norma desempenho-analise do desempenho bocos de conc celular

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Desempenho de paredes

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  • INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO

    INSTITUTO DE ENGENHARIA DO PARAN

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

    MARCELO QUEIROZ VARISCO

    ANLISE DO DESEMPENHO DE BLOCOS DE CONCRETO CELULAR AUTOCLAVADO

    EM UM SISTEMA DE VEDAO EXTERNA

    CURITIBA 2014

  • MARCELO QUEIROZ VARISCO

    ANLISE DO DESEMPENHO DE BLOCOS DE CONCRETO CELULAR AUTOCLAVADO

    EM UM SISTEMA DE VEDAO EXTERNA Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento de Tecnologia, rea de Concentrao em Tecnologia dos Materiais, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, em parceria com o Instituto de Engenharia do Paran, como parte das exigncias para a obteno do ttulo de Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia. Orientador: Prof. Dr. Luiz Alkimin de

    Lacerda

    CURITIBA 2014

  • Bibliotecria Responsvel Vania Cristina Gracia Gonalves CRB5/1465

    V312a Varisco, Marcelo Queiroz. Anlise do desempenho de blocos de concreto celular

    autoclavado em um sistema de vedao externa / Marcelo Queiroz Varisco. Curitiba: LACTEC, 2014.

    147 p. : il. ; 30 cm.

    Orientador: Prof. Dr. Luiz Alkimin de Lacerda. Dissertao (Mestrado) Institutos de Tecnologia para o

    Desenvolvimento, LACTEC Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento de Tecnologia, 2014.

    Inclui Bibliografia

    1.Edificao Habitacional. 2. BCCA. 3. SWIE. I. Varisco, Marcelo Queiroz. II. Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, LACTEC - Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento de Tecnologia. III. Ttulo.

    CDD 690.028

  • DEDICATRIA

    Deus;

    Aos meus pais, Aldo e Maria da Graa, pelos exemplos de vida;

    minha querida esposa Tania, pelo incentivo e cumplicidade;

    minha filha Carolina, pela incondicional ajuda, e;

    Aos meus queridos IIrmos pelos crditos a mim confiados.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por todas as ddivas a mim concedida.

    minha famlia, composta pela minha esposa Tania e minha filha Carolina,

    reverenci-os pela compreenso despendida devido a minha ausncia para a

    elaborao dessa dissertao.

    Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Alkimin de Lacerda, por sua absoluta

    compreenso e presteza dispensada nos momentos mais rduos.

    Ao Prof. Dr. Alexandre Rasi Aoki, pela pacincia, dedicao e

    comprometimento exemplar na gerncia do programa.

    Aos professores do PRODETEC pela indiscutvel competncia no mbito de

    suas unidades curriculares.

    Ao Prof. Dr. Kleber Franke Portella pela ajuda incondicional durante todo o

    desenvolvimento e aprimoramento dessa dissertao.

    Carinhosamente, aos professores Dr. Akemi Kan, Dr. Vitoldo Swinka Filho e

    Dr. Juliano de Andrade pelo exemplo de educadores.

    equipe maravilhosa do LACTEC-LAME que em momento algum deixou de

    dar apoio e essa dissertao, recebendo-me com grande carinho, dividindo o espao

    fsico e, principalmente, conferindo-me a oportunidade de, humildemente, poder

    participar do desenvolvimento de alguns equipamentos relacionados a NBR 15575

    (ABNT, 2013) junto a ITA.

    Aos professores e colegas de profisso do DACOC, da UTFPR pelos

    incentivos e colaboraes tcnicas para a realizao dessa.

    Aos amigos de mestrado, em especial ao Ir Luiz Claudio Skrobot Junior,

    Willian Pelissari e Alexandre dos Santos pelo companheirismo e incentivo durante a

    jornada.

  • RESUMO

    Diante da problemtica do deficit habitacional, no exclusiva do Brasil, a normatizao, tambm na construo civil, se fez presente, cuja tica de normalizar processos e mtodos, visando o desempenho das edificaes norteou a ABNT a editar em julho de 2013 a NBR 15575. Diante desse cenrio, essa dissertao veio contribuir junto a implantao da primeira ITA (Instituio Tcnica Avaliadora) do Paran, na participao nos desenvolvimentos dos equipamentos e aparelhos referenciados pela norma de desempenho, na sua quarta parte, que enfoca Sistemas de Vedaes Verticais Internas e Externas SVVIE, cujos croquis e descries pertinentes aos equipamentos, so bsicos e incompletos, dificultando em muito a confeco dos mesmos. Assim sendo, propositadamente, essa dissertao rica em Quadros e Figuras, de modo a propiciar ao leitor um maior entendimento aos processos e mtodos empregados e parametrizados pela referida norma. Na seara da performance de uma edificao, cujas paredes, no estruturais, so construdas usando blocos de concreto celular autoclavado, vem, essa dissertao contribuir em avaliar o desempenho dessa tecnologia construtiva, limitado-se aos ensaios descritos na quarta parte do conjunto normativo NBR 15575 (ABNT, 2013), construindo em ambiente laboratorial, conforme NBR 14956 (ABNT, 2013), dois prottipos de S V V, com finalidade Externa devido o maior rigor normativo (SVVE). Os nveis de desempenho obtidos nos ensaios de estanqueidade gua de chuva, resistncia ao calor e choque trmico e resistncia aos impactos de corpo duro e corpo mole, foram satisfatrios, contudo no ensaio de resistncia s solicitaes de cargas suspensas, o SVVIE apresentou deficincia, obtendo ndice satisfatrio apenas no ensaio envolvendo cargas aplicadas em cantoneiras L, inspirando assim, cuidados que devero estar referenciados junto ao manual do proprietrio, ou de uso do imvel, quando das instalaes envolvendo mo francesa e cargas inclinadas, como no caso das aplicadas em gancho de rede. Palavras-chave: Desempenho das edificaes habitacionais. Bloco de concreto celular autoclavado. Sistemas de vedao vertical em edificaes.

  • ABSTRACT

    Brazilian housing deficit triggered the development of standardization methods for construction processes targeting the performance of buildings, guiding ABNT to edit in July 2013 the NBR 15575 standard. Given this scenario, this dissertation contributes to the implementation of the first ITA (Technical Evaluation Institute) in Paran, and to the development of equipment and devices referenced by the ABNT standard, in its fourth part, which focuses Indoor and Outdoor Wall Sealing Systems - SVVIE, whose sketches and descriptions are basic and incomplete, hindering much their elaboration. Therefore, purposely, this dissertation is rich in Tables and Figures, in order to provide the reader a greater understanding of the applied processes and methods parameterized by the ABNT standard. In the performance area of buildings, whose nonstructural walls are built using autoclaved blocks of aerated concrete, this dissertation contributes with the evaluation of this technology, limited to the tests described in the fourth part of NBR 15575 (ABNT, 2013), constructing in laboratory two SVVIE prototypes according to NBR 14956 (ABNT, 2013), with Outdoor purposes due to its greater stringency (SVVE). The performance levels obtained from impermeability tests for rainwater, heat resistance and thermal shock, and impact resistance of hard body and soft body were satisfactory. However, the test of resistance for requested hanging loads, the SVVIE showed deficiency, obtaining a satisfactory grade only in tests involving forces applied with "L" profile steel bars, thus, inspiring caution that must be referenced in the property owner's manual, when involving crane arms and inclined loads as, for instance, in the case of net hangers. Keywords: Performance of residential buildings. Autoclaved blocks of aerated concrete. Sealing Systems in buildings.

  • LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Espectro que correlaciona as massas especficas dos agregados e

    dos concretos, bem como suas resistncias compresso.............

    09

    Figura 2 - Cronograma da classificao dos concretos leves............................ 10

    Figura 3 - Detalhe da presena de bolhas de ar ou de vazios no CCA............. 11

    Figura 4 - Detalhes de um concreto com presena de argila expandida

    segregada como agregado grado...................................................

    11

    Figura 5 - Detalhe de um concreto com vermiculita e argila expandida............ 12

    Figura 6 - Detalhe de um concreto celular com presena de argila expandida. 12

    Figura 7 - Fotomicrografia de uma seo de concreto com ar incorporado...... 13

    Figura 8 - Detalhe de um gerador de espuma................................................... 14

    Figura 9 - Preparo de CC em betoneira, com detalhe da adio da espuma... 14

    Figura 10 - Casas monolticas executadas com CC, que lanado e

    curado in loco...................................................................................

    14

    Figura 11 - Detalhe de um BCC produzido artesanalmente em pequena

    indstria de artefatos de concreto.....................................................

    14

    Figura 12 - Detalhe de BCCA produzidos industrialmente com espessuras de

    7,5cm 20cm ...................................................................................

    14

    Figura 13 - Detalhe de blocos e painis de CCA produzidos industrialmente .... 14

    Figura 14 Esquema de uma indstria de BCCA............................................... 17

    Figura 15 - Distribuio percentual do consumo de BCCA no Brasil .................. 21

    Figura 16 - Croquis de um bloco de concreto celular .......................................... 22

    Figura 17 - Detalhe do uso do rasgador e do serrote em um BCCA .................. 23

    Figura 18 - Esquemtico de uma amostra do corpo de prova a ser avaliado

    quanto aos seus desempenhos .......................................................

    34

    Figura 19 - Detalhe da cmara de ensaio, reservatrio de retro-alimentao da

    gua, bomba de gua, filtro de gua, bomba de ar e vlvula de

    alvio e regulagem da presso interna da cmara ......................

    35

    Figura 20 - Detalhe do manmetro diferencial, que efetua a leitura da presso

    interna da cmara ............................................................................

    35

    Figura 21 - Detalhe do equipamento para o ensaio de carregamento usando

    mo francesa ..........................................................................................

