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Direito Eleitoral – Módulo fundamental p/ TSE – Técnico Judiciário – Área Administrativa. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 66 AULA 00: Princípios constitucionais relativos aos direitos políticos SUMÁRIO PÁGINA 1. APRESENTAÇÃO 1 2. CRONOGRAMA 5 3. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL 6 4. DIREITOS POLÍTICOS: SUFRÁGIO, VOTO E ESCRUTÍNIO 14 5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AOS DIREITOS POLÍTICOS 19 5.1. NACIONALIDADE 19 5.2. ELEGIBILIDADE 30 5.3. PARTIDOS POLÍTICOS 43 6. RESUMO DA AULA 54 7. QUESTÕES COMENTADAS 60 8. REFERÊNCIAS 66 1. Apresentação Bem vindos ao curso de Direito Eleitoral, preparatório para o concurso de Técnico Judiciário do Tribunal Superior Eleitoral, 2ª turma. A primeira turma foi dada juntamente com a matéria voltada para o TRE-PE. Agora vamos falar somente das matérias previstas no edital do TSE, publicado no dia 14.11.2011, com a aplicação da prova prevista para o dia 12.02.2012.

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AULA 00: Princípios constitucionais relativos aos

direitos políticos

SUMÁRIO PÁGINA

1. APRESENTAÇÃO 1

2. CRONOGRAMA 5

3. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL 6

4. DIREITOS POLÍTICOS: SUFRÁGIO, VOTO E ESCRUTÍNIO 14

5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AOS DIREITOS POLÍTICOS 19

5.1. NACIONALIDADE 19 5.2. ELEGIBILIDADE 30 5.3. PARTIDOS POLÍTICOS 43

6. RESUMO DA AULA 54

7. QUESTÕES COMENTADAS 60

8. REFERÊNCIAS 66

1. Apresentação

Bem vindos ao curso de Direito Eleitoral, preparatório para o

concurso de Técnico Judiciário do Tribunal Superior Eleitoral, 2ª turma.

A primeira turma foi dada juntamente com a matéria voltada para o

TRE-PE. Agora vamos falar somente das matérias previstas no edital do

TSE, publicado no dia 14.11.2011, com a aplicação da prova prevista para

o dia 12.02.2012.

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A comissão organizadora do concurso foi montada no TSE ainda no

ano passado. Foi realizada licitação na modalidade pregão e a empresa

CONSULPLAN foi quem apresentou a melhor proposta, vencendo o

certame.

A prova, então, será elaborada e aplicada pela CONSULPLAN.

A CONSULPLAN é uma empresa privada, com sede em Minas Gerais,

que tem larga experiência em aplicação de concursos de âmbito

municipal. Em se tratando de tribunais, a empresa realizou poucos

concursos. No ramo do direito eleitoral, destaco as provas do TRE-RS e do

TRE-SC.

Vamos analisar nesse curso de direito eleitoral para técnico do TSE o

máximo de questões possíveis dos concursos já elaborados pela

CONSULPLAN, sem esquecer, por óbvio, as questões relativas aos tópicos

mais relevantes cobrados por outras bancas quando as da CONSULPLAN

não forem suficientes.

Segundo o edital, para o cargo de técnico a remuneração é de R$

4.052,96. Entretanto, você não pode esquecer que tramita hoje no

Congresso Nacional dois projetos de lei que buscam elevar o vencimento

inicial de Técnico para R$ 6.800,00, chegando a R$ 10.000,00 no final da

carreira. Isso mesmo! É muito provável que quando você for convocado

para tomar posse o seu salário já seja de mais de 6 mil reais!!!

Estima-se que sejam inscritos cerca de 35 mil candidatos nesse

concurso.

Para o cargo de Técnico, a prova será dividida em conhecimentos

gerais e conhecimentos específicos.

O candidato deve ter sempre em mente que as questões têm peso

diferente. Acertar três questões de conhecimentos gerais equivale a um

acerto nos conhecimentos específicos, pois o primeiro grupo tem peso

1 e o segundo grupo, peso 3.

Conhecimentos

específicos: PESO 3!

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Isso não quer dizer que você não vai estudar as matérias do

conhecimento geral, até porque, você deve acertar pelo menos 50%

das questões em cada um dos grupos para não ser eliminado. Também

será eliminado aquele que tiver média inferior a 6, considerando todas as

provas.

Outra importante dica do edital do TSE é que as questões

objetivas da prova serão de múltipla escolha. Assim, abandone, por

ora, o estudo das questões tipo certo ou errado e devore as questões de

múltipla escolha.

Com isso, caro amigo concursando, você já tem uma ideia do que vai

encontrar pela frente: questões de múltipla escolha, peso maior no

conhecimento específico, 35 mil inscritos e cerca de 200 aprovados.

Você partirá de um universo de 35 mil pessoas para buscar o que já

está guardado pra você: a sua aprovação!

Para chegar lá, você vai contar com a minha ajuda, todos os dias na

semana, dia e noite, se preciso for.

Hoje eu estou aqui desse lado, tentando passar o caminho das

pedras pra você, mas lembre-se de que eu já estive aí, onde você está

agora.

Pra você me conhecer melhor, vou falar um pouco de mim.

Meu nome é Daniel Mesquita, sou formado em Direito pela

Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduado em direito público. A

minha vida no mundo dos concursos teve início em 2005, quando me

preparei para o concurso de técnico administrativo – área judiciária – do

Superior Tribunal de Justiça. Já nesse concurso, obtive êxito e trabalhei

por dois anos no Tribunal, na assessoria de Ministro da 1ª Turma.

Em seguida, passei para o concurso de analista do Tribunal Superior

Eleitoral (CESPE/UnB), na quarta colocação. Nessa Corte, fui lotado na

Corregedoria Geral e, em seguida, na assessoria de um dos Ministros que

compõem o TSE.

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Uma das muitas vantagens de se trabalhar em um tribunal como o

TSE é que você consegue organizar seu tempo para continuar estudando

cerca de 6 horas por dia.

A partir daí, meu estudo foi focado para as provas de advogado

público (AGU, procuradorias estaduais, defensorias públicas etc.), pois

sempre tive como objetivo a carreira de Procurador de Estado ou do

Distrito Federal.

Nem tudo na vida são louros. Nessa fase obtive muitas derrotas e

reprovações nos concursos. Desanimei por algumas vezes, mas continuei

firme em meu objetivo, pois só não passa em concurso quem pára de

estudar!

E essa atitude rendeu frutos, logo fui aprovado no concurso de

Procurador Federal – AGU.

Continuei estudando, pois ainda faltava mais um degrau:

Procuradoria de Estado ou do Distrito Federal.

Foi então que todo o suor, dedicação, disciplina, renúncia e privações

deram o resultado esperado, logrei aprovação no concurso de Procurador

do Distrito Federal. Tomei posse em 2009 e exerço essa função até hoje.

Atualmente sou Presidente da Associação dos Procuradores do DF.

Não posso deixar de mencionar também a minha experiência como

membro de bancas de concursos públicos. A participação na elaboração

de diversas provas de concursos, inclusive para tribunais, me fez perceber

o nível de cobrança do conteúdo nas provas, as matérias mais recorrentes

e os erros mais comuns dos candidatos.

Espero que a minha experiência possa ajudá-lo no estudo do direito

eleitoral, voltado para a aprovação no concurso de Técnico do TSE.

Vamos tomar cuidado com os erros mais comuns, aprofundar nos

conteúdos mais recorrentes e dar a matéria na medida certa, assim como

um bom médico prescreve um medicamento.

Para que esse medicamento seja suficiente, ele deve atacar todos os

sintomas e, ao mesmo tempo, deve ser eficiente contra o foco da doença.

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Isso quer dizer que não podemos deixar nenhum ponto do edital para

trás, mas devemos focar nas matérias mais recorrentes nos concursos

para tribunais eleitorais.

É por isso que você está aqui agora!

Num concurso com tantos inscritos, você não pode perder tempo e

deve lutar com as armas certas. A principal arma para você vencer essa

batalha é o planejamento.

2. Cronograma

Nessa segunda turma de técnico para o TSE termos foco exclusivo

nesse concurso.

Vamos ao cronograma:

Aula 00 (Aula Demonstrativa): Introdução ao direito eleitoral.

Princípios constitucionais relativos aos direitos políticos (nacionalidade,

elegibilidade e partidos políticos) de que trata o Capítulo IV do Título I da

Constituição em seus arts. 14 a 18. Abordagem dos primeiros dispositivos

do Código Eleitoral.

Aula 01 – 17.11: Órgãos da Justiça Eleitoral. TSE, Tribunais

Regionais Eleitorais, juízes eleitorais, juntas eleitorais: composição,

competências e atribuições. Abordagem do conteúdo sob o enfoque da

Constituição e do Código Eleitoral.

Aula 02 – 24.11: Resolução TSE n.º 21.538/03 e principais

aspectos do alistamento, título eleitoral, cadastro, cancelamento e

exclusão, transferência, regularização de situação de eleitor e revisão do

eleitorado no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65).

Aula 03 – 05.01: Principais dispositivos do Código Eleitoral relativos

às eleições – Parte Quarta (Lei nº 4.737, de 1965, e respectivas

atualizações, inclusive Lei n.º 9.504, de 1997).

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Aula 04 – 12.01: Principais dispositivos do Código Eleitoral relativos

aos recursos (disposições preliminares) e às disposições penais (Lei nº

4.737, de 1965, e respectivas atualizações, inclusive Lei n.º 9.504, de

1997).

Importante deixar claro que em todas as aulas haverá, no

mínimo, 10 questões comentadas de concursos anteriores, dentre

eles, destacamos: TRE-RS, TRE-SC, TRE-BA, TRE-MA, TRE-MT, TRE-GO,

TRE-MG, TRE-ES e TSE.

Além disso, buscarei usar muitos recursos visuais para que a

apreensão do conteúdo venha mais facilmente.

Para reforçar a aprendizagem, resumirei o conteúdo apresentado ao

final de cada aula e apresentarei as questões mencionadas ao longo da

aula em tópico separado, para que você possa resolvê-las na véspera da

prova.

Todos esses instrumentos você terá a sua disposição para encarar a

batalha. Vamos a luta!

3. Introdução ao direito eleitoral

O estudo do direito eleitoral se torna interessante quando olhamos

para esse ramo do direito como o principal instrumento para colocar a

democracia em prática.

Se o Brasil se propõe a ser uma República de regime democrático, o

seu direito eleitoral deve ser estruturado de forma a propiciar a

participação do povo na tomada das decisões do Estado. Mas não é só,

essa participação deve ser promovida por meio de um sistema que

proporcione captar os verdadeiros anseios da população.

De nada adiantaria um regime dito democrático se o direito eleitoral

propiciasse o voto apenas de uma minoria, ou se as regras autorizassem

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que o detentor do poder econômico manipulasse a manifestação popular,

ou ainda que permitisse fraudes nas urnas.

Pois bem, mas o que seria a democracia?

A origem etimológica da palavra já nos dá uma boa noção:

Demo cracia demos (povo) + kratos (poder).

Democracia não é outra coisa senão o regime político em que o

poder é exercido pelo povo, é o povo quem governa para o próprio povo.

A sociedade é livre para decidir, fazendo com que o Estado seja guiado

pela soberania popular.

A Constituição de 1988, a lei maior do nosso país, é expressa ao

afirmar que a República Federativa do Brasil constitui-se em um Estado

“Democrático” de Direito e que “todo poder emana do povo, que o exerce

por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta

Constituição”.

Isso quer dizer que o Brasil tem:

como forma de governo a república;

como forma de estado o federalismo;

como sistema de governo o presidencialismo; e

como regime político a democracia.

Aqui já apresento a primeira questão de concurso para você ir

“aquecendo as turbinas”.

CONSULPLAN – Assessor Legislativo da Câmara Municipal de Santo Antônio do Gama/MG – 2010

Analise as afirmativas correlatas: I. “No Brasil, o sistema eleitoral se fundamenta nos conceitos de

República (sistema de governo) e Presidencialismo (forma de governo).”

Questão de

concurso

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II. “No Brasil, os poderes estão distribuídos entre o Legislativo, o

Judiciário e o Executivo, sendo que o Executivo é chefiado pelo presidente, que é o mandatário da nação.”

Assinale a alternativa correta:

A) Ambas as afirmativas estão incorretas. B) Apenas a afirmativa I está correta.

C) As duas afirmativas estão parcialmente corretas. D) Apenas a afirmativa II está correta.

E) Ambas as afirmativas estão corretas.

