nº 392 edição brasil
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AméricaEconomia: Revista de Economia e Negócios Latino-americanaTRANSCRIPT
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Banco de Chile
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DESAFIOS DO CRESCIMENTOA MISSÃO DO NOVO PRESIDENTE
ARGENTINAGOVERNO PERDE PODER
FUNDOS DE PENSÃODIVERSIFICANDO ATIVOS
BANCO DO BRASIL REASSUME LIDERANÇA DO RANKING E BUSCA
OPORTUNIDADES NO EXTERIOR
MAIORES250da América
LatinaBANCOS
AE 392 capa.indd 1 9/24/10 3:42:12 AM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 3
nesta edição
Seções Portal
Carta ao Leitor
Cartas
Índice de Empresas
Pistas
Negócio Fechado
Movimentos
Opinião – Caio Megale
I-biz
Clics & Chips
Opinião – Humberto Mariotti
Linha Direta
04 06 08 08 10 12 26 56 76 78 80 82
Negócios Vinhos
Concha Y Toro ao gosto do Manchester United
Biodiversidade
Falta de marco legal prejudica negócios
Aviação
Mercado foca na América Latina
141822
Debates Economia
Os desafi os do próximo governo
Argentina
A queda de braço entre a presidente e o Congresso
Mercosul
Bitributação com os dias contados
626668
Finanças Fundos de pensão
Diversifi cando a carteira de investimentos58
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ESPECIAL Bancos Os Melhores e Maiores da América Latina
Banco do Brasil reassume liderança
Balanço do ranking
Instituições mostram força depois da crise
Os 25 melhores
Santander Chile se mantém no topo
Os 250 maiores
Brasileiros novamente são destaque
Bancos verdes
Projetos sustentáveis em foco
3642434854
ESPECIAL Telecomunicações Futurecom
Banda larga é estrela principal70
66
40
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4 AméricaEconomia Outubro, 2010
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No topo dos investimentosA ONU apontou o Brasil como o terceiro país em que as empresas mais pretendem investir até 2012. A pesquisa, feita com 236 multinacionais e 116 agências de promoção de investimentos, foi anunciada durante reunião da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A China ficou em primeiro lugar, indicada por mais de cem empresas, seguida pela Índia. O Brasil teve 70 indicações. Segundo o Banco Central, o país já recebeu US$ 14,7 bilhões só nos primeiros sete meses de 2010.
Menos fomeEm artigo para AméricaEconomia, José Graziano da Silva, representante da Or-ganização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) na Amé-rica Latina e no Caribe, comenta o relatório da FAO que indica a primeira queda no número de pessoas subnutridas no mundo nos últimos 15 anos. Ele aponta, porém, que a América Latina, que tem a produção agropecuária como motor de crescimento, sofre o paradoxo de ter 29,5% da população rural como indigente.
TV paga para todosMais de 28 milhões de brasi-leiros têm acesso à TV paga no país. Isso significa 15,1% da população, de acordo com a Agência Nacional de Teleco-municações (Anatel), ou 8,6 milhões de domicílios com TV por assinatura. O maior crescimento é registrado na TV paga via satélite, que tem abrangência de 42,2%. A TV a cabo, no entanto, ainda es-tá na liderança, com 53,9% do mercado.
A classe média não para de crescer no país. A pesquisa “A Nova
Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres” – divulgada pela Funda-
ção Getulio Vargas (FGV) – mostra que 29 milhões de pessoas migra-
ram para a classe C entre 2003 e 2009. Desse total, mais de 3 milhões
cruzaram a fronteira entre 2008 e 2009, momento em que o mundo
atravessava a fase mais aguda da crise financeira. O pesquisador Marcelo
Nery, que comandou o estudo, diz que essa camada, com renda entre R$
1.126 e R$ 4.854, representa mais da metade da população brasileira, e seu
poder de compra só tem aumentado. O levantamento foi feito com base
em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mais brasileiros na classe média
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carta ao leitor
6 AméricaEconomia Setembro, 2010
Os mais robustos da América Latina
A tivos de quase US$ 3 trilhões (no ano fechado em 31 de ju-
nho) e um crescimento de 14% em relação ao período an-
terior e muito acima do alcançado antes da crise. De fato, os ban-
queiros latino-americanos não têm do que se queixar. Esta edição
de AméricaEconomia que você tem em mãos traz o Ranking dos
250 Maiores Bancos da América Latina, estudo realizado anual-
mente pela empresa AméricaEconomía Intelligence. Os resulta-
dos do ranking demonstram que as fi nanças da região estão mais
sólidas e menos vulneráveis às pressões econômicas. O estudo
revela também as 25 instituições fi nanceiras que apresentaram
o melhor desempenho.
Transformando a crise em oportunidade, o Banco do Brasil
reassume a liderança do ranking e se consagra como o maior
banco da América Latina. Com um total de US$ 362 bilhões em
ativos, o BB foca sua estratégia na internacionalização e mira
mercados como África, América do Sul e Estados Unidos.
Além do excelente desempenho do Banco do Brasil, as de-
mais instituições fi nanceiras no país não decepcionam e ocupam
as cinco primeiras posições no estudo.
O fi m da bitributação no Mercosul, as perspectivas para o
mercado de aviação na América Latina, os desafi os econômicos
do próximo presidente brasileiro e a queda de braço na Argentina
entre a presidente e o Congresso são outros temas desta edição.
Aproveite a leitura.
José Roberto Maluf
ASSINATURAS Central de AtendimentoTel: 55 11 3512-9492, de 2a a 6a feira, das 9h às 18h. Site: www.assineamericaeconomia.com.br. Atendimento: www. assineamericaeconomia.com.br/faleconosco. Cartas: Rua Ferreira de Araújo, 202 – 12o andar – CEP 05428-000 – São Paulo/SP Valores de assinatura: Por 1 ano: R$ 96,00 / Por 2 anos: R$ 170,90
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PUBLISHERJosé Roberto Maluf
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CIRCULAÇÃOGabriela Beraldo
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AMÉRICAECONOMÍA INTERNACIONALDiretor: Elias Selman CarranzaVice-presidente Executiva: Gloria Landabur C.Diretora Internacional de Marketing: Mica Selman Diretor Editorial: Felipe Aldunate M.Editores: Fernando Chevarría (Lima), Juan Pablo Rioseco e Víctor Herrero (Santiago), Karen Correa e Pamela Velasco (Guaiaquil)Diretor de Arte: Álvaro Araya Urquiza Editor de Fotografi a: Miguel CandiaDiretor de Circulação: Marcial DelcortoGerente de Produção: Constanza del Río Moreno
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8 AméricaEconomia Outubro, 2010
cartas índice de empresas
INGRESSO CARO - I O Brasil não é um país desenvolvido, há
muito por fazer, mas é um dos principais
mercados do Bric e atrai investimento
estrangeiro. Estou de acordo quando fa-
lam da alta burocracia (“Quanto Vale o
Show?”, AméricaEconomia No 391, setem-
bro, 2010), mas isso não impede de fazer
negócios com o Brasil. É preciso ter uma
assessoria especializada na legislação
local. Caso contrário, problemas poderão
acontecer, não só no Brasil, quanto em
qualquer outro país do mundo.
LICENCIADO TORRETI
CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO
INGRESSO CARO - IISou brasileiro, mas vivo no Canadá. Tra-
balho com desenvolvimento de mercado
para a América Latina. Estudo “Affaires In-
ternationales” na escola de negócios HEC
Montreal e sempre tento explicar como
as coisas funcionam no Brasil. Por isso,
gostei muita da reportagem (“Quanto
Vale o Show?”, AméricaEconomia No 391,
setembro, 2010), pois o Brasil realmente
é um mercado com uma cultura bastante
complexa.
ANDRÉ OLIVEIRA
MONTREAL, CANADÁ
BATALHA AÉREAQuanto à sua reportagem sobre a fusão
LAN/TAM (“O Desembarque”, AméricaE-
conomia No 391, setembro, 2010), agora
será interessante ver a batalha entre LAN
e Avianca. A Avianca tem o setor de carga
consolidado na Colômbia (maior mercado
da região) e uma agressiva estratégia de
penetração no Brasil nesse segmento (Sy-
nergy-Avianca). Quanto a passageiros, a
vantagem é da LAN; por outro lado, com
a integração Avianca/Taca, os colombia-
nos continuam se expandindo na Améri-
ca Central e até podem chegar ao México,
o que poderia mudar o panorama.
VICENTE A. – BOGOTÁ, COLÔMBIA
Os números referem-se à primeira vez em que as empresas são citadas em cada reportagem.
3G Capital 12
AB Inbev 12
ABN Amro 55
Accenture 77
Ágora Corretora 39
Airbus 22
Alcatel-Lucent 71
Alenia Aeron. 23
ALL Logística 12
Andean Resources 12
Andes Wines 15
Avolon 24
Azul 23
Banchile Invers. 16
Banco do Brasil 38
Bancolombia 55
Barclays 55
BM&FBovespa 28
Boeing 22
Bradesco 39
BTG 10
Burger King 12
Camargo Corrêa 38
Capgemini 12
Cia. Mex. de Aviac. 24
Cisco 75, 77
Citigroup 55
Comac 23
Concha Y Toro 14
Constellation 15
Corpbanca 55
CPM Braxis 12
EGO Emp. Part. 28
Embraer 23
FGV 4, 64
Fractal 39
Gallo 16
Goldcorp 12
Google 31
GVT 74
Hardy’s 16
Hospital São Luiz 10
HSBC 39
IBM 73, 77, 80
IDC 77
Insper 10, 38
Intangible Bus. 16
Irkut 23
Itaú 39
LAN 22
LG 78
Locaweb 10
Manchester United 15
Marfrig 38
MMX 12
Motorola 76
Muraro Y Asoc. 66
Natura 18
Nokia Siemens 62, 74
Odebrecht 38
Petrobras 38, 58
Philips 78
Prospectiva 69
Rarus 19
Rede D’Or 10
Research In Motion 78
Romer y Asoc. 67
Santander 39, 55
Silver Lake Sumeru 10
SK Networks 12
Sukhoi 23
Tradaq 30
Trump Realty Brasil 28
UBS 38
Unibanco 39
Vale 38, 58
Verax 61
WestLB 55
ERRATA: O nome correto do curso de MBA do Insper publicado na matéria “Sem Fronteiras”, da edição No 391, de setembro, é MBA Executivo em Gestão de Saúde HIAE – Insper.
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10 AméricaEconomia Outubro, 2010
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PUBLICAMOS Sem orçamento extra nem aumento de salário. Esse foi o pri-meiro recado da ministra de Economia do Peru, Mercedes Aráoz, ao assumir o cargo, em dezembro de 2009. “O presi-dente Alan García me apoiou.” (“Apertar os Cintos”, AméricaEconomia No 386, abril, 2010)
O NOVO García decidiu afastar sua ministra, apesar de o crescimento do país não ter sido afetado. A decisão ocorre numa tentativa de reverter o baixo nível de popularidade de García – com desaprovação de 63% em agosto. Também se especula que tal saída seja uma estratégia para preparar a minis-tra como candidata da situação para as eleições presidenciais de 2011.
PUBLICAMOS “Quando no México e na Argentina falamos do porte da Locaweb, as pessoas ficam espantadas com nossos 200 mil clientes”, diz Gilberto Mautner, presidente da companhia, confiante no potencial de seu negócio na região. Entre outros números da empresa, estão 2,3 milhões de contas de e-mail, meio milhão de domínios, 320 mil sites e 4,67 mil lojas virtuais. (“Lá Vem a Nuvem”, AméricaEconomia No 387, maio, 2010)
O NOVO A Silver Lake Sumeru – responsável pelo fundo de investi-mentos em mercado de médio porte da Silver Lake, que administra US$ 14 bilhões em ativos –, anunciou que investirá na empresa. O montante não foi revelado. “Estamos impressionados com o sucesso da Locaweb nos últimos 12 anos e esperamos colaborar com seu time de gestores”, afirmou Kyle Ryland, Managing Director na Silver Lake Sumeru, na ocasião do anúncio.
Sem descanso
Troca de mando
Bolívia industrialPUBLICAMOS “O motivo do nosso crescimento não é o boom das matérias-primas”, diz o ministro das Finanças e Economia da Bolívia, Luis Arce Catacora. A demanda interna está crescendo 6% ao ano. Em 2007, criou-se o Banco de Desenvolvimento Produtivo, que, em 2009, ofereceu empréstimos a cerca de 15 mil pequenos produtores. (“As Cha-ves da Evonomia”, AméricaEconomia No 391, setembro, 2010)
O NOVO O vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera anun-ciou em setembro um plano para industrializar o país, com prazo de cinco anos e investimentos de US$ 17 bilhões. “Temos de fazer esse esforço para romper com 500 anos como produtores de matérias-primas”, disse a uma rádio local. Entre os projetos estão uma nova refinaria, uma hidrelétrica e duas plantas para processar zinco.
PUBLICAMOS Para Carlos Suslik, coordenador do MBA em Gestão de Saúde do Insper, em São Paulo, o mo-vimento de consolidações é natural. “A maioria dos hospitais do Brasil possui menos de cem leitos, o que compromete a lucratividade”, diz. (“Energia Revigorada”, AméricaEco-nomia No 391, setembro, 2010)
O NOVO O movimento não abran-ge só os pequenos. Em setembro, o banco BTG – por meio da Rede D’Or – adquiriu o controle do Hospital São Luiz, com três unidades e 803 leitos. Com isso, a rede passa a con-tar com 17 hospitais próprios e dois sob gestão, no Rio, em São Paulo, no Paraná e em Pernambuco.
Impulso estrangeiro
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12 AméricaEconomia Outubro, 2010
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MMX
Parceirosul-coreanoA MMX, do empresário Eike Batista, anunciou a venda de US$ 700 mi-lhões em ações da empresa para o grupo sul-coreano SK Networks. Adicionalmente, a operação conta-rá com um aumento de capital da MMX, que deve totalizar US$ 2,2 bi-lhões. A companhia brasileira tam-bém fará uma oferta pública de per-muta para adquirir dos acionistas da LLX e da Centennial, unidade do grupo EBX, a totalidade das ações da LLX Sudeste Operações Portuá-rias, por aproximadamente US$ 2,3 bilhões.
VALOR: US$ 700 milhões
CAPGEMINI
Controle totalA Capgemini, empresa france-sa de serviços de tecnologia da informação, comprou 55% das ações de emissão da CPM Braxis, assumindo o controle acionário da brasileira. A fran-cesa pagará R$ 517 milhões pela participação na CPM Bra-xis, que tem um valor estimado em R$ 970 milhões.
VALOR: R$ 517 milhões
GOLDCORP
Mineração na ArgentinaO grupo canadense Goldcorp adquiriu uma importante jazida na Argentina, de propriedade do grupo Andean Resources. O valor da transação foi de US$ 3,4 bilhões. A Andean Resources já tem o projeto de mineração Cerro Negro (ouro e prata), situado na província de Santa Cruz. “Cerro Negro pode gerar uma produção significativa de ouro a baixo custo em um período relativamente curto”, destacou o diretor geral da Goldcorp, Chuck Jeannes.
VALOR: US$ 3,4 bilhões
BURGER KING
Tacada brasileiraA rede de fast food Burger King – segunda maior dos Estados Unidos, atrás do McDonald’s – foi adquirida pela empresa bra-sileira de private equity 3G Capital, em um acordo que envol-ve cerca de US$ 4 bilhões. Entre os sócios da 3G Capital estão Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que também figuram entre os principais acionistas da AB InBev, maior cervejaria do mundo e que controla a AmBev. Bernardo Hess, ex-ALL Logística, será o novo presidente da rede.
VALOR: US$ 4 bilhões
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34 AméricaEconomia Outubro, 2010
NEGÓCIOS Bebidas
MATÍAS RODO YURICEVIC, DE SANTIAGO
1
A CHILENA CONCHA Y TORO GANHA MERCADO INTERNACIONAL, MAS SEU CRESCIMENTO PODERÁ SER LIMITADO PELA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO
Questão de
terroir
AE 392 concha y toro.indd 2 9/23/10 10:47:30 PM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 15
ALFONSO LARRAÍN (COM A GARRAFA NA MÃO)
APERTA A MÃO DE DAVID GIL, CEO DO MANCHESTER:
PONTAPÉ INICIAL RUMO À ASSOCIAÇÃO
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H á alguns meses, Eduardo Guilisasti, gerente geral da
vinícola chilena Concha y Toro (CYT), recebeu pelo
correio uma bola de futebol. Mas não era qualquer
bola. Essa chegava diretamente da Inglaterra e tinha estam-
padas as logomarcas da Concha y Toro e do time de futebol
inglês Manchester United. Era um convite do clube de futebol
para que a vinícola fosse sua patrocinadora por três anos.
Tal episódio reflete o reconhecimento internacional
conquistado pela companhia, fundada em 1883 por Melchor
Concha y Toro e que, em 2009, registrou faturamento de US$
643 milhões, com vendas em 135 países. “Queremos que as
exportações representem 70% de nossa produção”, diz Guili-
sasti, indicando que, hoje, esse percentual é de 35%. “Assim,
seríamos a maior vinícola exportadora do mundo.”
A preocupação em concretizar essa meta tem seus moti-
vos. Depois de anos de crescimento espetacular, a companhia
assume ser difícil manter o mesmo ritmo ascendente no longo
prazo e chegar ao tamanho de concorrentes como a califor-
niana Constellation, com produção anual de 83 milhões de
caixas de 9 litros e vendas de mais de US$ 3,5 bilhões ao ano.
“A Concha y Toro quer crescer com o que tem e sob o guarda-
chuva da sua própria marca”, diz Guilisasti, afi rmando que a
empresa não tem a intenção de comprar operações em outros
países para ganhar escala. “O mercado do vinho é dinâmico
e deverá continuar assim.” A aposta da companhia está em
manejar como joia o terroir, ou seja, a combinação da quali-
dade da terra com o clima e a irrigação, e cuja experiência é
impossível de replicar tal qual em outra latitude. “Nenhum
enólogo, por melhor que seja, conseguirá fazer com que um
Don Melchor tenha um mesmo sabor sendo produzido em
diferentes partes do mundo”, diz Maximiliano Morales, con-
sultor da Andes Wines.
A demanda crescente por vinhos novos e diferentes tam-
bém atomiza o mercado. “Constantemente são criados nichos,
que impulsionam novas vinícolas em nível mundial”, diz
René Merino, presidente da Associação de Vinhos do Chile.
“Países como Espanha, França e Itália têm mais de mil viníco-
las cada, pois os consumidores buscam vinhos cada vez mais
exclusivos”, diz Merino. “No caso da Concha y Toro, se [os pro-
prietários] estiverem longe, não poderão controlar o produto
desde o início, como gostam de fazer. Ao comprar sociedade
em outra vinícola, teriam sua estrutura desconstruída”, diz
Maximiliano Morales, da consultoria Andes Wines.
De fato, a Viña Trivento, única fi lial da Concha y Toro fora
do Chile, na vizinha Argentina, tem um peso pouco relevante
no faturamento do grupo. Mesmo localizada em Mendoza,
que tem clima semelhante ao do Vale Central chileno, não
atrai a mesma dedicação dos donos – ainda assim, está entre
as cinco mais importantes da Argentina, com produção de
2,6 milhões de caixas de 9 litros. “Além do mais, não é fácil
trabalhar na Argentina, já que lá existem algumas incertezas
macroeconômicas e regulatórias”, acrescenta Guilisasti.
Mas o país tem uma vantagem incontestável: uma
plataforma de imagem bem mais potente que a do Chile,
“além do fato de já trabalhar muito bem a uva Malbec, com
boa aceitação no mercado estrangeiro”, diz o executivo da
Concha y Toro.
REDE PRÓPRIAPara aumentar suas exportações partindo do Chile, a vinícola
passou a lançar mão de uma estratégia muito mais contro-
lada, com uma integração vertical voltada à distribuição. Em
2009, focou-se em potencializar a rede de vendas em países
com alto potencial de crescimento: Brasil, Finlândia, Noruega
e Suécia – que ganharam distribuição própria –, além de Esta-
dos Unidos e Inglaterra, dois países que representaram mais
“A Concha y Toro quer crescer com o
que tem, e sob o guarda-chuva de
sua própria marca.”
EDUARDO GUILISASTI gerente geral da vinícola CYT
2
AE 392 concha y toro V1.indd 3 9/24/10 3:46:00 AM
16 AméricaEconomia Outubro, 2010
NEGÓCIOS Bebidas
Superfícies plantadasHectares
de vinhedoEmpresa
11.026
9.300
8.990
Fonte: Concha y Toro
- Foster’s Group (Austrália/USA/Nova Zelândia)
- Pernod Ricard (França/Austrália/Argentina)
- Concha y Toro(Chile/Argentina)
- Constellation (USA/Austrália/Nova Zelândia/Canadá)
15.114
Exportação de vinho engarrafado*
2008 Variação2009País de origem
504
460
410
205
239
216
553
514
386
240
224
211
-8,7%
-10,3%
6,4%
-14,6%
6,8%
2,4%
Espanha
Austrália
Chile
Estados Unidos
África do Sul
Argentina
Fonte: Fontes oficiais do setor em cada país, organizado por Concha y Toro
* em milhões de litros
A empresa também está se preparando para
atender uma demanda crescente dos consumido-
res por produtos ambientalmente corretos e será
a primeira vinícola a medir a “pegada de água” de
sua produção, com a ajuda da Fundación Chile e da
organização holandesa Water Footprint Network. O
mecanismo consiste em medir a quantidade total de
água usada na fabricação de vinho, da plantação da
uva ao engarrafamento.
O CUSTO CHILESer uma companhia eminentemente exportadora,
como é o plano da Concha y Toro, não a exime de
problemas. Susanne, da Banchile, aponta que a
companhia tem de lidar com altos custos de trans-
porte, por conta da localização periférica do Chile em
relação aos seus principais concorrentes, que estão
exatamente dentro dos maiores mercados, como o
dos EUA e da Europa. “Para enfrentar isso, a empresa
tem de focar seu mix de produtos nos vinhos mais
nobres, que garantam melhores margens, para mo-
derar o impacto.” Além disso, há o efeito-dólar, que
vem perdendo valor frente às moedas de economias
emergentes. “Para uma empresa voltada à exporta-
ção, a volatilidade cambial pode ser um risco.”
Outra desvantagem é que o terroir chileno é
menos conhecido que o de outros países, como Esta-
dos Unidos, França ou Austrália,
afetando diretamente os preços
ao consumidor fi nal.
Para enfrentar a intempérie,
a companhia busca a diversifi -
cação geográfi ca e de moedas.
Além disso, trabalha constante-
mente sua marca nos diferentes
mercados, com resultados posi-
tivos. O estudo “The Power 100:
The World’s Most Powerful Spirits & Wine Brands 2010”, feito
pela consultoria inglesa Intangible Business, posiciona a vi-
nícola chilena em segundo lugar – depois de ocupar a terceira
posição por quatro anos consecutivos –, tomando o lugar da
australiana Hardy’s e atrás da norte-americana Gallo. Além
disso, o gerente geral da Concha y Toro é reconhecido como
um dos 50 atores mais importantes do mercado vinícola
mundial, segundo a revista inglesa Decanter, especializada
em vinhos.
Agora, a Concha y Toro começará a colher os gols de ver
sua marca nos painéis do estádio Old Trafford e nas tribunas
e bares do estádio do Manchester United.
de 50% das vendas da companhia no
ano passado. Em março deste ano,
a vinícola inaugurou uma fi lial em
Cingapura, para impulsionar os ne-
gócios na Ásia. Segundo a empresa,
Canadá, Brasil e Ásia (China, Japão
e Coreia) apresentam um grande
potencial no curto e no médio prazos
e estão incluídos no plano de desen-
volvimento da indústria para os próximos dez anos. Além dis-
so, a empresa conta com executivos que vendem diretamente
aos varejistas locais, dispensando intermediários. “Sua rede
de distribuição internacional é uma das mais efi cientes do
setor”, diz Morales, da Andes Wines. “E esse é um dos grandes
segredos do negócio.”
Susanne Linhardt, analista da Banchile Inversiones,
aponta outras vantagens da vinícola: uma boa relação com os
supermercados e lojas especializadas, garantindo um espaço
privilegiado de exposição, forte investimento em campanhas
publicitárias e promoções, além de grande variedade de pro-
dutos, que permite cobrir a maior parte dos segmentos.
A empresa deverá focar os nichos mais
nobres para moderar o impacto da
volatilidade cambial
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18 AméricaEconomia Outubro, 2010
visão verde
FALTA DE UM MARCO REGULATÓRIO EFICIENTE PARA O USO DOS RECURSOS DA BIODIVERSIDADE EMPERRA PROJETOS E INVIABILIZA NEGÓCIOS
C astanha para combater o ressecamento da pele,
murumuru para domar os cachos, priprioca para
perfumar. Princípios ativos como os descritos acima,
todos pertencentes à biodiversidade brasileira e conhecidos
pelos benefícios que podem proporcionar quando transfor-
mados em cremes, xampus e águas de colônia, ganharam
rapidamente a simpatia dos consumidores.
O que parece não ser tão rápido, porém, é o processo para
desenvolver esses produtos. Tudo porque, segundo empresá-
rios e especialistas na área, o país ainda não tem um marco
regulatório efi ciente para o uso dos recursos genéticos brasi-
leiros. “A legislação é antiga, precisa ser revista. Essa Medida
Provisória [MP] que está aí é muito ampla e gera inseguran-
ça jurídica para todo mundo”, dispara Caio Magri, gerente
de Política Pública do Instituto Ethos. A MP a que Magri se
refere é a 2.186, de 2001, que instituiu o Conselho de Gestão
do Patrimônio Genético (CGen) e regulamentou o acesso aos
recursos genéticos da biodiversidade brasileira, considerada
uma colcha de retalhos burocrática e inefi ciente.
QUEDA DE BRAÇOAs críticas vêm, sobretudo, do setor produtivo. A Natura,
que trabalha com 26 comunidades e mais de 2 mil famílias
no Brasil e no Equador, tem “algumas dezenas” de projetos
parados por conta dessa burocracia, afi rma o diretor de Sus-
tentabilidade da empresa, Marcos Vaz.
A maior reclamação da Natura é com relação à aprovação
das pesquisas. “Para conseguirmos a autorização, precisamos
dizer o que vamos fazer, quanto vai custar, qual o retorno
disso. Mas o próprio nome diz, é uma pesquisa, há coisas que
não sabemos. É o caso de defi nir o que veio primeiro, o ovo ou
a galinha”, diz.
A secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério
do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, contesta essa
afi rmação, alegando que as exigências não são tão específi cas
para poucosSustentabilidade
GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO
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ão
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 19
e que muitos obstáculos sem efi cácia prática em relação ao
uso do patrimônio genético brasileiro já foram retirados da
MP. Entretanto, reconhece que a legislação tem, sim, seus
problemas. “Um novo texto [um Anteprojeto de Lei (APL)] está
em estudo na Casa Civil. O problema é que a aprovação disso,
depois, dependerá do interesse do Congresso, que pode ser
rápido ou demorar 20 anos, como aconteceu com a Política
Nacional dos Resíduos Sólidos.”
PARA POUCOSEnquanto a decisão não é tomada, os trâmites para a fabri-
cação de itens a partir de recursos naturais continuam na
berlinda, situação que trava os motores do
setor frente a um cenário dinâmico, em um
mercado que, nos últimos anos, registrou
crescimento muito acima da média da indús-
tria geral no Brasil (veja gráfi cos na pág. 20).
Segundo Vaz, da Natura, além de implicar
um longo processo – a aprovação do CGen po-
de levar de seis meses a um ano –, desenvolver
esse tipo de produto gera custos altos. “Temos
de contratar antropólogos, advogados, econo-
mistas para colocar tudo na ponta do lápis.
Isso sem saber se a coisa dará certo ou não”,
diz. “A Natura consegue fazê-lo porque é uma
empresa grande, mas e as menores? O uso da
biodiversidade precisa ser democratizado.
Hoje, é só para alguns”, afi rma.
Sérgio Costa Gomes Neto, CEO da Rarus
Naturals, do Rio Grande do Norte, acha que
a simplifi cação das regras aumentaria a velocidade de suas
vendas, que, neste ano, devem chegar a R$ 12 milhões.