    36

  • Figura 22 - Detalhe do equipamento cantoneira L ........................................... 36

    Figura 23 - Detalhe do equipamento para o ensaio de carga faceando a

    parede ..............................................................................................

    37

    Figura 24 - Detalhe do equipamento para o ensaio de carga inclinada, tipo as

    aplicadas nos ganchos de rede de dormir .......................................

    37

    Figura 25 - Detalhe do transdutor de deslocamento tipo digital instalado de

    forma independente atuando na face oposta s fixaes ................

    37

    Figura 26 - Detalhe do paqumetro, bem como do parafuso e bucha utilizada

    na fixao da mo francesa .............................................................

    37

    Figura 27 - Detalhe do painel radiante com temperatura controlada de 80 C

    junto ao corpo de prova por meio de termopares ............................

    38

    Figura 28 - Detalhe do dispositivo aspersor de gua responsvel pelo

    resfriamento .....................................................................................

    38

    Figura 29 - Detalhe do transdutor de deslocamento tipo digital instalado de

    forma independente atuando na face oposta ao ensaio ..................

    38

    Figura 30 - Detalhe da instalao do prtico independente, sustentador do

    corpo duro ........................................................................................

    39

    Figura 31 - Detalhe da instalao do prtico independente, sustentador do

    corpo mole .......................................................................................

    39

    Figura 32 - Detalhe do paqumetro adaptado de forma a melhor medir as

    mossas provenientes do ensaio .......................................................

    39

    Figura 33 - Croquis de um corpo de prova mnimo de um SVVE no ensaio de

    estanqueidade...................................................................................

    40

    Figura 34 - Esquemtico do equipamento para verificao da estanqueidade

    em um SVVE ....................................................................................

    42

    Figura 35 - Esquemtico do equipamento para verificao da estanqueidade

    instalado em um SVVE....................................................................

    43

    Figura 36 Fluxograma da execuo do ensaio para verificao da

    estanqueidade em um SVVE............................................................

    44

    Figura 37 Esquema de mo-francesa padro para ensaios de peas

    suspensas, como lavatrios e prateleiras ........................................

    47

  • Figura 38 - Esquemtico do equipamento para determinao da resistncia

    dos SVVIE s solicitaes de peas suspensas ..............................

    48

    Figura 39 Fluxograma da execuo do ensaio para verificao da

    determinao da resistncia dos SVVIE s solicitaes de peas

    suspensas ........................................................................................

    49

    Figura 40 - Esquemtico dos equipamentos usados para verificao do

    comportamento de um SVVIE exposto ao de calor e choque

    trmico .............................................................................................

    52

    Figura 41 Fluxograma da execuo do ensaio para verificao do

    comportamento de um SVVIE exposto ao de calor e choque

    trmico .............................................................................................

    53

    Figura 42 - Esquemtico do equipamento para verificao da resistncia a

    impactos de corpo duro ....................................................................

    56

    Figura 43 Fluxograma da execuo do ensaio para verificao da resistncia

    a impactos de corpo duro .................................................................

    57

    Figura 44 - Esquemtico do equipamento para verificao da resistncia a

    impactos de corpo mole ...................................................................

    61

    Figura 45 Fluxograma da execuo do ensaio para verificao da resistncia

    a impactos de corpo mole ................................................................

    62

    Figura 46 Fluxograma referente a seqncia da realizao dos

    ensaios.............................................................................................

    63

    Figura 47 - Vista do incio do levantamento dos BCCA, assentados com

    argamassa colante............................................................................

    64

    Figura 48 - Detalhe do processo de umidificao das faces de

    um BCCA..........................................................................................

    64

    Figura 49 - Detalhe do processo de umidificao das faces do BCCA que

    estiverem em contato com a argamassa..........................................

    64

    Figura 50 - Preparo para execuo da quinta fiada, a 1,5 m da base, onde

    haver uma pausa............................................................................

    64

    Figura 51 - Detalhe INCORRETO do sentido da aplicao da argamassa

    colante..............................................................................................

    64

    Figura 52 - Detalhe CORRETO do sentido da aplicao da argamassa

    colante..............................................................................................

    64

  • Figura 53 - Vista do CP em BCCA construdo sob o prtico do

    LAME.................................................................................................

    65

    Figura 54 - Vista dos dois corpos de prova em BCCA construdos sob os

    prticos do LAME..............................................................................

    65

    Figura 55 - Vista dos corpos de prova j devidamente revestidos e

    pintados............................................................................................

    65

    Figura 56 - Vista dos CP, com detalhe da face interna do CP2,

    propositalmente no revestida..........................................................

    65

    Figura 57- Apresentao dos equipamentos envolvidos no ensaio de

    estanqueidade...................................................................................

    66

    Figura 58 - Condies de exposio conforme as regies brasileiras e

    respectivas presses estticas para SVVE......................................

    67

    Figura 59 - Vista do equipamento de estanqueidade instalado e operando,

    antes do ensaio de choque trmico..................................................

    68

    Figura 60 - Vista do equipamento de estanqueidade instalado e operando,

    aps o ensaio de choque trmico.....................................................

    68

    Figura 61 - Apresentao dos equipamentos envolvidos no ensaio de Choque

    Trmico ............................................................................................

    69

    Figura 62 - Vista do corpo de prova a ser analisado quanto ao seu

    desempenho ao choque trmico.......................................................

    71

    Figura 63 - Vista do corpo de prova a ser analisado com a instalao dos

    termmetros e dos termopares.........................................................

    71

    Figura 64 - Vista da face posterior do corpo de prova, com a instalao

    independente do transdutor de deslocamento tipo digital para

    medir os deslocamentos horizontais.................................................

    72

    Figura 65 - Vista da instalao do painel radiante, na face externa do SVVE,

    entrando em operao, aps a estabilizao trmica em 803 oC...

    72

    Figura 66 - Vista do equipamento resfriador por meio de asperso de gua,

    operando at a superfcie se estabilizar em 203 oC........................

    72

    Figura 67 - Vista da face posterior, apresentando no detalhe, a presena de

    duas fissuras no CP .........................................................................

    72

    Figura 68 - Vista do mapeamento da furao, oriunda de outros ensaios, junto

    ao corpo de prova CP 2 em destaque..............................................

    73

  • Figura 69 - Comparativo da visualizao das fissuras, fotografia comum e

    termografia do SVVE antes do choque trmico................................

    74

    Figura 70 - Visualizao bem evidente por meio de termografia, de duas

    fissuras no CP 1................................................................................

    74

    Figura 71 - Apresentao dos equipamentos envolvidos no ensaio de cargas

    suspensas.........................................................................................

    75

    Figura 72 - Vista do corpo de prova a ser analisado quanto ao seu

    desempenho a cargas suspensas....................................................

    78

    Figura 73 - Vista do corpo de prova com a instalao dos equipamentos: mo

    francesa, gancho de rede e cantoneira L - situao 1......................

    78

    Figura 74 - Vista do corpo de prova na face posterior, com a instalao

    independente do transdutor de deslocamento tipo digital para

    medir os deslocamentos horizontais durante o ensaio.....................

    79

    Figura 75 - Vista do carregamento junto mo francesa ................................... 79

    Figura 76 - Vista da mo francesa no suportando o momento solicitante......... 79

    Figura 77 - Vista do incio do carregamento junto ao dispositivo de carga

    inclinada, tipo gancho de rede..........................................................

    79

    Figura 78 - Vista do momento do arranque do gancho de rede, detalhe da

    parede e do sistema de engaste.......................................................

    80

    Figura 79 - Vista do incio do carregamento junto ao dispositivo cantoneira L. 80

    Figura 80 - Vista do detalhe do rompimento do sistema de fixao junto a mo

    francesa situao 2........................................................................

    81

    Figura 81 - Vista do incio do carregamento junto ao dispositivo de carga

    inclinada, tipo gancho de rede de dormir..........................................

    81

    Figura 82 - Vista do gancho de rede no suportando o carregamento, bem

    como detalhe da parede e do sistema de engaste...........................

    81

    Figura 83 - Vista do incio do carregamento junto ao dispositivo cantoneira L. 81

    Figura 84 - Vista do conjunto a ser ensaiado situao 3.................................. 82

    Figura 85 - Vista do incio do carregamento junto a mo francesa...................... 82

    Figura 86 - Vista do gancho de rede sendo carregado........................................ 83

    Figura 87- Vista do carregamento junto ao dispositivo cantoneira L................. 83

    Figura 88 - Apresentao dos equipamentos envolvidos no ensaio de impacto

    de corpo duro....................................................................................

    84

  • Figura 89 - Vista do corpo de prova a ser analisado quanto ao seu

    desempenho de resistncia ao impacto de corpo duro....................

    86

    Figura 90 - Vista do corpo percussor de impacto sendo posicionado para

    efetuar sua trajetria pendular em direo ao SVVE........................

    86

    Figura 91 - Vista do corpo percussor de 500g no instante do impacto,

    imprimindo no corpo de prova uma mossa.......................................

    87

    Figura 92 - Vista do corpo percussor de 1000g no instante do impacto,

    imprimindo no corpo de prova uma mossa.......................................

    87

    Figura 93 - Vista das mossas impressas na face do corpo de prova.................. 87

    Figura 94 - Vista da determinao mtrica da profundidade da mossa, atravs

    do paqumetro...................................................................................

    87

    Figura 95 - Apresentao dos equipamentos envolvidos no ensaio de impacto

    de corpo mole...................................................................................

    88

    Figura 96 - Vista do corpo de prova a ser analisado quanto ao seu

    desempenho de resistncia ao impacto de corpo mole..................