Como se vê, o item I da questão trocou os conceitos ao dizer que a

república refere-se ao sistema de governo e o presidencialismo refere-se

à forma de governo. Na verdade, república é forma de governo e

presidencialismo é sistema de governo. Por isso, o gabarito da questão é

o item D. Esses conceitos serão, certamente, melhor detalhados no curso

de direito constitucional.

Entremos agora na análise de nossa Constituição, a regra máxima de

nossa República.

Destaco, inicialmente, o seu art. 1º. Por ser de vital importância para

o estudo de todo o direito eleitoral, deve o concursando ter sempre em

mente esse dispositivo constitucional. Leia-o com atenção:

No Código Eleitoral, a redação correspondente a esse parágrafo único

é a seguinte:

Veremos abaixo que há no Brasil a hipótese de eleição indireta (o

povo não vota no candidato a Presidente, por exemplo, mas sim os

deputados e senadores, no Congresso Nacional, que elegem o Presidente

na hipótese que trataremos adiante).

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem

como fundamentos:

II - a cidadania;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º Todo poder emana do povo e será exercido, em seu nome, por mandatários

escolhidos, direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos políticos

nacionais, ressalvada a eleição indireta nos casos previstos na Constituição e leis

específicas.

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Da leitura do parágrafo único do art. 1º da Constituição, você

percebe que a cidadania e o pluralismo político são princípios

fundamentais da República do Brasil. Ambos os conceitos estão

diretamente ligados ao exercício da democracia e ao direito eleitoral.

Na definição de José Afonso da Silva, cidadania é a denominação

que se dá aos que participam da vida política do Estado, ativa (votando)

ou passivamente (sendo votado). Esses direitos, como veremos abaixo,

são adquiridos mediante o alistamento eleitoral.

O pluralismo político, por sua vez, consiste na existência de

diversos grupos em que cada um é detentor de uma parcela de poder, de

modo que não há grupo inteiramente soberano e não há grupo que será

anulado.

E qual seria a distinção entre pluralismo político e pluralidade

partidária?

Pluralidade partidária ou pluripartidarismo, como veremos abaixo, é a

possibilidade de constituição de diversos partidos políticos. A noção de

pluralismo político é mais ampla do que a de pluralidade partidária,

pois há numa sociedade diversas fontes de poder que não se limitam ao

âmbito políticopartidário. Entretanto, o pluripartidarismo e o respeito às

minorias, ambos consagrados na Constituição, decorrem do pluralismo

político.

O último e o mais importante aspecto do art. 1º da Constituição que

o aluno deve levar pra prova é a caracterização do Brasil como um

regime democrático semidireto. Mas o que seria uma democracia

semidireta (ou plebiscitária)?

A democracia pode ser classificada em direta, indireta e semidireta,

vejamos as distinções:

Democracia

Direta Indireta Semidireta ou

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Plebiscitária

Os cidadãos participam

diretamente das

decisões do Estado.

Não há outorga de

mandato.

Os cidadãos elegem

representantes para

manifestarem os

interesses do povo nas

decisões políticas.

Outorga de um

mandato.

A vontade do povo

(soberania popular) se

exterioriza, ora por

meio de

representantes, ora

diretamente.

Brasil democracia semidireta ou plebiscitária

Num primeiro momento, é fácil visualizar que, normalmente,

exercemos a democracia indireta, pois sempre votamos em

representantes que ocuparão os cargos políticos e manifestarão suas

decisões atendendo, supostamente, aos anseios de seu eleitorado. Assim,

o exercício da democracia indireta se manifesta pelo voto em uma

eleição.

Mas e a democracia direta, quando a exercemos?

A Constituição prevê 3 hipóteses em que o cidadão brasileiro exerce

a democracia direta: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.

Vamos aos conceitos.

Plebiscito: formulação de consulta prévia ao cidadão para decidir

sobre determinado assunto de forma objetiva: sim ou não (art. 2º, § 1º,

da Lei nº 9.709/98). Exemplos de plebiscitos ocorridos na história mais

recente do Brasil são: deliberação prévia sobre adoção do regime de

governo (monarquia, parlamentarismo ou república) e do sistema de

governo (parlamentarismo ou presidencialismo) e deliberação prévia

sobre a criação de novos municípios (determinação do art. 18, § 4º, da

Constituição).

Referendo: formulação de consulta com posterioridade a ato

legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação

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ou rejeição (art. 2º, § 2º, da Lei nº 9.709/98). Exemplo de referendo

ocorrido na história recente do Brasil foi o da aprovação da proibição do

comércio de armas de fogo inserida no Estatuto do Desarmamento (art.

35 da Lei nº 10.826/03). Naquela oportunidade, a proibição já havia sido

inserida na lei, mas esta condicionou a eficácia do dispositivo à aprovação

popular.

Iniciativa popular: possibilidade de um grupo de cidadãos

apresentar projetos de lei diretamente ao Poder Legislativo. Em regra,

a iniciativa de proposição de leis federais é conferida aos deputados e

senadores, à comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou

do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal

Federal, aos Tribunais Superiores e ao Procurador-Geral da República

(art. 61, caput, da Constituição).

Aos cidadãos é possível a iniciativa de lei, desde que o projeto de lei

seja subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,

distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos

por cento dos eleitores de cada um deles (art. 61, § 2º, da Constituição).

Com essas assinaturas, o projeto deve ser apresentado à Câmara dos

Deputados.

As três hipóteses estão reguladas pela Lei nº 9.709/98.

Com isso, temos:

Participação indireta do Cidadão

nas decisões Do Estado

Voto nas eleições

Participação direta

do Cidadão nas

decisões Do Estado

Plebiscito: consulta prévia (Ex.: regime e

sistema de governo e criação de novos

municípios)

Referendo: consulta posterior à edição de um

ato ou uma lei (Ex.: estatuto do desarmamento)

Iniciativa popular: projeto de lei à Câmara

subscrito por 1% do eleitorado, distribuído em

ao menos 5 Estados, com não menos de 0,3%

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dos eleitores de cada um deles.

FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AM – 2009.

Constitui meio de exercício da soberania popular, previsto na Constituição Federal, dentre outros,

(A) a lei delegada.

(B) o plebiscito. (C) a resolução.

(D) a medida provisória. (E) a lei ordinária.

Não é preciso muito esforço para concluir que o item correto é o B.

Pois bem, até aqui procurei situar você no contexto constitucional em

que se insere o direito eleitoral. Não há como falar de direito eleitoral sem

antes falar de democracia.

Feito isso, vamos entrar no mundo do direito eleitoral propriamente

dito!

Mas, afinal, o que é direito eleitoral?

Direito eleitoral é o ramo do direito público que trata das eleições em

todas as suas fases, até a diplomação dos eleitos, e dos institutos

relacionados aos direitos políticos (Joel José Cândido). O direito eleitoral

instrumentaliza a participação popular na vida do Estado, ou seja,

disciplina dos meios necessários ao exercício da soberania popular

(Pimenta Bueno).

É um ramo do direito autônomo, pois possui princípio e regras

próprias.

Competência privativa para legislar sobre o direito eleitoral é da

União (art. 22, I, da CF).

Tratando agora das fontes do direito eleitoral (= de onde surgem as

regras eleitorais), tem-se que as fontes primárias são: Constituição,

Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65), Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei

Questão de

concurso

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nº 9.096/95), Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64/90) e Lei

das Eleições (Lei nº 9.504/97).

Além da Constituição, das leis complementares e das leis ordinárias,

o direito eleitoral sofre grande influência das Resoluções do TSE.

Conforme veremos na próxima aula, o TSE não é um tribunal que se

preocupa apenas em julgar processos judiciais. Além dessa função

jurisdicional em matéria eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral tem a

atribuição de administrar as eleições em todo o pais. Desse modo, o

Tribunal tem um caráter ambivalente, funciona como órgão

jurisdicional e órgão de administração.

Em sua função administrativa, o TSE tem o poder de regulamentar a

lei eleitoral (art. 1º, parágrafo único, do Código Eleitoral), de modo que

ela seja aplicada uniformemente em todo o país, seja nas eleições

estaduais, seja nas municipais, para os cargos do Executivo e do

Legislativo.

Esse poder regulamentar é exercido por meio da edição de

Resoluções, que acabam por ser importantes fontes do direito eleitoral.

Por fim, assim como todo ramo do direito é recheado de princípios

informadores, o direito eleitoral não é diferente. Apesar do edital

regulador do certame não ter sido expresso nesse sentido, é sempre bom

observar os princípios que têm origem em disposições constitucionais e

que já foram objeto de cobrança em outras provas.

SUPER IMPORTANTE!!! O princípio que esteve na pauta do dia da

última eleição geral e, por isso, tem enormes chances de cair no seu

concurso, especialmente na questão subjetiva é o princípio da

anualidade. Por isso, olho aberto!

O princípio da anualidade decorre do art. 16 da Constituição:

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua

publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua

vigência.

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Como se vê, para que uma lei que altere o processo eleitoral

(alistamento, votação, apuração e diplomação) se aplique à próxima

eleição, ela deve ser editada há mais de um ano da data da realização da

eleição. Ou seja, a lei é editada, entra em vigor, mas só será aplicada a

próxima eleição se a sua edição ocorreu há mais de um ano da mesma.

IMPORTANTÍSSIMO!!! OLHO ABERTO, MEU AMIGO! Ao analisar a

aplicabilidade imediata da “Lei da Ficha Limpa” (LC nº 135/2010) às

eleições de 2010, o Supremo Tribunal Federal (guardião da Constituição e

Tribunal que dá a última palavra no Brasil) considerou que as novas

hipóteses de inelegibilidade influenciam nas escolhas dos partidos

políticos, provocam surpresas no ano eleitoral e limitam direitos do

cidadão-eleitor, do cidadão-candidato e dos partidos políticos. Desse

modo, concluiu o STF que a lei não poderia ser aplicada às eleições

de 2010 (ano da edição da lei).

Princípio da Anualidade

Situação Conclusão Decisão

A LC nº 135/2010 (“Lei da

Ficha Limpa”) pode ser

aplicada às eleições de

2010?

Não

STF: RE 633703

Muitos outros princípios serão apontados ao longo das aulas, mas o

princípio da anualidade, meu caro aluno, devido a sua enorme

importância e GRANDE POSSIBILIDADE DE CAIR NO SEU CONCURSO,

deve entrar já na sua memória e não sair pelo menos até o dia da prova!

4. Direitos políticos: sufrágio, voto e escrutínio

Antes de ingressarmos no estudo da nacionalidade, da elegibilidade

e dos partidos políticos, vamos tratar de algumas questões relativas aos

direitos políticos que sempre são cobradas em concursos públicos.

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Os direitos políticos são direitos públicos subjetivos que surgem do

poder de participação direta ou indireta do povo na coisa pública, seja

votando, sendo votado ou, tão somente, fiscalizando os atos do gestor

público (Antônio Carlos Mendes).

Os direitos políticos podem ser analisados sob a ótica daquele que

confere o voto (o real titular do poder) e sob a ótica daquele que recebe o

voto (o que receberá o mandato). No primeiro caso, o do eleitor,

tratamos dos direitos políticos ativos (capacidade eleitoral ativa).

No segundo caso, tratamos dos direitos políticos passivos

(capacidade eleitoral passiva).

O direito político ativo por excelência é o sufrágio, manifestado

através do voto.

Por falar nisso, qual seria a diferença entre sufrágio, voto e

escrutínio?

“O sufrágio é o direito público e subjetivo de participar ativamente

dos destinos políticos da nação; o voto nada mais é do que o exercício

concreto do direito de sufrágio e o escrutínio consiste no modo do

exercício do sufrágio” (Roberto Moreira de Almeida)

Assim, temos:

Sufrágio o direito de participar;

Voto exercício concreto do direito;

Escrutínio “como” o direito é exercido.

Pela leitura da Constituição, o Brasil adota o sufrágio universal, o

voto direto e igual e o escrutínio secreto. Vejamos:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

Sufrágio universal quer dizer que a Constituição não admite

restrições dos direitos políticos relacionadas a fortuna ou capacidade

intelectual (Marcos Ramayana). Apesar disso, a própria Constituição

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impõe que os inalistáveis e os absolutamente incapazes não desfrutam do

sufrágio – veremos cada uma dessas situações mais abaixo.

Se opõem ao sufrágio universal e, por isso, não são adotados no

Brasil o:

sufrágio capacitário – possibilita a participação se a pessoa tem

determinado grau de instrução; e

sufrágio censitário – a participação é facultada apenas àqueles

que possuem certa fortuna.