A Rarus trabalha com a fabricação de cosméticos e produ-
tos farmacológicos a partir de recursos naturais da Caatinga
brasileira, com foco no consumidor fi nal. Também fornece
Legislação atual protege a floresta brasileira,
mas prolonga a espera para a aprovação de pesquisas com plantas
PROCESSO PARA
AUTORIZAÇÃO DE USO
DA MATÉRIA-PRIMA
NATURAL PODE LEVAR
UM ANO
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20 AméricaEconomia Outubro, 2010
visão verde
para outras indústrias, que compram suas essências. O acesso
às 15 comunidades com as quais tem parceria é feito por meio
da ONG Fitovida, também do Rio Grande do Norte.
Hoje, a empresa estuda cerca de 40 plantas diferentes
para o uso em seus produtos. Dessas, apenas 12 já estão sendo
comercializadas – entre elas, o princípio ativo da aroeira, do
angico, do cajueiro roxo e da canela da caatinga. “Não posso
deixar de reconhecer que a legislação, sendo ela como for, be-
nefi cia a conservação das nossas fl orestas, mas a espera para
a aprovação das pesquisas ainda é longa”, diz Gomes Neto.
Magri, do Instituto Ethos, ainda ressalta outro problema
gerado por uma lei fraca no que diz respeito à biodiversidade:
a falta de uma fi scalização efi ciente. “Pergunto-me por que
as empresas dos Estados Unidos, por exemplo, têm 20 vezes
mais projetos utilizando a biodiversidade brasileira do que as
daqui”, indaga ele, concluindo que há uma série de questões
complementares que devem ser levadas em conta na hora da
regulamentação defi nitiva.
PROBLEMA MUNDIALSe no Brasil a MP que regulamenta o uso da biodiversidade
– de forma satisfatória ou não – é criticada, em nível
mundial não há qualquer documento que estabeleça
regras para esse processo.
O assunto, aliás, será um dos pontos centrais da
Conferência das Partes da Convenção sobre Diversi-
dade Biológica (CDB) – a COP-10 –, que acontece neste
mês de outubro, em Nagoya, no Japão.
A discussão é antiga. Um Regime Internacional
para Acesso e Repartição de Benefícios começou a ser
estudado em 2004, durante a COP-7 de Biodiversidade,
na Malásia, quando foi criado um grupo de trabalho
específi co sobre o tema. De lá para cá, pouca ou ne-
nhuma evolução aconteceu, pois não houve consenso
entre as nações – todas as decisões nas Conferências
das Partes necessitam de voto igual dos países signa-
tários, não existindo a fi gura da “maioria”.
Essa necessidade de unanimidade vem sendo criticada
por muitos especialistas, sobretudo porque os interesses são
muito diferentes. De um lado, estão nações em desenvolvi-
mento e chamadas “megadiversas” – grupo no qual o Brasil
se inclui – que querem agilizar o processo e desejam um
protocolo vinculante, ou seja, obrigatório. Do outro, os países
ricos, com a preferência por negociações mais lentas e pelo
regime voluntário.
O Brasil já deu a entender que, se os entendimentos sobre o
marco regulatório não avançarem, não estará disposto a aju-
dar em qualquer outro tipo de negociação durante a COP-10.
“Nós sabemos que é arriscado. Pode fi car a sensação de que o
Brasil não quer reduzir suas emissões, mas também é preciso
acelerar esse processo”, disse Paulino Franco de Carvalho
Neto, chefe da divisão de Meio Ambiente do Ministério das
Relações Exteriores, durante um seminário sobre sustentabi-
lidade realizado recentemente em São Paulo.
Mas como fi cam os trâmites para uma lei no país se o re-
gime mundial for realmente defi nido? Carvalho Neto assegu-
rou que os dois marcos regulatórios serão complementares. “A
Convenção aconselha que os países tenham suas legislações
próprias”, afi rmou.
Entre as metas que estarão em discussão durante o evento
em Nagoya estão planos bem ambiciosos, como a redução
total da perda de biodiversidade e a retirada de todos os in-
centivos, até 2020, a projetos que possam ser prejudiciais ao
meio ambiente.
Resta saber de que forma os países cumprirão o que for
acordado no Japão, já que as metas defi nidas para o período
2002-2010 não foram alcançadas.
Oportunidades crescentesPrincipais mercados de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no mundo
País Evolução da Receita (em %)
Participação (em %)
Receita (US$ bi em 2009*)
58,9
39,9
28,4
20,8
17,4
350,3
-1,3
6,6
3,2
10,4
-4,2
-2,1
16,8
11,4
8,1
5,9
5,0
100
EUA
Japão
Brasil
China
Alemanha
Total mundial
Fonte: Euromonitor *Preço ao consumidor
Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec)
Beleza puraNos últimos 14 anos, setor cresceu mais que a média no Brasil
Indústria da higiene pessoal, perfumaria e cosméticos
10,4%
Indústria em geral
2,3%
PIB
2,9%
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22 AméricaEconomia Outubro, 2010
NEGÓCIOS Aviação
Sem descanso
VALTÉCIO ALENCAR, DE SÃO PAULO
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ão
A AMÉRICA LATINA É HOJE UM DOS MERCADOS MAIS PROMISSORES PARA O TRANSPORTE AÉREO E DEVERÁ CONTINUAR ASSIM PELOS PRÓXIMOS ANOS
A Airbus e a Boeing, as duas
maiores construtoras de aviões
comerciais do mundo, começa-
ram o segundo semestre a todo vapor.
Após quase dois anos da crise econô-
mica que afetou seriamente a aviação,
ambas as companhias conquistaram
contratos bilionários no último salão
internacional Farnborough Airshow,
promovido em julho, na Inglaterra. A
Airbus foi a campeã de vendas, com 255
aviões avaliados em US$ 28 bilhões – 50
deles para a chilena LAN –, contra 206
aeronaves da rival norte-americana, a
Boeing, que faturou US$ 23 bilhões.
Um dos destaques da feira, neste
ano, foi a América Latina. “No passado, o
mercado se recuperava graças ao motor
da economia norte-americana, ajuda-
do um pouco pela Europa Ocidental.
Agora, quem vai nos tirar da recessão
serão o Brasil, a China, a Índia e o resto
da América Latina”, afi rma John Leahy,
executivo-chefe de Operações Junto
aos Clientes e principal executivo de
vendas da Airbus.
As estatísticas corroboram essa
tendência. De acordo com a Iata (As-
sociação Internacional do Transporte
Aéreo), entidade que representa 230
companhias aéreas em 115 países, o
tráfego aéreo de passageiros na região
subiu 11,9% em junho deste ano, e
o transporte de carga aérea cresceu
26,5%, comparado a junho de 2009. No
mesmo período, as companhias aéreas
latino-americanas apresentaram um
aumento no tráfego de passageiros de
14,7% e de 44% em carga.
De fato, a América Latina é hoje
uma das regiões em que o transporte
aéreo mais cresce no mundo, e as pers-
pectivas para o futuro são igualmente
animadoras. Projeções da Iata e dos
principais fabricantes mundiais indi-
cam que o transporte aéreo na América
Latina deverá crescer a um ritmo supe-
rior ao da média mundial nos próximos
20 anos. Enquanto o crescimento médio
mundial deverá girar em torno de 4,7%
ao ano, na América Latina é estimado
AE 392 aviac ao.indd 2 9/24/10 2:52:55 AM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 23
JOHN LEAHY, DA AIRBUS: PAÍSES
DA AMÉRICA LATINA DARÃO
IMPULSO AO SETOR
cliente Azul Linhas Aéreas, que decidiu
investir US$ 850 milhões em aeronaves
francesas ATR 72-600, comprovando o
ressurgimento dos turboélices.
Novos fabricantes, em especial rus-
sos e chineses, também mostraram
disposição para competir no mercado
internacional. A russa Sukhoi ultra-
passou a marca de cem pedidos para o
Superjet 100, jato para 98 passageiros
desenvolvido em conjunto com a italia-
na Alenia Aeronautica, cuja certifi cação
europeia está prevista para o ano que
vem. Sua compatriota, a Irkut, anunciou
um total de 130 encomendas para seu
jato MS-21, oferecido em três versões
(150, 181 e 212 passageiros), que deve
chegar ao mercado em 2016 e promete
ser 15% mais efi ciente dos que os atuais
concorrentes. Já a Comac (Commercial
Aircraft Corporation of China) está de-
senvolvendo o modelo C919, que deverá
entrar em operação em 2016 e competi-
rá com os jatos da Airbus e da Boeing no
segmento de 150 a 200 passageiros.
Os sinais positivos da economia
mundial animaram fabricantes, com-
panhias aéreas e empresas de leasing.
“O aumento no tráfego de passagei-
ros e de carga é um bom sinal, pois o
transporte de carga aérea é sempre
o primeiro a reagir”, afirma Andrew
Shankland, vice-presidente de Marke-
ting da Airbus. “Outro sinal positivo é
em 5,8%. Segundo um estudo de merca-
do apresentado no início deste ano pela
Airbus, a frota de aeronaves comerciais
na região deverá mais do que dobrar nas
próximas duas décadas, passando dos
atuais 940 aviões de passageiros e 80
cargueiros para 2.117 aviões de passa-
geiros e 149 cargueiros. Isto representa
um mercado potencial avaliado em US$
163 bilhões.
PARA TODOSA Embraer também colheu bons resul-
tados na feira da Inglaterra, anunciando
encomendas e compromissos de compra
para 191 aeronaves, avaliados em US$
6,88 bilhões. Apenas cinco saíram da
AE 392 aviac ao.indd 3 9/23/10 10:49:41 PM
24 AméricaEconomia Outubro, 2010
NEGÓCIOS Aviação
que o mercado premium, de Primeira
Classe e Executiva, também está vol-
tando a crescer”, ressalta Shankland.
Ele já detecta sinais de recuperação na
Europa Ocidental, na América do Norte,
na região da Ásia-Pacífi co e em países
emergentes, como o Brasil. “As eco-
nomias emergentes estão indo muito
bem, com crescimento de dois dígitos;
na verdade, nunca estiveram em crise”,
atesta o executivo da Airbus.
É a mesma análise feita por Michael
Lillis, presidente da Diretoria Consul-
tiva da empresa irlandesa de leasing
Avolon. “Algumas regiões do mundo
vivem uma situação particularmente
dinâmica, como a China”, diz Lillis. “O
mercado latino-americano está cres-
cendo, sendo que o Brasil é muito pro-
missor, sobretudo pelo aumento da
demanda doméstica e internacional”,
acrescenta o consultor da Avolon.
As companhias aéreas da região
também vivem bom momento. Em
março deste ano, durante o seminário
Wings of Change, realizado em San-
tiago do Chile, o presidente da Iata,
Giovanni Bisignani, informou que a
América Latina foi a única região do
mundo em que as companhias aéreas
apresentaram lucro no ano passado, de
US$ 800 milhões. Bisignani
acha que as companhias
latinas deverão repetir este
mesmo resultado em 2010,
ficando atrás apenas das
empresas da Ásia-Pacífi co,
que deverão lucrar US$ 900
milhões. O único mercado
que hoje destoa desse cenário é o Mé-
xico, que vive um problema de oferta
excessiva. Isso ocorre porque o mercado
mexicano é muito atrelado ao norte-
americano, e a crise do transporte aé-
reo afetou bastante os Estados Unidos.
A companhia Mexicana de Aviación,
uma das maiores daquele país, já acu-
sou o golpe e recentemente declarou
concordata.
MAIS JOVENSO estudo elaborado pela Airbus sobre
o mercado latino-americano aponta
outros fatores que deverão favorecer a
expansão do transporte aéreo na região.
Um deles é o fato de a América Latina
operar uma das frotas mais jovens do
mundo, com idade média de
10,6 anos, contra uma mé-
dia de 16,6 anos registrada
em 1996. Isso se traduz em
maior nível de segurança
e maior eficiência para as
companhias. Além disso,
65% do tráfego intrarregio-
nal concentra-se em apenas
20 aeroportos, de um total de
286 existentes na região. Ou
seja, existe muito potencial
para a aviação se expandir.
Além disso, 75% da capacida-
de ofertada também está concentrada
em cinco países. O Brasil responde por
37% desse total, seguido por México
(18%), Colômbia (8%), Argentina (6%) e
Chile (4%).
A frota latino-americana de jatos
comerciais cresceu 22% desde 2000
e 61% dos voos intrarregionais têm
ocupação apropriada para jatos de 70 a
110 assentos, o que deve impulsionar o
mercado regional. Esse mesmo fenôme-
no já pode ser visto no Brasil. “Hoje há
mais potencial para nossos aviões no
Brasil, com a abertura de novas rotas
e a inserção de novos passageiros”, diz
Mauro Kern, vice-presidente executivo
de Novos Projetos da Embraer. Kern
acha que ainda há espaço para outras
empresas atuarem no país. “Existem
muitas cidades que são mal atendidas”,
reforça o vice-presidente da Embraer.
Outro exemplo da força do merca-
do regional é o fato de a Azul Linhas
Aéreas ter comprado os 20 turboélices
ATR 72-600 em Farnborough. Com me-
nor capacidade e menor consumo de
combustível, esses aviões começarão a
ser entregues no segundo semestre de
2011. “Vamos servir cidades do interior
paulista, pois temos uma lista de 40
cidades que eram servidas por voos
regulares de turboélices e que agora não
recebem mais voos”, comenta David
Neeleman, fundador e presidente do
Conselho de Administração da Azul. Os
turboélices têm consumo mais efi ciente
em viagens de até 800 km e a ideia da
Azul é ligar grandes centros a cidades
de baixa densidade.
22%foi o crescimento
da frota de jatos na América Latina
desde o ano 2000
MAURO KERN, DA EMBRAER, APOSTA EM
NOVAS ROTAS NO BRASIL. ABAIXO, AVIÃO DA LAN,
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26 AméricaEconomia Outubro, 2010
movimentos
Você acha que o primeiro ano do governo do novo presidente poderá provocar algum tipo de instabilidade que afetará o seu negócio?
26,7%73,3%
SimNão
6
Você acha que o crescimento de sua empresa será maior em 2011 do que foi em 2010?
76,7%
6,7%
16,6%
Sim
Não
Ficará nomesmo nível
2
26 AméricaEconomia Outubro, 2010
Você planeja contratar mais em 2011 do que em 2010?
66,7%
13,3%
20%
SimFicará no
mesmo nível
Não
3
16,7%
13,3%
33,3%
AltaBaixa Média
Nula
7 Você avalia que a possibilidade de sua empresa se envolver em um processo de fusão ou aquisição (como vendedora ou compradora) em 2011 é:
36,7%
No final de agosto, AméricaEco-nomia participou de evento pro-movido pela empresa de relacio-namento corporativo Consulting House, com 250 executivos, no Guarujá. Na ocasião, pergunta-mos aos participantes sua per-cepção sobre o futuro de seus negócios e da economia do país. Entre os resultados, destacam-se o otimismo quanto ao cresci-mento, e a percepção de que, em se tratando de juros e câmbio, o novo governo não trará mudan-ças. Veja os resultados:
Em caso positivo, como os financiará?
73,3%
10%3,4%
13,3%
Capitalda empresa
Recursos externos via
endividamento
Outro
5
Recursosexternos
por meio de emissão
de ações
Sua empresa projeta novos investimentos produtivos para 2011?
93,3%
6,7%
Sim
Não
4
Termômetro executivo Números estimados para:
(média calculada com base no total das respostas)
2010 2011
6,35
10,30
1,73
5,38
10,27
1,82
Crescimento do PIB (%)
Taxa Selic (%, em 31 de dezembro)
Dólar (R$, em 31 de dezembro)
1
AE 392 movimentos V1.indd 2 9/24/10 4:46:45 AM
28 AméricaEconomia Outubro, 2010
movimentos
No ano passado, a China superou os Estados Unidos e se transformou no maior destino
das exportações brasileiras. Apesar da densidade das relações comerciais alcançada
nos últimos anos, o intercâmbio educacional entre Brasil e China ainda é tímido. Para
contribuir para a supressão dessa lacuna, a Câmara Brasil-China de Desenvolvimento
Econômico e o Instituto Confúcio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), realizam
entre os dias 22 e 23 de outubro, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a
Feira de Universidades Chinesas 2010, reunindo 26 instituições de ensino e
pesquisa. As áreas de interesse abrangem de agricultura e eletrônica a
artes e comunicações. “Na feira, será possível ter esclarecimentos
sobre como obter bolsas de estudos oferecidas tanto pelas uni-
versidades quanto pelo governo chinês para estudantes es-
trangeiros”, explica o diretor-geral da Câmara Brasil-China,
Tang Wei. LUIS EDUARDO LEAL, DE SÃO PAULO
SALA DE AULA
As trocas comerciais no mundo já não estão ancoradas na característica secular das relações Norte–Sul.
No relatório “Panorama da Inserção Internacional da América Latina e do Caribe”, a Cepal (Comissão Eco-
nômica para a América Latina e o Caribe) indica que os intercâmbios Sul–Sul se converteram em um motor
do crescimento mundial, o que aumenta sua relevância, dado o estancamento das demandas nos países
desenvolvidos. Segundo a Cepal, entre 2003 e 2008, 18% do intercâmbio comercial dos países latino-ame-
ricanos ficou na região, e quase 30% nos países emergentes. No caso do Oriente Médio e dos países asi-
áticos em desenvolvimento, esse percentual oscila entre 30% e 50%. Apesar da queda generalizada em
2009, nos últimos três anos, o comércio intrarregional tem crescido de forma sustentável e logo poderá
recuperar seu nível máximo, registrado em 1997. Um dado interessante: a região que mais cresceu dentro
da América Latina, no ano passado, foi a América Central, com 23% do total exportado. CARLOS TROMBEN,
DE SANTIAGO
COMÉRCIO SUL-SUL
CHINESA
Europa Central e Leste Europeu
Europa Central e Leste Europeu
OrienteMédio
OrienteMédio
Países asiáticos em desenvolvimento
Países asiáticos em desenvolvimento
ComércioSul-Sul
ComércioSul-Sul
África2005 – 2008
África
América Latina e Caribe
América Latina e Caribe
* em US$ bilhões
Abaixo da linha do EquadorEvolução das trocas comerciais*
18,4
1,6
1,7
0,2
2,4
4,2
1,3
19,4
0,3
0,9
2,1
3,5
1,7
1,4
10,0
3,8
2,6
3,1
1,1
3,2
2,4
12,2
2,9
4,5
6,4
7,5
15,5
33,6
37,4
27,8
28,9
33,1
29,9
50,7
48,5
43,1
Fonte: Cepal, sobre a base de dados da OMC e das Nações Unidas – Comtrade
AméricaEconomia Outubro, 2010
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A AGÊNCIAQUE FAZ NEVARNO BRASIL.
Conheça o case Snow Village de Francis.
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A resistência à crise e a expansão da economia
brasileira têm rendido bons negócios nos se-
tores mais inusitados. Exemplo disso é a rede
online de permuta Tradaq, focada no B2B. “Os
últimos anos foram muito bons, com crescimen-
to de até 25%”, diz Marco Del Giudice, diretor
Comercial da empresa. Segundo Giudice, a van-
tagem do modelo de negócios da Tradaq é que
cada transação gerada é revertida em créditos
em uma “conta corrente” de uma companhia.
Ou seja, o fornecimento de um produto a deter-
minado negócio não implica a permuta por um
produto ou serviço do mesmo. “Quanto mais
nossa base aumenta e se diversifica, mais liqui-
dez geramos para as empresas”, diz. O executivo
destaca o uso do sistema por pequenas e mé-
dias empresas que necessitavam quitar créditos
inadimplentes e convenceram seu credor a ins-
crever-se no site. Dessa forma, o credor buscou
algo de seu interesse, que foi pago por créditos
da devedora, lançando mão de estoques para-
dos ou capacidade ociosa, que interessavam a
um terceiro. Com uma base de 1,1 mil associa-
dos em São Paulo e Campinas, agora a Tradaq
pretende atender o mercado do Rio de Janeiro,
onde inaugurou seu serviço em setembro. SO-
LANGE MONTEIRO, DE SÃO PAULOTR
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RO
CA A resistência à crise e a expansão da economia
Foto
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movimentos
A BM&FBovespa pretende ampliar para 5 milhões o número de investidores na Bolsa nos próximos cinco anos. Embora louvável, a iniciativa deveria ser combinada com a busca por ampliação da base de companhias com capital aberto, argumentou a presidente da Apimec (Associação dos Analis-tas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), Lucy Sousa, durante o 21º Congresso da entidade, realizado em agosto, em Belo Horizonte. “O market capitalization per capita no Brasil é muito alto. Existem 348 empresas listadas, a base é ridí-cula. Nos Estados Unidos, são 5 mil. É importante que se amplie a base de investidores, mas é válido também que ocorra uma expansão dos emissores”, disse a presidente da Apimec. “Mesmo sem mexer na regulamentação, é possível baixar os custos de abertura de capital. As corretoras poderiam liderar as operações de menor porte, ficando os bancos com as grandes operações. Os serviços ficaram tão caros porque estão concentrados nas mãos de meia dúzia. Há um oligopólio nas emissões, exerci-do por poucos grandes bancos.” LUIS EDUARDO
LEAL, DE BELO HORIZONTE
Engordar a lista
Neste ano, o 7 de setembro ganhou uma comemora-
ção especial em Nova York. Esse foi o dia escolhido
para a assinatura da joint venture Trump Realty Brasil,
sociedade entre Donald Trump e a brasileira EGO Em-
preendimentos e Participações, liderada pelo empre-
sário Ricardo Bellino. O foco da nova companhia será
o mercado imobiliário de luxo, com empreendimentos
nas áreas comercial, residencial e hoteleira. Segundo
Bellino, o mercado de luxo no Brasil deverá movimen-
tar US$ 10 bilhões somente em 2010. “A marca Trump
apresentará diferenciais nos empreendimentos locais
dedicados a esse segmento”, diz. Atualmente, a grife
imobiliária Trump reúne 70 empreendimentos em vá-
rios países. SOLANGE MONTEIRO, DE SÃO PAULO
IMÓVEL DE LUXOFo
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As pesquisas por meio do Google crescem ano a ano, e as empre-
sas começam a identificar sua importância, tanto em momentos
de crise quanto de oportunidades. Na América Latina, o destaque
é o Brasil, onde mais dinheiro é destinado à publicidade na inter-
net e as buscas feitas no Google cresceram 1.126% entre 2005
e 2010. No Chile, esse aumento foi de 637%, e, na Colômbia, de
527%. Daniel Gertsacov, diretor do Google para América Central,
Caribe e Países Andinos, afirma que um dos casos de maior des-
taque no Brasil é o da Unilever, que dedica mais de 10% do
investimento publicitário à web, incluindo no Google. “Em
países como Chile, Peru e Colômbia, as empresas des-
tinam, em média, apenas 3% de seus investimentos
publicitários à internet”, diz. “Queremos que esse
percentual cresça dois dígitos nos próximos três
anos.” PATRICIA ZVAIGHAFT, DE SANTIAGO
COLONIZANDOINTERNETA
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legendário aviador Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe”, dedicou às maravilhosas paisagens da Guatemala o maior
elogio que se poderia imaginar: as inseriu nessa incrível obra de fi cção, que, setenta anos depois de seu lançamento, continua cativando leitores de todo o mundo.
Depois de ter sofrido um grave acidente, Saint-Exupéry passou uma etapa de sua recuperação em Antígua e no Lago Atitlán, e neles se inspirou ao idealizar um dos vulcões que aparecem em seu romance. É assim que a Guatemala inspira os espíritos sensíveis: é uma terra mágica, surpreendente, única. Além disso, essa pérola da América Central também conseguiu consolidar-se como um novo ímã para o investimento estrangeiro na região.
A sustentabilidade democrática e a evolução macroeconômica do país se refl etem em indicadores de prosperidade que, uma vez assentados os novos cimentos sociais e fi nanceiros, prometem cristalizar um futuro cheio de esperança para essa nação cujo passado é marcado por uma luta diária contra os elementos.
Não é exagero afi rmar que a Guatemala é um dos países mais bonitos da América Latina. Com um território de 108.889 quilômetros quadrados e uma população de 14,1 milhões de habitantes, atualmente, o país apresenta um leque de cifras que, conjugadas, desenham um panorama excelente para o investimento.
E, se a isso ainda somamos a estabilidade do governo de Álvaro Colom – eleito democraticamente depois de um processo eleitoral livre de qualquer suspeita – e o clima de segurança presente hoje no cotidiano da Guatemala, o cenário não poderia parecer mais promissor, dotando o país da disposição necessária para enfrentar a crise econômica mundial com mais sucesso do que muitos outros.
Os produtos agrícolas mais importantes do campo “chapín” – gentílico popular que designa o guatemalteco – são o café (de fama internacional por causa de seu delicioso sabor), o algodão, a banana, o feijão, o milho, a cana-de-açúcar, o arroz, o trigo, as batatas, o tabaco, o cacau, uma variedade de legumes e as frutas.
A pecuária é uma atividade importante, sobretudo a produção de leite. Também é farta a criação de carneiros
para produção de lã, além de sua apreciada carne. A avicultura e a apicultura têm um lugar de destaque na produção nacional. A exportação está focada sobretudo em óleos essenciais, mel e legumes frescos.
Um novo estilo de governoO governo da Guatemala manifestou absoluto respeito ao mandato constitucional que especifi ca que o Estado é
quem garante a vida, a liberdade, a justiça, a segurança, a paz e o desenvolvimento integral das pessoas. Quanto à economia, a visão está baseada no bem-estar do ser humano. Essa mensagem de tranquilidade é a base do discurso público do presidente Álvaro Colom.
Colom coloca a promoção do investimento estrangeiro direto em um lugar preponderante em sua agenda de trabalho, sem descuidar do aumento do investimento nacional e do desenvolvimento tecnológico e científi co.
Os incentivos ao turismo se multiplicaram: hoje se busca ressaltar o brilho da herança maia presente em todo o país. As belezas de áreas da fama de Antígua, Tikal ou do Lago Atitlán não opacam o encantamento com a extraordinária natureza encontrada em uma viagem ao interior do país, cheia de descobertas por toda a extensão de um riquíssimo
O
GUATEMALA: ASCENSÃO SUSTENTÁVEL RUMO À LUZ O turismo e os negócios colocaram o país sobre uma onda de prosperidade que os
especialistas estimam continuar em alta nos próximos anos.
“O Estado é quem garante a vida, a justiça, a
segurança, a paz e o desenvolvimento
integral das pessoas”
Durante a posse do presidente da Colômbia
Álvaro ColomPresidente
[Este informe publicitário foi produzido pela ASAP Reports. AméricaEconomia não se responsabiliza pelo conteúdo desta seção.]
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tecido socioambiental. As fantásticas praias banhadas pelo mar do Caribe começam a ganhar o papel relevante que sempre mereceram no conjunto da oferta nacional de lazer.
Em 2009, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Guatemala foi de 0,6%. Um número que não seria digno de destaque por si só, mas que ganha relevância se comparado ao restante da América Latina, em um ano no qual praticamente todos os países do hemisfério ocidental registraram números vermelhos de crescimento.
Tal resultado, portanto, é altamente positivo. E não é só: a projeção de crescimento do PIB para 2010 é de 2,5%, o maior da América Central.
Esses números, ainda sob o contexto de uma economia em desenvolvimento, e sem esquecer os problemas endêmicos da nação, permitem falar de esperança. São, defi nitivamente, argumentos sólidos para confi ar em um passo adiante no futuro, no curto e no médio prazos.
Um exemplo: em junho de 2010, registrou-se um ingresso de divisas sob a categoria de remessas familiares de US$ 394 milhões, representando um aumento de 13,1% em relação a junho de 2009. Quanto ao comportamento das exportações, no primeiro semestre do ano estas cresceram 18% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando US$ 3,028 bilhões, contra US$ 2,565 bilhões nos primeiros seis meses de 2009.
O crescimento da entrada de divisas geradas pelos principais produtos de exportação foi de 24% no primeiro semestre, com destaque para o aumento de 107% na exportação de açúcar. Além disso, as exportações ao restante da América Central aumentaram 92,5% na primeira metade de 2010, em relação ao mesmo período de 2009. Uma boa notícia para compensar os danos causados pela tempestade tropical Agatha e a erupção do vulcão Pataya.
E não é só: em 2009, a Guatemala foi, junto de Brasil e Peru, a única nação americana com crescimento
quantifi cável. Com uma população de 14,1 milhões, um notável incremento da capacitação profi ssionalizante e reservas monetárias internacionais de US$ 5,8 bilhões, a nação guatemalteca acaba de receber um reconhecimento internacional da agência de classifi cação Moody’s, que coloca a Guatemala no nível ba1 (estava em ba2), o que supõe um incentivo direto ao investimento estrangeiro. Isso, vale destacar, em um ano em que a Moody’s não promoveu muitos aumentos de classifi cação. O desempenho macroeconômico conservador e consistente da administração de Colom, o baixo défi cit fi scal, uma sólida trajetória de pagamento da dívida comercial e o baixo nível de endividamento em relação ao PIB são as bases para essa melhora de classifi cação. Recentemente, a Fitch Ratings também destacou a estabilidade econômica guatemalteca, e a Standard & Poor’s ratifi cou a categoria BBB para o país na seção Transfer & Convertibility Assesments.