    90

    Figura 97 - Vista do transdutor de deslocamento tipo digital instalado na face

    posterior do corpo de prova, localizado no centro geomtrico da

    rea de impacto do corpo mole com o SVVE.................................

    90

    Figura 98 - Vista do corpo percussor mole sendo posicionado respeitando o

    diferencial de altura exigido pelo ensaio.........................................

    91

    Figura 99 - Vista do corpo percussor mole no instante do impacto junto ao

    SVVE...............................................................................................

    91

    Figura 100 - Vista do corpo percussor mole sendo posicionado com um

    diferencial de altura de 1,80 m........................................................

    91

    Figura 101 Cmara monobloco atual, proposta de cmara composta por

    duas partes, moldura e cmara......................................................

    94

    Figura 102 Termografia de uma parede aps o aquecimento e sendo

    resfriada abruptamente...................................................................

    100

    Figura 103 Esboo de situao de risco junto ao trabalhador, bem como

    apresentao de uma proposta de instalao dos equipamentos..

    106

    Figura 104 Esboo do aparelho mo francesa apresentado pelas NBR

    15575 e 11678................................................................................

    106

  • Figura 105 Esboo do aparelho mo francesa instalado em SVVE sem

    acesso ao lado posterior.................................................................

    107

    Figura 106 Proposta de prticos auxiliares durante o ensaio de corpo duro ... 112

    Figura 107 Representao grfica dos deslocamentos dos seis impactos do

    ensaio de corpo mole......................................................................

    114

    Figura 108 Vista dos prticos auxiliares durante o ensaio de corpo mole........ 117

    Figura 109 Proposta de prticos auxiliares durante o ensaio de corpo mole... 118

    Figura 110 Croquis do dispositivo apresentado pela ASTM E695 (2009)........ 118

    Figura 111 Vista do dispositivo apresentado pela ASTM E695 (2009),

    dispositivo composto por alapo...................................................

    119

    Figura 112 Mtodo de leitura de algumas tabelas apresentadas pela NBR

    15575 (ABNT, 2013).......................................................................

    119

    Figura 113 Vista da execuo do ensaio de corpo mole, em uma edificao

    prottipo, com a necessidade da retirada parcial do beiral.............

    120

  • LISTA DE QUADROS Quadro 1 Dados de referncia da massa especfica

    dos concretos leves.........................................................................

    08

    Quadro 2 - Valores mnimos de resistncia compresso em funo da

    massa especfica para concreto leve ...............................................

    09

    Quadro 3 - Influncia do tipo de cura na resistncia compresso do bloco de

    CCA ..................................................................................................

    20

    Quadro 4 - Principais propriedades fsicas do

    BCCA................................................................................................

    20

    Quadro 5 - Resistncias compresso dos BCCA e suas respectivas

    densidades .......................................................................................

    22

    Quadro 6 - Posicionamento em relao qualidade e as mudanas

    paradigmticas .................................................................................

    28

    Quadro 7 - Massa de corpo percussor de impacto, altura e energia

    decorrente.........................................................................................

    56

    Quadro 8 - Massa do corpo percussor de impacto, altura e energia, aplicados

    em edifcios trreos ..........................................................................

    59

    Quadro 9 - Massa do corpo percussor de impacto, altura e energia, aplicados

    em edifcios com mais de um pavimento .........................................

    60

    Quadro 10 - Massa de corpo percussor de impacto, altura e energia

    decorrente.........................................................................................

    85

    Quadro 11 - Requisitos quanto estanqueidade gua, em sistemas de

    vedaes verticais externas (fachadas)..........................................

    93

    Quadro 12 - Comparativo dos parmetros usados nos ensaios pela

    ABNT x ASTM.................................................................................

    95

    Quadro 13 - Cargas de ensaio e critrios para peas suspensas fixadas por

    mo francesa padro e cantoneira L .............................................

    104

    Quadro 14 - Cargas de ensaio para peas suspensas com

    carregamento inclinado a 60 com a vertical..................................

    105

    Quadro 15 - Impacto de Corpo Duro para SVVIE

    NBR 15575-2 Anexo D....................................................................

    109

  • Quadro 16 - Impacto de Corpo Duro para SVVIE

    NBR 15575-4 Anexo F....................................................................

    110

    Quadro 17 - Impactos de corpo mole para SVVE, casas trreas, sem funo

    estrutural.........................................................................................

    115

    LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Ensaio de estanqueidade gua antes e aps o Choque

    Trmico...............................................................................................

    92

    Tabela 2 - Dados do ensaio de Choque

    Trmico, corpo de prova 1..................................................................

    96

    Tabela 3 - Dados do ensaio de Choque

    Trmico, corpo de prova 2..................................................................

    97

    Tabela 4 - Dados do ensaio de Carga Suspensa Bucha SX - 8

    Situao 1...........................................................................................

    101

    Tabela 5 - Dados do ensaio de Carga Suspensa Bucha UX 8

    Situao 2...........................................................................................

    102

    Tabela 6 - Dados do ensaio de Carga Suspensa Bucha FUR 8x80 SS

    Situao 3...........................................................................................

    103

    Tabela 7 - Qualificao quanto ao nvel de desempenho nos ensaios de

    cargas suspensas...............................................................................

    105

    Tabela 8 - Dados do ensaio de Impacto de Corpo

    Duro.....................................................................................................

    108

    Tabela 9 - Dados do ensaio de Impacto de Corpo

    Mole.....................................................................................................

    113

    LISTA DE SMBOLOS

    D Densidade da parede (kg/m2) - quilos por metro quadrado de parede

  • LISTA DE SIGLAS

    a.C. Antes de Cristo

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ASTM American Society for Testing and Materials

    BCC Bloco de Concreto Celular

    BCCA Bloco de Concreto Celular Autoclavado

    BNH Banco Nacional da Habitao

    CBIC Cmara Brasileira da Indstria da Construo

    CC Concreto Celular

    CCA Concreto Celular Autoclavado

    CEF Caixa Econmica Federal

    d.C Depois de Cristo

    DACOC Departamento Acadmico de Construo Civil

    dh Deslocamento horizontal

    dhr Deslocamento horizontal residual

    DIN Deutsches Institut fr Normung

    dm3 decmetro cbico

    FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

    h hora

    I Patamar Intermedirio de desempenho

    IBTQC Instituto Brasileiro de Tecnologia em Qualidade da Construo

    IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

    ITA Instituio Tcnica Avaliadora

    J Joule

    kg quilograma

    kgf quilograma-fora

    LACTEC Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

    LAME Laboratrio de Materiais e Estruturas

    Ltda Limitada

    m metro

    M Patamar Mnimo de desempenho

    m2 metro quadrado

    min minuto

    mm milmetro

    MPa Mega Pascal

    N Newton

    NBR Norma Brasileira

    NBR NM Norma Brasileira e Norma Mercosul

    OV rgo Validador

  • p Profundidade da mossa

    Pa Pascal

    S Patamar Superior de desempenho

    S.A. Sociedade Annima

    STF Supremo Tribunal Federal

    SVV Sistema de Vedao Vertical = Parede

    SVVE Sistema de Vedao Vertical Externa = Parede externa

    SVVI Sistema de Vedao Vertical Interna = Parede interna

    SVVIE Sistema de Vedao Vertical Interna e Externa

    t Tempo em segundos ou em munutos ou em horas

    T Temperatura oC

    USP Universidade de So Paulo

  • SUMRIO

    1 INTRODUO................................................................................................

    1.1 PROBLEMTICA.........................................................................................

    1.2 OBJETIVOS.................................................................................................

    1.2.1 Objetivo Geral...........................................................................................

    1.2.2 Objetivos Especficos................................................................................

    1.3 JUSTIFICATIVA...........................................................................................

    1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO...............................................................

    2 REVISO DA LITERATURA..........................................................................

    2.1 DEFINIES DE CONCRETO...................................................................

    2.2 TIPOS DE CONCRETOS............................................................................

    2.3 CONCRETO LEVE......................................................................................

    2.3.1 Concreto Celular.......................................................................................

    2.3.2 Concreto Celular Autoclavado - CCA........................................................

    2.3.3 Definies de CCA....................................................................................

    2.3.4 Bloco de Concreto Celular Autoclavado (BCCA)......................................

    2.3.5 Esquema do processo de fabricao BCCA.............................................

    2.3.6 Principais propriedades fsicas do BCCA.................................................

    2.3.7 Consumo no Brasil do BCCA....................................................................

    2.3.8 O BCCA como elemento de vedao e enchimento.................................

    2.4 DESEMPENHO DE EDIFICAES HABITACIONAIS...............................

    2.4.1 Definio...................................................................................................

    2.4.2 Histrico do conceito de desempenho na construo..............................

    2.4.3 A qualidade na construo civil................................................................

    2.4.4 Apresentao normativa...........................................................................

    3 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E MTODOS ..............................................

    3.1 MATERIAIS..................................................................................................

    3.1.1 Apresentao dos materiais......................................................................

    3.1.2 Caractersticas dos materiais empregados...............................................

    3.1.3 Caracterstica visual do conjunto ensaiado...............................................

    3.2 EQUIPAMENTOS........................................................................................

    3.2.1 Estanqueidade gua de chuva em SVVE..............................................

    3.2.2 Solicitao sob ao de peas suspensas...............................................

    3.2.3 Exposio ao do calor e ao choque trmico......................................

    3.2.4 Impactos de corpo duro e corpo mole.......................................................

    01

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    38

    39

  • 3.3 MTODOS NORMALIZADOS.....................................................................

