nº 1 bimestral outubro/novembro 2013 ediÇÃo eletrÓnica · out/nov 2013 envolvente empresarial -...

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Nº 1 – Bimestral – Outubro/Novembro 2013 EDIÇÃO ELETRÓNICA

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Nº 1 – Bimestral – Outubro/Novembro 2013 EDIÇÃO ELETRÓNICA

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Síntese de conjuntura elaborada com informação até 28-11-13

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Índice de Assuntos

SUMÁRIO .......................................................................................................... 12

1. TEMA EM DESTAQUE ............................................................................... 23

Orçamento de Estado para 2014: consolidação orçamental e riscos ......................... 23

2. ENVOLVENTE INTERNACIONAL ........................................................... 26

2.1 Enquadramento ............................................................................................. 26

2.2 Economias avançadas e em desenvolvimento: dimensão de mercado, evolução

recente e projeções ............................................................................................. 28

3. ENVOLVENTE NACIONAL ....................................................................... 32

3.1 Enquadramento e medidas de política económica ............................................. 32

3.1.1 Enquadramento .......................................................................................... 32

3.1.2 Medidas de política económica...................................................................... 34

3.1.2.1 Medidas diversas ...................................................................................... 34

3.1.2.2 Sistemas de incentivos / fundos comunitários ............................................. 36

3.1.2.3 Sistema fiscal ........................................................................................... 37

3.1.2.4 Privatizações ............................................................................................ 38

3.1.2.5 Política social e laboral .............................................................................. 38

3.2 Atividade económica global: evolução recente e perspetivas .............................. 39

3.2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade ......................... 39

3.2.2 Projeções macroeconómicas para Portugal .................................................... 42

3.3 Atividade industrial ......................................................................................... 44

3.4 Investimento ................................................................................................. 48

3.5 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas....................................... 50

3.5.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas ................................ 50

3.5.2 Insolvências de empresas ............................................................................ 53

3.6 Evolução recente das exportações de bens e de serviços ................................... 55

FICHA TÉCNICA

Propriedade

AEP - Associação

Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA

PALMEIRA

Diretor

José António Barros

Edição

AEP/ Gabinete de Informação Económica

Redação

AEP/ Gabinete de

Informação Económica

Maria de Lurdes Fonseca

Nuno Torres

Sede de Redação

AEP - Associação

Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA

PALMEIRA

NIPC 500971315

Publicidade

AEP – Associação

Empresarial

de Portugal

Telef.: 22 998 1500

Design Gráfico

Mariana Barros

Periodicidade

Bimestral

ISSN: 2183-198X

Registo no ICS: 117830 É autorizada a reprodução

dos trabalhos publicados,

desde que citada a fonte

e informada

a direção da revista.

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3.6.1 Intensidade exportadora (total, bens e serviços) ............................................ 55

3.6.2 Evolução das exportações de bens (comércio internacional) ............................ 56

3.6.3 Quotas de mercado das exportações de mercadorias ...................................... 59

3.6.4 Exportações de serviços: evolução e quota de mercado .................................. 60

3.7 Financiamento ............................................................................................... 61

3.8 Mercado de Trabalho ...................................................................................... 67

3.9 Custos das Matérias-primas ............................................................................. 70

3.10 Custos da Energia ........................................................................................ 73

3.10.1 Eletricidade ............................................................................................... 73

3.10.2 Gás natural ............................................................................................... 75

3.10.3 Combustíveis ............................................................................................. 76

3.11 Competitividade pelo preço e pelos custos laborais: câmbios, inflação e custos

laborais unitários ................................................................................................. 78

3.11.1 Competitividade pelo preço: câmbios e inflação ............................................ 78

3.11.2 Competitividade pelos custos laborais .......................................................... 83

3.12 Ajustamento da economia portuguesa ............................................................ 85

3.12.1 Equilíbrio externo ...................................................................................... 85

3.12.2 Contas públicas ......................................................................................... 91

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Índice de Quadros

Quadro 1.1: Principais indicadores orçamentais e económicos no OE 14 ................... 23

Quadro 1.2: Análise dos riscos ao cenário macroeconómico de base no OE 14 .......... 24

Quadro 2.2.1: Indicadores de dimensão e dinâmica de mercado para algumas

economias desenvolvidas e em desenvolvimento .................................................... 28

Quadro 2.2.2: PIB de algumas economias desenvolvidas e em desenvolvimento:

evolução recente e previsões do FMI (tvhr, %) ...................................................... 29

Quadro 3.1.1.1 Relatório Doing Business 2014 ....................................................... 32

Quadro 3.2.1.1: PIB e componentes (contas nacionais) ........................................... 40

Quadro 3.2.1.2: Indicadores mensais de atividade económica ................................. 41

Quadro 3.2.2.1: Previsões económicas para Portugal .............................................. 43

Quadro 3.3.1: Indicadores de atividade industrial corrente ...................................... 44

Quadro 3.3.2: Taxas de utilização da capacidade produtiva ..................................... 45

Quadro 3.3.3: Indicadores avançados de atividade industrial ................................... 45

Quadro 3.3.4: Dinâmicas recentes de produção na indústria transformadora ............ 47

Quadro 3.4.1: Investimento e componentes (contas nacionais) .............................. 49

Quadro 3.4.2: Investimento direto e outros indicadores avançados de investimento .. 49

Quadro 3.5.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas ................. 51

Quadro 3.5.2.1: Insolvências de empresas ............................................................. 54

Quadro 3.6.2.1: Exportações de mercadorias por tipo de produtos ........................... 57

Quadro 3.6.2.2: Exportações de mercadorias nos principais mercados ...................... 58

Quadro 3.6.2.3: Dinâmica recente das exportações de mercadorias ......................... 58

Quadro 3.6.3.1: Quotas de mercado das exportações de mercadorias (%) ............... 59

Quadro 3.6.4.1: Exportações de serviços ............................................................... 61

Quadro 3.7.1: Taxas de juro e stock de crédito ...................................................... 62

Quadro 3.8.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE............................................ 68

Quadro 3.8.2: Dados mensais do IEFP sobre o mercado de trabalho ........................ 69

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Quadro 3.9.1: Índices e cotações das matérias-primas ............................................ 70

Quadro 3.10.1.1: Preços da eletricidade (sem IVA) em Portugal e na UE (€/KWh) ..... 73

Quadro 3.10.2.1: Preços do gás natural (sem IVA) em Portugal e na UE (€/GJ) ........ 75

Quadro 3.10.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro) ............. 77

Quadro 3.11.1.1: Indicadores de competitividade-preço (2005=100) ....................... 78

Quadro 3.11.2.1: Indicadores de competitividade-custo (2005=100) ........................ 83

Quadro 3.12.1.1: Balanças corrente e de capital (dados do Banco de Portugal) ......... 85

Quadro 3.12.1.2: Evolução dos termos de troca ..................................................... 87

Quadro 3.12.1.3: Balança de mercadorias e componentes (dados do INE em M€) ..... 87

Quadro 3.12.1.4: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do

PIB) .................................................................................................................... 90

Quadro 3.12.2.1 Rácios de dívida bruta no setor público não financeiro (% do PIB) .. 91

Quadro 3.12.2.2: Dívida direta do Estado e empréstimos do PAEF ........................... 91

Quadro 3.12.2.3: Dívida não financeira e pagamentos em atraso do setor público (em

M€) .................................................................................................................... 92

Quadro 3.12.2.4: Saldo das Administrações Públicas (contabilidade nacional) ........... 93

Quadro 3.12.2.5: Execução orçamental (contabilidade pública) ................................ 95

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Índice de Figuras

Figura 2.2.1: Previsões do FMI para o PIB mundial, das economias desenvolvidas e em

desenvolvimento (taxa de variação anual real, tvar, %) .......................................... 30

Figura 3.2.1.1: PIB e Indicador Coincidente do Banco de Portugal (tvhr, %) ............. 40

Figura 3.2.1.2: Indicador de Clima Económico (mm3) e Indicador de Confiança, IC

(saldo de respostas extremas, sre, mm3)............................................................... 41

Figura 3.2.1.3: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, zona euro e UE ..... 42

Figura 3.3.1: Produção industrial (tvh, %) e volume de negócios (tvhn, %), total e no

mercado externo ................................................................................................. 45

Figura 3.3.2: Novas encomendas na indústria: total, mercados nacional e externo (tvh,

mm3) ................................................................................................................. 46

Figura 3.3.3: Principais obstáculos à produção na IT (% das respostas em que foram

indicados obstáculos) ........................................................................................... 48

Figura 3.4.1: FBCF (tvhr, %) e Indicador mensal de FBCF (tvhr, mm3, %) ............... 50

Figura 3.5.1.1: Constituições e dissoluções de empresas: estrutura por setor de

atividade (Jan-Set 2013,%) .................................................................................. 51

Figura 3.5.1.2: Criação líquida de empresas por setor (2012 e Jan-Set 2013) ............ 52

Figura 3.5.1.3 Constituições e dissoluções de empresas: distribuição por regiões NUTS

II (Jan-Set 2013, %) ............................................................................................ 53

Figura 3.5.1.4 Criação líquida de empresas, regiões NUTS II (2012 e Jan-Set 2013) .. 53

Figura 3.5.2.1 Insolvências de empresas: distribuição por distrito (2012 e Jan-Set

2013, %) ............................................................................................................ 54

Figura 3.5.2.2: Insolvências de empresas: estrutura por setor (2012 e Jan-Set 2013,

%) ..................................................................................................................... 55

Figura 3.6.1.1: Intensidade exportadora: total, bens e serviços ............................... 56

Figura 3.6.3.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura

externa relevante e dos ganhos de quota de mercado ............................................ 59

Figura 3.6.3.2: Quotas de mercado das exportações portuguesas de bens no mundo e

nos 20 principais mercados: 2012 e acumulado em 2013 (%) ................................. 60

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Figura 3.7.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %) ............. 61

Figura 3.7.2: Yields soberanas a 10 anos em alguns países da zona euro (%) ........... 63

Figura 3.7.3: Taxas de juro sobre novas operações denominadas em euros (até 1 M€ e

excluindo descobertos bancários) concedidas às sociedades não financeiras por

instituições financeiras monetárias (médias ponderadas, %) ................................... 64

Figura 3.7.4: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não

financeiras (M€ e tvh em %) ................................................................................ 64

Figura 3.7.5: Crédito interno do setor financeiro monetário por setor institucional (M€)

.......................................................................................................................... 65

Figura 3.7.6: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de

atividade (saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€) ................................... 65

Figura 3.7.7: Empréstimos bancários por subsetor da indústria transformadora (saldos

em final de mês, não incluindo títulos; M€) ............................................................ 66

Figura 3.7.8: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não

financeiras: total (inclui SGPS), grandes empresas, PME e exportadoras (tvh, %) ...... 67

Figura 3.8.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração (%, sem correção

de sazonalidade).................................................................................................. 68

Figura 3.8.2: Taxas de desemprego mensais de Portugal, da zona euro e dos EUA (%,

com correção de sazonalidade) ............................................................................. 69

Figura 3.9.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais:

metais, matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais)................ 70

Figura 3.9.2: Cotação média do algodão (cêntimos de dólar por libra de peso) ......... 71

Figura 3.9.3: Cotações médias do minério de ferro e do cobre (dólares por tonelada) 71

Figura 3.9.4: Preço médio spot do petróleo (dólares por barril de brent) .................. 72

Figura 3.10.1.1: Preço por grosso da eletricidade nos mercados regionais de

eletricidade na Europa (euros por Kilowatt/hora, excluindo IVA; MIBEL representado

por Espanha) ....................................................................................................... 74

Figura 3.10.2.1: Comparação dos preços por grosso do gás natural na UE (segundo

semestre de 2012; áreas mais claras representam preços mais baixos) .................... 76

Figura 3.11.1.1: ITCRE (IHPC) na UE, 2012 e junho de 2013 (2005=100) ................ 79

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Figura 3.11.1.2: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de

diferencial de preços face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em

p.p.) ................................................................................................................... 80

Figura 3.11.1.3: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC),

e diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.) .............................................. 80

Figura 3.11.1.4: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %) ... 81

Figura 3.11.1.5: Tvh do ITCN e do ITCN5, incluindo as 5 moedas dos maiores

mercados extra-UE: kwanza angolano, libra inglesa, dólar norte-americano, yuan

chinês e real brasileiro ......................................................................................... 82

Figura 3.11.1.6: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal; Jan 1999 a Out 2013) ... 83

Figura 3.11.2.1: ITCRE (CLU) na UE, 2012 e no segundo trimestre de 2013

(2005=100) ........................................................................................................ 84

Figura 3.11.2.2: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de

diferencial de CLU face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em

p.p.) ................................................................................................................... 84

Figura 3.12.1.1: Balança corrente e de capital (% do PIB) de Portugal e da zona euro

.......................................................................................................................... 86

Figura 3.12.1.2: Capacidade (+) / necessidade (-) de financiamento por setor

institucional (% do PIB) ....................................................................................... 88

Figura 3.12.1.3: Posição de investimento Internacional (PII) de Portugal e da UE, e

dívida externa líquida de Portugal em final de período (% do PIB) ........................... 89

Figura 3.12.2.1: Défice e dívida pública em Portugal e na zona euro (% do PIB) ....... 94

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Principais Siglas e Abreviaturas

BCE – Banco Central Europeu

BdP – Banco de Portugal

BLS – Bureau of Labour Services (Departamento do Trabalho dos EUA)

BM – Banco Mundial

CE – Comissão Europeia

CLU – Custos laborais unitários

DGEG – Direção-geral de Energia e Geologia

DGO – Direção-geral do Orçamento

Ecofin – Conselho Europeu dos Ministros das Finanças e da Economia dos Estados-membros da União

Europeia

EUA – Estados Unidos da América

FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo

FEEF – Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (mecanismo inicial de ajuda europeia, posteriormente

substituído pelo MEEF).

FMI – Fundo Monetário Internacional

GJ - GigaJoule

IC – Indicador de Confiança

IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional

IHPC – Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPC – Índice de Preços no Consumidor

IRC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas

IRS – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

ISP – Imposto sobre Produtos Petrolíferos

IT – Indústria transformadora

ITCNE – Índice de Taxa de Câmbio Nominal Efetiva

ITCRE – Índice de Taxa de Câmbio Real Efetiva

IVA – Imposto sobre Valor Acrescentado

KWh – Kilowatt por hora

M€ - Milhão de euros

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MEEF – Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira

MIBEL – Mercado Ibérico de Eletricidade

Mm3 – média móvel de três meses

Mm2T – média móvel de dois trimestres

MWh – Megawatt por hora

NUTS - Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OE – Orçamento de Estado

OR – Orçamento Retificativo

OT – Obrigação do Tesouro

PAEF – Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal

PIB – Produto Interno Bruto

PIB pc – PIB per capita

PII – Posição de Investimento Internacional

PME – Pequenas e Médias Empresas

P.p. – pontos percentuais

Refi – Taxa principal de refinanciamento do BCE

SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais

Sre – saldo de respostas extremas

Tva – taxa de variação anual

Tvar – taxa de variação anual real

Tvc – taxa de variação em cadeia

Tvcr – taxa de variação em cadeia real

Tvh – taxa de variação homóloga

Tvha – taxa de variação homóloga acumulada no ano

Tvhn – taxa de variação homóloga nominal

Tvhr – taxa de variação homóloga real

UE – União Europeia

UTAO – Unidade Técnica de Apoio Orçamental à Assembleia da República

Vcs – valores corrigidos de sazonalidade

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SUMÁRIO

ENVOLVENTE INTERNACIONAL

As novas projeções económicas do FMI para a economia mundial (World Economic

Outlook de outubro) mostram uma revisão em baixa do crescimento mundial em 2013 e

2014 (para 2.9% e 3.6%), motivada pela descida dos valores das economias em

desenvolvimento (4.5% em 2013 e 5.1% em 2014), associada a razões cíclicas e condições

de financiamento global mais restritivas. Os valores de crescimento das economias

avançadas foram mantidos em 1.2% no ano de 2013 e 2% em 2014, incluindo uma ligeira

melhoria das perspetivas da zona euro em 2013 e uma revisão em baixa no caso dos EUA.

Refletindo as projeções de crescimento económico, destaca-se o maior dinamismo das

importações mundiais de mercadorias em 2014, decorrendo sobretudo da aceleração nas

economias avançadas (variação real de 4.1%), designadamente nos EUA e na zona euro, com

realce para mercados tradicionais como a Alemanha, a França e a Espanha. Nos mercados em

desenvolvimento, espera-se um aumento das importações de mercadorias de 6% em 2014,

pouco acima da esperada em 2013 (5.3%), salientando-se a aceleração das importações de

Angola, da Rússia e da Índia, bem como a perda de dinamismo no Brasil, Moçambique e China.

Em novembro, a Comissão Europeia manteve a projeção de uma queda real de 0.4% do PIB

da zona euro em 2013 e passou a apontar para uma recuperação de 1.1% em 2014,

ligeiramente abaixo da anterior estimativa (1.2%) e quase em linha com a previsão do FMI.

Quanto ao andamento mais recente do PIB, os dados do terceiro trimestre dão conta de

variações homólogas reais de 1.6% nos EUA e de -0.4% na zona euro, mas já com um

crescimento de 0.1% na UE. Na China, o crescimento homólogo do PIB aumentou para 7.8%.

Nos EUA, destaca-se a nomeação da Janet Yellen para suceder a Ben Bernanke na

Presidência da Reserva Federal norte-americana a partir de 2014. Janet Yellen já sinalizou

que irá manter os estímulos de política monetária o máximo de tempo possível, levando os

índices acionistas dos EUA a máximos históricos.

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Na China, decorreu em novembro uma reunião do plenário do Comité Central do Partido

Comunista no poder, que foi descrita como “crucial” dado o esgotamento do modelo de

crescimento assente nas exportações. Da reunião, saiu uma resolução indicando que “a China

aprofundará as suas reformas económicas para assegurar que o mercado desempenhará um

papel decisivo na distribuição de recursos”, mas "permanecerá fiel ao papel dominante do

sector público, assumindo a liderança da economia estatal, enquanto encorajará, apoiará e

orientará o sector não público", por exemplo ao "aliviar as restrições ao investimento" e

"acelerar a construção de zonas de comércio livre".

Na Europa, o Ecofin aprovou, no dia 15 de outubro, os regulamentos necessários à criação do

mecanismo único de supervisão bancária, que será delegado no BCE no prazo de 12

meses, em cooperação com os bancos centrais nacionais. Até ao início da supervisão, o BCE

levará a cabo testes de stresse exigentes aos bancos europeus que ficarão na sua alçada.

No início de novembro, o BCE reduziu inesperadamente a sua principal taxa de juro de

referência (para um mínimo histórico de 0.25%), em reação à divulgação de uma descida

acentuada da taxa de inflação da zona euro, procurando assim reforçar o apoio à retoma

económica e contrariar os riscos de deflação, em particular nos países da periferia.

Na Alemanha, após várias semanas de negociação, foi obtido um acordo de coligação

governamental entre as duas principais forças políticas no final de novembro. Os

conservadores, liderados pela Chanceler Angela Merkel, conseguiram evitar aumentos de

impostos, bem como prosseguir a gestão da crise do euro e implementar o novo modelo

europeu de governação nos moldes atuais, protegendo ao máximo os contribuintes alemães de

novas ajudas. Merkel cedeu na exigência dos sociais-democratas do SPD de implementação de

um salário mínimo a nível nacional e de aumento do investimento público, o que também

atende aos alertas da Comissão Europeia e dos EUA face ao elevado excedente externo da

Alemanha (em 2013, o saldo da balança corrente deverá atingir 7% do PIB), pois estimulam a

procura interna alemã, contribuindo para o crescimento económico do país e da UE.

Merece, ainda, relevo o acordo assinado, no final de novembro, entre as seis maiores

potências mundiais e o Irão, que se comprometeu a usar a energia nuclear com fins pacíficos

em troca de inspeções apertadas e um alívio do embargo económico em caso de cumprimento.

O anúncio do acordo, que reduz as tensões entre o ocidente e o mundo árabe, levou a uma

descida dos preços do petróleo e a novos máximos nos índices acionistas.

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ENVOLVENTE NACIONAL

No Orçamento de Estado para 2014, tema em destaque neste primeiro número da

Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura, o Governo assume como objetivo principal a

saída do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) em junho de 2014,

comprometendo-se com uma consolidação orçamental que passa a assentar num

contributo predominante da despesa (86% do total do ajustamento), com vista a alcançar

um défice de 4% do PIB no próximo ano e o primeiro saldo orçamental primário positivo em

muitos anos.

O relatório Doing Business 2014 do Banco Mundial, que classifica os países de acordo com

a facilidade em realizar negócios, coloca Portugal na 31ª posição entre 189 países, tendo

descido duas posições face a 2013. Portugal continua pior colocado, de forma destacada, na

“obtenção de crédito” (109ª posição) e no “pagamento de impostos” (81ª posição).

Em novembro, foi divulgado o estudo de 2013 sobre atrasos de pagamento na Europa

da Intrum Justitia, dando conta que Portugal se encontra entre os países que mais tempo

demoram a pagar as dívidas. O Estado português demora mais 72 dias a pagar as suas dívidas

do que a média europeia, contribuindo para os atrasos de pagamento no resto da economia.

Também em novembro, o FMI e a Comissão Europeia divulgaram a atualização do memorando

de entendimento e as conclusões das oitava e nona avaliações regulares do PAEF, que

foram concluídas com sucesso em outubro. A meta do défice público em 2013 foi mantida em

5.5% do PIB e a de 2014 em 4%.

Atividade económica global: evolução recente e perspetivas

O terceiro trimestre marca a saída da recessão técnica, com o PIB a registar o segundo

crescimento real em cadeia consecutivo, embora mais baixo (0.2%, após 1.1% no segundo

trimestre, interrompendo uma sequência de dez descidas). A retoma do crescimento em cadeia

foi acompanha da redução da quebra homóloga do PIB para metade (de -1% para -2%).

Por componentes do PIB, a procura interna foi menos negativa e o contributo da procura

externa líquida diminuiu ligeiramente.

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

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Nos dados de conjuntura, os indicadores coincidentes (indicador coincidente de atividade e

de consumo do Banco de Portugal) com informação já referente ao início do quarto trimestre

tiveram uma evolução favorável.

Quanto a indicadores avançados, a informação disponível aponta para a continuação da

melhoria de andamento da atividade no final de 2013 e início de 2014, com destaque para o

deagravamento do indicador de clima económico do INE em novembro, pelo décimo

primeiro mês consecutivo, e dos indicadores de confiança associados.

Nas previsões para a economia portuguesa divulgadas no dia 19 de novembro pela OCDE

espera-se uma variação real do PIB de -1.7% em 2013, valor semelhante à projeção da troika

na oitava e nona avaliações regulares do programa de ajustamento (incorporada na

Proposta de Orçamento de Estado de 2014). Para 2014 e 2015, a OCDE prevê que o

PIB recupere 0.4% e 1.1%, respetivamente, valores mais baixos do que os da troika e

Governo, refletindo o menor otimismo quanto à evolução da procura interna.

Atividade industrial

Destaca-se a retoma do crescimento homólogo da produção industrial em setembro,

atenuando o abrandamento no terceiro trimestre e permitindo uma queda já pouco significativa

em média anual. Por setores, foram várias as indústrias com variação homóloga negativa até

setembro, mas a dinâmica predominante foi de desagravamento das perdas face a 2012.

A perceção dos empresários da indústria transformadora (IT) sobre a situação atual da

procura externa continuou a melhorar em novembro, à semelhança da avaliação da procura

interna. A avaliação da procura global incorpora o indicador de confiança da IT, que voltou

a subir em novembro. A outra componente que tem causado a subida do indicador de confiança

da IT é a avaliação da previsão de produção a três meses.

Dos principais obstáculos à produção na IT, reportados no Inquérito de Conjuntura às

Empresas e Famílias do INE, a insuficiência de procura surge em primeiro lugar.

Investimento

A recuperação das novas encomendas de bens de investimento no mercado nacional

no terceiro trimestre e a melhoria do indicador de confiança na construção em outubro e

novembro sugerem uma melhoria do investimento no final de 2013 e início de 2014.

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Constituições, dissoluções e insolvências de empresas

No período de janeiro a setembro de 2013 foram criadas mais do dobro das empresas

dissolvidas, um sinal revelador do dinamismo na criação de empresas e do empreendedorismo

português. Refletindo a dinâmica das constituições e dissoluções, criaram-se 13685

empresas em termos líquidos, o que representa um crescimento homólogo de 58.4%.

Depois de um aumento de 27.7% em 2012 (para 7763), o número de ações de insolvência

de empresas abrandou para um ritmo de crescimento homólogo de 18.4% nos nove primeiros

meses de 2013 (totalizando 6595).

Evolução recente das exportações de bens e de serviços

A intensidade exportadora aumentou para 41.1% no segundo trimestre (após 39.8% no

primeiro trimestre e 38.7% em 2012), refletindo sobretudo a melhoria na componente de bens,

que atingiu um valor de 30.6% do PIB.

Nas exportações portuguesas de bens, por grupos de produtos, é de salientar a elevada

influência das exportações de combustíveis. Por mercados de destino, registou-se um

abrandamento do mercado extracomunitário parcialmente compensado por um maior

dinamismo das exportações para a UE.

Nos que se refere às quotas de mercado das exportações nacionais de mercadorias, os

resultados apurados apontam para um valor de 0.34% no primeiro semestre de 2013 ao nível

do mercado mundial, o que representa uma subida face ao valor observado no ano de 2012

(0.31%), traduzindo melhorias tanto no mercado comunitário (de 0.70% em 2012 para 0.75%

no primeiro semestre deste ano), como no mercado extracomunitário (de 0.13% para 0.15%).

É de realçar que o aumento das quotas é particularmente importante por ocorrer num contexto

de queda da procura externa relevante. Confrontando a evolução homóloga das

exportações de mercadorias e da procura externa relevante, o ganho de quota de mercado terá

atingido 9.5% em termos homólogos no segundo trimestre de 2013. Entre os 20 principais

mercados de exportação, a quota de mercado mais elevada de Portugal nos valores

acumulados em 2013 foi registada no mercado angolano (16.30%), seguindo-se, a grande

distância, os mercados espanhol (4.44%), marroquino (2.38%), argelino (1.34%) e francês

(1.08%), em todos os casos em alta face a 2012. Apenas em quatro casos se verificaram

descidas de quota face a 2012, designadamente nos mercados da Venezuela (para 0.41%), da

República Checa (0.26%), da Dinamarca (0.42%) e da China (0.046%).

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Nas exportações de serviços tem-se destacado o contributo do setor do turismo.

Em 2012, a quota das exportações de serviços nacionais no mercado mundial situou-se em

0.57%, segundo a informação disponível da OMC.

Financiamento

Em novembro, a descida das taxas diretoras do BCE (para um mínimo histórico de 0.25%, no

caso da taxa principal de refinanciamento) levou a uma queda das taxas Euribor diárias,

situando-se, no dia 28, em 0.233% no prazo de 3 meses, 0.329% nos 6 m e 0.500% nos 12 m.

A yield soberana de Portugal a 10 anos subiu para 7.06% na média de setembro (perto

dos níveis do pedido de ajuda internacional e 5.17 p.p. acima do valor na Alemanha), na

sequência da crise política de junho e dos anúncios de inconstitucionalidade da lei da

requalificação da função pública e de algumas normas do código de trabalho.

