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[ 1 / 7 ] Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017 Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1 Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3 Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 4 Destaques na Comunicação Social p. 4 Estudos e Publicações p. 5 Tema Destaque: Benchmark do estado de saúde em Portugal p. 5 Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos Mercado Ambulatório Evolução do Mercado Farmacêutico Em Outubro, o mercado ambulatório voltou ao crescimento em termos homólogos, quer em valor,4,1%, quer em volume, +3,6%, totalizando 169,1 M€ e 22,4 milhões de embalagens. No YTD 2017, o mercado ambulatório mantém a dinâmica de crescimento em valor, 1,4%, e de contracção, em volume, -0,2%. Esta dinâmica resulta sobretudo da evolução registada nas classes dos antidiabéticos orais e dos novos anticoagulantes, imprimindo aumento do valor do segmento dos medicamentos de marcas (+1,6% em V.H.). Desta forma o preço médio unitário (a PVA), no YTD 2017, de 7,54 euros, apresenta um crescimento homólogo de 1,6%, em resultado sobretudo da alteração do mix de medicamentos vendidos. As classes terapêuticas (ATC3) no Top 5 de vendas, em valor, são as que abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas mais comuns, e totalizam 21,4% das vendas no YTD 2017. Todavia, apresentam variações homólogas distintas, com os Antipsicóticos a registar o maior crescimento em volume, e em sentido inverso, os Anti-hipertensores a registar decréscimo em volume, que se reflecte na evolução negativa do valor da classe. Os Inibidores da DPP-IV são o que registam maior crescimento em valor. De ressalvar que o 6ª lugar em valor de vendas é ocupado pelos anticoagulantes orais, que registam o maior crescimento homólogo de todas as classes, cerca de 27%, resultante de similar crescimento em volume. Mercado de Genéricos O mercado de genéricos registou, em Outubro, vendas de 31,4 milhões de euros (a PVA), correpondente a um aumento homólogo de +5,6%, resultado da dispensa de 6,6 milhões de embalagens, a que corresponde também um crescimento face ao mesmo periodo de 2016 de 4,8%. No YTD 2017, os genéricos registam vendas globais de 300,1 M€, +0,4% em termos homólogos, com a dispensa de um total de 62,9 milhões de embalagens, -0,1%. A quota dos genéricos no mercado ambulatório total de 18,7% em valor e 29,5% em volume (nº de embalagens). O preço médio unitário, no acumulado do ano, dos medicamentos genéricos (MG) é de 4,77 euros, um aumento em termos homólogos de 0,4%. Mercado (PVA) Out.17 V.H. (%) YTD 2017 V.H. (%) M. Valor (M€) 169,1 4,1% 1.606,1 +1,4% M. Volume (M. Emb.) 22,4 3,6% 213,1 -0,2% Preço médio unitário 7,55 0,4% 7,54 +1,6% Fonte: IMS; Valores a PVA

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1

Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3

Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 4

Destaques na Comunicação Social p. 4

Estudos e Publicações p. 5

Tema Destaque: Benchmark do estado de saúde em Portugal p. 5

Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos

Mercado Ambulatório

Evolução do Mercado Farmacêutico

Em Outubro, o mercado ambulatório voltou ao crescimento em termos

homólogos, quer em valor,4,1%, quer em volume, +3,6%, totalizando 169,1

M€ e 22,4 milhões de embalagens.

No YTD 2017, o mercado ambulatório mantém a dinâmica de crescimento

em valor, 1,4%, e de contracção, em volume, -0,2%. Esta dinâmica resulta

sobretudo da evolução registada nas classes dos antidiabéticos orais e dos

novos anticoagulantes, imprimindo aumento do valor do segmento dos

medicamentos de marcas (+1,6% em V.H.).

Desta forma o preço médio unitário (a PVA), no YTD 2017, de 7,54 euros,

apresenta um crescimento homólogo de 1,6%, em resultado sobretudo da

alteração do mix de medicamentos vendidos.