A meta para 2013 é atrair US$ 1,512 bilhão (1,2 bilhão de euros) em investimento estrangeiro direto, que, junto de um investimento doméstico de US$ 10,65 bilhões (8,46 bilhões de euros), equivaleria a 25% do PIB. Para concretizar essa meta, o país conta com um marco legal tranquilizador: não se contemplam expropriações e não há nenhuma forma de discriminação entre investimento estrangeiro e doméstico, com total liberdade de movimento de capital e distribuição de dividendos.
Além do foco natural nos Estados Unidos, nos vizinhos regionais e na União Europeia, a Guatemala se abre a novos sócios comerciais e de investimento, como o Brasil. Em maio deste ano, os gigantes empresariais brasileiros Zigma e Patris Holding Group abriram um canal de intercâmbio com empreendedores guatemaltecos. Também há intercâmbios com a Colômbia (negocia-se um tratado de livre comércio com a nação presidida por Juan Manuel Santos) e com a China, e um aumento notável no impacto do turismo médico, para o qual a Guatemala conta com uma grande
O Conselho de Coesão Social (CCS) foi criado como um conceito de Governo para unificar a ação institucional e focá-la nos municípios mais pobres do país, com o objetivo de reduzir a pobreza. A falta de coesão social em um país debilita a legitimidade da democracia e a ação do Governo.
Para concretizar a tão desejada coesão social, parte-se de três dos quatro eixos do Governo:
• Solidariedade: orientar e coordenar as ações de desenvolvimento social e municipal de forma integral.
• Governabilidade: promover a segurança integral e o Estado de Direito, bem como o desenvolvimento democrático e a legislação e intermediação necessárias para responder às necessidades das maiorias.
• Produtividade: impulsionar o desenvolvimento econômico dos guatemaltecos, sem distinção de idade, sexo ou extrato social.
O CCS foi criado com o Acordo Governativo 79-2008. Não é uma instituição governamental, já que não administra fundos nem recursos públicos. Sua tarefa é coordenar a priorização temática e territorial dos investimentos sociais das instituições que participam de sua execução. Seus membros desempenham cargos ad honorem, sem remuneração. As instituições executoras do Conselho contam com orçamento e devem responder por sua correta aplicação frente à instituição estatal responsável pela fiscalização. As tarefas são variadas: desde a atenção ao fornecimento de água e ao saneamento até a manutenção corretiva de centros escolares, postos de saúde, casas, estradas e caminhos rurais. Foca-se na reconstrução de zonas afetadas por fenômenos naturais. Para fortalecer a sustentabilidade do programa, o CCS administra a cessão de microcréditos, além da capacitação para o desenvolvimento produtivo.
CONSELHO DE COESÃO SOCIAL
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gama de alternativas.Os movimentos em infraestrutura impulsionados pelo
governo de Colom nos últimos dois anos são notáveis. Esta última primavera marcou a colocação da pedra fundamental da termoelétrica Escuintla, a 80 quilômetros da capital, da empresa Jaguar Energy, subsidiária do gigante texano AEI. O investimento supera os US$ 700 milhões (560 milhões de euros), e estima-se que a planta esteja pronta para operar em 2013, com geração de 300 MW destinados ao abastecimento local, além da redução da dependência de derivados do petróleo.
Essa é outra iniciativa surgida no calor do DR-CAFTA, acordo de livre comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana, que entrou em vigor no verão de 2006. Outros investimentos importantes foram direcionados à construção das estradas Franja Transversal do Norte, Corredor del Polochic e Eje Económico del Pacífi co.
Foco no trabalho socialEssa realidade promissora não faz o governo de Colom fechar seus olhos para a problemática social existente, bem como para a luta contra a pobreza. O Conselho de Coesão Social (CCS), que nasceu sob a coordenação da primeira-dama, Sandra Torres, e que desde abril está sendo administrado pelo próprio presidente, tem-se confi gurado como uma revolução, com a polêmica que implica enfrentar vento e maré para levar adiante uma iniciativa desse calibre.
Sandra Torres de Colom adotou como causa pessoal a batalha contra a desigualdade social e desenvolve programas para atender prioritariamente as necessidades da população mais carente: primeira infância, mulheres da área rural, terceira idade e defi cientes físicos. Buscam-se soluções autossustentáveis, que partem dos 177 municípios designados pelo Ministério de Planejamento e Programação da Presidência (Segeplan, na sigla em espanhol), com os objetivos-chave de combater a pobreza e o subdesenvolvimento.
Além disso, a primeira-dama é fundadora da Coordenação Nacional da Mulher da UNE, que conta com mais de 30 mil mulheres afi liadas, entre indígenas, ladinas (mestiças),
garinufas (descendentes de africanos) e xincas (ameríndias da família maia). Consciente de que a pobreza e a pobreza extrema também chegam à área urbana, também se encarrega de obras sociais, políticas, programas e projetos destinados à infância e à adolescência, por meio do Ministério de Obras Sociais da esposa do presidente (Sosep, na sigla em espanhol).
Outros trabalhos de Sandra Torres de Colom na área de assistência social são os programas Minha Família Progride (transferência monetária condicionada), Escolas Abertas (jovens moradores em áreas periféricas em situação de risco), Bolsas Solidárias (alimentação), Você Pode (alfabetização), Restaurantes Solidários, combate à mortalidade materna e estratégia de segurança alimentar e nutricional.
As ações acontecem mais rapidamente que as palavras, mesmo que, às vezes, as causas sejam impopulares e a oposição decida usar canais abertos para atacar a solidariedade desses programas. No mês de junho, a primeira-dama inaugurou a sede do programa Minha Família Progride na cidade de Guastatoya, onde serão atendidos os benefi ciários dos povoados de San Agustín Acasaguastlán e Sanarate.
Sandra também ofereceu apoio à reconstrução dessa região depois da tempestade tropical Agatha, principalmente para as comunidades onde 50 famílias foram afetadas, famílias às quais ofereceu teto e melhoria de suas condições básicas de vida. É uma cena que se repete todo o ano no país.
Roberto Alejos, soma e seguePresidente do Congresso há dois anos, Roberto Alejos é uma fi gura emergente no panorama do país. Advogado, empresário, professor universitário, ele colaborou decisivamente na elaboração do texto constitucional vigente e é um reputado assessor internacional em temas de desenvolvimento, com doutorado em Negociações Internacionais por Harvard.
Roberto Alejos é uma pessoa clara, sem medo das consequências de suas decisões e de retidão provada, tendo um papel primordial na luta contra a corrupção. No mês de julho, participou da 3ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, promovida em Genebra. Suas palavras
Álvaro Colom e Roberto Alejos, presidente do CongressoA primeira-dama em apoio aos afetados pela tempestade tropical Agatha
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refl etem fi rmeza... e a diplomacia que sua experiência internacional lhe conferiu.
“Elevo meu enérgico protesto contra as constantes violações aos direitos humanos cometidas diariamente dentro do contexto migratório vivido hoje no mundo. Com especial ênfase, dirijo este protesto contra a questionada Lei do Arizona, que afeta cidadãos de toda a América Latina. Com a mesma energia com que rechaçamos a chamada Lei do Arizona, reconhecemos e apoiamos as ações de oposição do próprio presidente do país que a emitiu.”
BiodiversidadeA biodiversidade nacional é um presente para os sentidos. Há fl orestas tropicais onde os amantes da natureza podem encontrar de tucanos a jaguares. Não se pode deixar de lado as dezenas de povoados coloniais, com igrejas e parques, dotados de personalidade própria e elementos diferenciais marcados pelas montanhas, o clima e o entorno. A Guatemala possui 37 vulcões, ao menos quatro dos quais se demonstram ativos nos últimos cinco anos.
Entre os abundantes recursos fl orestais, por sua vez, brilham as fl orestas de pínus, carvalhos, abetos e ciprestes.
A belíssima região de Petén possui madeiras nobres como a caoba, o pau-rosa, o cedro, o “zapotillo”, o “chicozapote”, e as curiosíssimas seringueiras. Em Petén, obtém-se a matéria-prima que se exporta aos Estados Unidos para a fabricação das melhores gomas de mascar. Também se obtém a “corteza de cinchona”, madeira mais leve do mundo, empregada na fabricação de produtos em diversos segmentos, como salva-vidas, em aeromodelismo e embalagens.
Não se pode esquecer de que na cosmopolita capital podem se encontrar todas as comodidades próprias de uma grande cidade. Pontos tão superlativos como o famoso Mapa em Relevo, o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia e o magnífi co zoológico são pontos de visita ‘sine qua non’.
A jade é a única referência na bagagem de tesouros nacionais de brilho mágico. Também merece essa classifi cação a obra de Carlos Mérida, pintor “chapin” mais
reconhecido internacionalmente, amigo de Diego Rivera em sua fase de muralista e, sem dúvida, o farol que guia muitos artistas guatemaltecos do último século.
Jade, a joia do artesanato “guate”Guatemala e Birmânia são as duas grandes produtoras mundiais de jade. No caso guatemalteco, essa pedra preciosa é muito usada no artesanato e tem grande presença na oferta comercial e turística do país, especialmente na fantástica cidade de Antígua. A jade guatemalteca é encontrada em várias cores. Os maias usavam a jade preta em suas cerimônias de magia.
O verde-claro era a cor indicada para abrir as portas do além, depois da morte. Jades dessa cor também são encontradas em túmulos e em colares, tigelas de cozinha e outros utensílios. Era tão valorizada que se costumava colocar uma pequena peça de jade embaixo da língua de uma pessoa morta. Outra cor muito procurada dessa pedra é o jaguar (verde-escuro com pintas pretas), pelas qualidades que a tradição lhe atribui como amuleto de boa sorte.
Assim, a Guatemala é, defi nitivamente, um país que segue em frente com humildade, consciente de seus problemas e dedicado à solução dos mesmos, centrado numa progressão geométrica da otimização de seus recursos e atividades. É um sócio com potencial de levar incalculáveis benefícios para quem decida se envolver nesse processo. O presente é a esperança, e o futuro lhe pertence.
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Templo do Gran Jaguar, Parque Nacional TikalO majestoso Lago Atitlán
“A biodiversidade nacional é um presente para os sentidos. Há fl orestas tropicais onde os amantes da natureza podem encontrar de tucanos a jaguares,
dezenas de povoados coloniais com igrejas e 37 vulcões”
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36 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
INTERPRETANDO CRISE COMO OPORTUNIDADE, BANCO DO BRASIL SUPERA ITAÚ UNIBANCO E REASSUME LIDERANÇA DO RANKING AMÉRICAECONOMIA DE MAIORES BANCOS LATINO-AMERICANOSLUÍS EDUARDO LEAL,
COM SOLANGE MONTEIRO, DE SÃO PAULO
N o ano passado, quando os efeitos da crise fi nanceira norte-
americana se fi zeram sentir com mais intensidade no Brasil,
os bancos públicos – e o Banco do Brasil, em especial – tiveram
papel fundamental na manutenção do crédito, tanto a empresas quanto
aos consumidores. Enquanto os bancos privados adotaram a cautela,
seguindo a cartilha tradicional para as épocas de incertezas, o Banco
do Brasil desempenhou a função de vanguarda auxiliar das políticas
públicas defi nidas pelo seu controlador – a União, representada pelo go-
verno federal. Em 2009, houve um crescimento do crédito de 15%, puxado
pelos bancos públicos, setor em que a oferta de crédito cresceu cerca de
30%, comparada à expansão inferior a 10% proporcionada pelos bancos
privados nacionais e à retração da oferta entre os bancos estrangeiros
presentes no país.
Em 2010, o país emerge da crise com uma perspectiva de crescimento
na casa de 7% no ano, inferior apenas às estimadas para os dois gigantes
emergentes, China e Índia. E o Banco do Brasil, com US$ 362 bilhões em
ativos, além de recuperar do Itaú Unibanco a liderança do ranking anual
das 250 maiores instituições fi nanceiras latino-americanas de Améri-
De novono topo
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38 AméricaEconomia Outubro, 2010
Especial
BANCOS
caEconomia, dá polimento a planos de
internacionalização que o colocarão no
mapa de mercados tão distintos como
os de África, América do Sul e Estados
Unidos.
“Estamos buscando países em que
existam concentrações de brasileiros
ou de empresas brasileiras, assim co-
mo atuação de multinacionais cujo
centro de decisão regional esteja aqui.
Ou, ainda, países com os quais o Brasil
tenha grande relacionamento comer-
cial”, explica Allan Simões Toledo, vice-
presidente da Área Internacional e de
Atacado do Banco do Brasil. “O objetivo
não é partir do zero, mas o de estarmos
presentes em países que já tenham
sinergias com o Brasil. Daí a aquisi-
ção do Banco Patagônia, na Argentina
[em abril deste ano], país onde estão
presentes 250 empresas brasileiras,
com produção local própria – ou seja,
fábricas – que envolvem mais de 200
mil funcionários”, acrescenta.
Na América do Sul, o Banco do Brasil
avalia também oportunidades no Chile,
na Colômbia, no Equador e no Peru.
Para o departamento de pesquisas do
banco suíço UBS, a internacionalização
em direção à América Latina é uma
boa opção não apenas para o Banco do
Brasil, como também para as demais
grandes instituições fi nanceiras do pa-
ís. “Acreditamos que
uma aquisição na
região faz muito
sentido, na medida
em que os bancos
brasileiros alcan-
çaram um valor de
mercado signifi cati-
vo, mesmo em uma
perspectiva global,
e que o número de
compradores em
potencial diminuiu,
por conta dos efeitos
da crise financeira
[internacional]”, ava-
liam, em relatório, os analistas Alcir
Freitas e Domingos Falavina, do depar-
tamento de pesquisas do UBS em São
Paulo. Além disso, os bancos brasileiros
estão bem enquadrados mesmo quan-
do são considerados os novos critérios
de capitalização e alavancagem, mais
rigorosos, previstos pelo Acordo de Ba-
sileia 3, que serão implementados entre
2013 e 2019.
ALÉM DA REGIÃOFora do subcontinente, as atenções es-
tão voltadas para os Estados Unidos e
para a África, onde o BB fechou parceria
para atuar com o Banco Espírito Santo,
de Portugal, e o Bradesco. Dentro dos
critérios estabelecidos pelo banco para
a internacionalização, a África parece
uma escolha natural. Há várias em-
presas brasileiras com forte atuação
no continente, como Petrobras, Vale,
Odebrecht, Camargo Corrêa e Marfrig.
Além disso, argumenta Toledo, os ban-
cos brasileiros têm tecnologia de ponta
no mercado de varejo, não só em rela-
ção ao atendimen-
to propriamente
dito, como também
em produtos como
cartões, seguros e
previdência – e pre-
tendem aproveitar
essas vantagens
comparativas para
crescer em um mer-
cado caracterizado
pela baixa banca-
rização. “Somente
15% dos africanos
têm conta corrente,
o que signifi ca um
bom mercado potencial para venda
de produtos, especialmente fi nancia-
mento”, complementa Ricardo Mollo,
professor de Finanças do Insper.
Nos Estados Unidos, mercado ho-
je marcado pela fadiga de crédito de-
corrente dos excessos verifi cados nos
400mil contas correntes é a meta do BB,
nos EUA, em 5 anos
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 39
últimos anos, o interesse do Banco do
Brasil se relaciona à ampla comunidade
de brasileiros, estimada em 1,4 milhão
de pessoas, e, em menor medida, aos
hispânicos que residem no país. “Es-
tamos estudando a aquisição de um
banco de pequeno porte no país. Temos,
atualmente, uma short list com cinco
nomes, e a defi nição deve ocorrer até
o fi m do ano”, diz o vice-presidente da
Área Internacional do BB. Como 70% dos
brasileiros nos EUA vivem na Flórida ou
na região de Nova York (que inclui Bos-
ton e Nova Jersey), a sede das operações
estará em um ponto ou noutro.
A meta é a de que, em cinco anos,
a operação do Banco do Brasil nos Es-
tados Unidos conte com 400 mil con-
tas correntes. “O que buscamos nos
Estados Unidos é algo semelhante ao
que já desenvolvemos
no Japão, onde o Banco
do Brasil mantém sete
agências, com cerca de
125 mil clientes no total,
o equivalente a pouco
menos da metade dos
cerca de 300 mil brasilei-
ros que vivem no país”,
diz Toledo. “No Japão,
cerca de 15% dos clientes
do Banco do Brasil são
sul-americanos que se
identifi cam com a nossa
marca”. A ideia é a que
fenômeno semelhante
possa ocorrer nos Esta-
dos Unidos em relação à população de
hispânicos, observa Toledo.
Outro exemplo que não deve ser
esquecido nesse foco in-
ternacional é o do segun-
do colocado do ranking, o
Banco Itaú. Enquanto se
dedicou ao processo de in-
tegração com o Unibanco,
cuja fusão foi anunciada
no fi nal de 2008, o banco
ampliou suas operações
de private banking no exte-
rior, sendo a última anun-
ciada em setembro, na
Suíça. “Eles tiveram de se
concentrar nessa integra-
ção, pois é uma operação
complexa, sobretudo no
varejo. A partir de agora,
entretanto, espera-se que ele se volte a
investimentos no exterior”, diz Mollo.
Tal tendência é confi rmada pelo banco.
“Estamos atentos a oportunidades na
América Latina, para servir melhor aos
clientes na região, dando preferência
para o ganho de escala nos países em
que o Itaú Unibanco já tem presença
[Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai]”,
afi rma Rogério Calderon, diretor cor-
porativo de Controle do Itaú Unibanco.
“Há uma mudança cultural no banco,
de desenvolvimento de lideranças para
essa internacionalização, o que é um
fator importante”, destaca Mollo.
FORÇA DOMÉSTICAA decisão de buscar crescimento por
meio de aquisições ou parcerias no exte-
rior é vista com simpatia por analistas
Em 2009, o crédito cresceu 15% no Brasil, puxado pelos bancos públicos
ALLAN SIMÕES TOLEDO, DO BB: EM BUSCA DE SINERGIAS
FORA DO PAÍS
Fonte: Banco do Brasil
AE 392 bancos BB2 V1.indd 5 9/24/10 4:51:55 PM
40 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
MARGEM DE EXPANSÃO“Comparações à parte, no Brasil, o cré-
dito cresceu de forma consistente ao
longo dos últimos oito anos. Em 2002,
a relação crédito/PIB era de apenas
22%”, diz Lemos. “Neste ano, deve cres-
cer na casa de 20%, com a perspectiva
de expansão do PIB entre 6% e 7%”,
acrescenta, destacando o potencial do
mercado de crédito imobiliário, que, a
despeito do crescimento recente, tem
ainda margem para avanços. “Hoje, o
crédito imobiliário corresponde apenas
a cerca de 3% do PIB. Há muito espaço
para crescer”, reconhece Walter Malie-
ni, diretor de crédito do Banco do Brasil,
uma das últimas grandes instituições a
ingressar no nicho.
“O cenário continua favorável à
expansão do crédito em geral, não só
o imobiliário, mas também o de veícu-
los, por exemplo. A massa
salarial, o nível de emprego,
o forte fl uxo de ascensão em
direção à classe média, tudo
isso mantém a perspectiva
de demanda”, observa o exe-
cutivo do BB. “E, no caso das
empresas, o nível de utiliza-
ção da capacidade instalada,
de 85,7%, em agosto, indica
que elas vão ter de investir
para atender ao crescimen-
to orgânico da demanda.
Mesmo durante a crise, os
investimentos em formação
bruta de capital fi xo foram
superiores à média dos dez
anos anteriores”, acrescenta
Malieni.
Apesar da ampliação da
concessão de crédito bancário
no país, não há sinais de au-
mento da inadimplência. Pelo
contrário, desde setembro de
2009, as taxas de inadimplên-
Crédito imobiliário representa cerca de 3% do PIB
no Brasil
de mercado, embora muitos coincidam
na percepção de que o mercado interno
continuará a reservar as melhores opor-
tunidades para o setor. “O grande mer-
cado para os bancos brasileiros, públicos
ou privados, é, e continuará sendo, o do-
méstico, onde ainda há grande espaço
para expansão”, avalia Aloísio Lemos,
analista do setor fi nanceiro da Ágora
Corretora. “Não existe a perspectiva de
o Banco do Brasil se globalizar. Ele tende
a ser sempre um banco essencialmente
brasileiro, com operações em regiões ou
países onde a presença econômica do
Brasil requer. O modelo é bem diferente
do HSBC, por exemplo, que é um banco
eminentemente global”, acrescenta o
professor Roy Martelanc, coordenador
do MBA Banking da Fundação Instituto
de Administração (FIA).
Lemos, da Ágora, cita um dado inte-
ressante: a expansão do uso de internet
banking, no Brasil, tem ocorrido parale-
lamente ao crescimento do número de
atendimentos realizados nas agências
físicas, o que mostra que novos clientes
continuam a ser incorporados à base das
instituições em um contexto de expan-
são econômica e de maior formalização
de vínculos, seja de empresas ou de
trabalhadores. Segundo os dados mais
recentes do Banco Central, a relação cré-
dito/PIB avançou novamente em agosto,
para 46,2%, ante 45,5% no mês anterior
e 43,3% em agosto do ano passado. Para
efeito de comparação, em proporção ao
PIB, o Brasil está bem à frente de países
como Argentina, México, Peru e Colôm-
bia na concessão de crédito, mas ainda
muito abaixo do Chile, onde a relação
crédito/PIB supera a casa de 80%, de
acordo com levantamento do UBS.
AE 392 bancos BB2.indd 6 9/24/10 1:43:47 AM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 41
cia, defi nidas como atrasos de pagamen-
to superiores a 90 dias, vêm recuando de
forma sustentada. Após terem atingido,
em agosto de 2009, o pico de 8,4% entre
as pessoas físicas e de 3,9% entre as
pessoas jurídicas, em agosto de 2010,
equivaliam a 6,2% (pessoas físicas) e
3,6% (pessoas jurídicas). Na média, a
inadimplência fi cou em 4,8% em agosto,
em baixa de 0,1 ponto percentual em
relação a julho e de 1,1 ponto percen-
tual em comparação a agosto do ano
passado, de acordo com os mais recentes
dados do Banco Central.
“No mercado doméstico, o BB está
surpreendendo com uma carteira de
crédito muito bem estruturada. É um
banco com forte presença entre os pe-
quenos negócios, com faturamento
anual de até R$ 150 milhões, e teve
atuação essencial no enfrentamento da
crise”, diz Celso Grisi, diretor-presidente
do Instituto de Pesquisas Fractal. “Entre
os quatro maiores bancos brasileiros
[BB, Bradesco, Itaú Unibanco e Santan-
der], é o que tem apresentado melhores
índices de inadimplência e os maiores
índices de cobertura para perdas de
crédito”, avalia Grisi.
Malieni, do BB, diz que a inadim-
plência na carteira de crédito da ins-
tituição está hoje apenas 0,1 ponto
percentual acima da verifi cada antes
da crise mundial desencadeada em
setembro de 2008 – e a tendência é de
que volte a estar abaixo até o fi m de
2010. “Em 2009, tivemos uma estratégia
de expansão de crédito voltada para as
pessoas físicas, em um primeiro mo-
mento. Para as pessoas jurídicas, inde-
pendentemente do porte, fi zemos uma
análise do histórico de relacionamento,
de forma a reduzir o risco moral. Assim,
foi possível alongar o perfi l da dívida
das empresas e conceder recursos novos,
para capital de giro, quando necessário”,
explica o diretor de crédito do BB.
“Durante a crise, sobretudo no ano
de 2009, os bancos públicos colocaram
em prática a estratégia defi nida pelo
governo de expandir a oferta de crédi-
to num contexto em que, tradicional-
mente, os bancos privados tendem a se
retrair, seja pelo maior rigor na análise
de crédito, seja por encurtamento de
prazos ou aumento de taxas”, diz Mar-
telanc, da FIA. “Com o controlador pú-
blico por trás da iniciativa – os bancos
públicos têm esse diferencial do ‘bote
salva-vidas’ –, não há muito como os
bancos privados acompanharem na
mesma medida. Mas é preciso dizer
que todo o sistema bancário está muito
bem capitalizado e que a perspectiva
de ampliação da inadimplência não é
signifi cativa”, conclui.
NOVA YORK: COMUNIDADE DE BRASILEIROS É UM DOS
FOCOS DA EXPANSÃO DO BB
AE 392 bancos BB2.indd 7 9/24/10 1:44:22 AM
42 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
SUPERADO O PIOR DA CRISE, BANCOS LATINO-AMERICANOS ENCERRAM DÉCADA COM TAXAS DE EXPANSÃO INÉDITAS E CRESCIMENTO SUSTENTADO AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
Teste de estresse
AE 392 bancos.indd 2 9/24/10 2:46:14 AM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 43
Os 25 melhores bancos da América LatinaRK10
RK 09
BANCO PAÍSATIVO TOTAL
US$ MI
C. VENC./ C. CRÉD. (%)
2010
RENTABILIDADE ROE (%) 2010*
LIQUIDEZ BASE 100
PATRIMÔNIO/ATIVO TOTAL (%)
2010
EFICIÊNCIA BASE 100
ÍNDICE FINAL
1 1 SANTANDER CHI 37.793,1 2,8 15,1 16,9 8,2 100,0 64,2
2 2 ITAÚ UNIBANCO BRA 352.920,1 5,0 6,0 2,9 6,9 69,6 63,3
3 4 CONTINENTAL BBVA PER 11.081,7 0,2 16,4 26,2 9,0 66,4 62,2
4 3 BRADESCO BRA 313.189,3 8,5 7,3 4,5 7,9 70,7 61,8
5 13 SANTANDER MÉX 48.996,1 1,8 8,2 45,3 12,6 83,8 59,7
6 5 BANCO DE CHILE CHI 32.202,5 1,6 15,6 8,3 7,6 73,3 59,4
7 19 INTERBANK PER 6.065,5 1,2 16,2 34,9 8,1 61,6 57,5
8 - SANTANDER URU 3.943,0 0,1 7,5 11,4 10,9 83,8 55,9
9 6 SANTANDER BRA 207.513,4 7,9 1,9 4,2 17,5 83,8 55,1
10 18 INDUSTRIAL E COMERCIAL BRA 7.612,8 1,9 6,9 4,3 13,7 89,9 54,6
11 11 BBVA BANCOMER MÉX 86.635,6 3,5 11,6 31,4 8,9 55,7 54,2
12 9 CRÉDITO PER 18.638,5 1,2 12,2 31,8 9,0 58,8 54,0
13 23 SCOTIABANK PER 8.224,2 1,5 10,9 36,7 13,2 58,1 53,2
14 12 BANAMEX MÉX 84.743,6 1,7 6,9 23,5 13,2 50,6 51,3
15 17 CORP BANCA CHI 12.896,4 2,3 11,1 5,5 7,1 80,5 50,5
16 22 BANCO DE BOGOTÁ COL 16.605,3 2,8 8,5 21,6 14,3 64,8 48,9
17 - ABC BRASIL BRA 4.925,8 0,6 4,8 100,0 14,4 47,9 48,1
18 15 BCI CHI 23.565,6 2,4 10,3 12,5 7,4 66,0 47,4
19 - BICE CHI 4.884,3 1,2 8,1 10,9 8,0 66,0 47,2
20 10 PICHINCHA EQU 5.132,1 1,6 6,4 30,0 9,4 58,0 46,3
21 20 BBVA CHI 13.556,3 2,7 9,1 6,5 6,7 69,1 44,7
22 25 MERCANTIL DEL NORTE MÉX 44.802,0 2,4 7,3 29,0 7,3 59,2 44,3
23 - INBURSA MÉX 17.291,2 1,5 3,0 22,8 20,0 60,1 44,1
24 - GNB SUDAMERIS COL 4.182,2 1,8 12,3 14,9 6,8 39,2 44,0
25 21 BANCOLOMBIA COL 22.637,6 3,2 8,6 14,0 16,0 38,1 42,3
A tualmente, os banqueiros não
podem reclamar. Pelo menos
na América Latina. Eles acom-
panharam pelo retrovisor a última
grande crise, com epicentro em Wall
Street e refl exo nas principais econo-
mias do mundo. No exercício fechado
em 31 de junho de 2010, os 250 maiores
bancos latino-americanos somavam
ativos de quase US$ 3 trilhões, mon-
tante 14% maior do que o registrado
no período anterior e muito acima do
registrado antes da crise.