    3.3.1 Determinao da verificao da estanqueidade gua em SVVE..........

    3.3.2 Determinao da resistncia dos SVVIE s peas suspensas.................

    3.3.3 Determinao da verificao da resistncia quanto ao choque trmico...

    3.3.4 Determinao da verificao da resistncia a impactos de corpo duro......

    3.3.5 Determinao da verificao da resistncia a impactos de corpo mole......

    4 INVESTIGAO EXPERIMENTAL FSICA...................................................

    4.1 PREPARAO DOS CORPOS DE PROVA...............................................

    4.2 VERIFICAO DA ESTANQUEIDADE GUA EM SVVE........................

    4.2.1 Aparelhagem Utilizada..............................................................................

    4.2.2 Procedimento do Ensaio Estanqueidade...............................................

    4.2.3 Detalhes do Equipamento em Operao..................................................

    4.3 VERIFICAO DA EXPOSIO AO DE CALOR E AO CHOQUE

    TRMICO EM SVVE...................................................................................

    4.3.1 Aparelhagem Utilizada..............................................................................

    4.3.2 Procedimento do Ensaio Choque trmico..............................................

    4.3.3 Detalhes dos Equipamentos em Operao...............................................

    4.3.4 Uso de fotografia de deteco da radiao infravermelha........................

    4.4 VERIFICAO DO COMPORTAMENTO SOB AO DE CARGAS

    SUSPENSAS EM SVVE...............................................................................

    4.4.1 Aparelhagem Utilizada..............................................................................

    4.4.2 Procedimento do Ensaio Cargas Suspensas.........................................

    4.4.3 Consideraes sobre o processo de engaste mecnico...........................

    4.4.4 Detalhes dos Equipamentos em solicitao, situao 1..........................

    4.4.5 Detalhes dos Equipamentos em solicitao, situao 2..........................

    4.4.6 Detalhes dos Equipamentos em solicitao, situao 3..........................

    4.5 VERIFICAO DA RESISTNCIA AO IMPACTO DE CORPO DURO EM

    SVVE............................................................................................................

    4.5.1 Aparelhagem Utilizada..............................................................................

    4.5.2 Procedimento do Ensaio Impacto de Corpo Duro..................................

    4.5.3 Detalhes dos Equipamentos em Operao..............................................

    4.6 VERIFICAO DA RESISTNCIA AO IMPACTO DE CORPO MOLE EM

    SVVE............................................................................................................

    4.6.1 Aparelhagem Utilizada..............................................................................

    4.6.2 Procedimento do Ensaio Impacto de Corpo Mole..................................

    4.6.3 Detalhes dos Equipamentos em Operao..............................................

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    90

  • 5 ANLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSES..........................................

    5.1 ANLISE DA ESTANQUEIDADE GUA DE CHUVA..............................

    5.1.1 Dados coletados no ensaio Estanqueidade

    antes e aps o choque trmico.................................................................

    5.1.2 Requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013)..................................................

    5.1.3 Resultados quanto qualificao do desempenho..................................

    5.1.4 Anlise crtica............................................................................................

    5.2 ANLISE DA EXPOSIO AO DE CALOR E

    AO CHOQUE TRMICO............................................................................

    5.2.1 Dados coletados no ensaio Choque trmico.........................................

    5.2.2 Requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013)..................................................

    5.2.3 Resultados quanto qualificao do desempenho..................................

    5.2.4 Anlise crtica............................................................................................

    5.3 ANLISE DO COMPORTAMENTO SOB AO

    DE CARGAS SUSPENSAS.......................................................................

    5.3.1 Dados coletados no ensaio Cargas Suspensas situao 1................

    5.3.2 Dados coletados no ensaio Cargas Suspensas situao 2................

    5.3.3 Dados coletados no ensaio Cargas Suspensas situao 3................

    5.3.4 Requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013)..................................................

    5.3.5 Resultados quanto qualificao do desempenho..................................

    5.3.6 Anlise crtica............................................................................................

    5.4 ANLISE DA RESISTNCIA AO IMPACTO DE CORPO DURO................

    5.4.1 Dados coletados no ensaio Impacto de Corpo Duro.............................

    5.4.2 Requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013)..................................................

    5.4.3 Resultados quanto qualificao do desempenho..................................

    5.4.4 Anlise crtica............................................................................................

    5.5 ANLISE DA RESISTNCIA AO IMPACTO DE CORPO MOLE................

    5.5.1 Dados coletados no ensaio Impacto de Corpo Mole.............................

    5.5.2 Requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013)..................................................

    5.5.3 Resultados quanto qualificao do desempenho..................................

    5.5.4 Anlise crtica............................................................................................

    6 CONCLUSES...............................................................................................

    7 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................

    REFERNCIAS..................................................................................................

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    124

  • 1

    1 INTRODUO

    Historicamente, a construo civil est ligada ao desenvolvimento do

    Homem. Inicialmente, estava associada a questes de proteo e segurana, mas

    gradativamente, progride de forma exponencial, transformando-se em um mercado

    promissor, que leva a desencadear o expressivo desenvolvimento imobilirio na

    primeira dcada do sculo XXI.

    Alguns aspectos como coordenao modular, engenharia de materiais e

    racionalizao estavam presentes, mesmo que rudimentar, na complexa Arquitetura

    Gtica, e assim foram trazidos para a Era moderna. A partir da, aliam-se ao novo

    conceito de construo civil e estabelecem, na relao construtor-construtora-

    consumidor, requisitos de segurana e qualidade, personificao, confiabilidade,

    conforto, confiana e esttica. Estes fatores devem integrar o escopo, logo no

    projeto da construo e avanar at o momento de entrega do imvel construdo.

    No velho continente, terminada a Segunda Grande Guerra Mundial, em

    1945, em meio s turbulncias e inmeras habitaes deflagradas, o europeu diante

    dessa problemtica, comeou a reconstruir o continente, iniciando por novas

    habitaes para abrigar suas famlias e atender situaes especficas de

    instabilidade que, aliadas a cronogramas imobilirios ousados, proporcionaram

    maior qualidade e desempenho, culminando em sistemas construtivos de elevado

    padro e apelo esttico, conquistando espaos e produtividade no cenrio mundial.

    Desse momento em diante houve aprimoramentos substanciais, bem como

    desenvolvimento tecnolgico, visando uma procura crescente por solues

    fundamentadas em uma arquitetura renovadora, focada em necessidades

    prementes do consumidor moderno, que, alm de exigente estava muito mais

    consciente, comparado h algumas dcadas atrs, devido a informatizao e a

    tecnologia que se alastrou e globalizou o mundo, interligando mercados, produtos e

    servios.

    No Brasil, muito se avanou e muito se conquistou. Polticas habitacionais

    de responsabilidade das esferas municipais, estaduais e federais sempre foram uma

    constante, contudo nos ltimos 50 anos, afloraram programas habitacionais mais

    alicerados, culminando em um avano significativo na rea habitacional.

    Diante de to promissor mercado, houve a necessidade da parametrizao,

    de uma normatizao, cuja finalidade alcanar patamares mnimos de qualidade

  • 2

    da EDIFICAO, do local onde se habita ou trabalha, visando padres de

    desempenho da edificao analisada, amplamente descritos na NBR 15575 (ABNT,

    2013).

    O atual momento brasileiro de grande expanso no setor da construo

    civil, decorrente de vrios fatores que, somados, criaram condies para o incio de

    um ciclo de crescimento, alm disso, o governo brasileiro tem priorizado medidas

    para incrementar essa to importante atividade no pas. O crdito imobilirio, antes

    escasso e pouco atrativo para o sistema financeiro, torna-se cada vez mais

    acessvel, e hoje visto pelos bancos como um importante instrumento de

    fidelizao dos clientes.

    Assim sendo, independentemente do fato do crescimento atual da construo

    civil no Brasil estar mais direcionado s habitaes populares, h um aspecto que

    precisa ser considerado por toda a sociedade tcnica, bem como pelo governo,

    pelas instituies financeiras e pelas entidades representativas do setor, que o

    desempenho mnimo das construes brasileiras. Deste modo, devem ser

    preconizados padres tcnicos que, obrigatoriamente, precisam ser atendidos pelo

    setor da construo civil.

    Essa preocupao de parametrizar esses requisitos mnimos de desempenho,

    j h algum tempo vem sendo discutido junto s entidades representativas do setor,

    cujo objetivo a melhoria da qualidade das construes, bem como do ambiente

    contrudo na relao Homem-Edificao.

    No Brasil, at o momento da publicao da NBR-15575 (ABNT, 2013) no

    havia parmetros de desempenho para as habitaes, o que levava a qualidade dos

    materiais elementares da construo civil, tornar-se um tanto duvidosa, tanto para

    quem construa como para quem adquiria a obra construda, justificada na ausncia

    de padro de qualidade tcnica, que resultava em um produto final de baixa

    resistncia, durabilidade duvidosa e desconhecimento de suas caractersticas

    tcnicas.

    A parametrizao destas caractersticas tcnicas exigidas pela referida

    norma segue uma tendncia mundial de mercado e tem como finalidade promover a

    qualidade do uso dos ambientes construdos, vindo de encontro aos anseios do

    pblico consumidor, bem como das sociedades afins da construo civil.

    At o momento em que a Norma NBR 15575 (ABNT, 2013) foi editada, nas

    construes nem sempre se consideravam os aspectos ambientais do entorno da

  • 3

    obra construda e da mesma forma, desconsiderava a destinao do uso da

    habitao, desencadeando em patologias construtivas que resultavam na baixa

    qualidade ambiental de seu interior.

    1.1 PROBLEMTICA

    No Brasil, o crescimento na demanda da construo civil, justificado pelo

    incentivo poltico e pela facilidade em obter financiamentos do Estado, visto a grande

    necessidade de disponibilizar edificaes habitacionais para atender uma clientela

    pontual, fez com que os legisladores sobre o setor parametrizassem a construo

    civil, visando qualificar e quantificar o desempenho da edificao.