Voto direto se traduz no fato de que a vontade do cidadão é

manifestada diretamente por ele e não por intermediários ou

representantes.

CUIDADO: Apesar do voto ser direto, no Brasil, a própria

Constituição de 1988 prevê uma exceção em que é possível a eleição

indireta: se ocorrer a vacância (retirada, saída dos cargos) do Presidente

e do Vice – bem como do prefeito e do seu vice e do governador e do seu

vice – nos dois últimos anos do governo, a eleição para ambos os cargos

será feita de forma indireta pelos membros do Poder Legislativo (art. 81,

§ 1º, da Constituição), ou seja, serão os deputados e os senadores quem

elegerão o Presidente e o Vice nessa situação e não os cidadãos.

Voto igual quer dizer que o voto tem valor igual para todos os

eleitores. Nenhuma espécie, categoria ou tipo de eleitor tem voto com

peso maior do que o outro. O voto da atual Presidenta da República nas

urnas tem o mesmo valor do que aquele dado pelo mais anônimo dos

cidadãos. Se o Papa fosse brasileiro e viesse votar em uma eleição no

Brasil, o voto dele também seria igual ao da Presidenta e ao do eleitor

anônimo.

Essa característica do voto foi implementada nas democracias

modernas a partir da independência americana, momento histórico em

que se perpetuou a máxima: “One man, one vote” (tradução literal: um

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homem, um voto). Em “democracias” anteriores, era comum o voto

múltiplo, plural ou familiar.

Se opõem ao voto igual e, portanto, não são adotados no Brasil o:

voto múltiplo consiste na possibilidade de um eleitor votar uma

vez em cada circunscrição eleitoral;

voto plural é a possibilidade de um eleitor votar mais de uma

vez numa mesma circunscrição eleitoral;

voto familiar o pai de família é o único com capacidade eleitoral

e, por isso, poderia votar várias vezes, de acordo com o

número de membros de sua família.

Escrutínio secreto quer dizer que, no momento da emissão do

voto, o eleitor se recolhe em cabina isolada e indevasável, e deposita seu

voto em cédula oficial em uma urna que assegura a inviolabilidade do

sufrágio.

CUIDADO!

O alistamento e o voto, no Brasil, são obrigatórios para os maiores

de 18 anos e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta

anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos, considerando a data das

eleições (art. 14, § 1º, da Constituição).

Esses são os principais aspectos dos diretos políticos ativos. Vimos

nesse tópico, até o momento, a regulamentação constitucional do

sufrágio, voto e do escrutínio.

Com relação aos direitos políticos passivos (ou capacidade

eleitoral passiva), por tratarem das regras de elegibilidade, ou seja, das

condições que o cidadão precisa ter para ser votado, estudaremos em

tópico próprio abaixo.

Por fim, outra importante classificação dada pela doutrina aos

direitos políticos é a relativa às normas que regulam a participação do

cidadão no processo político. Falamos da distinção entre os direitos

políticos positivos e negativos.

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Direitos políticos positivos são as normas que asseguram a

participação no processo político como, por exemplo, o alistamento e a

filiação partidária. Direitos políticos negativos são as normas que privam

o cidadão do direito de participação no processo político, como, por

exemplo, a suspensão e a perda dos direitos políticos (classificação de

José Afonso da Silva).

Espere um pouco... no Brasil é possível a suspensão e a perda dos

direitos políticos?

CUIDADO: A Constituição diz que é possível a perda ou

suspensão dos direitos políticos, mas veda a cassação desses

direitos.

E quais seriam as hipóteses de perda ou suspensão?

Elas estão no art. 15 da Constituição, observe:

cancelamento da naturalização por sentença transitada

em julgado (veremos abaixo que o estrangeiro não pode

realizar o alistamento);

incapacidade civil absoluta (os absolutamente incapazes não

podem exercer pessoalmente quaisquer atos da vida civil);

condenação criminal, a partir do momento em que da

sentença condenatória não caiba mais recursos e perdura até

o fim do cumprimento da pena (não é necessário sequer que

o juiz afirme estarem suspensos os direitos políticos, esse é

um efeito automático da sentença criminal condenatória);

escusa de consciência = recusa de cumprir uma obrigação

a todos imposta ou de realizar a prestação alternativa quando

a recusa for fundada em motivo de crença religiosa, convicção

filosófica ou política (art. 5º, VIII, da Constituição);

improbidade administrativa (a Constituição prevê como

sanção pela prática de atos de improbidade a suspensão dos

direitos políticos).

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Caro aluno, até o momento abordamos conceitos básicos do direito

constitucional relacionados ao direito eleitoral. Você deve estar se

perguntando, isso cai em concurso público? A resposta, meu amigo, é que

isso não cai, DESPENCA em concurso público. Você observará nas

questões abaixo que essa introdução ao direito eleitoral e o estudo dos

direitos políticos são cobrados com muita freqüência em concursos

públicos. Pela análise de diversas provas da CONSULPLAN e da FCC,

verifiquei que esses pontos representam cerca de 10% das questões das

provas. Por isso, não ignore esses conceitos e força para encarar os

próximos tópicos, pois, ao final desta aula, cobriremos cerca de 30% das

questões do concurso do TSE e do TRE-PE!

5. Princípios constitucionais relativos aos direitos políticos

5.1. Nacionalidade

Nacionalidade pode ser conceituada como o vínculo político e pessoal

que se estabelece entre o Estado e o indivíduo. É um direito humano

fundamental.

A nacionalidade é pré-requisito para se exercer a cidadania (definida

acima como o atributo político daqueles que participam da vida política do

Estado, ativa ou passivamente). Desse modo, para ser cidadão (sujeito

titular dos direitos políticos), é preciso ser nacional e adquirir a cidadania

por meio do alistamento eleitoral.

Assim, inspirados na doutrina de José Afonso da Silva, apresentamos

a seguinte sequência:

Nacionalidade Cidadania Alistamento Cidadão

Há duas espécies de nacionalidade, a originária ou primária e a

derivada, secundária ou adquirida.

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Mas qual é a diferença entre a nacionalidade originária e a derivada?

E os critérios para a aquisição de cada uma delas?

A nacionalidade originária é obtida em razão do nascimento, a

nacionalidade derivada ocorre após o nascimento, por opção do indivíduo

que passa por um processo de naturalização para obter nova

nacionalidade.

Os critérios para a adoção da nacionalidade originária são: ius soli

e ius sanguinis.

Pelo o ius soli (tradução livre: “direito de solo”) o critério adotado é o

local do nascimento do indivíduo. Se Beltrano nasceu no território do

Estado B, ele é nacional do Estado B. Já pelo ius sanguinis (direito de

sangue), o critério adotado é a origem sanguínea do indivíduo. Se Fulano

é filho de pais nacionais do Estado F, Fulano será nacional do Estado F,

mesmo que tenha nascido em outro país.

Para a adoção da nacionalidade derivada, os critérios variam de país

para país, mas em todos os casos há um procedimento de naturalização,

em que o interessado, voluntariamente, se habilita.

Assim, temos os seguintes critérios para saber se Fulano ou Beltrano

são nacionais dos Estados F ou B:

ius soli: local do nascimento

Nacionalidade originária

ius sanguinis: origem sanguínea

Nacionalidade derivada Procedimento de naturalização

Sabendo disso, vamos adentrar no estudo da nacionalidade adotada

pela Constituição brasileira? Vamos lá!

Essencial, nesse ponto, a leitura do art. 12, inciso I, da Constituição,

que trata da nacionalidade originária ou primária:

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Pela leitura atenta dos dispositivos, podemos tirar, de imediato, as

seguintes e importantíssimas conclusões quanto à nacionalidade

originária:

A nacionalidade brasileira originária pode ser fixada

originariamente pelos critérios do ius soli e do ius sanguinis.

Ius soli: É brasileiro nato aquele que nasceu no Brasil, ainda

que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a

serviço de seu país: Fulano tem nacionalidade brasileira apenas

porque nasceu em território brasileiro;

Ius sanguinis: É brasileiro nato aquele que nasceu no

estrangeiro, mas tem pai ou mãe brasileiro e um dos pais está

a serviço da República Federativa do Brasil: Fulano tem

nacionalidade brasileira porque, embora tenha nascido no

exterior, um de seus pais é brasileiro e estava a serviço da

República brasileira no exterior;

Ius sanguinis: É brasileiro nato aquele que nasceu no

estrangeiro, mas tem pai ou mãe brasileiro e foi registrado

em repartição brasileira competente (consulados ou

embaixadas do Brasil no exterior): Fulano tem nacionalidade

brasileira porque, embora tenha nascido no exterior, um de

seus pais é brasileiro e Fulano foi registrado em consulado ou

embaixada do Brasil no exterior;

Ius sanguinis: É brasileiro nato aquele que nasceu no

estrangeiro, tem pai ou mãe brasileiro, não foi registrado em

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,

desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer

deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam

registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República

Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,

pela nacionalidade brasileira;

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repartição brasileira competente, mas veio a residir no Brasil

e optou, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,

pela nacionalidade brasileira: Fulano tem nacionalidade

brasileira porque, embora tenha nascido no exterior, um de

seus pais é brasileiro e Fulano veio a residir no Brasil, optando

pela nacionalidade brasileira após completar 18 anos.

Com relação à nacionalidade derivada no Brasil, indispensável a

leitura do art. 12, II, da Constituição:

As alíneas a) e b) do dispositivo em foco prevêem duas formas de

aquisição derivada da nacionalidade brasileira por estrangeiros:

Para os originários de países de língua portuguesa, basta a

residência por um ano ininterrupto no Brasil e idoneidade

moral: Beltrano, nascido em Portugal, por exemplo,

conseguirá a nacionalidade derivada brasileira se residir no

Brasil por um ano, sem se mudar do país nesse período, e

possuir idoneidade moral;

Para os orinigários dos outros países, o indivíduo deve residir

no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e não pode

ter condenação penal: Jonh, americano, conseguirá a

nacionalidade brasileira se residir por mais de 15 anos no

Brasil, sem se mudar nesse período, e não pode ter incorrido

em nenhuma condenação penal no Brasil.

Vistas as hipóteses de aquisição da nacionalidade originária e

derivada, apresentamos o seguinte quadro para facilitar o seu estudo:

Art. 12. São brasileiros:

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos

originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto

e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do

Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que

requeiram a nacionalidade brasileira.

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Aquisição da nacionalidade brasileira

Originária ou primária =

brasileiro nato

Derivada, secundária ou

adquirida = brasileiro

naturalizado

Nasceu no Brasil, desde que não

tenha pais estrangeiros a serviço

de seu país (ius soli).

Língua portuguesa + residência por

1 ano + ininterrupta + idoneidade

moral.

Nasceu no estrangeiro + pai ou

mãe brasileiro + um dos pais está

a serviço da República Federativa

do Brasil (Ius sanguinis).

Outros países + residência há mais

de 15 anos + ininterrupta + não

incorreu em condenação penal.

Nasceu no estrangeiro + pai ou

mãe brasileiro + registrado no

consulado ou na embaixada do

Brasil no exterior (Ius sanguinis).

Nasceu no estrangeiro + pai ou

mãe brasileiro + não foi registrado

em consulado ou embaixada +

posterior residência no Brasil +

opção pela nacionalidade + 18 anos

(Ius sanguinis).

Como se vê, aos portugueses são conferidos requisitos menos rígidos

para a obtenção da nacionalidade derivada brasileira.

Outro privilégio que a Constituição concede aos portugueses é o

seguinte: se houver reciprocidade em favor de brasileiros em Portugal,

aos portugueses com residência permanente no Brasil serão atribuídos os

mesmos direitos inerentes ao brasileiro naturalizado. Não há, para os

portugueses residentes, sequer a necessidade de submissão ao

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procedimento de naturalização para gozar desses direitos, a não ser que o

português queira obter a nacionalidade brasileira derivada expressa.

Será que isso cai em concurso? É claro que sim! E mais: já foi objeto

de questão repetida da CONSULPLAN! Aqui você já pegou uma dica que

vale ouro, meu amigo: a CONSULPLAN repete questões de concurso!

CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008. Marque a alternativa INCORRETA:

A) São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço de seu

país. B) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou

mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República

Federativa do Brasil. C) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou

mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e

optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

D) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residente na República Federativa do Brasil há mais de

quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

E) Aos originários de países de língua estrangeira com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,

serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição da República.

CONSULPLAN – Advogado do Município de Santa Maria Madalena – RJ –

2010. NÃO são Brasileiros natos:

A) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.

B) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

C) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição competente.

D) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em

Questões de concurso

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qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade

brasileira. E) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas

aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um

ano ininterrupto e idoneidade moral.

Pelas definições acima apresentadas, fica fácil concluir que ambas as

questões têm por gabarito o item E.

SINAL DE ALERTA: Você deve estar se perguntando, qual a diferença

entre o brasileiro nato e o naturalizado?

Primeiramente, importante observar que somente haverá diferença

entre os brasileiros natos e os naturalizados ou entre os natos e os

portugueses equiparados se houver previsão expressa na Constituição. A

lei ou um decreto não pode impor qualquer diferenciação (art. 12, § 2º,

da Constituição).

Na Constituição existem algumas diferenças estabelecidas.

Essas diferenças são de suma importância para a banca da

CONSULPLAN. Por isso, MUITA ATENÇÃO.

1) Alguns cargos públicos só podem ser ocupados por brasileiros

natos, são eles:

Presidente da República;

Vice-Presidente da República;

Presidente da Câmara dos Deputados;

Presidente do Senado Federal;

Ministro do Supremo Tribunal Federal;

Carreira diplomática;

Oficial das Forças Armadas;

Ministro de Estado da Defesa; e

Cidadãos que integram o Conselho da República

A vedação para que estrangeiros, ainda que naturalizados, ocupem

esses cargos tem uma só razão de ser: a segurança nacional.

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DICA DE MEMORIZAÇÃO: Para que a memorização fique fácil, basta

você pensar que nenhum cargo de função estratégica numa situação de

guerra ou de negociação de interesses nacionais pode ser ocupado por

naturalizado.

Veja que os cinco primeiros cargos são, exatamente, a ordem de

sucessão do chefe máximo do Estado brasileiro (na falta do Presidente,

assume o Vice, na falta de ambos, assume o Presidente da Câmara e

assim sucessivamente até o Presidente do STF – que pode ser qualquer

um dos 11 Ministros desse Tribunal).

Os demais cargos relacionam-se com a negociação (carreira

diplomática) ou com a ação militar direta (Oficial das Forças Armadas,

Ministro da Defesa e cidadãos que compõem o Conselho da República) em

questões de interesse nacional. Mas, CUIDADO: Ministro das Relações

Exteriores não é cargo privativo de brasileiro nato.

Essa é a principal diferença entre brasileiros natos e naturalizados,

porque é a distinção que mais cai em concursos, observe:

CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008. São privativos de brasileiro nato os seguintes cargos, EXCETO:

A) Presidente e Vice-Presidente da República. B) Ministro das Relações Exteriores.

C) Ministro do Supremo Tribunal Federal. D) Oficial das Forças Armadas.

E) Presidente da Câmara dos Deputados.

Você já sabe responder! A alternativa que deve ser marcada é a B.

2) Outra diferenciação constitucional entre os natos e os

naturalizados é a restrição destes quanto à aquisição de propriedade de

empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens.

Essas empresas só podem ser adquiridas por brasileiro naturalizado se ele

houver adquirido essa condição há mais de dez anos.

Questão de concurso

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3) Por fim, a diferença de tratamento entre nato e naturalizado de

maior importância: a que se relaciona com a extradição (entrega por um

Estado de um indivíduo acusado ou já condenado criminalmente pela

justiça de outro Estado que solicita o seu encaminhamento, sendo este

último o competente para julgar e punir esse indivíduo). Vejamos essas

distinções:

O brasileiro nato não pode ser extraditado em nenhuma

hipótese;

O brasileiro naturalizado ou o portugues equiparado só

pode ser extraditado se praticou crime comum antes da

naturalização ou se envolveu com tráfico ilícito de

entorpecentes antes ou depois da naturalização;

O estrangeiro poderá, em regra, ser extraditado;

O estrangeiro não será extraditado se o motivo da solicitação

de seu encaminhamento ao outro Estado for a ocorrência de

crime político ou de opinião (caso Cesare Battisti).

Não é fácil captar tantos detalhes, eu sei. Por isso, para ajudar na

apreensão do conteúdo, proponho o seguinte quadro resumo:

Restrições aos brasileiros naturalizados

Quais cargos são privativos

de brasileiros natos?

O naturalizado pode

adquirir empresa

jornalística e de

radiodifusão sonora e de

sons e imagens (TV)?

Pode ser extraditado?

Presidente

Vice-Presidente

Presidente da Câmara

Presidente do Senado

Ministro do STF

Carreira diplomática

Oficial das Forças Armadas

Ministro de Estado da

Somente se houver

adquirido a condição de

naturalizado há mais de

dez anos.

Brasileiro

nato:

Naturalizado

ou o

portugues

equiparado:

NÃO

SIM, se

praticou

crime comum

antes da

naturalização

ou se

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Defesa

Cidadãos do Conselho da

República

Estrangeiro:

envolveu com

tráfico ilícito

de

entorpecentes

antes ou

depois da

naturalização;

SIM, salvo se o

motivo for crime

político ou de

opinião.

Por fim, no estudo da nacionalidade, nos deparamos com hipóteses

de perda da nacionalidade brasileira. Isso poderá ocorrer nas

hipóteses do art. 12, § 4º, da Constituição, assim expresso:

O brasileiro naturalizado perderá a sua nacionalidade brasileira se

atentar contra o interesse nacional. Mas, para que essa perda ocorra,

deve haver sentença judicial transitada em julgado (= da qual não caiba

mais recurso), reconhecendo a prática de atividade nociva ao interesse

nacional e determinando o cancelando a naturalização.

Também perderá a nacionalidade o brasileiro nato ou naturalizado

que, voluntariamente, adquiriu outra nacionalidade.

Essa hipótese de perda decorre do princípio do direito internacional

segundo o qual cada indivíduo deve ter apenas uma nacionalidade.

Entretanto, a própria Constituição brasileira relativiza esse princípio ao

prever duas exceções que possibilitam ao brasileiro nato ou naturalizado

manter a sua nacionalidade, mesmo adquirindo outra. São elas:

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade

nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em

estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o

exercício de direitos civis;

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a) a lei estrangeira reconhecer a nacionalidade originária do

brasileiro; ou se

b) a lei estrangeira impuser ao brasileiro, como condição para

permanecer no território estrangeiro ou para lá exercer os

direitos civis, a imposição da naturalização.

Admitindo a existência de um cidadão com duas nacionalidades, a

Constituição possibilita que os brasileiros sejam polipátridas (detentores

de mais de uma nacionalidade). A situação oposta, em que determinado

indivíduo não possua nacionalidade, designa-se apátrida ou heimatlos.

Um resumo desse importante tópico para os concursos do TRE-PE e

do TSE pode ser feito por meio da seguinte questão de concurso:

CONSULPLAN – Assessor Jurídico da Companhia de Desenvolvimento dos

Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF – 2008 A Constituição Federal assegura ao estrangeiro:

A) O acesso a cargos públicos, na forma da lei. B) O alistamento eleitoral.

C) A não extradição por prática de crime contra a vida. D) O ingresso na carreira diplomática.

E) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

Observe que, em regra, os cargos, empregos e funções públicas são

acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em

lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, da

Constituição). Alguns cargos, entretanto, são privativos de brasileiro nato,

inclusive o ingresso na carreira diplomática.

É vedado o alistamento do estrangeiro.

O estrangeiro pode ser extraditado por prática de crime contra a

vida, salvo se o crime for político ou de opinião. Por essas razões é que o

gabarito correto é o item A.

É, meus amigos, a nacionalidade é um ponto muito cobrado em

provas da justiça eleitoral. Fique atento!

Questões de concurso

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5.2. Elegibilidade

Falamos acima dos diretos políticos ativos (direito ao sufrágio), agora

vamos falar dos direitos políticos passivos ou da capacidade eleitoral

passiva. Se o eleitor exerce o seu direito ao sufrágio pelo voto, ele

exerce a sua capacidade eleitoral ativa. Por outro lado, aquele que recebe

o voto, o candidato, está exercendo a sua capacidade eleitoral passiva.

Nesse ponto da aula, responderemos a seguinte pergunta: Quais

requisitos devem ser preenchidos para que uma pessoa possa receber

votos (= ser elegível)? Ele pode ter nacionalidade não brasileira? Pode ter

18 anos e concorrer para o cargo de Governador? Pode se candidatar sem

partido? Pode ser analfabeto?

No Código Eleitoral, há a seguinte redação:

Esses requisitos são chamados de condições de elegibilidade.

As condições de elegibilidade estão previstas no art. 14, § 3º, da

Constituição. Para a prova da CONSULPLAN, é essencial que você

DECORE esse dispositivo, uma vez que ele foi objeto de cobrança em

inúmeros concursos realizados por essa banca.

Por isso, transcrevo o dispositivo:

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I – a nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos;

III – o alistamento eleitoral;

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;

V – a filiação partidária;

VI – a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,

Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

Art. 3º Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo eletivo, respeitadas as

condições constitucionais e legais de elegibilidade e incompatibilidade.

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Assim, para ser elegível, o indivíduo deve:

Ter nacionalidade brasileira; NA

estar em pleno gozo dos direitos políticos; DIPOL

ter se alistado; AL

ter domicílio eleitoral na circunscrição; DOMEL

ser filiado a um partido político; PAPOL

ter idade mínima de acordo com o cargo pleiteado. IMIN

Temos, portanto, o seguinte:

Condições de elegibilidade = NA DIPOLAL DOMEL PAPOLIMIN

Com relação à nacionalidade brasileira (NA), o indivíduo pode ser

nato ou naturalizado.

Estar em pleno gozo dos direitos políticos (DIPOL) quer dizer que o

indivíduo não pode estar com seus direitos políticos suspensos ou perdê-

los.

O alistamento eleitoral (AL), como vimos acima, é a inscrição do

indivíduo como eleitor no cartório eleitoral de seu domicílio, é o ato por

meio do qual o sujeito adquire os direitos políticos e passa a ser cidadão.

Com o alistamento, o indivíduo obtém o título eleitoral.

IMPORTANTE:

Além de não ser possível o alistamento eleitoral do menor de 16

anos, diante de sua incapacidade absoluta, conforme previsto no Código

Civl, a Constituição veda o alistamento eleitoral dos estrangeiros e

dos conscritos.

Desse modo, somente o nacional brasileiro (nato ou naturalizado)

pode alistar-se.

Além disso, conforme dissemos linhas atrás, o alistamento e o voto,

no Brasil, são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para

os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de 16 e menores

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de 18 anos, considerando a data das eleições (art. 14, § 1º, da

Constituição).

E o que acontece com aquele que não votar, professor?

O art. 7º do Código Eleitoral assim dispõe:

Assim, aquele que não vota pode justificar seu voto em até 60 dias.

Se não faz nenhuma coisa nem outra, ele incorrerá em multa ($$$$$)

Para aqueles que estejam no exterior, o prazo para justificar é de 60

dias ou de 30 dias a partir de seu retorno ao país – o que for menor (arts.

7º e 16 da Lei nº 6.091/74 e Res. TSE nº 21.538/03).

Mas é só essa a sanção, professor?

Não, meus caros, se o eleitor não votar em 3 eleições consecutivas,

não justificar no prazo de 6 meses contados da última eleição e não pagar

a multa, a sua inscrição (o seu título de eleitor) será cancelado.

Veja a redação do art. 7º, § 3º, do Código Eleitoral:

É bom que você saiba também que, sem a prova de que votou na

última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se justificou

devidamente, não poderá o eleitor:

inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função

pública, investir-se ou empossar-se neles;

receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de

função ou emprego público, autárquico ou paraestatal, bem

como fundações governamentais, empresas, institutos e

sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas

Art. 7º O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral

até trinta dias (atualmente esse prazo é de 60 dias) após a realização da eleição

incorrerá na multa de três a dez por cento sobre o salário mínimo da região,

imposta pelo Juiz Eleitoral e cobrada na forma prevista no art. 367.

§ 3º Realizado o alistamento eleitoral pelo processo eletrônico de dados, será

cancelada a inscrição do eleitor que não votar em 3 (três) eleições consecutivas,

não pagar a multa ou não se justificar no prazo de 6 (seis) meses, a contar da

data da última eleição a que deveria ter comparecido.