No início de novembro, a agência de rating Moody’s melhorou a perspetiva da dívida soberana

nacional de “negativa” para “estável” (significando que não prevê alterar a notação

proximamente), o que fez recuar a yield a 10 anos abaixo dos 6%. A aprovação do Orçamento

de Estado de 2014 e a menor pressão dos mercados sobre os juros soberanos de outros países

também contribuíram para a descida da yield nacional, que se situou em 5.93% no dia 28.

A queda recente das taxas Euribor e das yields nacionais é favorável à continuação da descida

da taxa de juro média dos empréstimos às sociedades não financeiras que, em

setembro, recuou para 6.25% na média dos vários prazos para as novas operações até 1 M€,

ainda o terceiro valor mais elevado da zona euro (3.74%), apenas abaixo dos valores de 6.63%

na Grécia e 6.46% no Chipre e a uma grande distância dos outros países da área, sobretudo do

Luxemburgo (2.06%), da França (2.81%) e da Alemanha (3.01%).

No final de setembro, a queda homóloga do stock de crédito concedido às sociedades não

financeiras nacionais acentuou-se ligeiramente para 7.7% (117293 M€), mas ainda dentro

de uma tendência recente de desagravamento (face a -9% em dezembro de 2012).

Contudo, a queda do crédito concedido às sociedades não financeiras é ainda superior à

descida média do crédito interno total (4%), influenciada pelo crescimento nas

administrações públicas (0.9%), ainda que em abrandamento desde dezembro de 2012. Entre

dezembro de 2012 e setembro de 2013, o crédito interno diminuiu 6423 M€, com variações de -

5964 M€ nas sociedades não financeiras, -4519 M€ nos particulares, +1157 M€ nas

sociedades financeiras e +2903 M€ nas administrações públicas, que continuam a

constituir a principal exceção na redução da concessão de crédito.

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Ainda dentro das sociedades não financeiras, e neste caso já com informação dos

empréstimos no final de outubro, destaca-se a variação homóloga positiva de 3.2% no crédito

às empresas exportadoras, ainda que em abrandamento. A queda dos empréstimos às PME

continuou a ser muito acentuada, apesar de algum desagravamento, e o crédito às grandes

empresas registou uma quebra de 3.3%, certamente refletindo a recuperação gradual do

acesso a outras fontes de financiamento, como o mercado de capitais.

Mercado de Trabalho

A taxa de desemprego mensal de Portugal estimada pelo Eurostat (corrigida de

sazonalidade) recuou em outubro pelo oitavo mês consecutivo, para 15.7% (um mínimo desde

maio de 2012), ainda o quarto valor mais elevado da zona euro (a seguir à Espanha, Chipre e

Grécia), cuja média se situou em 12.1%. A taxa de desemprego jovem subiu para 36.5%

(24.4% na zona euro), mas ainda dentro de uma tendência de descida desde o início do ano.

Custos das Matérias-primas

Após cinco meses de subida, o índice global de matérias-primas do FMI corrigiu em baixa

no mês de outubro (variação mensal de -1.4%, correspondendo a uma variação homóloga de -

0.6%), refletindo uma descida na componente de energia (variação mensal de -2.5%), que

contrariou os ganhos das rubricas de matérias-primas agrícolas (2.3%), metais (0.6%) e

comestíveis (0.3%). O alívio das tensões no médio Oriente e o aumento das reservas

petrolíferas dos EUA contribuíram para a queda dos preços da energia.

Custos da Energia

Em valor absoluto, os preços nacionais da eletricidade na indústria no primeiro semestre

de 2013 foram superiores à maioria dos países da UE, oscilando entre as posições 10ª e 13ª

nos vários escalões considerando os preços sem IVA, e entre as posições 7ª e 12ª comparando

os preços com IVA. Os escalões de menor consumo, onde se situam geralmente as PME, são

aqueles onde os preços da eletricidade tendem a ser relativamente mais elevados face aos

restantes países europeus, penalizando a competitividade dessas empresas.

O último relatório da Comissão Europeia sobre os mercados europeus de eletricidade,

relativo ao segundo trimestre, mostra que os preços do MIBEL comparam favoravelmente com

os outros mercados regionais de eletricidade, sugerindo que as disparidades de preços da

eletricidade para a indústria em Portugal face à maioria dos outros países europeus são geradas

no mercado a retalho, em função da legislação e das práticas comerciais vigentes.

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Os preços do gás natural para a indústria em Portugal (sem IVA) aumentaram mais do

que a média da UE (28) no primeiro semestre de 2013, em termos homólogos, especialmente

nos dois primeiros escalões de consumo (15% até 1000 GigaJoules, GJ, e 10.7% de 1000 a

10000 GJ, face a variações de 3.4% e 5.2% na média da UE, respetivamente).

Em termos de valor absoluto, os preços do gás natural suportados pela indústria em Portugal

são dos mais elevados da Europa, sobretudo nos dois primeiros escalões de consumo e no

quinto, que registaram as 3ª, 9ª e 6ª posições entre os países da UE com dados disponíveis no

primeiro semestre de 2013 (posições 3ª, 5ª e 6ª considerando os valores com IVA), traduzindo-

se em diferenciais significativos face às médias europeias (quase 4 euros por GJ no 1º escalão).

Nos 3º e 4º escalões de consumo, os preços situaram-se mais próximos das médias europeias,

mas foram também superiores à maioria dos países com informação disponível.

Merece ainda referência o mais recente relatório da Comissão Europeia sobre os

mercados europeus do gás natural, relativo ao segundo trimestre, onde se mostra que os

preços por grosso do gás natural em Portugal são relativamente baixos no contexto europeu,

donde se conclui que os elevados preços do gás natural suportados pela indústria nacional (em

particular as PME, com menores consumos) têm origem no mercado a retalho nacional.

Nos combustíveis, o preço sem impostos do gasóleo rodoviário foi o 10º mais elevado

da UE (28) em outubro de 2013, traduzindo-se num valor acima da média europeia (0.745 e

0.720 euros por litro, respetivamente). Contudo, o preço de venda ao público (com

impostos) situou-se abaixo da média europeia (1.369 e 1.437 euros/litro, respetivamente),

devido a um peso superior da tributação na UE (50% do preço final, face a 46% no caso

português), ocupando a 16ª posição entre os países da UE (28) com preços mais elevados,

sensivelmente a meio da tabela. Ressalva-se que, na comparação com Espanha, se regista um

preço sem impostos mais baixo. Porém, o preço de venda final do gasóleo no nosso País é

superior ao verificado em Espanha devido a uma carga fiscal mais elevada em Portugal.

Competitividade pelo preço e pelos custos laborais

Portugal é o nono país europeu que mais melhorou a competitividade-preço entre 2005 e

2012 (tendo em conta o índice de taxa de câmbio real efetiva, ITCRE). A manutenção de um

comportamento positivo da competitividade pelos preços na primeira metade de 2013, num

contexto de apreciação do euro, é explicado pelo diferencial de inflação negativo face ao

exterior, em particular face à UE (-1.6 p.p. no primeiro trimestre e de -0.8 p.p. no segundo).

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Os dados mais recentes mostram que a taxa de inflação homóloga em Portugal, medida em

termos harmonizados, se reduziu para 0.4% no terceiro trimestre e para um valor nulo em

outubro (o IPC nacional registou mesmo uma variação negativa nesse mês, de -0.2%),

implicando diferenciais de -1.1 p.p. e -0.9 p.p. face à UE (que registou taxas de inflação 1.5% e

0.9%, respetivamente, valores quase idênticos aos dos EUA).

Os valores negativos do diferencial de inflação face à UE no terceiro trimestre e em outubro

melhoram a posição competitiva do país, mas podem não chegar para contrariar o

comportamento desfavorável da componente cambial nesse período. De facto, ponderando

as variações das moedas dos cinco principais mercados extracomunitários (Angola, Reino

Unido, EUA, China e Brasil: 67% do mercado extracomunitário) pelos respetivos pesos nas

exportações de bens, obtém-se uma aproximação ao índice de taxa de câmbio nominal efetiva

(ITCNE) que aponta para uma apreciação homóloga ainda mais forte no terceiro trimestre.

Em outubro, a taxa de câmbio média mensal do euro face ao dólar apreciou-se 5.1% em

termos homólogos e 2.2% em variação mensal (para 1.3635 dólares). Já em novembro, a taxa

de câmbio diária depreciou-se para 1.3592 dólares no dia 28, refletindo a descida das taxas de

juro diretoras do BCE.

A competitividade pelos custos laborais (avaliada pelo ITCRE calculado com o deflator de

custos laborais por unidade produzida) mostra que Portugal é o quinto país europeu que mais

melhorou neste indicador entre 2005 e 2012. O facto da posição competitiva de Portugal pelos

custos ser mais favorável do que a nona posição que ocupa no ITCRE com o deflator preços

significa que perde posições nos custos não laborais que determinam os preços (com destaque

para os custos da energia, em particular o gás natural).

Ajustamento da Economia Portuguesa

As contas externas continuam a melhorar em 2013, após um saldo da balança corrente e de

capital positivo em 2012, pela primeira vez em muitos anos.

O excedente da balança corrente e de capital aumentou para 4.6% do PIB no terceiro

trimestre, após valores de 2.8% e 1.4% nos dois trimestres anteriores (superando já os

excedentes da zona euro: 2.4% e 1.1% do PIB, respetivamente), e de 0.3% em 2012.

Para ao andamento favorável da balança corrente concorre a melhoria do saldo da balança de

bens e serviços em 2013, que traduz, em parte, uma melhoria dos termos de troca,

contrariando a estagnação desde 2006 (resultado de um aumento dos preços das exportações

em 10.4% e de uma subida dos preços das importações em 9.8%). No primeiro semestre, os

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termos de troca melhoraram 2.1% em termos homólogos, com origem na componente de bens

(melhoria de 2.4%, contrariando o recuo de 0.3% na componente de serviços), onde os preços

das importações recuaram mais do que os das exportações.

Em termos de posição externa líquida (o saldo entre os ativos e os passivos sobre o

exterior), regista-se uma melhoria para -118.1% do PIB no final de setembro (-119.9% no final

de junho, valor que compara com um saldo médio de -13.8% na UE), invertendo a trajetória de

agravamento que se vinha a verificar. Os passivos sobre o exterior reduziram-se pelo

segundo trimestre consecutivo, situando-se em 285.4% do PIB. A dívida externa líquida de

Portugal, que é calculada a partir da PII excluindo algumas componentes, também inverteu a

trajetória de agravamento, diminuindo para 104.2% do PIB no final de setembro.

A dívida bruta não consolidada do setor não financeiro diminuiu para 449.3% do PIB no

final de setembro (454.3% no final de junho), com recuos nos vários subsetores (para 165.6%

do PIB no setor público não financeiro, 186% nas empresas privadas e 97.7% nos particulares).

Nas contas públicas, o rácio da dívida pública na ótica de Maastricht diminuiu para

128.8% do PIB no final de setembro (131.4% no final de junho), invertendo a trajetória

ascendente, para o que contribuiu a recuperação em cadeia do PIB nominal.

No final de outubro, os empréstimos no âmbito do PAEF totalizavam 67298 M€, ou seja,

cerca de um terço da dívida direta do Estado. A taxa de juro média dos empréstimos

atingiu 3.2% até outubro (4% na parte do FMI, 3% na do MEEF e 2.4% na do FEEF),

traduzindo uma estabilização face a setembro e um aumento ligeiro em comparação com o final

de junho, altura em que se situou em 3.1%, valor ainda inferior à taxa de juro implícita da

dívida direta do Estado (3.5% no segundo trimestre), contribuindo para a sua redução.

No que se refere à dívida não financeira das Administrações Públicas, o seu valor

excluindo as Empresas Públicas Reclassificadas cifrou-se em 4477 M€ no final de outubro, dos

quais 1465 M€ (32.7%) estavam em dívida há mais de 90 dias, sendo considerados

pagamentos em atraso no âmbito da Lei de Compromissos e Pagamentos em Atraso.

O défice público na ótica da Contabilidade Nacional desceu para 4.2% do PIB no segundo

trimestre, após 10.2% no trimestre anterior (comparação influenciada por efeitos sazonais) e

7.7% no trimestre homólogo (comparação não influenciada por sazonalidade).

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O peso da receita no PIB aumentou para 42% (39.1% no trimestre anterior e 39.6% no

período homólogo), enquanto o peso da despesa recuou para 46.2% (49.3% e 47.3%).

O saldo primário, que exclui do saldo orçamental a despesa com juros, apresentou um valor

virtualmente nulo no segundo trimestre (17 M€, representando 0.0% do PIB), que compara

com um défice de 5.5% no trimestre anterior e de 3.5% no trimestre homólogo.

Na síntese de execução orçamental de janeiro a outubro (dados em Contabilidade

Pública) realça-se o aumento homólogo de 5.4% do défice do subsetor Estado (para 7717.6

M€), refletindo o crescimento mais forte da despesa (1.4%) do que da receita (0.5%).

O aumento da receita total resultou da subida de 8.4% da receita fiscal (contributo de 6.8

p.p.) e, em muito menor grau, da progressão de 3.8% nas contribuições sociais (contributo

quase nulo), mais do que compensando a quebra de 35.6% nas receitas não fiscais (contributo

de -6.4 p.p.), cuja evolução foi determinada por efeitos de base e fatores temporários. Na

receita fiscal, destaca-se a subida de 29.9% da cobrança de IRS, que deu o maior contributo

para o aumento da receita total (6.8 p.p.), seguindo-se o crescimento de 9.3% no IRC (1.0 p.p)

e de 0.4% no IVA (0.1 p.p.). O decréscimo de 2.3% na cobrança de ISP retirou 0.1 p.p. ao

crescimento da receita total do Estado.

No que se refere à despesa, as descidas de 37.3% da despesa de capital e de 1.8% nos

encargos com juros (contributos de -1.9 e -0.3 p.p. para a variação da despesa total) foram

insuficientes para contrariar o acréscimo de 4.6% da despesa corrente primária (3.6 p.p.), onde

se destacaram as subidas de 4.8% das transferências corrente (2.7 p.p.) e de 3.8% das

despesas com pessoal (0.7 p.p.), refletindo o pagamento em duodécimos de um subsídio e a

atualização dos encargos das entidades empregadoras com a CGA e a Segurança Social.

O défice do total das administrações públicas no critério do PAEF atingiu 6409.1

milhões de euros de janeiro a outubro, valor inferior ao limite estabelecido até setembro (7300

M€), e que foi cumprido com grande folga (o défice até setembro situou-se em 4299.9 M€).

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1. TEMA EM DESTAQUE

Orçamento de Estado para 2014: consolidação orçamental e riscos

Como inicialmente previsto, o Governo assume como objetivo principal a saída do

programa de assistência (PAEF) em junho de 2014. Para tal, no Orçamento de Estado

para 2014 (que teve aprovação global do Parlamento no dia 26 de novembro), compromete-se

com uma consolidação orçamental que passa a assentar num contributo

predominante da despesa, com vista a alcançar um défice de 4% do PIB no próximo ano e

o primeiro saldo orçamental primário positivo em muitos anos.

Quadro 1.1: Principais indicadores orçamentais e económicos no OE 14

Período 2012 2013 (P) 2014 (P)

Indicadores orçamentais (%PIB)

Saldo global -6.4 -5.9 -4.0

Saldo Primário -2.1 -1.6 0.3

Indicadores económicos no cenário base

PIB (variação real, %) -3.2 -1.8 0.8

Consumo privado -5.4 -2.5 0.1

Consumo público -4.7 -4.0 -2.8

Investimento (FBCF) -14.3 -8.5 1.2

Exportações de bens e serviços 3.2 5.8 5.0

Importações de bens e serviços -6.6 0.8 2.5

Contributos para a variação real do PIB (p.p.)

Procura interna (p.p. de variação do PIB) -6.9 -3.7 -0.3

Procura externa líquida (p.p.) 3.8 1.9 1.1

Taxa de desemprego (%) 15.7 17.4 17.7

Fonte: DGO (Ministério das Finanças), Relatório da Proposta de Orçamento de Estado para 2014. P= previsão; p.p. =

pontos percentuais.

Do total de medidas de consolidação orçamental, num montante de 2.3% do PIB (3901 M€), o

aumento líquido de receita corresponde a 0.3 pontos percentuais (p.p.) do PIB, traduzindo o

valor remanescente de cerca de 1.9 p.p. o esforço de redução de despesa, que

representa 86% do total do ajustamento, com destaque para as rubricas de pessoal (0.8

p.p.) e prestações sociais (0.5 p.p.).

O objetivo de consolidação orçamental enfrenta, porém, vários riscos. Na análise dos

riscos do cenário macroeconómico reconhece-se a possibilidade de uma contração acima

do esperado da procura interna que penaliza a retoma económica, traduzindo-se numa

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variação real negativa do PIB de 0.2% (aquém da projeção base de +0.8%), e num défice

orçamental de 4.3%.

Quadro 1.2: Análise dos riscos ao cenário macroeconómico de base no OE 14

Cenários PIB

(tvar, %) Taxa desemprego

(%) Défice

(% PIB)

Cenário Base 0.8 17.7 4.0

Cenário 1: Diminuição da tvar do PIB em 1 p.p. face ao

cenário base devido a queda da procura interna -0.2 18.0 4.3

Cenário 2: Aumento da taxa de desemprego em 1 p.p.

0.6 18.7 4.4

Cenário 3: Diminuição da variação da procura externa em 1 p.p.

0.6 17.7 4.0

Cenário 4: Aumento das taxas de juro de curto prazo em 1 p.p.

0.7 17.7 4.1

Cenário 5: Aumento do preço do petróleo em 20 dólares (1)

0.1 17.6 3.8

Fonte: DGO (Ministério das Finanças), Relatório da Proposta de Orçamento de Estado para 2014. Tvar= taxa de

variação anual real. (1) A ligeira melhoria nas contas públicas é explicada pelo efeito da inflação na variação nominal das

receitas e pelo efeito no PIB nominal.

Os efeitos sobre o PIB e as contas públicas serão mais desfavoráveis caso se

materializem cumulativamente outros riscos de menor amplitude identificados no

relatório, designadamente um aumento mais expressivo da taxa de desemprego e, a

nível externo, a possibilidade de um menor crescimento da procura externa e uma

subida do preço do petróleo e das taxas Euribor.

O relatório identifica ainda riscos orçamentais específicos que poderão implicar desvios

e exigir medidas de consolidação adicionais, designadamente no Setor Empresarial do

Estado (riscos de execução, de refinanciamento, de recapitalização, de execução de garantias e

ainda de reclassificação, i.e., inclusão no perímetro das Administrações Públicas), na gestão da

dívida pública (riscos de refinanciamento e taxa de juro) e na Administração Regional e Local.

Para além dos riscos de execução do orçamento no ano de 2014, não é certo que a

sustentabilidade da consolidação orçamental esteja assegurada, tendo em conta que a redução

proposta da despesa pública não resulta, pelo menos para já, de um verdadeiro processo de

reforma do Estado (o que exigiria repensar o papel do Estado). De facto, constata-se que as

medidas ditas “permanentes” de redução de despesa são, em grande parte, reversíveis, ainda

que se reconheçam as elevadas dificuldades de ajustamento da despesa em função dos

condicionalismos existentes.

De qualquer modo, é de louvar que o esforço de consolidação orçamental passe a incidir

sobretudo no lado da despesa, conforme estava previsto no memorando de entendimento

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inicial (com uma formulação de dois terços de redução de despesa e um terço de aumento de

receita). Se esse perfil de consolidação tivesse sido seguido desde início, poder-se-ia ter evitado

um aumento tão considerável da carga fiscal e os efeitos recessivos teriam sido potencialmente

menores, além de que o reequilíbrio das contas públicas estaria mais adiantado.

De resto, o próprio relatório orçamental justifica a opção de incidir o esforço de consolidação no

lado da despesa em face dos custos excessivos sobre a atividade económica de um novo

agravamento da carga fiscal que, em 2013, se situava acima da tendência europeia em 2.8%

do PIB, tendo em conta o PIB per capita dos vários países. Por outro lado, o peso da despesa

púbica no PIB (tendo em conta o PIB per capita dos vários países) situava-se também acima da

tendência europeia em 5.2% do PIB, dando assim um maior suporte à via escolhida.

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2. ENVOLVENTE INTERNACIONAL

2.1 Enquadramento

Nos meses de outubro e novembro destaca-se, ao nível das organizações internacionais, a

atualização das projeções económicas do FMI para a economia mundial (World

Economic Outlook de outubro), que são analisadas com detalhe na secção 2.2, sendo ainda

referidas as novas previsões da Comissão Europeia e da OCDE.

Nos EUA, merece referência o encerramento temporário de serviços públicos menos

essenciais no início de outubro, devido à falta de acordo no Congresso para a aprovação do

Orçamento Federal do ano fiscal de 2014 (iniciado em outubro), e o aumento do teto da dívida,

sem o qual já não seria possível fazer pagamentos no dia 17. Nesse dia, o Presidente Obama

promulgou um acordo de última hora do Congresso para o desbloqueamento de verbas até final

do ano, significando que a discussão foi apenas adiada.

O mês de outubro ficou ainda marcado pela nomeação da Janet Yellen para suceder a Ben

Bernanke na Presidência da Reserva Federal norte-americana a partir de 2014. Além do

facto de ser a primeira mulher a assumir a presidência do principal banco central a nível

mundial, realça-se a defesa que tem assumido das atuais medidas de política monetária não

convencional. A nomeação gerou a expectativa de um adiamento da retirada das medidas de

estímulo monetário nos mercados acionistas dos EUA.

Essa expectativa foi confirmada na reunião de política monetária de final de outubro (em

que a Reserva Federal deixou a sua política inalterada à espera de mais informação sobre a

evolução da atividade económica) e nas declarações da próxima Presidente da Reserva Federal

já em novembro. Janet Yellen sinalizou que irá manter os estímulos de política monetária o

máximo de tempo possível, levando os índices acionistas dos EUA a máximos históricos.

Na China, decorreu em novembro uma reunião do plenário do Comité Central do Partido

Comunista no poder (a terceira desde a mudança da liderança, há um ano), que foi descrita

como “crucial” dado o esgotamento do modelo de crescimento assente nas exportações. Da

reunião, saiu uma resolução indicando, nomeadamente, que “a China aprofundará as suas

reformas económicas para assegurar que o mercado desempenhará um papel decisivo na

distribuição de recursos”. Contudo, "a China permanecerá fiel ao papel dominante do sector

público, assumindo a liderança da economia estatal, enquanto encorajará, apoiará e orientará o

sector não público, ampliando a sua vitalidade e criatividade", por exemplo ao "aliviar as

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restrições ao investimento" e ao "acelerar a construção de zonas de comércio livre". A nível

social, salienta-se a abolição do sistema de “reeducação pelo trabalho” (através do qual as

pessoas podiam ser enviadas para campos de trabalho) e a flexibilização da “política de filho

único”, procurando melhorar a imagem da China em termos de direitos humanos.

Na Europa, o Ecofin aprovou, no dia 15 de outubro, os regulamentos necessários à criação do

mecanismo único de supervisão bancária (Regulamento n.º 1024/2013 do Conselho, de

15 de outubro e Regulamento n.º 1022/2013 do PE e do Conselho, de 22 de outubro), que será

delegado no BCE no prazo de 12 meses, em cooperação com os bancos centrais nacionais (o

Decreto-Lei n.º 142/2013, de 18 de outubro adapta a Lei Orgânica do Banco de Portugal). Até

ao início da supervisão, o BCE levará a cabo testes de stresse exigentes aos 124 bancos

europeus que ficarão na sua alçada (incluindo a CGD, o BCP, o BES e o BPI). O Presidente do

BCE, Mario Draghi, alertou os Estados que devem estar preparados para recapitalizar os bancos

que falhem os testes, se os investidores privados não o fizerem.

No início de novembro, o BCE reduziu inesperadamente as suas taxas de juro de referência

(para um mínimo histórico de 0.25%, no caso da taxa principal de refinanciamento, designada

abreviadamente por “Refi”), em reação à divulgação de uma descida acentuada da taxa de

inflação da zona euro, procurando assim reforçar o apoio à retoma económica e contrariar os

riscos de deflação, em particular nos países da periferia. Estão ainda em estudo medidas para

melhorar a transmissão da política monetária e aumentar a sua eficácia.

Na Alemanha, após várias semanas de negociação, foi obtido um acordo de coligação

governamental entre as duas principais forças políticas no final de novembro. Os conservadores

da CDU/CSU, liderados pela atual Chanceler Angela Merkel, conseguiram evitar aumentos de

impostos, bem como prosseguir a gestão da crise do euro e implementar o novo modelo

europeu de governação nos moldes atuais, protegendo ao máximo os contribuintes alemães de

novas ajudas. A ideia do SPD de um fundo comum de amortização de divida não aparece no

acordo, sendo referido explicitamente que a mutualização de dívida “deve ser evitada”. Foi

ainda acordado que, na União Bancária, deverão ser os Estados nacionais a recapitalizarem os

bancos que necessitem de fundos públicos (aumentando a sua dívida pública, como sucedeu na

recapitalização da banca espanhola, ao invés de repartir os custos por toda a zona euro). O

SPD concordou com a ideia dos “contratos de competitividade” que Merkel quer definir na

cimeira europeia de dezembro, e que poderão fornecer “empréstimos baratos” a países que

prossigam reformas (o que pode ajudar a Grécia ou Portugal, mas não chega para um país

grande como a França, se precisar de auxílio). Em contrapartida, Merkel cedeu na exigência dos

Taxa de juro

diretora do BCE

reduzida para novo

mínimo histórico

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sociais-democratas do SPD de implementação de um salário mínimo a nível nacional (só havia

mínimos negociados por setor) e aumento do investimento público. Ambas as medidas atendem

aos alertas da Comissão Europeia (possibilidade de um processo por desequilíbrio

macroeconómico excessivo) e dos EUA quanto ao elevado excedente externo da Alemanha (em

2013, o saldo da balança corrente deverá atingir 7% do PIB), pois estimulam a procura interna

alemã, contribuindo para o crescimento económico do país e do resto da Europa.

Merece ainda relevo o acordo assinado, no final de novembro, entre as seis maiores potências

mundiais e o Irão, que se comprometeu a usar a energia nuclear com fins pacíficos em troca

de inspeções apertadas e um alívio do embargo económico em caso de cumprimento. O

anúncio do acordo, que reduz as tensões entre o ocidente e o mundo árabe, levou a uma

descida dos preços do petróleo e a novos máximos nos índices acionistas.

2.2 Economias avançadas e em desenvolvimento: dimensão de

mercado, evolução recente e projeções

Quadro 2.2.1: Indicadores de dimensão e dinâmica de mercado para algumas economias desenvolvidas e em desenvolvimento

Indicador Pop. PIB

Inv/PIB Importações de bens

Unidade 106 Total, 106 €

(1)

pc , € % tvar, %

Período 2012

2012 2013(P) 2014(P)

Área

Mundo 7 046 55 976 334 7 944 24.5 2.1 2.6 4.8

Ec. Desenvolvidas 1 302 38 225 824 29 537 19.8 0.5 1.0 4.1

EUA 314 12 207 970 38 890 19.0 2.1 1.2 3.5

UE 509 12 946 396 25 433 18.1 n.d. n.d. n.d.