    O permanente desenvolvimento de pesquisas e de novas tecnologias

    trouxeram avanos e aporte tecnolgico para os materiais e tcnicas construtivas,

    que favoreceram a rapidez dos processos e otimizao nos canteiros de obras,

    visando a melhoria na qualidade do imvel como um todo, em respeito ao

    consumidor e ao meio ambiente.

    Atualmente, construtoras e construtores, enquanto operadores do setor,

    esto muito mais atentos ao mercado e seus potenciais clientes e passaram a

    demonstrar maior comprometimento nos seus projetos e empreendimentos, em

    consonncia aos requisitos preconizados na NBR 15575 (ABNT, 2013), tornando o

    imvel pronto uma estrutura de vivncia com atributos jamais observados

    anteriormente.

    Diante do exposto, para atender moderna conjuntura, a Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), em conjunto com as inmeras entidades da

    Construo Civil, desenvolveram a Norma Brasileira NBR 15575 (ABNT, 2013),

    vigente no pas desde julho de 2013.

    Deste modo, para que o fornecedor atinja os parmetros exigidos na atual

    conjuntura normativa da construo civil, construtores e construtoras devem,

    obrigatoriamente, orientar-se em princpios da referida norma, ou em outras que so

    citadas nesse conjunto normativo e, conseqentemente, percorrem o caminho da

    validao imediata para quantificar a qualidade parametrizada pelo rgo Validador

    (OV) ou pela Instituio Tcnica Avaliadora (ITA).

  • 4

    Contudo, o mercado ficou mais competitivo, o consumidor brasileiro, cliente

    por excelncia, o foco das atenes, pois ficou mais exigente, cuja trajetria

    comportamental conseqncia de muitos esforos, com mister ateno

    implantao do cdigo defesa do consumidor, que em muito colaborou nessa nova

    postura comercial.

    O espectro de qualidades exigidas sinalizado s construtoras, que

    respondem, para todas as classes sociais, por meio de empreendimentos com

    projetos arquitetnicos cuidadosamente elaborados, enfatizando a localizao do

    imvel, a segurana, as reas de laser e o custo, sendo este ltimo, detentor de uma

    ateno especial do consumidor.

    O consumidor valoriza seu poder de compra, no basta apenas existir o

    financiamento, como j exposto. O bem adquirido tem que valer os esforos de um

    financiamento, que por vezes, se estende por anos, comprometendo o oramento

    familiar.

    Diante dessa problemtica, onde solues que afetem os projetos, tais como

    localizao e segurana, so analisadas com muita cautela pelos fornecedores.

    Porm, aquelas que afetem o custo final da obra, sem afetar a qualidade dos

    materiais empregados e nem o desempenho do habitat, so bem vindas.

    As tecnologias construtivas que possam contribuir, para a problemtica

    exposta, devem ser amplamente conhecidas, e a partir dessa dissertao pretende-

    se contribuir, parcialmente, quanto ao conhecimento do desempenho de uma delas.

    A construo em blocos de concreto celular autoclavados (BCCA), cuja massa

    especfica induz no alvio das cargas junto s fundaes e pilares, com substancial

    economia nas escavaes, no volume de concreto e ao.

    O modelo construtivo com uso de BCCA, j empregado no Brasil, contudo

    devido ao exposto, seu uso tem avanado nesse cenrio, principalmente nos centros

    urbanos da regio sudeste do Brasil, onde existe deficit habitacional e,

    consequentemente, grandes incorporaes.

  • 5

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Geral

    O objetivo geral dessa pesquisa o de analisar o desempenho de um sistema

    de vedao vertical externo (SVVE), sem funo estrutural, construdo com

    Blocos de Concreto Celular Autoclavado (BCCA).

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Os objetivos especficos dessa dissertao so: (a) desenvolver equipamentos pertinentes aos ensaios contemplados na

    quarta parte do conjunto normativo NBR 15575 (ABNT, 2013) de

    forma conjunta com a ITA-LACTEC;

    (b) por meio de ensaios de desempenho, utilizando os equipamentos

    desenvolvidos, verificar:

    (i) a estanqueidade gua de chuva;

    (ii) a resistncia do SVVE s solicitaes de peas

    suspensas;

    (iii) o comportamento do SVVE exposto ao de calor e

    choque trmico;

    (iv) a resistncia a impactos de corpo duro, e;

    (v) a resistncia a impactos de corpo mole.

    (c) identificar durante os ensaios, possveis aprimoramentos aos

    equipamentos bem como suas implantaes em consonncia com a

    ITA-LACTEC, e;

    (d) efetuar uma anlise crtica sobre os processos apresentados pela NBR

    15575 (ABNT, 2013), limitando aos que foram realizados por essa

    dissertao.

  • 6

    1.3 JUSTIFICATIVA

    O principal motivo da escolha do tema dessa dissertao foi a falta de

    estudos relativos ao desempenho desse material construtivo, cujas caractersticas

    so leveza, facilidade de corte, resistncia, entre outras. Este material o concreto

    celular, utilizado nas alvenarias, ora monoltico, ora por meio de blocos autoclavados

    assentados em amarrao com argamassa industrializada ou colante.

    Diante disto, nessa dissertao, foram enfatizados os estudos relacionados

    ao desempenho de um Sistema de Vedao Vertical Externa (SVVE), trreo e sem

    funo estrutural, construdo com BCCA, limitando-se aos ensaios citados nos

    objetivos especficos dessa, com respaldo da ITA-LACTEC.

    1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO A presente dissertao encontra-se subdividida em sete captulos

    fundamentais, para verificar o desempenho das paredes construdas com blocos de

    concreto celular autoclavado (BCCA), em obedincia aos parmetros da Norma

    Brasileira NBR 15575 (ABNT, 2013), sendo o captulo introdutrio, entendido aqui

    como captulo um.

    No captulo dois, foi feita a reviso da literatura, com nfase aos

    concretos leves, por conseguinte, ao concreto celular, seus usos e

    propriedades, bem como ao conceito de desempenho, qualidade na

    construo civil e apresentao do conjunto normativo NBR 15575

    (ABNT, 2013);

    No captulo trs, foram apresentados os materiais, equipamentos e

    mtodos usados durantes os trabalhos desenvolvidos;

    No captulo quarto, foi apresentado a investigao experimental fsica

    dos trabalhos;

    No captulo cinco, foram apresentadas as anlises dos resultados, dis-

    cusses e crticas envolvendo segurana, equipamentos e mtodos, e;

    No captulo seis, foram apresentadas as concluses, e;

    No captulo sete, foram apresentados as sugestes para trabalhos

    futuros.

  • 7

    2 REVISO DA LITERATURA 2.1 DEFINIES DE CONCRETO

    Concreto a mistura de cimento Portland, juntamente com a gua, forma

    uma pasta mais ou menos fluida, dependendo do percentual de gua

    adicionado. Essa pasta envolve as partculas de agregados com diversas

    dimenses para produzir um material, que, nas primeiras horas, apresenta-se

    em um estado capaz de ser moldada em frmas das mais variadas formas.

    Com o tempo, a mistura endurece pela reao da gua com o cimento,

    adquirindo resistncia mecnica capaz de torn-lo um material de excelente

    desempenho estrutural, sob os mais diversos ambientes de exposio.

    (HELENE e ANDRADE, 2007)

    Concreto um compsito comum com partculas grandes, onde as fases

    matriz e dispersa so materiais cermicos, deste modo consiste em um

    agregado de partculas que esto ligadas umas s outras em um corpo slido

    atravs de algum tipo de meio de ligao.

    (CALLISTER, 2012) 2.2 TIPOS DE CONCRETOS

    Mehta e Monteiro (2008), apresentam os principais tipos de concretos, entre

    eles o concreto leve, cuja subclassificao entre outros, tem-se o concreto celular

    espumoso, o concreto celular autoclavado e todos os concretos que apresentem

    massa especficas iguais ou inferiores a 2000 kg/m3, conforme exposto:

    Concreto simples

    Concreto armado

    Concreto protendido

    Concreto pesado

    Concreto massa

    Concreto bombeado

    Concreto projetado

    Concreto de alta-resistncia

    Concreto de alto-desempenho

    Concreto compactado com rolo

    Concreto com fibras

    Concreto com polmeros

    Concreto colorido

    Concreto estampado

    Concreto pr-moldado

    Concreto resfriado

    Concreto auto adensvel

    Concreto extrudado

    Concreto ciclpico

    Concreto dosado em central

    Concreto aparente

    Concreto apicoado

    Concreto de pavimentao

    Concreto submerso

    Concreto para pisos industriais

    Concreto poroso

    Concreto leve

    - Concreto celular espumoso

    - Concreto celular autoclavado

  • 8

    2.3 CONCRETO LEVE

    No entendimento de Isaia (2011), h 3000 anos j havia evidncias da

    aplicabilidade do concreto com agregados leves (1100 a.C.), perodo em que

    construtores pr-colombianos, que viviam em El Tajin, no Mxico, utilizaram uma

    mistura de pedra pomes com um ligante base de cinzas vulcnicas e cal, para

    construir elementos estruturais mais leves que os tradicionais, podendo assim

    entender que nessa poca o conceito de concreto leve j havia sido usado.

    comum, nos concretos leves, a correlao com suas massas especficas,

    porm existem na literatura atual, algumas divergncias quanto a esses limites,

    dessa forma no Quadro 1 esto apresentados tais valores:

    Quadro 1 Dados de referncia da massa especfica dos concretos leves

    Referncia Massa especfica ( em kg/m3)

    1 RILEM (1975) < 2000

    2 CEB-FIP (1977) < 2000

    3 NS 3473 E (1992) 1200 < < 2200

    4 ACI 213R-87 (1997) 1400 < < 1850

    5 CEN prEN 205-25 (1999) 800 < < 2000

    Legenda: 1 Unio internacional de ensaios laboratoriais de materiais e estruturas

    2 Comit euro-internacional do concreto Federao internacional de

    estudos do concreto

    3 Conselho noruegus da construo

    4 Instituto americano do concreto

    5 Comit europeu de normalizao

    Fonte: Rossignolo, (2003)

    Isaia (2011), em seu livro, Concreto: Cincia e Tecnologia, relata que os

    concretos leves so elaborados com agregados leves, com massa especfica

    reduzida ou, ainda, substituindo uma parte dos materiais slidos pelo ar. Os

    concretos leves classificam-se em: concreto celular, concreto sem finos e concreto

    com agregados leves, cuja massa especfica seca final, no deve ser superior a

    2000 kg/m3.

