, trata de vários assuntos relacionados à seguridade social e prevê alteração do

Artigo 114. Todas foram arquivadas.

A sexta PEC é a de No 28/99. De autoria do Deputado Jair Meneguelli (PT/SP),

essa PEC, além de propor a extinção da representação classista e a transformação das

juntas de conciliação e julgamento em varas de conciliação e julgamento, também

propõe a extinção do TST. Essa proposta merece destaque, na medida em que

escancara as tendências contraditórias manifestas no próprio PT acerca do papel do

Judiciário Trabalhista. No caso, a presente proposta pretendia fortalecer a lógica do

negociado com a extinção do segundo grau de jurisdição e a valorização da primeira

instância como fórum de solução negociada dos conflitos. Essa PEC também foi

arquivada.

Durante o primeiro mandato de FHC, a única lei identificada pela pesquisa

relacionada ao Artigo 114, foi a Lei 8.984/95. Oriunda do PL 3.371/93, apresentado por

parlamentar do PFL, a lei estabelece que “compete à Justiça do Trabalho conciliar e

julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de

trabalho ou acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos ou

entre sindicato de trabalhadores e empregador”.

51 - Um breve histórico desse processo pode ser encontrado em “Comentários à Adin 3684: em defesa da competência da justiça criminal da justiça do trabalho”, de J.Humberto Cesário, J.Eduardo R.Chaves Junior, Marcelo J.Ferlin D´ambroso e Viviann Rodriguez Mattos. Texto extraído de Jus Navigandi, disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina.

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Em contrapartida, 8 PLs foram apresentados, quatro deles de autoria do Poder

Executivo, dois dos quais convertidos em leis no segundo mandato de FHC: o PL

4.693/98, que acrescenta os artigos 852-A e seguintes à CLT, instituindo o

procedimento sumaríssimo no processo trabalhista, transformado na Lei 9.957/00; e o

PL 4.694/98, que acrescenta dispositivos à CLT, dispondo sobre as Comissões de

Conciliação Prévia, transformado na Lei 9.958/00. Adiante trataremos dessas leis.

Os outros dois PLs apresentados pelo Executivo são: o PL 4.893/95, que institui

a lei de processo do trabalho. Será arquivado a pedido do Poder Executivo em 1998. E

o PL 4.696/98, que acrescenta dispositivos à CLT, dispondo sobre execução na Justiça

do Trabalho. Até o fechamento da pesquisa, esse último PL ainda aguardava parecer

da Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania do Congresso.

Entre os quatro outros PLs propostos por parlamentares ao longo do primeiro

mandato de FHC, três deles estão orientados para a criação de mecanismos ou

procedimentos capazes de animar a negociação e a conciliação. O PL 138/95, de

autoria de parlamentar do PPR, acrescenta parágrafos ao Artigo 841 da CLT, facultando

ao juiz presidente designar audiência prévia para tentativa de conciliação entre as partes; o PL

3.438/97, do PFL, criando a figura da Comissão Interna de Empresa, como instância de

negociação prévia das questões trabalhistas; e o PL 4.813/98, do PSB, criando a

Comissão Paritária de Conciliação, com a atribuição de tentar conciliar os dissídios

individuais do trabalho.

O quarto PL é o de No 4.405/98, de parlamentar do PT, que altera a Lei nº

8.984/95, a fim de ampliar a competência da Justiça do Trabalho para conciliar e julgar

os dissídios relativos à indenização por acidente de trabalho, incluindo também a tutela

judicial do direito à saúde, higiene e segurança do trabalho.

Durante o primeiro mandato de FHC foram propostas apenas duas Adins afetas

ao Artigo 114, ambas em 1995, e ambas questionando o Artigo 11 da MP 1.053/95,

comentada na seção que trata do Artigo 7º no governo FHC. Vale a pena lembrar que

esta MP estabelecia que, caso frustrada a negociação direta, as partes deveriam,

obrigatoriamente, “antes do ajuizamento do dissídio coletivo, solicitar ao Ministério do

Trabalho que designe mediador para o prosseguimento do processo de negociação

coletiva”. A Adin 1309, ajuizada pelo PDT, apresenta-se como uma clara defesa do

legislado, e do recurso ao Judiciário como instância capaz de assegurá-lo. Na Adin, o

requerente sustenta que a referida MP viola, entre outros, o parágrafo 2º do Artigo 114

que, na versão vigente à época - antes da EC 45/04 -, estabelecia que “recusando-se

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qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultada aos respectivos

sindicatos ajuizar dissídio coletivo”. Pois, “condicionar o acesso ao Judiciário à prévia e

compulsória tentativa de conciliação através do mediador designado pelo Ministério do

Trabalho”, significa, sustenta o requerente, “criar obstáculos a uma das mais

importantes garantias constitucionais, qual seja, o livre acesso ao Judiciário”. O que é

interessante nesta Adin é que ela mobiliza justamente o texto constitucional que será

mais tarde alterado pela EC 45/04, com a introdução da expressão “de comum acordo”,

acima analisada. Complementarmente, a requerente ainda afirma que o ato

impugnado também fere o Inciso I do Artigo 8º, ao estabelecer a ingerência, de forma

obrigatória, do Ministério do Trabalho. A Adin foi acolhida pelo STF, tendo sido o

pedido de liminar deferido por unanimidade. Por conseguinte, a Adin 1310, proposta

pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação contra a mesma MP,

será considerada prejudicada pelo STF. Após ver impugnada a MP 1.053/95, o Poder

Executivo editou uma nova MP, sob o No 1.079/95, ajustando-a à decisão do STF.

Nesta nova versão, estabelece que “frustrada a negociação entre as partes, promovida

diretamente ou através de mediador, poderá ser ajuizada a ação de dissídio coletivo”.

Estabelecendo, ainda, que “o mediador será designado de comum acordo pelas partes

ou, a pedido destas, pelo Ministério do Trabalho”.

Nesse primeiro mandato de FHC, as MPs 1.053/95 e a 1.076/95 foram as duas

únicas iniciativas discricionárias identificadas pela pesquisa, que partiram do Poder

Executivo sobre o Artigo 114. E, como se viu, com elas o governo pretendia

complementar todo um conjunto de iniciativas legais voltadas para o fortalecimento do

sistema negociado. Assim, naquele momento em que o consenso político parecia

francamente favorável às reformas naquela direção, a mobilização do Judiciário pela

via das Adins se configurou como importante retaguarda na defesa do legislado.

No segundo mandato, como já antecipamos, duas importantes leis referidas ao

processo trabalhista são aprovadas, oriundas de projetos de lei apresentados pelo

próprio Poder Executivo ainda durante o primeiro mandato de FHC. A Lei 9.957/00,

oriunda do PL 4.693/98, inclui novos dispositivos ao Artigo 852 da CLT, ao instituir o

procedimento sumaríssimo para dissídios individuais, cujo valor não exceda a quarenta

vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação.

E a Lei 9.958/00, oriunda do PL 4.694/98, que modifica a CLT, ao criar o Título

VI-A, “das comissões de conciliação prévia”, cujo novo artigo, 625-A, estabelece que

“as empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de

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composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com

a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho”.

Se, ao longo do primeiro mandato de FHC, foram apresentados 8 PLs atinentes

ao Artigo 114, durante o segundo mandato a pesquisa não identificou nenhum PL

diretamente relacionado com este Artigo.

Quanto às Adins, a pesquisa identificou quatro ações ajuizadas durante o

segundo mandato de FHC, todas questionando a Lei 9.958/00, sendo que uma delas

também a 9.957/00. A Adin 2139/00 foi proposta pelo PC do B, PSB, PT e PDT, e

questiona o Artigo 625-D da referida lei, que estabelece que “qualquer demanda de

natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na

localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da

empresa ou do sindicato da categoria”. Em suas alegações, os requerentes sustentam

que “ao dispor sobre as comissões de conciliação prévia, o legislador ordinário

estabeleceu nítida restrição ao direito público subjetivo dos cidadãos de submeter à

apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito decorrente de relação de

emprego”. Em seguida, sustentam que o dispositivo impugnado atenta contra o Artigo

114 que, em sua versão original, anterior à EC 45/04, estabelecia que “compete à

Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre

trabalhadores e empregadores”. Essa Adin é analisada pelo STF, em conjunto com a

Adin 2160/00, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, a

qual, além de questionar o Artigo 625-D da CLT criado pela Lei 9.958/00, também

questiona outros artigos da mesma lei, bem como o Artigo 852 – B da CLT, criado pela

Lei 9.957/00. E a decisão do STF foi o deferimento em parte do pedido de cautelar,

aceitando impugnar a parte da Lei 9.957/00 que estabelece o Artigo 625-D da CLT,

indeferindo, entretanto, a parte restante do pedido feito na Adin 2160.

As Adins 2148 e 2237, ajuizadas em 2000, respectivamente, pela Confederação

Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, e pela Confederação

Nacional das Profissões Liberais também tiveram como alvo a Lei 9.958/00. A primeira

teve o pedido de liminar prejudicado por “ilegitimidade ativa da autora”; e a segunda,

teve seu julgamento atrelado ao das Adins 2139 e 2160.

A impugnação de parte da Lei 9.957/00 reforça a hipótese acima apresentada,

de que o caminho das Adins tem sido uma retaguarda na defesa do legislado em face

de iniciativas voltadas para a criação de mecanismos voltados para o fortalecimento do

negociado. Pois, se não tem impedido o curso das reformas, tem, sem dúvida, imposto

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limites a elas, submetendo-as aos princípios constitucionais. Esse é, inclusive, um dos

principais aspectos do impacto da reforma do Artigo 114, que ocorrerá com a EC 45/04,

da qual trataremos adiante.

Finalmente, importa salientar que a pesquisa não identificou, no segundo

mandato de FHC, qualquer iniciativa discricionária por parte do Poder Executivo

atinente ao Artigo 114.

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81

VII. O Governo Lula

A eleição de Lula é, naturalmente, cercada de expectativas por parte dos

trabalhadores. Expectativas, entretanto, contraditórias, opondo lideranças críticas ao

modelo estatutário da CLT a outras que, a essa altura identificavam o legado varguista

como uma garantia em face da onda reformadora. Pode-se dizer que são essas

contradições que, de certo modo, explicam o andamento da ação reformista do

Executivo, e de como elas vão esbarrar em resistência no Congresso Nacional, as

quais não deixam de refletir as linhas de conflito entre o Executivo e as organizações

sindicais.

Ciente das inúmeras controvérsias que qualquer reforma trabalhista enfrentaria,

o governo Lula pretende operar a partir da construção de pontos considerados

consensuais, evitando com isso desgastantes controvérsias. O caminho traçado é

evidenciado logo na 1ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social,

que reúne representantes do Estado, do mercado e da sociedade civil e que fora criado

para funcionar como órgão consultivo e formulador de recomendações para o governo.

Na área trabalhista, o CDES assenta os seguintes pontos de convergência, muitos

deles em franca convergência com iniciativas frustradas do governo anterior:

1 – concordância sobre o caráter anacrônico do sistema brasileiro de relações de

trabalho e sobre a necessidade de rever o atual marco normativo, constitucional e

infraconstitucional;

2 – concordância – embora sem unanimidade - com a adoção de um modelo de

liberdade e autonomia sindical, com o fim do imposto sindical e em favor do

reconhecimento da personalidade sindical das Centrais;

3 – concordância quanto à necessidade de uma legislação de sustentação no aspecto

relativo à organização sindical, de maneira a inibir práticas anti-sindicais e assegurar o

exercício da autonomia coletiva;

4 – concordância quanto à necessidade de revisão e aprimoramento do papel e das

atribuições da Justiça do Trabalho.

É importante advertir, desde já, que o centro de gravidade do conjunto de

reformas propostas pelo Governo Lula, especialmente em seu primeiro mandato, será

a reforma sindical, a qual, por determinação do Presidente, deveria ter precedência

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sobre a trabalhista, com o que indicava uma clara mudança de posicionamento em

relação ao Governo FHC. Quanto ao ponto 1, diagnosticado pelo CDES, é importante

sublinhar que houve unanimidade no reconhecimento do “anacronismo do sistema

brasileiro de relações de trabalho”. A fim de dar rápida resposta a esse desafio, o

governo cria logo em seguida o Fórum Nacional do Trabalho, sob a coordenação do

Ministério do Trabalho e Emprego, composto por cerca de 600 representantes do

governo, de trabalhadores e de empregadores, além de incluir representantes do

campo do direito do trabalho, como advogados, procuradores e juízes do trabalho.

Seus objetivos são: “promover a democratização das relações de trabalho por meio da

adoção de um modelo de organização sindical baseado em liberdade e autonomia; e

atualizar a legislação do trabalho e torná-la mais compatível com as novas exigências

do desenvolvimento nacional, de maneira a criar um ambiente propício à geração de

emprego e renda”.

Logo em suas primeiras reuniões, o FNT define as seguintes diretrizes para o

debate da reforma trabalhista:

1 – manter a visão sistêmica das relações de trabalho, os princípios do Direito do

Trabalho e, com isso, os princípios gerais do direito como norteadores da aplicação,

interpretação e integração da legislação do trabalho;

2 – atualizar os dispositivos da CLT ainda considerados pertinentes com as condições

políticas e sócio-econômicas;

3 – revogar dispositivos incompatíveis com o novo sistema de relações do trabalho;

4 – introduzir dispositivos pertinentes à Declaração dos Direitos Fundamentais da OIT,

especialmente quanto à repressão ao trabalho escravo e ao trabalho infantil;

5 – incorporar ao texto normativo os avanços jurisprudenciais na aplicação,

interpretação e integração do Direito do Trabalho;

6 – acrescer novas disposições legislativas coerentes com o sistema de relações de

trabalho e com as premissas da legislação trabalhista52.

A articulação entre o diagnóstico formulado pelo CDES e as diretrizes traçadas

pelo FNT deixam evidente que o espírito reformista do Governo Lula pretendia se

distinguir do Governo FHC, fundamentalmente pelo respeito ao princípio da integridade

52 - Informações extraídas em artigo de Edésio Passos, intitulado “Diretrizes Fixadas pelo FNT” (Diap, 2005, disponível em www.diap.org.br).

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do Direito do Trabalho. Esse legado da era Vargas podia e deveria ser agora

reapropriado, mas não destruído como teria pretendido o governo anterior.

O ponto culminante do trabalho do FNT foi o da elaboração de uma proposta de

reforma sindical, da qual trataremos adiante, quando nos debruçarmos sobre o Artigo

8º. Mas, como a reforma sindical foi, como já observamos, interditada por uma ampla

resistência tanto no Congresso quanto na vida sindical, a decisão de fazer com que ela

precedesse à reforma trabalhista acabou por arrefecer o intuito reformista do Governo

Lula nessa matéria. Por outro lado, também é verdade, como as primeiras reuniões do

Fórum já evidenciavam, que seria muito difícil construir consensos em torno de pontos

controvertidos que, de algum modo, remetiam à flexibilização das relações de

trabalho53. O fato é que, conforme veremos na análise do Artigo 7º, no que se refere às

relações de trabalho, o governo não chegou a propor um conjunto de medidas

reformistas sistemáticas, optando por uma ação tópica e fragmentada54.

Diversamente do procedimento adotado a respeito do período FHC, no caso da

análise do Governo Lula vamos abordá-lo em uma única seção, isto porque o período

coberto pela pesquisa vai até dezembro de 2008, quando se encerrava a metade de

seu segundo mandato.

53 - Uma boa síntese dessa dificuldade de acordo entre empresários e trabalhadores é feita por José Ricardo Ramalho. Para ele, “a participação do país em uma economia globalizada acaba tendo sentidos diferentes para os envolvidos nas questões sobre o trabalho inscritas na Constituição”. No caso dos empresários, afirma o autor, “a pressão da competição e as novas estratégias produtivas demandam a adoção de relações de trabalho flexíveis com vistas a novos padrões de produtividade”, e no caso dos trabalhadores, “as mudanças no perfil do emprego e a precarização das relações de trabalho põem em xeque as estratégias sindicais constituídas em outros contextos de emprego de longo prazo”. E conclui, “sindicatos na defensiva parecem ser a marca desses anos de flexibilização” (José R.Ramalho, “Trabalho, Direitos Sociais e Sindicato na Constituição”, In: Ruben G. Oliven, Marcelo Ridenti e Gildo Marçal Brandão (orgs), A Constituição de 1988 na Vida Brasileira, Editora Hucitec, São Paulo, 2008, pgs 148-149). 54 - Em entrevista concedida ao Jornal O Estado do Paraná a respeito do FNT, o então Ministro Jacques Wagner afirmou que o Forum deveria ser o lugar de construção do consenso, mas que as reformas não eram sua prioridade, que era a “agenda positiva da economia solidária (cooperativas, empresas familiares, etc)”, o “primeiro emprego para a juventude e a erradicação do trabalho infantil” (informação extraída de artigo de Edesio Passos, intitulado “Pontos Iniciais sobre a reforma”, Diap, 2003, disponível em www.diap.org.br).

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VII.1 O Artigo 7º no Governo Lula

No que diz respeito ao Artigo 7º no período em questão, o primeiro fato relevante

a ser destacado é a aprovação da Emenda Constitucional No 53/2006, que altera

diversos artigos da Constituição que tratam da educação básica e que,

incidentalmente, afeta o Artigo 7º, produzindo uma pequena alteração em seu Inciso

XXV, ao reduzir de 6 para 5 anos a idade dos filhos e dependentes com direito à

assistência gratuita em creches e pré-escolas.

Como temos afirmado ao longo deste relatório, o estudo do plano específico das

PECs constitui um interessante terreno para a observação da construção e da

delimitação das prioridades da agenda política, para além das ações do Poder

Executivo. Para analisar as 17 PECs propostas entre 2003 e 2008 e que têm como

alvo o Artigo 7º, é necessário, primeiro, uma retificação nos dados: a PEC 66/03 é

apenas uma reapresentação da PEC 32/03; e o mesmo se aplica às PECs 152/03

(reapresentação da PEC 125/03) e 194/07 (reapresentação da PEC 169). Portanto, são

de fato 14 PECs e não 17. Dessas 14 PECs, nenhuma foi proposta pelo Poder

Executivo. Oito foram apresentadas por parlamentares de partidos de esquerda (5 do

PT, e os demais do PC do B, PPS e PDT), e seis por parlamentares de partidos de

direita (2 do PFL55 e os demais do PTB, PL, PRB e PP).

Entre as PECs propostas pelos partidos de esquerda, sobressaem os seguintes

temas: proibição de discriminação por motivos diversos como orientação sexual, crença

religiosa, etc, nas relações de trabalho (PECs 66/03 e 392/05); redução da jornada de

trabalho e criação de jornada diferenciada para serviços prestados e estabelecimentos

prisionais (respectivamente, PECs 270/04 e 497/06); ampliação da licença à gestante e

garantia de estabilidade no emprego ao pai de família, cuja esposa esteja grávida

(respectivamente, PECs 30/07 e 114/07); alteração do prazo prescricional para

trabalhadores urbanos e rurais (PEC 175/03); e reconhecimento dos contratos coletivos

de trabalho (PEC 314/04).

Como é fácil constatar, as PECs propostas pelos partidos de esquerda estão

francamente orientadas para a ampliação de direitos.

Quanto às PECs propostas por parlamentares de partidos de direita, duas

propõem a redução da idade para que o adolescente possa trabalhar (PECs 152/03 e

55 - Em 2007, o PFL se transformaria no DEM (Democratas).

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268/08); outras duas propõem a vinculação dos reajustes dos benefícios da previdência

social ao salário mínimo (PECs 490/05 e 194/07); e as duas restantes tratam dos

seguintes temas: a 365/05, propõe a introdução de um novo inciso no Artigo 7º, com a

criação de um prazo de até 90 dias de imunidade de juros e da interrupção dos

serviços de luz e de água para o trabalhador de baixa renda que atrasar o pagamento;

e a 494/06 a concessão de licença para pais de filhos adotivos.

Assim é que, até certo ponto, as PECs propostas pela direita também estão

orientadas para a ampliação de direitos, em especial no que se refere aos aposentados

e à licença dos pais para filhos adotivos. Quanto à questão da redução da idade do

adolescente apto ao trabalho, remete a um debate doutrinário bastante demarcado

politicamente acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente.

De todo modo, o que um balanço mais geral das PECs propostas no período

Lula autoriza afirmar é que em nenhuma delas estão em jogo propostas que pretendam

alterar pontos fundamentais do Artigo 7º. Ora, considerando que as PECs são um lugar

estratégico para a análise da força de um determinado artigo constitucional, o que

esses 20 anos de análise das PECs em torno do Artigo 7º deixa empiricamente

evidente, é que ele de fato goza de sólido consenso na vida política nacional, pois não

apenas não sofreu emendas importantes ao longo desse período, mas mais do que

isso, não foi, salvo por algumas poucas exceções, frontalmente questionado no

parlamento.

Ao longo dos seis anos de Governo Lula ora analisados, foram aprovadas 11

leis que cuidam, direta ou indiretamente de questões afetas ao Artigo 7º, das quais 7

originalmente propostas pelo Poder Executivo, um índice bem superior ao verificado

nos governos anteriores nesta matéria, sendo que quatro através de MPs.

É interessante observar que tais leis oriundas da iniciativa do Executivo só

indiretamente produzem mudanças significativas nas relações de trabalho. É o caso da

Lei 10.748/03, que cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os

Jovens, e da Lei 10.940/04, que a altera e acrescenta dispositivos. Apesar de voltadas

para a “promoção da inserção dos jovens no mercado de trabalho”, essas têm sido

lembradas pelos críticos como uma iniciativa que incentiva a flexibilização, na medida

em que admite a figura do contrato por tempo determinado de, no mínimo, 12 meses

para jovens entre 16 e 24 anos56. O mesmo se aplica à Lei 11.196/05, que tem como

56 - Sobre isso, ver Galvão (2007, op.cit., p.9).

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objetivo principal regulamentar tributos em um amplo leque de aspectos relacionados à

tecnologia, serviços e exportação, mas que, segundo os críticos, também converge na

direção da flexibilização, ao permitir a contratação de prestadores de serviços na

condição de pessoas jurídicas57. E é o caso também da Lei 11.457/07, que dispõe

sobre a administração tributária federal, denominada “Super-Receita” e que, apesar de

ter como objeto central a reestruturação de diversos aspectos da receita federal, atinge

os direitos dos trabalhadores, na medida em que reduz a fiscalização sobre a

existência de vínculos empregatícios entre empresas constituídas por uma só pessoa e

a empresa que contrata seus serviços.

E, ainda, da Lei Complementar 123/06, também conhecida como Estatuto

Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte que, segundo Andréia

Galvão, “cria condições para flexibilizar o pagamento de alguns direitos trabalhistas, na

medida em que dispensa as empresas [micro e pequenas empresas] da fixação de

quadro de avisos e da anotação de férias em seus livros de registro, o que impede a

verificação do cumprimento dos direitos por parte da empresa”58. A. Galvão lembra,

ainda, que o próprio Presidente Lula consideraria esta lei uma “pequena reforma

trabalhista, na medida em que as empresas vão pagar menos na sua folha de

pagamento”59.

As duas outras leis originalmente propostas pelo Executivo são a 11.324/06, que

introduz a dedução de imposto de renda para o empregador que recolhe INSS do

empregado doméstico; e a Lei 11.603/07, que altera a Lei 10.101/00 que trata do

trabalho aos domingos e feriados nas atividades do comércio em geral.

Portanto, a produção normativa animada pelo Executivo, na área afeta ao Artigo

7º, não se propõe a reverter a flexibilização implementada pelo governo anterior, e,

57 - De acordo com João José Sady, “a prática nefasta de obrigar os trabalhadores de melhor renda a constituir pessoa jurídica para a prestação de seus serviços foi estimulada indiretamente pelo governo, através do veto ao parágrafo único do artigo 129 da Lei 11.196/05”. O dispositivo vetado, explica Sady, “ressalvava expressamente que o conteúdo do caput não poderia ser utilizado para descaracterizar relação de emprego” (artigo intitulado “Retrospectiva: a legislação trabalhista em 2005”, Diap, 2005, disponível em www.diap.org.br). 58 - De acordo com Antonio Augusto Queiroz, o PLP nº 123/2004, de autoria do deputado Jutahy Junior (PSDB/BA), o anteprojeto do Sebrae, e o PLP 125/2004, do deputado Eduardo Paes (PSDB/RJ), que deram origem ao substitutivo do relator, só cuidavam dos aspectos tributários, fiscais, de desburocratização e de favorecimento às empresas de pequeno porte na aquisição de bens e serviços pelo governo. No entanto, o Projeto de Lei, do Poder Executivo, anexado ao PLP 123, introduziu outras matérias, especialmente as de natureza trabalhista (extraído do artigo intitulado “Direitos Trabalhistas Ameaçados”, in Informe Andes Online, dezembro de 2006, disponível em http://www.andes.org.br/Informandes19.12.06-pag1.htm). 59 - Galvão (2007, op.cit., pgs 10 e 11).

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sim, ao contrário, de forma sempre pontual, dar seguimento ao processo de reforma

lenta e gradual das relações de trabalho.

Entre as demais leis aprovadas pelo Presidente Lula que não foram oriundas de

iniciativa do Executivo, três foram originalmente propostas por parlamentares de

esquerda, e dois por parlamentares de direita. Entre as propostas pela esquerda, a Lei

10.673/03, oriunda de PL de parlamentar do PC do B, dispõe sobre o exercício da

profissão do médico veterinário; a Lei 11.770/08, proposta por parlamentar do PDT, cria

o programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade

mediante incentivo fiscal; e a Lei 11.788/08, também originária de PL proposto por

parlamentar do PDT, regulamentando o estágio de estudantes.

Uma lei foi originalmente proposta por parlamentar de um partido de direita, o

PFL: Lei 11.644/08 que altera o Artigo 442 da CLT, estabelecendo que “o empregador

não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo

superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade”.

Passemos, agora, à análise dos projetos de lei propostos durante as duas

legislaturas que acompanham os seis anos do governo Lula. A pesquisa identificou 36

projetos de lei referidos ao Artigo 7º, dos quais apenas cinco propostos pelo Executivo,

entre esses, três foram convertidos em lei no período analisado, e, por isso, dispensam

comentários60. Os outros dois são: PL 536/2007, que trata da regulamentação do

código tributário nacional, mas que tem uma interface com matéria do Artigo 7º, no que

se refere à fiscalização das empresas quanto às obrigações trabalhistas, e o PL 1/07,

que estabelece diretrizes para a valorização do salário mínimo.

Este último projeto merece ser destacado, pois pretende formalizar uma política

salarial que o Presidente Lula já havia colocado em prática desde um acordo assinado

em dezembro de 2006 com as centrais sindicais. Com o acordo, o cálculo para o

reajuste do salário passou a levar em conta não apenas a inflação, mas também a

variação do Produto Interno Bruto (PIB) nos anos anteriores. Além disso, prevê a

antecipação da data-base de sua correção a cada ano, até ser fixada em janeiro a

partir de 2010. O referido PL também propõe uma política permanente de valorização

do salário mínimo até 2023, estabelecendo, em seu Artigo 5º, a criação de um grupo de

trabalho, sob a coordenação do Ministério do Trabalho e do Emprego, composto por

representantes do Governo Federal, das centrais sindicais de trabalhadores e da

60 - São eles: PL 1.394/03, convertido na Lei 10.748/03; PLP 210/04, na Lei Complementar 123/06; e PL 6.272/05, na Lei 11.457/07.

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classe patronal com o objetivo de “definir e implementar sistemática de monitoramento

e avaliação da política de valorização do salário mínimo”.

Entre os PLs apresentados por parlamentares, chama a atenção o fato de que

12 dos 31 tenham sido propostos por parlamentares de direita, 12 pelos de esquerda,

enquanto os de centro respondem por 7. Quando se compara esse dado com o

verificado nos governos Collor/Itamar, e nos dois governos FHC, constata-se uma

prevalência da esquerda nesta matéria, não deixando de ser, portanto, intrigante o alto

número de PLs acerca de aspectos afetos ao Artigo 7º propostos pela direita em um

governo comandado por um partido de esquerda61. Contudo, a análise desses PLs

será esclarecedora quanto ao significado desses dados.

Entre os PLs dos partidos de direita, 9 são do PFL, 2 do PL e 1 do PPB62, e a

análise desses PLs indica que suas propostas se concentram basicamente em dois

temas: a criação de mecanismos de incentivo fiscal para a contratação de aprendizes e

de jovens, e aí se inclui o PL 162/03, único deles convertido em lei (11.644/08) até o

fechamento da pesquisa, e que trata da proibição da exigência de comprovação de

experiência prévia por parte do empregador; e o tema da regularização das

cooperativas e da terceirização de prestação de serviços. Os dois temas, como vimos

ao longo desses 20 anos de análise, têm sido uma tônica na ação parlamentar da

direita, reunindo as bandeiras do fomento à geração de emprego às políticas de

incentivo fiscal e de flexibilização e até, em alguns casos, de eliminação dos encargos

trabalhistas, como ocorre com as cooperativas.

Há, ainda, um PL (248/03 – PFL), que dispõe sobre o trabalho temporário de

jornada reduzida (até o encerramento da pesquisa, ainda tramitava no Congresso).

Entre os sete PLs dos partidos de centro, dois PLPs (179/04 e 414/08),

propostos por parlamentares do PSDB se destacam por estarem justamente

defendendo a regulamentação do Inciso I, do Artigo 7º, que trata da demissão

arbitrária. Ambos estão tramitando em conjunto com o PLP 33/88.