As classes terapêuticas (ATC3) no Top 5 de vendas, em valor, são as que

abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas

mais comuns, e totalizam 21,4% das vendas no YTD 2017. Todavia,

apresentam variações homólogas distintas, com os Antipsicóticos a registar

o maior crescimento em volume, e em sentido inverso, os Anti-hipertensores

a registar decréscimo em volume, que se reflecte na evolução negativa do

valor da classe. Os Inibidores da DPP-IV são o que registam maior

crescimento em valor. De ressalvar que o 6ª lugar em valor de vendas é

ocupado pelos anticoagulantes orais, que registam o maior crescimento

homólogo de todas as classes, cerca de 27%, resultante de similar

crescimento em volume.

Mercado de Genéricos

O mercado de genéricos registou, em Outubro, vendas de 31,4 milhões de euros (a PVA), correpondente a um aumento homólogo de +5,6%, resultado da dispensa de 6,6 milhões de embalagens, a que corresponde também um crescimento face ao mesmo periodo de 2016 de 4,8%.

No YTD 2017, os genéricos registam vendas globais de 300,1 M€, +0,4% em termos homólogos, com a dispensa de um total de 62,9 milhões de embalagens, -0,1%. A quota dos genéricos no mercado ambulatório total de 18,7% em valor e 29,5% em volume (nº de embalagens). O preço médio unitário, no acumulado do ano, dos medicamentos genéricos (MG) é de 4,77 euros, um aumento em termos homólogos de 0,4%.

Mercado (PVA) Out.17 V.H. (%) YTD 2017 V.H. (%)

M. Valor (M€) 169,1 4,1% 1.606,1 +1,4%

M. Volume (M. Emb.) 22,4 3,6% 213,1 -0,2%

Preço médio unitário 7,55 0,4% 7,54 +1,6%

Fonte: IMS; Valores a PVA

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

Considerando apenas o mercado comparticipado, os valores, sobem para os 21,6% em valor e 40,5% em volume unitário (n. de unidades), sendo que o mercado concorrencial comparticipado regista uma quota em volume unitário de 70,5%. Estes valores têm-se mantido estáveis ao longo dos últimos meses.

De acordo com os dados do INFARMED e ACSS, a quota dos genéricos no mercado do SNS é, no acumulado, Jan.-Set. de 2017, de 47,5% em volume unitário e 52,5% em DDD (dose diária definida).

Evolução dos Encargos do SNS

De acordo com os dados disponibilizados pelo INFARMED, os encargos do

SNS com medicamentos dispensados na farmácia registaram, em Setembro,

um crescimento homólogo de 1,7% em valor e 3,1% e volume, a que

corresponde 99,5 M€, resultado da dispensa de 12,3 milhões de

embalagens.

No YTD de 2017, o SNS regista uma despesa acumulada total com

medicamentos dispensados na farmácia de 905,5 M€, a que equivale um

crescimento de 2,3% nos encargos, resultante da venda de 117 milhões de

embalagens, +1% que em igual período de 2016.

De acordo com o CEFRAR, o nº médio de embalagens por receita médica,

no YTD 2017, é de 1,80, o que representa um crescimento face a igual

período do ano transacto de 4,8%.

Já o encargo médio por receita cifra-se em 14,23 euros, um aumento de

6,9% face ao YTD 2016.

A taxa média de comparticipação é no YTD 2017 de 64,1%, o que

corresponde a um aumento de 0,3 p.p. face ao período homólogo.

Mercado Hospitalar

Evolução do Mercado Hospitalar do SNS

De acordo com os dados disponibilizados pelo INFARMED, os encargos do

SNS com medicamentos hospitalares totalizaram, em Setembro de 2017,

compras acumuladas de 868,5 milhões de euros. A este valor corresponde

um consumo de 183,28 milhões de unidades CHNM, -0,4% em termos

homólogos.