Zona euro 334 9 495 745 28 448 18.4 -1.8 0.4 3.9

Alemanha 82 2 646 006 32 312 17.3 0.6 2.6 7.0

França 66 2 033 685 30 956 19.8 -0.6 0.3 2.8

Itália 61 1 566 986 25 723 17.6 -8.3 -4.0 0.5

Espanha 46 1 050 242 22 724 19.8 -7.2 -0.7 2.4

Holanda 17 601 048 35 846 17.5 3.6 1.1 1.5

RU 63 1 895 372 29 977 14.7 3.0 0.6 2.3

Ec. em Desenv. 5 744 17 800 343 3 099 32.3 5.1 5.3 6.0

Angola 21 88 883 4 269 15.1 15.4 9.0 12.2

Moçambique 25 11 354 450 48.3 13.9 15.5 12.0

Brasil 199 1 753 319 8 826 17.6 -2.3 6.2 0.5

Rússia 144 1 568 163 10 925 24.9 8.8 3.4 6.5

Índia 1 237 1 433 466 1 159 35.6 1.9 3.8 5.0

China 1 351 6 505 575 4 816 48.9 5.1 7.6 6.8

Fontes: BM, World Development Indicators 2014 (PIB e Pop.); FMI, World Economic Outlook October 2013 (outros

indicadores); Pop.=população; Inv=Investimento; pc= per capita; (P)= Previsão; n.d.= não disponível.

Acordo de

coligação

governamental

introduz um salário

mínimo nacional e

aumenta

investimento

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O quadro acima evidencia alguns indicadores de dimensão e dinâmica relativamente a um

conjunto de mercados relevantes para Portugal (principais parceiros comerciais e economias

emergentes), com base nos recentes relatórios: World Development Report 2014 do Banco

Mundial (de setembro) e World Economic Outlook do FMI (de outubro).

Nas projeções do FMI, salienta-se o maior dinamismo das importações mundiais de

mercadorias em 2014, refletindo sobretudo a aceleração nas economias avançadas (para

uma variação real de 4.1%), designadamente nos EUA e na zona euro, onde se antecipa um

maior crescimento em mercados tradicionais como a Alemanha, a França e a Espanha.

Nos mercados em desenvolvimento, caracterizados por valores relativamente baixos do PIB

per capita, mas com taxas de investimento e de crescimento elevadas, o FMI espera um

aumento das importações de mercadorias de 6% em 2014, pouco acima da esperada em 2013

(5.3%). Realça-se a aceleração das importações de Angola, da Rússia e da Índia, bem como

a perda de dinamismo no Brasil e, em menor medida, em Moçambique e na China.

Quadro 2.2.2: PIB de algumas economias desenvolvidas e em desenvolvimento: evolução recente e previsões do FMI (tvhr, %)

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 2013(P) 2014(P)

Área

Mundo 3.2 2.9 3.6

Ec. Desenvolvidas 1.5 1.2 2.0

EUA 2.8 2.0 1.3 1.6 1.6 1.6 2.6

UE -0.3 -0.7 -0.8 -0.2 0.1 0.0 1.3

Zona euro -0.6 -1.0 -1.2 -0.6 -0.4 -0.4 1.0

Alemanha 0.9 0.3 -0.3 0.5 0.6 0.5 1.4

França 0.0 -0.3 -0.4 0.5 0.2 0.2 1.0

Itália -2.4 -3.0 -2.5 -2.2 -1.9 -1.8 0.7

Espanha -1.6 -2.1 -2.0 -1.6 -1.2 -1.3 0.2

Holanda -1.2 -1.5 -1.4 -1.7 -0.8 -1.3 0.3

RU 0.2 -0.2 0.2 1.3 1.5 1.4 1.9

Ec. em Desenvolvimento 4.9 4.5 5.1

Angola 5.2 n.d. n.d. n.d. 5.6 6.3

Moçambique 7.4 7.8 2.7 8.7 7.0 8.5

Brasil 0.9 1.4 1.9 3.3 2.5 2.5

Rússia 3.4 1.8 1.9 1.2 1.5 3.0

Índia 3.2 3.5 2.7 2.7 3.8 5.1

China 7.7 7.9 7.7 7.5 7.8 7.6 7.3

Fontes: FMI, World Economic Outlook October 2013; US Census Bureau (EUA); Eurostat (países da UE); Instituto

Nacional de Estatística de Moçambique; OCDE (restantes países). Tvhr = taxa de variação homóloga real.

Dinamismo das

importações

mundiais de

mercadorias em

2014

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As projeções do FMI dão ainda conta de uma revisão em baixa do crescimento mundial em

2013 e 2014 (para valores de 2.9% e 3.6%, respetivamente, face a 3.2% e 3.8% nas

previsões de julho), devido à descida dos valores das economias em desenvolvimento,

associada a razões cíclicas e condições de financiamento global mais restritivas.

Os valores de crescimento das economias avançadas foram mantidos em 1.2% no ano de

2013 e 2% em 2014, incluindo uma ligeira melhoria das perspetivas da zona euro em 2013

(queda de 0.4% em vez de 0.5%, sendo apontada uma recuperação de 1% em 2014) e uma

revisão em baixa no caso dos EUA (1.6% em 2013 e 2.6% em 2014, menos 0.1 e 0.2 p.p. que

nas projeções de julho). Dentro da zona euro, destaca-se o aumento do ritmo de crescimento

na Alemanha e na França, e a retoma do crescimento em Itália e Espanha.

Figura 2.2.1: Previsões do FMI para o PIB mundial, das economias desenvolvidas e em

desenvolvimento (taxa de variação anual real, tvar, %)

Entre as economias em desenvolvimento analisadas, espera-se que os países mais

dinâmicos em 2014, em termos de crescimento do PIB, sejam Moçambique, China e Angola.

As projeções para 2015, mais incertas, apontam para um aumento das taxas de crescimento

económico para 4% no mundo, 2.5% nas economias avançadas (incluindo 1.4% na zona euro

e 3.4% nos EUA) e 5.3% nas economias em desenvolvimento.

Em novembro, a Comissão Europeia manteve a projeção de uma queda de 0.4% do PIB da

zona euro em 2013 (em termos reais) e passou a apontar para uma recuperação de 1.1% em

2014, ligeiramente abaixo da anterior estimativa (1.2%) e quase em linha com as previsões do

3.2 2.9

3.6

1.5 1.2

2.0

4.9

4.5

5.1

0

1

2

3

4

5

6

2012 2013 (P) 2014 (P)

Mundo Economias desenvolvidas Economias em desenvolvimento

Fonte: FMI, World Economic Outlook October 2013

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FMI e da OCDE (1%, nos dois casos), que também atualizou as suas projeções nesse mês. No

que se refere a 2015, a Comissão espera um aumento do ritmo de crescimento para 1.7%.

Quanto ao andamento mais recente do PIB, os dados disponíveis do terceiro trimestre dão

conta de variações homólogas reais de 1.6% nos EUA e de -0.4% na zona euro, mas já com

um crescimento de 0.1% na UE (com os valores de 0.6% na Alemanha, 0.2% na França e

1.5% no Reino Unido, a compensarem as quedas de -1.9% em Itália e -1.2% em Espanha). As

estimativas para a zona euro e a UE situaram-se abaixo das projeções homólogas trimestrais da

Comissão Europeia (-0.2% e 0.2%, respetivamente). Na China, o crescimento homólogo do

PIB foi de 7.8% (dados da OCDE).

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3. ENVOLVENTE NACIONAL

3.1 Enquadramento e medidas de política económica

3.1.1 Enquadramento

No final de outubro, foi divulgado o relatório Doing Business 2014 do Banco Mundial, que

classifica os países de acordo com a facilidade em realizar negócios. Portugal ficou colocado na

31ª posição entre 189 países, descendo duas posições face a 2013.

O país perdeu posições em seis das dez componentes do indicador global, mas apenas se

afastou das melhores práticas em quatro delas, significando que a descida de ranking se deveu,

em parte, à melhoria dos outros países. Por outro lado, as maiores descidas verificaram-se em

componentes em que o país continua bem colocado, como a facilidade em “começar um

negócio” (descida da posição 25 para a 32, mas acompanhada de um aumento da proximidade

da fronteira (melhores práticas) de 93.71% para 95.71%) e “fazer comércio além-fronteiras”

(descida da posição 17 para 25 e da proximidade da fronteira de 85.59% para 84.14%). As

componentes em que Portugal se encontra pior colocado continuam a ser, de forma destacada,

a “obtenção de crédito” (recuo de 105º para 109º, mas manutenção em 50% da fronteira) e

o “pagamento de impostos” (manutenção em 81º, mas recuo para 79.42% da fronteira)..

Quadro 3.1.1.1 Relatório Doing Business 2014

Facilidade em fazer negócios Ranking DB Proximidade da fronteira (%)

2013 2014 ∆ posição 2013 2014 variação em p.p.

Começar um negócio 25 32 -7 93.71 95.71 +2.00

+ Licenças de construção 72 76 -4 79.77 79.71 -0.06

Obtenção de eletricidade 36 36 0 79.94 79.94 0.00

Registo de propriedade 31 30 +1 87.44 87.44 0.00

Obtenção de crédito 105 109 -4 50.00 50.00 0.00

Proteção dos investidores 51 52 -1 60.00 60.00 0.00

Pagamento de impostos 81 81 0 75.10 79.42 -0.18

Comércio além fronteiras 17 25 -8 85.59 84.14 -1.45

Facilidade em fazer cumprir contratos 24 24 0 68.18 68.18 0.00

Resolver insolvências 22 23 -1 78.97 75.83 -3.14

Indicador global 29 31 -2 75.87 75.59 -0.28

Fonte: Banco Mundial.

No final de novembro, foi apresentado o relatório Paying Taxes 2014 da consultora

PricewaterhouseCoopers (PwC). Portugal desceu quatro lugares no ranking dos países mais

competitivos do mundo em termos fiscais (quanto à facilidade de pagamento de impostos),

Obtenção de

crédito e

pagamento de

impostos

penalizam a

classificação de

Portugal no

ranking Doing

Business do Banco

Mundial

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para a posição 81 (entre 189 países), por não ter acompanhado as reformas e melhorias

verificadas nos sistemas fiscais de outras economias, uma vez que “não se tornou mais difícil

pagar impostos” no País em termos absolutos, mas apenas relativos. A PwC lembra que

“Portugal não está sozinho na luta para atrair investimento estrangeiro, aumentar a

competitividade e implementar medidas para melhorar o seu ambiente económico”.

Contudo, a PwC espera uma recuperação no ranking em próximos relatórios, devido à descida

prevista da taxa de IRC e outras reformas no sector fiscal a partir de 2014, melhorando a

competitividade fiscal e a capacidade de atração de investimento. Ainda assim, é feita a

ressalva de que a descida das taxas de imposto, embora necessária, por vezes não é suficiente

para melhorar a posição no ranking, pois as mudanças na carga burocrática associada também

são necessárias e, por vezes, podem ter um impacto ainda mais significativo.

Com efeito, é realçado que o número de horas por ano necessárias para cumprir impostos, uma

das três componentes analisadas, foi de 275 em Portugal, um valor acima da média mundial

(268 horas) e de países europeus como a Bélgica (55 horas) ou mesmo a Espanha (167),

apesar da melhoria verificada desde o primeiro relatório, em 2006 (328). Outra componente é o

número de pagamentos por ano, com o valor de 8 no caso de Portugal a ser considerado

competitivo (face a uma média mundial de 26.7). O terceiro indicador de facilidade de

pagamento de impostos é a carga fiscal sobre as empresas, que se situou em 42.3%, abaixo da

média mundial (43.1%), mas com um recuo de apenas 1.5 p.p. desde 2006.

No mesmo mês, foi divulgado o estudo de 2013 sobre atrasos de pagamento na Europa

da Intrum Justitia, O estudo mostra que Portugal se encontra entre os países da UE que

mais tempo demoram a pagar as dívidas (onde também se incluem a Grécia e Espanha), tendo

mantido um índice de pagamentos de 190, 20 pontos acima do valor de referência do perfil

de risco designado de “emergência”.

Os tempos médios de pagamento de Portugal em 2013 foram de 133 dias no Estado, 85

nas empresas e 60 nos consumidores (mais 72, 36 e 24 dias do que na UE,

respetivamente), traduzindo atrasos de pagamento de 73 dias (face a uma referência de

60), 35 dias (referência de 50) e 30 dias (referência de 30 dias), respetivamente. Apesar de

tudo, os atrasos de pagamento no Estado e nas empresas reduziram-se face a 2012 (menos 6 e

5 dias, respetivamente), tendo-se mantido no caso dos consumidores. Salienta-se que o

elevado atraso de pagamento do Estado português, que demora mais 72 dias do que a média

europeia a regularizar as suas dívidas, se transmite em cadeia ao resto da economia,

justificando em parte os atrasos de pagamento nas empresas.

A taxa de créditos incobráveis em Portugal subiu para 3.9% em 2013 (3.6% em 2012),

também um dos valores mais elevados a nível europeu.

Esperada

recuperação na

facilidade de

pagamento de

impostos

Elevada carga

burocrática

associada ao

cumprimento das

obrigações fiscais

Atrasos nos

pagamentos do

Estado acima da

média europeia

repercutem-se no

resto da economia

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 34

Entre os principais mercados de exportação de Portugal, a Espanha apresenta um índice

de pagamentos de 173, também acima da referência do perfil de risco de emergência,

enquanto a Itália e o Reino Unido apresentam valores de risco elevado (entre 160 e 170), e a

Alemanha e a Holanda valores de risco médio e médio-alto, respetivamente.

Também em novembro, o FMI e a Comissão Europeia divulgaram a atualização do memorando

de entendimento e as conclusões das oitava e nona avaliações regulares do Programa de

Assistência Económica e Financeira (PAEF), que foram concluídas com sucesso em

outubro. A meta do défice público em 2013 foi mantida em 5.5% do PIB e a de 2014 em 4%.

3.1.2 Medidas de política económica

3.1.2.1 Medidas diversas

No âmbito do Sistema da Indústria Responsável (SIR), definiram-se os requisitos para a

Instalação de Estabelecimento Industrial (Portaria n.º 302/2013, de 16 de outubro) e

Sociedade Gestora de Zona Empresarial (Portaria n.º 303/2013, de 16 de outubro).

A Diretiva n.º 18/2013, de 21 de outubro aprova, no âmbito do serviço público de distribuição

de gás natural, o Manual de Procedimentos de repercussão das taxas de ocupação

do subsolo sobre os consumidores finais, bem como os valores a vigorar em 2014.

Recorda-se que a Resolução do Conselho de Ministros n.º 98/2008, de 8 de abril, prevê que os

custos com as taxas de ocupação do subsolo sejam repercutidos sobre os consumidores de gás

natural de cada município, sendo a cobrança efetuada através das faturas de fornecimento de

gás natural emitidas pelas empresas concessionárias de distribuição do mesmo.

Foi instituído, através do Decreto-Lei n.º 154/2013 de 5 de novembro, o novo sistema de

acompanhamento de projetos de investimento, e, neste âmbito, criados novos

organismos: o Conselho Interministerial para o Investimento (CII) e a Comissão

Permanente de Apoio ao Investidor (CPAI).

Ao primeiro cabe definir e coordenar a política económica e do investimento do Governo,

competindo-lhe: i) Monitorizar o sistema de acompanhamento de projetos e supervisionar a

atividade da CPAI; ii) Apreciar os relatórios da CPAI e tomar medidas para desbloquear os

entraves; iii) Identificar entraves e custos de contexto na aprovação dos projetos de

investimento e propor ao Conselho de Ministros medidas legislativas para os ultrapassar.

Novo sistema de

acompanhamento

de projetos de

investimento

Risco de

pagamento elevado

em Espanha e

significativo na

Itália e Reino Unido

Concluídas com

sucesso as

oitava e nona

avaliações

regulares do

PAEF em outubro

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 35

A CPAI, que sucede à anterior Comissão de Avaliação e Acompanhamento dos PIN (Potencial

Interesse Nacional), embora alargando as suas atribuições e competências, será o ponto de

contacto privilegiado para novos investimentos, cabendo-lhe agilizar os procedimentos

administrativos e acelerar a aprovação de projetos de investimento em Portugal (sobretudo dos

que aguardam uma decisão por parte da Administração Pública há mais de doze meses).

Com o novo diploma são revogados os atuais regimes aplicáveis aos projetos de

potencial interesse nacional (PIN) e projetos de potencial interesse nacional com importância

estratégica (PIN+), sendo o novo sistema de acompanhamento dos projetos aplicável aos

procedimentos em curso, salvaguardados os trâmites já desenvolvidos.

São reconhecidos como projetos PIN, mediante requerimento do promotor, os projetos

que: i) Representem um investimento global igual ou superior a 25 milhões de euros; ii) Criem

um número de postos de trabalho diretos igual ou superior a 50; iii) Sejam apresentados por

promotores de reconhecida idoneidade e credibilidade.

Os projetos com investimento inferior a 25 M€ e número de postos de trabalho criados abaixo

de 50 poderão ser também reconhecidos como PIN sob determinadas condições.

O Governo aprovou (Conselho de Ministros de 7 de novembro) a nova “Estratégia de

Fomento Industrial para o Crescimento e o Emprego 2014-2020”, que se propõe

contribuir para relançar o País numa trajetória de crescimento sustentável, assente no aumento

das exportações, na captação de investimento, na estabilização do consumo privado e na

qualificação do capital humano. São definidos nove eixos de atuação: 1) consolidação e

revitalização do tecido empresarial; 2) estabilização da procura interna; 3) qualificação:

educação e formação; 4) financiamento; 5) promoção do investimento; 6) competitividade

fiscal; 7) internacionalização; 8) inovação, empreendedorismo e investigação e

desenvolvimento; e 9) infraestruturas logísticas.

Para monitorização da Estratégia, com vista a propor ajustes ou novas medidas relevantes

para o cumprimento dos objetivos delineados, criou-se um Conselho para a Indústria.

Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 73/2013 de 19 de novembro, o Governo

determinou o processo de criação de uma nova instituição de crédito, a denominar

Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), que permitirá ao Estado gerir,

essencialmente na qualidade de grossista, os instrumentos financeiros públicos de estímulo,

incentivo e orientação do investimento empresarial em bens e serviços transacionáveis.1 Irá,

1 A IFD terá acesso a financiamento de entidades supranacionais (Banco Europeu de Investimento e instituições

financeiras estrangeiras congéneres), aos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, bem como à totalidade dos

reembolsos associados aos diferentes períodos de programação no âmbito dos fundos da política de coesão europeia.

Criação da Instituição

Financeira de

Desenvolvimento

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 36

por isso, atuar em estreita parceria e complementaridade com o sistema bancário.

Adicionalmente, deverá desempenhar funções de apoio técnico sobre modelos de financiamento

público, contribuindo para a promoção da competitividade e da internacionalização das

empresas portuguesas. Um dos objetivos é colmatar as insuficiências de mercado no

financiamento das PME ao nível da capitalização e do financiamento de longo prazo da

atividade produtiva. A melhoria das condições de financiamento da economia será prosseguida

através: (i) da redução dos custos e do aumento das maturidades de financiamento das

empresas; (ii) do aumento da liquidez disponível na economia; (iii) da criação de novos

instrumentos de financiamento e de capitalização.

A IFD será uma instituição de capitais exclusivamente públicos e terá sede no Porto.

Estabeleceu-se, ainda, a criação de uma comissão instaladora da IFD, que tem como

objetivo a realização de todos os atos e operações necessários à criação da IFD, de forma a

que se encontre constituída até ao final do 1.º semestre de 2014.

O Conselho de Ministros de 28 de novembro aprovou uma proposta de lei que autoriza o

Governo a legislar sobre o regime de salvaguarda de ativos estratégicos essenciais para

a defesa, segurança nacional e segurança do aprovisionamento do País em serviços

fundamentais para o interesse nacional, nas áreas da energia, transportes e comunicações,

através da instituição de um procedimento de avaliação às operações relativas a esses ativos.

Na prática, o governo poderá bloquear uma proposta de aquisição de uma empresa nacional se

considerar que há risco para a salvaguarda de um ativo estratégico essencial.

3.1.2.2 Sistemas de incentivos / fundos comunitários

O Decreto-Lei n.º 140/2013 n.º 202, de 18 de outubro cria a Agência para o

Desenvolvimento e Coesão, I.P., que tem por missão coordenar a política de

desenvolvimento regional e assegurar a coordenação geral dos fundos europeus estruturais e

de investimento. A Agência para o Desenvolvimento e Coesão assume as atribuições e

competências que atualmente são exercidas pelo Instituto Financeiro para o Desenvolvimento

Regional, I.P., pelo Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu, I.P., e pela estrutura de

missão Observatório do QREN, organismos que são agora extintos.

Em novembro, o Governo aprovou a concessão de incentivos fiscais a oito projetos

empresariais que, pelo seu mérito, demonstram especial interesse para a economia nacional.

Os projetos de investimento, que no seu conjunto totalizam 151 M€, são da área

industrial (90%) e do turismo (10%), sendo que os incentivos contratuais terão um valor

máximo de 17 M€, vão permitir criar 207 postos de trabalho e manter outros 1509.

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 37

No dia 20 de novembro, o Parlamento Europeu (PE) aprovou os quadros legislativo e

financeiro da Política de Coesão para 2014-2020 (Site do Parlamento Europeu),

estabelecendo as disposições aplicáveis ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, ao

Fundo Social Europeu, ao Fundo de Coesão, ao Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento

Rural e ao Fundo Europeu para os Assuntos Marítimos e as Pescas, cujas operações decorrem

no âmbito de um quadro comum. No âmbito da Política de Coesão, Portugal vai receber

durante os próximos sete anos 19.6 mil M€, a preços de 2011.

O PE aprovou ainda, em 21 de novembro, o Programa-Quadro de Investigação e

Inovação da UE para 2014-2020 - Horizonte 2020 (entre as prioridades estão projetos de

investigação nas áreas da saúde, energia, transportes, ação climática e liberdade e segurança;

bolsas para investigadores; investimentos em biotecnologia e tecnologias espaciais, acesso ao

financiamento de risco e apoio a pequenas empresas inovadoras) e o Programa para a

Competitividade das Empresas e PME 2014-2020. (COSME), sendo que entre os

objetivos do Programa está o de facilitar o acesso de financiamento às PME e o de reforçar a

competitividade das empresas europeias.

3.1.2.3 Sistema fiscal

Foi aprovada em definitivo a proposta de lei que concretiza a reforma do IRC. A proposta

teve por base os trabalhos da Comissão para a Reforma do IRC, tendo a AEP sido uma das

primeiras entidades a entregar oficialmente, por escrito, a sua posição sobre esta matéria (no

início da segunda quinzena da agosto), tendo igualmente sido consultada sobre esta reforma e

sobre as diversas medidas nela previstas, e ouvida sobre as outras medidas sugeridas pela

própria AEP, em reunião, já em finais de setembro, com o Secretário de Estado dos Assuntos

Fiscais, o Dr. António Lobo Xavier e outros elementos daquela Comissão.

O Decreto-Lei n.º 151-A/2013 de 31 de outubro aprovou um regime excecional de

regularização de dívidas de natureza fiscal, bem como de dívidas à Segurança

Social, cujo prazo de cobrança tenha terminado até 31 de agosto de 2013, aplicando-se a

todas as dívidas que sejam declaradas pelos contribuintes. O pagamento do capital em dívida

deve ser efetuado até 20 de dezembro de 2013, determinando-se a dispensa de

juros de mora, juros compensatórios, das custas do processo de execução fiscal,

bem como a atenuação do pagamento das coimas associadas ao incumprimento do dever

de pagamento dos impostos em dívida (Ofício Circulado nº 60095).

Aprovados os quadros

legislativo e

financeiro da Política

de Coesão 2014-2020

Aprovados Programas

COSME e Horizonte

2020

Regime excecional de

regularização de

dívidas fiscais e à

Segurança Social

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 38

3.1.2.4 Privatizações

A Resolução Conselho Ministros n.º 72-B/2013 de 18 de novembro determinou as condições

aplicáveis à privatização dos CTT - Correios de Portugal, S. A.

A medida foi acompanhada de legislação com vista à liberalização do setor postal (Decreto-

Lei n.º 160/2013 de 19 de novembro), salvaguardando a prestação do serviço postal universal.

3.1.2.5 Política social e laboral

Entrou em vigor, no dia 1 de outubro, a Portaria n.º 294-A/2013 de 30 de setembro,

regulamentando a Lei n.º 70/2013 de 30 de agosto, que estabeleceu os regimes jurídicos do

Fundo de Compensação do Trabalho (FCT), do Mecanismo Equivalente (ME) e do

Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho (FGCT), entretanto regulados pela

Portaria n.º 294-A/2013 de 30 de setembro. Todas as entidades empregadoras estão obrigadas,

relativamente aos contratos de trabalho celebrados desde o dia 1 de outubro de 2013, a aderir

ao FCT, ou a um ME, e ao FGT.

O funcionamento do FCT e do FGCT operacionaliza-se através do sítio eletrónico criado para

este efeito, em www.fundoscompensacao.pt, onde são efetuadas todas as declarações relativas

à adesão e identificação dos dados necessários dos empregadores e trabalhadores, a prestar

pelos empregadores.

Entrou em vigor no dia 16 de outubro, reportando os seus efeitos a 1 de janeiro de 2013, o

Decreto Regulamentar nº 6/2013 de 15 de outubro, alterando o Decreto Regulamentar n.º 1-

A/2011 de 3 de janeiro, que regulamenta o Código dos Regimes Contributivos do Sistema

Previdencial de Segurança Social.

A presente alteração ocorre na sequência do alargamento do âmbito de proteção social dos

trabalhadores independentes que sejam empresários em nome individual ou titulares de

estabelecimento individual de responsabilidade limitada e que exerçam exclusivamente

atividade industrial ou comercial, os quais passam a ter o direito de aceder a subsídios por

cessação de atividade, desde que preenchidas determinadas condições.

Através do Despacho n.º 13263/2013 de 17 de outubro foi aprovada a nova versão de modelo

de declaração de situação de desemprego, modelo RP5044/2013–DGSS.

No dia 8 de novembro, entrou em vigor a Lei n.º 76/2013, de 7 de novembro, que estabelece o

regime de renovação extraordinária dos contratos de trabalho a termo certo, bem

como o modo de cálculo da compensação aplicável aos contratos objeto dessa renovação.

Alteração ao Código

dos Regimes

Contributivos do

Sistema Previdencial

de Segurança Social

Fundo de

Compensação do

Trabalho e Fundo de

Garantia de

Compensação do

Trabalho

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 39

Podem ser objeto de duas renovações extraordinárias os contratos de trabalho a termo certo

que, até 8 de novembro de 2016 (dois anos após a entrada em vigor deste diploma), atinjam os

limites máximos de duração estabelecidos legalmente (no n.º 1 do artigo 148.º do Código do

Trabalho ou na Lei n.º 3/2012, de 10 de janeiro). Neste âmbito, é essencial considerar que:

- A duração total dessas renovações não pode exceder 12 meses.

- A duração de cada renovação extraordinária não pode ser inferior a 1/6 da duração máxima

do contrato de trabalho a termo certo ou da sua duração efetiva, consoante a que for inferior.