Entre os outros cinco PLs propostos por parlamentares de partidos de centro,

três são do PMDB, e dois do PSDB. O PL 142/03 e o PL 951/03, ambos de

61 - Cabe lembrar: os parlamentares da legislatura dos governos Collor/Itamar apresentaram 9 PLs, dos quais 5 da esquerda e 4 do Centro; os do primeiro governo FHC, apresentaram 9 PLs, 3 de cada corrente ideológica; e os da legislatura do segundo governo FHC, 17 PLs, dos quais 11 de esquerda, 5 de direita e 2 do centro. 62 - Todos os PLs do PFL foram propostos em 2003, são eles: 162/03, 240/03, 248/03, 333/03, 427/03, 439/03, 692/03, 813/03 e 1.099/03. Os PLs 814/03 e 4.330/04 foram apresentados pelo PL; e o 917/03 pelo PPB.

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parlamentares do PSDB, a exemplo de parcela dos PLs dos partidos de direita, tratam

da questão da cooperativa, propondo a revogação do parágrafo único do artigo 442 da

CLT, que tinha sido criado por lei de 1994, e que estabelece que não existe vínculo

empregatício entre a cooperativa e seus associados, e nem entre estes e os tomadores

de serviço da cooperativa. Ambos os PLs ainda estavam tramitando no Congresso, e a

questão por eles tratada, conforme veremos adiante, também será abordada por outros

PLs propostos pela esquerda.

O PL 5.439/04, de parlamentar do PMDB, também trata do Artigo 442 da CLT,

propondo transformar em norma positiva jurisprudência já firmada pelo TST quanto à

terceirização, com a criação de um Art. 442-A, que estabeleça que “salvo nos casos de

trabalho temporário, serviços de vigilância, conservação e limpeza, é vedada a

contratação de trabalhador por empresa interposta, formando-se o vínculo

empregatício diretamente com o tomador dos serviços”. Quando do fechamento da

pesquisa, o projeto ainda estava tramitando no Congresso.

O PL 1.259/03, também de parlamentar do PMDB, trata de tema caro aos

partidos de direita, a saber, o incentivo ao primeiro emprego – foi arquivado. E o PL

1.312/07, também do PMDB, dispõe sobre a criação de nota fiscal emitida por

trabalhador avulso. Ainda estava tramitando no Congresso.

Já entre os partidos de esquerda, o PT responde por 7 PLs, o PPS por 3, e o

PDT por 2. Desse total de 11 PLs, os dois do PDT foram convertidos em lei no período

analisado e, por isso, dispensam comentários, a saber: o PL 2.419/07, convertido na

Lei 11.788/08, conhecida como a “Lei do Estágio”; e o PL 2.513/07, transformado na

Lei 11.770/08, que cria o programa Empresa Cidadã.

Entre os demais, dois tratam do cálculo do benefício previdenciário (PLs 296/03

e 3.299/08), dois de direitos de minorias (o PL 6.668/06 trata da proteção da

gestante/lactante em face de trabalhos insalubres, e o PLP 385/06 da proteção de

portadores de hepatite em face da despedida arbitrária)63.

O PL 1.293/03 aborda a controvertida questão do cooperativismo. E o PL propõe

a revogação do parágrafo único do Artigo 442 da CLT, e a justificativa apresentada

pela autora da proposta, a Deputada Dra Clair do PT/PR, põe em evidência o dilema

que a questão do cooperativismo encerra para quem, como ela, pensa a questão a

partir de uma perspectiva de esquerda:

63 - Projeto de Lei Complementar ao Artigo 10 do ADCT, que estabelece a necessidade de lei complementar ao inciso I do Artigo 7º , que trata da proteção contra demissão arbitrária.

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O legislador, pretendendo registrar a inexistência de vínculo empregatício entre cooperativa e seus associados e entre os tomadores de serviço e os associados daquela, aprovou a Lei nº 8.949 de 9 de dezembro de 1994, que acrescentou o § único ao artigo 442 da CLT, prevendo que ” qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Contudo, referido preceito legal tem provocado, ao revés da boa intenção do legislador, diversas interpretações, muitas das quais servindo de suporte para iniciativas inescrupulosas, no sentido de fraudar a legislação trabalhista e, por conseqüência, usurpar do hiposuficiente os seus direitos basilares. Tal deformação tem-se verificado principalmente com o trabalhador rural, o que torna a situação ainda mais grave, na medida em que o acesso ao judiciário é mais difícil e a precariedade das relações de trabalho se evidenciam muito mais. Estas são as razões pelas quais entendemos deva ser revogado o § único do artigo 442 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Há dois PLs propostos por parlamentares do PPS que chamam a atenção por

formularem propostas convergentes com pontos do programa da direita. O PL 564/03,

que propõe a instituição de incentivo fiscal às empresas que ofereçam vagas para

estágio na faixa etária dos 15 aos 24 anos; e o PL 4.059/08, que, segundo justificativa

do Deputado Eduardo Moura (PPS/MT), pretende “ampliar a contratação de prestação

de serviços”, postulando que o que define sua natureza é a existência ou não dos

requisitos do contrato de trabalho (pessoalidade, não eventualidade, subordinação e

onerosidade), e não a sua condição de “atividade-meio ou atividade-fim”.

Os três outros PLs da esquerda merecem uma atenção especial. O PL

1.987//07, fruto de um notável esforço realizado pelo Deputado Candido Vaccareza

(PT/SP), apresenta a proposta de uma nova CLT, e sua justificativa contém pontos que

devem ser destacados64. Na contextualização que o parlamentar faz da CLT, apresenta

uma interpretação que, de certo modo, encerra uma leitura consensual do PT e, do

próprio governo a seu respeito:

“Apesar do contexto histórico indicar ser a CLT um documento “paternalista” e de controle, o que se tem na verdade é um documento que reúne reais reivindicações dos trabalhadores, aliado a mecanismos fiscalizatórios e burocráticos que engessam o desenvolvimento das relações de trabalho e a ampla liberdade do trabalhador em se organizar, mas que representou, na época, um salto nas relações entre Capital e Trabalho.”

Em seguida, Vaccareza lembra que os 922 artigos da CLT já tinham sofrido mais

de 200 alterações (“mais de 20% de seus dispositivos foram alterados”) ao longo de

seus mais de 60 anos de existência, e que “leis extravagantes também foram

64 - A referida proposta, informa o Deputado, trata apenas dos direitos materiais trabalhista, deixando de fora o direito processual trabalhista.

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expedidas para regulamentar as novas relações de trabalho que surgiram, mas a CLT

continua a ser o principal documento regulatório e de proteção das relações individuais

e coletivas de trabalho”. O Parlamentar defende que a importância da nova CLT “não

reside apenas em tornar mais acessível à população o ordenamento jurídico ou ter

sistematizado o regramento em pauta, mas significa principalmente, a conquista de

uma segurança jurídica libertadora e respeito ao Estado de Direito Democrático”. E

que a “existência de uma nova ordem constitucional implica, simultaneamente, na

recepção do ordenamento jurídico infraconstitucional pré-existente que esteja em

consonância com a Carta Política Maior, bem como na revogação das disposições que

sejam com ela incompatíveis”.

A título de exemplo de como a Constituição de 88 “desenhou uma profunda

alteração nos fundamentos de validade da CLT”, Vaccareza discorre sobre a proteção

dos empregados contra a despedida arbitrária, lembrando que até 1966 a proteção dos

empregados contra a despedida arbitrária, sem justa causa, estava regulada

exclusivamente pela CLT e, que, com a Lei 5.107/66, que cria o FGTS, o empregado

passa a poder optar por dois regimes, mas que na prática as empresas passaram a

impor a opção pelo regime do FGTS. Posteriormente, com o Artigo 10 do ADCT, que

impôs que a indenização por despedida sem justa causa fosse regulamentada por lei

complementar, e que enquanto não ocorresse a expedição da lei aplicar-se-ia o

disposto na Lei do FGTS, de 1966, multiplicado por quatro, como forma de

indenização. Em 1989, informa o Parlamentar, a Lei 5.107/66 foi revogada pela Lei

7.839/89 que, por sua vez, foi expressamente revogada pela Lei 8.036/90, mas a lei

complementar específica exigida pela Constituição não foi expedida até o momento.

Tal situação, conclui Vaccareza, estaria gerando “dúvidas quanto à validade de

dispositivos da CLT” que, como no exemplo em tela, não “foram recepcionados pela

Constituição”. Com a nova CLT, acredita Vaccareza, será possível “resolver questões

como esta, poupando o trabalhador das intermináveis buscas sobre qual o

ordenamento válido”. Além disso, “milhares de processos judiciais que se arrastam há

anos baseados na incerteza sobre a eficácia ou validade de determinadas normas,

poderão ser extintos por perda do objeto”. De acordo com o sítio do Congresso

Nacional, o projeto estava pronto para a pauta, mas ainda não tinha sido votado.

Os outros dois PLs da esquerda são os PLPs 8/2003 e 289/08. Propostos,

respectivamente, por parlamentares do PT e do PPS, tratam exatamente do problema

da demissão imotivada, e pretendem regulamentar o Inciso I do Artigo 7º. Estes PLPs

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retomam questão aberta logo após a promulgação da Constituição, com o PL 33/88. De

acordo com a proposta do Deputado Augusto Carvalho (PPS/DF), autor do PLP

298/08, “o empregado não poderá sofrer demissão imotivada, entendendo-se como tal

a que não se fundar em falta grave ou relevante motivo econômico”. Em sua

justificativa, Carvalho sustenta que:

A estabilidade, consagrada no art. 492 da Consolidação das Leis do Trabalho, apenas garantia a vantagem a partir do décimo ano de prestação de serviços e, por isso, devia ser aprimorada. Em vários países encontram-se consagrados sistemas jurídicos de proteção contra a demissão imotivada, em legislações ou convenções coletivas. Esse é o nosso propósito, de forma a atender justas e antigas reivindicações da sociedade brasileira, que restringe a duas as causas da possibilidade de dispensa do empregado: falta grave; e relevante motivo econômico. Sendo o emprego o que há de mais fundamental para o cidadão, pois é sua própria fonte de vida e sobrevivência familiar, a rescisão contratual deve ser cercada de proteção, só se admitindo a dispensa em condições excepcionais.

Enquanto os dois PLPs encontravam-se sob a apreciação do plenário, o

Presidente Lula envia ao Congresso a Mensagem 59/08, reenviando ao Congresso

Nacional o texto da Convenção 158 (OIT), que, como vimos na análise do primeiro

Governo FHC, já tinha sido aprovada anteriormente pelo Congresso, e ratificada por

decreto presidencial, mas logo depois invalidada por uma Adin e em seguida

denunciada por um outro decreto do então Presidente FHC. Para esta reapresentação,

o Ministro do Trabalho informa em sua exposição de motivos, que “por iniciativa do

Ministério do Trabalho e do Emprego, realizou-se em outubro de 2007 consulta à

Comissão Tripartite de Relações Internacionais daquele órgão sobre o

encaminhamento a ser dado à referida Convenção”. E que várias centrais sindicais,

entre elas CUT, CGT, Força Sindical, Social Democracia Sindical, Central Autônoma

dos Trabalhadores, e CGTB “manifestaram posição favorável ao reexame do assunto”.

A Mensagem também se encontra em tramitação no Congresso, mas obteve

parecer contrário do Deputado Julio Delgado (PSB/MG). Delgado argumenta que o

sistema de proteção ao trabalhador já é consistente, contando com 4 pilares: aviso

prévio, indenização de 40% sobre o saldo do FGTS, o próprio FGTS e o seguro-

desemprego. “Hoje, nosso país, por meio do FGTS (criado justamente para substituir o

mecanismo de estabilidade, análogo ao proposto pela Convenção 158), da multa

rescisória e do seguro desemprego, já conta com um sistema mais eficiente do que o

proposto pela Convenção. É mais simples, menos conflitivo, com benefícios para o

empregador e para o empregado”.

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Observa, ainda, que a adoção da Convenção comprometeria a empregabilidade.

Em suas próprias palavras, constantes de seu parecer: “fechando-se a porta de saída,

fecha-se a porta de entrada. Ao burocratizar o processo e aumentar as despesas, as

empresas evitarão contratar novos trabalhadores, comprometendo, assim, a geração

de novos empregos”. Em seguida, lembra que a matéria já havia sido abordada pelo

STF em reação à Adin 1480 – anteriormente analisada – que havia decidido duas das

mais graves questões pertinentes à matéria, uma de forma e outra de mérito, a saber:

1) o texto da Convenção não pode substituir a lei complementar prevista na Constituição em seu Art.7º , inciso I; e 2) que a própria lei complementar, quando editada, não poderá alterar a garantia de indenização compensatória na dispensa sem justa causa e nem introduzir procedimentos que levam à reintegração e estabilidade.

O fato de ser de um partido de esquerda, que faz parte da aliança

governamental, e a eloqüência do parecer, tornaram o caminho mais difícil para a

aprovação da mensagem, mas não encerrou a questão, até porque ela se transformou

em uma das principais bandeiras do movimento sindical desde 2008.

Examinando, agora, as Adins, a pesquisa identificou quatro Adins questionando

normas referidas ao Artigo 7º. A Adin 3347/04, movida pela entidade patronal

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil contra a Portaria nº 540/04, do

Ministério do Trabalho e Emprego. A requerente alega que o MTE criou “autoritário e

ilegal cadastro de empregadores que, no entender daquele Ministério, tenham mantido

empregados em condições análogas à de escravo”. A Adin ainda aguardava

julgamento.

A Adin 3975/07, da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio,

questiona a MP 388 (que dá origem à lei 11.603/07, que trata do trabalho aos

domingos). Nela, a requerente alega que a MP subtrai direitos dos comerciários. A

informação constante do sítio do STF é a de que ainda estava aguardando julgamento.

Mas como a MP se transformou em lei, pode-se deduzir que a referida Adin perdeu o

objeto. Já a Adin 4027/08, proposta pelo PSOL, e que tem como alvo a própria Lei

11.603/07. As alegações do requerente são idênticas às da Adin anterior, ao sustentar

que a lei fere o Inciso XV do Artigo 7º, que assegura repouso semanal remunerado,

preferencialmente aos domingos. Em seu despacho, de fevereiro de 2008, o relator,

Ministro Eros Grau, reconhece a “indiscutível relevância” da hipótese sustentada pela

Adin, mas defende que a decisão seja tomada “em caráter definitivo, e não nesta fase

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de análise cautelar”. Até o momento em que finalizamos esta pesquisa, a Adin ainda

estava aguardando julgamento.

A quarta Adin é a de No 4020, proposta pela Confederação Nacional dos

Trabalhadores Metalúrgicos, contra o Art. 192, caput, da CLT. O citado artigo vincula o

pagamento de adicional por insalubridade ao salário mínimo, o que, de acordo com a

requerente, feria o Inciso IV do Artigo 7º, que estabelece que “é vedada sua [salário

mínimo] vinculação para qualquer fim”. Ainda de acordo com a requerente, apesar de

contrariar o texto constitucional o Artigo 192 ainda servia de base para a jurisprudência

adotada no TST. Por isso, pedia que o STF considerasse inconstitucional a palavra

“mínimo” constante do texto da CLT. Ao acompanhar o andamento processual da

referida Adin, verifica-se que seu relator, Ministro Joaquim Barbosa, admitiu o ingresso

no processo da Confederação Nacional da Indústria na condição de amicus curiae.

Como no caso da Adin 4027, acima comentada, nessa também o relator sustenta que a

matéria deve ser decidida em caráter definitivo e não em fase cautelar. Até o

encerramento desta pesquisa, ainda aguardava julgamento.

Finalmente, quanto à produção normativa discricionária do Executivo, a pesquisa

identificou 4 MPs atinentes ao Artigo 7º, todas convertidas em leis, anteriormente

analisadas65. Identificou, também, três decretos: o Decreto 4.796/2003, que cria o

Fórum Nacional do Trabalho; o Decreto 5.598/05, que regulamenta a contratação de

aprendizes; e o Decreto 6.841/08, que aprova a lista das “Piores Formas de Trabalho

Infantil”, de acordo com o disposto na Convenção 182 da Organização Internacional do

Trabalho - OIT, aprovada pelos já citados Decreto Legislativo Nº 178/99 e promulgada

pelo Decreto Nº 3.597/00. E a já comentada Mensagem 59/08, que submete à

apreciação do Congresso os textos da Convenção 158.

No tocante ao Artigo 7º, o balanço que se pode fazer dos seis anos do governo

Lula é o de que foi bastante parcimonioso, atacando somente de forma lateral aspectos

referidos à relação entre capital e trabalho, como se viu no caso da Lei Geral da Micro

e Pequena Empresa, e na da Super-Receita. Não procurou reverter ações

flexibilizadoras anteriores, limitando-se apenas a retirar de pauta do Congresso

propostas de lei feitas pelo governo anterior e que tinham claro sinal flexibilizador66.

65 - São elas: MP 186, convertida na Lei 10.940/04; MP 255, na Lei 11.196/05; MP 284, na Lei 11.324; e MP 388, na Lei 11.603/07. 66 - Em análise feita em 2009, em meio à crise econômica que atinge a economia mundial, José Dari Krein sustenta que “apesar dos avanços de alguns indicadores do mercado de trabalho no período pré-crise, o processo de flexibilização não sofreu alteração substantiva, e em aspectos importantes ela

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Animou, por outro lado, e de forma discricionária, uma nova política do salário mínimo,

ao mesmo tempo em que transferiu para o Congresso a incumbência e o custo político

de avaliar a questão da estabilidade do emprego, nos termos da Convenção 158 da

OIT.

VII.2. Os Artigos 8º e 11 no Governo Lula

No Governo Lula o debate sobre a reforma sindical volta à tona com grande

força. O melhor termômetro disso é que logo nos dois primeiros anos de governo, entre

2003 e 2004, são apresentadas ao Congresso Nacional 4 PECs referidas aos Artigos

8º e 11. A PEC 29/03, apresentada por parlamentar do PT, postula, entre outras

propostas, o reconhecimento pleno das centrais sindicais e das organizações nos

locais de trabalho, a eliminação da unicidade sindical, e a valorização da solução

negociada dos conflitos, com a participação das centrais ou através da mediação e da

arbitragem. Além disso, prevê a eliminação gradual da contribuição sindical

compulsória. A esta PEC será apensada a PEC 121/03, que é uma nova versão da

PEC 108/2003, ambas de um mesmo parlamentar do Partido Liberal. Apesar de

apresentada por parlamentar de um partido que, no espectro político brasileiro se situa

à direita, essa PEC converge com a PEC 29 em dois pontos fundamentais: extinção da

contribuição sindical obrigatória e fim da unicidade sindical.

A PEC 314/04, também proposta por parlamentar do PT, pretende alterar

diversos artigos da Constituição. Em relação ao Artigo 8º, propõe uma nova redação

para o Inciso I, na qual fique claro que a lei não poderá exigir autorização do Estado

para a fundação de sindicato. Além disso, propõe a supressão do Inciso II, Artigo 8º,

que estabelece a unicidade sindical, deixando, com isso, a questão para a legislação

infraconstitucional. E, ainda, postula a inclusão de um novo inciso, assegurando que

ninguém será prejudicado, especialmente mediante dispensa imotivada, em virtude de

sua condição de representante dos trabalhadores, filiação a sindicato ou participação

em atividades do mesmo. A PEC também propõe alteração no Artigo 11, assegurando

continua avançando”. Em seguida, o autor chama a atenção para o fato de que a “a crise evidencia como é flexível, do ponto de vista formal, o nosso sistema de relação de trabalho”, sintetizando em seis itens as alternativas disponíveis ao empregador para ajustar a quantidade de trabalho às necessidades de produtivas, são elas: “a simples demissão sem precisar justificar; a redução da jornada e do salário em até 25%; as férias coletivas; o banco de horas; a suspensão do contrato por um período de até 5 meses; e a utilização de horas extras” (“A Crise e suas Implicações para o Sindicalismo e a Negociação Coletiva”, Seminário União Geral dos Trabalhadores, Brasília, 2009, mimeo, pgs 15 e 19).

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que a representação por local de trabalho em todas as empresas, independentemente

do número de trabalhadores, estabelecendo ainda que o número de representantes

não seja inferior a dois para uma empresa com até 50 trabalhadores.

De sua parte, o Poder Executivo também trata a reforma sindical como uma de

suas prioridades. No âmbito do Fórum Nacional do Trabalho (FNT), de agosto de 2003

a março de 2004, representantes de trabalhadores, governo e empregadores discutem

a elaboração de uma proposta consensual. Os membros das bancadas de

trabalhadores e empregadores são indicados, respectivamente, pelas principais

centrais sindicais – CUT, Força Sindical, SDS, CAT, CGT E CGTB – e pelas

confederações de empregadores – CNI, CNC, CNT, CNF e CNA. As confederações de

trabalhadores se consideraram excluídas do processo, e, como resposta, criaram o

Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), a fim de discutir e expressar seus

desacordos com as propostas resultantes do FNT67.

Os trabalhos do Fórum culminam na elaboração da PEC, 369/05, e de um

anteprojeto de lei de relações sindicais, cuja tramitação estava condicionada à

aprovação dessa PEC. A proposta postulava alterações nos Artigos. 8° e 11º. Além

disso, com o objetivo de viabilizar a negociação coletiva no serviço público por meio de

lei específica, adaptando-a aos postulados de liberdade sindical no âmbito da

Administração, fazia-se acréscimo ao inciso VII do art. 37 da Constituição Federal.

A PEC e o anteprojeto propõem mudanças no modelo de organização sindical,

de negociação coletiva e de solução de conflitos no trabalho. Na prática, o que se

pretendia era o fim da unicidade sindical para novos sindicatos, ficando os anteriores

com a opção de manter a exclusividade, desde que comprovassem sua

representatividade; reconhecimento formal das centrais sindicais, que, inclusive,

passariam a poder criar sindicatos; a extinção progressiva, em três anos, do imposto

sindical, com a sua substituição pela contribuição associativa e pela contribuição de

negociação coletiva. Quanto ao registro sindical, mantém o controle do Estado, que, de

acordo com a nova redação proposta para o Inciso II tem a prerrogativa de “atribuir

personalidade sindical às entidades que, na forma da lei, atenderem a requisitos de

representatividade, de participação democrática dos representados e de agregação

que assegurem a compatibilidade de representação em todos os níveis e âmbitos da

67 - Andréia Galvão, “Reforma Sindical: As polêmicas por detrás dum falso consenso” em PUC-Viva (São Paulo: PUC), n° 23, 2005.

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negociação coletiva” 68. Ao lado disso, o anteprojeto aponta para a mudança do critério

de agregação sindical, que deixaria de ser por categoria e passaria a ser feito por

ramos e setores da atividade econômica, preservando-se, no entanto, a territorialidade

do município. Mas a proposta previa que os ramos e setores não seriam estabelecidos

por lei, devendo ser definidos por ato ministerial, e este se torna um dos mais pontos

mais criticados do anteprojeto69.

Em relação ao Artigo 11, o texto suprime o critério do tamanho da empresa,

estabelecendo tão somente que “é assegurada a representação dos trabalhadores nos

locais de trabalho, na forma da lei”, deixando, portanto, para a legislação

infraconstitucional a definição dos critérios. De acordo com o anteprojeto, embora

facultada a todas as empresas, esta representação somente seria obrigatória para as

empresas com mais de 30 trabalhadores. A representação seria eleita por todos os

trabalhadores, filiados ou não a sindicatos e teria, entre outras funções, a tarefa de

mediar os conflitos individuais de trabalho e de negociação coletiva70.

Importa salientar, ainda, que o anteprojeto também prevê a criação do Conselho

Nacional de Relações de Trabalho, a ser instituído no âmbito do Ministério do Trabalho,

com representantes do governo, das confederações patronais e centrais sindicais. De

acordo com Sayonara Leonardo, ao conceber o CNRT, que será implantado em 2006,

o FNT não pretendia apenas que ele tivesse funções de assessoramento, controle e

68 - Sayonara Leonardo da Silva chama a atenção para o fato de que a PEC 369/05 esvazia a expressão ‘sindicato’, colocando, em seu lugar, a locução ‘entidades sindicais’, “alargando, com isso, o campo das prerrogativas e incidência da norma constitucional sobre a totalidade das entidades sindicais, sejam elas centrais, confederações, federações, sindicatos ou representações nos locais de trabalho”. A constitucionalização da expressão “entidades sindicais”, observa ainda a autora, “pretende possibilitar que o conjunto de entidades, de todas as instâncias, possam negociar, firmar acordos, receber contribuições e representar em juízo em defesa dos direitos e interesses coletivos no âmbito de representação” Ver “A Reforma Sindical Negociada no âmbito do Fórum Nacional do Trabalho: deslocamentos normativos e impactos sobre os atores coletivos do tabalho” (ANPOCS, 2005, p.5). 69 - Para João José Sady, o que o anteprojeto na verdade pretende é, ao invés de estimular a pluralidade, “reduzir o número de sindicatos a menos de vinte por cada base territorial”. “Ao invés das miríades de categorias nascidas das escolhas dos trabalhadores, afirma Sady, teríamos umas dezoito (aproxidamente) definidas por um ato de vontade do Estado”. Em seguida, para melhor demonstrar seu argumento, Sady utiliza como exemplo o caso de radialistas, jornalistas, gráficos, empregados de jornais e revistas que têm seus próprios sindicatos. Com a eventual vitória do anteprojeto, assevera Sady, “todos estes sindicatos são dissolvidos e os trabalhadores têm de se agrupar num único sindicato da categoria (“ramo”) da Comunicação”. Ver “Pluralismo e Unicidade Sindical: Controvérsia antiga com roupa nova” (disponível em www.diap.org.br). 70 - Sayonara Leonardo destaca essa proposta de alteração do Artigo 11 como “a grande inovação do anteprojeto”. Para ela, esta alteração “poderia, de fato, provocar modificação substancial nas relações coletivas de trabalho (Idem, p.17).

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proposição de temas a serem submetidos ao Ministério do trabalho, mas também de

mediação e de deliberação sobre os conflitos intersindicais de representação71.

Apesar de não terem prosperado, e de terem suscitado acesas críticas, o PEC

369/05 e o anteprojeto da reforma sindical terão a importância de funcionar como

parâmetro dos debates travados ao longo do primeiro mandato do Presidente Lula72. O

fato de a PEC 369/05 ter sido arquivada em 2007 é sinal claro de que não se havia

chegado a um denominador comum e que a reforma proposta encontrava resistências

fortes no mundo sindical 73. Voltaremos a esse assunto adiante, especialmente quando

tratarmos dos projetos de lei e das Adins.

Ao longo dos seis anos do governo Lula apenas quatro leis tratando de aspectos

relacionados ao Artigo 8º foram sancionadas. A baixa efetividade normativa não deixa

de chamar a atenção, pois apesar de toda a efervescência do debate sobre a reforma

sindical, pouca coisa de concreto aconteceu. A Lei 10.790/03, oriunda do PL 1.505/03,

de parlamentar do PT, concede “anistia a dirigentes, representantes sindicais e demais

trabalhadores integrantes da categoria profissional dos empregados da Petrobrás, que,

no período compreendido entre 10 de setembro de 1994 e 1º de setembro de 1996,

sofreram punições, despedidas ou suspensões contratuais, em virtude de participação

em movimento reivindicatório, assegurada aos dispensados ou suspensos a

reintegração no emprego”. Como vimos anteriormente, o caminho que levou à

aprovação dessa lei, começou a ser construído a partir de 1995, quando foi

apresentado o primeiro dos 5 PLs tratando da matéria ao longo do Governo FHC.

A título de contextualização desta Lei, vale destacar um trecho da justificativa

apresentada pelo Deputado Luciano Zica (PT/SP):

“Em 1995, o governo FHC, em seu grande empenho para efetuar a quebra do monopólio estatal do petróleo, posicionou-se de forma oportunista diante da greve dos petroleiros de 1995, atribuindo-lhe caráter político, o quê, ainda que não procedente, fortalecia sua estratégia para consagrar o fim do monopólio do petróleo.

71 - Idem. 72 - O Fórum Social do Trabalho (FST) se manifestou absoluto desacordo com a PEC. Em seu Encontro Nacional, realizado em maio de 2008, o Fórum deliberou pela luta contra a aprovação dessa proposta, sob o argumento de que se aprovada, ela iria “implodir a estrutura sindical vigente, com danosas conseqüências para os trabalhadores do campo, da cidade, do serviço público e suas entidades sindicais representativas de grau superior.” FÓRUM SINDICAL DOS TRABALHADORES – FST (2008) Carta de Brasília. Disponível em http://www.fstsindical.com.br/empresa.php?codigo=5, acessado em 15/11/2009. 73 - É importante lembrar, ainda, que todo o debate em torno da reforma sindical perdeu força em função da crise política que se instalou em virtude do chamado escândalo do “mensalão”, deslocando a agenda do governo para sua própria sustentação e deixando para segundo plano reformas que pudessem promover divisões na base aliada.

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Para punir os grevistas e seus sindicatos, o governo impôs uma multa diária aos sindicatos e demitiu os trabalhadores que faziam o movimento. Para o encerramento da greve, houve um acordo político de que as demissões seriam revistas e, após o acordo, a greve foi suspensa. A multa diária imposta pelo governo FHC foi anistiada. O acordo com os trabalhadores, porém, não foi cumprido e os que foram demitidos não tiveram suas situações revistas pela empresa, conforme anunciara o governo. Por fim, o que se configurou foi que dos demitidos no movimento pelo mesmo motivo e nas mesmas condições, parte foi reintegrada pela justiça, e outra parte mantida fora da possibilidade de retornar ao trabalho. Diante desse quadro, apresento esta proposição que é resultado de acordo e que tem por base o Projeto de Lei 113, de 1999, do Deputado Jair Meneguelli, que foi vetado totalmente pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, em junho de 2002. Pelo exposto e pelo fato de haver um acordo com o atual governo no sentido de rever as injustiças desse processo com a garantia de solução de todas as injustiças ocorridas, torna-se indispensável a aprovação deste projeto com a maior urgência”.