  • 9

    Mehta e Monteiro (2008), apresentaram um espectro de agregados leves

    correlacionando as massas especficas do concreto elaborado, com esses

    agregados, conforme Figura 1. Contudo ressalta Neville (2013), que a massa

    especfica dos concretos normais ou convencionais, no armados, est no intervalo

    de 2200 kg/m3 a 2600 kg/m3 .

    Figura 1 Espectro que correlaciona as massas especficas dos agregados e dos

    concretos, bem como suas resistncias compresso

    Fonte: MEHTA e MONTEIRO (2008)

    Segundo a NBR MN 35 (ABNT, 1995), para produzir concretos leves

    utilizam-se agregados midos leves com massa unitria no estado seco e solto

    inferior a 1120 kg/m3 bem como, o uso de agregados grados com massa unitria

    inferior a 880 kg/m3. A norma traz valores mnimos de resistncia compresso para

    os concretos leves em funo de sua massa especfica como apresentado no

    Quadro 2.

    Quadro 2 Valores mnimos de resistncia compresso do concreto em funo da massa

    especfica para concreto leve

    RESISTNCIA COMPRESSO AOS

    28 DIAS (MPa)

    MASSA ESPECFICA

    (kg/m3)

    28 1840

    21 1760

    17 1680

    Fonte: NBR NM 35 (ABNT, 1995)

  • 10

    Ateno especial expressou Neville (2013) aos concretos leves, quanto s

    diminuies das resistncias, compresso e abraso, comparados ao concreto

    normal, contudo salientou ganhos quanto ao isolamento trmico e ao alvio das

    cargas. Apresentou ainda, uma classificao dos concretos leves segundo o mtodo

    de produo, como:

    pela utilizao de agregados com massa especfica menor que 2,6

    g/cm3;

    pela introduo de vazios em seu interior, e;

    pela excluso do agregado mido, propiciando, desde que no

    vibrados, vazios intersticiais junto aos agregados grados.

    Importante, tambm, ressaltar a classificao geral dos concretos leves

    segundo Mota (2001), que expe o organograma conforme a Figura 2:

    Figura 2 - Cronograma da classificao dos concretos leves

    Fonte: CEMENT AND CONCRETE ASSOCIATION apud MOTA (2001)

    Nota: a terminologia empregada pela Cement and Concrete Association, na classificao dos concretos leves, observa-se que o concreto celular autoclavado (CCA) refere-se ao concreto aerado com formador de gs.

  • 11

    Como apresentado, o concreto celular, um concreto aerado, que possui

    em sua matriz slida, clulas oriundas da formao de bolhas, ora de origem qumi-

    ca, ou ainda inseridas mecanicamente no processo de sua execuo (MOTA, 2001).

    Na Figura 3, est apresentado no detalhe, o aspecto visual de uma

    superfcie de concreto celular autoclavado (CCA), onde existem uma grande

    quantidade de poros, deixando a superfcie spera e com elevada caracterstica de

    ponte de aderncia.

    Figura 3 - Detalhe da presena de bolhas de ar ou de vazios no CCA

    Fonte: PRECON Industrial S.A. (2013)

    Os concretos sem finos, so produzidos apenas com gua, aglomerante e

    agregado grado de massa especfica menor que os comumente usados, essa

    caracterstica fsica dos agregados usados, inspira cuidados durante o processo de

    adensamento, pois a possibilidade de exsudao e conseqente segregao

    elevada (FREITAS et al. , 2004).

    Na Figura 4, esto apresentados detalhes do aspecto visual de uma amostra

    de concreto sem finos, cabe salientar tambm a observao feita por Freitas et al.,

    (2004) quanto segregao evidente em seus ensaios dos agregados leves,

    principalmente, da argila expandida.

    Figura 4 A Detalhe de dois moldes de concreto fresco, com presena de argila expandida

    segregada. B Corpo de prova seccionado, apresentando segregao da argila expandida

    Fonte: Freitas et al. (2004)

  • 12

    Os concretos com agregados leves, so os produzidos com total ou parcial

    substituio dos agregados usados no concreto convencional, por agregados leves,

    conferindo a este novo concreto, caractersticas quanto a massa especfica, tendo

    como exemplo de agregado mido leve a vermiculita e do agregado grado leve a

    argila expandida e a brita leve.

    Na Figura 5, esto apresentados maiores detalhes do aspecto visual de uma

    amostra de concreto com agregados leves.

    Figura 5 - Detalhe de um concreto com vermiculita e argila expandida em substituio

    parcial e total aos respectivos agregados mido e grado de um concreto convencional

    Fonte: Refrtil refratrios Ltda (2013)

    A classificao mencionada pela Cement and concrete association

    apresentada Mota (2001), contempla tambm a combinao entre os subitens do

    concreto leve, como por exemplo, o apresentado na Figura 6. Trata-se de um

    concreto celular, contendo argila expandida em sua composio.

    O concreto aerado com o agregado leve um tipo de concreto leve formado

    por uma estrutura celular semelhante a do concreto aerado, com a adio de

    agregado leve. A baixa massa especfica conferida tanto pelas clulas da estrutura

    celular, quanto pelos vazios existentes no interior do agregado leve (MOTA, 2001).

    Figura 6 - Detalhe de um concreto celular com presena de argila expandida

    Fonte: LR Engenharia e Consultoria Ltda (2013)

  • 13

    2.3.1 Concreto Celular

    Freitas et al. (2004) em seu artigo apresentado no XXIV Encontro Nacional de

    Engenharia de Produo - ENEGEP, em Florianpolis, SC, explanam que o concreto

    celular um produto que, apesar de suas excelentes vantagens no uso como

    isolante trmico de baixo peso especfico, ainda vem sendo pouco utilizado na

    indstria da construo civil. O concreto celular basicamente formado por bolhas

    de ar ou gs em matriz slida, geralmente cimentcia, como observado na Figura 7.

    Figura 7 - Fotomicrografia de uma seo de concreto com ar incorporado, mostrando vazios em seu

    interior, correspondente as regies escuras da figura apresentada

    Fonte: Allen e Iano (2013)

    Na fabricao do concreto celular espuma-cimento, consumindo

    aproximadamente sete sacos de cimento por metro cbico de concreto celular,

    dosagem esta geralmente recomendada pelos fabricantes dos aditivos

    incorporadores de ar. Esta proporo do cimento Portland onera demasiadamente o

    custo da produo e tambm causa um elevado grau de fissurao, devido s taxas

    de retrao. Contudo, a aplicabilidade deste concreto na construo civil ampla.

    Legastski (1994) exemplifica as aplicaes tais como: isolante acstico, superfcies

    corta-fogo, enchimentos de lajes entre outros.

    Ferreira (1986) complementa dividindo as aplicaes do CC em: in-loco

    como apresentado nas Figuras 8, 9, 10 e 11, e produtos pr-fabricados

    industrialmente como blocos e painis divisrios como apresentados nas Figuras 12

    e 13. Como exemplo de aplicao do primeiro caso, alm dos j citados, salienta-se

    tambm da propriedade de absoro de energia ao choque e isolante trmico no uso

    como revestimento externo em tanques armazenadores de combustveis, gs

    natural liquefeito, produtos qumicos, frigorficos e fornos com altas temperaturas.

  • 14

    Figura 8 - Detalhe de um gerador de espuma

    Fonte: Concretos Celulares Brasil (2013)

    Figura 9 - Preparo de CC em betoneira, com

    detalhe da adio da espuma

    Fonte: acervo do autor (2013)

    Figura 10 - Casas monolticas executadas

    com CC, que lanado e curado in loco

    Fonte: Ecopore do Brasil (2013)

    Figura 11 - Detalhe de um bloco de CC

    produzido artesanalmente em pequena

    indstria de artefatos de concreto

    Fonte: acervo do autor (2013)

    Figura 12 - Detalhe de blocos de CCA

    produzidos industrialmente com espessuras

    de 7,5cm 20cm

    Fonte: PRECON Industrial S.A. (2013)

    Figura 13 - Detalhe de blocos e painis de CCA

    produzidos industrialmente

    Fonte: PRECON Industrial S.A. (2013)

  • 15

    2.3.2 Concreto Celular Autoclavado - CCA

    O concreto aerado um material originrio dos pases escandinavos (Sucia

    e Dinamarca), tendo sido desenvolvido primeiramente na Sucia, em 1924. A

    principal caracterstica deste material est relacionada ao isolamento trmico, por

    isso utilizado na fabricao de blocos usados no levantamento de paredes,

    principalmente em locais de clima to hostil como dos pases escandinavos.

    Segundo Isaia (2011), o concreto com agregado leve foi utilizado pelos

    romanos, h 2.000 anos, para a construo do domo do Pantheon, e aplicado at

    hoje nas construes. Supe-se que, alm da baixa massa especfica, os romanos

    acreditavam na durabilidade deste material.