- O limite de vigência do contrato de trabalho a termo certo objeto de renovação extraordinária

é 31 de dezembro de 2016.

A lei determina ainda que os contratos de trabalho a termo certo em que sejam excedidos os

limites acima referenciados se convertem em contrato de trabalho sem termo.

3.2 Atividade económica global: evolução recente e perspetivas

3.2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade

No que se refere às contas nacionais, a estimativa rápida do INE relativa ao PIB do terceiro

trimestre, divulgada em novembro, deu conta do segundo crescimento real em cadeia

consecutivo, embora mais baixo (0.2%, após 1.1% no segundo trimestre, interrompendo uma

sequência de 10 descidas seguidas), o que configura a saída da recessão em termos técnicos.

A retoma do crescimento em cadeia foi acompanha da redução da quebra homóloga do PIB

para metade (taxa de variação homóloga real, tvhr, de -1%, após -2% no segundo trimestre,

valor revisto de -2.1% em face das alterações nos dados do comércio internacional e também

do consumo público, na sequência do segundo orçamento retificativo de 2013).

As variações em cadeia e homóloga do PIB situaram-se ligeiramente acima das previsões

trimestrais da Comissão Europeia para Portugal incluídas nas suas projeções de outono

(0% e -1.3%, respetivamente).

No que se refere à evolução das componentes do PIB no terceiro trimestre, apenas está

disponível a informação qualitativa incluída no texto das estimativas rápidas, segundo o qual “a

procura interna apresentou um contributo menos negativo para a variação homóloga do PIB,

devido sobretudo à diminuição menos acentuada das Despesas de Consumo Final das Famílias

Residentes. Em sentido oposto, o contributo da procura externa líquida diminuiu.”

3º Trimestre marca

saída da recessão

técnica

Procura interna

menos negativa e

menor contributo da

procura externa

líquida

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 40

Quadro 3.2.1.1: PIB e componentes (contas nacionais)

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

PIB

Tvcr (%) -3.2 -1.9 -0.4 1.1 0.2

Tvhr (%) -3.2 -3.8 -4.1 -2.0 -1.0

Rubricas de despesa (tvhr, %) (1)

Despesas de Consumo Final -5.3 -4.9 -3.9 -2.6

Consumo Privado -5.4

-5.1 -4.0 -2.6

Consumo Público -4.8 -4.1 -3.7 -2.8

FBCF -14.3 -12.3 -16.4 -6.8

Exportações 3.2 0.2 0.7 7.3

Bens 4.1 0.6 0.3 7.3

Serviços 0.7 -0.9 2.0 7.3

Importações -6.6 -3.8 -4.1 -2.1

Contributos para a tvhr do PIB (p.p.) (1)

Procura Interna -6.9 -4.5 -6.1 -2.6

Procura Externa Líquida 3.7 0.7 1.9 0.4

Ramos (tvhr, %) (1)

Agric., Silv. e Pesca -1.0 -0.7 0.0 0.5

Indústria -2.5 -2.4 -5.2 0.3

Energia, Águas e Saneamento 2.3 0.2 0.6 2.0

Construção -14.8 -16.4 -24.4 -13.3

Comércio, Aloj. e Restauração -1.3 -1.2 -0.4 0.2

Outros Serviços -1.4 -1.9 -2.0 -1.4

Fonte: INE. (1) Dados não revistos, relativos às estimativas do PIB no segundo trimestre de 2013.

Nos dados de conjuntura mais recentes, o indicador coincidente de atividade do Banco

de Portugal registou uma variação homóloga positiva em outubro (0.4%), pela primeira vez

desde fevereiro de 2011, indiciando uma recuperação do PIB no último trimestre do ano.

Figura 3.2.1.1: PIB e Indicador Coincidente do Banco de Portugal (tvhr, %)

-3.2

-3.8

-4.1

-2.0

-1.0

-3.3

-2.5

-2.1 -1.9

-0.7 -0.7

-0.1

0.4

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13

PIB Ind.Coincidente do BdPFontes: INE ; BdP

Indicador

coincidente de

atividade com

variação positiva em

outubro, pela

primeira vez desde

fevereiro de 2011

Page 41: Nº 1 Bimestral Outubro/Novembro 2013 EDIÇÃO ELETRÓNICA · OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação

OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 41

O indicador coincidente do consumo privado do Banco de Portugal e o indicador de

FBCF do INE apresentaram quedas homólogas menos acentuadas nos meses mais recentes

(tvh de -0.3% em outubro e -6.4% em setembro, respetivamente).

Quadro 3.2.1.2: Indicadores mensais de atividade económica

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13

Indic. Coincidentes (tvh, %)

Ind. Coinc. de Atividade do BdP -3.3 -2.5 -2.1 -1.9 -0.7 -0.7 -0.1 0.4

Ind. Coinc. Consumo Privado do BdP -5.4 -4.9 -4.1 -3.1 -1.6 -1.6 -0.9 -0.3

Ind. FBCF do INE (mm3) -16.2 -16.5 -18.6 -10.0 -6.4 -8.1 -6.4

Indicadores Avançados

Ind. de Clima do INE (tvh, %, mm3) -3.7

-4.1 -3.6 -2.7 -1.6 -1.6 -1.3 -1.2

ISE da CE, Portugal (1990-12=100) 79.7 78.0 81.0 84.0 87.8 90.0 91.7 94.0

Fontes: INE, BdP, CE. ISE= Índice de Sentimento Económico.

Quanto a indicadores avançados, a informação disponível aponta para a continuação da

melhoria de andamento da atividade no final de 2013 e início de 2014.

O indicador de clima económico do INE (calculado a partir do Inquérito de Conjuntura às

Empresas e Famílias) registou um desagravamento em novembro, pelo décimo primeiro mês

consecutivo. Os indicadores de confiança (que integram a maioria das questões usadas no

cálculo do indicador de clima) voltaram a aumentar de forma generalizada, com a subida mais

forte a ocorrer no indicador de confiança do comércio, seguido pelos indicadores dos

serviços, da construção e obras públicas, da indústria transformadora e dos

consumidores.

Figura 3.2.1.2: Indicador de Clima Económico (mm3) e Indicador de Confiança, IC (saldo de

respostas extremas, sre, mm3)

-4.0 -4.1

-4.0 -3.9

-3.6

-3.3

-2.9 -2.7

-2.4

-1.9 -1.6

-1.3 -1.2

-4.5

-4.0

-3.5

-3.0

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

nov-12 jan-13 mar-13 mai-13 jul-13 set-13 nov-13

IC Ind. Transf. IC Consum. IC Constr. e Obras Púb.

IC Comércio IC Serviços Indicador de clima ec.Fonte: INE

Indicador de clima

económico com

desagravamento em

novembro, pelo 11º

mês consecutivo.

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

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O Indicador de Sentimento Económico da Comissão Europeia para Portugal prosseguiu

numa trajetória de recuperação em outubro, atingindo os 94 pontos, valor ainda abaixo da

média de longo prazo (1990-2012), definida como 100, e dos valores da zona euro e da UE.

Figura 3.2.1.3: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, zona euro e UE

3.2.2 Projeções macroeconómicas para Portugal

No que se refere a previsões para a economia portuguesa, salienta-se a divulgação, no dia 19

de novembro, das novas projeções da OCDE, que espera uma variação real do PIB de -1.7%

em 2013, valor semelhante à projeção do Banco de Portugal no Boletim Económico de

Outono (-1.6%) e à da troika na oitava e nona avaliações regulares do programa de

ajustamento (integrada na Proposta de Orçamento de Estado de 2014).

Para 2014 e 2015, a OCDE prevê que o PIB recupere 0.4% e 1.1%, respetivamente, valores

mais baixos do que os da troika e Governo (0.8% em 2014 e 1.5% em 2015; o Boletim de

Outono não apresenta novos valores para 2014), refletindo o menor otimismo quanto à

evolução da procura interna. A OCDE aponta também para níveis mais baixos de inflação.

Em contrapartida, a OCDE espera valores inferiores da taxa de desemprego (16.7% em

2013, 16.1% em 2014 e 15.8% em 2015) do que a troika (17.4%, 17.7% e 17.3%),

incorporando a melhoria recente dos dados.

No que se refere às contas públicas, a OCDE não confia no cumprimento das metas do

défice público em 2014 e 2015 (4% e 2.5% do PIB), apontando para valores de 4.6% e 3.6%

do PIB. O rácio da dívida pública continuará a aumentar em 2015, segundo a OCDE (para

129.5% do PIB), contrariando o recuo nos dados da troika (para 125.7% do PIB).

81.1 79.2

81.5 82.4 82.4

84.2 85.3

85.2

88.3 90.0

91.7

94.0

70.0

75.0

80.0

85.0

90.0

95.0

100.0

105.0

dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13 out-13 nov-13

Portugal Zona Euro UE Média 1990-2012=100Fonte: Comissão Europeia

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 43

A OCDE defende que uma consolidação orçamental bem-sucedida irá aumentar a confiança,

mas que as autoridades deverão deixar o défice ultrapassar as metas nominais se o

crescimento económico for inferior ao esperado, para evitar uma espiral negativa entre as

condições macroeconómicas e os objetivos orçamentais. Para aumentar o crescimento

potencial, o Governo deverá prosseguir as reformas estruturais, incluindo a implementação

da reforma do IRC para atrair investimento, melhorar o funcionamento do sistema judicial e

reestruturar as empresas públicas.

Quanto a riscos, uma queda mais forte do consumo privado (devido às medidas de

austeridade) e um crescimento inferior das exportações tornaria mais difícil atingir as metas

orçamentais, assim como a eventual declaração de inconstitucionalidade de medidas do

Orçamento de Estado de 2014, que implicaria ainda uma subida das taxas de juro soberanas.

Contudo, uma restauração mais rápida da oferta de crédito permitiria uma retoma mais rápida.

A OCDE salienta a melhoria da competitividade por via dos aumentos moderados dos preços e

salários, refletida no aumento das quotas de mercado das exportações e no saldo corrente.

Quadro 3.2.2.1: Previsões económicas para Portugal

BdP (8-10-13) Troika (13-11-13) OCDE (19-11-13)

2012 2013 2013 2014 2015 2013 2014 2015

PIB (tvar) -3.2 -1.6 -1.8 0.8 1.5 -1.7 0.4 1.1

Consumo privado -5.4 -2.2 -2.5 0.1 0.7 -2.3 -0.6 0.3

Consumo público -4.8 -2.0 -4.0 -2.8 -2.2 -2.6 -2.5 -2.4

FBCF -14.3 -8.4 -8.5 1.2 3.7 -8.9 0.4 3.2

Exportações 3.2 5.8 5.8 5.0 5.3 5.9 4.3 5.3

Importações -6.6 2.0 0.8 2.5 3.8 1.3 1.4 3.4

Contribuições (p.p.)

Exportações Líquidas 3.7 1.4 1.9 1.0 0.7 1.8 1.2 0.9

Procura Interna -6.9 -3.1 -3.7 -0.2 0.7 -3.5 -0.8 0.2

Inflação (tva do IHPC, %) 2.8 0.6 0.6 1.0 1.2 0.5 0.6 0.4

Taxa de desemprego (%) 17.4 17.7 17.3 16.7 16.1 15.8

Emprego (tva) -4.2 n.d. -3.9 -0.5 0.4

Produtividade do trabalho (1) 1.0 n.d. 2.1 1.3 1.1

Balança corrente e de capital (% PIB) 0.8 3.1

Balança corrente (% PIB) -1.5 1.0 1.0 1.0 1.1 0.5 1.2 2.1

Balança de bens e serviços (% PIB) 0.1 2.1 2.9 4.2 5.1

Saldo orçamental (% PIB) -5.9 -4.0 -2.5 -5.7 -4.6 -3.6

Dívida pública Maastricht (% PIB) 127.8 126.7 125.7 124.9 127.4 129.5

Fontes: BdP (08-10-13), Boletim Económico de Outono 2013; FMI (13-11-13, divulgação das 8ª e 9ª avaliações

regulares do PAEF); OCDE, previsões de Outono 2013 (19-11-13). (1) Tvar do PIB – tva do emprego.

O Boletim Económico de Outono do Banco de Portugal destaca o “declínio continuado do

investimento empresarial” como “motivo de preocupação para o crescimento económico no

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 44

futuro”. A FBCF total cai 8.4% em 2013 nas novas previsões (8.9% nas anteriores estimativas),

após quedas de 14.3% em 2012 e 10.5% em 2011. Neste âmbito, chama também a atenção,

no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2013 (divulgado no dia 26), de que “a

renovação do stock de capital do setor empresarial desempenha um papel fundamental na

incorporação de tecnologias mais avançadas, que são essenciais à melhoria da qualidade dos

bens e serviços produzidos e ao aumento da eficiência na produção. Estes são fatores

determinantes para assegurar a competitividade da economia portuguesa e permitir uma

correção dos desequilíbrios macroeconómicos. O investimento empresarial é ainda um fator

importante para absorver os recursos humanos mais qualificados, potenciando o crescimento

económico. Importa, por isso, que estejam asseguradas as condições de financiamento

necessárias à viabilização de projetos de investimento reprodutivos.”

3.3 Atividade industrial

Quadro 3.3.1: Indicadores de atividade industrial corrente

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 Jul-13 Ago-13 Set-13

tvh tva

IPI geral (tvh e tva, %) -5.0 -3.8 -1.4 3.2 0.0 -1.2 0.0 1.3 -0.5

Ramos

Indústria Extrativa -6.1 -29.1 -1.9 7.2 20.2 10.1 11.9 37.4 -3.5

Ind. Transformadora -2.9 -1.9 -4.1 1.9 -0.3 -1.2 0.3 0.3 -1.1

Eletr., Gás, Água, Ar -16.0 -7.9 16.4 11.5 -2.3 -3.0 -4.3 0.7 3.9

Águas, Saneamento, outros -6.0 -5.6 -7.5 -4.0 -3.3 -4.2 -3.2 -2.4 -5.1

Agrupamentos

Bens de Consumo -1.0 4.5 2.5 2.3 -2.0 -1.2 -1.7 -3.0 1.8

Bens Intermédios e outros -4.1 -5.0 -7.9 1.7 0.1 -2.1 0.9 1.7 -2.9

Bens de Capital -6.3 -12.4 -14.5 -7.1 -5.4 -6.0 -4.7 -5.0 -10.0

Energia -12.9 -10.1 16.9 16.7 7.0 4.0 3.1 14.5 6.9

IVN total (tvhn, %) -1.8 -2.7 -5.8 0.6 0.6 3.7 -3.7 1.2 -1.9

Indústria Transformadora -1.7 -2.0 -5.0 1.4 1.0 4.3 -3.9 1.9 -1.1

Mercado Nacional -6.0 -4.3 -7.8 -2.5 -1.7 1.6 -5.7 -1.3 -4.1

Mercado Externo 4.4 -0.3 -3.2 4.8 3.8 6.4 -0.5 4.8 1.2

Fonte: INE.

Destaca-se a retoma do crescimento homólogo da produção industrial em setembro,

atenuando o abrandamento no terceiro trimestre e permitindo uma variação acumulada de 12

meses já pouco negativa (-0.5%; -1.1% no caso da IT). O índice de volume de negócios

cresceu 1.2% em variação homóloga nominal em setembro, impulsionado pela subida de 4.8%

no mercado externo, mas a variação média anual permaneceu negativa (-1.9%; -1.1% na IT).

Declínio continuado

do investimento

empresarial como

motivo de

preocupação para o

crescimento

económico no futuro

Retoma da

produção

industrial em

setembro

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Figura 3.3.1: Produção industrial (tvh, %) e volume de negócios (tvhn, %), total e no

mercado externo

A refletir a evolução menos favorável da produção industrial no terceiro trimestre, a taxa de

utilização da capacidade produtiva da indústria transformadora recuou para 73.9%

nesse período, após três trimestres seguidos de recuperação.

Quadro 3.3.2: Taxas de utilização da capacidade produtiva

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

Taxa ut. cap. prod. IT (%) 73.5 72.3 73.4 74.2 73.9

Bens de Consumo 72.8 71.7 74.2 77.8 76.9

Bens de Investimento 76.7 76.0 76.9 77.3 77.3

Bens Intermédios 72.9 71.4 71.7 70.9 70.8

Fonte: INE.

Quadro 3.3.3: Indicadores avançados de atividade industrial

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13 Nov-13

Indicadores avançados

Índ. novas enc.(tvh, mm3) -5.1 -3.3 -9.4 -0.1 -5.6 -2.1 -5.6

Mercado nacional -15.9 -16.1 -11.6 1.5 -2.0 4.2 -2.0

Mercado externo 3.1 5.9 -7.9 -1.2 -7.7 -6.1 -7.7

IC da IT (sre, vcs, mm3, final de período) -20.6 -20.6 -17.6 -16.8 -13.7 -15.3 -13.7 -12.9 -11.9

Procura global (+) -48.3 -48.3 -45.6 -43.6 -37.9 -37.5 -37.9 -36.2 -32.2

Procura interna -54.9 -54.9 -54.1 -50.2 -41.9 -41.8 -41.9 -42.3 -37.6

Procura externa -34.2 -34.2 -31.0 -30.1 -27.0 -29.2 -27.0 -27.4 -23.3

Stocks de produtos (– ) -3.2 -3.2 -3.3 -0.9 -2.5 -2.8 -2.5 -0.6 -3.6

Produção próx. 3 m (+) -9.7 -9.7 -6.4 -7.7 -0.5 -5.4 -0.5 -4.9 -1.8

Enc. ext. a 3m na IT (sre, mm2T) -15.7 -15.7 -4.7 -4.9 -6.8

Fonte: INE. Notas: o Indicador de Confiança (IC) da Indústria transformadora (IT) é calculado como a média das

apreciações dos empresários sobre a procura global (sinal +), os stocks de produtos acabados (sinal – ) e a produção

prevista a três meses (sinal +); mm2T= média móvel de 2 trimestres.

-9.1

-3.1 -3.8

-4.5

-1.4 -1.2

-1.6

2.8 4.2

2.4

-1.2

0.0

1.3

-15.0

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

15.0

set-12 out-12 nov-12 dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13

IPI V.N. total V.N. mercado externo

Fonte: INE

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Dos indicadores avançados da atividade industrial, que permitem avaliar as perspetivas

para os próximos meses, salienta-se o agravamento da queda homóloga das novas

encomendas industriais no trimestre até setembro.

A descida agravada das novas encomendas refletiu uma quebra no mercado nacional e um

recuo mais acentuado no mercado externo.

Figura 3.3.2: Novas encomendas na indústria: total, mercados nacional e externo (tvh, mm3)

No mesmo sentido, as apreciações dos empresários da Indústria transformadora sobre

a carteira de encomendas externas nos próximos três meses pioraram pelo segundo

trimestre consecutivo no terceiro trimestre, mas a tendência recente é ainda favorável tendo

em conta os valores bastante negativos registados no final de 2012.

Contudo, a perceção dos empresários da indústria transformadora sobre a situação

atual da procura externa continuou a melhorar em novembro, à semelhança da avaliação da

procura interna. Estes dados incorporam o indicador de confiança da indústria

transformadora, que voltou a subir em novembro, como foi acima referido. A outra

componente que tem causado a subida do indicador de confiança da IT é a avaliação da

previsão de produção a três meses.

Tendo em conta a evolução positiva do volume de negócios no mercado externo, a perspetiva

de retoma económica na Europa e em Portugal (refletida na melhoria da perceção dos

empresários sobre a procura externa e a produção futura) e a ligeira correção em baixa das

previsões da carteira de encomendas da indústria transformadora a 3 meses, a carteira atual de

encomendas externas é ainda significativa e a queda das novas encomendas externas deverá

ser passageira.

-7.8

-5.2 -5.7

-3.3 -2.2 -3.6

-9.4 -8.6

-4.5

-0.1

-1.6 -2.1

-5.6

-25.0

-20.0

-15.0

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

set-12 out-12 nov-12 dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13

Total Mercado Nacional Mercado ExternoFonte: INE

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Quadro 3.3.4: Dinâmicas recentes de produção na indústria transformadora

Índices de Produção Industrial (tvha) 2012 Set-13 Dinâmica

Indústrias Crescimento do IPI (tvha>0)

Produtos petrolíferos 2.4% 31.7% Aceleração

Têxteis -7.7% 6.7%*

Recuperação

Produtos químicos -8.0% 4.2%

Couro -3.2% 4.2%

Vestuário -0.5% 4.1%*

Alimentação -0.3% 2.2%*

Equipamento elétrico -1.4% 1.8%

Pasta e papel 0.5% 0.2% Abrandamento

Queda do IPI (tvha<0)

Máquinas e aparelhos elétricos -5.0% -0.7%* Desagravamento

Tabaco -8.9% -1.7%

Produtos metálicos -1.8% -2.3%* Agravamento

Bebidas 1.1% -2.4% Quebra

Produtos farmacêuticos 9.6% -2.4%

Borracha e plásticos -5.2% -3.4%

Desagravamento Recolha e tratamento de resíduos -6.0% -5%*

Outros produtos minerais não metálicos -11.9% -6.1%*

Madeira e cortiça 6.2% -6.5% Quebra

Mobiliário e colchões -8.9% -7.7%* Desagravamento

Impressão -11.0% -8.3%*

Metalurgia de base -4.5% -9.3%* Agravamento

Veículos automóveis e componentes -9.4% -19.1%

Total da indústria transformadora -5.0% 0.6% Recuperação

Fonte: INE e cálculos próprios. *Dados de agosto, último mês com dados. Linhas ordenadas pela tvha do IPI para o

último mês disponível. Tvha positivas assinaladas a verde e negativas a vermelho.

As dinâmicas recentes da produção industrial dentro da indústria transformadora

(ver quadro acima), que registou uma recuperação de 0.6% até setembro (taxa de variação

homóloga acumulada no ano, tvha, de 0.6%, após -5% em 2012), mostram que as evoluções

mais favoráveis corresponderam à aceleração da produção nas indústrias de produtos

petrolíferos e à retoma do crescimento nas indústrias têxteis, de produtos químicos, do

couro, do vestuário, da alimentação e do equipamento elétrico.

A maioria das indústrias registou uma variação homóloga acumulada negativa, tendo o

valor mais desfavorável pertencido à indústria automóvel, que apresentou um agravamento

face a 2012 (-9.4%). Contudo, a dinâmica predominante foi de desagravamento das perdas,

com destaque para as indústrias de máquinas e aparelhos elétricos.

Várias indústrias

com variação

negativa… mas a

dinâmica

predominante foi

de desagravamento

das perdas

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 48

Por último, salientam-se as respostas dos empresários sobre os principais obstáculos à

produção na indústria transformadora reportadas no Inquérito de Conjuntura às Empresas

e Famílias do INE. A percentagem de empresários com nenhum obstáculo aumentou de

43.9% em outubro de 2012 para 50.6% em julho de 2013 e 53.6% em outubro de 2013, pelo

que a maioria das empresas da IT inquiridas deixou de sentir limitações à produção.

Das empresas que referiram limitações, a insuficiência de procura foi apontada como o

principal obstáculo em 74.6% dos casos, reforçando o peso face a julho de 2013 e outubro de

2012 em detrimento dos outros obstáculos, designadamente as dificuldades de tesouraria, o

acesso ao crédito bancário, a insuficiência de equipamento e a falta de pessoal qualificado.

Figura 3.3.3: Principais obstáculos à produção na IT (% das respostas em que foram

indicados obstáculos)

3.4 Investimento

No que diz respeito aos principais indicadores de investimento, segundo as contas nacionais, a

contração da FBCF atenuou-se para uma variação homóloga real de -6.8% no segundo

trimestre (-16.4% no trimestre anterior), refletindo a aceleração significativa na componente de

equipamento de transporte e a redução da queda na construção e nas outras máquinas

e equipamentos. Em termos nominais, a variação homóloga da FBCF passou de -17.4% para

-7.4%, refletindo a redução significativa da queda no setor privado e, em menor medida, o

desagravamento no setor público, que continuou a apresentar uma queda muito acentuada do

investimento, acima dos 20%.

74.6

1.6

2.7

11.1

5.3

4.7

0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 80.0

Insuficiência da procura

Pessoal qualificado

Insuficiência do equipamento

Dificuldades de tesouraria

Crédito bancário

Outras

Out-13 Jul-13 Out-12Fonte: INE

Insuficiência de

procura como o

principal obstáculo

à produção

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 49

Quadro 3.4.1: Investimento e componentes (contas nacionais)

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13

FBCF (tvhr, %) -14.3 -12.3 -16.4 -6.8

por tipo de bens

Animais e Plantas 5.1 6.1 2.6 0.3

Outras máq. e equip. -6.6 1.6 -3.6 -2.7

Eq. de transporte -23.4 -21.7 8.8 31.5

Construção -18.1 -18.8 -26.1 -13.0

FBCF (tvhn, %) -13.9 -12.5 -17.4 -7.4

por setor

Administrações Públicas -38.6 -37.6 -38.2 -23.7

Setor Privado -9.7 -5.4 -15.5 -5.6

Fonte: INE

Quadro 3.4.2: Investimento direto e outros indicadores avançados de investimento

Período 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13 Nov-13

Indicadores avançados

Indicador de FBCF (tvhr, mm3, %)

-16.2 -16.5 -18.6 -10.0 -6.4 -8.1 -6.4

Construção -18.5 -19.6 -25.2 -14.1 -9.3 -11.9 -9.3

Máquinas e equipamento -7.7 -7.6 -4.5 -3.2 -4.0 -4.9 -4.0 -3.0

Material de transporte -25.5 -20.8 -1.7 3.2 8.0 9.6 8.0

Novas encomendas de bens inv. M. Nac. (tvh, mm3)

-27.9 -29.8 -21.3 -1.7 1.2 -3.9 1.2

IC da construção (sre, vcs, mm3)

-70.1 -70.4 -65.9 -62.4 -55.6 -58.6 -55.6 -51.7 -50.0

Invest. direto (tvha)

Do exterior em Portugal -12.7 -12.7 -67.3 -107.3 -78.8 -111.0 -78.8

De Portugal no exterior -95.8 -95.8 -56.2 -49.8 229.7 271.8 229.7

Fontes: INE e BdP. IC= indicador de confiança.

Os dados mais recentes do indicador mensal de FBCF do INE mostraram uma nova

atenuação do ritmo de queda homóloga no terceiro trimestre (para 6.4%), com origem na

aceleração da componente de material de transporte e no desagravamento da componente

de construção. A componente de máquinas e equipamentos registou um agravamento

ligeiro no trimestre, mas a informação disponível para outubro evidencia já uma evolução

menos negativa.

A recuperação das novas encomendas de bens de investimento no mercado nacional

no terceiro trimestre e a melhoria do indicador de confiança na construção em outubro e

novembro sugere que o comportamento do investimento continuará a melhorar no final de

2013 e início de 2014.

Recuperação das

novas encomendas de

bens de investimento

no mercado nacional

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 50

Figura 3.4.1: FBCF (tvhr, %) e Indicador mensal de FBCF (tvhr, mm3, %)

No que se refere ao investimento direto estrangeiro, os dados mais recentes do Banco de

Portugal mostram uma queda homóloga de 78.8% no período de janeiro a setembro, o que

traduz um desagravamento face à queda muito acentuada no primeiro semestre (107.3%), mas

ainda uma descida bastante superior à ocorrida em 2012 (12.7%). No que se refere ao

investimento direto de Portugal no exterior, os dados evidenciam uma retoma acentuada

no período de janeiro a setembro (crescimento de 229.7%), em forte recuperação face à queda

acentuada no primeiro semestre de 2013 e no conjunto de 2012.