A Lei 11.295/06, oriunda do PL 722/03, apresentado por parlamentar do PDT,

assegura o direito de sindicalização para o empregado de sindicato; a Lei 11.304/06,

oriunda de PL 3.883/04, proposto por parlamentar do PP, acrescenta inciso ao Artigo

473 da CLT, para permitir ausência do trabalhador no serviço sem prejuízo do salário

para fins de representação sindical em organismo internacional.

E, finalmente, a Lei 11.648/08, a de maior repercussão no período, oriunda do

PL 1.990/07, apresentado pelo Poder Executivo. A lei assegura o reconhecimento das

centrais sindicais como órgãos de representação geral dos trabalhadores,

especificando atribuições, prerrogativas e critérios para sua participação em fóruns e

conselhos públicos. A lei também altera o artigo 589 da CLT, que trata do

financiamento das entidades patronais e dos trabalhadores, ficando definido que a

contribuição sindical deverá ser distribuída da seguinte forma para as entidades dos

empregadores: 5% para a confederação, 15% para a federação, 60% para o sindicato

e 20% para a Conta Especial Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego.

E para as entidades dos trabalhadores: 5% para a confederação, 10% para a central

sindical, 15% para a federação, 60% para o sindicato e 10% para a Conta Especial

Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego. Vale lembrar, entretanto, que

a contribuição permanece compulsória, contrariando um dos grandes objetivos da PEC

da reforma sindical (369/05), apresentada pelo próprio governo do PT, que era

justamente “extinguir recursos de natureza parafiscal para custeio de entidades

sindicais e instituir a contribuição de negociação coletiva”.

Apesar de celebrada pela grande maioria das centrais sindicais, a manutenção

da natureza compulsória da contribuição sindical tem gerado, como ainda veremos,

muitas controvérsias.

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Durante a negociação do PL 1.990/07, que dará lugar à lei das centrais

sindicais, foram aprovadas na Câmara duas emendas, a de nº 21, apresentada pelo

deputado Augusto Carvalho (PPS/DF), que buscava instituir o imposto sindical

facultativo. Assim, para que o imposto fosse descontado na folha de pagamento do

trabalhador, seria necessária a autorização do mesmo. Esse mesmo Deputado já havia

apresentado um projeto de lei que determinava justamente isso (PL 2.085/07). Tanto a

Força Sindical quanto a CUT se mostraram contrárias à aprovação dessa emenda. O

deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT/SP),

afirmou que ela poderia determinar a falência de alguns sindicatos. Já o deputado

federal, ex-presidente da CUT, Vicentinho (PT/SP), lamentou que a proposta tomasse

esse rumo, pois feria o acordo estabelecido no FNT. O parlamentar era a favor da

“autonomia sindical”, mas respeitou o acordo das centrais com o governo. Essa

emenda acabou por ser rejeitada pelo Senado.

A segunda emenda foi apresentada pelo deputado Antônio Carlos Pannunzio

(PSDB/SP), e intentava determinar que o Tribunal de Contas da União (TCU)

fiscalizasse os recursos repassados às centrais através do imposto sindical. A emenda

não prosperou, tendo sido vetada pelo Presidente Lula.

Além dos quatro PLs supracitados que se converteram em leis, outros sete

foram apresentados no período. O PL 3.107/04, apresentado por parlamentar do PTB,

estabelece a liberdade para criação de entidade sindical sem, contudo, se opor ao

princípio da unicidade. Além disso, estabelece critérios para a definição dos valores da

contribuição sindical e confederativa. Foi declarado prejudicado em face da conversão

do PL 1.990/07 na lei das centrais sindicais.

O PL 4.554/04, apresentado por parlamentar, do PC do B, trata de critérios para

a organização sindical, mantendo a representação por categoria profissional e

econômica. Restaura o enquadramento sindical, classificando-o como um dos pilares

do regime da unicidade sindical e atribuindo-o ao Conselho Sindical Nacional dos

Trabalhadores ou Empregadores, que teriam a competência para o registro sindical. O

projeto também mantém a contribuição sindical obrigatória, mas propõe um novo rateio.

O PL também regulamenta o Artigo 11, constituindo as comissões sindicais de base, a

ser composta por pelo menos três trabalhadores sindicalizados escolhidos pelos

trabalhadores das empresas. Este PL também foi considerado prejudicado em face da

aprovação do PL 1.990/07.

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O PL 5.275/05, apresentado por parlamentar do PMDB, dispõe sobre a

organização sindical, reconhecendo as centrais, e também obrigando o registro de

entidade sindical junto ao Conselho Sindical Nacional. Além disso, também formula

critérios para a distribuição da receita obtida com as contribuições sindicais. Seu

destino foi o mesmo dos outros PLs, ou seja, prejudicado em função da aprovação da

PL 1.990/07.

O PL 4.430/08 é conhecido como o Projeto Zimmermann, em homenagem ao

seu proponente, Deputado Tarcísio Zimmermann (PT/RS). Este PL pretende substituir

a maior parte dos PLs anteriormente apresentados voltados para a reforma sindical e,

por isso mesmo, pretende ser uma síntese das propostas anteriores. Este projeto ainda

se encontra em tramitação no Congresso.

Outros PLs foram propostos por parlamentares do PT, o PL 1.981/03, que

dispõe sobre a participação dos sindicatos no sistema de inspeção das disposições

legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores no exercício

profissional; e o PL 1.321/07, que altera diversos artigos da CLT, estabelecendo

normas para a criação e funcionamento dos sindicatos. O primeiro PL ainda tramita no

Congresso, e o segundo, foi arquivado.

Finalmente, o sétimo PL, foi apresentado por Augusto Carvalho do PPS/DF (PL

2.260/07), e propõe alterar o Artigo 583 da CLT para tornar facultativa a contribuição

sindical, condicionando o recolhimento do imposto sindical à prévia autorização

individual do trabalhador e do empregador. Como é fácil verificar, este PL traz a mesma

proposta feita pelo Parlamentar através da emenda 21 ao PL 1.990/07. Em sua

justificativa, o Deputado Augusto Carvalho argumenta que “a plena autonomia sindical

é das mais justas e antigas reivindicações da sociedade brasileira”, e que “os

sindicatos, criados ou reorganizados à base de legislação elaborada ainda pelo Estado

Novo ressentiam-se de um atrelamento excessivo à máquina estatal, vínculo que, nos

anos de regime militar, mais e mais se acentuaria”. A Constituição de 1988, segundo

ele, “pretendeu, de alguma forma, estatuir essa autonomia. E o fez de maneira quase

perfeita, quando excluiu a intervenção do Estado na criação de qualquer entidade

sindical (art. 8º, I)”. Mas, com a manutenção da contribuição sindical prevista na CLT,

essa autonomia “não chegou a ser plena”.

O deputado lembra ainda que, na condição de constituinte, “tentou a eliminação

desse imposto extravagante, símbolo maior da dependência sindical frente ao aparato

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do Estado, mas que não obteve êxito”. E conclui, afirmando que o propósito do PL é o

de, senão extinguir, tornar facultativa a contribuição sindical.

Durante os seis anos do Governo Lula, a pesquisa localizou 11 Adins e uma

ADPF atinentes aos Artigos 8º e 11. Essas adins se concentram em torno de algumas

normas, à exceção da Adin 3890, proposta em 2007 pela Confederação Nacional do

Comércio, que contesta a Lei 11.295/06. Essa lei, como se viu acima, assegura o

direito de sindicalização aos empregados de sindicatos. Em suas alegações, a CNC

argumenta que a Constituição “jamais proibiu a associação de empregados de

entidades sindicais”, mas que só admite a criação de sindicato por categoria econômica

ou profissional, sustentando que a organização sindical não é categoria econômica e

não poderia ser definida como categoria profissional. Sua preocupação direta com a lei,

como se pode verificar, refere-se às implicações internas que ela poderia gerar para a

CNC. Até o encerramento desta pesquisa, o sítio do STF informava que seu pedido de

liminar ainda estava aguardando julgamento.

As demais Adins gravitam em torno de questões candentes do debate sobre a

reforma sindical, como é a questão do registro sindical, que define o grau de liberdade

e de autonomia em face do Estado; a questão da contribuição sindical; e a questão da

legalização das centrais.

A Portaria 186/08, que estabelece critérios para o registro sindical é alvo de 4

Adins. A Adin 4120, proposta por 11 confederações de sindicatos de trabalhadores; e

as outras três propostas por entidades patronais: Adin 4126, pela Confederação

Nacional da Indústria – CNI, e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil-

CNA; a Adin 4128, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e

Turismo – CNC; e a Adin 4139, pela Confederação Nacional do Transporte – CNT, e

pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro – CONSIF. Todas essas Adins

ainda aguardavam julgamento no momento do encerramento desta pesquisa. Contudo,

importa ressaltar que talvez seja um dos poucos casos de Adins que reúnem

trabalhadores e empregadores na defesa do que consideram estar sob ameaça com a

referida Portaria, a saber, a autonomia sindical em face da intervenção do Estado, e o

princípio da unicidade sindical. Como sustenta a Adin dos trabalhadores, a “Portaria

aponta para um pluralismo sindical, quando o dispositivo constitucional expressa um

regime monista”. O Judiciário, e a hermenêutica constitucional, assim, se têm

convertido em uma arena de conflito em torno de questões sobre as quais não se

consegue construir politicamente um consenso.

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A Adin 3503, ajuizada por nove confederações de trabalhadores, tem como alvo

as Portarias 197 e 172 do Ministério do Trabalho, ambas de 2005, que convocam as

entidades sindicais para uma atualização cadastral e estabelecem normas para o

recolhimento da contribuição sindical. O STF considerou o pedido prejudicado, em

primeiro lugar porque a Portaria 197 foi revogada pelo Ministério do Trabalho, e em

segundo lugar porque a Portaria 172 trata de ato administrativo meramente

regulamentar.

A Adin 3206, ajuizada por 10 confederações de trabalhadores, e a 3353,

ajuizada pela Confederação Nacional dos Vigilantes, têm como alvo a Portaria 160/04,

do Ministério do Trabalho, que, de certo modo, tentava acabar com a contribuição

sindical obrigatória. Ambas as ações foram consideradas procedentes pelo STF. A

referida Portaria, a propósito, estava em desacordo com o que então havia sido

definido no FNT, desagradando, como se viu, um amplo segmento do mundo

organizado do trabalho. Por isso, antes mesmo do julgamento das Adins, o governo

recuou, e editou a Portaria 180, que suspendia os efeitos da Portaria 160. Uma liminar

concedida pela Justiça a pedido do Ministério Público Federal restabeleceu, entretanto,

os efeitos da Portaria 160.

Contra a Portaria 180, também foi aprovado, em 2004, um Decreto Legislativo,

de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), respondendo à pressão das organizações

dos trabalhadores em defesa da contribuição compulsória, ao suspender os efeitos da

Portaria 160. Ao defender a aprovação de seu Decreto, o senador afirmou, na Tribuna

do Senado, que, “Atendendo a um pedido da maioria das centrais sindicais, das

confederações, das federações e do sindicato dos trabalhadores, apresentei um

decreto legislativo sustando a Portaria nº 160, que proíbe a decisão soberana da

assembléia no sentido de os trabalhadores contribuírem para a sua entidade sindical. A

vigência dessa Portaria provocará, praticamente, o fechamento de 90% dos sindicatos

do País. Será a desorganização total das entidades sindicais. E eu, que tenho orgulho

de dizer que fui sindicalista durante cinco anos de minha vida, não posso concordar

com esse procedimento. Espero que a Portaria seja revogada antes de ser apreciada

pelo Senado da República”.

Antes mesmo da aprovação da Lei 11.648/08, a questão das centrais sindicais

suscita uma nova onda de questionamentos, provocada pela MP 293/06, que dispunha

sobre o reconhecimento das centrais sindicais e que vai suscitar a propositura de duas

Adins: a Adin 3761, proposta por nove confederações de sindicatos de trabalhadores,

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que também tem como alvo a MP 294/06 (que cria o Conselho Nacional de Relações

do Trabalho – CNRT); e a Adin 3762, proposta pela Federação Nacional dos

Administradores. – FENAD. Essas Adins serão consideradas prejudicadas por perda

de objeto, já que a MP 293 será rejeitada na Câmara dos Deputados. Destino igual

teve a MP 294. Além disso, no caso da Adin proposta pela FENAD, o STF também

entendeu que a autora não tinha legitimidade para propor a ação. Adiante, voltaremos

a tratar dessas duas MPs.

Finalmente, a Adin 4067 e uma ADPF têm como alvo a Lei 11.648, que legaliza

as centrais. Em dezembro de 2007, pouco depois do PL 1.990/07 ter sido aprovado

pelo Plenário da Câmara dos Deputados, o PPS entrou com ação no Supremo Tribunal

Federal contra a cobrança obrigatória da contribuição sindical compulsória. Trata-se da

Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF - 126) contra a

contribuição sindical, com pedido de liminar, ao Supremo. Em sua fundamentação, o

requerente mobilizou o Artigo 5º, XX e o Artigo 8º, V, ambos referidos à liberdade de

associação. Segundo o presidente do partido, Roberto Freire, o imposto contrariaria a

Constituição, o que justificaria a extinção da cobrança 74. O feito ainda aguardava

julgamento.

Além do PPS, também o DEM ajuizou ação junto ao STF contra a lei. Nesse

caso, a Adin contra o repasse de recursos da contribuição sindical para as entidades

sindicais. Segundo o parlamentar Rodrigo Maia, a transferência da contribuição teria

que ter sido feita por proposta de emenda constitucional (PEC) e não por meio de

projeto de lei, medida infraconstitucional, uma vez que a Constituição proíbe repasses

para as centrais. Assim, através da Adin 4067, o DEM requereu a inconstitucionalidade

dos artigos 1º, II e 3º da Lei 11.648/08, bem como dos artigos 589, II, "b" e seus

parágrafos 1º e 2º e ao artigo 593 da CLT, na redação dada pela referida lei.

Na ação, o DEM sustenta que “a contribuição sindical configura exação tributária

que se caracteriza justamente pela vinculação de sua receita a interesses específicos

da categoria profissional”, devendo ser vedada sua utilização para o custeio de

atividades que extrapolem esse limite. Segundo o partido, o repasse determinado pela

Lei 11.648/08 desviaria recursos para as centrais, que não teriam como finalidade

precípua a defesa de interesses de uma ou outra categoria, sendo por isso

manifestamente inconstitucional.

74 - Agência Diap, 11/12/07

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Quanto à atuação das centrais sindicais, observa que a Constituição, em seu

artigo 8º, inciso III, aponta os sindicatos “como entidades aptas a representar ou

mesmo substituir os trabalhadores de determinada categoria profissional em questões

judiciais e administrativas”. Dessa forma, somente os sindicatos estariam autorizados a

representar os trabalhadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus

interesses profissionais e previdenciários fossem objeto de discussão e deliberação. O

DEM argumentava, pois, que “a participação das centrais em fóruns e órgãos públicos

organizados sob forma tripartite revela nova modalidade de representação dos

trabalhadores que refoge aos parâmetros constitucionais. Em outras palavras, o

disposto no art. 1°, II, da Lei nº 11.648/08, autoriza, segundo o requerente, o exercício

indevido das funções constitucionais confiadas às entidades que compõem o sistema

confederativo de representação sindical, única hipótese de representação sem

expressa delegação dos trabalhadores admitida pela Constituição”.

O Advogado-Geral da União (AGU) manifestou-se pela improcedência do

pedido. Já o Procurador Geral da República (PGR) se posicionou pela parcial

procedência da ação, para que se declarasse a inconstitucionalidade integral das

modificações efetuadas pela Lei 11.648/08 nos artigos 589 e 591 da CLT, da

expressão “ou central sindical” contida no parágrafo 3º e do parágrafo 4º do artigo 590,

bem como da expressão “e às centrais sindicais” constante do caput do artigo 593 e de

seu parágrafo único.

Em junho desse ano, o pedido de vista do ministro Eros Grau interrompeu o

julgamento da Adin, que permanece em suspenso. Ele o fez após os ministros Joaquim

Barbosa (Relator), Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, julgarem parcialmente

procedente a ação direta, para dar interpretação conforme ao caput do artigo 1º e seu

respectivo inciso II da Lei 11.648/2008, e declararem a inconstitucionalidade da

integralidade das modificações efetuadas pela referida lei nos artigos 589 e 591 da

CLT, da expressão "ou central sindical", contida no § § 3º e 4º do artigo 590, bem como

da expressão "e às centrais sindicais", constante do caput do artigo 593 e de seu

parágrafo único. Por seu turno, os Ministros Marco Aurélio e Cármen Lúcia, julgam o

pedido improcedente.

Em seu voto, o ministro Joaquim Barbosa salientou que as centrais sindicais não

fazem parte da estrutura sindical, embora possam exercer papel importante em

negociações de interesse dos trabalhadores. Segundo ele, as centrais “não podem

substituir as entidades sindicais nas hipóteses em que a Constituição ou a lei obrigam

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ou permitem o envolvimento de tais entes na salvaguarda dos interesses dos

trabalhadores”. Assim, conforme o ministro, “as centrais sindicais não podem ser

sujeito ativo ou destinatário de receita arrecadada com tributo destinado a custear

atividades nas quais as entidades sindicais não podem ser substituídas”.

O ministro Ricardo Lewandowski observou, em seu voto, que as centrais não

integram o modelo de representação de uma determinada categoria sindical e que a

unicidade sindical preconizada pela Constituição não autorizaria as centrais sindicais a

exercer funções específicas dos sindicatos e, portanto, a receber a contribuição

sindical. No mesmo sentido se pronunciou o ministro Cezar Peluso.

Já o ministro Marco Aurélio sustentou que as centrais têm representação efetiva,

como o exemplificava a CUT, contando com 1.670 sindicatos filiados. Segundo ele, a

contribuição sindical não precisaria, obrigatoriamente, ficar no âmbito das entidades

sindicais. Nesse sentido, ele observou que, anteriormente, 20% de sua arrecadação

eram destinados ao Governo.

O advogado da CUT defendeu a constitucionalidade dos dispositivos da Lei

11.648/08, impugnados pelo DEM. Observou que, embora a Constituição preconizasse

um sistema confederativo, não excluía as centrais sindicais. Essas, segundo ele,

figurariam em tratados internacionais de que o país é signatário e integrariam órgãos

importantes de deliberação de interesse dos trabalhadores, como o Conselho do Fundo

de Garantia do Tempo de Serviço, por exemplo. Segundo ele, embora a Carta de 1988

recepcionasse o sistema sindical vigente na época, não excluiu entidades

representativas mais amplas dos trabalhadores. Em seu entender, a lei impugnada

supriu apenas uma omissão, ao regulamentar os artigos 589 e 593 da CLT. E o que fez

foi destinar às centrais apenas uma parte da parcela de 20% da contribuição sindical

antes destinada ao Governo (MTE). E essa parcela, conforme observou, seria

destinada pelo Orçamento Geral da União ao Ministério do Trabalho, para ser aplicado

em ações relacionadas a emprego e salário, não a uma determinada categoria.

Além disso, segundo o advogado, a destinação dos 10% da contribuição sindical

às centrais somente atingiria aquelas categorias a elas filiadas. Portanto, não se

trataria de uma contribuição compulsória, como argumentou o DEM, mas de livre

deliberação das categorias. Além disso, as centrais não existiriam se não existissem

sindicatos, federações e confederações, que a elas se filiam e que podem, inclusive,

delegar-lhe poderes para propor ações de controle abstrato da Constituição Federal.

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José Antonio Dias Toffoli, então Advogado Geral da União, afirmou que “o

presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Advocacia Geral da União (AGU) pugnam pela

improcedência da Adin”. Ele lembrou que as centrais sindicais existem desde 1983,

quando o Brasil ainda estava sob regime militar e era presidido pelo general João

Batista de Figueiredo. Ele disse que não há dispositivo constitucional que vede a

criação de centrais sindicais e que essas são entidades sindicais, porque foram criadas

por entidades sindicais75.

Não tendo sido ainda julgada a Adin supramencionada, a lei segue vigorando e

seis centrais sindicais receberam, já em 2008, pela primeira vez, um percentual da

contribuição sindical recolhida. Para a distribuição de recursos em 2009, a divisão foi

definida proporcionalmente ao número de sindicatos registrados até junho no Cadastro

Nacional de Entidades Sindicais (CNES), vinculado ao Ministério do Trabalho, bem

como ao total de trabalhadores filiados. A CUT, que representa 42,28% dos sindicatos

cadastrados no país, vai receber R$ 19,8 milhões. A Força Sindical, com 19,17% dos

sindicatos cadastrados, receberá R$ 15,1 milhões. A União Geral dos Trabalhadores

(UGT), criada em setembro de 2007, obteve 10,38% do total de sindicatos cadastrados.

A central, formada de uma dissidência da Força Sindical, da Confederação Geral dos

Trabalhadores (CGT) e da união entre Social Democracia Sindical (SDS) e Central

Autônoma dos Trabalhadores (CAT), receberá R$ 8,8 milhões. Outra recente central,

criada em 2005, a partir da antiga União Nacional Sindical (UNS) e de dissidências da

CGT, a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), receberá R$ 6,6 milhões do

imposto sindical. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB),

fundada em dezembro de 2007, de uma dissidência da CUT, representa 4,54% dos

sindicatos, tendo direito a R$ 2,9 milhões em repasse. Por fim, a Central Geral dos

Trabalhadores do Brasil (CGTB), antiga CGT, revalidada em 1991, tem participação de

5,32% dos sindicatos cadastrados e receberá R$ 2,4 milhões76.

Como se viu, a discussão sobre a forma da contribuição sindical está longe de

chegar ao seu termo. Para conseguir a aprovação da Lei 11.648/08, os dirigentes das

centrais sindicais se comprometeram com o governo a apoiar o envio no futuro de um

projeto de lei ao Congresso que determinasse o fim da contribuição obrigatória. Em

novembro de 2007, foi criado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a pedido das

centrais, o Grupo de Trabalho sobre Financiamento, com o objetivo de discutir um

75 - Agência Diap, 25/06/09 76 - Agência Diap, 13/08/08.

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anteprojeto de lei para eliminar a cobrança compulsória, e criar uma nova forma de

financiamento dos sindicatos. Na época, os próprios sindicalistas afirmavam que uma

alternativa estava próxima, mas o que se viu até o momento foram profundas

divergências sobre a forma e o momento de extinguir a contribuição77.

Quanto à ação discricionária realizada pelo Executivo no período analisado, a

pesquisa identificou as seguintes iniciativas. A MP 293/06, já mencionada

anteriormente, foi uma tentativa do Executivo de resolver a questão das centrais sem

passar pela tramitação de um projeto de lei. Essa MP postulava o reconhecimento legal

das centrais sindicais que comprovassem a filiação mínima de 100 sindicatos. Mas a

medida foi rejeita pelo Congresso, obrigando o Executivo a propor o PL 1.990/07; a

outra é a MP 294/06, igualmente já mencionada, que cria o Conselho Nacional de

Relações de Trabalho, tendo sido igualmente rejeitada pelo Congresso.

Também foram identificadas sete portarias do Ministério do Trabalho e Emprego,

indicando uma ampliação de sua presença discricionária, especialmente na regulação

da criação e organização de sindicatos. As Portarias 160, 172, 180 e 186, já foram

comentadas quando tratamos das Adins; a 488, de 2005, substitui a 172, que aprovava

um guia de recolhimento de contribuição sindical. A Portaria 200/06, altera os

procedimentos estabelecidos pela Portaria 343/00, para solicitação de registro sindical.

E a Portaria 1.277/03, dispõe sobre os estatutos das entidades sindicais.

VII.3. O Artigo 9º no Governo Lula

Durante os seis anos do governo Lula analisados neste trabalho, foram

identificados 1 PEC e 8 projetos de lei tratando do Artigo 9º. A PEC 314/04, proposta

por parlamentar do PT, já anteriormente mencionada, pois além do Artigo 9º também

propõe alterações nos Artigos 7º e 11. No que se refere ao Artigo 9º, a PEC propõe a

revogação do seu parágrafo segundo, que estabelece que “os abusos cometidos

sujeitam os responsáveis às penas da lei”. Quando do fechamento do levantamento

feito por esta pesquisa, essa PEC ainda continuava aguardando parecer da Comissão

de Constituição e Justiça do Congresso Nacional.

77 - Em texto de 1999, Adalberto Cardoso (1999, op.cit) previa o fim do imposto compulsório, baseando-se, de um lado, no fato das principais centrais sindicais (CUT e FORÇA) serem doutrinariamente contra o imposto, e de os sindicatos patronais dependerem pouco dessa fonte de receita. E, de outro, nos dados de sua pesquisa empírica, que indicava que “os sindicatos dependem cada vez menos do imposto sindical”, ganhando crescente importância as contribuições assistencial e confederativa (pgs 69 e 79).

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Entre os projetos de lei, nenhum foi proposto pelo Poder Executivo. O PL

424/03, apresentado por parlamentar do PFL, altera dispositivos da Lei nº 7.783/89,

estabelecendo normas e critérios para as relações obrigacionais durante o período de

greve; definindo as situações que constituem abuso do direito de greve, e

possibilitando a despedida por justa causa. Propõe, ainda, que essa lei se aplique aos

servidores públicos civis.

Os PLs 1.418/03 e 3.879/04, respectivamente, de parlamentares do PPS e do

PP, também propõem alteração na Lei da Greve de 1989, ao postular a ampliação do

rol de atividades consideradas essenciais, com a inclusão da previdência e assistência

social.

E o PL 7.350/06, de parlamentar do PMDB, acrescenta inciso ao art. 10 da Lei

7.783/89, a fim de incluir entre os serviços ou atividades essenciais a educação.

A exemplo de outros PLs que tratam da matéria, os quatro PLs supracitados

também estavam tramitando em conjunto com o já citado PL 401/91.

Outros 4 PLs apresentados por parlamentares do PT também tratam do Artigo

9º. Os PLs 5.860/05 e 6.739/06, apresentados pelo mesmo parlamentar, propõem

alterar os artigos 131 e 133 da CLT, a fim de que os dias de paralisação ou greve não

sejam “computados para reduzir ou anular as férias anuais do empregado”. O primeiro

foi arquivado, e o segundo, ainda aguardava parecer da Comissão de Constituição e

Justiça e Cidadania do Congresso.

Os outros dois são: o já citado PL 1.987/07, de autoria do Deputado Candido

Vaccarezza, que propõe a formulação de uma nova CLT, e aborda a questão da greve;

e o também citado PL 4.430/08, conhecido como o Projeto Zimmermann. Ao cuidar da

reforma sindical, este último PL também trata da competência da assembléia de

representados para decidir sobre greve, bem como do comportamento anti-sindical

como discriminação a quem participa da greve.

VII.4. O Artigo 114 no Governo Lula

No que se refere ao Artigo 114, a iniciativa legal mais importante ocorrida no

governo Lula é a aprovação, em 2004, da Emenda Constitucional 45, conhecida como

a ‘Reforma do Judiciário’. Como vimos, a discussão acerca desta emenda foi iniciada

em 1992, com a PEC 96/92, e após intensos debates ao longo dos dois mandatos de

FHC. Quando estava pronta para ser votada em plenário, já nas vésperas das eleições

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que conduziriam Lula à Presidência da República, foi devolvida à Comissão

competente, sob o pretexto de que o Senado havia sofrido uma renovação de cerca de

2/3 de seus membros. Desde então, a PEC ficará sob a relatoria do Senador José

Jorge (PFL-PE), que finalmente conseguirá sua aprovação em dezembro de 2004.

Ao explanar sobre a matéria, o Senador José Jorge (PFL-PE), fez uma breve

síntese do complexo processo de negociação da PEC no Senado entre 2003 e 2004.

Diz ele:

“Foram realizadas 14 audiências públicas, em que contamos com a participação de Ministros do Supremo Tribunal Federal e de todos os Tribunais Superiores. Também participaram das audiências públicas representantes de diversas entidades, tais como a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Nacional dos Magistrados do Brasil, a Associação dos Juízes Federais, o Conselho Nacional dos Membros do Ministério Público e a Associação Nacional dos Procuradores da República. Além de diversas sugestões de entidades e de órgãos legislativos estaduais e municipais, órgãos dos Poderes Judiciários estaduais e também de cidadãos”.

O Senador lembrou, ainda, que foram votados na Comissão de Constituição,

Justiça e Cidadania, “os quase 200 destaques ao Projeto de Emenda Constitucional”78.

É necessário considerar, também, que o novo governo entrou com força no

debate sobre a reforma do Judiciário, criando, para tanto, ainda em 2003, a Secretaria

de Reforma do Judiciário no âmbito do Ministério da Justiça. A importância da reforma

foi destacada no discurso de posse do primeiro Ministro da Justiça, Marcio Thomaz

Bastos, nomeado pelo Presidente Lula:

“Vejo pela frente, as grandes missões e os grandes desafios do Ministério da Justiça que eu quero sintetizar em dois: o desafio da segurança pública, que não é possível que deixemos como está, (...) e, de outro lado, o grande desafio, o desafio fundamental da reconstrução das instituições republicanas que é uma reforma radical do Poder Judiciário, ao qual eu pretendo focar, ao qual eu pretendo dirigir grande parte dos esforços deste ministério da Justiça que é o ministério da cidadania.”

O advogado Sergio Renault, primeiro responsável pela Secretaria da Reforma

do Judiciário, observa, em texto de março de 2004, que houve muitas críticas feitas

especialmente por setores do Poder Judiciário, à iniciativa do Poder Executivo de criar

uma secretaria, principalmente de representantes das cúpulas dos tribunais superiores,

críticas essas que “alegavam que a reforma do judiciário é assunto que interessa

somente a este Poder – é questão interna corporis que não deve fazer parte das

78 - Diário do Senado Federal, 12/12/2004, pgs 36140 e segs.

