noc o es ba sicas de psicopato alunos

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Noções básicas de Psicopatologia Psicologia Aplicada à Saúde Profa Fernanda Canavêz

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  • Noes bsicas de Psicopatologia

    Psicologia Aplicada Sade Profa Fernanda Canavz

  • Psicopatologia

    Definio = Psicopatologia o ramo da cincia que trata da natureza essencial da doena mental, suas causas, as mudanas estruturais e funcionais associadas e suas formas de manifestao

    Pode ser compreendida a partir de diferentes abordagens, como a mdica e a psicanaltica

    Abordagem Mdica = a compreenso acerca da doena mental se d a partir dos sintomas que se manifestam; ento a prpria classificao das doenas orientada pelos sintomas

  • Abordagem mdica

    A classificao mdica dos transtornos psicopatolgicos obedece a critrios estabelecidos por manuais diagnsticos

    H dois grandes manuais, que se apresentam em diferentes verses:

    1. CID (atualmente na dcima verso CID 10) Classificao Internacional de Doenas e

    Problemas Relacionados Sade

  • Exemplos do CID 10

    F32 Episdios depressivos F32.0 Episdio depressivo leve F32.1 Episdio depressivo moderado F32.2 Episdio depressivo grave sem sintomas

    psicticos F32.3 Episdio depressivo grave com sintomas

    psicticos F32.8 Outros episdios depressivos F32.9 Episdio depressivo no especificado

  • Exemplos do CID 10

    L00 L99 Doenas da pele e do tecido subcutneo

    L21.0 Dermatite seborreica do couro cabeludo L21.1 Dermatite seborreica infantil L21.8 Outras dermatites seborreicas L21.9 Dermatite seborreica no-especificada L23 Dermatites alrgicas L23.0 Dermatite alrgica de contato devido a metais L23.1 Dermatite alrgia de contato devido a

    adesivos

  • Abordagem mdica

    2. DSM (atualmente na quarta verso DSM IV) Manual Diagnstico e Estatstico dos Sintomas

    Mentais O exemplo do Transtorno Disfrico Pr-Menstrual (TDPM)

    As caractersticas essenciais so sintomas tais como humor acentuadamente deprimido, ansiedade acentuada, marcante instabilidade afetiva e interesse diminudo por atividades. Esses sintomas ocorreram regularmente durante a ltima semana da fase ltea na maioria dos ciclos menstruais durante o ano anterior. Os sintomas comeam a apresentar remisso dentro de alguns dias aps o incio da menstruao (a fase folicular) e esto sempre ausentes na semana seguinte menstruao.

  • Transtorno Disfrico Pr-Menstrual Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas devem ter estado

    presentes na maior parte do tempo durante a ltima semana da fase ltea, dos quais pelo menos um dos quatro primeiros:

    1) sentimento de tristeza, falta de esperanas ou autodepreciao 2) sentimento de tenso, ansiedade ou "nervosismo"; 3) acentuada instabilidade do humor mesclada com choro

    frequente; 4) irritabilidade persistente, raiva e conflitos interpessoais

    aumentados; 5) reduo do interesse pelas atividades habituais, que pode estar

    associada com retraimento dos relacionamentos sociais; 6) dificuldade em concentrar-se;

  • Transtorno Disfrico Pr-Menstrual 7) sensao de fadiga, letargia ou falta de energia; 8) alteraes acentuadas do apetite, que podem estar

    associadas com compulses alimentares peridicas ou avidez por certos alimentos;

    9) hipersonia ou insnia; 10) sentimento subjetivo de descontrole; 11) sintomas fsicos tais como sensibilidade ou inchao das

    mamas, cefalia ou sensaes de inchao geral ou ganho de peso, com a impresso de que as roupas, sapatos ou anis esto mais apertados. Tambm pode haver dores nas articulaes ou nos msculos. Os sintomas podem ser acompanhados de pensamentos suicidas.

  • Abordagem mdica

    Como vimos, os sintomas orientam a tarefa de diagnosticar um transtorno

    Os sintomas observados em um determinado perodo de tempo preenchem certos requisitos que podem ser suficientes para determinar se um sujeito tem ou no um transtorno

    A teraputica predominantemente orientada pela tarefa de elimao dos sintomas

  • Abordagem psicanaltica

    Abordagem Psicanaltica No so apenas os sintomas que orientam o

    diagnstico, mas o modo de funcionamento do sujeito

    Os sintomas tm um sentido para o sujeito A abordagem psicoterpica no deve buscar

    apenas a eliminao dos sintomas

  • Psicopatologia psicanaltica

    De acordo com o referencial psicanaltico, possvel distinguir trs grandes grupos psicopatolgicos:

    NEUROSE

    PERVERSO

    PSICOSE

  • Neurose

    Estrutura psquica em que os sintomas so a expresso simblica de um conflito psquico e se apresentam como formaes de compromissos entre o desejo e a censura

    H diferentes tipos de neuroses:

    NEUROSE HISTRICA

    NEUROSE OBSESSIVO COMPULSIVA

    NEUROSE FBICA

  • Neurose histrica

    Forma de neurose em que predominam os sintomas de converso

    Os sintomas conversivos podem causar perturbaes da motricidade, distrbios de sensibilidade, distrbios sensoriais, etc

    Os sintomas no resultam de uma afeco orgnica

  • Neurose histrica

    CONVERSO Mecanismo que explica o surgimento dos sintomas

    no corpo; a converso da energia liberada da representao recalcada em inervao somtica

    Inconsciente Consciente

    representao (liberao do corpo recalcada afeto)

  • Neurose histrica Pontos importantes: Significao simblica dos sintomas (os sintomas indicam o que est em questo no

    conflito psquico) Exemplo: fortes dores na lombar (o sujeito se

    queixa do fato de sua vida ser muito pesada)

    Sintomas como formao de compromisso entre o desejo inconsciente e a censura que opera o recalque

  • Neurose histrica

    O sujeito diagnosticado com histeria dificilmente associa o seu sintoma corporal, conversivo, a um conflito psquico

    o que Freud chamava de a bela indiferena das histricas

    O sujeito tende a achar que se trata de uma questo orgnica, que precisa tomar remdios para melhorar

  • Um caso da obra freudiana

    O caso Emma, analisado por Freud, serve para ilustrar uma neurose histrica:

    O sintoma de Emma no conseguir entrar em lojas sozinha. Ela citou uma lembrana que teve da poca quando tinha 12 anos de idade. Entrou em uma loja para comprar algo, viu dois vendedores rindo juntos e saiu correndo tomada por uma espcie de susto. Acabou recordando que os dois estavam rindo das roupas dela e que havia sentido atrao sexual por um deles.

    [A princpio Freud no v relao entre os elementos: riso das roupas, dificuldade para entrar em lojas sozinha, atrao sexual por um dos vendedores]

  • O caso Emma Posteriormente Emma tem uma segunda lembrana. Aos 8 anos de

    idade foi duas vezes comprar doces em uma loja e o proprietrio, logo na primeira vez, agarrou-lhe os genitais por cima da roupa. Apesar disso, Emma voltou na loja, como se tivesse querido provocar o atentado.

    [Freud ento consegue relacionar as duas cenas: O riso dos vendedores na segunda cena, aos 12 anos, fez com que Emma se lembrasse do sorriso do proprietrio da primeira cena, aos 8 anos.

    O riso dos vendedores fez com que Emma evocasse inconscientemente a lembrana do proprietrio. Nas duas situaes ela estava sozinha.

    A lembrana evocou o que ela certamente no estaria apta a sentir na ocasio, uma liberao sexual, que se transformou em angstia (OBS: Na segunda cena ela pde sentir devido entrada na puberdade).

  • No cinema... Um mtodo perigoso

  • Neurose obsessiva-compulsiva

    Forma de neurose em que predominam os sintomas obsessivos

    O conflito psquico exprime-se por sintomas chamados compulsivos (ideias, compulso a realizar atos indesejveis, luta contra esses pensamentos, ritos, etc) e por um modo de pensar caracterizado por ruminao mental, dvida, escrpulos e que leva a inibies do pensamento e da ao

  • Neurose obsessiva-compulsiva

    Obsesso Mediante o recalque, a carga afetiva se desloca da representao dolorosa, aflitiva, para ser investida em outra representao consciente (que se torna, ento, invasiva na vida do neurtico)

    Trata-se do mecanismo de formao da ideia fixa obsessiva

  • Um caso da obra freudiana O caso popularizado como Homem dos ratos (Anlise de uma

    fobia em um menino de cinco anos, 1909) pode ser considerado um caso de neurose obsessiva-compulsiva:

    (...) Outras obsesses do paciente, no entanto, apesar de tambm estarem centradas em sua dama, mostravam um mecanismo diverso e deviam sua origem a uma pulso diferente. Certo dia, passeando de barco em companhia dela, soprava um fortssimo vento, e ele teve de obrig-la a pr o gorro dele, pois se formulara em sua mente a ordem que nada deveria acontecer a ela. Isto era uma espcie de obsesso de proteger, e teve outros efeitos alm deste. Em outra ocasio, durante uma tempestade, enquanto estavam sentados juntos, ele ficou obcecado, e no era capaz de saber a razo, com a necessidade de contar at quarenta, ou cinquenta, no intervalo entre um raio e o trovo que o seguisse.