No que se refere às áreas terapêuticas, a Oncologia, é a mais relevante, com

um peso de 24,7% da despesa, e é também a que regista maior aumento

homólogo, +13,7%, sendo seguida do VIH, com uma quota de 19,3%, mas

que está em redução do valor de consumo em -3,7%. A dinâmica mensal,

com excepção do mês de Fevereiro, tem sido de crescimento em termos

homólogos.

O INFARMED publica o consumo de biossimilares a nível hospitalar, e no

YTD 2017, a Setembro, a quota global, em termos de unidades, é de 39,3%,

mas com variações importantes dependendo da DCI.

Fonte: IMS; Valores a PVA

Fonte: INFARMED e CEFAR (valores a PVP); YTD 2017 (Jan.-Set.)

Fonte: ACSS e INFARMED; Estes valores não consideram os dois medicamentos inovadores para tratamento da Hepatite C da empresa Gilead.

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica

A monitorização do valor da dívida das entidades públicas à Industria

Farmacêutica, realizada pela APIFARMA junto das suas associadas,

continuou a registar em Setembro aumento, com o valor total de dívida

em 1.037,8 M€, correspondendo a um acréscimo de 229,8 M€ desde

Janeiro.

A dívida vencida foi de 796,8 M€, o que corresponde a 76,8% do total.

De acordo com a DGO, os pagamentos em atraso, i.e., a dívida à mais

de 90 dias, dos hospitais EPE a fornecedores externos totalizou, em

Setembro, 961 M€, mais 58 M€ que em Agosto.

Conjuntura Macroeconómica e Política

Evolução dos Indicadores Económico-Financeiros

A variação homóloga do índice de preços no consumidor (IPC) em Outubro

manteve um crescimento igual a Setembro, de 1,4%.

Nas classes com contribuições positivas para a variação homóloga do IPC,

salientam-se a dos Restaurante e hotéis e a dos Transportes. A classe do

Vestuário e calçado destacou-se, claramente, nas classes com contributos

negativos para a evolução do IPC.

A variação média dos últimos doze meses fixou-se em 1,2%, taxa igual à

registada no mês anterior.

A taxa de desemprego do 3.º trimestre de 2017 foi de 8,5%. Este valor é

inferior em 0,3 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 2,0 p.p.

ao do trimestre homólogo de 2016.

Face a igual trimestre de 2016:

(i) A população desempregada diminuiu 19,2% (105,5 mil), prolongando o

ciclo de decréscimos homólogos iniciado no 3.º trimestre de 2013;

(ii) A taxa de desemprego dos jovens (15 a 24 anos) diminuiu 1,9 p.p;

(iii) A proporção de desempregados à procura de emprego há 12 e mais

meses (longa duração) diminuiu 5,8 p.p.

Proposta de Orçamento do Estado para 2018 – Saúde

A proposta de Orçamento do Estado para 2018 (POE 2018), apresentada em Outubro de 2017, prevê, para 2018, menos 51,3 milhões de euros

de transferências para o SNS, face à estimativa de dotação total no ano de 2017. O Programa da Saúde, na sua globalidade, cresce 2,4% para

os 10.289,5 milhões de euros, 1,3 pontos percentuais abaixo do crescimento da proposta do ano passado, e em contraciclo com o crescimento

previsto para o PIB nominal, traduzindo-se num desinvestimento público na saúde.

Fonte: APIFARMA - empresas associadas (medicamentos e de DiV)

Fonte: INE

808844,6

891,5 909,4 924,3 930,8974,9

1008,21037,8

562,3597,9

637 649,5 661,8 668,4714,6

761,2796,8

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set2017

Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica – M€

0,5 0,6

1,4 1,41,1

1,4

0,4

-0,6-0,3

0,6 0,70,9

1º T 2º T 3ºT Out.