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preocupações do governo”. Por isso mesmo, Renault faz questão de esclarecer que a

missão da secretaria não era a de “preparar e implementar, a partir do Executivo, uma

reforma para e no Poder Judiciário”, mas sim a de “articular iniciativas, elaborar

propostas, provocar a indução a mudanças e, principalmente, participar do debate

sobre o tema”. Em seguida, observa que “o plano de trabalho da Secretaria de Reforma

do Judiciário compreende basicamente o desenvolvimento de três ações coordenadas

entre si: diagnóstico, modernização do Judiciário e alterações legislativas”79.

Ao final do documento, Renault sintetiza nos seguintes pontos a agenda da

Secretaria: I) democratização e controle do Poder Judiciário; II) eficiência e celeridade

do Judiciário; III) autonomia e independência dos magistrados; IV) valorização das

funções essenciais do Judiciário e do acesso à Justiça.

Controle social, eficiência, transparência, acessibilidade e autonomia da

magistratura convertem-se, portanto, nos principais eixos da reforma judicial sob a ótica

do Poder Executivo. Com isso, um dos aspectos centrais da orientação anterior, que

relacionava o “custo Brasil” à morosidade judicial, em especial em matéria trabalhista,

sai do foco. Assim é que, diversamente do que se verificou no Governo FHC, os temas

afetos à justiça trabalhista não estão no centro da prioridade do Governo Lula. De fato,

a única menção feita por Renault à matéria diretamente referida às relações de

trabalho e ao Artigo 114, é a indicação de que entre as propostas de alteração

legislativa, estava a elaboração de projetos com o propósito de, em nome da celeridade

dos processos judiciais, fortalecer a “instituição de procedimentos de solução

alternativa de conflitos como medição e conciliação”.

E tal orientação política parece estar em sintonia com a construção do consenso

político no Congresso que, afinal, permite que, em 8 de dezembro de 2004, seja

aprovada a EC 45/04. Torna-se compreensível, assim, que, após diversas propostas

que, inclusive, chegaram a aventar sua extinção, a Justiça do Trabalho saia fortalecida

da reforma do Judiciário, com sua competência material ampliada. Mas, é preciso

considerar, também, o papel jogado pela magistratura trabalhista na discussão da

reforma do Judiciário80.

79- Ver Sergio Renault, “DEBATE: O governo Lula e a reforma do judiciário” - disponível em http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=3178 80 - Outra vertente de explicação importante para se compreender o resultado da reforma do Judiciário no que se refere à Justiça do Trabalho, está contida na análise que Adalberto Moreira Cardoso faz da “verdadeira explosão de demandas” ao Judiciário Trabalhista ocorrida nos anos de 1990: de uma média de 35 mil processos/ano nos anos 70/80, salta para mais de 110 mil processos/ano, perfazendo um total de quase dois milhões de processos trabalhistas, em sua esmagadora maioria (98%) envolvendo

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Em primeiro lugar, deve-se salientar que o resultado da reforma agrada à

entidade máxima da magistratura da trabalhista, nas palavras de seu então Presidente,

Grijalbo Fernandes Coutinho: “Se não foi a reforma ideal, na visão da Anamatra, foram

aprovados dispositivos importantes para a modernização e facilitação do acesso à

Justiça do Trabalho, como a ampliação da competência e o aumento do número de

ministros do TST (Tribunal Superior do Trabalho)”81.

Aliás, a Anamatra jogará um papel importante, sobretudo, na última fase dos

debates em torno da reforma do Judiciário. Como lembra Augusto César Ramos, “a

atuação da Anamatra foi decisiva para persuadir os congressistas a alterarem a

redação do Inciso I [do novo Artigo 114], substituindo a expressão relação de emprego

por relação de trabalho”82. Com essa mudança, sua competência passa a alcançar,

como afirma José Soares Filho, “um vasto elenco de relações contratuais de direito

civil”, o que, segundo este autor, implicará “em um aumento considerável de feitos a

cargos da Justiça do Trabalho”83.

Ainda sobre a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, o Presidente

da Anamatra afirma que foi, sem dúvida, “Um dos maiores avanços da reforma do

Judiciário”. E, que, como conseqüência dela, a “JT passa a ser o segmento do

Judiciário, responsável pela análise de todos os conflitos decorrentes da relação de

trabalho”, compreendendo como novas competências da JT as “que tratam dos litígios

sindicais, os atos decorrentes da greve, o habeas corpus, o habeas data, a ação de

indenização por dano moral, as multas administrativas aplicadas pelos órgãos

administrativos e os litígios que tenham origem no cumprimento de seus próprios atos e

sentenças” 84.

conflitos individuais. O autor sustenta que o fator preponderante para explicar esse crescimento exponencial seria a combinação de duas “ausências”: a “de poder do trabalho organizado”, e a “do órgão fiscal do Estado”. Com sindicatos e Estado fracos, o resultado, segundo ele, tem sido “a deslegitimação da norma pelos empresários” e o “aumento da judicialização das relações de classe”. E essa situação, que, afinal teria sido estimulada pelo ciclo flexibilizador dos anos de 1990, confere “uma nova centralidade à Justiça do Trabalho” (Adalberto Cardoso, “Direito do Trabalho e Relações de Classe no Brasil Contemporâneo”, In: Luiz Werneck Vianna (org.), A Democracia e os Três Poderes no Brasil. Editora UFMG e IUPERJ, Belo Horizonte/Rio de Janeiro, 2002, pgs 493, 532 e 546). 81 - Grijalbo Fernandes Coutinho, “Anamatra em 2004: Retrospectiva”, Artigos, no sítio da Anamatra, disponível em http://ww1.Anamatra.org.br 82 - Augusto César Ramos, “A Emenda Constitucional No 45 e a nova competência da Justiça do Trabalho” (p.1). In: Jus Navigandi, disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto. 83 - Este autor demonstra preocupação com essa ampliação da demanda, já que, segundo ele, a Justiça do Trabalho “não tem estrutura suficiente para suportá-la”. José Soares Filho, “A Reforma do Judiciário: um desafio para a Justiça do Trabalho”. In: Jus Navigandi, disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto 84 - G. Coutinho, Relatório de Gestão da Anamatra (2003-2005).

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Sobre a atuação da Anamatra, é preciso notar, em primeiro lugar, que, na reta

final do processo de aprovação da futura EC 45/04, a Associação tinha definido para si

uma agenda orientada por um forte protagonismo em defesa do Direito do Trabalho,

inclusive em face das ações do Poder Executivo, realizando, para tanto, um claro

movimento de aproximação com bandeiras e lutas operárias. Como afirma seu

Presidente, no já citado texto com balanço sobre a atuação da entidade em 2004,

“durante todo o ano, muitas foram as manifestações da Anamatra contra as iniciativas

do Executivo que, a pretexto de incentivarem a geração de empregos, objetivaram

flexibilizar a legislação laboral”. No mesmo documento, também informa que a entidade

“reivindicou a redução da carga horária de trabalho semanal para 40 horas”, e

defendeu “a proibição de horas extras”. E, em “atitude inédita”, reconheceu como

“legítima a greve promovida pelos trabalhadores bancários”. Ao lado disso, visando

ganhar maior presença no debate, em especial no tocante à reforma da justiça

trabalhista, a Anamatra optou por se desligar da Associação dos Magistrados

Brasileiros85. No mesmo passo, a Associação dos juízes trabalhistas vai participar

intensamente dos novos espaços criados pelo governo Lula para discutir as reformas

trabalhista, sindical e do Judiciário. Nesse sentido, participa da comissão temática

sobre reforma trabalhista no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, e do

Fórum Nacional do Trabalho. Além disso, participa das audiências públicas na

Comissão Especial para a Reforma Trabalhista na Câmara dos Deputados, onde

defende “a atualização do Direito Material do Trabalho, a simplificação do processo, e a

atualização da estrutura sindical”86.

Mas, se a ampliação da competência vai, sem dúvida, fortalecer a presença da

Justiça do Trabalho na vida brasileira, a inclusão da expressão “de comum acordo” no

85 - Nas palavras de seu Presidente, esta “foi uma decisão difícil, com alguns traumas, mas até mesmo tardia”. E, para justifica-la, Coutinho sustenta que “os juízes do trabalho têm uma entidade de âmbito nacional, que há muito tempo busca cumprir agenda que transcende o perfil corporativo (...)”. E conclui: “deixar a AMB significou o reconhecimento do óbvio, pois, na prática, já estávamos desvinculados”(Coutinho, op.cit., p.3). 86 -No Relatório de Atividades da Anamatra (2003-2005), seu Presidente também lembra que “a Anamatra reagiu contra a tentativa governamental de supressão do aumento da competência. Em março de 2004, durante contatos no Senado Federal, os juízes foram surpreendidos com a notícia de que o Ministério do Trabalho e Emprego tinha interesse em suprimir do texto a referência à ampliação da competência da Justiça do Trabalho para abranger todas as demandas oriundas da relação de trabalho. E, segundo ele, também teria sido vitória da Anamatra a manutenção na reforma do Judiciário da regra de promoção para TRTs, eis que a fixação do critério relativo ao tempo de 5 anos de exercício na carreira, segundo jurisprudência do STF, alteraria a possibilidade de promoção por merecimento, não mais vinculada ao quinto mais antigo”. Lembra, ainda, que em “08 de dezembro de 2004, dia da Justiça, os juízes do trabalho compareceram em peso na solenidade de promulgação da reforma do Judiciário” (Coutinho, op.cit).

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parágrafo 2º do Artigo 114 vai, para muitos autores, limitar drasticamente a

possibilidade de dissídio coletivo, subtraindo dela seu poder normativo, que seria, para

doutrinadores como Ives Gandra Filho, o “esteio da matriz corporativista”87. Este

parece, portanto, um ponto especialmente sensível da reforma, até porque, de acordo

com Regina Morel e Elina Pessanha - com base no survey realizado em 2004, sobre o

“Perfil da Magistratura do Trabalho” – apesar de serem francamente favoráveis à

extinção do imposto sindical (menos de 80% dos entrevistados o defendem), e à

pluralidade sindical (mais de 80% são a favor), “a manutenção do poder normativo da

Justiça do Trabalho é amplamente defendida pelos juízes, alcançando mais de 60%

das repostas”88.

De qualquer modo, tudo indica, que as repercussões dessa mudança ainda não

são muito nítidas, abrindo um amplo e controvertido debate doutrinário e

jurisprudencial. Do que seria exemplo o fato, citado por Walter Ripper, de que “nossos

tribunais têm-se posicionado a respeito da possibilidade da supressão do comum

acordo das partes em dissídios coletivos oriundos do exercício de greve”89. Como se

vê, no que se refere à competência Justiça do Trabalho, a aprovação da EC 45/04 está

longe de ter esgotado o debate. Ao contrário, abriu um enorme campo de controvérsias

doutrinárias que, nesse estudo, não poderão ser exploradas.

No âmbito da própria negociação da PEC que vai dar lugar à EC 45/04, houve

um desmembramento, e parte do texto retornou à Câmara dos Deputados na forma da

PEC 358/05. A exemplo da EC 45/04, essa PEC também propõe alterar inúmeros

artigos da Constituição e, no que se refere ao Artigo 114, acrescenta ao inciso I a

exclusão da competência da Justiça do Trabalho de ações relacionadas a “servidores

ocupantes de cargos criados por lei, de provimento efetivo ou em comissão, incluídas

as autarquias e fundações públicas dos referidos entes da Federação”.

Além disso, propõe a criação de três novos incisos (X, XI e XII), incluindo na

competência da Justiça do Trabalho “os litígios que tenham origem no cumprimento de

87 - Citado por Walter W.Ripper, em “Poder Normativo da Justiça do Trabalho: Análise do Antes, do Agora e do Possível Depois”. O texto de Gandra Filho citado pelo autor foi extraído do livro Processo Coletivo do Trabalho, 2ª edição, LTR, 1996, pgs. 22-23. 88 - As autoras afirmam, ainda, que “perguntados sobre a possível prevalência dos resultados da negociação coletiva (‘o negociado’) sobre o estabelecido na legislação trabalhista (‘o legislado’), os juízes revelaram mais uma vez uma convergência de posições (quase 70% das respostas são contra)”. O que, para Morel e Pessanha, leva a crer que “para os magistrados trabalhistas, a liberdade preconizada no campo das relações trabalhistas não deve prescindir da presença da Justiça do Trabalho”. Elina Pessanha e Regina Morel, “A Justiça do Trabalho”, Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v.19, No 2, 2007, pgs 104 -106. 89 - Walter Ripper, op.cit., p.9.

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seus próprios atos e sentenças, inclusive coletivas” (X); “a execução, de ofício, das

multas por infração à legislação trabalhista, reconhecida em sentença que proferir” (XI);

e a “execução, de ofício, dos tributos federais incidentes sobre os créditos decorrentes

das sentenças que proferir” (XII). No momento do fechamento da pesquisa, a proposta

encontrava-se sujeita à apreciação do plenário90.

Outras 5 PECs tratando do Artigo 114 são apresentadas ao Congresso durante

os seis anos do Governo Lula. Dessas, apenas as PECs 139/03 e 314/04, propostas,

respectivamente, por parlamentar do PTB e do PT, são anteriores à aprovação da EC

45/04. A primeira, já arquivada, propunha “retirar da competência da Justiça do

Trabalho o julgamento de processos de dissídios coletivos de natureza econômica”.

Mas, com a aprovação da EC 45/04, perdeu o sentido. E a segunda, dispõe sobre a

organização sindical, mas também propõe alterações no Artigo 114. Apesar de ainda

estar aguardando apreciação do plenário, a parte que trata do Artigo 114 caducou com

a EC 45/04.

Entre as outras três PECs apresentadas depois da aprovação da EC 45/04, uma

foi apresentada pelo Poder Executivo, a PEC 369/05, que, conforme se viu quando da

análise dos Artigo 8º e 11, está prioritariamente ocupada com a reforma sindical. E, no

que se refere ao Artigo 114, propõe a alteração do inciso III da versão posterior à EC

45/04, com a substituição da palavra “sindicato” pela expressão “entidade sindical”.

Além disso, também propõe novas redações para os parágrafos 2º e 3º, onde se nota,

a supressão das expressões “negociação coletiva”, no parágrafo 2º e “dissídio coletivo”

nos dois parágrafos. E, ainda, a supressão da expressão “com possibilidade de lesão

do interesse público”. Com isso, pretende distinguir “negociação coletiva” e de

“arbitragem”, e, ao mesmo tempo, ampliar a prerrogativa do Ministério Público para

atuar em greves em atividades essenciais.

Mas, de acordo com a justificativa apresentada pelo então Ministro do Trabalho,

Ricardo Berzoini, as alterações no art. 114 da Constituição Federal devem-se apenas

“à necessidade de adaptações formais decorrentes da promulgação pelo Congresso

Nacional da emenda constitucional destinada à reforma do Poder Judiciário”.

90 - Ao comentar esta PEC, o relatório de atividades da ANAMATRA (2003-2005), observa que “O trabalho da Anamatra na reforma do Judiciário não terminou com a EC nº 45/04. Como parte do texto retornou à Câmara dos Deputados, o empenho agora passa a ser na tentativa de mudar PEC 358/05, a já conhecida como PEC Paralela da Reforma do Judiciário. No momento, a proposta tramita na Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania da Câmara”.

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A PEC 426/05, apresentada pelo PC do B propõe a supressão da expressão “de

comum acordo”, ao mesmo tempo em que altera a expressão "dissídio coletivo" para

"ação normativa".

De acordo com essa proposta o parágrafo 2º do Artigo 114 passaria a ter

seguinte redação:

§ 2º Não havendo acordo entre as partes ou recusa à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ou às entidades sindicais de grau superior, mediante delegação, ajuizar ação normativa, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho.

Em sua justificativa, a Deputada Vanessa Grazziotin (PC do B/AM), autora dessa

PEC, reabre o debate acerca da expressão “de comum acordo”, na qual seu partido,

como vimos anteriormente, fora voto vencido. A Deputada sustenta que a nova versão

do Artigo 114 “provocou profundas alterações nas relações de trabalho, pois, ao

mesmo tempo em que ampliou as atribuições da Justiça do Trabalho em matéria de

direito individual, suprimiu-lhe o poder normativo atribuído pelo Constituinte de 1988, ao

retirar da Carta Magna o estabelecimento de ‘normas e condições’ para o dissídio

coletivo”.

No mesmo sentido, continua Grazziotin, “o § 2º do citado artigo condiciona o

ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica à existência de comum acordo

entre as partes. E essa exigência representa, na prática, o fim do dissídio coletivo, o

que prejudica demasiadamente os trabalhadores, pois esse instrumento não era

utilizado como forma de negociação, mas como último recurso diante da intransigência

patronal. Além disso, essa condição deixa os trabalhadores impedidos de recorrer à

Justiça do Trabalho para a solução de conflitos resultantes de uma possível falta de

acordo”.

Por isso, conclui a deputada, “o texto constitucional alterado pela EC 45/2004

intensifica a anulação do princípio da hipossuficiência jurídica do trabalho frente ao

capital, o qual considera o trabalhador o pólo mais fraco da relação de emprego,

princípio presente na legislação trabalhista de vários países. Por essa razão, a

presente Proposta de Emenda à Constituição pretende alterar essa relação, retirando

do § 2º do texto constitucional a expressão ‘ de comum acordo’”. Esta PEC aguardava

parecer do plenário.

E a terceira PEC apresentada após a aprovação da EC 45/04 é a de No 294/08,

apresentada por parlamentar do PT. De acordo com seu autor, Deputado Eduardo

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Valverde (PT/RO) “a proposta [que altera a redação do artigo 1º do Artigo 114] tem por

finalidade firmar a competência da Justiça do Trabalho para as ações decorrentes da

contratação irregular na administração pública”. A PEC foi aprovada pela Comissão de

Constituição, de Justiça e de Cidadania em dezembro de 2009, e, agora, está sujeita à

apreciação do plenário.

Assim como no terreno das PECs, os primeiros anos do Governo Lula no dos

PLs também foram marcados por um grande ativismo do legislador em torno do Artigo

114. Nada menos que 11 PLs foram apresentados no período, nenhuma delas pelo

Poder Executivo. Desses 11 PLs, 4 foram propostos por parlamentares de partidos de

esquerda, 4 de partidos de direita, e um de um partido de centro. Outros dois PLs

foram propostos por Comissões do Congresso Nacional.

Entre os PLs propostos por partidos de esquerda, três são oriundos de iniciativa

de parlamentares do PT: o PL 498/03, que altera dispositivos da CLT a fim de garantir

que os procedimentos das Comissões de Conciliação Prévia sejam facultativos,

gratuitos e que haja a presença de advogado; o PL 1.432/03, que altera a legislação

sobre o rito sumaríssimo na Justiça do Trabalho; e o 2.636/07, que dispõe sobre a

competência penal da Justiça do Trabalho, regulamentando o disposto no Artigo 114.

Esse também é o objeto do PL 2.684/07, de parlamentar do PSB. Por isso mesmo, está

tramitando em conjunto com o PL 2.636/07, estando, ambos, aguardando apreciação

do plenário. Essa também era a situação dos dois primeiros PLs da esquerda.

Quanto aos PLs de partidos de direita, três foram apresentados por

parlamentares do PFL, e um do DEM (nova denominação do PFL). O PL 241/03,

propõe alterar a CLT, conferindo aos acordos e convenções coletivas de trabalho

liberdade para determinar condições e prazos para o cumprimento da legislação

trabalhista. Em sua justificativa, o Deputado Paes Landim (PFL/PI), defende a

necessidade de se fortalecer a lógica do negociado, sustentando que:

“é preciso incentivar que as próprias partes, através de acordos e convenções, disponham sobre condições, formas e prazo para seu cumprimento, conforme as circunstâncias, momento e local, resolvendo seus próprios conflitos e aliviando a sobrecarga da Justiça do Trabalho”

Apesar do pedido em contrário do parlamentar, o PL foi arquivado em caráter

definitivo.

O PL 2.428/03 também propõe alterar a CLT, estabelecendo a legitimidade do

Ministério Público e dos sindicatos para exercerem judicialmente a defesa de interesse

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ou direitos trabalhistas coletivos ou difusos. Apesar de também ter sido arquivado,

importa ressaltar que, a exemplo do PL anterior, a justificativa apresentada pelo

Deputado João Batista (PFL/SP), também deixa evidente sua preocupação com o

problema da sobrecarga da Justiça do Trabalho, senão vejamos. O Deputado começa

por sustentar que o principal objetivo do PL é o de “afastar os empecilhos processuais

à efetividade da Ação Civil Pública e da Ação Civil Coletiva para a defesa de interesses

ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos perante a Justiça do Trabalho”.

Em seguida, argumenta que “por meio da Justiça do Trabalho, dotada de competência

material para dirimir os litígios entre trabalhadores e empregadores e conflitos conexos

previstos em lei, tem-se um canal efetivo para a ressalva dos direitos sociais”, mas que

“essa Justiça Especializada acha-se quase inviabilizada, assoberbada de reclamações

individuais em todos os graus de jurisdição”. Por isso, defende que se faz “necessário,

não só para desafogar a Justiça do Trabalho, mas para implementar a efetiva garantia

constitucional de acesso à Justiça, trazer para esse ramo do Judiciário o sistema de

defesa coletiva de direitos meta-individuais, seguindo a onda contemporânea da

prestação jurisdicional amplamente utilizada na Justiça Comum”.

Pois, apesar de reconhecer que o Ministério Público e os Sindicatos têm

legitimidade para ações públicas e coletivas, “ainda existem dúvidas e inseguranças

surgidas no dia-a-dia forense acerca das ações coletivas trabalhistas, buscando-se,

com a presente medida, superar as dificuldades processuais para a efetividade destas

ações nesta esfera do Judiciário”.

Esse tema será retomado pelo PL 2.422/07, proposto por parlamentar do DEM,

que trata do cabimento da ação civil pública para tutela de direitos e interesses

transindividuais dos trabalhadores e especifica normas para o seu processamento na

Justiça do Trabalho. Na justificativa ao PL, o Deputado Efraim Filho (DEM/PB) observa

que “a legitimação das entidades sindicais para promover a ação civil pública,

decorrente do art. 8º., III, da Constituição, acha-se assentada doutrinária e

jurisprudencialmente”. Todavia, alega o Deputado, “a legislação infraconstitucional

ainda não contempla especificamente tal figura, contribuindo para a perpetuação do

dissenso nos diversos juízos do país, com restrição às possibilidades de acesso das

coletividades de trabalhadores à Justiça, aumento do número de recursos sobre a

matéria e incentivo à proliferação de demandas individuais que congestionam os

escaninhos do Poder Judiciário”. Foi aprovado por unanimidade pela Comissão de

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Constituição, de Justiça e de Cidadania da Câmara, estando, agora, aguardando a

apreciação do Senado.

O quarto PL proposto por parlamentar de direita, é o de No 5.627/05, também de

parlamentar do PFL. Este PL propõe alterar o art. 852-A da CLT para aumentar o valor

do limite máximo das causas submetidas ao procedimento sumaríssimo. Sua

orientação é convergente com os PLs anteriores do PFL/ DEM na medida em que tem

como principal motivação a celeridade do processo judicial. Foi arquivado, mas seu

objeto foi retomado pelo PL 534/07, proposto por parlamentar do PMDB. No momento

do fechamento da pesquisa, este último PL estava em fase final de apreciação pela

Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara de Deputados.

Finalmente, os dois PLs propostos por comissões do Congresso Nacional são o

PL 1.974/03, e o PL 498/03, que propõem alterar a redação de dispositivos da CLT

relativos à Comissão de Conciliação Prévia. Ambos estão aguardando apreciação do

plenário. E o PL 6.542/06, que regulamenta o inciso IX do art. 114, para dispor sobre

competências da Justiça do Trabalho referentes à relação de trabalho, estabelecendo a

competência das Varas de Trabalho para julgar os litígios decorrentes de relações de

trabalho que não configuram vínculo empregatício. Até o fechamento da pesquisa,

aguardava a apreciação do plenário.

O terreno das Adins se constituirá em dimensão importante do debate acerca da

EC 45/04. Entre 2005 e 2006, nada menos que 8 adins foram ajuizadas no STF, todas

contra a nova redação dada ao Artigo 114. Dessas, quatro foram propostas por

confederações de trabalhadores. A Adin 3423/05, ajuizada por 5 confederações,

questiona a redação de seus parágrafos 2º e 3º, e, em linhas gerais, questiona o fato

deles normatizarem o dissídio coletivo, excluindo as entidades sindicais, ao atribuir

exclusivamente ao Ministério Público legitimidade para ajuizar o dissídio coletivo em

caso de greve em atividade essencial. Sem entrar no mérito, o STF julgou prejudicado

o pedido pela “não apresentação, pelo proponente, de instrumento de procuração ao

advogado subscritor da inicial, com poderes específicos para atacar a norma

impugnada”.

A Adin 3431/05, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em

Estabelecimentos de Ensino, tem como alvo os mesmos dispositivos da Adin anterior,

mas sua argumentação é mais abrangente. Além de sustentar que os parágrafos 2º e

3º do Artigo 114 ferem o Inciso III do Artigo 8º da Constituição e, portanto, a

prerrogativa dos sindicatos para a defesa dos direitos coletivos ou individuais da

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categoria, também argumenta que com a nova redação dada pela EC 45/04, “o dissídio

coletivo de natureza econômica deixou de ser um instrumento de pacificação social,

entre empregados e empregadores, para transformar-se numa simples forma de

arbitragem, com caráter público, posto que exercido pela Justiça do Trabalho”. Alegou,

ainda que, “ao longo dos anos, o dissídio coletivo de natureza econômica constituiu-se

no instrumento principal e maior de composição dos conflitos, evitando a deflagração

de milhares de greves”. Além disso, sustenta que “com a redação anterior, o dissídio

estava ao alcance de todos os sindicatos independentemente da posição da parte

adversa. E agora isto não é mais possível, estando à mercê da boa vontade patronal”.

Importa salientar que desde o ajuizamento dessa Adin, diversas entidades

sindicais solicitaram sua admissão no feito na condição de amicus curiae, com o que

não deixavam de demonstrar seu apoio ao pedido. Até o fechamento desta pesquisa,

essa Adin ainda aguardava julgamento.

A Adin 3432/05, proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em

Estabelecimentos de Educação e Cultura, também tem como alvo o parágrafo 2º do

Artigo 114, sustentando que ele fere os incisos XXXV, LV e LXXVII do Artigo 5º, que

asseguram o acesso à justiça. E a exemplo da Adin anterior, também aguardava

julgamento.

E a Adin 3392/05, da Confederação Nacional dos Profissionais Liberais, que

também questiona a nova redação dada ao parágrafo 2º do Artigo 114. Em sua

argumentação, a requerente reitera argumento já apresentado pelas Adins anteriores,

sustentando que “ao prescrever o malsinado dispositivo que o ajuizamento de dissídio

coletivo está condicionado ao ‘comum acordo’ das partes, expunge, por via oblíqua, o

dissídio trabalhista coletivo e as conseqüentes sentenças normativas proferidas pela

Justiça do Trabalho, depois de décadas de manejo dessa ação judicial, pioneira na

defesa dos interesses coletivos dos trabalhadores e, sem nenhuma dúvida, um dos

mais importantes instrumentos de promoção de justiça social”. Em seguida, sublinha

que “é óbvio que, se o empregador se recusou à negociação coletiva ou à arbitragem,

recusar-se-á, com maior probabilidade, à submissão do dissenso ao poder soberano do

Estado-Juiz”. O feito também aguarda julgamento.

Apesar de não terem obtido resposta do STF, as quatro Adins até aqui

analisadas evidenciam que, para além da defesa das prerrogativas dos sindicatos,

também deixam evidente um aspecto já ressaltado anteriormente, qual seja o de que

através desta via de controle da constitucionalidade das normas diversos atores da

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vida política brasileira, mas especialmente entidades sindicais e partidos de esquerda,

têm procurado defender a prevalência do legislado sobre o negociado, no caso, através

da defesa do poder normativo do Judiciário Trabalhista, fragilizado pela EC 45/04.

Das 4 Adins questionando a redação do Artigo 114 dada pela EC 45/04 e que

ainda não foram analisados, a única proposta por entidade patronal foi a Adin 3520,

ajuizada pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino. Interessante

que, a exemplo das Adins dos trabalhadores, essa Adin também questiona a redação

dada aos parágrafos 2º e 3º do Artigo 114, mas suas razões parecem ser de outra

ordem, na medida em que entende que, com a nova redação dada ao Artigo 114,

sacrifica-se o poder de negociação entre as partes. De fato, ao justificar a pertinência

do pedido, a requerente afirma que os dispositivos impugnados afetam de “forma direta

os estabelecimentos particulares de ensino de todo o país”. Em seguida, argumenta

que, dentre “as funções exercidas pelas entidades de classe, a negocial talvez seja a

mais importante” E com a “exigência de consenso entre as partes para o ajuizamento

do dissídio coletivo de natureza econômica”, não apenas se afronta as garantias de

controle jurisdicional assegurados pelo Artigo 5º da Constituição, mas o “transforma em

arbitragem pública”, além de determinar que “o Tribunal deve manter as cláusulas

convencionadas antes na sentença normativa”. Acrescenta, ainda, que tal alteração

representa “a eliminação do caráter provisório e excepcional das normas coletivas,

tornando-as praticamente eternas e imutáveis”. Assevera, por outro lado, que a nova

redação do Artigo 114 estaria criando uma “situação perturbadora da paz social, tendo

em vista que as partes inconciliadas estão impedidas de buscar socorro na Justiça do

Trabalho, tendo que enfrentar todas as conseqüências indesejáveis de um conflito

aberto e indeterminado, restando tão somente, como única saída, ante o impasse,

fazer uso de meios de autodefesa, no caso, a greve e o lockout”.