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pelo governo ou que exerçam serviço público delegado,

correspondentes ao segundo mês subseqüente ao da eleição;

participar de concorrência pública (= licitação) ou

administrativa da União, dos Estados, dos Territórios, do

Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas

autarquias;

obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia

mista, caixas econômicas federais ou estaduais, nos institutos

e caixas de previdência social, bem como em qualquer

estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja

administração este participe, e com essas entidades celebrar

contratos;

obter passaporte ou carteira de identidade;

renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou

fiscalizado pelo governo;

praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço

militar ou imposto de renda.

IMPORTANTE: Não estará sujeita a sanção a pessoa portadora de

deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o

cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao

exercício do voto (Res.-TSE nº 21.920/2004, art. 1º, parágrafo. único).

E o que acontece com aquele que não se alista até os 19 anos ou

com o naturalizado que não se alistou?

O mesmo que acontece com aquele que não vota e não justifica:

multa ($$$$$).

Veja o art. 8º do Código Eleitoral:

Art. 8º O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não se

alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira, incorrerá na multa de

5 (cinco) por cento a 3 (três) salários-mínimos vigentes na zona imposta pelo juiz e

cobrada no ato da inscrição eleitoral através de selo federal inutilizado no próprio

requerimento.

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CAUTELA: A aplicação dessa multa não é em todas as situações. Já

vimos que aqueles que o portador de deficiência que torne impossível ou

demasiadamente oneroso o cumprimento da obrigação não é cobrado.

Além disso, “não se aplicará a pena ao não alistado que requerer sua

inscrição eleitoral até o centésimo primeiro dia anterior à eleição

subseqüente à data em que completar dezenove anos” (parágrafo único).

Assim, aquele que completou 19 anos, teria até o 101º dia anterior à

eleição para se alistar sem multa.

Esse dispositivo não foi expressamente revogado, mas o art. 91 da

Lei das Eleições dispõe que “nenhum requerimento de inscrição eleitoral

ou de transferência será recebido dentro dos cento e cinqüenta dias

anteriores à data da eleição”.

Como a redação desta última é posterior, prevalece o entendimento

de que o último dia para a inscrição eleitoral é o 151º anterior à eleição.

A regularização da situação eleitoral pode ser promovida fora da

Zona do eleitor. Veja o art. 11 do Código Eleitoral:

MUITO CUIDADO!!!

Não considere como verdade a redação dos arts. 5º, II, e 6º, I, a, do

Código Eleitoral que dizem, respectivamente, que os aqueles que não

saibam exprimir-se na língua nacional não podem alistar-se eleitores e

que o alistamento não é obrigatório para os inválidos.

Isso porque, a Constituição – texto legal de maior envergadura do

ordenamento jurídico brasileiro – não recepcionou esses dispositivos.

Assim, os que não podem se exprimir na língua nacional são

alistáveis (Res. TSE nº 23.274) e é obrigatório o alistamento dos

portadores de necessidades especiais (Res. TSE nº 21.920).

Leia e releia esse tópico, pois ele é muito importante para o concurso

de Técnico.

Art. 11. O eleitor que não votar e não pagar a multa, se se encontrar fora de sua Zona

e necessitar de documento de quitação com a Justiça Eleitoral, poderá efetuar o

pagamento perante o Juízo da Zona em que estiver.

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Com isso, separamos as seguintes questões para você fixar bem as

regras constitucionais do alistamento:

CONSULPLAN – Analista Judiciário/outras áreas – TRE-SC – 2008.

O alistamento eleitoral é vedado aos: A) Estrangeiros e analfabetos.

B) Analfabetos e menores de 16 anos. C) Menores de 16 anos e conscritos, durante o período de serviço militar

obrigatório. D) Estrangeiros e militares aspirantes a oficiais.

E) Maiores de 70 anos e analfabetos.

FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AM –

2009.

João completou 18 anos de idade; Juan é brasileiro naturalizado; Pedro tem 15 anos de idade e completará 16 anos na data do pleito; Paulo era

analfabeto, mas deixou de sê-lo; e Manuel é português e está trabalhando numa empresa no Brasil. É facultativo o alistamento eleitoral de

(A) Juan e Paulo. (B) Juan e Manuel.

(C) Juan e Pedro. (D) Paulo.

(E) Pedro.

FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – TO – 2011 Considere:

I. Os analfabetos. II. Os maiores de setenta anos.

III. Os estrangeiros. IV. Os maiores de dezesseis anos.

Podem alistar-se como eleitores as pessoas indicadas APENAS em

(A) I, II e IV. (B) II, III e IV.

(C) II e IV.

(D) III. (E) III e IV.

Questões de concurso

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Você já percebeu, pelos ensinamentos até aqui apresentados que a

primeira questão tem como gabarito o item C, a segunda o item E e a

terceira o item A.

Diante da importância do alistamento para as bancas da

CONSULPLAN, apresento o seguinte quadro para que a matéria fique

ainda mais clara:

ALISTAMENTO

Obrigatório Facultativo Vedado

A partir de 18 anos A partir dos 16 até um

dia antes de completar

18, considerando a data

da eleição.

Estrangeiro

Alfabetizado Analfabeto Conscrito

Brasileiro naturalizado Maiores de 70 anos

E o que são os “conscritos”?

Os conscritos são os que estão prestando o serviço militar

obrigatório.

Importante observar que os conscritos que já se alistaram (com 16

ou 17 anos, por exemplo) não podem exercer o direito ao voto enquanto

estiverem prestando o serviço militar obrigatório. Assim, ele pode ter o

título eleitor em mãos (adquirido quando do alistamento) e, mesmo

assim, não poderá votar.

O domícilio eleitoral na circunscrição (DOMEL), por sua vez, é

condição de elegibilidade que exige que o interessado em se candidatar

tenha residência ou moradia na circunscrição eleitoral do cargo que

pretende ocupar, ou seja, se Fulano vai se candidatar para prefeito do

município B, deve morar no município B.

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A filiação a um partido político (PAPOL) é outra condição de

elegibilidade. O Brasil não admite candidatura avulsa. Tampouco admite

dupla filiação. Desse modo, não preenche as condições de elegibilidade

aquele que não tem partido tampouco aquele filiado a dois partidos.

A idade mínima (IMIN) é o último requisito de elegibilidade expresso

na Constituição. Pode parecer uma diferenciação teórica, mas DECORE

esse ponto, pois ele já foi objeto de cobrança da CONSULPLAN. Para

faciltar, segue o seguinte quadro:

Cargo Idade Mínima

Presidente da República

Vice-Presidente

Senador

35

Governador

Vice-Governador

30

Deputado Federal

Deputado Estadual ou Distrital

Prefeito

Vice-Prefeito

juiz de paz

21

Vereador 18

Como se vê, a idade mínima mais elevada, 35 anos, é para os cargos

mais importantes do executivo e do legislativo federal: Presidente, Vice e

Senador.

A idade mínima de 30 anos é para os chefes do Executivo estadual

ou distrital: Governador e Vice.

A menor idade mínima fica para o cargo de Vereador, 18 anos.

Os demais cargos eletivos têm idade mínima de 21 anos (demais

cargos do legislativo – deputado estadual, distrital e federal – chefes do

executivo municipal – prefeito e vice – e juiz de paz).

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IMPORTANTÍSSIMO observar que todas as condições de elegibilidade

são aferidas no momento do registro da candidatura, mas as idades

mínimas serão verificadas tendo por referência a data da posse.

Para que você exercite os conhecimentos acerca das idades mínimas

para a elegibilidade nos cargos e para que você acredite que isso

despennca em concurso para tribunal eleitoral, veja as seguintes:

CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008.

NÃO é uma condição de elegibilidade a idade mínima de: A) Dezoito anos para vereador.

B) Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal.

C) Trinta e cinco anos para Senador. D) Vinte e um anos para juiz de paz.

E) Trinta anos para Deputado Federal.

FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AP –

2011.

Plínio filiado à partido político e brasileiro, de reputação ilibada que acabara de completar vinte anos de idade no mês de junho de 2008,

efetuou o seu alistamento eleitoral na circunscrição eleitoral do Município de Caju, onde mantinha seu domicilio. A sua intenção era a de concorrer

ao cargo de Prefeito no Município de Margarida, nas eleições daquele mesmo ano, posto que frequentava faculdade na referida Cidade, e era

presidente do diretório acadêmico, sendo conhecido e amado pelos colegas de faculdade e pela maioria dos habitantes da região, com

grandes chances de vencer as eleições. Porém, sua candidatura ao referido cargo foi barrada, porque não preenchia os requisitos de

(A) idade mínima de vinte e cinco anos de idade e domicílio eleitoral referente a um período de dois anos.

(B) idade mínima de vinte e um anos de idade e de domicílio eleitoral na circunscrição do Município de Margarida.

(C) domicílio eleitoral na circunscrição do Município de Margarida e de

idade mínima de trinta anos de idade. (D) pleno exercício dos direitos políticos e de idade mínima de trinta anos

de idade. (E) pleno exercício dos direitos políticos e de idade mínima de vinte e

cinco anos de idade.

Questões de concurso

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Viu só, como você tem que decorar o quadro das idades mínimas?

Então volte e leia mais uma vez o quadro! Leu? Decorou? Se você

decorou você acertou as questões. A primeira tem como gabarito o item E

e a segunda o item B.

Vamos em frente!

Uma última condição de elegibilidade, acrescentada pelo TSE (pois

não há dispositivo da Constituição expresso nesse sentido) é a quitação

eleitoral (+QUELE). Desse modo, não pode se candidatar aquele que,

por exemplo, não pagou multa aplicada pela Justiça Eleitoral ou não

compareceu à última eleição e não justificou seu voto ou não compareceu

à Justiça Eleitoral para regularizar a sua situação.

Com isso, temos: Condições de elegibilidade = NA DIPOLAL DOMEL

PAPOLIMIN +QUELE.

Todas essas condições devem ser atendidas cumulativamente.

Assim, será inelegível o sujeito que não possuir domicílio eleitoral na

circunscrição, ou que não se filiar a um partido político ou, ainda, que não

possuir a idade mínima para o cargo.

A par das condições de elegibilidade, a Constituição prevê hipóteses

de inelegibilidade expressas.

As primeiras hipóteses de inelegibilidades previstas são: os

inalistáveis e os analfabetos.

Se os inalistáveis (estrangeiros e conscritos) sequer podem realizar

o alistamento eleitoral. Se o alistamento é condição de elegibilidade, a

Constituição nem precisava falar que os inalistáveis são inelegíveis.

Já os analfabetos precisavam sim ser mencionados para que a

vedação existisse, uma vez que eles podem se alistar, podem votar e,

portanto, possuem capacidade eleitoral ativa, mas não podem ser

votados, sendo-lhes negada a capacidade eleitoral passiva.

Diferente é a situação do semianalfabeto, que é elegível.

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DICA IMPORTANTE: Não confunda a situação do conscrito (o que

presta serviço militar obrigatório) com a do militar. Este é alistável e

elegível, desde que atendidas as seguintes condições (art. 14, § 8º, da

Constituição):

Outra hipótese de inelegibilidade expressa na Constituição é a dos

parentes de chefes do Executivo.

O § 7º do art. 14 da Constuição assim dispõe:

A Constituição caracteriza como inelegível o cônjuge e os parentes

consanguíneos e afins até o segundo grau do chefe do Poder Executivo ou

de quem o haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, no

âmbito da área de atuação da autoridade que detém o cargo eletivo.

Alguns esclarecimentos acerca dessa hipótese de inelegibilidade:

Se equiparam ao cônjuge (relação de casamento): o

concubino, o companheiro de uma união estável e de uma

união homoafetiva. Importante observar que a dissolução do

vínculo conjugal no curso do mandato não derruba a proibição.

Parentes consaguíneos e afins até o segundo grau são: filho,

pai, mãe, irmão, avô, avó, neto, sogro, sogra, padastro,

madastra, genro, nora e cunhado, adotivos ou não.

Para que a situação do texto constitucional fique mais clara,

apresento as seguintes situações: (I) a esposa do Governador do Estado

de São Paulo é inelegível para ocupar quelquer cargo eletivo no Estado de

São Paulo e em todos os municípios do Estado, mas pode concorrer a

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes

consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da

República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de

quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular

de mandato eletivo e candidato à reeleição.

§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e,

se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

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cargo eletivo no Estado de Goiás; (II) a filha da Presidenta da República é

inelegível para ocupar qualquer cargo eletivo no país.

O próprio dispositivo constitucional apresenta uma exceção a essa

inelegibilidade: se o cônjuge ou parente já era titular de mandato eletivo

e é candidato à reeleição.