Apesar de o lucro total dessas ins-
tituições não ter chegado aos US$ 24,3
bilhões de 2008, os US$ 18,15 bilhões
somados por esses 250 bancos ao fi m de
junho deste ano refl etem um saudável
aumento, de 33%, em relação a 2009.
“Diferentemente do restante do mundo,
na América Latina, a crise não foi fi nan-
ceira”, diz Pamela Cox, vice-presidente
do Banco Mundial para a América La-
tina e o Caribe. De fato, as fi nanças são
um dos setores que se mostraram mais
fortes nos dois últimos anos diante de
pressões econômicas.
A evidência mais clara são os resul-
tados desta edição do estudo sobre ban-
cos, realizado anualmente pela equipe
de pesquisas de nossa revista, a Améri-
caEconomía Intelligence, que analisa os
balanços e resultados das 250 maiores
instituições fi nanceiras da região, se-
lecionando as 25 que demonstraram o
melhor desempenho.
OS MELHORESEntre os melhores, quem leva a dian-
teira é o Santander do Chile. A fi lial do
banco espanhol parece ter encontrado
a receita secreta da Coca-Cola, ou o
código-fonte da Microsoft: apresenta
os melhores resultados do grupo do
qual faz parte e mantém, pelo sexto
ano consecutivo, o primeiro lugar no
Ranking dos Melhores Bancos da Amé-
rica Latina. Para realizar esse estudo,
AE 392 bancos V2.indd 3 9/24/10 4:49:16 PM
44 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
MAIORES...Ativos totais dos últimos dois anos,em US$ bilhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence
Ativos 2010Ativos 2009
BRASIL 1.8811.463
COLÔMBIA11288
ARGENTINA102
83
109101OUTROS
388359MÉXICO
5850PERU
187181CHILE
5450PANAMÁ
79121VENEZUELA
INCENTIVANDO O CONSUMOCarteiras de crédito dos últimos dois anos,em US$ bilhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence
Carteira de créditos 2010Carteira de créditos 2009
BRASIL
COLÔMBIA
ARGENTINA
485363
153135130
12272
57413534
54323032
2759
56OUTROS
MÉXICO
PERU
CHILE
PANAMÁ
VENEZUELA
CLIENTES CONFIANTESDepósitos bancários nos últimos dois anos, em US$ bilhões
Fonte: AméricaEconomía Intelligence
Depósitos 2010Depósitos 2009
BRASIL
COLÔMBIA
ARGENTINA
831672
175160
111108
756175
5962
994035
3838
8371OUTROS
MÉXICO
PERU
CHILE
PANAMÁ
VENEZUELA
... E MAIS LUCRATIVOSLucro bancário dos últimos dois anos,em US$ milhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence
Lucro 2010Lucro 2009
BRASIL 9.0496.391
COLÔMBIA1.331
1.078
ARGENTINA 912515
695607OUTROS
2.9471.774MÉXICO
1.105632PERU
1.4761.040CHILE
453426PANAMÁ
6361.292VENEZUELA
ESTRELAS DA BOLSAPatrimônio bancário dos últimos dois anos,em US$ bilhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence
Patrimônio 2010Patrimônio 2009
BRASIL 158124
COLÔMBIA 1410
ARGENTINA 109
1110OUTROS
4236MÉXICO
55PERU
1414CHILE
66PANAMÁ
711VENEZUELA
PARA ONDE VAI O DINHEIRO?Destino dos fundos dos bancos em cada paísFonte: AméricaEconomía Intelligence
100%
60%
20%
80%
40%
0%
COLÔ
MBIA
BRAS
IL
MÉXIC
O
PERU
PANA
MÁ
OUTR
OS
VENE
ZUEL
A
Carteira de créditos 2010Investimento em valores 2009
* O Chile não tem dados de investimento em valores 2009
AméricaEconomía Intelligence desen-
volveu uma metodologia com base no
modelo Camel, que analisa e compara
o desempenho bancário de acordo com
a gestão de capital, os ativos, o patri-
mônio e a liquidez (veja metodologia
na pág. 47).
Pisando os calcanhares do Santan-
der do Chile está o brasileiro Itaú Uni-
banco, que nos últimos tempos prota-
gonizou uma campanha de expansão
internacional e doméstica sem descui-
dar dos resultados. O lucro do banco
melhorou 72% no período analisado, e
seus planos de expansão não param:
ele acaba de arrecadar US$ 1 bilhão em
uma emissão de bônus, visando gerar
novos negócios.
Já o Continental BBVA, associação
do grupo espanhol com o grupo fami-
liar peruano conduzido pelos irmãos
Brescia, surpreende com o terceiro lugar
do ranking. A baixa carteira vencida,
seu alto nível de liquidez e seu retorno
sobre patrimônio (ROE) o colocaram em
uma posição inédita para um banco
peruano, consistente com a evolução
registrada pelo setor nesse país.
Outro destaque do ranking foi o fato
de as notas dos 25 melhores bancos se-
rem, em média, muito melhores do que
em 2009 e 2008, o que indica que, apesar
dos impactos dos ciclos econômicos, o
sistema bancário latino-americano está
ganhando instituições mais sólidas e à
prova de crises.
OS 250 MAIORESSegundo mostra o ranking deste ano, os
bancos maiores foram os que cresceram
mais. Os dez primeiros cresceram, em
média, 20,2% no período analisado.
Entre eles, destaca-se o Banco do Brasil,
que se consolida como o maior da região
ao absorver a Nossa Caixa, permitindo-
lhe incrementar seus ativos em 40%
no último ano, superando os US$ 360
bilhões – o equivalente a três vezes o
PIB do Peru. Hoje, o Banco do Brasil está
em um processo de expansão interna-
cional e busca boas oportunidades em
AE 392 bancos V2.indd 4 9/24/10 5:01:34 PM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 45
CAPITAL BEM-VINDOBancos com maior capitalizaçãoFonte: AméricaEconomía Intelligence
SUB RK 10
BANCO PAÍSPATRI.US$ MIJUN/10
VAR.PATRI.
(%)10/09
RK 10
1 BGN BR 445,8 354,3 160
2 VOLVO BRASIL BR 211,5 191,2 195
3 BCO IBI S.A. BM BR 1.231,8 175,7 117
4 MONEX MX 128,5 120,5 156
5 BARCLAYS MX 158,7 116,9 192
6 J. SAFRA BR 149,0 113,1 206
7 BANCOOB BR 148,6 72,3 73
8 MERCEDES-BENZ BR 482,9 71,2 100
9 HSBC BANK PERÚ PE 109,3 70,6 217
10 CITIBANK N.A. BR 312,2 68,1 197
11 BVA BR 164,4 66,9 132
12 IND. DE VENEZUELA VE 157,3 65,3 123
13 MULTIVA MX 124,3 62,6 170
14 CREDIT SUISSE MX 93,7 55,7 232
15 DE OCCIDENTE CO 1.219,0 53,4 41
SUB RK 10
BANCO PAÍS
AT. TOTALUS$ MIJUN/10
VAR.AT.
TOTAL(%)
10/09
RK 10
1 BANK OF AMERICA MX 3.595,5 204,4 99
2 BTG PACTUAL BR 16.493,8 164,9 24
3 DEUTSCHE BANK MX 3.082,4 160,3 108
4 BVA BR 2.192,3 148,1 132
5 BGN BR 1.599,7 94,9 160
6 BANCOOB BR 4.964,2 67,4 73
7 SOCIETE GENERALE BR 4.740,8 61,5 79
8 HSBC FINANCE S.A. BM BR 1.532,7 61,0 166
9 NACIÓN AR 31.088,0 60,9 17
10 ABC BRASIL BR 4.925,8 58,9 74
11 DEUTSCHE BANK BR 8.570,2 57,2 43
12 IND. E COMERCIAL BR 7.612,8 57,1 48
13 DAYCOVAL BR 4.835,4 54,2 76
14 PANAMERICANO BR 5.685,8 51,9 67
15 BANCENTRO NI 1.278,0 50,0 190
TERRA DE GIGANTESOs que mais cresceram em ativosFonte: AméricaEconomía Intelligence
SUB RK 10
BANCO PAÍSPATRI.US$ MIJUN/10
VAR.PATR.(%)
10/09
RK 10
1 FEDERAL VE 158,8 -69,3 134
2 CITIBANK VE 137,9 -55,1 205
3 FONDO COMÚN VE 130,1 -50,3 175
4 AGRICOLA DE VENE. VE 130,3 -48,1 203
5 VENE. DE CRÉDITO VE 148,4 -40,8 179
6 BANESCO VE 886,2 -39,0 35
7 CNH CAPITAL BR 228,9 -37,8 135
8 SCOTIABANK CH 884,5 -37,2 38
9 DE VENE. SANTANDER VE 877,8 -33,0 31
10 G. SACHS BM S.A BR 79,1 -32,6 224
11 EXTERIOR VE 267,3 -32,3 111
12 CORP. BANCA VE 252,7 -32,0 122
13 NACIONAL DE CRÉDITO VE 184,3 -31,1 147
14 BANCARIBE VE 243,4 -30,3 115
15 PROVINCIAL VE 1.107,9 -29,9 36
EFEITO BOLÍVARBancos com menor capitalizaçãoFonte: AméricaEconomía Intelligence
NEM TODOS CRESCERAMOs que mais caíram em ativosFonte: AméricaEconomía Intelligence
SUB RK 10
BANCO PAÍS
AT. TOTALUS$ MIJUN/10
VAR.AT.
TOTAL(%)
10/09
RK 10
1 BANCORO VE 995,8 -59,2 221
2 FIAT BR 3.023,1 -56,7 110
3 FEDERAL VE 2.149,4 -55,6 134
4 NAC. DE CRÉDITO VE 1.794,6 -52,4 147
5 BBM BR 2.862,1 -50,7 113
6 FONDO COMÚN VE 1.402,3 -50,6 175
7 IND. DE VENEZUELA VE 2.520,5 -49,3 123
8 RBS CH 796,0 -47,2 241
9 VENE. DE CRÉDITO VE 1.354,3 -46,3 179
10 J. SAFRA BR 1.102,7 -44,9 206
11 BANESCO VE 9.930,0 -44,0 35
12 CREDIT SUISSE MX 886,0 -43,6 232
13 CORP. BANCA VE 2.533,8 -41,5 122
14 CITIBANK VE 1.108,5 -41,1 205
15 OCCID. DE DESC. VE 5.891,8 -40,6 64
mento médio de 26,6% em seus ativos.
Entre os 21 bancos argentinos, a média
foi de 15,5%, e, entre os 22 bancos pa-
namenhos, de 11,8%. No outro extremo
fi cam os bancos venezuelanos. Apesar
de ser um dos setores mais favorecidos
na gestão econômica do presidente Hu-
go Chávez – graças à sua possibilidade
de arbitrar instrumentos fi nanceiros e
moedas na desordem macroeconômica
da Venezuela –, a desvalorização indu-
zida contra o bolívar atingiu as contas
dos bancos do país, quando medidas
em dólares: os 20 bancos que operam
na Venezuela participantes do ranking
registram uma queda média de ativos
de 33,1%.
De fato, o sistema bancário venezue-
lano é o único da América Latina que de-
monstra uma consistente tendência de
baixa em seus níveis de depósito, lucro
e carteiras de crédito. Situação que não
se repete entre os bancos equatorianos
ou bolivianos, países companheiros da
Venezuela na Alba (Aliança Bolivariana
para os Povos de Nossa América), que
optaram por ser mais ortodoxos na
condução da macroeconomia. Não obs-
tante, há bancos venezuelanos, como o
Exterior, o Provincial e o Bancaribe, que
continuam focando na rentabilidade,
com taxas de ROE que superam 16%.
Os bancos da América Central, re-
gião que se viu fortemente afetada pela
crise econômica, também registram
um período sem complicações. Mesmo
que o lucro tenha sido usado no período
pós-crise, a solvência dessas institui-
ções se manteve equilibrada graças a
fontes de fi nanciamento interno cada
vez mais robustas.
A grande exceção nesse quadro está
na Nicarágua, onde recentemente foi
anunciada a liquidação do Banco del
Éxito, instituição fi nanceira local que
sofreu com a ação “Movimiento del No
Pago”. Essa organização foi criada em
março de 2008 por clientes inadimplen-
tes das pequenas fi nanceiras. Incitado
pelo presidente Daniel Ortega, o grupo
deu início a uma série de manifestações,
vários países da região (veja reportagem
na pág. 36).
A taxa média de crescimento decai à
medida que se incorporam bancos me-
nores: enquanto os primeiros 50 bancos
do ranking cresceram 16,6% em média,
os 250 chegaram a apenas 13,8%.
Uma das análises mais interessan-
tes que emergem dessa lista é a ten-
dência por países, já que os resultados
variam de mercado a mercado, refl e-
xo dos diferentes estágios dos bancos
latino-americanos.
Os 70 bancos brasileiros que perten-
cem ao ranking elevaram seus ativos
25,5%, em média, durante 2009/2010.
Só foram superados pelos 28 bancos
mexicanos, que registraram um au-
AE 392 bancos.indd 5 9/24/10 2:48:07 AM
46 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
VERDE TESOUROEvolução dos ativos em US$ milhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence
3.000.000
2.000.000
500.000
2000 20042002 2006 20092001 2005 20082003 2007 2010
2.500.000
1.000.000
1.500.000
0
Total geral Brasil México
Chile Argentina Panamá
COFRINHO CHEIO?Evolução dos ativos com base no ano 2000Fonte: AméricaEconomía Intelligence
2000 2003 20072002 2005 20092001 2004 20082006 2010
8
4
6
2
7
3
5
1
0
VenezuelaPanamáPeruArgentina
ColômbiaChileTotal geral
BrasilMéxico
BANCO PRECAVIDO VALE POR DOISPercentual de provisão sobre os depósitos dos bancos de cada país
PROVISÕES/DEPÓSITOS 2010
Fonte: AméricaEconomía Intelligence0,080,070,060,050,040,030,020,01
0
ARGE
NTIN
A
COLÔ
MBIA
GUAT
EMAL
A
BRAS
IL
REP.
DOM
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URUG
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VENE
ZUEL
A
que repercutiram por todo o sistema
bancário do país. Os três bancos nicara-
guenses que participam do ranking re-
gistraram uma redução do lucro em 6%,
e as carteiras de crédito em 10%, ainda
que não corram riscos de insolvência.
O Panamá, por sua vez, vive uma
situação diferente. Consolidado como
um centro financeiro internacional,
hoje demonstra querer sair da lista de
paraísos fi scais elaborada pela OCDE
(Organização para Cooperação e Desen-
volvimento Econômico). De fato, che-
gou-se a cogitar no mercado que o grupo
francês Société Générale iria deixar o
país devido às preocupações geradas
por essa imagem de paraíso fi scal. Por
outro lado, a mídia espanhola apontou
recentemente que muitos milionários
da Espanha estão escolhendo o Pana-
má para deixar seu dinheiro e fugir
da atual diligência da banca europeia.
Durante o primeiro semestre deste ano,
foram concedidas seis novas licenças de
operação para bancos no Panamá, e há
outras sete em trâmite, o que colabo-
raria para consolidar a capital do país
como praça fi nanceira global.
BEM QUALIFICADOSHá dez anos, os ratings de classifi cação
de dívida dos maiores bancos da região
– com exceção dos chilenos – concentra-
vam-se em BB, enquanto os do mundo
desenvolvido estavam em AA. Hoje,
essa diferença se reduziu bastante: os
dos países desenvolvidos caíram para
A, e grande parte dos melhores bancos
latino-americanos subiram para BBB,
segundo classifi cação da agência Fitch
Ratings.
O preparo demonstrado pelos ban-
cos latino-americanos lhes permitiria
inclusive seguir, sem problemas, as
novas normas do Comitê da Basileia
de Supervisão Bancária – conhecidos
como Basileia III –, que elevam os mon-
tantes mínimos de capitalização que os
bancos devem garantir para enfrentar
crises com mais fôlego. Grande parte
dos bancos latino-americanos está aci-
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 47
SUB RK 10
BANCO PAÍS
CART. CRÉD. US$ MIJUN/10
VAR. CART. CRÉD. 10/09 (%)
RK 10
1 J. SAFRA BR 994,8 995,1 206
2 BVA BR 1.179,4 176,2 132
3 HSBC FINANCE BM BR 667,1 174,8 166
4 FIAT BR 2.322,2 148,0 110
5 BTG PACTUAL BR 1.093,9 112,0 24
6 RURAL BR 1.052,2 93,4 133
7 BANCOOB BR 1.615,3 84,1 73
8 BANCO FIDIS BR 1.917,0 80,9 130
9 RABOBANK CL 580,1 74,4 208
10 BGN BR 1.033,1 73,8 160
11 ABC BRASIL BR 3.086,7 72,2 74
12 IND. E COM. BR 5.081,3 72,0 48
13 FORD BR 750,2 71,9 245
14 BANESCO S.A. PA 489,8 71,4 191
15 TOYOTA BR 808,5 66,8 176
ME DÁ UM DINHEIRO AÍOs que mais ampliaram sua carteira de créditosFonte: AméricaEconomía Intelligence
HOJE NÃO EMPRESTOOs que mais reduziram sua carteira de créditosFonte: AméricaEconomía Intelligence
SUB RK 10
BANCO PAÍS
CART. CRÉD. US$ MIJUN/10
VAR. CART. CRÉD.(%)
10/09
RK 10
1 B. DE LOS TRABAJ. GT 99,3 -79,1 247
2 DEL DESARR. RURAL GT 458,5 -76,2 106
3 REFORMADOR GT 162,6 -71,9 225
4 IND. DE VENEZUELA VE 178,3 -68,9 123
5 BANCORO VE 344,3 -68,2 221
6 JOHN DEERE BR 248,6 -68,0 222
7 AGROMERCANTIL GT 233,9 -66,2 180
8 J. P. MORGAN MX 8,4 -65,6 149
9 INDUSTRIAL GT 817,3 -65,5 80
10 G & T CONTINENTAL GT 604,6 -64,0 97
11 BBM BR 199,7 -63,0 113
12 TOKYO-MITSUBISHI UFJ BR 51,2 -60,7 213
13 CITIBANK N.A. BR 80,8 -58,0 197
14 NACIONAL DE CRÉDITO VE 865,3 -55,8 147
15 FEDERAL VE 798,0 -53,2 134
SUB RK 10
BANCO PAÍSLUCRO US$ MIJUN/10
RENT. ROE (%) 1º SEM
RK 10
1 NOVA SCOTIA PA 17,8 103,6 164
2 EXTERIOR VE 57,6 21,6 111
3 COMAFI AR 17,6 20,9 215
4 AGRARIO CO 112,7 19,3 52
5 COMPARTAMOS MX 68,4 19,2 246
6 HSBC AR 104,5 18,5 77
7 COMERCIAL BHD DO 41,5 18,5 126
8 BANCOLOMBIA PA 73,8 18,4 112
9 PROVINCIAL VE 196,5 17,7 36
10 MONEX MX 22,1 17,2 156
11 SANTANDER RÍO AR 118,3 17,1 46
12 BVA BR 27,9 16,9 132
13 CONTINENTAL BBVA PE 163,8 16,4 29
14 INTERBANK PE 79,8 16,2 60
15 BANCARIBE VE 39,1 16,1 115
MÁQUINAS AJUSTADASOs mais rentáveisFonte: AméricaEconomía Intelligence
POUCAS CARAS TRISTESBancos com perdas na regiãoFonte: AméricaEconomía Intelligence
SUB RK 10
BANCO PAÍSLUCROUS$ MI JUN/10
RENT. ROE (%) 1º SEM
RK 10
1 G. SACHS BM S.A BR -41,2 -52,1 224
2 DE CÓRDOBA AR -11,2 -19,3 157
3 CNH CAPITAL BR -26,8 -11,7 135
4 PAULISTA BR -4,8 -8,5 234
5 HSBC BANK PERÚ PE -9,1 -8,3 217
6 RABOBANK CHILE CL -4,6 -6,5 208
7 ITAÚ ARGENTINA AR -3,5 -3,2 171
8 SOCIÉTÉ GÉNÉRALE BR -8,0 -1,3 79
9 RBS CL -2,1 -0,9 241
10 CITIBANK ES -2,6 -0,7 128
11 SOFISA BR -2,8 -0,7 105
12 IXE MX -0,3 -0,1 69
ma dos novos níveis recomendados, ou
pouco abaixo.
A força desse sistema bancário
explica-se por três grandes fatores: os
sólidos balanços, acompanhados de
estritos sistemas de regulamentação
e supervisão. Além disso, seu foco no
ainda pouco bancarizado mercado do-
méstico lhe fez evitar a exposição aos
ativos tóxicos que contaminaram os
balanços bancários do Primeiro Mun-
do. Isso, somado ao bom desempenho
macroeconômico de seus países e a uma
gestão monetária efetiva, permitiu que
a primeira década do século 21 – que
começou e terminou com crises – tenha
sido a prova de fogo que permitiu aos
bancos latino-americanos fortalecer
sua musculatura.
Metodologia dos 250 MaioresA informação apresentada corresponde a junho de 2010, salvo quando indicado outro período.O critério pelo qual se elegem os 250 maiores bancos são os ativos totais. A conversão dos diferentes itens contábeis a dólares correntes é feita segundo o tipo de câmbio vigente correspondente à informação publicada. As carteiras de crédito são brutas e compostas por carteiras vigentes mais carteira vencida (ou a carteira líquida de provisões mais provisões).Os lucros correspondem ao período janeiro-junho, semestralizados em caso de balanços que cubram outro período. Para calcular a rentabilidade sobre o patrimônio, também foram usados dados semestrais.No Brasil, a legislação reconhece dois tipos de bancos: os múltiplos e os comerciais. Os primeiros englobam uma série de atividades, como investimento, leasing, corre-tagem de valores e crédito imobiliário, diferentemente dos bancos comerciais, que correspondem ao conceito tradicional dos bancos (colocação e captação).Na Argentina, a estimativa de morosidade corresponde à razão entre a carteira vencida e o total de emprésti-mos. O critério de carteira vencida na Argentina cor-responde à carteira com inadimplência, cumprimento deficiente, alto risco de insolvência, difícil recuperação, irrecuperável e irrecuperável por disposição técnica.
Metodologia 25 Melhores O ranking tem como base os 100 maiores bancos da América Latina por ativos totais. O ranking não conside-ra bancos estatais porque, em geral, estes não operam sob as mesmas normas de supervisão.A ferramenta utilizada para determinar os melhores é o método Camel:• C: Capital Adecuacy (Estrutura do Capital)• A: Assets Quality (Qualidade dos Ativos)• M: Management (Gestão)• E: Earning (Lucro)• L: Liquity (Liquidez)1. Estrutura do Capital (15%)Este indicador mede a capacidade que cada instituição tem para absorver perdas ou desvalorizações de seus ativos, já que qualquer deterioração na qualidade dos mesmos deve ser absorvida pelo patrimônio para que não afete os depósitos. 2. Qualidade dos Ativos (10%)Este indicador mostra a qualidade dos ativos de cada instituição analisando a carteira de créditos, a carteira vencida e provisão de recursos.3. Gestão (25%)Este é um dos fatores mais complexos de avaliar, já que inclui elementos cuja informação, em sua maioria, não está disponível em todos os países.A eficiência administrativa mede a relação entre a soma dos gastos com pessoal e os gastos operacionais dire-tos do banco em relação à margem operacional.4. Lucro (20%)A avaliação da rentabilidade está associada ao po-tencial atual e futuro da instituição em gerar lucros e rendimento dos ativos, bem como equilíbrio entre o rendimento dos ativos e o custo dos recursos captados, além de conceitos como o retorno do investimento.5. Liquidez (5%)Os indicadores financeiros relacionados à liquidez me-dem a capacidade operacional do banco para respon-der por seus compromissos financeiros de curto prazo. Seu grau de vulnerabilidade vai depender do equilíbrio existente entre fatores como os vencimentos dos ativos e os vencimentos dos passivos do banco. 6. Tamanho (25%)Um último indicador que entra na metodologia é o tamanho, já que, apesar de a seleção dos cem pri-meiros bancos oferecer uma amostra homogênea, a distância entre o número 1 e o 100 é de mais de US$ 285 bilhões.