2015 2016 2017

Índice de Preços no Consumidor - V.H. (%)

Total Saúde

12,411,1

10,18,8 8,5

1ºT 2ºT 3ºT

2015 2016 2017

Taxa de desemprego (%)

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

No que diz respeito à dívida hospitalar a fornecedores externos, a nota explicativa do Ministério da Saúde refere que “ (…) espera-se que até

final de 2017 venham a ser feitas injeções excecionais de verbas para reduzir o atual stock dos pagamentos em atraso, procedimento que

será continuado em 2018”.

Estão previstas medidas na área da saúde com impacto estimado de redução de despesa em 166 M€, concentrando-se essencialmente na

poupança obtida através da regularização da dívida.

Das propostas de lei apresentadas para a área da saúde, destacamos:

1. Aumento da quota de medicamentos genéricos para 53% (Artigo 135º);

2. Consignação da receita obtida com o imposto sobre as bebidas não alcoólicas ao setor da saúde (Artigo 184º);

3. Manutenção da contribuição sobre a indústria farmacêutica (Artigo 235º).

Conjuntura Legislativa e Regulamentar

Legislativa

Regulamento do Programa de Acesso Precoce a medicamentos

- Foi publicado, pelo INFARMED, I.P., a Deliberação n.º 80/CD/2017

que aprova o Programa de acesso precoce a medicamentos (PAP)

para uso humano sem Autorização de Introdução no Mercado em

Portugal.

Regulamentar

Medicamentos comparticipados – Lista dos novos medicamentos

comparticipados com início de comercialização a 1 de Outubro,

fornecida pela Direcção de Avaliação das Tecnologias de Saúde

(DATS) do INFARMED, I.P..

Destaques na Comunicação Social

Em Outubro assistimos ao início da discussão das intenções para o

Orçamento do Estado (OE) para 2018. No que à Saúde diz respeito,

Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde, afirmou que terá

mais dinheiro mas, ainda assim, insuficiente para todas as

reivindicações dos profissionais do sector.

Nota ainda para o anúncio do Governo sobre a realização de uma

dotação extraordinário para a Saúde no final do ano para regularizar

pagamentos em atraso e sanear dívidas. Campos Fernandes

anunciou ainda, face aos alertas da Comissão Europeia e da

Direcção-Geral do Orçamento, um plano de redução das dívidas na

Saúde.

Apesar da notícia, os agentes da Saúde mostraram a sua decepção

em relação à dotação prevista no OE para a área da Saúde.

Reiteraram, por isso, a denúncia da insuficiência de recursos e a falta

de investimento público, mantendo-se o quadro evidente de

subfinanciamento da Saúde.

No fim do mês a imprensa deu eco ao valor da dívida dos hospitais às

farmacêuticas, que ultrapassou os mil milhões de euros e do recuo do

Governo na contribuição extraordinária sobre os dispositivos médicos.

Também a candidatura nacional à sede da Agência Europeia do

Medicamento ocupou o espaço mediático com a publicação de

inúmeros estudos ao longo do mês, de diversas fontes, dedicados a

analisar as potencialidades dos países candidatos. A Associação

Comercial do Porto, por exemplo, deu nota do facto de esta cidade

reunir os requisitos técnicos para receber a EMA. Porém, outros

relatórios afastavam-na de favorita em Bruxelas.

Evolução do PIB vs Programa da Saúde

8.478,7 M€

8.427,4 M€

- 51,3 M€

- 0,6%

2017 (estimativa final

de dotação)

2018 (Proposta de

dotação OE 2018)

PIB

Programa da Saúde

Proposta de OE para 2017 Proposta de OE para 2018

Var

iaçã

o

Hom

ólog

a

3,0%

3,7% 3,6%

2,4%

Transferências para o SNS

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

Estudos e Publicações

O Sector da Saúde - Organização, Concorrência e Regulação –

Realizou-se no dia 11 de Outubro a apresentação do livro elaborado

com o patrocino do Conselho Estratégico Nacional da Saúde da CIP.