  • O homem dos ratos No dia em que ela devia partir, ele bateu com o p numa pedra da estrada,

    e foi obrigado a afast-la do caminho, pondo-a beira da estrada, pois lhe veio a idia de que o carro dela iria passar, dentro de poucas horas, pela mesma estrada e poderia acidentar-se nessa pedra. Contudo, minutos depois, pensou que era um absurdo, e foi obrigado a voltar e restituir a pedra sua posio original, no meio da estrada.

    Todos esses produtos de sua doena dependiam de uma determinada circunstncia que, naquela poca, regia as suas relaes com a dama. Em Viena, ao despedir-se dela, antes das frias de vero, ela dissera algo que ele interpretou como um desejo, da parte dela, de rejeit-lo; e isso deixou-o muito triste.

    As outras ordens compulsivas mencionadas nos deixam no rastro desse outro elemento. Sua obsesso de proteger s pode ter sido uma reao como uma expresso de remorso e penitncia a um impulso contrrio, ou seja, hostil, que ele deve ter sentido com relao a sua dama. (...)

  • No cinema... Melhor impossvel

  • Neurose fbica

    Fobias so medos irracionais e persistentes de um objeto, atividade ou situao especficos.

    Envolvem medos que no tm justificativa na realidade (por exemplo, medo de espaos abertos) ou medos superdimensionados (por exemplo medo extremo de barata).

    O sujeito tem conscincia de que seu medo irracional, mas isto no suficiente para que deixe de senti-lo.

  • Neurose fbica MECANISMO DE FORMAO DO OBJETO FBICO

    Inconsciente Consciente

    representao (liberao do eu recalcada afeto)

    o afeto projetado no mundo externo e permanece fixado em um elemento definido (barata, avio, multido) que se torna o objeto fbico

  • Um caso da obra freudiana

    Hans era um menino de quatro anos e meio vivia cheio de questionamentos sobre: os rgos sexuais, sobre as diferenas anatmicas entre o homem e a mulher. Sobre o nascimento de bebs e envolvido por uma srie de fantasias ligadas masturbao e ao sentimento de castrao.

    A vivncia da sexualidade infantil despertou em Hans o temor de castrao e intensa ansiedade que foi deslocada para um objeto fbico no mundo externo (cavalos), desencadeando o desenvolvimento de uma fobia.

  • A fobia da vida cotidiana...

  • Psicose

    A psicose um espectro que tem dois plos: o plo da despersonalizao e o plo da desrealizao. Toda psicose formada por um conjunto de alteraes do conhecimento do indivduo sobre o prprio eu e sobre o mundo em que ele se encontra.

    o que se chama comumente de loucura.

  • Psicose Principais sintomas: Alucinaes so percepes reais de um objeto inexistente, ou

    seja, so percepes sem um estmulo externo. Dizemos que a percepo real, tendo em vista a convico inabalvel que a pessoa manifesta em relao ao objeto alucinado, portanto, ser real para a pessoa que est alucinando. Apresenta-se em qualquer modalidade sensorial: visual, olfativa, gustativa, ttil ou auditiva.

    Delrios juzo patologicamente falso da realidade. Esse juzo falso deve apresentar trs caractersticas:

    1 - deve apresentar-se como uma convico subjetivamente irremovvel e uma crena absolutamente inabalvel;

    2 - deve ser impenetrvel e incompreensvel para o indivduo normal, bem como, impossvel de sujeitar-se s influncias de correes quaisquer, seja atravs da experincia ou da argumentao lgica e;

    3 - impossibilidade de contedo plausvel.

  • Um caso da obra freudiana O caso de Daniel Paul Schreber foi um dos casos mais

    emblemticos de Freud, j que eles nunca se encontraram. Sua anlise sobre o caso foi publicado em Notas psicanalticas sobre um relato de parania (1911), depois da leitura do livro de Schreber, Memrias de um doente dos nervos (1903).

    Schreber era um renomado jurista que comeou a apresentar sinais de distrbios mentais aps a sua derrota para ser candidato do partido conservador. Seu livro apresenta um sistema delirante de uma pessoa perseguida por Deus. Seu discurso apontava para uma existncia terrvel: sem estmago, laringe, perseguies de pssaros etc. Ele se transformaria em uma mulher que engravidaria de Deus.

  • No cinema... Uma mente brilhante