    A partir de 1890, novas pesquisas visando o aprimoramento de mtodos para

    a introduo de bolhas junto massa do concreto, se fez presente, aerando-o

    mecanicamente, contudo com resultados aqum do esperado. Com o avano

    tecnolgico, respaldado pela indstria qumica, houve a substituio do mtodo

    mecnico pelo qumico, a partir de reaes capazes de liberar gases junto mistura.

    Faltava ainda maior resistncia ao produto e o alinhamento dos

    conhecimentos da qumica e da fsica, contribuiu para estudos relacionados cura

    desse concreto, em meio de elevada temperatura e presso, contribuindo em muito

    na consolidao da formao dos cristais oriundos da reao do cimento com a

    gua.

    Material promissor, com caractersticas diversas ainda no totalmente

    exploradas no meio da construo, que tem algumas propriedades semelhantes

    madeira, tais como, bom isolamento trmico, estrutura slida, massa especfica e

    facilidade de manuseio, ao serrar e lavrar. Possui ainda, desde que revestidos e

    pintados, vantagens em relao madeira quanto deteriorao biolgica em sua

    superfcie (ISAIA, 2011).

    No Brasil, o bloco de concreto celular autoclavado (BCCA) utilizado na

    execuo de paredes de alvenaria, os chamados SVVIE (sistema de vedao

    vertical interna e externa), contudo o maior problema que o emprego deste material

    acarreta, cuja tecnologia de produo foi importada, a adaptao da nossa mo de

    obra cultura construtiva exigida, em seus cuidados e especificidades.

  • 16

    2.3.3 Definies de CCA

    Na NBR 13438 (ABNT, 2013) define-se:

    um concreto leve, obtido atravs de um processo industrial, constitudo por

    materiais calcrios (cimento, cal ou ambos) e materiais ricos em slica,

    granulados finamente. Esta mistura expandida atravs da utilizao de

    produtos formadores de gases, gua e aditivos, se for o caso, sendo

    submetidos presso e temperatura atravs de vapor saturado. O concreto

    celular autoclavado contm clulas fechadas, aeradas e uniformemente

    distribudas.

    Na DIN 4223:2003 define-se que:

    O concreto aerado autoclavado (dampfgehrtetem porenbeton) como um

    concreto de poros finos, elaborado de cimento e/ou cal e substncias

    finamente modas ou de granulometria fina, com a utilizao de produtos

    formadores de gases, gua e aditivos, se for o caso, endurecidos sob presso

    e vapor.

    Segundo Lucas (1986), designam-se por concretos celulares autoclavados, os

    concretos leves que apresentam uma estrutura alveolar uniforme, cujo dimetro dos

    alvolos, ou clulas da ordem do milmetro e o volume por eles ocupado dever

    ser superior a 50% do volume total do concreto.

    2.3.4 Bloco de Concreto Celular Autoclavado (BCCA)

    Intrinsecamente entende-se que o bloco de concreto celular autoclavado o

    produto oriundo da fabricao do concreto celular autoclavado, que durante seu

    processo de fabricao, passa por cortes transversais, longitudinais e sagitais antes

    de entrarem na autoclave, aps o processo de cura na autoclave, com incidncias

    de calor, umidade e presso, os blocos j possuem as caractersticas fsicas

    desejveis quanto ao incremento em sua resistncia compresso, como mostrado

    no Quadro 2, e so chamados de BCCA.

  • 17

    2.3.5 Esquema do processo de fabricao do BCCA

    Existem vrias propostas de plantas para a produo de concreto celular

    autoclavado e, por conseguinte, do BCCA como produto final. Dentre as atuantes

    destaca-se a da Shanghai Zaonee Heavy Industry Co cujo esquemtico

    apresentado conforme exposto na Figura 14.

    1- silos gua, agregado mido, 12- autoclaves aglomerantes e aditivos 13- sada do lote da autoclave, curado!

    2- homogenizador 14- paletizao e preparo para o

    3- Lanamento na forma transporte

    4- pr-cura 15- expedio e carregamento

    5- tombamento 16- volta do palete industrial

    6- desforma 17- volta da forma

    7- cortes verticais na longitudinal 18- volta da forma e do palete

    8- cortes horizontais na longitudinal 19- limpeza das formas e dos paletes

    9- cortes verticais na transversal 20- montagem das formas e paletes

    10- lote totalmente cortado 21- fbrica de formas e paletes

    11- carregamento do lote na autoclave

    Figura 14 - Esquema de uma indstria de BCCA

    Fonte: Shanghai Zaonee Heavy Industry Co., Ltd. (2013)

  • 18

    2.3.6 Principais propriedades fsicas do BCCA

    A Massa Especfica

    A massa especfica a principal caracterstica dos blocos de concreto celular

    autoclavado, pois influencia a maior parte de suas propriedades, principalmente a

    resistncia compresso e a condutibilidade trmica. A resistncia tende a abaixar

    com a diminuio da massa especfica, enquanto que a condutibilidade trmica

    tende a aumentar com a mesma.

    O processo de produo dos blocos de concreto celular autoclavado

    influencia diretamente sua massa especfica final, pois, conforme o tipo e a dosagem

    dos constituintes, pode-se obter diversas massa especficas, variando entre 400

    kg/m3 e 650 kg/m3 (MOTA, 2001).

    B - Porosidade e absoro de gua

    A absoro de gua influencia vrias propriedades dos materiais porosos, tais

    como:

    condutividade trmica e retrao na secagem. Como os blocos de

    concreto celular autoclavado apresentam alta porosidade em sua

    superfcie, a caracterstica de absoro de gua se torna importante

    frente s demais propriedades, pois o teor de umidade que poder

    influenci-las determinado em grande parte pela absoro de gua do

    material.

    absoro de gua. Esta pode influenciar o desempenho das funes da

    alvenaria, pela falta de aderncia na interface do bloco com a argamassa.

    Quando a taxa inicial de suco de gua dos blocos, ou seja, a

    intensidade com que o bloco poder retirar gua da argamassa alta,

    poder ocorrer absoro da gua da mesma ainda em estgio de cura ou

    at a perda precoce da trabalhabilidade durante o assentamento. A

    absoro inicial dos blocos, interfere na plasticidade da argamassa no

    momento do assentamento dos mesmos, e a absoro de gua pelos

    blocos, com o tempo, interfere nas caractersticas da argamassa, durante

    seu perodo de cura (MOTA, 2001).

  • 19

    C - Condutividade trmica

    A condutividade trmica uma propriedade que representa o fluxo de calor

    atravs do material. Os materiais de construo, em sua grande maioria, possuem

    no seu interior matria no estado slido, lquido (gua) e gasoso (ar ou gases

    especiais). Por isso, a transferncia de calor interna envolve trs processos distintos:

    a conduo atravs do slido, da gua e do ar, a conveco atravs dos

    movimentos dos gases e a radiao entre as superfcies slidas (MOTA, 2001).

    Os blocos de concreto celular autoclavado apresentam baixa condutividade

    trmica, devido principalmente sua baixa massa especfica determinada pelos

    poros da estrutura interna. A existncia de gua nesses poros preenchidos com ar

    tende a aumentar a condutividade trmica do material, pelo fato da gua conduzir

    maior quantidade de calor que o ar (MOTA, 2001).

    D - Resistncia mecnica

    Segundo Legatski apud Mota (2001), alm da influncia direta com a massa

    especfica, a resistncia compresso dos blocos de concreto celular autoclavado

    influenciada pela umidade dos corpos de prova e condies de cura da mistura no

    processo de produo dos blocos. A resistncia compresso tende a aumentar

    com o aumento da massa especfica, enquanto que o incremento do teor de

    umidade dos blocos provoca a reduo da resistncia.

    Alm da massa especfica, o teor de umidade apresentado pelo bloco de

    concreto celular autoclavado influencia tambm sua resistncia compresso, pois

    segundo Houst et al. apud Mota (2001), no apenas esta propriedade, mas todas as

    propriedades mecnicas dos materiais porosos so influenciadas pelo teor de

    umidade.

    A resistncia compresso dos blocos de concreto celular autoclavado

    tambm influenciada pelo seu processo de fabricao, pelo mtodo de cura

    empregado. Vale lembrar, que a cura responsvel pela formao do material

    cimentante, tambm chamado de silicato monoclcico hidratado que, por sua vez,

    determina o desenvolvimento de resistncia do produto.

    Observa-se no Quadro 3 que, com a cura em autoclave, obtm-se valores de

    resistncia compresso superiores cura ao ar, para a mesma massa especfica

    do produto.

  • 20

    Quadro 3 Influncia do tipo de cura na resistncia compresso do bloco de CCA

    Massa especfica no

    estado seco (kg/m3)

    Resistncia compresso (MPa)

    Cura ao ar Cura em autoclave

    400 - 1,5

    600 - 4,5

    800 2,0 -

    1000 3,5 15

    1200 5,0 -

    1400 7,0 -

    Fonte: Adaptado de Tesuka (1989)

    E - Resumo das principais propriedades fsicas do BCCA

    Com intuto orientativo, composto de um grande nmero de informaes, a

    SICAL Ltda. (2013) elaborou um quadro com as principais caractersticas do bloco

    de concreto celular, como apresentado no Quadro 4.

    Quadro 4 - Principais propriedades fsicas do BCCA

    Fonte: Fonte: PRECON Industrial S.A. (2013)

  • 21

    2.3.7 Consumo no Brasil do BCCA As suas caractersticas fsicas e qualidades apresentadas, fazem do BCCA

    uma alternativa como elemento construtivo, que vem sendo utilizado em larga escala

    pela construo civil. apresentada na Figura 15, a distribuio do consumo desse

    produto entre os 11 estados brasileiros que o utilizam.