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48 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
1 2 BANCO DO BRASIL BRA 362.628,2 39,7 138.898,6 44,6 174.018,8 33,3 22.228,7 2.274,3 41,9 10,2 1,5
2 1 ITAÚ UNIBANCO BRA 352.920,6 20,8 52.824,0 31,3 166.081,8 28,0 24.519,8 1.475,9 72,2 6,0 5,0
3 3 BRADESCO BRA 313.189,3 27,5 66.672,3 34,5 145.795,2 19,4 24.645,5 1.808,3 21,0 7,3 8,5
4 5 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL BRA 212.117,0 27,1 77.587,5 64,8 108.985,4 20,2 7.953,7 717,6 79,1 9,0 2,3
5 4 SANTANDER BRA 207.513,4 15,5 50.433,5 7,4 72.795,7 –10,6 36.362,3 675,0 246,9 1,9 7,9
6 6 BBVA BANCOMER MÉX 86.635,6 1,9 40.314,9 9,4 43.561,5 5,3 7.748,1 896,5 1.323,2 11,6 3,5
7 7 BANAMEX MÉX 84.743,6 13,1 26.494,4 31,8 32.456,1 18,6 11.218,1 777,6 33,2 6,9 1,7
8 8 HSBC BRASIL BRA 63.691,1 17,3 15.470,5 12,2 39.938,7 18,2 3.981,8 235,5 82,9 5,9 5,7
9 9 VOTORANTIM BRA 59.340,1 18,6 8.452,6 10,5 12.421,3 12,3 4.535,6 265,7 242,6 5,9 1,5
10 10 SANTANDER MÉX 48.996,1 0,7 15.777,6 –1,5 19.516,9 –3,2 6.162,2 503,4 5,2 8,2 1,8
11 11 MERCANTIL DEL NORTE MÉX 44.802,0 5,0 18.048,6 5,5 21.715,2 8,2 3.271,8 238,6 20,2 7,3 2,4
12 14 SAFRA BRA 39.651,4 24,8 10.202,4 44,6 10.375,4 7,0 2.847,1 285,0 22,1 10,0 1,2
13 12 SANTANDER SANTIAGO CHI 37.793,1 3,0 26.540,1 7,3 20.679,3 –4,2 3.082,7 466,7 31,2 15,1 2,8
14 17 HSBC MÉXICO MÉX 33.027,8 8,3 11.511,2 1,6 18.041,7 8,0 3.152,1 17,8 1.323,1 0,6 4,3
15 16 BANCO DE CHILE CHI 32.202,5 4,7 24.581,7 8,5 21.206,8 6,7 2.436,8 379,7 63,9 15,6 1,6
16 18 BANCO ESTADO CHI 31.565,9 8,4 20.683,2 6,7 20.412,4 8,1 1.712,6 73,0 12,4 4,3 6,9
17 20 NACIÓN ARG 31.088,0 60,9 9.820,6 38,6 24.638,2 65,8 2.432,6 156,2 113,6 6,4 –
18 22 CITIBANK BRA 25.805,8 39,0 3.923,9 14,8 8.148,2 28,9 1.771,1 74,3 –90,9 4,2 6,3
19 19 BCI CHI 23.565,6 3,4 16.706,5 3,4 13.854,0 –4,9 1.740,4 178,8 48,1 10,3 2,4
20 21 BANCOLOMBIA COL 22.637,6 18,6 15.507,3 15,7 14.479,3 15,2 3.630,4 312,4 19,2 8,6 3,2
21 24 CRÉDITO PER 18.638,5 17,1 10.625,7 20,4 12.734,0 15,2 1.677,2 204,6 14,3 12,2 1,2
22 25 INBURSA MÉX 17.291,2 13,5 13.147,8 16,4 10.836,2 3,4 3.450,2 104,8 –30,0 3,0 1,5
23 30 DE BOGOTÁ COL 16.605,3 29,7 10.249,1 17,7 11.739,2 22,3 2.368,1 202,1 21,3 8,5 2,8
24 54 BTG PACTUAL BRA 16.493,8 164,9 1.093,9 112,0 3.417,1 91,5 1.911,0 187,1 220,8 9,8 0,2
25 29 BBVA CHI 13.556,3 4,3 9.158,5 2,3 7.960,4 7,1 902,9 82,4 12,7 9,1 2,7
26 34 DAVIVIENDA COL 13.414,3 27,5 9.810,7 38,6 8.909,8 22,7 1.515,1 128,4 21,3 8,5 3,8
27 31 SCOTIABANK INVERLAT MÉX 13.195,0 15,2 7.633,2 8,3 8.788,5 10,6 2.048,8 101,3 66,0 4,9 4,1
28 32 CORP BANCA CHI 12.896,4 16,7 9.687,7 10,9 7.603,3 14,1 911,9 101,5 55,3 11,1 2,3
29 36 CONTINENTAL BBVA PER 11.081,7 9,4 7.597,9 14,3 7.673,4 7,5 999,3 163,8 –5,1 16,4 0,2
30 40 BANCO DO NORDESTE BRA 11.046,7 33,9 4.987,3 33,1 3.821,6 79,7 1.146,6 28,9 –43,6 2,5 2,6
31 28 BANCO VENEZUELA SANTANDER VEN 10.519,7 –24,4 4.136,3 –37,7 8.976,5 –25,2 877,8 0,0 –100,0 0,0 1,8
32 35 BNP PARIBAS BRA 10.332,5 –1,5 225,1 –17,4 3.059,1 7,4 612,4 61,8 53,1 10,1 0,0
33 48 VOLKSWAGEN BRA 10.269,1 41,9 7.587,1 58,8 3.486,1 9,9 946,6 65,6 – 6,9 0,7
34 37 BBVA COLOMBIA COL 10.057,9 0,7 6.777,7 8,1 7.027,1 2,9 1.072,6 120,9 25,8 11,3 3,9
35 23 BANESCO VEN 9.930,0 –44,0 5.720,3 –38,6 8.648,5 –44,4 886,2 93,8 –30,6 10,6 1,4
36 27 PROVINCIAL VEN 9.717,6 –34,7 4.577,1 –36,0 7.843,0 –34,8 1.107,9 196,5 –37,4 17,7 1,1
37 39 HSBC PANAMÁ PAN 9.674,1 –0,0 6.051,4 0,5 7.778,1 0,3 1.366,0 34,0 –54,6 2,5 –
38 33 SCOTIABANK CHI 9.605,2 –10,8 7.300,6 –8,5 4.336,8 –20,2 884,5 46,4 197,5 5,2 8,0
39 26 MERCANTIL VEN 9.330,4 –38,6 4.919,4 –32,2 8.063,4 –38,6 982,6 102,8 –33,9 10,5 0,9
40 41 REP. ORIENTAL DEL URUGUAY URU 9.157,6 13,1 6.948,0 48,6 8.200,4 12,9 957,2 79,6 22,6 8,3 0,2
41 55 BANCO DE OCCIDENTE COL 8.916,9 46,6 5.655,8 42,0 5.515,0 21,8 1.219,0 107,7 24,9 8,8 5,2
42 44 PROVINCIA ARG 8.720,8 14,0 2.562,8 7,9 7.117,9 17,7 450,5 31,2 –603,3 6,9 –
43 64 DEUTSCHE BANK BRA 8.570,2 57,2 377,3 40,5 964,4 –22,4 533,2 25,0 – 4,7 25,0
44 42 GENERAL PAN 8.283,4 2,7 5.133,0 –2,7 6.549,1 5,7 894,4 86,0 1,6 9,6 –
45 46 SCOTIABANK PER 8.224,2 11,0 4.757,3 10,8 5.669,3 9,4 1.082,8 117,6 25,9 10,9 1,5
46 50 SANTANDER RÍO ARG 7.662,3 12,0 4.134,1 12,8 5.184,1 12,0 692,6 118,3 295,4 17,1 –
47 52 BICENTENARIO VEN 7.652,7 19,9 1.481,3 –10,6 5.352,6 0,3 584,3 7,6 –69,2 1,3 18,7
48 70 INDUSTRIAL E COMERCIAL BRA 7.612,8 57,1 5.081,3 72,0 4.067,6 91,9 1.040,3 71,4 35,3 6,9 1,9
49 45 I.N.G. BANK MÉX 7.598,6 1,6 372,2 –22,2 435,8 –3,3 591,4 10,1 –66,4 1,7 0,0
50 53 NACIÓN PER 7.277,9 14,2 1.342,2 55,1 5.652,0 19,3 505,8 48,7 –55,2 9,6 0,4
RK10
RK09
BANCO PAÍS
ATIVO TOTAL
US$ MI(JUN/10)
VAR. ATIVO TOTAL EM %
2010/2009
CART. DE CRÉD.
US$ MI(JUN/10)
VAR. CART. CRÉD. EM %
2010/2009
DEPÓSI-TOS
US$ MI(JUN/10)
VAR. DEPÓSITO
EM %2010/2009
PATRIM. US$ MI
(JUN/10)
LUCRO US$ MI
(JUN/10)
VAR. LUC. EM %
(2010/2009)
LUC./ PATR. EM %
(2010)
C. VENC./ C. CRÉD. EM %
(2010)
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 49
RK10
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BANCO PAÍS
ATIVO TOTAL
US$ MI(JUN/10)
VAR. ATIVO TOTAL EM %
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CART. DE CRÉD.
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DEPÓSI-TOS
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(2010/2009)
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C. VENC./ C. CRÉD. EM %
(2010)
51 63 MACRO ARG 7.090,3 29,2 2.965,9 39,8 4.689,7 31,1 892,4 94,3 129,2 10,6 –
52 62 AGRARIO COL 7.051,8 23,7 3.228,2 19,4 4.588,9 23,0 583,8 112,7 15,8 19,3 4,8
53 51 BBVA, FRANCÉS ARG 6.730,7 0,4 2.859,0 9,1 5.043,6 –1,5 566,8 72,8 221,4 12,9 –
54 47 J.P. MORGAN BRA 6.662,1 –8,8 96,3 – 256,7 –13,5 743,5 19,3 52,2 2,6 0,0
55 56 GALICIA ARG 6.535,5 12,1 3.114,2 40,3 4.498,5 12,8 684,2 26,7 41,8 3,9 –
56 61 NACIONAL C.RI 6.358,0 11,5 3.456,8 9,2 4.556,4 11,6 634,9 28,6 2,5 4,5 3,2
57 59 DEL BAJIO MÉX 6.245,0 9,2 4.794,2 29,4 3.580,2 15,4 772,1 35,1 40,8 4,5 2,8
58 65 POPULAR COL 6.216,8 17,1 3.807,1 24,4 4.311,7 16,8 783,1 97,0 38,6 12,4 3,0
59 80 SICREDI BRA 6.077,4 40,7 2.296,7 63,2 3.097,4 55,6 125,5 9,1 20,3 7,3 0,0
60 68 INTERBANK PER 6.065,5 22,1 3.595,6 20,8 4.342,4 20,2 492,4 79,8 41,2 16,2 1,2
61 86 INTERACCIONES MÉX 6.029,6 49,1 3.351,1 51,5 2.556,5 44,9 281,3 30,0 7,9 10,7 1,2
62 87 BMG BRA 5.992,7 48,3 3.944,9 62,2 2.704,0 104,3 1.201,2 163,6 171,9 13,6 3,6
63 57 NACIONAL PAN 5.962,8 2,4 2.229,9 –0,3 5.086,6 0,4 548,8 48,9 18,3 8,9 –
64 38 OCCIDENTAL DE DESCUENTO VEN 5.891,8 –40,6 2.657,8 –36,5 4.140,9 –43,2 555,3 55,1 –68,9 9,9 3,6
65 43 SECURITY CHI 5.796,7 –25,8 3.537,5 4,2 3.412,2 3,6 355,3 34,8 69,6 9,8 1,6
66 60 ITAÚ CHILE CHI 5.705,5 0,0 4.394,9 9,2 3.779,5 8,8 604,1 41,6 12,3 6,9 1,6
67 94 PANAMERICANO BRA 5.685,8 51,9 2.997,1 49,9 3.182,7 62,0 885,7 9,6 –65,9 1,1 10,9
68 73 BANCO AZTECA MÉX 5.267,1 14,3 1.694,7 11,4 4.059,4 11,5 362,8 24,2 62,9 6,7 5,3
69 69 IXE MÉX 5.139,2 3,8 2.002,6 39,0 2.143,6 19,1 338,4 –0,3 –105,4 –0,1 1,0
70 78 PICHINCHA EQU 5.132,1 18,3 2.765,4 12,6 4.175,6 18,1 484,5 30,9 17,6 6,4 1,6
71 96 MERCANTIL DO BRASIL BRA 4.971,5 36,0 2.396,2 41,4 2.730,1 42,0 378,5 49,9 861,7 13,2 2,9
72 77 DE RESERVAS DOM 4.964,7 14,3 3.457,8 15,0 2.560,0 20,0 375,0 43,2 35,6 11,5 1,8
73 114 BANCOOB BRA 4.964,2 67,4 1.615,3 84,1 2.782,0 146,6 148,6 7,2 123,6 4,9 0,4
74 111 ABC BRASIL BRA 4.925,8 58,9 3.086,7 72,2 1.667,3 30,5 711,7 33,8 169,2 4,8 0,6
75 66 BICE CHI 4.884,3 –2,7 3.578,6 3,8 3.075,6 –1,3 389,3 31,6 7,4 8,1 1,2
76 110 DAYCOVAL BRA 4.835,4 54,2 2.264,9 57,2 1.547,2 47,4 928,1 39,6 99,8 4,3 2,5
77 82 HSBC ARG 4.800,2 14,3 2.239,0 25,7 3.445,1 20,2 563,9 104,5 0,0 18,5 –
78 98 COLPATRIA COL 4.798,4 36,0 3.784,3 38,5 3.177,1 30,9 452,9 40,2 –25,2 8,9 5,3
79 115 SOCIETE GENERALE BRA 4.740,8 61,5 268,4 –7,7 1.064,8 22,8 606,4 –8,0 – –1,3 5,3
80 74 INDUSTRIAL GUA 4.723,2 3,0 817,3 –65,5 3.710,8 6,5 428,7 45,6 6,9 10,6 –
81 99 CRUZEIRO DO SUL BRA 4.610,9 31,1 738,4 –10,5 2.234,1 37,8 618,5 24,3 – 3,9 3,5
82 90 RABOBANK BRA 4.523,0 14,7 1.359,8 22,9 245,0 3,9 327,0 22,3 219,6 6,8 1,8
83 91 DA AMAZÔNIA BRA 4.480,2 14,7 901,0 7,9 1.188,4 17,5 1.083,5 25,9 14,3 2,4 7,2
84 81 POPULAR DOMINICANO DOM 4.473,4 5,7 2.700,6 11,6 3.067,4 9,0 353,2 49,5 26,2 14,0 1,2
85 84 BLADEX PAN 4.419,7 7,9 3.081,1 16,3 1.539,2 19,8 639,8 22,1 –9,5 3,5 –
86 106 PINE BRA 4.394,1 35,2 1.788,1 46,3 1.594,7 66,7 474,8 22,1 161,7 4,7 0,9
87 92 DE COSTA RICA C.RI 4.296,2 12,6 2.409,8 15,4 3.059,3 12,4 498,6 24,7 7,3 5,0 2,5
88 109 GNB SUDAMERIS COL 4.182,2 31,7 1.766,1 21,7 2.540,1 46,4 284,3 34,8 43,3 12,3 1,8
89 100 CIUDAD ARG 4.181,3 19,2 2.129,1 9,2 3.345,1 21,7 457,6 55,1 298,7 12,1 –
90 75 GMAC BRA 4.047,7 –10,0 1.162,4 –7,0 960,7 –29,2 625,8 30,4 –6,6 4,9 2,4
91 103 BCSC COL 4.016,6 20,2 2.582,3 10,4 3.369,1 19,8 438,4 42,8 334,9 9,8 7,2
92 95 SANTANDER URU 3.943,0 5,4 3.087,6 21,5 3.512,9 2,6 430,1 32,1 33,1 7,5 0,1
93 88 CITIBANK N.A ARG 3.867,8 –3,1 1.662,2 7,7 2.205,8 –2,7 521,8 61,0 35,2 11,7 –
94 107 DE BRASÍLIA, BRB BRA 3.848,8 19,0 1.786,0 27,5 3.032,3 17,9 369,9 46,6 55,4 12,6 1,4
95 102 CITIBANK COL 3.795,3 10,0 2.162,4 7,7 2.325,9 5,1 693,9 38,0 –36,8 5,5 4,6
96 85 BANCO AGRICOLA ELS 3.714,4 –8,7 2.380,0 –6,3 2.638,4 –2,0 535,3 37,9 50,4 7,1 3,6
97 97 G & T CONTINENTAL GUA 3.710,9 3,3 604,6 –64,0 2.761,0 9,2 356,9 26,7 –9,2 7,5 –
98 – HELM BANK COL 3.598,2 – 2.609,2 – 2.482,0 – 546,2 32,3 – 5,9 3,0
99 198 BANK OF AMERICA MÉX 3.595,5 204,4 74,4 –21,0 184,0 –19,6 284,6 19,4 120,5 6,8 0,0
100 124 MERCEDES–BENZ BRA 3.487,1 35,6 2.920,4 54,2 49,8 –85,9 482,9 19,4 – 4,0 0,6
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50 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
101 113 CREDICOOP ARG 3.472,0 16,6 1.490,5 –39,7 2.958,8 19,6 280,3 30,5 –3,3 10,9 –
102 117 SANTANDER COL 3.440,8 20,2 2.121,1 16,3 2.209,2 4,8 350,8 27,5 29,2 7,9 2,6
103 122 AV VILLAS COL 3.412,3 29,0 2.285,6 22,5 2.548,4 29,3 409,4 34,1 40,2 8,3 4,2
104 116 BANCO DEL TESORO VEN 3.399,5 16,1 580,7 37,0 1.977,9 –12,3 208,5 13,5 –33,9 6,5 2,6
105 121 SOFISA BRA 3.261,3 16,7 1.236,2 26,9 1.354,5 59,2 422,7 –2,8 –156,9 –0,7 13,2
106 112 DEL DESARROLLO RURAL GUA 3.214,0 5,8 458,5 –76,2 2.586,5 6,5 387,4 41,6 –9,3 10,7 –
107 83 AFIRME MÉX 3.182,0 –23,8 709,3 –19,8 984,6 47,4 193,3 10,0 43,7 5,2 5,5
108 196 DEUTSCHE BANK MÉX 3.082,4 160,3 44,7 – 0,0 – 171,0 9,2 295,9 5,4 0,0
109 128 BANREGIO MÉX 3.049,9 23,3 1.349,4 27,6 1.251,9 27,4 178,6 10,8 19,2 6,0 2,6
110 49 FIAT BRA 3.023,1 –56,7 2.322,2 148,0 2.417,9 –62,1 527,1 39,9 89,8 7,6 0,6
111 76 EXTERIOR VEN 2.896,5 –34,1 1.751,7 –36,7 2.525,6 –32,5 267,3 57,6 –31,8 21,6 0,8
112 118 BANCOLOMBIA PAN 2.877,5 0,7 1.426,3 2,3 1.762,3 –15,1 401,9 73,8 147,6 18,4 –
113 58 BBM BRA 2.862,1 –50,7 199,7 –63,0 311,9 –62,6 361,1 2,4 –87,5 0,7 24,1
114 104 HIPOTECARIO ARG 2.776,4 –16,5 1.106,0 –1,0 1.048,2 16,3 715,9 10,5 32,5 1,5 –
115 89 BANCARIBE VEN 2.774,7 –30,3 1.653,1 –26,8 2.342,8 –32,3 243,4 39,1 –7,3 16,1 0,4
116 120 STANDAR BANK ARG 2.772,1 –1,8 1.414,5 5,2 1.969,9 –2,5 237,1 6,3 –11,5 2,6 –
117 137 BANCO IBI S.A. BM BRA 2.740,6 24,7 1.061,6 0,5 158,6 –73,5 1.231,8 154,9 – 12,6 41,9
118 135 CRÉDITO DEL PERÚ PAN 2.678,7 20,1 2.581,7 22,6 90,3 –94,6 45,2 3,4 –56,3 7,6 –
119 133 POPULAR C.RI 2.626,7 14,4 1.761,6 17,8 1.862,3 9,8 487,2 15,9 1,0 3,3 3,0
120 151 MIFEL MÉX 2.619,5 37,0 1.160,6 66,5 1.284,4 101,9 89,2 4,8 132,2 5,4 2,8
121 134 CLÁSSICO BRA 2.587,4 13,6 0,6 3,0 0,4 510,8 2.498,4 9,0 406,0 0,4 0,0
122 79 CORP. BANCA VEN 2.533,8 –41,5 1.563,9 –31,6 1.791,6 –34,4 252,7 15,4 –77,6 6,1 3,0
123 67 INDUSTRIAL DE VENEZUELA VEN 2.520,5 –49,3 178,3 –68,9 1.782,0 –50,6 157,3 13,7 – 8,7 60,8
124 140 GLOBAL BANK PAN 2.514,0 16,6 1.696,7 22,6 1.832,5 19,1 189,4 10,0 3.426,0 5,3 –
125 127 PATAGONIA ARG 2.493,5 0,3 1.267,1 36,8 1.738,5 19,3 449,7 35,8 124,9 8,0 –
126 145 COMERCIAL BHD DOM 2.418,0 18,9 1.195,2 16,6 1.083,7 19,6 224,1 41,5 25,2 18,5 1,9
127 152 DEUTSCHE CHI 2.337,0 23,0 N.D. – 685,1 156,1 146,9 21,8 54,4 14,8 –
128 123 CITIBANK ELS 2.325,5 –11,3 1.302,3 –17,3 1.615,5 2,8 374,0 –2,6 – –0,7 6,1
129 129 BAC INTERNACIONAL PAN 2.276,3 –7,1 977,7 –9,1 1.237,9 –13,9 864,5 85,9 –1,9 9,9 –
130 171 BANCO FIDIS BRA 2.228,2 44,0 1.917,0 80,9 1.623,6 47,7 195,7 9,6 19,5 4,9 0,2
131 163 PACÍFICO EQU 2.192,8 27,8 904,3 25,7 1.793,8 33,4 298,2 N.D. –100,0 – 1,1
132 241 BVA BRA 2.192,3 148,1 1.179,4 176,2 1.633,8 153,4 164,4 27,9 181,5 16,9 1,1
133 177 RURAL BRA 2.173,6 43,6 1.052,2 93,4 1.490,9 57,6 234,9 12,3 144,1 5,2 1,3
134 71 FEDERAL VEN 2.149,4 –55,6 798,0 –53,2 1.794,0 –45,3 158,8 1,2 –95,3 0,7 8,6
135 126 CNH CAPITAL BRA 2.127,5 –15,0 1.179,7 –24,0 551,7 36,1 228,9 –26,8 – –11,7 27,6
136 164 LAGE DE LANDEN BRA 2.110,2 26,1 1.852,0 32,7 N.D. – 189,7 5,6 – 3,0 3,2
137 159 HSBC CHI 2.071,1 18,1 467,7 9,3 1.084,8 33,5 173,3 1,6 –77,6 0,9 –
138 144 BARCLAYS BRA 2.031,2 –0,2 N.D. – 216,5 –50,4 392,7 36,6 301,2 9,3 –
139 150 BAC. SAN JOSÉ C.RI 2.030,4 5,4 1.446,4 3,1 1.548,9 1,9 205,4 8,9 –52,9 4,3 0,8
140 156 ATLÁNTIDA HON 1.939,4 7,1 1.133,9 0,3 1.289,1 8,5 200,6 15,2 1,7 7,6 2,2
141 162 NVO. DE SANTA FE ARG 1.931,4 12,1 839,8 0,2 1.441,1 17,7 232,9 34,5 45,6 14,8 –
142 142 SCOTIABANK ELS 1.930,2 –7,4 1.414,4 –1,7 1.392,7 4,7 226,1 3,5 131,5 1,6 4,3
143 139 HSBC ELS 1.843,6 –14,8 1.143,1 –7,7 1.293,1 –6,2 256,1 6,5 1.870,7 2,5 6,0
144 148 SCOTIABANK C.RI 1.826,7 –5,4 1.335,9 –5,5 1.524,2 –7,1 180,5 0,3 –92,0 0,2 2,5
145 161 INVEX MÉX 1.826,1 5,4 540,4 2,7 544,7 24,7 161,2 6,6 10,5 4,1 3,2
146 173 PRODUBANCO EQU 1.824,0 18,9 833,7 25,7 1.519,1 21,0 161,5 N.D. –100,0 – 0,4
147 93 NACIONAL DE CRÉDITO VEN 1.794,6 –52,4 865,3 –55,8 1.502,2 –52,5 184,3 4,9 –61,0 2,7 5,2
148 160 DE AMÉRICA CENTRAL HON 1.777,3 2,1 879,7 –7,3 905,5 –6,3 148,8 9,5 47,6 6,4 1,2
149 157 J. P. MORGAN MÉX 1.761,2 –2,6 8,4 –65,6 59,0 6,2 342,2 7,1 –81,0 2,1 0,0
150 167 MORGAN ST. DEAN BRA 1.731,5 6,0 N.D. – 702,6 – 431,4 35,6 – 8,3 –
RK10
RK09
BANCO PAÍS
ATIVO TOTAL
US$ MI(JUN/10)
VAR. ATIVO TOTAL EM %
2010/2009
CART. DE CRÉD.
US$ MI(JUN/10)
VAR. CART. CRÉD. EM %
2010/2009
DEPÓSI-TOS
US$ MI(JUN/10)
VAR. DEPÓSITO
EM %2010/2009
PATRIM. US$ MI
(JUN/10)
LUCRO US$ MI
(JUN/10)
VAR. LUC. EM %
(2010/2009)
LUC./ PATR. EM %
(2010)
C. VENC./ C. CRÉD.
EM %(2010)
AE 392 bancos RK.indd 4 9/23/10 10:54:17 PM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 51
151 179 ITAU URU 1.729,3 14,5 1.126,0 47,4 1.617,6 14,7 111,7 10,4 – 9,3 0,2
152 175 INDUSVAL BRA 1.706,6 11,9 689,9 7,8 754,2 21,1 239,1 1,7 35,9 0,7 3,1
153 166 MERCANTIL STA. CRUZ BOL 1.691,5 2,5 780,8 – 1.496,2 – 107,9 9,0 – 8,4 0,3
154 165 FICOHSA HON 1.685,3 1,8 970,1 5,0 890,5 –1,4 146,3 10,7 –9,3 7,3 0,3
155 158 FALABELLA CHI 1.682,9 –5,8 1.208,5 5,7 759,2 –12,5 175,6 16,6 213,0 9,4 4,0
156 – MONEX MÉX 1.644,2 101,8 157,8 37,7 173,6 29,2 128,5 22,1 15,2 17,2 2,0
157 178 DE CÓRDOBA ARG 1.643,9 8,7 732,7 17,0 1.379,3 12,6 57,9 –11,2 –7.974,8 –19,3 –
158 149 WESTLB BRA 1.642,1 –14,8 377,2 –2,4 234,7 –19,8 276,6 2,2 –79,6 0,8 2,0
159 176 DE OCCIDENTE HON 1.622,6 6,6 828,4 1,2 1.219,8 1,8 132,5 11,4 –2,8 8,6 2,4
160 250 BGN BRA 1.599,7 94,9 1.033,1 73,8 1.072,0 83,6 445,8 23,3 – 5,2 25,4
161 182 CACIQUE BRA 1.596,5 8,0 938,6 4,5 978,4 31,2 192,8 0,5 – 0,2 28,0
162 185 MULTIBANK PAN 1.594,1 17,6 940,3 20,9 1.251,9 21,7 164,2 10,8 50,2 6,6 –
163 183 CAJA DE AHORROS PAN 1.592,1 8,0 1.091,1 12,4 1.287,5 11,5 203,7 11,7 227,8 5,8 –
164 201 THE BANK OF NOVA SCOTIA PAN 1.579,8 36,7 1.221,4 18,6 1.507,2 36,9 17,2 17,8 40,2 103,6 –
165 147 BANKPAR BRA 1.541,8 –21,4 174,7 3,2 430,5 –56,3 79,9 8,2 – 10,2 52,6
166 231 HSBC FINANCE S.A. BM BRA 1.532,7 61,0 667,1 174,8 649,0 172,0 764,0 53,5 36,2 7,0 0,4
167 184 INTERAMER. DE FINANZAS PER 1.528,4 11,8 967,9 10,6 1.120,8 13,2 106,7 9,4 19,6 8,9 0,8
168 194 INTERNACIONAL EQU 1.465,0 18,6 757,1 4,9 1.268,1 18,5 124,2 N.D. – – 0,6
169 193 BOLIVARIANO EQU 1.457,0 17,2 680,4 9,2 1.233,3 18,5 120,3 N.D. – – 0,5
170 223 MULTIVA MÉX 1.446,8 44,7 474,6 41,9 506,1 79,8 124,3 3,1 – 2,5 6,6
171 197 ITAÚ ARGENTINA ARG 1.428,5 20,9 769,7 14,6 967,7 18,2 109,7 –3,5 –193,9 –3,2 –
172 192 NACIONAL DE BOLIVIA BOL 1.427,4 14,3 674,3 – 1.232,1 – 98,1 10,8 – 11,0 0,6
173 210 MI BANCO PER 1.414,9 28,3 1.109,5 29,0 885,2 52,6 122,5 19,6 67,5 16,0 3,1
174 203 BANCO CSF S.A. BRA 1.404,0 21,6 270,0 –1,5 207,2 –15,0 310,6 34,7 23,2 11,2 84,9
175 119 FONDO COMÚN VEN 1.402,3 –50,6 665,6 –47,9 1.232,4 –50,0 130,1 2,2 –82,7 1,7 1,6
176 190 TOYOTA BRA 1.394,3 11,0 808,5 66,8 927,0 –3,8 138,9 17,4 239,8 12,5 0,4
177 186 CITIBANK PAN 1.375,9 6,1 757,3 –20,8 1.148,2 14,6 140,3 3,6 –50,7 2,6 –
178 187 NVO. COMERCIAL URU 1.366,3 5,9 948,1 25,4 1.197,4 8,7 168,9 1,6 – 0,9 0,6
179 125 VENEZOLANO DE CRÉDITO VEN 1.354,3 –46,3 478,9 –34,8 1.135,6 –47,5 148,4 18,2 –75,9 12,2 0,4
180 – AGROMERCANTIL GUA 1.352,0 8,8 233,9 –66,2 1.095,1 9,4 108,9 10,2 9,6 9,4 –
181 172 HSBC C.RI 1.344,8 –12,5 890,0 –10,9 1.059,8 –16,0 143,9 7,1 24,1 5,0 2,2
182 214 BISA BOL 1.332,9 23,2 499,0 – 1.081,1 – 134,4 13,0 – 9,6 0,7
183 138 CARONÍ VEN 1.329,3 –38,6 429,8 –42,3 1.184,4 –39,0 127,1 10,8 –28,8 8,5 2,4
184 199 SUPERVIELLE ARG 1.309,5 11,4 705,5 34,7 973,0 14,7 138,8 9,3 16,9 6,7 –
185 200 CREDIT URUGUAY URU 1.305,5 12,4 1.028,8 31,9 1.221,1 11,9 84,4 1,3 –9,0 1,6 0,1
186 207 ALIADO PAN 1.300,9 16,7 752,7 21,9 1.069,0 20,9 130,4 5,8 –22,6 4,4 –
187 227 INTERNACIONAL CHI 1.298,4 34,0 866,9 36,2 945,6 26,9 78,1 6,1 15,8 7,9 2,0
188 239 PARANÁ BRA 1.288,4 43,6 778,9 43,6 653,8 75,1 443,2 19,8 21,7 4,5 9,8
189 204 BANSI MÉX 1.279,1 11,3 441,6 25,7 368,8 25,7 84,5 4,7 35,0 5,5 3,1
190 248 BANCENTRO NIC 1.278,0 50,0 392,6 –14,5 1.020,0 66,8 91,7 5,6 –3,5 6,1 2,3
191 228 BANESCO SA PAN 1.249,8 29,6 489,8 71,4 1.080,0 28,4 139,5 13,5 119,5 9,7 –
192 215 BARCLAYS MÉX 1.248,9 16,2 0,0 – 0,0 – 158,7 0,0 –99,8 0,0 –
193 205 CITIBANK PER 1.239,4 9,4 635,6 –5,8 820,7 24,8 241,6 7,4 64,5 3,1 3,4
194 191 AMERICAN EXPRESS MÉX 1.212,1 –3,2 609,8 –19,4 540,0 –12,1 211,5 19,8 2.045,8 9,4 9,4
195 217 VOLVO BRASIL BRA 1.211,6 15,4 879,8 7,3 206,8 61,6 211,5 27,5 – 13,0 1,4
196 206 DE LA PRODUCCIÓN NIC 1.192,0 6,7 471,7 –8,6 923,7 9,4 98,7 5,6 –8,6 5,7 1,8
197 189 CITIBANK N.A. BRA 1.188,4 –5,4 80,8 –58,0 N.D. – 312,2 13,6 –49,0 4,4 324,7
198 170 ING BANK BRA 1.181,7 –23,9 116,0 –27,2 286,1 –26,2 267,5 8,4 –60,3 3,1 0,0
199 211 DE AMÉRICA CENTRAL ELS 1.177,9 6,8 772,8 3,6 876,1 26,7 123,7 7,1 99,8 5,7 2,9
200 218 BOAVISTA INTERATLÂNTICO BRA 1.171,2 11,8 0,8 – N.D. – 1.074,5 24,4 0,8 2,3 84,8
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RK09
BANCO PAÍS
ATIVO TOTAL
US$ MI(JUN/10)
VAR. ATIVO TOTAL EM %
2010/2009
CART. DE CRÉD.