Até o encerramento da pesquisa, essa Adin ainda aguardava julgamento.

Entre as três Adins restantes, duas foram propostas por associação de

magistrados, e uma pela Procuradoria Geral da República. A Adin 3395/05, foi proposta

pela Associação dos Juízes Federais, e questiona o Inciso I do Artigo 114. A

requerente alega que o texto aprovado no Senado previa a exclusão dos “servidores

ocupantes de cargos criados por lei, de provimento efetivo ou em comissão, incluídas

as autarquias e fundações públicas”, da competência da Justiça do Trabalho. E que

este trecho teria sido suprimido na redação final. Assim, “em face da alegada violação

do processo legislativo constitucional”, solicita liminar para “sustar os efeitos do inciso I

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122

do Artigo 114, ou que se proceda a essa sustação com interpretação conforme”. O

pedido da AJUFE é acolhido, tendo sido a liminar aprovada por maioria,

acompanhando o parecer do relator, Ministro Cézar Peluso “suspendendo, ad

referendum, toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do art. 114 da CF, na

redação dada pela EC 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho a

apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores,

a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-

administrativo”.

A Adin 3529/05, ajuizada pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais,

tem o mesmo objeto da Adin da AJUFE e, por isso, será apensada a ela.

A Adin 3684/06, proposta pela Procuradoria Geral da República tem como alvo

os incisos I, IV e IX do Artigo 114. Sua causa refere-se à competência criminal da

Justiça do Trabalho. E, do ponto de vista formal, seu pedido tem contornos

semelhantes ao da AJUFE, na medida em que requer que seja declarada a

inconstitucionalidade formal do Artigo 114, I, com a redação dada pela EC 45/04, mas

que, “em caso de assim não entender possível, declarar-se a sua inconstitucionalidade

sem redução de texto, conferindo interpretação conforme à Constituição que afaste da

Justiça do Trabalho a competência criminal”.

Por unanimidade, o STF deferiu o pedido de liminar, estabelecendo que “o

disposto no Artigo 114, incisos I, IV e V, da Constituição Federal, acrescidos pela EC

45/04, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ação

penal”.

Quanto à produção normativa discricionária do Poder Executivo, a pesquisa não

identificou nenhuma iniciativa atinente ao Artigo 114, ao longo dos seis anos do

Governo Lula aqui analisados.

O tema central do governo Lula foi, como vimos, o da reforma sindical, que

ganha status de prioridade desde seu início, com a agenda estabelecida pelo Conselho

de Desenvolvimento Econômica e Social e pelo Fórum Nacional do Trabalho. Todavia,

a linha programática do governo foi obrigada a ceder diante da reação de parte

considerável do movimento sindical e da base aliada, especialmente de outros partidos

de esquerda, como o PDT e o PC do B. A isso se somou a chamada “crise do

mensalão”, que desaconselhava uma divisão na sua base de sustentação. Com isso,

as antigas instituições se encontram preservadas, menos por uma adesão doutrinária,

do que por razões pragmáticas, caso óbvio do chamado imposto sindical. Nesse

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123

sentido, a modelagem afinal resultante dos 20 anos ora analisados, consiste em um

compósito que vem combinando elementos novos, entre os quais, principalmente a

valorização da negociação coletiva, com o repertório da CLT, especialmente pela

manutenção da unicidade sindical e pelos papéis fortes atribuídos à Justiça do

Trabalho na administração dos conflitos coletivos.

VIII. Considerações Finais

Findo este longo périplo da legislação trabalhista e sindical sob o contexto da

democratização e da Carta de 88, o que se pode constatar é que o forte impulso para a

ruptura com as instituições trabalhistas da era Vargas, introduzido tanto pelo PT quanto

pelo PSDB - cada um a seu modo -, encontrou severas resistências, uma delas

originária do próprio texto constitucional. Desse modo, por ensaio e erro, acabou por

obter confirmação o modelo brasileiro de instituir nas relações entre capital e trabalho

uma efetiva presença do direito, seus procedimentos e instituições. De passagem, não

se pode deixar de mencionar, em uma modelagem desse tipo, o papel ativo dos

próprios operadores, incluindo advogados, na sua construção.

No que se refere propriamente aos direitos, o Legislativo tem cumprido um papel

fundamental em sua ampliação, em particular no que se refere ao Artigo 7º, tal como

ficou demonstrado ao longo dessa pesquisa.

A Justiça do Trabalho, por sua vez, longe de ter sido condenada a um papel

menor teve, ao contrário, sua competência alargada. No caso, notável observar,

também, que uma boa parte das controvérsias entre o modelo legislado e o negociado

tem tido seu transcurso no interior do Poder Judiciário, como a análise realizada

testemunha de forma abundante através das inúmeras Adins mobilizadas pela

pesquisa.

Não se pode, contudo, compreender que a modelagem institucional do

sindicalismo brasileiro já tenha encontrado uma forma estabilizada. A indicação maior

de que novas mudanças venham a incidir sobre ela está na difícil permanência do

chamado imposto sindical.

Em termos mais gerais, deve-se ressaltar o impacto do constitucionalismo

democrático sobre o mundo do trabalho brasileiro, levando a que as suas antigas

instituições sejam obrigadas a passar pelo crivo da sua constitucionalidade, sendo

legitimadas apenas e na medida em que atendam aos princípios que norteiam os

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124

direitos e garantias fundamentais, entre os quais a dignidade do trabalho, a valorização

do trabalhador e a autonomia da sua vida associativa.

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125

ANEXO

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126

O levantamento feito pela pesquisa gerou um banco de dados com 506

iniciativas normativas referidas aos Artigos 7º a 11, e Artigo 114 da Constituição

Federal, realizadas entre 1988 e 2008. O banco pretende contemplar a totalidade de

emendas e propostas de emendas constitucionais, leis e projetos de lei, Adins, ADPFs,

Mandados de Injunção, e as principais medidas provisórias, decretos e portarias

atinentes aos artigos constitucionais privilegiados pela pesquisa.

O material coligido foi codificado segundo ano, tipo de norma, autor e tema, e

para facilitar sua exposição, subdividimos os vinte anos cobertos pela pesquisa em três

momentos distintos: o período que compreende a produção normativa de outubro de

1988 a dezembro de 1994, correspondendo aos governos Sarney, Collor e Itamar

Franco – denominado de período pré-FHC; o período FHC, que vai de janeiro de 1995

a dezembro de 2002, e que corresponde aos dois mandatos do presidente Fernando

Henrique Cardoso; e o período Lula, que compreende os seis primeiros anos do

governo do presidente Lula (janeiro de 2003 a dezembro de 2008).

A tabela 1 apresenta os diferentes tipos de normas produzidas por períodos de

governo. Com base nela, fica evidente o predomínio dos projetos de lei (PL) no

conjunto das iniciativas compulsadas pela pesquisa, respondendo por mais de um terço

do total (35,0%). Em seguida, aparecem as leis com 15,8% e as propostas de emenda

constitucional (PEC) com 15,6%. Os projetos de lei têm predominância em todos os

períodos de governo. Porém, há uma diferença considerável na proporção que eles

ocupam em cada período. No período pré-FHC, eles representam 45,3% da produção

normativa, já no governo FHC há uma queda significativa, com os projetos de lei

representando 26,3% da produção nesse período. No governo Lula, a presença dos

PLs volta a ganhar maior relevância, respondendo por 42,5% da produção normativa –

em termos absolutos, eles superam o período pré-FHC.

Em relação às leis, o período pré-FHC apresenta o maior número de leis

sancionadas em matéria trabalhista: são 37 leis, representando 28,8% da produção

normativa do período. No governo FHC, as leis significaram 12,4% de sua produção. E

no governo Lula, 9,8%.

As PECs não aparecem com o mesmo destaque no período pré-FHC,

representando apenas 5,5% da produção normativa desse período. É no governo FHC

que as PECs ganham maior destaque, alcançando 21,8% da produção. Aliás, mais da

metade das PECs analisadas na pesquisa foram propostas no período FHC. No

governo Lula, elas representam 15,0% da produção normativa do período.

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127

Vale destacar, ainda, a importância das medidas provisórias (MP) no período

FHC, representando 16,9% da sua produção. Nos dois outros períodos estudados, as

MPs ficaram abaixo dos 10% da produção normativa. Outra observação relevante é o

crescimento da importância relativa das Ações Diretas Inconstitucionalidade (Adin) no

conjunto das iniciativas normativas: no período pré-FHC representavam apenas 9,4%,

passando para 12,9% no período FHC, e 14,4% no período Lula.

Tabela 1: Tipo de Norma por Período de Governo

Tipo de Norma

Período de Governo

Total

pré-FHC FHC Lula

Projeto de Lei (inclusive o projeto de lei complementar)

58 45,3%

59 26,3%

65 42,5%

183 35,0%

Lei 37

28,8% 28

12,4% 15

9,8% 80

15,8%

Proposta de Emenda Constitucional

7 5,5%

49 21,8%

23 15,0%

79 15,6%

ADIN 12

9,4% 29

12,9% 22

14,4% 63

12,5%

Medida Provisória 10

7,8% 38

16,9% 6

3,9% 54

10,7%

Decreto 3

2,3% 12

5,3% 3

2,0% 18

3,6%

Portarias do Ministerio do Trabalho e do Emprego

6 2,7%

10 6,5%

16 3,2%

Mandado de Injunção 1

,8%

5 3,3%

6 1,2%

Emenda Constitucional

4 1,8%

1 ,7%

5 1,0%

Mensagem

2 1,3%

2 ,4%

ADPF

1 ,7%

1 ,2%

Total 128

100,0% 225

100,0% 153

100,0% 506

100,0%

A Tabela 2 apresenta os temas centrais das iniciativas normativas, segundo os

períodos de governo em que foram realizadas. A variável tema foi construída com base

na classificação do objeto central de cada norma, e, a partir daí, da sua agregação em

categorias sintéticas. Com isso, chegamos aos cinco temas que sintetizam as

principais vertentes das iniciativas normativas nas áreas afetas aos artigos

constitucionais delimitados pela pesquisa.

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128

O tema reforma trabalhista é responsável por mais da metade (56,9%) das

iniciativas. Caso se leia a tabela 2 pelas linhas, constata-se que um pouco mais da

metade do total das iniciativas (51,0%) neste tema foi produzida no governo FHC. Para

o período FHC, especificamente, o tema reforma trabalhista representa nada menos

que 65,3% das iniciativas normativas realizadas durante o governo FHC. No período

anterior, esse tema significou 57,8% da sua produção e, no governo Lula, a reforma

trabalhista responde por 43,8% das iniciativas.

O segundo tema mais presente na produção normativa analisada na pesquisa

foi a reforma sindical, com 15,0%. Neste caso, é o período Lula que ganha destaque,

respondendo por mais da metade (51,3%) do total das iniciativas nesta matéria. Nesse

período, o tema reforma sindical responde por 25,5%, importância relativa bem superior

aos dois outros períodos: de 16,4% no período pré-FHC, e de apenas 7,1% no período

FHC.

Vale destacar, ainda, a recorrência do tema Justiça do Trabalho nos três

períodos. No período pré-FHC, responde por 14,1% das iniciativas, no período FHC,

por 12,4%, e no período Lula por 15%.

O tema política de geração de emprego ganha certa importância relativa no

conjunto das iniciativas realizadas no período FHC e no período Lula, respondendo por

12,9% e 15,0%, respectivamente.

Finalmente, o tema regulamentação profissional, tem alguma importância

relativa apenas no período pré-FHC, quando responde por 10,2% das iniciativas. Nos

dois períodos seguintes torna-se residual.

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129

Tabela 2: Tema das normas produzidas por período de governo Tema Período de Governo

Total

pré-FHC FHC Lula

Reforma Trabalhista 74

57,8% 147

65,3% 67

43,8% 288

56,9%

Reforma Sindical 21

16,4% 16

7,1% 39

25,5% 76

15,0%

Justiça do Trabalho 18

14,1% 28

12,4% 23

15,0% 69

13,6%

Política de Geração de Emprego 2

1,6% 29

12,9% 23

15,0% 54

10,7%

Regulamentação de Profissões 13

10,2% 5

2,2% 1

,7% 19

3,8%

Total 128 100,0%

225 100,0%

153 100,0%

506 100,0%

Devido à sua relevância estatística no conjunto das iniciativas normativas

levantadas pela pesquisa, optou-se por aprofundar a análise dos Projetos de Lei. A

tabela 3 traz a distribuição temática dos PLs, demonstrando a prevalência da reforma

trabalhista e da reforma sindical na agenda do Congresso Nacional, que responde por

36,1% e 24,7%, respectivamente, do total de temas. Mas, também merece destaque o

fato de que quase 20% dos PLs tratem da política de geração de emprego.

Tabela 3: Tema dos Projetos de Lei Tema Frequência % Reforma Trabalhista 60 36,1 Reforma Sindical 41 24,7 Política de Geração de Emprego 33 19,9 Justiça do Trabalho 26 15,7 Regulamentação de Profissões 6 3,6 Total 166 100,0

Quanto à origem dos PLs, a tabela 4 evidencia uma clara predominância do

Legislativo como proponente desse tipo de iniciativa, com 85,5% do total. Mas, quando

se compara os diferentes períodos, não deixa de ser interessante notar o maior

ativismo legislativo do Poder Executivo no governo FHC: 58,3% do total de PLs

originários do Poder Executivo foram apresentados nesse governo.

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130

Tabela 4: Poder de origem dos PLs por período de governo

Poder de Origem

Período de Governo Total

pré-FHC FHC Lula

Poder Legislativo 49

90,7% 39

73,6% 54

91,5% 142

85,5%

Poder Executivo 6

9,3% 14

26,4% 5

8,5% 24

14,5%

Total 54

100,0% 53

100,0% 59

100,0% 166

100,0%

A tabela 5 trata exclusivamente dos PLs propostos pelo Legislativo, e apresenta

seus temas segundo a corrente partidária dos parlamentares proponentes. Uma

primeira observação de caráter mais geral a ser feita é a de que, no conjunto, a

esquerda responde por quase a metade dos PLs atinentes aos artigos estudados pela

pesquisa. Examinando por tema, é bem acentuada a predominância da esquerda no

tema reforma sindical, respondendo por 54,3% dos PLs propostos nessa matéria. Já no

tema reforma trabalhista, nota-se uma distribuição mais eqüitativa entre as diferentes

correntes partidárias, apesar da esquerda ainda ser a mais presente, respondendo por

40% do total de iniciativas, contra 31,1% dos partidos de centro, e 28,9% dos de direita.

Outro tema caro aos partidos de esquerda é a Justiça do Trabalho: nada menos que

55% dos PLs nesse tema são oriundos da esquerda.

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131

Tabela 5: Temas dos PLs do Legislativo por Tipo de Corrente Partidária

Tema

Tipo de Partido

Total

Esquerda Centro Direita

Reforma Trabalhista 18

40,0% 14

31,1% 13

28,9% 45

100,0%

Reforma Sindical 19

54,3% 9

25,7% 7

20,0% 35

100,0%

Política de Geração de Emprego15

48,4% 4

12,9% 12

38,7% 31

100,0%

Justiça do Trabalho 11

55,0% 3

15,0% 6

30,0% 20

100,0%

Regulamentação de Profissões 2

33,3% 2

33,3% 2

33,3% 6

100,0%

Total 65

47,4% 32

23,4% 40

29,2% 137

100,0%

Mas, além dos PLs, também é interessante conhecer melhor o terreno das

propostas de emenda constitucional, que, como vimos, respondem por cerca de 15%

do total de iniciativas levantadas pela pesquisa. A tabela 6 apresenta as PECs segundo

seu poder de origem, deixando evidente que, em todo o período analisado, o Executivo

propôs apenas 4 PECs, três no governo FHC e uma no governo Lula. Outro aspecto

importante revelado pela tabela 6 é o fato de que bem mais da metade das PECs

(62,0%) foram propostas durante o período FHC.

Tabela 6: Poder de origem das PECs por período de governo

Poder de Origem

Período de Governo

Total

pré-FHC FHC Lula

Poder Legislativo 7

100,0% 46

93,9% 22

95,7% 75

94,9%

Poder Executivo

3 6,1%

1 4,3%

4 5,1%

Total 7

100,0% 49

100,0% 23

100,0% 79

100,0%

Em relação aos temas das PECs, a tabela 7 demonstra que a reforma

trabalhista é o tema dominante, respondendo por 70,9% do total. Como se pode

constatar, é o tema principal das PECs nos três períodos analisados. Porém, se nos

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132

períodos pré-FHC e FHC, responde por 85,7% e 75,5%, respectivamente, no período

Lula cai para 56,5%. É que neste último período surge com força no terreno das PECs

o tema reforma sindical, que responde por 21,7% das PECs então apresentadas.

Tabela 7: Tema das PECs por período de governo

Tema Período de Governo Total

pré-FHC FHC Lula

Reforma Trabalhista 6 85,7%

37 75,5%

13 56,5%

56 70,9%

Justiça do Trabalho 1 14,3%

8 16,3%

3 13,0%

12 15,2%

Reforma Sindical

1 2,0%

5 21,7%

6 7,6%

Política de Geração de Emprego

3 6,1%

2 8,7%

5 6,3%

Total 7 100,0%

49 100,0%

23 100,0%

79 100,0%

A tabela 8 traz as PECs apresentadas por parlamentares, recortando segundo

seus temas e a corrente partidária de seus proponentes. A primeira observação a ser

feita é a de que, diversamente do verificado no terreno dos PLs, onde a esquerda é

mais atuante, no caso das PECs verifica-se uma pequena vantagem da direita, que

responde por 45,8% desse tipo de iniciativa no período. Em seguida, aparece a

esquerda com 38,9%, e os partidos de centro, com 15,3%. No tema reforma trabalhista

observa-se um padrão de distribuição semelhante, já que a direta responde por 44,2%

das PECs, a esquerda por 38,5%, e a direita por 17,3%. Mas, nas PECs relacionadas

ao tema Justiça do Trabalho, a esquerda aparece em primeiro lugar, com 45,5%,

seguida pela direita com 36,4%, e pelo centro com 18,2%. As PECs no tema reforma

sindical ficaram igualmente divididas entre esquerda e direita, e as PECs voltadas para

políticas de geração de empregos foram majoritariamente propostas por parlamentares

de direita.

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133

Tabela 8: Tema das PECs por Tipo de Partido

Tema

Tipo de Partido

Total

Esquerda Centro Direita

Reforma Trabalhista 20

38,5% 9

17,3% 23

44,2% 52

100,0%

Justiça do Trabalho 5

45,5% 2

18,2% 4

36,4% 11

100,0%

Política de Geração de Emprego1

20,0%

4 80,0%

5 100,0%

Reforma Sindical 2

50,0%

2 50,0%

4 100,0%

Total 28

38,9% 11

15,3% 33

45,8% 72

100,0%

Examinemos, agora, as Adins, que respondem por 12,4% das iniciativas

levantadas pela pesquisa. A tabela 9 apresenta os autores das Adins por período de

governo, deixando evidente que a maioria delas (55,6%) foi ajuizada por centrais

sindicais e associações de trabalhadores. Em seguida, aparecem os partidos políticos

– quase sempre de esquerda –, com 20,6%, e as entidades de classe patronal, com

14,3%.

Quanto à distribuição pelos três períodos, a tabela 9 indica que a maior

concentração de Adins ocorre no período FHC, quando são ajuizadas 46% do total de

Adins analisadas. Outras 34,9% foram ajuizadas no período Lula, e 16,1% no período

pré-FHC.

Importa ressaltar que as centrais sindicais e as associações de trabalhadores

foram responsáveis por 69% das Adins ajuizadas no período FHC, e por 50% no

período Lula. No período pré-FHC, elas respondem por apenas 33,3% das Adins.

Quanto à participação dos partidos, o dado mais importante é o seguinte: enquanto

respondem pela metade das Adins no período pré-FHC, e por 20,7% no período FHC,

no período Lula, esse percentual cai para apenas 4,5%. A queda da presença relativa

dos partidos neste último período é compensada pela maior presença das entidades

patronais, responsáveis por 31,8% das Adins.

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134

Tabela 9: Autor das Adins por período de governo

Requerentes

Período de Governo

Total

pré-FHC FHC Lula

Centrais Sindicais e associações de Trabalhadores

4 33,3%

20 69,0%

11 50,0%

35 55,6%

Partido Político 6

50,0% 6

20,7% 1

4,5% 13

20,6%

Entidade de Classe Patronal

2 6,9%

7 31,8%

9 14,3%

Procurador Geral da República 1

8,3%

1 4,5%

2 3,2%

OAB 1

8,3% 1

3,4%

2 3,2%

Associações de Funcionários Públicos

2 9,1%

2 3,2%

Total 12

100,0% 29

100,0% 22

100,0% 63

100,0%

A tabela 10 traz a distribuição dos temas das Adins por tipo de autor, e dois

aspectos chamam a atenção: em primeiro lugar, o fato de que as centrais sindicais e as

associações de trabalhadores têm presença dominante nos três temas em que se

distribuem as Adins, mas muito especialmente no da reforma trabalhista, no qual

respondem por 65,6% do total; em segundo lugar, o fato de que as entidades patronais

aparecem com força enquanto autoras de Adins questionando normas relacionadas à

reforma sindical. Nesta matéria, têm uma presença relativa quase igual a das centrais

sindicais e associações de trabalhadores.

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135

Tabela 10: Autor das Adins por tema

Requerentes

Tema

Total

Reforma Sindical

Reforma Trabalhista

Justiça do Trabalho

Centrais Sindicais e Associações de

Trabalhadores

6 54,5%

21 65,6%

8 40,0%

35 55,6%

Partido Político

8 25,0%

5 25,0%

13 20,6%

Entidade de Classe Patronal 5

45,5% 3

9,4% 1

5,0% 9

14,3%

Procurador Geral da República

2 10,0%

2 3,2%

OAB

2 10,0%

2 3,2%

Associações de Funcionários Públicos

2 10,0%

2 3,2%

11 100,0%

32 100,0%

20 100,0%

63 100,0%

A seguir, o leitor encontra uma lista completa de todas as 506 iniciativas

normativas compulsadas e qualitativamente analisadas pela pesquisa. Para facilitar sua

leitura, preparou-se um índice. A lista foi organizada segundo a mesma lógica da

exposição do estudo, isto é, por governo, por artigo e pelo poder responsável pela

iniciativa.

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136

Sumário

I. Governo Sarney

I.1.1 Artigo 7º - Legislativo ........................................................................... 135

I.2.1 Artigo 8º - Legislativo ........................................................................... 136

I.2.2 Artigo 8º - Judiciário ............................................................................. 137

I.3.1 Artigo 9º - Legislativo............................................................................ 137

I.3.2 Artigo 9º - Executivo ............................................................................. 137

I.4.1 Artigo 10º - Legislativo .......................................................................... 137

I.5.1 Artigo 114 – Legislativo ........................................................................ 137

II. Governo Collor

II.1.1 Artigo 7º - Legislativo........................................................................... 138

II.1.2 Artigo 7º - Executivo ............................................................................ 140

II.1.3 Artigo 7º - Judiciário ............................................................................ 140

II.2.1 Artigo 8º - Legislativo........................................................................... 140

II.3.1 Artigo 9º - Legislativo........................................................................... 142

II.4.1 Artigo 10º - Legislativo ......................................................................... 142

II.5.1 Artigo 114 – Legislativo ....................................................................... 142

II.5.2 Artigo 114 – Executivo ........................................................................ 143

II.5.3 Artigo 114 – Judiciário ......................................................................... 143

III. Governo Itamar Franco

III.1.1 Artigo 7º - Legislativo .......................................................................... 144

III.1.2 Artigo 7º - Executivo ........................................................................... 145

III.2.1 Artigo 8º - Legislativo .......................................................................... 145

III.3.1 Artigo 114 – Legislativo ...................................................................... 146

IV. Governo Fernando Henrique Cardoso – 1º mandato

IV.1.1 Artigo 7º - Legislativo ......................................................................... 146

IV.1.2 Artigo 7º - Executivo ........................................................................... 151

IV.1.3 Artigo 7º - Judiciário ........................................................................... 153

IV.2.1 Artigo 8º - Legislativo ......................................................................... 155

IV.3.1 Artigo 9º - Legislativo ......................................................................... 156

IV.4.1 Artigo 114 – Legislativo ...................................................................... 157

IV.4.2 Artigo 114 – Executivo ....................................................................... 157

IV.4.3 Artigo 114 – Judiciário ....................................................................... 158

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137

V.Governo Fernando Henrique Cardoso – 2º mandato

V.1.1 Artigo 7º - Legislativo .......................................................................... 158

V.1.2 Artigo 7º - Executivo............................................................................ 162

V.1.3 Artigo 7º - Judiciário ............................................................................ 164

V.2.1 Artigo 8º - Legislativo .......................................................................... 164

V.2.2 Artigo 8º - Executivo............................................................................ 164

V.3.1 Artigo 9º - Legislativo .......................................................................... 165

V.4.1 Artigo 114 – Legislativo ....................................................................... 165

V.4.2 Artigo 114 – Judiciário ........................................................................ 166

VI.Governo Lula

VI.1.1 Artigo 7º - Legislativo ......................................................................... 166

VI.1.2 Artigo 7º - Executivo ........................................................................... 173

VI.1.3 Artigo 7º - Judiciário ........................................................................... 174

VI.2.1 Artigo 8º - Legislativo ......................................................................... 174

VI.2.2 Artigo 8º - Executivo ........................................................................... 176

VI.2.3 Artigo 8º - Judiciário ........................................................................... 177

VI.4.1 Artigo 9º - Legislativo ......................................................................... 179

VI.4.1 Artigo 10º – Legislativo ...................................................................... 179

VI.5.1 Artigo 114 – Legislativo ...................................................................... 180

VI.5.2 Artigo 114 – Judiciário ....................................................................... 181

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138

I. GOVERNO SARNEY

I.1.1 - Artigo 7º - Legislativo

Leis

Lei 7.839/89 - Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e dá outras

providências.

Lei 7.853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua

integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos

ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e

dá outras providências.

Lei 7.855/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua

integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos

ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e

dá outras providências.

Lei 7.998/90 - Regula o Programa do Seguro-Desemprego, o Abono Salarial, institui o

Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, e dá outras providências.

Projetos de Lei

PLP (complementar) 33/88 - Dispõe sobre a proteção contra a despedida arbitrária ou

sem justa causa do trabalhador e, dá outras providências Regulamenta o inciso I do art.

7º da Constituição Federal de 1988.

PLP (complementar) 34/88 - Regulamenta o inciso I, do art. 7º da Constituição, que

trata da relação de emprego, protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa.

PL 991/88 - Regula o programa do seguro-desemprego, o abono salarial, institui o

fundo de amparo ao trabalhador - FAT, e dá outras providências. Aplicando o artigo

sétimo, inciso II e o artigo 201, inciso IV da Constituição Federal de 1988.

Transformado na Lei 7998/90.

PLP (complementar) 112/89 - Regulamenta o art. 7º, incisos I e XXI da Constituição

Federal, dispõe sobre a relação de emprego protegida contra a despedida arbitrária ou

sem justa causa e sobre o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço.

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139

PLP (complementar) 160/89 - Dispõe sobre a proteção de relação do emprego contra

despedida arbitrária ou sem justa causa e dá outras providências.

PL 1.613/89 - Modifica o artigo 16 da Consolidação das Leis do Trabalho. Dispensando

a impressão digital da carteira de trabalho previdência social e reduzindo as exigências

para seu fornecimento. Transformado na Lei 8260/91.

PL 2.167/89 - Dispõe sobre a profissão de atendente de enfermagem. Transformado na

Lei 8.967/94.

PL 2.239/89 – Altera dispositivos da Lei 4.769, de 09 de setembro de 1965, que dispõe

sobre o exercício da profissão de técnico de administração. Transformado na Lei

8.873/94.

PL 3.759/89 – Dispõe sobre a profissão de guia de turismo e dá outras providências.

Transformado na Lei 8.623/93.

PL 3.903/89 – Revoga a lei 3.252, de 27 de agosto de 1957 e dispõe sobre a

regulamentação da profissão de assistente social. Transformado na Lei 8.662/93.

PL 4.159/89 - Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras

providências. Transformado na Lei 8.234/91.

I.2.1 - Artigo 8º - Legislativo

Projetos de Lei PL 998/88 - Regula o rito processual do Mandado de Injunção e dá outras

providências. Admite sindicato como pólo ativo.

PL 1.662/89 - Determina a aplicação da Lei nº 1.533, de 31 de dezembro de 1951, ao

mandado de injunção e dá outras providências. Aplica a legislação do mandado de

segurança, em caráter provisório, ao mandado de injunção instituído pelo inciso LXXI

do artigo quinto da Constituição Federal de 1988.

PL 1.528/89 - Dispõe sobre a organização sindical e dá outras providências. Assegura a

aplicação do inciso VI do art. 8º e do art. 37 da Constituição Federal de 1988 sobre o sistema

sindical unitário; mantendo a contribuição sindical compulsória, autonomia e liberdade sindicais

e a organização de centrais sindicais. Reforma Sindical. Revoga dispositivos do Decreto-Lei nº

5.452, de 1943.

PL 1.977/89 - Dispõe sobre a organização sindical. Regulando o disposto nos artigos oitavo e

37, inciso VI da Constituição Federal de 1988.

PL 3.408/89 - Dispõe sobre a organização sindical brasileira e dá outras providências.

Assegurando o cumprimento do artigo oitavo da nova Constituição Federal em relação aos

principios da liberdade de associação.