    Figura 15 Distribuio percentual do consumo de BCCA no Brasil

    Fonte: http://www.piniweb.com/datapini/bancomaterias/images/67_alternativas.pdf

    2.3.8 O BCCA como elemento de vedao e enchimento

    Legastski (1994) destaca qualidades do bloco de concreto celular nos

    exemplos de utilizao, tais como:

    A - elemento de vedao:

    uniformidade dimensional;

    planicidade;

    massa especfica;

    facilidade de cortes e entalhos, e;

    resistncia.

  • 22

    Quanto s dimenses, em exemplo da Figura 16, o bloco ofertado com

    espessuras (e) de 7,5 cm, 10 cm, 12,5 cm, 15 cm, 17,5 cm e 20 cm, sendo o

    comprimento (L) e a altura (h) padres de 60 cm e 30 cm ou de 30 cm e 25 cm,

    respectivamente. Contudo, em casos especiais, sob encomenda e volume adquirido,

    as dimenses podero ter valores diversificados.

    Figura 16 - Croquis de um bloco de concreto celular

    Fonte: autoria prpria (2013)

    Os blocos de concreto celular autoclavado so fabricados conforme as

    normas brasileiras NBR 13438 (ABNT, 2013), 13440 (ABNT, 2013). Podendo ser

    produzidos nas classes, resistncia compresso e massa especfica, conforme

    Quadro 5 informativo.

    Quadro 5 - Resistncias compresso dos BCCA e suas respectivas massa especficas

    Classes Resistncia compresso Mdia (MPa)

    Resistncia compresso Mnima (MPa)

    Massa especfica

    (kg/m3)

    C 12 1,2 1,0 450

    C 15 1,5 1,2 500

    C 25 2,5 2,0 550

    C 45 4,5 3,6 650

    Fonte: Mota (2001)

    Nota:

    No Brasil s produzido o BCCA Classe 25 (C 25), at a presente data, contudo salienta Mota (2001) que as massa especficas dessa classe no Brasil, variam de 500 a 650 kg/m3 conforme o fabricante.

    .

  • 23

    B - elemento de enchimento, igual destaque se d respectivamente pelas seguintes

    qualidades:

    massa especfica;

    incombustibilidade, e;

    facilidade de cortes e entalhos.

    Assim sendo, reporta-se ao item 2.3.6 letra E desta dissertao, onde o

    quadro de caractersticas fsicas informa as principais propriedades do BCCA, com

    destaque para massa especfica, ponto de fuso, condutividade trmica, resistncia

    ao fogo e ao ndice de isolamento sonoro ou de atenuao sonora.

    Contudo, cabe ainda salientar algumas informaes, quanto estabilidade

    dimensional e facilidade de corte (SICAL Ltda, 2013):

    uniformidade dimensional e planicidade: por tratar-se de produto

    industrializado, cimentcio, de cura hidrulica em autoclave, com

    baixos coeficientes de dilatao trmica e de retrao por

    secagem, bem como no ter a necessidade de queima para se

    enrijecer, sua estabilidade dimensional e planicidade o tornam

    superior aos elementos de vedao usados tradicionalmente.

    facilidade de cortes e entalhos; a adequao dimensional, por

    vezes comum, no levantamento das paredes se faz necessria,

    no entanto por tratar-se de um elemento de vedao altamente

    aerado (BCCA) a execuo dos cortes feita com serrote e a

    lavradura por meio de rasgadores especficos e com vrios

    dimetros.

    Desta forma, est apresentado na Figura 17 como proceder na execuo de

    cortes e lavraduras, usando duas ferramentas essenciais e desenvolvidas para uso

    exclusivo junto ao BCCA.

    Figura 17 A - Detalhe do uso do rasgador executando entalho para embutimento de

    tubulao. B Detalhe do uso do serrote.

    Fonte: acervo do autor (2013)

  • 24

    2.4 DESEMPENHO DE EDIFICAES HABITACIONAIS

    2.4.1 Definio

    Comportamento em uso de uma edificao e de seus sistemas Fonte: CBIC (2013)

    2.4.2 Histrico do conceito de desempenho na construo

    Borges (2008) descreveu a evoluo do conceito de desempenho na

    construo civil no Brasil, apresentando-a com riqueza de detalhes vivenciados por

    ele, visto que o mesmo fez parte da equipe que escreveu este momento na histria

    da construo civil do pas, como explanado na sequncia:

    No Brasil, uma das primeiras apresentaes do conceito de desempenho

    ocorreu pelo trabalho acadmico do Prof. Teodoro Rosso, na dcada de 70, na

    Faculdade de Arquitetura da Universidade de So Paulo (USP) (ROSSO, 1980).

    Nesta dcada, poca de grande crescimento da economia brasileira e de

    grandes investimentos na Construo Civil, houve um estmulo racionalizao e

    industrializao da construo, que se traduziu no surgimento de novos sistemas

    construtivos com alternativas aos produtos e processos tradicionais at ento

    utilizados.

    Os agentes envolvidos no setor perceberam que, ao mesmo tempo em que

    surgiam propostas de solues inovadoras, tornava-se fundamental a criao de

    instrumentos para avali-las tecnicamente, com base em critrios que permitissem

    prever o comportamento das edificaes durante a sua vida til esperada.

    A escassez de referncias e a conseqente dificuldade de avaliao desses

    sistemas inovadores restringiram sua utilizao na escala prevista e da forma

    tecnicamente correta. Na prtica, houve a implementao de tecnologias ainda no

    suficientemente consolidadas ou desenvolvidas para as necessidades especficas

    do Brasil, e com resultados, na maioria dos casos, desastrosos, gerando prejuzos a

    todos os agentes intervenientes no processo da construo. Patologias precoces e

    altos custos de manuteno e reposio foram transferidos ao prprio estado e aos

    usurios de imveis, que acabaram arcando com os prejuzos.

  • 25

    O setor da Construo Civil foi altamente prejudicado, pois a sucesso de

    experincias fracassadas na utilizao de solues inovadoras criou um crculo

    vicioso, que o tornou menos receptivo s inovaes tecnolgicas e ainda mais

    desatualizado tecnologicamente, se comparado a outros setores produtivos da

    economia brasileira.

    Na dcada de 80, o tema Desempenho de edificaes se evidenciou no

    Brasil, especialmente pelo trabalho do Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do

    Estado de So Paulo (IPT), bem como pelos trabalhos cientficos de grande

    expresso.

    O Banco Nacional da Habitao (BNH), que na dcada de 70 foi o maior

    rgo financiador de habitaes populares do Brasil, na tentativa de resolver o

    problema de falta de normas tcnicas no pas, especialmente no tocante a avaliao

    de solues inovadoras, contratou, em 1981, no final de sua existncia, o IPT,

    investindo assim em pesquisas para a elaborao de critrios voltados avaliao

    de sistemas construtivos inovadores. Esse foi um dos primeiros trabalhos produzidos

    no Brasil baseado no conceito de desempenho.

    Na ocasio, toda a normalizao brasileira era prescritiva, e quase toda ainda

    , ou seja, voltada especificao de solues construtivas e sem a descrio de

    limites mnimos de qualidade que pudessem servir de referncia para a avaliao de

    desempenho de novos produtos ou sistemas. Ao longo da dcada de 80, muito em

    funo do trabalho realizado pelo IPT em 1981, foram elaboradas vrias normas que

    levaram em conta o aspecto desempenho, mas no de maneira uniforme ou

    sistmica.

    O BNH foi extinto em 1986, e sua sucessora foi a Caixa Econmica Federal

    (CEF). Este fato acarretou uma descontinuidade na busca por instrumentos que

    pudessem servir de base para a avaliao de sistemas construtivos e inovadores.

    Em 1997, a CEF contratou o IPT para revisar os trabalhos de 1981, e

    concomitantemente outros estudos avanaram por meio do Instituto Brasileiro de

    Tecnologia em Qualidade da Construo (IBTQC). Neste cenrio, considerando a

    existncia de vrias referncias desenvolvidas de forma independente, a CEF e o

    meio tcnico identificaram a necessidade de harmoniz-las, transformando-as em

    normas tcnicas que facilitariam ainda mais o processo de avaliao. Para

    elaborao dessas Normas, a CEF, com o apoio da Financiadora de Estudos e

    Projetos (FINEP), forneceu respaldo econmico ao projeto de pesquisa Normas

  • 26

    Tcnicas para Avaliao de Sistemas Construtivos Inovadores para Habitaes, no

    ano de 2000. Tal projeto foi concebido com o objetivo de desenvolver um conjunto

    de normas tcnicas brasileiras normas da Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas (ABNT), para avaliao de edifcios habitacionais, utilizando como princpio

    fundamental o conceito de desempenho.

    A metodologia definida para a elaborao do projeto consistiu numa reviso

    bibliogrfica nacional e internacional sobre o tema, que serviu de base para a

    estruturao das Normas, levando-se em conta as seguintes questes:

    a existncia de distintas classes de edifcios, e diferente necessidades

    dos usurios, como por exemplo, os edifcios residenciais, escolares,

    industriais, entre outros;

    as exigncias dos usurios a serem consideradas nas Normas;

    a possibilidade de se avaliar a edificao como um todo integrado, e

    avaliar isoladamente os sistemas que a compem, tais como, sistemas de

    estruturais, hidrossanitrios, entre outros, e;

    a compatibilidade com o arcabouo normativo existente no Brasil.

    A partir dessas premissas foi criada uma Comisso de Estudos e grupos de

    trabalho, com o objetivo de coordenar a discusso sobre o assunto no meio tcnico,

    buscando consenso para a transformao do produto final em Norma Brasileira, no

    mbito da ABNT. O coordenador eleito para Comisso de Estudos em 2000 foi o

    Eng. rcio Thomaz, do IPT, e a partir da contratao de dois consultores de

    renomada experincia no conhecimento de cada sis