PHARMA INNOVATION– Produzido pela Euractiv com o apoio da

EFPIA, foi publicado em Outubro este relatório sobre as actuais

ferramentas e incentivos legislativos da UE que visam facilitar o

investimento no desenvolvimento de medicamentos.

WORKING TOGETHER WITH PATIENT GROUPS - Nos últimos

anos, muitas empresas da Indústria Farmacêutica têm vindo a

desenvolver novas formas de incorporar a relação com as

Associações de Doentes de forma ética e transparente. A EFPIA

publicou o resultado de um Think Thak que realizou sobre o tema.

Conheça o relatório.

Tema Destaque: Benchmark do estado de saúde em Portugal

Com base nos dados mais recentes da OCDE, é possível actualizar a comparação do estado de saúde dos portugueses face à média europeia,

podendo identificar-se a existência de hiatos ou melhores práticas. Os indicadores mais relevantes nesta análise são a esperança média de vida,

total e em anos de vida saudável depois dos 65 anos, a mortalidade e suas causas, e a incidência de patologias específicas, como o cancro, a

diabetes e a demência.

Em 2015, Portugal registou uma esperança média de vida à nascença de 81,2 anos, superando a média da UE em 1,2 anos. A Espanha surge no

primeiro lugar na UE, com 83 anos, com a Lituânia a ser o país da UE com menor valor, 74,5 anos.

Face a 1970, a esperança média de vida cresceu em Portugal 14,5 anos, crescimento superior em 5,5 anos face à média da União Europeia. Já em

relação ao ano 2000 o aumento foi de 4,3 anos, mais uma vez superior ao da média da UE.

Considerando a diferença entre os sexos, verifica-se que nas mulheres a esperança média de vida é maior, tendo atingido os 84,3 anos, mais 14,6

anos do que em 1970 e, nos homens de 78,1 anos, mais 14,5 o que em 1970. Na UE verificou-se a mesma tendência.

Apesar de Portugal registar uma esperança média de vida superior à média da UE, no que diz respeito aos anos de vida saudável depois dos 65

anos, posiciona-se na cauda da Europa, com apenas 6,2 anos, menos 2,6 anos que a média. Apenas três países Europeus estão abaixo de Portugal:

Hungria, Estónia e Letónia. A Suécia destaca-se, claramente, face aos restantes países europeus, com 16,3 anos de vida saudável após os 65 anos.

Esperança média de vida

Anos de vida saudável depois dos 65 anos

Esperança Média de Vida à Nascença

Fonte: OCDE

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

Em 2015, 18%, da população portuguesa considerou que o seu

estado de saúde é “Mau ou Muito Mau”, o valor mais alto para esta

categoria no universo dos países da OCDE e o dobro da média da EU.

Apenas 46,4% da população reportou um estado de saúde “Bom ou

Muito Bom”, restando apenas 3 países da OCDE com este indicador

abaixo de Portugal.

Em sintonia com os anos de vida saudável depois dos 65 anos, Portugal

fica substancialmente abaixo da União Europeia no que diz respeito ao

estado de saúde percecionado em adultos com mais de 65 anos:

apenas 12,7% da reporta estar em “Bom ou Muito Bom" estado de

saúde, contra 38% na média da União Europeia. No seio da UE, apenas

a Letónia ficou abaixo de Portugal neste indicador.

I) Portugal registou o pior resultado na UE no que diz

respeito à prevalência de diabetes, com 9,9% dos

adultos (entre os 20 e os 79 anos) a viverem com

diabetes do tipo 1 ou 2. A média da UE ficou nos 6,1%

dos adultos com diabetes, com a Lituânia a registar a

taxa mais baixa, de 4,0%.

II) No que diz respeito à prevalência de demência, Portugal registou, em 2017, 19,9 pessoas com demência por cada 1000 habitantes.