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140

I.2.2 Artigo 8º - Judiciário

MI 144/89 - Associação Profissional dos Bombeiros Civis questionando o papel do Estado no

registro sindical.

I.3.1 - Artigo 9º - Legislativo

Leis

Lei 7.783/89 - Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades

essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá

outras providências.

I.3.2 Artigo 9º - Executivo

Medidas Provisórias

MP 59/89 - Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades

essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá

outras providências.

I. 4.1 Artigo 10º - Legislativo

Projetos de Lei

PL 2.202/89 - Estabelece a representação classista na administração das instituições

previdenciárias. Definindo a representação do conselho administrativo das autarquias

da previdência social em conformidade com o artigo 10 da Constituição Federal de

1988.

I.5.1 Artigo 114 – Legislativo

Projetos de Lei

PL 2.724/89 – Disciplina a constituição, investidura, competência, garantias, condições

de exercício dos orgãos da justiça do trabalho, além da nomeação dos juizes classistas

nas juntas de conciliação e julgamento - artigos 113, 114 e 116 da Constituição.

Regulamentando o disposto no artigo 113, artigo 114 e artigo 116 da Constituição

Federal de 1988.

PL 3.050/89 – Dispõe sobre medidas de conciliação no dissídio trabalhista e da outras

providências. Agilizando, a nível da justiça do trabalho, as ações de conciliação de

dissídios trabalhistas, e proibindo a interferência de autoridade policial.

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141

PL 3.409/89 - Dispõe sobre a negociação coletiva. Assegurando o cumprimento do

disposto no artigo sétimo inciso XIII e o parágrafo segundo do artigo 114 da

Constituição Federal de 1988.

PL 3.533/89 - Dispõe sobre as normas aplicáveis ao processo de dissídio coletivo e dá

outras providências.

II.GOVERNO COLLOR

II.1.1 - Artigo 7º - Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 47/90 - Dá nova redação ao inciso IV do artigo sétimo da Constituição Federal,

que dispõe sobre o salário mínimo, a fim de permitir a sua vinculação para fixação do

valor dos proventos da aposentadoria e da pensão por morte.

PEC 73/91 - Dá nova redação ao inciso IV do artigo sétimo da Constituição Federal.

Vinculando os benefícios previdenciários ao salário mínimo, alterando a Constituição Federal

de 1988.

PEC 101/92 - Dá nova redação ao artigo sétimo, inciso IV, da Constituição Federal.

Extinguindo o salário mínimo unificado, alterando dispositivos da Constituição Federal de 1988.

PEC 106/92 - Dá nova redação ao inciso IV do artigo sétimo da Constituição Federal.

Extinguindo o salário mínimo unificado, alterando dispositivos da Constituição Federal de 1988.

PEC 137/92 - Dá nova redação ao inciso IV do artigo sétimo da Constituição Federal.

Extinguindo o salário mínimo unificado em âmbito nacional, passando o mesmo a ser

unificado por regiões, segundo critérios e diretrizes estabelecidos em lei complementar,

alterando dispositivos da Constituição Federal de 1988.

Leis

Lei 8.019/90 - Altera a legislação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e dá

outras providências.

Lei 8.036/90 - Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e dá outras

providências.

Lei 8.069/90 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras

providências.

Lei 8.178/91 - Estabelece regras sobre preços e salários e dá outras providências.

Lei 8.212/91 - Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de

Custeio, e dá outras providências.

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142

Lei 8.213/91 - Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras

providências.

Lei 8.234/91 - Regulamenta a profissão de Nutricionista e determina outras

providências.

Lei 8.260/91 - Modifica o art. 16 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Lei 8.352/91 - Dispõe sobre as disponibilidades financeiras do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT e dá outras providências.

Lei 8.420/92 - Introduz alterações na Lei n° 4.886, de 9 de dezembro de 1965, que

regula as atividades dos representantes comerciais autônomos.

Lei 8.438/92 - Prorroga o termo final do prazo previsto no art. 3° da Lei n° 8.352, de 28

de dezembro de 1991 e dá outras providências.

Decretos Legislativos

Decreto Legislativo n0 68/92 - Aprova o texto da Convenção n. 158, da Organização

Internacional do Trabalho - OIT, sobre o Término da Relação do Trabalho por Iniciativa

do Empregador, adotada em Genebra em 1982, durante a 68ª Sessão da Conferência

Internacional do Trabalho.

Projetos de Lei

PL 229/91 - Proíbe a exigência de atestado que comprove esterilidade ou gravidez de

candidatos a emprego. Transformado na Lei 9029/95.

PL 382/91 - Dispõe sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho e determina

outras providências.

PL 1.104/91 - Dá nova redação ao inciso II, artigo 131, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Não sendo considerada falta ao serviço a ausência da empregada durante licenciamento

compulsório por motivo de aborto. Transformado na Lei 8921/94.

PL 1.818/91 - Dá nova redação ao item III do artigo 131 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Dispondo que o período de faltas com recebimento de auxílio doença pelo trabalhador, não

será descontado do período aquisitivo de férias. Transformado na Lei 8726/93.

PL 2.297/91 - Acrescenta dispositivo ao artigo primeiro da Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962.

Dispondo sobre a proporcionalidade da gratificação de natal. Transformado na Lei 9011/95.

PL 2.298/91 - Altera o artigo 487 da Consolidação das Leis do Trabalho, permitindo

incorporar ao aviso prévio reajuste salarial coletivo concedido no seu curso.

PL 2.398/91 - Acrescenta parágrafo quarto ao artigo 71 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Ficando o empregador obrigado a remunerar como hora extra o intervalo para repouso e

alimentação não concedido. Transformado na Lei 8923/94.

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143

PL 2.544/92 - Dispõe sobre a garantia do salário mínimo e dá outras providências. Aos

trabalhadores que percebem remuneração variável, fixada por comissão, peça, tarefa ou outras

modalidades. Transformado na Lei 8716/93.

PL 3.383/92 - Acrescenta parágrafo ao artigo 442 da CLT para declarar a inexistência

de vínculo empregatício entre as cooperativas e seus associados. Transformado na Lei

8949/94.

II.1.2 Artigo 7º - Executivo

Decretos

Decreto 99.684/90 - Consolida as normas regulamentares do Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço - FGTS.

Medidas Provisórias

MP 193/90 - Dispõe sobre a garantia de Salário Efetivo e dá outras providências.

MP 199/90 - Dispõe sobre a garantia de Salário Efetivo e dá outras providências.

MP 211/90 - Dispõe sobre a garantia de Salário Efetivo e dá outras providências.

MP 219/90 - Revoga o parágrafo único do artigo 1º e o artigo 11 da Medida Provisória

nº 211, de 24 de agosto de 1990 e dá outras providências.

MP 295/91 - Estabelece regras sobre preços e salários e dá outras providências.

MP 296/91 - Altera a remuneração dos funcionários civis e militares da União e dá

outras providências.

II.1.3 Artigo 7º - Judiciário

Adins

Adin 334/90 - Confederação Geral dos Trabalhadores – CGT contra MP 193/90.

Adin 357/90 – PT contra MP 211/90.

Adin 358/90 - Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM contra

MP 211/90.

Adin 359/90 – PSDB contra MP 211/90.

Adin 414/90 - Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM contra

Decreto 99684/90.

Adin 435/91 – PT contra MP 295/91.

II.2.1 Artigo 8º - Legislativo

Projetos de Lei

PL 4.967/90 - Acrescenta parágrafo 7º ao artigo 543 da Consolidação das Leis do

Trabalho. Facultando às entidades sindicais de trabalhadores o credenciamento de um

empregado de cada empresa para atuar como seu delegado, dando ao mesmo

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144

estabilidade provisória, nos termos do artigo oitavo, inciso VIII da Constituição Federal

de 1988.

PL 5.169/90 - Dispõe sobre a contribuição para custeio do sistema confederativo da

representação sindical das categorias econômicas, prevista no inciso IV do artigo 8º da

Constituição Federal

PL 38/91 - Cria o Conselho de Assuntos Sindicais e regula o registro de organização

sindical e dá outras providências.

PL 60/91 - Extingue a contribuição sindical de que tratam os artigos 578 a 610 da

Consolidação das Leis do Trabalho e dá outras providências.

PL 264/91 - Dispõe sobre a contribuição para custeio do sistema confederativo da

representação sindical das categorias profissionais, prevista no inciso IV do artigo 8º da

Constituição Federal.

PL 645/91 - Dispõe sobre o processo de negociação coletiva e dá outras providências.

Definindo os pressupostos básicos para a negociação coletiva e a competência dos

sindicatos e da Justiça do Trabalho.

PL 646/91 - Dispõe sobre a organização sindical. Dispondo sobre o registro de

sindicatos, a competência, a estabilidade sindical de dirigente e representante sindical

e a criação, fusão, desmembramento e extinção de categoria profissional.

PL 821/91 – Regulamenta o artigo oitavo da Constituição Federal, dispõe sobre a

negociação coletiva de trabalho, regula a representação de trabalhadores na empresa

e dá outras providências.

PL 830/91 - Regulamenta o disposto no artigo 8º, inciso IV, da Constituição Federal,

dispondo sobre o registro das entidades sindicais e dá outras providências. Dispondo

sobre fixação da contribuição sindical e o registro de sindicatos; regulamentando o

disposto no inciso I e IV do artigo oitavo da Constituição Federal de 1988.

PL 911/91 - Revoga os itens VI e VIII do artigo 530 da Consolidação das Leis do

Trabalho. Revogando os dipositivos que trata da inelegibilidade para os cargos

sindicais. Transformado na lei 8865/94.

PL 1.231/91 – Regulamenta o artigo oitavo da Constituição, regula a representação dos

trabalhadores nas empresas e dá outras providências.

PL 1.232/91 – Dispõe sobre a negociação coletiva de trabalho e dá outras

providências.

PL 2.585/92 - Dispõe sobre o enquadramento sindical e dá outras providências.

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145

PL 3.267/92 - Dispõe sobre o registro das entidades sindicais e estabelece

procedimentos para a solução autônoma de conflito de representação sindical.

Definindo o cartório de registro de pessoas jurídicas como orgão competente para o

registro de entidades sindicais atribuindo ao Ministério do Trabalho e administração a

função de organizar e manter atualizados o Cadastro Nacional dos Sindicatos, criando

comissão publicitária de representantes sindicais das categorias econômicas e

profissionais para dirimir conflito de representação e dando competência à Justiça do

Trabalho para o julgamento dos processos que não forem solucionados na comissão

bipartite. Altera a Lei nº 6.015, de 1973 e o Decreto-lei nº 5.452, de 1943.

II.3.1 Artigo 9º - Legislativo

Projetos de Lei

PL 401/91 - Define os serviços ou atividades essenciais, para os efeitos do direito de

greve, previsto no parágrafo 1º do art. 9º da Constituição Federal, e dá outras

providências.

II.4.1 Artigo 10º - Legislativo

Projetos de Lei

PL 4.694/90 - Regulamenta o artigo 10 da Constituição Federal. Dispondo sobre a

representação de empregados, empresários e governo nos orgãos colegiados em que

os interesses profissionais ou previdenciários dos trabalhadores sejam objeto de

discussão e deliberação, regulamentando dispositivos da Constituição Federal de 1988.

PL 5.439/90 - Assegura a participação de representante dos empregados na direção

das empresas públicas e sociedades de economia mista vinculada a União. Aplicando

o disposto no artigo 10 da Constituição Federal de 1988.

PL 305/91 - Regulamenta o art. 10 da Constituição Federal. Determina que os

colegiados diretivos dos orgãos da administração direta da União e suas autarquias

serão integrados por igual número de representantes dos empresários, dos

trabalhadores e do governo.

II.5.1 Artigo 114 – Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 96/92 - Introduz modificações na estrutura do Poder Judiciário. Altera dispositivos

dos artigos 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114,

115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e acrescenta os

artigos 103-A, 103-B, 111-A e 130-A, e dá outras providências.

Projetos de Lei

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146

PL 59/91 - Estabelece norma para negociação entre trabalhadores e empregados.

PL 645/91 - Dispõe sobre o processo de negociação coletiva e dá outras providências.

Definindo os pressupostos básicos para a negociação coletiva e a competência dos

sindicatos e da Justiça do Trabalho.

PL 762/91 - Dispõe sobre a estabilidade no emprego, a remuneração das horas

extraordinárias e a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar

dissídios coletivos.

PL 3.437/92 - Altera a Consolidação das Leis do Trabalho, no que se refere a acordo,

convenção coletiva e dissídio coletivo. Equiparando para todos os efeitos as sentenças

normativas.

II.5.2 Artigo 114 – Executivo

Medidas Provisórias

MP 185/90 - Dispõe sobre a interposição de recurso nos dissídios coletivos e a

concessão de efeito suspensivo.

MP 190/90 - reedição da MP 185. Dispõe sobre a suspensão da execução de

sentenças em dissídios coletivos, e dá outras providências.

II.5.3 Artigo 114 – Judiciário

Adins

Adin 283/90 - Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro contra MP

185/90.

Adin 293/90 - Procurador-Geral da República contra MP 190/90.

Adin 294/90 - PDT contra MP 190/90.

Adin 298/90 - PSDB contra MP 190/90.

Adin 300/90 - PSDB contra MP 190/90.

Adin 302/90 - Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil contra MP 190/90.

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147

III.GOVERNO ITAMAR FRANCO

III.1.1 Artigo 7º - Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 175/93 - Acrescenta inciso e altera os incisos V, VII e XXX do artigo sétimo da

Constituição Federal, fixando o salário mínimo do menor. Não podendo ser inferior a

cinquenta por cento do salário mínimo do trabalhador.

Leis

Lei 8.542/92 - Dispõe sobre a política nacional de salários e dá outras providências.

Lei 8.561/92 - Dá nova redação ao art. 1° da Lei nº 8.438, de 30 de junho de 1992, que

"prorroga o termo final do prazo previsto no art. 3° da Lei nº 8.352, de 28 de dezembro

de 1991 e dá outras providências."

Lei 8.623/93 - Dispõe sobre a profissão de Guia de Turismo e dá outras providências.

Lei 8.650/93 - Dispõe sobre as relações de trabalho do Treinador Profissional de

Futebol e dá outras providências.

Lei 8.662/93 - Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências.

Lei 8.669/93 - Dá nova redação ao art. 1º da Lei nº 8.561, de 29 de dezembro de 1992,

que "prorroga o termo final do prazo previsto no art. 3º da Lei nº 8.352, de 28 de

dezembro de 1991 e dá outras providências".

Lei 8.716/93 - Dispõe sobre a garantia do salário mínimo e dá outras providências.

Lei 8.726/93 - Dá nova redação ao inciso III do art. 131 da Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT.

Lei 8.845/94 - dispõe sobre prorrogação do termo final do prazo previsto no artigo I da

Lei 8.669/93.

Lei 8.856/94 - Fixa a jornada de trabalho dos profissionais Fisioterapeuta e Terapeuta

Ocupacional.

Lei 8.860/94 - Acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada

pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

Lei 8.861/94 - Dá nova redação aos arts. 387 e 392 da Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT, altera os arts. 12 e 25 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e os

arts. 39, 71, 73 e 106 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, todos pertinentes à

licença-maternidade.

Lei 8.870/94 - Altera dispositivos das Leis nºs 8.212 e 8.213, de 24 de julho de 1991, e

dá outras providências.

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Lei 8.873/94 - Altera dispositivos da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que

dispõe sobre o exercício da profissão de Técnico de Administração.

Lei 8.900/94 - Dispõe sobre o benefício do seguro-desemprego, altera dispositivo da

Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, e dá outras providências.

Lei 8.921/94 - Dá nova redação ao inciso II do art. 131 da Consolidação das Leis do

Trabalho.

Lei 8.923/94 - Acrescenta parágrafo ao art. 71 da Consolidação das Leis do Trabalho -

CLT, prescrevendo sanção a ser aplicada em caso de descumprimento do disposto no

caput do referido artigo.

Lei 8.949/94 - Acrescenta parágrafo ao art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho

- CLT para declarar a inexistência de vínculo empregatício entre as cooperativas e seus

associados.

Lei 8.966/94 - Altera a redação do art. 62 da Consolidação das Leis do Trabalho. Exclui

da jornada de trabalho padrão, o trabalhador que exercer atividade externa

incompatível com a fixação do horário de trabalho.

Lei 8.967/94 - Altera a redação do parágrafo único do art. 23 da Lei nº 7.498, de 25 de

junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá

outras providências.

Projetos de Lei

PL 3.981/93 - Disciplina a extração, a industrialização, utilização e transporte do

amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras artificiais e naturais de

qualquer origem usadas para o mesmo fim. Transformado na Lei 9.055/95.

PL 4.864/94 – Dispõe sobre a proteção devida aos trabalhadores em todo o país.

III.1.2 Artigo 7º - Executivo

Decretos

Decreto 1.197/94 - Regulamenta dispositivos das Leis nºs 8.861, de 25 de março de

1994 e 8.870, de 15 de abril de 1994, que alteram dispositivos das Leis nºs 8.212 e

8.213, ambas de 24 de julho de 1991.

Medidas Provisórias

MP 395/93 - Dispõe sobre a prorrogação do termo final do prazo previsto no artigo 1º

da Lei nº. 8.669, de 30 de junho de 1993.

III.2.1 Artigo 8º - Legislativo

Leis

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Lei 8.865/94 - Revoga os itens VI e VIII do art. 530 da Consolidação das Leis do

Trabalho.

Projetos de Lei

PL 3.747/93 - Dispõe sobre as relações coletivas de trabalho.

III.3.1 Artigo 114 - Legislativo

Projetos de Lei

PL 3.371/93 - Estende a competência da justiça do trabalho (artigo 114 da Constituição

Federal). Cabendo conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento

de convenção ou acordo coletivo de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos

ou entre sindicato de trabalhador e empregador, regulamentando o disposto na

Constituição Federal de 1988. Transformado na Lei 8.984/95.

PL 4.412/94 - Garante ao trabalhador o acesso a Justiça do Trabalho.

PL 4.768/94 – Cria a comissão paritária de conciliação, com a atribuição de tentar

conciliar os dissídios individuais do trabalho. Objetivando diminuir o número de

reclamações trabalhistas, obrigando os trabalhadores e os empregadores a se

reunirem para tentar a conciliação.

IV.GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – 1º MANDATO

IV.1.1 Artigo 7º - Legislativo

Emendas Constitucionais

EC 20/98 - Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e

dá outras providências.

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 33/95 – Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição

e da outras providências. A lei complementar que estabelecerá normas de transição,

fixará as diretrizes quanto ao: tempo de contribuição adicional a ser exigido pelo novo

regime, que será reduzido segundo a proporção direta existente entre o tempo de

serviço ou contribuição já cumprido e o requerido pelas normas vigentes, para fins de

aposentadoria com valor equivalente ao total do salário-de-benefício ou com proventos

integrais, e a elevação do prazo de carência e número de salários de contribuição que

será feita de forma gradativa. Transformada na Emenda Constitucional 20/98.

PEC 63/95 - Acrescenta parágrafo ao inciso XXXIV do artigo 7º da Constituição

Federal. Equiparando a categoria dos trabalhadores domésticos os trabalhadores de

microempresa com ate cinco empregados, assegurando a estes o direito do FGTS.

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PEC 76/95 - Acrescenta ao texto do inciso XIII ao artigo 7º da Constituição Federal a

expressão "e acordo individual quando o empregador for microempresa ou empresa de

pequeno porte".

PEC 77/95 - Acrescenta ao texto do inciso V do artigo 7º da Constituição Federal a

expressão "dele excluídos os trabalhadores da micro-empresa e da empresa de

pequeno porte".

PEC 114/95 - Acrescenta parágrafo ao artigo 7º da Constituição Federal. Equiparando

a categoria dos trabalhadores domésticos os trabalhadores de microempresa com ate

cinco empregados, garantindo o direito do FGTS.

PEC 120/95 - Dá nova redação ao inciso XX do artigo 7º da Constituição Federal.

Determinando que seja garantido ao menor a proteção de mercado de trabalho

mediante incentivos específicos.

PEC 139/95 - Altera os artigos terceiro e sétimo da Constituição Federal. Incluindo a

liberdade de orientação sexual dentre os objetivos de promover o bem de todos sem

preconceitos, nos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.

PEC 143/95 - Dá nova reação aos incisos V, XIII e XXVI e acrescenta parágrafo ao

artigo 7º da Constituição Federal. Excluindo as pequenas e microempresas de

pagamento de piso salarial e cumprimento de acordo coletivo de trabalho,

possibilitando acordo individual quanto à jornada de trabalho.

PEC 226/95 - Dá nova redação ao inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal.

Faculta a conversão do acréscimo de 1/3 (um terço) da remuneração das férias pela

ampliação do período de gozo das mesmas em mais 10 (dez) dias.

PEC 231/95 - Altera os incisos XIII e XVI do art. 7º da Constituição Federal. Reduz a

jornada máxima de trabalho para quarenta horas semanais e aumenta para setenta e

cinco por cento a remuneração de serviço extraordinário.

PEC 264/95 - Altera o inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal, para

uniformizar o prazo prescricional para ações trabalhistas.

PEC 265/95 - Altera a redação do inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal,

suprimindo as alíneas "a" e "b", para equiparar trabalhador urbano e rural quanto à

prescrição dos direitos trabalhistas. Fixando em cinco anos o prazo prescricional para

reclamações trabalhistas dos trabalhadores urbanos e rurais.

PEC 267/95 - Altera os incisos V, XIII, XXVI e XXXIV do artigo 7º da Constituição

Federal. Estabelecendo critérios para contratação de trabalhadores nas microempresas

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151

e pequenas empresas, incluindo a questão salarial, jornada de trabalho e equiparação

a categoria dos empregados domésticos.

PEC 271/95 - Altera a redação do art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal, para

reduzir a jornada de trabalho de quarenta e quatro para trinta horas semanais à razão

de uma hora por ano, facultada a ampliação da jornada até o limite de oito horas diárias

e quarenta semanais, mediante acordo a critério dos empregados e empregadores.

PEC 327/96 - Dá nova redação aos incisos V, XIII, XXVI e acrescenta inciso XXXIV ao

artigo 7º da Constituição Federal. Retirando das microempresas e empresas de

pequeno porte as exigências trabalhistas referentes a piso salarial e jornada de

trabalho reduzida mediante acordo coletivo, passando os trabalhadores a fazerem

acordo individual equiparação aos trabalhadores domésticos, assegurando-lhes o

direito ao FGTS.

PEC 366/96 - Altera o parágrafo único do artigo 7º da Constituição Federal.

Assegurando aos trabalhadores domésticos o direito ao recebimento do FGTS.

PEC 376/96 - Dá nova redação ao artigo 7º, inciso XXIX da Constituição Federal,

equiparando trabalhadores rurais e urbanos quanto à prescrição de direitos

trabalhistas. Unificando em cinco anos o prazo prescricional da ação relativa à créditos

trabalhistas, até dois anos depois de findo o contrato.

PEC 379/96 - Dá nova redação ao inciso IV do artigo 7º e ao parágrafo 5º do artigo 201

da Constituição Federal, e adiciona artigo ao Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias. Estabelecendo que o salário mínimo será fixado em lei estadual,

descentralizando o valor nacionalmente; dispondo que nenhum benefício previdenciário

terá valor inferior a media mensal corrigida dos valores dos salários mínimos estaduais,

salvo o benefício do seguro-desemprego, cujo valor não poderá ser inferior ao do

salário mínimo estadual, deduzido de montante equivalente ao desconto da

contribuição previdenciária.

PEC 398/96 - Altera a redação do parágrafo único do artigo 7º da Constituição Federal,

para assegurar aos trabalhadores domésticos a percepção do seguro-desemprego e do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

PEC 413/96 - Proíbe o trabalho do menor de 14 (quatorze) anos, ainda que na

condição de aprendiz. Altera o art. 7º, inciso XXXIII e art. 227, § 3º, inciso I da

Constituição Federal de 1988.

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PEC 423/96 - Acrescenta parágrafo ao inciso XVIII do artigo 7º da Constituição

Federal. Estendendo o benefício da licença gestante a mãe de filho adotivo, menor de

dez anos de idade.

PEC 587/98 - Acrescenta três parágrafos ao artigo sétimo, do capítulo II, do título II, da

Constituição Federal, para incluir mais um direito dos trabalhadores. É livre ao

trabalhador escolher relação de emprego em que a remuneração seja exclusivamente

por hora efetiva de trabalho, substituindo alguns direitos trabalhistas pelo acrescimo de

sessenta por cento na remuneração da hora trabalhada.

Leis

Lei 9.011/95 - Acrescenta dispositivo ao art. 1º da Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962.

Lei 9.029/95 - Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras

práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação

jurídica de trabalho, e dá outras providências.

Lei 9.032/95 - Dispõe sobre o valor do salário mínimo, altera dispositivos das Leis nº

8.212 e nº 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências.

Lei 9.055/95 - Disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e

transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras

naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim e dá outras

providências.

Lei 9.261/96 - Altera a redação dos incisos I e II do art. 2º, o caput do art. 3º, o inciso VI

do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985.

Lei 9.300/96 - Acrescenta parágrafo ao art. 9° da Lei n° 5.889, de 8 de junho de 1973,

que estatui normas reguladoras do trabalho rural e dá outras providências.

Lei 9.477/97 - Institui o Fundo de Aposentadoria Programada Individual - FAPI e o

Plano de Incentivo à Aposentadoria Programada Individual, e dá outras providências.

Lei 9.528/97 - Altera dispositivos das Leis nºs. 8.212 e 8.213 ambas de 24 de julho de

1991, e dá outras providências.

Lei 9.601/98 - Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras

providências.

Lei 9.658/98 - Dá nova redação ao art. 11 da Consolidação das Leis do Trabalho e

determina outras providências.

Lei 9.696/98 - Dispõe sobre a regulamentação da Profissão de Educação Física e cria

os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física.

Projetos de Lei

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153

PLP (complementar) 4/95 - Regula o inciso I, do art. 7º, da Constituição Federal,

vedando a despedida arbitrária ou sem justa causa do empregado.

PLP (complementar) 66/95 - Regulamenta o inciso I, do art. 7º, da Constituição

Federal. Obriga o empregador que proceder a despedida arbitrária a pagar uma

indenização de cem por cento sobre o total dos depósitos efetuados na conta vinculada

do FGTS do trabalhador, durante a vigência do contrato.

PL 102/95 - Acrescenta parágrafo 4º ao artigo 457 da Consolidação das Leis do

Trabalho, para excluir do salário do trabalhador rural liberalidades concedidas nas

condições que menciona. Transformado na Lei 9.300/96.

PL 199/95 - dispõe sobre o valor do salário mínimo, altera dispositivos das leis 8212 e

8213, ambas de 24 de julho de 1991. Transformado na lei 9.032/95.

PL 231/95 - Altera o artigo 26 da lei 8870, de 15 de abril de 1994, que 'altera

dispositivos das leis 8212, e 8213, de 24 de julho de 1991, e da outras providências'.

Determinando que os benefícios concedidos com data de início entre 05 de outubro de

1988 e 31 de dezembro de 1993, serão revistos, mediante aplicação do percentual

correspondente a diferença entre a média e o salário de benefício.

PLP (complementar) 93/96 - Regulamenta a promoção e defesa do emprego, dispõe

sobre a proteção contra a dispensa imotivada, estabelece medidas e incentivos para a

geração de empregos e dá outras providências.

PL 1.724/96 - dispõe sobre contrato de trabalho por prazo determinado. Transformado

na Lei 9.601/98.

PL 1.733/96 - Estende à mãe adotiva o direito à licença-maternidade e ao salário-

maternidade, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-

Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

Estabelecendo que a empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120

(cento e vinte) dias. Transformado na Lei 10.421/02.

PL 1.838/96 - institui Fundo de Aposentadoria Programada Individual. Transformado na

Lei 9.477/97.

PL 3.334/97 - Acrescenta parágrafo único ao art. 31 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de

maio de 1943 - Consolidação das Leis do Trabalho, proibindo anotações

desabonadoras na Carteira de Trabalho e Previdência Social. Transformado na Lei

10.270/01.

PL 3.757/97 - Acrescenta parágrafos ao art. 149 do Código Penal. Incluindo dentre a

tipificação do crime reduzir alguém à condição análoga a de escravo a contratação de

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154

trabalho de menor de quatorze anos de idade, direta ou indiretamente, para fins

econômicos, salvo o de auxilio em âmbito familiar do adolescente aos pais ou

responsáveis, fora do horário escolar e que não prejudique na formação educacional,

sendo compatível com suas condições físicas e psíquicas.

PL 4.302/98 - Dispõe sobre as relações de trabalho na empresa de trabalho temporário

e na empresa de prestação de serviços a terceiros.

PL 4.572/98 - – Cria programa de estímulo ao 1º emprego – PEPE. Objetiva

proporcionar o desenvolvimento das oportunidades de trabalho à população

compreendida na faixa etária de quatorze aos dezoito anos.

IV.1.2 Artigo 7º - Executivo

Decretos

Decreto 1.572/95 - Regulamenta a mediação na negociação coletiva de natureza

trabalhista e dá outras providências.

Decreto Federal 1.855/96 - Promulga a Convenção 158 sobre o Término da Relação

de Trabalho por Iniciativa do Empregador, de 22 de junho de 1982.

Decreto 2.100/96 - Torna pública a denúncia, pelo Brasil, da Convenção da OIT nº 158

relativa ao Término da Relação de Trabalho por Iniciativa do Empregador.

Decreto 2.490/98 - Regulamenta a Lei nº 9.601, de 21 de janeiro de 1998, que dispõe

sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras providências.

Medidas Provisórias

MP 860/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da

empresa e dá outras providências.

MP 915/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da

empresa e dá outras providências.

MP 955/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da

empresa e dá outras providências.