US$ MI(JUN/10)
VAR. CART. CRÉD. EM %
2010/2009
DEPÓSI-TOS
US$ MI(JUN/10)
VAR. DEPÓSITO
EM %2010/2009
PATRIM. US$ MI
(JUN/10)
LUCRO US$ MI
(JUN/10)
VAR. LUC. EM %
(2010/2009)
LUC./ PATR. EM %
(2010)
C. VENC./ C. CRÉD. EM %
(2010)
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52 AméricaEconomia Outubro, 2010
EspecialBANCOS
201 229 INDUSTRIAL BRA 1.152,9 19,6 539,5 27,1 525,8 29,1 219,0 4,7 –6,2 2,1 48,6
202 – BONSUCESSO BRA 1.130,0 74,2 650,2 61,6 687,8 58,1 209,8 33,5 26,6 16,0 1,7
203 174 BANCO AGRICOLA VENEZUELA VEN 1.113,5 –27,1 718,8 –6,3 301,4 16,7 130,3 0,6 –94,1 0,5 12,0
204 236 FINANCIERO PER 1.109,1 19,1 769,7 18,8 725,1 25,3 115,3 5,8 80,6 5,0 1,9
205 154 CITIBANK VEN 1.108,5 –41,1 318,2 –34,5 773,0 –46,2 137,9 1,4 –97,4 1,0 3,7
206 146 J. SAFRA BRA 1.102,7 –44,9 994,8 995,1 923,0 2,6 149,0 4,0 – 2,7 0,2
207 226 IBM BRA 1.091,3 10,9 124,5 –15,9 374,2 14,9 130,1 5,6 –56,1 4,3 0,6
208 – RABOBANK CHILE CHI 1.081,4 43,2 580,1 74,4 432,5 153,1 70,7 –4,6 – –6,5 1,7
209 234 BANIF BRASIL BRA 1.067,4 13,2 522,3 53,0 518,2 40,7 99,8 1,9 597,6 1,9 50,2
210 224 SCOTIABANK DOM 1.065,6 6,6 692,2 7,1 877,5 5,8 153,9 15,2 24,8 9,8 1,8
211 188 HSBC HON 1.042,8 –19,1 537,2 –22,3 636,9 –18,2 94,9 1,4 – 1,5 5,1
212 237 LEON DOM 1.042,0 12,8 654,4 13,4 812,6 12,6 88,6 8,9 238,5 10,1 3,8
213 220 TOKYO-MITSUBISHI UFJ BRASIL BRA 1.031,7 –0,2 51,2 –60,7 228,3 33,8 210,3 1,6 –72,6 0,8 0,0
214 – ES BANK PAN 1.024,6 36,8 1.001,8 40,2 968,1 38,5 54,1 3,0 25,5 5,6 –
215 238 COMAFI ARG 1.016,8 10,5 479,5 10,0 710,0 8,4 84,1 17,6 8,1 20,9 –
216 230 DEL PAÍS HON 1.016,7 5,5 693,1 3,4 658,2 4,2 113,5 10,3 0,4 9,0 0,5
217 – HSBC BANK PERÚ PER 1.009,4 73,5 622,5 48,0 462,3 15,9 109,3 –9,1 – –8,3 1,8
218 – TRIÂNGULO BRA 1.005,3 49,5 564,6 40,7 623,1 76,8 193,7 12,8 100,2 6,6 8,0
219 249 VE POR MÁS MÉX 998,7 19,2 660,3 41,1 558,4 18,9 79,4 2,3 96,7 2,9 2,1
220 243 CREDICORP PAN 997,4 15,3 536,4 1,8 837,8 15,2 101,7 5,8 –33,1 5,7 –
221 130 BANCORO VEN 995,8 –59,2 344,3 –68,2 369,6 –82,9 183,8 0,6 – 0,3 30,0
222 242 JOHN DEERE BRA 988,5 12,7 248,6 –68,0 756,3 – 163,5 15,8 47,9 9,7 105,6
223 – CREDIT SUISSE BRA 988,5 22,6 248,6 – 756,3 18,0 163,5 15,8 – 9,7 105,6
224 212 GOLDMAN SACHS DO BRASIL BRA 987,4 –10,0 N.D. – 73,7 114,1 79,1 –41,2 – –52,1 –
225 222 REFORMADOR GUA 967,3 –5,2 162,6 –71,9 797,5 3,4 98,5 6,8 –24,6 6,9 –
226 – BANCO HONDA S.A. BRA 955,4 60,1 874,9 64,5 807,3 59,5 96,2 11,4 132,6 11,8 1,0
227 245 BBVA URU 949,1 10,6 822,5 24,8 878,8 10,3 70,3 0,6 –18,7 0,9 0,1
228 246 BICSA PAN 944,0 10,2 669,3 24,5 571,0 13,5 122,2 6,7 18,3 5,5 –
229 216 CRÉDITO BOL 939,0 –11,2 493,2 – 795,8 – 84,4 7,9 – 9,4 0,5
230 233 PSA FINANCE BRA 935,9 –1,2 705,0 –5,7 675,9 –6,7 156,5 4,8 64,2 3,1 4,2
231 240 DE VIVIENDA PAN 930,4 3,8 612,0 14,9 790,5 5,0 92,6 0,5 5,6 0,6 –
232 169 CREDIT SUISSE MÉX 886,0 –43,6 0,0 – 73,3 –51,7 93,7 1,8 371,8 1,9 –
233 – CITIBANK N.A. GUA 883,6 – 480,9 – 665,9 – 137,8 9,6 – 7,0 –
234 – PAULISTA BRA 876,0 32,8 180,8 0,8 328,9 8,0 56,2 –4,8 – –8,5 8,5
235 – AHORRO FAMSA MÉX 836,4 28,2 648,8 36,3 624,7 24,4 129,4 18,0 – 13,9 12,5
236 – SAN JUAN ARG 835,5 46,7 108,4 27,1 482,6 73,4 257,2 39,3 –9,8 15,3 –
237 – CASA PROPIA VEN 831,3 10,2 306,5 –16,1 497,3 –21,5 100,9 1,2 –86,1 1,1 0,6
238 – CITIBANK N.A. PAN 827,5 6,6 231,1 –10,2 698,7 6,2 75,6 5,0 28,6 6,6 –
239 – GTC BANK PAN 821,8 3,9 514,9 –8,2 730,6 4,9 63,8 3,9 –35,3 6,1 –
240 – DE AMÉRICA CENTRAL NIC 819,2 1,3 463,7 –6,3 658,1 5,6 98,6 10,0 –6,5 10,1 1,2
241 180 RBS CHI 796,0 –47,2 214,4 –37,3 319,9 –55,4 240,1 –2,1 – –0,9 0,3
242 – DISCOUNT URU 794,3 11,0 248,1 18,2 727,6 10,1 66,7 6,5 – 9,7 0,0
243 – AUSTRO EQU 794,2 26,5 454,4 21,5 683,3 29,8 63,8 N.D. –100,0 – 0,0
244 – NVO. DE ENTRE RÍOS ARG 788,7 34,1 299,3 –4,7 607,3 40,0 100,9 11,9 28,6 11,8 –
245 – FORD BRA 777,7 1,2 750,2 71,9 595,9 6,1 168,6 9,3 –20,4 5,5 35,0
246 – COMPARTAMOS MÉX 776,8 29,2 650,0 30,7 142,9 32,5 355,2 68,4 47,0 19,2 2,2
247 – BANCO DE LOS TRABAJADORES GUA 747,9 12,2 99,3 –79,1 617,5 17,4 77,3 6,0 –7,9 7,8 –
248 – BANCO DE LA PAMPA ARG 744,7 22,8 292,7 10,5 580,5 21,3 83,7 11,2 112,0 13,3 –
249 – TOWERBANK PAN 743,1 18,7 433,5 3,2 644,2 23,5 71,5 0,8 –74,2 1,2 –
250 – PICHINCHA PAN 741,8 5,7 180,7 –1,8 694,7 9,3 33,8 1,8 – 5,3 –
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A VER COM OUTROS OLHOS O FINANCIAMENTO DE
PROJETOS SUSTENTÁVEIS
GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO,
E FELIPE ALDUNATE, DE SANTIAGO
Dinheirocom princípios
1
U ma estrada cuja construção está suspensa
em Cundinamarca, Colômbia, porque afeta
os recursos hídricos. Usinas que estão para-
das no Brasil por conta de protestos de organizações
ambientais. Uma termelétrica que deixa de ser
construída no norte do Chile ante o clamor popular
de que estaria em uma reserva marinha considerada
santuário da natureza.
Isso não é mais novidade. Os temas ambientais
e sociais se transformaram em uma das principais
fontes de risco nos grandes projetos de investi-
mento realizados na América Latina. E os bancos po-
dem ser uma das principais vítimas dessa tendência.
“Uma instituição na Ásia Oriental, por exemplo, foi
fortemente prejudicada quando o governo decidiu
AE 391 banco verde V1.indd 2 9/24/10 1:25:02 AM
Outubro, 2010 AméricaEconomia 55
Foto
: Ser
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Imag
ens
por causa de problemas ambientais. Em
contrapartida, 5% das companhias que
analisamos anualmente obtêm o cré-
dito, mas com condicionantes”, revela
Wells, acrescentando que o setor em que
isso é mais comum é o do agronegócio.
Os casos de instituições latino-ame-
ricanas que estão dispostas a adotar a
série de recomendações previstas nos
Princípios do Equador – a participação
é voluntária – não se limitam ao Brasil.
O chileno Corpbanca é um exemplo.
Mesmo com um volume baixo de em-
préstimos, foi o primeiro e único do país
a assinar o documento. “São 11 proje-
tos nos quais olhamos com detalhes a
parte ambiental”, diz Jorge Gómez, ge-
rente de Marketing do banco. O Banco-
lombia também foi o primeiro de seu
país a ser signatário dos princípios. Por
ano, a instituição tem 160 operações
de fi nanciamento analisadas com ba-
se nesses padrões. Um dos primeiros
desafi os foi convencer a alta direção.
“No começo, a equipe comercial achou
que isso representaria mais um requi-
sito para seus clientes, o que poderia
prejudicar a participação de mercado”,
afi rma Franco Piza, gerente de Gestão
Ambiental do grupo. “Isso foi superado
quando identifi camos que há uma ten-
dência dos bancos internacionais em
direção a isso.”
5%das empresas
analisadas pelo Santander obtêm crédito desde que mudem algum processo
PROCEDIMENTOSA adoção dos princípios é um mero trâ-
mite para os bancos. A difi culdade sur-
ge quando é preciso torná-los opera-
cionais. Segundo a IFC, a parte mais
complexa é “estabelecer um sistema de
gestão ambiental e social sólido, além
de um mecanismo de controle apro-
priado”, diz Mazurkiewicz.
Tal monitoramento não é realiza-
do nem pela IFC, nem pela Secretaria
Executiva dos Princípios do Equador.
A tarefa foi assumida por um grupo de
ONGs especializadas em ecofi nanças.
A BankTrack, sediada em Amsterdã,
é uma das mais conhecidas. “Nosso
objetivo inicial é ter uma comunicação
aberta com os bancos, para sensibilizá-
los sobre as questões ambientais en-
volvidas nos projetos que pretendem
financiar”, diz Roland Widmer, coor-
denador do programa Ecofi nanças da
ONG Amigos da Terra e representante
da BankTrack no Brasil. “Quando existe
algum problema, nós comunicamos ex-
traofi cialmente. Se ele persistir, entra-
mos na Justiça. Até o momento, porém,
não acionamos nenhum banco.”
Segundo a ONG, a parte mais negli-
genciada entre os Princípios do Equador
é a referente às consultas públicas. “O
princípio número 5 indica que alguns
projetos precisam de consultas públi-
cas para serem aprovados, o que muitas
vezes não acontece”, diz Widmer. “Nas
hidrelétricas do Rio Madeira [Santo An-
tonio e Jirau] e do Rio Xingu [Belo Monte],
por exemplo, há evidências claras de
que essas consultas não foram realiza-
das de forma adequada.”
Embora ainda exista o que ser me-
lhorado, os casos mostrados acima, so-
mados à infl uência dos bancos globais
e aos avanços daqueles que passaram
a adotar os princípios, são passos ne-
cessários para que o financiamento
sustentável deixe de ser exceção e se
transforme em uma prática corriqueira
na concessão de crédito.
fechar, por conta de problemas ambien-
tais, 200 mil empresas para as quais ela
havia liberado crédito”, conta Piotr Ma-
zurkiewicz, representante de Políticas
Ambientais e Sociais da International
Finance Corporation (IFC), unidade do
Banco Mundial que trabalha junto ao
setor privado.
As leis ainda não asseguram que
um projeto autorizado pela autoridade
ambiental seja fi nalmente executado,
já que a pressão da comunidade pode
ir muito mais além. Diante dessa si-
tuação, os grandes bancos do mundo
têm desenvolvido seus próprios meca-
nismos para avaliar os riscos sociais e
ambientais dos projetos que fi nanciam.
Foi assim com a criação dos Princípios
do Equador, em 2003, um conjunto de
padrões proposto por um grupo de
bancos, útil na hora de analisar o fi -
nanciamento de projetos que podem
ter impacto ambiental e social. Esses
princípios foram criados por bancos
globais, como Citigroup, ABN Amro,
Barclays e WestLB com base no modelo
ambiental do Banco Mundial e das po-
líticas sociais da IFC.
“Apesar de tudo, ainda existem
grandes players na região que estão
expostos a um alto nível de risco social
e ambiental e que não seguem esses
princípios”, afirma Mazurkiewicz. O
recomendável é que todos aqueles que
tenham um volume de crédito corpo-
rativo ou de fi nanciamento de projetos
superiores a US$ 10 milhões assinem – e
assumam – esses princípios.
Desde 2002, depois da integração
com o Banco Real, o Santander – signatá-
rio dos princípios – conta com uma área
de Risco Socioambiental no Brasil. Todos
os anos, a equipe, coordenada por Chris-
topher Wells e formada por dois bió-
logos, um geógrafo, um químico e um
engenheiro ambiental, analisa cerca
de 3 mil empresas para fornecer crédito.
“Nesses oito anos, apenas 54 empresas
não tiveram o fi nanciamento renovado
AE 391 banco verde.indd 3 9/24/10 4:02:08 AM
56 AméricaEconomia Outubro, 2010
opinião
Ilust
raçã
o: S
amu
el C
asal
P ela primeira vez em décadas, o Brasil em 2010 é des-
taque mundial em crescimento econômico. Segundo
projeções do FMI, cresceremos acima de 7%, sendo
superados apenas por China (10%) e Índia (9,5%). Em média,
o mundo crescerá 4,6%, sendo que as economias avançadas,
apenas 2,6%. Quais as razões para essa posição de destaque?
Fundamentalmente, o Brasil tem capacidade de crescer
porque conta com uma
demanda doméstica
pujante – embalada
pelo mercado de traba-
lho aquecido – e com
um sistema fi nanceiro
saudável, com bancos
bem administrados e
lucrativos, dispostos a
financiar o sonho de
consumo da classe mé-
dia emergente. É exata-
mente o oposto do que
acontece nos Estados
Unidos e na Europa,
onde os consumidores
estão endividados de-
mais, e os bancos, des-
capitalizados.
Até o início da dé-
cada de 2000, o crédito
era escasso no Brasil.
A proporção do crédito
sobre o PIB era de ape-
nas 25% – a média dos
países mais dinâmicos
é superior a 60%. Com
as mudanças iniciadas
a partir dos anos 1990
– abertura comercial,
estabilização da moeda, privatizações, aumento da regulação
do mercado fi nanceiro, redução do risco de ruptura de um
governo do PT –, o país amadureceu, criando o ambiente de
previsibilidade e de juros mais baixos, necessário para fazer
fl orescer o crédito. Hoje, ele já chega a 45% do PIB, o que indica
não apenas a melhora, mas também espaço para continuar a
crescer, até fazer catch up (ou alcançar o padrão) com nossos
parceiros no resto do mundo.
No entanto, é preciso chamar a atenção para os riscos des-
se processo. O nível de endividamento de famílias e empresas
brasileiras é ainda baixo,
mas, ao ritmo atual, esse
quadro pode mudar ra-
pidamente. Países como
Irlanda e Espanha, por
exemplo, experimen-
taram um boom de cré-
dito e otimismo com o
ingresso na União Euro-
peia, no início dos anos
2000, e hoje enfrentam
a “ressaca” dos exageros
dos anos passados. E o
Brasil tem o agravante
de ainda ter taxas e spre-
ads bancários muito al-
tos, o que pode acelerar o
processo de comprome-
timento da renda.
Temos de zelar ain-
da para que o excesso
de crédito subsidiado do
BNDES – hoje camufl a-
do por uma engenharia
contábil pouco clara –
não gere esqueletos in-
digestos no futuro.
Hoje, somos uma das
estrelas no cenário eco-
nômico mundial, foco de
interesse de investidores locais e estrangeiros. Esse sucesso é
legítimo, dado todo o esforço feito pela sociedade brasileira,
desde a redemocratização, para criar fundamentos para o
desenvolvimento. No entanto, precisamos consumir esse
sucesso “com moderação”, e com transparência nas contas
públicas, para não incorrermos no erro que hoje torna as
economias centrais tão frágeis.
Motor de arranque
CAIO MEGALE é mestre em Economia pela PUC-Rio e sócio da Mauá Sekular Investimentos
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58 AméricaEconomia Outubro, 2010
FINANÇAS Investimentos
H á alguns anos, desde que as rentabilidades oferecidas
pela segura aplicação em títulos públicos começa-
ram a declinar, os fundos de pensão se deparam com
um duplo desafi o: como conciliar o cumprimento – ou mesmo
a superação – de suas metas atuariais e o alongamento da
expectativa de vida dos benefi ciários. A resposta tem sido
a diversifi cação das classes de ativos – especialmente em
direção a ações, crédito privado e fundos de partici-
pação – e uma política ainda mais atenta ao
controle de risco, o que envolve, inclusive,
maior participação relativa do patrimônio
sob gestão direta.
Três grandes fundos de pensão – Petros,
Valia e Funcef – têm assumido posição de
destaque nessa tendência. “A rentabilidade dos
títulos públicos, menos atrativa hoje do que no
passado, faz com que os gestores busquem posições
mais longas em risco privado. Mas isso está sendo
feito de forma gradual, já que os fundos de pensão são
como grandes transatlânticos, em que a navegação e
os ajustes de rota precisam ser feitos cuidadosamente”,
diz Alcinei Rodrigues, assessor da diretoria de Investi-
mentos da Petros, o fundo dos funcionários da Petrobras,
com ativos superiores a R$ 46 bilhões. “Instrumentos de
renda fi xa privada com garantias reais, como CCB (Cédula de
Crédito Bancário), CRI (Certifi cado de Recebíveis Imobiliários)
e CCI (Cédula de Crédito Imobiliário), serão cada vez mais
uma opção. E, para atuar nesse campo, as regras de gestão de
risco fi carão mais elaboradas”, acrescenta Rodrigues, que fez
apresentação sobre o assunto durante o 21º Congresso Apimec
(Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do
Mercado de Capitais), em Belo Horizonte.
Na rota do crescimento
LUÍS EDUARDO LEAL , DE SÃO PAULO
FUNDOS DE PENSÃO ASSUMEM MAIOR EXPOSIÇÃO NO FINANCIAMENTO A EMPREENDIMENTOS PRIVADOS, DE OLHO NA SUPERAÇÃO DE SUAS METAS ATUARIAIS
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 59
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“Há uma tendência natural de diversificação, o que
envolve também capacitação dos gestores. É um processo
que deve se acelerar nos próximos três, quatro anos”, prevê
Ricardo Pena Pinheiro, diretor-superintendente da Previc
(Superintendência Nacional de Previdência Complementar).
“Com a queda dos juros, os fundos de pensão vão tirar cada
vez mais o foco da renda fi xa. Há espaço para crescimento
da participação relativa de private equity e de ações nas car-
teiras, bem como de crédito privado”, acrescenta o diretor de
Investimentos e Finanças da Valia, o fundo da Vale, Maurício
da Rocha Wanderley. Atualmente, a participação das ações
nas carteiras de investimentos dos fundos de pensão gira em
torno de 16% a 17%. O espaço para crescimento é amplo, na
medida em que a regulamentação limita a 50% a participação
da renda variável na composição dos investimentos.
“Percebemos o momento atual muito menos como um
cenário de ameaça do que como um cenário de oportunida-
des. O potencial de ganho, com a diversifi cação, também é
maior”, avalia o diretor da Valia, fundo com patrimônio
de R$ 12,7 bilhões. Nos últimos dez anos, a rentabili-
dade nominal média do fundo de pensão da Vale
esteve na casa de 22% ao ano, bem acima de suas
metas atuariais (infl ação mais 6%), o que gerou
superávit e aumento de 25% no valor do
benefício. “E acreditamos que os próximos
anos devem ser ainda melhores do que os
últimos”, acrescenta Wanderley.
ESPAÇO PARA CRESCERPara se ter ideia da força conjunta da indústria
de fundos de pensão – o que a leva a estar presente seja no
fi nanciamento de grandes projetos de infraestrutura, como
as hidrelétricas de Belo Monte e Jirau, seja no de pequenas
startups de tecnologia –, os ativos combinados do setor tota-
lizavam o equivalente a 18% do Produto Interno Bruto (PIB)
no encerramento de 2009 – algo como R$ 515 bilhões. Há 15
anos, em 1995, quando o Brasil ainda lutava para se fi rmar
em um ambiente de infl ação sob controle, passo fundamental
para que os agentes econômicos começassem a mirar o longo
prazo, os ativos totais dos fundos equivaliam a pouco mais de
11% do PIB (ou R$ 74,8 bilhões). E a previsão comum é a de que
515 bilhõesde reais eram os ativos totais
dos fundos de pensão em 2009, o equivalente a 18% do PIB
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60 AméricaEconomia Outubro, 2010
FINANÇAS Investimentos
continuarão a avançar. “Há países em que os fundos de pen-
são chegam a 80% ou mesmo a 100% do PIB. Por aqui, ainda há
muito espaço para crescer”, diz Rodrigues, da Petros.
A partir de 2003, com a melhoria gradual dos fundamen-
tos macroeconômicos, o reforço das reservas cambiais, a di-
minuição do risco-país e a redução do peso da dívida pública
líquida em relação ao PIB, o Tesouro Nacional se valeu de con-
dições favoráveis ao fi nanciamento da dívida em prazos mais
longos e com custos mais baixos. Com a diminuição da renta-
bilidade dos títulos públicos, o caminho natural para grandes
administradores de recursos, como os fundos de pensão, foi a
diversifi cação, o que se aprofundou entre 2005 e 2007.
A Funcef, o fundo dos funcionários da Caixa Econômica
Federal (CEF), por exemplo, divide os seus R$ 40 bilhões de
patrimônio em três classes de investimento ou “índices de
conjuntura”: juros, infl ação e desenvolvimento. Em 2003,
Valia(em R$ bilhões)
Porcentagemda carteiraValorSegmentos
7,970
3,462
0,209
0,053
0,466
0,553
62,68
27,23
1,65
0,42
3,67
4,36
Renda fixa
Renda variável
Estruturados
Exterior
Imóveis
Empréstimos
Total de investimentos
12,715 100
Fonte: Valia
Petros*(em %)
*Ativos: R$ 46,5 bilhões(maio de 2010)
Fonte: Petros
60,9%
2,6%
2,2%5,5%
28,8%
Investimentosestruturados Imóveis
Operações participantesRenda
variável
Rendafixa
os investimentos em juros (Selic e CDI) signifi cavam 47% da
carteira total; hoje equivalem apenas a 11%. Nos últimos sete
anos, houve migração para outros ativos, com alongamento
de prazos. Os títulos públicos de curto prazo, como LFTs e
LTNs (vinculadas à Selic), por exemplo, foram substituídos
pelas NTN-Bs (indexadas ao IPCA). Os papéis vinculados à
infl ação, sejam eles títulos públicos ou de crédito privado,
passaram de uma participação de 25%, em 2003, para os atu-
ais 45% da carteira total. O terceiro índice de conjuntura, o de
crescimento, associado a investimentos em ações, mercado
imobiliário e private equity, passou de 29% da carteira total,
em 2003, para 44%, hoje.
“Especialmente a partir de 2006, reduzimos as posições
em juros e reforçamos as vinculadas à infl ação e ao cresci-
mento do país”, explica Umberto Conti, consultor especial
da presidência da Funcef. Desde 2003, a Funcef acumulou
rentabilidade de 250%, acima dos 132% previstos como meta
atuarial para o período. O desempenho assegurou um supe-
rávit que permitiu aprimorar medidas prudenciais, como a
implementação de uma tabela atuarial mais conservadora,
e melhorar os benefícios pagos aos participantes do fundo.
Desde 2006, houve um aumento real de 27% nos benefícios.
“No mercado de crédito privado, contribuímos ativamen-
te para que as emissões de debêntures passassem também
a ser lastreadas em infl ação. Temos hoje uma carteira de R$
1,5 bilhão em debêntures, dos quais R$ 1 bilhão se refere a
títulos vinculados ao IPCA”, afi rma Conti. “Discutimos com os
intermediários das operações de emissão de debêntures que
faria sentido termos algo menos associado ao curto prazo, que
é o caso do CDI. E, para os emissores, sem dúvida, também é
interessante poder contar com a alternativa do IPCA.”
Assim como na renda fi xa, houve também alongamento
no perfi l dos investimentos da Funcef em renda variável, com
a construção de posições em fundos de participação: hoje,
esses investimentos em private equity são feitos por meio de
33 fundos de participação, com R$ 3 bilhões em patrimônio
líquido comprometido. Os investimentos distribuem-se por
áreas variadas, abrangendo agronegócio, construção civil,
logística, óleo e gás, saúde, saneamento ambiental e mesmo
setores comparativamente mais arriscados, como o de tecno-
logia da informação. Em private equity, o investimento ocorre
com vistas à capitalização e ao desenvolvimento da empresa
Composição das carteiras de investimento
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 61
Ativos dos fundos de pensão (em proporção ao PIB)
Fonte: Petros*em R$ bilhões
**em porcentagem
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090
100
200
300
400
500
600 –
0%
5%
10%
15%
AtivosTotais*
AtivosTotais/PIB**74,8 86,6
11,6 11,611,1 11,1
12,912,2
13,1 12,814,1 14,4
14,916,1
18,2
15,7
18,0
101,0 101,1126,0
144,0171,2
189,3
240,1
280,5
320,2
374,7
456,6
444,8
515,4
20%
para que, no futuro, ela possa abrir capital ou para que a par-
ticipação do fundo seja vendida a um sócio estratégico.
LIÇÃO DE CASA“Para que o Brasil cresça de forma sustentada entre 4,5% e 5%,
em média, nos próximos anos, é importante que os investi-
dores institucionais (entre os quais se encontram os fundos
de pensão) dobrem o volume de recursos disponíveis para
investimentos no período”, avalia o professor Carlos Antonio
Rocca, diretor do Centro de Estudos do Mercado de Capitais
do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), que
observa desafi os claros ao setor público. Para que se concretize
a perspectiva de manutenção da queda das taxas de juros nos
próximos anos, o sucessor do presidente Lula precisará fazer
um dever de casa que diferentes administrações evitaram
levar às últimas consequências: uma reforma da previdência
efetiva, que reverta um quadro insustentável no longo prazo,
e um controle determinado dos gastos públicos correntes,
que impeça que a sua expansão continue a ocorrer em ritmo
superior ao do crescimento do PIB.