No exemplo (II), a filha da Presidenta será elegível se estiver

concorrendo à reeleição, ou seja, ela ingressou no cargo eletivo quando

não havia qualquer impedimento (a Presidenta ainda não ocupava esse

cargo) e agora se candidata à reeleição.

Além das hipóteses de inelegibilidades expressas no texto

constitucional, a Constituição faculta à lei complementar estabelecer

outros casos de inelegibilidade. Os nortes que essa lei deve perseguir são:

A proteção da probidade administrativa;

A proteção da moralidade para exercício de mandato;

Levando em conta a vida pregressa do candidato;

Afastando a influência do poder econômico;

Afastando o abuso do exercício de função, cargo ou emprego

na administração pública.

A lei complementar que trata das hipóteses de inelegibildade é a LC

nº 64/90, recentemente alterada pela LC nº 135/2010 (Lei da Ficha

Limpa).

Não abordaremos as hipóteses de inelegibilidade previstas na lei,

apenas as previstas na Constituição.

Partimos agora para a reta final desse ponto de nossa aula. Com

toda certeza, até o presente momento já cobrimos mais de 30% das

questões de direito eleitoral de sua prova!

Vamos em frente!

Falemos agora de um tema interessante, a reeleição.

A Constituição autoriza a reeleição – para o mesmo cargo – dos

chefes do Poder Executivo e de quem os houver sucedido, ou substituído

no curso dos mandatos, para um único período subseqüente.

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A regra de uma única reeleição se aplica ao titular do Poder

Executivo bem como ao Vice e, até mesmo, ao Presidente do Legislativo

que eventualmente tenha assumido o cargo de chefe do Executivo no

curso do mandato.

Para deixar claro, o Vice só pode ser Vice por duas vezes

consecutivas (uma reeleição).

IMPORTANTE deixar claro também que a reeleição é para concorrer

ao mesmo cargo. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da

República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos

devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito

(desincompatibilização).

A reeleição dos membros do Poder Legislativo é permitida e não há

limitação de mandatos consecutivos nem necessidade de

desincompatibilização. Nem mesmo para concorrerem a outros cargos os

membros do Poder Legislativo precisam se desincompatibilizar.

Como se vê, via de regra, somente o chefe do Executivo precisa se

desincompatibilizar para se candidatar a outro cargo.

Mais uma vez, para mostrar que o que falo aqui cai em concurso

para tribunal eleitoral, apresento as seguintes:

CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008.

Marque a alternativa INCORRETA: A) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o

serviço militar obrigatório, os conscritos. B) De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil a lei

que alterar o processo eleitoral só poderá entrar em vigor após um ano de sua publicação.

C) São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do

Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos

seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Questões de

concurso

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D) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os

Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

E) São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

A questão revisa alguns dos principais pontos até aqui comentados.

Alerta você, concursando, para o fato de que o princípio da anualidade

informa que a lei que altera o processo eleitoral entrará em vigor na data

de sua publicação, mas só será aplicada à eleição que ocorra até um ano

da data de sua vigência.

Relembra, também, que para a reeleição não há

desicompatibilização. Por tudo isso é que o gabarito da questão é o item

B.

Fechamos aqui o estudo da elegibilidade (e das inelegibilidades) sob

o enfoque da Constituição.

Nesse ponto, destaco como os mais importantes: as condições de

elegibilidade relativas à idade, a inelegibilidade dos parentes e a

reeleição.

5.3. Partidos Políticos

É, meu amigo concursando, se você chegou até aqui no estudo desta

aula, você demonstra PERSISTÊNCIA. E é justamente essa característica

que vai te levar até a aprovação, pois só não passa em concurso público

quem desiste!

Eu sei que você não pode esperar a vida inteira pela aprovação. O

interessante no caminho dos concursos é que você pode encurtá-lo até a

aprovação! Como? Estudando muito, com DISCIPLINA. No mundo dos

concursos públicos, a persistência e, acima de tudo, a disciplina são as

almas do negócio.

Vamos então devorar o estudo do último tópico dessa aula.

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O estudo dos partidos políticos será abordado com enfoque na sua

disciplina constitucional, uma vez que a banca da CONSULPLAN não deve

se aventurar muito em assuntos jurisprudenciais nem mesmo na

cobrança dos dispositivos da lei dos partidos políticos (Lei nº 9.096/95).

Mas o que seria um partido político? Uma entidade de direito público

ou de direito privado? Uma formalidade ou uma associação ideológica?

Deixando de lado as questões filosóficas, para o seu concurso público

você deve levar o seguinte conceito:

Partidos políticos são entidades de direito privado, formadas por

um grupo de pessoas com uma ideologia comum, com o propósito de

assumir o poder político ou de influenciar as decisões tomadas pelo

Estado.

O partido político é efetivamente criado (= adquire personalidade

jurídica) com o registro no Cartório de Registro Civil, mas o seu estatuto

deve ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral, para que este verifique

se foram preenchidos os requisitos constitucionais e legais de sua

constituição.

É o que diz o art. 17, § 2º, da Constituição:

A partir do momento em que há o registro do estatuto no TSE é que

o partido passa a poder participar do processo eleitoral, a receber

recursos do Fundo Partidário, a ter acesso gratuito ao rádio e à televisão

e a ter exclusividade na sua denominação, sigla e símbolos.

Mas CUIDADO, só com o registro do estatuto no Tribunal há pelo

menos um ano é que o partido pode participar de uma eleição.

Mas quais são as diretrizes para a criação de um partido político? A

liberdade é total?

Essas respostas, de importância fundamental, são encontradas no

art. 17 da Constituição, assim escrito:

§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

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Como se vê, é livre a criação, fusão incorporação e extinção de

partidos políticos. E nem poderia ser diferente, pois a Constituição

assegura o regime democrático e a participação popular, elemento

fundamental para a manutenção desse regime, deve ser incentivada e

facultada a todos.

Além disso, a Constituição informa que a criação dos partidos deve

resguardar a soberania nacional, o pluripartidarismo e os direitos

fundamentais da pessoa humana.

Isso quer dizer que um partido político não pode ser criado para

atentar contra a soberania nacional, ou seja, não pode um partido

político defender a submissão política do Brasil a outro país. De forma a

afastar qualquer ingerência externa nos partidos políticos e a resguardar

o interesse nacional é que a Constituição proíbe o recebimento, pelos

partidos políticos, de recursos financeiros de entidade ou governo

estrangeiros ou de subordinação a estes.

A Constituição também assegura o pluripartidarismo, ou seja, se a

ideia é garantir a participação popular, nada mais congruente do que

possibilitar a criação de tantos partidos quantos forem as correntes de

opinião existente na população em geral.

Aqui devemos fazer um parênteses para diferenciar o

pluripartidarismo (ou multipartidarismo) do bipartidarismo e do

monopartidarismo. Mas, você já deve ter uma noção do que cada um

quer dizer, pois os nomes são sugestivos.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,

resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os

direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo

estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

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Monopartidarismo é o sistema que só admite a existência de um

único partido político.

Bipartidarismo é o sistema partidário que permite a existência de

apenas dois partidos políticos.

Pluripartidarismo é o sistema que admite a criação de um número

indefinido de partidos, bastando que haja um grupo que tenha a mesma

corrente de opinião.

Simples, não é?

Voltamos, então, para a análise do art. 17 da Constituição.

Além da liberdade de criação, do resguardo da soberania nacional e

do pluripartidarismo, a Constituição informa que a criação dos partidos

políticos deve resguardar os direitos fundamentais. Isso quer dizer que

os partidos políticos devem assegurar e defender o cumprimento dos

direitos fundamentais. Além disso, não será possível a criação de partidos

políticos que tenham como proposta a eliminação de determinado grupo

étnico ou social, tampouco a utilização pelos partidos políticos de

organização paramilitar (art. 17, § 4º).

A Constituição dispõe, também, que devem ser observados alguns

preceitos na formação e no funcionamento dos partidos políticos. São

eles:

Caráter nacional: para que um partido político seja

constituído ele deve comprovar o apoio de eleitores

correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos dados na

última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não

computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por

1/3, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% do

eleitorado que haja votado em cada um deles,

cumulativamente. Ou seja, um partido não será constituído se

ele teve apoio de 1% dos eleitores que votaram para deputado

federal na última eleição, mas não teve mais de 0,1% dos

votos em, no mínimo, 9 unidades da federação (Estados e DF);

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Proibição de recebimento de recursos financeiros de

entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a

estes: o que decorre do postulado da soberania nacional,

conforme observamos acima;

Prestação de contas à Justiça Eleitoral: essa prestação de

contas deve refletir a real movimentação financeira e

patrimonial dos partidos políticos, inclusive os recursos

aplicados em campanhas eleitorais. O partido político deve

manter contas bancárias distintas para movimentar os recursos

financeiros do Fundo Partidário e os de outra natureza,

conforme Resolução-TSE nº 21.841, que regulamenta a

prestação de contas dos partidos políticos.

Funcionamento parlamentar de acordo com a lei: o

partido político funciona, nas Casas Legislativas, por intermédio

de uma bancada, que deve constituir suas lideranças de acordo

com o estatuto do partido, as disposições regimentais das

respectivas Casas e a Lei nº 9.096/95.

Além das diretrizes (liberdade, regime democrático, soberania

nacional, pluripartidarismo e direitos fundamentais) e dos preceitos para a

criação e o funcionamento (caráter nacional, proibição de recebimento de

recursos de entidades estrangeiras, prestação de contas e funcionamento

parlamentar), a Constituição ainda prevê o princípio da autonomia

partidária.

Mas o que seria a autonomia partidária?

Isso quer dizer que o partido político tem autonomia para definir sua

estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios

de escolha e o regime de suas coligações eleitorais. É o que diz o art. 17,

§ 1º, da Constituição:

Art. 17. (...)

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,

organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas

coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em

âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer

normas de disciplina e fidelidade partidária.

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IMPORTANTE: A autonomia dos partidos políticos envolve, também, a

liberdade que eles têm de fazer as coligações eleitorais, ou seja, a

Constituição faculta aos partidos realizar coalizões, de modo a permitir

que vários partidos possam se unir para se fortalecerem num

determinado período eleitoral.

O que eu vou dizer agora você não pode se esquecer, pois a chance

que essa questão caia na sua prova é de 50%! Então, atenção!

A Constituição não mais obriga aos partidos que se alinhem, no

âmbito municipal e no estadual, conforme as coligações realizadas no

âmbito federal, ou seja, NÃO EXISTE MAIS NO BRASIL A

VERTICALIZAÇÃO DAS COLIGAÇÕES, ela existiu apenas para as eleições

de 2006.

Para ficar mais claro: o partido político A pode se coligar ao partido

político B e o partido E pode se coligar ao F, no âmbito municipal, mesmo

que o partido A seja coligado ao F no âmbito federal.

É permitido, portanto:

Eleição no plano federal: partido A se coliga ao B

Eleição no plano estadual: partido A se coliga ao D

Eleição municipal: partido A se coliga ao F

Até aqui, elencamos algumas das principais características dos

partidos políticos. Vamos resolver questões?

CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008.

Questões de concurso

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São preceitos que, de acordo com a Constituição da República

Federativa do Brasil, devem ser observados pelos partidos políticos, EXCETO:

A) Vedação à utilização pelos partidos de organização paramilitar.

B) Caráter nacional. C) Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou

governo estrangeiros ou de subordinação a estes, exceto quando for de organismo ligado à proteção dos Direitos Humanos.

D) Prestação de contas à Justiça Eleitoral. E) Funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – TO – 2011

O partido político PAAEE só poderá registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral após

(A) adquirir personalidade jurídica, na forma da Lei civil. (B) receber recursos do fundo partidário ou de qualquer origem.

(C) prestar contas à Justiça Eleitoral e aos demais partidos políticos. (D) prestar contas à União e à respectiva unidade federal.

(E) demonstrar à Justiça Eleitoral que não é mantido por organização

paramilitar ou não.

O partido político não pode sequer receber recursos de entidade

estrangeira quando esta for ligada à proteção de direitos humanos. Por

isso, o gabarito da primeira questão é o item C. Com relação à criação do

partido político, como vimos acima, o registro dos estatutos no TSE ocorre

após o partido adquirir personalidade jurídica. Por isso, o gabarito da

segunda questão é a letra A.

Se a questão do fim da verticalização das coligações tem 50% de

chances de cair na sua prova, a questão de saber QUAL O SUPLENTE QUE

OCUPARÁ A VAGA DEIXADA PELO TITULAR: SE O DA COLIGAÇÃO OU DO

PARTIDO, tem 90% de chances de ser cobrada. Por isso, MUITA

ATENÇÃO!