MP 980/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da

empresa e dá outras providências.

MP 1.006/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.029/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.051/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

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155

MP 1.053/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.077/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.104/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.136/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.169/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.204/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.239/95 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.276/96 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.315/96 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.355/96 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.397/96 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.415/96 - Dispõe sobre o reajuste do salário mínimo e dos benefícios da

Previdência Social, altera alíquotas de contribuição para Seguridade Social e institui

contribuição para os servidores inativos da União.

MP 1.439/96 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.487/96 – Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.539/97 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados e

dá outras providências.

MP 1,619/98 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados e

dá outras providências.

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156

MP 1.620/98 - Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras

providências.

MP 1.698/98 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 1.709/98 – Altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, para dispor sobre o

trabalho a tempo parcial, a suspensão do contrato de trabalho e o programa de

qualificação profissional, modifica as Leis nºs 6.321, de 14 de abril de 1976, 6.494, de 7

de dezembro de 1977, e 7.798, de 11 de janeiro de 1990, e dá outras providências.

MP 1.726/98 - Insere dispositivos na Consolidação das Leis do Trabalho, para facultar

a suspensão do contrato de trabalho para a participação do trabalhador em curso ou

programa de qualificação profissional, altera a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990,

para instituir a bolsa de qualificação profissional e permitir o pagamento de benefício no

desemprego de longa duração, altera a Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e a Lei nº

6.494, de 7 de dezembro de 1977, e dá outras providências.

Portarias

Portaria 817/95 - estabelece critérios para a participação do mediador nos conflitos de

negociação coletiva.

Portaria 818/95 - Estabelece critérios para o credenciamento de mediador perante as

Delegacias Regionais do Trabalho.

Portaria 865/95 - Estabelece critérios para fiscalização de condições de trabalho

constantes de convenções ou acordos coletivos de trabalho

IV.1.3 Artigo 7º - Judiciário

Adins

Adin 1.442/96 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG,

Central Única dos Trabalhadores – CUT contra MP 1415/96.

Adin 1.480/96 - CNT e CNI contra decreto 1855/96 e decreto 68/92.

Adin 1.625/97 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG

contra decreto 2100/96.

Adin 1.650/97 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra MP 1539/97.

Adin 1.675/97 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra MP 1539/97.

Adin 1.687/97 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra MP 1539/97.

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Adin 1.764/98 – PT, PDT e PC do B contra lei 9601/98.

Adin 1.765/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra lei 9601/98.

Adin 1.766/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS contra

lei 9601/98.

Adin 1.767/98 - PSTU contra lei 9601/98.

Adin 1.768/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG,

Central Única dos Trabalhadores – CUT, Associação Nacional dos Sindicatos Social

Democratas, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI,

Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL, Confederação Geral dos

Trabalhadores – CGT, Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB,

Central Autônoma de Trabalhadores, contra Lei 9601/98.

Adin 1.794/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Marítimos,

Aéreos e Fluviais – CONTTMAF contra Lei 9601/98.

Adin 1.816/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de

Ensino - CONTEE contra lei 9601/98.

Adin 1.849/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Marítimos,

Aéreos e Fluviais – CONTTMAF contra MP 1620/98.

Adin 1.860/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra MP 1698/98.

Adin 1.861/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra MP 1698/98.

Adin 1.871/98 - PT contra MP 1709/98.

Adin 1.874/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI,

Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC, Confederação

Nacional dos Trabalhadores em Transportes Marítimos , Aéreos e Fluviais –

CONTTMAF, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de

Educação e Cultura – CNTEEC, Confederação Nacional dos Trabalhadores em

Turismo e Hospitalidade – CONTRATUH, Confederação Nacional dos Trabalhadores

em Transportes Terrestres – CNTTT, Confederação Nacional dos Trabalhadores nas

Empresas de Crédito – CONTEC, Confederação Nacional dos Trabalhadores

Metalúrgicos – CNTM, Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL,

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTSn contra MP 1709/98.

Adin 1.888/98 - PT e PDT contra MP 1709/98.

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Adin 1.892/98 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG,

Central Única dos Trabalhadores – CUT contra MP 1698/98.

IV.2.1 Artigo 8º - Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 623/98 - Altera os artigos oitavo, 111 e 114 da Constituição Federal e dá outras

providências. Determinando que o conselho da Justiça do Trabalho funcione junto ao

Tribunal Superior do Trabalho para exercer a supervisão administrativa e orçamentária

da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus.

Projetos de Lei

PL 599/95 - Concede anistia a dirigentes ou representantes sindicais e trabalhadores

punidos por participação em movimento reivindicatório.

PL 1.116/95 - Dispõe sobre a consulta sindical para a criação de sindicato, de acordo

com o artigo 8º, inciso II, da Constituição Federal.

PL 3.003/97 – Dispõe sobre a contribuição negocial de custeio do sistema

confederativo.

PL 3.058/97 - Dispõe sobre a contribuição do sistema confederativo da representação

sindical. Estabelece que a partir do ano 2000 ficará extinta a contribuição sindical de

que tratam os artigos 578 a 610 da CLT; aplicando dispositivos do artigo oitavo da

Constituição Federal de 1988.

PL .4691/98 – Revoga os artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº

5.452, de 1º de maio de 1943) que menciona, sobre a organização sindical.

IV.3.1 Artigo 9º - Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 103/95 - Dá nova redação ao artigo 9º da Constituição Federal. Assegurando o

direito de greve assim como os direitos de todos e os deveres do estado e definindo

que haverá legislação para definir atividades essenciais que não poderão ser

interrompidas e disporá sobre o atendimento de necessidades inadiáveis da

comunidade, alterando a Constituição Federal de 1988.

Projetos de Lei

PL 1.033/95 - Dá nova redação ao artigo segundo da lei nº 7.783, de 28 de junho de

1989, que 'dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais,

regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Estabelecendo que

será sempre parcial a suspensão coletiva ou greve nas atividades ou serviços

considerados essenciais.

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PL 1.802/96 - Acresce dispositivos à Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que dispõe

sobre o exercício do direito de greve, e dá outras providências. Estabelece que o

Presidente do Tribunal, após ajuizado dissídio coletivo de greve, poderá expedir ordem

judicial definindo as condições e o percentual de empregados que deverá permanecer

nas atividades essenciais, que variará conforme a natureza do trabalho no setor

produtivo e limitando o valor da multa pecuniária aplicada ao sindicato em caso de

descumprimento.

PL 2.180/96 - Altera a Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que "dispõe sobre o

exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das

necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências". Define como

atividade essencial a educação para aluno portador de deficiência de aprendizagem.

IV.4.1 Artigo 114 – Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 623/98 – Altera os artigos oitavo, 111 e 114 da Constituição Federal e dá outras

providências. Determinando que o conselho da Justiça do Trabalho funcione junto ao

Tribunal Superior do Trabalho para exercer a supervisão administrativa e orçamentária

da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus.

PEC 277/95 - Dá nova redação ao artigo 114 da Constituição Federal, visando a

deslocar para a Justiça do Trabalho a competência para dirimir os litígios decorrentes

de acidentes de trabalho. Incluindo na competência da Justiça do Trabalho processar e

julgar as causas decorrentes de acidentes de trabalho.

PEC 346/96 - Proposta de emenda à constituição que dá nova redação à seção V,

alterando a redação dos arts. 111, 112, 113, 114, 115, 116 e 117, e inclui novo artigo

no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

PEC 410/96 - Reorganiza o Tribunal Superior do Trabalho, os tribunais regionais do

trabalho e as juntas de conciliação e julgamento. Alterando os artigos 111, 112, 113,

114, 115, 116, 117 da constituição federal de 1988, e incluindo artigos nas Disposições

Constitucionais Provisórias.

PEC 615/98 - Cria os Juizados Especiais de Causas Trabalhistas, em substituição às

Juntas de Conciliação e Julgamento e aos Tribunais da Justiça do Trabalho. Alterando

o artigo 92, 98, 102, 108, 109, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117 e 233 da Constituição

Federal de 1988.

Leis

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Lei 8.984/95 - Estende a competência da Justiça do Trabalho (art. 114 da Constituição

Federal).

Projetos de Lei

PL 138/95 - Acrescenta parágrafos ao artigo 841 da CLT. Determinando que o juiz

presidente poderá designar audiência prévia para tentativa de conciliação entre as

partes, e o não comparecimento do reclamante ocasionará o arquivamento da

reclamação e a da reclamada importará pagamento de multa correspondente a metade

dos créditos apurados em favor do empregado.

PL 4.893/95 - institui a lei de processo do trabalho - LPT.

PL 3.438/97 - Cria a Comissão Interna de Empresa, instância de negociação prévia das

questões trabalhistas.

PL 4.405/98 - Altera a Lei nº 8.984, de 07 de fevereiro de 1995, que "Estende a

competência da Justiça do Trabalho (Art. 114 da Constituição Federal)", a fim de

ampliar a competência da Justiça do Trabalho para conciliar e julgar os dissídios

relativos a indenização por acidente de trabalho. Quando o empregador incorrer em

dolo ou culpa; inclui também a tutela judicial do direito à saúde, higiene e segurança do

trabalho.

PL 4.693/98 - Acrescenta os arts. 852-A e seguintes à CLT, instituindo o procedimento

sumaríssimo no processo trabalhista. Transformado na lei 9.957/00.

PL 4.694/98 - Acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho, dispondo

sobre as Comissões de Conciliação Prévia. Transformado na Lei 9.958/00.

PL 4.696/98 - Acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho, dispondo

sobre execução na Justiça do Trabalho.

PL 4.813/98 - Cria a Comissão Paritária de Conciliação, com a atribuição de tentar

conciliar os dissídios individuais do trabalho.

IV.4.2 Artigo 114 – Executivo

Medidas Provisórias

MP 1.053/95 - Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras

providências.

MP 1.076/95 - Dispõe sobre a Nota do Tesouro Nacional - NTN e sua utilização para

aquisição de bens e direitos alienados no âmbito do Programa Nacional de

Desestatização - PND, instituído pela Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990,

consolidando as normas sobre a matéria constantes da Lei nº 8.177, de 1º de março de

1991, e da Lei nº 8.249, de 24 de outubro de 1991, e altera o art. 3º da Lei nº 8.249/91.

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161

MP 1.079/95 - Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras

providências.

IV.4.3 Artigo 114 – Judiciário

Adins

Adin 1.309/95 – PDT contra MP 1053/95.

Adin 1.310/95 - Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal - representando a

CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação contra MP 1053/95.

V. GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – 2º MANDATO

V.1.1 Artigo 7º - Legislativo

Emendas Constitucionais

EC 24/99 - Altera dispositivos da Constituição Federal pertinentes à representação

classista na Justiça do Trabalho.

EC 28/00 - Dá nova redação ao inciso XXIX do art. 7º e revoga o art. 233 da

Constituição Federal.

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 7/99 - Dá nova redação ao inciso XXIX do art. 7º e revoga o art. 233 da

Constituição Federal. Igualando o prazo prescricional de cinco anos para que os

trabalhadores urbanos e rurais impetrem ação quanto aos creditos resultantes das

relações de trabalho; revogando o dispositivo que obriga o empregador rural

comprovar, perante a justiça do trabalho, o cumprimento de suas obrigações

trabalhistas, de cinco em cinco anos. Transformado na Emenda Constitucional

28/2000.

PEC 18/99 - Altera a redação dos arts. 7º, 195, 201, 203 e 240 da Constituição Federal,

instituindo a categoria do "Trabalhador-Empresário", como forma alternativa de

contratação de trabalho, na qual os valores correspondentes aos encargos sobre os

salários passam a integrar a sua remuneração.

PEC 31/99 - Institui o contrato coletivo de trabalho.

PEC 67/99 - Altera os artigos 3º e 7º da Constituição Federal. Incluindo a liberdade

sexual e a liberdade de crença religiosa dentre os objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil de modo a promover o bem de todos sem preconceito.

PEC 191/00 - Dá nova redação ao inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

Reduz para 14 (quatorze) anos o limite de idade para o trabalho do menor.

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PEC 253/00 - Dá nova redação ao inciso IV do art. 7º da Constituição Federal, para

permitir a vinculação do salário mínimo para efeitos previdenciários.

PEC 271/00 - Dá nova redação ao inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

Reduz para 14 (quatorze) anos a idade limite permitida para o trabalho do menor.

PEC 320/00 - Dá nova redação ao inciso XVIII do art. 7º da Constituição Federal.

Concedendo licença maternidade para mãe adotante quando o adotando tiver de zero

a um ano de idade.

PEC 381/01 - Dá nova redação ao inciso XVIII do art. 7º da Constituição Federal.

Estendendo a licença de 120 dias à mãe adotante, equiparando-a à mãe biológica.

PEC 393/01 - Reduz a jornada de trabalho e aumenta o valor mínimo da hora

extraordinária.

PEC 424/01 - Altera os incisos XIII e XVI do art. 7º da Constituição Federal. Reduzindo

a jornada de trabalho para 07 (sete) horas diárias e 39 (trinta e nove) semanais e

aumentando para 100% (cem por cento) a remuneração do serviço extraordinário.

PEC 426/01 - Dá nova redação ao inciso XXIX do art. 7º da Constituição Federal.

Reduzindo para 6 (seis) meses o prazo máximo, após a extinção do contrato de

trabalho, para que o trabalhador rural, ingresse em juizo para reclamar direitos

trabalhistas.

PEC 442/01 - Adiciona novo parágrafo ao art. 7º, para permitir que a lei estabeleça a

redução gradual da duração normal do trabalho. Reduzindo a jornada de trabalho

sempre que a produtividade do trabalhador apresentar elevação contínua e duradoura,

na forma da lei.

PEC 457/01 - Dá nova redação ao inciso IV do art. 7º e ao § 4º do art. 201 da

Constituição Federal, para permitir que os benefícios previdenciários sejam reajustados

nas mesmas datas e com base nos mesmos índices de reajuste do salário mínimo.

PEC 475/01 - Dá nova redação ao inciso XXIX do art. 7º da Constituição Federal,

estabelecendo prazo prescricional de 10 anos para reivindicação dos direitos

trabalhistas.

PEC 492/02 - Dá nova redação ao parágrafo único do artigo sétimo da Constituição

Federal. Incluindo como direito do trabalhador doméstico a proteção contra despedida

arbitrária ou sem justa causa.

Leis

Lei 9.799/99 - Insere na Consolidação das Leis do Trabalho regras sobre o acesso da

mulher ao mercado de trabalho e dá outras providências.

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163

Lei 9.853/99 - Acrescenta inciso ao art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho,

permitindo ao empregado faltar ao serviço, na hipótese que especifica.

Lei 10.101/00 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

Lei 10.192/01 - Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras

providências.

Lei 10.199/01 - Dá nova redação aos arts. 6° e 9º da Lei nº 8.019, de 11 de abril de

1990, e acresce dispositivo à Lei n° 9.365, de 16 de dezembro de 1996.

Lei 10.208/01 - Acresce dispositivos à Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, que

dispõe sobre a profissão de empregado doméstico, para facultar o acesso ao Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e ao seguro-desemprego.

Lei 10.218/01 - Acrescenta dispositivos ao art. 487 da Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT.

Lei 10.220/01 - Institui normas gerais relativas à atividade de peão de rodeio,

equiparando-o a atleta profissional.

Lei 10.243/01 - Acrescenta parágrafos ao art. 58 e dá nova redação ao § 2° do art. 458

da Consolidação das Leis do Trabalho.

Lei 10.270/01 - Acrescenta §§ 4º e 5º ao art. 29 da Consolidação das Leis do trabalho -

CLT, para proibir anotações desabonadoras na Carteira de Trabalho e Previdência

Social.

Lei 10.272/01 - Altera a redação do art. 467 da Consolidação das Leis do Trabalho -

CLT, que dispõe sobre o pagamento de verbas rescisórias em juízo.

Lei 10.421/02 - Estende à mãe adotiva o direito à licença-maternidade e ao salário-

maternidade, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho, e a Lei nº 8.213, de 24

de julho de 1991.

Lei 10.508/02 - Altera o inciso I do art. 2º da Lei nº 7.394, de 29 de outubro de 1985.

Lei 10.608/02 - Altera a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, para assegurar o

pagamento de seguro-desemprego ao trabalhador resgatado da condição análoga à de

escravo.

Decretos Legislativos

Decreto Legislativo 178/99 - Aprova os textos da Convenção n. 182 e da

Recomendação n. 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a

Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para sua

eliminação.

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Projetos de Lei

PL 67/99 - Dispõe sobre o Programa Nacional do Primeiro Emprego para jovens com

idade entre 15 e 21 anos e dá outras providências.

PL 76/99 – Cria o Sistema Nacional do Primeiro Emprego, destinado a jovens entre

dezesseis e vinte e quatro anos, e dá outras providências.

PL 98/99 - Dispõe sobre incentivos à contratação de profissionais para o primeiro

emprego e dá outras providências.

PL 541/99 - Dispõe sobre incentivo fiscal para contratação de menores, segundo

especifica. Estabelece que as empresas poderão deduzir em dobro, para fins de

determinação do imposto de renda, as despesas com salários e encargo social,

oriundos da contração de menores formados em curso profissionalizante.

PL 618/99 - Cria o Programa Especial de Trabalho Educativo para Adolescentes,

substituindo os encargos de natureza trabalhista inscritos na Consolidação das Leis do

Trabalho, visando proporcionar a esses adolescentes oportunidade de trabalhar, na

condição de aprendiz, e estudar, e dá outras providências.

PL 799/99 - Institui o Programa de Incentivo às empresas do setor de turismo que

contratarem jovens dos 15 aos 21 anos de idade, através de isenção da contribuição

previdenciária e dá outras providências.

PL 1.051/99 - Acrescenta inciso ao art. 22 do Título VI "Do financiamento da

seguridade social", no Capítulo IV "Da contribuição da empresa", da Lei nº 8.212, de 24

de julho de 1991 do "Plano de Custeio da Previdência Social". Garante redução sobre o

valor da constituição previdenciária a empresa que contratar pessoas menores de

dezoito anos ou maiores de quarenta anos.

PL 1.210/99 - Altera dispositivos da Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968, que dispõe

sobre o exercício da profissão de Médico Veterinário e cria os Conselhos Federal e

Regionais de Medicina Veterinária. Cria o Conselho Regional de Medicina Veterinária

do DF.

PL 1.771/99 - Institui Programa de Iniciação ao Trabalho para alunos do primeiro grau

das escolas públicas.

PLP (complementar) 162/00 - Regulamenta inciso I do artigo 7º da CF, fixando em 12

meses a estabilidade da empregada gestante.

PL 2.841/00 - Institui incentivo fiscal com base no IR a empresas que ofereçam vagas

para estágio a estudantes da faixa etária dos 15 aos 24 anos.

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PL 3.517/00 - Institui incentivo fiscal com base no IR para empresas que contratem

profissionais recém-formados no ensino superior ou médico-profissionalizante.

PL 3.523/00 - Estabelece que o tempo de deslocamento do empregado para o local de

trabalho de difícil acesso, em que o empregador fornecer o transporte, será computado

na jornada de trabalho. Desvinculando do salário os benefícios de educação,

transporte, assistência médica e odontológica, seguros de vida e de acidentes e

previdência privada. Transformado na Lei 10243/01.

PLP (complementar) 212/01 - Dispõe sobre a proteção de relação do emprego contra

a despedida arbitrária ou sem justa causa.

PL 5.483/01 - Altera dispositivo da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo

Decreto-Lei nº 5.452, de primeiro de maio de 1943. Altera o artigo 618 da Consolidação

das Leis do Trabalho - CLT. Estabelecendo que as condições de trabalho ajustadas

mediante convenção ou acordo coletivo prevalecem sobre o disposto em lei, desde que

não contrariem a Constituição Federal e as normas de segurança e saúde do trabalho.

PL 5.159/01 – Cria a Bolsa Primeiro Emprego, e dá outras providências.

PL 5.768/01 - Obriga as empresas a assegurarem vagas para primeiro emprego, nas

condições que estabelece. Limitando a idade entre 18 (dezoito) e 25 (vinte e cinco)

anos.

PL 5.822/01 - Altera o § 2º do art. 477 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

para dar eficácia liberatória ao recibo de quitação de verbas rescisórias homologado

por entidade sindical.

PL 6.876/02 - Torna obrigatório que empresas desenvolvam programas de acesso ao

mercado de trabalho.

PL 7.060/02 - Institui o Programa Primeiro Emprego e dá outras providências. Inclui

como beneficiários os jovens com idade entre 16 e 24 anos, pessoas portadoras de

deficiência ou altas habilidades, pessoas que estejam cumprindo medidas de proteção

ou sócio-educativas e os egressos do sistema penal.

PL 7.107/02 - Institui a política de incentivo a contratação de trabalhadores no primeiro

emprego.

PL 7.375/02 - Dispõe sobre a obrigatoriedade da contratação de técnico de nível

médio.

V.1.2 Artigo 7º - Executivo

Decretos

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Decreto 3.197/99 - Promulga a Convenção n. 132 da Organização Internacional do

Trabalho - OIT sobre Férias Anuais Remuneradas (revista em 1970), concluída em

Genebra, em 24 de junho de 1970.

Decreto 3.298/99 - Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe

sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,

consolida as normas de proteção, e dá outras providências.

Decreto 3.597/00 - Promulga a Convenção 182 e a Recomendação 190 da

Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a proibição das Piores Formas de

Trabalho Infantil e a Ação Imediata para sua Eliminação, concluídas em Genebra, em

17 de junho de 1999.

Decreto 4.377/02 - Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto nº 89.460, de 20 de março

de 1984.

Medidas Provisórias

MP 1.779/99 - Altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, para dispor sobre o

trabalho a tempo parcial, a suspensão do contrato de trabalho e o programa de

qualificação profissional, modifica as Leis nºs 6.321, de 14 de abril de 1976, 6.494, de 7

de dezembro de 1977, e 7.998, de 11 de janeiro de 1990, e dá outras providências.

MP 1.875/99 - Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras

providências.

MP 1.982/00 - Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados

da empresa e dá outras providências.

MP 2.074/01 - Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras

providências.

MP 2.104/01 - Acresce dispositivos à Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, que

dispõe sobre a profissão de empregado doméstico, para facultar o acesso ao Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e ao seguro-desemprego.

MP 2.164/01 - Altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, para dispor sobre o

trabalho a tempo parcial, a suspensão do contrato de trabalho e o programa de

qualificação profissional, modifica as Leis nºs 4.923, de 23 de dezembro de 1965,

6.321, de 14 de abril de 1976, 6.494, de 7 de dezembro de 1977, 7.998, de 11 de

janeiro de 1990, e 9.601, de 21 de janeiro de 1998, e dá outras providências.

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MP 74/02 - Altera a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, para assegurar o

pagamento de seguro- desemprego ao trabalhador resgatado da condição análoga à

de escravo.

V.1.3 Artigo 7º - Judiciário

Adins

Adin 2.081/99 - Confederação Nacional dos Trabalhadores Marítimos, Aéreos e

Fluviais – CONTTMAF contra MP 1875/99.

Adin 2.096/99 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI contra

EC 20/98.

Adin 2.522/01 - Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL contra lei

8906/94.

Adin 2.736/02 - Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil contra MP

2164/01.

V.2.1 Artigo 8º - Legislativo

Projetos de Lei

PL 113/99 - Concede anistia a dirigentes ou representantes sindicais e trabalhadores

punidos por participação em movimento reivindicatório.

PL 202/99 - Concede anistia a dirigentes ou representantes sindicais e trabalhadores

punidos por participação em movimento reivindicatório.

PL 245/99 - Concede anistia a empregados de entidades sindicais, punidos em virtude

de razões ideológicas ou políticas, ou ainda, participação em movimento reivindicatório.

PL 5.486/01 - Concede anistia a dirigentes ou representantes sindicais e trabalhadores

punidos por participação em movimento reivindicatório.

PL 6.688/02 - Acrescenta os §§ 1° e 2° ao artigo 625-H, da Consolidação das Leis do

Trabalho-CLT, que trata dos Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista, inserido

pela Lei n° 9.958, de 12 de janeiro de 2000. Estabelecendo a competência dos Núcleos

Intersindicais de Conciliação Trabalhista - NINTER, com apoio técnico da Fundação

Centro Nacional de Estudos e Aperfeiçoamento das Relações de Trabalho da

Cidadania - CENEAR.

V.2.2 Artigo 8º - Executivo

Portarias

Portaria 343/00 - Dispõe sobre o pedido de registro sindical dirigido ao Ministro do

Trabalho e Emprego.

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Portaria 375/00 - Fixar os valores relativos ao custo das publicações de que tratam o

art. 2º, IV, art. 5º § 1º, e art. 9º da Portaria nº 343, de 4 de maio de 2000.

Portaria 376/00 – Dá nova redação a Portaria nº 343, de 4 de maio de 2000, que

dispõe sobre o registro sindical.

V.3.1 Artigo 9º - Legislativo

Projetos de Lei

PL 3.190/00 - Dá nova redação ao art. 15 da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que

dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade e dá outras providências.

Responsabiliza os diretores, assessores e dirigentes sindicais pelos abusos, crimes ou

delitos que decorram do movimento grevista.

PL 5.820/01 - Obriga sindicatos e associações similares em greve a fixar formas e

atendimento mínimo do usuário de seus serviços.

V.4.1 Artigo 114 – Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 28/99 - Reestrutura a justiça do trabalho e determina outras providências.

Extinguindo o tribunal superior do trabalho, a representação classista e transformando

as juntas de conciliação e julgamento em varas de conciliação e julgamento.

PEC 314/00 - Altera dispositivos da Constituição Federal com o intuito de eliminar a

contribuição social incidente sobre a folha de salários destinada ao financiamento da

Seguridade Social, bem como aquelas destinadas às entidades privadas de serviço

social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical. ALTERANDO O

ARTIGO 114, 150, 167, 195 e revogando o artigo 240 da Constituição Federal de 1988.

Leis

Lei 9.957/00 - Acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada

pelo Decreto-Lei n. 5452, de 1º de maio de 1943, instituindo o procedimento

sumaríssimo no processo trabalhista.

Lei 9.958/00 - Altera e acrescenta artigos à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

aprovada pelo Decreto-Lei n. 5452, de 1º de maio de 1943, dispondo sobre as

Comissões de Conciliação Prévia e permitindo a execução de título executivo

extrajudicial na Justiça do Trabalho.

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V.4.2 Artigo 114 – Judiciário

Adins

Adin 2.139/00 - PcdoB, PSB, PT e PDT contra artigo 625-D da lei 9958/00.

Adin 2.148/00 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de

Ensino – CONTEE contra lei 9958/00.

Adin 2.160/00 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC

contra leis 9957/00 e 9958/00

Adin 2.237/00 - Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL contra Lei

9958/00.

VI.GOVERNO LULA

VI.1.1 Artigo 7º - Legislativo

Emendas Constitucionais

EC 53/06 - Dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição

Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 32/03 - Dá nova redação aos artigos 3º e 7º da Constituição Federal. Proibe a

diferença de salários e a discriminação por orientação e expressão sexual, crença

religiosa, convicção política, condição física, psíquica ou mental; altera a Constituição

Federal de 1988.

PEC 66/03 - Dá nova redação aos artigos 3º e 7º da Constituição Federal. Proibe a

diferença de salários e a discriminação por orientação e expressão sexual, crença

religiosa, convicção política, condição física, psíquica ou mental; altera a Constituição

Federal de 1988.

PEC 125/03 - Dá nova redação ao inciso XXXIII do art. 7 º da Constituição Federal, a

fim de permitir o trabalho a partir de quatorze anos para o caso de o adolescente

necessitar custear seus estudos.

PEC 152/03 - Dá nova redação ao inciso XXXIII do art. 7 º da Constituição Federal, a

fim de permitir o trabalho a partir de quatorze anos para o caso de o adolescente

necessitar custear seus estudos.

PEC 175/03 - Dá nova redação ao inciso XXIX do art. 7º, visando alterar o prazo

prescricional para trabalhadores urbanos e rurais.

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PEC 270/04 - Altera os incisos XIII e XVI do art. 7º da Constituição Federal. Reduz a

duração da jornada de trabalho para 7 (sete) horas diárias e 39 (trinta e nove)

semanais; aumenta para 100% (cem por cento) o valor do serviço extraordinário.

PEC 314/04 - Dispõe sobre a Organização Sindical e dá outras providências. Altera os

artigos 7º, 8º, 9º, 11, 37, 103 e 114 da Constituição Federal de 1988.

PEC 365/05 - Dá nova redação ao art. 7º da Constituição Federal, introduzindo o inciso

XXXV. Fixa um período de 90 (noventa) dias para que o trabalhador de baixa renda

fique imune da cobrança de juros e correção monetária e da interrupção dos serviços

de água e luz por atraso de pagamento.

PEC 392/05 - Dá nova redação ao inciso IV do art. 3º e ao inciso XXX do art. 7º da

Constituição Federal. Estabelece entre os objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil a inexistência de preconceito em relação ao estado civil,

orientação sexual, crença religiosa e deficiência; proíbe, também, a diferença salarial e

a utilização desses critérios para admissão no emprego.

PEC 490/05 - Altera os arts. 7° e 201 da Constituição Federal, para vincular os

reajustes dos benefícios da Previdência Social ao salário mínimo.

PEC 494/06 - Altera os incisos XVIII e XIX do art. 7º da Constituição Federal, para

conceder licença-maternidade e licença-paternidade em caso de adoção.

PEC 497/06 - Dá nova redação aos arts. 7º e 39 da Constituição Federal, para

estabelecer jornada de trabalho diferenciada relativamente a serviços prestados a

estabelecimentos prisionais. Fixa jornada de trabalho especial de 6 (seis) horas diárias

e 36 (trinta e seis) semanais.