Apenas a Alemanha e Itália registaram piores prestações, dentro da UE. O cenário para 2037, de acordo com os dados da OCDE,

será mais grave: Portugal deixará apenas Itália com pior prestação e aumentará a distância para a média da UE, atingindo as 31,3

pessoas por cada 1000 habitantes.

III) Incidência do Cancro em Portugal, em 2012, em termos globais, estava abaixo dos valores médios europeus, mas a sua evolução

recente está em linha com a média europeia. Já analisando por tipo de cancro, para os mais relevantes, se verificam algumas

diferenças mais acentuadas, nomeadamente no pulmão e próstata, onde Portugal está substancialmente melhor.

Estado de saúde percepcionado

Incidência / Prevalência de Patologias

Estado de saúde percepcionado em adultos depois dos 65 anos

12,7

%

38,0

%

Fonte: OCDE

Prevalência de diabetes - 2015

% Adultos (20 a 79 anos)

6,1

9,9

Média UE PortugalFonte: OCDE

Inci

dên

cia

de

can

cro

em

Po

rtu

gal

- 2

012

Fonte: OCDE; Incidência por 100.000 habitantes, padronizada à idade

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Boletim de Conjuntura Nº36 Outubro 2017

Em 2014, a principal causa de morte, padronizada à idade, em

Portugal, assim como na média dos países da União Europeia, foi o

cancro, sendo responsável por 26% das mortes nos dois casos.

Todavia em termos absolutos, e comparando com 2000, registaram-se

reduções neste indicador, em Portugal uma diminuição de -4,2%, e na

EU de -11,4%.

Nas restantes causas de morte, Portugal destacou-se pelo baixo nível

de mortalidade associado à doença cardíaca isquémica (7% das

mortes em 2104) quando comparado com a União Europeia (17%). No

entanto, a média da UE está claramente a ser penalizada por alguns

países de leste, dado que a média da UE15 se situa nos 9,5%.

No caso da mortalidade por Diabetes, Doenças respiratórias e AVC o

seu peso relativo na mortalidade em Portugal manteve-se entre 2000

e 2014.

Por outro lado, apesar do nível de demência ser reduzido quando

comparado com o total, o número de mortes registado em 2014 foi

mais de 6 vezes maior ao registado em 2000. Este aumento também

se fez sentir na média dos países da UE, mas com muito menos

intensidade, crescendo cerca de 59% no mesmo período.

Sumário: Dos dados apresentados pode-se concluir que Portugal tem, em termos macro, bons indicadores de saúde quando comparado com os

países europeus, nomeadamente se se cruzar com os respectivos gastos públicos com saúde. Todavia, quando analisado mais detalhadamente,

nomeadamente em termos de estado de saúde percepcionado e anos de vida saudável depois dos 65 anos, verifica-se que a realidade é mais

complexa. Acresce que a prevalência de doenças crónicas e impactantes, como a demência e diabetes, é das maiores em Portugal.

Face à evolução demográfica perspectivada, em que Portugal apresenta um elevado nível de envelhecimento e em aceleração, conjugado com a

prevalência de patologias crónicas, a pressão sobre o sistema de saúde tenderá a aumentar fortemente, e se o investimento não for ajustado

comprometerá a actual posição relativa de Portugal no que se refere ao estado de saúde.

Aliás a figura abaixo permite verificar a dependência entre o investimento público em saúde e a os anos de vida saudável após os 65 anos, verificando-

se que países com maior gasto per capita público em saúde conseguem manter a sua população idosa mais tempo saudável.

A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) foi fundada em 1975, sucedendo ao Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas, instituição

criada em 1939. Actualmente, representa mais de 120 empresas responsáveis pela Produção e Importação de Medicamentos para Uso Humano e Veterinário, Vacinas, e Diagnósticos

In Vitro

Mortalidade e principais causas

Principais causas de morte em Portugal (%) - 2014

Fonte: OCDE; per 100.000 habitantes, padronizado à idade

Fonte de dados: OCDE

2015