Essa questão foi resolvida pelo STF no mês de abril. O Supremo

Tribunal Federal, ao analisar se a vaga deixada por deputado federal

deveria ir para o suplente mais votado da coligação ou o mais votado do

partido, entendeu que deve assumir o cargo o mais votado na

COLIGAÇÃO.

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Assim, não se esqueça:

Além de disciplinar as coligações, o art. 17, § 1º, da Constituição,

impõe aos partidos políticos que estabeleçam normas de fidelidade

partidária.

A fidelidade partidária tem dois significados: (I) aquela que impõe ao

membro do partido o dever de seguir as disposições do estatuto do

partido e (II) aquela que impõe ao candidato eleito o dever de

permanecer no partido após assumir o cargo.

Vamos aos exemplos para clarear a distinção.

Exemplo para o significado (I): se o estatuto determina que um

vereador ou deputado do partido vote as leis conforme orientação da

bancada e o parlamentar desobedece tal comando, ele pode ser punido

disciplinarmente, em razão de ter incorrido em infidelidade partidária,

pois contrariou o estatuto.

Exemplo para o significado (II): João se candidatou pelo PT para

deputado estadual e ganhou a eleição. Meses após a sua diplomação,

João troca o PT pelo PSOL. Nesse caso o deputado incorre em infidelidade

partidária.

A hipótese (I) é a mencionada no texto constitucional acima citado,

pois o estatuto do partido pode estabelecer regras de conduta interna,

para disciplinar a relação entre partido e afiliado.

A hipótese (II) é a mais grave, a mais importante e a que VAI CAIR

NA SUA PROVA.

A infidelidade partidária em caso de troca ou abandono do partido

após a eleição (II) provoca a perda do mandato. Ela não pode ser imposta

pelo próprio partido, pois cada um iria prever um sem número de

Cargo de deputado

federal vago

ocupa o cargo o 1º suplente da coligação

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hipóteses de perda do mandato, desorganizando todo o sistema eleitoral,

causando insegurança.

A conseqüência grave imposta pela infidelidade partidária nesse caso

se justifica, pois todo o sistema eleitoral é estruturado em torno dos

partidos políticos. São eles quem recebem recursos, lançam candidatos,

realizam propagandas ideológicas, em suma: são eles quem viabilizam a

candidatura do político.

Essa análise se torna ainda mais evidente quando observamos que as

eleições para vereadores e deputados ocorrem pelo sistema proporcional

(aprofundaremos no tema nas próximas aulas), ou seja, é o partido – e

não o candidato – quem deve atingir um número mínimo de votos para

obter uma vaga na eleição.

Se é o partido quem obtém a vaga, nada mais justo do que

determinar a perda do mandato daquele que traiu o eleitor do seu

partido. O eleitor decidiu que o cargo deveria ser ocupado pelo partido A.

Se o político mais votado do partido A assume o cargo e, durante o seu

mandato, troca de partido, ele está passando uma rasteira no eleitor de

seu antigo partido.

Foi isso o que decidiu o TSE na Consulta 1398 (divulgada em

27.03.2007). O Supremo Tribunal Federal confirmou o posicionamento do

TSE.

Assim, todo e qualquer parlamentar que troca de partido a partir de

27.03.2007 estará sujeito a perda do mandato.

Mas e para os cargos que são eleitos pelo sistema majoritário (aquele

que possui maior número de votos assume o cargo, independentemente

do número de votos obtido pelo partido ou coligação)?

Para os cargos de prefeito, governador, senador e presidente, o

mesmo entendimento foi adotado pelo TSE: o detentor desses cargos que

trocar de partido também estará sujeito à perda do mandato, pois foi o

partido quem propiciou ao político a oportunidade de concorrer ao cargo

(o partido lançou seu nome, propiciou a propaganda eleitoral,

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disponibilizou recursos etc.) e o eleitor, quando votou, identificou o

candidato como membro daquele partido que defende aqueles ideais.

Isso foi o que ficou estabelecido na Consulta 1398, que entrou em

vigor em 16.10.2007. Assim, a partir dessa data, aquele que ganhou uma

eleição majoritária e sai do partido que viabilizou a sua eleição está

sujeito a perda do mandato.

Em ambos os casos (para eleições proporcionais e majoritárias), só

não perderá o mandato aquele que saiu do partido por JUSTA CAUSA.

Mas o que seria a justa causa capaz de “perdoar” o político “infiel”?

Sabemos que a traição é difícil de ser perdoada!

As hipóteses envolvem motivação provocada pelo próprio partido, ou

seja, foi a “vítima” quem motivou a “infidelidade”.

São elas:

Incorporação ou fusão do partido; INFU

Criação de novo partido; CRI

Mudança substancial ou desvio reiterado do programa

partidário (não é, simplesmente, apoiar ou não apoiar o chefe

do Executivo, por exemplo, é mudança estrutural ou ideológica

do programa do partido); MUDAPRO

Grave discriminação pessoal. GRADIS

JUSTA CAUSA = INFUCRI MUDAPRO GRADIS.

Essas hipóteses de perdão são excepcionais e taxativas, ou seja, os

políticos ou tribunais eleitorais não podem criar outras ressalvas.

Por fim, dissemos que o infiel “estará sujeito” à perda do mandato

porque a efetiva perda depende de pedido a ser formulado perante o

tribunal eleitoral pelo partido político traído, pelo Ministério Público

ou pelo político interessado em ocupar o cargo do infiel. São esses os

legitimados a propor a ação para a perda do mandato do político infiel.

Por fim, chegamos ao último assunto que será tratado nesta aula: o

direito dos partidos políticos aos recursos do fundo partidário e o acesso

gratuito ao rádio e à televisão (art. 17, § 3º, da Constituição).

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O fundo partidário é oficialmente denominado de Fundo Especial de

Assistência Financeira aos Partidos Políticos. Ele é constituído pelos

valores decorrentes de multas e penalidades eleitorais; por recursos

destinados por lei; por doações e também por dotações orçamentárias da

União (nunca inferior, em cada ano, ao número de eleitores inscritos em

31 de dezembro do ano anterior ao da proposta orçamentária,

multiplicados por R$ 0,35).

O acesso gratuito ao rádio e à televisão, por sua vez, é uma

obrigação imposta pela lei às emissoras. Elas devem transmitir a

propaganda partidária, em âmbito nacional e regional, entre as 19:30 e

as 22:00.

OBS. INTERESSANTE: Nem que o partido queira, ele não pode pagar

por mais tempo de propaganda na TV ou no rádio, pois lhe é vedado

realizar propaganda institucional paga.

Você sabe muito bem, meu amigo concursando, que examinador é

sujeito que as vezes joga baixo, tentando te pegar na curva! Por isso,

CUIDADO para esse último alerta: a cláusula de barreira (ou de

desempenho) foi declarada INconstitucional pelo STF.

O que significa isso?

Significa que ela não existe mais. Significa que a lei não pode

condicionar o repasse do fundo partidário ou o acesso ao horário eleitoral

gratuito ou, ainda, o funcionamento parlamentar a um número mínimo de

votos do partido político na eleição.

O Supremo Tribunal Federal já declarou inconstitucional (já expulsou

do mundo jurídico) a lei que reduzia substancialmente o acesso ao fundo

partidário, ao horário eleitoral gratuito e ao funcionamento parlamentar

dos partidos políticos que não atingissem determinado número de votos

na eleição.

Essa lei contraria a Constituição na medida em que massacra as

minorias e tende a levar à extinção os pequenos partidos. E aqui,

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voltamos ao início da aula: numa democracia é salutar a participação

ativa das minorias.

6. Resumo da aula

Meu amigo concursando, se você não prestou muita atenção nesta

aula, ou não sabe em que focar no estudo relativo aos pontos hoje

apresentados, não se preocupe. Esse tópico foi feito pra você!

Ao final de cada aula apresentaremos um resumo global da aula, de

forma que o aluno tenha a noção de quais conteúdos são indispensáveis e

possa, também, consultar todo o material na última semana que antecede

a prova.

Afinal, com o conteúdo tão extenso cobrado nos concursos, você

deve ter uma fonte acessível de resumos.

Então, vamos lá!

Vimos nessa aula 00 que o estudo do direito eleitoral é o principal

instrumento para a implementação da democracia. Democracia não é

outra coisa senão o regime político em que o poder é exercido pelo povo,

é o povo quem governa para o próprio povo: soberania popular. A

Constituição brasileira tem por pilar fundamental a democracia, pois

afirma: “Todo poder emana do povo”.

O Brasil é um regime democrático semidireto. A vontade do povo

(soberania popular) se exterioriza, ora por meio de representantes

eleitos, ora diretamente.

As hipóteses de exercício da democracia direta no Brasil são: (a)

plebiscito: consulta prévia; (b) referendo: consulta posterior; (c) iniciativa

popular: projeto de lei à Câmara subscrito por 1% do eleitorado,

distribuído em ao menos 5 Estados, com não menos de 0,3% dos

eleitores de cada um deles.

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Em sua função administrativa, o TSE tem o poder de regulamentar a

lei eleitoral, de modo que ela seja aplicada uniformemente em todo o

país, esse poder regulamentar é exercido por meio da edição de

Resoluções, que acabam por ser importantes fontes do direito eleitoral.

Ter em mente o princípio da anualidade: “A lei que alterar o processo

eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à

eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”.

O STF afastou a aplicabilidade imediata da LC nº 135/2010 (“Lei da

Ficha Limpa”) às eleições de 2010, pois as novas hipóteses de

inelegibilidade influenciam nas escolhas dos partidos políticos, provocam

surpresas no ano eleitoral e limitam direitos do cidadão-eleitor, do

cidadão-candidato e dos partidos políticos. Desse modo, a lei não poderia

ser aplicada às eleições de 2010.

Os direitos políticos podem ser analisados sob a ótica daquele que

confere o voto (o real titular do poder) e sob a ótica daquele que recebe o

voto (o que receberá o mandato). No primeiro caso, o do eleitor,

tratamos dos direitos políticos ativos (capacidade eleitoral ativa). No

segundo caso, tratamos dos direitos políticos passivos (capacidade

eleitoral passiva).

No primeiro caso diferenciamos sufrágio (o direito de participar) do

voto (exercício concreto do direito) e do escrutínio (“como” o direito é

exercido).

A Constituição informa: “A soberania popular será exercida pelo

sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para

todos, e, nos termos da lei, mediante:”

Há uma exceção ao voto direto: eleição indireta, se ocorrer a

vacância (retirada, saída dos cargos) do Presidente e do Vice (e nos

estados e municípios do Governador e do seu Vice e do Prefeito e do seu

Vice) nos dois últimos anos do governo. Nesses casos, a eleição para

ambos os cargos será feita de forma indireta pelos membros do Poder

Legislativo.

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O voto de cada um tem valor igual: “One man, one vote”.

O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os

analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de 16 e menores de

18 anos.

Direitos políticos negativos: a Constituição veda a cassação de

direitos políticos, mas possibilita a perda ou a suspensão desses direitos.

Nacionalidade: Para ser cidadão (sujeito titular dos direitos

políticos), é preciso ser nacional e adquirir a cidadania por meio do

alistamento eleitoral.

Aquisição da nacionalidade brasileira:

Originária ou primária:

(a) Nasceu no Brasil, desde que não tenha pais estrangeiros a

serviço de seu país (ius soli);

(b) Nasceu no estrangeiro + pai ou mãe brasileiro + um dos pais

está a serviço da República Federativa do Brasil (Ius

sanguinis);

(c) Nasceu no estrangeiro + pai ou mãe brasileiro + registrado no

consulado ou na embaixada do Brasil no exterior (Ius

sanguinis);

(d) Nasceu no estrangeiro + pai ou mãe brasileiro + não foi

registrado em consulado ou embaixada + posterior residência

no Brasil + opção pela nacionalidade + 18 anos (Ius

sanguinis).

Derivada, secundária ou adquirida:

(a) Língua portuguesa + residência por 1 ano + ininterrupta +

idoneidade moral;

(b) Outros países + residência há mais de 15 anos + ininterrupta

+ não incorreu em condenação penal.

Somente haverá diferença entre os brasileiros natos e os

naturalizados ou entre os natos e os portugueses equiparados se houver

previsão expressa na Constituição.

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Restrições aos brasileiros naturalizados

Quais cargos são privativos

de brasileiros natos?

O naturalizado pode

adquirir empresa

jornalística e de

radiodifusão sonora e de

sons e imagens (TV)?

Pode ser extraditado?