Note-se que os dados do investimento direto são sujeitos a constantes revisões e exibem uma

natural volatilidade (mesmo em variação acumulada), pois frequentemente se verificam

investimentos/desinvestimentos que afetam significativamente os totais. Salienta-se, sobretudo,

a evidência de uma evolução menos negativa do investimento direto estrangeiro e a retoma do

investimento português no exterior, possivelmente associado à dinâmica exportadora que o País

está a evidenciar.

3.5 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas

3.5.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas

No período de janeiro a setembro de 2013, o número de empresas constituídas aumentou

18.7% em termos homólogos, para 26098, enquanto o número de dissoluções recuou 7.1%,

para 12413.

-14.3

-12.3

-16.4

-6.8

-16.2 -16.5

-18.6

-10.0

-6.4

-8.1

-6.4

-20.0

-18.0

-16.0

-14.0

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13

FBCF (contas nacionais) Indicador mensal de FBCFFonte: INE

Investimento direto

estrangeiro com

evolução menos

negativa e

investimento

português no exterior

em recuperação

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 51

Deste modo, durante os primeiros nove meses do ano foram criadas mais do dobro das

empresas dissolvidas. O facto de, por cada empresa dissolvida, nascerem mais de duas novas

empresas, é um sinal revelador do dinamismo na criação de empresas e, naturalmente, do

empreendedorismo português.

Refletindo a dinâmica das constituições e dissoluções, criaram-se 13685 empresas em termos

líquidos, o que representa um crescimento homólogo de 58.4%. O crescimento anormalmente

elevado que se verificou em 2012 deve-se ao valor excecionalmente baixo ocorrido em 2011.

Quadro 3.5.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Jul-13 Ago-13 Set-13

Constituições de empresas

Número acumulado 29 175 11 721 19 210 26 098 21 663 23 657 26 098

Tvha (%) -11.7 28.0 19.8 18.7 19.2 18.3 18.7

Dissoluções de empresas

Número acumulado 25 828 5 037 8 147 12 413 10 581 11 396 12 413

Tvha (%) -21.7 -14.9 -14.4 -7.1 -2.9 -5.2 -7.1

Criação líquida de empresas

Número acumulado 3 347 6 684 11 063 13.685 11 082 12 261 13 685

Tvha (%) 8 707.9 106.2 69.9 58.4 52.3 53.7 58.4

Fonte: INE

Considerando a distribuição das constituições e dissoluções por setores, as atividades de

“comércio por grosso e retalho”, “hotéis e restauração”, “construção” e “outros serviços”

apresentaram os pesos mais elevados em ambos os casos, evidenciando uma elevada

rotatividade do parque empresarial. A “indústria transformadora” também registou pesos

relativamente elevadas, com valores de 8.2% nas constituições e de 6.9% nas dissoluções.

Figura 3.5.1.1: Constituições e dissoluções de empresas: estrutura por setor de atividade

(Jan-Set 2013,%)

1.7

0.2

6.9

0.3

13.0

29.6

3.8

10.1

2.9

31.4

4.8

0.1

8.2

0.4

8.7

25.8

2.7

11.2

4.0

34.2

0.0 10.0 20.0 30.0 40.0

Agricultura, caça e pesca

Indústria extrativa

Indústria transformadora

Eletricidade, gás e água

Construção

Comércio por grosso e a retalho

Transportes

Hotelaria e restauração

Telecomunicações

Outros serviços

Constituições DissoluçõesFonte: INE

Por cada empresa

dissolvida foram

criadas mais de

duas novas

empresas

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 52

Os valores de criação líquida de empresas até setembro foram mais elevados nas atividades de

“outros serviços”, seguidas pelo “comércio por grosso e retalho”, “hotelaria e restauração”,

“indústria transformadora”, “agricultura, caça e pesca”, “telecomunicações” e “construção”,

considerando apenas os valores acima de 500 empresas.

Todos os setores identificados apresentaram criação líquida de empresas nos primeiros nove

meses do ano, ao contrário do que sucedeu em 2012, em que se registaram perdas líquidas na

“construção”, no “comércio por grosso e retalho”, na “indústria transformadora”, nos

“transportes” e nas “indústrias extrativas”.

Figura 3.5.1.2: Criação líquida de empresas por setor (2012 e Jan-Set 2013)

Entre janeiro e setembro de 2013, a criação líquida de empresas já mais do que compensou a

perda ocorrida no conjunto de 2012, com exceção da “construção” e das “indústrias extrativas”.

Note-se, contudo, que esta análise focada no número de empresas dá apenas uma visão

parcelar da dinâmica empresarial e da sua atividade.

Considerando agora as estruturas por regiões (NUTS II), os pesos mais elevados das

constituições e dissoluções ocorreram no Norte, em Lisboa e no Centro.

4

66

234

647

673

1046

1288

1664

3044

5019

-50

81

-81

-1120

485

1160

-187

827

-466

2698

-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Indústria extrativa

Eletricidade, gás e água

Transportes

Construção

Telecomunicações

Agricultura, caça e pesca

Indústria transformadora

Hotelaria e restauração

Comércio por grosso e a retalho

Outros serviços

2012 Jan-Set 13Fonte: INE e cálculos próprios

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 53

Figura 3.5.1.3 Constituições e dissoluções de empresas: distribuição por regiões NUTS II

(Jan-Set 2013, %)

Figura 3.5.1.4 Criação líquida de empresas, regiões NUTS II (2012 e Jan-Set 2013)

No que se refere à criação líquida de empresas de janeiro a setembro, o maior contributo teve

origem na região Norte, seguindo-se as regiões de Lisboa, Centro, Alentejo, Algarve e Açores.

3.5.2 Insolvências de empresas

O número de insolvências de empresas, ao fornecer um retrato sobre a saúde das empresas,

representa um indicador avançado da atividade económica. Por confronto com a subsecção

anterior, note-se que nem todas as dissoluções de empresas decorrem de processos de

insolvência e nem todas as insolvências terminam em dissolução.

6.1

0.9

5.2

4.3

35.2

15.0

33.3

2.3

1.4

4.9

5.6

31.6

17.7

36.5

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0

R.A. da Madeira

R.A. dos Açores

Algarve

Alentejo

Lisboa

Centro

Norte

Constituições DissoluçõesFonte: INE

-141

246

621

931

2752

3885

5391

-365

131

100

499

704

91

2187

-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Região Autónoma da Madeira

Região Autónoma dos Açores

Algarve

Alentejo

Centro

Lisboa

Norte

2012 Jan-Set 13Fonte: INE

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 54

Depois de um aumento de 27.7% em 2012 (para 7763), o número de ações de insolvência

abrandou para um ritmo de crescimento homólogo de 18.4% nos nove primeiros meses de

2013 (totalizando 6595).

Quadro 3.5.2.1: Insolvências de empresas

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Jul-13 Ago-13 Set-13

Ações de insolvência

Número acumulado 7 763 2 164 4 644 6 595 5 439 5 808 6 595

Tvha (%) 27.7 10.9 20.6 18.4 21.4 19.2 18.4

Fonte: IGNIOS (anteriormente designada de Coface)

Por distritos, o Porto concentrou a maior fatia das insolvências, seguido por Lisboa e Braga.

Figura 3.5.2.1 Insolvências de empresas: distribuição por distrito (2012 e Jan-Set 2013, %)

Por setor de atividade, o maior peso das insolvências foi registada na “Construção e obras

públicas”, seguida pela “indústria transformadora” e pelo comércio, excluindo veículos

automóveis (16.6% no “comércio a retalho” e 12.5% no “comércio por grosso”).

0.1

0.1

0.5

0.5

0.7

0.9

0.9

1.1

1.0

1.3

1.7

2.4

2.7

3.5

3.4

4.3

4.7

5.3

8.1

13.6

19.6

23.5

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0

Horta

Angra do Heroísmo

Ponta Delgada

Bragança

Beja

Portalegre

Guarda

Vila Real

Évora

Castelo Branco

Viana do castelo

Viseu

Madeira

Coimbra

Faro

Santarém

Setúbal

Leiria

Aveiro

Braga

Lisboa

Porto

2012 Jan-Set 13Fonte: IGNIOS

Abrandamento

das insolvências

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 55

Figura 3.5.2.2: Insolvências de empresas: estrutura por setor (2012 e Jan-Set 2013, %)

3.6 Evolução recente das exportações de bens e de serviços

Nesta seção são apresentadas as principais tendências das exportações de bens e serviços,

incluindo o cálculo e análise das quotas de mercado.

3.6.1 Intensidade exportadora (total, bens e serviços)

A intensidade exportadora aumentou nos dois primeiros trimestres de 2013, segundo as

contas nacionais.

O peso das exportações totais no PIB a preços correntes aumentou para 41.1% no

segundo trimestre (após 39.8% no primeiro trimestre e 38.7% em 2012), refletindo sobretudo

a melhoria na componente de bens, que atingiu um valor de 30.6% do PIB (29.5% no

primeiro trimestre e 28.9% em 2012), quase o triplo da componente de serviços (10.5%,

que compara com 10.3% no primeiro trimestre e 9.8% em 2012).

0.1

0.2

0.3

0.4

0.9

3.8

3.9

7.5

12.5

16.6

16.8

18.3

18.7

0.0 10.0 20.0 30.0

Telecomunicações

Indústria extrativa

Eletricidade, gás e água

Não identificados

Agricultura, caça e pesca

Comércio de veículos

Transportes

Hotelaria e restauração

Comércio por grosso

Comércio a retalho

Outros serviços

Indústria transformadora

Construção e obras públicas

2012 Jan-Set 13Fonte: IGNIOS

Intensidade

exportadora

mantém

trajetória

ascendente

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 56

Figura 3.6.1.1: Intensidade exportadora: total, bens e serviços

3.6.2 Evolução das exportações de bens (comércio internacional)

Os dados do comércio internacional do INE mostram que as exportações de bens registaram

variações homólogas nominais de 5.7% em 2012 e de 4% de janeiro a setembro de 2013.

Por grupos de produtos, é de salientar a elevada influência da componente de

“combustíveis”, onde se observaram crescimentos de 22.5% e 28.2% nos dois períodos

referidos. Excluindo esta componente, o crescimento das exportações de bens reduz-se para

4.4% e 1.7%, respetivamente.

No que se refere aos outros grupos de produtos, merece referência o crescimento elevado da

componente de “alimentação, bebidas e tabaco” (9.2% de janeiro a setembro de 2013),

originando o segundo maior contributo para o crescimento total das exportações de bens nesse

período (0.5 pontos percentuais), a seguir ao contributo predominante dos “combustíveis” (2.4

p.p.). Os grupos de “calçado” e “peles e couros” registaram também taxas de crescimento

elevadas até setembro (6.9% e 20%, respetivamente), embora com contributos para o

crescimento global inferiores aos de outros setores menos dinâmicos mas com um peso mais

significativo no total de exportações, como a “madeira e cortiça” e os “químicos”.

Em termos de contributos negativos, realça-se a queda de 6.9% nas exportações de “material

de transporte” (após uma descida de 5.3% em 2012), retirando 0.8 p.p. ao crescimento global

das exportações de mercadorias de janeiro a setembro.

38.7 39.8 41.1

28.9 29.5

30.6

9.8 10.3 10.5

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

2012 1T 13 2T 13

Exportações totais (% do PIB)

Exportações de bens (% do PIB)

Exportações de serviços (% do PIB)Fonte: INE

Combustíveis

com elevado

contributo no

acréscimo das

exportações

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 57

Quadro 3.6.2.1: Exportações de mercadorias por tipo de produtos

Período 2012 Jan-Set 13

Valor

(M€)

Tvh

(%)

Contributo

(p.p.)

Valor

(M€)

Tvh

(%)

Contributo

(p.p.)

Máquinas e aparelhos 6 945 10.7 1.6 5 183 0.3 0.0

Material de transporte 5 240 -5.3 -0.7 4 060 -6.9 -0.8

Têxteis 4 114 -1.3 -0.1 3 080 2.4 0.2

Combustíveis 3 770 22.5 1.6 2 941 28.2 2.4

Metais 3 724 8.8 0.7 2 780 0.8 0.1

Madeira e cortiça 3 666 1.5 0.1 2 739 4.6 0.4

Plásticos e borracha 3 102 7.2 0.5 2 358 4.9 0.3

Alimentação, bebidas e tabaco 2 768 6.7 0.4 1 981 9.2 0.5

Químicos 2 533 3.5 0.2 1 905 5.6 0.3

Animais vivos e prod. de origem animal

e vegetal (inclui gorduras)

2 451 5.9 0.3 1 749 6.0 0.3

Calçado 1 697 4.5 0.2 1 314 6.9 0.3

Outros 1 573 18.9 0.6 1 288 -10.5 -0.4

Outros produtos minerais não

metálicos

1 453 0.4 0.0 1 107 3.1 0.1

Mobiliário 1 282 6.5 0.2 848 6.0 0.1

Minério 759 3.7 0.1 585 0.1 0.0

Peles e couros 184 12.7 0.0 134 20.0 0.1

Total 45 259 5.7 34 052 4.0

Total sem combustíveis 41 490 4.4 4.1 31 111 1.7 1.6

Fonte: INE.

Considerando agora a desagregação das exportações de mercadorias por mercados de

destino, os dados mostram um abrandamento do mercado extracomunitário de janeiro a

setembro de 2013 (variação homóloga de 7.4%, após 19.6% em 2012), parcialmente

compensado por um maior dinamismo das exportações para a UE (crescimento de 2.6%, que

compara com uma subida de apenas 0.9% em 2012).

Dos 20 principais mercados de exportação (considerando os pesos em 2012), as maiores

subidas homólogas no período de janeiro a setembro de 2013 foram registadas fora da UE:

Marrocos (70.9%, após 18.4% em 2012), que regista o segundo maior contributo para o

crescimento global das exportações, Argélia (47.8%, após 19.6% em 2012) e Brasil (11.2%,

após 16.4% em 2012). Dentro da UE, destaca-se o acréscimo de 10.5% para a Polónia (0% em

2012) e, sobretudo, a subida de 9.4% para o mercado espanhol (em recuperação após uma

queda de 4.7% em 2012), que representa o maior contributo (2.1 p.p.).

Os principais contributos negativos para a evolução das exportações até setembro foram de

-0.4 p.p. no mercado da China (tvhn de -20.0%, após 96.1% em 2012), -0.3 p.p. na Venezuela

(-42.3%, após 103.3% em 2012) e -0.3 p.p. na Alemanha (-2.7%, após -3.3% em 2012).

Mercado

europeu mais

dinâmico

Marrocos,

Argélia, Brasil,

Espanha e

Angola, os

mercados de

destino mais

dinâmicos

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 58

Quadro 3.6.2.2: Exportações de mercadorias nos principais mercados

Período 2012 Jan-Set 13

Valor

(M€)

Tvhn

(%)

Contributo

(p.p.)

Valor

(M€)

Tvhn

(%)

Contributo

(p.p.)

Espanha 10 171 -4.7 -1.2 7 669 9.4 2.1

Alemanha 5 607 -3.3 -0.5 4 293 -2.7 -0.3

França 5 348 2.7 0.3 4 057 1.7 0.2

Angola 2 991 28.4 1.5 2 114 4.3 0.3

Reino Unido 2 394 7.2 0.4 1 757 7.2 0.4

Países Baixos 1 874 12.0 0.5 1 414 0.1 0.0

Estados Unidos 1 865 24.6 0.9 1 428 1.0 0.0

Itália 1 660 5.6 0.2 1 218 -3.6 -0.1

Bélgica 1 426 5.6 0.2 1 089 -2.4 -0.1

China 778 96.1 0.9 626 -20.0 -0.4

Brasil 679 16.4 0.2 490 11.2 0.2

Suécia 466 4.9 0.1 339 1.9 0.0

Marrocos 459 18.4 0.2 354 70.9 0.7

Argélia 428 19.6 0.2 285 47.8 0.4

Polónia 404 0.0 0.0 303 10.5 0.1

Suíça 401 7.8 0.1 304 4.6 0.0

Turquia 355 18.2 0.1 271 7.3 0.1

República Checa 327 10.9 0.1 250 -17.7 -0.1

Venezuela 313 103.3 0.4 226 -42.3 -0.3

Dinamarca 313 15.2 0.1 226 2.7 0.0

Total 45 259 5.7 34 052 4.0

Intra-UE 32 152 0.9 0.7 24 312 2.6 1.9

Extra-UE 13 107 19.6 5.0 9 740 7.4 2.1

Fonte: INE.

A dinâmica mais recente das exportações de mercadorias mostra uma aceleração no terceiro

trimestre de 2013, por comparação com o crescimento acumulado no ano (tvh de 5.8% e

4%, respetivamente), refletindo o maior ritmo de crescimento no mercado comunitário, que

contrariou o abrandamento no mercado extracomunitário.

Quadro 3.6.2.3: Dinâmica recente das exportações de mercadorias

Período Jan-Set 13 Jul-Set 13

Total (tvh, %) 4.0 5.8

Intra-UE (tvh, %) 2.6 6.0

Extra-UE (tvh, %) 7.4 5.4

Fonte: INE.

Aceleração das

exportações de

bens no

terceiro

trimestre

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 59

3.6.3 Quotas de mercado das exportações de mercadorias

Os resultados do cálculo das quotas de mercado das exportações nacionais de

mercadorias (ver notas do quadro 3.6.3.1) apontam para um valor de 0.34% no primeiro

semestre de 2013, o que representa uma subida face ao valor observado no conjunto de 2012

(0.31%), traduzindo melhorias tanto no mercado comunitário (de 0.7% em 2012 para 0.75%

no primeiro semestre deste ano), como no mercado extracomunitário (de 0.13% para 0.15%).

Quadro 3.6.3.1: Quotas de mercado das exportações de mercadorias (%)

Período 2012 Jan-Jun-13

Mundo 0.31 0.34

Intra-UE(27) 0.70 0.75

Extra-UE(27) 0.13 0.15

Fontes: INE; BdP; OMC. Nota metodológica: as quotas foram calculadas usando dados do INE para o valor acumulado

no ano das exportações de mercadorias em valor, dividido pelas importações mundiais (dados da OMC, convertidos de

dólares para euros usando taxas de câmbio médias do BdP).

É de realçar que o aumento das quotas de mercado das exportações portuguesas de

mercadorias em 2013 é particularmente importante por ocorrer num contexto de queda da

procura externa relevante, atendendo à evolução do indicador de procura externa do INE

(tvhn de -2.9% no primeiro trimestre e -3.3% no segundo, após 1% em 2012). Confrontando a

evolução homóloga das exportações de mercadorias e da procura externa relevante, o ganho

de quota de mercado terá atingido 9.5% em termos homólogos no segundo trimestre

Figura 3.6.3.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa

relevante e dos ganhos de quota de mercado

5.7

0.1

6.2 5.8

1.0

-2.9 -3.3

4.7

3.0

9.5

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

2012 1T 13 2T 13 3T 13

Exportações de mercadorias (tvhn, %)

Procura externa relavante (tvhn, %)

Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercadoFonte: INE

Aumento das quotas

de mercado das

exportações em

2013 apesar da

queda da procura

externa relevante

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 60

Entre os 20 principais mercados de exportação, a quota de mercado mais elevada de

Portugal nos valores acumulados em 2013 foi registada no mercado de Angola (16.30% de

janeiro a junho, após 16.01% em 2012), seguindo-se, a grande distância, os mercados de

Espanha (4.44% de janeiro a setembro; 3.90% em 2012), Marrocos (2.38% de janeiro a

setembro; 1.32% em 2012), Argélia (1.34% de janeiro a setembro, 1.09% em 2012) e

França (1.08% de janeiro a setembro; 1.02% em 2012), em todos os casos em alta face a

2012. Apenas em quatro casos se verificaram descidas de quota face a 2012,

designadamente nos mercados da Venezuela (de 0.67% em 2012 para 0.41% de janeiro a

junho de 2013), da República Checa (de 0.30% em 2012 para 0.26% de janeiro a setembro

de 2013), da Dinamarca (de 0.44% em 2012 para 0.42% de janeiro a setembro de 2013) e

da China (de 0.055% em 2012 para 0.046% de janeiro a setembro de 2013).

Figura 3.6.3.2: Quotas de mercado das exportações portuguesas de bens no mundo e nos 20

principais mercados: 2012 e acumulado em 2013 (%)

3.6.4 Exportações de serviços: evolução e quota de mercado

De acordo com dados do Banco de Portugal, a variação homóloga nominal das exportações

de serviços passou de -0.3% em 2012 para 6.5% de janeiro a setembro de 2013. Destaca-se

a subida homóloga de 7.3% da componente do “turismo” nos nove primeiros meses de 2013

(5.6% em 2012), representando o maior contributo para o aumento das exportações de

serviços (3.4 p.p.) nesse período. Seguiram-se os contributos de 1.2 p.p. nos serviços de

“transportes” (crescimento de 4.3%) e de 1.0 p.p. dos “outros serviços fornecidos por

0.046

0.11

0.20

0.26

0.29

0.30

0.34

0.38

0.39

0.41

0.42

0.42

0.43

0.44

0.51

0.62

1.08

1.34

2.38

4.44

16.30

0.000 3.000 6.000 9.000 12.000 15.000 18.000

China

Estados Unidos

Turquia

República Checa

Suíça

Polónia

MUNDO

Brasil

Suécia

Venezuela

Bélgica

Dinamarca

Países Baixos

Itália

Reino Unido

Alemanha

França

Argélia

Marrocos

Espanha

Angola

2012 Jan-Set 13 (Jan-Jun 13 para Mundo, Angola e Venezuela)Fontes: INE, OMC,

INE Angola, BdP

Angola destaca-se

com a maior quota

de mercado

Turismo

impulsiona

crescimento das

exportações de

serviços

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 61

empresas”, que registaram uma recuperação assinalável (7.1%) após um recuo significativo em

2012 (26.0%), que determinou a queda ligeira do total das exportações de serviços nesse ano.

Quadro 3.6.4.1: Exportações de serviços

Período 2012 Jan-Set 13

Valor (M€)

Tvh (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvh (%)

Contributo (p.p.)

Turismo 8 606 5.6 2.4 7 160 7.3 3.4

Transportes 5 395 4.0 1.1 4 266 4.3 1.2

Outros serviços fornecidos por empresas

2 652 -26.0 -4.9 2 166 7.1 1.0

Outros serviços 2 466 9.0 1.1 1 891 7.5 0.9

Total 19 098 -0.3 15 483 6.5

Fonte: BdP

A dinâmica mais recente das exportações de serviços dá conta de uma ligeira aceleração no

terceiro trimestre, por comparação com o acumulado no ano (tvhn de 6.7% e 6.5%,

respetivamente), devido a uma progressão mais acentuada nos “outros serviços fornecidos por

empresas” (13.6% e 7.1%) e “outros serviços”, mais do que compensando um abrandamento

nas rubricas de “turismo” (6.4% e 7.3%) e “transportes” (3.5% e 4.3%).

A quota das exportações de serviços nacionais no mercado mundial situou-se em 0.57% no ano

de 2012, segundo a informação disponível da OMC.

3.7 Financiamento

Começa por se destacar a evolução das taxas de juro no mercado monetário interbancário.

Figura 3.7.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %)

0.226

0.342

0.541

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

out-

12

nov-1

2

dez-

12

jan-1

3

fev-1

3

mar-

13

abr-

13

mai-13

jun-1

3

jul-13

ago-1

3

set-

13

out-

13

Euribor 3m Euribor 6 m Euribor 12 mFonte: BdP

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 62

As taxas Euribor médias subiram em outubro nos vários prazos, na expectativa de que o

BCE já não iria baixar mais as taxas de juro diretoras ante a perspetiva de retoma económica

na Europa em 2014.

Já em novembro, a descida inesperada das taxas diretoras do BCE na reunião de início do

mês (para um mínimo histórico de 0.25%, no caso da taxa principal de refinanciamento) levou

a uma queda das taxas Euribor diárias, situando-se, no dia 28, em 0.233% no prazo de 3

meses, 0.329% nos 6 meses e 0.500% nos 12 meses.

Quadro 3.7.1: Taxas de juro e stock de crédito

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13

Taxas de juro (%)

Mercado monetário (< 1 ano)

Taxa “Refi” do BCE (final de período) 0.75 0.75 0.50

0.50 0.50 0.50 0.50

Taxas Euribor (valores médios)

3 meses 0.574 0.211 0.207 0.223 0.226 0.223 0.226

6 meses 0.822 0.345 0.315 0.339 0.342 0.340 0.342

12 meses 1.099 0.571 0.506 0.537 0.542 0.543 0.541

Merc. de capitais (>1 ano): OT

Yield PT, 10 anos (média) (a) 10.55 6.25 5.97 6.84 6.60 7.06 6.33

Yield zona euro, 10 anos 3.88 3.06 2.82 3.15 3.13 3.24 3.03

Yield Alemanha, 10 anos (b) 1.50 1.47 1.34 1.73 1.74 1.89 1.76

Prémio de risco de PT = (a) –(b) 9.05 4.78 4.63 5.11 4.86 5.17 4.57

Crédito a empresas

Novas op.até 1 M€(sem desc. banc.)

Taxa de juro média pond. em PT 7.08 6.61 6.49 6.37 6.43 6.25

Tx. de juro média pond. na Z. Euro 4.07 3.78 3.80 3.75 3.69 3.74

Stock de crédito (final de período)

Crédito interno total (mil M€) 344 454 340 239 340 616 338 031 337 956 338 031

Tvh (%) -5.0 -6.6 -4.9 -4.0 -4.2 -4.0

Crédito a soc. não financeiras 123 257 121 644 121 201 117 293 119 418 117 293

Tvh (%) -9.0 -8.6 -7.7 -7.7 -6.8 -7.7

Crédito à Ind. transformadora 13 595 13 582 13 758 13 428 13 324 13 428

Tvh (%) -7.7 -6.5 -3.8 -3.5 -5.1 -3.5

Fontes: BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro.

No mercado de dívida pública, a yield média de Portugal a 10 anos subiu para 7.06% em

setembro (perto dos níveis do pedido de ajuda internacional, incorporando um diferencial de

5.17 pontos percentuais face à Alemanha, que constitui uma medida do prémio do risco-país),

na sequência da crise política de junho e dos anúncios de inconstitucionalidade da lei da

requalificação da função pública e de algumas normas do código de trabalho.

Descida da

principal taxa de

juro de referência

do BCE para um

novo mínimo

histórico em

novembro

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 63

A média mensal recuou para 6.33% em outubro, refletindo a conclusão favorável das oitava e

nona avaliações regulares do programa de assistência a Portugal. Esse valor foi o segundo mais

elevado dentro da zona euro, apenas abaixo da Grécia (8.74%) e já perto do Chipre (6%), mas

muito distante dos 1.76% da Alemanha (traduzindo um prémio de risco de 4.57 p.p.).