“Se for analisado o endividamento público bruto das
economias reunidas no G-20, o Brasil é o país que está em
pior situação”, observa Rocca. “A perspectiva de longo prazo
dependerá disso, de que as despesas correntes tenham uma
expansão menor do que a do PIB, o que é fundamental para
ampliar a poupança pública e conter o peso da carga tributá-
ria”, acrescenta o professor. Os gastos públicos com a previ-
dência social, por exemplo, já somam hoje uma montanha
de dinheiro equivalente a 12% do PIB.
Medidas de desoneração, focadas no mercado de capitais,
também são importantes para estimular o apetite pelas emis-
sões de crédito privado no contexto em que a continuidade da
queda das taxas de juros ainda é incerta. “Persiste uma assi-
metria de condições que sempre prejudicou o crédito privado
quando comparado aos títulos públicos”, observa Marcelo
Xandó, sócio-diretor da Verax Serviços Financeiros, uma ges-
tora de recursos. Há sinais dados pelo próprio governo de que
alguma desoneração pode ocorrer no crédito imobiliário, em
instrumentos como os CRI (hoje, a isenção de IR se restringe a
pessoas físicas), assim como nas emissões de crédito privado
feitas por empresas de infraestrutura, especialmente em
setores nos quais exista grande necessidade de recursos para
investimentos, como rodovias e portos.
“Os fundos de pensão são parte disso, como grandes
fi nanciadores de longo prazo”, observa Xandó. No primeiro
semestre, as emissões de crédito privado recuperaram os
patamares de preços anteriores à crise de 2008, período em
que a percepção de risco – e consequentemente os prêmios
pagos – esteve acentuada. Com a normalização do mercado de
crédito privado, que deve prosseguir neste segundo semestre,
as margens para os investidores tendem a se estreitar, no caso
das emissões feitas por empresas de primeira linha. Mas, com
a tendência de o mercado ser acessado também por empresas
que oferecem risco maior ao investidor, a gestão precisará ser
seletiva, tendo em vista a equação risco/retorno. “Os analis-
tas precisarão se aprofundar cada vez mais na avaliação das
empresas, de seus indicadores, num ambiente de opções de
investimento mais diversifi cadas”, conclui Xandó.
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62 AméricaEconomia Outubro, 2010
DEBATES Sucessão presidencial
CASO SE CONFIRME COMO NOVA PRESIDENTE DO BRASIL, DILMA ROUSSEFF PRECISARÁ FAZER AJUSTES PARA GARANTIR CRESCIMENTO ROBUSTO NOS PRÓXIMOS ANOS
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Tarefas
R eformas constitucionais que exijam apoio do Congresso Nacional estão
fora do horizonte do próximo governo, mas a agenda econômica que terá
de ser enfrentada a partir do dia 1º de janeiro de 2011 demandará deter-
minação e atitude – além de convencimento político. Embora longe de representar
uma guinada na atual política macroeconômica, a lista de prioridades do presi-
dente que será eleito em outubro envolve problemas não apenas complexos, mas
amplifi cados pelo crescimento acelerado, segundo avaliação de especialistas ou-
vidos por AméricaEconomia. Por isso, independentemente de quem seja o sucessor
de Luiz Inácio Lula da Silva, o próximo mandatário terá de fazer o dever de casa – a
menos que coloque um freio na expansão do Produto Interno Bruto (PIB).
Na nova fase de desenvolvimento do Brasil, chegou a vez de uma política forte
para a educação; uma nova relação entre os setores público e privado nos inves-
timentos em infraestrutura; incentivos ao mercado de capitais para ampliar os
recursos e o fi nanciamento de longo prazo; competitividade, acompanhada pelo
aperfeiçoamento dos sistemas político e tributário; e também temas macroeco-
nômicos, como a melhoria da relação juro-câmbio e a redução do défi cit público.
Tendo essa complexa agenda em vista, haverá espaço para criar as condições
necessárias para uma nova sequência de queda dos juros.
“Sem enfrentar essas questões estruturais, o crescimento fi ca manco e curto.
E vamos sempre lamentar que ele poderia ter sido mais robusto”, enfatiza Aluizio
Byrro, chairman para a América Latina da NokiaSiemens Networks e coordena-
dor dos Estudos da Agenda 2020 da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletroeletrônica (Abinee).
pendentesPATRÍCIA MENDES, DO RIO DE JANEIRO
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 63
DILMA ROUSSEFF: SE ELEITA, DEVERÁ
ENFRENTAR QUESTÕES
ESTRUTURAIS PARA GARANTIR A EXPANSÃO DO
CRESCIMENTO
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64 AméricaEconomia Outubro, 2010
DEBATES Sucessão presidencial
Nos últimos anos, o Brasil tirou bom proveito do cresci-
mento das principais economias do planeta e construiu fun-
damentos macroeconômicos sólidos. “Hoje, estamos numa
nova etapa, já que a economia globalizada exige um padrão
de crescimento baseado na inovação tecnológica. Qualquer
empresa que queira continuar no mercado necessita de cons-
tante atualização de seus processos produtivos”, ressalta o
presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), Benjamin Steinbruch.
IMPULSO ÀS EMPRESASO porta-voz dos industriais paulistas defende que o governo a
ser inaugurado no início de 2011 tenha uma visão desenvolvi-
mentista do Brasil e dê mais chance para o setor privado evo-
luir. “Pela primeira vez, estamos numa posição de destaque.
O novo governo tem de estar preparado para essa realidade.
Precisamos nos adaptar. O governo e os empresários não
estavam prontos para esse sucesso do país, mas agora temos
a obrigação de ampliar o êxito”, enfatiza.
Entre as promessas de campanha e a prática dos gover-
nantes existe uma larga distância, mas, a julgar pelos sinais
emitidos até agora pelos principais postulantes, os pilares da
política macroeconômica estabelecida no governo Fernando
Henrique Cardoso e seguida na gestão petista – câmbio
fl utuante, metas de infl ação e superávit primário – serão
mantidos. “A menos que algo drástico ocorra no panorama
internacional, deverá prevalecer o espírito de que não se mexe
em time que está ganhando”, diz o chairman para a América
Latina da NokiaSiemens Networks.
Fora a perspectiva de uma queda mais rápida dos juros,
desestimulando a entrada de dólares e provocando uma
desvalorização do real, a situação atual não deverá sofrer
alterações drásticas. “O que se vê é uma disposição geral de
encarar problemas antigos. Estradas, ferrovias e aeroportos
melhoraram aqui e ali, mas, agora, o país está maduro para
mudar de cara”, afi rma Byrro. Ele, como os analistas consulta-
dos por AméricaEconomia, baseou suas previsões nas últimas
pesquisas de intenção de votos, que conferem a vitória nas
urnas à candidata do PT, Dilma Rousseff, com pouco mais
de 50% da preferência do eleitorado e chances de encerrar a
disputa no primeiro turno.
CENÁRIOS POSSÍVEISO economista Raul Velloso, especialista em contas públicas,
considera em sua análise o favoritismo de Dilma, bem à
frente do segundo colocado, José Serra (PSDB). “No momento,
podemos pensar em uma espécie de terceiro mandato do
Lula. Mas isso signifi ca uma mera continuidade? Não, porque
difi cilmente a criatura sai idêntica ao criador. Além disso, a
própria administração de Lula foi se modifi cando”, observa.
Duas decisões centrais defi nirão não só o perfi l da área,
mas do governo como um todo, avalia Velloso. Trata-se do
comando do Banco Central (BC) e do Ministério da Fazenda.
“O BC não é mais aquele em que o presidente se apoiava nu-
ma diretoria de altíssimo nível técnico. Hoje, a instituição é
dirigida por funcionários de carreira, que, embora preparados,
representam um fator de limite de independência”, afi rma.
“No caso de uma diretoria menos ortodoxa, será um sinal do
que acontecerá com a infl ação. Perda de credibilidade do BC
com infl ação em alta não será nada bom. Infl ação alta é igual
à indexação”, observa Velloso. A credibilidade no combate à
infl ação ajudou o país a atravessar a crise, e a imagem do
Brasil no exterior poderá retroceder, se este movimento
não prosseguir, diz o economista.
Esse cenário inclui uma possível piora das
contas públicas. Velloso lembra que o superávit
primário vem caindo, e que Dilma, até agora,
não demonstrou intenção de implementar uma
política fi scal contracionista. “Mas não podemos
esquecer que estamos em campanha eleitoral. A
partir de janeiro de 2011, tudo poderá mudar. O nome
do próximo ministro da Fazenda dirá muito sobre isso:
se será um gastador ou alguém que freará as despesas
públicas.” Outro dado relevante é se a equipe econômica terá
um comando único para articular as políticas de crédito, fi scal
e monetária, criando condições efetivas para a redução dos
juros. Uma Selic real de 6% ao ano seria um divisor de águas,
nível que poderia ser alcançado somente no fi nal do próxi-
mo mandato (2014), desde que haja unifi cação das políticas
macroeconômicas.
Já a relação com o Congresso não deverá ser problema em
um eventual governo Dilma Rousseff, pois tudo indica que a
nova gestão contará com maioria mais folgada do que a de
Lula – especialmente no Senado –, em decorrência da aliança
com o PMDB, lembra Amir Khair, mestre em Finanças Públi-
cas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário de
Finanças da Prefeitura de São Paulo. Mesmo com tal maioria,
não se pode apostar em sustentação política para grandes
reformas, como a tributária, a previdenciária e a trabalhista.
“Depois de tantas tentativas frustradas, o mais provável é
concentrar esforço no avanço de microrreformas e remendos
infraconstitucionais nesses temas”, sublinha.
Uma queda mais agressiva da taxa de
juros estancaria a vazão de recursos para financiar
a dívida pública
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 65
AS APOSTASA gestão compartilhada com o PMDB também não deverá
tirar da cota pessoal de Dilma a escolha dos cargos mais rele-
vantes. Até agora, a coordenação de campanha não endossou
as especulações sobre os nomes que devem compor o futuro
governo. Os mais cotados para o Ministério da Fazenda são
Nelson Barbosa – atual secretário de Política Econômica – e o
presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-
co e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Para o BC, são citados o
diretor de Normas, Alexandre Tombini, e o economista-chefe
do Bradesco, Octavio de Barros. O deputado Antonio Palocci é
cotado para a Casa Civil.
Para Khair, o próximo presidente terá quatro grandes
desafi os relacionados à macroeconomia: manutenção do cres-
cimento acima de 5% ao ano, redução da infl ação para cerca
de 4% ao ano, obtenção do equilíbrio nas contas externas, na
área fi scal e redução da relação dívida/PIB. Um dos fantasmas
que assombraram o Brasil no passado – o desequilíbrio das
contas externas – pode reaparecer. “Uma queda mais robusta
dos juros, a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF) – dos atuais 2% para 4% – e prazo mínimo de permanên-
cia desses recursos voláteis aplicados em carteira não fariam
mal a ninguém”, afi rma Khair.
Steinbruch concorda. “A combinação de juros altos e câm-
bio valorizado é perigosa e está levando o dólar para um pata-
mar irreal. Como o dólar aqui é fl utuante, temos de tratá-lo de
maneira diferente. Ele deve ser direcionado pelo governo, e não
deixar a coisa solta do jeito que está. O país está se alijando das
exportações e facilitando muito a importação. E, como o Brasil
tem mercado interno forte, as empresas de fora jogam aqui
todo o excesso de produtos que têm, o que pode desestruturar
nosso setor produtivo. Mas, se baixarmos os juros, provavel-
mente a moeda se desvalorizará”, diz o líder da Fiesp.
Algo estratégico para um governo Dilma é a queda veloz
da Selic, resultando em sobra de recursos. Hoje, a conta de
juros para fi nanciar a dívida pública equivale a 5,4% do PIB (R$
180 bilhões, nos últimos 12 meses). “Faz parte do ajuste fi scal
estancar a sangria de recursos públicos causada pela Selic no
fi nanciamento da dívida pública. Isso se faz com uma queda
mais agressiva da taxa de juros”, recomenda Khair.
Por outro lado, pontos fortes da agenda do próximo go-
verno são a manutenção do consumo como mola mestra do
crescimento, com políticas de salário mínimo semelhantes às
praticadas nos últimos anos – com reajustes acima da infl ação
–, e a continuidade dos programas sociais de transferência de
renda. “Crescer de baixo para cima será fundamental para
manter a economia aquecida”, afi rma Khair.
Nesse contexto, os bancos ofi ciais manterão o papel estra-
tégico desempenhado de 2009 para cá na expansão do crédito.
Segundo Khair, se Dilma vencer as eleições, usará o Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) e o BNDES para aperfeiço-
ar a logística para o setor privado. Apesar de tudo o que resta a
ser feito, ninguém tem dúvida de que quem sair vitorioso das
urnas em outubro ganhará força para implementar ajustes
necessários para que o país continue em processo forte de
desenvolvimento nos próximos quatro anos.
DA ESQUERDA PARA A DIREITA, ANTONIO
PALOCCI, OCTAVIO DE BARROS E LUCIANO
COUTINHO: APOSTAS PARA A EQUIPE DE DILMA
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3
4
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DEBATES Argentina
Parlamentarismo à vista? DEPOIS DE RETOMAR FACULDADES
QUE ESTAVAM EM PODER DO EXECUTIVO POR UM SÉCULO E MEIO, CONGRESSO ARGENTINO PODERÁ DAR TRABALHO AO PRESIDENTE
RODRIGO LARA SERRANO, DE BUENOS AIRES
O que se poderia pensar de um
mecânico que, de um dia pa-
ra outro, perde mais de mil
ferramentas? Essa é a atual situação do
governo argentino. No fi nal de agosto,
a oposição deixou caducar cerca de 1,9
mil leis que transferiam ao Executivo
poderes que desde 1853 a Constituição
atribuía ao Congresso, conhecidas como
“faculdades delegadas”.
Desse total, muitas já não têm uso.
Outras 300, segundo especialistas, po-
deriam ser essenciais para o presidente
manter a posição cômoda de que hoje
goza. Entre elas estão a que rege o re-
passe de arrecadação entre o governo
central e as províncias, a transferência
de fatias do orçamento dedicadas ao
investimento para usá-las em gastos
correntes e o polêmico domínio do Códi-
go Aduaneiro, que resulta na imposição
de retenções (impostos) à exportação.
Assim, se as forças de oposição chega-
rem a um acordo, poderão reduzir ou
eliminar as retenções à exportação da
soja – principal cultivo do país – e do
milho, comprometendo a arrecadação.
“Até hoje, as faculdades delegadas
permitiram a ditadura da carteira”, diz
o advogado Ricardo Monner Sans, res-
ponsável pela denúncia de casos de
corrupção em governos argentinos. Ele
concorda com a visão predominante de
que, independentemente do partido no
poder, essas facilidades derivaram em
um “hiperpresidencialismo”. Nele, as
províncias fi caram à mercê do governo
central, que fi nancia ou não seus défi -
cits em troca de apoio no Congresso e
nas eleições. “Aqui, os candidatos são
democratas até colocarem a faixa presi-
dencial”, concorda o analista Heriberto
Muraro, da Muraro y Asociados.
FUTURO INCERTOMais do que a expectativa quanto ao
destino dos assuntos mais polêmicos
da atual agenda política, essa mudan-
ça coloca um ponto de interrogação
sobre como funcionará a democracia
argentina daqui para frente, depois de
tanto tempo com um governo executivo
superpoderoso.
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 67
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Para Muraro, a queda das faculda-
des delegadas deixou uma situação
incerta porque “a capacidade coopera-
tiva e organizativa da oposição é quase
zero”. Graciela Romer, analista da Romer
y Asociados, acrescenta que, “com essa
mudança, a governabilidade começará
a passar pela capacidade ou não que as
principais forças tenham para chegar a
acordos de políticas públicas”.
A princípio, espera-se pouco ruído
no fi nal de mandato de Cristina Kirch-
ner. No Congresso, os legisladores mos-
tram-se mais interessados nas eleições
em 2011 do que em estudar as possibi-
lidades geradas com o fi m da delegação.
Já a presidente, em última instância,
poderia lançar mão de um Decreto de
Necessidade e Urgência para pressionar
uma decisão a seu favor. Um expediente
que, até agora, ela usou pouco (média de
0,3 ao mês) em comparação com seus
antecessores Néstor Kirchner (média
de 5 mensais) e Eduardo Duhalde (9,3
mensais), segundo o Centro de Estudos
Nueva Mayoría.
Esse jogo de empurra deverá parar
no próximo presidente, e os analistas
já começam a criar cenários. “Há uma
possibilidade de que, depois do pri-
meiro turno, a oposição se una contra
Néstor Kirchner [possível candidato
da situação]”, diz Monner Sans. “Se ela
ganhar, pode haver acordos, entre os
quais estariam leis como as referentes
às aduanas. Outro cenário igualmente
provável é que haja um vencedor sem
acordo sobre as faculdades delegadas e
se arme tal confusão e paralisia que, no
fi nal, tudo volte ao que era antes.”
Para Muraro, a evolução para um
parlamentarismo dinâmico seria um
desafi o que “contradiz as mais nobres
tradições presidencialistas da Argenti-
na”. Graciela é mais otimista. “O sistema
político argentino está tão fragmentado
que, mesmo que a situação ganhe, não
será maioria”, afi rma. “Por isso, é forte
a tendência de migrar para um regime
semiparlamentar, o que melhoraria a
qualidade de nossa democracia, colo-
cando limites ao pouco respeito que
hoje se tem pela institucionalidade.”
Rumo à Casa Rosada
Quem são os políticos que desejam a presidência da Argentina em 2011
Néstor Kirchner: até antes de se sub-
meter a uma angioplastia, em meados de
setembro, o ex-presidente era tido como o
futuro candidato da situação à presidência,
e tudo parece indicar que continuará tendo
a preferência.
Peronismo federal ou conservador
Felipe Solá: Ex-secretário de Agricultura
e ex-governador da província de Buenos
Aires. Ponto forte: grande conhecimento
do aparelho estatal. Ponto fraco: não tem
bases próprias dentro do peronismo.
Francisco De Narváez: Deputado. Milionário. Ponto forte: manejo político
e carisma entre o eleitorado popular. Ponto fraco: é natural da Colômbia e
necessita que a Corte Suprema aprove sua candidatura.
Mario Das Neves: Governador da província de Santa Cruz. Ex-kirchnerista.
Ponto forte: poderia ser o homem de consenso entre os peronistas. Ponto fraco: é pouco conhecido, já mentiu reiteradamente sobre sua formação uni-
versitária e tem características autoritárias.
Panradicalismo
Ricardo Alfonsin: Deputado. Filho do ex-presidente Raúl Alfonsín. Ponto for-te: apoio do partido radical e da classe média. Ponto fraco: não tem experiência
administrativa nem carisma.
Julio Cobos: Atual vice-presidente, ex-governador de Mendoza. Ponto forte:
apoio do setor agroindustrial e dos empresários em geral, além de eleitores do
interior. Ponto fraco: é considerado volúvel, e sua proposta de governo, vaga.
Elisa “Lilita” Carrió: Deputada. Líder da Coalizão Cívica. Ponto forte: honrada,
carismática e com grande experiência legislativa. Ponto fraco: personalista, e
assusta parte do eleitorado com visões apocalípticas da realidade.
Proposta Republicana
Mauricio Macri: Prefeito da cidade de Buenos Aires. Ponto forte: apoio do
empresariado e do eleitorado conservador. Ponto fraco: baixa presença par-
tidária no restante do país.
Esquerda/ Projeto Sul
Fernando Pino Solanas: Cineasta de prestígio, deputado. Ponto forte: ex-
periência legislativa. Ponto fraco: seu reconhecimento se limita à cidade de
Buenos Aires, e falta solidez à coalizão de esquerda que o apoia.
2
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68 AméricaEconomia Outubro, 2010
DEBATES Comércio Exterior
APÓS SEIS ANOS DE LONGAS DISCUSSÕES,
MERCOSUL APROVA O FIM DA BITRIBUTAÇÃO INCIDENTE
SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS
DE OUTROS PAÍSES
ENRIQUETA MENON, DO RIO DE JANEIRO Foto
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D esde sua fundação, em 1991, o Mercosul sonha
com uma integração semelhante à da União
Europeia, com décadas de evolução e criação
de uma moeda única. Após seis anos de discussão e
em meio às recorrentes difi culdades institucionais, no
último dia 3 de agosto, os governos dos sócios do bloco
regional fi nalmente aprovaram uma das medidas de
maior impacto nos últimos dez anos em direção à união
aduaneira completa: o fi m da dupla cobrança de impos-
tos sobre a circulação de mercadorias importadas por
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai de terceiros países,
com distribuição das receitas dos tributos.
A importação de centenas de produtos e bens de
capital, sobre os quais atualmente recai a Tarifa Externa
positivoPasso
DEBATES Comércio Exterior
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 69
– e da elevada dependência dos tributos
de importação na composição de suas
receitas públicas.
Diante da falta de regulamentação
dos procedimentos e do prazo de im-
plementação – entre 2012 e 2019 –, na
prática, segundo analistas, o Decreto
1.010 do Conselho do Mercosul é mais
um sinal político de que o bloco regional
está caminhando, apesar dos percalços.
“Há tempos os empresários esperam
essa atitude, mas ainda vai demorar
para que ela tenha efeitos concretos nas
operações comerciais das empresas”,
afi rma Rubens Barbosa, presidente do
Conselho Superior de Comércio Exterior
da Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp).
O que está sendo feito, no entanto, é
o possível para avançar em um contex-
to marcado pela falta de vontade polí-
tica dos governos, sublinha Barbosa. “O
Decreto 1.010 é cheio de indefi nições”,
diz. Até mesmo as datas de funciona-
mento das três etapas são previstas no
condicional – “no mais tardar”, segun-
do a Declaração
de San Juan, na
Argentina.
Em uma pri-
meira fase – que
entrará em vi-
gência até 1º de
janeiro de 2012 –,
poderão circular
livremente pro-
dutos importados
de terceiros paí-
ses, desde que não
passem por nenhum tipo de alteração.
Na segunda etapa – a partir de 1º de
janeiro de 2014 –, as empresas poderão
transformar e agregar valor a um grupo
de produtos importados para reexportá-
los aos demais integrantes do bloco.
Serão benefi ciados os itens taxados pela
menor faixa da TEC – entre 2% e 4% – e
geralmente sem produção local.
“Hoje, isso é permitido, mas as exi-
gências são de toda ordem, entre elas a
de incorporação, no processo produtivo,
de certo percentual de bens e serviços
nacionais. Com a última resolução do
Mercosul, esse requisito cai”, explica
Ricardo Mendes, sócio da Prospectiva
Consultoria Internacional. Mas a lista
de itens que poderão ser benefi ciados
nessa etapa do cronograma ainda será
defi nida. Na última fase, a liberalização
será total. “No mais tardar, a partir de 1º
de janeiro de 2019”, segundo o decreto,
todos os bens importados de fora do blo-
co regional poderão ser transformados
e exportados dentro do Mercosul.
DIVIDIR O BOLOOutro ponto em aberto é a distribuição
das receitas da TEC, que demandará
um acordo entre os sócios em torno de
um mecanismo de coparticipação nas
receitas. As importações do Paraguai,
por exemplo, que são feitas por meio
dos portos brasileiros, passarão a ser ta-
xadas uma única vez, quando a Receita
Federal do Brasil cobrará o tributo, e os
recursos recolhidos aqui serão compar-
tilhados com o Tesouro paraguaio.
O fato de as empresas, a partir de
2012, poderem importar componentes
e insumos e deixá-los estocados no país
de entrada por algum tempo, em um
centro de distribuição regional, para
depois enviá-los aos vizinhos, com me-
nos etapas de importação e exportação,
pode estimular os países a criarem lo-
gística para atender a essa demanda das
empresas, observa Mendes, da Prospec-
tiva. “Isso tende a acontecer no Brasil,
pelo fato da escala de mercado ser maior
que na Argentina, no Uruguai e no Pa-
raguai”, prevê. Segundo ele, essa pers-
pectiva é interessante para portos com
menos problemas de estrangulamento,
como Sepetiba, no Rio de Janeiro.
Embora a medida seja de regula-
mentação comercial, outro impacto
econômico possível é o estímulo aos in-
vestimentos para agregar valor visando
à reexportação para o bloco regional, na
segunda e na terceira fases. “Na União
Europeia, as empresas fazem uma plan-
ta industrial em um dos países e têm
acesso aos mercados da comunidade.
Com o Decreto 1.010, foram criadas as
condições para que isso aconteça no
Mercosul”, destaca Mendes.
Comum (TEC), terá seu custo diminuído
até janeiro de 2019. Para isso, terá de ser
criado o Código de Valoração Aduaneira
do Mercosul e ser colocada em funcio-
namento a interconexão de sistemas
de gestão aduaneira, com uma base de
dados que permita o intercâmbio de
informações para a divisão dos recursos
arrecadados entre os países membros.
Outra providência necessária é o esta-
belecimento de uma compensação para
o Paraguai, por causa de sua condição
especial de país sem litoral – as impor-
tações entram por portos dos vizinhos
2019é o prazo máximo
para a extinção da bitributação
PORTO DE PARANAGUÁ,
NO PARANÁ: FIM DA COBRANÇA
DUPLA TRARÁ NOVOS ESTÍMULOS
À LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO
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70 AméricaEconomia Outubro, 2010
ESPECIAL Telecomunicações
FUTURECOM 2010 MARCARÁ A GUINADA DA INTERNET DE ALTA VELOCIDADE NO MERCADO LATINO-AMERICANO DE TELECOMUNICAÇÕES E APONTARÁ NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO PARA O SETOR
GIULIANO AGMONT, DE SÃO PAULO
A próxima edição do maior evento de telecomunicações e tecnologia da
informação da América Latina consolida o protocolo de internet como
plataforma-padrão para transmissão de dados, voz e imagem no con-
tinente. Quem circular pelos corredores do Transamérica Expocenter, em São
Paulo, durante a 12a Futurecom, que acontece de 25 a 28 de outubro, constatará
que as telecoms incorporaram o ambiente digital convergente da Web 2.0 e
caminham para implantar de forma defi nitiva a rede IP em seus sistemas.
O melhor indicativo dessa tendência é o crescimento vigoroso do acesso à
banda larga nos últimos anos. Até o fi m de 2010, estima-se que o número de
usuários de internet de alta velocidade se aproxime dos 80 milhões de pessoas só
na América Latina, sendo 40 milhões de rede fi xa e 37 milhões de aparelhos mó-
veis. A Ahciet (Associação Iberoamericana de Centros de Pesquisa e Empresas de
Telecomunicações, na sigla em espanhol) tem uma meta ousada para a internet
rápida: 75% de penetração até 2015 na América Latina. O Brasil, que deve ultra-
passar a barreira de 30 milhões de conexões rápidas antes de dezembro, puxa
esse crescimento e vive um momento inédito: pela primeira vez, a quantidade
de celulares 3G ultrapassou à de banda larga fi xa no país. Atualmente, são 13,9
milhões de linhas móveis, contra 12,2 milhões de conexões fi xas.
Banda cada vez
mais larga
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 71
Penetração da banda larga na América LatinaInclui todas as velocidades
Fonte: IDC
Brasil
Argentina
UruguaiChile
Peru
Colômbia
Venezuela
3,04%
4,82%
4,43%
5,98%
10,39% 10,0%
9,97%
Penetração para cada 100 habitantes (março 2009)
Alemanha + 29,9%
Espanha + 20,3%
Irlanda + 20,7%
Portugal + 16,3%
Dezembro de 2009
FOCO EM SOLUÇÕES Especula-se que o mercado de banda larga no Brasil exigirá um investimento
de pelo menos US$ 60 bilhões até 2014 para suprir o aumento da demanda.
O fenômeno da internet de alta velocidade também marca uma transição
importante da Futurecom. Segundo Laudálio Veiga Filho, organizador do
evento, os mais de 15 mil visitantes não vão até o Transamérica Expocenter
para ver gadgets. “É uma exposição que privilegia mais soluções, serviços e
aplicações do que produtos. Os executivos que participam do evento estão
mais interessados em saber como impulsionar seus negócios com as apli-
cações dos aparelhos do que com os aparelhos em si”, informa Veiga Filho.
Além de contar com mais de 300 expositores, a Futurecom promete atrair
líderes de cerca de 40 países, 72% deles presidentes, diretores, gerentes e
coordenadores.