Presidente

Vice-Presidente

Presidente da Câmara

Presidente do Senado

Ministro do STF

Carreira diplomática

Oficial das Forças Armadas

Ministro de Estado da

Defesa

Cidadãos do Conselho da

República

Somente se houver

adquirido a condição de

naturalizado há mais de

dez anos.

Brasileiro

nato:

Naturalizado

ou o

portugues

equiparado:

Estrangeiro:

NÃO

SIM, se

praticou

crime comum

antes da

naturalização

ou se

envolveu com

tráfico ilícito

de

entorpecentes

antes ou

depois da

naturalização;

SIM, salvo se o

motivo for crime

político ou de

opinião.

Perda da nacionalidade brasileira: O brasileiro naturalizado perderá a

sua nacionalidade brasileira se atentar contra o interesse nacional. O nato

ou o naturalizado perderá a nacionalidade brasileira se, voluntariamente,

adquirir outra nacionalidade. Nesta última hipótese, a Constituição diz que

não será perdida a nacionalidade brasileira se: (a) a lei estrangeira

reconhecer a nacionalidade originária do brasileiro; ou se (b) a lei

estrangeira impuser ao brasileiro, como condição para permanecer no

território estrangeiro ou para lá exercer os direitos civis, a imposição da

naturalização.

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Elegibilidade: relativa à capacidade eleitoral passiva.

Condições de elegibilidade:

Condições de elegibilidade = NA DIPOLAL DOMEL PAPOLIMIN +

quitação eleitoral (+QUELE).

Como vimos acima, a Constituição veda o alistamento eleitoral dos

estrangeiros e dos conscritos (daqueles estão prestando o serviço militar

obrigatório).

Todas as condições de elegibilidade são aferidas no momento do

registro da candidatura, mas as idades mínimas serão verificadas tendo

por referência a data da posse.

As primeiras hipóteses de inelegibilidades previstas são: os

inalistáveis (= estrangeiros e conscritos) e os analfabetos.

Cuidado, o militar é alistável e elegível. Se ele possuir menos de dez

anos de serviço, deverá afastar-se da atividade para ser elegível. Se ele

possuir mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade

superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação,

para a inatividade.

Outra hipótese de inelegibilidade expressa na Constituição é a dos

parentes de chefes do Executivo: “São inelegíveis, no território de

jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até

o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de

Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I – a nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos;

III – o alistamento eleitoral;

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;

V – a filiação partidária;

VI – a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,

Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

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quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,

salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.”

A lei complementar que trata das hipóteses de inelegibildade é a LC

nº 64/90, recentemente alterada pela LC nº 135/2010 (Lei da Ficha

Limpa).

A Constituição autoriza a reeleição – para o mesmo cargo – dos

chefes do Poder Executivo e de quem os houver sucedido, ou substituído

no curso dos mandatos, para um único período subseqüente.

Reeleição é para concorrer ao mesmo cargo. Para concorrerem a

outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do

Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos

até seis meses antes do pleito (desincompatibilização).

Partidos políticos são entidades de direito privado, formadas por

um grupo de pessoas com uma ideologia comum, com o propósito de

assumir o poder político ou de influenciar as decisões tomadas pelo

Estado.

Diretrizes para a criação de um partido político:

A Constituição não mais obriga aos partidos que se alinhem, no

âmbito municipal e no estadual, conforme as coligações realizadas no

âmbito federal, ou seja, não existe mais no Brasil a verticalização das

coligações, ela existiu apenas para as eleições de 2006.

O STF decidiu que o suplente que ocupará a vaga deixada pelo

titular é o da coligação.

A fidelidade partidária tem dois significados: (I) aquela que impõe ao

membro do partido o dever de seguir as disposições do estatuto do

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,

resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os

direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo

estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

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partido e (II) aquela que impõe ao candidato eleito o dever de

permanecer no partido após assumir o cargo.

A infidelidade partidária em caso de troca ou abandono do partido

após a eleição (II) provoca a perda do mandato. A conseqüência grave

imposta pela infidelidade partidária nesse caso se justifica, pois todo o

sistema eleitoral é estruturado em torno dos partidos políticos.

Essa regra vale também para os eleitos pelo sistema majoritário.

Em ambos os casos (para eleições proporcionais e majoritárias), só

não perderá o mandato aquele que saiu do partido por justa causa:

Incorporação ou fusão do partido; INFU

Criação de novo partido; CRI

Mudança substancial ou desvio reiterado do programa

partidário (não é, simplesmente, apoiar ou não apoiar o chefe

do Executivo, por exemplo, é mudança estrutural ou ideológica

do programa do partido); MUDAPRO

Grave discriminação pessoal. GRADIS

JUSTA CAUSA = INFUCRI MUDAPRO GRADIS.

Os partidos políticos têm direito aos recursos do fundo partidário e ao

acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 17, § 3º, da Constituição).

Último alerta: a cláusula de barreira (ou de desempenho) foi

declarada inconstitucional pelo STF, ou seja, a lei não pode condicionar o

repasse do fundo partidário ou o acesso ao horário eleitoral gratuito ou,

ainda, o funcionamento parlamentar a um número mínimo de votos do

partido político na eleição, sob pena de extinção das minorias.

Hoje ficamos por aqui, espero que tenha gostado e aprendido o

conteúdo apresentado na nossa aula demonstrativa. Encontro você na

próxima aula!

7. Questões comentadas

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1. CONSULPLAN – Assessor Legislativo da Câmara Municipal de Santo

Antônio do Gama/MG – 2010 Analise as afirmativas correlatas:

I. “No Brasil, o sistema eleitoral se fundamenta nos conceitos de

República (sistema de governo) e Presidencialismo (forma de governo).” II. “No Brasil, os poderes estão distribuídos entre o Legislativo, o

Judiciário e o Executivo, sendo que o Executivo é chefiado pelo presidente, que é o mandatário da nação.”

Assinale a alternativa correta: A) Ambas as afirmativas estão incorretas.

B) Apenas a afirmativa I está correta. C) As duas afirmativas estão parcialmente corretas.

D) Apenas a afirmativa II está correta. E) Ambas as afirmativas estão corretas.

2. FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AM

– 2009. Constitui meio de exercício da soberania popular, previsto na

Constituição Federal, dentre outros, (A) a lei delegada.

(B) o plebiscito.

(C) a resolução. (D) a medida provisória.

(E) a lei ordinária.

3. CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008.

Marque a alternativa INCORRETA:

A) São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço de seu

país. B) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou

mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

C) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira

competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela

nacionalidade brasileira. D) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer

nacionalidade, residente na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram

a nacionalidade brasileira.

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E) Aos originários de países de língua estrangeira com residência

permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos

previstos na Constituição da República.

4. CONSULPLAN – Advogado do Município de Santa Maria Madalena – RJ – 2010.

NÃO são Brasileiros natos: A) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais

estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. B) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde

que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. C) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde

que sejam registrados em repartição competente. D) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira desde

que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade

brasileira.

E) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um

ano ininterrupto e idoneidade moral.

5. CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-RS – 2008.

São privativos de brasileiro nato os seguintes cargos, EXCETO:

A) Presidente e Vice-Presidente da República. B) Ministro das Relações Exteriores.

C) Ministro do Supremo Tribunal Federal. D) Oficial das Forças Armadas.

E) Presidente da Câmara dos Deputados.

6. CONSULPLAN – Assessor Jurídico da Companhia de

Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF – 2008

A Constituição Federal assegura ao estrangeiro: A) O acesso a cargos públicos, na forma da lei.

B) O alistamento eleitoral. C) A não extradição por prática de crime contra a vida.

D) O ingresso na carreira diplomática.

E) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

7. CONSULPLAN – Analista Judiciário/outras áreas – TRE-SC – 2008.

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O alistamento eleitoral é vedado aos:

A) Estrangeiros e analfabetos. B) Analfabetos e menores de 16 anos.

C) Menores de 16 anos e conscritos, durante o período de serviço militar

obrigatório. D) Estrangeiros e militares aspirantes a oficiais.

E) Maiores de 70 anos e analfabetos.

8. FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AM

– 2009. João completou 18 anos de idade; Juan é brasileiro naturalizado; Pedro

tem 15 anos de idade e completará 16 anos na data do pleito; Paulo era analfabeto, mas deixou de sê-lo; e Manuel é português e está trabalhando

numa empresa no Brasil. É facultativo o alistamento eleitoral de (A) Juan e Paulo.

(B) Juan e Manuel. (C) Juan e Pedro.

(D) Paulo.

(E) Pedro.

9. FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – TO – 2011

Considere: I. Os analfabetos.

II. Os maiores de setenta anos. III. Os estrangeiros.

IV. Os maiores de dezesseis anos. Podem alistar-se como eleitores as pessoas indicadas

APENAS em (A) I, II e IV.

(B) II, III e IV.

(C) II e IV. (D) III.

(E) III e IV.

10. CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-

RS – 2008.

NÃO é uma condição de elegibilidade a idade mínima de: A) Dezoito anos para vereador.

B) Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal.

C) Trinta e cinco anos para Senador. D) Vinte e um anos para juiz de paz.

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E) Trinta anos para Deputado Federal.

11. FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE

– AP – 2011. Plínio filiado à partido político e brasileiro, de reputação ilibada que

acabara de completar vinte anos de idade no mês de junho de 2008, efetuou o seu alistamento eleitoral na circunscrição eleitoral do Município

de Caju, onde mantinha seu domicilio. A sua intenção era a de concorrer ao cargo de Prefeito no Município de Margarida, nas eleições daquele

mesmo ano, posto que frequentava faculdade na referida Cidade, e era presidente do diretório acadêmico, sendo conhecido e amado pelos

colegas de faculdade e pela maioria dos habitantes da região, com grandes chances de vencer as eleições. Porém, sua candidatura ao

referido cargo foi barrada, porque não preenchia os requisitos de (A) idade mínima de vinte e cinco anos de idade e domicílio eleitoral

referente a um período de dois anos. (B) idade mínima de vinte e um anos de idade e de domicílio eleitoral na

circunscrição do Município de Margarida.

(C) domicílio eleitoral na circunscrição do Município de Margarida e de idade mínima de trinta anos de idade.

(D) pleno exercício dos direitos políticos e de idade mínima de trinta anos de idade.

(E) pleno exercício dos direitos políticos e de idade mínima de vinte e cinco anos de idade.

12. CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-

RS – 2008. Marque a alternativa INCORRETA:

A) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o serviço militar obrigatório, os conscritos.

B) De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil a lei que alterar o processo eleitoral só poderá entrar em vigor após um ano de

sua publicação. C) São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os

parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do

Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e

candidato à reeleição.

D) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem

renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. E) São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

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13. CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE-

RS – 2008. São preceitos que, de acordo com a Constituição da República

Federativa do Brasil, devem ser observados pelos partidos

políticos, EXCETO: A) Vedação à utilização pelos partidos de organização paramilitar.

B) Caráter nacional. C) Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou

governo estrangeiros ou de subordinação a estes, exceto quando for de organismo ligado à proteção dos Direitos Humanos.

D) Prestação de contas à Justiça Eleitoral. E) Funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

14. FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – TO – 2011

O partido político PAAEE só poderá registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral após

(A) adquirir personalidade jurídica, na forma da Lei civil.

(B) receber recursos do fundo partidário ou de qualquer origem. (C) prestar contas à Justiça Eleitoral e aos demais partidos políticos.

(D) prestar contas à União e à respectiva unidade federal. (E) demonstrar à Justiça Eleitoral que não é mantido por organização

paramilitar ou não.

Gabarito:

1. D

2. B

3. E 4. E

5. B 6. A

7. C 8. E

9. A 10. E

11. B 12. B

13. C 14. A

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8. Referências ALMEIDA, Roberto Moreira de. Curso de Direito Eleitoral – 5ª edição, Salvador: JusPodivm: 2011.

CÂNDIDO, Joel José. Direito Eleitoral Brasileiro. 14ª edição, Edipro, 2010. GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 5ª edição, Belo Horizonte: DelRey,

2010. JARDIM, Torquato. Direito Eleitoral Positivo. 2ª edição, Brasília: Brasília

Jurídica. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada. 7ª edição,

São Paulo: Atlas, 2007.

RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral – 11ª edição, Rio de Janeiro: Impetus: 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo – 24ª edição, São Paulo: Malheiros Editores, 2005.

Informativos de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em www.stf.jus.br

Legislação eleitoral anotada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em http://www.tse.gov.br/internet/jurisprudencia/codigo_eleitoral/index.html