No início de novembro, a agência de rating Moody’s melhorou a perspetiva da dívida soberana

nacional de “negativa” para “estável” (significando que não prevê alterar a notação

proximamente), o que fez recuar a yield a 10 anos abaixo dos 6%. A aprovação do Orçamento

de Estado de 2014 e a menor pressão dos mercados sobre os juros soberanos de outros países

também contribuíram para a descida da yield nacional, que se situou em 5.93% no dia 28.

Figura 3.7.2: Yields soberanas a 10 anos em alguns países da zona euro (%)

A queda recente das taxas Euribor e das yields nacionais é favorável à continuação da descida

da taxa de juro média dos empréstimos às sociedades não financeiras que, em

setembro, recuou para 6.25% na média dos vários prazos para as novas operações até 1 M€

(6.43% em agosto), ainda o terceiro valor mais elevado da zona euro (3.74%), apenas abaixo

dos valores de 6.63% na Grécia e 6.46% no Chipre, e a uma grande distância dos outros países

da área, sobretudo do Luxemburgo (2.06%), da França (2.81%) e da Alemanha (3.01%).

1.76

8.74

6.33

0

5

10

15

20

25

30

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-1

2

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

Chipre Alemanha Espanha França

Grécia Irlanda Itália PortugalFonte: Eurostat

Taxas de juro às

empresas recuam

mas ainda entre

as mais elevadas

na Europa

Yield soberana de

Portugal a 10

anos recua abaixo

de 6% em

novembro

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 64

Figura 3.7.3: Taxas de juro sobre novas operações denominadas em euros (até 1 M€ e

excluindo descobertos bancários) concedidas às sociedades não financeiras por instituições

financeiras monetárias (médias ponderadas, %)

No que se refere ao stock de crédito concedido às sociedades não financeiras

nacionais, a queda homóloga acentuou-se ligeiramente para 7.7% no final de setembro

(117293 M€), mas ainda dentro de uma tendência recente de desagravamento (face a uma

descida de 9% em dezembro de 2012).

Figura 3.7.4: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não

financeiras (M€ e tvh em %)

6.46

3.01

5.01

2.81

6.63

4.52

4.34

2.06

6.25

3.74

1

2

3

4

5

6

7

8

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-

12

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

Chipre Alemanha Espanha França Grécia

Irlanda Itália Luxemburgo Portugal Zona EuroFonte: Eurostat

117 293

-7.7%

-10.0%

-9.0%

-8.0%

-7.0%

-6.0%

-5.0%

-4.0%

-3.0%

-2.0%

-1.0%

0.0%

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-

11

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-1

2

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

Stock de crédito interno às soc. não fin. (esc. esq.) tvh (esc. dta.)Fonte: BdP

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 65

Contudo, a queda do crédito concedido às sociedades não financeiras é ainda superior à

descida média do crédito interno total (4.0%, após 5% em dezembro de 2012), influenciada

pelo crescimento nas administrações públicas (0.9%), ainda que em abrandamento desde

dezembro de 2012 (altura em que se registava um crescimento de 18.9%). Entre dezembro de

2012 e setembro de 2013, o crédito interno diminuiu 6423 M€, com variações de -5964 M€ nas

sociedades não financeiras, -4519 M€ nos particulares, +1157 M€ nas sociedades

financeiras e +2903 M€ nas administrações públicas, que continuam a constituir a

principal exceção na redução da concessão de crédito.

Figura 3.7.5: Crédito interno do setor financeiro monetário por setor institucional (M€)

Figura 3.7.6: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de atividade

(saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€)

117 293

43 043

129 631

48 064

0

50 000

100 000

150 000

200 000

250 000

300 000

350 000

400 000

jan-1

1

mar-

11

mai-11

jul-11

set-

11

nov-1

1

jan-1

2

mar-

12

mai-12

jul-12

set-

12

nov-1

2

jan-1

3

mar-

13

mai-13

jul-13

set-

13

Soc. não fin. Adm. Públicas Particulares Instit. Fin. não monetáriasFonte: BdP

1 974

4 268

5 056

8 809

12 479

13 428

13 796

18 106

22 755

0 5 000 10 000 15 000 20 000 25 000

Agricultura, produção animal, caça,floresta e pesca

Eletricidade, gás, vapor e água;gestão de resíduos

Alojamento, restauração e similares

Transportes e armazenagem

Comércio

Indústria transformadora

Atividades imobiliárias

Construção

Outras atividades

Dez-12 Set-13Fonte: BdP

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 66

Por setor de atividade, apenas os “transportes e armazenagem” e a “agricultura, produção

animal, caça floresta e pesca” evidenciaram um aumento do crédito concedido entre dezembro

de 2012 e setembro de 2013 (para 8809 e 1974 M€, respetivamente). Na “indústria

transformadora”, o valor passou de 13595 para 13428 M€, continuando a ocupar a terceira

posição no crédito concedido, a seguir à “construção” e às “atividades imobiliárias”.

Na “indústria transformadora”, o crédito concedido aumentou (entre dezembro do ano

passado e setembro de 2013) nas indústrias de “equipamento elétrico e ótico”, de “produtos

petrolíferos”, de “metalurgia de base”, de “pasta e papel”, de “têxteis e vestuário” e de “couro”.

Em sentido contrário, as indústrias de “outros minerais não metálicos” foram as que registaram

a queda mais acentuada, seguidas pelas indústrias de “alimentação, bebidas e tabaco”, que

continuaram a registar o maior stock de crédito na” indústria transformadora” (3150 M€).

Figura 3.7.7: Empréstimos bancários por subsetor da indústria transformadora (saldos em

final de mês, não incluindo títulos; M€)

Ainda dentro das sociedades não financeiras, e neste caso já com informação dos empréstimos

até outubro (não diretamente comparável com a anterior, por incluir empréstimos de

instituições não monetárias, mas excluir o crédito titularizado), destaca-se a variação homóloga

positiva de 3.2% no crédito às empresas exportadoras, ainda que em abrandamento (após

4.5% no final de setembro e 5.4% no final de dezembro de 2012). A queda dos empréstimos

às PME continuou a ser muito acentuada, apesar de algum desagravamento. O crédito às

grandes empresas, que subiu 2.1% no final de 2012, registou uma quebra de 3.3% no final

de outubro, certamente refletindo a recuperação gradual do acesso a outras fontes de

financiamento, como o mercado de capitais.

124

381

396

404

486

574

612

747

844

1 201

1 323

1 419

1 767

3 150

0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500

Outras indústrias transformadoras

Veículos automóveis

Couro

Mobiliário

Máquinas e equipamento

Equipamento elétrico e ótico

Borracha e plásticos

Pasta e papel

Madeira e cortiça

Outros minerais não metálicos

Produtos petrolíferos

Têxteis e vestuário

Metalurgia de base

Alimentação, bebidas e tabaco

Dez-12 Set-13Fonte: BdP

Empréstimos às

empresas:

- aumento nas

exportadoras

- desagravamento

nas PME

- quebra ligeira nas

grandes empresas

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 67

Figura 3.7.8: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não

financeiras: total (inclui SGPS), grandes empresas, PME e exportadoras (tvh, %)

3.8 Mercado de Trabalho

No terceiro trimestre, a taxa de desemprego oficial (do inquérito trimestral ao emprego do

INE) diminuiu pelo segundo trimestre consecutivo, situando-se em 15.6% (após 16.4% no

trimestre anterior e um máximo histórico de 17.7% no primeiro trimestre).

Em comparação homóloga (não influenciada pela sazonalidade, ao contrário da variação

trimestral), a taxa de desemprego registou uma descida de 0.2 p.p., a primeira desde o

segundo trimestre de 2008, refletindo uma diminuição mais forte da população

desempregada (3.7%) do que da população ativa (2.4%).

A população empregada apresentou uma queda homóloga de 2.2% (com quedas de 7.4%

no setor primário e 8.6% no secundário, atenuadas pela subida de 1.2% nos serviços).

Os desempregados oriundos do setor primário foram os que mais diminuíram em termos

homólogos no terceiro trimestre (queda de 6.4%), seguindo-se as quedas no setor terciário

(6.1%) e secundário (4.2%).

Regista-se, também, a diminuição homóloga acima da média do desemprego jovem no

terceiro trimestre (queda de 3 p.p., para 36%), mantendo-se, contudo, num nível ainda muito

elevado. A taxa de desemprego de longa duração continuou a aumentar em termos

homólogos (1.2 p.p., para 10%).

-10.1

2.1

5.4

-7.2

-8.8

-3.5

4.5

-7.6 -8.6

-3.3

3.2

-7.2

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

PME Grandes empresas Empresas exportadoras Total

Dez-12 Set-13 Out-13Fonte: BdP

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 68

Quadro 3.8.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE

Período 3T 12 1T 13 2T 13 3T 13 v. hom. v.trim.

População ativa (103 indivíduos) 5 527.2

5 385.4 5 391.6 5 392.2 -2.4% 0.0%

Taxa de atividade (%) 52.2 51.2 51.3 51.1 -0.8 p.p. 0.1 p.p.

População empregada (103) 4 656.3

4 433.2 4 505.6 4 553.6 -2.2% 1.1%

Sector Primário 500.8 433.9 480.1 463.6 -7.4% -3.4%

Sector Secundário 1 185.6 1 100.7 1 093.8 1 083.3 -8.6% -1.0%

Sector Terciário 2 969.9 2 898.7 2 931.7 3 006.7 1.2% 2.6%

População desempregada (103) 870.9

952.2 886.0 838.6 -3.7% -5.3%

Ensino básico: até 3º ciclo 517.9 572.4 550.2 483.7 -6.6% -12.1%

Ensino secundário ou pós-secundário 215.5 231.6 209.3 208.5 -3.2% -0.4%

Ensino superior 137.5 148.1 126.4 146.5 6.5% 15.9%

Desemp. à procura de novo emprego (103) 772.2 859.1 800.3 734.6 -4.9% -8.2%

Oriundos do Sector Primário 15.7 27.1 20.6 14.7 -6.4% -28.6%

Oriundos do Sector Secundário 272.2 317.4 293.5 260.8 -4.2% -11.1%

Oriundos do Sector Terciário 456.6 485.0 459.0 428.7 -6.1% -6.6%

Taxa de desemprego (%) 15.8 17.7 16.4 15.6 -0.2 p.p. -0.8 p.p.

Homens 16.0 17.8 16.4 15.3 -0.7 p.p. -1.1 p.p.

Mulheres 15.4 17.5 16.5 15.9 0.5 p.p. -0.6 p.p.

Jovens (15-24 anos) 39.0 42.1 37.1 36.0 -3.0 p.p. -1.1 p.p.

Longa duração (12 ou mais meses) 8.8 10.4 10.2 10.0 1.2 p.p. -0.2 p.p.

Regiões

Norte 16.4 18.6 17.2 16.6 0.2 p.p. -0.6 p.p.

Centro 12.5 13.3 11.5 11.2 -1.3 p.p. -0.3 p.p.

Lisboa 17.8 19.5 19.3 17.9 0.1 p.p. -1.4 p.p.

Alentejo 16.1 18.5 17.2 16.1 0.0 p.p. -1.1 p.p.

Algarve 14.7 20.5 16.9 13.8 -0.9 p.p. -3.1 p.p.

R. A. Açores 15.4 17.0 16.1 17.7 2.3 p.p. 1.6 p.p.

R. A. Madeira 17.5 20.0 18.8 17.3 -0.2 p.p. -1.5 p.p.

Fonte: INE.

Figura 3.8.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração (%, sem correção de

sazonalidade)

12.4 12.1 12.4 14.0 14.9 15.0 15.8 16.9 17.7

16.4 15.6

27.8 27.0 30.0

35.4 36.2 35.5

39.0 40.0 42.1

37.1 36.0

6.6 6.7 6.4 7.4 7.6 8.0 8.8 9.5 10.4 10.2 10.0

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1T 1

1

2T 1

1

3T 1

1

4T 1

1

1T 1

2

2T 1

2

3T 1

2

4T 1

2

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

Taxa de desemprego total

Taxa de desemprego jovem (15-24 anos)

Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses)Fonte: INE

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 69

Por regiões, o valor mais elevado da taxa de desemprego continuou a ser registado em Lisboa

(17.9%), seguindo-se os Açores (17.7%) e o Norte (16.6%), enquanto o valor mais baixo foi

observado no Centro (11.2%). A descida foi quase generalizada em cadeia (com exceção da R.

A. dos Açores), mas em termos homólogos apenas três regiões registaram uma descida,

designadamente o Centro, o Algarve e a R. A. da Madeira.

Complementarmente, salienta-se também a evolução positiva de alguns indicadores de

frequência mensal do IEFP, como o abrandamento do desemprego registado (tvh de 0% em

outubro) e a aceleração das ofertas de emprego (tvh de 69.2% em setembro).

Quadro 3.8.2: Dados mensais do IEFP sobre o mercado de trabalho

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13

Desemprego registado (103, final de período) 710.7 734.4 689.9 697.3 695.1 697.3 694.9

Desemprego registado médio (tvh, %) 20.9 13.7 9.2 3.4 3.2 2.0 0.0

Ofertas de emprego (tvh, %) 17.3 26.3 42.1 58.7 52.6 62.0 69.2

Fonte: GEE - Ministério da Economia (dados do IEFP).

A taxa de desemprego mensal de Portugal estimada pelo Eurostat (corrigida de

sazonalidade) recuou, em outubro, pelo oitavo mês seguido, para 15.7% (um mínimo desde

maio de 2012), ainda o quarto valor mais elevado da zona euro (a seguir à Espanha, Chipre e

Grécia), cuja média se situou em 12.1% (que compara com 7.3% nos EUA). A taxa de

desemprego jovem de Portugal subiu para 36.5% (24.4% na zona euro), mas ainda dentro

de uma tendência de descida desde o início do ano.

Figura 3.8.2: Taxas de desemprego mensais de Portugal, da zona euro e dos EUA (%, com

correção de sazonalidade)

17.0 17.3 17.6 17.6 17.4 17.3 16.9 16.6

16.2 16.0 15.8 15.7

11.8 11.9 12.0 12.0 12.0 12.1 12.1 12.1 12.1 12.1 12.2 12.1

7.8 7.8 7.9 7.7 7.6 7.5 7.6 7.6 7.4 7.3 7.2 7.3

6.0

8.0

10.0

12.0

14.0

16.0

18.0

20.0

nov-1

2

dez-

12

jan-1

3

fev-1

3

mar-

13

abr-

13

mai-13

jun-1

3

jul-13

ago-1

3

set-

13

out-

13

Portugal Zona euro (17) EUAFontes: Eurostat, Dep. do Comércio dos EUA

Taxa de

desemprego

recua pelo oitavo

mês consecutivo

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 70

3.9 Custos das Matérias-primas

A tabela abaixo apresenta a evolução dos principais índices e cotações internacionais das

matérias-primas disponibilizados pelo FMI.

Quadro 3.9.1: Índices e cotações das matérias-primas

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13

Índices (2005=100, $)

Índice global de matérias-primas (100%) 186.3 187.4 179.1 184.7 185.55 184.88 182.20

Tvc (%) -3.2 2.9 -4.4 3.1 1.1 -0.4 -1.4

Índice de m.p. agrícolas (7.7%) 134.0 133.1 137.0 135.0 133.99 134.36 137.49

Tvc (%) -12.7 0.8 2.9 -1.5 -1.9 0.3 2.3

Índice de metais (10.7%) 191.0 199.4 176.5 177.1 180.90 177.88 179.02

Tvc (%) -16.8 7.1 -11.5 0.3 4.8 -1.7 0.6

Índice da energia (63.1%) 195.2 194.5 184.6 195.6 196.77 197.89 192.92

Tvc (%) 0.7 2.9 -5.1 6.0 2.3 0.6 -2.5

Índice de alimentação e bebidas (18.5%) 175.1 178.5 179.4 172.3 171.50 165.62 166.12

Tvc (%) -4.0 0.8 0.5 -4.0 -4.6 -3.4 0.3

Preços de matérias-primas industriais

Algodão (cts. $/libra de peso) 82.94 89.89 92.75 91.81 92.71 90.09 89.35

Tvc (%) -42.3 9.5 3.2 -1.0 0.1 -2.8 -0.8

Cobre ($/tonelada) 7958.9 7922.3 7156.7 7084.1 7186.3 7159.3 7203.0

Tvc (%) -9.8 0.1 -9.7 -1.0 4.0 -0.4 0.6

Minério de ferro ($/tonelada) 128.5 148.3 125.4 132.8 137.1 134.2 132.6

Tvc (%) -23.4 22.5 -15.5 5.9 7.8 -2.1 -1.2

Petróleo (barril de brent, $) 112.0 112.87 103.00 110.10 111.0 111.6 109.5

Tvc (%) 0.9 2.2 -8.7 6.9 3.0 0.6 -1.9

Fonte: FMI. Tvc = taxa de variação em cadeia. Cts=cêntimos

Figura 3.9.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais: metais,

matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais)

0

50

100

150

200

250

300

jan-0

5

mai-05

set-

05

jan-0

6

mai-06

set-

06

jan-0

7

mai-07

set-

07

jan-0

8

mai-08

set-

08

jan-0

9

mai-09

set-

09

jan-1

0

mai-10

set-

10

jan-1

1

mai-11

set-

11

jan-1

2

mai-12

set-

12

jan-1

3

mai-13

set-

13

M.P. Agrícolas Metais Energia Índice global M.P.Fonte: FMI

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 71

Após cinco meses de subida, o índice global de matérias-primas do FMI corrigiu em baixa

no mês de outubro (variação mensal em cadeia de -1.4%, correspondendo a uma variação

homóloga de -0.6%), refletindo uma descida na componente de energia (variação mensal de -

2.5%), que contrariou os ganhos das rubricas de matérias-primas agrícolas (2.3%), metais

(0.6%) e comestíveis (0.3%). O alívio das tensões no médio Oriente e o aumento das reservas

petrolíferas dos EUA contribuíram para a queda dos preços da energia.

Figura 3.9.2: Cotação média do algodão (cêntimos de dólar por libra de peso)

Nas matérias-primas agrícolas, o movimento de subida em outubro foi contrariado pelo preço

médio do algodão, que recuou pelo segundo mês seguido (0.8%, para 89.35 cêntimos de

dólar por libra de peso), a refletir os elevados stocks mundiais (concentrados na China).

Figura 3.9.3: Cotações médias do minério de ferro e do cobre (dólares por tonelada)

229,67

89.35

0.00

40.00

80.00

120.00

160.00

200.00

240.00

jan-0

5

mai-05

set-

05

jan-0

6

mai-06

set-

06

jan-0

7

mai-07

set-

07

jan-0

8

mai-08

set-

08

jan-0

9

mai-09

set-

09

jan-1

0

mai-10

set-

10

jan-1

1

mai-11

set-

11

jan-1

2

mai-12

set-

12

jan-1

3

mai-13

set-

13

Fonte: FMI

0.0

20.0

40.0

60.0

80.0

100.0

120.0

140.0

160.0

180.0

200.0

0.0

2000.0

4000.0

6000.0

8000.0

10000.0

12000.0

jan-0

5

mai-05

set-

05

jan-0

6

mai-06

set-

06

jan-0

7

mai-07

set-

07

jan-0

8

mai-08

set-

08

jan-0

9

mai-09

set-

09

jan-1

0

mai-10

set-

10

jan-1

1

mai-11

set-

11

jan-1

2

mai-12

set-

12

jan-1

3

mai-13

set-

13

cobre (escala esq.) minério de ferro (escala dta.)Fonte: FMI

Queda dos preços

da energia

justifica quebra

do índice de

matérias-primas

do FMI

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 72

Nota: No caso do minério de ferro, a cotação corresponde ao preço Spot das importações do metal pela China (62% FE,

porto de Tianjin); os preços anteriores a 2009 são anuais, refletindo o referencial que era acordado para cada ano entre

as três principais empresas do setor nível mundial (Rio Tinto, BHP Billiton e Vale).

Quanto aos metais, salientam-se a evolução recente dos preços do cobre e do minério de

ferro, que apresentam uma tendência descendente desde o início do ano. A cotação média do

minério de ferro recuou 1.2% em outubro (para 132.6 dólares por tonelada), enquanto o

cobre recuperou 0.6% (para 7203 dólares por tonelada).

No que se refere ao petróleo, a cotação do barril de brent recuou pela primeira vez em 6

meses em outubro (1.9%, para 109.5 dólares), traduzindo o alívio das tensões na Síria e o

aumento das reservas petrolíferas dos EUA. Já em novembro, a cotação diária do brent

valorizou-se (acima dos 111 dólares) com o adiamento da retirada dos estímulos de política

monetária da Reserva Federal e recuou para perto dos 110 dólares no dia 28, na sequência do

acordo sobre o programa nuclear do Irão. A descida foi limitada pela aproximação de uma

reunião da OPEP no início de dezembro.

Figura 3.9.4: Preço médio spot do petróleo (dólares por barril de brent)

133.9 124.9

109.5

0.0

25.0

50.0

75.0

100.0

125.0

150.0

jan-0

5

mai-05

set-

05

jan-0

6

mai-06

set-

06

jan-0

7

mai-07

set-

07

jan-0

8

mai-08

set-

08

jan-0

9

mai-09

set-

09

jan-1

0

mai-10

set-

10

jan-1

1

mai-11

set-

11

jan-1

2

mai-12

set-

12

jan-1

3

mai-13

set-

13

Fonte: FMI

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 73

3.10 Custos da Energia

3.10.1 Eletricidade

Em praticamente todos os escalões de consumo (exceção para o escalão de 20 a 500 MWh), os

preços sem IVA da eletricidade na indústria em Portugal evidenciaram variações

homólogas mais baixas do que a média da UE (28) no primeiro semestre de 2013, incluindo

variações negativas nos escalões de consumo entre 2000 e 150000 MWh (não existem dados

disponíveis acima de 150000 MWh para Portugal e vários outros países).

Quadro 3.10.1.1: Preços da eletricidade (sem IVA) em Portugal e na UE (€/KWh)

Área Portugal UE (28)

Período 1S 12 2S 12 1S 13 1S 13 1S 12 2S 12 1S 13

Ranking de preços altos na UE # s/ IVA (c/ IVA)

Bandas de consumo

IA: Consumo< 20 MWh

IB

0.1781 0.1813 0.1858 10º (7º) 0.1747 0.1849 0.1871

Tvh (%) 4.5 3.8 4.3 3.3 4.7 7.1

IB: [20Wh; 500 MWh[ 0.1354 0.1400 0.1445 10º (10º) 0.1346 0.1380 0.1416

Tvh (%) 8.5 8.8 6.7 3.7 4.9 5.2

IC: [500Wh; 2 000 MWh[ 0.1144 0.1148 0.1153 11º (10º) 0.1153 0.1187 0.1200

Tvh (%) 15.4 13.6 0.8 4.6 6.4 4.1

ID: [2 000; 20 000 MWh[ 0.1055 0.1040 0.1041 12º (8º) 0.1044 0.1155 0.1070

Tvh (%) 16.8 12.2 -1.3 7.7 13.8 2.5

IE: [20 000Wh; 70 000 MWh[ 0.0936 0.0919 0.0917 13º (11º) 0.0915 0.0947 0.0942

Tvh (%) 27.3 15.7 -2.0 4.5 4.5 3.0

IF: [70 000; 150 000 MWh] 0.0834 0.0815 0.0816 11º (12º) 0.0832 0.0844 0.0867

Tvh (%) 19.5 15.6 -2.2 1.1 4.2 4.2

Fonte: Eurostat. # s/ IVA (c/ IVA) = ranking do preço da eletricidade sem IVA (com IVA) de Portugal na UE.

As variações em cadeia para Portugal situaram-se em 2.5% e 3.2% nos dois primeiros

escalões de consumo e foram pouco significativas nos três seguintes (0.1%, -0.2% e 0.1%),

onde se mantém uma tendência de descida ligeira considerando o recuo observado ao longo de

2012. No caso da UE, registaram-se variações semestrais positivas nos três primeiros escalões

(1.2%, 2.6% e 1.1%, respetivamente), negativas nos dois seguintes (-4% e -0.5%) e, no

último escalão com informação disponível, novamente uma variação positiva (2.7%).

Em valor absoluto, pese embora a proximidade das médias europeias nos vários escalões de

consumo, os preços nacionais da eletricidade na indústria são ainda superiores à maioria dos

países da UE, oscilando entre as posições 10ª e 13ª nos vários escalões considerando os preços

sem IVA, e entre as posições 7ª e 12ª comparando os preços com IVA. Os escalões de menor

consumo, onde se situam geralmente as PME, são aqueles onde os preços da eletricidade

Preços da

eletricidade

superiores à

maioria dos

países europeus,

apesar de preços

no MIBEL dentro

da média da UE

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 74

tendem a ser relativamente mais elevados na comparação com os restantes países europeus,

penalizando a competitividade dessas empresas.

Os dados devem ser encarados com algum cautela. Os casos concretos podem afastar-se

significativamente dos valores médios, pois a informação baseia-se nas tarifas reguladas e

preços de referência fornecidos pelos comercializadores, não contemplando descontos ou

contratos especiais existentes em muitos países da UE. Por outro lado, por indisponibilidade de

dados, não são considerados os grandes consumidores de eletricidade (escalão>150000 MWh).

Quanto a informação mais recente, salienta-se a queda homóloga de 15% do preço médio

ponderado da eletricidade de Portugal no mercado ibérico de eletricidade desde o

início de 2013 até 4 de novembro (a variação é similar em Espanha, demonstrando a plena

integração e regular funcionamento do mercado ibérico), segundo informação divulgada pela

REN. Esta redução significativa dos custos de abastecimento dos distribuidores nacionais de

eletricidade poderá levar a um desagravamento dos preços da eletricidade para o setor

industrial, caso seja repercutida nos preços finais do mercado a retalho. Contudo, restam

dúvidas se a contribuição extraordinária sobre o setor da energia no Orçamento de Estado de

2014 não será repercutida nos preços finais (nomeadamente no preço da energia elétrica),

apesar das garantias do governo que tal não irá suceder.

Figura 3.10.1.1: Preço por grosso da eletricidade nos mercados regionais de eletricidade na

Europa (euros por Kilowatt/hora, excluindo IVA; MIBEL representado por Espanha)

O último relatório da Comissão Europeia sobre os mercados europeus de eletricidade,

relativo ao segundo trimestre, mostra que os preços do MIBEL comparam favoravelmente com

os outros mercados regionais europeus (ver figura acima extraída do relatório), sugerindo que

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 75

as disparidades de preços da eletricidade para a indústria em Portugal face à maioria dos outros

países europeus são geradas no mercado a retalho, em função da legislação e das práticas

comerciais vigentes.

3.10.2 Gás natural

Os preços do gás natural para a indústria em Portugal (sem IVA) registaram variações

homólogas mais altas do que a média da UE (28) no primeiro semestre de 2013, com taxas

de crescimento particularmente elevadas nos dois primeiros escalões de consumo (15% no

escalão até 1000 GigaJoules, GJ, e 10.7% no escalão de 1000 a 10000 GJ, que compara com

variações de 3.4% e 5.2% na média da UE, respetivamente). Nos três escalões seguintes, as

variações homólogas situaram-se em 4.9%, 3% e 0.8%, respetivamente, acima dos valores de

4.3%, 2.6% e -0.1% no caso da UE.