PEC 30/07 - Dá nova redação ao inciso XVIII do art. 7º da Constituição Federal,

ampliando para 180 (cento e oitenta) dias a licença à gestante.

PEC 114/07 - Dá nova redação ao inciso XIX do art. 7º da Constituição. Garante ao pai

de família estabilidade no emprego, desde a confirmação da gravidez da mulher até 4

(quatro) meses após o parto, quando ele é a única fonte de renda familiar.

PEC 194/07 - Dá nova redação ao inciso IV do art. 7º e ao § 4º do art. 201 da

Constituição Federal. Estabelece o salário mínimo como piso e referência para

assegurar a periodicidade do reajuste e o valor real dos benefícios previdenciários.

PEC 268/08 - Dá nova redação ao art. 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal.

Permite que o adolescente possa trabalhar a partir dos quatorze anos e seja aprendiz a

partir dos doze anos.

Leis

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Lei 10.673/03 - Altera dispositivos da Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968, que

dispõe sobre o exercício da profissão de Médico Veterinário e cria os Conselhos

Federal e Regionais de Medicina Veterinária.

Lei 10.748/03 - Cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os

Jovens - PNPE, acrescenta dispositivo à Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, e dá

outras providências.

Lei 10.940/04 - Altera e acrescenta dispositivos à Lei nº 10.748, de 22 de outubro de

2003, que cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens -

PNPE e à Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre o Serviço

Voluntário, e dá outras providências.

Lei 11.196/05 - Institui o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de

Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação - REPES, o Regime Especial de

Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras - RECAP e o Programa de

Inclusão Digital; dispõe sobre incentivos fiscais para a inovação tecnológica; altera o

Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, o Decreto nº 70.235, de 6 de março de

1972, o Decreto-Lei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, as Leis nºs 4.502, de 30 de

novembro de 1964, 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.245, de 18 de outubro de 1991,

8.387, de 30 de dezembro de 1991, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.981, de 20 de

janeiro de 1995, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, 8.989, de 24 de fevereiro de 1995,

9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 9.311, de 24

de outubro de 1996, 9.317, de 5 de dezembro de 1996, 9.430, de 27 de dezembro de

1996, 9.718, de 27 de novembro de 1998, 10.336, de 19 de dezembro de 2001, 10.438,

de 26 de abril de 2002, 10.485, de 3 de julho de 2002, 10.637, de 30 de dezembro de

2002, 10.755, de 3 de novembro de 2003, 10.833, de 29 de dezembro de 2003, 10.865,

de 30 de abril de 2004, 10.925, de 23 de julho de 2004, 10.931, de 2 de agosto de

2004, 11.033, de 21 de dezembro de 2004, 11.051, de 29 de dezembro de 2004,

11.053, de 29 de dezembro de 2004, 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, 11.128, de 28

de junho de 2005, e a Medida Provisória nº 2.199-14, de 24 de agosto de 2001; revoga

a Lei nº 8.661, de 2 de junho de 1993, e dispositivos das Leis nºs 8.668, de 25 de junho

de 1993, 8.981, de 20 de janeiro de 1995, 10.637, de 30 de dezembro de 2002, 10.755,

de 3 de novembro de 2003, 10.865, de 30 de abril de 2004, 10.931, de 2 de agosto de

2004, e da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001; e dá outras

providências.

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Lei Complementar 123/06 - Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de

24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo

Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de

2001, da Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis nºs

9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.

Lei 11.324/06 - Altera dispositivos das Leis nºs 9.250, de 26 de dezembro de 1995,

8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 5.859, de 11 de

dezembro de 1972; e revoga dispositivo da Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.

Lei 11. 457/07 - Dispõe sobre a Administração Tributária Federal; altera as Leis nºs

10.593, de 6 de dezembro de 2002, 10.683, de 28 de maio de 2003, 8.212, de 24 de

julho de 1991, 10.910, de 15 de julho de 2004, o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio

de 1943, e o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; revoga dispositivos das Leis

nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 10.593, de 6 de dezembro de 2002, 10.910, de 15

de julho de 2004, 11.098 , de 13 de janeiro de 2005, e 9.317, de 5 de dezembro de

1996; e dá outras providências.

Lei 11.603/07 - Altera e acresce dispositivos à Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de

2000.

Lei 11.644/08 - Acrescenta art. 442-A à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

aprovada pelo Decreto- Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, impedindo a exigência de

comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses.

Lei 11.770/08 - Cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-

maternidade mediante concessão de incentivo fiscal, e altera a Lei n° 8.212, de 24 de

julho de 1991.

Lei 11.788/08 - Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto- Lei nº 5.452, de 1º

de maio de 1943, e a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis nºs

6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único

do art. 82 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6º da Medida Provisória

nº 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

Projetos de Lei

PLP (complentar) 8/03 - Regulamenta o inciso I do art. 7º da Constituição Federal, que

protege a relação de emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa. Define

o justo motivo objetivo autorizativo e o justo motivo subjetivo autorizativo para

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despedida do empregado, sendo o primeiro por dificuldade econômica do empregador

e o segundo por indisciplina ou insuficiência no desempenho do empregado.

PL 142/03 - Revoga o parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Revoga o

dispositivo que não exige vínculo empregatício entre a sociedade cooperativa e seus

associados, nem entre estes e os tomadores de serviço daquela, revoga a Lei nº 8.949,

de 1994.

PL 162/03 - Acrescenta § 2º ao art. 445 da Consolidação das Leis do Trabalho,

impedindo a exigência de comprovação de experiência prévia por tempo superior a seis

meses. Transformado na Lei Ordinária 11644/2008.

PL 240/03 - Dispõe sobre o trabalho e salário de aprendiz.

PL 248/03 - Dispõe sobre o trabalho temporário de jornada reduzida e dá outras

providências.

PL 296/03 - Fixa o valor do salário mínimo, a partir de maio de 2003 e dá outras

providências. Fixa para 1º de maio de 2003 o aumento do salário mínimo pelo IPCA,

com acréscimo de 19% (dezenove por cento), estende o reajuste aos benefícios da

Previdência Social e aos servidores civis e militares; garante a recomposição anual dos

salários.

PL 333/03 - Altera a redação dos arts. 76 e 77 da Consolidação das Leis do Trabalho,

criando incentivo para o acesso do menor, como aprendiz ou praticante, ao mercado de

trabalho.

PL 427/03 - Altera a redação do parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis

do Trabalho. Normatizaa prestação de serviço por parte de cooperativa, sociedade e

associações de trabalhadores, formal ou informalmente constituída, para trabalhar por

conta própria.

PL 439/03 - Dispõe sobre cooperativa e associação de trabalhadores para prestação

dos próprios serviços.

PL 564/03 - Institui incentivo fiscal com base no Imposto sobre a Renda às empresas

que ofereçam vagas para estágio a estudantes na faixa dos 15 a 24 anos.

PL 692/03 - Dispõe sobre a política de incentivo ao primeiro emprego e dá outras

providências.

PL 813/03 - Concede redução progressiva dos encargos sociais na contratação de

jovens entre 18 e 25 anos de idade para o primeiro emprego, e dá outras providências.

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PL 814/03 - Concede benefício tributário às empresas que admitirem jovens em

primeiro emprego.

PL 917/03 - Determina cotas de empresas para o primeiro emprego e dá outras

providências.

PL 1.099/03 - Dispõe sobre emprego para treinamento e aquisição de experiência no

trabalho.

PL 1.259/03 - Acrescenta dispositivo à Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, que

"Regula o programa do Seguro-Desemprego, o Abono Salarial, institui o Fundo de

Amparo ao Trabalhador (FAT), e dá outras providências", para instituir o bônus de

primeiro emprego.

PL 1.293/03 - Revoga o parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Revoga

dispositivo da CLT e a lei federal que trata da inexistência de vínculo empregatício

entre as cooperativas e seus associados, e entre estes e os tomadores de serviço

daquela; revoga a Lei nº 8.949, de 1994.

PL 1.394/03 - Cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os

Jovens - PNPE, acrescenta dispositivo à Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, e dá

outras providências. Autoriza a União conceder auxílio financeiro ao prestador de

serviço voluntário com idade de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro anos) integrante de

família com renda mensal per capita de até meio salário mínimo.

PLP (complementar) 179/04 - Dispõe sobre a regulamentação do inciso I do art. 7º da

Constituição Federal que trata da proteção à relação de emprego contra despedida

arbitrária ou sem justa causa.

PLP (complementar) 210/04 - Institui regime tributário, previdenciário e trabalhista

especial à microempresa com receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil

reais), e dá outras providências. Estabelece normas para inclusão previdenciária do

empresário que trabalha por conta própria e de seu empregado (contribuinte individual

e facultativo); concede o benefício do regime tributário simplificado e a desoneração de

obrigações trabalhistas, visa incentivar o emprego formal regido pela CLT, no âmbito

do pequeno empreendimento. Projeto chamado de "Reforma da CLT". Altera as Leis

nºs 8.212, de 1991 (Lei nº 9.876, de 1999), 8.213, de 1991 e o Decreto-Lei nº 5.452, de

1943.

PL 4.330/04 - Dispõe sobre o contrato de prestação de serviço a terceiros e as

relações de trabalho dele decorrentes.

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PL 5.439/05 - Acrescenta dispositivo à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

proibindo a contratação de mão de obra por empresa interposta.

PL 6.272/05 - Dispõe sobre a Administração Tributária Federal; altera as Leis nºs

10.593, de 6 de dezembro de 2002, 10.683, de 28 de maio de 2003, 8.212, de 24 de

julho de 1991, 10.910, de 15 de julho de 2004, e o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio

de 1943; revoga dispositivos das Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 10.593, de 06

de dezembro dde 2002. 10.910, de 15 de junho de 2004, 11.098, de 13 de janeiro de

2005, e 9.317, de 05 de dezembro de 1996; e dá outras providências. Transformado na

Lei Ordinária 11.457/2007

PLP (complementar) 385/06 - Veda a despedida arbitrária de portadores de Hepatites.

PL 6.668/06 - Acrescenta dispositivo à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, para

proibir o trabalho da gestante ou lactante em atividades, operações ou locais

insalubres.

PL 1/07 - Dispõe sobre o valor do salário mínimo a partir de 2007 e estabelece

diretrizes para a sua política de valorização de 2008 a 2023. Fixa em R$ 380,00

(trezentos e oitenta reais) o salário mínimo a partir de 1º de abril de 2007.

PL 536/07 - Estabelece procedimentos para desconsideração de atos ou negócios

jurídicos, para fins tributários, conforme previsto no parágrafo único do art. 116 da Lei

nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional (CTN), introduzido

pela Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, e dá outras providências.

PL 1.312/07 - Dispõe sobre a criação de nota fiscal a ser emitida por trabalhador

avulso, com abrangência em todo o território nacional.

PL 1.987/07 – Consolida os dispositivos noramtivos que especifica referente ao Direito

Material Trabalhista e revoga as leis extravagantes que especifica e os artigos 1º ao

642 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Revoga dispositivos do Decreto-Lei

nº 5.452, de 1943 e legislação citada correspondente.

PL 2.419/07 - Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º

de maio de 1943; revoga as Leis nºs 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23

de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, e o art. 6º da Medida Provisória nº 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá

outras providências.

PL 2.513/07 - Cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-

maternidade mediante concessão de incentivo fiscal, e altera a Lei nº 8.212, de 24 de

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julho de 1991. Prorroga por 60 (sessenta) dias a duração da licença-maternidade,

estabelecendo que as importâncias recebidas a título de prorrogação da licença não

integrarão o salário de contribuição.

PLP (complementar) 289/08 - Regulamenta o art. 7º, inciso I, da Constituição Federal

e dispõe sobre a despedida arbitrária do trabalhador.

PLP (complementar) 414/08 - Regulamenta o inciso I do art. 7º da Constituição

Federal, dispondo sobre a relação de emprego contra a despedida arbitrária ou sem

justa causa.

PL 3.299/08 - Altera o art. 29 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e revoga os arts.

3º, 5º, 6º e 7º da Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, modificando a forma de

cálculo dos benefícios da Previdência Social. Extingue o fator previdenciário para que o

salário de benefício (aposentadoria) volte a ser calculado de acordo com a média

aritmética simples até o máximo dos últimos 36 (trinta e seis) salários de contribuição,

apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.

PL 4.059/08 - Acrescenta dispositivo ao Código Civil, a fim de permitir a prestação de

serviços na atividade-fim da empresa.

VI.1.2 Artigo 7º - Executivo

Decretos

Decreto 4.796/03 - Institui o Fórum Nacional do Trabalho e dá outras providências.

Decreto 5.598/05 - Regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras

providências.

Decreto 6.841/08 - Regulamenta os artigos 3o, alínea “d”, e 4o da Convenção 182 da

Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibição das piores formas

de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação, aprovada pelo Decreto

Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.597,

de 12 de setembro de 2000, e dá outras providências.

Medidas Provisórias

MP 186/04 - Altera e acrescenta dispositivos à Lei nº 10.748, de 22 de outubro de

2003, que cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens -

PNPE, e dá outras providências.

MP 255/05 - Prorroga o prazo para opção pelo regime de Imposto de Renda Retido na

Fonte de Pessoa Física dos participantes de planos de benefícios e dá outras

providências.

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MP 284/06 - Altera dispositivos das Leis nºs 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e

8.212, de 24 de julho de 1991.

MP 388/07 - Altera e acresce dispositivos à Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000.

Portarias

Portaria 540/04 - Criar, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, o

Cadastro de Empregadores que tenham mantido trabalhadores em condições análogas

à de escravo.

VI.1.3 Artigo 7º - Judiciário

Adins

Adin 3.347/04 - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil contra portaria

540/04.

Adin 3.975/07 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio - CNTC

contra MP388.

Adin 4.020/08 - Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos contra Art.

192, caput, da CLT.

Adin 4.027/08 - PSOL contra lei 11603/07.

Mensagens

Mensagem 59/08 - Submete à consideração do Congresso Nacional o texto da

Convenção nº 158, de 1982, da Organização Internacional do Trabalho – OIT, sobre o

Término da Relação de Trabalho por iniciativa do Empregador.

VI.2.1 Artigo 8º - Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 29/03 - Institui a liberdade sindical, alterando a redação do art. 8º da Constituição

Federal.

PEC 108/03 - Dá nova redação aos incisos II e IV do art. 8º da Constituição Federal, a

fim de dispor sobre a liberdade sindical.

PEC 121/03 - Dá nova redação aos incisos II e IV do art. 8º da Constituição Federal, a

fim de dispor sobre a liberdade sindical.

PEC 314/04 – Dispõe sobre a Organização Sindical e dá outras providências. Altera os

artigos 7º, 8º, 9º, 11, 37, 103 e 114 da Constituição Federal de 1988.

PEC 369/05 - Dá nova redação aos arts. 8º, 11, 37 e 114 da Constituição. Institui a

contribuição de negociação coletiva, a representação sindical nos locais de trabalho e a

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negociação coletiva para os servidores da Administração Pública; acaba com a

unicidade sindical; incentiva a arbitragem para solução dos conflitos trabalhistas e

amplia o alcance da substituição processual, podem os sindicatos defender em juízo os

direitos individuais homogêneos. Proposta da Reforma Sindical.

Leis

Lei 10.790/03 - Concede anistia a dirigentes ou representantes sindicais e

trabalhadores punidos por participação em movimento reivindicatório.

Lei 11.295/06 - Altera o art. 526 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

estabelecendo o direito de sindicalização para o empregado de entidade sindical.

Lei 11.304/06 - Acrescenta inciso ao art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho -

CLT, para permitir a ausência do trabalhador ao serviço, sem prejuízo do salário, na

hipótese de participação em reunião oficial de organismo internacional ao qual o Brasil

seja filiado.

Lei 11.648/08 - Dispõe sobre o reconhecimento formal das centrais sindicais para os

fins que especifica, altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, e dá outras

providências.

Projetos de Lei

PL 722/03 - Estabelece o direito de sindicalização para o empregado de entidade

sindical. Altera o art. 526 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, estabelecendo

o direito de sindicalização para o empregado de entidade sindical.

PL 1.505/03 - Concede anistia a dirigentes ou representantes sindicais e trabalhadores

punidos por participação em movimento reivindicatório. Transformado na Lei 10790/03.

PL 1.981/03 - Dispõe sobre a participação dos sindicatos no sistema de inspeção das

disposições legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores

no exercício profissional.

PL 3.107/04 - Regulamenta o disposto nos incisos II e IV do art. 8º da Constituição

Federal. Regulamenta dispositivos da Constituição Federal de 1988 quanto a criação,

fusão, desmembramento e alteração de base territorial de sindicato e cobrança de

contribuição sindical e confederativa.

PL 3.883/04 - Acrescenta inciso ao art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho,

aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para permitir a ausência do

trabalhador ao serviço, sem prejuízo do salário, na hipótese de participação em reunião

de organismo internacional ao qual o Brasil seja filiado. Transformado na Lei Ordinária

11304/2006

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179

PL 4.554/04 - Regulamenta o Art. 8º da Constituição Federal, que dispõe sobre a

organização sindical, e dá outras providências.

PL 5.275/05 - Regulamenta o art. 8º da Constituição Federal, que dispõe sobre a

organização sindical e dá outras providências.

PL 1.321/07 - Altera os artigos 511, 512, 513, 514, 516, 517, 518, 519, 522 e revoga os

artigos 515, 520, 521, 525, 527, todos da Consolidação das Leis do Trabalho.

Estabelece normas para a criação e o funcionamento dos sindicatos.

PL 1.990/07 - Dispõe sobre o reconhecimento formal das centrais sindicais para os fins

que especifica, altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, e dá outras

providências. Indica o âmbito de representação e os índices de representatividade das

centrais sindicais, incluindo-as no repasse dos recursos provenientes da contribuição

sindical. Transformado na Lei 11684/08.

PL 2.085/07 - Modifica a redação do art. 582 da Consolidação das Leis do Trabalho,

aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Exige a autorização

individual dos empregados para descontar em folha de pagamento o valor da

contribuição sindical.

PL 2.260/07 - Altera o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que aprovou a

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para tornar facultada a contribuição sindical.

Condiciona o recolhimento da contribuição sindical (imposto sindical) à previa

autorização individual do trabalhador e do empregador.

PL 4.430/08 - Dispõe sobre a organização sindical, o custeio das entidades sindicais e

a representação dos trabalhadores nos locais de trabalho, e altera a Consolidação das

Leis do Trabalho para dispor sobre o diálogo social, a negociação coletiva e as

convenções e acordos coletivos de trabalho.

VI.2.2 Artigo 8º - Executivo

Medidas Provisórias

MP 293/06 - Dispõe sobre o reconhecimento das centrais sindicais para os fins que

especifica.

MP 294/06 - Cria o Conselho Nacional de Relações do Trabalho - CNRT e dá outras

providências.

Portarias

Portaria 1.277/03 - Dispõe sobre os estatutos das entidades sindicais em face do

art.2031 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Novo Código Civil).

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180

Portaria 160/04 - Dispõe sobre o desconto em folha de pagamento de salário das

contribuições instituídas pelos sindicatos.

Portaria 180/04 - Suspende, temporariamente, a eficácia de dispositivos da Portaria

Ministerial nº 160, de 13 de abril de 2004 e dá outras providências.

Portaria 172/05 - institui a nova Guia de Recolhimento da Contribuição Sindical

(GRCS).

Portaria 197/05 – Convoca as entidades sindicais registradas no Ministério do

Trabalho e Emprego - MTE a atualizarem as informações dos seus dados no Cadastro

Nacional de Entidades Sindicais - CNES

Portaria 488/05 - Aprova o modelo da Guia de Recolhimento de Contribuição Sindical

Urbana - GRCSU.

Portaria 186/08 - Dispõe sobre o pedido de registro sindical dirigido ao Ministro do

Trabalho e Emprego.

VI.2.3 Artigo 8º - Judiciário

Adins

Adin 3.206/04 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e

Hospitalidade – CONTRATUH, Confederação Nacional dos Trabalhadores no

Comércio – CNTC, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI,

Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde – CNTS, Confederação Nacional

dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura – CNTEEC,

Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB, Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Transportes Terrestres – CNTTT, Confederação Nacional dos

Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins – CNTA, Confederação Nacional

dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito – CONTEC, Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Comunicações e Publicidade – CONTCOP, contra portaria 160/04.

Adin 3.353/04 - Confederação Nacional dos Vigilantes, Empregados em Empresas de

Segurança, Vigilância e Transportes de Valores e dos Cursos de Formação e

Especialização de Vigilantes, Prestação de Serviços Similares e seus Anexos e Afins -

CNTV - PS contra portaria 160/04.

Adin 3.503/05 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e

Hospitalidade – CONTRATUH, Confederação Nacional dos Trabalhadores no

Comércio – CNTC, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI,

Confederação Nacional Dos Trabalhadores em Estabelecimentos em Educação e

Cultura – CNTEEC, Confederação Nacional dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB,

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181

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres – CNTTT,

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS, Confederação Nacional

dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins – CNTA, contra Portaria

197/05.

Adin 3.761/06 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI.

Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC. Confederação

Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres – CNTTT. Confederação

Nacional dos Profissionais Liberais – CNPL. Confederação Nacional dos Trabalhadores

nas Empresas de Crédito – CONTEC. Confederação Nacional dos Trabalhadores em

Estabelecimentos de Educação e Cultura – CNTEEC. Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade – CONTRATUH. Confederação Nacional

dos Trabalhadores na Saúde – CNTS. Confederação Nacional dos Trabalhadores nas

Indústrias de Alimentação e Afins – CNTA, contra MP 293/06.

Adin 3.762/06 - Federação Nacional dos Administradores – FENAD contra MP 293

Adin 3.890/07 - Confederação Nacional do Comércio – CNC contra Lei 11295/06.

Adin 4.120/08 - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNC,

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNI, Confederação Nacional

dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação E Cultura – CNTEEC,

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade –

CONTRATUH, Confederação dos Servidores Públicos Do Brasil – CSPB,

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres – CNTTT,

Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins –

CNTA, Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito –

CONTEC, Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL, Confederação

Nacional dos Trabalhadores Aquavidários e Aéreos nas Pescas e nos Portos –

CONTTMAF, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS, contra

Portaria 186.

Adin 4.126/08 - Confederação Nacional da Indústria – CNI, Confederação da

Agricultura e Pecuária do Brasil- CNA, contra Portaria 186.

Adin 4.128/08 - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo –

CNC contra Portaria 186.

Adin 4.139/08 - Confederação Nacional do Transporte – CNT, Confederação Nacional

do Sistema Financeiro – CONSIF, contra Portaria 186.

ADPFs

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182

ADPF 126/07 – PPS contra Arts. 579, 582, 583 e 587 da Consolidação das Leis de

Trabalho

(Decreto-Lei nº 5452, de 01 de março de 1943).

VI.4.1 Artigo 9º - Legislativo

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 314/04 – Dispõe sobre a Organização Sindical e dá outras providências. Altera os

artigos 7º, 8º, 9º, 11, 37, 103 e 114 da Constituição Federal de 1988.

Projetos de Lei

PL 424/03 - Altera dispositivos da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989 (Lei de Greve).

Estabelece normas e critérios para as relações obrigacionais durante o período de

greve; define as situações que constituem abuso do direito de greve, possibilita a

despedida por justa causa; aplicando essa lei aos servidores públicos civis.

PL 1.418/03 - Altera o art. 10 da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que "Dispõe

sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências".

Inclui como serviço ou atividade essencial o atendimento ao segurado da Previdência

Social e da Assistência Social.

PL 3.879/04 - Altera a Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que "dispõe sobre o

exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das

necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências", para incluir a

Previdência e a Assistência Social entre os serviços e atividades essenciais.

PL 5.860/05 - Altera os arts. 131 e 133 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

Estabelece que os dias de paralisação ou greve não serão computados para reduzir ou

anular as férias anuais do empregado.

PL 6.739/06 - Altera e revoga dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

a fim de que os dias de greve não sejam descontados do período de férias do

empregado.

PL 7.350/06 - Acrescenta inciso ao art. 10 da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que

dispõe sobre o exercício do direito de greve, a fim de incluir entre os serviços ou

atividades essenciais a educação.

VI.4.1 Artigo 10º – Legislativo

Projetos de Lei

PL 3.407/08 - Dispõe sobre a participação de empregados nos conselhos de

administração das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas

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183

subsidiárias e controladas e demais empresas em que a União, direta ou indiretamente,

detenha a maioria do capital social com direito a voto, e dá outras providências.

VI.5.1 Artigo 114 – Legislativo

Emendas Constitucionais

EC 45/04 - Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104,

105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição

Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 103-B, 111-A e 130-A, e dá outras providências.

Propostas de Emenda Constitucional

PEC 139/03 - Altera o art. 114 e dá nova redação ao seu § 2º, da Constituição Federal,

para retirar da competência da Justiça do Trabalho o julgamento de processos de

dissídios coletivos de natureza econômica.

PEC 314/04 – Dispõe sobre a Organização Sindical e dá outras providências. Altera os

artigos 7º, 8º, 9º, 11, 37, 103 e 114 da Constituição Federal de 1988.

PEC 358/05 - Altera dispositivos dos arts. 21, 22, 29, 48, 93, 95, 96, 98, 102, 103-B,

104, 105, 107, 111-A, 114, 115, 120, 123, 124, 125, 128, 129, 130-A e 134 da

Constituição Federal, acrescenta os arts. 97-A, 105-A, 111-B e 116-A, e dá outras

providências.

PEC 369/05 – Dá nova redação aos arts. 8º, 11, 37 e 114 da Constituição. Institui a

contribuição de negociação coletiva, a representação sindical nos locais de trabalho e a

negociação coletiva para os servidores da Administração Pública; acaba com a

unicidade sindical; incentiva a arbitragem para solução dos conflitos trabalhistas e

amplia o alcance da substituição processual, podem os sindicatos defender em juízo os

direitos individuais homogêneos. Proposta da Reforma Sindical.

PEC 426/05 - Altera o art. 114 da Constituição Federal. Altera o nome do "dissídio

coletivo" para "ação normativa" que será ajuizada por sindicatos ou entidades sindicais

de grau superior; altera a Constituição Federal de 1988.

Projetos de Lei

PL 241/03 - Altera a redação do art. 1º da Consolidação das Leis do Trabalho. Dá aos

acordos e convenções coletivas de trabalho liberdade para determinar condições e

prazos para o cumprimento da legislação trabalhista.

PL 498/03 - Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, a fim de

garantir que os procedimentos das Comissões de Conciliação Prévia sejam

facultativos, gratuitos e que haja a presença de advogado.

PL 1.432/03 - Altera a legislação sobre o rito sumaríssimo na Justiça do Trabalho.

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184

PL 1.974/03 - Altera a redação de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho -

CLT, relativos à Comissão de Conciliação Prévia. Exige convenção ou acordo coletivo

de trabalho para a constituição de Comissões de Conciliação Prévia; proíbe a cobrança

de qualquer taxa dos empregados; dá competência à Justiça do Trabalho e às Varas

do Trabalho; revoga dispositivo que versa sobre a constituição e normatização da

Comissão.

PL 2.428/03 - Acrescenta o Capítulo IV-A ao Título X da Consolidação das Leis do

Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor

sobre a defesa dos interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Estabelece a legitimidade do Ministério Público e dos sindicatos para exercerem

judicialmente a defesa de interesse ou direitos trabalhistas.

PL 5.627/05 - Altera o art. 852-A. da Consolidação das Leis do Trabalho para aumentar

o valor do limite máximo das causas submetidas ao procedimento sumaríssimo.

PL 6.542/06 - Regulamenta o inciso IX do art. 114 da Constituição Federal, para dispor

sobre competências da Justiça do Trabalho referentes à relação de trabalho, e dá

outras providências. Estabelece a competência das Varas de Trabalho para julgar os

litígios decorrentes de relações de trabalho que não configuram vínculo empregatício.

PL 534/07 - Altera o caput do art. 852-A da Consolidação das Leis do Trabalho para

aumentar o valor do limite máximo das causas submetidas ao procedimento

sumaríssimo.

PL 2.422/07 - Acrescenta e altera a redação de dispositivos da Lei nº 7.347, de 24

de julho de 1985, com relação ao cabimento da ação civil pública para tutela de

direitos e interesses transindividuais dos trabalhadores e especifica normas para o seu

processamento na Justiça do Trabalho.

PL 2.636/07 - Dispõe sobre a competência penal da Justiça do Trabalho. Regulamenta

o disposto no art. 114 da Constituição Federal de 1988 (Emenda nº 45, de 2004 -

Reforma do Judiciário).

PL 2.684/07 - Dispõe sobre a competência penal da Justiça do Trabalho. Regulamenta

o disposto no art. 114 da Constituição Federal de 1988 (Emenda nº 45, de 2004 -

Reforma do Judiciário).

VI.5.2 Artigo 114 – Judiciário

Adins

Adin 3.392/05 - Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL contra artigo

114 da EC 45/04.

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185

Adin 3.395/05 - Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE contra artigo 114

da EC45/04.

Adin 3.423/05 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e

Hospitalidade – CONTRATUH, Confederação Nacional dos Trabalhadores no

Comércio, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, Confederação

Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres – CNTTT, Confederação

Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins – CNTA,

Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM, Confederação

Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito – CONTEC, contra artigo 114 da

EC45/04.

Adin 3.431/05 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de

Ensino – CONTEE contra artigo 114 da EC45/04.

Adin 3.432/05 - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de

Educação e Cultura - CNTEEC contra artigo 114 da EC45/04.

Adin 3.520/05 - Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino -

CONFENEN contra artigo 114 da EC45/04.

Adin 3.529/05 - Associação Nacional dos Magistrados Estaduais – ANAMAGES contra

artigo 114 da EC45/04.

Adin 3.684/06 - Procurador-Geral da República contra artigo 114 da EC45/04.