Os novos modelos de negócios criados a partir da infi nidade de possibi-
lidades proporcionadas pela plataforma full IP vão monopolizar reuniões
e apresentações na área de exposição da feira. A Alcatel-Lucent, líder mun-
dial em conexão de banda larga para redes fi xas, móveis e convergentes,
investe nas comunidades de desenvolvedores de aplicativos. O gerente de
Marketing da empresa, Murilo Boudakian Moysés, cita como exemplo o site
www.topcoder.com. Trata-se da maior comunidade de desenvolvedores de
softwares competitivos do mundo, com mais de 250 mil membros. “Estamos
trabalhando com esse pessoal para desenvolver aplicativos para iPad, da
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72 AméricaEconomia Outubro, 2010
ESPECIAL Telecomunicações
Apple. O potencial desse tipo de
parceria é enorme, sem preceden-
tes. São comunidades com pessoas
inovadoras, livres, muitas vezes,
de vícios corporativos, com liber-
dade para criar e tocar os projetos.
E todos trabalhando para você”,
explica Moysés. Segundo o execu-
tivo, existem cerca de 6 milhões
de desenvolvedores de aplicativos
só para a Web 2.0 na América do
Norte e a cada oito minutos surge
mais um.
O mercado de telecomunicações
apresenta um cenário de oportunidades.
As gerações Y e Z, formadas por jovens que mal conheceram a
fi ta cassete, vêm estabelecendo novos padrões de comporta-
mento, que o mercado ainda tenta entender. São consumido-
res com menos de 30 anos, bastante familiarizados com as
ferramentas digitais, ávidos por tecnologia e interatividade,
e que consideram e-mail coisa antiquada. Eles povoam
as redes sociais e querem acessar conteúdo em qualquer plataforma, a todo momento e onde quer que estejam. Con-tribuíram para que o Facebook tivesse quase 100 milhões de usuários em menos de um ano – para se ter uma ideia, a internet precisou de quatro anos para angariar metade disso. Paralelamente, as gerações mais antigas têm mais poder aquisitivo e buscam se adequar à nova realidade 2.0. Nos Estados Unidos, os chamados baby boomers, os hippies dos anos 1960 e 1970, gastam atualmente US$ 2,3 trilhões por ano, parte signifi cativa desse dinheiro em tecnologia.
3G no Brasil
4o trim./08 2o trim./09 2o trim./10
1,0
1,1
2,1
2,1
1,9
4,0
10,4
3,5
13,9
Acesso por aparelhos
Modems
Total 3G
Fontes: Teleco e Anatel
3G/Total de celulares 1,4% 2,5% 7,5%
Milhões
Total de conexões fixas de banda larga no Brasil
2o trim./09 2o trim./10
7.494
2.835
425
10.754
5,62
8.338
3.350
580
12.268
6,36
*estimativa preliminarda Teleco
Fontes: Operadoras e Teleco,não inclui dedicado
Milhares
ADSL
TV por assinatura
Outros
Total
Acessos/100 hab
SOLUÇÕES COMO
A TELEPRESENÇA
SÃO BENEFICIADAS
PELA MELHORA
DA QUALIDADE
DA INTERNET
AE 392 Telecom V1.indd 4 9/23/10 10:52:09 PM
Estimativa de crescimento da banda larga no mundo 2005–2012
0
300
600
900
1.200
1.500
1.800
2.100
Fontes: OUVM, Strategy Analytics & Internal Ericsson
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Banda larga móvel
Banda larga fixa
Milhões de assinantes
17,6milhões foi
o número de consumidores online no Brasil em
2009
Outubro, 2010 AméricaEconomia 73
A conectividade é mais uma característica inerente desse novo mundo que está por se estabelecer. Em casa, no carro, no trabalho, na praia, a pers-pectiva é a de que os usuários estejam permanentemente plugados à rede, para acompanhar, por exemplo, vídeo por IPTV (Televisão por Protocolo de Internet, na sigla em inglês), tecnologia de transmissão de sinais televisivos para aparelhos de TV e outros meios. No Brasil, essa tendência é ainda mais marcante. Segundo pesquisa Ibope Nielsen Online, o internauta brasileiro é o que mais tempo fi ca conectado e é recordista em navegação em redes sociais
como Orkut, Twitter e Facebook. Um levantamento da Câmara Brasileira de
Comércio Eletrônico mostra que o número de consumidores online subiu de
4,8 milhões em 2005 para 17,6 milhões em 2009. “É por isso que as empresas
estão mais focadas em modelos de negócio do que em portfólio”, considera
Moysés, da Alcatel-Lucent.
Para Roberto Atayde, executivo do IBM Solution Center para a Indústria
de Telecomunicações na América Latina, existem características desse
mercado que ainda precisam ser entendidas. O executivo cita o tipo de uso
que os usuários fazem de seus celulares. Muitos aparelhos contabilizados
nas estatísticas estão simplesmente no fundo de uma gaveta, desligados.
“Assim como muitas operadoras deixam de valorizar o dono de uma linha
pré-paga porque o retorno que ele dá é pequeno. Só que esse cálculo pode estar
errado”, diz. “Se integrar uma rede social e tiver um bom relacionamento, ele
pode ser valioso para o marketing da empresa. Os R$ 20 que ele gasta por mês
podem virar R$ 1 mil. Dar um smartphone com
um ano de dados grátis fará com que esse cliente
permaneça na rede e replique a boa impressão da
empresa”, exemplifi ca Atayde.
Apesar da euforia em torno da banda larga,
os serviços de internet no Brasil poderiam ser
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74 AméricaEconomia Outubro, 2010
ESPECIAL Telecomunicações
Vem aí o celular 4G
A tecnologia LTE (Long Term Evolution), voltada pa-
ra banda larga móvel de alta velocidade 4G, deverá
estar implantada no Brasil antes de 2013, quando
acontecerá a Copa das Confederações. Muitas em-
presas já se preparam para a chegada dessa nova
conexão sem fio para celulares, que será de cinco
a dez vezes mais rápida e eficiente do que a 3G,
chegando a 100 megabits por segundo. O diretor de
Tecnologia para América Latina da Nokia Siemens,
Wilson Cardoso, diz que a tecnologia 4G, aliada à
difusão da plataforma all IP, tornará a interação do
usuário mais simples, efetiva e direta. A empresa
tem três focos ao investir em equipamentos com
tecnologia LTE: fornecer rede para operadoras
e prover conectividade; garantir aos usuários
a transição entre as três telas: computador,
televisor e celular; e criar base de dados
centralizada para gerenciar a identidade
do usuário. “Num primeiro momento, os
investimentos na cobertura 4G vão acon-
tecer em estádios da Copa, aeroportos,
rotas principais, hotéis e algumas outras
áreas. Essa é uma infraestrutura que deve
ficar no país”, diz Cardoso. “Além disso, o
modelo do negócio muda quando a receita de
dados ultrapassa a de voz na telefonia.”
BANDA LARGA MÓVEL
DE ALTA VELOCIDADE 4G
DEVERÁ SER
IMPLANTADA NO BRASIL
ANTES DE 2013
mais acessíveis e oferecer melhor qualidade. As explicações
para esse fenômeno indesejável para o consumidor começam
na alta carga tributária em telecomunicações, que onera em
43% o setor, passam pela baixa renda per capita do país e a
consequente falta de demanda para que as empresas atinjam
mais escala, e chegam ao tamanho e à distribuição demográ-
fi ca do país, que aumenta, e muito, o investimento em infra-
estrutura de rede. Soma-se a isso o fato de que a concorrência
nem sempre é saudável por conta do processo de concentração
do mercado. Além disso, o controle da infl ação ainda é recente.
Outra questão é o tamanho das empresas, que prejudica a
agilidade para atuar e também difi culta a transição de uma
rede analógica para uma digital. Mas a perspectiva é a de que
os serviços melhorem.
Uma mostra disso é o avanço da GVT em mercados dispu-
tados, como Rio de Janeiro e São Paulo, com pacotes de banda
larga de até 100 megabytes. “Nessa velocidade, é possível
baixar um CD completo de música em dois segundos, por um
custo mensal de R$ 499. Quem optar por um plano de 35 mega,
de R$ 139 mensais, baixará o mesmo disco em 15 segundos.
Para fazer isso em internet de 1 a 2 mega, o usuário preci-
sará esperar uma hora”, compara o vice-presidente de
Marketing e Vendas da GVT, Alcides Troller Pinto.
Outra novidade da GVT na Futurecom é o Vox
NG, uma solução de voz sobre a rede IP. Segundo o
fabricante, a tecnologia permite uma transmissão
de áudio mais estável e sem aquele tom metálico
típico da internet. A fl exibilidade é outro diferen-
cial competitivo do sistema em relação ao PABX.
“Você consegue confi gurar seu ramal para qualquer
telefone IP, onde você estiver. É interessante para
empresas com fi liais em estados diferentes, por
exemplo. Ele permite que os colaboradores ajustem
o ramal em que estiverem, garantindo
economia com interurbanos”,
explica o executivo.
capacidade de infra-
estrutura das empresas é despro-porcional à demanda de
tráfego
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Outubro, 2010 AméricaEconomia 75
Aposta no tráfego de imagem
Principal fornecedor mundial de equipamentos de rede para
a internet, a Cisco Systems, mais uma vez, montou o maior es-
tande da Futurecom. A gigante, que tem no Brasil um dos cen-
tros de seu investimento, reforça sua aposta nas aplicações
de vídeo nesta edição de 2010. “É a forma de comunicação
mais poderosa que existe”, sustenta Marco Barcellos, diretor de
Marketing da Cisco no Brasil. A incorporação da empresa Tand-
berg, especializada em videoconferência e telepresença, mostra
o investimento em tecnologia de transmissão de vídeo em alta
definição. Outra mostra dessa opção da Cisco é a decisão de passar a
produzir em Manaus conversores de sinal digital para a operadora de
TV paga NET. “É um equipamento que integrará a aplicação de ima-
gem em alta definição para a casa do usuário. Permitirá a realização
de telepresença doméstica com alta capacidade de compressão de
imagem, ou seja, transmissão estável e sem atraso em telas full HD”,
explica Barcellos. O executivo esclarece que a rede IP é privada, dedi-
cada ou compartilhada – o tráfego não ocorre pelo www. “O mercado
de internet e banda larga tem o tamanho da economia hoje.”
EQUIPAMENTOS DA CISCO
APOSTAM NOS APLICATIVOS
MÓVEIS E NO MERCADO
DE TRANSMISSÃO DE VÍDEO
EM ALTA DEFINIÇÃO
Além da GVT, outras operadoras de porte, como Embratel, Vivo, Telefônica e Oi,
marcarão presença na Futurecom. Depois de uma sequência de fusões e consolida-
ções, as empresas parecem estar prontas para enfrentar o grande desafi o do mercado
de telecomunicações: o desequilíbrio do ecossistema do setor. Parece inevitável o
surgimento de serviços e plataformas convergentes para sustentar uma sociedade
conectada. Contudo, a capacidade de investimento em infraestrutura das empresas
é desproporcional à demanda de tráfego, isso no mundo inteiro. “E o que acontece é
que as empresas que provêem conteúdo não remuneram o sistema, e isso causa um
descompasso”, avalia Laudálio Veiga Filho, organizador da Futurecom. Para Roberto
Atayde, da IBM, o que onera o operador é o vídeo. “Uma das soluções seria a de apli-
car mais inteligência aos serviços. Um modem comprado pelo usuário poderia ser
carregado com esses fi lmes, o que desoneraria a rede sem criar uma nova mídia e
estabeleceria um novo modelo de negócio”, explica.
A resposta para esse impasse, porém, ainda
ninguém tem. Talvez as operadoras possam
controlar os aplicativos ou as empresas
de aplicativos subcontrolariam links
das operadoras. Um meio-termo pode
ser a saída, dependendo das circuns-
tâncias. Seja como for, garantem os
analistas, o que não vai mudar é
que a resposta estará nas decisões
dos consumidores.
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ibiz
76 AméricaEconomia Outubro, 2010
CADA VEZ MAIS OS MUNICÍPIOS INVESTEM EM ALTA TECNOLOGIA PARA GERIR SEUS SERVIÇOS BÁSICOS. MAS A CIDADE INTELIGENTE AINDA ESTÁ LONGE DE SER UMA REALIDADE
JUAN PABLO DALMASSO, DE CÓRDOBA
Cidades dofuturo
FELIPE CASTILLO QUER TRANSFORMAR LOS
OLIVOS EM PIONEIRA NO USO DE NOVAS
TECNOLOGIAS NA GESTÃO URBANA
F elipe Castillo, prefeito de Los Olivos,
cidade de mais de 300 mil habitan-
tes ao norte de Lima, no Peru, quer se
converter em um paladino da tecnologia na
gestão municipal. Em 2008, ele inaugurou
a SimiWeb, uma plataforma que permite
ao morador interagir com o município de
sua própria casa e, aos agentes municipais,
fazer sua fi scalização em tempo real empre-
gando dispositivos móveis.
Com isso, a pouco conhecida Los Olivos
ganhou a 11a posição, de um total de 150, no
Ranking Motorola 2009 de Cidades Digitais
da América Latina. O prefeito estima que,
neste mês de outubro, entrará em funcio-
namento uma rede de seis anéis de fi bra
ótica para conectar o governo, as empresas
e os cidadãos. O sistema contará com um
centro computadorizado que atenderá a
gestão municipal e outros serviços públicos,
incluindo bombeiros, hospitais e escolas.
“Em dez anos, queremos ser uma ci-
dade inteligente como Estocolmo”, entu-
siasma-se Castillo, que, em março, fi rmou
um acordo com a IBM para desenvolver a
reengenharia da cidade aplicando os cha-
mados padrões de Cidades Inteligentes da
companhia. Dos investimentos totais, esti-
mados em US$ 80 milhões, um quarto será
realizado neste ano e, o restante, quando
for dado o último passo. “Com uma rede
telemática completamente monitorada, os
colégios poderão ter acesso ao centro com-
putadorizado, onde fi carão armazenados
os materiais desenvolvidos por cada um
deles, e criar sinergias entre os professores
e as instituições”, diz Castillo. Foto
: San
dra
Elía
s
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ibiz
Outubro, 2010 AméricaEconomia 77
do conhecimento de Medina, cujo objetivo é transformá-la
em um cluster da capacitação tecnológica. Na Europa, cidades
como Málaga e Amsterdã lançaram planos de conversão para
a efi ciência ambiental e econômica.
Na América Latina, Los Olivos encontrará, em breve,
acompanhantes para a sua aventura. Guadalajara incorporou
a ideia de se tornar uma região metropolitana inteligente.
Atualmente, trabalha na atua-
lização de seus servidores, na in-
corporação do Wi-Fi aos espaços
públicos e na criação do portal
Zona GDL, uma ferramenta que
identifi cará, por meio de mapas,
os diferentes serviços do municí-
pio, as zonas de risco por inunda-
ção e relatórios de doenças, como
a dengue.
Já no Brasil, com a Copa do
Mundo de 2014 e as Olimpía-
das de 2016, as cidades deverão
fazer fortes investimentos em
modernização. “Temos de somar
o impacto dos novos projetos
petrolíferos e de infraestrutura”,
afi rma Pedro Almeida, porta-voz
do programa Cidades Inteligen-
tes da IBM no país. “Isso implica
uma oportunidade de incorpo-
rar tecnologia e uma demanda
de sistemas de planejamento,
gestão e controle.” Se ninguém
nega que a tecnologia tem seu
encanto, a implementação, por
sua vez, pode ser complicada.
As autoridades encarregadas do
Transantiago, sistema de transporte urbano da capital chile-
na, bem o sabem. Três anos após a sua estreia, acumula perdas
mensais de US$ 9,6 milhões. No ano passado, em Córdoba, na
Argentina, foi cogitado implementar um sistema de controle
de trânsito com a sede local da Universidade Tecnológica Na-
cional. Os funcionários boicotaram a ideia imediatamente,
alegando que isso afetaria suas horas extras.
“Casos como o de Córdoba são extremos, mas sempre há
que se negociar. Geralmente acontece um rearranjo”, diz, em
Bogotá, na Colômbia, Javier Carranza, especialista em gover-
no eletrônico e assessor do Banco Mundial.
O público tampouco está disposto a apoiar as mudanças
automaticamente. Seria factível implementar um sistema de
pedágio em qualquer cidade? Difícil. “Em Estocolmo, tiveram
de fazer campanha e um plebiscito”, diz Mark Cleverly, dire-
tor de Estratégia da IBM Global Government. “Nem todos os
projetos podem ser implementados, mas temos de avançar
buscando os acordos necessários”, observa.
Em um futuro próximo, Los Olivos, distrito de classe média
emergente, criado nos anos 1980, poderá contar com serviços
de telefonia e TV IP, telemedicina, educação a distância e pla-
taformas de governo e comércio eletrônico. Com isso, poderá se
transformar na primeira cidade da América Latina e uma das
pioneiras mundiais a adotar novas tecnologias para a gestão
urbana. Isso dentro do conceito de cidades ou comunidades in-
teligentes que os grandes players
do mercado tecnológico, como a
IBM, a Cisco, a Motorola e a Ac-
centure, vêm promovendo.
De qualquer forma, essas
prometidas cidades inteligentes
ainda não existem. O que se tem
implementado são subsistemas,
como o controle de tráfego de
Estocolmo. Na capital sueca, a
densidade do tráfego é ativada
por um sistema dinâmico de
tarifas de entrada na cidade. Co-
mo resultado, o acesso médio de
automóveis caiu 25%, a poluição,
14%, enquanto o faturamento do
comércio local cresceu 6%.
Em Nova York, em meados
dos anos 1990, foi implementada
a chamada Compstat (abrevia-
tura em inglês de estatísticas
comparativas), uma central de
dados que reúne toda a infor-
mação sobre crimes ou qualquer
tipo de ação ilegal na cidade, nos
bairros e, inclusive, nas esquinas
das ruas. Parte do programa de
tolerância zero, a Compstat foi
um fator-chave para a redução da criminalidade que Nova
York experimentou a partir de meados dos anos 1990.
A DURA REALIDADEOs promotores da tecnologia de cidades inteligentes não
poupam promessas. Horacio Werner, gerente geral da Cisco
para Argentina, Paraguai e Uruguai, afi rma que, com um
sistema de infraestrutura efi ciente, uma cidade de 5 milhões
de habitantes pode, em 15 anos, registrar um aumento de
10% em seu PIB.
Com essas referências, e em um mundo cada vez mais
urbanizado, não é estranho sentir um clima de euforia. A IDC,
empresa norte-americana de pesquisa de mercado do setor
tecnológico, projeta investimentos globais em infraestrutura
inteligente da ordem de US$ 122 bilhões nos próximos dois
anos. Na China e na Índia, há 20 novas cidades projetadas
desde o zero, e, na Arábia Saudita, é prevista a construção de
vários centros urbanos por US$ 70 bilhões. Um deles é a cidade
1
2
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11
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13
14
15
Fonte: Convergencia Research
Urbes digitais Ranking Motorola 2009 das cidades mais digitalizadas da América Latina.
Seleção das 15 melhores com base em uma amostra
voluntária de 150 centros urbanos
Pontuação de 0 a 100, sendo 100 o nível ideal
Cidade
São Paulo
Chihuahua
Mérida
San Luís
Guadalajara
Florida
Santiago
Bogotá
Chacao – Caracas
Las Condes
Los Olivos
Salvador
San Joaquín
Medellín
Buenos Aires
País
Brasil
México
México
Argentina
México
Uruguai
Chile
Colômbia
Venezuela
Chile
Peru
Brasil
Chile
Colômbia
Argentina
Pontuação
52,3
51,0
51,0
50,7
50,3
49,6
49,2
49,0
48,2
45,9
45,4
45,3
45,2
45,1
44,9
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78 AméricaEconomia Outubro, 2010
clics
Foto
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lgaç
ão
Onda 3DA LG coloca no mercado brasileiro
sua primeira linha de TVs 3D com
os modelos LX9500 (47” e 55”) e
LX6500 (42”, 47” e 55”). Segundo a
fabricante, um dos diferenciais dos
aparelhos é a frequência de 480
Hz (presente na série LX9500), que
elimina os rastros na imagem, es-
pecialmente nas cenas que exigem
alta velocidade de processamento.
As TVs são acompanhadas por um
par de óculos. Os preços vão de
R$ 5.899,00 (LX6500 de 42”) a R$
10.999,00 (LX9500 de 55”).
www.lge.com
Barbeador hi-tech
A Philips preten-
de tornar o bar-
bear menos in-
cômodo para os
homens e, para tanto,
está lançando o Senso-
Touch 3D. O produto, que
deve chegar ao país neste
mês, ao preço sugerido de
R$ 999, vem com a tecnolo-
gia Gyroflex, que acompanha os
contornos da face. O barbeador
ainda conta com carregador sem
fio com carga rápida de uma hora e
até 20 dias de autonomia, display com in-
dicadores numéricos de níveis de bateria e
função relógio, ideal para viagens.
www.philips.com.br
MiniBlackBerryA Research In Motion anunciou a chegada, em
países da América Latina e do Caribe, do me-
nor BlackBerry já lançado pela empresa: o Pe-
arl 3G. Com 50 milímetros de largura e peso
de apenas 93 gramas, o novo smartphone su-
porta redes 3G de alta velocidade, Wi-Fi e GPS,
além de contar com uma
câmera de 3,2 mega-
pixels com flash para
fotos de qualidade e
cartões de memória
de até 32 GB. O preço
varia de acordo com a
operadora.
www.rim.com
clics v1.indd 2 9/23/10 10:05:01 PM
80 AméricaEconomia Outubro, 2010
opinião
Ilust
raçã
o: S
amu
el C
asal
N os últimos anos, mais um desafi o surgiu e se somou
àqueles que os líderes enfrentam no dia a dia das
organizações: desenvolver e praticar a liderança
criativa. Em uma recente pesquisa, feita com mais de 1,5 mil
CEOs em corporações de todo o mundo, o IBM Institute for
Business Value e o IBM Strategy and Change perguntaram-
lhes qual seria, em sua opinião, o maior desafi o de gestão na
atualidade. A resposta da maioria foi: entender a complexi-
dade e aprender a lidar com ela.
Entre as atitudes necessárias para tanto, eles destacaram
a liderança criativa, que, em síntese, inclui o desenvolvimen-
to das seguintes habilidades: a) admitir a ambiguidade e a
incerteza; b) assumir riscos que desafi em modelos de negócio
anteriores; c) ir além dos estilos de gestão ditos “testados e com-
provados”. A prática dessas atitudes comporta uma adaptação
contínua, intensifi cação de estudos de caso como ferramentas
de aprendizagem, atitudes rápidas apesar da incerteza, intro-
dução de inovações radicais e aprendizado das técnicas de
persuasão e de compartilhamento do poder, entre outras.
Hoje, tais habilidades fi guram entre as comumente en-
sinadas nos MBAs das escolas de negócio que se destacam
como pioneiras na implantação da gestão da complexidade
como disciplina acadêmica. Essas escolas vão além de reco-
mendações genéricas, e hoje se pode dizer que a gestão da
complexidade conta com um apreciável repertório de méto-
dos e técnicas.
Fica evidente, portanto, que pensar e
agir tanto de modo local quanto de maneira
global, segundo as necessidades das organi-
zações e do mercado, passa a fazer parte das
tarefas das lideranças atuais.
Os empresários e executivos precisam
estar atentos aos novos desafi os da compe-
titividade corporativa, os quais repercutem
de modo direto na gestão de suas carreiras.
Quatro deles, entre outros, podem ser conside-
rados essenciais: a) desenvolver habilidades de liderança cria-
tiva que se estendam à organização inteira; b) saber reintegrar
conhecimentos dispersos; c) saber inspirar visão de futuro; d)
saber como criar comprometimento compartilhado.
No entanto, mesmo que as pessoas
estejam dispostas a se comprometer, é
preciso ter clareza sobre o que fazer para
que elas se tornem capazes de lidar com
a complexidade e a instabilidade dos
novos tempos.
A complexidade não pode ser com-
preendida e trabalhada por meio de
modos de pensar simplifi cadores. Não é
um conjunto de fenômenos que se possa
simplifi car além de um certo ponto – muito menos medir. Não
é possível enfrentar a diversidade e a instabilidade cada vez
maiores do mundo atual com modos de pensar simplistas,
imediatistas e locais como os hoje predominantes em nossas
sociedades. Portanto, é preciso mudar o modo de pensar, de-
senvolver novas formas de raciocínio que levem a níveis ade-
quados de adaptabilidade e integração às novas realidades.
Essa é uma das principais tarefas dos líderes criativos.
HUMBERTO MARIOTTI é professor, diretor dePesquisas da Business School São Paulo, fundador do
Núcleo de Estudos de Gestão da Complexidade
Novodesafio
Não se pode enfrentar a diversidade
com imediatismo
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C
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82 AméricaEconomia Outubro, 2010
linha direta
Foto
: Lui
s Aco
sta/
AFP
A fachada do Zócalo, na capital mexicana, transfor-
mou-se em templo asteca, em um tapete de palavras
e em um mural do artista plástico Diego Rivera. Ao
fi nal, letras enormes formaram a frase: “Viva México!”. Não
era uma alucinação coletiva, mas um espetáculo pirotéc-
nico-multimídia para celebrar o Bicentenário da Indepen-
dência do país. Como em outras nações latino-americanas
– Chile, Colômbia e Argentina –, o governo mexicano usou
seu edifício emblemático como matéria-prima para instalar
uma nova narrativa nacional para as massas.
O que teve de diferente da outra? Basicamente, o que
omitiram. O México vive a pior guerra interna do último
século. Na Argentina, ninguém sabe explicar como se che-
gou a somar 27 partidos no Congresso; o governo trava uma
guerra declarada contra os meios de comunicação e, há quase
dez anos do default, o país ainda não conseguiu virar o jogo
e conquistar o grau de investimento. Na Colômbia, ainda há
sequestrados e milhares de migrantes. No Chile, os indígenas
se manifestam por seus direitos, e a pobreza aumentou.
Mesmo assim, o La Moneda, sede do governo chileno,
cobriu-se de um vermelho duvidoso enquanto a voz de Pablo
Neruda evocava o poder sanativo do amor e Violeta Parra da-
va “Gracias a la Vida”. O presidente Sebastián Piñera quis dar
ao seu governo o selo inaugural de uma direita democrática
com visão de futuro, capaz de curar as feridas do passado.
Seu homólogo colombiano apostou na biodiversidade, no
tecno-vallenato (gênero musical autóctone) e nas crianças. Já
a cartada de Cristina Kirchner foi o peronismo duro: Perón
e Evita, os golpes militares dos anos 1960, as bravatas do
ditador Galtieri, as mães da Plaza de Mayo e o “Nunca Más”
de Alfonsín, projetados sobre a fachada do Cabildo, edifício
onde foi assinada a independência do país.
Há alguns anos, o jornalista Miguel Ángel Bastinier es-
creveu que temia que os bicentenários latino-americanos
fossem comemorados “com certeiras estridências antiespa-
nholas por todo o continente” (El País, 11/09/08). Nada disso
aconteceu, ao menos nos atos ofi ciais. Apenas alguma ban-
deirinha no capítulo “pais da pátria” – no caso chileno, uma
breve menção ao rei Bourbon Fernando 7º, mas nada que
pudesse ferir um leitor do jornal espanhol.
Ao contrário, os governos aproveitaram a ocasião para
renovar a aliança entre os cidadãos e seus símbolos: a ban-
deira e o hino nacional, mistura de raças na iconografi a e
o patriotismo cultural. As tecnologias digitais permitiram
potencializar esse imaginário ao máximo, voltadas a um
espectador nutrido por horas diárias de internet, TV a cabo e
publicidade: o meio é a mensagem. Os produtores mexicanos
optaram pelo plástico, e os colombianos, pela velocidade; os
argentinos, pelo histórico-midiático para recordar o horrível
passado, e os chilenos, pela poesia e pelo humor popular.
O único presidente que descartou a pirotecnia foi Hugo
Chávez. Contratar o Silicon Valley? Jamais! O presidente op-
tou por um tradicional desfi le militar, com tropas especiais e
arengas socialistas e anti-imperialistas. Depois do discurso,
os guerreiros bolivarianos trotaram com o rosto pintado e
com as metralhadores em riste.
Será preciso ver o que os outros governos latino-america-
nos farão com seus respectivos bicentenários. O do Paraguai
será no ano que vem; o do Peru, daqui a 11 anos. E, no Brasil,
embora a comemoração ofi cial seja em 2022, o evento mais
esperado pela população será a Copa do Mundo de Futebol
de 2014.
Repúblicase luzes
CARLOS TROMBEN, DE SANTIAGO
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