Quadro 3.10.2.1: Preços do gás natural (sem IVA) em Portugal e na UE (€/GJ)

Área Portugal UE (28)

Período 1S 12 2S 12 1S 13 1S 13 1S 12 2S 12 1S 13

Ranking de preços altos na UE # s/ IVA (c/ IVA)

Bandas de consumo

I1: Consumo< 1 000 GJ

IB

16.21 18.30 18.64 3º em 25 (3º) 14.28 15.00 14.77

Tvh (%) 8.6 10.4 15.0 14.4 11.0 3.4

I2: [1 000; 10 000 GJ [ 13.82 15.08 15.30 9º em 26 (5º) 12.95 13.38 13.62

Tvh (%) 14.3 15.2 10.7 13.7 7.6 5.2

I3: [10 000; 100 000 GJ [ 11.12 11.66 11.66 11º em 26 (12º) 11.04 11.28 11.51

Tvh (%) 18.3 10.1 4.9 13.5 7.2 4.3

I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ 9.88 10.24 10.18 12º em 26 (11º) 9.49 9.69 9.74

Tvh (%) 23.5 9.9 3.0 14.2 8.1 2.6

I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] 9.54 9.79 9.62 6º em 21 (6º) 8.78 8.91 8.77

Tvh (%) 30.9 11.4 0.8 16.6 9.5 -0.1

Fonte: Eurostat. # s/ IVA (c/ IVA) = ranking do preço do gás natural sem IVA (com IVA) de Portugal na UE.

Em termos de andamento em cadeia, os preços do gás natural para a indústria em Portugal

subiram nos dois primeiros escalões (1.9% e 1.5%), estabilizaram no terceiro e recuaram nos

dois escalões seguintes (0.6% e 1.7%), o que significa que o diferencial de preço entre os

pequenos e os grandes consumidores de gás se alargou ainda mais. As variações semestrais na

UE foram superiores na generalidade dos escalões, com exceção do primeiro (queda de 1.5%).

Em termos de valor absoluto, os preços do gás natural suportados pela indústria em Portugal

são dos mais elevados da Europa, sobretudo nos dois primeiros escalões de consumo e no

quinto, que registaram as 3ª, 9ª e 6ª posições entre os países da UE com dados disponíveis no

primeiro semestre de 2013 (posições 3ª, 5ª e 6ª considerando os valores com IVA), traduzindo-

se em diferenciais significativos face às médias europeias (quase 4 euros por GJ no 1º escalão).

Preços finais do

gás natural à

indústria dos mais

elevados da

Europa, apesar de

valores

relativamente

baixos no

mercado grossista

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 76

Nos 3º e 4º escalões de consumo, os preços situaram-se mais próximos das médias europeias,

mas foram também superiores à maioria dos países com informação disponível.

Merece ainda referência o mais recente relatório da Comissão Europeia sobre os

mercados europeus do gás natural, relativo ao segundo trimestre, onde se mostra que os

preços por grosso do gás natural em Portugal são relativamente baixos no contexto europeu,

(ver figura abaixo, extraída do relatório, com dados ainda relativos ao segundo semestre de

2012), donde se conclui que os elevados preços do gás natural suportados pela indústria

nacional (em particular as PME, com menores consumos) têm origem no mercado a retalho

nacional.

Figura 3.10.2.1: Comparação dos preços por grosso do gás natural na UE (segundo semestre

de 2012; áreas mais claras representam preços mais baixos)

3.10.3 Combustíveis

No que se refere ao gasóleo rodoviário, o preço sem impostos foi o 10º mais elevado da

UE (28) em outubro de 2013, traduzindo-se num valor acima da média europeia (0.745 e 0.720

euros por litro, respetivamente).

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 77

Contudo, o preço de venda ao público (com impostos) situou-se abaixo da média europeia

(1.369 e 1.437 eur/litro, respetivamente) devido a um peso da tributação inferior à UE (46.0%

e 50.0% do preço final, respetivamente), ocupando a 16ª posição entre os países da UE (28)

com preços mais elevados, sensivelmente a meio da tabela.

Embora as comparações entre países devam ser encaradas com alguma cautela, por não existir

uniformidade no cálculo dos valores médios, conclui-se que uma aproximação do preço do

gasóleo rodoviário nacional sem impostos à média europeia permitiria obter preços finais

bastante competitivos no contexto europeu, admitindo a manutenção das cargas tributárias.

Ressalva-se que, na comparação com Espanha, se regista um preço sem impostos mais baixo.

Contudo, o preço de venda final do gasóleo no nosso País é superior ao verificado em Espanha

devido a uma carga fiscal comparativamente mais elevada em Portugal.

Quadro 3.10.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro)

Período 2012 Mar-13 Jun-13 Set-13 Out-13 Nov-13

Preço do gasóleo rod. s/ impostos

Portugal 0.813 0.793 0.738 0.767 0.745 0.739

Tvh (%) 8.4 -5.0 -4.8 -9.3 -10.6 -8.9

Ranking na UE (28) 9º 10º

UE (28) 0.772 0.749 0.707 0.745 0.720

Tvh (%) 9.8 -6.1 -2.8 -7.1 -8.9

PVP do gasóleo rodoviário

Portugal 1.451 1.427 1.360 1.395 1.369 1.361

Tvh (%) 5.8 -3.4 -3.2 -6.4 -7.2 -6.0

Ranking na UE (28) 16º 16º

UE (28) 1.493 1.472 1.420 1.465 1.437

Tvh (%) 8.9 -3.1 -1.3 -4.4 -5.4

Peso da tributação no preço (%)

Portugal 43.9 44.4 45.7 45.0 46.0

UE (28) 48.3 49.1 50.2 49.2 50.0

Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia).

Em termos de evolução, o preço sem impostos recuou 10.6% em variação homóloga no mês

de outubro (queda de 8.9% na UE) e 8.9% em novembro, enquanto o preço de venda ao

público caiu 7.2% em outubro (5.4% na UE) e 6% em outubro. As variações mensais em

novembro foram de -0.8% no preço sem impostos e de -0.6% no preço com impostos.

Preço do

gasóleo em

baixa

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 78

3.11 Competitividade pelo preço e pelos custos laborais: câmbios,

inflação e custos laborais unitários

3.11.1 Competitividade pelo preço: câmbios e inflação

O quadro abaixo inclui vários indicadores de competitividade pelos preços em Portugal e na UE.

O indicador mais global é o índice de taxa de câmbio real efetiva (ITCRE), que compara o nível

geral de preços do país e dos seus parceiros comerciais numa mesma moeda. O ITCRE tem

uma componente cambial (o índice de taxa de câmbio nominal efetiva, ITCNE) e uma

componente de diferencial de preços (também podem ser comparados os custos), ambas

construídas como médias ponderadas pelo peso dos parceiros comerciais no comércio externo.

De uma forma simples, o ITCRE - preços mede a capacidade de concorrer pelos preços face aos

nossos parceiros comerciais, sendo que a sua descida (subida) traduz um aumento (recuo) da

competitividade, que pode advir de uma depreciação (apreciação) cambial avaliada pelo ITCNE

e/ou de uma redução (subida) do diferencial de inflação face ao exterior.

Quadro 3.11.1.1: Indicadores de competitividade-preço (2005=100)

Período 2012 1T 13 2T 13

Abr-13 Mai-13 Jun-13

ITCRE (42 parceiros, deflator IPC)

Portugal 97.46 97.03 97.60 97.25 97.46 98.10

Tvh (%) -1.5 -1.3 -0.1 -0.9 -0.1 0.7

UE 86.75 88.27 88.86 88.10 88.42 90.05

Tvh (%) -5.1 1.3 2.0 -0.1 1.7 4.5

ITCNE (42 parceiros) =comp. cambial

Portugal 100.00 100.98 101.10 100.82 100.87 101.62

Tvh (%) -1.7 0.6 1.0 0.4 0.8 1.7

ITCRE-ITCNE (p.p.)= componente preço 0.2 -1.9 -1.1 -1.3 -0.9 -1.0

UE 93.61 96.01 96.57 95.70 95.97 98.03

Tvh (%) -5.0 2.0 3.1

1.0 2.6 5.6

continuação

Período 2012 1T 13 2T 13 3T 13 Ago-13 Set-13 Out-13

Câmbio euro/dólar

Valor (médias de período) 1.2848 1.3204 1.3066 1.3246 1.3310 1.3348 1.3635

Índice (2005=100) 103.27 106.13 105.02 106.47 106.98 107.29 109.60

Tvh (%) -7.7 0.7 1.9 5.8 7.3 3.8 5.1

IHPC (2005=100)

Portugal 115.85 115.46 117.00 116.57 116.11 116.69 116.53

Tvh (%) 2.8 0.4 0.8 0.4 0.2 0.3 0.0

UE 118.43 119.46 120.43 120.30 120.19 120.68 120.59

Tvh (%) 2.6 2.0 1.6 1.5 1.5 1.3 0.9

Diferencial PT-UE (p.p.) 0.2 -1.6 -0.8 -1.1 -1.3 -1.0 -0.9

Fonte: Eurostat. Notas: ITCRE (preços) e ITCNE calculados com 42 parceiros comerciais e ajustados pela sazonalidade

e dias trabalhados. Nota: um aumento (descida) dos índices traduz uma descida (aumento) da competitividade.

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 79

A tabela inclui ainda um dos câmbios de referência que influencia o ITCNE, entre o euro e o

dólar, e o diferencial de inflação face ao maior parceiro comercial de Portugal, a UE.

Destaca-se, em primeiro lugar, o facto do ITCRE, com base 100 em 2005, ter sido de 97.46

pontos em 2012, significando uma descida de 2.54% desde 2005 e uma correspondente

melhoria da competitividade-preço. Em 2013, O ITCRE nacional subiu ligeiramente para 98.10

pontos em junho, mas continuou a ser o nono mais baixo entre os países da UE, ou seja,

Portugal é o nono país europeu que mais melhorou a competitividade-preço desde 2005.

Figura 3.11.1.1: ITCRE (IHPC) na UE, 2012 e junho de 2013 (2005=100)

Em variação homóloga, o ITCRE registou uma descida (depreciação) de 0.1% no segundo

trimestre de 2013, após recuos de 1.3% no primeiro trimestre e de 1.5% em 2012, significando

que a competitividade pelos preços da economia portuguesa continua a melhorar em 2013, mas

de forma menos acentuada (no caso da UE, a depreciação em 2012 foi de 5.1%, mas em 2013

registou-se uma apreciação de 1.3% no primeiro trimestre e de 2% no segundo). A menor

descida do ITCRE de Portugal em 2013 traduz a apreciação cambial captada pelo ITCNE

(variação homóloga de 0.6% no primeiro trimestre e de 1% no segundo, após -1.7% em 2012),

que está a ser contrariada pelo diferencial de inflação negativo face ao exterior (-1.1 p.p no

segundo trimestre, equivalente ao diferencial de tvh entre o ITCRE e o ITCNE).

98.10

0.00

20.00

40.00

60.00

80.00

100.00

120.00

140.00

R.U

nid

o

UE (

27)

Irla

nda

Ale

manha

Z.

Euro

Fra

nça

Poló

nia

Fin

lândia

Din

am

arc

a

Port

ugal

Áust

ria

Hola

nda

Itália

Chip

re

Gré

cia

Cro

áci

a

Hungria

Bélg

ica

Suéci

a

Esl

ová

neia

Malta

Esp

anha

Rom

énia

Luxe

mburg

o

Lituânia

Est

ónia

Letó

nia

Rep. Checa

Bulg

ária

Esl

ová

quia

2012 Jun-13Fonte: Eurostat

Portugal é o nono

país europeu que

mais melhorou a

competitividade-

preço desde 2005

Competitividade

pelos preços

continua a

melhorar em 2013,

mas de forma

menos acentuada

Apreciação cambial

está a ser contrariada

pelo diferencial de

inflação negativo

face ao exterior

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 80

Figura 3.11.1.2: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de

diferencial de preços face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em p.p.)

Na comparação com a UE, o diferencial de inflação (medida pelo Índice Harmonizado de

Preços no Consumidor, IHPC) foi de -1.6 pontos percentuais (p.p.) no primeiro trimestre e de -

0.8 p.p. no segundo, explicando em grande parte a manutenção de um andamento positivo da

competitividade pelos preços na primeira metade de 2013 num contexto de apreciação do euro.

Os dados mais recentes mostram que a taxa de inflação homóloga em Portugal medida pelo

IHPC se reduziu para 0.4% no terceiro trimestre e para um valor nulo em outubro (o IPC

registou mesmo uma variação negativa nesse mês, de -0.2%), implicando diferenciais de -1.1

p.p. e -0.9 p.p. face à UE (que registou taxas de inflação 1.5% e 0.9%, respetivamente, valores

quase idênticos aos dos EUA).

Figura 3.11.1.3: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC), e

diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.)

-1.5 -1.3

-0.1

-1.7

0.6

1.0

0.2

-1.9

-1.1

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2012 1T 13 2T 13

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade (ITCRE, tvh em %)

Componente cambial (ITCNE, tvh em %)

Componente preços (diferença em p.p.)Fonte: Eurostat

0.2

-1.6

-0.7 -1.1

-0.9

2.8

0.4 0.8

0.4

0.0

0.9

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

2012

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

Out-

13

Diferencial PT-UE Portugal UE (28) EUAFonte: Eurostat e BLS

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 81

A taxa de inflação homóloga nula do IHPC em Portugal em outubro resultou de uma variação

de 0.8% na componente de serviços, em abrandamento ligeiro, e de uma quebra de 0.6% na

componente de bens, que tradicionalmente apresenta variações inferiores devido à maior

exposição à concorrência internacional (os serviços são geralmente não transacionáveis

internacionalmente, exceto o turismo e outros serviços “exportáveis”).

Figura 3.11.1.4: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %)

Os valores negativos do diferencial de inflação face à UE no terceiro trimestre e em outubro

melhoram a posição competitiva do país, mas podem não chegar para contrariar o

comportamento desfavorável da componente cambial nesse período.

Com efeito, ponderando as variações homólogas das moedas dos cinco principais mercados de

exportação extracomunitários (Angola, Reino Unido, EUA, China e Brasil, representando 67% do

mercado extracomunitário) pelos respetivos pesos no total de exportações de mercadorias,2

obtemos um indicador designado na Figura abaixo por ITCN5, que aponta para uma

apreciação homóloga ainda mais forte do ITCNE no terceiro trimestre. De facto, a variação

homóloga do ITCN5 aumentou para 1.5% nesse trimestre, esperando-se uma evolução

semelhante do ITCNE. Destaca-se, em particular, a apreciação homóloga de 19.4% do euro

face ao real brasileiro nesse trimestre, mas as subidas de 7% do euro face ao Kwanza angolano

2 Nota: o Eurostat usa como ponderadores das taxas de câmbio, para além do peso do país competidor nas nossas

exportações totais, o peso das importações desse país na nossa procura interna de bens (importações de mercadorias

mais oferta nacional de bens), uma técnica designada de “double export weights”. Dada a indisponibilidade de dados da

oferta nacional de bens para calcular o segundo peso, utilizar apenas o peso das exportações permite uma melhor

aproximação ao ITCNE do que somar o peso de cada concorrente no total de importações nacionais, o que justifica a

opção tomada. Isto significa que o ITCN5 sobrepondera o peso de cada país competidor nos nossos mercados externos,

mas a alternativa era sobreponderar muito mais a concorrência desse país no nosso mercado doméstico. A opção

seguida permite uma boa aproximação da evolução do ITCNE, como se pode ver na figura.

2.8

0.4

0.8

0.4

0.0

3.2

1.6 1.4

0.9 0.8

2.5

-0.4

0.5

0.0

-0.6 -1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

2012 1T 13 2T 13 3T 13 Out-13

IHPC, total (tvh, %) IHPC, serviços (tvh, %) IHPC, bens (tvh, %)Fontes: BdP, INE

Inflação homóloga

nula em outubro,

resultado de uma

variação de 0.8% na

componente de

serviços e uma

quebra de 0.6% na

componente de bens

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 82

e de 7.9% do euro relativamente à libra inglesa tiveram um contributo ainda maior para a

subida do ITCN 5, dado o peso relativamente superior destes países nas exportações nacionais.

Figura 3.11.1.5: Tvh do ITCN e do ITCN5, incluindo as 5 moedas dos maiores mercados extra-

UE: kwanza angolano, libra inglesa, dólar norte-americano, yuan chinês e real brasileiro

Nota: o indicador ITCN5 resulta da multiplicação das variações homólogas das taxas e de câmbio do euro face às cinco

moedas pelos respetivos pesos nas exportações de mercadorias. As variações homólogas das cotações do euro face ao

Kwanza e ao Yuan foram calculados a partir dos pontos médios dos valores bid e ask para as médias anuais, trimestrais

e mensais obtidas no site OANDA Forex.

Já em outubro, a tvh do ITCN5 reduziu-se um pouco (para 1.2%) em comparação com o

terceiro trimestre, para o que contribuiu a menor apreciação do euro face à libra (5%), ao real

(13.4%) e ao dólar (5.1%).

No que se refere ao câmbio euro/dólar, o mais seguido nos mercados cambiais, refira-se que

o seu impacto no ITCNE nacional vai além do peso dos EUA nas trocas comerciais, dada a

ligação das moedas de outros parceiros comerciais de Portugal à divisa norte-americana.

Em outubro, a taxa de câmbio média mensal do euro face à moeda norte-americana apreciou-

se 5.1% em termos homólogos e 2.2% em variação mensal (para 1.3635 dólares).

Já em novembro, a taxa de câmbio diária depreciou-se para 1.3592 dólares no dia 28,

refletindo a descida das taxas de juro diretoras do BCE.

-1.7

0.6 1.0

-6.6

2.1

5.0

7.9

5.0

-6.1

1.5 2.4

7.0 7.2

-7.7

0.7 1.9

5.8 5.1

-9.8

0.3

-0.2

3.2 2.2

7.8

13.7

7.5

19.4

13.4

-1.1

0.5 0.6 1.5 1.2

-15.0

-10.0

-5.0

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

2012 1T 13 2T 13 3T 13 Out-13

ITCNE, tvh (%) Libra, tvh (%) Kwanza, tvh (%) Dólar, tvh (%)

Yuan, tvh (%) Real, tvh (%) ITCN 5 moedasFonte: BdP, OANDA Forex

Apreciação

recente das cinco

principais moedas

de exportação

(ITCN 5) penaliza

competitividade

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 83

Figura 3.11.1.6: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal; Jan 1999 a Out 2013)

3.11.2 Competitividade pelos custos laborais

Nesta seção, avalia-se a competitividade pelos custos laborais através do ITCRE calculado com

o deflator de custos laborais por unidade produzida. Note-se que na seção anterior se analisou

a competitividade pelos preços dos bens finais, através do ITCRE (Preços), mais geral, e nesta

seção é apreciada a evolução de uma das componentes dos preços, os custos laborais unitários

(CLU), através do ITCRE (CLU).

No quadro abaixo, apresenta-se o ITCRE (CLU) e o ITCNE (neste caso calculado para 37

parceiros comerciais em vez de 42, já que o ITCRE (CLU) disponível é calculado com esse

número de parceiros).

Quadro 3.11.2.1: Indicadores de competitividade-custo (2005=100)

Período 2012 3T 12 4T 12 1T 13 2T 13

ITCRE (37 parceiros, deflator CLU)

Portugal 91.56 90.29 90.86 92.06 92.72

Tvh (%) -6.1 -7.3 -5.0 -1.4 1.1

UE (27) 92.70 90.67 93.84 97.57 98.99

Tvh (%) -5.1 -7.3 -2.1 4.3 6.8

ITCNE (37 parceiros) =componente cambial

Portugal 100.65 99.97 100.73 101.71 101.86

Tvh (%) -1.5 -2.3 -1.2 0.6 1.1

ITCRE-ITCNE (p.p.)=componente custos -4.6 -5.0 -3.8 -2.0 0.0

UE (27) 92.77 90.71 93.76 97.33 98.60

Tvh (%) -5.2 -7.4 -2.3 3.8 6.2

Fonte: Eurostat. Notas: ITCRE e ITCNE (CLU) calculados com 37 parceiros comerciais e ajustados pela sazonalidade e

dias trabalhados. Um aumento (descida) dos índices traduz uma descida (aumento) da competitividade.

1.5770

1.3635

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

jan-9

9

jul-99

jan-0

0

jul-00

jan-0

1

jul-01

jan-0

2

jul-02

jan-0

3

jul-03

jan-0

4

jul-04

jan-0

5

jul-05

jan-0

6

jul-06

jan-0

7

jul-07

jan-0

8

jul-08

jan-0

9

jul-09

jan-1

0

jul-10

jan-1

1

jul-11

jan-1

2

jul-12

jan-1

3

jul-13

Fonte: BdP

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 84

O ITCRE (CLU), também com base 100 em 2005, registou um valor de 91.56 pontos em 2012,

traduzindo uma depreciação de 8.44% desde 2005. Apesar de uma subida para 92.72 pontos

no segundo trimestre, o ITCRE (CLU) de Portugal continuou a ser o quinto mais baixo entre os

países da UE (28), significando que Portugal é o quinto país europeu que mais melhorou a

competitividade-custo desde 2005. O facto da posição competitiva de Portugal pelos custos ser

mais favorável do que a nona posição que ocupa no ITCRE preços significa que perde posições

nos custos não laborais que determinam os preços (com destaque para os custos da energia,

em particular o gás natural).

Figura 3.11.2.1: ITCRE (CLU) na UE, 2012 e no segundo trimestre de 2013 (2005=100)

Figura 3.11.2.2: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de

diferencial de CLU face ao exterior (tvh em % do ITCRE e do ITCNE, e diferença em p.p.)

92.72

0.00

20.00

40.00

60.00

80.00

100.00

120.00

140.00

160.00

180.00

Gré

cia

R.U

nid

o

Irla

nda

Hungria

Port

ugal

Esp

anha

Ale

manha

Poló

nia

Chip

re

UE (

27)

Hola

nda

Z.

Euro

Cro

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a

Fra

nça

Lituânia

Esl

ová

neia

Din

am

arc

a

Itália

Suéci

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Fin

lândia

Bélg

ica

Malta

Luxe

mburg

o

Rep. Checa

Rom

énia

Esl

ová

quia

Est

ónia

Letó

nia

Bulg

ária

Áust

ria

2012 2T 13Fonte: Eurostat

-6.1

-1.4

1.1

-1.5

0.6 1.1

-4.6

-2.0

0.0

-7.0

-6.0

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

2012 1T 13 2T 13

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade (ITCRE (CLU), tvh em %)

Componente cambial (ITCNE, tvh em %)

Componente CLU (diferença em p.p.)Fonte: Eurostat

Competitividade

pelos custos mais

favorável do que

pelos preços indicia

relevância dos custos

não laborais, como os

energéticos

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 85

Em variação homóloga, o ITCRE (CLU) registou uma subida de 1.1% no segundo trimestre,

após -1.4% no primeiro trimestre e -6.1% em 2012 (valores significativamente inferiores aos

registados na UE). A apreciação do ITCRE (CLU) no segundo trimestre foi igual à do ITCNE,

significando que deixou de se verificar um diferencial negativo (favorável) da variação dos CLU

face ao exterior, que no primeiro trimestre contrariou a apreciação cambial de 0.6% e permitiu

ainda um ganho de competitividade (queda de 1.4% do ITCRE (CLU)).

3.12 Ajustamento da economia portuguesa

3.12.1 Equilíbrio externo

De acordo com o Banco de Portugal, a Balança Corrente acumulou um saldo positivo de 1016

M€ de janeiro a setembro de 2013, o que traduz uma melhoria de 3561 M€ em comparação

com o período homólogo de 2012.

Quadro 3.12.1.1: Balanças corrente e de capital (dados do Banco de Portugal)

Período 2012 Jan-Set 12 Jan-Set 13 Tvh Var. abs.

Balança Corrente (M€) -3 332 -2 545 1 016 s.s. 3 561

Balança de bens e serviços -148 235 2 430 934,0% 2195

Bens -8 835 -6 514 -5 118 -21.4% 1 396

Serviços 8 687 6 749 7 548 11.8% 799

Rendimentos -6 938 -5 650 -4 441 -21.4% 1 209

Transferências correntes 3 754 2 870 3 028 5.5% 158

Balança de Capital (M€) 3 870 2 942 2 625 -10.8% -317

Balanças corrente e de capital (M€) 538 397 3 641 817.1% 3 244

Fonte: BdP. S.s. = sem significado

Por componentes, a melhoria mais acentuada ocorreu na balança de mercadorias, seguida

pela balança de rendimentos (os défices respetivos reduziram-se em 1396 e 1209 M€), pela

balança de serviços e pela balança de transferências correntes (aumento de 799 e 158 M€

nos respetivos excedentes). A balança de bens e serviços atingiu um excedente de 2430 M€

de janeiro a setembro, cerca de 10 vezes o valor registado no período homólogo.

Em sentido contrário, o excedente da Balança de Capital, que corresponde de forma

aproximada à entrada líquida de fundos comunitários, reduziu-se 317 M€ (10.8%) em termos

homólogos, passando para 2625 M€.

Deste modo, o saldo das balanças corrente e de capital aumentou para 3641 M€ de

janeiro a setembro (mais 3244 M€ do que no período homólogo), traduzindo uma capacidade

de financiamento da economia já bastante significativa. Estes dados mostram que as contas

Excedente já

significativo das

contas externas

traduzido em

capacidade de

financiamento da

economia portuguesa

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 86

externas continuam a melhorar em 2013, após a obtenção de um saldo da balança corrente e

de capital positivo em 2012, pela primeira vez em muitos anos.

Considerando agora dados trimestrais (em contabilidade nacional), o excedente da balança

corrente e de capital aumentou para 4.6% do PIB no terceiro trimestre, após valores de

2.8% e 1.4% do PIB nos dois trimestres anteriores (superando já os excedentes da zona euro,

que foram de 2.4% e 1.1% nesses dois trimestres), e de 0.3% no conjunto de 2012.

Figura 3.12.1.1: Balança corrente e de capital (% do PIB) de Portugal e da zona euro

A melhoria do saldo da balança de bens e serviços em 2013 reflete, em parte, uma melhoria

dos termos de troca. No primeiro semestre, os termos de troca melhoraram 2.1% em

termos homólogos, com origem na componente de bens (melhoria de 2.4%, contrariando o

recuo de 0.3% na componente de serviços), onde os preços das importações recuaram

significativamente mais do que os preços das exportações (tvh de -2.9% e -0.5%,

respetivamente, avaliados pelos respetivos deflatores nas contas nacionais).

A melhoria significativa dos termos de troca em 2013 contraria a estagnação dos últimos anos.

Em 2012, verificou-se uma variação nula dos termos de troca (com um ganho ligeiro na

componente de bens e uma deterioração também ligeira na componente de serviços). Nesse

ano, o índice de base 2006 do deflator das exportações situou-se em 110.4 pontos e o das

importações em 109.8 pontos, significando que os preços das exportações aumentaram 10.4%

desde 2006 e os das importações 9.8%, o que traduz uma melhoria de apenas 0.6% dos

termos de troca entre 2006 e 2012.

-5.8

0.3 0.3 1.4

2.8

4.6

0.2

1.4

2.8

1.1

2.4

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

2011 2012 4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

Portugal Zona euro

Fonte: BdP

O excedente da

balança corrente e

de capital, em % do

PIB, supera o da

zona euro

Melhoria do saldo

da balança de bens

e serviços e dos

termos de troca

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Quadro 3.12.1.2: Evolução dos termos de troca

Deflator das Exportações (1) Deflator das Importações (2) Termos de troca = (1) - (2)

Bens Serviços Total Bens Serviços Total Bens Serviços Total

2012

Índice (2006) 111.0 108.6 110.4 109.5 111.5 109.8

tvh 1.6 0.8 1.4 1.4 1.3 1.4 0.2 -0.5 0.0

1S 13

Índice (2006) 109.9 108.9 109.6 106.8 111.5 107.5

tvh -0.5 0.3 -0.3 -2.9 0.5 -2.4 2.4 -0.3 2.1

1T 13

Índice (2006) 110.2 109.7 110.1 107.4 110.9 107.9

tvh 0.2 1.0 0.4 -2.0 0.1 -1.7 2.2 1.0 2.1

2T 13

Índice (2006) 109.6 108.2 109.2 106.2 111.9 107.0

tvh -1.1 -0.4 -0.9 -3.8 1.0 -3.1 2.6 -1.4 2.2

Fonte: INE (dados das contas nacionais) e cálculos próprios.

Quadro 3.12.1.3: Balança de mercadorias e componentes (dados do INE em M€)

Período 2012 Jan-Set 12 Jan-Set 13 Tvh (%) Jul-Set 12 Jul-Set 13 Tvh (%)

Total

Saída (FOB) 45 259.5 34 052.4 35 418.8 4.0% 10 979.6 11 615.0 5.8%

Entrada (CIF) 56 165.9 42 117.8 42 112.4 0.0% 13 780.5 14 278.8 3.6%

Saldo -10 906.4 -8 065.4 -6 693.6 -17.0% -2 801.0 -2 663.7 -4.9%

Taxa de Cobertura 80.6% 80.9% 84.1% 79.7% 81.3%

União Europeia a 27

Expedição 32 169.9 24 326.8 24 954.1 2.6% 7 627.6 8 082.1 6.0%

Chegada 40 322.0 29 919.1 29 937.1 0.1% 9 521.3 10 101.8 6.1%

Saldo -8 152.1 -5 592.4 -4 983.0 -10.9% -1 893.7 -2 019.7 6.7%

Taxa de Cobertura 79.8% 81.3% 83.4% 80.1% 80.0%

Países Terceiros

Exportação 13 089.5 9 725.7 10 464.7 7.6% 3 351.9 3 532.9 5.4%

Importação 15 843.8 12 198.7 12 175.3 -0.2% 4 259.3 4 177.0 -1.9%

Saldo -2 754.3 -2 473.0 -1 710.6 -30.8% -907.3 -644.0 -29.0%

Taxa de Cobertura 82.6% 79.7% 86.0% 78.7% 84.6%

Fonte: INE.

Centrando agora a análise na balança de mercadorias, os dados detalhados do INE (não

diretamente comparáveis com os do Banco de Portugal, que usa uma metodologia diferente)3

mostram que o saldo deficitário registou uma queda homóloga de 17% no período de janeiro a

setembro (situando-se em 6693.6 M€) e de apenas 4.9% de julho a setembro. O menor ritmo

3 Devido a diferenças de natureza metodológica entre os apuramentos do INE e do Banco de Portugal, ocorre uma

diferença significativa de valores na balança de mercadorias entre os quadros 3.12.1.1 e 3.12.1.3. As diferenças têm

origem sobretudo nas importações, uma vez que esta componente se encontra expressa em valores CIF nos dados do

INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal. Os valores CIF (Cost, Insurance and Freight) incluem os custos

associados ao transporte da mercadoria, ao contrário dos valores FOB (Free On Board).

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

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de correção da balança de mercadorias no terceiro trimestre face aos dados acumulados no ano

reflete a retoma do crescimento das importações (tvh de 3.6%, face a 0% de janeiro a

setembro), mais do que compensado a aceleração das exportações (tvh de 5.8%, que compara

com 4% de janeiro a setembro).

A subida das importações no terceiro trimestre teve origem no mercado intracomunitário (tvh

de 6.1%, face a 0.1% de janeiro a setembro), contrariando a descida mais forte no mercado

extracomunitário (tvh de -1.9%, face a -0.2% de janeiro a setembro).

Quanto às exportações, a aceleração verificada no mercado intracomunitário (tvh de 6%, no

terceiro trimestre, face a 2.6% de janeiro a setembro) mais do que compensou o

abrandamento no mercado extracomunitário (tvh de 5.4% no terceiro trimestre, que compara

com 7.6% de janeiro a setembro).

A taxa de cobertura das importações pelas exportações situou-se em 84.1% de janeiro a

setembro, uma subida significativa face ao valor de 80.9% no período homólogo.

Figura 3.12.1.2: Capacidade (+) / necessidade (-) de financiamento por setor institucional

(% do PIB)

No que se refere aos dados das contas nacionais trimestrais por setor institucional, a

informação mais recente mostra uma subida da capacidade de financiamento da

economia nacional para 1.6% do PIB no ano até ao segundo trimestre de 2013 (que compara

com 1% no ano até ao primeiro trimestre, numa análise em média móvel de quatro trimestres

que pretende atenuar a sazonalidade dos dados). A melhoria resultou de uma redução das

necessidades de financiamento das Sociedades Não Financeiras (de -3.2% para -2.4% do

PIB) e das Administrações Públicas (de -7% para -6.1% do PIB) e de um ligeiro reforço da

-3.2

3.7

-7.0

7.6

1.0

-2.4

2.4

-6.1

7.8

1.6

-8.0

-4.0

0.0

4.0

8.0

12.0

Soc. Não fin. Soc.Fin. Adm.Pub. Famílias Total economia

2T 12 a 1T 13 3T 12 a 2T 13Fonte: INE

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

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capacidade de financiamento das Famílias (de 7.6% para 7.8% do PIB), mais do que

compensando o menor saldo positivo das Sociedades Financeiras (de 3.7% para 2.4% do

PIB). Note-se que os valores da capacidade/necessidade de financiamento na ótica da

contabilidade nacional não são diretamente comparáveis com os do Banco de Portugal.

Em termos de posição de investimento internacional, PII (o saldo entre os ativos e os

passivos sobre o exterior, também designado de posição externa líquida), os últimos dados do

Banco de Portugal mostram uma melhoria do saldo para -118.1% do PIB no final do terceiro

trimestre de 2013 (após -119.9% do PIB no final do trimestre anterior, valor que compara com

um saldo médio de -13.8% na UE), invertendo a trajetória de agravamento que se vinha a

verificar. O saldo dos passivos sobre o exterior (posição externa bruta) reduziu-se pelo

segundo trimestre consecutivo, situando-se em -285.4% do PIB. O saldo da dívida externa

líquida de Portugal, que é calculada a partir da PII excluindo algumas componentes,4

também inverteu a trajetória de agravamento, registando uma melhoria para -104.2% do PIB

no final do terceiro trimestre (-106.2% do PIB no final do primeiro trimestre).

Figura 3.12.1.3: Posição de investimento Internacional (PII) de Portugal e da UE, e dívida

externa líquida de Portugal em final de período (% do PIB)

A dívida bruta não consolidada do setor não financeiro diminuiu para 449.3% do PIB no

final de setembro (face a 454.3% no final de junho), com descidas nos vários subsetores (para

165.6% do PIB no setor público não financeiro, 186% nas empresas privadas e 97.7% nos

particulares). Nas empresas privadas, a redução do endividamento abrangeu a larga maioria

das atividades, passando para 31.4% do PIB nas SGPS não financeiras, 28% no comércio por

4 São excluídas as componentes de participação no capital de empresas e lucros reinvestidos de investimento direto,

ações e outras participações de investimento de carteira, derivados financeiros e ativos de reserva.

-116.7 -117.3 -119.9 -118.1

-289.4 -296.0 -294.8 -285.4

-99.6 -104.5 -106.2

-104.2

-13.1 -12.4 -13.8

-350.0

-300.0

-250.0

-200.0

-150.0

-100.0

-50.0

0.0

4T 12 1T 13 2T 13 3T 13

PII (PT) Passivos sobre o exterior (PT) Dívida externa líquida (PT) PII (UE)Fonte: BdP

Melhoria das

contas externas

permite redução

da dívida externa

líquida

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Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 90

grosso e a retalho, 25.9% na indústria transformadora e extrativa, 23.3% na construção e

16.2% nas atividades imobiliárias, considerando os valores mais elevados.

Do valor de 449.3% do PIB de dívida bruta não consolidada do setor não financeiro no final de

setembro, 202.6% do PIB foram financiados pelo setor financeiro (204.7% no final de junho),

125.6% pelo exterior (129%), 71% pelas empresas (71.7%), 25.4% pelos particulares (25.3%)

e 24.6% pelas administrações públicas (23.5%).

Quadro 3.12.1.4: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do PIB)

Período Dez-10 Dez-11 Dez12 Jun-13 Set-13

(1) Setor Público não Financeiro 121.6 140.2 158.6 168.1 165.6

(2) Empresas privadas 177.5 179.9 186.1 187.1 186.0

Por setor

Indústrias transformadora e extrativa 24.7 25.0 25.4 26.1 25.9

Eletricidade, gás, água 14.5 16.4 18.4 18.2 18.3

Construção 26.2 25.2 24.3 23.9 23.3

Comércio por grosso e a retalho 29.0 29.0 28.5 28.4 28.0

Transportes e armazenagem 7.7 8.6 9.3 9.4 10.4

Alojamento e restauração 5.2 5.5 5.5 5.5 5.4

Atividades de informação e comunicação 8.6 7.6 8.6 8.5 8.5

SGPS não financeiras 26.5 27.0 30.6 31.7 31.4

Atividades imobiliárias 16.7 16.8 16.7 16.5 16.2

Ativ. de consultoria, técnicas e adm.vas 10.4 11.4 11.4 11.3 11.3

Educação, saúde e outros serviços sociais 4.3 4.3 4.4 4.5 4.3

Outras atividades 3.8 3.0 3.0 3.0 3.0

Por dimensão (não inclui SGPS não fin.)

PME 106.6 104.2 102.9 102.2 100.4

Microempresas 46.4 45.7 45.2 45.0 44.3

Pequenas empresas 29.5 29.3 28.6 28.2 27.7

Médias empresas 30.7 29.2 29.1 29.0 28.5

Grandes empresas 44.4 48.6 52.6 53.2 54.2

(3) Particulares 103.1 101.4 100.6 99.1 97.7

Endiv. do setor não fin .= (1)+(2)+(3) 402.1 421.5 445.3 454.3 449.3

Financiado por:

Administrações Públicas: 12.8 16.4 22.2 23.5 24.6

Setor Financeiro 204.8 203.9 204.5 204.7 202.6

Empresas 69.1 71.4 72.2 71.7 71.0

Particulares 24.1 23.3 24.8 25.3 25.4

Exterior 91.3 106.5 121.7 129.0 125.6

Fonte: BdP. Valores (em final de período) de dívida não consolidada, i.e., incluindo as dívidas entre setores.

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

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3.12.2 Contas públicas

A descida do rácio de endividamento do setor público não financeiro para 165.6% do

PIB no final de setembro traduziu o recuo para 153.3% do PIB nas administrações públicas

e para 12.3% do PIB nas empresas públicas não incluídas nas administrações públicas.

O rácio da dívida pública na ótica de Maastricht diminuiu para 128.8% do PIB, após

131.4% em junho (excluindo depósitos, a descida foi de 118.4% para 117.9% do PIB),

invertendo a trajetória ascendente, para o que contribuiu a recuperação em cadeia do PIB

nominal.

Quadro 3.12.2.1 Rácios de dívida bruta no setor público não financeiro (% do PIB)

Período Dez-10 Dez-11 Dez-12 Jun-13 Set-13

Administrações Públicas (1)=(1.1)+(1.2) +(1.3) 107.5 125.3 146.2 155.2 153.3

Administração Central (1.1) 100.1 117.4 138.2 146.8 145.4

Administração Regional e local (1.2) 7.4 7.9 8.0 8.3 8.0

Fundos da Segurança Social (1.3) 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

Inclui:

Empresas públicas incluídas nas Adm. Pub 12.0 13.6 15.4 16.5 16.6

Dívida pública na ótica de Maastricht 94.0 108.2 124.1 131.4 128.8

Excluindo depósitos da Adm. Central 91.8 99.9 114.0 118.4 117.9

Empresas Públicas fora das Adm. Púb. (2) 14.1 14.9 12.4 13.0 12.3

Setor Público não Financeiro=(1)+(2) 121.6 140.2 158.6 168.1 165.6

Fonte: BdP. valores em final de período.

Quadro 3.12.2.2: Dívida direta do Estado e empréstimos do PAEF

Período Dez-12 Mar-13 Jun-13 Set-13 Out-13

Tx. juro (%) V.N. (M€)

Empréstimos UE/FMI (PAEF) (a)

MEEF (UE) 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 22 100

FEEF (UE) 3.0 2.8 2.4 2.4 2.4 22 378

FMI 4.1 3.8 3.7 4.0 4.0 22 820

Total 3.4 3.2 3.1 3.2 3.2 67 298

Dívida direta do Estado (b)

Stock em fim de período (M€) 194 519 199 676 206 648 203 813 204 062

Stock médio (média entre t e t-1) (1) 184 707 197 098 203 162 205 231

Juros (contabilidade nacional, M€) 7 154 1 851 1 728

Juros anualizados (2) 7 154 7 404 7 158

Taxa de juro implícita (%)=(2)/(1) 3.9 3.8 3.5

Fontes: IGCP, Banco de Portugal (juros em contabilidade nacional) e cálculos próprios. V.N. = Valor nominal da dívida.

(a) As taxas de juro apresentadas são calculadas como taxas internas de rentabilidade (TIR), incluindo todos os custos

incorridos (juros e comissões); (b) Não está considerada a dívida garantida pelo Estado (dívida indireta do Estado).

MEEF= Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira; FEEF = Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (mecanismo

inicial de ajuda europeia, substituído posteriormente pelo MEEF).

Dívida pública

diminuiu para

128.8% do PIB,

para o que

contribuiu a

recuperação em

cadeia do PIB

nominal

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

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No final de outubro, os empréstimos no âmbito do Programa de Assistência Económica

e Financeira (PAEF) totalizavam 67298 M€, representando cerca de um terço da dívida

direta do Estado. A taxa de juro média dos empréstimos externos atingiu 3.2% até

outubro (4% na parte do FMI, 3% na do MEEF e 2.4% na do FEEF), traduzindo uma

estabilização face a setembro e um aumento ligeiro em comparação com o final de junho,

altura em que se situou em 3.1%, valor ainda inferior à taxa de juro implícita da dívida

direta do Estado (3.5% no segundo trimestre), contribuindo para a sua redução.

Focando agora a análise na dívida não financeira das Administrações Públicas, o seu

valor excluindo as EPR (Empresas Públicas Reclassificadas) cifrou-se em 4477 M€ no final de

outubro (4386 M€ sem as transferências entre administrações públicas), dos quais 1465 M€

(32.7%) estavam em dívida há mais de 90 dias, sendo considerados pagamentos em atraso

no âmbito da Lei de Compromissos e Pagamentos em Atraso (Lei nº 8/2012 de 21/02).

Quadro 3.12.2.3: Dívida não financeira e pagamentos em atraso do setor público (em M€)

Período Dez-12 Mar-13 Jun-13 Set-13 Out-13

Dívida não Financeira das Adm. Públicas (sem EPR) 5 403 5 773 5 601 4 551 4 477

Aquisições de bens e serviços 1 728 1 936 1 866 1 742 1 692

Aquisições de bens de capital 1 875 1 829 1 759 889 846

Transferências para Adm. Públicas 103 121 114 85 90

Transferências para fora das Adm. Públicas 662 733 685 670 676

Outras 1 035 1 154 1 177 1 166 1 173

Total sem transferências entre Adm. Públicas 5 300 5 652 5 487 4 466 4 386

Pagamentos em atraso (+ de 90 dias) (1)

Adm. Públicas 2 229 2 100 2 041 1 505 1 482

Sem EPR 2 200 2 082 2 023 1 488 1 465

Adm. Central exceto Subsetor Saúde 58 54 53 52 55

Subsetor Saúde 23 26 20 29 23

Empresas públicas reclassificada (EPR) 29 18 18 17 17

Adm. Regional 938 944 1 058 661 656

Adm. Local 1 258 1 130 950 794 780

Outras entidades 747 822 972 1 106 1 111

Empresas públicas não reclassificadas 33 49 56 90 90

Hospitais EPE 714 773 917 1 016 1 022

Total das Administrações Públicas e Outras Entidades 2 976 2 922 3 013 2 611 2 593

Fonte: DGO. Stocks em final de período. (1) Conceito de pagamentos em atraso no âmbito da Lei de Compromissos e

Pagamentos em Atraso (Lei nº 8/2012 de 21/02).

Somando os pagamentos em atraso das administrações públicas (com EPR, não incluídas no

valor acima referido para comparação) aos valores de outras entidades públicas (empresas

públicas não reclassificadas e hospitais EPE), regista-se um total de 2593 M€ no final de

outubro. Apesar dos valores ainda elevados da dívida não financeira e dos pagamentos em

Elevados

pagamentos em

atraso das

administrações

públicas

Taxa de juro dos

empréstimos

externos atingiu

3.2% até outubro

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OUT/NOV 2013 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - SÍNTESE DE CONJUNTURA

Associação Empresarial de Portugal – Gabinete de Informação Económica 93

atraso do setor público, que afetam seriamente a tesouraria de muitas empresas privadas

(note-se que os valores apresentados incluem dívida entre entidades públicas, além da dívida a

fornecedores privados), tem vindo a registar-se alguma redução ao longo de 2013.

Após a análise do endividamento do setor público, importa avaliar a evolução mais recente do

défice público, das receitas e das despesas.

De acordo com os dados disponíveis, o défice público na ótica da contabilidade nacional

desceu para 4.2% do PIB no segundo trimestre, após 10.2% no trimestre anterior (comparação

influenciada por efeitos sazonais) e 7.7% no trimestre homólogo (comparação não influenciada

por sazonalidade).

O peso da receita no PIB aumentou para 42% (face a 39.1% no trimestre anterior e 39.6%

no período homólogo), enquanto o peso da despesa recuou para 46.2% (face a 49.3% no

trimestre anterior e 47.3% no homólogo).

O saldo primário, que exclui do saldo orçamental a despesa com juros, apresentou um valor

virtualmente nulo no segundo trimestre (17 M€, representando 0.0% do PIB), que compara

com um défice de 5.5% no trimestre anterior e de 3.5% no trimestre homólogo.

Quadro 3.12.2.4: Saldo das Administrações Públicas (contabilidade nacional)

Período 2012 2T 12 3T 12 4T 12 1T 13 2T 13

Saldo global (M€) -10 669 -3 178 -1 237 -3 108 -3 989 -1 711

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) -6.5 -7.7 -3.0 -7.5 -10.2 -4.2

% do PIB (ótica de Maastricht, PDE, valores anuais) -6.4*

Saldo primário (M€) -3 515 -1450 564 -1316 -2138 17

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) -2.2 -3.5 1.3 -3.2 -5.5 0.0

Receita(M€) 67 574 16 243 17 395 18 739 15 228 17 201

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) 40.9 39.6 41.6 44.9 39.1 42

Despesa (M€) 78 244 19 421 18 632 21 847 19 217 18 913

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) 47.4 47.3 44.5 52.4 49.3 46.2

Juros (M€) 7154 1 728 1 801 1 792 1 851 1 728

% do PIB (ótica da contabilidade nacional) 4.3 4.2 4.3 4.3 4.7 4.2

Fonte: BdP. PDE= Procedimentos dos Défices Excessivos. * O défice público apurado anualmente na ótica do PDE (a

que interessa para o cumprimento das obrigações internacionais) difere ligeiramente do défice apurado na ótica da

contabilidade nacional.

Comparativamente com a média da zona euro, o défice público nacional no segundo trimestre

compara com 2.3% na média da zona euro (valores na ótica da contabilidade nacional). No

final desse trimestre, também a dívida pública nacional se situou muito acima do valor de

93.4% registado na zona euro (valores na ótica de Maastricht), onde também se tem assistido

a um tendência de agravamento, mas muito menos pronunciada do que em Portugal.

Saldo primário

equilibrado no

segundo trimestre

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Figura 3.12.2.1: Défice e dívida pública em Portugal e na zona euro (% do PIB)

Note-se que a descida do rácio da dívida pública entre junho e setembro (para 128.8% do

PIB) em Portugal não significa necessariamente que tenha havido uma nova melhoria do rácio

do défice público no terceiro trimestre, podendo ter refletido apenas um maior contributo de

outros fatores que afetam a variação da dívida (venda de ativos financeiros e/ou

pagamento/redução de passivos), mas que não são muito relevantes do ponto de vista da

consolidação orçamental. De qualquer modo, a recuperação do PIB nesse período favorece a

descida dos rácios do défice e da dívida (como já foi referido anteriormente) e a prossecução

das metas com que o Governo se comprometeu.

No que se refere aos dados mais recentes das contas públicas, relativos à síntese de

execução orçamental de janeiro a outubro (dados em contabilidade pública divulgados

pela DGO), realça-se o aumento homólogo de 5.4% do défice do subsetor Estado (para 7717.6

M€), refletindo o crescimento mais forte da despesa (1.4%) do que da receita (0.5%).

O aumento da receita total resultou da subida de 8.4% da receita fiscal (contributo de 6.8

p.p.) e, em muito menor grau, da progressão de 3.8% nas contribuições sociais (contributo

praticamente nulo), mais do que compensando a quebra de 35.6% nas receita não fiscal

(contributo de -6.4 p.p.), cuja evolução foi determinada por efeitos de base e fatores

temporários (contabilização, em 2012, da receita associada à transmissão da titularidade dos

ativos de fundos de pensões de instituições de crédito e da venda dos direitos de utilização das

frequências da 4.ª geração e, em 2013, da receita relativa à concessão de infraestruturas

aeroportuárias).

7.7

3.0

7.5

10.2

4.2

2.9 3.7 3.8

4.9

2.3

118.0 120.6 124.1 127.5 131.4 128.8

89.9 90.0 90.6 92.3 93.4

0.0

20.0

40.0

60.0

80.0

100.0

120.0

140.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

2T 1

2

3T 1

2

4T 1

2

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

Défice público PT (Contab. Nacional) - esc. esq.

Défice público Z. euro (Contab. Nacional) - esc. esq.

Dívida pública PT (PDE) - esc. dta.

Dívida pública Zona euro (PDE) - esc. dta.

Fonte: BdP. Dados sem

correção de sazonalidade

Défice do Estado

aumenta 5.4% com

crescimento mais

forte da despesa

(1.4%) do que da

receita (0.5%)

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Na receita fiscal, destaca-se a subida de 29.9% da cobrança de IRS, que deu o maior

contributo para o aumento da receita total (6.8 p.p.), seguindo-se o crescimento de 9.3% no

IRC (1.0 p.p) e de 0.4% no IVA (0.1 p.p.). O decréscimo de 2.3% na cobrança de ISP retirou

0.1 p.p. ao crescimento da receita total do Estado.

No que se refere à despesa, as descidas de 37.3% da despesa de capital e de 1.8% nos

encargos com juros (contributos de -1.9 e -0.3 p.p. para a variação da despesa total) foram

insuficientes para contrariar o acréscimo de 4.6% da despesa corrente primária (3.6 p.p.), onde

se destacaram as subidas de 4.8% das transferências corrente (2.7 p.p.) e de 3.8% das

despesas com pessoal (0.7 p.p.), refletindo, nomeadamente, o pagamento em duodécimos de

um subsídio e a atualização dos encargos das entidades empregadoras com a Caixa Geral de

Aposentações (CGA) e a Segurança Social (SS).

Quadro 3.12.2.5: Execução orçamental (contabilidade pública)

Janeiro a Outubro de 2013 Grau de

execução (%)

Tvh

(%)

Contributo

(p.p.)

Tvh implícita no

OER

Receita 81.6 0.5 -0.3

Receita fiscal 82.8 8.4 6.8 6.8

Impostos diretos 83.4 20.5 6.9 15.9

IRS 81.5 29.9 6.8 28.2

IRC 88.7 9.3 1.0 -3.3

Outros 55.4 -97.9 -0.8 -96.2

Impostos indiretos, dos quais: 82.2 -0.2 -0.1 0.1

IVA 82.9 0.4 0.1 -0.6

ISP 82.2 -2.3 -0.1 0.5

Contribuições sociais 85.9 3.8 0.0 8.2

Receita não fiscal 73.5 -35.6 -6.4 -31.6

Despesa 82.3 1.4 1.4 0.1

Juros 92.2 -1.8 -0.3 1.0

Despesa corrente primária: 81.1 4.6 3.6 2.6

Despesas com pessoal 78.9 3.8 0.7 8.1

Aquisições de bens e serviços 67.1 -2.0 -0.1 2.2

Transferências correntes 84.5 4.8 2.7 -1.4

Subsídios 57.0 -13.3 -0.1 -1.1

Outras despesas correntes 42.7 34.3 0.3 138.4

Despesa de capital 71.6 -37.3 -1.9 -37.2

Saldo (Défice) 85.3 5.4 1.7

Fonte: DGO e cálculos próprios.

No que se refere às taxas de execução orçamental, a receita do Estado situou-se em

81.6% do total apontado para o conjunto de 2013 no 2º orçamento retificativo (82.8% na

receita fiscal), um valor abaixo do padrão de execução linear ao longo do ano (10/12=83.3%),

também designado de padrão de segurança. A taxa de execução da despesa foi de 82.3%

(81.1% na despesa corrente primária), em linha com o referido padrão.

Subidas de 29.9%

da cobrança no IRS,

de 9.3% no IRC e

de 0.4% no IVA

Descida da despesa

de capital e dos

juros insuficiente

para contrariar

subida da despesa

corrente primária

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A evolução abaixo do esperado da receita justifica que a taxa de execução do saldo orçamental

(negativo) do Estado se tenha situado em 85.3%, acima do padrão de segurança, significando

que o défice não poderá aumentar ao mesmo ritmo até final do ano para se conseguir atingir a

meta do 2º orçamento retificativo no que respeita ao principal subsetor (o Estado).

A conta consolidada da Administração Central (Estado e Fundos Autónomos) e da

Segurança Social registou um défice de 6938.7 M€ nos 10 primeiros meses de 2013,

traduzindo um agravamento de 249.4 M€ em termos homólogos (também influenciado pelos

referidos efeitos temporários que afetaram a receita não fiscal do Estado).

O défice do total das administrações públicas no critério do PAEF atingiu 6409.1

milhões de euros de janeiro a outubro, valor inferior ao limite estabelecido até setembro (7300

M€), e que foi cumprido com grande folga (o défice até setembro situou-se em 4299.9 M€).

Em comunicado, o Ministério das Finanças referiu que “a execução orçamental […] mantém-se

em linha com os objetivos orçamentais definidos para o corrente ano”.

Salienta-se ainda, da análise da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental à Assembleia da

República) à anterior síntese de execução orçamental (de janeiro a setembro), que ”a

concretização da receita do regime excecional de regularização de dívidas, estimada em

700 M€, será relevante para o cumprimento do limite estabelecido para o défice de 2013.”